documento protegido pela lei de direito autoral · pelo qual o auditor venha a se certificar da...

48
1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A FUNÇÃO DA AUDITORIA NO COMBATE A FRAUDE Por Isaac Angelo Abreu ORIENTADOR: Prof.ª Luciana Madeira Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Upload: doantruc

Post on 09-Feb-2019

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A FUNÇÃO DA AUDITORIA NO COMBATE A FRAUDE

Por Isaac Angelo Abreu

ORIENTADOR: Prof.ª Luciana Madeira

Rio de Janeiro 2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

Page 2: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em MBA em Auditoria e Controladoria. Por: Isaac Angelo Abreu

A FUNÇÃO DA AUDITORIA NO COMBATE A FRAUDE

Rio de Janeiro 2016

Page 3: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas envolvidas no ato de aprender a aprender. “Educar não é propiciar uma carreira para a pessoa viver: é temperar a alma da pessoa para as vicissitudes da vida.” Pitágoras

Page 4: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

4

DEDICATÓRIA

A realização deste trabalho é dedicada à família que Deus tanto me abençoou, que em momentos de lazer e das grandes risadas souberam compreender a minha ausência.

Page 5: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

5

RESUMO

A sociedade empresarial estruturada numa perspectiva econômica

de mercado exige a função de auditoria sob circunstâncias cada vez mais

medianeira na análise de determinados acontecimentos, como em ocasiões da

factibilidade da empresa na denúncia de fraudes e atos legais, na avaliação da

eficiência, eficácia e economia das instituições. A auditoria na sua essência

tem que ser proeminente e clara, para que possa responder de forma

adequada às expectativas dos seus usuários. A auditoria tem um valor

fundamental para o sucesso de diligências como estas podendo contribuir

muito para a restituição deste quadro. Não somente constatando as fraudes,

mas, principalmente evitando as condições necessárias para a rotina destes

atos, a principal função do auditor é exatamente a de criar controles internos

para que estes delitos não possam ser cometidos, e não apenas identificar

fatos já consumados. Esta obra traz uma aproximação teórica de Auditoria,

abordando, a auditoria no combate a fraudes.

Principais Palavras: Fraude, Auditoria, Auditor.

Page 6: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

6

METODOLOGIA

Este trabalho trata-se de estudo bibliográfico sobre o tema baseado

em materiais dos últimos 20 anos e principais autores pesquisados foram

ATTIE, FLORENTINO A.M., CASSARRO e CATTELI. Foram realizadas

pesquisas através de leis, livros, internet, especialistas da esfera de fraudes e

pesquisas bibliográficas com resultados e relatórios em demonstrações

elucidadas, principalmente a reputação do auditor interno nas instituições

diante a detecção de fraudes com a prevenção das mesmas.

Page 7: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - AUDITORIA 11

1.1 AUDITORIA INTERNA 14

1.1.1 O porquê da existência da auditoria interna 15

1.1.2 A Concepção do Controle Interno e a Transformação da

Administração Praticável Operacional da Gestão Operacional 16

1.1.3 A relevância do controle interno 18 1.1.4 Estrutura de uma auditoria interna 20

CAPÍTULO II – AUDITOR EXTERNO 22

2.1 Auditorias em Gestão 25

2.2 Objetivos da Auditoria de Gestão e sua caracterização 26

CAPÍTULO III – FRAUDE FISCAL 31

3.1 AUDITORES PERANTE A DETECÇÃO DAS FRAUDES 36

3.2 FRAUDES NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 37

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA 45

ÍNDICE 48

Page 8: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

8

Page 9: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

9

INTRODUÇÃO

O tema da presente monografia é “A FUNÇÃO DA AUDITORIA NO

COMBATE A FRAUDE”. Justifica-se a importância e da expectativa que grande

parte das pessoas tem em relação à detecção de fraudes por parte do auditor.

Acredita-se ser fundamental valorizar o saber a partir de novos

desafios, pois a auto-realização e o aperfeiçoamento para mais um assunto em

destaque nos leva a mais uma aprendizagem.

O Objetivo Geral neste estudo foi levantar questões sobre auditoria

interna e externa, contribuindo para um maior entendimento e esclarecimento

sobre o assunto abordado.

Esta pesquisa reúne diversos conhecimentos sobre os conceitos de

auditoria e suas diversas modalidades. A metodologia da pesquisa bibliográfica

foi a optada, pois se fundamenta o estudo e obtêm-se melhor entendimento

dos capítulos abordados.

No primeiro capítulo deste trabalho monográfico, conceituei

Auditoria, em subitens como auditoria interna, mostrando sua estrutura,

conceitos e importância do controle interno e suas diferenças.

No segundo capítulo, foi abordada a auditoria externa pontuando os

objetivos da auditoria de gestão, juntamente com o conceito de auditoria de

gestão e suas características.

No terceiro e último capítulo, destacou-se “O auditor diante das

fraudes”, onde justificou-se o estudo monográfico. Na verdade, a intenção

evidente foi em mostrar como ocorrem as fraudes nas empresas e como são

solucionadas e averiguadas. Descrevi aspectos pertinentes às fraudes, porque

uns auditores capacitados, ao se deparar com sinais que o alertem para

eventuais erros ou fraudes, disponibilizarão todos os esforços essenciais para

a averiguação do assunto e, ao atestar erros relevantes ou fraude, emitir

relatório e informar à administração da entidade, inclusive sugerindo correções.

Page 10: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

10

E por final, esclarecer que a auditoria, ainda não é bem atinada pela

maior parte dos seus usuários, eventualmente pela pouca divulgação ou até

mesmo porque suas demandas vão além das metas do trabalho do auditor, e

raia a repercussão acerca do papel da auditoria e sua responsabilidade social,

principalmente diante do cenário econômico e social no qual passa a

humanidade.

Page 11: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

11

CAPÍTULO I

AUDITORIA

De acordo com Attie (1998) auditoria tem como propósito o processo

pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das demonstrações

financeiras aprontadas pela companhia a ser auditada. Em sua averiguação, o

auditor, utiliza os métodos e procedimentos que lhe revelam provas que os

certifique a elegibilidade dos valores demonstrados nas demonstrações

financeiras e, em contrapartida, cerca-se das diretrizes que lhe permitem

assegurar a ausência de valores ou episódios não frequentes das

apresentações financeiras que sejam fundamentais para um bom

entendimento. A demonstração financeira, precisa ser preparada de forma que

transpareça nitidez, contudo a real situação da empresa em medidas de suas

obrigações, direitos e resultados das operações realizadas no período

examinado, incluindo-se nesta composição os critérios e procedimentos

contábeis adotadas em sua criação e segundo os princípios de contabilidade,

de maneira que favoreça a interpretação de fácil compreensão. Os

mecanismos aplicados na averiguação das apresentações financeiras são

aqueles que, a circunspecção do auditor, o permite concluir quando o

discernimento das operações nas apresentações financeiras. Os

procedimentos investidos em uma auditoria e a dimensão de sua aplicação são

determinados pela avaliação do auditor que deve estimar a natureza e os

problemas da empresa observando a qualidade e eficácia dos seus

procedimentos contábeis e seus controles internos.

Os métodos de auditoria são selecionados e executados de acordo

com as regras de auditoria que constituem que o exame de auditoria seja

executado com o devido cuidado profissional por indivíduos com eficácia

técnica, perícia e idôneo que a apuração de auditoria seja planejada e

supervisionada acertadamente, incluindo-se a avaliações dos controles

internos, ilativos quanto aos rudimentos procedentes suficientes e adequados

que permitem a caracterização do parecer do auditor referente às

Page 12: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

12

demonstrações financeiras que estão sendo averiguadas. A optação e o

prolongamento dos métodos de auditoria exigem o exercício da análise pessoal

e profissional do auditor, que levara em consideração todos os pontos

relevantes quanto à tomada de decisões que diversificam segundo a

complexidade dos problemas que mereçam importância por parte do auditor

naquela empresa em averiguação. Todos os procedimentos e extensões

direcionados em um trabalho abrangem todos aqueles necessários à

composição de sua opinião a respeito da adequação das demonstrações

financeiras e que sejam específicos à obtenção de tal objetivo com a plena

eficiência.

“A auditoria compreende-se na análise de documentos, livros,

registros, inspeções e obtenções de informações e validações internas e

externas, elencadas com o controle do patrimônio, objetivando mensurar a

genuidade desses e das demonstrações contábeis deles decorrentes.”

(FRANCO; MARRA, 2001, p.26)

O propósito da aplicação do conceito de relevância e a corroboração

sobre o grau de risco servem para potencializar e capacitar a melhora da

qualidade do trabalho, conduzindo a concentração do auditor para as

perspectivas mais relevantes e vitaliza da empresa em exame. A aplicabilidade

da auditoria deve ser conduzida em peculiaridade de entendimento onde a

atividade executada tenha e mereça toda a confiança possível, não sendo

admissível existir qualquer tipo de dubiedade quanto à honestidade e aos

princípios morais do auditor. A pessoa do auditor deve ser de uma figura com

profundo equilíbrio e equidade, devido a sua opinião ter influência direta a

outras pessoas, especialmente em relação a interesses financeiros e

comerciais que por ventura chegue aos acionistas, proprietários, clientes e

fornecedores dentre outros, seja capaz ter. O exercício da profissão exige

assim a submissão aos conceitos éticos profissionais que essencialmente se

apoiam em:

• Integridade,

• Eficiência,

Page 13: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

13

• Confidencialidade e,

• Independência.

É de primordial importância para o trabalho de auditoria, a aquisição

dos elementos de prova e exercício de seu julgamento. O cumprimento de seus

atos, para o desempenho de sua função, equivale a um elemento limitante e,

portanto, impeditivo de executar o que de fato se faz necessário. Contudo,

pode ocorrer de não conseguir reunir as melhores e mais eficientes provas

cabais que, em sua concepção seriam vitais para a projeção de sua opinião. O

auditor deve ser impreterivelmente independente e imparcial na interpretação

em tudo que lhe for apresentado, certificando a cada elemento um

pronunciamento conclusivo. É determinado de veto do exercício da auditoria

independente, de acordo com as Normas Profissionais de Auditoria

Independente – NBC P 1, o auditor que no período a que se alude à auditoria

ou durante a realização dos serviços, em relação à entidade auditada, suas

associações, controladas, ou integrantes do mesmo grupo econômico. Com a

ampliação das sociedades comerciais e industriais do Brasil, fruto do

desenvolvimento econômico observou-se o aumento das sociedades de capital

aberto e daquelas que negociam suas respectivas ações em bolsas de valores.

Mediante a tudo isso, criou-se a necessidade da auditoria contábil. A auditoria

contábil é um sistema ininterrupto de atividades especializadas exercidas em

uma organização, compreendendo o conhecimento das leis, normas ou

culturas que regem as atividades da organização, bem como a apreciação dos

controles internos mantidos pela mesma, além de averiguar os registros

contábeis dos documentos de suas operações, examinando os bens ou valores

da organização e atestando os débitos e créditos de terceiros que

transacionam com ela, com o intuito de apurar. Como a auditoria envolve uma

perspectiva global de todas as transações da empresa, pois o parecer do

auditor refere-se ao balanço da empresa que, obviamente, dispõe dos

resultados de todas as suas operações, a função do auditor deverá abranger

todos os setores e todos os grupamentos de contas, mesmo porque os erros

ou fraudes cometidas em um setor ou em uma conta transpareçam

automaticamente em outros setores e em consequência nas outras contas.

Page 14: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

14

Contudo os auditores não são contratados para descobrir fraudes, e que, pelo

fato de a empresa manter auditores, isto não significa que daí por diante as

fraudes serão evitadas. A compulsão do auditor é saber se em todos os setores

da empresa é mantidos controles adequados, e se todas as operações desta

foram contabilizadas, obedecendo às normas técnicas de contabilidade para

que a partir de aí concluir sobre a correção da equidade dos demonstrativos

contábeis apresentados pela empresa. Isto, porém não impede que o auditor

fique também atento a acontecimentos de erros ou de fraudes, e se os

encontrar, e se forem substanciais, procure, então, organizar planos especiais

para examinar sua extensão, seu montante, e sua repercussão nos

demonstrativos contábeis finais da empresa.

A auditoria tem maior interesse em localizar desvios de montadora,

principalmente nas áreas de pagamentos, produção, estoques, cobrança,

títulos ao portador e ocupações de rendimentos, numerário e movimentação

bancária. Quando estes desvios ocorrem, são em seguida trabalhados

fraudulentamente na escrituração contábil com o intuito de escamoteá-los de

quaisquer verificações posteriores. O defraudador, sozinho ou mancomunado

com alguns colegas da empresa, poderá cometer o desvio e não demandar

nenhuma interferência na contabilização, ou falsificar somas, transportes ou

saldos em livros de escrituração. Também poderá cometer o desvio,

contabilizá-lo fraudulentamente ou utilizando-se de documentação falsificada.

Embora a preocupação máxima do auditor não seja a de encontrar fraudes,

como foi dito anteriormente, e sim a de avaliar a eficiência dos controles

internos contra erros e fraudes, é preciso demonstrar também alguns desses

desvios contábeis que são produzidos por computadores, a saber: os

beneficiários de ordens permanentes, periódicas continuarem a receber suas

prestações, mesmo depois de expirados os prazos desses pagamentos; ao

instalar um novo serviço no computador omitirem-se alguns dados, o que torna

os resultados incompletos e enganosos; registros que são introduzidos

duplamente, resultando duplo faturamento ou lançamentos em duplicidade; os

registros de alguns dias que não são adicionados no processamento, tornando

os dados incompletos e invalidados; os centavos de juros creditados a

Page 15: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

15

depositantes são desviados (em um processo de “arredondamento”) para o

crédito da conta de um funcionário. De modo geral, erros de cálculos, de

saldos, de transferências de valores etc., ocorrem frequentemente. Dessa

maneira, se torna primordial implantar controles de segurança e controles

operacionais interfases. Aproximadamente 50% das empresas brasileiras já

tiveram problemas com fraudes ou erros de administração da área trabalhista.

Em decorrência disso, 80% delas acumularam dificuldades com o aumento

excessivo dos encargos sociais. E de todas as companhias que reconheceram

ter enfrentado fraudes ou erros em relações de trabalho, 44% foram autuadas e

multadas pelos agentes de fiscalização do Governo Federal. É importante

ressaltar que, os erros cometidos na área trabalhista, como fraudes na folha de

pagamento, admissões fantasmas e saques indevidos, atingem metade das

empresas. Pesquisas mostram que a maioria das empresas brasileiras mantém

assessoria especializada para acompanhamento de ações trabalhistas em

andamento.

1.1. Auditoria Interna

Outro apetrecho eficiente no controle administrativo é a auditoria

interna, ou, como vem sendo chamada, auditoria operacional. A auditoria

interna, na sua essência mais ampla, é a avaliação frequente e independente

feita por uma equipe de auditores internos da contabilidade, das finanças e de

outras operações de uma empresa. Embora mais habitualmente restrita à

auditoria de contas, o aspecto mais útil da auditoria interna envolve a avaliação

das operações em geral, ao avaliar os resultados reais à clareza dos resultados

planejados. Dessa maneira, os auditores internos além de se assegurarem que

as contas reflitam adequadamente os fatos, poderiam contemplar também as

diretrizes, procedimentos, uso de autoridade, qualidade administrativa, eficácia

dos métodos e outras fases das operações. Não existe nenhum motivo claro

para não se ampliar na prática o conceito de auditoria interna. Eventualmente

os únicos fatores limitantes sejam a capacidades da empresa em arcar com os

gastos de uma auditoria muito ampla, a adversidade de se conseguir pessoas

Page 16: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

16

capazes de realizar uma auditoria mais ampla e a consideração bem prática de

que ninguém gosta de ser espiado. Embora as pessoas responsáveis pelas

contas e pela cautela dos ativos da companhia tenham aprendido a aceitar a

auditoria, aqueles responsáveis por coisas muito mais valiosas a execução dos

planos, diretrizes e procedimentos da empresa não aceitaram tão facilmente

essa ideia. Quando a forma vasta de auditoria interna é empregada

construtivamente, e quando os auditores atuam como um grupo de consultores

administrativos internos que procura auxiliar os gerentes de operações, ela é

consideravelmente muito mais bem aceita.

Numa grande companhia, onde a auditoria é enfatizada como sendo

uma maneira de se conseguir uma visão "de fora" do consultor e não como

uma forma de "bisbilhotice", e onde os auditores estão bem familiarizados com

os princípios administrativos e com as diretrizes e projetos da empresa, os

administradores de linha recebem de bom grado os auditores e recorrem a eles

para aperfeiçoar suas operações.

1.1.1. O porquê da existência da auditoria interna

A auditoria interna é responsável pela avaliação do controle interno

em harmonia com as atividades desenvolvidas pela empresa. A avaliação da

eficiência e eficácia destas atividades torna a auditoria interna corresponsável

também pelo seu resultado. Uma das tarefas mais importantes é fornecer

informações que subsidiem os gestores no cumprimento cada vez melhor das

suas funções, desenvolvendo atividades de assessoramento, propondo

mudanças organizacionais, mas não dispõe de responsabilidade ou autoridade

para determiná-las. O auditor interno fornece subsídios para que o gestor

decida a melhor alternativa para realização das mudanças a serem tomadas, a

fim de garantir a segurança das operações. O valor da auditoria interna está

exatamente ligado a auxiliar a entidade a se adaptar as mudanças e contribuir

para o sucesso empresarial. Uma das metas a serem observadas é levar a

ciência da alta administração à cópia fiel da performance das atividades da

empresa, seus problemas apontando pontos críticos e a necessidade de

deliberações, sugerindo soluções. Pois expõe sugestões para a melhoria dos

Page 17: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

17

controles estabelecidos, recomenda redução de custos, eliminando

desperdícios, melhoria da qualidade e aumento da produtividade. Assegurando

também que os controles e as rotinas estejam sendo acertadamente

executados, que as informações contábeis requer confiança e refletem a

realidade da organização e que as instruções traçadas estão sendo

observadas. Dessa maneira, a auditoria interna reafirma sua importância em

assistir os gestores através de informações que facilitam uma visão do que

realmente se passa na empresa e de recomendação desejando corrigir

eventuais erros redirecionando a ação para fornecer aos gestores segurança

na tomada de decisão.

1.1.2 A Concepção do Controle Interno e a Transformação da

Administração Praticável Operacional

A concepção do controle interno é uma ferramenta imprescindível

para o controle de resultados sendo que busca garantir a integridade dos ativos

patrimoniais garantindo que os planos desenvolvidos pela administração

possam ser alcançados na sua plenitude. Conceitualmente, os controles para

serem eficazes em sua missão, são necessários que sejam profundamente

dependentes da cultura organizacional da empresa. Essa cultura

organizacional tem sua gênese no sistema institucional e, em função da

missão, crenças e valores, será definido o modelo da gestão que estabelece a

forma como a empresa será administrada pelo grau de autonomia dos

gestores, pela característica de suas atividades e pelo sistema de avaliação de

desempenhos. Nesse prisma, os controles internos são práticas operacionais

usadas para ajudar a administração a garantir a meta de seus objetivos. Os

controles internos possibilitam que os departamentos de uma organização

atuem dentro das normas legais e de acordo com o planejamento estratégico

da entidade, e são ferramentas gerenciais utilizadas pelos gestores e servirão

como ferramentas de informações para as tomadas de decisões. Dessa forma,

entende-se por controle interno todos os parâmetros e rotinas, de natureza

administrativa ou contábil, predestinados a fazer com que na empresa os

colaboradores respeitem as políticas traçadas pela administração, que os

ativos tenham em sua plenitude protegida, e as operações sejam

Page 18: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

18

adequadamente registradas, em sua totalidade, nos registros contábeis e

genuinamente retratadas pelas demonstrações financeiras.

É importante ressaltar nos elementos que integram essa definição,

ao considerar não só as rotinas que fazem parte do sistema formulado

especificamente para controlar os ativos e as operações, mas também o que

se pode fazer em medidas de incorporar outros processos e rotinas ao

esquema de controles mútuos, ou seja, à teia de procedimentos que se

controlam a si mesmo. O que é preciso entender a respeito do controle interno

é que ele não é necessariamente um complexo sistema de rotinas e

procedimentos burocráticos e que nem é preciso, para ele funcionar a contento,

que seja implementado exatamente como se encontra nos livros.

A destreza e a sensibilidade do gestor estão exatamente na

capacidade de implantar sistemas de controle que apresentem uma relação

custo-benefício favoráveis para cada modelo de gestão empresarial. Isso

significa que o sistema deve considerar; a proteção dos ativos mais relevantes,

e uma despesa de controle proporcional aos riscos envolvidos; a aceitação do

pessoal às políticas centrais e uma atitude de divulgação dessas políticas que

se torne natural para os colaboradores; controles alternativos para serem

implementados onde e quando os sistemas teoricamente recomendados não

se adaptam à realidade da empresa; e opção pelo mais simples, de modo que

garanta a facilidade de compreensão e propagação das normas e rotinas e o

custo mínimo de operação. Um dos elementos essenciais para o

desenvolvimento de um controle interno é de existir uma evolução constante na

cultura das diretrizes operacionais da empresa. Pois, o controle consiste na

revisão continuada dos processos, na verificação dos planos e metas, bem

como das políticas e dos padrões estabelecidos pelo modelo da gestão e deve

ser compreendida como qualquer ação tomada para o alcance dos objetivos.

Em relação ao Cassarro (1997 p. 155), o objetivo principal do controle interno

para as empresas é salvaguardar o seu patrimônio, garantindo e melhorando a

eficiência operacional, com a finalidade de assegurar a precisão e a

confiabilidade dos registros e informações contábeis financeiras. Segundo

Cattelli (2001 p.170), para entender o real significado de controle interno é

Page 19: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

19

necessário que seja feita a distinção entre planejamento e controle, o que

permitirá examinar o processo de gestão como um ciclo de atividades, em que

é controlado o que se executou de acordo com determinado plano,

comparando também o desempenho real com o que foi planejado para

identificar se o mesmo deve ser modificado de acordo com determinado plano.

Attie (1986 p.199) faz a seguinte alegação, o controle interno concebe todos os

meios planejados numa empresa para dirigir, delimitar, governar e conferir suas

diversas atividades com o intuito de fazer desempenhar seus objetivos. Desta

forma, para que a empresa conquiste seus objetivos, torna-se necessário que

todos os colaboradores internos tenham conhecimento sob as políticas e

diretrizes dos processos operacionais, bem como da política organizacional e a

missão da empresa junto ao ambiente em que explora suas atividades.

O controle interno nas instituições tem por meta cuidar para que os

resultados daquilo que foi planejado sejam obtidos de maneira eficiente e de

acordo com as normas e procedimentos da empresa.

Nessa função, cumpre observar os seguintes procedimentos:

• Identificação dos problemas, falhas e erros que possam intervir nos

resultados apresentados e sugerir mudanças de formar a evitar reincidência;

•. Fazer com que a instituição trabalhe de forma adequada a produzir

informações gerenciais periódicas, tempestivas e confiáveis, para que seja

rápida a intervenção no desempenho do processo. Cumprindo essas

finalidades o controle interno pode ser utilizado como instrumento gerencial

para:

_ Endireitar ou fortificar o desempenho apresentado;

_ Instruir sobre a necessidade de modificações nas funções

administrativas, de planejamento e organização;

_ Resguardar os ativos da empresa contra furtos, roubos, fraudes e

desperdícios, etc.;

_ Prevenir para que os esquemas, projetos e planos de ação em

desenvolvimento estejam em conformidade ao planejamento esperado.

Page 20: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

20

1.1.3 A relevância do Controle interno

O sistema de controle interno nas instituições é de primordial

importância para a gestão destas instituições, tendo em vista que suas diversas

atribuições demonstram não apenas sua relevância de responsabilidades

globais como também a responsabilidade em prevenir, equacionar,

fundamentar e exercer um controle interno apropriado sobre os atos praticados

pela administração, e não se limita em privar as práticas fraudulentas. As

execuções do controle interno dentro das instituições se utilizam de um

conjunto de instrumentos que viabilizam a execução de suas metas,

destacando-se a missão, visão, política e supervisão dos colaboradores que

estão subordinados aos controles, com a vantagem de possibilitar ações que

assegurem corrigir eventuais rotinas, proporcionando novos rumos aos

controles, evitando assim as repetições ou a continuidade de perdas

indesejáveis. O monitoramento garante que o controle interno esteja em plena

efetivação, esse monitoramento é papel do auditor interno que possa

transcorrer com os estudos de avaliação do sistema contábil e do controle

interno, é necessário que ele tenha a oportunidade da aplicação dos

procedimentos de auditoria, que servirão como suporte de realização dos

estudos e avaliações. Os controles internos são de natureza preventiva ou

corretiva, os controles preventivos são os projetados para prevenir contra erros

e fraudes e os controles corretivos são os projetados para apontar falhas e

fraudes depois de cometidos consentindo o amparo de ações corretivas. No

entanto, o controle interno dispõe que os dados produzidos através de

relatórios contábeis e as informações passadas aos administradores da

instituição requerem confiança, proporcionando segurança quanto à tomada de

decisões. O controle interno é de grande relevância para o alcance das metas

e objetivos traçados pela empresa, este prestígio se torna aparente quando fica

impossível conceber uma instituição que não se utilize de controles que

assegurem a continuidade do fluxo das operações e informações elaboradas.

Desta forma, quanto mais ampla e sistemática for as metas do controle interno,

mais rápida será possível identificar falha no sistema e fazer implementações

Page 21: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

21

corretivas evitando possíveis riscos sobre o controle administrativo, onde são

essenciais para o amadurecimento da eficácia operacional e das decisões

políticas traçadas pela administração. Contudo torna-se indispensável, uma

adequação do sistema de controle interno que previna que funcionários

possam cair em tentação dado a possíveis problemas pessoais ou excesso de

confiança depositado ao cargo, limitando a prática de atos ilícitos causados por

erros intencionais ou não, coibindo assim as probabilidades de distorções e/ou

prejuízos causados a entidade. A contabilidade como ferramenta de controle

administrativo já é unanimemente reconhecida, pois um sistema de

contabilidade que não esteja calçado em um eficiente controle interno é inútil

no caso de não for possível confiar nas informações contidas em seus

relatórios e informações contábeis distorcidas podem levar a conclusões

erradas e danosas para a empresa. Portanto, em várias empresas, o controle

interno ainda é desconhecido, os administradores pensam que tendo

funcionários de confiança estarão coberto de quaisquer irregularidades, confiar

nos subordinados é importante, mas é necessário reconhecer que a maioria

dos atos ilícitos verificados são cometidos por funcionários nos quais se

confiava e quando não existem procedimentos adequados de controle interno,

são mais frequentes os erros involuntários.

“O controle Interno depreende-se no plano de organização e no

conglomerado coordenado dos métodos e medidas, adotados pela instituição,

para garantir seu patrimônio, verificar a exatidão e a fidedignidade de seus

dados contábeis, promover a eficiência operacional e encorajar a adesão à

política traçada pela administração. (AICPA apud ATTIE, 2000, p.110)

De modo geral, a literatura acerca de controles internos tem

demonstrado que para um controle satisfatório necessitam de avaliações

periódicas; exame sistemático e interativo que permite conhecer, analisar,

modelar, e aprimorar os processos organizacionais em prol de se cumprir e

atingir diretrizes e metas gerenciais.

Na verdade, a presença de um excelente sistema de controle

interno, segundo Attie (2000), aumenta a confiabilidade da organização quanto

Page 22: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

22

à exatidão dos registros contábeis e à veracidade de outros documentos e

informações internas.

1.1.4 Estrutura de uma auditoria interna

Para Crepaldi (2007), a estrutura de uma auditoria interna depende

do tamanho da empresa e da importância que se atribui à tarefa. Uma grande

sociedade empresarial, com um serviço deveras atuante, pode ter a seguinte

estrutura:

CHEFIA GERAL ASSESSORIA TECNICA

Esta é uma estrutura global onde chefia desempenha a tarefa

especifica de comando e coordenação. As funções de planejamento e análise

são as de traçar o plano de trabalho, realizando, também, o estudo de todas as

demonstrações contábeis. Os trabalhos de execução e levantamentos devem

ater-se aos planos e revisões. A avaliação de serviços e relatórios estuda as

folhas de serviços executados, faz a avaliação delas e produz os relatórios que

ensejam as conclusões da chefia.

EXECUÇÃO E LEVANTAMENTOS

AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS E RELATÓRIOS

PLANEJAMENTO E ANÁLISE

Page 23: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

23

CAPÍTULO II

AUDITORIA EXTERNA

É designada Auditoria Externa ou Independente, quando a avaliação

dos atos e fatos administrativos e/ou contábeis é efetuada por profissionais

liberais ou por um único profissional não pertencente à empresa ou entidade

auditada, não tendo com esta qualquer relação econômica ou de negócios,

independente, portanto do ponto de vista de direcionamento interno do

auditado, sendo o auditor livre e independente sobre todos os aspectos para

expressar sua opinião com relação à auditada. A auditoria externa ou auditoria

independente revelou-se como parte do progresso do sistema capitalista. No

início, as instituições eram fechadas e pertenciam a grupos familiares. Com a

expansão do mercado e o acirramento da concorrência sobreveio à

necessidade das instituições expandirem suas instalações fabris e

administrativas, a fim de, investir na evolução tecnológica e aprimorar os

controles e procedimentos internos em geral, especialmente planejando a

redução de custos e, portanto, tornando mais competitivos seus produtos no

mercado. (ALMEIDA, 2002) 3. Entretanto, para processar todas essas

mudanças seria necessário um volume de recursos impossível de ser obtido

por meio das operações lucrativas da empresa ou do patrimônio de seus

proprietários. Consequentemente, a empresa teve de obter outros recursos

junto a terceiros, principalmente mediante os empréstimos bancários em longo

prazo e abrindo seu capital social para novos acionistas. No entanto, segundo

Almeida (2002), esses futuros investidores tem a necessidade de conhecer a

posição patrimonial, a capacidade de gerar lucros e como estava sendo

realizada a administração financeira dos recursos na empresa (natureza das

fontes de recursos e aplicação destes). Essa urgência de informação era para

que o investidor pudesse avaliar a segurança, a liquidez e a rentabilidade de

seu futuro investimento.

A melhor maneira de o investidor conseguir essas informações era

por intermédio de demonstrações contábeis da empresa, ou seja, o balanço

Page 24: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

24

patrimonial, a demonstração do resultado do exercício, a demonstração das

mutações do patrimônio líquido, a demonstração das origens e aplicações de

bens e as notas explicativas. Cabe ressaltar que, com a expansão das

sociedades comerciais e industriais do Brasil, fruto do desenvolvimento

econômico, notou-se a intensificação das sociedades de capital aberto e

daquelas que negociam suas respectivas ações em bolsas de valores. Dessa

forma criou-se a necessidade da auditoria contábil, que é definida como um

sistema permanente de atividades especializadas exercidas em uma entidade,

compreendendo o conhecimento das leis, normas ou costumes que regem as

atividades da entidade, bem como a observação dos controles internos

mantidos pela mesma, além de examinar os registros contábeis dos

documentos de suas operações, verificando os bens ou valores da entidade e

confirmando os débitos e créditos de terceiros que transacionam com ela, com

a finalidade de apurar. Como a auditoria abrange uma análise global de todas

as operações da empresa, pois o parecer do auditor se refere ao balanço da

empresa que, obviamente, inclui os resultados de todas as suas operações, o

trabalho do auditor deverá abranger todos os setores e todos os grupamentos

de contas, mesmo porque os erros ou fraudes cometidas em um setor ou em

uma conta refletem-se automaticamente em outros setores e em outras contas.

Convém observar inicialmente que os auditores não são contratados para

descobrir fraudes, e que, pelo fato de a empresa necessitar de auditores, isto

não significa que daí por diante as fraudes serão evitadas. A preocupação do

auditor, com enfoque aos novos rumos em relação a uma sociedade

globalizada, é saber se em todos os setores da empresa mantêm controles

adequados, e se todas as operações desta foram contabilizadas, obedecendo

às normas técnicas de contabilidade para parti-la de aí concluir sobre a

correção e equidade dos demonstrativos contábeis apresentados pela

empresa. Isto, porém não impede que o auditor fique também atento à

ocorrência de erros ou de fraudes, e se os descobrir, e se forem substanciais,

procure, então, organizar programas especiais para averiguar sua extensão,

seu montante, e sua repercussão nos demonstrativos contábeis finais da

empresa. A auditoria tem maior interesse em localizar desvios de monta,

principalmente nas áreas de pagamentos, produção, estoques, cobrança,

Page 25: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

25

títulos ao portador e cupões de rendimentos, numerário e movimentação

bancária. Quando estes desvios ocorrem, são em seguida manipulados

fraudulentamente na escrituração contábil com o intuito de escamoteá-los de

quaisquer verificações posteriores. Embora a preocupação máxima do auditor

não seja a de averiguar fraudes, como foi dito anteriormente, e sim a de avaliar

a eficácia dos controles contra erros e fraudes, é preciso apresentar também

alguns desses desvios contábeis que são produzidos por computadores, a

saber: os beneficiários de ordens permanentes periódicas continuarem a

receber suas prestações, mesmo depois de expirados os prazos desses

pagamentos; ao instalar um novo serviço no computador omitirem-se alguns

dados, o que torna os resultados incompletos e irreais; registros que são

introduzidos duplamente, resultando duplo faturamento ou lançamentos em

duplicidade; os registros de alguns dias que não são incluídos no

processamento, tornando os dados incompletos e irreais; os centavos de juros

creditados a depositantes são desviados (em um processo de

“arredondamento”) para o crédito da conta de um funcionário. De modo geral,

erros de cálculos, de saldos, de transferências de valores etc., ocorrem

frequentemente. Dessa forma, se torna essencial implantar controles de

segurança e controles operacionais interfases. Aproximadamente 50% das

empresas brasileiras já tiveram problemas com fraudes ou erros de

administração da área trabalhista. Em consequência disso, 80% delas

acumularam dificuldades com o aumento excessivo dos encargos sociais. E de

todas as companhias que reconheceram ter enfrentado fraudes ou erros em

relações de trabalho, 44% foram autuadas e multadas pelos agentes de

fiscalização do Governo Federal. Os erros cometidos na área trabalhista, como

fraudes na folha de pagamento, admissões fantasmas e saques indevidos do

Fundo de Garantia, atingem metade das empresas brasileiras4. Pesquisas

mostram que a maioria das empresas brasileiras mantém assessoria

especializada para acompanhamento de ações trabalhistas em andamento.

ALMEIDA informa que: “O auditor externo tem que se preocupar com falhas

que, individual ou cumulativamente, possam induzir os leitores das

demonstrações contábeis a terem uma interpretação errônea sobre elas”.

Page 26: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

26

O risco da ocorrência de um erro, em uma empresa com um bom

sistema de controle interno, é muito menor de que em uma empresa com um

sistema de controle interno ruim. O auditor externo utiliza o sistema de controle

interno da empresa para determinar a amplitude dos testes de auditoria, ou

seja, quando o controle interno é bom, o auditor externo faz um menor volume

de testes; caso contrário, o auditor externo faz um maior volume de testes.

Todo o planejamento da auditoria deve considerar o risco da existência de

erros ou fraudes de modo a detectar os que comprometam a apresentação

fidedigna das demonstrações contábeis. O auditor deverá avaliar o sistema

contábil e o controle interno atentando para as condições ou eventos que

favoreçam estas ocorrências.

2.1. AUDITORIA DE GESTÃO

A especialização se faz imprescindível para avaliar os novos

métodos de controles, novas regras de negócio, novo desempenho dos

participantes, novos princípios de trabalho, novas maneiras de relacionamento

com clientes, subordinados chefias, governos e órgãos reguladores. Tal

perspectiva é analisada por Grateron (1999, p. 26) da seguinte maneira:

Pode-se comprovar que o processo de mudanças como uma

consequência irrefutável da necessidade de adaptação às exigências do

desenvolvimento tecnológico, é demasiado e generalizado, atingindo

principalmente, o mundo dos negócios e seu cenário, onde aparece o

contador público e auditor. Sistemas de informações, Sistemas de Controle e

Modelos de Gestão são apenas alguns dos aspectos que mais

apressadamente devem adaptar-se às modificações do cenário de forma que

possa garantir o atingimento eficaz das metas e objetivos da instituição,

permitindo a sua sobrevivência no tempo ou a perenidade. A mensuração

permanente da coerência entre as metas, objetivos e os resultados atingidos

da administração dos recursos, no que diz respeito ao benefício social, por

meio da utilização de parâmetros ou indicadores de gestão apropriados, é

uma preocupação comum entre os gestores públicos contemporâneos.

De acordo com Nasi (2002) ao empregar um conceito de auditoria

de gestão, fixou-se cada vez mais a imensidade do trabalho do auditor externo,

Page 27: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

27

ou seja, o de exprimir um conceito sobre a gestão, dentro dos conceitos de

economicidade, eficácia e eficiência, e não meramente sobre o balanço e a

prestação de contas da instituição.

Em relação à auditoria de gestão, compreende-se a "revisão,

avaliação, emissão de opinião de processos e soluções exercidas em linhas de

negócios, produtos, serviços no horizonte temporal presente/futuro". (GIL,

2000, p. 21)

De acordo com Pacheco (2002), na auditoria de gestão as tarefas

devem ser dirigidas à avaliação das planas e diretrizes das instituições,

objetivando mensurar a eficácia da gestão das operações e sua consistência

com os planos e metas aprovados.

Nesta própria perspectiva, segundo Cordeiro (2001), a auditoria de

gestão deve permanecer muito mais vinculada à "função auditoria", incluindo

uma visão sistêmica, pela qual toda a pessoa envolvida, na tomada de

decisões, necessitaria ter a preocupação de análise de riscos e conhecimento

vasto das linhas de negócios da empresa/cliente. Nesta essência, afirma:

A auditoria de gestão tende estar centrada em situações

empresariais de absoluto risco para a continuidade dos negócios,

possibilitando às instituições recomendações factíveis que auxiliem na

tomada de decisões, corrigindo rumos e buscando sempre a máxima eficácia

administrativa dos líderes das corporações.

Pela elucidação, percebe-se que os fatos que estão ocorrendo, ou

que ainda não ocorreram visando contribuir com resultados efetivamente

voltados para corrigir os rumos tempestivos.

2.2 OBJETIVOS DA AUDITORIA DE GESTÃO E SUA

CARACTERIZAÇÃO

Acredita-se que na filosofia da auditoria de gestão são considerados

objetivos principais:

Page 28: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

28

a) A participação da auditoria interna em todas as etapas

empresariais, quando o responsável pela auditoria interna poderia estar

participando de comitês de negócios, reuniões de planejamento estratégico,

reuniões da qualidade, visando uma total integração e lucidez detalhada das

atividades da empresa, especialmente daquelas vinculadas às tomadas de

decisões.

b) O foco da "atividade de auditoria" com presença inovadora.

Deveria conter ciclos de estudos internos nas instituições sobre a "atividade de

auditoria", onde a procura do conhecimento seria disseminada para todos os

executivos, líderes da empresa, antecipando e prospectando cenários no

ambiente de cada organização.

c) Avaliação de indicadores não-monetários e a auditoria de gestão

devem estar focadas no estabelecimento para estabelecer padrões de

excelência empresarial, por meio da avaliação de novas métricas, que não

necessariamente estejam direcionadas para itens monetários.

Sob a perspectiva da qualidade organizacional, a auditoria de gestão

deverá fazer parte do ciclo de planejamento, controle, execução, como uma

nova função administrativa, voltada para a mensuração dos resultados da

administração.

A gestão da qualidade, através da avaliação feita com o auxílio da

auditoria, propiciará à administração uma retroalimentação no sistema de

validação das técnicas utilizadas pelos gestores da empresa.

A preocupação da auditoria de gestão, durante o acompanhamento

do sistema de apoio ao processo de tomada de decisões, precisará sempre

estar voltada para consecução de informações que possam ser utilizadas como

um diferencial competitivo da empresa frente aos seus competidores.

Sob o enfoque da qualidade organizacional, de acordo com Gil

(2000), a auditoria de gestão deve fazer parte do ciclo de planejamento,

Page 29: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

29

controle, execução, como uma nova função administrativa, voltada para a

mensuração dos resultados da administração.

Segundo Dusi (2000), os objetivos da auditoria de gestão estão

calcados em:

- Apreciação e avaliação do sistema de planejamento estratégico;

- Apreciação e avaliação da organização global da empresa;

- Apreciação e avaliação do sistema orçamentário e sua conexão

com o planejamento estratégico;

- Apreciação e avaliação da estrutura jurídica e societária, face aos

objetivos estratégicos;

- Apreciação dos sistemas de comunicação estratégica e

operacional.

O autor considera ainda dentre o exemplo de alguns processos a

serem auditados pelos auditores de gestão:

- O plano sistêmico e de comunicação;

- Programas de qualidade total;

- Programações estratégicas de novas atividades ou tecnológicas;

- Programação de recursos humanos;

- Estrutura acionária e jurídica da empresa.

A auditoria de gestão segundo a caracterização do tempo conforme

afirma Gil (2000, p.39) pode ser estruturada em:

a) Antecipatória: - identificação de pontos de controle e

acompanhamento de projetos de concepção, viabilização e detalhamento de

novos produtos e serviços

Page 30: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

30

• Empresariais; - é uma visão em medida de

engenharia do produto (criação de novos produtos

e serviços) e de especificação de processos

(adequação dos produtos e serviços às linhas de

produção/canais de distribuição/comercialização e

mercados específicos);

• O conceito de qualidade do produto e do serviço

deve ser atendido na fase de projeto;

b) Corrente: - estabelecimentos de pontos de controle que

induzam/permitam transferência e inovação tecnológica;

• Validação e avaliação da qualidade da

operacionalização de produtos e serviços

(engenharia de processo) via mudança dos

padrões operacionais vigentes, particularmente,

com projetos de qualidade bottom- up, sacados

pelas bases empresariais;

c) futura: - caracterização de pontos de controle segundo a ótica de

montagem de cenários e realização de simulações quanto à efetivação da

missão da empresa ou de seus segmentos organizacionais.

A auditoria de gestão vem se estabelecendo em uma estrutura

importante na modernização da administração pública e do estado

representando um requisito técnico oriundo da própria globalização para

auxiliar aos gestores públicos a atingir as metas de modo econômico, eficiente,

eficaz e transparente. Sob este aspecto, afirma Nasi (2002):

A auditoria externa independente exerce função importante no

setor público de muitos países. Os sistemas para utilização contábeis e de

controle interno existente são a base para o trabalho do auditor. O enfoque

dos trabalhos produzidos pela auditoria externa independente foi,

inicialmente, operacional. Evoluiu para um enfoque administrativo, depois

para uma auditoria de gestão e, atualmente, para uma auditoria integral. Esta

última trabalha com um cenário mais amplo e busca inserir a situação

Page 31: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

31

considerada dentro do cenário social e econômico local inclusive mais

abrangente.

Destaca-se, ainda a sua utilização no gerenciamento do sistema de

saúde de cada universo de governo (estadual e municipal). Essa Auditoria

examina o Plano de Controle, Avaliação, Auditoria e o cumprimento dos fundos

financeiros recebidos. E, de acordo com Remor (2002):

Neste perfil de Auditoria são analisados todos os elementos

que dispõe um sistema de saúde, desde a estrutura física e administrativa,

utensílios legais, capacidade fixada, oferta e demanda de serviços de saúde.

A Auditoria de gestão fundamenta-se na efetivação da legislação relativa às

incumbências da esfera de governo que se está auditando.

No âmbito ambiental, não se identifica nenhuma literatura

salientando, de forma prática, como é possível a obtenção das variáveis que

caracterizam a auditoria de gestão ou operacional.

Já, encontra-se em alguns poucos materiais que indicam o uso

desta auditoria em cooperativas. Segundo Gil (2000) uma restrição à

abordagem da auditoria de gestão um grande desconhecimento da mecânica,

objetivos, formas de atuação com que esta nova tecnologia é aplicada.

Page 32: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

32

CAPÍTULO III

FRAUDE FISCAL

Fraude fiscal nada mais é do que a evasão ilícita de tributos,

caracterizada pela conduta do indivíduo negligente da obrigação tributária,

propenso a omitir em todo ou em parte o tributo devido, ou retardar seu

pagamento. Pressupõe-se ação ou omissão dolosa do contribuinte após a

ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, ou no curso de sua

ocorrência, através de simulação, conluio, dissimulação e figuras afins. Sua

finalidade é a de servir de meio para atingir um objetivo perseguido pelos

agentes e participantes: sonegar ou facilitar terceiros a fazê-lo. Saliente-se que

o elemento essencial da fraude é o dolo, aliado à sua prima irmã, a má-fé, e

quando envolve mais de uma empresa ou pessoa física surge o conluio, ou

seja, um ajuste doloso entre os participantes da fraude. A fraude fiscal se

reveste de uma simulação, de um disfarce da verdade real. É conduta

artificiosa contrária à lei, ao dever do contribuinte para com o tesouro público, a

sua obrigação imposta pela lei tributária, emanada do poder competente,

constitucionalmente, para a imposição do tributo. É sempre um elemento-meio,

que visa a um fim ilícito penalmente. É penalmente, uma conduta antijurídica,

reprovável moralmente, porque tem sempre como objeto ou finalidade, um

delito contra o interesse público. Entretanto, quando o contribuinte escolhe o

caminho menos oneroso, ou seja, deixa de praticar o ato tipificado na norma

tributária, tem-se a figura da evasão lícita, que a doutrina majoritária batizou de

elisão fiscal. É a fuga ao imposto, exercitada de forma legítima pelo contribuinte

que, dentro do sistema jurídico vigente, não está obrigado a trilhar o caminho

mais oneroso em medida tributária. Cabe ao Estado definir, abstratamente, as

situações de imposição tributária, facultando ao contribuinte o desenvolvimento

de suas atividades sem incidir nas normas definidoras do fato gerador da

obrigação tributária. Ao contribuinte é sempre facultado o desenvolvimento de

suas atividades econômicas no campo deixado em aberto pelo legislador.

Porém, tudo indica que a doutrina majoritária, à falta de definição legal,

enveredou-se pelo caminho oposto àquele apontado pelos estudiosos da

língua materna.

Page 33: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

33

Assim é que, segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira,

EVASÃO significa ato de evadir, fuga; evadir é o mesmo que fugir, evitar,

desviar. E ELISÃO significa ato ou efeito de elidir; elidir é o mesmo que

eliminar, suprimir. Dessa forma, para ser fiel à língua materna, EVASÃO seria

gênero, significando fuga ao tributo, tendo como espécies a elisão fiscal, que

envolve a supressão e, por conseguinte, a fraude fiscal, e a fuga sem infringir

preceito legal, que seria a evasão em sentido estrito, ou seja, a evasão lícita de

que fala a doutrina predominante. Entretanto, a divergência terminológica não

tem maior relevância para o caso em estudo. O que importa é analisar a

conduta utilizada pelo contribuinte para deixar de pagar determinado tributo. O

relevante é verificar se aquela conduta é lícita ou ilícita, ou seja, se infringiu ou

não algum preceito legal. Para tanto é suficiente examinar quando ocorreu a

conduta evasiva: antes ou depois da ocorrência do fato gerador. Se o

contribuinte passou ao largo do caminho onerado pelo tributo, isto é, utilizou-se

de outra via ainda não jurisdicional, não houve infração legal alguma; significa

apenas que a conduta eleita pelo contribuinte não estava tipificada na lei

tributária. A criminalização das infrações fiscais teve tradicionalmente lugar no

direito aduaneiro14, particularmente em matéria de contrabando e de

descaminho, previstos nos arts. 279º e 280º do Código Penal de 1886.

A falsificação de valores selados foi sancionada criminalmente pelo

Código Penal de 1886. O artigo 10º do Decreto-Lei nº 27.153 de 31.10.1936

tem prevista que a geminação, viciação ou usurpação da escrita das

sociedades por ações e a não conservação dos documentos comprovativos

das operações registradas, levadas a cabo para resultados fiscais eram

penalizados com pena de prisão. O artigo 4º, número 1 referente ao Decreto-

Lei nº 28.221 de 24.11.1937 concedeu um regime aos mercadores e

industriais. Com reforma fiscal de 1958-1965, foi adicionados inúmeros

combinações em um capítulo relativo a punições, em que previam delinquência

fiscais puníveis com multa.

A simulação fiscal foi designada como violação fiscal com o intuito

de penalizar com multa não transformada em prisão (Código do Imposto

Municipal de Sisa e de tarifa mediante Sucessões e Doações, art. 162º; Código

Page 34: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

34

do Imposto Complementar, art. 88º; Código do Imposto de Mais-Valias, art. 51º)

O Código de Processo das Contribuições e Impostos veio prever, no seu art.

6º, que a aplicação de sanções pela prática de infrações fiscais seria efetuada

mediante julgamento em tribunal das contribuições e impostos e não por ato de

autoridade administrativa. O Código do IVA definia como transgressões fiscais,

a omissão de imposto a favor do Estado nas declarações periódicas [(alínea c)

do art. 96º]; a recusa de exibição de livros, faturas e demais documentos e a

ocultação, destruição, falsificação ou viciação de livros, faturas e demais

documentos (art. 98º); omissões, inexatidões ou falsidade nas declarações (art.

99º, nº 3). Estas condutas são atualmente equiparadas ao crime de fraude

fiscal, por aplicação do disposto no nº 1 do art. 3º do Decreto-Lei 20-A/90, de

15 de janeiro. O Decreto-Lei nº 619/76, de 27 de Julho, visando combater a

expansão da evasão e fraude fiscal, punia, com pena de prisão, no seu art. 1º,

as seguintes condutas: viciação, falsificação, ocultação, destruição e

inutilização de escrita ou dos documentos com ela relacionados; destruição ou

ocultação dos arquivos de escrita e dos documentos com ela relacionados;

recusa de exibição de escrita ou do arquivo e dos documentos com ela

relacionados; não passagem de recibos; simulação do contrato ou de

transação. Este diploma, cuja vigência gerou controvérsias, reintroduziu o

sistema bipartido de crimes e transgressões fiscais anteriores à reforma fiscal

de 1963. Seguiu-se a Lei nº 89/89, de 11 de setembro, que autoriza o Governo

a legislar em matéria de infrações fiscais não aduaneiras18. No nº 2 do art. 2º

do referido diploma, prevê-se a fraude fiscal, dirigida a uma diminuição das

receitas fiscais ou à obtenção ou manutenção de um benefício fiscal

injustificado, mediante a prestação de falsas declarações ocultando ou

alterando os fatos ou valores fiscalmente relevantes para a determinação,

avaliação ou controlo da matéria coletável, prática de ato simulado ou viciação,

falsificação, ocultação, destruição, danificação, utilização ou recusa de exibição

de livros de escrituração ou qualquer documento exigido pela lei fiscal, bem

como o uso de tais livros ou documentos, sabendo--os viciados ou falsificados

por terceiros. Esta lei de autorização legislativa contempla uma estrutura

bipartida da infração, entre crimes e contra ordenações. O Decreto-Lei 20-

A/90, de 15 de janeiro aprovou o atual Regime Jurídico das Infrações.

Page 35: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

35

Não aduaneiras, tendo sido alterado pelo Decreto-Lei nº 394//93, de

24 de novembro e pelo art. 49° da Lei n° 127-B/97, de 20 de dezembro.

O regime de regularização das dívidas fiscais e à segurança social,

previsto no Decreto-Lei nº 124/96, de 10 de agosto, implica a admissão, pelo

contribuinte que àquele se candidata, da dívida, podendo esta ter sido obtida

através da prática de crimes fiscais. A Lei nº 51-A/96, de 06 de dezembro,

determina a suspensão do processo de averiguações e do processo penal

fiscal, desde que o agente obtenha da administração fiscal autorização para

efetuar o pagamento dos impostos em prestações, e que se verifique o

pagamento pontual das mesmas. A referida lei prevê ainda a extinção da

responsabilidade criminal mediante o pagamento integral dos impostos e

acréscimos legais. Este diploma é aplicável aos crimes de fraude fiscal, abuso

de confiança fiscal e frustração de créditos resultantes de condutas ilícitas que

tenham originado dívidas abrangidas pelo disposto no Decreto-Lei nº 225/94,

de 05 de setembro, e no Decreto lei nº 124/96, bem como aos crimes que

tenham dado origem a dívidas à segurança social. No entanto, sempre que, no

que diz respeito ao crime de fraude fiscal, se verifica qualquer das

circunstâncias previstas nas alíneas, c) a f) do nº 3 do art. 23º, com a redação

que lhe foi dada pelo Decreto-Lei nº 394/93, de 24 de novembro, o regime de

suspensão do processo e de extinção da responsabilidade criminal não é

aplicável. A infração fiscal, designadamente a fraude fiscal, não se confunde

com a evasão fiscal. Com efeito, pode haver evasão fiscal, lícita e até ilícita

(não pagamento de impostos vencidos) sem que haja infração fiscal em sentido

estrito, uma vez que esta abrange apenas fatos penalmente sancionados

mediante sanções pecuniárias ou penas privativas da liberdade. A fraude fiscal

é uma espécie do gênero evasão fiscal lato sensu. Esta é definida por Sampaio

Dória como "toda e qualquer ação ou omissão tendente a elidir, reduzir ou

retardar o cumprimento de uma obrigação tributária".

A evasão comissiva ilícita (tax evasion), que se define como a ação

do contribuinte que visa impedir o pagamento de uma obrigação tributária já

constituída, através da realização de atos proibidos por lei, que impedem a

determinação, o cálculo ou o reconhecimento da obrigação tributária, abrange

Page 36: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

36

a fraude fiscal, a simulação fiscal e a frustração de créditos fiscais. A evasão

comissiva lícita ou elisão fiscal (tax avoidance). Consiste na realização pelo

contribuinte de um ou vários atos jurídicos entre si coligados com o fim de

tornar aplicável uma disciplina tributária mais favorável do que aquela que

determinadas normas fiscais preveem para a tributação de atos jurídicos

diversos daqueles que foram realizados, embora produzindo o mesmo

resultado econômico. Tanto na fraude fiscal como na elisão fiscal a finalidade

é frustrar o pagamento de um imposto, de modo a atingir uma menor tributação

efetiva. No entanto, apenas na fraude fiscal se verifica a constituição da dívida

de imposto; por outro lado, na fraude fiscal os meios de fuga ao Fisco são

ilícitos, ao contrário do que sucede na elisão fiscal. Os Estados membros da

Comunidade Europeia mantêm a soberania em matéria de tributação e de

infrações fiscais. No entanto, a evasão e a fraude fiscais são problemas

comuns a todos os Estados membros da Comunidade Europeia, num contexto

de mercado interno. Por outro lado, os regimes jurídicos nacionais em matéria

tributária e de infrações fiscais não são aplicados em todos os Estados

membros com o mesmo grau de severidade e/ou eficácia, para além de que as

autoridades fiscais não dispõem todas dos mesmos poderes de investigação,

designadamente no que diz respeito ao levantamento do sigilo bancário.

Acresce que a livre circulação dos fatores de produção, designadamente de

capitais no seio da Comunidade, a par do segredo bancário, e de uma

ausência de colaboração efetiva entre as autoridades fiscais, aumentam, sem

sombra de dúvida as possibilidades de evasão e fraude fiscais. Esta situação

pode pôr em risco a integração econômica comunitária. Toda organização é

vulnerável à fraude. A maioria das empresas, ao longo das suas vidas

corporativas, enfrentará a fraude, de uma forma ou de outra. Se as empresas

sobreviverão às experiências ou emergirão mais fortes dependerá, em última

análise, das atitudes e dos processos internos em vigor para responder,

controlar e prevenir a fraude. Da mesma forma que baixos índices de

criminalidade não significam a aparente ausência de crimes, a ausência de

fraudes em sua organização não significa sua inexistência. A fraude como

qualquer outro risco do negócio, pode ser eficazmente gerenciada, através de

estratégias apropriadas para sua detecção e controle.

Page 37: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

37

Lidar com os consequentes riscos de fraude ou litígios é um dos

principais desafios gerenciais dos dias de hoje. É preciso apenas um grande

incidente de fraude para afundar uma empresa ou arruinar sua reputação

institucional. O que está em jogo é significativo e não faz sentido correr o risco.

Detecção na fase inicial e ação rápida minimizarão quaisquer prejuízos.

3.1. AUDITOR PERANTE A DETECÇÃO DAS FRAUDES

No decorrer da auditoria poderá ser identificados erros ou fraudes,

cabendo ao auditor o dever de comunicá-los à administração da empresa, bem

como seus reflexos nas demonstrações contábeis, incluindo também sugestões

de correções.

A NBC T 11 define fraude e erro:

Fraude: o ato intencional de omissão ou manipulação de transações,

adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis; e

Erro: o ato não intencional resultante de omissão, desatenção ou má

interpretação de fatos na elaboração de registros e demonstrações contábeis.

Ao deparar-se com indícios de fraude ou erro, compete ao auditor

averiguar diligentemente a situação, realizando todos os procedimentos

cabíveis a fim de obter as evidências necessárias à sua conclusão sobre o

assunto.

Segundo Sá (1998, pág. 52): “os erros por fraudes ou intencionais

podem ser cometidos para: subtrair mercadorias, matérias-primas, produtos e

resíduos; subtrair dinheiro; subtrair títulos; iludir o fisco, evitando o pagamento

de impostos; dissimular atos sujeitos a penalidades; encobrir faltas de terceiros;

alterar resultados para usufruir maiores percentagens em lucros; simular

ocorrências; iludir a opinião de acionistas e autoridades monetárias etc.

Observa-se que vários são os motivos para se cometer fraudes nas

empresas, por isso exige-se do auditor muita competência, astúcia e ceticismo,

Page 38: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

38

param ao deparar-se com possíveis sinais de fraudes tenha a capacidade de

desmascará-las.

3.2. Fraudes nas Demonstrações Contábeis

De acordo com os relatos de Borba e Murcia (2005) ao referenciar

Silva (2004), nota-se que os casos de corrupção e lavagens de dinheiro são

notícias corriqueiras, mas embora tais questões estejam sendo muito discutido,

o estudo das fraudes nas organizações é bastante antigo. Um exemplo a ser

considerado é a questão defendida no livro: O Código da Vinci, no qual surge a

polemica do casamento entre Jesus Cristo e Maria Madalena, levantando

questões sobre uma possível fraude na igreja católica. Borba e Murcia (2005),

citando Kanitz (1999), dizem que o Brasil ainda é pouco auditado e muito

vulnerável a ação de corruptores e corruptíveis; Silva (2004 apud Borba e

Murcia, 2005) também discorre sobre o assunto informando que existe uma

deficiência no ensino da contabilidade no Brasil, uma vez que a maioria das

universidades só aborda a contabilidade do bem e que muitas vezes as

práticas contábeis inadequadas não são estudadas. O termo fraude refere-se

a ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de

documentos, registros e demonstrações contábeis.

A fraude, segundo Borba e Murcia (2005 apud KANITZ, 1999) pode

ser caracterizada por:

1) Alterações que modifiquem os registros de ativos, passivos e

resultados;

2) Apropriação indébita de ativos;

3) Omissão de registros contábeis;

4) Registro de transações sem comprovação.

Page 39: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

39

No qual as formas de constatação de fraudes, para Borba e Murcia

(2005 apud KANITZ, 1999) são:

1º - Controle Interno;

2º - Auditoria Interna;

3º - Informações de funcionários;

4º - Informações de terceiros;

5º - Investigações especiais;

6º - Informações anônimas;

7º - Coincidências;

8º - Auditoria externa.

E as ferramentas mais utilizadas para a realização de fraudes são:

1º - Falsificação de documentos;

2º - Roubo de ativos;

3º - Notas de despesas;

4º - Notas fiscais frias;

5º - Pagamentos indevidos (propinas);

6º - Uso de informação privilegiada;

7º - Compras para uso pessoal

O termo ‘erro’, segundo Crepaldi (2007) refere-se a ato não

intencional na elaboração de registros e demonstrações contábeis. E os erros

contábeis podem ser configurados por:

1) Erros aritméticos na escrituração contábil ou nas demonstrações

contábeis;

Page 40: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

40

2) Aplicações incorretas das normas contábeis

Para Crepaldi (2007), são exemplos de erros contábeis:

_ erro de execução na compilação da linguagem de inventário;

_ contabilização do benefício fiscal pela compensação de prejuízo

existente anteriormente à data de aquisição da subsidiária ou coligada como

redução do imposto de renda em vez de redução no preço de aquisição do

investimento;

_ deixar de considerar duplicatas entregues ao departamento

jurídico para cobrança ao estimar a provisão para créditos de liquidação

duvidosa.

Sobre as Irregularidades contábeis, nota-se que se refere às

distorções voluntárias nas demonstrações financeiras e inclui: as Fraudes

gerenciais e a apropriação de ativos. No caso de descoberta de

irregularidades, caberá ao auditor estudar sua relevância e os possíveis efeitos

sobre a organização, para assim encaminhar seu parecer à administração de

forma sigilosa. Esta por sua vez, que deve ter a responsabilidade na prevenção

de erros e fraudes e não o auditor, que apenas planeja seu trabalho

considerando possíveis ocorrências de irregularidades. Considerando que a

fraude não pode ser considerada um erro não intencional, o Conselho Federal

de Contabilidade (CFC), considera que fraudes referem-se ao ato intencional

de tirar benefício próprio de determinada situação. E mediante a resolução

836/00, interpretada pela NBC (Normas Brasileiras de Contabilidade) -

caracteriza fraudes como:

a) Manipulação, falsificação, ou alteração de registros ou documentos, de

modo a modificar os registros de ativos, passivos e resultados;

b) Apropriação indébita de ativos;

c) Suspensão ou omissão de transações nos registros contábeis;

d) Registros de transações sem comprovação; e

Page 41: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

41

e) Aplicação de práticas contábeis indevidas. Neste estudo, buscou-se dividir a

fraude organizacional em 2 grandes grupos: apropriação indevida de ativos e

fraude nas demonstrações contábeis.

De modo geral, Borba e Murcia (2005) relatam que em alguns casos,

as fraudes nas demonstrações contábeis e a apropriação indevida de ativos

ocorre simultaneamente, a manipulação das informações contábeis e o desvio

de recursos por membros da organização são realizados conjuntamente. Na

prática uma organização pode estar cometendo uma fraude contábil ou alguns

de seus empregados podem estar desviando recursos da entidade, cometendo

uma fraude gerencial. Entretanto, esses dois tipos de fraude parecem estar

intimamente conectados. Peter Wysocki, professor de contabilidade da MIT

Sloan School of Management, (apud Borba e Murcia, 2005) menciona que os

investidores podem procurar alguns sinais que ajudam a detectar fraudes

potenciais na contabilidade e gerenciamento dos lucros. Ele aconselha o

seguinte:

a). Comparar empresas do mesmo ramo e mesmo setor. Analisando os

seguintes aspectos: as condições de arrendamento são similares e se as

provisões para dívidas incobráveis são as mesmas;

b). Ver as tendências de mudanças no fluxo de caixa e comparar com as

mudanças nos lucros calculados pelos princípios contábeis geralmente aceitos

e em caso de divergência grande e crescente nesses números, nota-se um

sinal de que eles podem estar sendo manipulados pelos gestores;

c). Analisar desavenças entre gerentes e as empresas de assessoria

profissional. Por exemplo, a empresa trocou recentemente de auditores ou de

advogado; além disso, algum executivo sênior deixou a empresa sob

circunstâncias questionáveis ou o executivo sênior saiu por discordar do

registro excessivamente agressivo das vendas.

Diante o exposto pesquisado, convém mencionar que um ambiente

organizacional no qual; os diretores e executivos adotam uma postura

fraudulenta, seja na sonegação de impostos ou na evidenciarão dos relatórios

Page 42: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

42

contábeis para o mercado de capitais, sugere um ambiente igualmente propicio

para a fraude gerencial. Diante o exposto pesquisado, convém mencionar que

um ambiente organizacional no qual; os diretores e executivos adotam uma

postura fraudulenta, seja na sonegação de impostos ou na evidenciarão dos

relatórios contábeis para o mercado de capitais, sugere um ambiente

igualmente propicio para a fraude gerencial.

Portanto, existem vários setores onde pode ocorrer à fraude,

importante saber:

• Setor financeiro compreende o caixa

efetivamente, bancos e o contas a pagar e a

receber: merece averiguação minuciosa quanto a

repetitivos endossos de cheques, reclamações de

clientes que afirmam estar sendo cobrados

indevidamente, pagamentos de fornecedores em

duplicidade, saldos de contas contábeis antigos e

sem movimentação, documentos suspeitos e que

pareçam ser forjado ou sofrido adulterações, etc.;

• Almoxarifado: especial atenção em relação a

ajustes em demasia e diferenças em contagens

de estoque, itens de inventário que pareçam não

estar sendo movimentados há algum tempo,

interesses particulares de funcionários nas

contagens dos estoques, etc.;

• Compras: relacionamento com fornecedores são

extremamente difíceis de controlar, pois o

esquema de fraude pode se efetuar através de

repasse de recursos para contas bancárias do

fraudador, ou até mesmo em dinheiro, como

Page 43: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

43

também pode acontecer através de privilégios e

presentes desconhecidos pela empresa, etc.;

• Vendas: podem ocorrer situações de descontos e

prazos não usuais, concessão de créditos

indevidos, etc.

• Os setores e atividades descritos acima,

normalmente são cenários de fraudes que

beneficiam funcionários das empresas, no entanto

também podem, e o auditor deve ficar bastante

alerta para isso também, ocorrer situações de

esquemas montados para o beneficiamento da

empresa, onde normalmente o prejudicado é o

fisco.

A auditoria precisa ser muito cuidadosa, possuir conhecimento

profundo do negócio do cliente e da legislação para se certificar se os

procedimentos contábeis utilizados estão em conformidade com os princípios

fundamentais de contabilidade e legislação pertinente.

Alguns fatos a serem considerados na concepção de se aperfeiçoar

o trabalho do auditor na identificação de fraudes, pode ser a utilização de

outras competências, bem como a Criminalística. Figueiredo (RBC n°123)

protege essa visão por parte dele, onde justifica que: “o exercício profissional

do indivíduo auditor estaria completo, quando houver a detecção do documento

falsificado, onde o mesmo estaria sendo identificados a modo da falsificação e,

provavelmente, os seus autores.”

Vê-se que a detecção de fraudes não é tarefa simples de se realizar,

até porque pessoas que esquematizam fraudes normalmente são pessoas

muito inteligentes e que tentam se salvaguardar de quaisquer suspeitas,

utilizando-se para tal fim de vários meios para fraudar.

Page 44: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

44

CONCLUSÃO

As gestões dos controles internos são vitais para resguardar a

empresa, quanto a esquemas de fraudes. No entanto, a valorização e

conscientização dos colaboradores são elementos igualmente relevantes.

Evidentemente, os erros são basicamente consequentes de volume excessivo

de operações a serem manipuladas por uma só pessoa, de ausência de

controles de sequência e outros controles básicos, e de falta de qualificação

técnica e profissional do funcionário que os cometeu. Diferentemente das

falhas, as fraudes são manipuladas para benefício do defraudador, para

apresentar situações contábeis artificiais, ou para lesar o Fisco. A auditoria tem

uma importância fundamental para o sucesso de medidas como estas que

podem cooperar demasiadamente, para a restituição deste cenário.

Unicamente evidenciando fraudes, mas, principalmente, evitando as situações

ambientais primordiais para a realização destes delitos, a primordial função do

auditor é exclusivamente a de gerir controles internos, a fim de que, estes

crimes não sejam mais praticados, e não apenas identificar atos já

consumados. As instituições que realizam a fiscalização destes profissionais e

das empresas devem se unir para um trabalho em conjunto. Neste século

espera-se que a Contabilidade exerça uma importância muito maior no sistema

econômico-financeiro mundial do que foi no século anterior. As principais

responsabilidades que vão se sobrepuser aos contabilistas também serão

maiores, exigirão uma equipe continuada e uma compostura ética integra. A

fraude contamina e destrói um sistema, não possuindo apenas uma

conseqüência imediata quando sobrevém a sua descoberta, no entanto um

efeito mediato que é a desconfiança para com o sistema de conhecimentos

econômico-financeira de um país, conduzindo a uma quantia a ser paga com

uma taxa de risco muito maior, representando uma despesa suplementar muito

maior na captação de recursos tanto internos quanto externos. A economia

dos países que se deparam excessivamente afetados pela corrupção

consequentemente as suas possibilidades de competição serão diminuídas,

Page 45: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

45

pela dificuldade de união entre os fatores econômicos, resultando em uma falta

de eficiência nos produtos e qualidade nos serviços oferecidos ao mercado

atual. O caminho e busca da ética é única forma na qual os contadores

conseguirão efetuar respaldo a sociedade contra a corrupção e concorrência

entre as empresas na economia latente e mundializado, onde se torna tão

evidente onde se torna difícil de ser trilhado, em consequência da primazia e

dos interesses individuais ou coletivos da sociedade da qual é participante. A

necessidade de um desenvolvimento institucional fé evidente, exigindo das

autoridades e administradores uma postura de liderança ética para que os

escalões inferiores possam novamente ter modelos de conduta incorrupta. Os

sistemas contábeis e de auditoria certamente oferecerão dados que podem ser

muito úteis na descoberta de evidencias oriundas de fraude ou corrupção. Por

meio das análises dos livros, arquivos contábeis, poderão ser rastreados nas

operações criando, desvendando, vestígios de auditoria que certamente vão

servir de base para o avanço das investigações. Quando o trabalho de

auditoria-perícia é corretamente planejado e executado, a corrupção poderá ser

espetacularmente reduzida, embora o ambiente seja extremamente corrupto.

Onde existam sistemas de controle interno apropriados, a corrupção poderá ser

controlada porque exigirá do corrupto uma maior preocupação na possibilidade

de ser descoberto. Portanto, conclui-se que, o auditor necessita reconsiderar

as metas de seu trabalho, e as necessidades de seus usuários e sua

responsabilidade social, desta maneira, eventual avanços da profissão virão.

Page 46: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

46

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, L. B.; PARISI, C.; PEREIRA, C. A. Controladoria. In Armando Catelli

(Coord.), Controladoria: uma abordagem da gestão econômica. São Paulo:

Atlas, 1999.

ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. São Paulo: Atlas,

1996.

ALMEIDA, M. C. Consolidação de demonstrações financeiras. São Paulo:

Atlas, 1991.

ALMEIDA, M. C. Contabilidade intermediária. São Paulo: Atlas, 1996. Andrade,

Manuel de Teoria Geral da Relação Jurídica, II, Coimbra 1987, 7ª reimpressão.

ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. São Paulo: Atlas, 1996. Baños,

Cipriano Muñoz, "Estudio sistematico de las obligaciones de los sujetos

pasivos", in Ministério de Economia y Hacienda, El I.V.A. en el Sistema

Tributário Español, vol. II, 1990.

CANOTILHO, J. Gomes e Vital Moreira, Constituição da República Portuguesa

Anotada, 3ª ed. revista, Coimbra Editora, Coimbra, 1993.

CARDONA, Celeste, "A infracção fiscal do direito comparado - Contributos para

uma reforma", in Estudos, Vol. II, Comemoração do XX Aniversário do Centro

de Estudos Fiscais, DGCI, Lisboa, 1983.

CARDOZO, Júlio Sergio S. Controles Internos: Conceitos, Objetos e Princípios.

Revista Brasileira de Contabilidade n.º 17, 1976.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios Fundamentais de

Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade. Brasília: CFC, 2000.

CORDEIRO, António Menezes, "Notas breves sobre a fraude à lei", Estudos,

XXX Aniversário do Centro de Estudos Fiscais, DGCI, Lisboa, 1993, 123-128.

CORREIA, Arlindo, "Um direito penal fiscal europeu?", Fisco, nº 63/64,

Janeiro/Março 1994, 23-28. CORREIA, Eduardo, "Os artigos 10º do Decreto-

Lei nº 27153, de 31.10.1936, e 4º, nº 1, do Decreto--Lei nº 28221, de

14.11.1937, a Reforma Fiscal e a Jurisprudência (Secção Criminal) do STJ",

RLJ, ano 100º, págs. 257 e segs.

CORREIA, Jorge Magalhães, "Breve reflexão em torno do novo regime das

infracções fiscais não aduaneiras", Fisco, 1990, nº 16, págs. 9-13.

Page 47: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

47

DÓRIA, António Sampaio, "A evasão fiscal legítima: Conceito e problemas",

CTF nº 143, Novembro 1970.

DOURADO, Ana Paula, A Tributação dos Rendimentos de Capitais: A

Harmonização na Comunidade Europeia, Cadernos de CTF, nº 175, Lisboa,

1996.

FIGUEIREDO, Sandoval N. A Auditoria Contábil e a Criminalística. Revista

Brasileira de Contabilidade n.º 123, 2000

FRANCO, Hilário, MARRA, Ernesto. Auditoria Contábil. São Paulo: Atlas, 2000.

GRANGER, G. A Ciência e as Ciências. Tradução de Roberto Leal Ferreira.

São Paulo: Editora da UNESP, 1994.

JESUS, F. Perícia Contábil e Prevenção de Fraude (parte II). Revista Perícia

Federal, Brasília, ano 1, n° 01, mar./99, pp.22-23.

MOLINA, G. J; PEREZ, M. O. Teoria de La Auditoria Financeira. Madrid:

McGrawHill, 1996.

MYRDAL, G. Corruption as a Hindrance to Modernization in South Asia. In

Arnold J. Heidenheimer, Political Corruption: Readings in Comparative

Analysis. New York: Holt, Rinehart & Winston, 1970.

NAKATA, T. Corruption in the Thai Bureaucracy: Who Gets What, How and

Why in its public Expenditures, Thai Journal of Development Administration, 18,

January, 1978.

SILVA, D. S. LRF vai dar transparência às contas das prefeituras. Boletim CFC,

03, junho, número 26, pp. 6-7, 2000.

WILLIAMS, P. Concept of and Independent Organization to Tackle Corruption.

International Conference of Corruption and Economic Crime. Washington (DC),

October, 1983.

Page 48: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · pelo qual o auditor venha a se certificar da veracidade das ... atividade executada tenha e mereça toda ... Independente – NBC

48

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 03 AGRADECIMENTOS 04 DEDICATÓRIA 05 RESUMO 06 METODOLOGIA 07 SUMÁRIO 08 INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I Auditoria 10 1.1. Auditoria interna 1.1.1 O porquê da existência da auditoria interna 14 1.1.2 Conceitos de controle internos e de evolução da gestão operacional 16 1.1.3 A importância do controle interno 18 1.1.4 Estrutura de uma auditoria interna 20 CAPÍTULO II Auditor Externo 22 2.1. Auditoria em gestão 25 2.2. Objetivo da Auditoria de gestão e sua caracterização 26 CAPÍTULO III Fraude Fiscal 31 3.1. Auditor Perante a Detecção das Fraudes 36 3.2. Fraudes nas demonstrações contábeis 37 CONCLUSÃO 43 BIBLIOGRAFIA 45 ÍNDICE 48