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A EDUCAÇÃO PSADOLESCENTES DE 0NO FUTSAL NA PRA
ÃO PSICOMOTORA NA FORMAÇÃO DE CR DE 05 A 15 ANOS DE IDADE QUE PRATIC PRAÇA DO BAIRRO DAS GRAÇAS EM BE
Por
Bruno do Nascimento Nunes
Orientadora
Profª. Me. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2014
E CRIANÇAS E ATICAM INICIAÇÃO M BELFORD ROXO
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A EDUCAÇÃO PSICOMOTORA NA FORMAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE 05 A 15 ANOS DE IDADE QUE PRATICAM INICIAÇÃO NO FUTSAL NA PRAÇA DO BAIRRO DAS GRAÇAS EM BELFORD ROXO
Monografia apresentada ao Curso
de Pós-Graduação em
Psicomotricidade da AVM Faculdade
Integrada, como requisito final de
avaliação do grau de especialista em
Psicomotricidade.
Por: Bruno do Nascimento Nunes
Agradecimentos
Devo reconhecimento e agradecimento a todos que de certa forma
contribuíram para a realização deste sonho.
Quero agradecer primeiramente a Deus, porque Dele, por Ele, e Para Ele são
todas as coisas em minha vida.
Ao meu pai Zaldeir Nunes e minha mãe Fátima Nunes, por todo sacrifício e
luta que tiverem para me dar a formação que hoje eu possuo. Que durante
muito tempo não mediram uma gota de suor para que meus sonhos se
realizassem, enfrentando todo tipo de dificuldade. Dificuldade como a de saúde
de meu pai ir à mesa de cirurgia, retirar um rim seu, para doar a minha mãe,
afim de que ela sobreviver, para que hoje eu pudesse terminar uma Pós-
Graduação.
A minha esposa Charlene Freire Nunes, auxiliadora, companheira de muitas
lutas e jornadas, pelo seu carinho e amor, por sua paciência nos momentos de
tribulações, só Deus é testemunha de quantas lagrimas ela enxugou minha nas
horas dos vendavais da vida. Foi ela que realizou o meu maior sonho de ser
pai; também para minha filha Catarine Freire Nunes, maior motivo da
realização desta Pós-Graduação.
A minha irmã Taís do Nascimento Nunes, minha grande amiga, companheira.
Minha referencia em minha vida acadêmica, meu maior espelho profissional.
Ao meu Cunhado Aurélio Mello, um irmão que não tive. Ao meu Sobrinho Filipe
Nunes, que chegou na hora mais difícil de minha vida, trazendo a esperança
que eu precisava.
Aos meus Pastores Isaias Coelho da Palma e Rodrigo Moura, que sempre
trouxeram na hora certa a palavra de conforto e esperança ao meu coração na
hora e medida certa.
Aos meus amigos que servem de exemplo em minha caminhada acadêmica
Eduardo Rodrigues da Silva e Fabio Vieira Wandermurem.
Agora em especial a cada aluno que tive, tenho certeza absoluta que aprendi
muito mais com eles do que eles comigo.
Dedicatória
Dedico a todos aqueles que acreditaram e também aqueles que nunca
acreditaram. Vocês serviram como combustível nos momentos difíceis dessa
longa estrada.
RESUMO
A prática psicomotora no futsal com crianças e adolescentes de 05 a 15 anos
de idade acontece na Praça do Bairro das Graças, Belford Roxo desde o ano
de 2003, já tendo atendido mais de quinhentas (500) crianças. Este projeto
visa desenvolver o ser humano por inteiro, onde a inclusão social acontece
através do esporte, educação e cultura. As crianças atendidas são de famílias
carentes, seus pais precisam trabalhar para trazer o alimento para suas casas,
enquanto os filhos por sua vez, na metade do dia estão na escola, e na outra
metade não tinham o que fazer, alguns precisavam trabalhar vendendo balas
em sinais de trânsitos, coletivos ou trabalhavam guardando e lavando carros
para poderem ajudar seus em casa. Hoje dividem o tempo entre a escola, as
aulas do Projeto, e suas outras atividades. Sabemos que Belford Roxo outrora
era considerada cidade mais violenta pela Organização das Nações Unidas. O
programa da prática psicomotora na Praça do Bairro das Graças tenta
combater através da prevenção a violência e a exclusão, entende-se que pode
prevenir, utilizando a educação psicomotora dentro do Futsal para educar e
formar o caráter dessas crianças, para que no futuro elas venham serem
pessoas de bem. O programa atende crianças das comunidades onde o tráfico
de drogas possui uma grande interferência nas culturas das comunidades. Os
Bairros beneficiados com o programa são os seguintes: Bairro das Graças,
Morro da Caixa D’água, Palmeira, Castelar, Rola Bosta, Circular, Vilar Novo e
Gogó da Ema. Consideramos que as pessoas envolvidas na realização do
programa acreditam que uma educação que parta do princípio do prazer na
prática motora do futsal possa desenvolver a parte afetiva e cognitiva dos
alunos.
METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado através de um estudo descritivo realizado
através de relatos de professores, ex-alunos, alunos, pais de alunos, familiares
e do próprio autor que é o idealizador e responsável pelo Projeto. Foram
realizadas observações em aulas, seguindo proposta feita pelos Professores
do Projeto Social, além de conversas informais com os demais envolvidos e
anteriormente aqui citados. Também foram utilizadas referências literárias e
acadêmicas como: BROTTO (2001), DARIDO (2003), FREIRE (1989), DAOLIO
(2004), BARRETO (2007) entre outros.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................... Pág. 08
CAPÍTULO I – O BAIRRO DAS GRAÇAS, E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE
ESPORTE.................................................................................................Pág. 11
CAPITULO II - A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR, E A PRÁTICA DO FUTSAL
COMO PRAZER DE BRINCAR E NÃO DE VENCER.............................Pág. 22
CAPÍTULO III – O FUTSAL ENQUANTO UMA PRÁTICA DE EDUCAÇÃO
PSICOMOTORA.......................................................................................Pág. 29
CONCLUSÃO..........................................................................................Pág. 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................Pág. 39
ANEXOS.................................................................................................Pág. 41
ÍNDICE..............................................................................................Pág. 43
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INTRODUÇÃO
Hoje a criança e o adolescente estão cada vez mais sedentários. Com a
era dos games e da informática, as pessoas se mexem cada vez menos.
Precisamos desde cedo incentivar o gosto pela prática de atividades
esportivas, já que a prática de esportes traz diversos benefícios ao indivíduo,
facilitando o desenvolvimento psicossocial e psicomotor. Através do esporte
elas crianças e adolescentes aprendem o conceito de cidadania e, ao observar
as regras de cada modalidade esportiva, aprendem a respeitar seus limites e o
das outras crianças, o que o ajudará a tornar-se um adulto consciente. A
prática de esportes estimula as atividades intelectuais, na medida em que se
faz a interdisciplinaridade dentro da escola.
Além de formar crianças e adolescentes mais tolerantes, o esporte
libera as energias acumuladas de forma controlada, não deixando que essa
energia acumulada seja usada de forma imprópria. As crianças e adolescentes
que praticam esportes, principalmente quando seguem uma iniciação esportiva
em clubes, escolas ou projetos sociais, seguem hábitos saudáveis que servirão
para formar adultos com saúde, consciente, criativo em seguir uma profissão
onde terão êxito.
Os esportes coletivos ajudam na integração da criança com o grupo.
Já os esportes individuais, fazem com que as crianças tomem suas decisões
sozinhas, sem a interferência de terceiros e também a assumirem as
responsabilidades por si só. É interessante permitir que a criança vivencie
ambas as atividades, afim de que ela possa escolher a que mais se identifique.
Às vezes, os pais não gostam quando seus filhos passam por várias atividades
esportivas sem levar nenhuma a sério. Mas isso não é prejudicial. Pelo
contrário, ajuda a criança. Só assim ela poderá conhecer as diversas
modalidades esportivas e escolher aquela que ele melhor se adapta.
A prática psicomotora dentro do futsal tem a importância de promover o
desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo de crianças e adolescentes na faixa
etária de 05 a 15 anos de idade.
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No primeiro capitulo, contaremos um pouco da historia, características e
cultura do Bairro das Graças, um Bairro localizado no Município de Belford
Roxo, na Baixada Fluminense. O Bairro Das Graças também é conhecido
como Morro da Caixa D’água, e por décadas sofreu com a influência do tráfico
de drogas e violência, que assustava muitos moradores. O Bairro conta com
pouca opção de lazer, existindo apenas uma Praça, em que possui uma quadra
de futsal no meio. Esta praça foi inaugurada em 2003, e com ela nasceu à
idéia de montar um programa de esporte no quais crianças e adolescentes de
05 a 15 anos pudessem realizar de maneira organizada e pedagógica o
esporte mais conhecido pelos seus moradores, o futsal. Assim as crianças com
o tempo ocioso não ficariam mais nas ruas do Bairro. Surgi desse modo o
Programa Jovens em Ação, jovens moradores nascidos e criados no Bairro,
insatisfeito com os serviços de Políticas públicas de esporte e educação
oferecidos pelo Poder Público, resolvem criar uma escolinha de futsal na
Praça, liderados pelo então estudante de Educação Física Bruno Nunes
Formigão morador do Bairro, compram uma bola de futsal, conseguem oito
coletes velhos, e garrafas pet, e começam a dar aula para as crianças da
comunidade de forma voluntaria e gratuita.
No segundo capitulo, trataremos dos aspectos relacionados ao universo
dos jogos em suas diversas dimensões de utilização e aplicabilidade na vida de
crianças e adolescentes. Com noções básicas sobre a importância do jogo,
simplesmente jogado pelo fato de jogar pela lúdicidade. O universo dos jogos
acompanha o desenvolvimento das crianças desde os primeiros anos de vida,
e é utilizado dentro do esporte, com intervenções pedagógicas é de
imprencidível valor para o desenvolvimento. Jogos e brincadeiras adequadas a
cada período da criança ajuda fortalecer valores e atitudes fundamentais para a
formação das crianças e adolescente. Jogar futsal não se trata de jogar contra
um adversário, mais pode ser definido como jogar com um companheiro da
mesma prática.
No terceiro capitulo, procuraremos explicar como se pode desenvolver a
aprendizagem psicomotora no futsal. O futsal surgiu pela falta de espaços
adequados do Futebol de campo, o que significa se tratar do jogo de futebol,
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realizado em um espaço menor, dentro de uma quadra. Por se tratar de um
espaço reduzido, de muita velocidade e dinâmica, os seus participantes
precisam ter o pensamento muito rápido. Ao ser praticado como iniciação para
crianças, mais do que ajudar a desenvolver a parte motora, o desenvolvimento
cognitivo esta muito presente nas aulas. O desenvolvimento afetivo esta
presente futsal a todo o momento, é uma prática coletiva, onde seus
participantes precisam estar conectados com os outros durante todo o jogo. É
sem dúvida uma das melhores modalidades esportivas para realizar uma
educação psicomotora.
Na conclusão, Procuramos demonstrar que no espaço de onze anos
com o programa de educação psicomotora na Praça do Bairro das Graças com
o futsal, sem duvidas foram realizadas inúmeras conquistas. A principal foi à
queda na violência. Se levar em consideração que uma criança em 2003, ao
iniciar o programa, possuía seus 10 anos de idade, e hoje têm seus 21, se
tornando um homem de bem, parece que os objetivos foram alcançados. No
princípio parecia uma utopia achar que uma bola, garrafas pets poderiam,
poderia ajudar a mudar um pouco da história do Bairro. Quase todos os
meninos do Bairro das Graças com menos de 23 anos de idade foram alunos
do programa. Ate o programa ser iniciado, o tráfico de drogas era instalado no
ambiente da praça, hoje a praça que antes era para consumo e venda de
drogas, serve como local de aprendizagem e educação. É claro que o
desenvolvimento motor, cognitivo foram fundamental para essa mudança,
Porem, O desenvolvimento afetivo, de respeitar o seu próximo, respeitar as
regras do jogo, aprender a trabalhar em equipe, ser solidários, é essencial para
se vencer qualquer barreira contra a violência. Tal mudança no Bairro das
Graças jamais poderia acontecer, sem primeiro não pensássemos em educar a
criança não só dando uma bola para ela jogar, mas, educando por inteiro.
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CAPITULO I
O BAIRRO DAS GRAÇAS, E AS POLÍTICAS
PÚBLICAS DE ESPORTE
As políticas públicas esportivas deveriam ter o caráter moral e cívico,
valendo-se assim do potencial “educativo” dos esportes, objetivando
uma educação “sadia” para a juventude brasileira (Melo, 2005, p, 73).
Não podemos falar em observar e analisar educação, enquanto não
entendermos primeiro que ela esta diretamente ligada a um processo político.
Enquanto não estudarmos os efeitos concretos e reais da falta de política
pública para educação de crianças e adolescentes, estaremos rodando em
círculos e não saindo do lugar. Todo processo educacional deveria ser pautado
em um projeto político pedagógico. Toda a aprendizagem será eficaz, se as
pessoas nelas evolvidas perceberem que ela acontece dentro de uma prática
político-social.
Ao falar de políticas públicas de esporte, acreditando que essa prática
possa contribuir para avanços em prevenção que crianças se envolvam com o
crime, era necessário primeiro fazer o diagnóstico do bairro onde esse
programa esta instalado. O Bairro das Graças fica localizado no Centro do
Município de Belford Roxo, uma região que apresenta uma razoável infra-
estrutura, existem duas escolas públicas, que atende os alunos do ensino
fundamental, uma do 1ª ao 5º ano, e a outra do 6º ao 9º, em média as crianças
e adolescentes ficam na escola apenas quatro horas diárias. Existe uma ONG
que oferece o ensino infantil. Todas as ruas possuem saneamento básico,
água encanada, iluminação e pavimentação, porem não possui nenhum posto
de atendimento médico. Não existe nenhum programa de esporte e cultura no
Bairro das Graças promovido pelo Estado.
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É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais
como direito de cada um (...) Constituição Federal, Artigo 217
O nível sócio-econômico varia entre médio e baixo, apesar de possuir
taxa de empregados satisfatória, muitos desses trabalhadores encontram na
informalidade (não possuem carteira assinada). Infelizmente poucos
estudantes da comunidade conseguem ingressar em uma instituição ensino
superior, contentando-se em concluir seus estudos no ensino médio.
No tempo livre os moradores do Bairro das Graças, realizam atividades
de lazer variadas, de acordo com o perfil das diferentes famílias, entre tais
atividades podemos citar como predominantes: Assistir televisão, ir a templos
religiosos, freqüentar bailes (funk e pagodes), ficar nos bares, realizar
atividades esportivas na praça do bairro, tendo como esporte predominante o
futebol, não havendo nenhum espaço para a prática do futebol, eles praticam o
futsal.
Atualmente o Bairro das Graças não apresenta indícios significativos de
tráfico de drogas, porém ainda constatamos a presença de usuários de drogas.
Durante décadas era considerado pela população em geral um dos Bairros
mais violento da Cidade, essa mudança se dá muito pelo inicio do Programa
Jovens em Ação que desde 2003 utiliza o esporte como ferramenta de
educação, ocupando o tempo ocioso das crianças da comunidade com prática
da educação psicomotora no futsal.
As crianças atendidas são de famílias carentes, na faixa etária entre 05 a
15 anos de idade, onde seus pais têm que trabalhar para trazer o alimento para
suas casas, seus filhos que por sua vez em uma metade do dia estão na
escola, e na outra metade não tinham o que fazer. Alguns, desde muito cedo
são confrontados com a realidade do trabalho, tantas vezes, sem o devido
tempo de serem crianças. Precisavam trabalhar vendendo balas em sinais de
trânsitos, ônibus ou trabalham guardando e lavando carros, para que possam
ajudar os seus pais em casa. Crianças em que muitas vezes são
estereotipadas, como crianças vulneráveis, ou em situação de riscos, menores
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carentes, o que de fato, pode virar apenas números em estatísticas se
intervenções não fossem feitas. A grande questão é que sempre colocamos
‘nas costas’ do Governo, que essas intervenções sejam tomadas, mais nos
esquecemos primeiramente deveriam vim pelas das famílias, da sociedade
civil, igrejas, sindicatos.
Na verdade, são crianças excluídas de quase todos os seus direitos, e
principal do seu brincar, correr, pular, jogar, experimentar. Desde cedo, às
vezes em quase toda sua infância, vivenciando a violência que os cercavam.
Hoje dividem o seu tempo entre a escola, as aulas do programa e suas
atividades diversas.
Segundo Freire (1989, p. 38)
Nós, professores, que não podemos alimentar concretamente cada criança que passa fome, podemos dar-lhe outro tipo de ajuda: um instrumental mínimo que lhes possibilite reconhecer o próprio direito, e dos outros, de ter uma vida digna e justa. Que a criança, por nossas mãos, se aproprie, ao menos, de pensamentos e linguagem mais elaboradas.
Em relação à preferência de atividades, como não poderia fugir a regra,
os alunos apresentam em sua maioria preferência pelo futsal. Uma modalidade
esportiva que já faz parte do repertório motor das maiorias das crianças
envolvidas, já sendo assimilado em sua cultura corporal, por causa do futebol.
Baseados no forte apelo que representa o esporte e principalmente o
futebol nas vidas dos brasileiros, o esporte pode servir para resgatar crianças e
jovens que se achavam perdido, sem um caminho para percorrer. Ao utilizar a
Psicomotricidade no futsal é a oportunidade da criança e do adolescente agir,
pensar e sentir; facilitando que o aluno encontre a autonomia, garantindo a
formação integral, através desta prática, podemos ajudar na construção de
novos caminhos, e levá-lo à se tornar um cidadão.
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1.1 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Hoje a sociedade e a mídia discutem a implementação de políticas
públicas a criança e adolescente, e não somente como um meio de dar
oportunidades, mas, talvez seja pelo crescimento de crimes envolvendo
menos. Geralmente são com as seguintes justificativas, ocupação do tempo
ocioso, controle social, e prevenção às drogas e o crime, sim, de fato isso pode
acontecer, porém, deveria ser de fazer o cumprir o que a lei determina.
De tempos em tempo assistimos a sociedade discutindo sobre a redução
da maioridade penal. Adianta reduzir essa idade? Será que essa seja a solução
para evitar que adolescentes se envolvam com a violência? Com toda certeza
não, é muito mais complexos do que isso. A família desestruturada, a ausência
do Estado, a falta de oportunidade de ter uma educação de qualidade.
Precisamos primeiro fazer que o Estatuto da Criança e adolescentes seja
cumprido.
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes á vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (...) - Artigo 4º Estatuto da Criança e Adolescente (2001)
Na Baixada Fluminense, como em outros lugares, as desigualdades sociais e
econômicas, ainda é o maior e largo caminho que levam meninos serem
seduzidos a entrar no mundo do crime, isso ainda é um problema a ser
primeiramente estudado pelos nossos Governantes, para depois serem
resolvidos. É significativo o número de pessoas que vivem diariamente com a
exclusão social, o que gera problemas como desemprego, baixa renda, não ter
o que comer, o que muitos chamam de marginalidade, as margens da
sociedade. Quantos e mais quantos jovens são jogados nas mãos do tráfico
simplesmente porque foram fechadas e trancadas as portas da educação,
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cultura, esporte? Sem esperança, e um horizonte real para sonhar com um
mundo que seja justo, igualitário e participativo. Essa é a dura e cruel realidade
de muitas comunidades espalhadas não só por Belford Roxo, mas, pelo Brasil
a fora. Qual serão os códigos, símbolos, valores que esses meninos carregam
consigo? Sofrendo o preconceito todos os dias, preconceito vai gerar
preconceito. Se sofrermos preconceito por sermos pobres, vamos tratar o outro
com o preconceito da cor, se sofremos preconceito pela cor, vamos tratar o
outro com preconceito religioso, se sofremos preconceito religioso, vamos
tratar o outro com preconceito de gênero e opção sexual, se sofremos
preconceito de gênero e opção sexual, vamos tratar o outro com preconceito
de deficiência. Acaba se tornado um ciclo vicioso, onde todos na verdade só
remetem aquilo que já sofrem anteriormente. O Acesso negado a Educação, ao
respeito, a Cultura.
Note que estamos aqui diante de um daqueles fenômenos que se impõem desde cedo em nossas vidas. Assim como a língua ou a religião, o esporte nos é herdado pelo nosso meio no inicio da infância. E sua presença entre nós é tão impositiva que, muitas vezes aquele que não se liga ao esporte de seu grupo social se sente, de certa forma, como uma pessoa não integrada, que vive á margem da sociedade. (HELAL, 1990, p. 12 e 13).
As políticas públicas educacional, de esporte, cultura, deveriam ser um
conjunto de decisões e ações destinadas à solução de problemas enfrentados
por crianças e adolescentes. Nesta visão ao compreender a educação como
um direito universal à criança e o adolescente, é necessário que compreendam
a Educação física como elemento muito importante deste conjunto, e muito
mais a Psicomotricidade, essas realizações precisam estar articuladas nos
setores das políticas sociais. No sentido do esporte como ferramenta
educacional, sua característica é ter a prática de atividade física que contribua
para o bem-estar, interação, inclusão social e exercício da cidadania.
Formatando e planejando um projeto político pedagógico que vão dar
elementos para criar práticas esportivas organizadas, atividades corporais
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lúdicas, que vão ajudar no desenvolvimento motor, cognitivo e sócio-cultural
das crianças e adolescentes envolvidos.
A democratização e garantia de acesso ao esporte, a cultura e ao lazer
contribuem para a reversão do quadro de injustiça e desigualdade social que
caracteriza uma comunidade menos favorecida, deixando as crianças e
adolescentes vulneráveis. Ao utilizar a modalidade do futsal como ferramenta
de inclusão social, tem como objetivo principal promover e proteger
integralmente crianças e adolescentes, realizar a sua inserção na comunidade
e a formação de cidadãos conscientes e atuantes na sociedade por meios
psicomotores e pedagógicos. O importante não é ser campeão, mas sim,
perceber a mudança de vida dessas crianças e adolescentes, este sim, é o
maior troféu e medalha, é um campeonato disputado diariamente. Quando
trabalha com o esporte como um agente integrador social e educacional é
necessário esquecer a padronização da técnica do movimento, como se fosse
um simples treino de uma modalidade esportiva, é muito mais do que isso, é
considerar a criança e o adolescente como um ser social e cultural, onde seus
movimentos estão repletos de códigos e valores.
Não podemos ter a utopia, ou ser ingênuos de achar que só o esporte é
capaz de diminuir os índices de violência, pelo contrario, o esporte por si só, é
competitivo, excludente, quem vence é bom e quem perde é um fracassado.
Para vencer, vou escolher o que considero mais habilidoso e excluir o menos
habilidoso, ensinando a exclusão. No Brasil quase todos os meninos um dia
praticaram o futebol, e nem por isso os presídios estão vazios, e em todos os
presídios o futebol é o esporte mais praticados pelos presos, todos os presídios
contam com uma quadra para a prática do futsal e nem por isso os presos
voltam de lá reeducados. É claro que quem educa é o Professor de Educação
Física e não o esporte. Mas como o Professor de Educação Física pode utilizar
o esporte para promover a educação psicomotora? O professor através do
esporte pode oferecer possibilidades que se consolidam em práticas como a
cooperação, comunicação, respeito pelas regras, resolução de conflitos,
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entendimento e compreensão, valor do esforço, responsabilidade entre tantas
outras possibilidades de ensinar a crianças e adolescentes.
As organizações sociais, onde se inclui o esporte e a Psicomotricidade
devem ser planejadas e estruturadas, em função de diagnosticar os contextos
históricos que caracterizam seus participantes, valorizar e conhecer a historia
de vida do aluno, ressaltando os aspectos familiares, o respeito pelo ambiente
em que ele vive, sem esquecer em nada seus costumes e valores. O processo
de ensino e aprendizagem não pode ser feito sem tentar olhar o interior da
criança e do adolescente. Ao estudar o comportamento de uma comunidade,
devemos considerar Todo comportamento da sociedade deveria ser
classificado como afetivo-cognitivo-motor. É necessário verificar cada caso,
individualmente, sem isso é impossível pensar em uma reeducação
psicomotora. “O aluno precisa ser preparado individualmente para atuar de
acordo com as exigências individuais”. (DAOLIO, 2004, p. 38).
É importante buscar através de um projeto pedagógico uma
aprendizagem significativa e contextualizada, e nada melhor que utilizar o futsal
para isso. O professor precisa estar atento em localizar dificuldades corporais
no qual alguns alunos possam ter como correr, pular, saltar, chutar, para que a
prática do futsal possa fluir, mas essa prática como uma brincadeira, um
prazer, jamais a busca da perfeição do fundamento, deve ajudar as crianças e
adolescentes a ganharem a consciência da cultura do movimento, as diferentes
formas de se movimentar, de bater e carregar a bola. Levar o aluno a refletir
sobre o que prática, o que conhece do jogo, identificar a prática do jogo só pelo
prazer de jogar, com a prática do jogo que a mídia passa.
1.2 PROGRAMA JOVENS EM AÇÃO
A prática da Educação Psicomotora com crianças no Bairro das Graças
se da inicio em 2003, o Bairro era bastante violento, durante um ano, dezenas
de jovens ou eram assassinados ou presos por causa da violência, e é nesse
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contexto que surge na Praça do Bairro das Graças o Programa Jovens em
Ação, liderado pelo estudante de Educação Física Bruno Nunes “Na época a
quadra estava recentemente inaugurada um grande amigo meu tinha sido
assassinado após tentar realizar um assalto, aquilo mexeu muito comigo, decidi
começar a dar aulas de futsal para as crianças, como uma maneira deles não
mais ficarem nas ruas”. Logo foi pensado, vamos utilizar o único espaço de
prática de uma modalidade esportiva, e qual seria esse esporte? O esporte de
mais conhecimento pelos moradores, o futebol, que seria readaptado para o
futsal, (Anexo 1 e 2). É muito grande a influência que a cultura local, o
ambiente em que a criança vive, tem sobre o desenvolvimento da motricidade
infantil, os jogos, as brincadeiras e as práticas esportivas revelam a cultura
corporal de cada grupo social, constituindo-se em atividades privilegiadas nas
quais o movimento é aprendido e significado.
A prática psicomotora no futsal na praça é destinada a democratizar o
acesso á aprendizagem motora, cognitivo e social, por meios esportivos a
serem realizados no contra-turno escolar. Uma quadra de futsal, cones feitos
de garrafas pets, uma bola velha de couro e cerca de 80 meninos, foram o
suficiente para o começo de um sonho, que acabará virando um trabalho de
referência para os moradores do Bairro das Graças e Comunidades
adjacentes. O maior objetivo era criar para os moradores uma proposta de dar
condições e oportunidades com que crianças e adolescentes poderiam
desenvolver seus potenciais motores, cognitivos e afetivos, formando
competências que lhes proporcionassem uma vida mais plena como pessoas,
cidadãos conscientes.
Quando iniciei o trabalho com esses jovens, não sabia se daria certo, e
que viraria de certo modo, referência para as crianças da minha comunidade.
Não se trata apenas ensinar a criança a conduzir a bola, ou dar um passe
certo, ou chutar no gol finalizando uma jogada de ataque. A prática
psicomotora do futsal vai muito mais além, significa democratizar o acesso à
prática esportiva, oferecer a crianças e adolescentes a manter uma interação
afetiva que contribua para o seu desenvolvimento social, fortalecer as parcerias
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do esporte com instituições sociais como a família, escola e Igreja, ajudar a
desenvolver um ser crítico, autônomo e que venha saber ler e interpretar os
fatos da sociedade, se tornando um sujeito de ação e transformação, assim
como diz o próprio nome do Programa, Jovens em ação. Jovens que tenham
vontade e motivação para buscar a transformação da mesma comunidade que
vive, sendo conhecedores de todas as dificuldades que diariamente os cercam,
o maior sonho do responsável deste projeto, é ver no futuro, os próprios alunos
que foram beneficiados, sendo os próximos professores.
Se durante muito tempo se lutou contra uma suposta apatia da sociedade brasileira e sua pouca tradição participativa, hoje vivemos o tempo da “participação social”, do voluntariado, da solidariedade, das empresas socialmente responsáveis, da sociedade extremamente mobilizada e do capital social. (Melo, 2005, p. 50).
1.3 A PSICOMOTRICIDADE NO FUTSAL SURGE COMO UM ELO ENTRE A
FAMÍLIA E A ESCOLA
Atualmente estamos passando por um momento onde os valores estão
sendo invertido, o certo esta virando errado e o errado virando certo. Muito pela
influência da quantidade de informações que hoje chega a nossas crianças
através da televisão, radio, jornal e internet. Muitas dessas informações
deveriam chegar através das instituições educacionais, família e escola. Ao
verificar o histórico de meninos que foram alunos que se envolviam com as
drogas e o crime, os professores do programa observam que a grande maioria
era de famílias desestruturadas, ou a gravidez das mães aconteceram na
adolescência, ou vivia em ambientes hostis, sem recursos, o que dificultavam a
aprendizagem e o desempenho escolar, levando a evasão ao colégio.
Nossa sociedade consumista tem costume de colocar a Psicomotricidade em segundo plano, mas percebe-se isto, principalmente, quando os pais dizem “fique quieto menino”, “isso não
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são modos”. Por outro lado, por conta do comodismo ou por não terem tempo, os pais não brincam e nem substituem o seu “não”, por outros exercícios ou participações, fazendo com que as crianças cresçam muitas das vezes, com déficit psicomotor, com pouca criatividade, raciocínio lento e timidez. (Barreto, 2010, p. 25).
O fato da desestruturação das famílias e grande a quantidade das
famílias hoje existentes sem a figura de um dos responsáveis da criança, o que
vai acarretar em conseqüências gravíssimas na vida adulta das crianças. O
rompimento de um vínculo afetivo na vida de um filho é um golpe que jamais
será superado.
Nem sempre as ligações biológicas são sinônimas de afetividade, são
grandes os números de namoros precoces que acabam resultando em uma
gravidez inesperada e não planejada, e infelizmente, na maioria dos casos,
acabam apenas em um vínculo biológico, não resultando em um vínculo
afetivo. O afastamento de um pai ou uma mãe pode causar problemas na vida
emocional, acadêmica, esportiva e profissional na vida daquele que foi
abandonado.
Para o responsável da Prática Psicomotora no futsal na Praça do Bairro
das Graças e autor desta obra, fala que Infelizmente muitos dos nossos alunos
que se envolveram com o crime, seja o assalto ou tráfico, são frutos do
rompimento do vínculo afetivo, desestrutura familiar, somando com a
desigualdade social, mais a falta de oportunidade, acabaram entrando para o
crime, não aprenderam a amar o seu próximo, não aprenderam a se colocar no
lugar do outro, as perdas, e ou traumas que sofreram no seu processo de
formação e informação, fizeram olhar apenas para si só.
Foi necessário muito mais do que ensinar a parte motora da prática do
futsal, mais trabalhar a parte afetiva e cognitiva dos alunos. Uma das maneiras
que foi achada era que para a criança pudessem praticar as aulas de
Psicomotricidade no futsal, a família deveria comprovar que o aluno estava
matriculando e estudando, não podendo ter mais do que 15% de faltas nas
escolas, e que no fim de cada bimestre, era fundamental que os responsáveis
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dos alunos apresentassem os boletins escolares com as notas dos alunos.
Firmado esse compromisso, o desempenho escolar das crianças e
adolescentes começou a melhorar. “Com certeza a Psicomotricidade pode ser
um meio de ajudar a amenizar a repetência, a evasão escolar e o estresse”.
(BARRETO, 2010, p. 23).
Com a preocupação olhar um futuro e ver uma esperança, o programa
procura realizar palestra com atletas e ex-atletas que conseguiram destaque
através do esporte, desta maneira, buscando criar uma referencia para os
alunos. As crianças já receberam visitas de jogadores como Zinho, Romário,
Nunes, Schwenck, , onde cada uma contou suas trajetórias de vida, mostrando
a influência que a prática do esporte teve em suas vidas. Fica evidente, que só
a prática do futsal por si só, não é e nem seria capaz de solucionar os
problemas de desigualdade e violência que o Bairro das Graças sofria. A
prática psicomotora foi fundamental na vida das crianças e começar mudar o
cenário que o Bairro se encontrava.
- 22 -
Capitulo II
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR, E A PRÁTICA DO
FUTSAL COMO PRAZER DE BRINCAR E NÃO DE
VENCER
“Seja o aluno alvo de uma intervenção escolar, seja o atleta em um clube, seja o freqüentador de academia de ginástica – a partir de uma relação intersubjetiva. Como um indivíduo socializado que compartilha o mesmo tempo histórico do profissional que faz a intervenção” (DAOLIO, 2004, P. 72)
Aqui estaremos enfatizando a importância das brincadeiras e dos jogos
para crianças de 05 a 15 anos de idade, como seus significados no mundo
subjetivo e objetivo. O ser humano é um ser que tem o seu agir de forma real e
prática, todos os seus atos esta diretamente ligada ao seu viver em seu
ambiente, que foram se formando a partir dos seus produtos simbólicos e de
sua subjetividade. Assim é a cultura corporal de movimento, uma criação
histórica e coletiva.
Os jogos e as brincadeiras são parte fundamental da cultura corporal,
dado que por seu intermédio nos apropriamos das diferentes manifestações
culturais de forma lúdica da nossa cultura e origem, assim elas são parte
integrante da nossa personalidade e identidade nacional. O lúdico e o
imaginário a serviço do jogo vão servir na construção da criança em suas
dimensões psicomotoras.
O jogo é um exercício de vida sim, mas que, também prepara o individuo
para a vida; Em um sentido restrito, podemos definir o jogo como divertimento,
uma brincadeira, um passatempo, sujeito a certas regras, existindo dentro de
um limite de tempo e espaço, em um sentido amplo podemos definir como uma
atividade que representa o mundo subjetivo, e interior da criança. Só interpretar
- 23 -
o universo externo da criança e do adolescente, vamos acabar nos
confundindo.
Enquanto sujeito histórico, dada a complexas relações das atividades
corporais de um sujeito coletivo. Os grupos só vão existir, se primeiro forem
formados por pessoas diferentes, que pensam e agem de maneira diferente,
que vão agir de maneira criativa e construtiva para se adaptarem as diferenças
uns dos outros.
Para que as crianças possam exercer sua capacidade de criatividade e
autonomia é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências
que lhes são oferecidas nas instituições, sejam elas mais voltadas às
brincadeiras ou às aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção
direta.
A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial
com aquilo que é o “não - brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no
plano da imaginação, isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da
linguagem simbólica, isto quer dizer que é preciso haver consciência da
diferença existente entre a brincadeira e a realidade. Neste sentido, para
brincar é necessário se apropria de elementos da realidade imediata de tal
forma a atribui lhes novos significados, essa peculiaridade da brincadeira
ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade.
Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das
idéias, de uma realidade anteriormente vivenciada, todo menino que hoje joga
uma bola, se imagina como se fosse um “Neymar”, “Ronaldinho”. Este exemplo
como outras formas de brincar, esta orientando sua ação pelo significado da
situação e pela atitude mental e não somente pela percepção imediata dos
objetos e situações.
No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e
significam outra coisa além daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças
recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que
estão brincando. O principal indicador da brincadeira entre crianças é o papel
- 24 -
que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papeis nas brincadeiras, as
crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e
substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel se
assumido de objetos substitutos.
A brincadeira favorece a auto-estima das crianças, auxiliando-as a
superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui,
assim, para a interiorização de determinados modelos de adultos, no âmbito de
grupos sociais diversos, infelizmente em comunidades onde existe crime
organizado, é fácil verificar que a brincadeira preferida das crianças é o “Polícia
e ladrão”, são representações em forma de brincadeiras daquilo que elas
vivenciam.
Nas brincadeiras as crianças transformam o conhecimento que já
possuem anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. Por exemplo,
para assumir determinado papel na brincadeira, a criança deve conhecer
alguma de suas características, no futsal, ela deve aprender o mínimo das
regras, os fundamentos motores básicos para a sua prática. Seus
conhecimentos provem da imitação de alguém ou de algo já conhecido, através
de amigos, familiares, televisão, jornal, etc. a fonte de seu conhecimento é
múltiplas estes se encontram ainda fragmentados, é no ato de brincar que a
criança estabelece os diferentes vínculos entre as características do papel
assumido, suas competências, e as relações que possuem com outros papéis,
tomando consciência disto e generalizando para outras situações.
O brincar dentro da modalidade esportiva futsal, apresenta-se por meio
de várias categorias de experiências que são diferenciadas pelo uso do
material, dos recursos predominantemente implicados, e da descaracterização
das regras do futsal de rendimento. Essas categorias incluem o movimento e
as mudanças da percepção resultantes essencialmente da mobilidade física
das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como
a combinação e associação entres eles; a linguagem oral e gestual que
oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; os
- 25 -
conteúdos sociais, como símbolos, significados, valores e atitudes que se
referem ao universo social que os constrói; e finalmente, os limites definidos
pelas regras, se constituído em um recurso fundamental para brincar. Estas
categorias de experiências podem ser agrupadas em três modalidades básicas,
quais sejam brincar de faz-de-conta, jogos de construção ou brincar com
regras. “A criança transforma em símbolos aquilo que experienciar
corporalmente; o que ela vê, cheira, pega, chuta, aquilo de que corre e assim
por diante”. (FREIRE, 1989, p. 81).
As brincadeiras de faz de contas, os jogos de construção e aqueles que
possuem regras, como a prática do futsal, proporcionam a ampliação dos
conhecimentos infantis e sociais por meio de atividade lúdica.
A intervenção intencional baseada na observação das brincadeiras,
oferecendo-lhes material adequado assim como um espaço estruturado para
brincar permite o enriquecimento das competências, imaginárias, criativas e
organizacionais.
“Precisamos construir uma educação como instancia mediadora e coordenadora, que expresse e impulsione a educação comprometida com os interesses da população e com a qualidade de vida dos seus participantes”. (BARRETO, 2003, p. 35)
Cabe ao professor ao utilizar a Psicomotricidade no futsal organizar
situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada para
proporcionar às crianças a possibilidade de escolherem os jogos, elaborar as
regras. É necessário que o Professor tenha consciência que nas brincadeiras
as crianças recriam e estabeleçam aquilo que sabem sobre as mais esferas do
conhecimento, em uma atividade espontânea e imaginária, ter a consciência
que as crianças, não estão brincando livremente nestas situações, pois há
objetivos psicomotores e pedagógicos em questão.
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2.1 A PRÁTICA DO FUTSAL COMO PRAZER DE BRINCAR E NÃO DE
VENCER
Como fazer que crianças de cinco ate quinze anos de idade,
transformem uma modalidade esportiva de competição como o futsal, em uma
pratica de brincadeira, simplesmente pelo prazer de jogar? É o adulto que na
figura do professor vai intervir, ampliando o espaço onde só enxergam o jogo
do futsal em si. Na aprendizagem infantil, o que importa é brincar e não
competir, isso ajuda a estruturar o campo da brincadeira, por meio de oferta de
determinados objetos, fantasias, brinquedos ou jogos. Por meio de brincadeiras
e jogos os professores podem observar e construir uma visão dos processos
de desenvolvimento das crianças e adolescentes em conjunto e de cada um
em particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens assim
como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que
dispõem.
O futsal é uma modalidade de competição, sim, no entanto encontramos
em sua prática formas e sentidos, no qual têm vocação para constituir-se como
um conteúdo pedagógico. O esporte para se constituir como meio de educação
precisa responder dois questionamentos. Qual a especificidade dos conteúdos
com o valor educativo a serem oferecidos a criança e o adolescente? E como
praticar o esporte sem exigir gestos motores aperfeiçoados?
A primeira, o que mais a sociedade hoje necessita não é simplesmente
que sejam ensinados apenas conteúdos, mais sim que sejam ensinados
valores e princípios solidários. Dentro desta concepção, o futsal tem um papel
muito importante, sendo sabido que se trata de uma pratica de jogo coletivo, no
qual o trabalho em equipe vai resultar em um resultado melhor. Um exemplo, o
futsal é conhecido por jogar e se deixar jogar, isto, imposto pela sua própria
regra de competição, em que diz que uma equipe possui um limite de cinco
faltas por período, desta forma, o respeito a não violação da regra, pode
acarretar em bom desempenho no jogo.
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Para analisarmos a segunda vamos citar o que diz J.B. Freire “não
acredito em padronização de movimentos, pois, para tanto, teria que acreditar
também na padronização do mundo”. Cada criança é única, possui suas
características, não tem como exigir que todos tenham o mesmo desempenho
motores.
Existem dois tipos de jogos. Um chamaremos de jogo de cooperação e
outro chamaremos de jogo de competição. Podemos chamar de jogo de
competição, o jogo em que o objetivo principal é vencer, e muitas das vezes e
vencer pode vim a qualquer custo, mesmo que esse custo tenha que passar
por cima das regras e normas do jogo, negligenciando princípios e valores
subjetivos daquele que quer vencer. O outro podemos chamar de cooperação,
onde o objetivo é participar, brincar, neste tipo de jogo, podemos modificar as
regras, para que todos os seus participantes tenham o realização da vitória.
Em um jogo de futsal, mesmo sem o objetivo de se conquistar a vitória
por causa de um troféu ou uma medalhada, é necessário que tenha
intervenções dos Professores para mediação de conflitos entre os
participantes. Exemplo: Geralmente nas brincadeiras de futsal, futebol quando
se têm mais de dois grupos querendo participar, as regras enquanto o
vencedor e o perdedor são as seguintes, dez minutos ou dois gols, o que
significa que o grupo que realizar dois gols primeiro vencerá, ou no final de dez
minutos, não havendo um vencedor, serão tirados par-ou-ímpar, e a equipe
que não vencer ficará do lado de fora esperando a “outra”, o que significa outra
partida. Fica claro que todos os grupos vão participar da brincadeira, porém,
pelo o prazer de se brincar, nenhum grupo quer permanecer dez minutos de
fora do jogo esperando à “outra”.
Sem dúvidas em um jogo é necessário que se tenha um vencedor e um
perdedor, mais o que é preciso ser ensinado, é que tão importante para a
realização do jogo é quem vence quanto quem perde, sem ambos, não existiria
o jogo. Assim o mais importante deixa de ser a vitória, e vira o compromisso
com a participação de uma atividade lúdica. Com este sentido o jogo se torna
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um dos instrumentos mais importantes da educação em geral. Possibilitando o
exercício de habilidades necessárias ao desenvolvimento integral da criança e
do adolescente, a autodisciplina, afetividade, a sociabilidade, valores morais,
espírito de equipe e o bom senso.
Não é uma tarefa complicada tentar imaginar a essência das crianças e
adolescentes, ao observar pulando, correndo, arrastando-se, fantasiando,
jogando, enfim, em situações de sua vivência do brincar e jogar, que fazem
parte de suas rotinas como se fossem obrigações. É necessário que nós
professores e psicomotricistas, percebamos o que isso representa para o
desenvolvimento das crianças e seu universo. Na verdade, nós precisamos
compreender como é necessário saber como se dá o desenvolvimento nas
esferas cognitivas, motor, social e afetiva.
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CAPITULO III
O FUTSAL ENQUANTO UMA PRÁTICA DE EDUCAÇÃO
PSICOMOTORA “As habilidades motoras precisam ser desenvolvidas, sem dúvidas, mas deve estar claro que serão as conseqüências disso do ponto de vista cognitivo, social e afetivo”. João Batista Freire (1989)
Neste capítulo queremos evidenciar a importância da contribuição da
prática psicomotora como ferramenta de promover a inclusão social, abrir
oportunidades de tomadas de decisões, e na ajuda de resgatar princípios e
valores esquecidos.
Ao escolher o futsal, como uma ferramenta de mudança de pensamento
de um Bairro, não poderia ser apenas o preenchimento do tempo ocioso das
crianças e adolescentes, um tempo que poderia ser simplesmente o de brincar
uma bolinha, era necessário valorizar que através da brincadeira a cultura e a
liberdade de cada um deles. Na verdade era um desafio. E nada melhor do que
o jogo para superara este desafio, o jogo sempre é uma situação a ser
superada, não existe jogo sem desafio, sem exigências, seja elas cognitivas,
motoras ou sociais.
O futsal é uma prática esportiva, e por ser uma prática esportiva, o fator
lúdico esta diretamente ligada a sua motivação e realização. Pode ser
considerável a ajuda desta prática no desenvolvimento afetivo, motor e
cognitivo do aluno, mais para isso é necessário que o mesmo tenha motivação
e interesse. Ao praticar um esporte, é evidente que logo vem à cobrança pela
imitação do esporte praticado através da mídia, o que pode causar certo receio
e medo dos menos habilidosos.
A criança e o adolescente têm a necessidade de se movimentar e
explorar tudo aquilo que esta ao seu redor em seu meio ambiente,
progressivamente deveriam ser criadas brincadeiras e jogos, sempre partindo
do mais fácil para o mais complexo, que aproveitassem os movimentos livres
através das suas próprias vontades, defendendo a atividade espontânea e
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criativa da criança e do adolescente, a vida em grupo, as tomadas de decisões
compartilhadas, o manuseio e a experimentação de materiais. Assim, vão
enriquecer suas experiências motoras, procurando proporcionar um melhor
desenvolvimento psicomotor e em conseqüência seu desenvolvimento social,
facilitando a integração na sociedade. Desta maneira, as vivências vão se
acumular dando um suporte para estruturação e maturação corporal, que
carregará por toda sua vida.
3.1 FATOR AFETIVO
O Professor pode através da brincadeira e do jogo criar oportunidades
para a criança expressar seus afetos e emoções, A insegurança, o medo do
erro poderia resultar em uma grande frustração em uma criança menos
habilidosa. Para buscar uma realização de movimento satisfatória ao longo do
jogo, devemos entender que existe uma grande influência do meio ambiente,
para isso, é necessário partir do principio, não entender o ato motor como uma
ação isolada.
Pais e professores afetuosos e meditatizadores investem tempo nas necessidades de desenvolvimento dos seus filhos e dos seus estudantes; no extremo oposto, pais ou professores controladores exercem poderes disciplinadores e arbitrários. Não é a afetividade nem a disciplina sozinhas que determinam o comportamento dos filhos ou estudantes, mas sim a sua combinação dialética; quer a afetividade sem disciplina, quer a disciplina sem afetividade, ambas têm efeitos negativos no desenvolvimento dos seres inexperientes. (FONSECA, 2007, p. 108-109)
Os Professores meditatizadores precisam levar em conta o fato de que
as experiências e competências corporais das crianças e adolescentes são
muito diversificadas, não se pode querer que todo um grupo de crianças e
adolescentes realize o mesmo movimento e gestual de uma prática esportiva.
A diversidade que as os alunos apresentam em relação às suas competências
corporais na prática das atividades, deve-se valorizar as diferenças entre eles.
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Os sentimentos, as emoções, as motivações para aqueles estão
envolvidos no ensino das habilidades motoras, são muito importantes e
essências.
É necessário em primeiro ajudar a criança a desenvolver a imagem de
positiva de si, assim, ela vai buscar atuar de forma independente, com
confiança em suas decisões e realizações. Ou seja, ela precisa ter liberdade e
possibilidades de inventar e experimentar suas próprias ações é claro que os
erros vão acontecer, mas seja errando ou acertando é que vai alcançar sua
autonomia.
Na iniciação desportiva, ao descobrir progressivamente seu próprio
corpo, ela vai aumentando suas capacidades e seus limites, não podendo
determinado ou medido o seu desempenho pelos professores. Essa cobrança
pode levar a criança há um nível de ansiedade e estresse, que vão diretamente
afetar o desempenho de acordo com a própria cobrança em acertar ou errar
um movimento, ou uma jogada, ou a realização de um gol. O erro não pode se
tornar um peso, pelo contrario, ao enfrentar o julgamento, observar os fatos
cuidadosamente, e em especial quando estes são contrario a ela, são
atividades fundamentais. O erro pode ser a oportunidade da criança e do
adolescente reconstruir seu ponto de vista, e sua ação, ao aceitar a
cooperação do grupo é sinal que esta havendo um processo de linguagem e
comunicação, agora não basta mais realizar uma ação de forma isolada, a
interação, a discussão sobre as jogadas, a busca do acerto, esse trabalho em
equipe. Essa comunicação vai servir para ajudar estabelecer o auto-conceito,
que possibilitara criar vínculos entre o individual e o social.
A participação nos questionamentos gerados pelo jogo, é muito
importante tanto para o desenvolvimento social e afetivo, quanto para o
cognitivo.
A inserção no grupo, o sentimento de aceitação, a auto-estima
dependem, em boa parte, da participação da criança e do adolescente junto ao
grupo social. Aos poucos ela vai aprender a articular seus interesses e pontos
de vistas com o outro, aumentado sua competência comunicativa, ampliando
cada vez mais as relações com os demais, respeitando a diversidades,
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percebendo-se cada vez mais como integrante de um todo, dependente e
responsável pelo ambiente. A identificação, a auto-afirmação das crianças e
adolescentes, podem ser ajudadas a se formar com atividades e brincadeiras
em grupo.
3.2 FATOR CÓGNITIVO
Segundo vários autores (Piaget, Freire) o domínio cognitivo esta
relacionado às atividades intelectuais, do pensar. A atividade lúdica pode
contribuir de forma favorável para o processo de construção do conhecimento e
raciocínio da criança e adolescente. A prática da atividade física é importante
na medida em que apresenta relações entre o uso do corpo e o
desenvolvimento da cognição.
Uma vez realizada alguma ação física, o que resta para o indivíduo que o praticou é o que pode abstrair dela. Toda ação torna-se possível porque houve uma coordenação que ligou os movimentos em uma função de um objetivo. Ou seja, essa coordenação é uma espécie de saber corporal que orienta a ação. A ação, uma vez realizada, acaba, mas, de sua coordenação o sujeito abstrai e incorpora elementos que serão material de sua reflexão, de seus pensamentos. (FREIRE, 1989, p. 122).
O jogo é uma fonte de prazer sem fim para a descoberta e criatividade,
dá acesso a um maior número de informações, ao jogar a criança consolida
habilidades já adquiridas e as pode praticar de modo diferente, diante de novas
situações, ao refletir sobre o que se esta praticando, ele esta criando um elo
entre a prática motora e o pensamento.
O ponto de partida para qualquer aprendizagem, o aluno precisa saber
por que esta fazendo aquela atividade, quais serão os benefícios, quais são os
pontos negativos, qual foi o contexto do surgimento daquele esporte, como se
organizar socialmente para a sua prática, quais são suas regras e normas,
quais são os seus gestos característicos, e como interpretá-los. Compreender o
jogo, configurando a sua estrutura e observando os seus efeitos em quem joga,
- 33 -
e em quem assiste é uma condição básica na formação do pensamento sobre
sua prática.
Para que a criança e o adolescente realizar a compreensão, e uma
análise das regras, das táticas do jogo é necessária que se desenvolva o
processo de memorização. Ao realizar uma jogada ensinada, executando
diferentes atividades, realizando, por exemplo, no futsal um sistema de rodízio,
o aluno esta mostrando a resposta gerada por uma informação passada nas
aulas. Após um jogo perdendo ou ganhando, debater o resultado, professor e
aluno estão estabelecendo o processo de avaliação.
3.3 FATOR MOTOR
Para a prática do futsal são considerados fundamentos básicos para sua
realização, a recepção (domínio de bola), o passe, o drible, a condução de bola
e o chute. Essas são as habilidades mais ensinadas e trabalhadas em uma
escolinha de futsal.
Geralmente os métodos de ensino são o parcial, global e misto;
• Parcial: Surge dentro de uma visão de progressão pedagógica,
ensinando a habilidade motora por partes, depois uni-las entres si, e também
acrescentando novos elementos progressivamente até a idéia do gestual total,
ou em formas de combinação. Exemplo: Ensinar o aluno a conduzir a bola
entre os cones.
• Global: Ensinar o fundamento motor em todo o seu conjunto, busca a
idéia central do jogo ou que suas estruturas básicas estejam presentes.
Exemplo: Utilizar golzinho, altinha, um toque.
• Misto: Ensinar os fundamentos motores incentivando sua execução em
um todo. Desta forma proporciona maior motivação aos participantes porque se
aproxima mais rapidamente do seu objetivo. Exemplo: o jogo em si.
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A prática do futsal vai ajudar nas habilidades perceptivas, capacidades
física, as habilidades especificas, esquema corporal, ritmo, lateralidade,
equilíbrio.
É muito importante que as situações sejam planejadas com uma visão
de aula, e não, de treinamento. As atividades esportivas têm Caráter
competitivo e as competências individuais acabam se evidenciando, cabe o
professor organizá-las de modo de democratizar as oportunidades de
aprendizagem. Este planejamento sempre precisa ter diversidades em
atividades, e respeitando uma progressão pedagógica.
Deve proporcionar ao aluno condições para que o seu comportamento motor seja desenvolvido através da interação entre o aumento da diversificação e complexidade dos movimentos. (DARIDO, 2003, p. 5).
São comuns em jogos pré-esportivos os mais habilidosos monopolizem as
situações de ataque e os menos habilidosos acaba indo para a parte defensiva.
Geralmente colocam o menos habilidoso para realizar a função de goleiro. No
futsal, temos a vantagem que é um esporte trabalhado em sistema de rodízio,
cabe ao Professor ensinar essa prática, desta maneira, os times constituem em
uma situação favorável para o exercício de diversos papeis e estilos pessoais,
e, portanto, uma forma de promover um melhor conhecimento e respeito de si
mesmo e dos outros.
É de responsabilidade de o psicomotricista localizar e intervir
diretamente, a fim de encontrar aqueles que possuem algum tipo de
dificuldade, especialmente para trabalhar o movimento em suas várias
dimensões. As aquisições como compreensão de equilíbrio, lateralidade
deslocamento, representam importantes ganhos dentro da motricidade objetiva.
Que vão se aprimorar pela vida inteira conforme se oferecerem oportunidades
de espaços. O maior controle sobre a ação do movimento vai diminuir o medo
e receio.
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3.4 A PRÁTICA DO FUTSAL ENQUANTO FATOR LÚDICO, SIMBÓLICO E
INERENTE A CRIANÇA
No Brasil, o contato da criança com uma bola acontece ainda nos
primeiros anos de vida. É algo inerente ao menino, parece estranho se um
menino não gostar de futebol em nossa cultura, da mesma forma que é
estranho se uma menina gostar, esses são os valores do futebol que a mídia
passa para nossa sociedade. Mais não pode ser aceito desta maneira em um
programa educacional.
Na Praça do Bairro das Graças à prática acontece com todos juntos,
meninos, meninas e portadores de necessidades especiais. A educação
psicomotora deve ensinar o esporte como uma prática lúdica e uma construção
social. Uma modalidade Construída historicamente, que pode ser alterada e
criativamente ensinada.
Não é necessário que seja apenas o futsal enquanto ganhar ou perde,
podemos utilizar vários jogos pré-esportivos como altinho, um toque, bobinho,
rebatida, jogos populares, entre tantos outros jogos, com motivos de caráter
eminentemente subjetivos e simbólicos, serão realizados com fim do prazer e
divertimento. Na maioria das vezes, o jogo ocorre como representação da
realidade ou como elemento ligado a alguma manifestação sociocultural.
A utilização do jogo simbólico como recurso de inserção e compreensão
de assuntos e ações que permeiam o cotidiano. Ampliando, explorando e
valorizando cada conquista corporal.
Segundo Freire, (1991)
“se por um lado temos a atividade simbólica, isto é, as
apresentações mentais... Por outro lado, temos o mundo
concreto, real, com o qual se relaciona o sujeito. Ligando-
se, está a atividade corporal”.
O trabalho da Psicomotricidade tem seus fundamentos nas concepções
sociocultural de corpo, movimento e pensar. O aluno precisa ser considerado
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um todo, não basta à repetição de gestos, é necessário que o aluno possa
transmitir através do movimentar, locomover, seus códigos e símbolos, quanto
mais a criança tiver oportunidade de andar, correr, saltar, pular, girar de forma
lúdica e espontâneas, mais esses movimentos tendem a ser realizados de
forma automática .
(DARIDO, pág. 70. 2003)
“Formando o cidadão que vai usufruir, partilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas culturais da atividade física”
O que vai definir o caráter lúdico ou automatização, não vai ser a realização do
esporte, mais a satisfação da realização da sua prática.
Quem joga ou brinca participa de uma situação não obrigatória, a não
serem aqueles que são originados simplesmente pela satisfação de brincar. As
regras do jogo podem ser adaptadas para diferentes contextos. Em uma
situação recreativa pode-se considerável válida uma série de movimentos e
procedimentos que, numa situação de competição, não seriam adequados.
O jogo e o lúdico estão a serviço do conhecimento e da aprendizagem.
Aprendizagem não é quando a criança e o adolescente guarda o
conhecimento, aprendizagem se dá quando eles colocam em ação.
Aprendizagem mais ação, vai gerar transformação.
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CONCLUSÃO
Brasil do futebol, por muitas vezes essa frase é modificada pela “Pátria
de chuteiras”, culturalmente o futebol esta inserido em nossas vidas, como
nosso cotidiano, temos orgulho de falar que somos o País do futebol, do futsal,
e ate mesmo do futebol de praia, País de Pelé, Garrincha, Zico, Romário e
Ronaldos, e tantos outros que nos encheram de alegria e nos fizeram cantar,
“eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”.
Porém, temos outras estatísticas que nos deixam com muita tristeza e
vergonha, analfabetismo, violência, acidentes de trânsitos e etc. Essas, nós
assistimos acontecer diariamente e parece que não temos nada haver com
isso, que não é nosso problema, mais sim, das autoridades que estão no
poder, nossos Governantes que nós mesmos os escolhemos, uma nação com
alo índice de corrupção e desvios de verbas que deveriam servir para melhorar
a nossa qualidade de vida. Muitos acreditam no futebol, no futsal, no esporte
em geral, um sonho de conquistar uma vida melhor. Dinheiro, carro, casas
luxuosas, fama. Por muita das vezes os meninos nascidos aqui no Brasil vão à
busca de um sonho através deste esporte tão apaixonante, sem saber o que
irão encontrar pela frente, em busca de um caminho desconhecido.
Incentivados pelos seus familiares, que vêem no mais habilidoso da
família, a chance da mobilidade social, investem tudo o que for preciso, tirando
muitas das vezes da boca dos demais da casa, para comprar materiais
esportivos, pagar mensalidades em escolinhas, pagar passagens, acreditando
que essa seja a solução de seus problemas financeiros, esperando um retorno
“fácil” e lucrativo. É nesse cenário que surge os programas sociais de esporte,
visando não só formar jogadores, mas com uma atenção maior voltada para
educação. Esse tipo de escolinha de esporte vem surgindo no Brasil como uma
válvula de escape contra a desigualdade social, violência, evasão escolar.
Utilizam-se dos sonhos das crianças e adolescente em virarem jogadores de
futebol, e de maneira inconsciente, entram em uma instituição de educação.
A prática educativa é algo muito seria, lidam com sonhos, cultura,
vivencia de crianças e adolescentes, feitas de qualquer maneira pode
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prejudicar, apenas de jogar uma bola, É manter aquele velho discurso vazio em
relação o esporte: Esporte é vida, é saúde, evita as drogas, o envolvimento
com o crime, sim, sabemos que sim, mas a grande pergunta é como?
É nesse sentido que a Educação psicomotora ganha espaço, esta
diretamente ligada ao processo de conhecimentos, observando a criança e o
adolescente não só como um “robô”, que após series de repetições em
treinamento, conseguiu realizar uma jogada. A Psicomotricidade leva em conta
as características de cada sujeito como individual, observando sua cultura, sua
vivencia, toda sua aprendizagem e conhecimento já adquiridos. Para a
Psicomotricidade jogar um futsal é muito mais do que uma brincadeira, é
expressar emoções, sentimentos, pensamentos, desejos.
Em 11 anos de programa Jovens em Ação na Praça do Bairro das
Graças, muitos benefícios foram conquistados. É impossível pensar no ensino
de um esporte, e não ter “revelado’ nenhum jogador de rendimento, sim, alguns
dos alunos do programa, já jogam de forma profissional em clubes do Rio de
Janeiro, isso pode ser considerado um objetivo especifico conquistado.
É lamentável e triste, saber que alguns se perderam, e acabaram
ficando pelo caminho, uns foram presos, outros foram assassinados por algum
tipo de envolvimento com o crime, isto é de partir o coração, nos faz reavaliar
enquanto a nossa pratica pedagógica.
Mas, em sua grande maioria, após 11 anos verificam-se que muitos que
passaram pelo programa, hoje se encontram cursando uma faculdade, outros
viraram militares, muitos bem encaminhados academicamente, e em suas
profissões, a Praça que antigamente servia como boca de fumo, hoje serve
como local de educação, a prática do jogo que era vista como competição, e
quase sempre acabava em palavrões e confusões, hoje é visto como uma
prática de Psicomotricidade.
Eu como criador e responsável pelo Programa Jovens em Ação, como
autor desta obra, chego a conclusão, que valeu apena. Valeu a pena as
lagrimas, o suor, a dedicação. Faria tudo de novo se fosse preciso, só que com
mais empenho.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Blumenau, SC. Academia Publicações. 2010.
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nº 8069, de 13 de julho de 1990. Centro de estudos e pesquisas da
Primeira Vara da Infância e da Juventude: Estado do Rio de Janeiro,
2001.
BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos: O esporte como
exercício de convivência. Santos, SP: Projeto Cooperação, 2001.
DAOLIO, Jocimar. Educação Física e o Conceito de Cultura.
Campinas, SP: Autores Associados, 2004.
DARIDO, S.C. Educação Física na Escola: questões e reflexões. Rio de
Janeiro: Guanabara, 2003.
FONSECA, V. Da. Cognição, Neuropsicológica e Aprendizagem:
Abordagem neuropsicológica e psicopedagogica. Petrópolis, RJ. Vozes,
2007.
FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: Teoria e prática da
Educação Física. São Paulo: Scipione, 1989.
- 40 -
HELAL, Ronaldo. O que é sociologia do esporte? São Paulo:
Brasiliense. 1990.
MELO Marcelo Paula de. Esporte e juventude pobre: políticas
públicas de lazer na Vila Olímpica da Maré. Campinas, SP: Autores
Associados, 2005.
Anexos
Anexo 1, Jornal O
ornal O Dia. 24 de abril de 2005.
- 41 -
Anexo 2, Jornal Oornal O Dia, 24 de Abril de 2005.
- 42 -
- 43 -
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO...................................................................................Pág. 02
AGRADECIMENTOS................................................................................Pág. 03
DEDICATÓRIA..........................................................................................Pág. 04
RESUMO...................................................................................................Pág. 05
METODOLOGIA........................................................................................Pág. 06
SUMÁRIO..................................................................................................Pág. 07
INTRODUÇÃO......................................................................................... Pág. 08
CAPÍTULO I – O BAIRRO DAS GRAÇAS, E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE
ESPORTE.................................................................................................Pág. 11
1.1 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES.......Pág. 14
1.2 PROGRAMA JOVENS EM AÇÃO....................................................Pág.17
1.3 A PSICOMOTRICIDADE NO FUTSAL SURGE COMO UM ELO ENTRE A
FAMÍLIA E A ESCOLA....................................................................Pág. 19
CAPITULO II - A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR, E A PRÁTICA DO FUTSAL
COMO PRAZER DE BRINCAR E NÃO DE VENCER.............................Pág. 22
2.1 A PRÁTICA DO FUTSAL COMO PRAZER DE BRINCAR E NÃO DE
VENCER.............................................................................................Pág. 26
- 44 -
CAPÍTULO III – O FUTSAL ENQUANTO UMA PRÁTICA DE EDUCAÇÃO
PSICOMOTORA.......................................................................................Pág. 29
3.1 FATOR AFETIVO..........................................................................Pág. 30
3.2 FATOR CÓGNITIVO.....................................................................Pág. 32
3.3 FATOR MOTOR............................................................................Pág. 33
3.4 A PRÁTICA DO FUTSAL ENQUANTO FATOR LÚDICO, SIMBÓLICO E
INERENTE A CRIANÇA......................................................................Pág. 35
CONCLUSÃO..........................................................................................Pág. 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................Pág. 39
ANEXOS.................................................................................................Pág. 41
ÍNDICE..............................................................................................Pág. 43