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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Por: Luciana Rodrigues Vieira da Matta Orientador Professora: Solange Monteiro Rio de Janeiro 2013 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA

ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Por: Luciana Rodrigues Vieira da Matta

Orientador

Professora: Solange Monteiro

Rio de Janeiro

2013

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA

ESCRITA NOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicopedagogia

Institucional.

Por Luciana Rodrigues Vieira da Matta

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AGRADECIMENTOS

A Deus, primeiramente, pela força,

sabedoria e coragem para atingir os

objetivos os quais me propus,

ensinando-me a superar meus limites e

desafios.

Minha gratidão e reconhecimento às

pessoas cuja contribuição tornou-se

decisiva para a realização desse

trabalho: Ao meu esposo e filhos que

tiveram paciência e entenderam a

minha ausência durante a realização

do curso.

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A minha mãe que sempre acreditou

que eu iria conseguir realizar este

curso e pelo auxílio em casa com os

meus filhos quando estava ausente e

pelas palavras encorajadoras que

muito me estimularam.

Ao meu pastor Claudio Zaché e família

pelo apoio, dispondo de recursos

afetivos e espirituais que foram de

grande relevância para que este

trabalho fosse concluído.

A professora Ms Solange Monteiro pela

orientação, apoio, dedicação e

disponibilidade com que acompanhou a

elaboração dessa pesquisa.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha querida

família, Sandro da Matta, Pedro Henrique

da Matta e Luiza Vitória da Matta, grandes

responsáveis pela motivação que fez dos

meus sonhos realidade.

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RESUMO

Este trabalho é de pesquisa sobre as dificuldades de aprendizagem com o objetivo a reflexão sobre estas dificuldades que se apresentam na leitura e na escrita no primeiro ano do ensino Fundamental. Apresentam-se algumas definições de aprendizagem relacionadas às causas do fracasso escolar. Para a metodologia de trabalho utilizou-se como referencial teórico a concepção de vários educadores sobre o tema, reflexões pessoais sobre a questão a ser investigada. Também foi considerada a análise da aquisição da leitura e da escrita e as contribuições da Psicopedagogia nas questões referentes a problemas de aprendizagem, assim como a importância da intervenção psicopedagógica nas dificuldades de aprendizagem e da necessidade de estudos mais aprofundados sobre o tema.

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METODOLOGIA

A pesquisa tem caráter teórico e para isto utilizei a abordagem

qualitativa. Esta abordagem se aprofunda no mundo dos significados e precisa

ser interpretada pelo pesquisador, que é influenciado ao mesmo tempo, pelos

textos lidos e pelos valores e crenças que possui resultados das experiências

vividas.

As fontes de dados foram obtidas através de pesquisa bibliográfica

com a consulta em livros, sites, artigos, em diversos estilos de bibliografia que

dizem respeito à temática das dificuldades de aprendizagem no primeiro ano

do Ensino Fundamental.

Este trabalho de pesquisa se fundamenta nas teorias desenvolvidas por

Ferreiro, Piaget e Vygotsky. Acreditamos que se faz necessário conhecer um

pouco dos estudos realizados desses autores, que nos trouxeram contribuições

para entender o desenvolvimento intelectual do ser humano.

As ideias desses teóricos nos impulsionam na busca de mudanças

significativas e urgentes no fazer pedagógico das salas de aulas em todas as

modalidades e graus de ensino e, em especial, nas classes de alfabetização.

A concepção teórica que norteará este estudo será os pressupostos

construtivistas sociointeracionista, que segundo Ribeiro (1999), considera que

o conhecimento é construído pelo individuo, num processo continuo e dinâmico

do saber, na interação com o meio onde vive e com as pessoas com as quais

convive: família, no bairro, na escola, entre outros.

.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I – Dificuldades de aprendizagem 12

CAPÍTULO II – A criança e o processo de alfabetização 20

CAPÍTULO III - Contribuições Psicopedagógicas 34

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 45

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INTRODUÇÃO

Uma situação de fracasso escolar é capaz de gerar sentimentos que

perduram por muitos anos ou que podem ser desencadeadores de outras

dificuldades. Romper com a expectativa da família, do próprio professor, em

relação aos bons resultados acadêmicos, é um sofrimento para muitas

crianças.

Vários são os fatores que podem interferir na aprendizagem e

desenvolvimento da leitura e escrita. Crianças com poucas oportunidades

educacionais, sociais, com problemas cognitivos, transtornos, entre outras

possibilidades, podem apresentar dificuldades de aprendizagem.

Mas será que existe um culpado para a não aprendizagem? Se a

aprendizagem acontece em um vínculo, se ela é um processo que ocorre entre

subjetividades. Nunca uma única pessoa pode ser culpada. “Segundo

Fernández (1994) nos lembra de que a “culpa”, o considerar-se culpado, em

geral, está no nível imaginário”. E afirma que o contrário da culpa é a

responsabilidade. Para ser responsável por seus atos, é necessário poder sair

do lugar da culpa.

Quando se fala em fracasso escolar, supõe-se algo que deveria ser

atingido. Ele é definido por mau êxito, uma ruína.

Porém mau êxito em quê? De acordo com que parâmetro? O que a

nossa sociedade atual define como sucesso escolar? Daí a necessidade de

analisar o fracasso escolar de forma mais ampla, considerando-o como peça

resultante de muitas variáveis, tornando-se comum o surgimento em todas as

instituições educativas de crianças problemas, fracassadas, hiperativas,

agressivas etc. Perde-se o sujeito, ele passa a ser uma dificuldade.

Em nosso sistema educacional, o conhecimento é considerado

conteúdo, uma informação a ser transmitida. As atividades visam à assimilação

da realidade e não possibilitam o processo de autoria do pensamento.

A sociedade do êxito educa e domestica. Seus valores, mitos relativos

à aprendizagem muitas vezes levam muitos ao fracasso. Em nosso sistema

educacional, o conhecimento é considerado conteúdo, uma informação a ser

transmitida.

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Este caráter informativo da educação se manifesta até mesmo nos

livros didáticos, nos quais o aprendente é levado a memorizar conteúdos e não

a pensá-los; não ocorrendo de fato uma aprendizagem.

É preciso distinguir aquilo que é próprio da criança, em termos de

dificuldades, daquilo que ela reflete em termos do sistema em que se insere.

Outra questão referente à escola é que esta, ao valorizar a inteligência,

esquece-se da interferência afetiva na não aprendizagem. O aluno pode estar

em dificuldades de aprendizagem por ter ligado este fato a uma situação de

desprazer, e esta situação pode estar ligada a algum acontecimento escolar.

A aprendizagem é um processo vincular, ou seja, que se dá no vínculo

entre ensinante e aprendente.

Ao falarmos de dificuldade de aprendizagem, além de tentarmos

analisar os fatores que contribuem para o seu surgimento, é necessário

conceituar aquilo que viria a ser seu oposto: a aprendizagem.

Aprender passa pela observação do objeto, pela ação sobre ele, pelo

desejo. A aprendizagem é a articulação entre o saber, conhecimento e

informação. Segundo Piaget (2002), esta última é o conhecimento objetivado

que pode ser transmitido, o conhecimento é o resultado de uma construção do

sujeito na interação com os objetos e o saber é a apropriação desses

conhecimentos pelo sujeito de forma particular, própria dele, pois implica

inconsciente.

A partir disso, pode-se definir aprendizagem como uma construção

singular que o sujeito vai fazendo segundo o seu saber e, assim, ele vai

transformando as informações em conhecimento, deixando sua marca como

autor e vivenciando a alegria que acompanha a aprendizagem.

Não há como se distanciar desta realidade, todos nós com nossa

formação acadêmica e experiência profissional na educação, têm trazido uma

preocupação relacionada ao aprender a lidar com este conflito, com a

dificuldade de como transformar informação em conhecimento.

A sociedade atual experimenta mudanças devido às informações e

meios de comunicação. As crianças são estimuladas, através de sons e

imagens, o virtual e o colorido.

Diante disso, reconhecemos a emergência de transformar a relação

que temos com as crianças com a maneira de ensinar e aprender. É

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necessário termos uma coerência diante das solicitações cotidianas, estar em

sintonia com o universo do aprendente e constantemente estudando os

diversos saberes para que possamos nos habituar na leitura de cenários e para

repensarmos na nossa prática pedagógica, inovando quando necessário e

possibilitando uma aprendizagem com significados para os nossos alunos.

De acordo com capellini, Tonelotto e Ciasca (2004), o processo de

escolarização se inicia com a entrada das crianças no primeiro ano do Ensino

Fundamental, onde se envolve o desenvolvimento de habilidades e

competências necessárias para as aprendizagens subsequentes.

As crianças iniciam o primeiro ano cheias de ideias, convicções

pessoais que são muito profundas no que se refere à linguagem escrita.

Partindo do tema proposto e como profissional do ensino fundamental,

coloco em questão como todas as crianças que são encaminhadas pela escola

para avaliação em função das dificuldades de aprendizagem possuem algum

distúrbio?

Por que tantos alunos fracassam no primeiro ano diante das

dificuldades de alfabetização? Quais seriam as dificuldades de aprendizagem

na leitura e na escrita?

Diante disso, neste trabalho de pesquisa pretendemos, a partir do

levantamento bibliográfico, entender o que são as dificuldades de

aprendizagem, quais os fatores responsáveis e como a prática pedagógica

contribui para a intervenção, qual a postura do professor quando identifica

alunos com problemas ou dificuldades de aprendizagem.

A partir dessas informações pretendemos propor algumas alternativas

para melhorar a nossa prática pedagógica e de outros professores que tenham

a grande responsabilidade que é a de educar.

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CAPÍTULO I

DIFICULDADES DA APRENDIZAGEM

O termo dificuldade de aprendizagem começou a ser usado na década

de 60 e até hoje na maioria das vezes é confundido por pais e professores

como uma simples desatenção em sala de aula ou crianças desobedientes.

Mas a dificuldade de aprendizagem refere-se a um distúrbio que pode ser

gerado por uma série de problemas cognitivos, emocionais ou neurológicos,

que podem afetar qualquer área do desempenho escolar.

De acordo com Brandão e Vieira (1992), o termo aprendizagem e suas

implicações (dificuldades e distúrbios) tratam de uma defasagem entre o

desempenho real e o observável de uma criança e o que é esperado dela

quando é comparada com a média das crianças de uma mesma faixa etária,

tanto no aspecto cognitivo como em uma visão psicrométrica.

Já, Kiguel (1996), afirma que dificuldades de aprendizagem seriam

incapacidades funcionais ou dificuldades encontradas na aprendizagem de

uma ou de várias matérias escolares.

Dificuldade de aprendizagem específica significa uma perturbação num

ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou na

utilização da linguagem falada ou escrita que pode manifestar-se por uma

aptidão imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever, soletrar, ou fazer cálculos

matemáticos. O tema inclui como problemas perspectivos, lesão cerebral,

disfunção cerebral mínima, dislexia e afasia de desenvolvimento. O termo não

engloba crianças que tem problemas de aprendizagem resultante de

deficiências, visuais, auditivas, ou motoras, de deficiência mental, de

perturbação emocional, ou de desenvolvimento ambientais, culturais ou

econômicos, Correia (1991).

Frente a estas colocações nasce a necessidade de considerar,

conforme Gusmão (2001), que dificuldade de aprendizagem representa uma

falha no processo da aprendizagem que originou o não aproveitamento escolar.

Pensando não somente em termos de falhas na aquisição do conhecimento

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(aprendizagem), mas também no ato de ensinar, este problema não se traduz

somente como um problema inerente ao sujeito aprendiz no sentido de

competências e potencialidades, mas sim em uma constelação maior de

fatores e de sua inter-relação, que envolvem direta ou indiretamente esta

complexa teia.

Ressalta-se, no entanto, que o desenvolvimento de uma criança

começa no interior da família, por este motivo os pais têm como missão criar

um ambiente saudável de confiança, pois é na família que deveria se perceber

as primeiras dificuldades de uma criança, é nela que a criança forma o mapa

cognitivo.

Desde os primeiros momentos de vida a criança encontra-se

dependente dos outros para sobreviver. Para que conquiste sua independência

é preciso um processo de desenvolvimento evolutivo para buscar uma

personalidade madura e harmoniosa com a combinação de fatores

constitucionais, desenvolvimento psicomotor, intelectual e afetivo social, com a

integração destes elementos a criança vai traçando seu perfil e sua identidade

se completando com um modelo de conduto.

No momento em que a criança começa a frequentar a escola, seus

colegas e professores fazem parte de sua família; e esta fase da vida da

criança que se pode perceber melhor se ela tem algum tipo de dificuldade de

aprendizagem. É neste período que ela começa a ter novos desafios o que na

maioria das vezes ela não tinha enquanto estava somente no convívio com a

família.

Articulando essas ideias à nossa experiência profissional, em sala de

aula, vemos que ela tem mostrado que crianças que recebem incentivos

durante toda a vida são mais positiva, tanto sobre a aprendizagem quanto

sobre si mesmas.

Ao contrário, as crianças que foram privadas de um ambiente

estimulante nos primeiros anos enfrentam muitos obstáculos, mesmo quando

não apresentam deficiências.

Estas crianças adquirirão mais lentamente as habilidades cognitivas

básicas por possuírem fracas habilidades sociais, elam tendem a comunicar-se

mal.

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Garcia (1998) afirma que por muitos anos, supôs-se que todas as

crianças com dificuldades de aprendizagem haviam experimentado alguma

espécie de dano cerebral. Segundo este mesmo autor, atualmente a maioria

das crianças com dificuldades de aprendizagem não tem uma história de lesão

cerebral.

Mesmo quando a possuem, nem sempre é certo que esta é a fonte de

suas dificuldades escolares.

De acordo com este autor, podemos notar que as lesões cerebrais não

são as únicas responsáveis pelas queixas escolares, assim como, problemas

familiares, emocionais, escolas superlotadas e mal equipadas, carentes de

materiais didáticos inovadores, além de frequentemente contarem com

professores desmotivados, entre outros.

A descontrolada produção do insucesso escolar não é um problema

meramente educacional. Trata-se de um problema social e até econômico.

Wess (2007) aponta para o fato da não existência de consenso quanto

à definição do termo dificuldades de aprendizagem.

Isto estaria ocorrendo, segundo a autora, talvez pela referência a uma

população heterogênea, em que cada aluno é influenciado por contextos

familiares, políticos, sociais e econômicos.

1.1 - Das dificuldades de aprendizagem ao fracasso escolar

Consideramos perturbações na aprendizagem aquelas que atentam

contra a normalidade deste processo, qualquer que seja o nível cognitivo do

sujeito.

Desta forma, embora seja frequente uma criança de baixo nível

intelectual apresentar dificuldades para aprender, apenas consideraremos

problemas de aprendizagem aqueles que não dependam daquele déficit. Isto

quer dizer que os problemas de aprendizagem são aqueles que superpõem ao

baixo nível intelectual, não permitindo ao sujeito aproveitar as suas

possibilidades.

Cabe diferenciar dos problemas de aprendizagem aquelas

perturbações que produzem exclusivamente no marco da instituição escolar.

Os problemas escolares se manifestam na resistência às normas disciplinares,

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na má integração no grupo de pares, na desqualificação do professor, na

inibição mental ou expressiva, etc., e geralmente aparecem como formações

reativas diante de uma mal elaborada transição do grupo familiar ao grupo

social.

Conforme os estudos de Aquino (1997), Pain (1995) e Patto (1990),

pode-se definir o fracasso escolar como sendo o resultado, talvez a

complementação de uma dificuldade de aprendizagem. Um, dentre tantos

motivos para que o aluno abandone a escola, após de deparar com notas

baixas e a impossibilidade de aprovação para a série posterior.

Sabendo-se que a evasão e o abandono escolar têm sido frutos de

insucesso, da falta de aprendizagem, o estudo busca entender quais as

correlações existentes entre o fracasso escolar e as dificuldades de

aprendizagem, que respondem como sendo o motivo principal da desistência.

Inúmeras são as pesquisas que visam levantar as causas do fracasso

escolar nas séries iniciais do Ensino Fundamental, preocupações levam os

pesquisadores a procurarem explicações para este insucesso escolar,

estudando condições sociais e métodos educacionais.

Segundo Aquino (1997), nas décadas de 60 e 70 na Europa e na

década de 80 no Brasil, o aspecto social e sua relação com o fracasso escolar

começa a ser enfatizado pelos pesquisadores. O ponto central de interesse

passou a ser o papel da escola, quanto ao afetivo preparo da clientela que a

frequenta.

As dificuldades de aprendizagem deixaram de ser pesquisadas como

sendo um problema exclusivo do aluno, uma vez que fatores de ordem social,

econômico e político envolvido na educação passaram a ser investigados

também.

O fracasso escolar tem várias origens, com elementos sintomáticos

diversificados (Pain, 1995). Normalmente o resultado final de cada ano letivo,

quando já se percebe a falta de chance alguma para a aprovação, caracteriza o

fracasso escolar daquela etapa.

Hoje em dia, muitos são os fatores que levam uma criança a ter

dificuldade de aprendizagem, a não conseguir acompanhar o desenvolvimento

de uma aula, ou alguma atividade que é proposta.

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Normalmente o fracasso escolar é uma via de mão única, pois se

refere a um resultado não alcançado.

Segundo Patto (1990), por ser um ambiente social, a escola atua como

um ponto de encontro de todos os tipos de pessoas, com assuntos pertinentes

ao mundo global que são discutidos no pátio da escola.

Poucos são os alunos que encontram atrativos no processo da

aprendizagem. Que se interessam pelas aulas, e seja qual for o motivo que

leve um aluno ao fracasso escolar, chega-se a conclusão que o maior

prejudicado é o próprio aluno.

Tais dificuldades não são planejadas. Vários são os motivos que

determinam o fracasso escolar, as dificuldades de aprendizagem, a

metodologia utilizada, a relação professor e aluno, entre outros.

Por diversos motivos a escola poderá tornar o aluno capaz ou incapaz,

principalmente na relação professor e aluno.

O aluno espera do professor muito mais do que ele. O professor torna-

se referência.

O fracasso escolar está relacionado diretamente com as dificuldades

de aprendizagem, principalmente no que tange aos motivos que os associam, a

que se complementam, caracterizando a desestabilidade do aluno, e sua

desistência e posterior abandono das aulas. Ao fracassar, o aluno é rotulado

como portador de dificuldades de aprendizagem.

Cabe aos educadores, esquecer os rótulos aos seus alunos, e procurar

trabalhar com essas crianças, exercitando o diálogo e a compreensão.

Caso seja constatada a existência real de uma criança com

dificuldades de aprendizagem, é interessante e de suma importância o

encaminhamento para profissionais competentes.

1.2- Leitura e escrita

A dimensão que envolve a prática da leitura e da escrita, não é tarefa

fácil, uma vez que requer do professor a capacidade de se trabalhar de

maneira versátil e sistemática, possibilitando à criança receptividade e

assimilação da leitura e da escrita, levando-a a ser agente ativo na construção

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do seu próprio conhecimento, uma vez que as concepções da leitura e da

escrita se baseiam num contexto de valorização da expressão oral da escrita.

A alfabetização tem sido entendida tradicionalmente como um

processo de ensinar e aprender a ler a escrever.

Paulo Freire (1991) tem significado mais abrangente, pois possibilita

uma leitura crítica da realidade, constitui-se como um importante instrumento

de resgate da cidadania e reforço e engajamento do cidadão nos movimentos

sociais.

Assim não basta ler e escrever; é preciso ser reconhecido nas práticas

sociais de leitura e escrita e se reconhecer como participantes destas práticas.

Trata-se de um processo que tem início quando a criança começa a conviver

com as diferentes manifestações da escrita na sociedade (placas, rótulos,

embalagens, comerciais, etc.) e se prolonga por toda a vida com a crescente

possibilidade de participação nas práticas sociais que envolvem a língua escrita

(leitura e redação, obras literárias, por exemplo).

É sabido que antes mesmo de frequentar o ambiente escolar, a criança

faz uso da língua com total desembaraço. O processo de aquisição da

linguagem não tem sido motivo de tantas preocupações, por parte dos

estudiosos dessa temática.

O que tem chamado à atenção dos linguistas é o processo de

aquisição da linguagem escrita e consequentemente da leitura e os

mecanismos que perpassam o campo da construção do sentido.

Alfabetizar tem se constituído com um verdadeiro desafio, tendo em

vista que não podemos mais aceitar que alfabetizar é desenvolver no educando

a capacidade de reconhecer letras e copiá-las. Alfabetizar vai muito, além

disso, as perspectivas estão cada vez mais amplas levando em consideração

todas as situações discursivas em que o indivíduo está inserido.

Dessa forma, não pode reduzir a escrita a códigos para transcrever a

fala. A escrita constitui-se como uma representação simbólica da linguagem

falada, porém não consegue ser totalmente fiel a ela, pois as possibilidades do

uso da linguagem falada são inúmeras, e a escrita tenta apenas aproximar-se

desse universo.

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Ferreiro (2001) aponta algumas posturas que são de suma importância

para que as práticas pedagógicas consigam atingir resultados satisfatórios, que

permitam as crianças serem alfabetizadas.

Diante dos problemas que perpassam a nossa sociedade, é

proeminente que todas as vertentes educacionais estejam engajadas para

trabalhar de forma que venham proporcionar ao educando uma formação que

atinja níveis de autonomia, emancipação, reflexão e crítica.

É necessário, repensar e refletir sobre as novas competências para

ensinar, novos entendimentos sobre ensinar e aprender, novas formas de

relação entre ética e o agir pedagógico.

A língua escrita e a língua oral apresentam natureza distinta, ou seja, a

escrita não é uma vestimenta da oralidade ou apenas uma apresentação

gráfica da fala.

Escrever leva a ascensão social, principalmente na modalidade culta

devido ao desconhecimento ou a falta de domínio da língua portuguesa o aluno

acaba por utilizar recursos próprios da oralidade para construir textos.

A criança quando chega à escola, já traz consigo a linguagem e o

desempenho oral dessa linguagem que se manifesta com preponderância

maior no início de sua escolarização, pois a criança está iniciando o processo

de aquisição da língua escrita. Essa oralidade deve ser estimulada e

melhorada pela escola.

Cabe á escola instrumentá-la através da leitura dos diversos tipos de

textos para que a sua expressão seja gradativamente melhorada.

As crianças são facilmente alfabetizáveis desde que descubram,

através de contextos sociais funcionais, que a escrita é um objeto interessante

que merece ser conhecido como tantos outros objetos da realidade aos quais

dedicam seus melhores reforços intelectuais.

Vivemos em um momento no qual a preocupação com os sentidos

atribuídos ao que se lê e/ou escreve tem aumentado, tendo em vista as

dificuldades apresentadas pelos alunos.

A escola tem como compromisso tornar o aluno competente tanto na

compreensão leitora como na produção de textos escritos em todos os níveis

de ensino, observa-se que são necessárias mais pesquisas sobre a

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interdependência entre a leitura e a escrita para se conduzir mais eficazmente

no ensino o desenvolvimento dessas habilidades.

Por fim, a leitura não pode estar voltada exclusivamente para o

momento específico inserido nas aulas de Língua portuguesa que são

praticadas nas escolas. Uma questão fundamental para o ensino nas séries

iniciais é tratar do processo de interação leitura e construção do sentido como

imprescindíveis para o desenvolvimento do aluno em todas as disciplinas da

vida.

O ensino da leitura e escrita nas séries iniciais deve ultrapassar

competências gramaticais dos falantes expandindo as perspectivas. No ensino

da leitura deverá incluir fenômenos ligados ao uso concreto da língua em textos

falados e/ou escritos e ainda, caberá ao professor, explorar os usos que

transcendam livros didáticos, abarcando a oralidade e os sentidos figurados da

linguagem não só no campo literário, mas no uso efetivo da língua.

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CAPÍTULO II

A CRIANÇA E O PROCESSO DE

ALFABETIZAÇÃO

As formas tradicionais de alfabetização inicial consistem num método

no qual o professor transmite seus conhecimentos aos seus alunos.

Porém muitos desses professores não estão capacitados para

compreender algumas dificuldades que a criança enfrenta antes de entender o

verdadeiro sentido da leitura e escrita.

Na aprendizagem inicial as práticas utilizadas são, muitas vezes,

baseadas na junção de sílabas simples, memorização de sons, decifração e

cópias. Tais maneiras fazem com que a criança se torne um espectador

passivo ou receptor mecânico, pois não participa do processo de construção do

conhecimento.

Segundo Ferreiro (1996), o desenvolvimento da alfabetização ocorre,

sem dúvida, em um ambiente social. Mas as práticas sociais assim como as

informações sociais, que não são recebidas passivamente pelas crianças.

Muitos professores ainda definem erroneamente o processo de

alfabetização como sinônimo de uma técnica.

Sabemos que os professores ensinam da mesma maneira como

aprenderam quando eram alunos e não aceitam os erros que seus alunos

cometem.

De acordo com Ferreiro (2000), tradicionalmente, as decisões a

respeito da prática alfabetizadora tem-se centrado na polemica sobre os

métodos utilizados. Métodos analíticos contra os métodos sintéticos, fonéticos,

contra-global, entre outros.

A metodologia utilizada pelos professores parte daquilo que é mais

simples, passando para os mais complexos.

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Para Ferreiro & Teberosky (1985) a preocupação dos educadores tem-

se voltado para a busca do melhor dos métodos, levando a uma polemica entre

os dois tipos fundamentais, método sintético e método analítico.

O método sintético preserva a correspondência entre o oral e escrito,

entre som e grafia. O que se destaca nesse método é o processo que consiste

em partir das partes do todo, sendo letras os elementos mínimos da escrita. O

método analítico insiste no reconhecimento global das palavras ou orações.

A escrita pode ser considerada como uma representação da linguagem

ou como um código da transcrição gráfica das unidades sonoras.

As metodologias favoráveis à implementação da alfabetização de

crianças precisam ser investigadas no sentido de adequá-las ao momento

vivenciado por esses sujeitos, oportunizando o alcance de níveis qualitativos de

aprendizado.

Sabe-se que a condição do adulto, sua maturação e a interação ao

meio social já estão consolidadas e nesse caso o processo ensino

aprendizagem merece ser tratado de forma diferenciada da criança.

A criança vê mais letras por fora do que por dentro da escola, e no

caso do adulto este é capaz de interagir em diferentes mundos nas atividades

cotidianas que realiza, de modo que é preciso a escola interar-se do contexto

sócio- cultural a fim de oferecer um processo alfabetizador em níveis

qualitativos, pois o professor não é o único que sabe ler e escrever em sala de

aula, visto que trazem sua leitura de modo que possibilita compreender a

realidade segundo o modelo que lhe é apresentado.

Pensar no desenvolvimento da leitura e escrita na alfabetização de

crianças é buscar meios de rupturas com métodos e técnicas que produzem a

ideologia dominante, uma vez que esses sujeitos tem consciência de sua

condição de dominados a partir do momento que não conseguem expressar

seu pensar de modo escrito, ou por conseguir decifrar códigos linguísticos

representados pelas letras.

É importante considerar que os sistemas de escrita, em geral, admitem

variantes para as formas dos símbolos e das letras e a facilidade dos

caracteres da leitura é possível ao aluno compreender de modo claro o

significado que é expresso em cada símbolo.

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A leitura e a escrita apresentam relevância social na vida dos sujeitos,

e é importante que a escola direcione suas ações visando atender as

necessidades das crianças, e que aspectos motivacionais do professor são

necessários para estabelecer vínculos de apropriação do saber da criança.

A motivação do professor deve ser reveladora no sentido levar a

criança a ter condições de desenvolver seu potencial, e dependendo das

atividades propostas ela poderá ampliar seus horizontes de aprendizado.

As relações que as crianças estabelecem no cotidiano, ela manifesta

na leitura e escrita, essas dimensões a escola deve trabalhar, visando oferecer

o aprendizado em bases qualitativas e dialógicas, permitindo o alcance do êxito

da criança nas séries posteriores, de acordo com o processo de

desenvolvimento revelado por ela.

2.1- Propostas Psicopedagógicas de alfabetização

Sabemos que a criança passa por uma série de desafios até que a

aprendizagem da leitura e escrita se concretize, um dos desafios encarados

pelos educadores atuais é a socialização com o outro e com o meio escolar.

Daí se percebe que cabe ao educador e educando envolver-se e pensar

naquilo que presencia constantemente na escola, para que a partir destes

desafios e realizações a aprendizagem aconteça naturalmente sem restrições e

inseguranças.

A aprendizagem da leitura e escrita tem sido encarada pelos

educadores atuais como um desafio de tão grande complexidade que merece

atenção especial. Antigamente, poucas preocupações se tinham com este

processo. Porém, nas últimas décadas este vem sendo um ponto chave para

discussão.

De forma geral, a Psicopedagogia trouxe contribuições para as

discussões sobre a aprendizagem da leitura e da escrita e tem trazido grandes

reflexões, principalmente no caso dos problemas que normalmente atingem as

crianças em fase de alfabetização.

Sendo a Psicopedagogia responsável pelos métodos estratégicos para

crianças com dificuldades na aprendizagem, pode-se afirmar que a sua função

na escola, em especial no processo de alfabetização e letramento é mediar às

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capacidades das crianças, levando-as a partir daí a sentir-se estimulada

através da escola juntamente com o professor psicopedagogo numa

construção significativa e de acordo com a sua capacidade de

desenvolvimento.

No ensino-aprendizagem da alfabetização e letramento nas escolas

hoje é notório as teorias da aprendizagem baseadas nos princípios

psicogenéticos a exemplo do PCN (1997, p. 43) conforme a concepção acima

mencionada pode perceber claramente a relevância da psicologia genética na

compreensão do processo de desenvolvimento da criança, isso implica afirmar

que as escolas atualmente estão oportunizadas a adotarem meios

assegurados não apenas pelo educador individualmente, mas sim pelo

conjunto de ideias advindas de estudos voltados para as necessidades

especiais envolvendo a criança e sua aprendizagem.

No processo de alfabetização e letramento a Psicopedagogia contribui

levando o educador a refletir sobre os seus atos como professor e avaliador da

aprendizagem de crianças com dificuldades tanto de aprendizagem quanto de

outras habilidades ligadas direta e indiretamente à escola envolvendo a escrita.

A Psicopedagogia como uma atividade voltada para um atendimento

personalizado àqueles alunos que merecem uma atenção especial.

Tanto o educador quanto o aluno passam a viver experiências

relevantes não apenas para o processo de ensino-aprendizagem na escola,

mas também para uma convivência maior que envolve o indivíduo e o seu meio

numa construção significativa de aprendizagens através das experiências

vivenciadas diariamente com o mundo e com as coisas nele existentes.

A contribuição da Psicopedagogia no processo da alfabetização e

letramento nos dias de hoje tem sido destaque nas escolas em geral. Isso

porque através de estudos da pedagogia juntamente com a psicologia o

atendimento à criança com necessidade de atendimento especial se

aperfeiçoou, visto que uma das preocupações dos educadores e envolvidos

diretamente ao processo de ensino-aprendizagem está centralizado no

desenvolvimento cognitivo do aluno nas diversas modalidades de ensino.

Evidentemente, tais afirmações têm relações com o objetivo que se

fundamenta às escolas, de modo que o aprendizado do aluno esteja sempre

voltado para um fim significativo e promissor. Os problemas da educação vêm

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de muito tempo se apresentando nas sociedades e os interesses dos

educadores pelos problemas psicológicos no processo de ensino da leitura e

escrita, assim como qualquer outra atividade mediada pela escola ainda está

em foco, pois o objetivo do professor é fazer com que o seu aluno aprenda.

Quando o aluno passa a viver experiências relevantes não apenas para

o processo de ensino-aprendizagem na escola, mas também para uma

convivência maior que envolve o indivíduo e o seu meio numa construção

significativa de aprendizagens através das experiências vivenciadas

diariamente com o mundo e com as coisas nele existentes.

A contribuição da Psicopedagogia no processo da alfabetização e

letramento nos dias de hoje tem sido destaque nas escolas em geral. Isso

porque através de estudos da pedagogia juntamente com a psicologia o

atendimento à criança com necessidade de atendimento especial se

aperfeiçoou, visto que uma das preocupações dos educadores e envolvidos

diretamente ao processo de ensino-aprendizagem está centralizado no

desenvolvimento cognitivo do aluno nas diversas modalidades de ensino.

Evidentemente, tais afirmações têm relações com o objetivo que se

fundamenta às escolas, de modo que o aprendizado do aluno esteja sempre

voltado para um fim significativo e promissor. Os problemas da educação vêm

de muito tempo se apresentando nas sociedades e os interesses dos

educadores pelos problemas psicológicos no processo de ensino da leitura e

escrita, assim como qualquer outra atividade mediada pela escola ainda está

em foco, pois o objetivo do professor é fazer com que o seu aluno aprenda,

independentemente de cor, raça, classe social ou diferenças individuais, no

caso, necessidades relevantes de apoio maior e mais qualificado.

O desafio da Psicopedagogia no processo de ensino-aprendizagem,

em especial no campo da leitura e da escrita, tem sido o de encarar com

naturalidade os problemas enfrentados na escola com crianças com

dificuldades de desenvolvimento cognitivo, porém, do outro lado, a escola

atualmente investe em saídas mais humanas, no caso a preparação

profissional do educador para lidar com problemas psicológicos que antes era

considerado um desafio bem maior e em muitos casos, sem saída para o

educador, visto que a deficiência não só era do aluno em se desenvolver nas

atividades propostas pela escola, mas também do educador em encarar as

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diferenças individuais como um fator relevante a se pensar no ensino como

oportunidade de integração social dos educandos.

Ao psicopedagogo cabe saber como se constitui o sujeito, como este

se transforma em suas diversas etapas de vida, quais os recursos de

conhecimento de que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e

aprende. É preciso, também, que o psicopedagogo saiba o que é ensinar e o

que é aprender; como interferem os sistemas e métodos educativos; os

problemas estruturais que intervêm no surgimento dos transtornos de

aprendizagem e no processo escolar.

Atualmente, a Psicopedagogia refere-se a um saber e a um saber

fazer, às condições subjetivas e relacionais, em especial familiares, às

inibições, atrasos e desvios do sujeito ou grupo a ser diagnosticado. O

conhecimento psicopedagógico não se cristaliza numa delimitação fixa, nem

nos déficits e alterações subjetivas do aprender, mas avalia a possibilidade do

sujeito, a disponibilidade afetiva de saber e de fazer, reconhecendo que o

saber é próprio do sujeito.

Busca-se assim, uma visão integrada e integradora da aprendizagem

humana, considerando seus padrões evolutivos normais e patológicos, bem

como as influências do meio social (família, escola e sociedade), determinantes

do seu desenvolvimento. Em qualquer sala de aula existem alunos que, por

diferentes motivos, não acompanham seus pares, independente do nível de

complexidade dos conteúdos ou da metodologia utilizada naquele contexto

específico.

2.2 – Avaliação Psicopedagógica

Quando a queixa escolar sobre dificuldades de aprendizagem está

relacionada à aquisição da leitura e da escrita Wesz (2006) afirma que é

necessário ter claro que a alfabetização não é mais a transmissão de

conhecimentos prontos e acabados que a criança recebia de acordo com os

prés – requisitos. Atualmente a construção do conhecimento ocorre por meio

de hipóteses temporárias que vão sendo substituídas por outras mais

aprimoradas por meio de um processo ativo na qual a criança é usuária e

produtora da língua ao mesmo tempo.

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Uma avaliação diagnóstica apoiada nesta visão deve levar em

consideração a metodologia escolar, visto que, muito dos casos que Weisz tem

observado a causa das dificuldades de aprendizagem não é orgânica e não

está no aluno mais em fatores externos como: atividades insignificantes,

desrespeito ou ritmo individual do aluno, falta de preparo no professor, entre

outras causas que afetam a aprendizagem levando muitas crianças a se

sentirem discriminadas, incapazes e sem motivação para aprender.

A criança ao entrar no primeiro ano do Ensino Fundamental já fala a

língua materna, sem que a escola precisasse ensiná-la. A função da escola

nesse momento é promover situações de aprendizagem contextualizadas e

significativas que possibilitem a criança autonomia para escrever

convencionalmente de acordo com a norma culta que é o padrão exigido na

sociedade.

De acordo com as experiências de Weisz, durante a realização do

diagnóstico psicopedagógico deve se ter cuidado também com a escola de que

dê atividades de leitura e escrita que tenham significado para o paciente. É

fundamental observar o comportamento da criança durante a realização do

mesmo.

O abandono da tarefa ou a afinidade são sinais importantíssimos a

serem analisados. A observação, a escuta e o olhar psicopedagógico é

indispensável na leitura de cada caso.

A qualidade e validade do diagnóstico dependem muito da relação

entre o psicopedagogo e o paciente. O corpo fala desde que o paciente sinta-

se seguro para falar, expressar e realizar o que for proposto. Há casos em que

o psicopedagogo precisa contar com o olhar psicopedagógico de outro

profissional para não comprometer os resultados da avaliação.

O lúdico no diagnóstico psicopedagógico é um recurso de valor já que

todas as crianças gostam de brincar e aprender brincando. Além de ser algo do

interesse da criança permite que ela se expresse de forma espontânea e

demonstre naturalmente os vários papéis que ela e aqueles com as quais

convive e exercem na sociedade. Através de brincadeiras é possível perceber

com a criança lida com o sucesso, o fracasso e com o cumprimento de regras.

Com relação ao número e o tipo de sessões necessárias para a

realização do diagnóstico psicopedagógico.

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Moojen (2004) relata que vai depender das queixas apresentadas pela

escola e pelos pais.

O psicopedagogo deve colher uma boa anamnese, analisar todo o

material escolar da criança e ter informações suficientes prestadas pela escola

com relação à conduta do aluno.

Conforme a queixa, serão aplicados testes de leitura, escrita e nível de

pensamento.

Em algumas instituições, já é uma prática a realização do diagnóstico

psicopedagógica por uma equipe multidisciplinar. Este procedimento é de

grande relevância por proporcionar a troca entre profissionais da equipe o que

permite construir uma imagem global do aprendiz.

2.3 – O enfoque Psicopedagógico na Instituição

O contexto atual em que estamos inseridos lança desafios e a

construção de um atendimento multidisciplinar entre psicopedagogo, terapeuta

ocupacional, médico, fonoaudiólogo, entre outras áreas de conhecimento

parece ser cada vez mais imprescindível.

As preocupações com os recursos que podem ser utilizados no

diagnóstico na intervenção psicopedagógica são constantes na

Psicopedagogia, principalmente porque ela ainda não constitui uma profissão,

embora a Associação Brasileira de Psicopedagogia se empenhe no

reconhecimento da profissão.

A Psicopedagogia é uma área de estudo nova, voltada para

atendimento de sujeitos que apresentam problemas de aprendizagem. No

Brasil, vem sendo desenvolvida desde a década de 80, remontando em mais

de 20 anos de existência.

A Psicopedagogia é um campo de atuação que integra saúde e

educação e lida com o conhecimento, sua ampliação, sua aquisição, suas

distorções, suas diferenças e seu desenvolvimento por meio de múltiplos

processos.

A psicopedagogia ainda está construindo seu corpo teórico, não

constituído uma ciência. Assim, sendo uma área de estudos muito nova, pode

ser vista com desconfiança por alguns profissionais de outros campos. Por

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outro lado, o fato de ser jovem permite que ela se construa para atender aos

atuais problemas enfrentados no processo de ensino aprendizagem.

Pode-se concluir que o campo da atuação da Psicopedagogia é a

aprendizagem, e sua intervenção é preventiva e curativa, pois se dispõe a

detectar problemas de aprendizagem e resolvê-los, além de preveni-los,

evitando que surjam outros. No enfoque preventivo, o papel do psicopedagogo

é detectar possíveis problemas no processo de ensino – aprendizagem;

participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, objetivando

favorecer processos de integração e trocas; realizar orientações metodológicas

para o processo ensino – aprendizagem, considerando as características do

indivíduo ou do grupo; colocar em prática alguns processos de orientação

educacional, vocacional e ocupacional em grupo ou individual. Estando claro

que a Psicopedagogia e qual a sua área de atuação, cabe-nos refletir sobre os

recursos que o psicopedagogo utiliza para detectar problemas de

aprendizagem e neles intervir.

Alguns estudos atestam para sérios problemas da educação no Brasil,

e é possível observar úmeros altos de alunos com problemas de ordem

emocional, social, afetivo e outros, que acabam interferindo no aprendizado.

Problemas esses que muitas vezes, são familiares e que acaba sendo

transferido ao ambiente escolar, já que fica quase impossível administrar uma

separação de problemas nos ambiente casa versus escola.

Tentando sanar as frustrações dos alunos, a Psicopedagogia contribui

também para a percepção global do fato educativo e para compreensão

satisfatória dos objetos da educação e da finalidade da escola, possibilitando,

assim, uma ação transformadora.

A Psicopedagogia, enquanto campo de conhecimento, não pode ficar

alheio às questões sociais e educacionais de nosso país, mas deve assumir o

compromisso ético com a maioria da população onde o direito à educação,

saúde e cidadania são negadas.

O campo conceitual psicopedagógico vem proporcionar uma nova

possibilidade para que a escola reverta esse quadro de fracasso, por meio da

descoberta de novas possibilidades de ação e intervenção. A Psicopedagogia,

tendo como um fenômeno de estudo o aprender e o não aprender pode auxiliar

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em sua abordagem institucional, propõe-se a analisar a instituição escolar e

suas relações de aprendizagem segundo uma abordagem crítica e sistêmica.

Tal opção implica um avanço nas práticas psicopedagógicas

reeducativas adotadas até então, buscando construir um espaço mais

qualificado e preventivo da práxis psicopedagógica institucional, que venha a

contribuir efetivamente na redução do fracasso escolar em nosso país.

Historicamente, Psicopedagogia foi reconhecida por sua intervenção

clínica em relação às dificuldades de aprendizagem nos consultórios

psicopedagógicos.

Atualmente, porém, observa-se um grande crescimento da ação do

psicopedagogo nas escolas, sobretudo em uma perspectiva preventiva e

institucional. Dessa forma, a Psicopedagogia insere-se no contexto educacional

como mais um campo de conhecimento na busca da redução do fracasso

escolar.

Bossa (1994) define três níveis de prevenção no trabalho

psicopedagógico institucional: No primeiro nível, o psicopedagogo atua nos

processos educativos com o objetivo de diminuir a frequência dos problemas

de aprendizagem. Seu trabalho incide nas questões didáticas metodológicas,

bem como na formação e orientação de professores, além de fazer

aconselhamento aos pais.

No segundo nível, o objetivo é diminuir e tratar problemas de

aprendizagem já instalados. Para tanto, cria-se um plano diagnóstico da

realidade institucional e elaboram-se planos de intervenção baseados nesse

diagnóstico, a partir do qual se procura avaliar os currículos com os

professores, para que não repitam tais transtornos. No terceiro nível, o objetivo

é eliminar os transtornos já instalados, em um procedimento clínico com todas

as suas implicações.

O primeiro nível indicado por Bossa torna-se o ideal, o ponto chave da

intervenção do psicopedagogo na escola. Porém, um aspecto é inerente aos

três níveis descritos anteriormente, e pode indicar se bem realizado,

estratégias de ação pedagógica ou psicopedagógica de sucesso, o diagnóstico.

A organização da intervenção psicopedagógica em nível institucional

tem início no diagnóstico onde, através de um olhar alimentado por esse

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campo do conhecimento, é possível identificar as dificuldades, os obstáculos,

relações e possibilidades dos sujeitos envolvidos na instituição.

Após a coleta e a investigação dos diferentes aspectos institucionais, o

psicopedagogo deverá proceder à análise dos dados, buscando identificar,

segundo as fraturas e as necessidades expressas pelos sujeitos, bem como as

possibilidades da escola e do próprio psicopedagogo, e viabilizar, por meio de

técnicas, discussões, reuniões, sensibilização e inúmeras atividades, o resgate

e a ressignificação da relação com o aprender, foco da ação do psicopedagogo

na instituição. A ação do psicopedagogo na instituição é, sobretudo, coletiva.

O psicopedagogo deve ser um mediador capaz de integrar e sintetizar

as várias áreas de conhecimento junto à equipe escolar.

É de fundamental importância instrumentalizar o professor para lidar

com essa questão, tornando acessíveis os conhecimentos necessários para o

trabalho com as dificuldades de aprendizagem.

Repensar a prática pedagógica em uma dialética constante entre

pensamento e ação, à luz da teoria psicopedagógica, traz ao educador a

possibilidade da prevenção das dificuldades de aprendizagem, na medida em

que viabiliza a construção de uma ação voltada para as reais necessidades dos

alunos.

A investigação diagnóstica em relação à modalidade de aprendizagem

de cada aluno permite ao educador a organização de um planejamento de

ensino adequado.

Essa análise de cunho psicopedagógico deverá levar em consideração

os aspectos orgânicos, cognitivos, afetivos e sociais, permitindo a identificação

de como o aluno aprende, suas dificuldades e fraturas.

Refletir sobre as dificuldades que a criança traz consigo segundo as

suas experiências de aprendizagem anteriores à escola ou mesmo aquelas já

geradas pela própria escola, permite ao educador colaborar para a sua

superação, contribuindo para o desenvolvimento da autonomia e da

aprendizagem do aluno.

É importante o redimensionamento da ação pedagógica, considerando

cada aluno como um sujeito único, em suas dimensões objetiva e subjetiva da

aprendizagem, como forma de construirmos uma pedagogia do respeito, das

descobertas e do prazer.

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É preciso oferecer à criança um meio pedagógico coerente com suas

necessidades, sem o qual colocamos em risco a relação desta com a

aprendizagem e sua adaptação a uma escola que, ela mesma, já se apresenta

inadaptada.

A leitura psicopedagógica possibilita a identificação do significado da

aprendizagem para cada aluno, bem como da sua modalidade de

aprendizagem, da etapa operatória do pensamento, das suas dificuldades e

possibilidades. A organização de um modelo sadio de ensino aprendizagem no

espaço escolar implica a ressignificação do conhecimento e o respeito ao

processo cognitivo e às pulsões epistemofílicas do aluno.

Ao planejar e a programar uma ação, o psicopedagogo se defronta

com vários problemas, todos de grande importância.

Contudo, para obter informações de valor científico, na medida do

possível, é preciso usar metodologias adequadas, a fim de evitar a

identificação de fatores que têm pouca ou mesmo nenhuma relação com o

comportamento complexo que se deseja estudar.

Outro problema refere-se à determinação do grau que a influência pode

causar, modificando o contexto e mesmo a situação a ser analisada.

Em sala de aula, uma mudança que se opere no comportamento do

professor e nos alunos, pela presença do psicopedagogo, pode comprometer

todo o trabalho. Um artifício para minimizar a influência do efeito do observador

seria a presença do mesmo, em sala, várias vezes, mas sem coletar dados, a

fim de que o professor e os alunos, a serem observados se acostumem com

sua presença e possam agir com a maior naturalidade durante o processo

efetivo da realização da pesquisa.

Outro problema refere-se ao fator tempo, considerando demandar certo

espaço temporal, para ser concretizada, requerendo permanência, às vezes,

bem longa no campo, a fim de conseguir dados esclarecedores.

O processo de avaliação psicopedagógica institucional é uma atividade

simultaneamente que combina análise documental, entrevista com

correspondentes e informantes, participação direta, observação e introspecção.

O principal aspecto do método é mergulhar no campo e observar,

segundo a perspectiva de membros integrantes da ação.

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Os aspectos relevantes a serem analisados:

• Interesse no significado do humano e na interação com pessoas

em situações e contextos particulares;

• Integração ao aqui e agora das situações da vida diária;

• Forma de teoria com ênfase na interpretação e compreensão da

existência humana;

• Lógica e processo de pesquisa aberto, flexível, oportunístico e

que requer constante redefinição do que é problemático, com base em fatos

coletados em situações da existência humana;

• Analisar para possível intervenção;

• Desempenho do papel (ou papéis) de um participante que envolve

o estabelecimento de relações com as pessoas da área;

• Uso da observação direta juntamente com outros métodos de

obtenção de informações.

Para fins de desenvolver políticas de concretização e efetivação na

análise e intervenção psicopedagógica e depois verificar a relação entre os

seus diferentes dados, é preciso planejar várias estratégias:

• Registros de arquivos;

• Observação;

• Notas de campo;

• Outras observações;

• Sumário de observações;

• Desenhos associados às anotações de campo se forem o caso;

• Conversas e entrevistas informais;

• Entrevistas gravadas; e.

• Outras conversas.

Além das percepções apresentarem-se sob forma verbal, temos

também construções não verbais, como expressões faciais, gestos, tom de

voz, linguagem corporal e outros tipos de interação social que sugerem

significados sutis da linguagem.

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A Psicopedagogia ainda está construindo seu corpo teórico, não

constituindo uma ciência. Assim, sendo uma área de estudos muito nova, pode

ser vista com desconfiança por alguns profissionais de outros campos.

Por outro lado, o fato de ser jovem permite que ela se construa para

atender aos atuais problemas enfrentados no processo de ensino e

aprendizagem.

Tentando sanar as frustrações do aluno, a Psicopedagogia contribui

também para a percepção global do fato educativo e para a compreensão

satisfatória dos objetivos da educação e da finalidade da escola, possibilitando,

assim, uma ação transformadora.

Outro ponto importante é usar o erro como meio para alavancar o

acerto. Isto significa que ele deve ser valorizado, pois mostra para o professor

as hipóteses que estão sendo elaboradas pelos alunos no processo de

aquisição de linguagem.

Isto não significa também que não se deva corrigir a criança, mas

analisar com ela o erro.

Para o bom andamento do processo ensino aprendizagem, é essencial

que atividades sejam pensadas de forma que façam com que o aluno se

interesse e, principalmente, encontre significado na realização das tarefas.

É muito importante ouvir o aluno, em especial nos anos iniciais. Um

momento para conversar e promover a oralidade é fundamental.

Além de trabalhar com as atitudes, o falar e o saber ouvir é essencial

para que o processo ensino aprendizagem transcorra sem maiores problemas.

O importante é oferecer diferentes propostas a cada dia. O fazer

pedagógico deve ser o mais variado e envolvente possível.

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CAPÍTULO III

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA E FUNÇÕES DO PSICOPEDAGOGO.

Atualmente, a caracterização usada sobre a intervenção

psicopedagógica inclui uma ampla variedade de conceitos e tarefas, exercidas

por profissionais formados em diferentes áreas disciplinares.

Segundo Solé (2001) há dois enfoques gerais na intervenção: o modelo

clínico ou assistencial e o modelo preventivo ou educacional.

O primeiro dá ênfase aos aspectos psicológicos. Todavia o segundo,

modelo preventivo ou educacional, dá especial atenção à vertente educacional

do trabalho psicopedagógico, tendo como objetivo prevenir as dificuldades de

aprendizagem para evitar o fracasso escolar.

A identificação precoce das crianças com problemas de aprendizagem

é menos dispendiosa do que ter no fim da escolaridade do Ensino Fundamental

um percentual alarmante de repetições que aumentam a cada ano.

O papel do diagnóstico precoce justifica-se no início da aprendizagem

e não no fim. A psicopedagogia escolar não pode mais continuar a ser um

hospital no fim da estrada.

Esta ciência que possui um caráter multidisciplinar precisa ser

identificada numa perspectiva das dificuldades de aprendizagem.

Fonseca (1995) afirma que quinze por cento das crianças precisam de

apoio no início da escolaridade e nestes casos se a intervenção tardar, o

percentual duplica e o insucesso escolar será a tendência normal.

A escola pode limitar-se a metodologia na preparação dos mais

dotados e na segregação dos menos dotados. As instituições de ensino não

podem ser seletivas. A função destas é garantir as mesmas condições de

aprendizagem a todas as crianças.

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Somente estimulando a investigação e apoiando projetos de formação

universitária se poderá evitar o insucesso escolar. Os nossos políticos

precisam ser informados dos riscos que o fracasso escolar traz para os

projetos coletivos.

Um povo analfabeto não constrói nada coletivamente. A delinquência

não pode continuar sendo a porta de saída do insucesso escolar. Os

atendimentos domiciliares e as clínicas de luxo só chegam aos mais

favorecidos.

Com isto, a maior parte das crianças que necessitam de um

acompanhamento educacional, ou mesmo um trabalho psicopedagógico, não

são atendidas.

Com relação à formação dos professores, é evidente que tal formação

não pode continuar nas mãos de uma universidade passiva, centrada em

professores desatualizados e normalmente sem experiência pedagógica com

crianças. A formação científica interdisciplinar também deve ocupar um lugar

prioritário na formação dos professores.

Nossa experiência em educação nos leva a questionar o motivo pelo

qual não há nas das instituições de ensino públicas do Rio de Janeiro o

psicopedagogo. Isto ocorre apesar da existência do Projeto de lei nº 128/2000

aprovado em quatro de setembro de 2001, que leva em consideração as

atribuições que a Psicopedagogia traz aos alunos que por diferentes razões

estão desarticulados do sistema escolar.

Diante desta constatação, acreditamos que talvez a ausência de

políticas públicas que reconheçam a identidade deste profissional seja um dos

fatores responsáveis por este descaso.

Após muitas leituras, pesquisas e determinação para a realização

deste trabalho, acreditamos que a Psicopedagogia Institucional preventiva é

uma grande aliada nas dificuldades de aprendizagem.

A proposta da Psicopedagogia é adotar uma postura crítica frente ao

fracasso escolar, visando propor novas alternativas voltadas para a melhoria de

práticas pedagógicas nas escolas.

Pudemos observar através das leituras realizadas, que no passado a

preocupação da escola, em termos de leitura no primeiro ano do Ensino

Fundamental, era garantir a decodificação de símbolos linguísticos.

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Atualmente, com o surgimento de um novo conceito de leitura, ler é

muito mais do que decifrar códigos. A compreensão do texto dependerá dos

objetivos do leitor do conhecimento sobre: o assunto, a língua, o autor, o

gênero e o sistema da escrita.

A decodificação é uma importante estratégia, mas não é a única. À

medida que a criança vai se tornando um leitor mais eficiente, ela vai se

utilizando de outros recursos como selecionar dados, fazer inferências e checar

as hipóteses levantadas durante a leitura.

Na década de 60 com a teoria do Déficit, surgida nos estados Unidos, o

aluno era responsabilizado pelo seu fracasso escolar. Precediam a

alfabetização de exercícios de percepção, motricidade e discriminação visual.

Era a fase de prontidão para a alfabetização. O período preparatório era

necessário para o sucesso da criança.

Em meados dos anos 70, na América Latina, surge uma nova teoria

estudada por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, que é a psicogênese da língua

escrita. Esta teoria tem a preocupação de estudar como a criança aprende e

como é preciso ensiná-la. Estes estudos derrubaram a ideia anterior de que o

aluno precisaria realizar atividades de prontidão para adquirir pré-requisitos

para a alfabetização.

A cultura escolar, historicamente apresenta-se pautada em trabalhos

individuais como se esta fosse a única forma de manter a disciplina e promover

a aprendizagem.

Sem as intervenções necessárias, o fracasso escolar ganhou níveis

alarmantes e preocupantes.

Outra questão mal interpretada, foi a de que o erro faz parte da

construção do conhecimento, não deve ser corrigida. Os resultados disso

podemos visualizar hoje nos alunos dos anos posteriores ao quinto ano que,

ainda não conseguem ler nem escrever autonomamente. O que não podemos

enquanto professores alfabetizadores é inibir a escrita do aluno. Devemos

encorajá-lo a leitura e a escrita, ensinando-os a utilizar as práticas de leitura e

escrita empregadas socialmente, de acordo com a norma culta.

3.1 - A Formação e a regulamentação do Psicopedagogo

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No Brasil, a formação do psicopedagogo vem ocorrendo em caráter

regular e oficial desde a década de 70 em instituições universitárias de renome.

Esta formação foi regulamentada pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC)

em cursos de pós-graduação e especialização, com carga horária mínima de

360h. O curso deve atender às exigências mínimas do Conselho Federal de

Educação quanto à carga horária, critérios de avaliação, corpo docente e

outras. Não há normas e critérios para a estrutura curricular, o que leva a uma

grande diversificação na formação.

Os cursos de psicopedagogia formam profissionais aptos a trabalhar na

área clínica e institucional, que pode ser a escolar, a hospitalar e a empresarial.

No Brasil, só poderão exercer a profissão de psicopedagogo os portadores de

certificado de conclusão em curso de especialização em psicopedagogia em

nível de pós-graduação, expedido por instituições devidamente autorizadas ou

credenciadas nos termos da lei vigente - Resolução 12/83, de 06/10/83 - que

forma os especialistas, no caso, os então chamados "especialistas em

psicopedagogia" ou psicopedagogos.

A lei que trata do reconhecimento da profissão de psicopedagogo está

na câmara dos deputados federais. Psicopedagogos elaboraram vários

documentos nos anos de 1995 e 1996, explicitando suas atribuições, seu

campo de atuação, sua área científica e seus critérios de formação acadêmica,

um trabalho que contou com a colaboração de muitos.

O psicopedagogo possui a Associação Brasileira de Psicopedagogia

(ABPp) como elo de interlocução. A ABPp iniciou com um grupo de estudos

formado por profissionais preocupados com os problemas de aprendizagem,

sendo que, atualmente, também busca o reconhecimento da profissão.

É do Deputado Federal Barbosa Neto o projeto de reconhecimento

desse profissional (Projeto de Lei 3124/97). De início, o deputado propôs uma

sondagem entre os políticos da época (1996) sobre a aceitação ou não do

futuro projeto. Nesse período, o MEC organizava a nova Lei de Diretrizes e

Bases (LDB), promulgada em dezembro do mesmo ano.

A data que formalizou a entrada do Projeto de Lei é 14 de maio de

1997. Em 24 de junho desse mesmo ano, a ABPp assumiu, em visita à câmara,

o reiterar do projeto junto às lideranças políticas do país, do que resultou a sua

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aprovação no dia 03 de setembro de 1997 pela Comissão de Trabalho de

Administração e Serviço Público.

Após esta aprovação, o projeto foi encaminhado à 2ª Comissão, que é

a de Educação, Cultura e Desporto, acontecendo, então, em 18 de junho de

1998 e 06 de junho de 2000, audiências para aprofundamento do tema. A

aprovação nessa comissão ocorreu em 12 de setembro de 2001, após um

trabalho exaustivo da relatora Marisa Serrano, do Deputado Federal Barbosa

Neto e dos psicopedagogos que articularam tal discussão no Brasil.

Em 20 de setembro de 2001, houve mais um avanço político com a

aprovação do Projeto de Lei 10891, da autoria do Deputado Estadual (SP)

Claury Alves da Silva. O Projeto de Lei 10891 "autoriza o poder Executivo a

implantar assistência psicológica e psicopedagógica em todos os

estabelecimentos de ensino básico público, com o objetivo de diagnosticar e

prevenir problemas de aprendizagem".

Atualmente, o Projeto de Lei que regulamenta a profissão do

Psicopedagogo está na Comissão de Constituição, Justiça e Redação para ser

aprovado. Quando aprovado, irá para o Senado onde terá que passar por três

comissões: Trabalho, Educação e Constituição, Justiça e Redação para,

finalmente, ser sancionado pelo Presidente da República.

No momento, a profissão de Psicopedagogo, tendo em vista o trabalho

de outras gestões da ABPp ( Associação Brasileira de Psicopedagogia ) e

dessa última, tem amparo legal no Código Brasileiro de Ocupação. Isto quer

dizer que já existe a ocupação de Psicopedagogo, porém, isso não é suficiente.

Faz-se necessário que esta profissão seja regulamentada.

3.2 – A importância do Psicopedagogo

A profissão do psicopedagogo não está regulamentada, mas se

encontram na Comissão de Constituição, Justiça e Redação, na Câmara dos

Deputados Federais, para ser aprovada. Enquanto isso, a formação do

psicopedagogo vem ocorrendo em caráter regular e oficial em cursos de pós-

graduação oferecidos por instituições devidamente autorizadas ou

credenciadas.

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A psicopedagogia surgiu da necessidade de melhor compreensão do

processo de aprendizagem, comprometido com a transformação da realidade

escolar, na medida em que possibilita, mediante dinâmicas em sala de aula,

contemplar a interdisciplinaridade, juntamente com outros profissionais da

escola.

O psicopedagogo estimula o desenvolvimento de relações

interpessoais, o estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de

ensino compatíveis com as mais recentes concepções a respeito desse

processo. Procura envolver a equipe escolar, ajudando-a a ampliar o olhar em

torno do aluno e das circunstâncias de produção do conhecimento, ajudando o

aluno a superar os obstáculos que se interpõem ao pleno domínio das

ferramentas necessárias à leitura do mundo.

A aprendizagem humana é determinada pela interação entre o

indivíduo e o meio, da qual participam os aspectos biológicos, psicológicos e

sociais. Dentro dos aspectos biológicos, a criança apresenta uma série de

características que lhe permitem, ou não, o desenvolvimento de

conhecimentos. As características psicológicas são consequentes da história

individual, de interações com o ambiente e com a família, o que influenciará as

experiências futuras, como, por exemplo, o conceito de si próprio, insegurança,

interações sociais, etc.

As mudanças políticas, sociais e culturais são referenciais para

compreender o que acontece nas escolas e no sistema educacional.

O psicopedagogo deve saber interpretar e estar inteirado com essas

mudanças para poder agir e colaborar, preocupando-se com que as

experiências de aprendizagem sejam prazerosas para a criança e, sobretudo,

que promovam o desenvolvimento.

Portando, a psicopedagogia, pode fazer um trabalho entre os muitos

profissionais, visando à descoberta e o desenvolvimento das capacidades da

criança, bem como pode contribuir para que os alunos sejam capazes de olhar

esse mundo em que vivem, de saber interpretá-lo e de nele ter condições de

interferir com segurança e competência. Assim, o psicopedagogo não só

contribuirá com o desenvolvimento da criança, como também contribuirá com a

evolução de um mundo que melhore as condições de vida da maioria da

humanidade.

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CONCLUSÃO

Este trabalho abordou as dificuldades de aprendizagem durante a

alfabetização, bem como as causas do fracasso escolar e algumas das práticas

utilizadas pelos professores e psicopedagogos com o intuito de facilitar a

aprendizagem da leitura e da escrita no primeiro ano do Ensino fundamental.

Nossa intenção, neste trabalho de pesquisa, foi a de contribuir com a

discussão sobre as dificuldades de aprendizagem, apresentando algumas das

possibilidades de contribuição psicopedagógica.

Desta forma, este trabalho bibliográfico se constitui no início de um

estudo que não possui respostas simples, visto que, os fenômenos complexos

são difíceis de explicar. Entretanto ressaltamos aqui a importância do

comprometimento profissional, da busca pela continuidade de estudos bem

como de metodologias alternativas de trabalho para que possamos obter

melhorias significativas no processo educacional.

Essas dificuldades de aprendizagem devem ser levadas em conta, não

como fracassos, mas como desafios a serem enfrentados, e ao se trabalhar

essas dificuldades existentes na vida, dando oportunidade ao aluno de ser

independente e de reconstituir-se enquanto ser humano e indivíduo.

Nessa perspectiva a Psicopedagogia contribui com todos os envolvidos

no processo de aprendizagem, pois exerce o seu trabalho de forma

multidisciplinar e que devemos exercer esta prática em parceria, onde todos

deverão ter um olhar para o sujeito da aprendizagem.

Percebemos que o problema das dificuldades de aprendizagem ora

estão no professor, ora estão no aluno, ora estão na família ou no ambiente no

qual se insere este aluno.

O contexto cultural e o meio e a sociedade e os seus múltiplos

sistemas são constituídos nas diversas modalidades estabelecidas pelas

conversações, pela linguagem. São as diferentes modalidades desta linguagem

que precisam da nossa atenção enquanto psicopedagogos, pois se torna

necessário dar destaque às articulações existentes no aprender humano.

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A proposta de construção do olhar do psicopedagogo, a partir da busca

da consolidação da matriz de competências e habilidades, está cada vez mais

envolvida com a questão da valorização dos sentimentos e das emoções no

percurso da formação de cada um de nós.

Acreditamos que, os profissionais da Psicopedagogia podem contribuir

de modo ímpar com a possibilidade de inserção cada vez mais amplas,

redimensionando suas práticas e teorias e, assim se conduzir, para contribuir

para o desenvolvimento do afeto.

Nesta tarefa, a Psicopedagogia pode e deve contribuir principalmente

se compreendermos que educar é, em síntese, humanizar o ser humano, o que

torna ainda maiores nossos desafios como psicopedagogos.

Essas melhorias certamente devem também considerar o trabalho em

sala de aula em especial com as possíveis dificuldades de aprendizagem dos

alunos do primeiro ano do ensino Fundamental.

O tema que escolhemos para o estudo é bastante amplo e com certeza

muita coisa poderia ser ainda abordada.

No entanto, em função do tempo que se faz necessário parar por aqui,

tendo a consciência de ter aprendido muito e ter contribuído de alguma forma

para que outros pesquisadores sobre este tema se debrucem.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 05

RESUMO 06

METODOLOGIA 07

SUMÁRIO 08

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 12

1.1 – Dificuldades de aprendizagem ao fracasso escolar 14

1.2 – Leitura e escrita 16

CAPÍTULO II

A CRIANÇA E O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO 20

2.1 – Propostas Psicopedagógicas de alfabetização 22

2.2 – Avaliação Psicopedagógica 25

2.3 – O enfoque Psicopedagógico na Instituição 27

CAPÍTULO III

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA E FUNÇÕES DO

PSICOPEDAGOGO 34

3.1 - A formação e regulamentação do Psicopedagogo 36

3.2 – A importância do Psicopedagogo 38

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ÍNDICE 45