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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PINTANDO EMOÇÕES MARIA DA PENHA TOZZI M. SC. MARIANA DE CASTRO MOREIRA ORIENTADORA VITÓRIA 2011 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PINTANDO EMOÇÕES

MARIA DA PENHA TOZZI

M. SC. MARIANA DE CASTRO MOREIRA

ORIENTADORA

VITÓRIA

2011

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PINTANDO EMOÇÕES

MARIA DA PENHA TOZZI

Monografia apresentada ao Instituto A

Vez do Mestre como requisito parcial

Para a obtenção do título de especialista

em ARTE TERAPIA EM EDUCAÇÃO.

Orientador: Prof. Ms. MARIANA MOREIRA

NARCIZA CASTILHO MELO

VITÓRIA

2011

AGRADECIMENTOS

Agradeço a espiritualidade maior que norteia a

minha vida, a todos os amigos visíveis e

invisíveis que colaboraram.

Agradeço a Beth, minha irmã pela atenção e

alegria.

Agradeço a todos os professores, tutores,

funcionários e autores que colaboraram para que

este estudo se realizasse.

DEDICATÓRIA

A Deus e a meus pais, Cesar e Ida, pela

oportunidade desta existência.

EPÍGRAFE

“Meu princípio é: pelo amor de Deus não seja perfeito,

mas tente, por todos os meios ser completo – tenha o

significado que tiver.”

C. G. Jung

RESUMO

A presente monografia teve como objetivo principal, analisar como a

pintura com tintas, em Arteterapia, pode auxiliar o educando de uma

Comunidade Escolar Pública a pintar as suas emoções, conhecer e saber lidar,

com as emoções desequilibradas, promovendo o ato de criar, conhecendo a si

mesmo, facilitando a aprendizagem cognitiva, emocional e social com melhoria

de vida. Estamos aqui abordando ou entendendo a Arteterapia como um dos

possíveis referenciais, dentre outros. É um processo psicoterapêutico com

referencial teórico de Carl Gustav Jung utilizando diversos materiais e técnicas

expressivas para sensibilizar, criar e refletir ampliando o conhecimento de si

mesmo, melhorando a auto estima, desenvolvendo recursos físicos, cognitivos,

emocionais e artísticos. A pintura com tintas em arteterapia, se utiliza de tintas

viscosas e de cor, que atuam no psiquismo, por ser um excelente meio para a

mobilização das emoções, auxiliando na liberação da energia psíquica, fluindo

o processo criativo e a emoção, fazendo com que o sujeito conheça a si

mesmo, através das produções estudadas, tenha motivação e expectativas

para enfrentar a sua realidade escolar. A alegria, a angústia, a raiva são

emoções e acontecem sem a vontade do sujeito, com características de

repetição como comportamento, sentimentos e atividades neurais, reduzindo a

memória funcional e a concentração. Diante de tudo, concluímos que a pintura

com tintas possibilita a harmonização do emocional, a integração do sujeito, a

auto transformação e a melhoria na qualidade de vida.

METODOLOGIA

Esse trabalho se propôs analisar, através de uma investigação teórica,

como a pintura com tintas, sendo expressiva e psicoterapêutica, pode ser um

excelente meio para a manifestação e mobilização das emoções e

sentimentos.

O material bibliográfico disponível no momento na área, como livros,

revistas, monografias, tese de mestrado e internet tem em suas obras

importantes contribuições para auxiliar o educando à busca de si mesmo,

promovendo uma autotransformação. Melhorando o seu aprendizado cognitivo,

emocional e social, tornando-se mais integrado, mais harmônico, mais

participativo e com mais responsabilidade, melhorando a sua qualidade de

vida.

Os autores como Urrutigaray (2007,2008), Susan Belo (1998), Jung

(1998, 1999, 2001), Nise da Silveira (1981), Philippini (2000,2008), Dulcinéia

Monteiro (2009), Oaklander (1980), Britto (2007), Paganotto (2007), Andrade

(2000), entre outros, tem em suas obras, cooperações pertinentes sobre a

Arteterapia como agente capaz de auxiliar, o educando de uma comunidade

escolar pública, carente de aprendizagem cognitiva, emocional e social.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................8

CAPÍTULO I – A ARTETERAPIA.......................................................................10

CAPÍTULO II – A PINTURA COM TINTAS .......................................................18

CAPÍTULO III – AS EMOÇÕES NUMA COMUNIDADE ESCOLAR PÚBLICA.31

CONCLUSÃO ..................................................................................................40

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................42

ANEXOS ...........................................................................................................46

INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho foi analisar como a pintura com tintas em

arteterapia pode auxiliar o educando de uma Comunidade Escolar Pública a

pintar as suas emoções, conhecer e saber lidar com as emoções

desequilibradas, promovendo o ato de criar, incentivando a livre expressão que

por sua vez, funciona, como agente facilitador da aprendizagem cognitiva,

emocional e social, levando-a uma melhor qualidade de vida.

Assim sendo, este estudo foi dividido em três capítulos. No primeiro

capítulo analisamos, como a arteterapia sendo um processo criativo, artístico,

psicoterapêutico, tendo como referencial teórico, a psicologia Analítica de Carl

Gustav Jung pode sensibilizar, possibilitar com os diversos materiais e técnicas

expressivas, uma interação entre arte e cognição. O desenvolver da

criatividade, fazendo integração do aprendizado emocional ao de

conhecimentos da cultura humana, representando uma produção criativa e

sendo uma antiga prática terapêutica; encontramos registros da Arte, como

documentário psíquico, tanto para a coletividade, como para cada individuo,

desde a Grécia Antiga e recentemente surgiram núcleos de Norte a Sul no

Brasil. No espaço arteterapêutico juntamente com o terapeuta estão os

materiais e as técnicas expressivas onde acontecerão as experimentações com

o trabalho corporal.

No segundo capítulo objetivou-se analisar como a pintura com tintas

vem a ser um excelente meio para a manifestação, mobilização das emoções.

É um processo expressivo, psicoterápico, tendo como referencial teórico a

Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung onde as emoções podem ser

pintadas, mas é necessário compreender intelectualmente e emocionalmente

as imagens, as produções e integrá-las ao consciente, racionalmente e

moralmente. Imagens estas, que serão estudadas em séries, para se

compreender o desdobramento do processo intrapsíquico.

A oficina de pintura é uma ferramenta poderosa, pois o espaço

arteterapêutico é provocador para pesquisas e explorações com os materiais

diversos e viscosos, coloridos, como as tintas. São cheias de conteúdos

simbólicos que facilitam o sujeito nas suas dificuldades; e pode aprender a

manusear cores, texturas e formas. Quando as pinceladas são sem controle,

sem medo, auxiliam a liberação da energia psíquica fazendo fluir o processo

criativo, a emoção. Numa pintura a possibilidade de alterar o erro reabastece

de estímulos positivos e expectativas. O aceitar o erro torna visível suas

dificuldades e limites. Os processos inconscientes estão envolvidos tanto na

escolha temática quanto nas cores utilizadas e no modo de pintar. A cor é um

elemento que nos permite estruturar o mundo a nossa volta, faz parte da nossa

experiência, é sensação ocorrida no mundo psíquico, portanto, é emoção. O

efeito psicológico é surpreendente como sensações positivas de

reconhecimento, alegria, auto-confiança, satisfação, liberdade, ordenação do

pensamento, motivação, etc.

No terceiro capítulo procuramos verificar como são as emoções numa

Comunidade Escolar Pública e encontramos conflitos familiares, desrespeito,

baixo rendimento escolar, ansiedades, falta de interesse e dedicação, doenças

e tantas outras dificuldades relacionadas com a forma de vida social atual, sem

tempo, sem reflexões para com seus sentimentos e emoções, onde a Escola

também é afetada, e muitas vezes a missão de educar, está ficando a seu

encargo, fazendo a integração pelo social já que a família não orienta, com

uma educação básica.

Verificamos também que a alegria, a angústia, a raiva, são emoções,

que acontecem sem a vontade do sujeito, sob o impulso de alguma

necessidade consciente ou não e que a pintura com tintas pode incentivar as

potencialidades criativas, possibilidades de autoconhecimento e

relacionamento, melhorando a concentração e retendo o estudo, quando as

emoções são pintadas e estudadas; a cor é um elemento básico, atua no

psiquismo, portanto, é emoção. Usamos ainda os anexos para trazer apoio e

aprofundamento da pesquisa sob outras diferentes firmas de produção.

CAPÍTULO I

A ARTETERAPIA

São inúmeras as possibilidades que o ser humano tem para exercitar a

sua expressão criativa. A mente tem sido privilegiada ao longo do tempo, mas

sabemos que trabalhar com as mãos, com o corpo e a voz são atividades

equilibradoras.

A arteterapia é um processo criativo, artístico, psicoterapêutico utilizando

diversos materiais e técnicas expressivas que facilitam a liberação da energia

psíquica, plasmando símbolos, retratando vários estágios da psique, atuando e

realizando a comunicação entre o inconsciente e consciente.

A arteterapia pode ser usada na área clinica, psicoterápica e

educacional de acordo com a AATA (Associação Americana de Arteterapia -

2003). É enriquecedora da qualidade de vida das pessoas que experienciam

doenças, traumas, dificuldades na vida ou buscam o desenvolvimento pessoal.

Como afirma a autora,

Por meio do criar em arte e do refletir sobre os processos e

trabalhos artísticos resultantes, pessoas podem ampliar o

conhecimento de si e dos outros, aumentar sua auto – estima,

lidar melhor com sintomas, estresse e experiências

traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos e

emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer artístico.

(PHILIPPINI, 2008, p. 13)

Na área educativa, possibilita o desenvolver da imaginação, fazendo

integração do aprendizado emocional ao de conhecimentos da cultura humana,

resultando em produção criativa, com mais autonomia, mais elaborações e

desafios, menos receios, frente a situações a serem resolvidas. Segundo a

autora,

Ser criativo implica em elaborar, construir novas estratégias

frente a situações desconhecidas, desafiar o receio frente ao

diferente, possibilitar e efetuar modernizações nas relações

estabelecidas entre sujeito e seu ambiente. (URRUTIGARAY,

2008, p. 39)

Nas oficinas de criatividade há a valorização do potencial criador e a

ação, sendo um meio de intervenção nos problemas de aprendizado e

aquisição de conhecimentos. A plasticidade dos materiais dota o sujeito de

uma maior sensibilidade onde ele vivencia novas formas de lidar, retira

bloqueios que faziam isolamentos, promovem o autoconhecimento. Como

vemos na afirmação a seguir,

As múltiplas possibilidades encontradas, agem de maneira

estruturante, fazendo de quem se utiliza desses materiais a

aquisição de experiências libertadoras,por retirar bloqueios

fornecedores de inibições, preconceitos, isolamentos.

Promovendo a busca pelo aprimoramento em direção ao auto

conhecimento, em função de se ater ao resgate dos valores

essenciais do homem, agentes de sua transformação, como

sentido de aprendizagem. (URRUTIGARAY, 2008, p. 40)

Ao buscar referências sobre quem, ou em que lugar começou a surgir a

arteterapia, como uma nova forma de trabalho terapêutico, encontramos

autores e outras localizações. Cerca de 50 anos atrás, com Florence Cane,

Margareth Naumburg e Edith Kramer nos Estados Unidos, Adrian Hill na

Inglaterra e Ulisses Pernambuco. Com a psiquiatra Nise da Silveira no Brasil, a

arteterapia ganha destaque, com o seu trabalho inovador de pesquisa sobre a

compreensão do mundo mental dos pacientes, no Rio de Janeiro; e que ela

sempre preferiu a expressão Emoção de Lidar, cunhada por um dos seus

paciente freqüentadores das oficinas expressivas, onde tratamentos de

reabilitação para pacientes esquizofrênicos eram realizados. Em tempos bem

mais Antigos, encontramos registros da ARTE, com documentário psíquico,

tanto para a coletividade, como para cada indivíduo. Assim, declara a autora,

Relato sobre a Arte, como prática terapêutica na Grécia Antiga

(século V antes de Cristo) em Epidauro, centro de cura

dedicado à Asclépio. Neste local, os indivíduos enfermos

assistiam às representações teatrais e musicais, e

contemplavam manifestações artísticas diversas, depois à

noite recolhiam-se para a prática da “INCUBAÇÃO”. O que era

a possibilidade de receber uma indicação das divindades, pela

via do sonho e nesta comunicação encontrar uma chave para

transformar a situação que havia gerado a doença... E se

caminharmos no tempo, bem mais para trás, poderemos

chegar à cerca de 35.000 anos atrás com as pinturas nas

cavernas, que já configuravam uma ponte expressiva entre o

dentro e o fora, entre um espaço protegido e interno, para o

mundo além, pleno de perigos, desafios e adversidades.

(PHILIPPINI, 2008, p.14)

Com o término de “Anos de Chumbo” em 1985 já era possível, reunir-se

em praça pública para cantar, dançar, fazer cinema, fazer ARTE com mais

liberdade. Houve um desenvolvimento das “terapias expressivas”. Apareceram

núcleos de trabalhos no Rio de Janeiro e São Paulo com estudos terapêuticos.

Na década de 90 surgem núcleos em Goiás, Minas Gerais e recentemente de

norte a Sul do Brasil.

A Arte tem um grande potencial curativo. Cada ser é único e recebe a

Vida para desenvolver seus potenciais, para chegar a sua Essência e perceber

o real sentido da vida. Cada um tem um processo de criação particular e as

diferenças devem ser sempre respeitadas. Segundo Nachmanovitch (1993)

num processo de criação os pré-requisitos são a alegria, o amor, a

concentração, a prática, a técnica, o uso do poder dos limites, o uso do poder

dos erros, o risco, a entrega, a paciência, a coragem e a confiança. O objetivo

não é a estética das produções, mas a recuperação de cada um criar, através

dos símbolos que vão surgindo, limites sendo vencidos, fazendo a recuperação

e fortalecendo o poder do reequilíbrio pessoal.

A criatividade é considerada como um potencial inerente ao homem.

Quando o sujeito cria, ele se transforma, compreende o momento e a si

mesmo. Como afirma Jung (1998) que é uma das cinco categorias

responsáveis pelo comportamento humano como elemento motivador,

organizador e dinamizador do mesmo, fazendo-o agir, se mobilizar, resolver.

No processo criativo deve ser observado e avaliado os estilos

expressivos, as formas e as cores mais freqüentes, os espaços utilizados, os

elementos harmônicos e distorcidos, os movimentos na criação e na

composição, pois o símbolo, a imagem são mensageiras de níveis psíquicos

mais profundos da consciência.

É importante o sujeito informar, o que o símbolo comunica, o que ele

compreende, que afetos provoca, para que o significado arquetípico daquele

símbolo seja pesquisado em contos de fadas, em mitos, etc. Assim, é visível a

sua estruturação, o nível de crescimento e motivação, as possibilidades de

transformação pessoal e a resolução de situações de desequilíbrio.

A consciência observa e registra o que acontece dentro e fora de nós e é

comum a todo ser humano. Aglomera, pensamentos, lembranças, imagens,

sentimentos e está ligada a história do sujeito. O inconsciente é a matriz pré-

formadora da própria consciência e já existia a priori. O inconsciente e a

consciência formam a psique - a personalidade total do sujeito, do ser.

Segundo a autora,

Presente nas funções instintivas mais importantes, fonte

legítima das potencialidades do ser, origem da atividade

criativa e artística, ele é a nossa essência que nos irmana.

Nascemos inconscientes e trazemos muitos conteúdos

herdados dos ancestrais. (MONTEIRO, 2009, p. 23)

A Arte, no processo de individuação, de auto-conhecimento, estimula a

criatividade do sujeito, humanizando-o, colocando-o mais próximo da sua alma,

do seu ser, Andrade (2000) que “Permite ao homem expressar-se e ao mesmo

tempo perceber os significados atribuídos a sua vida, na sua eterna busca de

um tênue equilíbrio com o meio circundante.” (p. 13)

O arteterapeuta precisa de um conhecimento sólido, para utilizar a

experiência criadora, como forma de autoconhecimento e transformação do

ser, conhecimentos sobre a diversidade de materiais utilizados e a psique

humana, como nos aponta Coutinho (2007) que “a necessidade de um

conhecimento teórico e sólido a respeito não somente das possibilidades

plásticas e afetivas do material, mas também dos aspectos psíquicos do ser

humano”. (p. 52) e estratégias a serem usadas.

O setting terapêutico é um espaço sagrado onde cada individualidade se

descobre, através dos diversos materiais, das expressões, do apoio do

terapeuta, do ambiente, dos símbolos; lugar de conexão com a espiritualidade,

com “a câmara silenciosa”, situada dentro de nós mesmos, uma casa

verdadeira no sentido psíquico, onde cada um, durante a sua atividade,

compartilha a vida em seus movimentos de fuga e encontro, em suas

mudanças e fluidez e há que estar flexível para acompanhá-lo de forma

adequada. Segundo a autora,

Na Arteterapia, a experimentação dos recursos materiais no

ambiente terapêutico contribui para sensibilizar a percepção, a

sensação, permitindo a vivência dos momentos lúdicos. É o

momento no qual os clientes podem experenciar o trabalho

corporal como forma de se perceberem, conhecerem,

aliviarem as tensões e se integrarem. Encontram a

oportunidade de escolher dentre os materiais: a pintura (que

possibilita a fluidez dos sentimentos); o desenho (que ajuda a

se organizar internamente). (BRITTO apud FUSSI;

VALADARES, 2003, p.12)

Os diversos materiais utilizados são os naturais, recicláveis, e o papel

como chamex, cartolina, cartão, camurça, kraft; os lápis como os pastéis, giz

de cera, lápis de cor, lápis aquarela; as tintas são o guache, acrílica, em pó,

nanquim, as artesanais; massa de modelar e argila. As técnicas expressivas

utilizadas vem a ser a pintura, a modelagem, a sucata, recorte e colagem,

dobraduras, fantoches, tecelagem, mosaico, contação de história, a escrita

criativa, a instalação, bordados, entre outros.

Como referencial teórico utilizamos a Psicologia Analítica de Carl Gustav

Jung, que nasceu na Suíça em 26 de julho de 1875. Seu pai era um pastor

luterano; já na infância foi afetado de maneira profunda por questões religiosas

e espirituais. Estudou medicina e se interessava pela Psiquiatria como estudo

dos “distúrbios da personalidade”, embora na época fosse pouco desenvolvido.

Em 1900 Jung tornou-se interno na Clínica Psiquiátrica Burgholzli em

Zurique, um dos maiores centros psiquiátricos da Europa. Em 1904 montou um

laboratório experimental nessa clínica. A partir de 1905, passou a atuar como

professor em Psiquiatria na Universidade de Zurique como médico efetivo na

clínica Psiquiátrica.

Jung começou a desenvolver um sistema teórico que chamou

originalmente de Psicologia dos Complexos, mais tarde Psicologia Analítica

como resultado direto de seu contato prático com seus pacientes. A terapia

Junguiana explora intensivamente os sonhos e fantasias, um diálogo é

estabelecido entre a mente consciente e os conteúdos do inconsciente.

A doença psiquiátrica é tida como uma conseqüência da separação

rígida entre elas. Os pacientes eram orientados a ficarem atentos aos

significados pessoal e coletivo (arquétipo) inerente aos seus sintomas e

dificuldades e a fazerem representações plásticas. Segundo o autor,

Das observações e estudos de seus pacientes Jung começou

espontaneamente a pedir aos mesmos que representassem

plasticamente sonhos, relatos, sentimentos. Acreditava que as

expressões artísticas de pacientes psicóticos assim como de

pessoas “normais” manifestassem essa ocorrência do

cotidiano de vida, refletindo o grau de comprometimento na

articulação dessas instâncias; consciente e inconsciente

(ANDRADE, 2000, p.106)

Veio a falecer em 06 de junho de 1961, aos 85 anos, em sua casa nas

margens do lago de Zurique em Kusnacht, após uma longa vida produtiva com

a Antropologia, Sociologia, Psicologia, Arte, Literatura e a Mitologia. Uma vida

de prática clínica, pesquisa e escritos, como afirma monteiro (2009) sobre a

Psicológica Analítica:

INCONSCIENTE

Refere-se a tudo que está fora do campo da consciência e que, portanto se

tornou inacessível ao ego; tudo aquilo que já tive consciência mas esqueci. É

imenso e sempre continuo.

INCONSCIENTE COLETIVO

A camada mais profunda da psique, constituída pelos materiais herdados da

humanidade, suja existência não depende de experiências individuais, estão

presentes desde à concepção. Os instintos e os arquétipos se encontram na

psique objetiva ou inconsciente coletivo.

ARQUÉTIPOS

Formas estruturantes comuns a toda espécie humana como registro de

emoções e fantasias causadas por fenômenos da natureza; experiências intra-

uterinas e as relações iniciais que se estabelecem entre mãe e filho; situações

de aborto, encontros com o sexo oposto e relações estabelecidas entre ambos;

vivências da imposição do poder do mais forte sobre o mais fraco; entre muitas

outras.

SÍMBOLO

É a imagem psíquica que articula o inconsciente ao consciente. Traz para a

consciência que o contempla o sentido oculto de uma situação concreta,

possibilitando inúmeras percepções até então desconhecidas, alcançando

dimensões que o racional não pode atingir. É um mecanismo psíquico

transformador de energia.

EGO

É o resultado de uma rede complexa de associações formada, primeiramente

por uma percepção do nosso corpo e existência e pelos registros da nossa

memória.

PERSONA

A imagem que o individuo mostra ao mundo, máscara social, o papel que

desempenha, ajudando-o na sua adaptação à coletividade externa.

SOMBRA

Expressa os traços da personalidade que foram negados ou ignorados.

Representa tudo o que falta a cada personalidade, tudo o que poderíamos ter

vivido e não vivemos.

ANIMA/ANIMUS

É a compensação sexual inconsciente das consciências do homem e da

mulher, respectivamente. São, juntamente, com a sombra, as principais vias

de acesso ao inconsciente. A anima engloba a dimensão sentimental (Eros)

negligenciada pela consciência afeita a distinções do homem. O animus, por

sua vez, refere-se às funções cognitivas e discriminadoras (Logos) pouco

desenvolvidas na consciência relacional da mulher.

SELF ou SI-MESMO

Personalidade inata que vamos desvelando ao longo da vida na articulação

ego-self. Unidade dos sistemas consciente e inconsciente, funcionando ao

mesmo tempo, como centro regulador, da totalidade da personalidade.

CAPÍTULO II

A PINTURA COM TINTAS

O homem sempre sentiu necessidade de se comunicar, de se expressar,

desde os tempos mais antigos com os grafismos e as pinturas rupestres que

são registros que identificam simbolicamente o homem, as aves, as cenas de

caça, a dança, além de formas abstratas e geométricas; e continua se

expressando, passando por diversos estilos e épocas, chegando a atualidade.

A pintura é uma técnica ou habilidade na aplicação de tintas sobre uma

superfície, geralmente plana, representando figuras conhecidas ou imaginárias,

tendo a cor como elemento básico. A tinta, por sua vez, é uma substância

viscosa, de cor, produzida através de pigmentos naturais ou químicos, sendo

um excelente meio para a manifestação das emoções, onde o movimento das

pinceladas, abrindo mão do controle, auxilia a liberação e o fluir do processo

criativo.

Em arteterapia, a pintura é um processo expressivo, psicoterapêutico,

tendo como referencial teórico a Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, onde

qualquer pessoa pode pintar as suas emoções, mas é necessário estudar as

pinturas, compreendê-las e aceitá-las, pois, falam do sujeito com realidade, só

a atividade não faz acontecer as mudanças. Segundo Jung (1999) a atividade

meramente pictórica, não basta. É necessário compreender a imagem

intelectualmente e emocionalmente e integrá-la ao consciente racionalmente e

moralmente. A pintura, como as demais expressões artísticas, pode obedecer a

algumas regras ou não; podem seguir apenas e simplesmente o impulso

criativo do sujeito, a sua percepção, os seus sentimentos, a sua afetividade;

surgindo assim as imagens, os símbolos.

O símbolo é um mecanismo psíquico transformador de energia. Quando

o sujeito o compreende, o vivencia, por sua objetivação, ele se transforma,

possibilitando a passagem de energia de um nível a outro, pelo

desenvolvimento da criatividade. O contato com as imagens produzidas

possibilita a ativação da fantasia, da imaginação, e esta, desenvolve a

atividade criativa. Assim, criando, o paciente se liberta, transforma a sua vida,

conhecendo os seus afetos, conhecendo a si mesmo e vivenciando

oportunidades com mais intensidade como nos aponta Urrutigaray (2008) que

“os principais objetivos da pintura encontram-se em poder experimentar seus

afetos e poder conhecê-los melhor” (p.59) e aumentando o conhecimento de si

mesmo.

Quando a pintura flui com os movimentos de avanço e recuo de mão,

pincel e tinta, as pinceladas, ali estão presentes emoções e sentimentos,

levando o sujeito a momentos agradáveis de reflexões e prazer no fazer

artístico. Isso nos leva a confirmação de Oaklander (1980) que “a pintura

possui o seu próprio valor terapêutico especial. Quando a pintura flui, amuíde o

mesmo ocorre com a emoção. Crianças tem o prazer em pintar, especialmente

as que já passaram da idade da creche ou jardim da infância” (p.62)

A pintura também desperta a sensação de liberdade, ao experimentar

um conjunto de cores diante de várias tintas e pincéis que propõem um

caminho a construir e que estão presentes as linhas, as formas, as cores, as

tonalidades. Essa atividade faz com que o sujeito relaxe, já que é livre para

experimentar as cores juntamente com as suas emoções e sensações

produzindo manifestações de contentamento, de satisfação, de alegria, auto

confiança. De acordo com a autora,

A oficina de pintura é uma ferramenta poderosa e plena de

conteúdos simbólicos que facilitam aos pacientes suas

catarses, mas também pode ser exercício em que se aprende

a manusear cores, texturas e formas. Curiosamente à medida

que vão se familiarizando com as técnicas começam a querer

representar imagens conhecidas e quando isso acontece,

pelas cópias ou não, o efeito psicológico é surpreendente.

Surgem as mais diversas manifestações positivas de alegria,

reconhecimento, surpresa e autoconfiança. (PAGANOTTO,

2010, p.115)

Numa pintura a possibilidade de reparar, concertar e contornar um erro

deixa o sujeito, reabastecido de estímulos positivos e renovadores de

expectativas, quanto a sua estima pessoal. Se não há possibilidades de alterar

o erro, o aceitar faz visíveis os seus limites; a vivência com essas dificuldades

traz um aprendizado que estimula o seu desenvolvimento, como ser humano.

Os arquétipos são determinados por sua forma. Podem ser expressos

na Arte, nos sonhos e na imaginação. Incluem experiências prototípicas como

buscar comida, pai, mãe, self, feminilidade, infância, deus, virilidade e sono,

onde através das pinturas são revelados modos vivenciais e afetos contidos.

Segundo a autora,

As pinturas são meios reveladores dos profundos modos

vivenciais de forte e marcantes presenças afetivas contidas

nas necessidades arquetípicas. As tintas, assim, servem para

solver questões muito enrijecidas separando-as em seus

componentes (tal como a água faz com a mistura de vinagre e

azeite), para deixar fluir e retomar o fluxo de energia

bloqueado por determinado complexo. (URRUTIGARAY,

2007, p.147)

Pelo tipo da pincelada, pela preferência de cores e escolha da temática

se define o artista, o sujeito, quando a sua produção é visualizada. Sua

pincelada é uma extensão do seu ser, da sua alma. A tinta pode ser aplicada

espessa ou diluída. Van Gogh foi o primeiro artista a usar a tinta espessa, e em

seguida muitos outros artistas exploraram as qualidades expressivas e

dinâmica usando o pincel ou a espátula, criando texturas, que expressam e

despertam sensações e emoções. Como nos aponta Monteiro (2009) que “aos

33 anos, Van Gogh encontrou na pintura a libertade de expressão.” (p.47),

evitando a depressão e novos colapsos; dando vasão aos seus fortes

sentimentos.

A pintura espontânea é um processo de autoconhecimento. O sujeito

está interessado em pintar, registrar sua energia interior, deixar fluir, sem

interrupção, sem preocupação com o resultado final e estético. O conteúdo

simbólico guia o sujeito na sua busca. Há possibilidades de harmonização com

a ordem maior, o divino. É um caminho espiritual com paixão e emoção,

visualizado na tela. Como nos afirma Belo (1998) que “a pintura espontânea é

um processo de autoconhecimento. A ênfase é dada em ser fiel às suas

emoções e abaixar o nível mental, para pintar a mente inconsciente, sem

preocupação com julgamentos de certo ou errado.” (p.12) é um portal que

capacita o sujeito a atingir uma dimensão potencial da mente não controlada

pelo conhecimento racional.

O material usado na pintura espontânea é a têmpera, com pigmentos à

base de acrílico ou água – vermelho, amarelo, branco, preto, azul, verde, roxo,

são cores básicas. Pincéis de ½ e 1 ½ polegada ou maiores para trabalhar

grandes espaços. Rolo de papel pardo, esponja comum, fita adesiva larga,

vasilha para água, panos para secar pincéis e palheta.

As pinturas devem ser estudadas em série, isoladas, para compreender

o desdobramento do processo intrapsíquico, sendo necessário o estudo de

muitas pinturas. Ao se fazer uma pintura, os processos inconscientes estão

envolvidos na temática, nas cores utilizadas e no modo de pintar, possibilitando

a visualização das transformações energéticas nas várias etapas que se

seguem, integrando o inconsciente ao consciente em direção a individuação, o

processo de construção do indivíduo, devendo sempre ter uma análise

hipotética.

Ao longo da sua vida, o ser humano recebe e transfere vários “nãos”,

limitando a sua autonomia, a sua coragem, a sua criatividade, a sua confiança

no mundo e em si mesmo. A oficina de pinturas é um convite para o sujeito

dizer: “sim”...,“eu posso”..., “eu quero tentar”..., “valeu apena tentar”... já foi

citado que a oficina de pinturas é uma ferramenta poderosa, e que auxiliará

muito o ser, no conhecimento de si mesmo, na sua harmonização e na

ordenação do seu pensamento.

O ser humano dá sentido à vida a medida que consegue organizar,

ordenar o seu mundo, com suas percepções e interpretações que (re)

significam os sistemas internos do seu ser.

Um dos aspectos mais gratificantes da pintura é a oportunidade de

expressão corporal, que ela oferece, trabalhando com as próprias emoções e

impressões, dando uma interpretação pessoal, particular a determinado tema,

conferindo à obra um toque característico.

O setting terapêutico da oficina de pinturas é um espaço provocador de

explorações e pesquisas onde o sujeito interage com os materiais viscosos,

secos, de cor com a sua energia, com a sua história afetiva e intelectual e está

presente como produto no seu trabalho; deve ser também um ambiente amplo,

arejado, acolhedor e de fácil limpeza.

O êxito e o sucesso, como superação de padecimentos e fracassos

inerentes do movimento dos esforços e tentativas do sujeito como realização e

simultânea valoração afetiva do trabalho realizado, contribui para constituir

modos de imaginar, perceber e fazer comprometidos com uma busca cada vez

mais exigente de significações pelo sujeito.

A concentração é um ato ou efeito de concentrar, de meditar, estar

absorto em algo com envolvimento, interesse, e principalmente curiosidade

para ir além do visto e do feito, com possibilidades de saber mais, como,

construção individual e expressão, como afirma a autora Richter (2008) que

“trata-se da indispensável conquista intelectual de uma organização interna que

passa necessariamente por uma organização externa.” (p.76)

Alguns pacientes chegam no espaço arteterapêutico dispostos para o

atendimento, demonstrando gostar de ir e trabalhar com os materiais plásticos

e entre muitas cores que possibilitam criar novos tons, preferem a tinta

vermelha (guache), que é uma cor ativa, masculina, representando energia,

impulso, emoção, agressividade; fazendo parte do próprio processo, pintam

imagens, símbolos, que tem uma representação arquetípica como o tigre

(animal) que nos fala tanto de agressividade quanto de proteção, como nos

afirma Coutinho (2007) que “Pinta um tigre, e o nomeia Tigre Ferido” .

Acrescenta à sua imagem algumas pinceladas de vermelho, representando o

sangue nas feridas do tigre. Demonstra excitação ao lidar com aquele material

vermelho e viscoso, utilizá-lo para “provocar as feridas”, senti-lo em suas mãos,

como se estivessem “sujas de sangue” (p.94). Uma associação bem forte com

o sangue.

Nas obras de Van Gogh, podemos perceber um símbolo que se repete

várias vezes – o sol. Ele é fonte de luz, de calor e de vida; para muitos povos é

uma manifestação divina. O princípio solar é representado por um grande

número de flores e entre elas o girassol que Van Gogh adorava pintar. O sol

também está presente em outras obras como “Salgueiros ao Pôr-do-sol” e do

“Semeador”; como afirma Monteiro (2009) “trazendo para a consciência

mensagem de esperança e vida de quem está semeando seu caminho e

espera colher seus frutos” (p.58). Ao pintar a sua casa de cor amarela, a cor da

luz, da intuição, de luminosidade, da percepção, da liberação da carga de

responsabilidade excessiva, Van Gogh registrou sua devoção ao amarelo e ao

sol, chamando-a “casa de muito sol”, simbolizando a intenção de formar uma

comunidade de artistas. O seu consciente foi sendo iluminado e o inconsciente

enviava imagens carregadas de vida e cor, impulsionando-o para frente, no

caminho de sua individuação. Assim, numa pintura, os processos inconscientes

estão envolvidos, na escolha do tema, nas cores utilizadas e no próprio modo

de pintar, guiando, direcionando, fazendo crescer o próprio ser.

Na trajetória de vida e obras de Frida Kahlo podemos observar a história

de vida de um inconsciente que se realizou através da pintura. Frida tornou-se

uma artista do século XX, conhecida, tendo seus quadros valorizados no

mercado no mesmo patamar de gênios como Picasso. A sua história de

indivíduo desenvolveu-se em comunhão com as contingências de seu destino.

Aos 18 anos sofreu um acidente, onde foi praticamente esquartejada;

conviveu com o desmembramento, a desarticulação e 37 cirurgias ao longo da

vida. Havia em sua constituição uma forte relação com o duplo, o feminino e o

masculino, a vida e a morte, a luz e a sombra, as alturas olímpicas e o obscuro

reino de Hades, Mesmo sofrendo os constantes tormentos em conseqüência

do acidente, sempre manteve um dinamismo com que produziu a sua obra.

Encarou o mundo com as suas limitações e realismo e abraçou o que a vida

lhe apresentou sem reservas, com muita energia e paixão, como nos afirma

Monteiro (2009) que “a necessidade de comunicar emocional e afetivamente

suas experiências talvez fosse a energia propulsora fundamental que a levava

a pintar.” (p.76).

Frida queria ser médica, mas a mãe “carola” foi curiosamente mais

tarde, com os ex-votos e a toda a ornamentação de cunho religioso uma

grande fonte de inspiração para a sua arte. Começou a pintar logo após o

acidente com um bonde elétrico onde a sua coluna, sua bacia e o pé direito

foram quebrados e ela ficou imobilizada, engessada durante vários meses.

Com um espelho afixado sobre a cama, pintava, descortinando essas novas

visões sobre as cores e as formas que se revelam a ela, por meio da

imaginação. Seu primeiro quadro foi um auto-retrato.

Mais tarde, André Breton, líder dos surrealistas ajudou-a a abrir as

portas para a sua primeira exposição individual em Paris. Teve vários

romances e amizades, inclusive com Picasso. Em 1940 sua saúde piorou e sua

carreira deslanchou e recebeu um grande reconhecimento.

Em 1943, começou a dar aulas de pintura na Escola de Pintura e

Escultura La Esmeralda, do Ministério da Educação do México. Em 1953, com

a sua saúde bastante fragilizada, foi realizada a sua primeira exposição

individual no México, onde ela adentrou no salão imobilizada na cama,

arrumada e muito feliz, saudando e brindando a todos. Em seguida a sua perna

precisou ser amputada, não recuperando mais a alegria e o humor, e em julho

do ano seguinte veio a falecer de embolia pulmonar, cumprindo a própria

destinação, desenvolvendo habilidades de responder apropriadamente às

exigências do mundo interior no relacionamento com o mundo externo.

Fazer Arte é expressar as experiências subjetivas por meio que as

organizem visualmente. É por a energia psíquica em atividade ou movimento. A

projeção (transferência) dos conteúdos internos decorre desta vitalidade

energética (motivação) e os materiais plásticos para a expressão. A

contratransferência são as reações afetivas provocadas no terapeuta,

decorrentes destas imagens.

A composição é um aprendizado, uma adaptação, conseguidas por meio

do reconhecimento das propriedades de um espaço, que seja propício à sua

execução. É uma organização de elemento como linhas, pontos, cores e

campos vazios de maneira que se forme uma disponibilidade de equilíbrio entre

eles. A configuração feita, aliam-se idéias, sentimentos, valores, e “no encaixe”,

na forma, as experiências, sensações e manifestações na visualização, toda

representação resultante sinaliza, de acordo com a autora,

Uma ação metodológica (uma organização) adequada à

revelação da fantasia. Um “conhecimento” (um

enquadramento) do espaço relacional: disponibilidades e

limites; a exteriorização de determinados padrões de atitude

correlacionados: extrovertidos (ou a relação com) ou

introvertido (ou realito a si próprio). (URRUTIGARAY, 2007,

p.124)

Na atitude extrovertida há empatia, esta sensibilidade decorre de

relações confiantes e prazerosas com o meio exterior, na abstração há

sentimentos de introversão, e serve para compensar as perturbações internas.

Na composição, há correspondência entre o suporte e a representação, indica

o campo de que o ego dispõe para suas ações. Quando o resultado é bem

menor que o espaço disponível, a impressão causada é de opressão,

desconsideração; todos indicativos de valores afetivos introvertidos e da

importância da afirmação de si mesmo. Quando a situação é inversa, trazendo

necessidade de expansão, referentes aos aspectos emocionais de extroversão,

símbolos difíceis de serem controlados. Com referências à centralização,

remete equilíbrio, princípios, concentração, união de opostos.

Numa pintura o uso das cores com as tonalidades afetivas trás para a

interpretação analítica a compreensão cognitiva para questões animosas

inclusas nas composições: a intensidade de cor pode aumentar (valorizar) ou

diminuir (depreciar) a aparência de um fato psíquico; a quantidade de cor

usada tem peso; um afeto pode tornar-se leve ou pesado de acordo com as

cargas emocionais; os efeitos de sombreamento (claro versus escuro)

sinalizam relações entre os aspectos permitidos ou aceitos pela consciência ou

sombrios ou mais defendidos pela consciência; à interação com as cores

quentes e frias temos referências ao posicionamento diante das relações

pessoais: intensa ou fraca; calorosa ou resfriada; o grau da emoção pode ser

percebida através do matiz ou tonalidade: impulsiva ou moderada, intensa ou

fraca, vibrante ou contida, próxima ou distanciada, exuberante ou depressiva,

etc. A variedade de elementos na técnica de pintura, como linhas, cores,

formas, volumes, estimula a desabafar, a aliviar tensões, a encontrar soluções

diferentes, a ter coragem de fazer novas tentativas, a mudar o nosso olhar, o

nosso ângulo de visão, o nosso sentir é como se fosse um grupo de amigos.

Na oficina de pinturas todas as emoções são aceitas e encorajadas a se

expressarem e a expressão criativa está intimamente ligada à saúda mental. A

pintura proporciona intensa mobilização emocional causada pelos

experimentos com a cor, também apresenta efeitos fisiológicos, como

fenômeno físico, podendo acelerar ou tornar lento o metabolismo do

organismo, uma vez que as cores quentes são acidificantes e as cores frias

são alcalizadoras.

Neste contexto, a cromologia (ciência que estuda aspectos gerais da

fenomenologia das cores) e a cromoterapia (estudos dos efeitos terapêuticos

das cores) podem contribuir com o terapeuta a obterem resultados mais

efetivos através da pintura. Na oficina de pinturas pode-se usar várias

estratégias, livremente, deixando-se levar pelo impulso, ou sob a orientação do

arteterapeuta. Relacionamos algumas técnicas como:

ROLO DE ESPUMA

Permite maior controle da pessoa que está realizando, uma vez que a tinta é

mais espessa. O repassar do rolo de espuma em várias direções, irá criar

novos efeitos permitindo uma pequena dose do elemento surpresa.

COM MOLDES

Técnica organizadora, planejada, estruturada. Pode ser um interessante

recurso para se trabalhar limites: manter-se dentro ou ultrapassar, criar novas

possibilidades mesmo tendo que respeitar certas fronteiras, etc. O vazar da

pintura por debaixo do molde, pode ser trabalhado a postura diante de

mudanças em planos originais.

COLA COLORIDA, AREIA E GUACHE

Trabalha-se com o tridimensional, mas ganha-se relevos e volumes. A

porosidade da areia sobre a cola traz um desafio interessante no momento de

pintar. O sentido tátil é ativado pela manipulação da areia, não agradando a

algumas pessoas. Pode-se conseguir um efeito diferente se a areia estiver

misturada com o pigmento em pó.

LAVADA

Técnica que foge ao planejamento. A pessoa imagina e pinta um desenho, e

quando fica pronto ele é parecido e não igual ao primeiro. É útil para trabalhar a

quebra do usual, do rotineiro e para desvelar o que está oculto.

MONOTIPIA

Técnica dual, a pessoa constrói em um dos lados da folha, que está dobrada

ao meio, e o outro lado nasce a partir do encontro com o primeiro, fechando e

abrindo. Permite trabalhar as diferenças ou aparente e enganosa sensação de

igualdade entre duas partes.

MONOCROMIA

Trabalho com a quebra do usual, a possibilidade de vários matizes de uma só

cor. A infinidade de alternativas que existem em dois pontos opostos: o branco

do papel e o tom mais forte da cor escolhida.

PAPEL MOLHADO E MANCHAS DE TINTA COLORIDA

É uma estratégia diagnóstica produtiva onde as manchas vão surgindo e vão

sendo feitas contextualizações entre o terapeuta e o sujeito, surgindo relatos

sobre a própria vida.

A ÓLEO

Técnica interessante por permitir a possibilidade de alterar algo que tenha sido

feito. O claro/escuro é um recurso muito rico a ser explorado.

GUACHE E COLA

Técnica que consiste em misturar guache e cola branca, cobrindo o papel com

uma camada. Em seguida, passar pentes de diferentes tamanhos, criando

texturas; podendo-se usar outros objetos.

Entre a diversidade de técnicas expressivas com as tintas ou materiais

molhados, estes também, são encontrados em uma grande diversidade; todos

contribuindo na exploração de pesquisas e experimentos do sujeito, no espaço

arteterapêutico e que, são relacionados a seguir:

ACRÍLICA

Tinta solúvel em água, de cores intensas e brilhantes, apresentada em tubos

ou em potes de tamanhos variados, pequenos, médios ou grandes. Os tubos

menores encontramos uma maior variedade de cores, facilitando o transporte e

o armazenamento. Suporte – telas, papel em base de eucatex.

ÓLEO

Requer solvente especial, não é solúvel em água. É tóxica, de secagem lenta,

usada em suporte especial – telas, bases de eucatex.

PLÁSTICA

Utilizada mais para artesanato do que experimentações livres no processo

arteterapêutico. Recobre várias superfícies e seca rápido. Deve-se ter cuidado

na abertura das embalagens.

AQUARELA

Apesar da grande dificuldade de uso, provoca restrições, produz ao mesmo

tempo um intenso fascínio, porque seus efeitos transmitem suavidade,

transparência, leveza e sentimentalismo, os quais podem ser revelados através

de composições claras, escuras, densas ou translúcidas. Os efeitos, são

produzidos através de lápis de cor apropriado, pastilhas coloridas, pigmentos

em pó misturados em água, guache, anilina.

ARTESANAIS

Tinta feita com pigmento líquido ou pó (xadrez) mistura com tinta PVA. O

resultado é semelhante ao da tinta acrílica.

GUACHE, A TINTA A DEDO OU A TÊMPERA

Essa categoria de material, misturadas umas as outras possibilitam matizes e

experimentações diversas, de acordo com o suporte escolhido. Despertam “a

criança interior” pelo sentido lúdico que trazem. Atraem a pessoa para a

realização de novas tarefas e despertam curiosidades em função de permitirem

a mistura de cores.

NANQUINS

Tintas de cores intensas, solúveis em água. As nacionais (azul, verde,

vermelho, preto e branco) e importadas (WINSOR – uma infinidade de cores

douradas e prateadas).

NATURAIS

Feitas de pigmentos naturais (sumo de vegetais, sementes ou frutos). Ex: sumo

de couve – verde; sumo de beterraba – magenta; chá-preto – marron claro;

café – marron escuro; sumo de Jamelão – roxo, etc.

TECIDOS

Própria para tecido apresentando boa cobertura no papel; cores vivas e

brilhantes em forma de pasta ou líquida (sedas e tecidos leves).

PINCÉIS

Apresentados em tamanhos pequenos, médios e grandes com espessura fina,

média ou grossa, com numeração específica e cerdas de animais (os

melhores) e telas.

CAPÍTULO III

AS EMOÇÕES

NUMA COMUNIDADE ESCOLAR PÚBLICA

A Arte é um importante instrumento na vida do homem, promovendo o

ato de criar, incentivando a livre expressão que, por sua vez, funciona como

agente facilitador da aprendizagem cognitiva, emocional e social, nas relações

pessoais e interpessoais de todo e qualquer público – alvo, já que a livre

expressão trabalha como indicadora entre o inconsciente e razão. Fazer arte

de acordo com Jung (1999) é “produzir um estado psíquico em que o sujeito

comece a fazer experiências com seu ser, um ser em que nada mais é

definitivo nem irremediavelmente petrificado; é produzir um estado de fluidez

de transformação e de vir a ser.” (p.44) conhecendo e humanizando ainda mais

o próprio homem.

Os valores estão em crises, os jovens não estão sabendo conviver em

grupo, há desvalorização, há discriminação, conflitos familiares, desempregos,

a comunicação está chegando muito rápida com a globalização e em

proporções inéditas, tanto positivas quanto negativas, o que promove a

sensação de impotência entre, nós, educadores. Os alunos estão cada vez

mais indisciplinados, o desrespeito maior, falta de amor ao próximo; as drogas

invadem os espaços mais diversos; há problemas de atenção, raciocínio,

agressividade, ansiedade, nervosismo, baixo rendimento escolar, funcionários

que não realizam as atividades com interesse e dedicação. Segundo a autora,

A escola, como parte da sociedade, também sofre reflexos de

uma realidade suja tendência é a valorização das aparências e

o poder da individualidade. O fomento para o exercício da

violência vem de todos os lados, influenciando negativamente

o comportamento da criança e do adolescente. As mudanças

ocorridas, nas últimas décadas exerce influências na relação

professor / aluno – pais / filhos, que se alterou de forma

radical. Muitas vezes a missão de educar os jovens está

ficando a cargo da Escola. (BRITTO, 2007, p.11)

Assim, o homem se distância de si mesmo, do criador, vivendo

sentimentos de insegurança, intranqüilidade, medos e perdas, doenças,

relacionadas com a forma de vida da sociedade atual. Como pode o homem

contemporâneo lidar com todas as dificuldades, obstáculos que a modernidade

está lhe impondo? Do ponto de vista de educadora o homem contemporâneo,

está com dificuldades de se relacionar com seus sentimentos, suas emoções.

Sem tempo e sem reflexões. De acordo com a autora, Monteiro (2009) “As

artes, os mitos, as religiões e a literatura sempre expressaram as mais

profundas emoções humanas. São meios de comunicação comuns a toda

espécie humana, que permitem que nos expressemos...” (p.31). Portanto,

através da expressão artística, realiza-se uma comunicação que está além das

fronteiras, vencendo barreiras e medos; encantando e auxiliando o homem a

conhecer a si mesmo e ao mundo. A arte, então, tem sido uma função

estruturante na consciência humana, pois o verbal nem sempre transmite todos

os conteúdos internos. Segundo a autora,

A Arte vence barreiras, quando as palavras perdem o sentido,

ela é o melhor veículo das emoções e até dos conflitos. A arte

encanta, desperta a criança que a muito foi esquecida, permite

ao ser humano criar. A arte poder despertar nos indivíduos

essa ação libertadora e que nos faz acreditar que ela pode ser

utilizada para auxiliar no processo de autoconhecimento, no

desenvolvimento da auto-estima e conseqüentemente leva o

homem a conhecer e a entender-se melhor, relacionando-se

de forma mais harmônica com a sociedade em que está

inserido. (BARRETO, 2007, p.8)

O trabalho com a arte, arteterapia, é um trabalho de campo amplo, que

se cria e recria, a partir da colaboração de profissionais os mais variados, aptos

a utilizar a força da experiência criadora como forma de autoconhecimento e

transformação do ser humano. Segundo a autora,

Ao analisar os benefícios da arteterapia podemos perceber a

contribuição para ao jovem da escola pública, a arte é a

catalisadora das emoções. Além de promover um encontro do

jovem com seu mundo interno, e como conseqüência fazer

com que este perceba suas necessidades e aumente sua auto

estima. Levando-se em consideração que a identidade social é

o que consideramos ser frente aos outros, o criar, busca fazer

com que este jovem tenha orgulho de sua origem e que não

fique na posição de subalterno, mas assim que venha a lutar

por seu lugar na sociedade. Através da arte, há uma busca do

resgate da cultura do jovem, para que esse mesmo jovem

tenha orgulho de sua origem. A Arteterapia busca ser uma

influência para a juventude, a fim de fazer com que estes

jovens desenvolvam atitudes que venham, a contribuir para

que eles tenham uma chance frente ao mundo repleto de

desigualdades sociais. (SILVA, 2007, p.31)

A arteterapia numa comunidade escolar pública pode ser aplicada a

alunos, professores, pais e demais profissionais de acordo com as

necessidades, apresentadas nos vários setores dentro da instituição. Cada

setor com a sua aplicabilidade apropriada. De acordo com a autora,

Podem ser usadas, técnicas para treinamentos de

professores, para facilitar o relacionamento entre os membros

de uma equipe profissional, assim como entre os pais e

responsáveis, durante as reuniões. Usam-se também

determinadas técnicas em sala de aula não apenas com

crianças da pré-escola, mas também com adolescentes.

Podem-se usar na escola as mesmas técnicas utilizadas na

clínica, porém, sem o aprofundamento individual. O enfoque, a

leitura de imagens e sua finalidade é que serão adequadas às

necessidades apresentadas na escola ou por casos

particulares, dentro da instituição. (BRITTO, 2007, p.31)

A arteterapia tem suas funções específicas e importantes para ajudar o

ser humano a criar livremente e com isso, encontrar formas para comunicar e

promover sua autotransformação. De acordo com a autora,

Na clínica, a preocupação diagnóstica é o processo

terapêutico exercitado através do que é projetado nas

imagens, assim como o reconhecimento e elaboração dos

símbolos, tornam-se a meta prioritária. Na escola, o objetivo

da Arteterapia é incentivar o desenvolvimento das

potencialidades, não somente criativas, mas todas as

possibilidades de relacionamento e autoconhecimento

inerentes ao homem. (BRITTO,2007, p.32).

A arteterapia na escola tem inúmeras aplicações e se propõe a trabalhar

o inusitado, o símbolo, a emoção, o resgate de valores, tudo que desenvolva

no ser humano a sua humanidade e que propicie o ato de educar a

reconstrução do ser para agir na vida, respeitando as diferenças e valorizando

a cooperação e a coexistência.

O homem é um só, mas o cérebro atua de forma racional e emocional. O

equilíbrio entre a racionalidade e a compaixão, se faz necessário nos dias

atuais, face a tantas mudanças, onde podemos perceber nitidamente estar a

sociedade doente, e apenas o pensar racional, não nos traz respostas e

adequação a tudo. A Neurociência que estuda as emoções esclarece-nos que

a inteligência emocional é a capacidade que o individuo tem para conhecer as

sua emoções, bem como as dos outros; a habilidade para lidar com elas de

forma mais eficiente; facilidade para se adaptar a novas situações, aumento de

otimismo e perseverança. Segundo o autor,

Retratam talentos como a capacidade que o indivíduo tem de

motivar-se e persistir diante das frustrações, controlar

impulsos e adiar a satisfação, regular o próprio estado de

espírito e impedir que a aflição invada a capacidade de

pensar, criar empatia e esperar. (LOURO, 1995, p.13).

O indivíduo, quando encontra muitas dificuldades do ponto de vista

emocional, terá sua memória funcional reduzida, caindo a concentração e,

portanto, a dificuldade para reter o que lhe é passado. Os sentimentos e

emoções de cruzam, no córtex pré-frontal, com a memória funcional,

ocasionando assim a incapacidade de pensar com clareza. Mas o formar, o

criar, o fazer resgata o ser transformando-o através da sua criação, do seu

potencial, do equilíbrio de suas emoções. Como afirma Coutinho (2007) que

“uma das formas mais eficientes de promover a saúde emocional das crianças,

é proporcionar-lhes meios de criar, resgatando ou alimentando seu potencial

criativo.” (p.38). A arteterapia é mais do que um fazer artístico. É uma

multiplicação de saberes, possibilitando uma ampla transformação no indivíduo

rumo à sensibilidade, conhecendo-se mais. Mais integrado, mais harmonioso,

atitudes mais positivas, com mais interesse e melhor percepção nas suas

escolhas, vivenciando o seu dia-a-dia com mais participação e

responsabilidade.

A alegria, o medo, a angústia, a raiva são emoções que acontecem sem

a vontade do sujeito, sob o impulso de alguma necessidade consciente ou

inconsciente; possuem características de repetições como comportamento,

sentimentos e atividades neurais. As cores, através das emoções, são

despertadas pela recordação de um fato ou experiência que ficou contida,

armazenada durante um tempo. No teste projetivo – o Psicodiagnóstico de

Rorschach as pessoas com tendência à depressão, eram atraídas pelas formas

e as pessoas alegres tendiam para as cores. Como aponta Lopes (2007) “visa

medir ou determinar os conteúdos inconscientes formadores de atitudes e

comportamentos. São pranchas contendo borrões de tintas, através das quais

os sujeitos, criam formas e as identifica de acordo com o estado psicológico.”

(p.17).

É uma alegria, uma emoção ver as cores. O olho quer ver! Ver é capaz

de perceber as diferenças que o contraste de luz e sombra definem no espaço.

Aprender a ver é educar o olho, para estar atento as diferenças cromáticas.

São essas diferenças de contraste de luz e sombra, ação oposta entre

claridade e obscuridade que distinguem uma cor da outra. A cor é o elemento

que nos permite estruturar visualmente o mundo à nossa volta, parte integrante

de nossa experiência total, tornando-se parte de nós por estar ligada as nossas

categorizações e valores, sensação ocorrida no mundo psíquico, portando,

emoção. A ausência de cor nos priva da mais eficiente dimensão de

discriminação qualitativa por ser um modo sensorial de interpretar a luz. A cor

torna-se o elo de ligação entre nós e o mundo através do sentir, sendo as

formas de expressar este estímulo sensorial o próprio modo de constituir a

interpretação do que está fora de nós. Como afirma Cunha (1999) que “cor é

sensação por não ocorrer no mundo físico e sim em nosso mundo psíquico

tendo como única identidade a sensorial e não a figurada.” (p.43) Cada cor que

vemos está em nós e em torno de nós, e em ambos os lugares é vida, é

atualidade.

Quem pinta lida com a cor enquanto substância concreta. A cor trabalha

a matéria e vive de uma constante troca de forças com a luz. Por isso, a cor

possui profundidade, espessura, desenvolvendo-se ao mesmo tempo, numa

dimensão de exuberância, envolvendo a quem pinta em uma afetividade mais

profunda. Nada substitui a vibração, a sensualidade, a tactilidade, a

provocação da matéria. A ação sensível, criadora, dinâmica, ao seguir rumos, a

fim de configurar a materialidade colorida, estrutura e expande a própria

sensibilidade do sujeito da ação.

As cores também possuem uma conotação arquetípica, segundo

Urrutigaray (2008) e existem cores que simbolizam os 4 elementos

encontrados na natureza: o ar, o fogo, a água e a terra.

Ar: amarelo, branco, azul

Fogo: vermelho e laranja

Água: verde, azul

Terra: verde, castanho, marrom, verde.

As cores exprimem as principais funções psíquicas do homem, ou seja,

pensamento, sentimento, intuição e sensação, representadas pelas cores:

Azul – cor do céu, do espírito no plano psíquico, é a cor da função

pensamento;

Amarelo - a cor da luz, do ouro, função intuição;

Vermelho – a cor do sangue, da paixão, da função sentimento;

Verde – cor da natureza, do crescimento no plano psíquico, função sensação.

Na escala as cores alquímicas, representam:

Preto – a matéria, o oculto, o pecado, o triste;

Cinza – surgimento de algo, embranquecimento ou clarificação;

Branco – pureza, inocência, tranqüilidade;

Vermelho – enxofre, sangue, paixão, agressão;

Azul - o etéreo, o distante, os ideais;

No Cristianismo, as cores são assim simbolizadas:

Branco – o pai, a fé, a castidade;

Azul – o filho;

Vermelho – Espírito Santo, amor, caridade;

Verde – esperança;

Preto – penitência.

Amarelo – cor masculina, alegre, irradia luminosidade, vida, ação, poder,

representa o ouro, a arrogância. É a cor do intelecto, da percepção mais do

que da razão. Representa também o ciúme, traição, perversidade. Sob o

aspecto psicológico está ligado para a liberação da carga de responsabilidade

excessiva.

Alaranjado – Simboliza o equilíbrio entre a libido e o espírito; simboliza

também a luxúria, a infidelidade, é a sensualidade em cor. Sob o aspecto

psicológico, representa estados de euforia, cordialidade, prosperidade. Aviva

as emoções e cria uma sensação de bem-estar.

Vermelho – É a cor do sangue, do princípio da vida, do poder, do calor, da

atração excitante e sexual, das paixões, da raiva, do pecado, da crueldade.

Favorece a força de vontade, a conquista, a vitória. Simboliza a ação e paixão,

libertação e opressão. No Japão simboliza sinceridade e fidelidade.

Verde – Mistura da cor amarela e azul, considerada uma cor feminina.

Representa a Natureza, equilibra as emoções, favorece o repouso, a

meditação, tranqüiliza o espírito e combate a fadiga visual. É refrescante e

tonificante. Representa ainda a força, o poder e a imortalidade. Na religião

simboliza a fé. No campo psicológico, é a cor da esperança, vida nova, é

energia, crescimento, juventude. Proporciona maior autocontrole e

determinação.

Azul – é a atmosfera, o céu, a água, lembra o infinito, é a cor mais profunda,

fria e a mais pura de todas as cores. É transparente na água e nos minerais. As

formas desaparecem no azul, o real se transforma em imaginário, é o caminho

da divagação. Estimula as pessoas para a doçura, a sensatez, a ternura. Dá-

nos serenidade, paz e tranqüilidade.

Branco – é a presença de todas as cores. Representa a paz, a inocência, a

castidade, a pureza e a verdade. É considerada a cor da passagem, do rito de

iniciação, morte, renascimento.

Preto – é a ausência de qualquer cor, é o oposto do branco. Simbolicamente a

idéia do nada, da renúncia, do abandono, do negativo, da morte, do luto;

favorece a auto-análise, pode deprimir.

O jogar com as cores, o misturar as cores, enquanto ato criador, como

toda experiência, são aventuras que é necessário não substituir pela teoria. As

cores tanto produzem sensações quanto despertam sentimentos, podendo nos

influenciar em decisões, gostos, esperanças e desejos.

CONCLUSÃO

Nesse trabalho monográfico ficou constatado que a pintura com tintas é

um excelente meio para manifestação das emoções e numa Comunidade

Escolar Pública acreditamos que muito irá contribuir e equilibrará aquele que

pintar suas emoções, exercitando a sua expressão criativa, fazendo a sua

autotransformação e a ter uma melhoria na qualidade de vida.

A oficina de pinturas é uma ferramenta poderosa, cheia de conteúdos

simbólicos que facilitam o sujeito nas suas dificuldades; o espaço

arteterapêutico é um ambiente provocador de experiências e pesquisas, pelos

materiais diversos e viscosos, coloridos como as tintas. O efeito psicológico é

surpreendente como sensações positivas de alegria, reconhecimento,

satisfação, autoconfiança, motivação, etc. Onde o sujeito pode aprender a

manusear cores, formas e texturas. Devido à viscosidade da tinta, as

pinceladas precisam ser sem controle, sem medo para auxiliar a liberação da

energia psíquica, fazendo fluir o processo criativo e a emoção. As pinceladas

fazem solver questões enrijecidas, fazem fluir a energia bloqueada, juntamente

com a cor, que faz parte do psiquismo. Os processos inconscientes estão

envolvidos, tanto na escolha temática, quanto nas cores utilizadas e no modo

de pintar. A pintura concertada reabastece de estímulos positivos e

expectativas. O aceitar o erro torna visível suas dificuldades e limites.

A cor nos permite perceber e estruturar o mundo à nossa volta, faz parte

de nós, está ligada às nossas categorizações e valores, faz parte do psiquismo,

das nossas emoções, envolvendo a quem pinta em uma afetividade mais

profunda, permitindo uma renovação, fazendo criar e conhecer a si mesmo.

As emoções acontecem sem a vontade do sujeito, sob o impulso de

alguma necessidade consciente ou não; possuem características de repetição

como comportamento, sentimentos e atividades neurais. A alegria, o medo, a

angústia, a raiva são emoções. O sujeito com dificuldades emocionais, tem a

sua memória funcional reduzida, caindo a concentração e a dificuldade de reter

o que lhe é passado.

O educando faz parte de uma sociedade onde os valores estão em crise,

famílias desestruturadas, desrespeito, indisciplina, agressividade, pouca

criatividade e concentração, pouca motivação e retenção de estudo onde

verificamos que o emocional está em desequilíbrio.

A pintura com tintas, trabalhando eficazmente as emoções do educando

trará equilíbrio, concentração, criatividade, organização, conhecimento, com

êxito e sucesso, com superação de padecimentos e fracassos, valoração

afetiva do trabalho realizado contribuindo com imaginação na busca cada vez

mais exigente de significações pelo sujeito.

A pintura com tintas, sendo um meio eficaz na manifestação das

emoções, e a arteterapia com os diversos materiais e técnicas expressivas

serão consideradas como processos auxiliares na Área Educativa,

evidenciando dificuldades escolares e emocionais.

Acreditamos que novos trabalhos e novas pesquisas deverão surgir para

uma melhor integração entre pais, alunos e Escola e uma transformação de

alunos e filhos em indivíduos conscientes, críticos e atuantes, que possam

colaborar na conquista de melhor qualidade de vida para todos.

Diante de tudo, concluímos que a pintura com tintas, possibilita a

integração e harmonia do sujeito, do educando, com espaço ao diálogo, a

oportunidade, a revelarem com equilíbrio seus sentimentos e emoções, a

viverem suas experiências, fazendo a auto transformação, com melhoria na

qualidade de vida, fazendo parte de uma comunidade Escolar Pública, mais

participativa, mais saudável e mais feliz.

BIBLIOGRAFIA

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IAVM, 2009. Disponível em WWW.vezdomestre.edu.br acesso em 09/08/2010.

ANEXOS

INDICE DE ANEXOS

Anexo 1 – Internet

Anexo 2 – Internet

Anexo 3 – Entrevista

Anexo 4 – Livro Especializado

ANEXO 1

INTERNET

ASSOCIAÇÃO MINEIRA DE ARTETERAPIA

www.amart.com.br/arte_ter.htm

Acesso em 23/08/2010.

Pintura – (com guache, aquarela, ecoline, pigmento líquido, pigmentos naturais,

nanquim).

A forma está ligada ao movimento enquanto a cor é somente sensação. A

forma apela à abstração, ao reconhecimento do objeto, enquanto a cor provoca

a sensibilidade e a intuição. A forma evoca o gesto, a cor traduz a emoção.

Sara, Pain-Jarreau Gladys. Teoria e técnica do sujeito.

A pintura como técnica utilizada em arteterapia, permite executar novas

maneiras de olhar a nós mesmos e a tudo o que rodeia. É um dos caminhos

mais interessantes para organizar e transformar sentimentos. (Christo, Edna

Chagas criatividade em Arteterapia).

Pintura espontânea oferece-nos a possibilidade de harmonizarmo-nos com

uma ordem maior. Criamos uma certa fluidez com o micro e o macrocosmo. O

essencial é que pessoa sinta uma emoção forte e pinte isso... (...) deixando a

emoção passar para a tela.

Belo, Susan. Pintura Espontânea

Imagens da transformação. Nº 2

ANEXO 2

INTERNET

http:Miranda.psc.br/índex.php?option=com...

Acesso em 23/08/2010.

Pintura – As cores estão relacionadas com as emoções do indivíduo, conforme

as tonalidades escolhidas e trabalhadas, o individuo evoca as cores que estão

mais presentes em sua vida.

A pintura também desperta a sensação de liberdade ao experimentar um

conjunto de cores diante de várias tintas e pincéis que propõem um caminho

que irá construir e que estão presentes como estimuladores as formas, as

linhas, os volumes, as cores e as tonalidades.

Essa atividade tem o papel de relaxar, já que o individuo é livre para

experimentar as cores juntamente com suas emoções e sensações. Os

materiais utilizados são: cola colorida, giz de cera, lápis de cor, aquarela, tinta

acrílica, pigmento líquido colorido, giz pastel, tinta látex.

As técnicas podem ser orientadas ou livres como: pintura a dedo, pintura com

pincel, pintura com rolo, montagem de tintas naturais com terra, impressão com

moldes entre outras.

ANEXO 3

ENTREVISTA

Quocientes de Emoção

A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NA ESCOLA DE HOJE

Revista AMAE educando – NOV./1998 – p.36

Não só as crianças e os jovens atendidos pela Escola, deveriam ser objeto de

atividades voltadas para o desenvolvimento de sua inteligência emocional.

Professores e técnicos também. É o que afirma, em Guaxupé, a Drª Marilete

Vieira Tavares Zampar, psicodagoga clínica, iridossomatologista e doutora em

Inteligência emocional, nessa entrevista concedida à professora de Português

Maria Aparecida Negrinho da Silva.

AMAE – Como estão nossas crianças e adolescentes de hoje, sob o aspecto

da inteligência emocional?

MVTZ – Com base em avaliações de pais e professores, houve uma piora

alarmante nos últimos quinze anos. Os aspectos onde mais se detecta esta

queda são: retraimento ou problemas sociais, ansiedade e depressão,

problemas de atenção ou raciocínio, agressividade ou delinqüência.

AMAE – O que seria inteligência emocional e como perceber uma pessoa

emocionalmente inteligente?

MVTZ – A inteligência emocional é a capacidade que o individuo tem para

conhecer suas emoções, bem como a dos outros, facilidade para se adaptar a

novas situações, otimismo; empatia, cooperação, ligação social, automotivação

AMAE – Como esses fatores poderiam colaborar no rendimento escolar?

MVTX – pode-se-ia adotar em sala de aula um respeito mútuo, o saber ouvir,

mostrar com empatia, que existem outras formas de lidar com menos

desgastes.

AMAE – No desenvolvimento da inteligência emocional não seria mais

interessante que se atingissem as famílias e a comunidade em geral?

MVTX – Sem dúvida. Seria o ideal, mas na prática, na maioria as vezes, isto se

torna inviável. O que a Escola puder fazer nesse sentido, será o primeiro e

grande passo positivo. Se ela for mais aconchegante que o lar, o aluno sentirá

prazer em estar ali.

AMAE – Em que momento se cruzam QI (quociente intelectual) e QE

(quociente emocional)?

MVTX – O indivíduo com o QE baixo, ou seja, quando encontra muitas

dificuldades do ponto de vista emocional, terá sua memória funcional reduzida,

caindo a concentração e, portanto, a dificuldade para reter o que lhe é

passado. Os sentimentos e emoções se cruzam, no córtex pré-frontal, com a

memória funcional ocasionando assim a incapacidade de pensar com clareza.

A mente emocional é muito mais rápida que a racional. Quanto mais

equilibrados estivermos emocionalmente, melhor o desempenho da

mente racional.

ANEXO 4

PRODUZINDO MATERIAL

LUGAR SAGRADO

“É o lugar, onde você simplesmente vivencia e traz à tona o que você é e o que

pode ser. É o lugar da criação incubativa. No início, você pode achar que nada

acontece, mas se você tem um lugar sagrado e se serve dele, alguma coisa

eventualmente acontecerá”. (CAMPBELL, Joseph. In PHILIPPINI, Ângela.

2009, p.43)

LUGAR DESERTO

“De modo algum se referia o Senhor tão somente à soledade dos sítios que

favorecem à meditação, onde sempre encontramos sugestões vivas da

natureza humana. Reportava-se à câmara silenciosa, situada dentro de nós

mesmos”. (XAVIER, Francisco Cândido. Pão Nosso. 1950, p.79)

Francisco Cândido Xavier ao psicografar, através do espírito de Emmanuel,

sobre o Evangelho de Marcos (6:31) – “E ele lhes disse: Vinde vós aqui, à

parte, o lugar deserto, e repousai um pouco”. – se referia a um lugar à parte, ao

lugar sagrado, deserto, ao nosso quarto íntimo, ao local de criação onde

encontramos com nós mesmos, o local do encontro do criador com criatura, ao

território sagrado, citado por tantos autores em arteterapia, lugar de encontro

do inconsciente com o consciente, para esclarecimentos, resgate e expansão

de potencialidades.