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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A PEDAGOGIA DE PROJETOS COMO MECANISMO PARA A MELHORIA DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL DEYZIELLI IMBERTI ARRIVABENE PROF. DR. ANTONIO NEY VITÓRIA 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A PEDAGOGIA DE PROJETOS COMO MECANISMO PARA A MELHORIA

DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

DEYZIELLI IMBERTI ARRIVABENE

PROF. DR. ANTONIO NEY

VITÓRIA

2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A PEDAGOGIA DE PROJETOS COMO MECANISMO PARA A MELHORIA

DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

OBJETIVOS:

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Cândido Mendes – Instituto A Vez do Mestre como requisito para aprovação no curso de pós-graduação à distância em Supervisão Escolar.

Deyzielli Imberti Arrivabene

VITÓRIA

2010

AGRADECIMENTOS

Ao meu marido Diego Arrivabene que me

acompanhou durante toda a realização do curso,

dando força e incentivo para que eu concluísse mais

esta etapa de minha formação profissional.

Ao meu co-orientador, o Professor Esp. Gilberto

Santos Crespo, pela sua orientação, competência e

atenção, direcionadas a mim, para a realização

desta pesquisa.

Às Supervisoras das escolas de Educação Infantil

das redes pública e privada, do município de

Vitória/ES, que me receberam com paciência e

colaboraram respondendo ao questionário,

propiciando a obtenção dos dados fundamentais

para a pesquisa.

DEDICATÓRIA

A Deus, por ser o condutor de minha vida e não permitir que desanimasse diante das dificuldades.

Aos meus pais, que sempre me apoiaram e incentivaram a chegar até a conclusão de mais esta etapa de minha carreira profissional, pelo carinho, amor e confiança depositados.

Aos Supervisores Escolares, que dedicam seu trabalho em busca de inovações e superações principalmente no âmbito da Educação Infantil.

RESUMO

Uma das propostas de ensino bastante discutidas na Educação Infantil é

o trabalho pautado na Pedagogia de Projetos, desenvolvido a partir da

realidade do aluno, de forma a integrar as diferentes áreas de conhecimento.

Para realizar tal trabalho eficientemente, é fundamental que o Supervisor

Escolar tenha fundamentação teórica sobre tal Pedagogia, conscientizando-se

da relevância de sua utilização no processo ensino-aprendizagem para que

consiga de forma positiva, orientar os professores em seus trabalhos

educacionais. Diante do que foi exposto, surge o seguinte problema: “Como

contribuir para que o Supervisor Escolar proporcione a melhoria da prática

pedagógica na Educação Infantil, pautando-se na estrutura da Pedagogia de

Projetos?” Para tentar solucioná-lo, foi redigido o seguinte objetivo geral:

Elaborar algumas sugestões que contribuam para a melhoria da prática

pedagógica na Educação Infantil, pautadas na estrutura da Pedagogia de

Projetos; e também proposto os seguintes objetivos específicos: Escrever um

breve histórico sobre a Pedagogia de Projetos e algumas definições

pertinentes; Descrever como a Pedagogia de Projetos pode ser utilizada pelo

Supervisor Educacional a fim de orientar os seus professores a desenvolverem

um trabalho pleno com seus alunos; Organizar algumas sugestões de projetos,

pautados na estrutura da Pedagogia de Projetos, como mecanismo para a

melhoria da prática pedagógica na Educação Infantil.

METODOLOGIA

O presente trabalho será desenvolvido através do método teórico, que

será feito por meio de uma revisão bibliográfica, fundamentada em diversos

autores, como: Jolibert (1994), que aponta novas estratégias para a

transformação da escola com um trabalho recíproco entre professor e aluno. O

educador espanhol Fernando Hernández (1998), que tem como principal

proposta reorganizar as tradicionais disciplinas por projetos de trabalho.

Nogueira (2001 e 2005), que defende que os projetos podem ser uma “solução”

e não um “serviço a mais” para o professor. Araújo e Costa (2002) que

apresenta o modelo de projeto a ser seguido, que foi escolhido como padrão

para este trabalho, Mediano (1998) que fala da importância da figura do

Supervisor Educacional neste processo de aprendizagem por Projetos, entre

outros. O método empírico ocorrerá por meio da aplicação de um questionário

a 05(cinco) supervisoras da Educação Infantil, da rede pública e 04(quatro)

supervisoras da Educação Infantil da rede privada de ensino do município de

Vitória-ES, totalizando 09 (nove) entrevistados. A pesquisa será realizada num

período de cinco dias e o instrumento utilizado será um questionário com

perguntas sobre o conhecimento e aplicação da Pedagogia de Projetos pelos

Supervisores Educacionais.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

PEDAGOGIA DE PROJETOS: HISTÓRICO E DEFINIÇÕES 10

1.1 Um Breve Histórico Sobre Pedagogia De Projetos 11

1.2 Algumas Definições Sobre Pedagogia De Projetos 16

CAPÍTULO II

A UTILIZAÇÃO DA PEDAGOGIA DE PROJETOS PELO SUPERVISOR

EDUCACIONAL 18

2.1 Tipos De Projetos, Como Mecanismo Para A Melhoria Da Prática

Pedagógica Na Educação Infantil e sua estrutura. 21

CAPÍTULO III

PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA 29

3.1 Algumas Sugestões De Projetos, Pautados Na Estrutura Da Pedagogia De

Projetos, Como Mecanismo Para A Melhoria A Prática Pedagógica Na

Educação Infantil. 31

CONCLUSÃO 47

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Participação no planejamento dos trabalhos 30

Gráfico 2 – Estudo sobre pedagogia de projetos 31

Gráfico 3 – Definição de pedagogia de projetos 32

Gráfico 4 – Modo de elaboração de projetos na escola 33

Gráfico 5 – Conhecimento sobre as etapas de um projeto 34

Gráfico 6 – Explicação da estrutura do projeto 34

Gráfico 7 – Realização do diagnóstico da turma 35

Gráfico 8 – Modo de elaboração de projetos feitos pelos professores 36

8

INTRODUÇÃO

No âmbito da educação, está em debate constante a formação dos

profissionais, à qual não é dada a devida importância, para que se formem

profissionais críticos que busquem inovar suas práticas educativas.

Mediante essa realidade, é extremamente importante que os

Supervisores Educacionais das escolas de Educação Infantil sejam

despertados para a necessidade de garantir um ensino de qualidade, que

envolva desde os materiais didático-pedagógicos até a formação de

profissionais qualificados, que sejam capazes de atender aos avanços

educacionais. É necessário ressaltar que o Supervisor Escolar não forma

profissionais, mas pode contribuir para a sua capacitação através de cursos,

seminários e etc, ou até mesmo na indicação de cursos para a Formação

Continuada dos seus professores.

Nessa perspectiva, o interessante é investir em uma proposta de

formação voltada para a prática pedagógica baseada na reflexão, na realidade

escolar e no currículo vivido, o que consiste no tema do trabalho: Pedagogia de

Projetos. Acredita-se que, na Educação Infantil, essa proposta de trabalho

surte maior efeito, pois, é nesse período que a criança se desenvolve, adquire

e produz novos conhecimentos, simultaneamente.

No entanto, há necessidade de conhecer com profundidade, em que

consiste a Pedagogia de Projetos, suas estruturas e funcionalidade, para que

assim os supervisores educacionais possam orientar os profissionais da

Educação Infantil a elaborem situações estimuladoras e favoráveis de ensino,

para que ocorra uma aprendizagem significativa.

Diante do que foi exposto, surge o seguinte problema: “Como contribuir

para que o Supervisor Escolar proporcione a melhoria da prática pedagógica

na Educação Infantil, pautando-se na estrutura da Pedagogia de Projetos?”

9

Para que se possa de fato contribuir para a melhoria da prática

pedagógica na Educação Infantil, é preciso uma certeza dos reais

conhecimentos, acerca da Pedagogia de Projetos, que os supervisores

possuem para orientar os professores, para que estes possam se valer deste

estudo para executarem um trabalho mais contextualizado, em relação às

necessidades ou curiosidades apresentadas pelos alunos. Para realizar tal

trabalho eficientemente o profissional da Educação deve ter fundamentação

teórica sobre tal Pedagogia, conscientizando-se da relevância de sua utilização

no processo ensino-aprendizagem.

A Pedagogia de Projetos permite vivenciar uma escola apoiada na

realidade, no entanto, percebe-se que isso não é o que ocorre em grande parte

das escolas de Educação Infantil. Baseado nesse fato, o objetivo geral do

presente trabalho será: Elaborar algumas sugestões que contribuam para a

melhoria da prática pedagógica na Educação Infantil, pautadas na estrutura da

Pedagogia de Projetos; e também propõe os seguintes objetivos específicos:

• Escrever um breve histórico sobre a Pedagogia de Projetos e

algumas definições pertinentes.

• Descrever como a Pedagogia de Projetos pode ser utilizada pelo

Supervisor Educacional a fim de orientar os seus professores a

desenvolverem um trabalho pleno com seus alunos.

• Organizar algumas sugestões de projetos, pautados na estrutura da

Pedagogia de Projetos, como mecanismo para a melhoria da prática

pedagógica na Educação Infantil.

Esta pesquisa apresenta grande relevância na área da educação, pois

poderá servir como fonte de consulta para estudantes e profissionais da área,

especialmente os da Educação Infantil, proporcionando, dessa forma,

possibilidade para aprimorar conhecimentos teóricos e, conseqüentemente,

para melhoria da prática educativa.

10

CAPÍTULO I

PEDAGOGIA DE PROJETOS: HISTÓRICO E

DEFINIÇÕES

A Educação Infantil é uma das etapas mais importantes para o

desenvolvimento integral do ser humano. Os estímulos que uma criança

recebe, nos primeiros anos de vida, definem seu sucesso escolar e seu

desenvolvimento.

Percebe-se que o trabalho docente atual deve ser pautado na

necessidade de se trabalhar o que realmente é significativo para o aluno. Com

base nesse fato, surge a Pedagogia de Projetos.

Em relação a esse assunto, Souto - Maior (apud OSTETTO, 2000, p.

196) afirma que "Tal projeto de trabalho pode nascer de qualquer situação

acontecida no grupo, desde que a educadora a julgue importante para

favorecer a produção e a construção do conhecimento das crianças".

Portanto, observa-se que o trabalho realizado a partir de projetos deve

ser contextualizado, tendo função plena de atingir a um objetivo

preestabelecido a partir da observação do professor em relação às

necessidades ou curiosidades apresentadas pelo aluno.

Mas, para que esse trabalho seja eficiente, é necessário que seja

também significativo para o Supervisor, que orienta o professor, e o professor,

que por sua vez é o condutor do seu desenvolvimento, possibilitando a

compreensão do que é um projeto e quais são suas vantagens, podendo

esclarecer suas dúvidas e inquietações em relação ao assunto.

Neste capítulo constará um breve histórico sobre o surgimento da

Pedagogia de Projetos como prática pedagógica e algumas de suas definições.

11

1.1 Um breve histórico sobre pedagogia de projetos

John Dewey, educador, filósofo, falecido em junho de 1952, de acordo

com Machado (2006), foi o intelectual mais importante dos Estados Unidos da

América no século XX. Esse destacado filósofo, psicólogo e pedagogo,

posicionou-se a favor do conceito de Escola Ativa, na qual o aluno tinha de ter

iniciativa, originalidade e agir de forma cooperativa.

O referido autor complementa que Dewey acreditava que escolas que

atuavam dentro de uma linha de obediência e submissão, não eram efetivas

quanto ao processo de ensino-aprendizagem. Seus trabalhos alinhavam-se

com o pensamento liberal norte-americano e influenciaram vários países,

inclusive o movimento da Escola Nova no Brasil.

Dentre muitas, as duas principais idéias da Escola Nova eram: a defesa

da escola pública e gratuita e a necessidade da implantação de experiências

práticas nas salas de aulas. Dewey era um grande defensor do direito de todas

as classes sociais à educação.

De acordo com Ferrari (2006), foi o educador Anísio Teixeira que trouxe

esse movimento para o Brasil, juntamente com as idéias de Dewey, e as

introduziu na educação brasileira, a partir da década de 30.

Nota-se que outros teóricos também perceberam que as idéias de

Dewey eram completamente voltadas para a prática de uma escola onde o

aluno tivesse vez e principalmente voz. Uma escola em que ele atuava como

parte integrante do processo de aprendizagem, independentemente de sua

classe social.

Nesse sentido, Ferrari (2006, p. 32-33) aponta que:

Dewey definia a aprendizagem como um processo ativo e criou a expressão 'escola ativa' para denominar o ensino baseado em experiências práticas. 'Todo conhecimento autêntico vem da experiência', dizia. Essa foi uma das bases do movimento da Escola Nova, que ganhou força principalmente após a divulgação, em 1932, do Manifesto da Escola Nova.

12

A finalidade do documento era de pregar a universalização da escola

pública e gratuita.

Ao conhecer com mais profundidade as teses de John Dewey, segundo

Ferrari (2006), Anísio Teixeira deixou-se tomar pelas idéias de democracia e de

ciência, as quais apontavam a educação como sendo o ponto de partida para

as transformações necessárias para um Brasil que buscava se modernizar.

É nesse contexto que, em 1932, foi publicado o Manifesto dos Pioneiros

da Educação Nova, escrito por Fernando de Azevedo e assinado por vários

intelectuais da época.

O escolanovismo desenvolveu-se no Brasil no momento em que o país sofria importantes mudanças econômicas, políticas e sociais. O acelerado processo de urbanização e a expansão da cultura cafeeira trouxeram o progresso industrial e econômico para o país, porém, com eles surgiram graves conflitos de ordem política e social, acarretando assim uma transformação significativa da mentalidade intelectual brasileira. No cerne da expansão do pensamento liberal no Brasil, propagou-se o ideário escolanovista (GALLO, 2005, apud FERRARI, 2006, p. 34).

Percebe-se que o movimento da Escola Nova, no Brasil, está

diretamente ligado às concepções de Dewey. Ele acreditava que a educação

seria o único meio realmente efetivo para a construção de uma sociedade

democrática, que respeite as características individuais, inserindo o indivíduo

em seu grupo social como parte integrante e participativa de um todo.

A Pedagogia de Projetos, de acordo com Hernández (1998), é uma

prática educativa que teve reconhecimento em 1919, quando foi levada à sala

de aula por Willian Kilpatrick, que era um discípulo de John Dewey. Ele foi

seguidor de suas idéias e contribuições, que enriqueceram o processo

educacional. Para idealizar a Pedagogia de Projetos, baseou-se principalmente

na idéia de que o pensamento tem sua origem numa situação problemática.

Partiu do pressuposto da importância de se desenvolver no espaço escolar,

atividades com intenções definidas.

Desde sua origem, a Pedagogia de Projetos recebeu várias

denominações, assim definidas por Ferrari (2006): Home Projects (DEWEY),

Sistema de Projetos (KILPATRICK), Método de Projetos (ANÍSIO TEIXEIRA E

13

LOURENÇO FILHO), Projetos de Trabalho (HERNÁNDEZ) e Pedagogia de

Projetos (NOGUEIRA e JOLIBERT).

Em meados dos anos 80, segundo a referida autora, surgiram vários

pesquisadores que retomaram as idéias de Dewey e Kilpatrick, entre os

principais tem-se Gardner, que é psicólogo americano, criador da Teoria das

Inteligências Múltiplas. Essa teoria indica a existência de inteligências distintas,

ou seja, diferentes maneiras de perceber e conhecer o mundo.

A autora complementa que, concordando com a opinião de Dewey, de

que se aprende quando são compartilhadas as experiências, Gardner também

acredita que escola deve ser uma continuação do dia-a-dia do aluno.

De acordo com Nogueira (2001), a Pedagogia de Projetos está vinculada

à Teoria das Inteligências Múltiplas com as quais todos nascem. Porém, de

acordo com as vivências de cada um, os estímulos, as histórias de vida e as

competências vão se desenvolvendo.

Além de Gardner e Nogueira, pode-se destacar o educador espanhol

Fernando Hernández, que estuda a reorganização dos currículos escolares por

meio dos projetos, desconsiderando a divisão pelas tradicionais disciplinas.

De acordo com Hernández (1998, apud Ferrari, 2006, p. 42),

[...] o professor deve abandonar aquele velho papel de transmissor de conteúdos (informação) e desempenhar o papel de orientador, a fim de que a aprendizagem (conhecimento) seja construída pelo próprio aluno. [...] o primeiro passo é eleger um tema, eleger uma dúvida inicial e começar a pesquisar sobre o assunto. Cabe ao professor saber aonde quer chegar, e assim, estabelecer um objetivo e exigir que as metas sejam cumpridas.

Analisando o exposto, é possível constatar que essa é a maneira como

um projeto deve ser organizado e aplicado, a partir da interação entre professor

e aluno, seguido de pesquisa e busca aos questionamentos estabelecidos por

todos.

Embora muitas definições, contribuições e possibilidades sobre os

projetos tenham sido desenvolvidas, ainda se verificam críticas em relação a

essa concepção.

14

Hernández (1998) aponta algumas críticas mais relevantes, afirmando

que com os projetos, deixavam de ser solicitados conteúdos, não se realizava

um trabalho sistemático e se perdia o rigor lógico das matérias disciplinares.

Observa-se, contudo, que a preocupação maior dos críticos está em

desorganizar a estrutura do ensino tradicional vigente, pois eles também

colocam o projeto como "[...] uma espécie de mistura de conteúdos e causador

da desordem geral que poderia presidir em toda a escola" (HERNÁNDEZ,

1998, p. 68).

A partir da metade dos anos 70, surgem novas denominações em

relação aos projetos. Agora, denominado trabalho por temas, foi ressaltado

novamente em meio a diversos conflitos sociais da época.

Essa denominação repercutiu com êxito nos Estados Unidos, em relação

às idéias de Piaget sobre o desenvolvimento da inteligência. A questão foi "[...]

que conceitos ensinamos e com que critérios selecionamos?" (HERNÁNDEZ,

1998, p. 69). Como resposta a essa indagação, Bruner (apud

HERNÁNDEZ, 1998, p. 69) afirma que "[...] o ensino deveria centrar-se em

facilitar o desenvolvimento de conceitos- chave a partir das estruturas das

disciplinas".

Nessa perspectiva, observa-se que é, por meio dos trabalhos por temas,

que são desenvolvidos os trabalhos em sala de aula. Na verdade, a função do

professor era ensinar conceitos e estratégias, sem se preocupar se o aluno

possuía ou não um conhecimento prévio em relação ao tema abordado.

Já nos anos 80, de acordo com Hernández (1998), ocorreu o auge do

Construtivismo e dos trabalhos por projetos, pois é quando acontece uma

revolução na forma de compreender como ocorre o ensino e a aprendizagem e

as concepções sobre o conhecimento; valorizam-se a interação aluno-

professor e o pensamento crítico estimulado por temas geradores.

Quanto à aprendizagem significativa, Bruner (apud HERNÁNDEZ, 1998,

p. 72) enfatiza que "[...] aprender a pensar criticamente requer dar significado à

15

informação, analisá-la, sintetizá-la, planejar ações, resolver problemas, criar

novos materiais ou idéias... e envolver-se mais na tarefa de aprendizagem".

Nessa visão, percebe-se que a educação não é mais de caráter

estímulo-resposta. Com a concepção e modelo construtivista, a educação

passa a ocorrer baseada na troca, na interação entre professor, aluno e o meio.

É necessário elaborar aulas significativas, que envolvam o aluno, que o

conduzam a pensar, a refletir. Isso acontece no final dos anos 80 e início dos

anos 90, quando surge a Pedagogia de Projetos, que sugere uma educação

desafiadora, em que aluno e professor trabalham juntos. E a referida

concepção de ensino traz como meta a formação de cidadãos.

Entre muitas perspectivas, talvez a maior tenha sido a que foi marcada pela relevância da visão construtivista sobre a aprendizagem e, em particular, a idéia de que o conhecimento existente na aprendizagem exerce uma poderosa influência em como se adquire novo conhecimento (HERNÁNDEZ, 1998, p. 72).

Diante do exposto, é possível constatar que aprender está muito além de

apenas acumular informações, recebê-las como verdade única e memorizá-las.

Aprender é estar em interação com o meio e nessa relação de troca,

estabelecer novos conceitos e assimilar os conhecimentos.

Nos dias atuais, percebe-se que as escolas buscam desenvolver

trabalhos de acordo com o que sugere a Pedagogia de Projetos, mesmo que

de forma equivocada.

É o que afirma Nogueira (2005, p. 31):

Historicamente os projetos aparecem como prática educativa desde que Kilpatrick, em 1919, levou à sala de aula algumas das contribuições de Dewey, porém, nos dias de hoje, eles ressurgem como proposta da prática para a mediação do desenvolvimento das habilidades e competências.

Mediante o exposto, percebe-se que apesar de as idéias sobre a

Pedagogia de Projetos terem surgido há tanto tempo, ainda hoje ela

permanece sendo considerada uma das melhores opções utilizadas na prática

educativa, a fim de formar cidadãos autênticos e reflexivos.

16

1.2 Algumas definições sobre pedagogia de projetos

Em muitas escolas do país, a proposta de tratar conteúdos por meio de

trabalho coletivo no lugar de uma aula expositiva, tornou-se, de acordo com

Ferrari (2006), um dos pontos mais discutidos nas reuniões de planejamento

escolar.

Portanto, optar por um trabalho cooperativo, ou seja, pela Pedagogia de

Projetos, é adotar uma nova postura educacional. É permitir que o aluno seja

sujeito de sua própria aprendizagem.

Segundo Nery (2006, p. 121) “Essa organização do trabalho pedagógico

prevê um produto final, cujo planejamento tem objetivos claros,

dimensionamento do tempo, divisão de tarefas e, por fim, a avaliação final em

função do que se pretendia”

Assim, todas as ações devem ser realizadas de forma compartilhada,

discutida e organizadas com o grupo de alunos. Cada aluno cria

responsabilidade e autonomia ao realizar as tarefas estabelecidas, o que

proporciona um bom resultado ao projeto.

O sistema de projetos é uma atividade que pode envolver todos os alunos ou grupos deles, durante um tempo pré-determinado. O tema do projeto deve ser de interesse dos alunos, bem como de interesse da comunidade local. O desenvolvimento do projeto deve envolver trabalho manual e intelectual simultaneamente [...] ele exige um ensino globalizado, em que todas as disciplinas se voltem para a resolução dos problemas que se colocaram durante a sua execução (DI GIORGI, 1992, apud FERRARI, 2006, p. 44).

Porém, essa proposta de trabalho, de acordo com Louzada (1999), pode

ser realizada de forma equivocada, pois a falta de conhecimento dos

profissionais sobre essa prática pode contribuir para a defasagem do processo

educacional.

Sobre a pedagogia de projetos, Kilpatrick (1974, apud LIMA, 2006)

assim a define:

É uma experiência valiosa, unitária, intencional, intensamente auto-motivada e realizada em situação real, cujo objetivo determina os

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rumos das atividades e guia os seus passos até sua completa realização. Só uma atividade aceita e projetada pelos alunos pode fazer da vida escolar uma vida que eles sintam que vale a pena viver.

É possível constatar que, com sua própria realidade, o aluno tem a

possibilidade de articular e criar desafios e com eles ampliar sua visão crítica,

apropriando-se dos recursos que estiverem à sua volta.

De acordo com Nogueira (2001, p. 76) "Um projeto na verdade é, a

princípio, uma irrealidade que vai se tornando real, conforme começa ganhar

corpo a partir da realização de ações e, conseqüentemente, as articulações

destas".

Dessa forma, entende-se que a elaboração de um projeto antecede

necessidades, desejos, ilusões, o que impulsiona o professor no ato de

planejar.

Nogueira (1998, p. 38) afirma ainda que:

Os projetos na realidade são verdadeiras fontes de criação. Que passam sem dúvida por processos de pesquisas, aprofundamento, análise, depuração e criação de novas hipóteses, colocando em prova a todo o momento as diferentes potencialidades dos elementos do grupo, faz com que os alunos busquem cada vez mais informações, materiais, detalhamentos, etc, fontes estas de constantes estímulos no desenrolar do desenvolvimento de suas competências.

Percebe-se nitidamente que o planejamento é um importante momento

em que o professor elabora suas ações pedagógicas, desde o momento do

diagnóstico até a avaliação final.

O ato de planejar permite prever as condições mais coerentes para se

alcançar os objetivos estabelecidos, e permite dispor de critérios para todo o

processo.

Referente à aplicação da Pedagogia de Projetos na prática educativa, o

maior desafio é conhecer cada aluno, como ele realmente é, saber o que ele é

capaz de fazer e centrar a educação em suas capacidades, forças e interesses.

18

CAPÍTULO II

A UTILIZAÇÃO DA PEDAGOGIA DE PROJETOS PELO

SUPERVISOR EDUCACIONAL

A Pedagogia de Projetos, quando utilizada pela escola, possibilita ao

professor trabalhar de forma coerente e organizada. Proporciona ao aluno

condições de expor suas idéias, confrontando seu pensamento com o

professor, tornando-se mais independente e adquirindo mais

responsabilidades. Portanto, trabalhar com a Pedagogia de Projetos significa

abranger resultados de ambas às partes, tanto do professor, como do aluno,

em que as definições são aplicadas, rompendo as limitações.

Segundo Gardner (apud NOGUEIRA, 2001, p. 80) "[...] um projeto

fornece uma oportunidade para os estudantes disporem de conceitos e

habilidades previamente dominados a serviço de uma nova meta ou

empreendimento".

Percebe-se que todo projeto de trabalho deve ter um objetivo

compartilhado pelos envolvidos para se chegar a um produto final, em função

do qual os participantes atuem.

Em relação à importância da participação do Supervisor Educacional

neste processo, Mediano (1998, p. 1) afirma que:

"Em todos esses trabalhos, o que sobressai, como principal fator para o sucesso da escola, é a presença de um supervisor que vê sua tarefa como essencialmente pedagógica, que está junto com os professores, discutindo com eles os problemas e buscando as soluções, conhecendo as crianças, enfim, o fato de a escola contar com alguém preocupado com o ensino e que busca meios de auxiliar o professor a tornar sua tarefa menos árdua contribui sobremaneira para o sucesso da escola."

É neste sentido que se verifica a tão grande importância da participação

do Supervisor Educacional neste processo de construção do conhecimento a

partir da realidade vivida. É este profissional que orienta, analisa e avalia o

19

trabalho do professor. E a este cabe saber aonde quer chegar, estabelecer um

objetivo e exigir que as metas sejam cumpridas. O professor será apenas o

mediador do processo, facilitando as etapas do projeto, pois quem realmente

trabalha e interage são os alunos. Quando um projeto é construído com

informações fornecidas pelos alunos, ele se torna uma fonte valiosa de

trabalho. Ensinar aos alunos a interpretar a realidade, além de ser uma forma

mais fácil e agradável, ajuda-os a serem flexíveis, possibilitando a

compreensão do seu próprio espaço cultural e até o dos outros.

Contudo, não se pode deixar de frisar o que Mediano (1998) coloca que

mediante a esta proposta de trabalho pedagógico "(...) vemos crescer a

convicção de que um supervisor com visão pedagógica de sua tarefa,

desenvolvendo seu trabalho junto e com os professores, é o mais forte agente

de formação e transformação da prática do professor."

E considerando que a figura do Supervisor Educacional enriquece a

base deste processo de aprendizagem, faz-se importante conhecer as suas

funções a serem desenvolvidas dentro da escola.

O Supervisor Educacional é o responsável pela parte pedagógica e

também é o elo entre o diretor e demais membros da equipe pedagógica, a ele

cabendo a função de orientar e acompanhar o desenvolvimento das atividades

do processo ensino-aprendizagem, propondo novas metodologias e sugerindo

alternativas que possam solucionar problemas existentes. A ele compete:

• Estabelecer parceria junto ao professor regente para que ambos

reflitam, critiquem e indaguem sobre os seus desempenhos, como profissionais

da Escola;

• Acompanhar os planejamentos, propondo soluções para o total

atendimento da instituição;

• Orientar aos professores quanto a métodos e dinâmicas que

possam facilitar e motivar o aluno a aprender;

20

• A responsabilidade pelo recebimento e análise prévia das

atividades;

• Propor e participar dos momentos criados para que se reciclem

professores e funcionários;

• Planejar e realizar reuniões pedagógicas com os professores e

equipe em geral, por unidade de atuação;

• Organizar e participar de reuniões de pais e/ou responsáveis;

• Acompanhar e apresentar avaliação de desempenho da equipe

de profissionais. Entre outras tarefas.

Constata-se, contudo, que o trabalho dos profissionais da educação em

especial da Supervisão Educacional é traduzir o processo pedagógico em

curso, elucidar a quem ele e, com base nas condições concretas dadas,

promover necessárias articulações para construir alternativas que ponham a

educação a serviço do desenvolvimento de relações verdadeiramente

democráticas, que visa à formação de indivíduos autônomos.

Para desenvolver o trabalho idealizado por Ferreira (2003):

“O supervisor faz a transposição da teoria para a prática escolar, reflete sobre o trabalho em sala de aula, estuda e usa as teorias para fundamentar o fazer e o pensar dos docentes. Um bom supervisor deve apresentar em seu perfil as seguintes características: auxiliador, orientador, dinâmico, acessível, eficiente, capaz, produtivo, apoiador, inovador, integrador, cooperativo, facilitador, criativo, interessado, colaborador, seguro, incentivador, atencioso, atualizado, com conhecimento e amigo.”

A Supervisão Escolar passa então a ser uma ferramenta de atuação que

tem como principio o fazer, o agir, o movimentar, o envolver-se, o modificar e

para isto é necessário que esteja firmado em nossa essência o querer fazer a

diferença na educação dos novos indivíduos que estão a se formar.

21

2.1 Tipos de projetos, como mecanismo para a melhoria da

prática pedagógica na educação infantil e sua estrutura

Para que haja uma melhor compreensão, por parte do Supervisor

Escolar, sobre os reais objetivos e suas diferentes situações de atividades

elaboradas, os projetos, de acordo com Jolibert (1994), se distinguem em três

tipos e podem ocorrer, simultaneamente, no processo ensino-aprendizagem.

São eles:

a) Projeto referente à vida cotidiana

De acordo com Jolibert (1994, p. 34) "[...] é essencial o funcionamento

da turma. Ele se baseia nas estruturas que permitem que as crianças assumam

a organização da vida coletiva".

Os projetos referentes à vida cotidiana permitem que os alunos se

expressem de acordo com sua própria vivência, organizando suas idéias,

dividindo responsabilidades, o que os torna mais críticos e autônomos. O tema

deve ser significativo e o professor precisa estar atento, pois um simples

comentário pode ser um tema interessante para a turma.

Desenvolver com o aluno um trabalho de sua realidade é permitir que

ele se organize com o grupo, pois a sua realidade pode ser também a dos

demais, o que permite que dêem sentido às atividades realizadas.

b) Projetos de empreendimentos

Segundo Jolibert (1994, p. 35) "A produção escrita não é mais um

exercício escolar consignado em um caderno: torna-se uma necessidade e

uma atividade real".

22

Portanto, trabalhar com projetos de empreendimentos requer ampliar as

atividades complexas. As atividades de escrita são fundamentais para que

ocorra a aprendizagem, porém, torna-se mais significante para o aluno quando

transformada em ação e/ou produto. Por meio de uma pesquisa, o professor

pode conduzir o aluno e elaborar um projeto de empreendimento.

Esse tipo de projeto proporciona ao aluno autonomia, o que faz com que

ele se sinta seguro de si mesmo.

c) Projetos de aprendizado

Para Jolibert (1994, p. 35) "A escola não é mais o lugar para

transmissão de conhecimentos do professor às crianças que recebem um

ensinamento".

Para a autora, educar, hoje, não é simplesmente transmitir

conhecimento, requer que o aluno seja estimulado. O trabalho com projetos de

aprendizado atende a essa necessidade, pois o aluno é conduzido a saber o

que está fazendo, e o porquê de estar realizando tal atividade. Isso facilita ao

professor avaliar os conhecimentos prévios do aluno, e com base nesse fato,

fazer uma rápida atualização sobre o que resta ser feito.

De acordo com a concepção de Jolibert (1994, p. 35),

[...] trata-se não só de produzir a cada vez um texto adaptado a uma determinada situação, mas também de aprender a produzi-lo de forma que, logo depois, cada criança possa mobilizar suas competências de maneira autônoma, transpondo-as para novas situações.

O aluno possui seus objetos, cria suas próprias situações ou se envolve

nelas. Precisa desenvolver em sua aprendizagem, situações que sirvam como

fonte de informação que favoreça a ampliação da sua autonomia nas tarefas e

propicie a construção de suas próprias competências. Assim, "[...] ao participar

de um projeto, o aluno está envolvido em uma experiência educativa, em que o

23

processo de conhecimento está integrado às práticas vividas" (JOLIBERT apud

GIROTTO, 2006).

É importante ressaltar que a autora alerta para o fato de que os projetos

podem ter durações variadas, podendo se desenvolver em um ano, mês,

semana ou, até mesmo, um dia. Essas afirmações revelam o caráter flexível do

planejamento dos projetos, e a possibilidade de ocorrência de vários projetos

ao mesmo tempo, desde que esses estejam ligados por um fio condutor.

d) Estrutura de um projeto

É com o intuito de nortear atividades didáticas e valorizar o envolvimento

dos alunos na construção de sua aprendizagem que "[...] os trabalhos

escolares vêm sendo pautados em torno dos trabalhos por projetos, que é

chamado por muitos educadores de Pedagogia de Projetos" (LOUZADA, 1999,

p. 13). É adotada como proposta de trabalho, principalmente na Educação

Infantil. Sendo assim, de acordo com os estudos Araújo e Costa (2002), pode-

se estruturar um projeto com os seguintes componentes:

a) Objeto social do conhecimento

Conhecimento de mundo.

b) Conteúdo específico

Assunto que se trata no projeto.

c) Perfil do grupo

Especifica o número de alunos que compõem o grupo, quantos meninos

e meninas e qual a faixa etária.

24

d) Justificativa

Justifica-se o porquê da escolha do tema. Qual a sua relevância, em que

contribuirá para ampliar os conhecimentos dos alunos.

e) Objetivo

• De aprendizado/competências: Situações em que o aluno

perceba o que se passa, que atenda às suas curiosidade ou

necessidades.

• De vida cotidiana: Situações que acontecem todos os

dias.

• De empreendimento: Ações materiais a serem realizadas.

f) Etapas

• Problematização: O que levou à escolha do tema do

projeto.

• Quadro organizacional: É um instrumento para

visualização geral do projeto. Nele, se respondem às seguintes

questões: O que sabemos? O que queremos saber? Como faremos para

saber? Em que dias da semana? Tempo de duração?

g) Áreas de conhecimento envolvidas

As disciplinas e/ou temas de estudo que serão trabalhados no decorrer

do projeto, com respectivo planejamento das atividades que serão

desenvolvidas.

h) Recursos

25

Relação de materiais e recursos audiovisuais que serão necessários

para o desenvolvimento do projeto.

i) Avaliação

A avaliação deve ser feita, durante, e ao final da realização do projeto, e

deve ter um olhar atento para os objetivos propostos, se foram alcançados ou

não.

É necessário ressaltar que: "[...] pedagogia de projetos se constitui numa

concepção de ensino [...]" (LOUZADA, 1999, p. 9). É uma idéia concebida com

o objetivo de ampliar e melhorar o processo de ensino-aprendizagem, e não

deve ser considerada como uma metodologia, pois não é embasada em formas

padronizadas, em métodos entregues já prontos para simplesmente serem

executados.

Quando falamos em Pedagogia de Projetos, estamos nos remetendo ao fato de que é importante a criança participar das decisões que serão tomadas em sala de aula, no sentido de externar as suas opiniões sobre o que será discutido, com vistas a construir e/ou reconstruir os conceitos a respeito dos temas que serão estudados de forma científica e crítica (LOUZADA, 1999, p. 17).

De acordo com o exposto, é possível constatar que a elaboração de um

projeto acontece principalmente com a opinião do grupo de alunos. Por isso, é

que o projeto é tido como auxílio na construção da autonomia, da criticidade,

da responsabilidade, da autoconfiança, enfim, de vários outros aspectos, pois

ele gera situações reais que são favoráveis para tais desenvolvimentos.

É no sentido de formar cidadãos que Louzada (1999, p. 16) afirma que

"Os trabalhos realizados por meio da Pedagogia de Projetos precisam levar em

conta a formação do indivíduo".

Daí a grande importância de se inserir o projeto já na Educação Infantil.

É nela que se inicia o processo de formação do caráter do aluno, que de

acordo com Kramer (2006 p. 17) "[...] é um sujeito social e histórico, marcado

pelas contradições das sociedades em que está inserido". Por isso, é

fundamental que o Supervisor Escolar compreenda de fato que é no período da

Educação Infantil que se tem maior possibilidade de contribuir nessa formação,

26

seja de forma positiva ou negativa, tudo depende de como será conduzido o

seu processo de conhecimento.

No entanto, para que ocorra essa formação, o professor precisa, em

primeiro lugar, observar cada um de seus alunos, seu modo de ser e o meio

em que vive. A partir da aquisição desses dados, é possível ter condições de

realizar o diagnóstico e a partir daí promover, por meio de projeto, situações de

aprendizagens ao mesmo tempo reais e diversificadas, que sejam significativas

e garantam a formação do aluno como sujeito.

Sendo assim, é possível perceber que o trabalho educacional deve ser

fundamentado no que diz respeito ao aluno, considerando sua vivência, tendo

por objetivo favorecer sua cultura e fazê-lo conhecedor de outras culturas.

Defendendo a utilização dos projetos na Educação Infantil, Araújo e

Costa (2002, p. 11) afirmam que:

Dentro de uma perspectiva de trabalhar a organização da ação educativa na educação infantil, o planejamento, a partir de projetos, emerge como uma possibilidade de enfocar diferentes áreas do conhecimento e procura trabalhar tendo em vista a execução de tarefas reais, inseridas no cotidiano das crianças, não separando 'brinquedo de trabalho'.

Portanto, é nítido que, além de acatar as opiniões dos alunos para

elaborar um projeto a ser trabalho em sala de aula, é imprescindível que o

mesmo seja elaborado de forma a promover a aprendizagem significativa,

apoiando-se sempre no lúdico, para que, dessa forma, seja prazeroso

participar desse processo de construção.

Dessa forma, a Pedagogia de Projetos pode ser utilizada nos diferentes

níveis de escolaridade, ou seja, da Educação Infantil até o Ensino Médio, pois,

em qualquer uma dessas modalidades de ensino "[...] o objetivo é atuar com

liberdade para assegurar a apropriação e a construção do conhecimento por

todos" (KRAMER, 2006, p. 22).

Mas é preciso ressaltar que, em cada modalidade de ensino, a proposta

de trabalho será elaborada de acordo com cada faixa etária, com cada

realidade e com as curiosidades e experiências dos alunos e professores.

27

Em se tratando de Educação Infantil, Araújo e Costa (2002, p. 15) afirma

que "Os projetos com as crianças da primeira infância (0 a 3 anos) têm os

temas basicamente derivados da observação [...]".

Nesse caso, o professor deve estar atento e buscar dar sentido ao modo

como os alunos se manifestam, para daí encontrar as questões referentes aos

projetos. Na segunda infância, (3 a 6 anos) a criança já tem desenvolvido sua

oralidade, domina seu próprio corpo e vivencia maiores experiências

cotidianas.

Segundo Araújo e Costa (2002, p. 16), “[...] o professor (a) deve criar

oportunidade para as crianças relatarem experiências significativas e, a partir

disso, ler a realidade do grupo e propor temáticas desafiadoras”.

Portanto, o ponto de partida para a elaboração de um projeto nessa faixa

etária é o diálogo, a exposição de experiências e interesses, para que daí surja

um projeto coerente, atraente e que atenda à necessidade do grupo naquele

momento.

O conhecimento é um processo que ocorre a partir de uma construção

coletiva e é na troca dos sentidos construídos, no diálogo e na valorização da

interação que a aprendizagem vai acontecendo. Nesse processo interativo, o

aluno não é apenas um receptor, ele também cria, transforma e contribui para a

produção de cultura.

A escola, portanto, pode servir como um espaço de pesquisa, de

reflexão, que propicie fontes e diversas áreas de conhecimento para auxiliar no

entendimento dos vários fenômenos naturais, sociais e culturais.

Quando praticado na escola, Corsino (2006, p. 58) afirma que:

O trabalho com projetos, por abordar um determinado assunto de forma contextualizada, amplia consideravelmente a gama de conhecimentos que podem ser ancorados ao tema eleito, permitindo a interdisciplinaridade e a transversalidade, além da inserção da educação de forma ampla na cultura.

Conforme o exposto acima é possível constatar que, abordando um

único tema, o projeto propicia um trabalho em que se tem a oportunidade de

articular as diversas áreas de conhecimento para que se construam saberes.

28

A Pedagogia de Projetos é uma rica fonte de trabalho, que proporciona

ao professor saber aonde quer chegar, fazendo de seus alunos sujeitos

pesquisadores e reflexivos. Essa forma de trabalho permite transformar o irreal

em real, oferecendo uma compreensão do mundo de forma prazerosa e

agradável.

29

CAPÍTULO III

PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DA

PESQUISA

Para verificar como a Pedagogia de Projetos é aplicada nas escolas de

Educação Infantil das redes públicas e privada, do município de Vitória - ES, foi

realizada uma pesquisa exploratória com a aplicação de um questionário

(ANEXO), visando a coletar dados entre os supervisores que orientam os

professores que atuam na área.

Neste capítulo, serão apresentados os resultados da pesquisa,

devidamente tabulados e analisados, diagnóstico e algumas sugestões que

contribuam para a melhoria da prática pedagógica na Educação Infantil,

pautadas na estrutura da Pedagogia de Projetos.

a) População e Amostra da Pesquisa

A pesquisa foi delimitada a 05 (cinco) supervisores de Educação Infantil,

da rede pública e a 04 (quatro) supervisores de Educação Infantil, da rede

privada de ensino. Desse total, o questionário foi aplicado a 09 (nove)

supervisores da Educação Infantil e todos o entregaram devidamente

respondido.

30

b) Coleta de Dados

A pesquisa foi realizada no período compreendido entre os dias 09 a 14

de abril de 2010, com supervisores que atuam em instituições de Educação

Infantil, das redes pública e privada do município de Vitória/ES.

Na entrega do questionário, que já possui um cabeçalho explicando a

finalidade da pesquisa, foi reforçada a necessidade de responder às questões

da maneira mais honesta possível.

c) Processamento e Análise dos Resultados

O processamento dos dados ocorreu entre os dias 15 a 20 de abril de

2010, com a utilização do programa EXCEL para a tabulação dos dados, cujos

resultados são demonstrados, nesta pesquisa, por meio de gráficos,

devidamente analisados.

GRÁFICO 1 – PARTICIPAÇÃO NO PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS

Fonte: Dados da Pesquisa.

29%

14%43%

14% Direção, pedagogos, coordenadores e professores.

Professores e supervisores.

Toda a equipe pedagógica.

Diretor, supervisor e professor.

31

Com os resultados do gráfico acima em relação à questão nº 1 “Quem

participa do planejamento dos trabalhos que são realizados pela Escola?”,

verifica-se que apenas 43% dos sujeitos pesquisados planejam as atividades a

serem desenvolvidas, com toda a equipe pedagógica. Isso é preocupante,

porque para a execução de um projeto é essencial que todos na escola

estejam envolvidos, desde a fase da elaboração, pois esse é um dos fatores

que garantem a sua eficácia. Corre-se o risco, quando não há envolvimento de

toda a equipe pedagógica, incluindo aqui os professores, de não atingir a

incentivo necessário, dos envolvidos no processo, para o alcance dos objetivos

previamente traçados.

GRÁFICO 2 – ESTUDO SOBRE PEDAGOGIA DE PROJETOS

Fonte: Dados da Pesquisa.

Analisando o gráfico acima, correspondente à pergunta nº 2 “No seu

local de trabalho é oferecido/realizado estudo sobre Pedagogia de Projetos e

suas estruturas?”, pode-se constatar que a maioria dos entrevistados (67%)

respondeu que a escola oferece e realiza estudos sobre a Pedagogia de

Projetos, e estes são realizados mensalmente entre professores e o Supervisor

Escolar. Isso é extremamente importante, porque cabe ao professor o papel de

ser o mediador da construção do conhecimento e, para isso, é de fundamental

importância que tenha subsídios teóricos para exercer de forma coerente o seu

67%

33%

Sim Não

32

trabalho em sala de aula. Porém, 33% não oferecem o estudo, pois, o trabalho

é pouco pautado na Pedagogia de Projetos. Essa evidência, apesar de não ser

maioria, é preocupante no que tange à Educação Infantil, pois inviabiliza, por

falta de fundamentação teórica suficiente, essa prática rica e inovadora.

GRÁFICO 3 – DEFINIÇÃO DE PEDAGOGIA DE PROJETOS

Fonte: Dados da Pesquisa.

Com a questão nº 3 “O que você, supervisor, entende por Pedagogia de

Projetos?”, obteve-se a porcentagem de 69% dos supervisores afirmando ser

um trabalho realizado a partir de temas estabelecidos pela escola, no início do

ano letivo, o que se torna contraditório, pois, de acordo com o referencial

teórico, deste trabalho, a Pedagogia de Projetos sugere um trabalho pautado

na pesquisa, que parta das curiosidades das crianças ou de assuntos que o

professor julga importantes. Essa contradição ocorre mesmo após a afirmação

de que a maioria das escolas oferece estudos sobre o assunto.

69%

11%

20%É um trabalho realizado a partir de temas estabelecidos pela escola no início do ano escolar.

É uma proposta de trabalho que visa oferecer informações que o professor julga serem necessárias para os alunos.

É um trabalho realizado a partir das curiosidades e necessidades apresentadas pelas crianças.

33

GRÁFICO 4 – MODO DE ELABORAÇÃO DE PROJETOS NA ESCOLA

Fonte: Dados da Pesquisa.

O resultado obtido no gráfico nº 4 sobre a questão “Como são

elaborados os projetos em sua escola?” aponta que 48% das escolas utilizam a

Pedagogia de Projetos baseadas em cópias de projetos já elaborados e

apenas 20% os elaboram. Esse resultado é preocupante, pois trabalhar com a

Pedagogia de Projetos significa trabalhar com a realidade, de forma coletiva,

entre alunos e professor. Então, há que se questionar a utilidade prática, isto é,

a transformação em conhecimentos das informações obtidas no trabalho

realizado pelas escolas, conforme o gráfico nº 2.

32%

20%

48%

Baseados na necessidade e curiosidade dos alunos

Baseados em conteúdos preestabelecidos pela escola.

Baseados em cópias de projetos já elaborados e que julga ser interessantes.

34

GRÁFICO 5 – CONHECIMENTO SOBRE AS ETAPAS DE UM PROJETO

Fonte: Dados da Pesquisa.

GRÁFICO 6 – EXPLICAÇÃO DA ESTRUTURA DO PROJETO

Fonte: Dados da Pesquisa.

De acordo com a pergunta nº 5 “Tem bem-definidas as etapas da

estrutura de um projeto?”, os sujeitos pesquisados afirmam tê-las bem-

definidas. No entanto, ao serem questionados sobre como estruturam, 44%

dizem que estruturam seus projetos em tema, atividades e avaliação e 21%

estruturam em tema, objetivos e atividades significativas. Esse resultado é de

extrema relevância, pois aponta que a minoria das escolas estrutura seus

projetos de forma coerente. É necessário que todo projeto tenha justificativa,

100%

0%

Sim Não

35%

21%

44%

É estruturado em justificativa, objetivos, problematização, atividades significativas e avaliação.

É estruturado em tema, objetivo e atividades significativas.

É estruturado em tema, atividades e avaliação.

35

objetivos, problematização, atividades e avaliação ao ser concluído, pois é

dessa forma que o educador saberá realmente quais foram os resultados

alcançados por seus alunos.

GRÁFICO 7 – REALIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DA TURMA

Fonte: Dados da Pesquisa.

Em relação à pergunta nº 6 “Antes da elaboração do projeto é feito um

diagnóstico da turma para reconhecer suas reais necessidades?”, 58% das

escolas não o realizam, enquanto 42% o fazem. Esse resultado é preocupante,

pois todo projeto deve ter um objetivo compartilhado pelos envolvidos, para

que, assim, se chegue a um produto final. Cabe ao professor saber aonde quer

chegar, estabelecer um objetivo e trabalhar para alcançá-lo. Um projeto

elaborado sem um diagnóstico prévio dos alunos torna-se um trabalho sem

rumo.

42%

58%

Sim

Não

36

GRÁFICO 8 – MODO DE ELABORAÇÃO DE PROJETOS FEITOS PELOS PROFESSORES

Fonte: Dados da Pesquisa.

Mediante a análise do gráfico nº 8 referente à questão 7 “Em sua escola,

como você, supervisor, orienta a elaboração de um projeto feito pelos

professores?”, o resultado alcançado foi que 56% dos entrevistados realizam a

elaboração dos projetos coletivamente, com toda a escola e depois,

especificamente, entre professores que lecionam com a mesma idade. Dessa

forma, o trabalho pode não se tornar tão claro, direcionado ao objetivo, pois os

professores poderão não ter condições de proporcionar aos alunos aquilo que

é condizente com suas habilidades e interesses, pois trabalharão por temas

únicos para toda a escola. Para evitar que os professores trabalhem por temas

pré-definidos pela escola, ou que predomine uma única temática, sugere-se

que seja feito um encontro por idade e depois coletivo.

d) Diagnóstico da Pesquisa

Os sujeitos pesquisados são Supervisores da Educação Infantil, pois são

eles que orientam e avaliam a ação do professor, podendo, dessa forma,

11%

33%

0%

56%

Individualmente

Coletivamente, com toda a escola.

Coletivamente, entre professores que lecionam com a mesma idade.

Coletivamente, com toda a escola e depois, especificamente, entre professores que lecionam com a mesma idade.

37

responder aos questionamentos feitos em relação aos seus trabalhos

desenvolvidos nas escolas.

O resultado obtido com a pesquisa evidenciou que 67% dos profissionais

da Educação Infantil têm participado de estudos sobre Pedagogia de Projetos.

Isso reforça que, no atual contexto da educação, muito se tem discutido sobre

a forma como tem sido estruturada. Não se tem admitido mais que o aluno seja

apenas um receptor passivo e o professor um transmissor de informações.

Ao professor cabe o papel de ser o mediador da construção do

conhecimento e, para isso, é de fundamental importância que tenha subsídios

teóricos para exercer de forma coerente o seu trabalho em sala de aula e,

assim, obter sucesso em sua prática educativa. Ao Supervisor, cabe a suma

importância de ser o mediador das informações obtidas pelos professores, afim

de que estes tenham clareza o suficiente para aplicar de forma coerente esta

proposta de trabalho.

3.1 Algumas sugestões de projetos, pautados na estrutura

da pedagogia de projetos, como mecanismo para a melhoria

a prática pedagógica na educação infantil

No decorrer da fundamentação teórica foi possível perceber que a

Pedagogia de Projetos é um mecanismo importantíssimo para os supervisores

e professores da Educação Infantil, que pretendem aperfeiçoar seus

conhecimentos, visando mudar aquilo que é preciso mudar, refletir sobre sua

prática no cotidiano escolar e adaptar-se às mudanças da Educação Infantil.

Portanto, o objetivo das sugestões de projetos apresentadas a seguir, é

oferecer ao supervisor e professor da Educação Infantil, indicadores e

subsídios para que possa inserir-se no contexto da Educação Infantil de forma

38

refletida e atualizada, com o uso seguro da Pedagogia de Projetos. Para isso,

optou-se por utilizar a estrutura apresentada por Araújo e Costa (2002).

Projeto: Brincando também se aprende

a) Objeto Social do Conhecimento: Ludicidade.

b) Conteúdo Específico: Brincadeiras

c) Perfil do Grupo: O grupo é composto de 17 alunos, 7 meninos e 10

meninas, na faixa etária de cinco anos.

d) Justificativa

Através das brincadeiras as crianças têm mais facilidade em

compreender e assimilar assuntos vinculados ao aprendizado. Com elas, vários

aspectos são desenvolvidos prazerosamente, sem exercícios repetitivos.

Nos primeiros dias de observação em um Centro de Educação Infantil

Municipal (CEIM), constatou-se que, de fato, há recreação com os alunos,

porém de forma livre durante a maioria do tempo. A brincadeira livre é

necessária e importante, mas também é imprescindível que haja brincadeiras

dirigidas, pois elas proporcionam o desenvolvimento de habilidades motoras,

sociais, emocionais e cognitivas.

e) Objetivos

• De aprendizado/competência

- Executar movimentos corporais diversos.

- Ler parlendas.

39

- Escrever receita.

- Ilustrar histórias.

• De vida cotidiana

- Combinar as regras das brincadeiras.

- Cumprir as regras estabelecidas pelo grupo.

- Produzir massa de modelar de acordo com a receita.

• De empreendimento

- Confeccionar brinquedos com sucatas.

- Realizar uma mini-gincana.

f) Etapas

• Problematização

Na roda de conversa, notou-se que os alunos gostavam muito de

brincar. Investigaram-se os tipos de brincadeiras que eles mais costumavam

brincar para que, a partir daí, fosse possível montar um repertório com outras

brincadeiras, não tão utilizadas e que não fossem somente livres. As crianças

aprovaram e, então, surgiu o projeto.

• Quadro Organizacional

O que sabemos? - Nós gostamos de brincar.

- Brincar é legal e divertido.

- Brincar de algumas brincadeiras, como:

chicotinho queimado, boca-de-forno, coelhinho

sai da toca e mais um monte.

O que queremos saber? - Quais outros tipos de brincadeiras existem?

- Como fazer uma gincana?

40

Como faremos para

saber?

- Perguntando aos pais quais brincadeiras

eles conhecem.

- Pesquisando em livros.

Em que dias da semana? - Três vezes por semana.

Tempo de duração? - 15 dias.

g) Áreas de Conhecimento Envolvidas

• Linguagem oral e escrita

- Leitura da parlenda.

- Estímulo à fala coerente.

- Verbalização dos procedimentos e regras das brincadeiras.

- Escrita de receita.

Desenvolvimento

- Ler coletivamente a parlenda

- Realizar as brincadeiras com bastante diálogo.

- Expor claramente os procedimentos das brincadeiras.

- Escrever receita da massinha de modelar.

• Artes visuais

- Ilustração da história.

- Confecção de brinquedos de sucata.

- Produção de massinha caseira.

Desenvolvimento

- Ilustrar a história utilizando giz de cera.

41

- Confeccionar brinquedos como: centopéia e flor com

material de sucata.

- Trabalhar em grupo, preparando a massinha caseira.

• Movimento

- Músicas.

- Brincadeiras recreativas dirigidas.

Desenvolvimento

- Utilizar músicas ritmadas e com coreografias.

- Brincar de: roda, passar a bola, pegar o rabo do burro,

amarelinha, morto e vivo e boca-de-forno.

• Matemática

- Seriação e classificação.

- Lateralidade.

- Identificação de formas geométricas.

- Contagem oral.

Desenvolvimento

- Classificar objetos por formas geométricas.

- Contar história na qual os alunos realizam os movimentos

de lateralidade, utilizando a dinâmica do banho de papel.

- Brincar da dança da cadeira.

h) Recursos

• Humanos: Professores, sala de aula e pátio.

• Materiais:

- Som.

- Brinquedos.

42

- Material de sucata.

- Cadeiras.

- Papéis diversos.

- Cola, pincel e tesoura.

- Trigo, óleo, sal, água e anilina.

i) Avaliação

A avaliação será realizada durante o desenvolvimento do projeto,

juntamente com os alunos, registrando suas falas. Ao final, será redigido um

relatório reflexivo, em que constarão todos os pontos positivos e negativos do

projeto.

Projeto: Viajando pelo mundo da leitura

a) Objeto Social do Conhecimento: Conhecimento de linguagem.

b) Conteúdo Específico: Literatura Infantil

c) Perfil do Grupo: A sala é formada por 21 alunos, sendo 9 meninas e

12 meninos, na faixa etária de 4 anos.

d) Justificativa

Este projeto surgiu a partir da análise feita em um Centro de Educação

Infantil (CEIM). Por meio de observações, percebeu-se que a escola não

dispunha de recursos que possibilitassem o acesso dos alunos ao mundo da

fantasia e encantamento que a leitura pode proporcionar.

43

e) Objetivo

• De aprendizado/ competência

- Ler diferentes livros de literatura infantil.

- Incentivar a leitura.

• De vida cotidiana

- Conversar sobre os cuidados necessários para a

conservação dos livros.

• De empreendimento

- Confeccionar um mural.

- Modelar personagens de uma história.

f) Etapas

• Problematização

Ao observar a escola, percebeu-se que a mesma não

oferecia livros suficientes para os alunos, e que os mesmos não os

manuseavam. Buscou-se ler mais para esses alunos e incentivá-los

a utilizarem sua imaginação, bem como expressá-la na confecção

de um mural.

• Quadro Organizacional

O que sabemos? - Que todas as histórias começam com “Era uma

vez”.

- Que todas terminam com “Foram felizes para

sempre”.

- Que toda história tem pessoas boas e ruins.

44

O que queremos saber? - Como surgem as histórias?

- As histórias são verdadeiras?

- Quais são os tipos de histórias?

Como faremos para saber? - Visitando uma biblioteca.

- Pesquisando em livros.

Em que dias da semana? - 3 vezes por semana.

Tempo de duração - 1 mês.

g) Áreas de Conhecimento Envolvidas

• Linguagem

- Estimulação da oralidade.

- Enriquecimento do vocabulário.

- Estimulação da expressão através do desenho.

Desenvolvimento

- Realizar rodas de conversa.

- Ler diversos livros infantis.

- Ilustrar histórias.

• Matemática

- Identificação dos conceitos matemáticos (cor, forma,

textura, consistência).

Desenvolvimento

- Produzir massinha caseira para modelagem de

personagens.

45

• Motricidade

- Estimulação da coordenação motora.

Desenvolvimento

- Realizar dramatizações.

• Ciências

- Estimulação ao cuidado pessoal.

- Percepção das partes do corpo.

Desenvolvimento

- Realizar roda de conversa.

- Dançar a partir de músicas que falam do corpo humano.

• Artes

- Conto de histórias com dramatização.

- Utilização de massa de modelar.

- Confecção de mural.

Desenvolvimento

- Dramatizar a história "O nascimento da borboleta".

- Modelar personagens.

- Montar mural com borboletas.

h) Recursos

- Trigo, sal, óleo, água e anilina.

- Giz de cera, tinta guache, cola colorida, cola branca.

46

- Papel cenário.

- Livros de história, revistas e jornais.

i) Avaliação

A avaliação será realizada durante o processo de desenvolvimento das

atividades, observando e acompanhando o trabalho das crianças.

47

CONCLUSÃO

A Pedagogia de Projetos foi levada à sala de aula a partir das

considerações dos estudos baseados no educador John Dewey, que abordava

o trabalho realizado a partir da realidade da criança. E foi introduzida, no Brasil,

por Lourenço Filho, no movimento da Escola Nova.

A construção do conhecimento, nos últimos anos, tem sido considerada

como uma maneira rica de possibilitar a formação de alunos autênticos, críticos

e reflexivos; cabe ao professor, juntamente com o Supervisor Escolar, ser o

mediador desse processo. Para que o Supervisor venha a exercer

coerentemente sua função de orientar os trabalhos pedagógicos dos

professores, é imprescindível que busque aprofundar-se teoricamente sobre as

possibilidades da Pedagogia de Projetos. Um dos objetivos dessa concepção é

contribuir para a formação de indivíduos críticos e reflexivos, que construam os

seus conhecimentos de forma significativa e não apenas memorizem

conteúdos estabelecidos.

Trabalhar pautado pela Pedagogia de Projetos é efetuar uma escolha de

postura educacional, é permitir que a criança seja sujeito de sua própria

aprendizagem, juntamente com a intervenção do professor. E para

compreender as diferentes situações de aprendizagens que ele proporciona, os

projetos se dividem em três tipos, que são: projetos referentes à vida cotidiana,

projetos de empreendimentos e projetos de aprendizado, que podem ocorrer

simultaneamente.

A partir do diagnóstico da pesquisa e do referencial teórico, foi possível

sugerir alguns projetos para serem desenvolvidos no cotidiano da Educação

Infantil, visando a um trabalho coletivo e reflexivo que atenda às necessidades

apresentadas pelos alunos.

Finalmente, o estudo evidenciou que para se praticar o trabalho pautado

na Pedagogia de Projetos, é necessário estudar e compreender esta proposta

48

de atuação em sala da aula. A falta de entendimento sobre o assunto está

conduzindo professores a praticar um modismo, o que vem a ser uma

agravante no sistema educacional, pois alguns professores não exploram

habilidades essenciais de seus alunos, deixando que eles continuem sendo

meros receptores de conteúdos.

Ensinar, portanto, não é somente transmitir informações nem tampouco

apenas se comunicar. Ensinar é fazer pensar, é estimular para a resolução de

problemas e ajudar na criação de pensamentos e ações; assim, o aluno será

capaz de realizar uma análise crítica das situações que o rodeiam, deixando de

aceitar tudo como único, certo e definitivo e tendo a possibilidade de ele

mesmo fazer parte da construção do seu próprio conhecimento.

49

BIBLIOGRAFIA

ARAÚJO, Maria Terezinha Meilli Silva. COSTA, Silvana Venturini Resende. (Org.) Criarte: um caminho em construção - projetos e relatos na educação infantil. Vitória, ES: A. R. Editorial, 2002.

CORSINO, Patrícia. As crianças de seis anos e as áreas do conhecimento. In: BRASIL. Ministério da Educação. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: MEC, 2006.

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OSTETTO, Luciana Esmeralda. Encontros e encantamentos na educação infantil. Campinas, SP: Papirus, 2000.

51

ANEXOS

52

QUESTIONÁRIO APLICADO A SUPERVISORES DA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Estimado Supervisor,

Este questionário tem por objetivo auxiliar-me na realização da pesquisa

que aborda a Pedagogia de Projetos como embasamento na preparação das

aulas a serem desenvolvidas na Educação Infantil. Com os resultados que

forem obtidos, irei elaborar algumas sugestões que contribuam para a melhoria

da prática pedagógica na Educação Infantil, pautadas na estrutura da

Pedagogia de Projetos para que os profissionais da área possam utilizá-la em

suas aulas, como fonte de melhoria de seu trabalho docente.

Para responder a ele, não é necessário que se identifiquem, porém,

peço que suas respostas sejam realmente verdadeiras.

Desde já agradeço.

Deyzielli Imberti Arrivabene

1. Quem participa do planejamento dos trabalhos que são realizados pela

Escola?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

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2. No seu local de trabalho é oferecido/realizado estudo sobre Pedagogia

de Projeto e suas estruturas?

( ) Sim ( ) Não

Em caso positivo, como é realizado?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Em caso negativo, por que não são oferecidos estudos?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

3. O que você, supervisor, entende por Pedagogia de Projetos?

( ) É um trabalho realizado a partir de temas estabelecidos pela escola no

início do ano escolar.

( ) É uma proposta de trabalho que visa oferecer informações que o professor

julga serem necessárias para os alunos.

( ) É um trabalho realizado a partir das curiosidades e necessidades

apresentadas pelas crianças.

4. Como são elaborados os projetos em sua escola?

( ) Baseados na necessidade e curiosidade dos alunos.

( ) Baseados em conteúdos preestabelecidos pela escola?

( ) Baseados em cópias de projetos já elaborados e que julga ser

interessantes.

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5. Tem bem-definidas as etapas da estrutura de um projeto?

( ) Sim ( ) Não

Caso afirmativo, como o estrutura?

( ) É estruturado em justificativa, objetivos, problematização, atividades

significativas e avaliação.

( ) É estruturado em tema, objetivos e atividades significativas.

( ) É estruturado em tema, atividades significativas e avaliação.

6. Antes da elaboração do projeto é feito um diagnóstico da turma para

reconhecer suas reais necessidades?

( ) Sim ( ) Não

Em caso afirmativo, como é feito?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Em caso negativo, por que não é feito?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

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7. Em sua escola, como você, supervisor, orienta a elaboração de um

projeto feito pelos professores?

( ) Individualmente.

( ) Coletivamente, com toda a escola.

( ) Coletivamente, entre professores que lecionam com a mesma idade.

( ) Coletivamente, com toda a escola e depois, especificamente, entre

professores que lecionam com a mesma idade.