fazendo 24
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Agenda Cultural Faialense Comunitário, não lucrativo e independente.TRANSCRIPT
FAZENDOboletim do que por cá se faz
15 de Outubro de 2009 | Quinta | Edição # 24 | Quinzenal | Agenda Cultural Faialense | Distribuição Gratuita
sempre se soube e ainda pouco se faz.
A primeira coisa que perguntei ao primeiro
turco que encontrei foi "qual é o sentimento da Turquia sobre
a adesão à União Europeia?". De certa forma, foi uma pergunta
muito positiva porque, sem ser agredido fisicamente, fiquei
a saber qual um dos tópicos sensíveis na Turquia e aprendi
uma série de expressões de enorme desconforto (leia-se,
palavrões). No final, o meu interlocutor resumiu os seus
sentimentos em "espero que os nossos políticos esqueçam essa
ideia, porque a dignidade dum povo tem os seus limites!".
De facto, esta hesitação do Ocidente em relação à integração
da Turquia na União, alegadamente por razões culturais (leia-
se, religiosas), é tida como um longo e profundo gesto de
humilhação. Posto isto, dei por mim a pensar no que é que
poderia justificar a adesão de qualquer país à grande Europa.
O mais óbvio são as vantagens económicas do mercado alargado,
depois a solidariedade económica e social (um dia será militar,
estou em crer) e, finalmente, as razões de detalhe que, na
Turquia em particular, poderão estar relacionadas com a
integração dos seus cidadãos emigrados na União
(essencialmente, Alemanha). Depois do que vi e senti na minha
visita de seis dias a Istambul fiquei com a sensação que apenas
a última razão pode fazer claramente sentido. Claro que não
vivo num país em que 10% da população é turca, como a
Alemanha… O choque cultural deve ser brutal e as opiniões
podem ficar enevoadas por questões de vizinhança.
Um país como a Turquia, antes de aderir à União, terá que
efectuar milhares de pequenas alterações. A desorganização
e as faltas de conformidade com os padrões europeus são
gritantes. Até eu notei que este seria um paraíso para os
agentes da ASAE. Desde obras de construção civil realizadas
durante a noite e em plena cidade, cabos eléctricos espalhados
a três dimensões pelas paredes, a altamente duvidosa higiene
na confecção dos alimentos e uma rigorosa anarquia no
planeamento urbano, tudo seriam motivos para desesperar um
"mangas de alpaca" de Bruxelas. Refira-se, em abono da
verdade, que não tive qualquer cuidado especial com a escolha
dos alimentos e não sofri mazelas gástricas.
Na minha opinião, de sábio da Turquia após seis dias de visita,
em termos económicos, a Turquia não precisa da União Europeia.
Talvez o contrário se justifique mais facilmente. Para ter a
certeza da afirmação seguinte, viajei até ao extremo da cidade.
É impressionante, todos os espaços dos pisos térreos estão
ocupados com lojas, lojinhas, lojecas, botequins, tascas e
todas as combinações de comércio possíveis. Vi muitas lojas
com apenas 2 metros quadrados. Tudo se compra e tudo se
vende. Até se compram e vendem coisas incompreensíveis.
Por três vezes encontrei grupos de homens aos berros entre
eles e com os telefones portáteis que empunhavam. Não faço
ideia o que estava a acontecer, mas deparei-me com estas
inusitadas situações dentro de um centro comercial (Bazar) e
uma vez num parque público. Seria uma bolsa de valores
informal?! Não faço ideia... Se calhar estavam a vender ideias!?
"Tenho aqui ao telefone uma ideia fantástica para resolver o
problema da insónia, quem dá mais?". Mais a sério, a vitalidade
comercial que vi em Istambul não dá margem para dúvidas,
há uma uma economia muito robusta por trás de tudo isto. E
os preços não são de terceiro mundo, longe disso.
Disseram-me que Istambul e Ancara são realidades separadas
do resto da Turquia. Desta vez, não tive tempo para me meter
campo adentro, mas admito que tenham razão e que no interior
existam casos que poderiam beneficiar da solidariedade social
da União. Nas cidades, vi gente com menos recursos financeiros,
mas, honestamente, tenho visto mais pedintes e pessoas a
dormir na rua em Lisboa que nesta megapólis.
"Apesar de ser um país com democracia secular desde 1923,
estarei num país maioritariamente muçulmano, portanto,
certamente, a intolerância para com as outras religiões será
total e as mulheres andarão todas de burca e serão humilhadas
em todas as oportunidades!", dizia-me o meu preconceito antes
de partir. Nada mais distante da realidade. Istambul é uma
cidade hipertolerante com uma verdadeira mescla de religiões
e costumes mutuamente respeitados. É curioso que até os
piropos dos homens se adequam à sensibilidade da visada. Não
irei elaborar sobre isto, até porque não tenho significância
estatística, mas fiquei com esta sensação. Por outro lado, e
a observação não foi originalmente minha, as mulheres, mesmo
as mais severamente trajadas, são, em público, totalmente
respeitadas por quem as acompanha. Por baixo dos lenços que
cobrem as caras, vislumbram-se sorrisos, risos e gargalhadas
que não me pareceram compatíveis com submissão. Fiquei
com muito mais dúvidas do que as arrogantes certezas que
trazia. Mais tarde, já em Portugal, descobri que, na Turquia,
o porte de véu é proibido nos serviços públicos, incluindo nas
escolas.
Quando entrei no barbeiro, um jovem de vinte e poucos anos,
fã do Cristiano Ronaldo, esmerou-se a cortar-me o cabelo de
acordo com o desenho que eu tinha escolhido numa revista de
penteados que havia na barbearia. Era impossível a comunicação
porque o inglês dele apenas era comparável com o meu turco.
Apesar disso, tudo estava a correr normalmente e fiquei
positivamente surpreendido por utilizar uma lâmina descartável.
Na verdade, estava tudo a correr bem até que aproximou uma
chama das minhas orelhas e me queimou! Fiquei tão
surpreendido que estive para fugir, mas ele não me deixou
mexer. No momento seguinte, já estava a enfiar um instrumento
pelas minhas narinas e a aparar-me os pelos do nariz. Não
contente, continuou nas sobrancelhas. Estudei a distância até
à porta e, quando me preparava para correr, ele enfiou-me a
cabeça dentro de uma bacia cheia de água e lavou-me, em
simultâneo, a cabeça, a cara e as orelhas... Quando me libertou,
eu estava tão baralhado e sem fôlego que não tive discernimento
para efectuar qualquer gesto, até porque ele já me estava a
colocar uma loção misteriosa na cara. Rendi-me ao mesmo
tempo que sentia os músculos da cara a descontraírem-se.
Nesse momento percebi que o Ocidente perdeu esta capacidade
de tocar nos outros sem complexos. Aqui os homens andam de
mãos dadas com os homens e cumprimentam-se de beijo na
cara. Em Portugal é impensável que um homem cumprimente
desta forma alguém do mesmo sexo sem que seja seu familiar
directo. A sua sexualidade seria imediatamente posta em
causa. Olho para o lado e, escândalo!, está uma criança a
fazer uma massagem nos ombros de um maganão! Não é
possível. Chamem já a polícia! Ainda por cima, o maduro
parece estar a gostar! "Calma, Frederico, pensa... Entre esta
criança, nitidamente familiar do barbeiro, estar alienada a
jogar PlayStation, a drogar-se ou a consumir outros
estupefacientes (televisão, álcool, etc) ou a ajudar a família,
fazendo uma operação delicada, responsável e lucrativa, o
que te parece melhor?". Oh, não! Agora passou à face! Os
dedos da criança passeiam sobre a cara do homem fazendo
gestos circulares, experientes e competentes. A expressão de
delícia do adulto não dá margem para dúvidas. Estou baralhado.
Estou mesmo baralhado... Isto, nos meus olhos ocidentais,
parece-me francamente errado, mas não consigo encontrar
justificação forte para a minha moralidade de trazer por casa.
No final, verifico que o cliente, para além de ter pago uma
bela maquia pelo trabalho de corte de cabelo (versão completa,
como o meu) e restante serviço, ainda pagou uma generosa
gorjeta ao rapaz, o equivalente a um almoço.
Queimar, praticamente, afogar um cliente e usar trabalho
infantil... Apenas numa simples ida ao barbeiro, fiquei a
perceber porque é que a Turquia nunca entrará na União.
Estou a voar sobre a Turquia, despedindo-me deste vasto e
populoso país. Quando olho lá para baixo penso que, realmente,
eles não precisam. U
02
CrónicaFrederico Cardigos
A Túrquia e a União Europeia
Opinião
ficha técnica - fazendo - isento de registo na erc ao abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de janeiro, art. 9º, nº 2 - direcção geral: jácome armas - direcção editorial: pedro lucas - coordenadores temáticos: catarina
azevedo, luís menezes, luís pereira, pedro gaspar, ricardo serrão, rosa dart - colaboradores: ana correia, aurora ribeiro, frederico Cardigos, frederico Costa, josé nuno g. pereira, ilídia quadrado, miguel machete,
miguel valente, pedro monteiro, sara soares, tomás silva - projecto gráfico: paulo neves, elcubu, [email protected] - paginação: jácome armas | dinamarca - capa: catarina krug - propriedade: associação cultural
fazendo - sede: rua rogério gonçalves, nº 18, 9900 horta - periodicidade: quinzenal - tiragem: 400 exemplares - impressão: gráfica o telégrapho - contactos: [email protected], http://fazendofazendo.blogspot.com
- distribuição gratuita
Universidade de Istambul
A décima primeira edição do festival Jazzores
passa pela Horta. Iniciado em 1999 em Ponta Delgada, o festival
levado a cabo pela Associação Cultural Jazzores apresenta um
percurso de constante crescimento: este ano alarga-se às ilhas
de Santa Maria e Faial.
Pelo palco do Teatro Faialense passarão os Mostly Other People
Do The Killing e James Spaulding nos dias 23 e 24 deste mês
respectivamente. Os primeiros são um quarteto vindo de Nova
Iorque em que cada um dos seus membros se assume como
“um produto do sistema de formação jazzística institucional”
(americano). O resultado manifesta-se numa fusão dos vários
géneros e períodos históricos do jazz e da música improvisada,
podendo-se ouvir numa só composição bossa-nova, rock, swing
e free jazz.
O segundo é já um veterano com carreira sólida. Também
norte-americano, Spaulding fez-se notar como solista em
saxofone e flauta e pode ser ouvido em alguns dos clássicos
da Blue Note entre 1962 e 1968 ao lado de Freddie Hubbard
ou Wayne Shorter. O seu percurso inclui passagens por várias
cidades e cenários musicais dos Estados Unidos. U
03
White LunarÀ Descoberta
Festival Jazzores
Música
Fausto
Pedro Lucas
As bandas sonoras são uma expressão musical
peculiar. Entrecruzam-se nas histórias, dão ênfase a certos
momentos, conduzem outros, sugerem abordagens ou sensações,
ritmam os gestos e as palavras. Por vezes a música dos filmes
está num plano entrelaçado com a história, indissociável, e
sem ela o filme seria apenas um meio filme e vice versa. Outras
vezes, a própria música é tão evocativa e texturada que não
cabe no filme, transbordando para uma outra dimensão mais
autónoma. Há músicas associadas a filmes (como o godfather
theme), assim como filmes associados a músicas (como o
deerhunter), e há coisas que não são nem uma coisa nem outra.
White Lunar é uma compilação de temas compostos para filmes,
e que simplesmente adquiriram essa dimensão autónoma de
obra que vale só por si. Daí que Cave e Ellis tenham decidido
editar este disco, uma obra fora da obra, que é em si uma
obra. Colaboradores de longa data nos Bad Seeds, os músicos
juntaram num disco duplo algumas peças por eles compostas
para os filmes The Proposition (2005), The Assassination of
Jesse James by the Coward Robert Ford (2007) e The Road -
disco um - e dos documentários The English Surgeon (2007)
e The Girls of Phnom Penh (a sua colaboração mais recente)
e de quatro peças de arquivo mais ao estilo de Ellis - disco
dois. Apesar de corresponderem a filmes distintos, as peças
do disco um revelam uma certa unidade, como uma única
história numa só faixa. O piano, grave e intenso, acompanha
o violino quase sinistro de Waren Ellis, em cenários musicais
bem imaginativos. A electrónica e as vozes surgem no disco
dois e as músicas adquirem outros contornos, principalmente
as relativas ao documentário sobre Phnom Penh, mais emotivas
e arrepiantes. A enorme empatia entre os músicos permite
uma interpretação partilhada da matéria cinematográfica,
gerando peças musicais intensas e belas. Mas, como li numa
crítica, o melhor de tudo é este trabalho fragmentado estar
reunido num só disco. U
James Spaulding
Nick Cave & Warren Ellis (2009)
Os The XX são quatro jovens de cerca de 20 anos
provenientes do Sul de Londres, que fazem umas músicas muito
calmas, fortemente influenciadas pelo R&B moderno,
indiscutivelmente pop, e que falam sobre sexo e relações
interpessoais. A mensagem ganha força com a interpretação
vocal da guitarrista Romy Croft em dueto com a voz do baixista
Oliver Sim, reforçando o aspecto e a dinâmica do desejo. À
descoberta, a primeira reacção foi agradável, e apesar de não
trazer nada de realmente novo (será que é preciso inovar
sempre?), a sonoridade soft-pop, o baixo marcante, a bateria
electrónica, os acordes de guitarra arrastados e lentos a fazer
lembrar Radiohead, e a voz sensual feminina da vocalista e
guitarrista convenceram-me. É um album para se ouvir, talvez
numa chuvosa tarde de inverno, com um chá quente e mais
alguém.U
Young TurksFaustoThe XX (2009)
White Lunar - Nick Cave & Warren Ellis
Young Turks - The XX
04
Um amigo meu disse-me que vai sempre sozinho ao
cinema. Para não se distrair com a mão da namorada pousada
na sua perna, por exemplo, ou para não se irritar por o seu
acompanhante ir ao telemóvel ver que horas são. Eu também,
como ele, gosto muito de cinema. E também fico muito irritada
quando alguém me distrai se estou a ver um filme. Mas gosto
tanto de ir ao cinema que vou em qualquer situação: sozinha,
acompanhada, em grupo, à matiné infantil, etc. Agora claro:
ver cinema é um processo individual, processa-se entre cada
cadeira e o ecrã e devemos ter o direito, ao comprar um
bilhete, de também comprar as condições necessárias para o
vermos sem distracções numa sala civilizada onde haja silêncio
e escuridão.
Nem sempre houve esse direito. E nem sempre o há. A minha
referência às matinés infantis surgiu por isso mesmo. Numa
sessão de filme infantil à tarde, com meninos de todas as
idades e respectivos pais e avós e batatas fritas, fazemos parte
de um processo conjunto, muito divertido e provavelmente
muito semelhante ao das primeiras projecções de cinema da
História. Como se sabe, os filmes começaram por ser mudos,
acompanhados ao piano, mas principalmente comentados e
gargalhados por um público irrequieto, com vontade de
participar no espectáculo, o que tornava cada exibição num
acto único. É que uma coisa é observar um beijo dos heróis
com música romântica e outra é nesse preciso instante alguém
se levantar lá atrás e dizer: "se fosse eu tinha ficado mas era
com a outra!" e toda a sala vir por aí abaixo a rir com o
comentário. O que era mais do que normal na altura.
Este nível de civilização atingido hoje em dia nas salas de
cinema, em que cada um observa em sossego e quase
privadamente o seu filme, atitude que nos parece tão normal,
é o resultado de uma educação apertada e de um forte
constrangimento que procura principalmente não incomodar
os outros, mais do que viver em pleno e individualmente o seu
filme. Porque como o demonstra o comportamento das crianças
e de certos grupos sociais menos habituados a ir a cinema e
a outros espectáculos públicos, a forma espontânea de um ser
humano viver um filme é com todos os sentidos que possui no
corpo e na mente, pode ser uma experiência de grupo, pode
ser um acto alegremente incivilizado. A cada público o seu
filme e a sua forma de o viver.
Há sempre um filme indicado para qualquer ocasião. E não é
a pergunta "Vamos ao cinema?" um clássico para proporcionar
um encontro amoroso e a tal mão pousada na perna? U
Desde o ano 2000 que acontece. E acontece por
persistência e brio da Associação de Juventude da Candelária
que viu num primeiro intercâmbio com o Teatro Experimental
de Pias (Alentejo), a génese de uma iniciativa que poderia
promover o Teatro nas Ilhas. Mas também que proporcionasse
o contacto entre grupos de diferentes regiões, estimulando a
troca de experiências e de conhecimentos e contribuindo para
a realização de intercâmbios culturais que fossem fonte da
mobilização de grupos de teatro de cá e de além mar.
Perante uma sociedade que cada vez mais vive da cara modelo,
sobrevalorizando e idolatrando figuras criadas pela comunicação
social, entendem e entenderam ser de extrema importância
a realização de um Festival que desse visibilidade ao trabalho
de grupos (pessoas) não profissionais, de qualidade reconhecida.
Com o passar dos anos foram construindo e acarinhando um
espaço no tempo que acolhe dignamente estes grupos e claro,
o público, que os reconhece (e se reconhece) por aquilo que
são e não apenas por aquilo que representam. Esta é sem
dúvida uma forma eficaz de possibilitar encontros, promovendo
a partilha salutar entre todos de uma arte maior e vital.
Tendo nascido numa época em que o público micaelense não
dispunha de tanta oferta cultural como hoje em dia, sobretudo
no que respeita a teatro, o JUVEARTE realizou-se durante os
primeiros dois anos na cidade de Ponta Delgada. No entanto
e perante a inexistência de salas nesta cidade, dado que o
Teatro e o Coliseu Micaelense encerraram para obras de
remodelação, o Festival foi realizado na cidade da Ribeira
Grande entre os anos 2002 e 2005. Posteriormente, após a
recuperação do Coliseu Micaelense, regressou a Ponta Delgada
em 2006, realizando-se desde então naquela que é a maior
casa de espectáculos dos Açores.
Mas em 2009, quiseram ir mais longe e aproveitando a
comemoração do seu X aniversário, contactaram grupos e
autarquias de outras ilhas (Teatro de Giz no Faial, Alpendre
na Terceira e a Jangada nas Flores) para proporem um
alargamento do evento aos Açores. A recepção da ideia e da
proposta não podia deixar de ser positiva. Muito positiva.
Neste contexto, o Teatro de Giz, aceitou com todo o gosto e
honra a co-produção do Festival no Faial. O nosso contacto
com o JUVEARTE vem desde 2003, quando fomos convidados
para apresentar a peça “Piquenique” de Miguel Barbosa, com
encenação de Gilberto Carreira. Em 2006, voltámos com um
sorriso na cara, para apresentar o “Jogo de Cartas”, espectáculo
concebido pelo Teatro de Giz com coordenação e encenação
de Miguel Barros. Desde essa altura que a amizade com estes
“extraordinários fazedores” se tem vindo a solidificar e
esperamos agora poder contribuir de forma digna para aquele
que é, na nossa óptica, o festival de Teatro mais significativo
dos Açores. Com esse intuito vão passar por cá duas companhias,
nos dias 20 e 21 de Outubro: os do grupo de teatro Extremo
são os primeiros a subir ao palco do Teatro Faialense com a
peça “O Velho Palhaço Precisa-se”, com encenação de Joseph
Collard e Fernando Jorge Lopes, às 21h30. No dia seguinte à
mesma hora é a vez do Te-Atrito, com o espectáculo “O Babete
Real”, encenado por José Carlos Garcia.
Sugestão: marquem nos calendários dos dias um intervalo para
estas duas actuações. Não se vão arrepender... U
Ir ao cinema é coisa para se
X Festival de Teatro Juvearte
Cinema e Teatro
miguel machete
aurora ribeiro
São Miguel, Faial, Terceira e Flores
fazer sozinho?
Como se sabe, os filmes começaram por ser mudos, acompanhados ao piano, mas principalmente
comentados e gargalhados por um público irrequieto, com vontade de participar no
espectáculo, o que tornava cada exibição num acto único.
A ffffound é um mundo, um mundo de iguarias
visuais. É o melhor site para os que realmente acreditam que
uma imagem vale mais do que mil palavras. E para os que não
acreditam é simplesmente um bom www.
Uma fonte de imagens que estão interligadas e que nos vão
sendo recomendadas dinamicamente, onde navegamos de
imagem em imagem tendo sempre a possibilidade de aceder
à fonte de cada uma.
Fotografias, Fotogramas, Esculturas, Arquitecturas, Desenhos,
Pinturas, Instalações e tudo e tudo e tudo.
A sua quase permanente actualização é um bom indicativo do
tamanho actual da internet.
Promete deambulações com mais qualidade estética do que
o google images. U
S endo um dos novos consagrados artistas portugueses,
João Onofre destaca-se perfeitamente nessa amálgama da
arte contemporânea, no sentido mais puro do conceito. O
artista trabalha exclusivamente em vídeo, expondo e
remexendo em temáticas tão simples que tocam o inútil,
explorando assim a ideia de contemporaneidade, aliada às
suas influências musicais e à cultura pop. O íntimo humano
é revelado no seu lado mais vazio, ilógico ou fora de contexto
e as situações insensatas acumulam-se nos seus vídeos que
têm sido reconhecidos nos quatro cantos do mundo.
João Onofre nasceu em Lisboa, em 1976. Aí vive e trabalha.
Terminou o Bacharelato em Pintura nas Belas Artes de Lisboa
e seguiu para Londres, para estudar no Goldsmiths College.
A partir de 2001 começou a mostrar-se com bastante
importância internacionalmente, sendo de particular
importância a sua presença em cidades como Nova Iorque,
Barcelona, Atenas, Cidade do México ou Telavive. Merece
ainda destaque a sua prestação nas bienais de Sidney (2002)
e Veneza (2001), lembrando que Portugal também tem algo
novo e grande para mostrar 'lá fora'. U
«O velho pintor Wang-Fô e o seu discípulo Ling erravam
pelas estradas do reino Han.
Avançavam devagar, pois Wang-Fô parava de noite para
contemplar os astros, de dia, para olhar as libélulas. Iam pouco
carregados, pois Wang-Fô amava a imagem das coisas e não
as próprias coisas, e nenhum objecto do mundo lhe parecia
digno de ser adquirido, excepto pincéis, boiões de laca e de
tinta-da-china, rolos de seda e papel de arroz. Eram pobres,
pois Wang-Fô trocava as suas pinturas por um caldo de milho-
miúdo e desprezava as moedas de prata. O seu discípulo Ling,
vergado ao peso de um saco cheio de esboços, curvava
respeitosamente as costas como se carregasse a abóboda
celeste, pois aquele saco, aos olhos de Ling, ia cheio de
montanhas sob a neve, de rios pela Primavera e do rosto da
lua no Verão.»
Assim começa um magnífico conto de Marguerite Yourcenar,
“A Salvação de Wang-Fô”. Wang-Fô é um velho pintor condenado
à morte pelo Imperador, por este ter crescido a ver o mundo
exclusivamente através das suas pinturas, bem mais belas do
que a realidade, tornando-a insuportável para o Imperador.
E é precisamente deste conto que me lembro na presença do
trabalho de António Viana, pois também as sua fotografias são
mais belas do que a realidade. No entanto, e ao contrário das
pinturas de Wang-Fô, as fotografias do TóZé (nome artístico
de António Viana) não só não tornam a realidade insuportável
como nos convidam a visitar os locais retratados para confirmar
pelos nossos olhos a beleza dos mesmos.
António Viana, ou TóZé, é um fotógrafo amador (no sentido
de fazer por amor) nascido e a residir no Faial, que dedica
grande parte do seu tempo livre à fotografia digital, quer a
capturar imagens, quer no tratamento das mesmas. Sim é
verdade, desiludam-se os puristas, as fotografias do TóZé são
tratadas (mas não manipuladas) digitalmente. A gaivota em
frente ao Monte da Guia estava mesmo em frente ao Monte
da Guia quando foi fotografada, não é montagem. Os dois
pescadores na bagageira do carro estavam mesmo na bagageira
do carro, não foram lá colocados em photoshop ou outro
software de edição de imagem. O tratamento digital consistiu,
na maioria dos casos, na correcção da exposição, no
aperfeiçoamento de texturas ou mesmo, por vezes, na
adulteração de cores. Na realidade, nada que não se faça na
fotografia analógica, através da utilização de filtros, máscaras
e afins, durante o registo da imagem ou mesmo no processo
de ampliação.
Tal como o espaço que actualmente as alberga, as fotografias
do TóZé são serenas, acolhedoras e, por vezes, desconcertantes.
É precisamente na CASA que podemos encontrar um conjunto
de 13 fotografias impressas e muitas mais projectadas, dispostas
pelas várias salas da casa de chá. Na sala de fumo está exposto
um conjunto de grandes planos de elementos vegetais da ilha
e na sala nascente diversas paisagens faialenses, tão nossas
conhecidas e, no entanto, tão surpreendentes.
A receber os visitantes, junto à entrada principal, o registo de
uma situação insólita que podia perfeitamente ter saído de
um filme de Kusturica.
Para quem ainda não viu esta exposição, está a tempo de a
visitar mas recomendo que o faça com calma, sem pressas,
pois as fotografias do TóZé devem ser observadas da mesma
forma que foram registadas, pausada e contemplativamente.
E porque não terminar um dia de trabalho enquanto se aprecia
um chá e boa música, olhando para as cores saturadas destas
belas imagens. A não perder. U
05
www.ffffound.comtomás silva
“Guerra das Estrelas in the rain.”
João Onofre (1976)ana correia
À Procura
“Untitled (Vulture in the Studio)”João Onofre (2002)
O Faial visto pelos olhosmiguel valentede António Viana (exposição de fotografia)
Arquitectura e Artes Plásticas
W alter Isaacson não é um estreante quanto a biografias
(já se debruçou sobre as vidas de Benjamin Franklin e Kissinger,
duas figuras marcantes da história norte-americana), metódico,
meticuloso e com um imenso respeito pelos escritos dos visados
não se limita a escrever sobre a vida mas prefere antes
desvendar-nos todas as suas dimensões, daí a menção da vida
e do universo (o que, neste caso, se torna duplamente
significativo).
Neste caso opta por uma figura que, consensualmente,
consideramos genial mas da qual sabemos muito pouco (a não
ser aquilo que é trivial: a sua aversão ao conformismo da escola
e às convenções e o seu ar de professor distraído e irreverente,
para o qual muito contribuiu a mais famosa das suas fotografias
que o retrata de língua de fora).
Além de nos desvendar um pouco da sua intimidade e das
relações que mantinha com os que lhe eram mais próximos
(que é exactamente o que se espera de uma biografia), Isaacson
permite-nos também ficar a saber um pouco mais sobre os
seus valores, as suas teorias e sobretudo sobre outros físicos,
químicos e matemáticos com quem trocou abundante
correspondência (ver, em particular, o caso de Niels Bohr, que
há anos vem fascinando escritores como Michel Houellebecq,
que se inspirou nas suas teorias para escrever o romance As
Partículas Elementares), desvendando-nos um outro Einstein.
A biografia raramente tem um público muito alargado e muito
menos quando, como esta, subentende que o leitor tem um
mínimo de interesse científico pelo universo e pelas estranhas
regras que o regem. No entanto, limitar Einstein à sua faceta
de cientista tem sido talvez o erro das biografias anteriores
que Isaacson soube evitar, intercalando explicações mais
teóricas com palavras do próprio sobre quase tudo o que o
interessava (e no caso de Einstein os assuntos são inúmeros
pois era curioso de tudo o que o rodeava, dedicando tanta
atenção aos grandes mistérios - o Universo ou Deus - como a
coisas que outros provavelmente considerariam banais) ou
remetendo-nos para a trivialidade da sua vida quotidiana. U
06
Einstein - a sua vida e universode Walter Isaacson
S ede de viver, no original “Tender Bar” (um título
muito mais evocador do que o escolhido para a edição
portuguesa, a relembrar o “Tender is the night” de
Fitzgerald), de J.R. Moehringer, um jornalista americano
vencedor do Pulitzer Prize, é, simultaneamente, um livro
de memórias e um fresco da América no pós-guerra do
Vietname.
Para além da história da figura central, um jovem em busca
da sua identidade e de um substituto para um pai ausente,
o livro permite-mos também descobrir a vida dos subúrbios
e o quotidiano do americano de classe média e um estranho
bar que funciona como um lugar mítico em que o narrador
se constrói como adulto e descobre os valores que vão pautar
toda a sua vida. U
Sede de ViverÀ Conquista
de J.R. MoehringerSede de Viver, de J .R. Moehringer
D e certeza que quando eras mais pequeno sonhavas
com viagens fantásticas e grandes aventuras. Se ainda te
lembras dessa altura (ou mesmo que já te tenhas esquecido)
vais gostar de ler As Viagens de Gulliver. Descobre o que
aconteceu em Liliput, o que fizeram os seus minúsculos
habitantes e o que aconteceu a Gulliver quando um macaco
gigantesco o raptou. Será que algum dia conseguiu voltar a
casa?
Uma palavrinha aos pais - A extinta editora Sá da Costa -
tranquilize-se que ainda há muitos exemplares disponíveis
de As Viagens de Gulliver de Jonathan Swift - pautava-se
pela vontade de criar nos mais novos uma base cultural
sólida adaptando os clássicos de forma a torná-los mais
acessíveis aos mais novos. Ainda que nem sempre as
adaptações pareçam uma boa ideia (os puristas têm mesmo
tendência em considerar que tudo o que é adaptado é um
disparate e devia ser queimado) podem ser uma boa maneira
de permitir que textos que, na sua forma original, são
complexos possam ser lidos desde muito cedo. U
Mãe, não tenho nada para ler...
As viagens de Gulliver, de Johnathan Swift
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento. O conhecimento é
limitado. A imaginação abarca o mundo inteiro.”.
Albert Einstein
Literatura
catarina azevedo
catarina azevedo
Catarina azevedo
A utora de livros como O homem é um grande
faisão sobre a terra e A terra das ameixas verdes, Herta
Müller foi a vencedora do Prémio Nobel da Literatura 2009.
Esta escritora nasceu a 17 de Agosto de 1953, na aldeia de
Nitzkydorf, na Roménia, e aí permaneceu até 1987, ano em
que acaba por abandonar o país, passando a residir na
Alemanha. Durante o tempo em que permaneceu na Roménia
manteve sempre uma postura crítica contra o regime
totalitário de Ceausescu, o que a impossibilitou de publicar
os seus trabalhos livremente. Apesar de desconhecida do
grande público, a escritora foi, por diversas vezes, distinguida
com Prémios europeus de prestígio. Segundo a Academia
sueca, Müller consegue “com a densidade da sua poesia e
a franqueza da sua prosa, retratar o universo dos
desapossados”. U
Herta Müllerjá foi lido
ilídia quadrado
Einstein - a sua vida e universo, de Walter Isaacson
No próximo Sábado 17 decorrerá uma limpeza
sub-aquática no porto da Horta e em "Entre Montes" (aquela
baía antes do Monte da Guia, virada ao Pico). Muitos cientistas
deparam-se com os impactos da poluição no mar durante os
seus estudos, outros dedicam-se exclusivamente a essa
matéria. São do conhecimento geral os impactos negativos
dos resíduos sólidos, quando confundidos com alimento por
aves marinhas, cetáceos, tubarões e mesmo peixes que os
ingerem, ou ficam presos. Assim como os efeitos dos poluentes
químicos (ex. Mercúrio no espadarte; fertilizantes nas lagoas),
ou mesmo biológicos (como as espécies invasoras).
Em 2008 verifiquei um fenómeno interessante enquanto
percorria as praias do Faial para estudar as caravelas
portuguesas. Se derem um passeio na praia de Porto Pim,
junto à Fábrica da Baleia, apanhem uma mão cheia da areia
superfícial, na linha da maré. Naquela marca das ondas que
chegaram mais longe durante a maré cheia (vê-se bem quando
a maré já está mais vazia). À superficie repousa a areia mais
recente da praia. A cor preta provém do basalto rolado muitas
mil vezes pelo incansável oceano. Os tons acastanhados
provêm do tufo vulcânico, rocha formada pela consolidação
de detritos vulcânicos, que cobrem o Monte da Guia. As cores
mais esbranquiçadas provêm do desgaste continuado dos
restos de milhares de conchas, carapaças e outras estruturas
que muitos animais invertebrados produzem para se
“endurecer”; fazem-no utilizando o cálcio que existe na água
no mar.
No Porto Pim, como em outras praias, se pegarem uma mão
cheia de areia recente em determinadas alturas do ano, não
se espantem se estiver multicolor! Pois é, as centenas de
quilos de plástico que deixamos escapar para o mar, estão
a mudar a cor das nossas areias, além de entristecerem as
costas rochosas antes de se tornarem do “tamanho de grãos”,
que o mar transporta e deposita. Não sei se os nossos netos
irão fazer castelos multicolores, se a areia será mais leve,
ou se a sensação será diferente ao caminharmos junto ao
mar... julgo que não, mas estará lá.
Voltando às caravelas portuguesas que aparecem nas praias,
são curiosos (e perigosos) organismos que se alimentam de
larvas e pequenos animais derivantes com os seus raios. Por
sua vez, as caravelas portuguesas como outras alforrecas são
um importante alimento para os peixes lua, ou para as
tartarugas. No mar, as caravelas tendem em seguir o rumo
do vento e das correntes, acumulando-se em locais onde
diferentes correntes se cruzam, locais que representam
verdadeiras barreiras oceânicas. Áreas que julgamos as
tartarugas preferirem nas suas deslocações pelo oceano,
matéria que se encontra por enquanto em estudo.
Chegam a acumular-se centenas de quilos de lixo em oceano
aberto, nestes locais de convergência de correntes, ou retidos
em vórtices oceânicos, semelhantes à corrente circular que
se forma no ralo do nosso lavatório. Existem poucos estudos
no Atlântico. No Pacífico foram reveladas manchas de lixo
com várias décadas, uma delas, proveniente principalmente
da Àsia, que ocupa hoje uma àrea cerca duas vezes maior
que o Texas! Quando estes agregados são transportados pelas
e correntes e ventos para a costa, geram arrojamentos em
massa, seja de caravelas portuguesas, águas vivas, algas, ou
plásticos, caixotes, etc.. que não passam despercebidos,
mesmo a quem não anda na gandaia.
Vivemos a “geração do plástico” e temos de continuar a
tentar utilizar menos sacos, atentar às garrafas (450 anos) e
aos pequenos invólucros que se nos escapam ao vento,
particularmente onde vivemos. Os que dão à costa são os que
regressam, quantos serão os que não voltam. No próximo fim
de semana dezenas de quilos virão à superfície e na sua
grande maioria, de nada servem aos peixes que por cá habitam,
nem às próximas gerações. U
O tempo corre lento para os velhos. Caminha lento.
Na cidade da Horta estão a construir um novo porto
um novo cais uma nova marina, que percebo eu de portos cais
ou marinas? Estão a construir uma coisa qualquer lá no mar,
não lá mas cá, visto que a construção tem lugar junto à marginal
que por sinal também é junto de onde estou a viver,
(temporariamente) e dizia eu que o tempo corre ou caminha
lento para os velhos. Eles lá estão, numa base diária, não sei
a partir de que horas visto que me levanto tarde e mesmo
assim não costumo sair de casa antes do almoço mas sei que
ficam lá até muito tarde, talvez até o sol se pôr talvez até à
hora de jantar ou ao berro das suas esposas para jantar
- António vem jantar
ou agora com as distâncias ou as tecnologias talvez até as
mulheres dos velhos já usem o toque de telemóvel para chamar
os maridos
- Tenho d'ir, a patroa chama
e despedem-se com 'té manhãs garantidos de que no dia
seguinte lá estarão, olhos lançados para a frente para o curioso
ou estranho fenómeno de máquinas a operar na água.
- Máquinas na água Manel, já me viste isto?
E assim passam os dias o tempo correndo andando
caminhando devagar, em grupos se unem em olhos lançados
em discussões aleatórias sobre o que sairá daquele burburinho
industrial,
- Máquinas na água, já me viste isto?
uns defendendo que é para a construção de uma marina outros
para a construção de um cais outros de um porto e eu
perguntando-me se não será tudo a mesma coisa, uns chegam
às seis da tarde e exclamam
- Eh lá, qué aquele guindaste vermelho? não tava
aqui ontem são os velhos que ainda trabalham mas cujo tempo
continua a passar devagar
- Já perdeste um dia inteiro de reviravoltas
e comentam os acontecimentos do dia como se de um jogo de
futebol se tratasse
- E apareceu aí um tipo de chapéu que nunca cá
tinha visto mas leva-me a crer que é um tipo importante cá
p'ra mim é o arquitecto
e sabem lá eles
- Cá p'ra mim é o engenheiro civil
não sabem
- Não é nada, é o técnico do ambiente
mas sem as suas opiniões que fariam eles ali?
Para mim que sou da capital o tempo aqui também corre
lento, junto ao cartaz informativo da obra lê-se que tem uma
duração prevista de trinta e seis meses. Se o tempo correr tão
lento para os construtores como para mim ou para os velhos
da Horta lá para o virar do quarto de século teremos a obra
concluída. Resta saber é se servirá para alguma coisa para
além do aconchego monetário dos empreiteiros,
mas que sei eu de portos marinas cais ou empreiteiros? U
07
Há mar e mar, há ir e voltar...josé nuno g. pereira - DOP
lacunafrederico costa
Ciência e AmbienteVivemos a “geração do plástico” e temos de continuar a tentar utilizar menos sacos,
atentar às garrafas (450 anos) e aos pequenos invólucros que se nos escapam ao vento,
particularmente onde vivemos. Os que dão à costa são os que regressam, quantos serão
os que não voltam.
08
Até 31 de Outubro
Exposição de Pintura: “In-pressão Interior”de Ana Correia
Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça
Exposição de Fotografia (pág.5)de António Viana
C.A.S.A. | 14h00-24h00 excepto Quartas-feiras
Exposição de Fotografia: “A Ilha, a História e a
sua Gente.”Banco de Portugal | Segunda a Sexta 13h30-17h00
Exposição de Pinturade Helena Krug
Bar do Teatro | 14h00-24h00
17 de Outubro
Limpa (A) Fundo
O Observatório do Mar dos Açores em parceria com a Dive
Azores e o Clube Naval da Horta organiza este ano a Campanha
Limpa (A) Fundo - uma acção de limpeza subaquática do Porto
da Horta e da zona Entre Montes.
Esta acção tem como principal objectivo a sensibilização da
população local para o problema de deitar o lixo para o mar.
Assim e com vista a melhorar o meio onde vivemos, a organização
convida todos aqueles, que por mar ou em terra possam dar
a seu contributo, a participar nesta actividade. Para tal, basta
comparecer no dia 17 de Outubro pelas 10:00 em frente à lota.
A organização oferecerá uma t-shirt a todos os voluntários
que participem activamente nesta iniciativa.
Esta acção de limpeza contará com a presença de mergulhadores
de escafandro, apneistas, pessoal de terra e caiaques.
Os mergulhadores terão a seu cargo a remoção de resíduos
como garrafas, latas, redes e outros resíduos enquanto a equipa
de apneistas, para além de apoio aos mergulhadores, será
responsável pela recolha de pneus e outros objectos de maior
dimensão.
A equipa de terra prestará apoio aos mergulhadores e apneistas
puxando para o porto os sacos de resíduos e os objectos de
maiores dimensões recolhidos do fundo do mar. Haverá também
uma equipa orientada pela Ecoteca que será responsável pela
triagem e separação dos resíduos.
A equipa de caiaques será intermediária entre os escafandristas
e o pessoal de terra.
Pedro Monteiro- OMA
Lota do Porto da Horta | 10h00
Música: Grupo Coral da HortaIgreja do Praia do Almoxarife, 20h30
20 de Outubro
Teatro: X Festival JuveArte - “O Velho Palhaço
Precisa-se” (pág. 4)pelo Teatro Extremo
Teatro Faialsense, 21h30
Cinema: Mulher Sem Cabeça Sinopse:
Verónica está ao volante do seu automóvel quando, num
momento de distracção, atinge qualquer coisa. Nos dias
seguintes, ela sente-se como que a desaparecer, docemente
indiferente às coisas e às pessoas que a rodeiam. Subitamente,
confessa ao marido que matou alguém na estrada. Os dois
regressam ao local do acidente, mas apenas descobrem o
cadáver de um cão. O episódio parece ter ficado concluído e
a vida retoma a sua normalidade. Mas uma terrível descoberta
vem de novo atormentar Verónica...
Teatro Faialense, 21h30
21 de Outubro
Temporada MusicAtântico: “Concertos Didácticos”
- Recital de piano por Ludmila ChovkovaAuditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José
da Graça | 10h30, 14h30 e 21h30
Teatro: X Festival JuveArte - “Babete Real” (pág.
4)pelo Teatro Extremo
Teatro Faialsense, 21h30
23 de Outubro
Música: Grupo Coral da HortaPolivaletente de Pedro Miguel | 20h30
Música: Festival Jazz Açores “Most other people
do the Killing” (pág. 3)Teatro Faialsense, 21h30
24 de Outubro
Música: Grupo Coral de Santa Catarinalgreja da Feteira | 20h30
Música: Festival Jazz Açores “James Spaulding”
(pág. 3)Teatro Faialsense, 21h30
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