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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A FISIOLOGIA DO ENCÉFALO NO TDAH: O IMPACTO DAS
DISFUNÇÕES NEUROFISILÓGICAS NO APRENDIZADO E NA
MEMÓRIA.
Por: Gláucio de Vasconcellos Honório
Orientador
Profª. Marta Pires Relvas
Rio de Janeiro
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A FISIOLOGIA DO ENCÉFALO NO TDAH: O IMPACTO DAS
DISFUNÇÕES NEUROFISILÓGICAS NO APRENDIZADO E NA
MEMÓRIA.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Neurociência Pedagógica
Por: . Gláucio de Vasconcellos Honório.
AGRADECIMENTOS
À Deus toda glória, pois, sem Ele nada
poderia e poderei fazer. Á minha
família que é a minha motivação e
alegria. Aos professores que
apaixonadamente compartilham, sem
reservas, conosco os seus saberes.
Aos colegas de curso pela cooperação
nos momentos necessários.
DEDICATÓRIA
Dedico esta obra a Deus, à minha família
e aos professores e alunos que serão
beneficiados por estes conhecimentos.
RESUMO
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) tem como
principais sintomas desatenção, hiperatividade e impulsividade. Sabe-se que o
transtorno é ocasionado por alterações neurobiológicas, de origem genética.
No entanto, esta hipótese ainda não foi plenamente confirmada. O interesse no
estudo do TDAH é bastante intenso, com bastantes trabalhos e pesquisas
publicadas sobre assunto, com tópicos que interessam à Educação,
Psicologia, Psiquiatria, Psicopedagogia, Neurociências, entre outras.
A Neurociência busca elucidar o funcionamento do sistema nervoso e
os eventos a ele relacionados. Sendo assim, esse trabalho tem como
problemática, as alterações neurofisiológicas e funcionais que são
ocasionadas pelo TDAH. Portanto, buscar-se-á por meio da analise
bibliográfica, a presença destas alterações no córtex pré-frontal, temporal e
estruturas interconectadas do SNC. E ainda, as implicações do transtorno na
aprendizagem, o impacto na memória, especificamente, na memória
operacional, de longo prazo e nos processos de modulação e evocação da
memória.
O capítulo 1 descreve a fisiologia do córtex pré-frontal, a importância da
memória operacional, a função da Rede Modo Padrão, os sintomas do TDAH e
sua ação nas estruturas citadas. Pode-se perceber que disfunções nos
sistemas monoaminérgicos potencializam os sintomas e a ação do transtorno
no córtex pré-frontal. No segundo capítulo faz-se a análise da fisiologia do
córtex temporal, da função e importância da área de Wernicke, do hipocampo
e amígdala. Verificou-se a intrínseca relação entre o sistema de recompensa e
memória emocional com o sistema dopaminérgico. O capítulo 3 busca elencar
ações necessárias para o desenvolvimento holístico da criança com o
transtorno.
Palavras chave: Déficit de atenção; Fisiologia; Córtex pré-frontal; Memória.
METODOLOGIA
Utilizou-se na elaboração deste trabalho pesquisa de dados
bibliográficos de fontes escritas e da web, incluindo livros e artigos, produzidos
no Brasil e no exterior. Usou-se como referência, no capítulo 1, para a escrita
da anatomia e fisiologia do córtex pré-frontal, os livros Neurociência Ilustrada
de Cláudia Krebs, Joanne Weinberg e Elizabeth Akesson e Neurociência
Básica de Arthur Guyton. E ainda, na abordagem do TDAH, da fisiologia,
funcionalidade e conectividade cerebral, aprendizagem e memória operacional,
além das referências anteriores, os livros Neurociência e Educação dos
autores Ramon Cosenza e Leonor Guerra, Fundamentos de Neuropsiquiatria e
Ciências do Comportamentos escrito por Stuart Yudofsky e Robert Hales, bem
como, o artigo TDAH e Neurociência de Samuele Cortese e Francisco
Castellanos e a Dissertação de Mestrado Conectividade Estrutural do Cérebro
de Carmen Ferra.
No capítulo 2 as referências básicas são os livros Cem Bilhões de
Neurônios de Roberto Lent e Neurociência Básica na abordagem da anatomia
e função do lobo temporal, da função da área de Wernicke, memória
emocional e recompensa. Os artigos: Transtornos de memoria y atención en
disfunciones cerebrales del niño escrito por Juan Narbona e Nerea Crespo-
Eguílaz e Task-related Default Mode Network modulation and inhibitory control
in ADHD: effects of motivation and methylphenidate de Elizabeth Liddle, na
escrita sobre a memória de longo prazo, a relação TDAH, memória operacional
e atenção, modulação e evocação da memória.
O capítulo 3 tem como referência os artigos citados no capítulo 2, o
artigo TDAH e os processos de aprendizagem. A monografia foi elaborada a
partir das orientações da Profª. Orientadora Marta Relvas, nesta sequência:
construção do plano de trabalho, leitura dos livros ou de capítulos relacionados
à anatomia e fisiologia e dos artigos citados na referência consultada,
construção do texto, revisão da bibliografia e revisão textual.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A fisiologia do córtex pré-frontal no TDAH
e sua relação com a memória e o aprendizado 10
CAPÍTULO II - A fisiologia do córtex temporal, do hipo -
campo, e sua relação com a consolidação da memória
no TDAH 21
CAPÍTULO III - Ações que se adequam às necessidades
de alunos com TDAH 31
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
BIBLIOGRAFIA CITADA 47
ÍNDICE 50
8
INTRODUÇÃO
Segundo (CORTESE e CASTELLANOS, 2013), o TDAH é uma
patologia de origem neurobiológica que provoca no sujeito desatenção,
hiperatividade e impulsividade. Essas alterações comportamentais são mais
latentes na infância e influenciam o desenvolvimento da criança, pois, podem
ocasionar dificuldades de interação social, problemas emocionais, dificuldades
de aprendizado, dentre outros.
Apesar da hipótese neurobiológica para a origem do transtorno, as
causas do transtorno ainda não foram elucidadas. Suspeita-se que haja
alterações num grupo de genes do sistema dopaminérgico. Mesmo sem a
definição dos marcadores biológicos, a fisiologia do encéfalo no TDAH é afeta
significativamente. Alterações no sistema monoaminérgico, que envolvem os
neurotransmissores dopamina, noradrenalina e serotonina são influência do
déficit.
A partir do estudo da fisiologia e funcionalidade das regiões
encefálicas acometidas pelo TDAH pretende-se estabelecer ações, que
possibilitem a redução das consequências do transtorno, sobretudo, na
qualidade de vida do sujeito. Diversos eixos de pesquisa podem ser elencados
com base no déficit de atenção e hiperatividade. No entanto, este estudo
busca aprofundar o conhecimento e propor a reflexão sobre os aspectos
fisiológicos e funcionais.
Verificar-se-á a influência do déficit no córtex pré-frontal, temporal, na
Rede Modo Padrão, no hipocampo e amígdala e estruturas adjacentes. Estas
regiões mantêm relação intrínseca com a memória de trabalho, de curto e
longo prazo, cognição, emotividade, comportamento e aprendizado. As
disfunções geradas pelo TDAH atuam direta e indiretamente nestas regiões,
justificando os sintomas provocados.
O diagnóstico é elaborado por meio de anamnese e levantamento de
grupos de sintomas, tempo de manifestação destes, mapeamento de comorbi -
9
dades associadas e exames complementares, quando necessários. Não há
previsão de cura para o transtorno, porém, o tratamento permite que o sujeito
obtenha melhor desenvolvimento e qualidade de vida.
Especialistas recomendam que o tratamento siga um padrão
multidisciplinar, no qual, ações médicas, terapêuticas e educacionais
constituirão um todo indissolúvel possibilitando melhores resultados. Estudos
comprovam a eficácia do tratamento com metilfenidato concomitante a
incentivos motivacionais, bem como, ações terapêuticas que ajustem o
comportamento do paciente.
10
CAPÍTULO I
A FISIOLOGIA DO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL NO TDAH E
SUA RELAÇÃO COM A MEMÓRIA E O APRENDIZADO.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um distúrbio do
Sistema Nervoso Central, que como consequência ocasiona desatenção,
hiperatividade e impulsividade em quem o possui. Seus sintomas são mais
latentes nas crianças e perduram por toda vida, podendo ser minimizados com
o aumento da idade, terapia, uso medicamentoso e demais estratégias que
potencializem a aprendizagem. O TDAH dificulta a tomada de decisões, a
realização de tarefas que exijam planejamento e organização de estratégias
para obtenção de objetivos (KREBS, WEINBERG, AKESSON, 2013).
Investigar os efeitos do TDAH e a fisiologia do córtex pré-frontal é o objetivo
deste capítulo, verificando sua influência na memória e no aprendizado.
1.1 – O córtex pré-frontal e sua relação com a memória e o
aprendizado.
Analisando a anatomia do cérebro perceber-se-á que o mesmo é
dividido em regiões, denominadas lobos. Cada lobo é responsável pelo
processamento dos estímulos sensoriais e pelas respostas a eles
correspondentes. O lobo frontal possui uma seção anterior, denominada córtex
pré-frontal, que se interliga com as demais áreas do cérebro por meio de feixes
de fibras neuronais (KREBS, WEINBERG, AKESSON, 2013). Esta região é
responsável por funções específicas, dentre as quais, a função executiva que
pode ter como definição “O lobo frontal parece atuar no planejamento e na
resolução de problemas, bem como dirigir e manter a atenção sobre uma
situação ou tarefa específica” (KREBS, WEINBERG, AKESSON, p.250 e
251, 2013. Grifo nosso).
11
Além da função executiva esta área exerce influência na memória, nas
decisões, no senso de moral e comportamento. O funcionamento deste circuito
é possível por meio da ativação da região pré-frontal, que ocorre com a
comunicação dos neurônios, ou seja, as sinapses. O potencial de ação é
gerado a partir de estímulos sensoriais que geralmente são transmitidos do
tálamo para o córtex pré-frontal, este produzirá uma resposta a estes
estímulos, os quais são denominados inputs e outputs (KREBS, WEINBERG,
AKESSON, 2013). Como dito anteriormente, as sinapses proporcionam a
ativação de várias regiões do cérebro, pois, é possível a interligação dos
neurônios e, por conseguinte, o funcionamento do sistema nervoso central.
Há dois tipos de sinapses, as elétricas e as químicas, no sistema
nervoso central são mais comuns às químicas do que as elétricas. Cada uma,
porém, tem finalidades e áreas de atuação específicas:
Quase todas as sinapses usadas para transmissão de sinais no sistema nervoso central humano são sinapses químicas. Nelas o primeiro neurônio secreta um composto químico, chamado neurotransmissor, na sinapse, esse neurotransmissor, por sua vez, atua sobre proteínas receptoras existentes na membrana do neurônio seguinte, para excitá-lo, inibi-lo ou modificar de alguma forma, sua sensibilidade (GUYTON, p.80, 2008).
Outro autor especifica a atuação das sinapses elétricas dizendo que:
[...] Também nos adultos, certas populações neuronais são acopladas, como é o caso de neurônios do tronco encefálico encarregados do controle do ritmo respiratório, uma função que requer disparo sincronizado dos neurônios que comandam os músculos da respiração (LENT, p.116, 2010).
Como se pode perceber a fisiologia do sistema nervoso central
envolve, em sua grande maioria, sinapses químicas. Estas são no córtex pré-
frontal de fundamental importância para o seu correto funcionamento. Para
que as sinapses aconteçam, é necessário um perfeito funcionamento das
funções bioquímicas das células neuronais. Os neurotransmissores são o
instrumento de ligação entre os neurônios, uma vez que há um espaço físico
entre os mesmos ― a fenda sináptica. Pode-se dizer que a sinapse é um
fenômeno de extrema precisão, pois, ocorre num espaço microscópico.
Qualquer desordem na fisiologia neuronal proporcionará disfunções
nas estruturas cerebrais, visto que na sinapse estão envolvidos compostos
12
químicos nos terminais pré e pós-sinápticos. As alterações fisiológicas podem
ocorrer por motivos diversos, tais como: lesão, baixa quantidade de
neurotransmissores na fenda sináptica, receptação rápida, entre outros
(GUYTON, 2008). A homeostase no SNC, especificamente, no córtex pré-
frontal é fundamentalmente importante para a memória e o aprendizado.
Tanto aprendizado como memória requerem processos bioquímicos no
âmbito das sinapses, cada estímulo sensorial proveniente, por exemplo, da
leitura, da escrita, da apreciação de uma obra de arte, do aroma de um
alimento, da audição, do tato, vão se transformar em potencial de ação que
percorrerá determinado circuito neuronal, provocando a ativação de áreas
específicas. A informação que tal estímulo carrega só poderá ser propagada
por meio de sinapses químicas que:
O aprendizado e a memória exigem mudanças a curto e a longo prazo nas sinapses. Além dos sinais rápidos os neurotransmissores ativam sistemas de segundo mensageiro que aumentam profundamente a gama de respostas que um neurônio fornece diante de um impulso sináptico (YUDOFSKY e HALES, p.25, 2010).
E dir-se-á ainda:
Resumindo, do ponto de vista neurobiológico a aprendizagem se traduz pela formação e consolidação das ligações entre as células neuronais. É fruto de modificações químicas e estruturais no sistema nervoso de cada um de nós, que exige energia e tempo para se manifestar (COSENZA e GUERRA, p.38, 2011).
Poder-se-á então dizer que a diferença entre o aprendizado e a
memória, não consiste nas alterações físico-químicas que ocorrem nas
estruturas sinápticas e no neurônio a fim que aqueles sejam construídos,
porém, no conceito e funcionalidade de ambos. A aprendizagem é um
processo no qual ocorrem transformações, mudanças que vão além do nível
celular e se refletem no comportamento do indivíduo. A memória entende-se
como um processo de arquivamento de informações processadas no sistema
nervoso, com expressivo nível de constância e significado para cada indivíduo.
Ambas produzem alterações físico-químicas nas células neurais.
13
Apesar das áreas corticais terem funções específicas, não atuam de
maneira independente, se interligam com as demais áreas do cérebro por meio
de feixes de fibras neuronais. Esta interligação pode ocorrer dentro do próprio
hemisfério por meio das fibras de associação, entre os hemisférios esquerdo e
direito, por meio das fibras comissurais e das áreas corticais para o tronco
encefálico, medula espinal e cerebelo, por meio das fibras de projeção
(KREBS, WEINBERG, AKESSON, 2013).
Sabe-se que o SNC funciona de forma integrada, pois, os neurônios
são células especializadas, cujo tipo, corresponde às funções específicas que
desempenham. Os mesmos formam sistemas ou grupos de neurônios que
serão responsáveis pelo funcionamento de cada região cerebral junto com as
células gliais (LENT, 2010). No entanto, ainda que haja a integração das áreas
neurais, faz-se necessário entender como se processa esta interligação em
funções tais como: memória, atenção, cognição, desatenção entre outras.
O conceito de conectividade cerebral, estrutural ou funcional, tem se
expandido e busca identificar quais as redes neurais envolvidas em cada ação
do cérebro. A conectividade é a conexão entre os neurônios ou a interligação
entre duas ou mais regiões do cérebro, que são ativadas concomitantemente.
O mapeamento das redes cerebrais é importante para o conhecimento
funcional destas e, sobretudo, para elevar a precisão no diagnóstico e
tratamento de patologias, como o TDAH, cujo marcador biológico, ainda não foi
identificado, e, portanto, não há cura. As pesquisas têm demonstrado que:
A conectividade estrutural ou anatômica descreve as conexões da matéria branca entre regiões cerebrais. A conectividade cerebral é usualmente representada por uma rede binária cuja topologia pode ser estudada usando a teoria dos grafos. Esta pode ser estudada através da imagem por tensor de difusão e da imagem por espectro de difusão (FERRA, p.17, 2012).
E ainda se diz:
A compreensão de como as regiões do cérebro ou, em um nível mais detalhado, os neurônios se intercomunicam pode elucidar processos cognitivos complexos. Alguns pesquisadores examinaram a possibilidade de medir conectividade funcional através do nível de correlação das séries temporais de fMRI espontâneas durante o repouso (PAMPLONA, p. 25, 2014).
14
A identificação das redes cerebrais dá-se por meio de exame de
imagem, mais precisamente a ressonância magnética funcional. A fRMI busca
mapear as conexões das estruturas cerebrais, interconectadas relacionando-as
com a funcionalidade das mesmas, em períodos de repouso ou de atenção
dirigida. De acordo com as pesquisas podem-se destacar três redes neurais
distintas, a Rede de Modo Padrão, a Rede de Atenção Direcionada para
Tarefas Positivas e a Rede de Atenção Direcionada para Tarefas Negativa.
Cada rede é estabelecida quando um grupo específico de estruturas neurais é
ativado (PAMPLONA, 2014).
No córtex pré-frontal atuam um grupo de neurotransmissores
aminérgicos, dos quais se destacam a dopamina e a noradrenalina, pois,
possuem influência determinante na memória de trabalho e na função
executiva, sobretudo, na atenção e concentração. Disfunções fisiológicas e
funcionais que envolvam estes compostos químicos irão desencadear o
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade ou TDAH, que será
abordado em detalhes na seção a seguir.
1.2 – O TDAH e sua influencia no aprendizado e na memória.
De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados com a Saúde, CID-10, o TDAH está no grupo dos
transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem
habitualmente durante da infância ou a adolescência, especificamente no
subgrupo de transtornos hipercinéticos, sob o código F90.0, denominado
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Porém, no DSM-5 está no
grupo de transtornos do neurodesenvolvimento, denominado Transtorno de
Déficit de Atenção/Hiperatividade, sob o código A 06-07. Podem chegar às
unidades escolares, laudos ou pareceres médicos dos alunos que possuem o
TDAH, nos quais só apareçam a descrição do subgrupo e o código, portanto,
faz-se necessário que professores e pedagogos tenham conhecimento destes
termos.
15
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade tem fatores
genéticos, como causa mais aceita pela comunidade científica. Os sintomas
são mais intensos no período da infância e adolescência, momentos nos quais
as crianças estão em plena escolarização (GHIGIARELLI, 2014). Os três
sintomas principais, desatenção, hiperatividade e impulsividade irão inerferir na
qualidade da aprendizagem de estudantes com este transtorno, pois, para que
ocorra a consolidação do conhecimento, há a necessidade de um período de
aprendizado mais longo e de estratégias diferenciadas de ensino com esses
alunos, que podem ser esteriotipados como “os que não aprendem”.
O diagnóstico adequado é fundamental para o devido tratamento,
assistência acadêmica e social das crianças e adolescentes com a patologia,
sobretudo, para que não se negligencie a existência do transtorno, minorizando
seus efeitos ou atribua-o às crianças que não possuem-no classificando-as
negativamente. Portanto, é importante:
... Avaliar a frequência e a intensidade que estes sintomas aparecem, a duração dos mesmos e a interferência que eles causam na vida, ou seja, se acarreta ou não prejuízo no funcionamento da pessoa. Avaliar se os sintomas existem desde a infância ou início da adolescência. Avaliar se os sintomas não estão sendo provocados por nenhum outro transtorno conhecido. Somente após esta cuidadosa análise, é que se pode caracterizar o transtorno, afinal, toda pessoa pode apresentar um ou mais comportamentos similares aos sintomas do TDAH em algum momento da vida, sem necessariamente apresentar um diagnóstico patológico (GHIGIARELLI, p.1, 2014).
.
A fim de compreender os efeitos do TDAH no SNC, principalmente, no
córtex pré-frontal, é fundamental entender a fisiologia deste, sobretudo no
âmbito das sinapses. E ainda, identificar as redes cerabrais envolvidas na
funcionalidade das estruturas anatômicas responsáveis pelo processo
cognitivo. Dada a conectividade cerebral haverá memórias relacionadas às
áreas corticais. Porém, é no córtex pré-frontal que se constitui a memória de
trabalho, que possui uma intrínseca relação com o aprendizado. Visto que o
processo de aprendizagem requer função executiva, desatenção e
16
hiperatividade provocadas pelo transtorno interferem na concentração, na
retenção das informações e na conclusão da ação cognitiva.
No contexto da conectividade cerebral, se um indivíduo não está
pensando em nada, a conectividade do cérebro está em repouso, neste caso
estará ativada a Rede de Modo Padrão (DMN). As estruturas ativadas com são
o córtex cingulado posterior, região frontal medial e parietal inferior. No caso de
atenção voltada para questões positivas será ativada a Rede de Atenção
Direcionada para Tarefas Positivas, que envolve, dentre outras, o giro occipital
esquerdo, giro frontal médio/inferior esquerdo, giro parietal esquerdo e direito.
No entanto, se a atenção está focada em situações negativas, será ativada a
Rede de Atenção Direcionada para Tarefas Negativas com as seguintes
estruturas, das quais, destacam-se, giro parahipocampal esquerdo, córtex
frontal medial esquerdo, giro cingulado anterior e o giro temporal médio
esquerdo (PAMPLONA, 2014).
Num cérebro sadio a DMN estará ativada quando o indivíduo estiver
sem atenção dirigida, porém, se a atenção for direcionada para tarefas
positivas ou negativas a DMN será desativada com a ativação de uma das
redes atentivas será direcionada, proporcionando em última instância o
aprendizado. Porém, no TDAH, sabe-se que a DMN tem a desativação
diminuída mesmo quando a atenção é direcionada para alguma tarefa
específica. Além das disfunções fisiológicas do córtex pré-frontal a ocorrência
de disfunção na rede de modo padrão potencializa os efeitos do transtorno
(LIDDLE. et al, 2010).
Sendo assim, as disfunções fisiológicas e funcionais no córtex pré-
frontal, principalmente, no sistema monoaminérgico e na DMN são as mais
prováveis causas, do transtorno. (CORTESE E CASTELLANOS, 2010). A
consequência desta disfunção será a falta de atenção, dificuldade para
concentrar-se, conclusão de atividades, dentre outras que afetam não apenas
a vida acadêmica, mas, sobretudo a social. As pesquisas reiteram a
interligação das estruturas cerebrais por meio das redes, pois, regiões
17
subcorticais fundamentais para as funções relacionadas ao aprendizado são
afetadas:
O conjunto de resultados dos estudos realizados com IRM funcional mostra uma hipoatividade frontal afetando várias regiões do córtex (córtex anterior cingulado, córtex pré-frontal dorsolateral, córtex pré-frontal inferior e córtex orbitofrontal), e certas áreas relacionadas (tais como partes dos gânglios basais, do tálamo e do córtex parietal). É interessante observar que, em geral, esses resultados refletem as partes anatômicas envolvidas nos estudos por imagiologia estrutural (CORTESE e CASTELLANOS, p. 4, 2010).
Associados aos fatores neuroquímicos que potencializam as alterações
fisiólogcas do córtex pré-frontal, estão os fatores emocionais. É necessário
possibilitar ao aluno ambiente favorável à que se consolidação memórias
emocionais positivas, por meio da afetividade. O sistema límbico possui ligação
com a região frontal do cérebro, é responsável por regular as emoções e por
meio do mecanismo de culpa e recompensa, interfere diretamente na
aprendizagem e na memória (GUYTON, 2008).
As áreas do cérebro serão ativadas quando o potencial de ação
percorrer o grupo de neurônios responsável pelo funcionamento de cada
região e os neurotransmissores são fundamentais nesse processo. No TDAH
parece não haver produção insuficiente dos aminérgicos, mas é provável que
ocorra um déficit na secretação de dopamina e noradrenalina nas sinapses dos
neurônios. A reduzida quantidade destes compostos nas sinapses pode ser
ainda agravada, pela recaptação do terminal pré-sináptico ou pela degradação
do neurotransmissor na fenda.
As alterações fisiológicas relacionadas ao TDAH não atingem apenas a
região pré-forntal, nem tão pouco o aprendizado e a memória. Além da
interconexão neuronal e da conectividade cerebral, existe o fato de outras
estruturas cerebrais utilizarem os neurotransmissores monoaminérgicos. No
tronco encefálico se localizam conjuntos de células que influenciam atenção,
humor, recompensa e motivação, denominada formação reticular. Estes
neuronios utilizam básicamente dopamina, serotonina e noradrenalina nas
sinapses (KREBS, WEINBERG, AKESSON, 2013).
18
Relacionada a emoção e sistema de recompensa está a área
tegmentar ventral (ATV), que localiza-se na região do mesencéfalo, em
conjunto com a substância negra agrupam os neurônios dopaminérgicos do
tronco encefálico. A dopamina está relacionada diretamente com a fisiologia do
comportamento, emoção e aprendizagem:
A área tegmentar ventral (ATV), també, está localizada no mesencéfalo rostral, tem projeções difundidas a várias regiões do SNC e desempenha um papel fundamental no circuito envolvido na recompensa, motivação e emoção. [...] A maioria dessas projeções é recíproca, e a ATV é influenciada pela atividade nessas estruturas ao mesmo tempoo que as infuencia (KREBS, WEINBERG, AKESSON, p. 222-223, 2013 grifo do autor).
A ATV atua com o nucleus accumbens que é integrnate dos gânglios
da base. Essa estrutura localiza-se próximo ao tálamo e ventrículo lateral. O
nucleus accumbens, a ATV e a substância negra são estruturas subcorticais
que se interligam ao córtex pré-frontal e a região ventral do lobo temporal na
qual se encontra a amígdala (Idem). Desta depende a memória emocional e
também relaciona-se com o sistema de recompensa:
As imagens da amígdala têm sido importantes para demonstrar que os circuitos neurais da emoção e os circuitos neurais da cognição interagem extensivamente e que a emoção não pode ser facilmente separada do processo cognitivo. A amígdala tem amplas conexões com áreas do cérebro tidas como base para a função cognitiva, como as áreas sensoriais do córtex, o córtex pré-frontal e o hipocampo. Por meio dessas logações a amígdala influencia a aprendizagem emocional e a memória... (Idem, p.385)
O sistema límbico coordena as funções relativas a emoção, é
composto pelo giro cíngulo e giro para-hipocampal, hipotálamo, hipocampo,
amígdala, núcelos septais e estruturas adjacntes. Devido a essas conexões
impulsos gerados pelas emoções podem disparar reações diversas, como por
exemplo, reações motoras e viscerais. A abrangência funcional do sistema
engloba a emoção e suas reações, o sistema de recompensa e funções
internas do organismo (GUYTON, 2008).
Percebe-se que há intrínseca relação entre os circuitos neurais da
emoção e o aprendizado. A memória é influenciada pela emoção, que atua na-
19
quela com função moduladora, ou seja, potencializando ou depreciando sua
ação. As pesquisas tem relacionado o TDAH com alterações no córtex pré-
frontal, rede modo padrão e demais estruturas e funções, para as quais ainda
não há comprovação científica. Mas em virtude da formação de redes e
circuitos neurais pode-se concluir que as disfunções no sistema aminérgico, no
caso a dopamina, ocasione reflexos no circuito neural da emoção e sistema de
recompensa (LENT, 2010).
A impulsividade é um comportamento característco do transtorno que
trara prejuízos ao aluno em seu rendimento acadêmico e social. A elevada
falta de interesse na realização de determinadas tarefas pode ser classificada
com um agravante do transtorno. Dependendo do estímulo, por exemplo,
severas repreensões e falta de reforço postivo, a situação se agravará. Isso
ocorré, pois, o sistema de recompensa envolve dois aspectos, a recompensa e
a punição.
Devido ao TDAH o aluno poderá apresentar problemas no aprendizado
caso a punição seja maior que a recompensa. É fundamental que o processo
de ensino seja constrído nuim ambiente que favoreça o equílibrio emocional.
Sabe-se que uma série de entraves podem dificultar esse equilíbrio, porém,
cabe a equipe pedagógica e docentes planejar ações que viabilizam este
ambinte:
Experimentos com animais mostraram que uma experiência sensorial que não cause recompensa nem punição só raramente será lembrada. Os registros elétricos mostram que estímulos sensoriais novos e inusitados sempre excitam o córtex cerebral. Mas a repetição continuada do estímulo leva à extinção quase completa da resposta cortical, caso a experiência sensorial não produza sensação de recompensa ou punição [...]. Entretanto, se o estímulo causa recompensa ou punição em lugar de indiferença, a resposta cortical fica progressivamente mais intensa com a estimulação repetida (GUYTON, p.234, 2008).
Faz-se necessario que haja um planejamento do trabalho pedagógico
contextualizado com as necessidades do aluno com TDAH. É fundamental que
mesmo acompanhamento terapêutico adequado e dependendo do prejuízo
causado pelo transtorno de uso medicamentoso. Porém, a ação educacional
deveria possibilitar maior estímulos que ativem mais recompensa que a
20
punição, ofertando não apenas aos alunos com o transtorno, mas a todos o
ensino na perspectiva da aprendizagem significativa.
Conclui-se que o déficit de atenção influencia a memória de trabalho,
que é fundamental para a conclusão de tarefas que requeiram atenção
direcionada, principalmente no âmbito escolar. Há indícios de que o transtorno
afete a DMN ocasionando a reduzida desativação desta rede potencializando o
estado de desatenção.
A ação do déficit no córtex pré-frontal influencia ainda as emoções, que
como se viu é determinante para o aprendizado e memória. A dopamina e a
noradrenalina são neurotransmissores fundamentais na fisologia do córtex pré-
frontal. Estão relacionadas com funções relacionadas a cognição,
comportamento, memória, funções exectivas, dentre outras. Devido às
implicações do transtorno é preciso ações adequadas as necessidades do
alunos com TDAH, que minimizem seu prejuízos e contribuam para o
desenvolvimento do aluno.
21
CAPÍTULO II
A FISIOLOGIA DO CÓRTEX TEMPORAL, DO
HIPOCAMPO, E SUA RELAÇÃO COM A
CONSOLIDAÇÃO DA MEMÓRIA NO TDAH.
No capítulo anterior verificou-se que o TDAH é ocasionado por
disfunções fisiológicas e funcionais no córtex pré-frontal e a áreas relacionadas
com as redes cerebrais responsáveis por funções determinantes para o
aprendizado e vida social daqueles que o possuem. Buscou-se enfatizar a
fisiologia da seção pré-frontal, principalmente, dos neurotransmissores
dopamina e noradrenalina, da influência destes sobre a atenção e função
executiva, bem como, da ativação dos circuitos envolvidos com as diversas
funções desta região. Neste capítulo buscar-se-á refletir sobre a atuação do
córtex temporal e do hipocampo, nos mecanismos de memória no TDAH, a fim
de verificar o impacto do transtorno, sobretudo nos processos de consolidação
e evocação da memória.
2.1 – A relação entre memória e córtex pré-frontal.
Memória é um mecanismo de armazenamento de informações
adquiridas por meio do aprendizado. Aprende-se a todo instante, pois, o
indivíduo está em contato com o mundo e por intermédio das vias sensoriais o
cérebro recebe informações que serão ou não apreendidas na memória, outra
fonte de informação para a memória é o pensamento. A importância da
memória é determinada por fatores emocionais, condicionados a eventos de
caráter positivo ou negativo (LENT, 2010).
Apesar de memória e aprendizado serem processos distintos, se
interrelacionam, pois, determinado conhecimento para ser aprendido precisa
ser apreendido e sem memória isto seria impossível. Dois dos objetivos do
22
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, PNAIC, é que as crianças
até os 8 anos de idade, ou seja, ao final do 3º ano do Ensino Fundamental,
saibam ler, escrever e realizar as quatro operações matemáticas (BRASIL,
2012). A fim de alcançar estes objetivos, por meio do aprendizado, é
necessário que os alunos adquiram um conjunto de habilidades, que serão
contidas na memória.
Não será suficiente apenas contato esporádico com os conteúdos e
práticas que levarão às tais habilidades, ou que sejam ministrados de forma
aleatória, sem conexões com as práticas sociais dos alunos, a fim de serem
retidos na memória. Mas é necessária a consolidação dos
conhecimentos/habilidades, para tanto é fundamental a significância do
processo de aprendizagem:
Após a aquisição dos aspectos selecionados de um evento, estes são armazenados por algum tempo: às vezes por muitos anos, às vezes por não mais que alguns segundos. Esse processo de retenção da memória, durante o qual aos aspectos selecionados de cada evento ficam de algum modo disponíveis para serem lembrados. Com o passar do tempo, alguns desses aspectos ou mesmo todos eles podem desaparecer da memória: é o esquecimento (LENT, p.647,2010).
Se a maioria dos eventos retidos na memória será esquecida, faz-se
necessário um processo de ensino que relacione os conteúdos, valores e
regras às práticas sociais dos alunos, sob perspectiva significativa e de
interação entre os sujeitos. E ainda, que o contato do aluno com o
conhecimento seja constante. A respeito da fisiologia da memória é dito:
Fisiologicamente, as memórias são causadas por alterações da capacidade de transmissão sináptica de um neurônio para outro, resultante de atividade neural prévia. Essas alterações, por sua vez, causam o desenvolvimento de novas vias para a transmissão de sinais pelos circuitos neurais do cérebro. As novas vias são denominadas trações de memória. São importantes porque, uma vez estabelecidas, elas podem ser ativadas pela mente pensante, no sentido de reproduzir as memórias (GUYTON, p. 223, 2008).
Os diversos setores do encéfalo tem relação direta com os
mecanismos de memória, que são classificadas de acordo com o tempo de
duração ou tipo de evento (LENT, 2008). Dentre estes, destacar-se-á a
memória de trabalho ou operacional, pois, está relacionada com o córtex pré-
23
frontal que é responsável pela coordenação do aprendizado. As informações
oriundas de um novo conhecimento circulam pelos neurônios, formando assim
os traços de memória. Sabe-se que a memória operacional não é duradoura,
mas é fundamental para a retenção de dados e, consequente assimilação do
saber.
A importância das monoaminas neste processo é determinante e caso
ocorram disfunções na fisiologia da região pré-frontal, haverá
comprometimentos na memória de trabalho. Manter a atenção é faz parte das
funções desta seção. Sabe-se que no TDAH há disfunções nos circuitos
monoaminérgicos, em relação estes se diz que:
A sinalização dopaminérgica da ATV também tem sido implicada no processamento da aprendizagem e memória emocional. [...] A sinalização noradrenérgica tem sido implicada em muitas doenças relacionadas com atenção, humor e excitação. Estas incluem déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) [...] e a sinalização serotoninérgica parece estar envolvida em uma vasta gama de funções [...] incluindo a memória e aprendizagem (KREBS, WEINBERG, AKESSON, p. 224-227).
Neste ponto retomar-se-á a reflexão sobre a DMN, que tem a
desativação reduzida no TDAH. A conectividade funcional entre as estruturas
que compõe esta rede pode ser comprometida por déficit no sistema
dopaminérgico. Neste caso, seriam afetados por esta disfunção, a memória de
trabalho, o sistema de culpa e recompensa, o equilíbrio emocional e a atenção.
A hipótese entre a reduzida desativação de rede modo padrão e o déficit
dopaminérgico tem sido defendida por diversos pesquisadores, os estudos
demonstram que:
Children with Attention Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD) may exhibit striking deficits in both attention and inhibitory control (Barkley, 1997; Sagvolden & Sergeant, 1998), although, intriguingly, their performance and behavior may approach that of their peers when a task is novel, stimulating or rewarding (Borger & van der Meere, 2000; Luman, Oosterlaan, & Sergeant, 2005; Slusarek, Velling, Bunk, & Eggers, 2001). This has led to the hypothesis that a motivational, possibly hypodopaminergic, dysfunction may underpin the disorder (Johansen, Aase, Meyer, & Sagvolden, 2002; Sergeant, 2000) [b] (LIDDLE. el al. p.4, 2010).
24
Como o córtex pré-frontal possui relação com a DMN e a memória de
trabalho, a desativação reduzida na rede modo padrão ao serem executadas
tarefas, exercerá influência na memória operacional, visto que haverá déficit
atencional e consequente comprometimento na retenção das informações.
Tendo em vista estas disfunções faz-se necessário, entre outras ações,
incentivos motivacionais nos indivíduos com o déficit (LIDDLE. et al. 2010).
Esse assunto será abordado no capítulo 3 deste trabalho.
Além das disfunções fisiológicas e funcionais, sabe-se que, em relação
ao cérebro sadio há diferença morfológica no cérebro com TDAH, sobretudo
em estruturas relacionadas com a memória (CORTESE e CASTELLANOS.
2010). Porém, é provável que as alterações morfológicas não impeçam a
retenção das informações. No entanto, em conjunto com as demais disfunções
potencializa os efeitos do TDAH:
... Finalmente, estudos recentes por imagiologia de tensor de difusão, técnica que possibilita uma exploração quantitativa da substância branca, mostram uma alteração da conectividade estrutural nas vias que ligam o córtex pré-frontal direito aos gânglios basais assim como nas vias que ligam o giro cingulado ao córtex entorrinal. [...] De fato, os pesquisadores no campo do TDAH se concentram atualmente no estudo das disfunções das redes neuronais distribuídas. Uma abordagem relativamente nova, que avalia a conectividade funcional em repouso e durante a execução de uma tarefa, parece ser especialmente promissora para entender melhor as anomalias complexas dessas redes presumivelmente por trás do TDAH (CORTESE e CASTELLANOS. p. 2 e 3, 2010).
Conclui-se que o TDAH exerce influência indireta na memória de
trabalho. Um conjunto de estruturas e funções é afetado pelo transtorno,
porém, analisando-se a bibliografia não foram encontrados indícios de que o
déficit impeça a retenção das informações na memória de trabalho, ainda que,
a desatenção afete a qualidade da memória operacional. Como a memória não
se resume apenas à região pré-frontal, faz-se necessário verificar a possível
ação do transtorno na região hipocampal, sobretudo pela conectividade
existente entre as regiões temporal e pré-frontal.
25
2.2 – A relação entre memória, córtex temporal e hipocampo.
Na seção anterior abordou-se a relação entre o aprendizado e a
memória de trabalho e a influência do TDAH nesta função cerebral. A memória
operacional possui pouco tempo de duração e baixa capacidade de retenção
das informações (GUYTON, 2008). A fim de que o conhecimento seja
consolidado e posteriormente evocado em situações cotidianas, faz-se
necessário que o armazenamento de dados nas memórias de curto e longo
prazo.
Apesar de se referir à memória como um mecanismo único, a mesma
esta associada às regiões do córtex cerebral, nas quais as informações serão
retidas. Há memórias olfativas, visuais, motoras, emocionais, auditivas, entre
outras. Relacionadas a eventos oriundos do meio externo ou do próprio
pensamento humano. Pode ser classificada quanto ao tempo de duração e
quanto à origem do evento a ela relacionado (LENT, 2010).
Estudos recentes demonstram a relação do hipocampo com o controle
da memória, a fim de que se integrem e sejam evocadas. Nesta seção dar-se-
á ênfase ao córtex temporal, hipocampo e amígdala, refletindo sobre a relação
destas estruturas com os mecanismos de retenção, conectividade com as
regiões corticais que armazenam as informações e a possível influência do
TDAH nestes processos.
O lobo temporal limita-se dos lobos frontal, parietal e occipital pelos
sulcos lateral e parietoccipital, respectivamente. Sua divisão segue conceitos
anatômicos e funcionais, subdividindo-se em giros e sulcos, áreas específicas
ou estruturas anatômicas, que dada a complexidade e importância de suas
funções, são analisadas em sua especificidade. Dentre estas, encontram-se a
área de Wernicke, o hipocampo e a amígdala (KREBS, WEINBERG,
AKESSON, 2013).
Esta região se interliga com as demais áreas corticais e do encéfalo por
meio das fibras de projeção, que possibilitam tanto a composição das áreas de
associação quanto a conectividade cerebral. As áreas auditiva primária e de
26
associação auditiva, da qual faz parte a área de Wernicke, concentram-se no
córtex temporal e estão relacionadas com seções específicas, tais como, o giro
temporal superior, o giro occipitotemporal, dentre outros. Estas seções estão
relacionadas com habilidades de fundamental importância para o
desenvolvimento da criança, tais como, identificar e reconhecer de pessoas e
objetos; compreender a linguagem (Idem).
Na educação formal inicia-se o desenvolvimento destas habilidades a
partir da pré-escola, estendendo-se aos anos inicias, quando o aprendizado
esta correlacionado com a maturação biológica. Ainda que a memória
operacional não esteja diretamente ligada ao córtex temporal, faz-se presente
no processo de aquisição do conhecimento, pois, associa-se com a atenção,
que é um fator preponderante para tais funções.
A relação entre o córtex temporal e pré-frontal não se resume à
memória, as áreas de Wernicke e Broca se interligam pro meio do Fascículo
Arqueado que são fibras de associação (KREBS, WEINBERG, AKESSON,
2013). A compreensão e elaboração da linguagem, respectivamente, são
processadas nestas seções, que estão envolvidas na construção de
habilidades de leitura, escrita e cálculos. A consolidação destas capacidades
faz-se por meio do armazenamento das informações na memória de longo
prazo, pois, precisam ser evocadas em situações nas quais sejam necessárias
competências relacionadas a essas habilidades.
A visão do Ministério da Educação, por exemplo, em propor diretrizes
para a implantação do Ciclo de Alfabetização em 3 anos, converge com a
relação entre a maturidade biológica e a sequencia introdução,
aprofundamento e consolidação das habilidades, sobretudo, dos eixos de
Língua Portuguesa e Matemática (BRASIL, 2012). Na perspectiva de
alfabetizar letrando faz-se necessária a continuidade:
A continuidade é, pois, uma característica própria da educação. [...] Às vezes, nós temos a ilusão de que a alfabetização é apenas um momento inicial do processo de aprendizagem; [...] esse elemento de continuidade, de um tempo necessário para fixar as habilidades básicas, é algo que deve ser inscrito como condição preliminar indispensável na organização dos sistemas de ensino e na forma como o trabalho pedagógico deve ser conduzido no interior das escolas (SAVIANI, p.127 e 128, 2008).
27
A continuidade referida por Saviani pode ser relacionada com a
consolidação das habilidades na memória de longo prazo. A fisiologia da
memória produz nos neurônios alterações morfológicas por meio do contínuo
fluxo de informações pelos circuitos neurais. A quantidade de sinapses
produzidas pela continuidade no processo de ensino promove alterações nos
terminais pré e pós-sinápticos que, desta forma, consolidam os mecanismos
de memória de longo prazo:
Todas as funções do sistema nervoso podem ser moduladas. Isso significa que o seu funcionamento pode ser ativado ou desativada, acelerado ou desacelerado, fortalecido ou enfraquecido segundo as necessidades de cada momento [...]. Também a memória pode ser modulada, isto é, pode ser “fortalecida” ou “enfraquecida” por situações que dão contorno aos eventos. [...] A emoção representa um importante componente modulador da memória, mas não é o único. Também o estado de alerta e a atenção atuam sobre ela (LENT, p. 670, 2010).
Da neuroquímica da modulação da memória participam hormônios e
neurotransmissores, dentre eles, os aminérgicos que estão relacionados com
os córtices pré-frontal e temporal:
Os sistemas moduladores consistem em conjuntos diversos de fibras que terminam de modo difuso em vastas áreas do SNC. Essas fibras se originam de núcleos localizados no tronco encefálico, no diencéfalo e no prosencéfalo basal, e apresentam a característica marcante de atuar por meio de certos neurotransmissores bem conhecidos, especialmente as aminas e a acetilcolina (Idem).
O fato de a emoção, o estado de alerta e a atenção estarem
relacionados com a modulação da memória, remete ao TDAH, que em geral,
possui desatenção, hiperatividade e impulsividade como principais sintomas.
Torna-se necessário que no planejamento do trabalho pedagógico os
educadores considerem estes aspectos, elaborando estratégias e
metodologias contextualizadas, entre elas, maior tempo para consolidação das
habilidades e a construção de um ambiente emocional positivo.
Presume-se que o TDAH não cause déficits na memória de curto e
longo prazo. Porém, as disfunções ocasionadas irão interferir, de forma
indireta, no processo de consolidação da memória e, inclusive na sua
evocação em situações que seja necessária a atenção sustentada. A memória
operacional assume fundamental importância neste processo. Diversos
28
trabalhos associam o TDAH ao baixo rendimento na realização de tarefas, que
requerem atenção sustentada:
La atención y la memoria de trabajo son los recursos intrumentales de la consciencia que permiten la concentración y la continuidad en el tiempo de las operaciones cognitivas y de las conductas intencionales. Más en concreto, la focalización de La consciencia sería lo que hoy conocemos como atención selectiva [...] corresponde con lo que denominamos atención sostenida; ésta se apoya en la memoria de trabajo, o memoria operativa (MO), que se encarga de manipular la información actual y de relacionarla con la información de la memoria a largo plazo (MLP), [...]. La atención no sólo juega un papel facilitador de las representaciones, sino que también, y fundamentalmente, realiza un control inhibidor de los datos irrelevantes o interferidores [3] (NARBONA, CRESPO-EGUÍLAZ, p.33, 2005) 1.
O hipocampo e a amígdala são estruturas que desempenham função
determinante em relação às memórias de curto e longo prazo. Estudos
demonstram que lesões nestas regiões produzem déficits severos de memória
e alterações relativas à memória emocional. Ambas as seções estão
localizadas na parte ventral do lobo temporal e têm fibras nervosas que se
conectam com outras seções dentro do córtex e com as demais regiões
corticais (GUYTON, 2008).
Em relação à memória de longo prazo o hipocampo opera a explicativa
ou declarativa, que se divide em episódica e semântica e abrange a apreensão
de eventos e fatos. “A memória explícita utiliza o hipocampo e suas áreas
corticais associadas (córtex entorrinal, giro para-hipocampal), além das áreas
de associação neocorticais disseminadas (que enviam inputs para o córtex
entorrinal” (KREBS, WEINBERG, AKESSON, p.380, 2010). O armazenamento
das informações faz-se nas regiões corticais correspondentes aos eventos,
que são coordenadas pelo hipocampo que é responsável ainda, pela evocação
da memória.
1 A atenção e a memória de trabalho são recursos instrumentais da consciência que permitem a concentração e a continuidade das ações cognitivas e das condutas intencionais. De fato, a focalização a [...] corresponde com o que denominamos atenção sustentada; esta se apoia na memória de trabalho ou memória operacional (MO), que se encarrega de selecionar a informação atual e relacioná-la com a informação da memória de longo prazo (MLP) [...]. A atenção não exerce apenas um papel facilitador das representações, mas, realizam fundamentalmente um controle inibidor dos dados irrelevantes ou distratores (NARBONA, CRESPO-EGUÍLAZ, p.33, 2005)
29
A memória implícita ou não declarativa relaciona-se com o hipocampo
e com a amígdala, as informações operadas pela mesma relacionam-se com a
memória emocional e recompensa. O sistema dopaminérgico envolve-se na
fisiologia das regiões que operam estas funções tanto na ATV quanto na
região da amígdala. O aprendizado é influenciado diretamente por esses
processos que conectam estruturas subcorticais, do córtex temporal e pré-
frontal:
Os neurônios da ATV projetam-se sobretudo sobre o nucleus accumbens e o estriado ventral, com projeções adicionais para o córtex pré-frontal e as áreas do sistema límbico, incluindo a amígdala, o hipocampo, o hipotálamo e o tubérculo olfatório. Assim, esse sistema é conhecido como sistema mesocorticolímbico da dopamina. Como o nucleus accumbens, a amígdala e o córtex pré-frontal desempenham papéis essenciais na avaliação do valor emocional das recompensas e no estabelecimento de memórias relacionadas a recompensas (KREBS, WEINBERG, AKESSON, p.223, 2010, grifo do autor).
Desta forma, se o indivíduo é submetido às situações que interferem
na emoção e que envolvem fatores como estresse, medo e raiva, a amígdala
exercerá influencia sobre o hipotálamo, que coordena neurotransmissores e
hormônios que podem influenciar de forma negativa tanto na modulação
quanto na evocação da memória:
A amígdala é essencial na aprendizagem e emocional (uma função de memória implícita). [...] É a ligação da emoção com o evento que solidifica a memória [...]. Mostrou-se que a amígdala é tão importante para o processo da recompensa ou do afeto positivo quanto o negativo (p.ex., medo condicionado). [...] A recompensa é um fator importante para acionar o aprendizado baseado em incentivos, respostas adequadas aos estímulos e desenvolvimento de comportamentos direcionados a um alvo (Idem, p.382 – 384).
A memória de longo prazo armazena dados relacionados aos eventos
ocorridos na vida do indivíduo. Porém, a fim de que ocorra a retenção das
informações, faz-se necessário que as mesmas sejam relevantes, ou seja,
significativas. Sabe-se que o esquecimento é processo natural de apagamento
de dados, se não houver fatores moduladores ou se estes forem insuficientes,
a retenção não ocorrerá.
Os sintomas do TDAH podem desencadear no indivíduo além da
desatenção, falta de interesse em situações que requeiram atenção
30
direcionada, esquecimento em momentos de estresse emocional, dificuldades
na apreensão do conhecimento e de convívio social, que se converterão em
baixo rendimento escolar. .
O déficit dopaminérgico mantém relação direta e indireta com a
memória. A hipoativação do córtex pré-frontal gera desatenção, que intervém
na memória operacional alterando a capacidade de retenção das informações,
das respostas a elas necessária e dificultando a consolidação do aprendizado
na memória de longo prazo (Lent, 2010).
Na ATV e na Amígdala atua na memória emocional e no sistema de
recompensa exerce influência na modulação da memória depreciando-a. Além
disso, a capacidade de evocação também será afetada, pois, o estresse
emocional, a falta de motivação e satisfação reduzem a capacidade de ação
cognitiva, porém, tendem a potencializar situações de conflito (Idem).
Presume-se que a disfunção dopaminérgica não interfira nas funções
do hipocampo que atua como estrutura coordenadora da memória. A as
informações não ficam retidas nesta região, mas não regiões corticais. A
interconexão com estas áreas permite a constituição da rede de memória, da
qual fazem parte, além do hipocampo e córtex, tálamo, hipotálamo, amígdala:
Como a memória é uma função distribuída por amplas regiões neurais (talvez mesmo todo o sistema nervoso central) [...]. Em um primeiro momento, essas informações são selecionadas, e segundo a sua relevância para o indivíduo, sua carga emocional e outros fatores, passam a um conjunto de regiões relacionadas ao hipocampo. O hipocampo, como já foi visto, é a região encarregada de consolidar os engramas da memória explícita, seja transferindo-os para as regiões corticais adequadas, ou arquivando no seu território “cópias” temporárias dos engramas corticais (LENT, p. 672, 2010).
Portanto, pode-se afirmar que a ação do TDAH na memória de longo
prazo, não ocorre de forma direta, mas por meio da influência do transtorno em
regiões do SNC, relacionadas com a consolidação da memória. Não há
indícios de que haja déficits de memória em quem possui a anomalia. Porém,
fazem-se necessárias estratégias que minimizem os sintomas e potencializam,
sobretudo o equilíbrio emocional, a modulação da memória, o sistema de
recompensa e a atenção sustentada (LIDDLE. et.al, 2010).
31
CAPÍTULO III
AÇÕES QUE SE ADEQUAM ÀS NECESSSIDADES DE
ALUNOS COM TDAH.
O objetivo da educação deve ser possibilitar, por meio do ensino,
condições para a construção do aprendizado e para o desenvolvimento integral
do aluno. A Educação Infantil e o Ensino Fundamental são etapas do processo
educacional determinantes para o sucesso escolar do educando nas etapas
posteriores. Caso as habilidades previstas para esta fase da escolarização não
sejam consolidadas, haverá entraves no rendimento do aluno e no sucesso
escolar. Dado o cenário educacional do país problemas de infraestrutura, de
formação profissional, das condições familiares, entre outras potencializam
esta situação. Outro fator agravante, em alguns alunos, é o TDAH, que
interfere de maneira determinante no desenvolvimento escolar do aluno. Nesta
seção elencar-se-á possíveis ações para minimizar as influências do transtorno
na vida escolar do educando com o déficit.
3.1 - Necessidade de diagnóstico adequado.
Diante da suspeita de uma anomalia faz-se necessário o diagnóstico
da mesma a fim de dispor das informações necessárias para o tratamento
adequado. Diagnóstico ou diagnose significa “conhecimento das doenças pela
observação dos sintomas” (REIS, p.227, 2007). Por motivos diversos, entre
eles, a existência de sintomas comuns a mais de uma doença, faz-se
necessário a utilização de diretrizes que norteiem a investigação e subsidie o
fechamento do diagnóstico.
Na primeira infância as crianças podem apresentar comportamento
que sugira a presença do transtorno, devido à sua maturidade biológica. Ainda
que alunos da Educação Infantil apresentem momentos de atividade
excessiva, desatenção e impulsividade é necessária cautela em classificá-las
32
com TDAH. Se há suspeita de que alunos, com idade entre 4 e 6 anos,
possuem o déficit, a equipe técnico-pedagógica deve acompanhar o
desenvolvimento do educando a fim de constatar a evolução dos sintomas, e
se estes, se manifestam nos diversos contextos de vivência do sujeito
(AMERICAN PSICHIATRY ASSOCIATION, 1994).
O diagnóstico do transtorno será emitido por profissional da saúde,
porém, como a desatenção e manifestações depreciam o rendimento escolar,
em caso de suspeita do déficit a equipe técnico-pedagógica pode fazer
avaliações que verifiquem os aspectos cognitivo e comportamental do aluno.
Estas podem compreender atividades cotidianas, avaliações diagnósticas,
relatórios, protocolos ou questionários contendo a sintomatologia ampla do
transtorno.
É fundamental que os profissionais da educação sigam diretrizes
seguras de acompanhamento a educando com potencial TDAH. Critérios
específicos devem ser utilizados antes de encaminhar a criança para
acompanhamento médico. Dentre esses deve se verificar:
AA ccaarraacctteerrííssttiiccaa eesssseenncciiaall ddee PPeerrttuurrbbaaççããoo ddaa HHiippeerraattiivviiddaaddee ccoomm DDééffiicciitt ddaa AAtteennççããoo éé uumm ppaaddrrããoo ppeerrssiisstteennttee ddee ddeessaatteennççããoo ee//oouu hhiippeerraattiivviiddaaddee,, mmaaiiss ffrreeqquueennttee ee sseevveerroo ddoo qquuee aaqquueellee ttiippiiccaammeennttee oobbsseerrvvaaddoo eemm iinnddiivvíídduuooss eemm nníívveell eeqquuiivvaalleennttee ddee ddeesseennvvoollvviimmeennttoo [[......]].. AAllgguumm pprreejjuuíízzoo ddeevviiddoo aaooss ssiinnttoommaass ddeevvee eessttaarr pprreesseennttee eemm ppeelloo mmeennooss ddooiiss ccoonntteexxttooss ((AMERICAN PSICHIATRY ASSOCIATION, p.151, 1994, grifo nosso)..
NNoo DDSSMM--IIVV ttrrêêss ffaattoorreess ssããoo ffuunnddaammeennttaaiiss ppaarraa ccaarraacctteerriizzaarr aa rreellaaççããoo
ddooss ssiinnttoommaass ccoomm aa ppoossssíívveell pprreesseennççaa ddoo TTDDAAHH:: aa ppeerrssiissttêênncciiaa ee aa
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SSee ssee vveerriiffiiccaa,, aappóóss aa ppootteenncciiaalliizzaaççããoo ddaass aaççõõeess ppeeddaaggóóggiiccaass,, qquuee oo
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mmaanniiffeessttaarr ccoonnccoommiittaanntteemmeennttee ccoomm oo ddééffiicciitt ddee aatteennççããoo..
CCoonnssttaattaannddoo--ssee aa ttrrííaaddee ddee ffaattoorreess cciittaaddooss aa eeqquuiippee ppeeddaaggóóggiiccaa ddeevvee
oorriieennttaarr aa ffaammíílliiaa aa bbuussccaarr aaccoommppaannhhaammeennttoo mmuullttiiddiisscciipplliinnaarr ppaarraa ddiiaaggnnóóssttiiccoo ee
iinniicciiaarr aajjuusstteess nnoo ppllaanneejjaammeennttoo ddoo ttrraabbaallhhoo ppeeddaaggóóggiiccoo qquuee ssee aaddeeqquueemm ààss
nneecceessssiiddaaddeess ddeessttee aalluunnoo ((IIddeemm)).. PPaarraa ffiinnss ddee ddiiaaggnnoossee uussaarr--ssee--áá ccoommoo bbaassee
aa CCIIDD--1100 ee oo DDSSMM--IIVV,, aa pprriimmeeiirraa ccllaassssiiffiiccaa aass ccoommoorrbbiiddaaddeess ppoorr ccóóddiiggooss ee
nnoommeennccllaattuurraass eessppeeccííffiiccaass,, oo sseegguunnddoo,, aalléémm ddooss ccóóddiiggooss ee nnoommeennccllaattuurraass,,
ttrraazz oorriieennttaaççõõeess rreellaattiivvaass àà aavvaalliiaaççããoo mmuullttiiaaxxiiaall22,, ccaarraacctteerrííssttiiccaass ddiiaaggnnóóssttiiccaass,,
pprreevvaallêênncciiaa,, ddiiaaggnnóóssttiiccoo ddiiffeerreenncciiaall,, ddeennttrree oouuttrraass (AMERICAN PSICHIATRY
ASSOCIATION, 1994).
OO eessppeecciiaalliissttaa pprroocceeddee aa iinnvveessttiiggaaççããoo ddaa ppaattoollooggiiaa ppoorr mmeeiioo ddooss
ssiinnttoommaass aattrriibbuuííddooss àà mmeessmmaa.. CCoommoo cciittaaddoo aanntteerriioorrmmeennttee,, uumm ccrriittéérriioo pprriimmáárriioo
ppaarraa eessttaabbeelleecceerr oo ddééffiicciitt ddee aatteennççããoo éé aa eexxiissttêênncciiaa ddaa ttrrííaaddee ddee ffaattoorreess
rreellaattiivvooss aaooss ssiinnttoommaass:: ppeerrssiissttêênncciiaa,, iinntteennssiiddaaddee ee iinnccaappaacciiddaaddee.. AAlléémm ddeesssseess
2 Um sistema multiaxial envolve uma avaliação em diversos eixos, cada qual relativo a um diferente domínio de informações capaz de ajudar o clínico a planejar o tratamento e predizer o resultado. Na classificação multiaxial do DSM-IV existem cinco eixos: Eixo I Transtornos Clínicos - Outras Condições que Podem Ser um Foco de Atenção Clínica; Eixo II Transtornos da Personalidade Retardo Mental; Eixo III Condições Médicas Gerais; Eixo IV Problemas Psicossociais e Ambientais; Eixo V Avaliação Global do Funcionamento (AMERICAN PSICHIATRY ASSOCIATION, p.66, 1994).
34
oo mmaannuuaall eessttaabbeelleeccee oouuttrrooss ccrriittéérriiooss eessppeeccííffiiccooss qquuee pprreecciissaamm sseerr oobbsseerrvvaaddooss
dduurraannttee oo ddiiaaggnnóóssttiiccoo.. AA aannaammnnssee éé uumm iinnssttrruummeennttoo ddee iinnvveessttiiggaaççããoo qquuee
ddeessccrreevvee oo hhiissttóórriiccoo ddoo ppaacciieennttee ee ffoorrnneeccee aaoo cclliinniiccoo iinnffoorrmmaaççõõeess ddee eexxttrreemmaa
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ppaacciieennttee ee ooss aannaalliissaa eemm ssuuaa eessppeecciiffiicciiddaaddee,, ppooiiss,, aa ttrrííaaddee ssiinnttoommááttiiccaa ttaammbbéémm
ppooddee sseerr ccaatteeggoorriizzaaddaa ccoommoo aassppeeccttooss ccoommppoorrttaammeennttaaiiss.. AA ffiimm ddee eevviiddeenncciiaarr aa
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rreellaacciioonnaaddooss àà ddeessaatteennççããoo,, hhiippeerraattiivviiddaaddee ee iimmppuullssiivviiddaaddee ssee aapprreesseenntteemm ddee
mmaanneeiirraa ccoonnccoommiittaannttee (AMERICAN PSICHIATRY ASSOCIATION, 1994).
OO ddééffiicciitt ppooddee ssee aapprreesseennttaarr ddee ttrrêêss mmaanneeiirraass ddiissttiinnttaass,, sseennddoo ddiivviiddiiddoo
eemm ccaatteeggoorriiaass ccuujjooss ssiinnttoommaass eessppeeccííffiiccooss eevviiddeenncciiaamm oo pprreeddoommíínniioo ddee uumm oouu
oouuttrroo aassppeeccttoo ccoommppoorrttaammeennttaall.. AA ffiimm ddee ddeetteerrmmiinnaarr ssee oo TTDDAAHH éé ddoo ssuubbttiippoo
ccoommbbiinnaaddoo,, pprreeddoommiinnaanntteemmeennttee ddeessaatteennttoo ee hhiippeerraattiivvoo--iimmppuullssiivvoo ffaazz--ssee
nneecceessssáárriioo qquuee::
...O subtipo apropriado (para um diagnóstico atual) deve ser indicado com base no padrão predominante de sintomas nos últimos 6 meses. F90.0 - 314.01 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo Combinado. Este subtipo deve ser usado se seis (ou mais) sintomas de desatenção e seis (ou mais) sintomas de hiperatividade-impulsividade persistem há pelo menos 6 meses. A maioria das crianças e adolescentes com o transtorno tem o Tipo Combinado. Não se sabe se o mesmo vale para adultos com o transtorno (AMERICAN PSICHIATRY ASSOCIATION, p.154, 1994).
NNoo ccaassoo ddee pprreeddoommiinnâânncciiaa ddeessaatteennttaa ee hhiippeerraattiivvoo--iimmppuullssiivvaa ddeevveemm ssee
mmaanniiffeessttaarr rreessppeeccttiivvaammeennttee::
... se seis (ou mais) sintomas de desatenção (mas menos de seis sintomas de hiperatividade-impulsividade) persistem há pelo menos 6 meses [...] se seis (ou mais) sintomas de hiperatividade-impulsividade (mas menos de seis sintomas de desatenção) persistem há pelo menos 6 meses. A desatenção pode, com frequência, ser um aspecto clínico significativo nesses casos (Idem, p.154-155).
O TDAH pode estar associado a outras comorbidades e ainda, a
sintomatologia de algumas perturbações neurológicas se assemelha às do
35
transtorno, dentre elas, a desatenção e a hiperatividade. A fim de que o no
diagnóstico possam se identificar demais transtornos associados ao déficit de
atenção é feito um diagnóstico diferencial. Por meio deste recurso busca-se
identificar a manifestação de sintomas que caracterizem outras anomalias, e
se estas provocam prejuízo significativo para o paciente:
Em crianças com retardo Mental, um diagnóstico adicional de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade deve ser feito apenas se os sintomas de desatenção ou hiperatividade forem excessivos para a idade mental da criança. [...] não é diagnosticado se os sintomas são melhor explicados por outro transtorno mental (por ex., Transtorno do Humor, Transtorno de Ansiedade, Transtorno da Personalidade, Transtorno Dissociativo, Alteração da Personalidade Devido a uma Condição Médica Geral, ou um Transtorno Relacionado a Substância). [...] não é diagnosticado se os sintomas de desatenção e hiperatividade ocorrem exclusivamente durante o curso de um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento ou um Transtorno Psicótico (AMERICAN PSICHIATRY ASSOCIATION, p.159-160, 1994).
Pode ser necessária a utilização de exames de imagem com o
objetivo de analisar a funcionalidade das regiões cerebrais, a conectividade da
DMN e demais estruturas que podem ser acometidas pelo déficit de atenção e,
se for o caso, a outro transtorno associado. Utiliza-se, portanto, a ressonância
magnética funcional, que possibilita a verificação de ativação ou desativação
de seções do encéfalo (PAMPLONA, 2014).
O diagnóstico completo permite a utilização de técnicas menos
invasivas no tratamento do paciente, bem como, a escolha e adequação
terapêutica a cada paciente. Evidentemente o TDAH não se manifesta de
maneira uniforme em todos, podendo haver variantes no tratamento de um
indivíduo para o outro. Ainda que haja diretrizes básicas para o tratamento do
transtorno, é importante não serem estabelecidos paradigmas terapêuticos,
como por exemplo, o uso excessivo de medicamentos, em detrimento de
terapias e adaptações educacionais. Afinal o TDAH atinge diversas esferas da
vida do paciente, exigindo assim, ações multidisciplinares.
36
3.2 – Necessidade de tratamento adequado.
De acordo com a patologia o tratamento pode ser realizado para cura
ou para controle da doença, visando a redução ou atenuação dos sintomas. No
TDAH os marcadores biológicos3 ainda não foram identificados ou plenamente
definidos, o que inviabiliza terapias que visem a convalescença do paciente.
Como o transtorno abrange aspectos neurobiológicos, emocionais,
comportamentais, cognitivo e motores, fazem-se necessárias ações
terapêuticas que visem esses fatores.
Pesquisas presumem alterações nos genes de dopamina, além de
disfunções nos sistemas noradrenérgico e serotoninérgicos. Sabe-se que estes
neurotransmissores participam da fisiologia dos circuitos neurais acometidos
pelo TDAH. Como citado anteriormente a neuroquímica reduzida nas sinapses
provoca as alterações oriundas do transtorno. A fim de equalizar as funções
neurotransmissoras recorre-se ao tratamento medicamentoso.
O uso do psicoestimulantes tem sido o recurso utilizado na terapia do
déficit de atenção, ainda que especialistas recomendem a utilização de
antidepressivos e demais fármacos específicos (Brasil, 2014). O cloridrato de
metilfenidato é o princípio ativo mais utilizado no tratamento do TDAH, nas
formas Ritalina, Ritalina LA e Concerta. Estes atuam nas sinapses
potencializando a ação dos neurotransmissores:
Seu mecanismo de ação não é inteiramente conhecido, mas se acredita que o fármaco inibe transportadores de dopamina e norepinefrina, aumentando a disponibilidade desses neurotransmissores na fenda sináptica e produzindo efeito excitatório no SNC (BRASIL, p.3, 2014).
A administração destes medicamentos varia de acordo com a
característica do paciente, daí a importância do diagnóstico completo. Cada
3 ... é “uma característica que objetiva seja medida e avaliada como um indicador de processos biológicos normais, de processos patogênicos ou de respostas farmacológicas a uma intervenção terapêutica.” [...] são usados para monitorar e prever estados da saúde nos indivíduos ou através das populações de modo que a intervenção terapêutica apropriada possa ser planeada. Anaya Mandal. Biomarker – o que é um biomarker, 2013.
37
modalidade deste medicamento tem posologia específica que está relacionada
com a ação do medicamento no organismo, ou seja, com a absorção do
princípio ativo (BRASIL, 2014).
A Ritalina está sob a forma de comprimidos sulcados de 10 mg, é
administrado por via oral. O cloridrato de metilfenidato é absorvido por
metabolismo de primeira passagem4, o percentual de absorção varia de 11 a
51% por dose, a média de disponibilidade sistêmica é de 30%. A posologia
varia com as características individuais do paciente. O principio ativo é
totalmente absorvido entre 1 e 2 horas após administração (NOVARTIS, s.d).
A Ritalina LA apresenta-se em cápsulas de liberação modificada
contendo de 10 a 40 mg, de administração por via oral, a posologia
recomendada pelo fabricante é 1 cápsula de 20 g, 1 vez ao dia, de manhã. A
Ritalina LA possui duração maior a da Ritalina A substância ativa é
rapidamente absorvida, a disponibilidade sistêmica:
produz perfil bimodal de concentração-tempo no plasma (ou seja, dois picos distintos separados por aproximadamente 4 horas). A biodisponibilidade relativa de Ritalina® LA administrada uma vez ao dia é comparável à mesma dose total de Ritalina® ou comprimidos de metilfenidato, administrados duas vezes ao dia em crianças e em adultos (NOVARTIS, p.5, s.d).
O concerta apresenta-se me comprimidos de liberação prolongada de
18, 36 e 54 mg, também administrados por via oral. Dos três medicamentos é
o que possui maior duração, o cloridrato de metilfenidato sofre absorção
rápida, entre 1 e 2 horas atinge nível plasmático, a concentração se eleva de
forma progressiva atingido o ápice entre 6 a 8 horas após a dose (JANSSEN,
s.d).
As pesquisas demonstram a eficácia do tratamento com cloridrato de
metilfenidato em relação aos efeitos esperados. No entanto, existem debates
acerca dos benefícios e malefícios do medicamento. Vale ressaltar que o me
4 O fígado é o principal órgão de metabolismo dos fármacos. Esse fator evidencia-se proeminentemente no fenômeno conhecido como efeito de primeira passagem. Com frequência, os fármacos administrados por via oral são absorvidos em sua forma inalterada pelo trato gastrintestinal (GI) e transportados diretamente até o fígado através da circulação porta (Fig. 4.1). Dessa maneira, o fígado tem a oportunidade de metabolizar os fármacos antes de alcançarem a circulação sistêmica e, portanto, antes de atingirem seus órgãos-alvo. Cullen Taniguchi e F. Peter Guengerich. Metabolismo dos fármacos, p.2. s.d.
38
dicamento é apontado por especialistas como “... adjuvante a intervenções
psicológicas, educacionais e sociais no tratamento de distúrbios de
hiperatividade” (BRASIL, p.3, 2014). O uso de medicamentos não é e nem
deve ser o único recurso no tratamento do déficit de atenção. Como dito
anteriormente, o tratamento multidisciplinar obterá melhores resultados.
A posologia pode ser dividida em quatro etapas classificadas em baixa,
média, alta e aumento progressivo da dosagem. Para a Ritalina e Ritalina LA
recomenda-se uma dosagem mínima de 10 mg/dia e máxima de 60 mg/dia.
Em relação ao Concerta a dosagem mínima é de 18 mg/dia e a máxima é de
54 mg/dia. Destaca-se que para definição da dosagem o médico deve
considerar a individualidade do paciente, a redução ou aumento dos sintomas,
da idade, dentre outros fatores (IDEM).
Concomitante ao tratamento medicamentoso o paciente deve ser
submetido à psicoterapia, que possui como objetivo o ajuste comportamental,
emocional e cognitivo. Ainda que o medicamento atenue os sintomas do
transtorno, há padrões comportamentais adquiridos pelo sujeito que precisam
ser modificados e sem o auxílio do psicoterapeuta não o serão. A
hiperatividade e impulsividade produzem no sujeito:
...dificuldade para permanecer sentadas, [...] como que prontas para se levantarem. [...] manifestam-se com impaciência, dificuldade para protelar respostas, responder precipitadamente, antes de as perguntas terem sido completadas, dificuldade de aguardar sua vez e interrupção frequente ou intrusão nos assuntos dos outros a ponto de causar dificuldades em contextos sociais, escolares ou profissionais (AMERICAN PSICHIATRY ASSOCIATION, p. 153, 1994).
Dentre as técnicas psicoterapêuticas que podem ser utilizadas em
pacientes com TDAH destaca-se a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC),
que busca fornecer ao sujeito instrumentos que lhe permitam superar as
dificuldades ocasionadas pelo transtorno. A terapia é:
... a junção da terapia cognitiva e da terapia comportamental. Segundo o modelo cognitivo-comportamental, a psicoterapia deverá atuar sobre os pensamentos deflagrados por uma dada situação estimulante, uma vez que tais pensamentos geram os sentimentos e os comportamentos que caracterizam a relação do indivíduo com o ambiente que o cerca (TAVARES, p.11, 2005).
39
A terapia possui técnicas que possibilitam tanto ação quanto a reflexão
do sujeito. A fim de que o paciente tenha melhor qualidade de vida e aprenda
habilidades necessárias ao seu bem estar faz-se necessária a utilização de
técnicas específicas. Além disso, a terapia considera aspectos fundamentais
presentes no cotidiano do sujeito:
Conforme já mencionado, GREENBERGER & PADESKY (1999), colocam que o terapeuta cognitivo deve fazer perguntas a respeito dos cinco aspectos da vida do paciente que se encontram interligados: pensamentos, estados de humor, comportamentos, reações físicas e ambiente. Pequenas mudanças em qualquer área podem acarretar mudanças nas demais (Ibid. p.14).
Dentre as técnicas utilizadas na terapia cognitiva comportamental
encontram-se: Técnicas cognitivas, tarefas de casa, Registro Diário dos
Pensamentos Disfuncionais (RDPD), testes comportamentais, planejamento de
atividades diárias, prescrição de tarefas graduadas, treinamento em atividades
sociais (THS), ensaio comportamental, feedback e reforçamento, dentre outras
(Tavares, 2005).
O psicoterapeuta, assim como o médico, escolhera as técnicas mais
adequadas ao tratamento do paciente, de acordo com a individualidade, com a
anamnese e com o diagnóstico. O tratamento pode ser reavaliado e
reestruturado de acordo com os resultados alcançados (Idem). Tanto o
tratamento medicamentoso quanto o psicoterápico necessitam de continuidade
a fim de alcançar os objetivos pretendidos. A concomitância dos tratamentos
corroboram mutuamente seus efeitos, possibilitando ao paciente evolução em
seu quadro clínico.
3.3 – Necessidade de ações educacionais adequadas.
Em geral os alunos com TDAH apresentam dificuldades significativas
no rendimento escolar. Se os sintomas são observados quando a criança
ainda está nos primeiros anos de escolarização e a equipe pedagógica inicia o
40
acompanhamento do aluno, ações educacionais voltadas às necessidades do
educando podem ser planejadas.
As interferências que o transtorno provoca na memória operacional,
nas funções executivas e na modulação da memória depreciam a cognição.
Estudos demonstram que ações dirigidas potencializam o aprendizado dos
alunos e eleva os níveis de rendimento (LIDDLE. et.al. 2010).
Acredita-se que todas as ações educacionais destinadas a atender as
necessidades dos alunos com TDAH, estejam inseridas no contexto da
aprendizagem significativa. Sabe-se que a emoção é um dos moduladores da
memória, se o aprendizado integra-se às práticas sociais dos alunos e
proporciona experiências satisfatórias, os resultados do transtorno podem ser
reduzidos.
Os documentos que norteiam a prática pedagógica da Educação
Infantil e do Ciclo de Alfabetização convergem para o conceito da
aprendizagem significativa. O Referencial Curricular Nacional da Educação
Infantil sugere que o trabalho pedagógico com as crianças, esteja inserido na
perspectiva do brincar. Que os conteúdos sejam instrumentos para o
desenvolvimento de habilidades fundamentais para o desenvolvimento do
aluno e sequencia no processo de escolarização (BRASIL, 1998).
O ciclo de alfabetização norteia o trabalho pedagógico contextualizado
à prática social do aluno. Percebem-se nos eixos norteadores princípios do
pensamento de Vigotsky e Ausubel, que grosso modo, propõem a interação
entre os sujeitos e o aprendizado inserido no contexto cotidiano do aluno,
respectivamente (BRASIL, 2012). Estes pressupostos são estabelecidos para
a educação de todos os educandos, mas tornam-se extremamente
necessárias na escolarização de alunos com déficit de atenção.
A fim de potencializar a consolidação do conhecimento, cujas
informações são retidas na memória curto e longo prazo, é necessário, como
dito anteriormente, a continuidade no processo. Proporcionar ao educando
situações nas quais, o conteúdo possa ser repetido no contexto significativo,
41
apresenta-se como estratégia facilitadora da aprendizagem do aluno com
TDAH, pois:
Recentemente, um experimento com seres humanos fez uso de um anestésico inalado que atua especificamente sobre a amígdala: o resultado foi a abolição da memória vinculada a influências emocionais. As conclusões que se podem tirar desses experimentos são de que a amígdala recebe informações de natureza emocional [...] e as conecta com informações mnemônicas em processo de consolidação [...], fortalecendo ou enfraquecendo a emoção (LENT, p.671, 2010).
Uma das estratégias educacionais que atende a esses conceitos é o
reforço escolar, a ser realizado por meio de exercícios que possibilitem a
reflexão do aluno sobre os conteúdos já ministrados e que favoreçam a
construção dos traços de memória. Será desejável que os recursos
educacionais utilizados no reforço sejam concretos, por exemplo, jogos
educativos, músicas, filmes, desenhos, entre outros que integre o conteúdo ao
cotidiano do aluno (BRASIL, 2012).
No entanto, a desatenção é um dos fatores que deprecia a modulação
da memória e interfere no rendimento escolar do aluno. Ao elencar estratégias
para potencializar a cognição do educando, o educador deverá considerar
estratégias que favoreçam a atenção. Pesquisas têm demonstrado que a
administração de metilfenidato, associada a estímulos associados à motivação
elevam o rendimento do sujeito em testes de controle inibitório.
Por meio de exames de imagem os pesquisadores verificam o
desempenho de sujeitos com TDAH com indivíduos referência sem o
transtorno. O grupo com o déficit é dividido e metade recebe apenas doses de
metilfenidato, enquanto outro grupo além das doses de medicação são
submetidos a estímulos motivacionais (LIDDLE. et.al. 2010).
O metilfenidato está relacionado com o aumento de dopamina e
noradrenalina nas sinapses. Porém, sabe-se que apenas uso do medicamento
não é recomendado pelos especialistas no tratamento do transtorno. O
transitório efeito do fármaco, diante da demanda do SNC para o equilíbrio
fisiológico dos circuitos neurais envolvidos com a atenção, memória de
42
trabalho, memória emocional, DMN, e de estruturas correlatas sustentam a
necessidade de ações que potencializam a funcionalidade destas regiões
(Idem).
Os resultados dos estudos demonstram que o desempenho dos alunos
submetidos a essa técnica, em tarefas que exigem atenção sustentada tem
aumento significativo. A desativação reduzida da DMN apresenta níveis de
normalidade que se assemelham a de sujeito sem o transtorno:
In children with ADHD, attenuated DMN deactivation during an inhibitory control task can be normalised either by task-related motivational incentives or by methylphenidate (an indirect dopamine agonist), rendering their pattern of task-related DMN deactivation indistinguishable from that of typically developing children5 (LIDDLE. et.al. p.21, 2010)
Acredita-se que estas não são as únicas estratégias no âmbito
educacional que atendam as necessidades de alunos com TDAH. A brevidade
do trabalho fez com que merecessem destaque, pois, podem servir de
fundamento para as demais. Vale ressaltar que a equipe pedagógica deve
acompanhar a evolução do aluno, por meio de diversos instrumentos num
processo contínuo de avaliação.
Portanto, a fim de atender as necessidades de alunos com TDAH três
eixos norteadores podem ser elencados neste trabalho: O diagnóstico
multidisciplinar, seguido de ações multidisciplinares realizadas por
especialistas da área de saúde, entre eles, o médico e o psicólogo e ações
educacionais no âmbito da escola. Estas ações realizadas de forma integrada
proporcionarão melhor qualidade de vida ao sujeito, pois, atendem as lacunas
provocadas pelo transtorno nas diversas esferas que constituem a vivência do
indivíduo com TDAH.
5 Em crianças com TDAH, atenuada desativação DMN durante uma tarefa de controle inibitório pode ser normalizada por incentivos motivacionais relacionadas com a tarefa e por metilfenidato (um agonista da dopamina indireta), tornando seu padrão de relacionado com a tarefa DMN desativação indistinguível da de crianças com desenvolvimento típico (LIDDLE et.al p.21, 2010).
43
CONCLUSÃO
As pesquisas para determinar os marcadores biológicos do TDAH
avançam, apesar de atualmente não haver perspectiva de cura, o
conhecimento sobre o déficit de atenção solidifica-se. A relação da patologia
com as alterações fisiológicas e funcionais no córtex pré-frontal, hipocampo,
amígdala, DMN, tronco encefálico e estruturas correlatas, convergem com
disfunções, sobretudo, nos sistemas dopaminérgico e noradrenérgico.
A desatenção tem intrínseca relação com a depreciação da memória
de trabalho. Esta anomalia provoca dificuldades na cognição e aprendizado,
que depende das funções executivas no processamento, seleção e retenção
das informações nas memórias de curto e longo prazo. A hipoativação do
córtex pré-frontal ocasionada pelo transtorno potencializa estas disfunções.
A reduzida desativação da Rede Modo Padrão (DMN) também
influenciada pelas disfunções fisiológicas monoaminérgicas, contribui com a
desatenção. A conectividade cerebral estabelece circuitos neurais que
integram, inclusive a memória, a emoção e o aprendizado. A influência da
DMN nas tarefas que requerem atenção direcionada, contribuem com o baixo
rendimento dos alunos com TDAH.
O transtorno afeta o aprendizado e a memória por meio da memória
emocional, que além do córtex pré-frontal, possui relação com a amígdala e
hipocampo. A hiperatividade e a impulsividade e os sintomas a elas atribuídos
atuam, sobretudo, como moduladores da memória, depreciando sua ação.
Produz ainda, atuação sobre a memória operacional, pois, o estresse gerado
pelas emoções negativas não favorece a retenção das informações.
Conclui-se que há alterações fisiológicas significativas no encéfalo
quando acometido de TDAH. O córtex pré-frontal, amígdala, DMN, tronco
encefálico, gânglios da base, entre outras são afetadas pelo transtorno. As
redes e circuitos neurais relacionados a atenção e memória, a conexão entre
as regiões encefálicas possibilitam a integração anatomia, fisiológica e
funcional.
44
Portanto, ainda que não seja possível a cura do transtorno, por meio
de ações médicas, terapêuticas e educacionais direcionadas para o equilíbrio
fisiológico, sobretudo, dos sistemas de dopamina e noradrenalina, em geral,
com o uso de metilfenidato. O ajuste comportamental com auxílio terapêutico
adequado, e ainda, ações educacionais no contexto da aprendizagem
significativa, reforço positivo e ambiente escolar motivacional podem
proporcionar à criança melhores condições de aprendizado e convívio social.
45
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20 - TANIGUCHI, Cullen; GUENGERICH, Peter F. Metabolismo dos fármacos. Disponível em: http://www.ufpi.br/subsiteFiles/lapnex/arquivos/ files/Metabolismo%20 dos%20 farmacos.pdf. Acessado em: 08/07/2014. 21 - TAVARES, Lorine. Abordagem cognitivo - comportamental no Atendimento de pacientes com história de Depressão e déficit em habilidades sociais. 2005. 236p. Relatório de estágio na área de Psicologia Clínica – UFCS – SC, 2005. 22 - YUDOFSKY, Stuart C. HALES, Robert E. Fundamentos de
Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento. 2. ed. Porto Alegre: Artmed,
2010.
50
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
(A FISIOLOGIA DO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL NO TDAH E
SUA RELAÇÃO COM A MEMÓRIA E O APRENDIZADO) 10
1.1 - O córtex pré-frontal e sua relação com o aprendizado
e a memória 10
1.2 – O TDAH e sua relação com o aprendizado e a
Memória 14
CAPÍTULO II
(A FISIOLOGIA DO CÓRTEX TEMPORAL, DO HIPOCAMPO
E SUA RELAÇÃO COM A CONSOLIDAÇÃO DA MEMÓRIA) 21
2.1 - A relação entre memória e córtex pré-frontal 21
2.2 - A relação entre memória, córtex temporal e hipocampo 25
CAPÍTULO III
(AÇÕES QUE SE ADEQUAL ÀS NECESSIDADES DE
ALUNOS COM TDAH) 31
3.1 - Necessidade de diagnóstico adequado 31
3.2 - Necessidade de tratamento adequado 36
3.3 – Necessidade de ações educacionais adequadas 39
51
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
BIBLIOGRAFIA CITADA 47
ÍNDICE 50