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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO EM DIREITO AMBIENTAL
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PEQUENO PRODUTOR RURAL E A AGRICULTURA
FAMILIAR NA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA
Por: Vitor Diniz Licurci De Mello
Orientador
Prof. Jander Leal
Rio de Janeiro, 2015.
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PEQUENO PRODUTOR RURAL E A AGRICULTURA
FAMILIAR NA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Direito Ambiental.
Por: Vitor Diniz Licurci de Mello
5
RESUMO
Grandes são as particularidades da produção agrícola de pequenos
produtores rurais e agricultores familiares, entre eles: uso tecnológico limitado;
predomínio de mão de obra familiar; cultivo em pequenas escalas de culturas
diversas; dificuldade em obtenção de crédito; direção e gestão dos próprios
trabalhadores; e etc.
Reconhecendo a importância social, econômica e ambiental dos
agricultores e pequenos produtores rurais; o presente trabalho pretende
levantar, reunir e debater sobre dispositivos presentes na legislação ambiental
brasileira no que se refere ao tema.
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METODOLOGIA
Este trabalho se baseou em consultas a livros, artigos, periódicos, sites,
leis e decretos federais.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO 1 - Contextualização Histórica 10
CAPÍTULO 2 - Contextualização Social e Econômica 12
CAPÍTULO 3 - Conceituação de Agricultor Familiar e Pequeno Produtor Rural
na Legislação Brasileira 15
CAPÍTULO 4 - Agricultura Familiar no Código Florestal Brasileiro 18
CAPÍTULO 5 - Cadastro Ambiental Rural em Pequenas Propriedades Rurais
24
CAPÍTULO 6 - Pequeno Produtor Rural na Lei da Mata Atlântica 24
CAPÍTULO 7 - Política Agrícola Voltada para Pequena Produção Rural e
Agricultura Familiar 26
CONCLUSÕES 28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 29
8
INTRODUÇÃO
A partir dos anos 90, no Brasil, a área acadêmica demonstrou grande
interesse pela agricultura familiar. Muitos trabalhos foram, e ainda são,
publicados relacionados a esse tema. Com esse interesse os agricultores
passaram a ser oficialmente reconhecidos como atores sociais e seus
trabalhos vistos como alternativa de um modelo alternativo à agricultura
extensiva tradicional, que por décadas se manteve inacessível aos produtores
de menores rendas (Wanderley, 2000).
O conceito de agricultura familiar como objeto de análise se inicia
principalmente nos estudos da FAO/INCRA (1994) e no estabelecimento do
Programa Nacional de Produção Familiar – PRONAF.
É importante ressaltar que os conceitos de pequeno produtor rural,
camponês e agricultor familiar ainda nos dias de hoje geram grande confusão.
Segundo Fernandes (2002):
“Em uma leitura atenta dos trabalhos acadêmicos, pode-se observar que
os pesquisadores, que utilizam o conceito de agricultura familiar com
consistência teórica, não usam o conceito de camponês. Já os pesquisadores
que usam o conceito de camponês, podem chamá-los de agricultores
familiares, não como conceito, mas como condição de organização do trabalho.
Da mesma forma, ao se trabalhar com o conceito de camponês, pode-se
utilizar as palavras: pequeno produtor e pequeno agricultor. Todavia, como
existem muitos trabalhos que utilizam essas palavras como equivalentes do
conceito de agricultura familiar, é necessário demarcar bem o território teórico
(...)”
E ainda argumenta que:
“(...)o produtor familiar que utiliza os recursos técnicos e está altamente
integrado ao mercado não é um camponês, mas sim um agricultor familiar.
Desse modo, pode-se afirmar que a agricultura camponesa é familiar, mas nem
toda a agricultura familiar é camponesa, ou que todo camponês é agricultor
familiar, mas nem todo agricultor familiar é camponês. Criou-se assim um
termo supérfluo, mas de reconhecida força teórico - política. E como
9
eufemismo de agricultura capitalista, foi criada a expressão agricultura
patronal.”
De forma resumida, a agricultura familiar pode ser entendida como um
setor da agricultura em que os meios de produção pertencem à família, o
trabalho é exercido por esses mesmos proprietários e a área pode ser pequena
ou média.
Recentemente os setores da agricultura familiar e da produção rural
estão passando por um fenômeno comumente denominado por muitos autores
como pluriatividade. Tal fenômeno se caracteriza pela redução da carga horária
do trabalho no campo, visto que são usadas cada vez mais máquinas e
equipamentos agrícolas. Dessa forma, outros membros da família são
liberados para exercerem outras atividades, em muitos casos não agrícolas,
como forma de complementar a renda.
10
CAPÍTULO 1
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
Não existe uma precisão cronológica quanto ao surgimento da
agricultura familiar, mas se sabe que é um modelo de agricultura presente
desde os primórdios da espécie humana e que esteve presente por toda a
história da humanidade.
No Brasil duas concepções de agricultura familiar se deram em
diferentes períodos. Entre as décadas de 70 e 80, usou-se uma derivação
muito semelhante à concepção europeia, em que a agricultura familiar era tida
como uma atividade com responsabilidade social e política de resistência ao
capitalismo (Chayanov, 1974). Já na década de 90, o conceito passou a tender
mais para uma concepção norte-americana em que o agricultor familiar é um
homem de negócios, ousado e inovador. Desde então, o setor ganhou
importância econômica para o país (Germer, 2002).
Em diversos países capitalistas desenvolvidos, constatou-se que a
agricultura familiar e os pequenos produtores rurais desempenham um papel
fundamental na estruturação de economias mais dinâmicas e sociedades mais
democráticas e equitativas.
O desenvolvimento desses segmentos se deu de diferentes
formas em diversos países. Nos EUA, onde o custo da mão de obra se valorou
de forma mais acentuada do que em países europeus, a modernização
agrícola teve seu foco em inovações mecânicas que diminuem custos com
contratação de trabalhadores. Já na Europa, devido à escassez de terra, houve
um esforço maior em aumentar o rendimento da terra (Guanziroli, 2001)
No Brasil, a modernização do setor agrícola se iniciou na segunda
metade da década de 60. Esse período ficou marcado pela predominância de
um modelo de desenvolvimento econômico baseado na substituição de
importações. Dessa forma, o objetivo era desenvolver a agricultura de forma
que fosse possível abastecer toda a demanda alimentar do país. Além das
inovações tecnológicas, esse período também foi marcado por uma intensa
transferência de recursos para os grandes proprietários por meio de políticas
11
agrícolas. Esse processo ficou conhecido como “modernização da agricultura”
ou “Revolução Verde”
Embora a Revolução Verde tenha se caracterizado pela intensificação
do uso de variedades selecionadas, agrotóxicos, fertilizantes, irrigação e
equipamentos; o acesso a esses instrumentos por parte dos pequenos
produtores e agricultores familiares foi extremamente restrito.
A agricultura de forma geral e, mais especificamente, a agricultura
familiar nas décadas de 80 e 90, antes protegida por políticas econômicas,
passou gradativamente a concorrer com produtos internacionais. Com tal
concorrência ficou evidente as deficiências do setor, muito provavelmente fruto
de um baixo acesso desses produtores à educação formal e informal.
Historicamente no Brasil, esses segmentos têm sido duramente
castigados pela falta de políticas voltadas para seu apoio, consolidação e
expansão. Existe uma carência de programas de reforma agrária, pesquisa,
crédito e assistência técnica. Ainda nos dias de hoje, existe uma concepção de
que a agricultura familiar é economicamente declinante, e por isso pouco
importante para o país. Tal concepção se torna ainda mais agravante quando
aliada ao forte viés urbano que desvaloriza o meio rural e provoca intenso
êxodo rural.
Outro fator que prejudica muito a agricultura familiar e o pequeno
produtor rural, é a falta de investimentos e incentivos para o processamento e
beneficiamento dos seus produtos. A grande maioria tem sua renda formada
somente pela comercialização de produtos primários, que, de forma geral,
possuem baixo preço de mercado. Com poucos esforços e recursos esses
produtos poderiam ser beneficiados, gerando intensa agregação de valor.
A história da agricultura demonstra que grandes podem ser as
vantagens das grandes empresas agroalimentares sobre a produção familiar.
Pequenos produtores e agricultores familiares, em geral, encontram maior
dificuldade em comercializar suas produções, obter créditos e comprar de
insumos agrícolas com preços mais baixos.
Outro entrave é a heterogeneidade das pequenas produções. Como a
agricultura familiar também tem a função de abastecimento da própria família, é
comum que eles cultivem diversos alimentos, o que torna a implementação de
melhorias de infraestrutura e serviços mais inviável.
12
CAPÍTULO 2
CONTEXTUALIZAÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA
A agricultura familiar e o pequeno produtor rural possuem papel
estratégico e fundamental para o país através do abastecimento alimentar.
Apresentam ampla distribuição geográfica, aproximando os produtos dos
consumidores, o que consequentemente diminui os custos com transporte e as
perdas pós-colheita; tal redução reflete no preço final. Além disso, possibilita o
abastecimento de comunidades mais distantes das grandes cidades, onde
estão os centros de distribuição.
O último grande censo agropecuário nacional foi realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2006. Segundo esse
censo, a participação da agricultura familiar na produção de mandioca (87%),
feijão (70%), carne suína (59%), leite (58%), carne de aves (50%) e milho
(46%) reforçam a sua importância no cenário agrícola brasileiro (IBGE, 2006).
O gráfico abaixo representa o total de áreas agropecuárias ocupadas por
agricultores familiares:
Fonte: IBGE, 2006. Das 16,5 milhões de pessoas que exercem algum tipo de atividade rural,
12,3 milhões estão relacionadas de alguma forma à agricultura familiar,
perfazendo 74% do total (IBGE, 2006).
13
Fonte: IBGE, 2006. Foram contabilizados 5,1 milhões de estabelecimentos agropecuários no
país, sendo que mais de 4,3 são caracterizados como agricultores familiares,
representando 84% do total (IBGE, 2006).
Fonte: IBGE, 2006.
A partir desses dados, é possível constatar a grande concentração de
terras por parte dos grandes produtores agropecuários, 15,6% do total dos
estabelecimentos não familiares ocupam 75,7% do total das terras.
A agricultura familiar e a pequena produção rural se destacam por
desenvolverem variadas culturas, ou seja, policultura, em menores escalas e
com a obtenção de alimentos de grande qualidade.
Outro benefício para o país é a contribuição para o controle da inflação.
Por ser predominantemente baseada em policultura e pela proximidade com o
14
consumidor, a produção familiar está menos propensa a influências, muitas
vezes externa, na formação de seus preços, contribuindo com sua
estabilização.
15
CAPÍTULO 3
CONCEITUAÇÃO DE AGRICULTOR FAMILIAR E
PEQUENO PRODUTOR RURAL NA LEGISLAÇÃO
BRASILEIRA
Para um completo entendimento do conceito do modelo
agricultura familiar é fundamental diferenciá-lo do modelo patronal (Quadro1).
Quadro 1 – Diferença entre Propriedades Patronais e Familiares
Fonte: Veiga, 2001.
Sendo assim, segundo a classificação de FAO/INCRA (2000) e Molina
Filho (1979), a agricultura familiar pode ser dividida em três classes (Quadro 2).
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Quadro 2 – Classificação dos agricultores familiares
Fonte: FAO/INCRA, 2000.
O terceiro grupo é caracterizado por agricultores que utilizam pouca
tecnologia, as produtividades são baixas e, geralmente, não utilizam crédito.
Esse modelo de agricultura é o que mais se assemelha ao “camponês
tradicional”.
Os dois primeiros grupos podem ser entendidos como os que possuem
mais facilidade de escoar sua produção no mercado, e a busca por assistência
técnica e crédito é mais frequente. Suas produtividades tendem a ser maiores,
uma vez que é usada médio/alta tecnologia (máquinas, defensivos, insumos e
etc.). São modelos que mais se assemelham a uma empresa familiar rural.
A legislação brasileira conceitua de forma distinta o pequeno produtor
rural e o agricultor familiar. A Lei nº. 11.326, de 24 de julho de 2006, estabelece
as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e
Empreendimentos Familiares Rurais e traça quatro requisitos para que o
agricultor seja considerado agricultor familiar ou empreendedor familiar, quais
sejam:
I- não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro)
módulos fiscais. Ressaltando que o módulo fiscal é uma unidade
de medida, instituída pela Lei nº. 6.746, de 10 de dezembro
1979. Sua unidade é expressa em hectares e é variável, sendo
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fixada para cada município. No município do Rio de Janeiro, por
exemplo, o módulo fiscal corresponde a 5 hectares.
II- II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas
atividades econômicas do seu estabelecimento ou
empreendimento;
III- III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de
atividades econômicas do seu estabelecimento ou
empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo;
IV- IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua
família (Brasil, 2006 a).
Já o pequeno produtor rural, é conceituado na Lei nº. 11.428, de 22 de
dezembro de 2006, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação
nativa do Bioma Mata Atlântica. Segundo a referida lei, o pequeno produtor
rural é aquele que, residindo na zona rural, detenha a posse de gleba rural não
superior a 50 (cinquenta) hectares, explorando-a mediante o trabalho pessoal e
de sua família, admitida a ajuda eventual de terceiros, cuja renda bruta seja
proveniente de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais ou do
extrativismo rural em 80% (oitenta por cento) no mínimo (Brasil, 2006 b).
Sendo assim, é possível concluir que são significativas as diferenças
entre os dois sujeitos. Com relação à área máxima da propriedade de um
agricultor familiar (4 módulos fiscais), pode ser maior ou menor do que a área
do pequeno produtor rural (50 hectares), depende do município que ele se
encontra.
No que se refere ao emprego de mão-de-obra familiar, em ambos os
conceitos tal requisito está presente.
Para o enquadramento como pequeno produtor rural a lei define um
mínimo de 80% (oitenta por cento) de renda bruta proveniente de atividades ou
usos agrícolas, pecuários ou silviculturais ou do extrativismo rural. Já para o
enquadramento como agricultor familiar, a lei não estabelece um percentual
mínimo de renda obtida pelas atividades econômicas do seu estabelecimento.
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CAPÍTULO 4
AGRICULTURA FAMILIAR NO CÓDIGO FLORESTAL
BRASILEIRO
No Brasil, o primeiro Código Florestal (CF) foi promulgado no ano de
1934 e surgiu para que fosse atendida uma demanda de combate ao
desmatamento e preservação do patrimônio das florestas (Kengen, 2001).
Diversas ratificações, modificações e complementações foram
realizadas através de leis, decretos e resoluções. No dia 25 de maio de 2012
foi sancionado o novo Código Florestal (CF) por meio da Lei nº. 12651/05,
depois de anos de debates e polêmicas que integraram diferentes setores da
sociedade e do Poder Público.
É importante ressaltar que o CF não faz distinção entre o pequeno
produtor rural e a agricultura familiar, define apenas a pequena propriedade ou
posse rural familiar, conforme o inciso V do artigo 1º-A e o parágrafo único do
mesmo artigo, abaixo transcrito:
“V - pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explorada
mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar
rural, incluindo os assentamentos e projetos de reforma agrária (...)”
“Parágrafo único. Para os fins desta Lei, estende-se o tratamento
dispensado aos imóveis a que se refere o inciso V deste artigo às propriedades
e posses rurais com até 4 (quatro) módulos fiscais que desenvolvam atividades
agrossilvipastoris(...)” (Brasil, 2012 b).
Confrontando tal definição com a definição de pequeno produtor rural da
Lei nº.11.428/ 06, é possível constatar que esse está excluído do conceito de
pequena propriedade ou posse rural familiar, inclui apenas a agricultura
familiar.
O artigo 4º define em seus incisos as Áreas de Preservação Permanente
(APP). Uma distinções para as APPs localizadas em pequena propriedade ou
posse rural familiar é a possibilidade de plantio de culturas temporárias e
sazonais de vazante de ciclo curto na faixa de terra que fica exposta no período
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de vazante dos rios ou lagos, desde que não implique supressão de novas
áreas de vegetação nativa, seja conservada a qualidade da água e do solo e
seja protegida a fauna silvestre. Também é admitida em APPs, a partir de boas
práticas agronômicas e de conservação do solo e da água, mediante
deliberação dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente ou órgãos colegiados
estaduais equivalentes, a consolidação de outras atividades agrossilvipastoris,
ressalvadas as situações de risco de vida (Brasil, 2012 b).
Em muitos pontos do CF é possível constatar que a agricultura familiar é
valorizada e ressaltada. Por exemplo, a alínea b do inciso IX do artigo 3º define
a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou
posse rural familiar como interesse social., desde que não descaracterize a
cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área. Tal
classificação, de acordo com o artigo 8º, poderá ser justificativa para
intervenção ou supressão de APPs (Brasil, 2012 b).
O CF não trata de forma distinta a agricultura familiar no que se refere
aos valores que devem ser mantidos como Área de Reserva Legal, ou seja,
área com cobertura de vegetação nativa. Contudo, o artigo 54 estabelece que
poderão ser computados os plantios de árvores frutíferas, ornamentais ou
industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar
ou em consórcio com espécies nativas da região em sistemas agroflorestais no
cumprimento da manutenção da área de reserva legal nos imóveis de
agricultura familiar. No mesmo artigo ainda está estabelecido que cabe ao
Poder Público Estadual prestar apoio técnico para a recomposição da
vegetação da Reserva Legal (Brasil, 2012 b).
Um destaque importante é a possibilidade, prevista no parágrafo 1º do
artigo 17 do CF, de exploração econômica da Reserva Legal mediante manejo
sustentável, previamente aprovado pelo órgão competente. Para tal exploração
devem ser adotadas práticas de exploração seletiva nas modalidades de
manejo sustentável sem propósito comercial, para consumo na propriedade, e
com propósito comercial. Mais especificamente para agricultores familiares, o
parágrafo 2º do mesmo artigo estabelece que para fins de manejo de Reserva
Legal na pequena propriedade ou posse rural familiar, os órgãos competentes
deverão estabelecer procedimentos simplificados de elaboração, análise e
aprovação de tais planos de manejo. (Brasil, 2012 b).
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Outra distinção aplicada à agricultura familiar se refere à exploração de
florestas nativas e formações sucessoras, de domínio público ou privado.
Estabelece o artigo 31 que tal exploração dependerá de licenciamento pelo
órgão competente, mediante aprovação prévia de Plano de Manejo Florestal
Sustentável (PMFS) que contemple técnicas de condução, exploração,
reposição florestal e manejo compatíveis com os variados ecossistemas que a
cobertura arbórea forme. Porém o inciso III do artigo 32 estabelece que a
agricultura familiar que realiza atividade de exploração florestal não comercial
está excluída da obrigação de elaborar PMFS (Brasil, 2012 b).
Com relação à exploração florestal comercial, o artigo 56 estabelece que
o licenciamento ambiental para agricultores familiares deve ser procedido de
forma simplificada. Sendo que, de acordo com o parágrafo 1º do artigo 56, o
manejo sustentável da Reserva Legal para exploração florestal eventual, sem
propósito comercial direto ou indireto, para consumo no próprio imóvel por
parte dos agricultores familiares, independe de autorização dos órgãos
ambientais competentes, limitada a retirada anual de material lenhoso a 2
(dois) metros cúbicos por hectare. Já o parágrafo 2º, do mesmo artigo,
determina que esse manejo não pode comprometer mais de 15% (quinze por
cento) da biomassa da Reserva Legal, nem ser superior a 15 (quinze) metros
cúbicos de lenha para uso doméstico e uso energético, por propriedade ou
posse rural, por ano. Nesse mesmo artigo, parágrafo 5º, fica assegurada a
desobrigação de reposição florestal se a matéria-prima florestal for utilizada
para consumo próprio em propriedades de agricultura familiar. (Brasil, 2012 b).
Com o objetivo de fomentar a agricultura sustentável, o artigo 41 da CF
autoriza o Poder Executivo a instituir programa de apoio e incentivo à
conservação do meio ambiente, bem como para adoção de tecnologias e boas
práticas que conciliem a produtividade agropecuária e florestal, com redução
dos impactos ambientais. No mesmo artigo, parágrafo 7º, a agricultura familiar
é citada como prioridade para o pagamento ou incentivo a serviços ambientais
provenientes de tal programa (Brasil, 2012 b).
No CF existe outra previsão de apoio à agricultura familiar. O artigo 58
prevê que o Poder Público pode instituir programas de apoio técnico e
incentivos financeiros, sendo possível a inclusão de medidas indutoras e linhas
de financiamento nas iniciativas de: preservação voluntária de vegetação nativa
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acima dos limites de Área de Reserva Legal; proteção de espécies da flora
nativa ameaçadas de extinção; implantação de sistemas agroflorestal e
agrossilvipastoril; recuperação ambiental de Áreas de Preservação Permanente
e de Reserva Legal; recuperação de áreas degradadas; promoção de
assistência técnica para regularização ambiental e recuperação de áreas
degradadas; produção de mudas e sementes; pagamento por serviços
ambientais (Brasil, 2012 b).
Certamente um dos pontos mais polêmicos do novo CF é o que trata da
desobrigação de recomposição de Área de Reserva Legal, e o grande
beneficiário é o agricultor familiar. O artigo 67 prevê em sua redação que as
propriedades de agricultura familiar que detinham, em 22 de julho de 2008,
remanescentes de vegetação nativa em percentuais inferiores ao previsto a
Reserva Legal será constituída com a área ocupada com a vegetação nativa
existente em 22 de julho de 2008. Ressaltando que são vedadas novas
conversões para uso alternativo do solo (Brasil, 2012 b).
Outro ponto de intensa discussão foi a desobrigação de recomposição
de Área de Preservação Permanente, sendo permitida a continuidade das
atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais
consolidadas até 22 de julho de 2008, previsto no artigo 61-A. Porém a
desobrigação não se estende na íntegra para Faixas Marginas de Proteção
(FMPs). Prevê os parágrafos 1º, 2º e 3º do referido artigo:
“§ 1o Para os imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal que
possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo
de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas
faixas marginais em 5 (cinco) metros, contados da borda da calha do leito
regular, independentemente da largura do curso d´água.
§ 2o Para os imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e de
até 2 (dois) módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas de
Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória
a recomposição das respectivas faixas marginais em 8 (oito) metros, contados
da borda da calha do leito regular, independentemente da largura do curso
d´água.
§ 3o Para os imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módulos fiscais e
de até 4 (quatro) módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas
22
de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será
obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 15 (quinze)
metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente da
largura do curso d’água” (Brasil, 2012 a)
Embora o argumento usado pela bancada ruralista do Congresso
Nacional para aprovação da desobrigação de recomposição em APPs em
áreas rurais consolidadas fosse o incentivo à agricultura familiar, na redação do
artigo fica claro que a desobrigação se estende também para os grandes
produtores agropecuários.
23
CAPÍTULO 5
CADASTRO AMBIENTAL RURAL EM PEQUENAS
PROPRIEDADES RURAIS
O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é definido, pelo Decreto n. 7.830 de
17 de outubro de 2012, como um registro eletrônico obrigatório para todos os
imóveis rurais com a finalidade de integrar as informações ambientais das
propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle,
monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao
desmatamento (Brasil, 2012 b).
A inscrição no CAR é feita pela internet, ou seja, é autodeclaratória e
também é permanente. Deve ser feita pelo proprietário do imóvel ou
representante legalmente constituído. Entre as informações que devem ser
prestadas estão: dados do proprietário, possuidor rural ou responsável direto
pelo imóvel rural, a respectiva planta georreferenciada do perímetro do imóvel,
das áreas de interesse social e das áreas de utilidade pública, com a
informação da localização dos remanescentes de vegetação nativa, das APP’s,
das Áreas de Uso Restrito, das áreas consolidadas e da localização das
Reservas Legais (Brasil, 2012 b).
Estabelece o artigo 8º do Decreto n. 7.830/12, que para imóveis de
agricultores familiares deverá ser observado procedimento simplificado, no qual
será obrigatória apenas a identificação do proprietário ou possuidor rural, a
comprovação da propriedade ou posse e a apresentação de croqui que indique
o perímetro do imóvel, as APP’s e os remanescentes que formam a Reserva
Legal (Brasil, 2012 b).
Além disso, estabelece o artigo 53 do novo CF em seu parágrafo único
que o registro da Reserva Legal nos imóveis de agricultores familiares é
gratuito, devendo o poder público prestar apoio técnico e jurídico (Brasil, 2012
a).
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CAPÍTULO 6
PEQUENO PRODUTOR RURAL NA LEI DA MATA
ATLÂNTICA
O bioma Mata Atlântica é considerado um dos mais ricos em
biodiversidade, embora as áreas de florestas estejam muito reduzidas e
fragmentadas. Um importante instrumento legal para a conservação e
recuperação ambiental na Mata Atlântica, é a Lei nº. 11.428, de 22 de
dezembro 2006, e o Decreto nº. 6.660, de 21 de novembro de 2008, que
regulamentou a referida lei.
Ressalta-se que os dispositivos que tratam da pequena propriedade
rural apenas são válidos para propriedades localizados no bioma Mata
Atlântica.
Já no início da Lei da Mata Atlântica, o parágrafo único do artigo 6º
define entre os princípios da lei a gratuidade dos serviços administrativos
prestados ao pequeno produtor rural (Brasil, 2006 b).
Um dispositivo importante no que se refere à pequena produção rural é a
possibilidade de exploração eventual, sem propósito comercial direto ou
indireto, de espécies da flora nativa, independente de aprovação de órgãos
públicos; previsto no artigo 9º. O Decreto nº. 6.660, de 21 de novembro de
2008, define no parágrafo 1º do artigo 2º que tal exploração se configura
quando se tratar de lenha para uso doméstico ou quando se tratar de madeira
para construção de benfeitorias e utensílios na posse ou propriedade rural
(Brasil, 2008).
Estabelece ainda o parágrafo único do artigo 9º da Lei da Mata Atlântica
que os órgãos competentes devem assistir os pequenos produtores no manejo
e exploração sustentáveis das espécies da flora nativa (Brasil, 2006 b).
Outra permissão importante concedida à pequena propriedade rural é a
autorização de corte, a supressão e a exploração da vegetação secundária em
estágio médio de regeneração do Bioma Mata Atlântica, desde que seja para o
exercício de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais
25
imprescindíveis à sua subsistência e de sua família; previsto no inciso II do
artigo 23 (Brasil, 2006 b).
Define o parágrafo 1º do artigo 30 do Decreto nº. 6.660/08 que o referido
corte ou supressão deve respeitar o limite máximo de dois hectares da área
coberta por vegetação em estágio médio de regeneração existente na
propriedade ou posse (Brasil, 2008).
Quando necessárias autorizações para a exploração ou corte de
vegetação pertencente ao bioma Mata Atlântica, o artigo 13 estabelece que os
pedidos dos pequenos produtores rurais devem ser processados de forma que
o acesso à autoridade administrativa seja facilitado, em local próximo ao seu
lugar de moradia; sejam gratuitos, céleres e simplificados; e prioritários na
análise e julgamento dos pedidos (Brasil, 2006 b).
Outro aspecto importante tratado é o incentivo creditício. O inciso I do
artigo 41 prevê que os pequenos produtores rurais que tenham vegetação
primária ou secundária em estágios avançado e médio de regeneração do
Bioma Mata Atlântica receberão benefícios creditícios das instituições
financeiras (Brasil, 2006 b).
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CAPÍTULO 7
POLÍTICA AGRÍCOLA VOLTADA PARA PEQUENA
PRODUÇÃO RURAL E AGRICULTURA FAMILIAR
A Política Agrícola está estabelecida na Lei nº. 8.171, de 17 de janeiro
de 1991, e define em seus dispositivos diversos incentivos e instrumentos de
valorização da agricultura familiar e do pequeno produtor rural.
Já nos objetivos da referida lei, no inciso X do artigo 3º, fica previsto
o apoio institucional ao produtor rural, com prioridade de atendimento ao
pequeno produtor e sua família (Brasil, 1991).
Mais especificamente em relação à pesquisa, o inciso III do artigo 12
prevê que deve ser dada prioridade à geração e à adaptação de tecnologias
agrícolas destinadas ao desenvolvimento dos pequenos agricultores,
enfatizando os alimentos básicos, equipamentos e implementos agrícolas
voltados para esse público (Brasil, 1991).
Um importante incentivo também é previsto no que se refere à
assistência técnica e à extensão rural. O artigo 17 estabelece que o Poder
Público manterá serviço oficial de assistência técnica e extensão rural, sem
paralelismo na área governamental ou privada, de caráter educativo,
garantindo atendimento gratuito aos pequenos produtores e suas formas
associativas (Brasil, 1991).
Como forma de garantir a venda do produtor, assegurar o abastecimento
e regular o preço do mercado interno, o Poder Público mantém estoques
reguladores e estratégicos. O parágrafo 3º do artigo 31 determina que esses
estoques devem ser adquiridos preferencialmente de organizações
associativas de pequenos e médios produtores (Brasil, 1991).
A Política Agrícola também prioriza a pequena produção rural nas
concessões de crédito agrícola. O parágrafo 1º do artigo 48 prevê que quando
destinado ao agricultor familiar ou empreendedor familiar rural, o crédito rural
terá por objetivo estimular a geração de renda e o melhor uso da mão-de-obra
familiar, por meio do financiamento de atividades e serviços rurais
27
agropecuários e não agropecuários, inclusive o turismo rural, a produção de
artesanato e assemelhados. Além disso, fica estabelecido no parágrafo 2º do
mesmo artigo que esses créditos também podem ser destinados à construção
ou reforma de moradias no imóvel rural e em pequenas comunidades rurais
(Brasil, 1991).
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CONCLUSÃO
Durante o levantamento dos dispositivos que tratam da pequena
produção rural e da agricultura familiar foi possível observar que a agricultura
familiar e o pequeno produtor rural são valorizados e ressaltados em diversas
leis e decretos. Não poderia ser diferente; esses setores agropecuários
enfrentam graves adversidades como insuficiência de terras e capital,
dificuldades no financiamento, baixa disponibilidade tecnológica e fragilidade
da assistência técnica.
Quando necessárias tramitações de autorizações e licenças, são
previstos gratuidade e prioridade. Nas concessões de benefícios creditícios,
aquisições de estoques e como objetos de pesquisa; a agricultura familiar é
citada como prioridade. Com relação à inscrição no CAR, o procedimento é
simplificado com o fornecimento de menos informações.
Com a promulgação do novo CF, a obrigatoriedade para recomposição
de APP’s e Áreas de Reserva Legal se tornou mais flexível e de fácil condução.
Reconhecendo sua importância histórica, social, econômica e
ambiental; a legislação ambiental brasileira trata a pequena produção rural de
forma distinta e especial em vários aspectos. Resta saber se tais previsões se
refletem em melhorias reais para a vida desses atores sociais.
29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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dispositivos da Lei no 11.428, de 22 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a
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e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras
providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
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30
19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as
Leis nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a
Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras
providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
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