as particularidades da notificaÇÃo inicial trabalhista

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FACULDADE DOM BOSCO Credenciada através da Portaria nº 2.387, D.O.U. em 12/08/2004 Cornélio Procópio/Paraná NATÃ TEODORO DA SILVA AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

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Este trabalho tem por objeto um breve estudo das particularidades da notificação inicial trabalhista, comparando-a com a citação do processo comum e examinando os princípios em conflito. O ramo trabalhista é considerado autônomo e, dentre suas peculiaridades, há acentuada exigência de celeridade e simplicidade. A desproporção no cumprimento destas ofende a qualidade da tutela jurisdicional, refletindo prejudicialmente na empresa e, consequentemente, na sociedade. Este estudo tem como objetivo propiciar uma reflexão sobre a eficácia dos meios processuais envolvidos e a possibilidade de mudanças. A partir de pesquisas jurídicas considerando doutrinas, jurisprudências, artigos e entrevistas que elucidam a questão. O magistrado deve agir com cautela, evitando abusos de privilégios processuais através de uma conduta de má-fé do trabalhador, preservando a aplicação da proteção constitucional e democraticamente adequada.

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Page 1: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

FACULDADE DOM BOSCO

Credenciada através da Portaria nº 2.387, D.O.U. em 12/08/2004Cornélio Procópio/Paraná

NATÃ TEODORO DA SILVA

AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL

TRABALHISTA

CORNÉLIO PROCÓPIO

2012

Page 2: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

NATÃ TEODORO DA SILVA

AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL

TRABALHISTA

Trabalho de curso apresentado ao Curso

de Graduação em Direito, da Faculdade de

Ensino Superior Dom Bosco de Cornélio

Procópio-PR, como requisito parcial para a

obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Lucas Franco de Paula

CORNÉLIO PROCÓPIO

2012

Page 3: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

NATÃ TEODORO DA SILVA

AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

Aprovada em: 3 de dezembro de 2012

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Henrico Tamiozzo Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco

Prof. Rodolfo Ciciliato Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco

Prof. Lucas Franco de PaulaFaculdade de Ensino Superior Dom Bosco

Page 4: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, sou grato a Deus, por permitir minha existência e ter-me abençoado com grandes conquistas tão cedo. Obrigado por nunca me abandonar!

Agradeço a minha família por formar a essência do meu caráter, além de sempre me incentivar nos estudos e confortar nos momentos de esgotamento emocional. Mãe Edna, pai Valdir e irmãs Rebeca e Zara: Amo vocês!

Aos meus professores e orientadores, Luana Miranda de Mattos e Lucas Franco de Paula, e demais pessoas que também se disponibilizaram e contribuíram para a conclusão deste trabalho.

Também aos meus colegas de turma, com os quais durante o convívio diário compartilhei momentos agradáveis e também obstáculos encontrados no decorrer do curso. Tudo o que passamos construiu fortes amizades, jamais esquecerei vocês!

E aos meus bons e velhos amigos, os quais sempre conservarei, por me propiciarem momentos de alegria e distração nos momentos de prosperidade e também nos infortúnios, além de inesquecíveis recordações.

Por mais que eu escreva, palavras nunca expressarão a real gratidão que tenho por vocês!

Page 5: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

DA SILVA, Natã Teodoro. As particularidades da notificação inicial trabalhista. 2012. 44 folhas. Trabalho de Curso de Direito – Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco, Cornélio Procópio, 2012.

RESUMO

Este trabalho tem por objeto um breve estudo das particularidades da notificação inicial trabalhista, comparando-a com a citação do processo comum e examinando os princípios em conflito. O ramo trabalhista é considerado autônomo e, dentre suas peculiaridades, há acentuada exigência de celeridade e simplicidade. A desproporção no cumprimento destas ofende a qualidade da tutela jurisdicional, refletindo prejudicialmente na empresa e, consequentemente, na sociedade. Este estudo tem como objetivo propiciar uma reflexão sobre a eficácia dos meios processuais envolvidos e a possibilidade de mudanças. A partir de pesquisas jurídicas considerando doutrinas, jurisprudências, artigos e entrevistas que elucidam a questão. O magistrado deve agir com cautela, evitando abusos de privilégios processuais através de uma conduta de má-fé do trabalhador, preservando a aplicação da proteção constitucional e democraticamente adequada.

Palavras-chave: Citação. Processo do Trabalho. Informalidade. Celeridade. Preservação da empresa.

Page 6: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

ABSTRACT

This work's purpose is a brief study of the particularities of the labor initial notification, comparing it with the citation of common process and examining the principles in conflict. The labor branch is considered autonomous and , among its peculiarities, there are accentuated requirement of speed and simplicity. The disproportion in fulfilling these offends the quality of jurisdictional protection, reflecting detrimentally in the company and consequently in society. This study aims to propitiate a reflection about the effectiveness of procedural means involved and the possibility of changes. As of juridical researches considering doctrines, jurisprudence, articles and interviews that elucidate the issue. The magistrate must act with caution, avoiding any abuse of privileges through a bad procedural faith conduct of the worker, preserving the application of constitutional protections and democratically appropriate.

Keywords: Citation. Labour Procedure. Informality. Celerity. Preservation Company

Page 7: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................7

2 ASPECTOS INICIAIS...............................................................................................8

2.1 VISÃO HISTÓRICA...............................................................................................8

2.2 PRINCÍPIOS........................................................................................................13

4 A NOTIFICAÇÃO INICIAL NO PROCESSO DO TRABALHO E SEUS

PRINCIPAIS ASPECTOS..........................................................................................22

4.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE A APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO

PROCESSUAL DO TRABALHO................................................................................22

4.2 DA INFORMALIDADE E CELERIDADE DO PROCESSO DO TRABALHO........28

4.3 DA NOTIFICAÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO........................................28

4.3.1 Delimitação do termo “notificação inicial”...................................................29

4.3.2 Da impessoalidade na notificação inicial.....................................................31

4.3.3 A notificação inicial e a ponderação entre a proteção do trabalhador e a

preservação da empresa.........................................................................................35

4.3.4 A questão da revelia no processo do trabalho............................................38

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................43

Page 8: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

7

1 INTRODUÇÃO

Partimos da premissa da imensa sobrecarga e acúmulo de serviços que

assombram nossos tribunais, considerando que um dos elementos que não colabora

para a celeridade processual é a falha na comunicação da notificação inicial.

Para uma melhor compreensão do tema deste trabalho, é imprescindível

relembrar etapas de desenvolvimento que nossa civilização superou e contribuiu

para o estabelecimento e aperfeiçoamento dos mecanismos responsáveis por

tutelarem direitos.

Ao recorrer ao Judiciário em busca de justiça, é fundamental que o

magistrado determine a citação do réu, chamando-o para integrar a lide e exercer

seu direito de defesa. Na Justiça do Trabalho o instituto da notificação inicial

distingue-se do processo comum, tornando-o singular devido a suas

particularidades.

A criação de uma Justiça especializada competente para apurar e julgar

especificamente conflitos provenientes de relações de trabalho deve-se à situação

de hipossuficiência que geralmente atinge o trabalhador, necessitando de princípios

e normas diferenciados para estabelecer equilíbrio processual e compensar essa

desigualdade entre as partes.

Em virtude deste maior amparo processual ao obreiro, por vezes, havendo

má-fé da parte autora ou de seu advogado, acarretará em injustiça à empresa. Se a

notificação inicial não for eficaz e cumprir seu objetivo, indevidamente prejudicará o

empregador, podendo incidir em revelia e confissão, gerando graves consequências

ou até mesmo atraso à satisfação da pretensão.

É importante estabelecer equilíbrio entre a procura pela rápida solução do

conflito e a concreta oportunidade de defesa, não somente pretendendo proteger o

empregado, como também a empresa, esta responsável por circulação de riqueza e

geração de empregos.

Apresentar um conjunto de informações para compreender o assunto do

trabalho elucidará a importância de uma reflexão sobre a capacidade dos atuais

meios envolvidos e a possibilidades de mudanças.

Page 9: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

8

2 ASPECTOS INICIAIS

2.1 VISÃO HISTÓRICA

Antes de abordar o tema do presente trabalho, principiamos recordando que a

própria natureza social e instintiva do homem coopera para que a coexistência com

outros de sua espécie seja imperativa, havendo assim, necessariamente, um

processo de interação e interdependência.

É o que Maria Helena Diniz explica:

O ser humano é gregário por natureza, não só pelo instinto sociável, mas também por força de sua inteligência, que lhe demonstra que é melhor viver em sociedade para atingir seus objetivos. O Homem é “essencialmente coexistência”, pois não existe apenas, mas coexiste, isto é, vive necessariamente em companhia de outros indivíduos. Com isso, espontânea e até inconscientemente, é levado a formar grupos sociais.1

A vivência do ser humano em sociedade subentende a necessidade de

interações. Os indivíduos estabelecem entre si relações sociais e políticas, e destas

surgem conflitos intersubjetivos e inerentes à convivência humana.

Ao considerar as oposições de interesses de indivíduos que convivem em

uma sociedade, o ideal seria que estes, em busca de uma condição humana

favorável à sociabilidade, administrassem e solucionassem tais oposições de forma

pacífica, buscando o justo. Porém, não é o que ocorre, vez que, diuturnamente,

necessitamos da intervenção do Estado para solucionar os impasses gerados

através da convivência.

Conforme as sábias palavras do professor Miguel Reale:

[...] o Direito corresponde à exigência essencial e indeclinável de uma convivência ordenada, pois nenhuma sociedade poderia subsistir sem um mínimo de ordem, de direção e solidariedade. É a razão pela qual um grande jurista contemporâneo, Santi Romano,

1 DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. 20ª ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009, página 242.

Page 10: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

9

cansado de ver o Direito concebido apenas como regra ou comando, concebeu-o antes como “realização de convivência ordenada”.2

A sociedade está em constante modificação de acordo com as peculiaridades

de cada época. Houve tempos em que não havia a figura do Estado, e em outros,

mesmo havendo, este não era capaz de sujeitar os litigantes à sua decisão, ou seja,

não tinha poder impositivo e não exprimia autoridade, sendo o processo considerado

apenas negócio entre as partes.

No início da civilização, por exemplo, a autotutela era a única forma de

resolver divergências intersubjetivas. Atualmente a autodefesa não é mais tolerada,

podendo até configurar tipificação criminal.

Nas palavras de Humberto Theodoro Júnior:

[...] é impossível evitar conflitos de interesse entre os cidadãos a respeito da interpretação dos direitos subjetivos e da fiel aplicação do direito objetivo aos casos concretos. Para manter o império da ordem jurídica e assegurar a paz social, o Estado não tolera a justiça feita pelas próprias mãos dos interessados.3

O progresso e dinamismo no desenvolvimento das civilizações fizeram com

que a autotutela se tornasse imprópria. A solução para os conflitos passou a ser

apreciada pela arbitragem, a qual é considerada protagonista do início da justiça e

do sistema judiciário aprimorado e formal que subsiste até os dias atuais, resultando

na figura do Estado de Direito.

Bem observa os doutrinadores Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini

Grinover e Cândido Rangel Dinamarco, quanto a este progresso:

É claro que essa evolução não se deu assim linearmente, de maneira límpida e nítida; a história das instituições faz-se através de marchas e contramarchas, entrecortada frequentemente de retrocessos e estagnações [...] da tendência no sentido de chegar ao Estado todo poder de dirimir conflitos e pacificar pessoas.4

2 REALE, Miguel. Licões Preliminares de Direito. 27ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009, página 2.

3 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 50ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009, página 1.

4 GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido R., CINTRA, Antônio Carlos de Araújo. Teoria Geral do Processo. 25ª edição. São Paulo: Malheiros. 2009, página 29.

Page 11: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

10

Nos dias atuais, com o desenvolvimento e consolidação do Estado e sua

atividade jurisdicional, os conflitos de interesses gerados pela complexa convivência

em sociedade, quando não há concórdia, são apreciados pelo Poder Judiciário ou

pelos mecanismos arbitrais, os quais detêm a função de solucionar litígios e,

consequentemente, evitar o caos na ordem jurídica.

No ensinamento dos doutrinadores Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada

Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco:

[...] é predominante o entendimento de que não há sociedade sem direito: ubi societas ibi jus. [...] E a resposta está na função que o direito exerce na sociedade: a função ordenadora, isto é, de coordenação dos interesses que se manifestam na vida social, de modo a organizar a cooperação entre pessoas e compor os conflitos que se verificarem entre os seus membros. A tarefa da ordem jurídica é exatamente a de harmonizar as relações sociais intersubjetivas, a fim de ensejar a máxima realização dos valores humanos com o mínimo de sacrifício e desgaste.5

Neste diapasão, salienta Amauri Mascaro Nascimento:

A jurisdição, vista no plano histórico, resulta da passagem da ação física (autodefesa) para a ação jurídica (processo judicial). Maiores são as possibilidades de um desfecho justo e pacífico do conflito, desde que, realmente, à fonte de decisão se atribuam a força e a independência necessárias. Por tal motivo a jurisdição é função do Estado, porque tem condições melhores para fazer cumprir as decisões que provêm de um órgão constituído para o fim específico de decidir, o Poder Judiciário.6

O processo é o instrumento que tutela direitos e caracteriza-se pela relação

do juiz e das partes, comprometendo-se principalmente com valores constitucionais.

Amauri Mascaro Nascimento sucintamente diz que o direito processual “tem por

finalidade principal evitar, portanto, a desordem e garantir aos litigantes um

pronunciamento do Estado para resolver a pendência e impor a decisão”7.

O art. 5º, LV, da Constituição Federal estabelece que “aos litigantes, em

processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o

5 GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido R., CINTRA, Antônio Carlos de Araújo. Teoria Geral do Processo. 25ª edição. São Paulo: Malheiros. 2009, página 25.

6 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 24ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, página 23.

7 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 24ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, página 59.

Page 12: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

11

contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”8. Nesse

dispositivo a intenção do legislador constituinte é garantir ao réu a oportunidade de

se opor à ação demandada, pois obviamente deve haver um equilíbrio entre o direito

de ação e de defesa.

No pertinente esclarecimento de Luiz Guilherme Marinoni:

Porém, não é preciso esforço para concluir que a defesa ampla é a que não é limitada. A intenção da norma é evitar que a lei ou o juiz limitem a defesa, restringindo a possibilidade de o réu alegar, provar etc. Mas isso é verdade no sentido de que a defesa não pode ser limitada irracionalmente. Há situações em que a limitação da defesa é necessária para permitir a efetividade da tutela do direito.9

Neste contexto surge o principal instituto responsável por garantir o

contraditório e a ampla defesa da parte demandada: a citação. Definida pelo art. 213

do Código de Processo Civil como “o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o

interessado a fim de se defender” 10.

E na definição do doutrinador Luiz Guilherme Marinoni:

A citação é o nome técnico-jurídico que se dá à comunicação feita ao réu a respeito da propositura da ação, dando-se prazo para a sua defesa.11

Independente da natureza da ação, a citação assume essencial função, pois é

indispensável que o demandado seja informado do pleito contra ele imposto e tenha

a sua disposição os recursos capazes de lhe permitir o contraditório, oferecendo ao

julgador fundamentos do seu ponto de vista.

O entendimento jurídico majoritário define este princípio como o da dualidade

das partes, o qual declara imprescindível a presença da parte contrária para a

configuração e desenvolvimento de uma relação processual eficaz e válida.

8 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 25 out. 2012.

9 MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria Geral do Processo. 3ª ed. revista e atualizada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, página 310.

10 BRASIL. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869compilada.htm>. Acesso em: 25 out. 2012.

11 MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria Geral do Processo. 3ª ed. revista e atualizada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, página 315.

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12

Qualquer pessoa ao recorrer ao Judiciário, com a propositura da demanda,

inicia a formação de uma relação jurídica processual, a qual somente se aperfeiçoa

e efetivamente gera efeitos quando deixa de ser simples relação linear entre autor e

juiz, momento em que há presença do demandado, passando este a saber da

existência da ação.

Assim explana Ovídio Araújo Baptista sobre a relação processual:

[...] oferece esta peculiaridade fundamental: os destinatários do ato final do processo, aqueles a quem a sentença se dirige, como norma imperativa de comportamento, ou seja, as partes, contribuem com sua atividade para o desenvolvimento da relação processual e para formação da sentença.Daí a necessidade de que toda relação processual se angularize, depois de sua formação linear entre autor e Estado, mediante a convocação daquele que figura no outro pólo da relação jurídica litigiosa, para que venha integrá-la, na condição de demandado (réu). Não há relação processual sem a participação de, no mínimo, três pessoas, ou três sujeitos: autor, réu e juiz.12

No ensino de Luiz Rodrigues Wambier e Eduardo Talamini:

Trata-se do princípio da bilateralidade da audiência, ou seja, a impossibilidade de atuação jurisdicional sem que se assegure ao réu a oportunidade de se fazer ouvir.13

Em suma, embora anteriormente predominava o informalismo nas

comunicações dos atos processuais, o progresso da civilização e da tutela jurídica

demandou um significativo reconhecimento de um mecanismo inerente à

composição de uma lide: a citação. É necessário formalmente e efetivamente levar a

conhecimento do réu a ação contra ele proposta, principalmente em respeito ao

princípio do devido processo legal. Nas demandas trabalhistas há diferenças neste

instituto, tornando-o mais célere em benefício do obreiro hipossuficiente.

2.2 PRINCÍPIOS

12 SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Curso de processo civil. vol. 1. 6ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, página 15.

13 WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, vol. 1, 10ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, página 345.

Page 14: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

13

Há uma acirrada discussão sobre a morosidade da justiça e a aplicação de

procedimentos mais rápidos à estrutura processual, gerando diversas reflexões e

buscas de soluções para a diminuição da espera pelas partes, sendo indispensável

estudar os princípios pertinentes.

Princípios, em seu sentido gramatical, exprimem a ideia de origem de algo;

começo, preceito, regra, lei; fonte básica ou primária que estabelece alguma coisa.

Já para o universo jurídico estabelecem diretrizes às normas de determinado

ordenamento, são proposições que operam com noções meta-jurídicas e reportam à

realidade social e cultural, vez que a linguagem normativa propicia demasiados

significados.

Marcus Vinicius Rios Gonçalves ensina:

Os princípios gerais erigem-se em verdadeiras premissas, pontos de partida, nos quais se apóia toda ciência. O conhecimento científico não prescinde de sua existência e exige que os estudiosos os respeitem e obedeçam.[...] Muitos deles têm estatura constitucional. Por isso mesmo, costuma-se falar em um direito constitucional processual, [...] um conjunto de normas e princípios processuais que adquirem particular importância, por terem sido tratados pelo legislador constitucional.14

Luiz Guilherme Marinoni explica a diferença de princípios e regras:

[...] Enquanto as regras se esgotam em si mesmas, na medida em que descrevem o que se deve, não se deve ou se pode fazer em determinadas situações, os princípios são constitutivos da ordem jurídica, revelando os valores ou critérios que devem orientar a compreensão e a aplicação das regras diante das situações concretas.[...] Os princípios apresentam razões que podem ser superadas por razões opostas. A realização dos princípios depende das possibilidades jurídicas e fáticas, que são condicionadas pelos princípios opostos, e assim exigem a consideração dos pesos dos princípios em colisão segundo as circunstâncias do caso concreto.15

Regras remetem à máxima “nula poena sine lege” que representa a não

aplicação de pena sem lei, enunciado na parte final do inciso XXXIX do art. 5º da

Constituição de 1988: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem

14 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil, volume 1: teoria geral e processo de conhecimento. 6ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009, página 25 e 26.

15 MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria Geral do Processo. 3ª ed. revista e atualizada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, página 49 e 50.

Page 15: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

14

prévia cominação legal” 16. Ou a norma é aplicada ou não, são descritivas de

condutas e não há margem para conflitos entre elas, ao contrário dos princípios, que

são valorativos, havendo medidas e níveis diferenciados entre eles, de acordo com a

situação concreta.

Para proteger os cidadãos brasileiros e garantir-lhes uma existência digna,

juntamente com o progresso econômico nacional, o legislador constituinte, ao

elaborar nossa Constituição Cidadã, preocupou-se, justamente por temer o

individualismo econômico decorrente do capitalismo, em elencar como um dos

fundamentos constitucionais do Estado Democrático de Direito a dignidade da

pessoa humana, da qual decorrem os preceitos do devido processo legal e da

valorização do trabalho, atinentes ao tema do presente trabalho.

A redação da Constituição Federal prevê explicitamente a garantia do devido

processo legal no inciso LIV do art. 5.º e, de forma pleonástica, porém plausível,

inúmeros mecanismos para melhor garantir e efetivá-la, para não restar incertezas e

hesitação.

Marcus Vinicius Rios Gonçalves elucida:

Esse é o princípio que constitui a base de todos os demais. A Constituição Federal, no art. 5º, LIV, estabelece que “ninguém será privado de liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Bastaria que fosse acolhido o due process of law para que estivessem asseguradas aos litigantes todas as garantias e o direito a um processo e uma sentença justa. “É, por assim dizer, o gênero do qual todos os demais princípios constitucionais do processo são espécies” 17

Deste instituto protetor decorrem os princípios da razoável duração do

processo e da celeridade, previstos no art. 5º, LXXVIII, da Carta Magna, in verbis: “a

todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do

processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação” 18. Foram

implantados com a Emenda Constitucional nº 45/2004 (Reforma do Judiciário),

16 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 25 out. 2012.

17 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil, volume 1: teoria geral e processo de conhecimento. 6ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009, página 37.

18 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 25 out. 2012.

Page 16: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

15

embora já estivessem implicitamente consagrados na Constituição e explicitamente

em outros diplomas.

Humberto Theodoro Júnior esclarece:

O princípio da economia processual vincula-se diretamente com a garantia do devido processo legal, porquanto o desvio da atividade processual para os atos onerosos, inúteis e desnecessários gera embaraço à rápida solução do litígio, tornando demorada a prestação jurisdicional. Justiça tardia é, segundo a consciência geral, justiça denegada. Não é justo, portanto, uma causa que se arrasta penosamente pelo foro, desanimando a parte e desacreditando o aparelho judiciário perante a sociedade.É evidente que sem efetividade, no concernente ao resultado processual cotejado com o direito material ofendido, não se pode pensar em processo justo. E não sendo rápida a resposta do juízo para a pacificação do litígio a tutela não se revela efetiva. Ainda que afinal se reconheça e proteja o direito violado, o longo tempo em que o titular, no aguardo do provimento judicial, permaneceu privado de seu bem jurídico, sem razão plausível, somente pode ser visto como uma grande injustiça.19

Esse princípio constitucional reflete na concepção de que no processo não

deve haver dilações ou retardamentos indevidos, para não prolongar

excessivamente a realização da justiça e causar danos irreparáveis à parte

prejudicada, tanto intrínsecos (moral e emocional), quanto extrínsecos (patrimonial

e material). Ao contrário, deve existir otimização.

Havendo celeridade na prestação jurisdicional e razoável duração do

processo, ao invés de formalidade excessiva, alcançado estará a dignidade das

partes, pois neste contexto o exercício e garantia destes direitos fundamentais é

justamente o que edifica uma vida digna.

Alexandre de Moraes observa:

Os processos administrativos e judiciais devem garantir todos os direitos às partes, sem, contudo, esquecer a necessidade de desburocratização de seus procedimentos e na busca da qualidade e máxima eficácia de suas decisões.Na tentativa de alcançar esses objetivos, a EC nº 45/04 trouxe diversos mecanismos de celeridade, transparência e controle de qualidade da atividade jurisdicional.20

19 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 50ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009, página 33.

20 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 18ª ed. São Paulo: Atlas, 2005, página 94.

Page 17: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

16

Embora mesmo antes da promulgação da referida Emenda Constitucional, a

jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tentava consolidar tal intenção:

O JULGAMENTO SEM DILAÇÕES INDEVIDAS CONSTITUI PROJEÇÃO DO PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.- O direito ao julgamento, sem dilações indevidas, qualifica-se como prerrogativa fundamental que decorre da garantia constitucional do 'due process of law'. O réu (...) tem o direito público subjetivo de ser julgado, pelo Poder Público, dentro de prazo razoável, sem demora excessiva nem dilações indevidas. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Art. 7º, ns. 5 e 6). Doutrina. Jurisprudência .- O excesso de prazo, quando exclusivamente imputável ao aparelho judiciário (...), traduz situação anômala que compromete a efetividade do processo, pois, além de tornar evidente o desprezo estatal pela liberdade do cidadão, frustra um direito básico que assiste a qualquer pessoa: o direito à resolução do litígio, sem dilações indevidas e com todas as garantias reconhecidas pelo ordenamento constitucional.21

Por vez surge conflito entre dois valores antagônicos: o estrito devido

processo legal e a tempestividade. As partes buscam a efetiva satisfação de seus

direitos materiais consagrados no ordenamento o quanto antes, todavia não pode

haver desrespeito as indispensáveis garantias da defesa.

A morosidade gera abalo à crença dos cidadãos e diminuição no grau de

qualidade da prestação jurisdicional, enfraquecendo seu sentido reparador com a

delonga e, normalmente, beneficiando a parte mais forte, podendo esta suportar

tranquilamente a espera pela decisão.

Pedro Lenza leciona:

Em outro estudo observamos que, “em algumas situações, contudo, a demora, causada pela duração do processo e sistemática dos procedimentos, pode gerar total inutilidade ou ineficácia do provimento requerido. Conforme constatou Bedaque, ‘o tempo constitui um dos grandes óbices à efetividade da tutela jurisdicional, em especial no processo de conhecimento, pois para o desenvolvimento da atividade cognitiva do julgador é necessária a prática de vários atos, de natureza ordinatória e instrutória. Isso impede a imediata concessão do provimento requerido, o que pode gerar risco de inutilidade ou ineficácia, visto que muitas vezes a satisfação necessita ser imediata, sob pena de perecimento mesmo do direito reclamado”’ 22

21 RTJ 187/933-934, Rel. Min. CELSO DE MELLO22 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:

Saraiva, 2012, página 1033.

Page 18: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

17

Interessante indagação surge ao tentar determinar o prazo que cumpre o

direito à razoável duração do processo. Há uma incógnita quanto ao

estabelecimento deste, por ser impossível regrar de modo generalizado, tendo em

vista que cada caso concreto e suas circunstâncias é que o definirão.

No âmbito processual trabalhista o propósito do Estado, assim como no

direito material, é realizar a justiça social, construir uma economia mais eficaz e

zelar pelo bem-estar da população, através de um processo que claramente previne,

guarda e protege o trabalhador, por ser a parte econômica, social e juridicamente

inferior da relação, pretendendo eliminar esta gritante desigualdade e/ou evitar a

acentuação desta desproporção.

Amauri Mascaro Nascimento observa:

Discute-se se o princípio protecionista do direito do trabalho é aplicável no direito processual do trabalho, e há respostas afirmativas. Trueba Urbina responde sim: “tanto as normas substantivas como as processuais são essencialmente protecionistas e tutelares dos trabalhadores”; igual é o entendimento de Radbruch, para quem o “direito processual social caracteriza-se pelo protecionismo”.23

Todos os ramos da ciência processual busca a celeridade, economia

processual, simplificação de procedimentos e razoabilidade da duração do processo.

Deste modo, mesmo não sendo princípios específicos do processo trabalhista, há

maior ênfase destes devido às próprias peculiaridades do ramo.

Sergio Pinto Martins explica:

Certos autores mencionam o princípio da rapidez, da celeridade existente na Justiça do Trabalho, em virtude da necessidade de o trabalhador receber o mais rápido possível os salários que lhe foram sonegados. Isso não quer dizer que a celeridade é princípio do processo do trabalho, mas da ciência processual, com efeitos mais intensos no processo laboral. 24

Amauri Mascaro Nascimento esclarece:

Relevo especial ganham, no direito processual do trabalho, entre outros aspectos, a celeridade, que deve ser mais acentuada para

23 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 24ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, página 109, grifo meu.

24 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho: Doutrina e prática forense. 29ª ed. São Paulo: Atlas, 2009, página 39, grifo meu.

Page 19: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

18

que possa cumprir os seus fins; a maior concentração dos atos processuais, razão pela qual a audiência trabalhista assume importância especial; e com isso a oralidade; a gratuidade, elevada a preocupação maior, dada a situação econômica do trabalhador (...) 25

Não somente é aplicável às relações judiciais trabalhistas, como também se

faz extremamente necessário, pela importância do objeto que estas ações

controvertem. Nesta esfera, o bem tutelado e em litígio reflete diretamente na

sobrevivência do trabalhador, tendo as verbas trabalhistas caráter alimentar, motivo

da busca pela maior rapidez no processo laboral.

Advém e correlaciona-se com o princípio da informalidade ou simplicidade do

processo do trabalho, ambos têm o mesmo objetivo, viabilizar simplicidade e rapidez

e reduzir a rigidez excessiva, e devem ser aplicados conjuntamente.

Justamente pelo explicitado percebe-se a essencialidade destes princípios

para o tema do presente trabalho, tendo em vista que na própria comunicação do

ato da notificação inicial há peculiaridades que tendem a estabelecer equilíbrio na

relação processual, onde o obreiro não pode ficar em situação de desigualdade.

Maurício Godinho Delgado ensina:

À medida que a Democracia consiste na atribuição de poder a quem é destituído de riqueza - ao contrário das sociedades estritamente excludentes antes do século XIX, na História -, o trabalho assume o caráter de ser o mais relevante meio garantidor de um mínimo de poder social à grande massa da população, que é destituída de riqueza e de outros meios lícitos de que alcance. Percebeu desse modo, com sabedoria a Constituição a falácia de instituir a Democracia sem um correspondente sistema econômico-social valorizador do trabalho humano. 26

Renato Saraiva aponta:

Logo, o princípio da igualdade ou isonomia, previsto no art. 5º da CF/1988, determinando que todos são iguais perante a lei, é perfeitamente respeitado pelo processo do trabalho, pois é a própria lei instrumental trabalhista que cria alguns privilégios ao obreiro, para lhe garantir a isonomia em relação ao empregador.

25 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 24ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, página 109, grifo meu.

26 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 3ª ed. São Paulo: Ltr, 2004, página 34, grifo meu.

Page 20: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

19

O princípio da igualdade, pois, consiste em tratar de maneira igual os que se encontram em situação equivalente e de maneira desigual os desiguais, na medida de suas desigualdades.27

Esta apreciação da celeridade pode envolver, em contrapartida, ameaça à

valores como segurança jurídica, justiça e preservação da empresa. Um processo

absurdamente célere provavelmente afetará o julgamento do magistrado e limitará a

participação das partes (defesa). Assim como muita lentidão também poderá

acarretar o mesmo.

Alice Monteiro de Barros observa:

O grande desafio que se enfrenta é determinar o ponto de equilíbrio entre uma flexibilização sensível às preocupações legítimas das empresas e uma legislação que impeça um retrocesso ao antigo arrendamento de serviços, norteado pela autonomia da vontade, que foge completamente dos ideais de justiça social.28

Nossa sociedade reclama da sobrecarga de processos nos tribunais e

consequente longa duração dos processos, sejam comuns ou trabalhistas. Eliminar

ou diminuir essa sobrecarga existente nos tribunais é competência não só do Poder

Judiciário e do Executivo, mas também no Legislativo, ao elaborar as normas

processuais adequadas às atuais circunstâncias.

Um possível auxílio para contribuir na mudança dessa condição está em

tramitação, trata-se da aprovação de um novo Código de Processo Civil, o qual

atendendo a sua função de mecanismo infraconstitucional responsável por construir

procedimentos que tutelem de forma eficaz os direitos, visa oferecer novas soluções

à tempestividade da jurisdição e simplificação do processo.

Tal projeto prevê a consagração da flexibilização procedimental, gerando

grande repercussão e discussões doutrinárias, pois outorgaria maior autoridade ao

juiz. Em contrapartida, os que defendem a ideia alegam que o processo

contemporâneo exige a ampliação da oportunidade de versatilidade pretendendo

uma maior segurança jurídica.

José Rogério Cruz e Tucci, professor titular da Faculdade de Direito da USP:

27 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho. 6ª ed. São Paulo: Método, 2009, página 45.

28 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 6ª ed. São Paulo: Ltr, 2010, página 184.

Page 21: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

20

Diversos dispositivos concedem ao juiz o poder de controlar e reprimir o comportamento abusivo e/ou desleal das partes, que possa colocar em risco a celeridade processual.Trata-se, como se observa, da inserção do denominado case management, ou seja, de gerenciamento do iter procedimental por meio da atividade judicial.E esse “gerenciamento”, como bem explica Paulo Eduardo Alves da Silva, “pode ser compreendido como o planejamento da condução de demandas judiciais em direção à resolução mais adequada do conflito, com o menor dispêndio de tempo e custos. Depende de uma postura ativa do juiz no controle do andamento dos feitos e organização da unidade judiciária. Seus mecanismos básicos são o envolvimento imediato do juízo com as questões da lide, a abertura para a resolução alternativa do conflito e o planejamento do andamento e dos custos do processo”. 29

Pela aplicação subsidiária do Código de Processo Civil ao processo

trabalhista, futuramente poderá haver reflexos nos procedimentos desta esfera que

contribuirão para maior rapidez na satisfação da pretensão do trabalhador.

Em face do conteúdo acima abordado, nota-se o mérito de estudos sobre os

princípios citados, vez que geram e funcionam como diretrizes para compulsar suas

observâncias pelo Estado na criação e aprimoramento de leis, como também aos

magistrados ao aplicá-las, sempre com sensatez, proporcionalidade e razoabilidade

para não ofender garantias mínimas atinentes à prestação jurisdicional.

29 Garantias constitucionais da duração razoável e da economia processual no Projeto do Código de Processo Civil, Revista de Processo RePro, ano 36, nº 192, Fevereiro de 2011, pág. 204 e 205.

Page 22: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

21

4 A NOTIFICAÇÃO INICIAL NO PROCESSO DO TRABALHO E SEUS

PRINCIPAIS ASPECTOS

4.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE A APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO

PROCESSUAL DO TRABALHO

As normas visam alcançar controle e justiça social na resolução de conflitos

interpessoais, através da justa distribuição de direitos e deveres. Caracterizam-se

pela generalidade e imperatividade ao disciplinar regras gerais de conduta.

É a observação de Marcus Vinicius Rios Gonçalves quanto à imposição de

regras ao indivíduo:

[...] percebeu-se que não basta simplesmente estabelecer regras de conduta se não meios de impô-las coercitivamente. De nada vale a proibição se não há como impor o seu cumprimento.30

E para reger a adequada aplicação de tais regras são necessárias leis

processuais, responsáveis por associar os partícipes da relação com o próprio

procedimento. Nas palavras de Marcus Vinicius Rios Gonçalves:

É aquela que trata das relações que se estabelecem entre os que participam do processo e do procedimento, isto é, do modo pelo qual os atos processuais sucedem-se no tempo. A relação processual e o procedimento são inseparáveis e não existem isoladamente. Ambos compõem e integram o processo [...]31

Os doutrinadores Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e

Cândido Rangel Dinamarco, explanam quanto às normas processuais:

[...] O objeto das normas processuais é a disciplina do modo processual de resolver os conflitos e controvérsias mediante a atribuição ao juiz dos poderes necessários para resolvê-los e, às partes, de faculdades e poderes destinados à eficiente defesa de

30 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil, volume 1: teoria geral e processo de conhecimento. 6ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009, página 2.

31 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil, volume 1: teoria geral e processo de conhecimento. 6ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009, página 9.

Page 23: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

22

seus direitos, além da correlativa sujeição à autoridade exercida pelo juiz.Realmente, a norma processual visa a disciplinar o poder jurisdicional de resolver os conflitos e controvérsias, inclusive o condicionamento do seu exercício à provocação externa, bem como o desenvolvimento das atividades contidas naquele poder; visa, ainda, a regular as atividades das partes litigantes, que estão sujeitas ao poder do juiz; e, finalmente, visa a reger a imposição do comando concreto formulado através daquelas atividades das partes e do juiz.32

O Direito Processual do Trabalho objetiva solucionar tão-somente conflitos

oriundos das relações de trabalho. Contem elementos característicos que o

distinguem dos demais ramos, como normas, institutos e princípios próprios, sendo

considerado uma disciplina autônoma pela doutrina predominante.

Para melhor elucidar, vale reportar alguns ensinos doutrinários.

Primeiramente a lição do Carlos Henrique Bezerra Leite:

Já a teoria geral do direito processual do trabalho tem objeto mais delimitado, porquanto investiga setores específicos do processo do trabalho, as suas estruturas peculiares, os conceitos próprios e os valores especiais almejados pelo direito material do trabalho. Sua finalidade primordial reside, portanto, na realização dos escopos social, político e jurídico do processo sob a perspectiva do direito material do trabalho [...]33

Sergio Pinto Martins sustenta que:

O Direito Processual é o gênero do qual são espécies o Direito Processual Penal, Direito Processual Civil e o ramo mais recente é o Direito Processual do Trabalho. Muitos conceitos como de ação, autor, réu, exceção, reconvenção, recurso, são trazidos do âmbito do Direito Processual e empregados no processo do trabalho, com suas devidas adaptações. Utiliza-se, assim, da teoria geral do processo no processo do trabalho.34

São notáveis as peculiaridades processuais no âmbito trabalhista quando

comparado ao comum. Para que alcance a eficácia necessária e sem morosidade,

32 GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido R., CINTRA, Antônio Carlos de Araújo. Teoria Geral do Processo. 25ª edição. São Paulo: Malheiros. 2009, página 95.

33 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 8ª ed. São Paulo: LTr, 2010, página 46.

34 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho: Doutrina e prática forense. 29ª ed. São Paulo: Atlas, 2009, página 27

Page 24: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

23

há menos formalismo e maior prevalência de algumas particularidades, das quais

algumas interessam o presente tema.

Nesta seara deve haver também ponderação e sabedoria do julgador no

momento de decidir quais fontes do direito serão aplicadas no caso em concreto,

assim como qual interpretação será mais adequada quando houver norma com mais

de um sentido.

Antes de prosseguir, definindo fontes do direito no ensino de Miguel Reale:

Por “fonte do direito” designamos os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura normativa. O direito resulta de um complexo de fatores que a Filosofia e a Sociologia estudam, mas se manifesta, como ordenação vigente e eficaz, através de formas, diríamos mesmo de certas fôrmas, ou estruturas normativas, que são o processo legislativo, os usos e costumes jurídicos, a atividade jurisdicional e o ato negocial.35

Dentre várias, as principais fontes formais trabalhistas elencadas pelos

doutrinadores são a Constituição Federal de 1988, que disciplina de forma unitária e

harmônica as estruturas fundamentais; a Consolidação das Leis do Trabalho; o

Código de Processo Civil e a Lei de Execução Fiscal, aplicada principalmente na

fase de execução.

Quanto à Carta Magna, é pertinente lembrar a moderna teoria

neoconstitucionalista, a qual fortalece o poder normativo da Constituição, através do

pressuposto de que a hermenêutica deve ocorrer a partir dela, ou seja, observam-se

primeiro os direitos fundamentais para depois a norma trabalhista propriamente dita,

como se houvesse um filtro constitucional.

Teoria essa definida por Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino como princípio

da interpretação conforme a Constituição:

O princípio da interpretação conforme a Constituição impõe que, no caso de normas polissêmicas ou plurissignificativas (que admitem mais de uma interpretação), dê-se preferência à interpretação que lhes compatibilize o sentido com o conteúdo da Constituição. Como decorrência desse princípio temos que dentre as várias possibilidades de interpretação, deve-se escolher a que não seja contrária ao texto da Constituição.

35 REALE, Miguel. Licões Preliminares de Direito. 27ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009, página 140.

Page 25: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

24

[...] só é admitida quando existe, de fato, um espaço de decisão (espaço de interpretação) em que sejam admissíveis várias propostas interpretativas, estando pelo menos uma delas em conformidade com a Constituição, que deve ser preferida às outras, em desconformidade com ela.36

O Código de Processo Civil é aplicado subsidiariamente quando houver

lacuna na legislação trabalhista e for eficaz para a efetiva proteção jurisdicional do

trabalhador, ou seja, quando compatível com os princípios trabalhistas. Deste modo

impõe o art. 769 da Consolidação das Leis do Trabalho: “Nos casos omissos, o

direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho,

exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título” 37.

E de acordo com Renato Saraiva:

[...] o processo do trabalho é neófito, incompleto e assistemático, ainda utilizando, subsidiariamente, boa parte das normas do processo civil, carecendo de uma legislação mais abrangente e complexa que defina seus próprios princípios, o que acaba por fazer com que os autores transportem para o campo trabalhista os princípios gerais do processo civil, adequando-os às peculiaridades e particularidades do processo do trabalho.38

Bem observa e lecciona o professor Amauri Mascaro Nascimento ao fazer

uma interpretação mais profunda do art. 769 do diploma trabalhista e esclarecer que:

Não só o Código de Processo Civil pode ser aplicado complementarmente, porque a lei permite a utilização, pelo juiz do trabalho, das regras cabíveis do “direito comum”.[...] o Código de Defesa do Consumidor pode ser aplicado no processo trabalhista, observados os mesmos pressupostos já indicados.39

Por último, temos a aplicação subsidiária também da Lei de Execução Fiscal

(Lei nº 6.830/1980), aplicada principalmente da na execução. É decorrente do art.

889 da Consolidação Trabalhista:

36 PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2008, página 74.

37 BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 25 out. 2012.

38 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho. 6ª ed. São Paulo: Método, 2009, página 31.

39 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 24ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, página 88.

Page 26: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

25

Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal. 40

Eventualmente ocorre a existência de diferentes possibilidades de aplicação

e/ou interpretação de determinadas normas a um caso concreto. O que norteará tais

situações será sempre a ideia de proteção ao trabalhador, preservando os fins e

reflexos sociais. É justamente o propósito central do § 1º do art. 852-I da CLT: “O

juízo adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime,

atendendo aos fins sociais da lei e as exigências do bem comum” 41.

Sergio Pinto Martins assim presta explicação quanto à forma de interpretação

sociológica de normas trabalhistas:

[...] em que se constata a realidade e a necessidade social na elaboração da lei e na sua aplicação. O juiz, ao aplicar a lei, deve ater-se aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.42

No mesmo sentido, examina e disserta Cândido Rangel Dinamarco:

Como a todo intérprete, incumbe ao juiz postar-se como canal de comunicação entre a carga axiológica atual da sociedade em que vive e os textos, de modo que estes fiquem iluminados pelos valores reconhecidos e assim possam transparecer a realidade da norma que contêm no momento presente. O juiz que não assume essa postura perde a noção dos fins de sua própria atividade, a qual poderá ser exercida até de modo bem mais cômodo, mas não corresponderá às exigências de justiça.43

Alice Monteiro de Barros ressalva:

40 BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 25 out. 2012

41 BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 25 out. 2012.

42 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho: Doutrina e prática forense. 29ª ed. São Paulo: Atlas, 2009, página 34.

43 DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo, 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990, página 421.

Page 27: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

26

[...] é necessário considerar também o elemento sociológico, ao qual serão incorporados fatores de ordem política, econômica e moral que revelam os anseios da comunidade no momento da aplicação da lei. Lembre-se, entretanto, que esses fatores não autorizam o Juiz a modificar ou deixar de aplicar a norma vigente, mas a suavizá-la até onde o texto legal o permitir. A doutrina tem alertado para o fato de que a utilização desses fatores na função interpretativa exige prudência e habilidade, pois há risco de arbitrariedade ao se entregar a consciência moral de um povo à apreciação subjetiva do Juiz. Assim, é necessário que a tendência ou a ideia tenha penetrado de forma inequívoca na realidade social ao tempo da aplicação.44

Coerentes são estes entendimentos, sabe-se que o direito nasce da

necessidade da sociedade e deve corresponder ao desejo para qual foi criado. O

legislador trabalhista atua ativamente elaborando leis para assegurar conquistas em

proveito dos hipossuficientes, tendo estas cunho não só jurídico, mas também

político e social.

Luiz Guilherme Marinoni vai além e elucida que:

Portanto, ainda que se ignorasse a idéia de pluralismo, jamais se poderia concluir que o texto da lei é perfeito, e assim deve ser simplesmente proclamado pelo juiz, apenas por ser o resultado de um procedimento legislativo regular. De modo que se tornou necessário resgatar a substância da lei e, mais do que isso, encontrar instrumentos capazes de permitir a sua limitação e conformação aos princípios de justiça.45

Pelo exposto, entende-se a necessidade de menor formalismo nos processos

trabalhistas, pela própria natureza do objeto da pretensão em litígio, e utilização das

fontes de direito que melhor protejam o operário, para equilibrar sua situação

desvantajosa.

4.2 DA INFORMALIDADE E CELERIDADE DO PROCESSO DO TRABALHO

Vimos, no capítulo anterior sobre princípios, as exigências de rapidez e

simplicidade que o processo do trabalho requer devido à natureza alimentar da

44 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 6ª ed. São Paulo: Ltr, 2010, página 194, grifo meu.

45 MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria Geral do Processo. 3ª ed. revista e atualizada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, página 46.

Page 28: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

27

ação, buscando evitar que o trabalhador seja vítima da mora processual, e aguarde

por longos anos a satisfação de sua pretensão.

Na lição de Eduardo Gabriel Saad:

Assim, pensamos porque ele se destina a dirimir controvérsias individuais e coletivas em que se discutem, primordialmente, assuntos de caráter financeiro e indispensáveis à subsistência de boa parte da população.Qualquer delonga nesses processos põe em risco o direito natural à vida do trabalhador e de seus dependentes.Identificamos nesse fato o motivo que justifica normas legais inspiradas pela celeridade e pela simplicidade dos atos que compõem o processo do trabalho.46

O sistema processual comum não fornece a devida celeridade e simplicidade

que exigem as demandas trabalhistas, advindo daí a origem do processo laboral. A

Consolidação das Leis Trabalhistas estabelece várias particularidades que atenuam

a formalidade para obter um menor lapso temporal.

Todo esse amparo ao trabalhador se justifica na concepção de injustiça ao

enriquecer uma minoria por meio de prejuízo à dignidade humana dos

trabalhadores, dano este que o tornaria simples ferramenta e mercadoria, além de

acarretar aumento das desigualdades.

4.3 DA NOTIFICAÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO

4.3.1 Delimitação do termo “notificação inicial”

Depois dessas exposições, redirecionando o foco para o tema central do

presente trabalho, quais sejam as notificações trabalhistas, em especial a notificação

inicial. Quanto à nomenclatura diversa da processual civil Sergio Pinto Martins

explica que:

46 SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de direito processual do trabalho. 5ª ed. rev., atual. e ampl. por José Eduardo D. Saad e Ana Maria Saad Castello Branco. São Paulo: LTr, 2007, página 41.

Page 29: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

28

O legislador doutrinário, ao pretender justificar a autonomia do Direito Processual do Trabalho, utilizou-se da expressão notificação para todo e qualquer ato em que vai ser feita a comunicação dos atos processuais, tanto em relação à citação, como para a intimação. A palavra notificação vem da época em que a Justiça do Trabalho pertencia ao Poder Executivo.47

Na prática trabalhista não se faz distinção dos termos utilizados para

expressar a comunicação dos atos processuais, diferente do que ocorre no processo

civil. Assim ensina Renato Saraiva:

O legislador pátrio, entretanto, objetivando justificar a autonomia do processo do trabalho, utilizou na Consolidação das Leis do Trabalho, de forma indiscriminada, o termo notificação, como o meio adequado para comunicação de todo e qualquer ato processual realizado no âmbito da Justiça laboral (seja citação ou intimação). 48

Mesmo não havendo diferença terminológica, faz-se fundamental conceituar e

distinguir a citação e a intimação, para que se possa identificar qual o sentido do

emprego da palavra “notificação”, no texto legal trabalhista.

De acordo com o artigo 234 do Código de Processo Civil “a intimação é o ato

pelo qual se dá ciência a alguém dos atos ou termos do processo, para que se faça

ou deixe de fazer alguma coisa”. Já o art. 213 do mesmo diploma conceitua citação

como “o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender” 49.

No ensino de José Miguel Garcia Medina:

Enquanto a citação tem por finalidade dar notícia ao demandado acerca da existência da ação (art. 213), através da intimação realizam-se as demais comunicações do órgão judicial às partes e a terceiros (art. 234).[...] Diz-se, assim, que a citação é pressuposto processual de existência do processo em relação ao réu, já que, antes da citação, ainda que exista processo, a relação processual dar-se-á apenas entre demandante e juiz. 50

47 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho: Doutrina e prática forense. 29ª ed. São Paulo: Atlas, 2009, página 158.

48 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho. 9ª ed. São Paulo: Método, 2012, página 160.

49 BRASIL. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869compilada.htm>. Acesso em: 25 out. 2012.

50 MEDINA, José Miguel Garcia. Código de Processo Civil Comentado – com remissões e notas comparativas ao projeto do novo CPC. 2ª tiragem. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, páginas 219 e 207.

Page 30: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

29

Enfocando na CLT, há previsão no artigo 841 da CLT, de que:

“Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou chefes de secretaria, dentro de quarenta e oito horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência de julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de cinco dias” 51.

Nota-se, através da parte final do dispositivo, a utilização do termo

“noticiando-o”, ou seja, a própria norma trabalhista diferencia a nomenclatura da

citação, a qual é usualmente denominada de “notificação ao reclamado”, sendo o

termo mais difundido na prática processual desta esfera.

A notificação ao reclamado também considerada pressuposto vital para o

desenvolvimento da relação processual. Tamanha é a preocupação com a

efetividade da citação, que o legislador, ao elaborar o art. 214 do CPC (Código de

Processo Civil), versou que para “a validade do processo, é indispensável a citação

inicial do réu”, assim como no art. 215 do mesmo diploma afirmou que “Far-se-á a

citação pessoalmente ao réu” 52.

Nas palavras de Humberto Theodoro Júnior:

Tão importante é a citação, como elemento instaurador do indispensável contraditório no processo, que sem ela todo o procedimento se contamina de irreparável nulidade, que impede a sentença de fazer coisa julgada.53

Compreende-se o indispensável pressuposto que a notificação ao reclamado

assume para a ação, assim como a citação, podendo até, em caso de não

cumprimento das determinações exigidas, ensejar nulidade de sentença. Em

compensação veremos adiante que na esfera trabalhista há peculiaridades que a

torna menos rígida.

51 BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 25 out. 2012.

52 BRASIL. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869compilada.htm>. Acesso em: 25 out. 2012.

53 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 50ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009, página 261.

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30

4.3.2 Da impessoalidade na notificação inicial

Em contrapartida ao art. 215 do CPC, os institutos trabalhistas exigem um

conjunto de normas mais flexíveis, predominando, em especial, o sistema da

impessoalidade na notificação inicial, visando maior rapidez na comunicação do ato.

Renato Saraiva sinteticamente versa quanto à questão:

[...] não há previsão legal de pessoalidade na realização da comunicação, sendo a notificação considerada válida com a simples entrega do registro postal no endereço da parte.54

Seguindo o mesmo entendimento, o doutrinador Sergio Pinto Martins examina

a fundo a diferença:

Não há necessidade de a notificação ser feita pessoalmente, simplificando-se, assim, o procedimento da comunicação dos atos processuais do trabalho. A notificação é considerada realizada com a simples entrega do registro postal no endereço da parte. Pode-se também depositar a notificação na caixa postal da parte. Se a notificação for recebida pelo zelador ou outro empregado da administração do edifício, onde o destinatário tem residência ou domicílio, há a consumação do ato. Será, dessa forma, a notificação considerada válida desde que entregue no endereço correto do notificado, sem a devolução pelo correio, independentemente da pessoa que a receber. Se fosse exigida a citação pessoal, o réu poderia esquivar-se ou tentar frustrar a citação. Nem mesmo quando cumprida por oficial de justiça precisa a citação ser pessoal.55

É também a orientação majoritária que o Tribunal Superior do Trabalho adota

e aplica. Seguem jurisprudências atinentes:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA CITAÇÃO – IMPESSOALIDADE. A citação, no processo do trabalho, não exige pessoalidade e, portanto, a notificação corretamente endereçada e entregue na sede da reclamada é regular, cabendo à parte, que a impugna, demonstrar sua irregularidade. Agravo de instrumento desprovido.56

54 SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho. 6ª ed. São Paulo: Método, 2009, página 198.

55 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho: Doutrina e prática forense. 29ª ed. São Paulo: Atlas, 2009, página 159.

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RECURSO DE REVISTA. NULIDADE DE CITAÇÃO – MUNICÍPIO – CITAÇÃO VIA POSTAL. Vigora nesta Justiça Especializada o sistema da impessoalidade da citação, que se procede mediante notificação postal, expedida automaticamente para o endereço do reclamado. Desta forma, não há necessidade de que a citação se faça pessoalmente, sendo bastante, para considerá-la válida, que seja entregue no correto endereço do reclamado. Note-se que não há nenhuma exceção quanto à aplicação do dispositivo ao Município. Recurso de revista conhecido e desprovido.57

Esta não obrigatoriedade da notificação ser pessoal e entregue em mãos

próprias, elimina a morosidade que pode gerar quando feita por oficial de justiça,

prestigiando-se, mais uma vez, a proteção ao trabalhador, através de um trâmite

processual mais rápido.

Ainda neste intuito de rapidez, a Súmula 16 do TST versa que “Presume-se

recebida a notificação 48 horas depois de sua postagem. O seu não-recebimento ou

a entrega após o decurso desse prazo constituem ônus da prova do destinatário” 58;

e o § único do art. 774 da CLT diz “Tratando-se de notificação postal, no caso de

não ser encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará

obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la, no prazo de

quarenta e oito horas, ao Tribunal de origem” 59.

Ambas as normas objetivam facilitar a comunicação de tal ato criando uma

presunção relativa de efetivo recebimento pela simples entrega no endereço do

destinatário.

Interessante citar o teor do recente acórdão do Exmo. Des. Hugo Carlos

Scheuermann no processo n. 0102300-65.2005.5.04.0701 – AP (julgamento em

21/01/2010), no qual se discute a questão referente à citação pessoal:

Segundo o disposto no art. 841 da CLT, a notificação será feita em registro postal com franquia. Portanto, não há exigência da entrega pessoal da citação ao destinatário, na medida em que, realizada por via postal, esta poderá ser recebida por qualquer pessoa que se encontrar no local, a citação do executado, na forma procedida, é perfeitamente válida e eficaz, tal como concluído em primeiro grau.

56 TST, PROC. Nº TST-AIRR-179/2005-117-08-40.9, Rel. Min. VIEIRA DE MELLO FILHO, Pub. DJ-06/10/2006

57 TST, PROC. Nº RR 374004920075210016, Rel. Min. Renato de Lacerda Paiva, Pub. DEJT – 04/05/2012

58 Súmulas da Jurisprudência Uniforme do Tribunal Superior do Trabalho. Disponível em: <http://www.tst.gov.br/web/guest/sumulas>. Acesso em: 25 out. 2012.

59 BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 25 out. 2012.

Page 33: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

32

Retomando a análise do art. 841 da CLT, a parte inicial deste dispositivo

demonstra outra diferença quanto ao rito da justiça comum ao versar que “Recebida

e protocolada a reclamação, o escrivão ou chefes de secretaria, dentro de quarenta

e oito horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado” 60.

Na explicação de Carlos Henrique Bezerra Leite:

[...] o servidor público que receber a petição inicial da ação trabalhista notificará o réu, remetendo-lhe a segunda via da petição, para comparecer à audiência de conciliação, instrução e julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de cinco dias. Na verdade, a notificação, que é feita por meio de registro postal, tem a função de citar o réu e, ao mesmo tempo, intimá-lo para comparecer à audiência.61

Sérgio Pinto Martins esclarece mais profundamente:

No processo do trabalho a citação do réu independe de requerimento do autor feito na petição inicial e também de qualquer ato do juiz. Não há necessidade do despacho “cite-se” dado pelo juiz. A notificação é expedida automaticamente pela secretaria da Vara ao receber a petição inicial, no prazo de 48 horas após seu recebimento.62

Refere-se à citação automática, onde há obrigação do próprio serventuário

em enviar a cópia da petição (contrafé) à parte demandada em 48 horas. A intenção

do legislador é utilizar estruturas normativas que resultem em um rápido provimento

jurisdicional.

Interessante observação faz o doutrinador Amauri Mascaro Nascimento

quanto aos reflexos em outros ramos das novas construções jurídicas presentes na

esfera laboral:

O direito processual do trabalho tem uma presença permanente e seu dinamismo constitui um importante espaço experimental para novas construções jurídicas aproveitadas pelo direito processual civil, como a citação por via postal, o alargamento da conciliação como

60 BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 25 out. 2012.

61 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 8ª ed. São Paulo: LTr, 2010, página 330.

62 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho: Doutrina e prática forense. 29ª ed. São Paulo: Atlas, 2009, página 159.

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fase obrigatória processual, o procedimento sumário, a penhora online e a irrecorribilidade das decisões interlocutórias [...] 63

Os institutos processuais mencionados, da impessoalidade na realização da

comunicação da notificação inicial e de sua remessa automática, são fundamentais

na tentativa de conseguir maior celeridade no provimento jurisdicional trabalhista,

simplificando procedimentos.

4.3.3 A notificação inicial e a ponderação entre a proteção do trabalhador e a

preservação da empresa

Exposto todo esse conteúdo sobre a hipossuficiência do trabalhador e as

normas, princípios e meios utilizados para atenuá-la, é pertinente adiante apresentar

breves análises de eventual situação que a parte contrária, a empresa, pode ter que

tolerar.

Para esclarecer a questão suscitada, cabe a citação de alguns trechos da

entrevista concedida à TV Anamatra do Ministro do C. TST Antonio José de Barros

Levenhagen, quando indagado a respeito do equilíbrio entre o princípio da

hipossuficiência e o da igualdade processual:

Se traz agora à discussão um novo paradigma do Direito do Trabalho, que não é tão novo, mas vetusto como a CLT, que é a preservação da empresa. Que a CLT e o Direito do Trabalho são protecionistas ao hipossuficiente não há menor dúvida, só se explica a existência do Direito do Trabalho em razão dessa proteção jurídica para compensar a fragilidade econômica do empregado. Mas não se pode esquecer que cerca de 80% das empresas no Brasil que empregam são constituídas de micro, pequenas e médias empresas. Então o que se propõe hoje como um modelo para um equilíbrio das relações entre o capital e o trabalho é que, mantida a proteção que o deve ser, se observe também os interesses da empresa, não do empresário, mas da empresa como fonte geradora de renda e do próprio emprego. Tanto é assim que o art. 1º da Constituição se funda na livre iniciativa e na valorização social do trabalho. São dois valores constitucionais que devem ser observados pelo juiz do Trabalho. O juiz do Trabalho não pode priorizar um em detrimento do outro, porque ele desequilibra aquilo que o constituinte pretendeu.

63 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 24ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009, página 60.

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34

Mas, sobretudo, um dos maiores desafios do judiciário trabalhista é saber o equilíbrio exatamente entre a proteção que deve ser dispensada ao empregado e o sentido de preservação da empresa. São dois valores que devem coexistir em harmonia. O juiz do Trabalho deve render homenagem a esses dois valores, não prestigiando um em detrimento do outro para não desequilibrar essa relação tão tênue da verdadeira justiça.64

O Ministro prestigia o princípio constitucional implícito da preservação da

empresa, o qual parte da concepção da manutenção da atividade empresarial, para

consequentemente resguardar os interesses da coletividade e garantir a tutela do

direito ao trabalho e a permanência do obreiro nele.

Logo, se vincula com o consagrado princípio trabalhista da continuidade da

relação de emprego, já que é justamente na empresa onde se centraliza e dispõe a

produção através de força humana.

Fran Martins opina quanto à questão:

Contrariamente ao que se propunha, a previsão da classe trabalhadora fomenta restrição e sacrifícios, mas se cogitarmos a continuidade dos negócios, os empregados seriam os mais privilegiados, porque de nada adianta querer receber e perder o emprego com fechamento da empresa.65

E seguindo a mesma interpretação, Carlos Aberto Farracha de Castro

explana que:

O uso adequado e responsável da técnica da ponderação, portanto, pode contribuir para a convivência harmônica entre o lucro e a dignidade da pessoa humana. Os pilares do Código Civil (eticidade, socialidade e operabilidade) e o princípio da preservação da empresa auxiliam nesse desiderato, inclusive caso venham a ser interpretados de modo a incentivar que o lucro seja visualizado não só como causa para a constituição das sociedades empresariais, mas também como incentivo da concretização da função social da empresa, caso parcela dele venha a ser destinada ou repartida a sujeitos não-proprietarios envolvidos naquela relação empresarial. Em assim sendo, a busca do lucro deixaria de se constituir objeto de rejeição por parcela da sociedade, tornando-se elemento que agrega os interesses dos empresários, trabalhadores e consumidores, propiciando aumento da produtividade daquela atividade empresarial, gerando, pois, benefícios coletivos, o que contribui para a redução

64 Entrevista concedia à TV Anamatra, pelo Ministro do C. TST, Antonio José de Barros Levenhagen. Informativo da Anamtra, ano XIII, nº 126, novembro/dezembro de 2009, fls. 5, grifo meu.

65 MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial. 30. ed. rev., atual. e amp. Rio de Janeiro: Forense, 2006, página 462.

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das desigualdades de nossa sociedade.66 (Preservação da empresa no código civil, pág. 170)

É indiscutível a importância social que uma empresa ativa gera e, por formar

um sistema econômico complexo, o desencadear de reflexos que causa quando em

crise, repercutindo tanto em seus funcionários, como em outras empresas e também

na economia regional.

Um dos grandes obstáculos à Justiça é justamente sua morosidade,

desrespeitando a razoável duração do processo, sendo o exame deste óbice

abordado por vários especialistas da área, doutrinadores e palestrantes. Os

cidadãos sofrem os efeitos e veem o exercício de seus direitos distanciar cada vez

mais.

Em entrevista para a revista da Associação Nacional Dos Magistrados Da

Justiça Do Trabalho (Anamatra), O Ministro do Supremo Tribunal Federal Marco

Aurélio Mello, proveniente da área trabalhista e com mais de 20 anos de atuação na

mais alta corte do país, sabiamente expôs sua opinião quanto à celeridade

processual:

Desde que estou aqui, o STF é um Tribunal sobrecarregado de processos. Temos uma competência muito ampla e aí não sobra tempo. Vivemos uma angústia de conciliar a celeridade com o conteúdo.Nós podemos potencializar a celeridade em detrimento do conteúdo? Será que o ato judicante pode ser tarifado? Será que é possível colocá-lo como tarefa e dizer: “Olha, você tem até o final do ano para liquidar tais processos!”. É assim que ocorre em outros julgamentos? Não, não é assim.67

E Dierle José Coelho Nunes leciona:

É de se verificar que a quantidade média de processos que um juiz brasileiro possui sob sua “direção” impõe-lhe uma análise superficial dos casos que lhe são submetidos, uma vez que o sistema de “prestação jurisidicional” faz com que este atue como se o que importasse não fosse a aplicação de tutela constitucional e democraticamente adequada, mas sim a prestação de serviços rápidos e em larga escala.68

66 CASTRO, Carlos Alberto Farracha de. Preservação da empresa no código civil. Curitiba: Juruá, 2007, página 170.

67 Entrevista com o Ministro do STF, Marco Aurélio Mello. Revista da Anamatra, Ano XXI, nº 58, edição do 2º semestre de 2009.

68 NUNES, Dierle José Coelho. Direito Constitucional ao Recurso. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, página 49.

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36

Cita-se também excertos de um artigo, publicado na Revista LTr, da

Desembargadora Olga Aida Joaquim Gomieri, atuante no Tribunal Regional do

Trabalho da 15ª Região, que argumenta a complexidade para equilibrar a proteção

ao empregado e a preservação da empresa e do emprego :

[...] os tempos modernos prometem mais celeridade e, pensa-se, consequentemente haveria maior eficácia na definição dos processos. Entretanto, como exaustivamente já salientado e percebido por todos, essa celeridade processual não pode vir em diminuição da qualidade dos serviços prestados aos jurisdicionados, em prejuízo à plena realização da Justiça.Vemos, no entanto, que, com a nobre finalidade da rapidez na tramitação dos processos, outros valores de igual ou maior grandeza podem estar sendo sacrificados na Justiça do Trabalho. A própria eficiência, em seu sentido mais verdadeiro, pode estar sendo colocada em segundo plano.[...] uma instituição tão importante e complexa como é a Justiça do Trabalho de hoje, para que atinja a verdadeira eficiência, exige grandes desafios, pois vive no epicentro das mais frequentes discussões, aquelas pertinentes às relações do trabalho, que envolvem quase tudo que se possa pensar existente nesse mundo eminentemente social e globalizado, em que devem ser respeitados tanto os direitos do trabalhador como aqueles do empreendedor, posto que ambos são merecedores de toda a consideração.69

A preocupação da desembargadora acima citada é quanto à proteção de

outros valores, cuja grandeza é tamanha quanto o da celeridade processual, porém

estão sendo sacrificados na justiça trabalhista. Quando ocorre este detrimento de

um valor imprescindível, com certeza há consequente prejuízo para uma das partes,

que geralmente neste âmbito é a empresa demandada.

Antes de aduzir as próximas opiniões doutrinárias é preciso definir o instituto

da revelia e suas consequências, declarado pelo art. 319 do CPC como “se o réu

não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor” 70.

4.3.4 A questão da revelia no processo do trabalho

69 Relação capital e trabalho – complexidade – desafio do judiciário em estabelecer o equilíbrio entre a proteção ao empregado x a preservação da empresa e do emprego, Revista LTR, v. 75, n. 07, Julho de 2011, grifo meu.

70 BRASIL. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869compilada.htm>. Acesso em: 25 out. 2012.

Page 38: AS PARTICULARIDADES DA NOTIFICAÇÃO INICIAL TRABALHISTA

37

A análise da notificação inicial desdobra consequentemente também para

questões relacionadas à revelia. Analisar também este instituto e sua funcionalidade

nas demandas trabalhistas ajudará na elucidação das consequências práticas de

uma notificação ao reclamado eivado de vícios.

Trata-se de pena imposta a parte que, regularmente citada, deixa de

comparecer ou contestar. Nas palavras de Luiz Guilherme Marinoni e Daniel

Mitidiero “o efeito material da revelia está em que as alegações fáticas formuladas

pelo autor na petição inicial são consideradas verdadeiras diante do silêncio do réu” 71.

No âmbito trabalhista, situação semelhante ocorre com a revelia que, de

acordo com o art. 844 da Consolidação das Leis do Trabalho, traz como

consequência a contumácia, sendo o revel também considerado confesso ficto

quanto à matéria de fato. No comentário de Carlos Henrique Bezerra Leite sobre a

questão:

O principal efeito da revelia incide sobre a prova, uma vez que, se o réu não contestar a ação, serão considerados verdadeiros os fatos alegados pelo autor, dispensando-se a produção de outras provas sobre tais fatos.72

Fazendo um nexo entre a questão tema do trabalho e o instituto acima

mencionado, verificamos que a não obrigatoriedade de pessoalidade na realização

da notificação inicial, considerada válida com a simples entrega no endereço da

parte, pode em determinadas situações acarretar indevidamente a revelia da parte

reclamada.

Prosseguindo com este pensamento, Valentin Carrion assim leciona quanto à

nulidade de citação:

A nulidade de citação deve ser arguida pelo revel após a intimação da sentença que o condenou, mediante recurso ordinário ao Tribunal Regional. O meio mais célere e apropriado seria a declaração de inexistência da sentença por ausência da relação jurídica processual

71 MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado artigo por artigo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, página 324.

72 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 8ª ed. São Paulo: LTr, 2010, página 487.

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anterior; [...] Revelias forjadas, pelo oferecimento de endereços incorretos ou por outros meios, fazem parte da patologia forense destinada a propiciar acordos vantajosos para o autor. Mas é acertada a declaração de inexistência jurídica da sentença, pelo próprio juiz que a prolatou, porque desprovida de elemento essencial; Barbosa Moreira, sem referir-se precisamente a essa hipótese, assim induz, quando analisa, no cível, os embargos de devedor, “fazendo cair a sentença com o processo” na primeira instância (Comentários ao CPC, Forense, v. 5). A provocação do réu e o contraditório são necessários.73

Na atual prática forense há advogados que utilizam meios antiéticos e imorais

para beneficiar seus clientes, como revelias forjadas, exposta pelo doutrinador

acima, o que é repudiável, sendo tais atitudes contrárias à atividade da Justiça.

Retomando os ensinamentos da Desembargadora Olga Aida Joaquim

Gomieri, a qual expõe e exemplifica situações vividas por ela no exercício de sua

função:

[...] o simples endereçamento pelo Correio, da notificação inicial, pode gerar para as empresas ou firmas individuais um risco muito grande de incidirem na terrível revelia, caso não compareçam à audiência inicial para a qual foram convocados pelo órgão judiciário.E, estranhamente, o que se constata é que, regra geral, na fase de execução, aquelas reclamadas que não foram localizadas, [...] invariavelmente são facilmente encontradas pelos oficiais de justiça, com base em novos endereços fornecidos pelo exequente e totalmente diversos daqueles informados pelo mesmo, em sua preambular.[...] ônus inúteis: para a administração do Judiciário trabalhista, que verificará, lá, mais na frente, na fase recursal (RO ou AI), ou na fase de execução, ou da ação rescisória, que a citação na verdade não se deu ou foi nula, tendo de cancelar todos os atos processuais desde seu início: como os consequentes prejuízos econômicos e financeiros, que necessária repetição de todos os atos processuais lhe trará, pois destruirá toda aquela inicial celeridade. Por outro lado, o custo do processo trabalhista também ficará mais alto não só para a administração da Justiça, mas especialmente para o reclamado que, desesperado, verá pender contra si uma sentença condenatória, geralmente de valores vultuosos, para o resultado da qual não concorreu, tendo restado totalmente indefeso. E, especialmente, se incorre no descrédito da Justiça. Enfim, todos perdem, quando isso acontece.74

73 CARRION, Valentin. Comentários à consolidação das leis do trabalho. 32ª ed. São Paulo, 2007, página 613 e 614, grifo meu.

74 Relação capital e trabalho – complexidade – desafio do judiciário em estabelecer o equilíbrio entre a proteção ao empregado x a preservação da empresa e do emprego, Revista LTR, v. 75, n. 07, Julho de 2011.

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Compreende-se que o trabalhador não pode ser vítima da demora na

prestação judicial. Em contrapartida, temos situações em que a informalidade na

comunicação dos atos na Justiça do Trabalho gera prejuízo à parte contrária, a

empresa. O magistrado é responsável por diminuir a desigualdade existente entre as

partes, porém com cautela para não causar danos nesta tentativa.

Quanto ao prejuízo à celeridade, acarretado pela repetição de todos os atos

processuais considerados nulos, segue um recente julgado que exemplifica de forma

simples a situação acima exposta:

NULIDADE PROCESSUAL. POSTAGEM PARA ENDEREÇO ANTIGO. CITAÇÃO INEXISTENTE. A relação jurídica processual somente se forma com a existência de citação inicial regular e válida, tendo em vista a obrigatoriedade de se assegurar ao reclamado o exercício do direito de ampla defesa constitucionalmente garantido. Considerando-se que, no caso, a notificação-citatória foi encaminhada a endereço antigo e que não foram produzidas provas de que a pessoa que teria recebido a citação teria qualquer vinculação com a recorrente, tem-se que a mesma não foi validamente citada. Por conseqüência, impõe-se a declaração de nulidade do processado a partir da citação inicial. Recurso provido.75

A busca pela celeridade pode, além de ofender o devido processo legal,

tornar-se ilusória. Ao constatar vício na notificação inicial todo o processo recomeça,

ficando todos os envolvidos prejudicados: o reclamado como vítima de injustiça, o

trabalhador enfrenta a morosidade para recebimento das verbas trabalhistas e a

imagem da Justiça sofre depreciação.

Embora o excesso de tempo na prestação jurisdicional pode causar injustiça,

não se admite ofensa aos princípios supremos da democracia e do devido processo

legal em troca de velocidade ao procedimento benéfica a uma das partes. O julgador

deve buscar equilíbrio e harmonia para preservar todos direitos constitucionais,

assim como as garantias processuais decorrentes, sem considerar hierarquia entre

elas.

75 TRT 15ª R. 5ª Câmara. 3ª Turma. Proc. 0121700-62.2009.5.15.0008, Rel. Juiz Lorival Ferreira Dos Santos, em 18/01/11.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho dedicou-se ao estudo do instituto da notificação inicial

trabalhista. É necessário refletir sobre normas, princípios, posicionamentos

doutrinários e jurisprudências pertinentes, além de comparar com a citação do

processo comum.

Levar efetivamente a conhecimento do empregador o pedido contra ele

postulado é o mínimo exigido para que exista oportunidade de defesa no processo.

Os princípios que norteiam a Justiça do Trabalho tornam este instituto mais flexível,

existindo a possibilidade de sua realização não pessoal e com a simples entrega no

endereço fornecido pelo autor.

A grande dificuldade encontrada é o fato de haver predominância de

informalidade na seara trabalhista e até mesmo na realização da notificação inicial, a

qual, dada sua imprescindibilidade, é vital para a ação e caso exista vício na sua

comunicação, todo o processo será anulado e o dissídio voltará ao início.

Como consequência surge uma ilusória celeridade em alguns casos

concretos. Após a decretação da revelia e realização da citação por edital, ao

ingressar na fase de execução o executado é localizado pelo Oficial de Justiça, que

o comunica pessoalmente através de diligências ou novo endereço fornecido pela

parte autora. Isto gera o ônus ao empregador de provar seu desconhecimento

quanto à demanda e requerer a nulidade da notificação inicial, juntamente com

invalidação da ação e de todos os atos realizados.

Tendo em vista a ampla liberdade para direção do processo que a

Consolidação das Leis Trabalhistas outorga aos juízes e tribunais, estes podem

determinar diligências no intuito de certificar o real motivo da ausência do

empregador na audiência. Dentre elas, pode o magistrado deliberar uma segunda

citação, a ser realizada por Oficial de Justiça, o qual certificará e colherá

informações, sendo certamente mais eficaz e instrutivo que a simples entrega postal.

Neste diapasão, o magistrado deve agir com cautela ao proteger o

trabalhador. Justamente por haver uma ação judicial trabalhista subentende-se que

não houve conciliação harmônica entre as partes. Ao contrário, há divergência entre

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elas, resultando em motivação para uma conduta desleal, com má-fé e abuso de

privilégios processuais.

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42

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