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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA SAÚDE NO BRASIL: ACESSO A MEDICAMENTOS ATRAVÉS DA POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS Por: Luciene dos Santos Tavares Ferreira Orientador Prof. Luiz Eduardo Chauvet Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo

AVM FACULDADE INTEGRADA

SAUacuteDE NO BRASIL ACESSO A MEDICAMENTOS ATRAVEacuteS DA

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Por Luciene dos Santos Tavares Ferreira

Orientador

Prof Luiz Eduardo Chauvet

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo

AVM FACULDADE INTEGRADA

SAUacuteDE NO BRASIL ACESSO A MEDICAMENTOS ATRAVEacuteS DA

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Apresentaccedilatildeo de monografia agrave AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenccedilatildeo do

grau de especialista em Gestatildeo Puacuteblica

Por Luciene dos Santos Tavares Ferreira

3

AGRADECIMENTOS

A todos que contribuiacuteram diretamente e

indiretamente a realizaccedilatildeo deste

trabalho E aos meus pais pela

dedicaccedilatildeo compreensatildeo e carinho

sempre

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico aos meus pais minha irmatilde meus

sobrinhos a famiacutelia que eacute agrave base de tudo

5

RESUMO

A preocupaccedilatildeo com a Sauacutede jaacute iniciou poucos anos apoacutes a descoberta

do Brasil com a vinda dos Jesuiacutetas estes ensinaram noccedilotildees de higiene

medicina sendo tambeacutem responsaacuteveis pelas Boticas que nada mais eram que

farmaacutecias Varias foram agraves accedilotildees realizadas e politicas criadas durante o Brasil

Impeacuterio republica velha e republica nova para atender as necessidades no que

tange a Sauacutede Publica salienta-se a criaccedilatildeo do Ministeacuterio dos Negoacutecios da

Educaccedilatildeo e Sauacutede Puacuteblica que posteriormente passou a se chamar Ministeacuterio

da Sauacutede a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) tendo atuaccedilatildeo no

campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo padronizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo de medicamentos Mas foi a partir das diretrizes da Constituiccedilatildeo

Federal do Brasil de 1998 que a sauacutede foi defendida como direito de todos e

dever do Estado e assim foi instituiacutedo o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) o qual

foi regulamentado pela lei orgacircnica 8080 e posteriormente atraveacutes da lei

orgacircnica 8142 dispondo da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS e

das transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede Posterior a isso e com a extinccedilatildeo da CEME houve a aprovaccedilatildeo de

uma politica relacionada somente a medicamentos a Politica Nacional de

Medicamentos com um dos propoacutesitos de garantir a qualidade e o acesso a

medicamentos e com uma das diretrizes a reorientaccedilatildeo da Assistecircncia

farmacecircutica Em 2004 foi aprovada a Politica Nacional de Assistecircncia

farmacecircutica com um dos eixos estrateacutegicos de garantir o acesso e equidade

agraves accedilotildees de sauacutede incluindo necessariamente a Assistecircncia Farmacecircutica

6

METODOLOGIA

A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho foi agrave

pesquisa bibliograacutefica O levantamento dos dados foi executado atraveacutes de

artigos livro do Ministeacuterio da Sauacutede e legislaccedilotildees referentes ao assunto em

estudo e ainda pesquisa em sites oficiais do governo

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

CAPIacuteTULO I 10

HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

CAPIacuteTULO II 26

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE

MEDICAMENTOS

CAPIacuteTULO III 35

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

8

INTRODUCcedilAtildeO

A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das

Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no

que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo

Ministeacuterio da Sauacutede

O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros

seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos

conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede

comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo

nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo

da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira

estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram

as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo

A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF

de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua

atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive

farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se

articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu

uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a

seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma

das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees

econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976

homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de

Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os

dias de hoje

9

Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor

Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de

medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica

Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da

Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a

necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do

uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais

A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia

Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional

de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-

se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da

sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como

insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees

que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo

Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e

a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando

a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto

bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e

Especializado

10

CAPIacuteTULO I

HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com

a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo

de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus

interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas

terras poderiam trazer para seu enriquecimento

A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua

maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham

como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de

remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas

que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo

A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de

1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas

como a filariose e a febre amarela

Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como

missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene

medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e

ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede

na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de

obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a

descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos

sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute

formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos

cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)

11

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos

curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam

pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)

Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil

Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo

em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os

farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas

prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam

a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)

Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo

na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de

uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual

prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo

reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o

candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria

botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))

Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e

posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de

assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira

Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no

Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que

tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os

navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro

O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as

atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo

enfatizada (FUNASA 2013)

12

Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo

de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento

dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o

Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola

de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real

Militar

O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a

Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo

da vacina antivarioacutelica

Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei

de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com

as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus

delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto

do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)

Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o

Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta

Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio

Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo

de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre

amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de

Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada

ao Ministeacuterio do Impeacuterio

No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram

a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na

Diretoria Geral da Sauacutede Publica

13

Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com

o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como

diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo

geral do Instituto em 1902

Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve

no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum

modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola

malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a

populaccedilatildeo

Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu

plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo

presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz

meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira

Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e

corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim

conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo

obrigadas a morarem em morros ou periferias

Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo

em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a

febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata

mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades

de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou

revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas

queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum

esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como

Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)

Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de

Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 2: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo

AVM FACULDADE INTEGRADA

SAUacuteDE NO BRASIL ACESSO A MEDICAMENTOS ATRAVEacuteS DA

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Apresentaccedilatildeo de monografia agrave AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenccedilatildeo do

grau de especialista em Gestatildeo Puacuteblica

Por Luciene dos Santos Tavares Ferreira

3

AGRADECIMENTOS

A todos que contribuiacuteram diretamente e

indiretamente a realizaccedilatildeo deste

trabalho E aos meus pais pela

dedicaccedilatildeo compreensatildeo e carinho

sempre

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico aos meus pais minha irmatilde meus

sobrinhos a famiacutelia que eacute agrave base de tudo

5

RESUMO

A preocupaccedilatildeo com a Sauacutede jaacute iniciou poucos anos apoacutes a descoberta

do Brasil com a vinda dos Jesuiacutetas estes ensinaram noccedilotildees de higiene

medicina sendo tambeacutem responsaacuteveis pelas Boticas que nada mais eram que

farmaacutecias Varias foram agraves accedilotildees realizadas e politicas criadas durante o Brasil

Impeacuterio republica velha e republica nova para atender as necessidades no que

tange a Sauacutede Publica salienta-se a criaccedilatildeo do Ministeacuterio dos Negoacutecios da

Educaccedilatildeo e Sauacutede Puacuteblica que posteriormente passou a se chamar Ministeacuterio

da Sauacutede a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) tendo atuaccedilatildeo no

campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo padronizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo de medicamentos Mas foi a partir das diretrizes da Constituiccedilatildeo

Federal do Brasil de 1998 que a sauacutede foi defendida como direito de todos e

dever do Estado e assim foi instituiacutedo o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) o qual

foi regulamentado pela lei orgacircnica 8080 e posteriormente atraveacutes da lei

orgacircnica 8142 dispondo da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS e

das transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede Posterior a isso e com a extinccedilatildeo da CEME houve a aprovaccedilatildeo de

uma politica relacionada somente a medicamentos a Politica Nacional de

Medicamentos com um dos propoacutesitos de garantir a qualidade e o acesso a

medicamentos e com uma das diretrizes a reorientaccedilatildeo da Assistecircncia

farmacecircutica Em 2004 foi aprovada a Politica Nacional de Assistecircncia

farmacecircutica com um dos eixos estrateacutegicos de garantir o acesso e equidade

agraves accedilotildees de sauacutede incluindo necessariamente a Assistecircncia Farmacecircutica

6

METODOLOGIA

A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho foi agrave

pesquisa bibliograacutefica O levantamento dos dados foi executado atraveacutes de

artigos livro do Ministeacuterio da Sauacutede e legislaccedilotildees referentes ao assunto em

estudo e ainda pesquisa em sites oficiais do governo

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

CAPIacuteTULO I 10

HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

CAPIacuteTULO II 26

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE

MEDICAMENTOS

CAPIacuteTULO III 35

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

8

INTRODUCcedilAtildeO

A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das

Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no

que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo

Ministeacuterio da Sauacutede

O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros

seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos

conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede

comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo

nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo

da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira

estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram

as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo

A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF

de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua

atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive

farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se

articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu

uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a

seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma

das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees

econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976

homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de

Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os

dias de hoje

9

Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor

Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de

medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica

Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da

Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a

necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do

uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais

A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia

Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional

de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-

se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da

sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como

insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees

que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo

Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e

a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando

a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto

bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e

Especializado

10

CAPIacuteTULO I

HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com

a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo

de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus

interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas

terras poderiam trazer para seu enriquecimento

A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua

maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham

como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de

remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas

que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo

A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de

1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas

como a filariose e a febre amarela

Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como

missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene

medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e

ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede

na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de

obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a

descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos

sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute

formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos

cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)

11

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos

curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam

pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)

Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil

Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo

em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os

farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas

prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam

a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)

Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo

na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de

uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual

prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo

reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o

candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria

botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))

Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e

posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de

assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira

Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no

Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que

tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os

navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro

O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as

atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo

enfatizada (FUNASA 2013)

12

Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo

de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento

dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o

Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola

de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real

Militar

O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a

Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo

da vacina antivarioacutelica

Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei

de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com

as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus

delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto

do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)

Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o

Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta

Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio

Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo

de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre

amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de

Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada

ao Ministeacuterio do Impeacuterio

No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram

a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na

Diretoria Geral da Sauacutede Publica

13

Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com

o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como

diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo

geral do Instituto em 1902

Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve

no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum

modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola

malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a

populaccedilatildeo

Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu

plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo

presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz

meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira

Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e

corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim

conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo

obrigadas a morarem em morros ou periferias

Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo

em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a

febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata

mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades

de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou

revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas

queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum

esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como

Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)

Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de

Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 3: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

3

AGRADECIMENTOS

A todos que contribuiacuteram diretamente e

indiretamente a realizaccedilatildeo deste

trabalho E aos meus pais pela

dedicaccedilatildeo compreensatildeo e carinho

sempre

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico aos meus pais minha irmatilde meus

sobrinhos a famiacutelia que eacute agrave base de tudo

5

RESUMO

A preocupaccedilatildeo com a Sauacutede jaacute iniciou poucos anos apoacutes a descoberta

do Brasil com a vinda dos Jesuiacutetas estes ensinaram noccedilotildees de higiene

medicina sendo tambeacutem responsaacuteveis pelas Boticas que nada mais eram que

farmaacutecias Varias foram agraves accedilotildees realizadas e politicas criadas durante o Brasil

Impeacuterio republica velha e republica nova para atender as necessidades no que

tange a Sauacutede Publica salienta-se a criaccedilatildeo do Ministeacuterio dos Negoacutecios da

Educaccedilatildeo e Sauacutede Puacuteblica que posteriormente passou a se chamar Ministeacuterio

da Sauacutede a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) tendo atuaccedilatildeo no

campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo padronizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo de medicamentos Mas foi a partir das diretrizes da Constituiccedilatildeo

Federal do Brasil de 1998 que a sauacutede foi defendida como direito de todos e

dever do Estado e assim foi instituiacutedo o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) o qual

foi regulamentado pela lei orgacircnica 8080 e posteriormente atraveacutes da lei

orgacircnica 8142 dispondo da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS e

das transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede Posterior a isso e com a extinccedilatildeo da CEME houve a aprovaccedilatildeo de

uma politica relacionada somente a medicamentos a Politica Nacional de

Medicamentos com um dos propoacutesitos de garantir a qualidade e o acesso a

medicamentos e com uma das diretrizes a reorientaccedilatildeo da Assistecircncia

farmacecircutica Em 2004 foi aprovada a Politica Nacional de Assistecircncia

farmacecircutica com um dos eixos estrateacutegicos de garantir o acesso e equidade

agraves accedilotildees de sauacutede incluindo necessariamente a Assistecircncia Farmacecircutica

6

METODOLOGIA

A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho foi agrave

pesquisa bibliograacutefica O levantamento dos dados foi executado atraveacutes de

artigos livro do Ministeacuterio da Sauacutede e legislaccedilotildees referentes ao assunto em

estudo e ainda pesquisa em sites oficiais do governo

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

CAPIacuteTULO I 10

HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

CAPIacuteTULO II 26

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE

MEDICAMENTOS

CAPIacuteTULO III 35

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

8

INTRODUCcedilAtildeO

A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das

Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no

que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo

Ministeacuterio da Sauacutede

O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros

seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos

conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede

comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo

nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo

da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira

estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram

as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo

A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF

de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua

atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive

farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se

articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu

uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a

seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma

das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees

econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976

homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de

Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os

dias de hoje

9

Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor

Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de

medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica

Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da

Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a

necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do

uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais

A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia

Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional

de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-

se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da

sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como

insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees

que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo

Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e

a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando

a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto

bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e

Especializado

10

CAPIacuteTULO I

HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com

a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo

de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus

interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas

terras poderiam trazer para seu enriquecimento

A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua

maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham

como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de

remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas

que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo

A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de

1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas

como a filariose e a febre amarela

Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como

missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene

medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e

ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede

na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de

obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a

descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos

sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute

formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos

cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)

11

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos

curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam

pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)

Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil

Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo

em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os

farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas

prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam

a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)

Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo

na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de

uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual

prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo

reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o

candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria

botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))

Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e

posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de

assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira

Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no

Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que

tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os

navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro

O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as

atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo

enfatizada (FUNASA 2013)

12

Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo

de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento

dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o

Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola

de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real

Militar

O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a

Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo

da vacina antivarioacutelica

Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei

de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com

as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus

delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto

do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)

Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o

Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta

Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio

Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo

de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre

amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de

Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada

ao Ministeacuterio do Impeacuterio

No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram

a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na

Diretoria Geral da Sauacutede Publica

13

Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com

o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como

diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo

geral do Instituto em 1902

Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve

no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum

modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola

malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a

populaccedilatildeo

Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu

plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo

presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz

meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira

Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e

corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim

conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo

obrigadas a morarem em morros ou periferias

Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo

em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a

febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata

mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades

de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou

revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas

queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum

esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como

Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)

Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de

Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

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57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 4: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

4

DEDICATOacuteRIA

Dedico aos meus pais minha irmatilde meus

sobrinhos a famiacutelia que eacute agrave base de tudo

5

RESUMO

A preocupaccedilatildeo com a Sauacutede jaacute iniciou poucos anos apoacutes a descoberta

do Brasil com a vinda dos Jesuiacutetas estes ensinaram noccedilotildees de higiene

medicina sendo tambeacutem responsaacuteveis pelas Boticas que nada mais eram que

farmaacutecias Varias foram agraves accedilotildees realizadas e politicas criadas durante o Brasil

Impeacuterio republica velha e republica nova para atender as necessidades no que

tange a Sauacutede Publica salienta-se a criaccedilatildeo do Ministeacuterio dos Negoacutecios da

Educaccedilatildeo e Sauacutede Puacuteblica que posteriormente passou a se chamar Ministeacuterio

da Sauacutede a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) tendo atuaccedilatildeo no

campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo padronizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo de medicamentos Mas foi a partir das diretrizes da Constituiccedilatildeo

Federal do Brasil de 1998 que a sauacutede foi defendida como direito de todos e

dever do Estado e assim foi instituiacutedo o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) o qual

foi regulamentado pela lei orgacircnica 8080 e posteriormente atraveacutes da lei

orgacircnica 8142 dispondo da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS e

das transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede Posterior a isso e com a extinccedilatildeo da CEME houve a aprovaccedilatildeo de

uma politica relacionada somente a medicamentos a Politica Nacional de

Medicamentos com um dos propoacutesitos de garantir a qualidade e o acesso a

medicamentos e com uma das diretrizes a reorientaccedilatildeo da Assistecircncia

farmacecircutica Em 2004 foi aprovada a Politica Nacional de Assistecircncia

farmacecircutica com um dos eixos estrateacutegicos de garantir o acesso e equidade

agraves accedilotildees de sauacutede incluindo necessariamente a Assistecircncia Farmacecircutica

6

METODOLOGIA

A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho foi agrave

pesquisa bibliograacutefica O levantamento dos dados foi executado atraveacutes de

artigos livro do Ministeacuterio da Sauacutede e legislaccedilotildees referentes ao assunto em

estudo e ainda pesquisa em sites oficiais do governo

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

CAPIacuteTULO I 10

HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

CAPIacuteTULO II 26

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE

MEDICAMENTOS

CAPIacuteTULO III 35

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

8

INTRODUCcedilAtildeO

A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das

Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no

que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo

Ministeacuterio da Sauacutede

O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros

seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos

conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede

comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo

nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo

da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira

estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram

as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo

A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF

de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua

atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive

farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se

articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu

uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a

seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma

das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees

econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976

homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de

Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os

dias de hoje

9

Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor

Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de

medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica

Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da

Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a

necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do

uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais

A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia

Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional

de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-

se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da

sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como

insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees

que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo

Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e

a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando

a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto

bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e

Especializado

10

CAPIacuteTULO I

HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com

a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo

de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus

interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas

terras poderiam trazer para seu enriquecimento

A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua

maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham

como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de

remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas

que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo

A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de

1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas

como a filariose e a febre amarela

Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como

missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene

medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e

ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede

na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de

obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a

descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos

sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute

formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos

cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)

11

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos

curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam

pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)

Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil

Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo

em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os

farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas

prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam

a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)

Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo

na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de

uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual

prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo

reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o

candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria

botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))

Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e

posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de

assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira

Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no

Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que

tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os

navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro

O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as

atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo

enfatizada (FUNASA 2013)

12

Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo

de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento

dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o

Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola

de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real

Militar

O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a

Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo

da vacina antivarioacutelica

Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei

de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com

as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus

delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto

do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)

Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o

Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta

Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio

Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo

de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre

amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de

Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada

ao Ministeacuterio do Impeacuterio

No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram

a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na

Diretoria Geral da Sauacutede Publica

13

Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com

o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como

diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo

geral do Instituto em 1902

Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve

no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum

modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola

malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a

populaccedilatildeo

Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu

plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo

presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz

meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira

Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e

corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim

conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo

obrigadas a morarem em morros ou periferias

Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo

em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a

febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata

mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades

de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou

revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas

queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum

esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como

Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)

Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de

Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 5: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

5

RESUMO

A preocupaccedilatildeo com a Sauacutede jaacute iniciou poucos anos apoacutes a descoberta

do Brasil com a vinda dos Jesuiacutetas estes ensinaram noccedilotildees de higiene

medicina sendo tambeacutem responsaacuteveis pelas Boticas que nada mais eram que

farmaacutecias Varias foram agraves accedilotildees realizadas e politicas criadas durante o Brasil

Impeacuterio republica velha e republica nova para atender as necessidades no que

tange a Sauacutede Publica salienta-se a criaccedilatildeo do Ministeacuterio dos Negoacutecios da

Educaccedilatildeo e Sauacutede Puacuteblica que posteriormente passou a se chamar Ministeacuterio

da Sauacutede a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) tendo atuaccedilatildeo no

campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo padronizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo de medicamentos Mas foi a partir das diretrizes da Constituiccedilatildeo

Federal do Brasil de 1998 que a sauacutede foi defendida como direito de todos e

dever do Estado e assim foi instituiacutedo o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) o qual

foi regulamentado pela lei orgacircnica 8080 e posteriormente atraveacutes da lei

orgacircnica 8142 dispondo da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS e

das transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea da

sauacutede Posterior a isso e com a extinccedilatildeo da CEME houve a aprovaccedilatildeo de

uma politica relacionada somente a medicamentos a Politica Nacional de

Medicamentos com um dos propoacutesitos de garantir a qualidade e o acesso a

medicamentos e com uma das diretrizes a reorientaccedilatildeo da Assistecircncia

farmacecircutica Em 2004 foi aprovada a Politica Nacional de Assistecircncia

farmacecircutica com um dos eixos estrateacutegicos de garantir o acesso e equidade

agraves accedilotildees de sauacutede incluindo necessariamente a Assistecircncia Farmacecircutica

6

METODOLOGIA

A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho foi agrave

pesquisa bibliograacutefica O levantamento dos dados foi executado atraveacutes de

artigos livro do Ministeacuterio da Sauacutede e legislaccedilotildees referentes ao assunto em

estudo e ainda pesquisa em sites oficiais do governo

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

CAPIacuteTULO I 10

HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

CAPIacuteTULO II 26

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE

MEDICAMENTOS

CAPIacuteTULO III 35

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

8

INTRODUCcedilAtildeO

A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das

Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no

que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo

Ministeacuterio da Sauacutede

O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros

seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos

conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede

comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo

nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo

da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira

estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram

as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo

A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF

de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua

atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive

farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se

articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu

uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a

seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma

das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees

econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976

homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de

Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os

dias de hoje

9

Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor

Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de

medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica

Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da

Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a

necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do

uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais

A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia

Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional

de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-

se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da

sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como

insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees

que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo

Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e

a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando

a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto

bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e

Especializado

10

CAPIacuteTULO I

HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com

a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo

de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus

interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas

terras poderiam trazer para seu enriquecimento

A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua

maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham

como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de

remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas

que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo

A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de

1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas

como a filariose e a febre amarela

Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como

missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene

medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e

ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede

na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de

obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a

descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos

sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute

formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos

cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)

11

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos

curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam

pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)

Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil

Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo

em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os

farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas

prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam

a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)

Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo

na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de

uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual

prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo

reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o

candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria

botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))

Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e

posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de

assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira

Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no

Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que

tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os

navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro

O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as

atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo

enfatizada (FUNASA 2013)

12

Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo

de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento

dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o

Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola

de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real

Militar

O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a

Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo

da vacina antivarioacutelica

Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei

de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com

as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus

delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto

do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)

Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o

Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta

Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio

Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo

de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre

amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de

Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada

ao Ministeacuterio do Impeacuterio

No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram

a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na

Diretoria Geral da Sauacutede Publica

13

Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com

o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como

diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo

geral do Instituto em 1902

Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve

no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum

modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola

malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a

populaccedilatildeo

Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu

plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo

presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz

meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira

Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e

corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim

conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo

obrigadas a morarem em morros ou periferias

Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo

em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a

febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata

mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades

de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou

revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas

queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum

esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como

Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)

Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de

Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 6: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

6

METODOLOGIA

A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho foi agrave

pesquisa bibliograacutefica O levantamento dos dados foi executado atraveacutes de

artigos livro do Ministeacuterio da Sauacutede e legislaccedilotildees referentes ao assunto em

estudo e ainda pesquisa em sites oficiais do governo

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

CAPIacuteTULO I 10

HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

CAPIacuteTULO II 26

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE

MEDICAMENTOS

CAPIacuteTULO III 35

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

8

INTRODUCcedilAtildeO

A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das

Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no

que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo

Ministeacuterio da Sauacutede

O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros

seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos

conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede

comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo

nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo

da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira

estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram

as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo

A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF

de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua

atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive

farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se

articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu

uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a

seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma

das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees

econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976

homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de

Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os

dias de hoje

9

Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor

Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de

medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica

Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da

Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a

necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do

uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais

A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia

Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional

de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-

se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da

sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como

insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees

que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo

Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e

a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando

a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto

bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e

Especializado

10

CAPIacuteTULO I

HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com

a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo

de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus

interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas

terras poderiam trazer para seu enriquecimento

A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua

maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham

como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de

remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas

que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo

A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de

1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas

como a filariose e a febre amarela

Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como

missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene

medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e

ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede

na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de

obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a

descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos

sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute

formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos

cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)

11

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos

curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam

pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)

Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil

Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo

em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os

farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas

prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam

a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)

Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo

na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de

uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual

prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo

reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o

candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria

botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))

Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e

posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de

assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira

Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no

Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que

tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os

navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro

O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as

atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo

enfatizada (FUNASA 2013)

12

Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo

de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento

dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o

Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola

de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real

Militar

O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a

Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo

da vacina antivarioacutelica

Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei

de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com

as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus

delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto

do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)

Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o

Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta

Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio

Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo

de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre

amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de

Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada

ao Ministeacuterio do Impeacuterio

No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram

a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na

Diretoria Geral da Sauacutede Publica

13

Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com

o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como

diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo

geral do Instituto em 1902

Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve

no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum

modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola

malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a

populaccedilatildeo

Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu

plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo

presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz

meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira

Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e

corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim

conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo

obrigadas a morarem em morros ou periferias

Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo

em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a

febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata

mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades

de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou

revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas

queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum

esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como

Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)

Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de

Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em

lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98

dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

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57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 7: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

7

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 08

CAPIacuteTULO I 10

HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

CAPIacuteTULO II 26

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE

MEDICAMENTOS

CAPIacuteTULO III 35

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

8

INTRODUCcedilAtildeO

A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das

Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no

que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo

Ministeacuterio da Sauacutede

O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros

seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos

conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede

comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo

nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo

da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira

estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram

as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo

A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF

de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua

atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive

farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se

articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu

uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a

seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma

das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees

econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976

homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de

Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os

dias de hoje

9

Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor

Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de

medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica

Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da

Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a

necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do

uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais

A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia

Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional

de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-

se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da

sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como

insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees

que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo

Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e

a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando

a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto

bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e

Especializado

10

CAPIacuteTULO I

HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com

a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo

de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus

interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas

terras poderiam trazer para seu enriquecimento

A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua

maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham

como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de

remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas

que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo

A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de

1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas

como a filariose e a febre amarela

Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como

missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene

medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e

ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede

na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de

obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a

descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos

sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute

formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos

cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)

11

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos

curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam

pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)

Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil

Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo

em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os

farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas

prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam

a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)

Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo

na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de

uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual

prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo

reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o

candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria

botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))

Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e

posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de

assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira

Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no

Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que

tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os

navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro

O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as

atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo

enfatizada (FUNASA 2013)

12

Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo

de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento

dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o

Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola

de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real

Militar

O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a

Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo

da vacina antivarioacutelica

Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei

de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com

as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus

delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto

do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)

Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o

Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta

Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio

Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo

de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre

amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de

Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada

ao Ministeacuterio do Impeacuterio

No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram

a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na

Diretoria Geral da Sauacutede Publica

13

Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com

o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como

diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo

geral do Instituto em 1902

Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve

no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum

modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola

malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a

populaccedilatildeo

Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu

plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo

presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz

meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira

Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e

corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim

conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo

obrigadas a morarem em morros ou periferias

Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo

em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a

febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata

mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades

de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou

revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas

queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum

esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como

Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)

Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de

Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 8: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

8

INTRODUCcedilAtildeO

A presente monografia tem como objetivo abordar a evoluccedilatildeo das

Politicas Publicas de Sauacutede no Brasil no setor da Assistecircncia Farmacecircutica no

que tange ao acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos disponiacuteveis pelo

Ministeacuterio da Sauacutede

O histoacuterico da Politica de Sauacutede no Brasil eacute descrito desde os primeiros

seacuteculos onde a atenccedilatildeo agrave sauacutede se limitava a medicina dos Jesuiacutetas e aos

conhecidos curandeiros Com a vinda da corte para o Brasil a atenccedilatildeo agrave sauacutede

comeccedilou a ter importacircncia sendo criado em 1808 uma primeira organizaccedilatildeo

nacional de sauacutede publica e assim iniciou-se o processo de institucionalizaccedilatildeo

da medicina Ateacute a promulgaccedilatildeo em 1988 da nova Constituiccedilatildeo Brasileira

estabelecendo a sauacutede como direito de todos e dever do estado varias foram

as Politicas criadas para atender as demandas que foram surgindo

A criaccedilatildeo e definiccedilatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a partir da CF

de 1988 e dois anos depois regulamentado atraveacutes da Lei 8080 incluiacutea na sua

atuaccedilatildeo a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral inclusive

farmacecircutica Mas anterior a isso em 1964 o poder publico jaacute havia se

articulado na questatildeo de uma politica de medicamentos quando estabeleceu

uma primeira lista de medicamentos essecircncias para uso farmacecircutico logo a

seguir na deacutecada de 70 criou a Central de Medicamentos (CEME) com uma

das atribuiccedilotildees de fornecimento de medicamentos a populaccedilatildeo sem condiccedilotildees

econocircmicas para adquiri-los O Conselho diretor da CEME em 1976

homologou a primeira Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos(RMB) e em 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada de Relaccedilatildeo Nacional de

Medicamentos Essenciais (RENAME) e que periodicamente atualizada ateacute os

dias de hoje

9

Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor

Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de

medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica

Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da

Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a

necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do

uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais

A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia

Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional

de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-

se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da

sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como

insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees

que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo

Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e

a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando

a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto

bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e

Especializado

10

CAPIacuteTULO I

HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com

a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo

de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus

interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas

terras poderiam trazer para seu enriquecimento

A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua

maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham

como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de

remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas

que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo

A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de

1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas

como a filariose e a febre amarela

Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como

missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene

medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e

ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede

na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de

obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a

descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos

sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute

formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos

cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)

11

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos

curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam

pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)

Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil

Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo

em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os

farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas

prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam

a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)

Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo

na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de

uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual

prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo

reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o

candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria

botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))

Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e

posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de

assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira

Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no

Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que

tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os

navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro

O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as

atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo

enfatizada (FUNASA 2013)

12

Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo

de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento

dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o

Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola

de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real

Militar

O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a

Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo

da vacina antivarioacutelica

Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei

de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com

as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus

delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto

do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)

Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o

Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta

Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio

Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo

de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre

amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de

Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada

ao Ministeacuterio do Impeacuterio

No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram

a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na

Diretoria Geral da Sauacutede Publica

13

Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com

o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como

diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo

geral do Instituto em 1902

Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve

no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum

modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola

malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a

populaccedilatildeo

Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu

plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo

presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz

meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira

Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e

corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim

conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo

obrigadas a morarem em morros ou periferias

Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo

em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a

febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata

mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades

de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou

revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas

queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum

esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como

Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)

Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de

Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 9: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

9

Em 1997 com a extinccedilatildeo da CEME houve a necessidade do setor

Sauacutede dispor de uma politica devidamente expressa agrave questatildeo de

medicamentos sendo entatildeo aprovada pelo Ministeacuterio da Sauacutede a Politica

Nacional de Medicamentos em 1998 politica esta parte fundamental da

Politica Nacional e teve como um dos seus propoacutesitos o de garantir a

necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos a promoccedilatildeo do

uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles considerados essenciais

A instituiccedilatildeo CEME jaacute foi considerada como uma politica de Assistecircncia

Farmacecircutica naquela eacutepoca poreacutem somente em 2004 o Conselho Nacional

de Sauacutede aprovou a Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica tratando-

se de um conjunto de accedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da

sauacutede tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como

insumo essencial visando o acesso e seu uso racional por intermeacutedio de accedilotildees

que disciplinem a prescriccedilatildeo a dispensaccedilatildeo e o consumo

Foi em 2007 que o Ministeacuterio da Sauacutede regulamentou o financiamento e

a transferecircncia de recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede passando

a ser alocados em blocos e a Assistecircncia Farmacecircutica estaacute definida no quarto

bloco sendo constituiacuteda por trecircs componentes Baacutesico Estrateacutegico e

Especializado

10

CAPIacuteTULO I

HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com

a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo

de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus

interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas

terras poderiam trazer para seu enriquecimento

A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua

maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham

como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de

remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas

que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo

A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de

1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas

como a filariose e a febre amarela

Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como

missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene

medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e

ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede

na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de

obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a

descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos

sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute

formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos

cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)

11

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos

curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam

pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)

Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil

Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo

em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os

farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas

prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam

a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)

Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo

na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de

uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual

prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo

reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o

candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria

botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))

Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e

posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de

assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira

Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no

Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que

tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os

navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro

O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as

atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo

enfatizada (FUNASA 2013)

12

Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo

de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento

dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o

Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola

de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real

Militar

O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a

Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo

da vacina antivarioacutelica

Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei

de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com

as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus

delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto

do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)

Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o

Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta

Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio

Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo

de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre

amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de

Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada

ao Ministeacuterio do Impeacuterio

No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram

a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na

Diretoria Geral da Sauacutede Publica

13

Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com

o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como

diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo

geral do Instituto em 1902

Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve

no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum

modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola

malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a

populaccedilatildeo

Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu

plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo

presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz

meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira

Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e

corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim

conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo

obrigadas a morarem em morros ou periferias

Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo

em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a

febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata

mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades

de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou

revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas

queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum

esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como

Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)

Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de

Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 10: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

10

CAPIacuteTULO I

HISTORIA DA POLITICA DE SAUacuteDE NO BRASIL

A importacircncia agrave atenccedilatildeo a sauacutede no Brasil soacute comeccedilou a ser dada com

a vinda da famiacutelia real em 1808 ateacute esse momento natildeo havia nenhum modelo

de atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo pois Portugal natildeo tinha interesse seus

interesses estavam voltados para a exploraccedilatildeo dos recursos que as novas

terras poderiam trazer para seu enriquecimento

A populaccedilatildeo indiacutegena ateacute a chegada dos colonizadores era na sua

maioria saudaacuteveis Quando adoecidos eram assistidos pelos Pajeacutes que tinham

como recurso a terra dela extraiam plantas e ervas para a obtenccedilatildeo de

remeacutedios Com a chegada dos colonizadores portuguesa vieram as doenccedilas

que assolavam a Europa como a variacuteola e o sarampo

A situaccedilatildeo se agravou ainda mais com a vinda dos escravos a partir de

1559 estes vinham em calabouccedilos dos navios negreiros e traziam doenccedilas

como a filariose e a febre amarela

Em 1549 chegaram ao Brasil os primeiro jesuiacutetas que tinham como

missatildeo difundir a feacute cristatilde catequizar os iacutendios ensinar noccedilotildees de higiene

medicina musica e literatura mas aprenderam com eles sobre a fauna flora e

ateacute o idioma Os jesuiacutetas tiveram uma grande importacircncia na aacuterea da sauacutede

na colocircnia como relatado em vaacuterias documentaccedilotildees e tambeacutem atraveacutes de

obras e cartas falavam sobre a natureza colonial dedicando varias paginas a

descriccedilatildeo de ervas e plantas curativas e assim iniciando os primeiros escritos

sobre a farmacopeia brasileira Alguns Jesuiacutetas vieram de Portugal jaacute

formados nas artes medicas mas a maioria atuou informalmente como fiacutesicos

cirurgiotildees aprendendo na pratica o ofiacutecio (CALAINHO 2005)

11

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos

curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam

pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)

Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil

Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo

em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os

farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas

prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam

a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)

Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo

na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de

uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual

prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo

reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o

candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria

botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))

Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e

posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de

assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira

Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no

Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que

tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os

navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro

O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as

atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo

enfatizada (FUNASA 2013)

12

Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo

de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento

dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o

Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola

de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real

Militar

O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a

Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo

da vacina antivarioacutelica

Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei

de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com

as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus

delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto

do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)

Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o

Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta

Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio

Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo

de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre

amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de

Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada

ao Ministeacuterio do Impeacuterio

No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram

a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na

Diretoria Geral da Sauacutede Publica

13

Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com

o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como

diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo

geral do Instituto em 1902

Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve

no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum

modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola

malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a

populaccedilatildeo

Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu

plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo

presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz

meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira

Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e

corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim

conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo

obrigadas a morarem em morros ou periferias

Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo

em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a

febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata

mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades

de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou

revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas

queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum

esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como

Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)

Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de

Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

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Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

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industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 11: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

11

A atenccedilatildeo agrave sauacutede nos primeiros seacuteculos se limitava aos conhecidos

curandeiros agrave medicina dos jesuiacutetas e tambeacutem aos boticaacuterios que viajavam

pelo Brasil Colocircnia (POLIGNANO 2001)

Como havia poucos profissionais meacutedicos no Brasil Colocircnia e Brasil

Impeacuterio no Rio de Janeiro soacute existiam quatro meacutedicos exercendo a profissatildeo

em 1789 houve a proliferaccedilatildeo pelo paiacutes dos boticaacuterios que seriam hoje os

farmacecircuticos estes tinham a responsabilidade da manipulaccedilatildeo das formulas

prescritas pelos meacutedicos mas os proacuteprios pela carecircncia de meacutedicos tomavam

a iniciativa de indicar ou seja prescrever (POLIGNANO 2001)

Natildeo dispondo de um aprendizado acadecircmico o processo de habilitaccedilatildeo

na funccedilatildeo de boticaacuterio consistia tatildeo somente em acompanhar um serviccedilo de

uma botica jaacute estabelecida durante certo periacuteodo de tempo ao fim do qual

prestavam exame perante a fisicatura que na eacutepoca seria a instituiccedilatildeo

reguladora dos profissionais da aacuterea da sauacutede do Reino e se aprovado o

candidato recebia a ldquocarta de habilitaccedilatildeordquo e estava apto a instalar sua proacutepria

botica (SALLES 1971 apud POLIGNANO 2001))

Nos trecircs primeiros seacuteculos de colonizaccedilatildeo as enfermarias jesuiacutetas e

posteriormente as Santas Casas de Misericoacuterdia eram as uacutenicas formas de

assistecircncia hospitalar de que dispunham a populaccedilatildeo brasileira

Em 1808 foi criada a primeira organizaccedilatildeo nacional de sauacutede publica no

Brasil Em 27 de fevereiro criou-se o cargo de Provedor-Mor de sauacutede que

tinha como uma das atribuiccedilotildees regular as quarentenas que deviam fazer os

navios provenientes de portos estrangeiros em especial os do trafico negreiro

O Alvara de 23 de novembro de 1808 conferiu o regulamento para as

atividades do cirurgiatildeo-mor e do Fiacutesico-mor tendo assim a fiscalizaccedilatildeo

enfatizada (FUNASA 2013)

12

Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo

de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento

dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o

Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola

de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real

Militar

O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a

Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo

da vacina antivarioacutelica

Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei

de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com

as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus

delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto

do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)

Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o

Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta

Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio

Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo

de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre

amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de

Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada

ao Ministeacuterio do Impeacuterio

No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram

a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na

Diretoria Geral da Sauacutede Publica

13

Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com

o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como

diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo

geral do Instituto em 1902

Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve

no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum

modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola

malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a

populaccedilatildeo

Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu

plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo

presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz

meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira

Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e

corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim

conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo

obrigadas a morarem em morros ou periferias

Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo

em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a

febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata

mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades

de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou

revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas

queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum

esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como

Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)

Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de

Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

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57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 12: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

12

Com a vinda da Corte para o Brasil em 1808 deu-se inicio ao processo

de institucionalizaccedilatildeo da medicina atraveacutes da autorizaccedilatildeo para funcionamento

dos primeiros cursos de formaccedilatildeo meacutedico-ciruacutergica na colocircnia na Bahia o

Coleacutegio Medico-Ciruacutergico no Real Hospital Militar e no Rio de Janeiro a Escola

de Cirurgia do Rio de Janeiro anexa ao Hospital Militar aleacutem da Botica Real

Militar

O decreto de 4 de abril de 1811 sob a inspeccedilatildeo do fiacutesico-mor criou a

Junta da Instituiccedilatildeo Vacinica da Corte que tinha como atribuiccedilatildeo a propagaccedilatildeo

da vacina antivarioacutelica

Apoacutes a independecircncia em 30 de agosto de 1828 foi promulgada a lei

de Municipalizaccedilatildeo dos Serviccedilos de Sauacutede criando as Juntas Municipais com

as funccedilotildees exercidas anteriormente pelos fiacutesico-mor cirurgiatildeo-mor e seus

delegados Neste mesmo ano foi criado a Inspeccedilatildeo de Sauacutede Publica do Porto

do Rio de Janeiro subordinada ao Senado da Cacircmara (FUNASA 2013)

Em 1846 atraveacutes do decreto nordm 464 de 17 de agosto foi criado o

Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio resultante do regulamento que reformara a Junta

Vaciacutenica da Corte ampliando seu alcance para todo o Impeacuterio

Em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene Publica com a missatildeo

de coordenar as Juntas Municipais e principalmente atuar no combate a febre

amarela nesta foi incorporado o Instituto Vaciacutenico do Impeacuterio e a Inspeccedilatildeo de

Sauacutede Publica do Porto A Junta Central de Higiene Publica era subordinada

ao Ministeacuterio do Impeacuterio

No ano de 1897 todos os serviccedilos relacionados com a sauacutede passaram

a jurisdiccedilatildeo do Ministeacuterio da Justiccedila e Negoacutecios Interiores compreendidos na

Diretoria Geral da Sauacutede Publica

13

Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com

o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como

diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo

geral do Instituto em 1902

Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve

no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum

modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola

malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a

populaccedilatildeo

Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu

plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo

presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz

meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira

Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e

corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim

conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo

obrigadas a morarem em morros ou periferias

Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo

em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a

febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata

mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades

de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou

revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas

queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum

esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como

Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)

Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de

Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em

lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98

dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

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57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 13: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

13

Em 25 de maio de 1900 foi criado o Instituto Soroteraacutepico Federal com

o objetivo de produzir soros e vacinas contra a peste bubocircnica que teve como

diretor teacutecnico o jovem bacteriologista Oswaldo cruz e veio a assumir a direccedilatildeo

geral do Instituto em 1902

Foi no governo do Presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) que houve

no Paiacutes a primeira medida sanitarista ateacute entatildeo o Brasil natildeo tinha nenhum

modelo sanitaacuterio No Rio de Janeiro varias doenccedilas graves como variacuteola

malaacuteria febre amarela e posteriormente peste bubocircnica acometiam a

populaccedilatildeo

Rodrigues Alves com intuito de sanear e modernizar a cidade deu

plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao entatildeo nomeado pelo

presidente como Diretor Geral da Sauacutede Publica Doutor Oswaldo Cruz

meacutedico sanitarista para executarem um grande projeto sanitaacuterio Pereira

Passos pocircs em pratica a reforma urbana com demoliccedilotildees de preacutedios velhos e

corticcedilos dando lugar a grandes avenidas edifiacutecios e jardins ficando assim

conhecido como bote abaixo muitas pessoas foram desalojadas sendo

obrigadas a morarem em morros ou periferias

Oswaldo Cruz como Diretor Geral da Sauacutede Publica assumiu o cargo

em marccedilo de 1903 dizendo rdquoDeem-me liberdade de accedilatildeo e eu exterminarei a

febre amarela em trecircs anosrdquo O entatildeo Diretor criou as Brigadas Mata

mosquitos onde convocou cerca de 1500 pessoas para exercerem atividades

de desinfecccedilatildeo no combate ao mosquito vetor da febre-amarela o que causou

revolta na populaccedilatildeo pois os lsquoguardas-sanitaacuteriosrsquo invadiam as casas

queimavam roupas e colchotildees de forma arbitraria sem nenhum

esclarecimento ou uma accedilatildeo educativa Este modelo ficou conhecido como

Campanhista um modelo fiscal e policial (POLIGNANO 2001)

Oswaldo Cruz conseguiu erradicar a febre amarela na cidade do Rio de

Janeiro apesar dos abusos e arbitrariedades que eram cometidos com este

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

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industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 14: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

14

modelo Campanhista modelo este que perdurou como proposta de

intervenccedilatildeo na aacuterea da sauacutede publica durante deacutecadas (POLIGNANO2001)

Com o controle das epidemias nas grandes cidades o modelo

campanhista foi para o campo para o combate das endemias rurais visto que

a agricultura era a principal atividade econocircmica da eacutepoca Sendo este modelo

ainda bastante usado pela Sucam criada em 1970 no combate a diversas

endemias

Outra medida do Diretor Oswaldo Cruz foi a Lei Federal nordm 1261 de 31

de outubro de 1904 que instituiu a vacinaccedilatildeo anti-variola obrigatoacuteria em todo o

territoacuterio esta permitia que brigadas sanitaacuterias acompanhadas por policiais

entrassem nas casas para aplicar a vacina agrave forccedila

A aprovaccedilatildeo da Lei foi o estopim da insatisfaccedilatildeo da revolta da

populaccedilatildeo Em 5 de novembro a oposiccedilatildeo criou a Liga contra a Vacina A

resistecircncia popular teve apoio dos positivistas e dos cadetes da Escola Militar

tendo inicio no dia 10 de novembro com uma manifestaccedilatildeo estudantil e

crescendo consideravelmente no dia 12 quando a passeata de manifestantes

dirigiu-se a sede do governo No dia seguinte o centro do Rio de Janeiro

transformou-se um campo de batalha era a total rejeiccedilatildeo popular agrave vacinaccedilatildeo

contra a variacuteola que ficou conhecida como a Revolta da Vacina

Tiros gritaria engarrafamento de tracircnsito comeacutercio

fechado transporte puacuteblico assaltado e queimado

lampiotildees quebrados agraves pedradas destruiccedilatildeo de fachadas

dos edifiacutecios puacuteblicos e privados aacutervores derrubadas o

povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de

vacinaccedilatildeo obrigatoacuterio proposto pelo sanitarista Oswaldo

Cruz (Gazeta de Notiacutecias 14 de novembro de 1904)

15

ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 15: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

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ldquoNatildeo tem nome na categoria dos crimes do poder a

temeridade a violecircncia a tirania a que ele se aventura

expondo-se voluntariamente obstinadamente a me

envenenar com a introduccedilatildeo no meu sangue de um

viacuterus sobre cuja influecircncia existem os mais bem fundados

receios de que seja condutor da moleacutestia ou da morterdquo

(Rui Barbosa) (SEVCENKO 2010)

Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904 a cidade do Rio viveu o

que a imprensa chamou de a mais terrivel das revoltas populares da

Republica A populaccedilatildeo depredou lojas fez barricadas virou e incendiou

bondes arrancou trihos quebrou postes e atacou as forccedilas policiais com

pedras paus e pedaccedilos de ferro

O governo revoga a obrigatoriedade da vacianccedilatildeo no dia 16 mas

mesmo assim continuam os coflitos isolados No dia 20 a rebeliatildeo estaacute

acabada e comeccedila a operaccedilatildeo lipeza com cerca de 1000 detidos e 460

deportados Mesmo com a revogaccedilatildeo da obrigatoriedade permaneceu valido

a exigencia do atestado de vacinaccedilao para trabalho viagem alistamento

militar matricula em escolas publicas hospedagem em hoteis

Oswaldo cruz reformou o codigo Sanitario e reestruturou todos os

orgatildeos de sauacutede e higiene do paiacutes o que troxe beneficios para o paiacutes pois na

eacutepoca das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro Na

reforma foi incorporada como accedilotildees de sauacutede a criaccedilatildeo do laboratorio de

bacteriologia para auxiliar no diagnoacutestico etioloacutegico das doenccedilas o Serviccedilo de

Engenharia Sanitaacuteria e de Profilaxia de Febre Amarela Inspetoria de

isolamento e desinfecccedilotildees e Seccedilatildeo Demograacutefica que possibilitaram o

conhecimento da composiccedilatildeo e os fatores vitais da populaccedilatildeo bem como a

fabricaccedilatildeo de produtos profilaacuteticos para uso em massa

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

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Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 16: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

16

Oswaldo Cruz acabou afastado da Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1909

A saude publica voltou a ser discutida com enfase pelos governantes

em 1918 quando a epidemia de gripe espanhola atingiu o Brasil ocasionando

a morte de uma grande quantidade de pessoas que foi infectada pela gripe A

morte do presidente Rodrigues Alves no qual foi reeleito em 1918 poreacutem natildeo

assumindo o mandato por contrair a gripe espanhola revelou entatildeo a

precariedade do estado sanitaacuterio do Brasil (CONASS 2007)

ldquoAo atingir tambeacutem o presidente da Repuacuteblica a epidemia

gerou um consenso sobre a necessidade urgente de

mudanccedilas na aacuterea de sauacutede puacuteblica Afinal todos eram

iguais perante algumas epidemias o que certamente

aumentou a sensibilidade de muitos parlamentares para

as propostas de mudanccedila na organizaccedilatildeo dos serviccedilos de

sauacutede Natildeo foram as endemias rurais (ancilostomose

doenccedila de chagas e malaacuteria) ndash objeto central da atenccedilatildeo

do movimento pelo ldquosaneamento do Brasilrdquo ndash mas uma

epidemia urbana que ao explicitar de forma

paradigmaacutetica os efeitos negativos da crescente

interdependecircncia social promoveu uma consciecircncia

sobre a necessidade de soluccedilotildees amplas e de largo

alcancerdquo( HOCHMAN 1993)

A partir desse episoacutedio medidas que haacute muito tempo vinham sendo

proteladas foram tomadas na busca de melhoria do quadro sanitaacuterio brasileiro

(CONASS 2007)

Carlos Chagas que assumiu a Direccedilatildeo Geral de Saude Publica em

1920 e instituiu a ldquoReforma Carlos Chagasrdquo reorganizando os Serviccedilos de

Sauacutede Publica e criando no ano seguinte o Departamento Nacional de Sauacutede

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 17: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

17

Puacuteblica (DNSP) ampliando o poder de intervenccedilatildeo e regulaccedilatildeo da Uniatildeo no

campo da sauacutede publica organizou diversos serviccedilos especializados como o

de higiene infantil de combate agraves endemias rurais agrave tuberculose agrave

hanseniacutease agraves doenccedilas veneacutereas (POLIGNANO 2001)

Investiu na qualificaccedilatildeo pessoal cujas funccedilotildees se ligavam agraves atividades

de sauacutede publica criando em 1922 a Escola de Enfermagem Ana Nery o

curso de higiene e sauacutede publica da faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

(1925) e do curso de higiene e sauacutede publica (1925) ndash preacute-requisito para o

curso de aplicaccedilatildeo do Instituto Oswaldo Cruz (LIMA 2003)

Com a chegada dos imigrantes europeus que tambeacutem colaboraram

como matildeo de obra no setor industrial comeccedilou-se a discutir os direitos

trabalhistas isso reforccedilado com as greves ocorridas em 1917 e 1919 Os

trabalhadores natildeo tinham nenhuma garantia trabalhista como jornada

trabalhista definida feacuterias salaacuterios pensotildees ou aposentadorias e nem sauacutede

E como muitos desses imigrantes principalmente os italianos jaacute tinham

vivenciado a historia do movimento operaacuterio na Europa e a luta pelos seus

direitos trabalhistas que foram conquistados na Europa essa ideia de luta por

direitos foi levada para o interior da fabricas brasileiras mobilizando e entatildeo

organizando em grupos para busca desses direitos (CONASS 2007)

Em 24 de janeiro de 1923 foi aprovada pelo congresso a Lei Eloacutei

Chaves criando as Caixas de Aposentadoria e Pensatildeo (CAPrsquos) essa Lei foi o

inicio da Previdecircncia Social no Brasil Essas eram mantidas pelas empresas e

trabalhadores A uniatildeo natildeo participava propriamente do custeio das caixas

Elas tinham como atribuiccedilatildeo assistecircncia medica ao funcionaacuterio e famiacutelia

concessatildeo de preccedilos especiais para medicamentos aposentadorias e pensotildees

para seus herdeiros Em 1930 o sistema jaacute abrangia 47 caixas com 142464

segurados ativos 8006 aposentados e 7013 pensionistas Ressalta-se que

essas caixas soacute valiam para funcionaacuterios urbanos

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em

lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98

dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 18: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

18

Em 1933 surgiram em substituiccedilatildeo as CAPrsquos os Institutos de

Aposentadorias e Pensotildees (IAPrsquos) organizando os trabalhadores por

categorias profissionais (POLIGNANO2001) No total eram 9 IAPrsquos mas

ainda natildeo tinham como foco a assistecircncia meacutedica

A Revoluccedilatildeo de 30 pois fim a Repuacuteblica Velha rompendo com a

chamada ldquoPolitica do cafeacute com leiterdquo onde era representada por uma

alternacircncia na presidecircncia do Brasil de representantes dos estados de Satildeo

Paulo e Minas Gerais Getuacutelio Vargas assume a presidecircncia do Brasil Suas

propostas de governo contemplavam questotildees como instituiccedilatildeo do voto

secreto anistia politica criaccedilatildeo de leis trabalhistas e assistecircncia ao

trabalhador Foi criado entatildeo em 1930 o Ministeacuterio dos Negoacutecios de Educaccedilatildeo

e Sauacutede Publica (Decreto nordm 19402 de 14111930) (CONASS 2007)

Na administraccedilatildeo do Presidente do General Eurico Gaspar Dutra em

1948 foi lanccedilado o Plano SALTE (JUNIOR 2006) com o objetivo de estimular

o desenvolvimento nas aacutereas da sauacutede alimentaccedilatildeo transporte e energia (eis

as siglas que deram origem ao nome do plano) por todo o Brasil e assim

melhorando as condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo brasileira (CONASS 2007)

O Plano SALTE acabou fracassando mas ainda sob a sua influecircncia foi

criado no segundo mandato de Getuacutelio Vargas o Ministeacuterio da Sauacutede (MS)

regulamentado pelo Decreto nordm 34596 de 16 de novembro de 1953 (Lei nordm

1920 de 2571953) que se dedica agraves atividades de caraacuteter coletivo como

campanhas e vigilacircncia sanitaacuteria Paralelamente a assistecircncia medica cresce

e se desenvolve no acircmbito das instituiccedilotildees previdenciaacuterias (JUNIOR 2006)

Em 1960 foi sancionada a Lei Orgacircnica de Previdecircncia Social nordm 3807

de 26 de agosto de 1960 uniformizando as vaacuterias instituiccedilotildees previdenciaacuterias e

a multiplicidade de tratamento aos seus usuaacuterios portanto estabelecendo a

unificaccedilatildeo do regime geral de previdecircncia social abrangendo todos os

trabalhadores sujeitos ao regime CLT ainda continuaram excluiacutedos os

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 19: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

19

trabalhadores rurais os empregados domeacutesticos e servidores puacuteblicos e de

autarquias que tivessem regimes proacuteprios de previdecircncia Trecircs anos mais

tarde os trabalhadores rurais foram incorporados ao sistema com a criaccedilatildeo do

Fundo de Assistecircncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL)(POLIGNANO 2001

e JUNIOR 2006)

Em 1963 houve um importante encontro para a histoacuteria da sauacutede

puacuteblica a III Conferencia Nacional de Sauacutede (CNS) com a proposta de que

fossem definidas as atribuiccedilotildees dos governos federal estaduais e municipais

no campo da assistecircncia meacutedico-sanitaacuteria para que com uma nova reforma

colocasse em pratica a descentralizaccedilatildeo executiva dos serviccedilos com a efetiva

participaccedilatildeo dos municiacutepios na soluccedilatildeo dos problemas de sauacutede puacuteblica

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Com o golpe de estado de 1964 assumem o governo os militares

Raymundo de Brito como Ministro da Sauacutede reitera o proposito de incorporar

ao Ministeacuterio da Sauacutede a assistecircncia meacutedica da Previdecircncia Social dentro da

proposta de fixar um Plano Nacional de Sauacutede segundo as diretrizes da III

Conferecircncia Nacional de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2013)

Em 1966 ocorreu a fusatildeo dos IAPrsquos originando o INPS ndash Instituto

Nacional de Previdecircncia Social se firmando como principal oacutergatildeo de

financiamento dos serviccedilos de sauacutede Segundo Junior e Junior na deacutecada de

sessenta a politica de sauacutede encontrava-se polarizada entre as accedilotildees de

caraacuteter coletivo como os programas de vacinaccedilatildeo vigilacircncia epidemioloacutegica e

sanitaacuteria a cargo do Ministeacuterio da Sauacutede e a assistecircncia medica individual

centrada no INPS

Com a Reforma administrativa de 1967 o Ministeacuterio da Sauacutede seria o

responsaacutevel pela formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Sauacutede

ficaram com as seguintes aacutereas de competecircncia poliacutetica nacional de sauacutede

atividades meacutedicas e parameacutedicas accedilatildeo preventiva em geral vigilacircncia

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 20: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

20

sanitaacuteria de fronteiras e de portos mariacutetimos fluviais e aeacutereos controle de

drogas medicamentos e alimentos e pesquisa meacutedico-sanitaacuteria (MINISTEacuteRIO

DA SAUacuteDE 2013)

De acordo com Polignano ao unificar o sistema previdenciaacuterio o

governo militar se viu na obrigaccedilatildeo de incorporar os benefiacutecios jaacute instituiacutedos

fora das aposentadorias e pensotildees um destes era a assistecircncia meacutedica que

era oferecido por vaacuterios IAPrsquos sendo que alguns jaacute possuiacuteam seus proacuteprios

serviccedilos e hospitais Com o aumento do numero de contribuintes e

consequentemente de beneficiaacuterios ficou impossiacutevel o sistema medico

previdenciaacuterio jaacute existente atender a essa populaccedilatildeo Diante disto o governo

militar teve que alocar os recursos puacuteblicos para atender as necessidades de

ampliaccedilatildeo do sistema direcionando entatildeo a iniciativa privada atraveacutes de

convecircnios e contratos com a maioria dos meacutedicos e hospitais jaacute existentes do

paiacutes Isso provocou um aumento no consumo de medicamentos e de

equipamentos meacutedico-hospitalar formando assim um complexo sistema

medico-industrial

ldquoO conceito de complexo meacutedico-industrial (CMI) passou

a ser concebido de modo ampliado contemplando as

diferentes articulaccedilotildees entre a assistecircncia meacutedica as

redes de formaccedilatildeo profissional a induacutestria farmacecircutica e

a induacutestria produtora de equipamentos meacutedicos e de

instrumentos de diagnoacutestico O CMI eacute um produto

histoacuterico e particular da evoluccedilatildeo do sistema de sauacutede Eacute

um estaacutegio onde devido agrave necessidade de reproduccedilatildeo

dos capitais investidos as praacuteticas capitalistas privadas

tornam-se hegemocircnicas e determinantes das funccedilotildees

papeacuteis e relaccedilotildees de cada ator no interior do proacuteprio

sistemardquo (VIANNA 2001)

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 21: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

21

Segundo Junior e Junior em 1974 os militares criaram o Plano de

Pronta Accedilatildeo (PPA) que foi um conjunto de accedilotildees que desburocratizou o

atendimento de urgecircncia ao segurado e permitiu o atendimento ambulatorial a

toda agrave populaccedilatildeo caracterizando o iniacutecio da universalizaccedilatildeo do atendimento e

criou o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que era um fundo

de recursos puacuteblicos com a finalidade de emprestar dinheiro a juros

subsidiados tais recursos eram usados predominantemente para construccedilatildeo

de hospitais privados e o retorno do capital ocorria atraveacutes do credenciamento

junto ao INPS

Esse sistema se tornou tatildeo complexo tanto administrativamente como

financeiramente que o INPS foi desmembrado criando-se entatildeo o Instituto

Nacional de Assistecircncia Medica e da Previdecircncia Social (INAMPS) em 1978

De acordo com Polignano na questatildeo de sauacutede publica no Brasil

durante o periacuteodo militar ocorreu as seguintes accedilotildees

bull Promulgaccedilatildeo do Decreto Lei 200 (1967) estabelecendo as

competecircncias do Ministeacuterio da Sauacutede formulaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo da

poliacutetica nacional de sauacutede responsabilidade pelas atividades meacutedicas

ambulatoriais e accedilotildees preventivas em geral controle de drogas e

medicamentos e alimentos pesquisa meacutedico-sanitaacuterio

bull Em 1970 criou-se a SUCAM (Superintendecircncia de Campanhas da

Sauacutede Puacuteblica) com a atribuiccedilatildeo de executar as atividades de

erradicaccedilatildeo e controle de endemias sucedendo o Departamento

Nacional de Endemias Rurais (DENERU) e a campanha de erradicaccedilatildeo

da malaacuteria

bull Em 1975 foi instituiacutedo no papel o Sistema Nacional de Sauacutede que

estabelecia de forma sistemaacutetica o campo de accedilatildeo na aacuterea de sauacutede

dos setores puacuteblicos e privados para o desenvolvimento das atividades

de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede O documento

reconhece e oficializa a dicotomia da questatildeo da sauacutede afirmando que

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 22: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

22

a medicina curativa seria de competecircncia do Ministeacuterio da Previdecircncia

e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

De acordo com Junior apesar da Lei 6229 de 17 de julho de 1975

dispor sobre a organizaccedilatildeo do Sistema Nacional de Sauacutede na verdade natildeo

havia propriamente um sistema Natildeo havia uma integraccedilatildeo nas accedilotildees de

sauacutede que estavam sendo desenvolvidas de forma fragmentada A sauacutede

coletiva era considerada direito de todos poreacutem a assistecircncia medica

hospitalar individualizada direito apenas dos trabalhadores contribuintes do

Sistema Nacional de Previdecircncia Social De acordo com a lei cabia ao

Ministeacuterio da Sauacutede a responsabilidade da formulaccedilatildeo das politicas e o

desenvolvimento das accedilotildees coletivas ao Ministeacuterio da Previdecircncia e

Assistecircncia Social a realizaccedilatildeo da assistecircncia medica ao Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo e Cultura a formaccedilatildeo de recursos humanos para a sauacutede e

prestaccedilatildeo de serviccedilos nos hospitais universitaacuterios ao Ministeacuterio do interior as

accedilotildees de saneamento e ao Ministeacuterio do Trabalho cuidar da higiene e

seguranccedila do trabalho

Nela houve a primeira tentativa de regulamentar o papel dos municiacutepios

na politica de sauacutede contendo como competecircncias do municiacutepio 1) a

manutenccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede em especial os de Pronto Socorro 2)

manter a vigilacircncia epidemioloacutegica 3) articular os planos locais de sauacutede com

os estaduais e federais 4) integrar seus serviccedilos no sistema nacional de

sauacutede Tendo portanto como objetivo a extensatildeo da cobertura A maior parte

das prefeituras gastou seus recursos em atendimentos especializados

notadamente os de pronto socorro dando pouca atenccedilatildeo aos atendimentos

primaacuterios De fato sob a Lei 622975 a municipalizaccedilatildeo natildeo prosperou

As accedilotildees de sauacutede puacuteblica propostas natildeo foram desenvolvidas pelo

Ministeacuterio da Sauacutede devido aos poucos recursos destinados pelo Governo

Federal o que ficou claro a opccedilatildeo pela medicina curativa que era mais cara e

contava com recursos garantidos atraveacutes da contribuiccedilatildeo dos trabalhadores

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 23: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

23

para o INPS Portanto o Ministeacuterio da Sauacutede tornou-se mais um oacutergatildeo

burocraacutetico-normativo que um oacutergatildeo executivo de politica de sauacutede

Em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorizaccedilatildeo das Accedilotildees de Sauacutede e

Saneamento (PIASS) para estruturar a sauacutede publica nas comunidades de ateacute

20 mil habitantes Esse programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de

pessoal auxiliar natildeo a fixaccedilatildeo de meacutedicos e teve dificuldades para prestar

serviccedilos de qualidade na atenccedilatildeo a sauacutede Este foi o segundo projeto de

interiorizaccedilatildeo do atendimento agrave sauacutede no Brasil o primeiro foi o Projeto

Rondon criado em 1968 com uma concepccedilatildeo de integraccedilatildeo nacional que

perdurou durante o regime militar enfraquecendo-se a partir de 1984 ateacute sua

extinccedilatildeo em 1989 Esse projeto voltou-se para a extensatildeo universitaacuteria

contemplando o conhecimento da realidade brasileira a integraccedilatildeo nacional o

desenvolvimento e a interiorizaccedilatildeo Em 2005 o Projeto Rondon foi relanccedilado

pelo Governo Federal a pedido da Uniatildeo Nacional dos Estudantes (UNE)

Atraveacutes da Lei 6439 de 1 de setembro de 1977 o governo cria o

SINPAS ndash Sistema Nacional de Previdecircncia e Assistecircncia Social com o

objetivo de integrar as funccedilotildees atribuiacutedas as entidades que compotildee esse

sistema

1 Instituto Nacional de Previdecircncia Social ndash INPS ndash prestaccedilotildees de

dinheiro

2 Instituto Nacional de Assistecircncia Medica da Previdecircncia Social ndash

INAMPS - assistecircncia medica

3 Fundaccedilatildeo Legiatildeo Brasileira de Assistecircncia - LBA ndash assistecircncia social

4 Fundaccedilatildeo Nacional do Bem Estar do Menor ndash FUNABEM - poliacutetica do

menor

5 Empresa de Processamento de Dados da Previdecircncia Social ndash

DATAPREV ndash processamento eletrocircnico de dados

6 Instituto de Administraccedilatildeo Financeira da Previdecircncia Social e

Assistecircncia Social ndash IAPAS - administraccedilatildeo financeira e patrimonial

7 Central de Medicamentos ndash CEME ndash medicamentos

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 24: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

24

Apesar dessa nova estrutura do SINPAS a assistecircncia medica

continuava sendo prestada principalmente atraveacutes do setor privado com os

recursos da previdecircncia levando na eacutepoca a um modelo meacutedico-assistencial

privatista com o Estado como grande financiador e o setor privado nacional

como maior prestador e ainda tendo o setor privado internacional como o maior

produtor de insumo

Ainda sob o regime militar em 1981 foi criado o Conselho Consultivo de

Administraccedilatildeo da Sauacutede Previdenciaacuteria (CONASP) com a funccedilatildeo de organizar

e racionalizar a assistecircncia medica sugerindo criteacuterios pra alocaccedilatildeo dos

recursos previdenciaacuterios do setor da sauacutede (CONASS 2007) fiscalizando

assim a prestaccedilatildeo de contas dos prestadores de serviccedilo credenciados

combatendo as fraudes (POLIGNANO 2001)

No ano de 1983 houve a implantaccedilatildeo das Accedilotildees Integradas a Sauacutede

(AIS) como um programa dentro do plano do CONASP ligado ao INAMPS e se

concretizou por meio de convecircnios assinados entre o Ministeacuterio da Previdecircncia

e Assistecircncia Social (MPAS) Ministeacuterio da Sauacutede (MS) e as secretarias

estaduais de sauacutede com a incorporaccedilatildeo progressiva de municiacutepios (CONASS

2007)

Segundo Polignano com o fim do regime militar surgem outros oacutergatildeos

que incluem a participaccedilatildeo da sociedade civil como o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Estaduais de Sauacutede (CONASS) e o Conselho Nacional dos

Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) Mas se de um lado a

sociedade civil comeccedilou a ser mais ouvida por outro lado o sistema privado

de sauacutede que se beneficiou do modelo meacutedico-privatista da poliacutetica anterior

durante quinze anos a partir de 1964 teve que encontrar outros meios para se

manter pois natildeo estaria mais recebendo recursos do setor publico e

financiamentos subsidiados Eacute nesse periacuteodo que se cria e se fortalece o

subsistema de atenccedilatildeo meacutedico-suplementar ou seja comeccedila a era dos

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 25: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

25

convecircnios meacutedicos surgindo cinco modalidades diferentes de assistecircncia

meacutedica suplementar medicina de grupo cooperativas meacutedicas auto-gestatildeo

seguro-sauacutede e plano de administraccedilatildeo

Em marccedilo de 1986 aconteceu a VIII Conferencia Nacional de Sauacutede

resultando na formalizaccedilatildeo das propostas do Movimento de reforma sanitaacuteria

brasileira jaacute apontando para mudanccedilas baseadas no direito universal a sauacutede

acesso igualitaacuterio descentralizaccedilatildeo acelerada e ampla participaccedilatildeo da

sociedade a Conferecircncia jaacute vislumbrava a municipalizaccedilatildeo como forma de

executar a descentralizaccedilatildeo (JUNIOR 2006)

Em 1988 eacute promulgada a nova Constituiccedilatildeo Brasileira que deu nova

forma a sauacutede no Brasil estabelecendo-a como direito universal A sauacutede

passou a ser dever constitucional de todas as esferas do governo deixando de

ser apenas da Uniatildeo e relativo ao trabalhador segurado (JUNIOR 2006)

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 26: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

26

CAPIacuteTULO II

POLIacuteTICA NACIONAL DE SAUacuteDE E

POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 o conceito de

sauacutede foi ampliado e vinculado agraves politicas sociais e econocircmicas a assistecircncia

passa a ser de forma integral ou seja preventiva e curativa Como descrito no

Art 196 da seccedilatildeo II capitulo VIII onde a sauacutede foi definida como ldquodireito de

todos e dever do estado garantido mediante poliacuteticas sociais e econocircmicas

que visem agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitaacuterio agraves accedilotildees e serviccedilos para sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeordquo

No Art 198 eacute definido o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ldquoAs accedilotildees e

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede integram uma rede regionalizada e hierarquizada e

constituem um sistema uacutenico organizado de acordo com as seguintes

diretrizes

I - descentralizaccedilatildeo com direccedilatildeo uacutenica em cada esfera de governo

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem

prejuiacutezo dos serviccedilos assistenciais

III - participaccedilatildeo da comunidade

Paragrafo uacutenico - O sistema uacutenico de sauacutede seraacute financiado nos termos do art

195 com recursos do orccedilamento da seguridade social da Uniatildeo dos Estados

do Distrito Federal e dos Municiacutepios aleacutem de outras fontesrdquo

Ainda no Art 199 da Constituiccedilatildeo diz ldquoA assistecircncia agrave sauacutede eacute livre agrave

iniciativa privadardquo Onde no paragrafo primeiro eacute dito que as instituiccedilotildees

privadas podem participar de forma complementar do SUS segundo as

diretrizes deste atraveacutes de contrato ou convenio

27

Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

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57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 27: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

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Um importante passo para o cumprimento desta definiccedilatildeo constitucional

do SUS foi agrave transferecircncia do Instituto Nacional de Assistecircncia Meacutedica da

Previdecircncia Social (INAMPS) do Ministeacuterio da Previdecircncia para o Ministeacuterio da

Sauacutede atraveacutes do Decreto nordm 99060 de 7 de marccedilo de 1990(SOUZA 2002)

Somente em 19 de setembro de 1990 pela Lei Orgacircnica da Sauacutede nordm

8080 eacute que o SUS foi regulamentado apesar de ter sido definido na

Constituiccedilatildeo Esta Lei tem como disposiccedilatildeo preliminar regular as accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede em todo o territoacuterio nacional que sejam executados isolada

ou conjuntamente por pessoas naturais ou juriacutedicas de direito puacuteblico ou

privado

Atraveacutes dessa Lei a sauacutede eacute novamente definida como um direito

fundamental do ser humano tendo o Estado o dever de prover as condiccedilotildees

indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio garantindo a formulaccedilotildees e execuccedilatildeo

de politicas econocircmicas e sociais visando a reduccedilatildeo de riscos de doenccedilas e de

outros agravos e estabelecer condiccedilotildees que assegurem acesso universal e

igualitaacuterio as accedilotildees e aos serviccedilos para a sua promoccedilatildeo proteccedilatildeo e

recuperaccedilatildeo E ainda de forma mais abrangente define

A sauacutede tem como fatores determinantes e

condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a moradia o

saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda

a educaccedilatildeo o transporte o lazer e o acesso aos bens e

serviccedilos essenciais os niacuteveis de sauacutede da populaccedilatildeo

expressam a organizaccedilatildeo social e econocircmica do Paiacutes

(BRASIL1990a)

Pela Lei 8080 Art 4ordm o SUS eacute constituiacutedo por ldquoconjunto de accedilotildees e

serviccedilos de sauacutede prestados por oacutergatildeos e instituiccedilotildees puacuteblicas federais

estaduais e municipais da administraccedilatildeo direta e indireta e das fundaccedilotildees

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 28: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

28

mantidas pelo Poder Puacuteblicordquo (BRASIL1990a) Ainda reafirmando o Art 199

da Constituiccedilatildeo dizendo que a iniciativa privada poderaacute participar do Sistema

Uacutenico de Sauacutede (SUS) em caraacuteter complementar

Dentre todos os princiacutepios do SUS definidos na Lei 8080 no Art 7ordm

destacamos a Universalidade Equidade Integralidade Hierarquizaccedilatildeo

Participaccedilatildeo popular e Descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa Esta Lei ainda

trata do financiamento descrevendo o repasse dos recursos financeiros para

cada esfera do governo

Poucos meses depois em 28 de dezembro de 1990 foi lanccedilada a Lei nordm

8142 que trata da participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do SUS criando as

seguintes instacircncias colegiadas Conferecircncia de Sauacutede e Conselho de sauacutede

em cada esfera de governo E ainda define as transferecircncias de recursos

financeiros diretamente de fundo a fundo sem a necessidade dos convecircnios

como por exemplo as transferecircncias diretas do Fundo Nacional de Sauacutede para

Fundos Estaduais e Municipais (BRASIL 1990b)

De acordo com a lei citada a Conferecircncia de Sauacutede tem a

representaccedilatildeo de vaacuterios segmentos sociais avalia a situaccedilatildeo de sauacutede e

propotildee as diretrizes para a formulaccedilatildeo da poliacutetica de sauacutede em cada niacutevel

sendo convocada pelo poder executivo e reunindo-se a cada quatro anos Jaacute o

Conselho de Sauacutede eacute um oacutergatildeo colegiado composto por representantes do

governo prestadores de serviccedilo profissionais de sauacutede e usuaacuterios atuando na

formulaccedilatildeo de estrateacutegias e controle da execuccedilatildeo da politica de sauacutede em

cada instacircncia inclusive nos aspectos econocircmicos e financeiros (BRASIL

1990b)

O Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede (CONASS) e o Conselho

Nacional de Secretaacuterios Municipais de Sauacutede (CONASEMS) teratildeo

representaccedilatildeo no Conselho Nacional de Sauacutede

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 29: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

29

Importante destacar as Normas Operacionais Baacutesicas (NOB) editadas

pelo Ministeacuterio da Sauacutede entre 1991 1993 e 1996 que satildeo instrumentos

normativos com o objetivo de regular o repasse de recursos financeiros da

uniatildeo para os estados e municiacutepios o planejamento das accedilotildees de sauacutede os

mecanismos de controle social dentre outros (POLIGNANO 2001)

A NOB 0191 de acordo com Polignano redefiniu toda a logica de

financiamento e consequentemente de organizaccedilatildeo do SUS instituindo um

sistema de pagamento por produccedilatildeo de serviccedilos Estados e municiacutepios

passaram a receber por produccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede nas mesmas tabelas

nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados impondo um

modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede voltado para a produccedilatildeo de serviccedilos e avaliado

pela quantidade de procedimentos executados independentemente da

qualidade e dos resultados alcanccedilados (BRASIL 1991) Em 1993 a NOB93

regulamenta o processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo dos serviccedilos e accedilotildees

no acircmbito do SUS estabelecendo o tipo de gestatildeo implantado (incipiente

parcial semi-plena) criando assim criteacuterios tambeacutem diferenciados na forma de

repasse dos recursos financeiros(BRASIL1993) A NOB96 revoga os

modelos de gestatildeo propostos nas NOB anteriores e propotildee aos municiacutepios

que se enquadrem em dois novos modelos gestatildeo plena de atenccedilatildeo baacutesica e

gestatildeo plena do sistema municipal propondo assim a transferecircncia para os

municiacutepios de determinadas responsabilidades (BRASIL 1996)

A Emenda Constitucional nordm 29 foi promulgada dia 13 de setembro de

2000 com o objetivo de definir o financiamento das politicas publicas de sauacutede

de forma vinculada a receita tributaria o financiamento do SUS passou a ser

garantido constitucionalmente Poreacutem o governo federal e grande parte do

governo estadual tem apresentado resistecircncia a aplicaccedilatildeo de recursos na

sauacutede mostrando dificuldades na implementaccedilatildeo do financiamento prevista na

Emenda 29 (JUNIOR 2006) Sendo assim no dia 13 de janeiro de 2012 foi

sancionada pela atual Presidente a Lei Complementar nordm 141 que

regulamenta a Emenda Constitucional 29 portanto as transferecircncias da uniatildeo

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 30: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

30

estados e municiacutepios para o Sistema Uacutenico de Sauacutede encerrando o conflito

politico de 11 anos sobre o financiamento da sauacutede publica

Ainda em 2002 a Portaria 373 de 23 de fevereiro aprova a Norma

Operacional da Assistecircncia agrave Sauacutede (NOAS-SUS 0102) que resulta do

continuo movimento de pactuaccedilatildeo entre os trecircs niacuteveis de gestatildeo visando o

aprimoramento do SUS amplia as responsabilidades dos municiacutepios na

Atenccedilatildeo Baacutesica onde deveraacute ser elaborado o Plano Diretor de Regionalizaccedilatildeo

(PDR) com a perspectiva de garantir o acesso dos cidadatildeos o mais proacuteximo

de sua residecircncia a um conjunto de accedilotildees e serviccedilos vinculados a

responsabilidades miacutenimas sendo uma delas o suprimentodispensaccedilatildeo dos

medicamentos da Farmaacutecia Baacutesica (BRASIL 2002b)

Como visto anteriormente neste capitulo atraveacutes da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 a sauacutede passou a ser direito de todos e dever do estado

cabendo ao poder publico as accedilotildees e serviccedilos de sauacutede garantindo assim agrave

populaccedilatildeo o acesso universal e equitativo atraveacutes das politicas publicas

sociais e econocircmicas Somando-se a Lei 8080 que definiu o SUS e seus

princiacutepios jaacute expostos anteriormente conclui-se que suas as accedilotildees e serviccedilos

devem ser acessiacuteveis a todos inclusive no que diz respeito a medicamento

No Art 6ordm da Lei 8080 nos diz que estaacute incluiacuteda na atuaccedilatildeo do Sistema

Uacutenico de Sauacutede a execuccedilatildeo de accedilotildees de assistecircncia terapecircutica integral

inclusive farmacecircutica

Na deacutecada de 70 a criaccedilatildeo da Central de Medicamentos (CEME) por

meio do decreto nordm 68806 de 1971 representou um primeiro passo em direccedilatildeo

agrave articulaccedilatildeo de uma politica de medicamentos com o sistema de sauacutede

vigente da eacutepoca A CEME era subordinada a Presidecircncia da Republica em

1975 foi transferida ao Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social (MPAS) e

por fim em 1985 passou a ser de responsabilidade do Ministeacuterio da Sauacutede

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 31: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

31

A CEME teve dentre as suas atribuiccedilotildees agrave assistecircncia farmacecircutica

publica e o abastecimento de medicamentos essenciais agrave populaccedilatildeo atuando

no campo de pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos produccedilatildeo

padronizaccedilatildeo aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos (OLIVEIRA 2006)

O Brasil jaacute havia se destacado de forma pioneira na formulaccedilatildeo de

politicas de medicamentos quando estabeleceu a primeira lista de

medicamentos essenciais em 1964 pelo decreto nordm 53612 denominando-a de

Relaccedilatildeo Baacutesica e Prioritaacuteria de Produtos Bioloacutegicos e Materiais para Uso

Farmacecircutico Humano e Veterinaacuterio Mas foi em abril de 1972 que a CEME

distribuiu o primeiro Memento Terapecircutico e em 1973 atraveacutes do decreto nordm

72552 oficializou o Plano Diretor de Medicamentos que tinha como uma de

suas politicas estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (OLIVEIRA 2006)

A primeira homologaccedilatildeo da Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Baacutesicos

(RMB) se deu atraveacutes da Portaria MPASGM nordm 514 de 18 de outubro de

1976 A RMB aprovada pelo Conselho Diretor da CEME conforme Resoluccedilatildeo

nordm 92 de 29091976 era constituiacuteda de 300 substacircncias em 535

apresentaccedilotildees medicamentos estes a serem utilizados na rede proacutepria de

assistecircncia agrave sauacutede com recursos financeiros do governo federal (SILVA

2000)

A RMB foi revisada e atualizada em 1977 e atraveacutes da Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 foi

oficialmente regulamentada e denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) (SILVA 2000) A RENAME jaacute passou por varias

revisotildees e atualizaccedilotildees sendo mais recente a 8ordf atualizaccedilatildeo de 2013

Em 1997 devido a inuacutemeros problemas de ordem teacutecnico-

administrativos ocorreu agrave extinccedilatildeo da CEME o que propiciou accedilotildees

fragmentadas e desarticuladas em relaccedilatildeo agrave assistecircncia farmacecircutica em niacutevel

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 32: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

32

federal cabendo aos diversos oacutergatildeos do Ministeacuterio da Sauacutede a execuccedilatildeo

dessas accedilotildees Essa desativaccedilatildeo tambeacutem promoveu uma ruptura na

responsabilidade da oferta de alguns produtos baacutesicos pois natildeo houve um

planejamento adequado para o processo de descentralizaccedilatildeo do financiamento

e para a gestatildeo da assistecircncia farmacecircutica (KORNIS 2008)

Desde entatildeo haacute necessidade de se dispor de uma politica relacionada agrave

questatildeo dos medicamentos Neste contexto o Ministeacuterio da Sauacutede por meio

da portaria nordm 3916MSGM de 30 de outubro de 1998 aprovou a Politica

Nacional de Medicamentos (PNM)

A PNM foi aprovada pela Comissatildeo Intergestores Tripartite (CIT) e pelo

Conselho Nacional de Sauacutede eacute considerada o primeiro posicionamento formal

e abrangente do governo brasileiro sobre a questatildeo dos medicamentos no

contexto da reforma sanitaacuteria (PORTELA 2010)

A PNM eacute parte fundamental da Politica Nacional de Sauacutede constituindo

um dos elementos fundamentais para a implementaccedilatildeo de accedilotildees para

promover a melhoria das condiccedilotildees da assistecircncia agrave sauacutede da populaccedilatildeo Tem

como propoacutesito ldquogarantir a necessaacuteria seguranccedila eficaacutecia e qualidade desses

produtos a promoccedilatildeo do uso racional e o acesso da populaccedilatildeo agravequeles

considerados essenciaisrdquo (BRASIL 1998)

As diretrizes da PNM foram estruturadas a partir de trecircs eixos

governamentais a primeira regulaccedilatildeo sanitaacuteria que objetiva proteger o

usuaacuterio de medicamentos com padrotildees de qualidade seguranccedila eficaacutecia em

relaccedilatildeo aos produtos e aos procedimentos de fabricaccedilatildeo armazenagem

transporte e dispensaccedilatildeo a segunda foi agrave regulaccedilatildeo econocircmica tendo com

objetivo contrabalancear o poder de mercado das empresas e reduzir os

custos de aquisiccedilatildeo pelo poder publico ou sauacutede complementar ou ateacute direto

das famiacutelias e o terceiro a assistecircncia farmacecircutica que envolve uma serie de

accedilotildees e serviccedilos agrave sauacutede da populaccedilatildeo culminando no acesso ao

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 33: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

33

medicamento Neste contexto da assistecircncia satildeo realizados mapeamentos das

necessidades da populaccedilatildeo as prioridades sob o acircngulo da sauacutede puacuteblica os

objetivos estrateacutegias a respeito de expansatildeo do acesso E com isso o

Ministeacuterio da sauacutede assumiu a incumbecircncia de promover o acesso da

populaccedilatildeo brasileira a medicamentos de qualidade em quantidade adequada

ao menor preccedilo possiacutevel (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Para implementar a PNM os gestores do SUS nas trecircs esferas de

Governo atuando em parceria devem desenvolver as accedilotildees orientados pelas

seguintes diretrizes

Oslash Adoccedilatildeo de relaccedilatildeo de medicamentos essenciais (RENAME)

Oslash Regulamentaccedilatildeo sanitaacuteria de medicamentos

Oslash Reorientaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica

Oslash Promoccedilatildeo do uso racional de medicamentos

Oslash Desenvolvimento cientiacutefico e tecnoloacutegico

Oslash Promoccedilatildeo da produccedilatildeo de medicamento

Oslash Garantia da seguranccedila eficaacutecia e qualidade dos medicamentos

Oslash Desenvolvimento e capacitaccedilatildeo de recursos humanos

Uma das mais importantes accedilotildees da PNM foi em 26 de janeiro de 1999

atraveacutes da Lei 9782 definindo o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

criando a Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA) uma autarquia

sob regime especial vinculada ao Ministeacuterio da Sauacutede com sede e foro no

Distrito Federal prazo de duraccedilatildeo indeterminado e atuaccedilatildeo em todo territoacuterio

nacional E que tem por finalidade ldquopromover a proteccedilatildeo da sauacutede garantindo

a seguranccedila sanitaacuteria dos produtos e serviccedilos submetidos agrave vigilacircncia

sanitaacuteria inclusive dos ambientes dos processos dos insumos e das

tecnologias a eles relacionados bem como o controle de portos aeroportos e

de fronteirasrdquo Assim se referindo a medicamentos tornou-se o oacutergatildeo

responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo do controle de qualidade na fabricaccedilatildeo dos

medicamentos (ANVISA 2013)

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em

lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98

dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 34: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

34

No acircmbito da Assistecircncia Farmacecircutica foi criado o Departamento de

Assistecircncia farmacecircutica (DAF) em 2003 com a criaccedilatildeo da Secretaria de

Ciecircncias e Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos (SCTIE) atraveacutes do Decreto nordm

4726 de 9 de junho de 2003 A criaccedilatildeo do DAF foi o primeiro passo para

institucionalizaccedilatildeo da Assistecircncia Farmacecircutica no Ministeacuterio da Sauacutede com

estrutura proacutepria (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

O DAF tem entre outras atribuiccedilotildees subsidiar a secretaria de Ciecircncia

Tecnologia e Insumos Estrateacutegicos na formulaccedilatildeo de politicas diretrizes e

metas para as aacutereas e temas estrateacutegicos que sejam necessaacuterios agrave

implementaccedilatildeo da Politica Nacional de Sauacutede no acircmbito de suas atribuiccedilotildees

propor acordos e convecircnios com os Estados Distrito Federal e Municiacutepios para

executar a descentralizaccedilotildees de programas no acircmbito do SUS elaborar e

acompanhar a execuccedilatildeo de programas e projetos relacionados agrave produccedilatildeo

aquisiccedilatildeo distribuiccedilatildeo dispensaccedilatildeo e uso de medicamentos no acircmbito do

SUS (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2013)

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 35: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

35

CAPIacuteTULO III

POLIacuteTICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA

Como mencionado no capitulo anterior a Assistecircncia Farmacecircutica

como politica publica teve inicio em 1971 com a instituiccedilatildeo da CEME que

tinha como missatildeo o fornecimento de medicamentos agrave populaccedilatildeo sem

condiccedilotildees econocircmicas para adquiri-los Poreacutem somente em 2004 por

indicaccedilatildeo e fundamentado nas propostas aprovadas na I Conferencia Nacional

de Medicamentos e Assistecircncia Farmacecircutica realizada em 2003 o Conselho

Nacional de Sauacutede aprovou atraveacutes da Resoluccedilatildeo nordm 338 de 6 de maio a

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) fazendo parte

integrante da Poliacutetica Nacional de Sauacutede (BRASIL 2004)

A PNAF eacute estabelecida ainda nos princiacutepios da Assistecircncia

Farmacecircutica ser compreendida como poliacutetica puacuteblica norteadora para a

formulaccedilatildeo de poliacuteticas setoriais entre as quais se destacam as poliacuteticas de

medicamentos de ciecircncia e tecnologia de desenvolvimento industrial e de

formaccedilatildeo de recursos humanos dentre outras garantindo a intersetorialidade

inerente ao sistema de sauacutede do paiacutes (SUS) e cuja implantaccedilatildeo envolve tanto

o setor puacuteblico como privado de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo E ainda ldquotrata de um

conjunto de accedilotildees voltadas agrave promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

tanto como individual como coletivo tendo o medicamento como insumo

essencial e visando o acesso e ao seu uso racionalrdquo (BRASIL 2004)

De acordo com esta resoluccedilatildeo nordm 338 a PNAF deveraacute englobar eixos

estrateacutegicos e dentre eles ldquomanutenccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia

farmacecircutica na rede puacuteblica de sauacutede nos diferentes niacuteveis de atenccedilatildeo

considerando a necessaacuteria articulaccedilatildeo e a observacircncia das prioridades

regionais definidas nas instacircncias gestoras do SUS e descentralizaccedilatildeo das

accedilotildees com definiccedilatildeo das responsabilidades das diferentes instacircncias

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

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industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 36: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

36

gestoras de forma pactuada e visando a superaccedilatildeo da fragmentaccedilatildeo em

programas desarticuladosrdquo (BRASIL 2004)

O financiamento federal da Assistecircncia Farmacecircutica no SUS limitou-se

nos uacuteltimos anos a medicamentos natildeo houve uma politica especifica provendo

recursos para estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da Assistecircncia farmacecircutica

Somente com a publicaccedilatildeo da Portaria nordm 399 de 2006 que divulgou o Pacto

pela Sauacutede 2006 e aprovou as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Sauacutede

com seus trecircs componentes Pactos pela Vida em Defesa do SUS e de

Gestatildeo no termo de Compromisso de Gestatildeo que estabeleceu que todas as

esferas de gestatildeo do SUS satildeo responsaacuteveis por

promover a estruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica e

garantir em conjunto com as demais esferas de governo

o acesso da populaccedilatildeo aos medicamentos cuja

dispensaccedilatildeo esteja sob sua responsabilidade

promovendo seu uso racional observadas as normas

vigentes e pactuaccedilotildees estabelecidas (BRASIL 2006)

Cabe aqui citar que como uma accedilatildeo governamental na tentativa de

melhorar o acesso em 2004 no mesmo ano da aprovaccedilatildeo da PNAF o

Governo Federal criou o Programa Farmaacutecia Popular (PFP) que representa a

primeira experiecircncia de copagamento por medicamentos em geral no paiacutes

Esse programa inovou na oferta de tais insumos e beneficiou as parcerias

puacuteblico-privadas Aleacutem dos medicamentos gratuitos para hipertensatildeo diabetes

e asma o Programa oferece a sociedade um elenco de 112 medicamentos

mais os preservativos masculinos com preccedilos ateacute 90 mais baratos

utilizados no tratamento de dislipidemia rinite mal de Parkinson osteoporose

e glaucoma aleacutem de contraceptivos e fraldas geriaacutetricas para incontinecircncia

(MINISTERIO DA SAUacuteDE 2014)

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 37: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

37

Foi com a Portaria nordm 204 de 2007 que o financiamento e a

transferecircncia dos recursos federais para accedilotildees e serviccedilos de sauacutede satildeo

regulamentados e passam a ser alocados em forma de blocos de

financiamentos num total de 5 blocos (BRASIL 2007)

No campo da Assistecircncia Farmacecircutica as accedilotildees estatildeo definidas no

quarto bloco que eacute constituiacutedo por trecircs componentes

1 Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica

2 Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

3 Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

31- COMPONENTE BAacuteSICO DA ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica na atenccedilatildeo baacutesica em

sauacutede e para agravos e programas de sauacutede especiacuteficos inseridos na rede de

cuidados da atenccedilatildeo baacutesica sendo de responsabilidade das trecircs esferas do

governo (BRASIL 2006)

As normas de execuccedilotildees e financiamento da Assistecircncia Farmacecircutica

na atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede foram inicialmente aprovadas pela Portaria nordm

3237 de 24 de dezembro de 2007 apoacutes algumas Portarias revogadas a

vigente atualmente eacute a Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2013 ficando

definido que o financiamento eacute de responsabilidade da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios conforme normas estabelecidas na portaria e

com aplicaccedilatildeo de valores miacutenimos de seus orccedilamentos proacuteprios estabelecidos

para a aquisiccedilatildeo de medicamentos e insumos (BRASIL 2013)

Cabe ao Ministeacuterio da Sauacutede aleacutem do repasse financeiro aos estados

municiacutepios e Distrito Federal para aquisiccedilatildeo de medicamentos deste

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 38: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

38

Componente a aquisiccedilatildeo da Insulina Humana NPH e Insulina Humana

Regular medicamentos contraceptivos e insumos do Programa Sauacutede da

Mulher constantes da RENAME e portanto a distribuiccedilatildeo aos estados e

municiacutepios (BRASIL 2013)

Os medicamentos baacutesicos ou essenciais satildeo aqueles destinados agrave

Atenccedilatildeo Primaria agrave Sauacutede satisfazendo as necessidades prioritaacuterias de

cuidados da sauacutede da populaccedilatildeo Entre eles destacamos analgeacutesicos

antiteacutermicos antibioacuteticos e antiinflamatoacuterios (RIO DE JANEIRO 2014)

Os municiacutepios estados e Distrito Federal satildeo responsaacuteveis pela

seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo dos medicamentos e insumos do

Componente Baacutesico da Assistecircncia Farmacecircutica constantes da Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos (RENAME) (BRASIL 2013) Tanto os municiacutepios

como os estados natildeo satildeo obrigados a disponibilizar todos os medicamentos

da RENAME cada esfera deve elaborar a seleccedilatildeo de medicamentos

compondo assim a Relaccedilatildeo de Medicamentos Essenciais que devem ser

fundamentadas em criteacuterios epidemioloacutegicos teacutecnicos e econocircmicos

Assim a ultima Relaccedilatildeo Estadual de Medicamentos Essenciais do

Estado do Rio de Janeiro (REME-RJ) foi aprovada atraveacutes da Deliberaccedilatildeo CIB-

RJ nordm 1589 de 9 de fevereiro de 2012 (RIO DE JANEIRO 2014) E a Relaccedilatildeo

Municipal de Medicamentos Essenciais do municiacutepio do Rio de Janeiro

(REMUME-RIO) foi estabelecida peccedila Resoluccedilatildeo SMS nordm 2177 de 19 de

agosto de 2013

32- COMPONENTE ESTRATEacuteGICA DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Ministeacuterio da Sauacutede considera como estrateacutegicos todos os

medicamentos utilizados para tratamento das doenccedilas de perfil endecircmico e

que tenham impacto socioeconocircmico (MINISTEacuteRIO DA SAUDE 2014)

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

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12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 39: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

39

O Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica consiste em

financiamento para accedilotildees de assistecircncia farmacecircutica de Programas

Estrateacutegicos (BRASIL 2006)

Os medicamentos estrateacutegicos satildeo contemplados em programas do

Ministeacuterio da Sauacutede tendo controle e tratamento por meio de protocolos

diretrizes e guias estabelecidos O Ministeacuterio da Sauacutede eacute responsaacutevel pela

aquisiccedilatildeo e financiamento da maior parte dos itens Esses medicamentos satildeo

repassados pelo ministeacuterio aos estados ou municiacutepios de acordo com previsatildeo

de consumo A distribuiccedilatildeo eacute de responsabilidade dos estados e municiacutepios

enquanto que a dispensaccedilatildeo fica a cargo dos municiacutepios atraveacutes das

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (RIO DE JANEIRO 2014)

Satildeo em um total de nove Programas Estrateacutegicos e agravos

estabelecidos pelo Ministeacuterio da Sauacutede Controle de Tuberculose Controle de

Hanseniacutease DSTAIDS Endemias Focais Sangue e Hemoderivados

Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo Controle de Tabagismo Influenza e Sauacutede da

Crianccedila (MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

Esses programas satildeo destinados ao tratamento de um total de 23

agravos satildeo eles Coagulopatias Coleacutera Tabagismo Dengue Doenccedila de

Chagas Esquistosomose DSTAIDS Febre Maculosa Filariose

Geohelmintiacuteases Hanseniacutease Influenza Leishmaniose(LTA e LV) Luacutepus ndash

Mieloma Multiplo ndash Enxerto vesus Hospedeiro Malaacuteria Meningite Micoses

Sisteacutemicas Raiva Tracoma Tuberculose Tuberculose Multidroga resistente

Alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo (Vitamina A) e Prevenccedilatildeo da infecccedilatildeo pelo VSR

(MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2014)

A competecircncia de cada esfera em relaccedilatildeo aos medicamentos

estrateacutegicos se divide da seguinte forma no Estado do Rio de Janeiro

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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outubro de 1988

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condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

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industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 40: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

40

1) Ministeacuterio da Sauacutede Definiccedilatildeo de protocolos de tratamento Seleccedilatildeo

de elenco de medicamentos e insumos Programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo centralizada

Distribuiccedilatildeo aos Estados

2) Secretaria Estadual de Sauacutede do Rio de Janeiro ndash SESRJ

Armazenamento dos medicamentos e insumos adquiridos pelo MS Seleccedilatildeo

programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo de medicamentos para Infecccedilotildees Oportunistas e

Sauacutede da Mulher (Imunoglobulina anti-Rh(D) Distribuiccedilatildeo dos medicamentos

adquiridos pelo MS ou pela SESRJ aos Municiacutepios e Hospitais

3) Secretarias Municipais de Sauacutede Seleccedilatildeo programaccedilatildeo e aquisiccedilatildeo

de medicamentos para DST Garantia do acesso gratuito aos medicamentos

para os pacientes cadastrados nos respectivos programas (RIO DE JANEIRO

2014)

33- COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTENCIA FARMACEcircUTICA

O Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) o

qual eacute considerado uma estrateacutegia de acesso a medicamentos de uso

ambulatorial no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) teve seu inicio com

a denominaccedilatildeo de ldquoMedicamentos Excepcionaisrdquo devido a Portaria

Interministerial MPASMSMEC nordm 03 de 15 de dezembro de 1982 Essa

portaria que regulamentou e estabeleceu a RENAME como definidora dos

produtos farmacecircuticos prioritaacuterios para a prevenccedilatildeo o diagnostico e o

tratamento das doenccedilas prevalecentes na populaccedilatildeo brasileira permitia em

caraacuteter excepcional que os serviccedilos prestadores de assistecircncia meacutedica e

farmacecircutica poderiam adquirir e utilizar medicamentos natildeo constantes da

RENAME quando a natureza ou a gravidade da doenccedila e as condiccedilotildees

peculiares do paciente o exigissem e desde que natildeo houvesse na RENAME

medicamento substitutivo aplicaacutevel ao caso (BRASIL 1982)

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

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57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 41: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

41

De acordo com a portaria a prescriccedilatildeo excepcional era obrigatoriamente

justificada e apresentada por escrito pelo meacutedico assistente do caso e entatildeo

homologada a posteriori pelo oacutergatildeo de auditoria meacutedica da instituiccedilatildeo

prestadora do atendimento (BRASIL 1982)

Na eacutepoca natildeo havia uma relaccedilatildeo de medicamentos excepcionais todos

os medicamentos natildeo pertencentes agrave RENAME vigente no momento poderiam

ser considerados ldquoexcepcionaisrdquo e disponibilizados pelo gestor ou prestador do

serviccedilo (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Somente em 1993 atraveacutes da Portaria SASMS nordm 142 de 6 de outubro

foi publicada a primeira lista de medicamentos considerados excepcionais em

que era constituiacuteda por dois faacutermacos em 6 apresentaccedilotildees A partir daiacute foi

permitido agrave constituiccedilatildeo de elencos formais de medicamentos que sem um

conceito ainda claramente definido foram ampliando-se com o passar dos

anos Logo em seguida no ano de 1996 uma nova portaria foi lanccedilada com a

ampliaccedilatildeo do elenco de medicamentos passando para 32 faacutermacos em 55

apresentaccedilotildees (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Em 23 de julho 2002 foi publicada a Portaria GMMS nordm 1318 sendo um

importante marco regulatoacuterio para os medicamentos excepcionais pois

ampliou o elenco de medicamentos incluindo-os no grupo 36 da Tabela

Descritiva do Sistema de Informaccedilotildees Ambulatoriais do Sistema Uacutenico de

Sauacutede (SAISUS) E ainda estabeleceu que para a dispensaccedilatildeo de tais

medicamentos devesse ser utilizados os criteacuterios de diagnostico indicaccedilatildeo

tratamento entre outros paracircmetros definidos nos Protocolos Cliacutenicos e

Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Havia entatildeo um elenco de medicamentos com criteacuterios claros para

serem fornecidos aos usuaacuterios do SUS mas que ainda natildeo eram definidos

conceitualmente (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Aleacutem da denominaccedilatildeo de

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

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Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

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BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

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57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 42: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

42

ldquomedicamentos excepcionaisrdquo surgiu tambeacutem outra de ldquomedicamentos de alto

custordquo pois os medicamentos constantes do Programa de Medicamentos

Excepcionais ou satildeo de alto valor unitaacuterio ou entatildeo pela cronicidade do

tratamento se tornam excessivamente caros para serem custeados pela

populaccedilatildeo

Em 2006 o Ministeacuterio da Sauacutede em pactuaccedilatildeo na Comissatildeo

Intergestores Tripartite realizou a revisatildeo da Portaria 1318 a revogando por

meio da Portaria GMMS nordm 2577 de 27 de outubro no qual aprovou o

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcionais (CMDE) como

parte da Politica Nacional da Assistecircncia Farmacecircutica do Sistema Uacutenico de

Sauacutede

ldquoO Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcional tem por objetivo disponibilizar medicamentos

no acircmbito do SUS para tratamento de agravos inseridos

nos seguintes criteacuterios

11 doenccedila rara ou de baixa prevalecircncia com

indicaccedilatildeo de uso de medicamento de alto valor unitaacuterio ou

que em caso de uso crocircnico ou prolongado seja um

tratamento de custo elevado e

12 doenccedila prevalente com uso de medicamento

de alto custo unitaacuterio ou que em caso de uso crocircnico ou

prolongado seja um tratamento de custo elevado desde

que

121 haja tratamento previsto para o agravo no

niacutevel da atenccedilatildeo baacutesica ao qual o paciente apresentou

necessariamente intoleracircncia refratariedade ou evoluccedilatildeo

para quadro cliacutenico de maior gravidade ou

122 o diagnoacutestico ou estabelecimento de conduta

terapecircutica para o agravo estejam inseridos na atenccedilatildeo

especializadardquo (BRASIL 2006 b)

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

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condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

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BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

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BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

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Referido Pacto

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Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

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Satildeo Paulo Brasiliense 1984

SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o

processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS

UERJ Disponiacutevel em

56

lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt

Acesso em 20 abr 2014

SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

Min Da Sauacutede 2002

VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 43: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

43

A aquisiccedilatildeo dos medicamentos excepcionais inicialmente foi definida na

mesma portaria que definiu a RENAME ficando estabelecido que para a

aquisiccedilatildeo direta de medicamentos de urgecircncia e medicamentos excepcionais

cada ministeacuterio destacaria 15 de valor de recursos financeiros repassados

para compra de medicamentos constante na RENAME (MINISTERIO DA

SAUDE 2010)

Em 2007 com a Portaria nordm 204 as accedilotildees em sauacutede foram alocadas em

forma de blocos de financiamento especiacuteficos de acordo com os objetivos e

caracteriacutesticas a Assistecircncia Farmacecircutica foi definida no quarto bloco e se

dividia em trecircs componentes Componente Baacutesico da Assistecircncia

Farmacecircutica Componente Estrateacutegico da Assistecircncia Farmacecircutica e

Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo Excepcional (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

Com a necessidade de ampliar a cobertura para medicamentos jaacute

padronizados ou incorporar medicamentos seja para adequar as linhas de

cuidado para as doenccedilas jaacute tratadas ou ampliar o escopo de doenccedilas ou ainda

ampliar o acesso aos medicamentos iniciou-se em 2008 a construccedilatildeo do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (CEAF) que foi

regulamentado em 2009 atraveacutes da portaria 2981 de 26 de novembro

substituindo assim o antigo Componente de Medicamentos de Dispensaccedilatildeo

Excepcionais em 1ordm de marccedilo de 2010 Essas necessidades foram oriundas

da sociedade em geral do CONASS do CONASENS do proacuteprio Ministeacuterio da

Sauacutede e tambeacutem pelo crescente numero de accedilotildees judiciais individuais para

fornecimento de medicamentos (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a definiccedilatildeo do CEAF como estrateacutegia de acesso a medicamentos

no acircmbito do SUS para garantir o tratamento medicamentoso na forma de

linha de cuidados desvinculou-o do custo individual dos medicamentos e do

caraacuteter de excepcional e assim definiu-se a divisatildeo de reponsabilidade pelo

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98

dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em

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77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014

54

CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt

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FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE

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55

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Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010

MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em

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Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014

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Satildeo Paulo Brasiliense 1984

SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o

processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS

UERJ Disponiacutevel em

56

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Acesso em 20 abr 2014

SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

Min Da Sauacutede 2002

VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 44: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

44

financiamento e gestatildeo entre os entes federados (MINISTERIO DA SAUDE

2010) Com o conceito anterior de cofinanciamento e com ausecircncia de valores

de procedimentos a divisatildeo de responsabilidades causava bastantes

discussotildees

Os medicamentos comtemplados neste Componente foram entatildeo

divididos em 3 Grupos distintos e com caracteriacutesticas diferentes mantendo um

equiliacutebrio financeiro na ordem de 87 para a Uniatildeo 12 para os Estados e

1 para os municiacutepios Constituiacuteram-se sob os seguintes criteacuterios gerais

complexidade da doenccedila a ser tratada ambulatoriamente garantia da

integralidade do tratamento da doenccedila no acircmbito da linha de cuidado

manutenccedilatildeo do equiliacutebrio financeiro entre as esferas de gestatildeo (MINISTERIO

DA SAUDE 2010)

No Grupo 1 o financiamento esta sob responsabilidade do Ministeacuterio da

Sauacutede seja por aquisiccedilatildeo centralizada (grupo 1A) seja por transferecircncia de

recursos financeiros para o Estado (grupo 1B) Satildeo medicamentos para

doenccedilas mais complexas para casos de refratariedade ou intoleracircncia a

primeira eou a segunda linha de tratamento e que se incluem em accedilotildees de

desenvolvimento produtivo no complexo industrial da sauacutede Representam

elevado impacto financeiro No Grupo 2 o financiamento eacute responsabilidade

das Secretarias Estaduais de Sauacutede e eacute constituiacutedo por medicamentos para

tratamento de doenccedilas menos complexas em relaccedilatildeo agraves elencadas no Grupo 1

eou para tratamento de refratariededade ou intoleracircncia agrave primeira linha de

tratamento Jaacute no Grupo 3 o financiamento eacute de responsabilidade dos

municiacutepios e distrito federal eacute constituiacutedo por faacutermacos constantes na Relaccedilatildeo

Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente e indicado pelos

Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) publicados na versatildeo

final pelo Ministeacuterio da Sauacutede como a primeira linha de cuidado para o

tratamento das doenccedilas contempladas no CEAF (BRASIL 2009)

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98

dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em

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54

CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt

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0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014

FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE

2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em

lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-

publicagt Acesso em 02 mar 2014

HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees

entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista

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55

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industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 45: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

45

Responsabilidade dos entes federados pelas etapas de programaccedilatildeo aquisiccedilatildeo armazenamento e distribuiccedilatildeo dos medicamentos do Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica estratificada por Grupo de medicamentos Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo

Grupo Programaccedilatildeo Aquisiccedilatildeo Armazenamento Distribuiccedilatildeo 1ordf SES MS MSSES MSSES 1B SES SES SES SES 2 SES SES SES SES 3 SES MSSMS MSSESSMS MSSESSMS MS = Ministeacuterio da Sauacutede SES = Secretaria de Estado da Sauacutede SMS = Secretaria Municipal de Sauacutede (MINISTERIO DA SAUDE 2010)

Com a construccedilatildeo do CEAF o DAF retomou a revisatildeo de Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas (PCDT) jaacute que estes deveriam se tornar

ferramentas que definem entre outras accedilotildees as linhas de cuidado no

tratamento das doenccedilas contribuindo para a prescriccedilatildeo e uso racional dos

medicamentos

Os medicamentos do Grupo 1 e 2 devem ser dispensados somente para

as doenccedilas (CID-10) inseridas no Componente respeitando as informaccedilotildees

referida no PCDT Os medicamentos do grupo 3 satildeo importantes para o

tratamento inicial das doenccedilas contempladas no CEAF tendo que ser

disponiacuteveis pelo gestor municipal (MINISTERIO DA SAUDE 2010) Cabe

ressaltar que eacute facultada ao gestor estadual a seleccedilatildeo dos medicamentos

entre aqueles padronizados no CEAF natildeo sendo obrigatoacuteria a disponibilizaccedilatildeo

de todos os medicamentos poreacutem essa seleccedilatildeo tem que ocorrer de forma que

natildeo comprometa as linhas de cuidados definidas nos protocolos

O acesso aos medicamentos do CEAF foi definido inicialmente na portaria

GMMS nordm 29812009 com algumas alteraccedilotildees realizadas pela portaria nordm

3439 de 11 de novembro de 2010 e posteriormente esta sendo revogada pela

Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2013

Na portaria fica definida a execuccedilatildeo do Componente conforme descrito no

Artigo 24 que envolve as etapas de solicitaccedilatildeo avaliaccedilatildeo autorizaccedilatildeo

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em

lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

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perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98

dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em

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2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em

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das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver

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Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro

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MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010

MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em

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medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio

de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt

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revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG

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VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 46: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

46

dispensaccedilatildeo do medicamento e ainda renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento Todas as etapas devem ocorrer em estabelecimentos de sauacutede

vinculados agraves unidades publicas designadas pelos gestores estaduais

Para a solicitaccedilatildeo dos medicamentos eacute obrigatoacuteria agrave apresentaccedilatildeo dos

seguintes documentos do paciente

sect Copia do Cartatildeo Nacional de Sauacutede (CNS)

sect Copia de documento de identidade

sect Copia do comprovante de residecircncia

sect Laudo para Solicitaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo e Autorizaccedilatildeo de Medicamentos do

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica (LME)

devidamente preenchido pelo Meacutedico de unidade SUS ou particular

desde que inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Sauacutede (CNES)

sect Prescriccedilatildeo meacutedica devidamente preenchida e

sect Documentos exigidos nos Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas

publicadas na versatildeo final pelo Ministeacuterio da Sauacutede conforme a doenccedila

e o medicamento solicitado

Apoacutes a apresentaccedilatildeo da documentaccedilatildeo iniciasse as etapas de avaliaccedilatildeo

autorizaccedilatildeo e dispensaccedilatildeo do medicamento A partir da primeira retirada do

medicamento pelo paciente comeccedila a vigecircncia da LME que satildeo de 3 meses

Apoacutes esse periacuteodo se faz necessaacuterio agrave renovaccedilatildeo da continuidade do

tratamento com a apresentaccedilatildeo obrigatoacuteria dos seguintes documentos LME

prescriccedilatildeo meacutedica e documentos exigidos pela PCDT conforme a doenccedila

Atualmente existem 75 Protocolos Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircutica do

Ministeacuterio da Sauacutede vigentes Satildeo padronizados pelo CEAF no Ministeacuterio da

Sauacutede 234 medicamentos e conforme descrito anteriormente cada estado faz

a sua proacutepria seleccedilatildeo dos medicamentos

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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dez1996

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dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

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outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

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Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

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de Medicamentos

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Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

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Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

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pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

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POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa

revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG

2001 Disponiacutevel em

lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso

em 02 mar 2014

PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S

MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e

desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532

RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica

Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014

SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes

Satildeo Paulo Brasiliense 1984

SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o

processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS

UERJ Disponiacutevel em

56

lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt

Acesso em 20 abr 2014

SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

Min Da Sauacutede 2002

VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 47: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

47

No Estado do Rio de Janeiro a relaccedilatildeo dos medicamentos do Componente

Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica eacute constituiacuteda de 141

medicamentos

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em

lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98

dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-

77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014

54

CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt

http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252

0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014

FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE

2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em

lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-

publicagt Acesso em 02 mar 2014

HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees

entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista

Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993

INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt

httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar

2014

JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006

Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt

httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em

10 mar 2014

KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais

das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver

APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008

LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do

Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro

SetDez 2003

55

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010

MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em

lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014

OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de

medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio

de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt

httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-

311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014

POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa

revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG

2001 Disponiacutevel em

lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso

em 02 mar 2014

PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S

MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e

desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532

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Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014

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Satildeo Paulo Brasiliense 1984

SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o

processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS

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56

lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt

Acesso em 20 abr 2014

SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

Min Da Sauacutede 2002

VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 48: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

48

CONCLUSAtildeO

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro descobrindo o

Brasil e iniciando a ocupaccedilatildeo perceberam que a regiatildeo era ocupada por povos

nativos chamando-os de Iacutendios Ateacute a chegada desses colonizadores esses

povos eram na sua maioria saudaacuteveis e quando adoecidos eram assistidos por

Pajeacutes utilizando os proacuteprios recursos da terra como plantas e ervas para a

obtenccedilatildeo de remeacutedio Poreacutem com a chegada dos colonizadores vieram as

doenccedilas

Alguns anos apoacutes o descobrimento chegaram ao Brasil os Jesuiacutetas

sendo estes importantes para a aacuterea da sauacutede no Brasil colocircnia e sob a

supervisatildeo deles surgiram agraves primeiras boticas ou seja as primeiras

farmaacutecias onde se encontrava drogas e medicamentos vindos da Europa

aleacutem de remeacutedios preparados com plantas nativas

Foi com a vinda da Corte para o Brasil que iniciou a preocupaccedilatildeo com a

atenccedilatildeo a sauacutede Varias foram agraves accedilotildees criadas durante o Brasil Impeacuterio e a

Velha republica principalmente no acircmbito da higiene Publica para conter as

doenccedilas graves em que a populaccedilatildeo era acometida

Mas foi com a criaccedilatildeo da CEME em 1971 que representou um primeiro

esforccedilo de se gerar uma politica de medicamentos tendo como uma das

atribuiccedilotildees agrave aquisiccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de medicamentos mas vale ressaltar que

em 1964 jaacute havia sido estabelecida uma primeira lista de medicamentos

essecircncias

Com o Plano Diretor de Medicamentos de 1972 o governo procurava

resolver o problema do abastecimento de medicamentos essenciais mas

principalmente o acesso a esses medicamentos pela populaccedilatildeo atendida nos

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede E tambeacutem estabelecer e oficializar a Relaccedilatildeo

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em

lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98

dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-

77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014

54

CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt

http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252

0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014

FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE

2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em

lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-

publicagt Acesso em 02 mar 2014

HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees

entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista

Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993

INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt

httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar

2014

JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006

Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt

httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em

10 mar 2014

KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais

das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver

APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008

LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do

Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro

SetDez 2003

55

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010

MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em

lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014

OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de

medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio

de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt

httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-

311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014

POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa

revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG

2001 Disponiacutevel em

lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso

em 02 mar 2014

PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S

MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e

desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532

RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica

Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014

SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes

Satildeo Paulo Brasiliense 1984

SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o

processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS

UERJ Disponiacutevel em

56

lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt

Acesso em 20 abr 2014

SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

Min Da Sauacutede 2002

VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 49: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

49

Nacional de Medicamentos Essenciais sendo assim em 1976 homologada a

primeira chamada entatildeo de Relaccedilatildeo de Medicamentos Baacutesicos (RMB) e

posteriormente denominada Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME) sendo entatildeo uma lista de medicamentos para combater as

doenccedilas mais comuns que atingem a populaccedilatildeo brasileira

Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente

a Lei 8080 de 1990 fica estabelecido que os serviccedilos e accedilotildees devem ser

acessiacuteveis a todos inclusive quanto ao medicamento

O acesso aos medicamentos eacute parte significativa do exerciacutecio do direito

agrave sauacutede que por sua vez estaacute diretamente ligado ao direito constitucional agrave

sauacutede assegurado agrave populaccedilatildeo brasileira Natildeo existia uma politica para o setor

de medicamentos existia sim accedilotildees fragmentadas sem um perfil

epidemioloacutegico havia uma distribuiccedilatildeo de medicamentos que eram

insuficientes para atender a demanda onde uma grande parcela da populaccedilatildeo

ficava excluiacuteda

Sendo assim ocorreu a necessidade urgente de se ter uma Politica de

Medicamentos principalmente por ter sido extinta a CEME portanto em 1998

foi aprovada a Politica Nacional de Medicamentos Essa politica se propocircs

priorizar o acesso universal aos medicamentos considerados essenciais agrave

populaccedilatildeo e garantir a qualidade eficaacutecia e seguranccedila dos medicamentos e

promover o uso racional e ainda reestruturar a assistecircncia farmacecircutica

Nesta primeira deacutecada do seacuteculo XXI varias foram agraves mudanccedilas

ocorridas para a reestruturaccedilatildeo da assistecircncia farmacecircutica dentre elas a

criaccedilatildeo do Departamento de assistecircncia farmacecircutica (DAF) e a aprovaccedilatildeo da

Politica Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica (PNAF) Politica esta que traacutes

uma assistecircncia farmacecircutica com abordagem mais abrangente com accedilotildees

como de intensificar a pesquisadesenvolvimento expandir a produccedilatildeo

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em

lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98

dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-

77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014

54

CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt

http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252

0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014

FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE

2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em

lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-

publicagt Acesso em 02 mar 2014

HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees

entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista

Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993

INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt

httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar

2014

JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006

Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt

httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em

10 mar 2014

KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais

das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver

APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008

LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do

Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro

SetDez 2003

55

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010

MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em

lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014

OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de

medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio

de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt

httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-

311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014

POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa

revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG

2001 Disponiacutevel em

lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso

em 02 mar 2014

PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S

MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e

desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532

RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica

Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014

SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes

Satildeo Paulo Brasiliense 1984

SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o

processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS

UERJ Disponiacutevel em

56

lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt

Acesso em 20 abr 2014

SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

Min Da Sauacutede 2002

VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 50: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

50

reorganizar a prescriccedilatildeo e a dispensaccedilatildeo farmacecircutica e ainda garantir a

qualidade de produtos e serviccedilos e assegurar o acesso ao medicamento

Portanto varias foram as politicas na aacuterea da sauacutede e se pode dizer que

desde a descoberta do Brasil criadas implementadas e atualizadas para que

se possa garantir o direito do cidadatildeo ao acesso a medicamentos

Mas cabe ressaltar que o poder publico precisa tambeacutem avaliar as

politicas econocircmicas no qual a politica nacional de medicamento esta ligada

pois coloca limites na sua operacionalidade e ainda a seguridade social

(previdecircncia assistecircncia e sauacutede) pois deve oferecer agraves respostas as

questotildees sociais como desigualdade desemprego saneamento baacutesico essas

questotildees compromete o acesso universal ao medicamento Ainda nesse

contexto o medicamento e seu uso racional satildeo de suma importacircncia mas que

como definida pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a Sauacutede eacute um

estado de completo bem-estar fiacutesico mental e social e natildeo consistindo

somente da ausecircncia de uma doenccedila ou enfermidade Esta definiccedilatildeo eacute

considerada por muitos utoacutepica mas deve-se pensar no direito do cidadatildeo

como um todo

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em

lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98

dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-

77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014

54

CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt

http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252

0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014

FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE

2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em

lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-

publicagt Acesso em 02 mar 2014

HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees

entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista

Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993

INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt

httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar

2014

JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006

Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt

httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em

10 mar 2014

KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais

das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver

APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008

LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do

Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro

SetDez 2003

55

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010

MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em

lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014

OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de

medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio

de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt

httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-

311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014

POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa

revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG

2001 Disponiacutevel em

lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso

em 02 mar 2014

PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S

MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e

desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532

RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica

Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014

SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes

Satildeo Paulo Brasiliense 1984

SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o

processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS

UERJ Disponiacutevel em

56

lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt

Acesso em 20 abr 2014

SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

Min Da Sauacutede 2002

VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 51: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANVISA 2013 Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Disponiacutevel em

lthttpportalanvisagovbrgt Acesso em 30 mar 2014

BERTOTZZI M R GRECO R M As politicas de sauacutede no Brasil e

perspectivas atuais Rev Esc Enfermagem-USP Satildeo Paulo v3 p380-98

dez1996

BRASIL 1982 Portaria Interministerial MPASMSMEC nordm03 de 15 de

dezembro de 1982 Dispotildee sobre a Relaccedilatildeo Nacional de Medicamentos

Essenciais ndash RENAME

BRASIL 1988 Constituiccedilatildeo da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988

BRASIL 1990a Lei 8080 de 19 de setembro de 1990 Dispotildee sobre as

condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede a organizaccedilatildeo

e o funcionamento dos serviccedilos correspondentes e daacute outras providencias

BRASIL 1990b Lei 8142 de 28 de dezembro de 1990 Dispotildee sobre a

participaccedilatildeo da comunidade na gestatildeo do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) e

sobre as transferecircncias intergovernamentais de recursos financeiros na aacuterea

da sauacutede e da outras providencias

BRASIL 1991 Resoluccedilatildeo nordm 258 de 07 de janeiro de 1991 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0191

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

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lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-

77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014

54

CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt

http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252

0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014

FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE

2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em

lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-

publicagt Acesso em 02 mar 2014

HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees

entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista

Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993

INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt

httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar

2014

JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006

Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt

httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em

10 mar 2014

KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais

das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver

APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008

LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do

Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro

SetDez 2003

55

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010

MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em

lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014

OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de

medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio

de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt

httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-

311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014

POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa

revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG

2001 Disponiacutevel em

lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso

em 02 mar 2014

PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S

MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e

desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532

RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica

Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014

SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes

Satildeo Paulo Brasiliense 1984

SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o

processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS

UERJ Disponiacutevel em

56

lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt

Acesso em 20 abr 2014

SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

Min Da Sauacutede 2002

VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 52: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

52

BRASIL 1993 Portaria nordm 545 de maio de 1993 Estabelece normas e

procedimentos reguladores do processo de descentralizaccedilatildeo da gestatildeo das

accedilotildees e serviccedilos de sauacutede atraveacutes da Norma Operacional BaacutesicaSUS 0193

BRASIL 1996 Portaria 2203 de 05 de novembro de 1996 Aprovar a Norma

Operacional BaacutesicaSUS nordm 0196

BRASIL 1998 Portaria nordm 3916 de 30 de outubro de 1998 Politica Nacional

de Medicamentos

BRASIL 2000 Emenda Constitucional nordm 29 de 13 de setembro de 2000

Altera os arts 34 35 156 160 167 e 198 da Constituiccedilatildeo Federal e

acrescenta artigo ao Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias para

assegurar os recursos miacutenimos para o financiamento das accedilotildees e serviccedilos

puacuteblicos de sauacutede

BRASIL 2002a Portaria nordm 2047 de 05 de novembro de 2002 Diretrizes

operacionais para a aplicaccedilatildeo da Emenda Constitucional nordm 29 de 2000

BRASIL 2002b Portaria nordm 373 de 27 de fevereiro de 2002 Norma

Operacional de Assistecircncia agrave SauacutedeSUS ndash NOASSUS ndash 0102

BRASIL 2004 Resoluccedilatildeo nordm 338 de 06 de maio de 2004 Aprova a Politica

Nacional de Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2006 Portaria nordm 399 de 22 de fevereiro de 2006 Divulga o Pacto

pela Sauacutede 2006 ndash Consolidaccedilatildeo do SUS e aprova diretrizes Operacionais do

Referido Pacto

BRASIL 2006b Portaria 2577 de 27 de outubro de 2006 Aprova o

Componente de Medicamento de Dispensaccedilatildeo Excepcional

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-

77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014

54

CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt

http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252

0anospdfgt Acesso em 10 mar 2014

FUNASA ndash FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE ndash MINISTERIO DA SAUacuteDE

2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em

lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-

publicagt Acesso em 02 mar 2014

HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees

entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista

Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993

INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt

httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar

2014

JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006

Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt

httpwwwccsuelbrespacoparasaudev8n1v8n1_artigo_3pdfgt Acesso em

10 mar 2014

KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais

das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver

APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008

LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do

Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro

SetDez 2003

55

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010

MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em

lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014

OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de

medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio

de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt

httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-

311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014

POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa

revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG

2001 Disponiacutevel em

lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso

em 02 mar 2014

PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S

MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e

desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532

RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica

Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014

SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes

Satildeo Paulo Brasiliense 1984

SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o

processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS

UERJ Disponiacutevel em

56

lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt

Acesso em 20 abr 2014

SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

Min Da Sauacutede 2002

VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 53: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

53

BRASIL 2007 Portaria nordm 204 de 29 de janeiro de 2007 Regulamenta o

financiamento e a transferecircncia dos recursos federais para as accedilotildees e os

serviccedilos de sauacutede na forma de blocos de financiamento com o respectivo

monitoramento e controle

BRASIL 2007a Portaria nordm 3237 de 24 de dezembro de 2007 Aprova as

normas de execuccedilatildeo e de financiamento da assistecircncia farmacecircutica na

atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede

BRASIL 2009 Portaria nordm 2981 de 26 de novembro de 2009 Aprova o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica

BRASIL 2012 Lei Complementar nordm 141 de 13 de janeiro de 2012

Regulamenta o sect 3o do art 198 da Constituiccedilatildeo Federal para dispor sobre os

valores miacutenimos a serem aplicados anualmente pela Uniatildeo Estados Distrito

Federal e Municiacutepios em accedilotildees e serviccedilos puacuteblicos de sauacutede estabelece os

criteacuterios de rateio dos recursos de transferecircncias para a sauacutede e as normas de

fiscalizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo e controle das despesas com sauacutede nas 3 (trecircs) esferas

de governo revoga dispositivos das Leis nos 8080 de 19 de setembro de

1990 e 8689 de 27 de julho de 1993 e daacute outras providecircncias

BRASIL 2013a Portaria nordm 1554 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

regras de financiamento e execuccedilatildeo do Componente Especializado da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

BRASIL 2013b Portaria nordm 1555 de 30 de julho de 2004 Dispotildee sobre as

normas de financiamento e de execuccedilatildeo do Componente Baacutesico da

Assistecircncia Farmacecircutica no acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)

CALAINHO DB Jesuiacutetas e medicina no Brasil colonial 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-

77042005000200005amplang=ptgt Acesso em 02 mar 2014

54

CONASS 2007- Conselho Nacional de Secretaacuterios de Sauacutede Disponiacutevel emlt

http18928128100dabdocspublicacoesconass_progestoresconass_252

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2013 Cronologia Histoacuterica da Sauacutede Puacuteblica Disponiacutevel em

lthttpwwwfunasagovbrsitemuseu-da-funasacronologia-historica-da-saude-

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HOCHMAN G Regulando os efeitos da interdependecircncia sobre as relaccedilotildees

entre sauacutede puacuteblica e construccedilatildeo do Estado (Brasil 1910-1930) Revista

Estudos Histoacutericos Rio de Janeiro v6 n11 1993

INDRIUNAS L Historia da Sauacutede Puacuteblica no Brasil Disponiacutevel em lt

httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar

2014

JUNIOR A P e JUNIOR L C Poliacuteticas publicas de sauacutede no Brasil 2006

Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt

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10 mar 2014

KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais

das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver

APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008

LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do

Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro

SetDez 2003

55

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010

MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em

lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014

OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de

medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio

de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt

httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-

311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014

POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa

revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG

2001 Disponiacutevel em

lthttpwwwmedinaufmgbrinternatoruralarquivosmimeo-23ppdfgt Acesso

em 02 mar 2014

PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S

MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e

desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532

RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica

Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014

SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes

Satildeo Paulo Brasiliense 1984

SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o

processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS

UERJ Disponiacutevel em

56

lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt

Acesso em 20 abr 2014

SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

Min Da Sauacutede 2002

VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 54: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

54

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httppessoashswuolcombrhistoria-da-saudehtmgtgt Acesso em 10 mar

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Revista espaccedilo para sauacutede 2006 Disponiacutevel emlt

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10 mar 2014

KORNIS G E M BRAGA M H ZAIRE C E F 2008 Os marcos legais

das Poliacuteticas de Medicamentos no Brasil contemporacircneo (1990-2006) Ver

APS v11n 1 p 85-99 janmar 2008

LIMA A L G S PINTO M M S Fontes para a historia dos 50 anos do

Ministeacuterio da Sauacutede Hist cienc sauacutede-Manguinhos vol10 no3 Rio de Janeiro

SetDez 2003

55

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010

MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em

lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014

OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de

medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio

de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt

httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-

311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014

POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa

revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG

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PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S

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desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532

RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica

Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014

SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes

Satildeo Paulo Brasiliense 1984

SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o

processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS

UERJ Disponiacutevel em

56

lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt

Acesso em 20 abr 2014

SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

Min Da Sauacutede 2002

VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 55: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

55

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE 2010 Da excepcionalidade agraves linhas de cuidado o

Componente Especializado da Assistecircncia Farmacecircutica Brasiacutelia-DF 2010

MINISTEacuteRIO DE SAUacuteDE 2014 Assistecircncia Farmacecircutica Disponiacutevel em

lthttpportalsaudesaudegovbr gt Acesso em 20 ago 2014

OLIVEIRA E A LABRA M E BERMUDEZ J A produccedilatildeo publica de

medicamentos no Brasil uma visatildeo geral Cad Sauacutede Puacuteblica vol22 no11 Rio

de Janeiro Nov 2006 Disponiacutevel em lt

httpwwwscielosporgscielophppid=S0102-

311X2006001100012ampscript=sci_arttext gt Acesso em 20 mar 2014

POLIGNANO MV Historia das politicas de sauacutede no Brasil uma pesquisa

revisatildeo Biblioteca Virtual Internato Rural Faculdade de Medicina da UFMG

2001 Disponiacutevel em

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em 02 mar 2014

PORTELA A S LEAL A A F WERNER R P B SIMOtildeES M O S

MEDEIROS A C D Poliacuteticas Puacuteblicas de medicamentos trajetoacuteria e

desafios Rev Ciecircnc Farm Baacutesica Apl 2010 31(1)09-14 ISSN 1808-4532

RIO DE JANEIRO 2014 Assistecircncia em Sauacutede Assistecircncia Farmacecircutica

Disponiacutevel lthttpwwwsauderjgovbrgt Acesso em 28 ago 2014

SEVCENKO N A Revolta da Vacina mentes insanas em corpos rebeldes

Satildeo Paulo Brasiliense 1984

SOUZA R R 2002 Construindo o SUS a loacutegica do financiamento e o

processo de divisatildeo de responsabilidades entre as esferas de governo IMS

UERJ Disponiacutevel em

56

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Acesso em 20 abr 2014

SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

Min Da Sauacutede 2002

VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 56: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

56

lthttpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesmonografia_construindo_suspdfgt

Acesso em 20 abr 2014

SOUZA R R 2002b O Programa de Medicamentos Excepcionais Protocolos

Cliacutenicos e Diretrizes Terapecircuticas medicamentos excepcionais SAS Brasiacutelia

Min Da Sauacutede 2002

VIANNA C M M Estruturas do sistema de sauacutede do complexo meacutedico-

industrial ao meacutedico-financeiro PHYSIS Rev Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro

12(2)375-390 2002

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3
Page 57: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALbotica. (SALLES, 1971 apud POLIGNANO, 2001)) Nos três primeiros séculos de colonização, as enfermarias jesuítas, e posteriormente

57

IacuteNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATOacuteRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMAacuteRIO 7

INTRODUCcedilAtildeO 8

CAPIacuteTULO I

HISTOacuteRIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL 10

CAacutePITULO II

POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL

DE MEDICAMENTOS 26

CAPITULO III

POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA

FARMACEcircUTICA 35

CONCLUSAtildeO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

IacuteNDICE 57

  • AGRADECIMENTOS
  • SUMAacuteRIO
  • CAPIacuteTULO I 10
  • HISTORIA DA POLIacuteTICA DE SAUacuteDE NO BRASIL
    • CAPIacuteTULO II 26
    • POLITICA NACIONAL DE SAUacuteDE E POLITICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
    • CAPIacuteTULO III 35
    • POLITICA NACIONAL DE ASSISTEcircNCIA FARMACEcircUTICA
      • CONCLUSAtildeO48
      • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA51
      • IacuteNDICE57
      • FOLHA DE ROSTO2
      • AGRADECIMENTO3