UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADES INTEGRADAS

QUALIDADE DE VIDA

TABAGISMO

Por: Fernanda Barros Fernandes

Orientador

Profª. Vinícius Calegari

Rio de Janeiro

2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADES INTEGRADAS

QUALIDADE DE VIDA

TABAGISMO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista no MBA em Gestão de Recursos

Humanos

Por: Fernanda Barros Fernandes.

3

AGRADECIMENTOS

À minha família, em especial ao meu

marido que me deu força para seguir no

curso e ao meu professor orientador

Vinícius Calegari.

4

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho ao meu marido,

Jorge Brito Fernandes e as nossas filhas

Mariana Barros Fernandes e Gabriela

Barros Fernandes.

5

RESUMO

A proposta desse estudo é sugerir a implantação do Projeto Tabagismo

dentro do Programa Qualidade de Vida, evidenciando a importância do projeto

no âmbito profissional e familiar. O vício no tabaco compromete não só a saúde

do trabalhador, mas a sua produtividade e integração com os colegas no

ambiente de trabalho.

A qualidade de vida no trabalho proporciona uma maior participação dos

colaboradores, criando um ambiente de integração com gestores, colegas de

trabalho, com o próprio ambiente de trabalho, objetivando compreender as

necessidades dos colaboradores. Um programa adequado de QVT busca uma

organização mais humanizada e proporciona condições de desenvolvimento

pessoal ao indivíduo.

Nesse estudo, será possível entender um pouco o que é o Tabagismo e a

Qualidade de Vida do Trabalhador no universo corporativo. Além disso, também

propõe implicitamente uma reflexão sobre o relacionamento humano nas

empresas e a preocupação em enxergar o corpo funcional como parte principal

das organizações, ou seja, perceber que os colaboradores representam o

coração da empresa e que através da satisfação desses colaboradores,

transmitimos aos nossos clientes e fornecedores uma imagem positiva e

confiante da organização.

Palavras-chave: qualidade de vida, tabagismo, cultura organizacional, bem-estar

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METODOLOGIA

A metodologia empregada para a realização desse trabalho foi pesquisa

bibliográfica, leitura de artigos em sites da Internet e observação do objeto de

estudo.

O objeto de estudo dessa monografia é a empresa CEDSERJ –

Condomínio de Serviços do BNDES no Rio de Janeiro, onde a autora trabalha e

contou com a colaboração da sua Coordenação para a realização desse estudo.

Foi realizada a leitura de livros sobre o assunto, pesquisa e leitura de

artigos em sites da Internet, observação na própria empresa e leitura de outros

trabalhos relacionados à Qualidade de Vida e Tabagismo como fonte de idéias e

conhecimento na criação desse trabalho. Além disso, foi desenvolvido, pela

própria autora, um projeto Antitabagismo a ser inserido no Programa Qualidade

de Vida da empresa.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O TABACO 11 Aspectos Históricos do Tabaco 13 O tabagismo no Brasil 16 Como o cigarro se tornou uma droga popular 18 O tabagismo no universo empresarial 21 Doenças provocadas pelo vício no tabaco 24 CAPÍTULO II - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO 28 O que é qualidade de vida no trabalho e sua importância 31 Aspectos históricos do trabalho e sua influência na vida do homem 37 A origem da qualidade de vida no trabalho e o desenvolvimento sustentável 38 As empresas e a qualidade de vida no trabalho 40 CAPÍTULO III – PROGRAMA QUALIDADE DE VIDA E O PROJETO ANTITABAGISMO 43 Programa de Qualidade de Vida 45 Projeto Antitabagismo 50

CAPÍTULO IV – PROJETO ANTITABAGISMO NO CEDSERJ 52 Como funciona a comunicação na empresa 53 Qualidade de vida e tabagismo sob o ponto de vista dos colaboradores 55

CONCLUSÃO 58

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 61

WEBGRAFIA 62 ATIVIDADES CULTURAIS 63 ÍNDICE 64

FOLHA DE AVALIAÇÃO 66

8

INTRODUÇÃO

Vivemos em uma sociedade em constantes mudanças. Atualmente a

sociedade começa a perceber e a valorizar a Qualidade de Vida e a Saúde

como ativos importantes, em suas dimensões física, intelectual, emocional,

profissional, espiritual e social. A crescente industrialização e urbanização

influenciam diretamente a população no que concerne às questões relacionadas

aos hábitos, atitudes, e comportamento proporcionando na população um

aumento corrente de doenças crônico-degenerativas como o câncer e doenças

cardiovasculares em todo o mundo. Isso é resultado, em grande parte, do

aumento do consumo de princípios ativos, principalmente de drogas lícitas como

o tabaco.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, Qualidade de Vida é um

conjunto de percepções individuais de vida no contexto dos sistemas de cultura e

de valores em que vivem, e em relação as suas metas, expectativas, padrões e

preocupações. Saúde e educação são as bases da produtividade econômica.

A OMS ainda afirma, que atualmente, segundo o Mistério da Saúde o

tabagismo atingiu a cifra de 4,9 milhões de mortes anuais, o que corresponde

mais de 10 mil mortes por dia. Caso as atuais tendências de expansão do seu

consumo sejam mantidas, esses números aumentarão para 10 milhões de

mortes anuais por volta do ano 2030, sendo metade delas nos indivíduos em

idade produtiva.

O tabagismo é o um dos vilões para o aumento das doenças ao redor do

globo. O tabaco é cultivado em muitas regiões do mundo e pode ser legalmente

comprado em todos os países e constitui um grande desafio, tanto para a saúde

quanto para o desenvolvimento econômico e social e a sustentabilidade

9

ambiental. Muitas autoridades e participantes de congressos sobre o tema

afirmam que o controle do tabagismo seja mais amplamente reconhecido como

uma prioridade para o desenvolvimento.

Segundo Domenico de Masi, vivemos e trabalhamos numa sociedade do

futuro, mas continuamos a usar os instrumentos do passado. No caso do

tabagismo vale destacar o papel que a publicidade exerceu e exerce na adoção

do consumo de derivados do tabaco, especialmente o cigarro. A publicidade

veiculada pelas indústrias aliou as demandas sociais e as fantasias dos

diferentes grupos (adolescentes, jovens, mulheres, faixas economicamente mais

pobres e com menor nível de escolaridade, entre outras) ao uso do cigarro.

As empresas têm se preocupado em realizar um programa de cessação

de tabaco no local de trabalho de seus funcionários tabagistas. Do lado da

empresa, há uma preocupação com a qualidade de vida de seus colaboradores,

porém outras questões não podem deixar de ser inseridas nesse contexto.

Estudos mostram que fumante gera custo financeiro extra, bem como gasto com

despesas de saúde em excesso, além disso, compromete a produtividade

devido aos efeitos de privação de nicotina, acarretando no aumento do

absenteísmo na empresa.

Oferecer a esses tabagistas um tratamento para essa dependência

favorece tanto ao funcionário como a empresa.

A implantação de ações de prevenção do tabagismo requer estratégias

que contemplem vários níveis como aumentar a consciência e o conhecimento

dos males do tabaco e criar uma cultura antitabagismo. Nesse contexto, é crucial

que as organizações pensem em sedimentar suas habilidades e potenciais para

abraçar o novo conceito de trabalho. Um programa de Qualidade de Vida existe

para gerar estratégias com o intuito de promover um ambiente saudável, que

estimule e dê suporte ao indivíduo e à empresa.

10

Investir em programas de saúde é poder ajudar pessoas a modificar seu

estilo de vida em direção a um ótimo estado de saúde, sendo esta compreendida

como o balanço entre a saúde física, emocional, mental, social e espiritual.

(American Jornal 1989). Uma das ideias principais é envolver os familiares nesse

processo para que o projeto saia do papel e tenha sucesso efetivo.

Favorecer o desenvolvimento de um perfil humanizado condizente com os

padrões do paradigma imergente consiste em construir os alicerces para uma

organização inteligente e inovadora. Essa preocupação deverá estar pautada na

saúde dentro e fora do trabalho, principalmente quando falamos em tabagismo, já

que o vício compromete muito a saúde dos colaboradores.

A proposta desse trabalho é deixar claro para os leitores a importância

desse projeto para empresa, ou seja, melhorando a qualidade de vida do

trabalhador e de seus dependentes, cuidando de sua saúde, reduzindo despesas

e os custos relacionados à saúde. Com isso, teremos profissionais mais

produtivos e comprometidos com as suas atividades laborais.

Respeitar o trabalhador como “ser humano” significa contribuir para a

construção de um mundo mais humano e sustentável.

11

CAPÍTULO I

TABAGISMO

O tabaco é considerado uma das mais recentes substâncias que

passaram a integrar a sociedade de forma global. Desde as crenças aos rituais

indígenas, o tabaco se tornou a mais importante cultura agrícola não alimentícia

do planeta. A disseminação do consumo de produtos derivados do tabaco, em

todas as suas formas (rapé, cigarros de palha, charutos, cigarrilhas, fumo de rolo,

etc.), nos leva a tempos bem anteriores à existência das atuais empresas

fabricantes de cigarros.

Incialmente, se faz necessário conhecer a sua história, para a partir disso

entender como o tabaco passou a fazer parte da vida cotidiana das pessoas e

como as indústrias utilizaram a publicidade para manter o “brilho” dessa droga

que surgia sorrateiramente.

“Conhecer sua história deve favorecer a adoção de

estratégias mais eficazes direcionadas ao bem-estar

individual, sem o qual será impossível o avanço da

sociedade, evitando infindável repetição de medidas

inócuas e custosas, como aquelas que se desenvolveram

até este início do século XXI.” (FERREIRA, FOLCCHI E

MALBERGIER, 2006, p.07).

A partir de uma lenda indígena, contada pelos índios Huron, da região dos

grandes lagos da América do Norte é que podemos entender o valor inicial dado

ao consumo de tabaco.

12

A história falava sobre um Grande Espírito, que penalizado com o

sofrimento humano em função das grandes secas e fome interminável, enviou

uma mulher para acabar com aquela desgraça. Assim, onde a mulher tocava

nascia batata e milho. Ao sentar-se em terras recentemente férteis e ao levantar-

se, plantas de tabaco cresceram no local. Entretanto, não existem indícios de uso

ritual do tabaco nas comunidades africanas e do oriente Médio. No entanto,

1.000 anos a.C., a planta se estendia de norte a sul no continente americano.

Os Maias, civilização de origem mexicana, destruída antes do

Descobrimento (1942), foram considerados os difusores do hábito de fumar para

todas as diferentes tribos da América Central e do Norte, inclusive para os

Astecas, conquistados e destruídos pela colonização espanhola. Considerados

uma civilização inteligente, foram os responsáveis por introduzir o hábito de fumar

socialmente. Nessa época, clero e nobreza utilizavam as folhas de forma

manufaturada, purificada e aromatizada, enquanto os restantes dos

consumidores apenas enrolavam as folhas secas e as incineravam. Umas das

primeiras descrições que se tem ideia remonta a primeira expedição de

Cristóvão Colombo ao continente.

Nesse mesmo ano, em viagem a Cuba, os espanhóis Rodrigo de Jerez e

Luis de Torres observaram o hábito de fumar entre os nativos e escreveram algo

sobre seus efeitos. Ambos os expedicionários experimentaram a droga,

entretanto apenas Jerez fumou até os seus últimos dias. Já a segunda exploração

de Colombo trouxe Ramón Pané, um monge que descreveu tanto os hábitos de

fumar quanto de consumir rapé, tabaco moído diretamente aspirado pelas

narinas e, além disso, ainda propagava seus benefícios e virtudes, pedindo a

viajantes que trouxessem as folhas maravilhosas.

Ao retornar de sua viagem, Colombo atraca em Trinidad e a nomeia

também Tobago em função da quantidade de tabaco produzida por lá. A primeira

13

publicação sobre o tema De Insularium data de 1493, na cidade de Zaragoza,

Espanha.

O surgimento dessa descoberta, fez com a corte e a igreja européia se

digladiassem em torno desse poder, a propagação e venda de um hábito

altamente contagioso, porém reforçador de benesses monetárias.

1.1 – Aspectos históricos do tabaco

Planta originária dos Andes, o tabaco acompanhou as migrações dos

índios por toda a América Central, até chegar ao território brasileiro. As primeiras

lavouras de tabaco formadas pelos colonos surgiram da necessidade de garantir

o consumo próprio.

As folhas da planta eram usadas pelos nativos americanos com

finalidades terapêutica, religiosa e de lazer, sob variadas formas: em pó,

mascada, bebida, fumada, comida e chupada. No início do século XVI, o tabaco

foi levado pelos espanhóis para a Europa, aonde veio a tornar muito popular sob

a forma mascada e sob a forma de rapé.

O primeiro livro em que é relatada a forma nativa de se aspirar a fumaça

proveniente de rolos de folhas de tabaco acesas é "Apologética historia das

Índias", de Bartolomeu de las Casas, em 1527. Posteriormente, Gonzalo de

Oviedo y Velázquez, na Historia General de las Indias, descreveu a planta e seus

usos, em 1535. Em 1561, Jean Nicot (de onde deriva o nome

da nicotina), embaixador francês em Portugal, aspirava-o moído (rapé) e

percebeu que ele aliviava suas enxaquecas. Desta forma, nesse ano,

enviou sementes e pó de tabaco para França, para que a rainha Catarina de

Médicis o experimentasse no combate às suas enxaquecas. Com o sucesso

deste tratamento, o uso do rapé começou a se popularizar.

14

De acordo com Corti (1931), o final do século XIX foi o da panaceia do

tabaco para a medicina, que a utilizava em todas as moléstias conhecidas. As

doenças eram tratadas com tabaco de duas formas: inalada ou fumada. De

enxaqueca à cólicas e nefrites, todas eram cuidadas com anova droga, através

de infusões, extratos e ungüentos. O fato era comum não só na Península Ibérica

como na Europa costeira.

O corsário inglês sir Francis Drake foi o responsável pela introdução do

tabaco em Inglaterra em 1585, mas o uso de cachimbo só se generalizou no

mundo graças a outro navegador inglês, sir Walter Raleigh.

Em 1600, por intermédio de Sir Walter Raleigh, a rainha Elizabeth

experimenta o tabaco. Quatro anos depois, com o consumo amplamente

difundido, o rei James I aumenta 400 vezes o valor dos impostos sobre o tabaco

para a população inglesa. Em 10 anos, as medidas resultaram na abertura de

sete mil estabelecimentos de tabaco apenas em Londres, culminando com a

“engorda” dos cofres reais.

“A guerra dos 30 anos, entre 1618-48, contribuiu muito

para expansão do hábito do consumo, tanto em frentes de

batalha como nas cidades que foram passagem para as

hordas. Reinos que não possuíam colônia à época, como

Alemanha, Rússia e Áustria, entravam para o grupo de

consumidores de nicotina. ” (FERREIRA, FOLCCHI E

MALBERGIER, 2006, p.10).

Os Estados Unidos iniciam seu íntimo relacionamento com o tabaco no

início do século XVII, no estado da Virginia (Jamestown), onde havia terrenos

férteis para o cultivo. Isso contribuiu para o grande número de emigrantes para o

15

país, além do incentivo dado pela Inglaterra para o assentamento de

comunidades brancas a fim de explorar a produção de folhas. Em 1619, navios

recheados de “futuras esposas inglesas” (por 65 quilos de tabaco seco se

conseguia uma), chegavam a Jamestown, assim em 1620 mais de 20 toneladas

de tabaco foram enviadas a Londres. O tabaco foi um dos principais

incentivadores dos primeiros nascimentos caucasianos em massa no continente

americano, talvez mais importante do ouro, prata ou as tais especiarias orientais.

Com a vinda de escravos africanos para a América e a subsequente

criação das religiões afro-americanas, estas incorporaram o uso do tabaco em

seus rituais religiosos. Ao mesmo tempo, o tabaco era uma importante moeda

de troca utilizada na compra de escravos no continente africano.

O hábito de fumar o tabaco como mera demonstração de ostentação se

originou na Espanha através do charuto, essa prática foi difundida em diversos

continentes e, somente por volta de 1840, começaram os relatos do uso

de cigarro. Nesse período, a finalidade terapêutica que foi inicialmente atribuída

ao tabaco quando da sua introdução na Europa já havia perdido seu lugar para o

hábito de fumar por prazer.

Embora o uso do cigarro tenha tomado enormes proporções no mundo a

partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), foi apenas em 1960 que foram

publicados os primeiros relatos científicos que relacionavam o cigarro ao

aumento da incidência de câncer, infarto e outras doenças no fumante habitual e

muitas outras foram sendo relacionadas ao tabagismo que, de elegante, vai se

tornando inimigo público em vários países.

Em 1970, a Organização Mundial da Saúde se manifesta contra o vício do

tabaco. Nesse mesmo ano o Presidente Nixon, após forte apelo popular, assina a

proibição de veiculação de anúncios de tabaco em rádio e TV para o ano

seguinte.

16

“...o momento e a "pose" ao acender o cigarro, a

contemplação do halo de fumaça, a dissipação

momentânea da ansiedade em situações difíceis, enfim,

um conjunto de elementos aparentemente pequenos e

irrelevantes contribui para a estruturação e a manutenção

da dependência, quase tanto quanto os fatores

neuroquímicos, já que se mesclam à personalidade do

fumante. (RAMADAN, Ali Borge Zacaria)”

O cigarro ganha um lugar importante na vida do tabagista, onde imagina que não

saberá mais viver sem ele. Em alguns casos, sofre um luto com sua retirada, a

mesma sensação da perda de um ente querido.

Delega a ele um poder de resolver todos os seus problemas, um falso poder,

uma ilusão, o que torna mais difícil sua retirada. Segundo a Psicóloga, Edinalva

Cruz do Hospital Universitário da USP, é necessário que o indivíduo mude a

relação mágica que criou com o cigarro, ou seja para o fumante ou tabagista, o

cigarro ocupa o lugar da solidão.

1.2 – O tabagismo no Brasil

O tabaco, já utilizado pelos povos indígenas do Brasil desde antes da

chegada dos europeus, com o início da colonização portuguesa passou a ser

cultivado pelos colonos portugueses e seus descendentes, tanto para consumo

próprio quanto para comercialização.

No início a produção de tabaco no Brasil ocupou áreas reduzidas e

concentradas entre Salvador e Recife, no Recôncavo Baiano. Na primeira

metade do século XVII, durante a ocupação holandesa em Pernambuco, o tabaco

produzido naquela Capitania ocupou papel importante na carteira comercial de

produtos oferecidos pela Companhia das Índias Ocidentais. Com a expulsão dos

17

holandeses, começaram a aparecer às primeiras legislações reguladoras da

atividade produtiva. Em 1674, o monopólio da metrópole foi garantido, através da

criação da Junta de Administração do Tabaco, cujas determinações

estabeleceram as regras para todas as colônias portuguesas.

Já no final do século XVII, uma legislação tentou regular o comércio a partir

do controle das cargas transportadas devido às vastas extensões do território e à

diversidade de áreas produtivas, fazendo surgir regulamentos e órgãos especiais

como a Mesa de Inspeção do Tabaco. A partir daí a legislação se estabilizou e

vigorou até depois da Independência. O final da liberdade vigiada que Portugal

impôs ao Brasil durante o período colonial deu grande impulso às lavouras de

fumo. Tornou-se possível cultivar qualquer espécie, em qualquer lugar. Além

disso, a possibilidade de comércio direto com países estrangeiros representou

um grande incentivo. Nesse contexto, que começa efetivamente a se destacar a

partir de 1850, foram as províncias que de Minas Gerais, Bahia e, decorrente da

vinda dos imigrantes alemães, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O Brasil passou a produzir tabaco em 1903, com a Indústria Santa Cruz,

no Rio de Janeiro. Em 1914, apenas 11 anos depois, a empresa vendeu sua

fábrica para a empresa British-American Tobacco (BAT). As primeiras lavouras

de tabaco formadas pelos colonos surgiram da necessidade de consumo

próprio. Entretanto, muita gente apareceu disposta a comprar o excedente, pois

na Europa à procura crescia, e vários negociantes começavam a vislumbrar as

grandes possibilidades de lucros que surgiriam a partir da criação de uma via

regular de abastecimento.

Em 1917 é instalada, na cidade de Santa Cruz do Sul – RS, a empresa

Brazilian Tobacco Corporation. O empreendimento partiu da empresa britânica

British American Tobacco, e foi o passo inicial para a transformação da cidade

em um pólo nacional da indústria de produção de fumo.

18

Em Santa Cruz do Sul, o tabaco é plantado por imigrantes alemães desde

o século XIX. Com a implantação da British American Tobacco (BAT) na região

em 1918, a produção se expandiu e se profissionalizou. Nessa época, a BAT

introduziu o fumo da classe Virgínia, que permitiu um aumento de produtividade.

No ano de 1920, a empresa passa a se chamar Companhia Brasileira de

Fumo em Folha e em 1955 é adquirida pela Souza Cruz. A região passou por um

processo de internacionalização da indústria fumageira a partir de 1966, quando

as empresas nacionais foram, gradualmente, sendo substituídas por empresas

multinacionais.

1.3 – Como o cigarro se tornou uma droga popular

Muitos são os fatores que podem levar a pessoa a experimentar drogas, já

que é histórica a tendência humana de buscar formas de alterar sua consciência

de modo a produzir prazer e modificar seu humor. De modo geral a possibilidade

do consumo de drogas ocorre na adolescência, período em que o ser humano

passa por muitas transformações físicas e emocionais, angústias e busca por

respostas.

Fatores como a aceitação social de uma determinada substância, seu fácil

acesso, uso da droga por pessoas que tenham papel de modelos de

comportamento são fatores decisivos para estimular o indivíduo atender a essa

tendência humana de buscar nas drogas o alívio para suas tensões. A sociedade

pode contribuir de maneira significativa para que o acesso ao uso seja

estimulado, provocando adoecimentos em larga escala.

No caso do tabagismo, a publicidade exerceu e exerce grande influência

na adoção do consumo de derivados do tabaco, especialmente o cigarro. A

publicidade veiculada pelas indústrias aliou as demandas sociais e as fantasias

dos diferentes grupos (adolescentes, jovens, mulheres, faixas economicamente

19

mais pobres e com menor nível de escolaridade, entre outras) ao uso do cigarro.

Essa manipulação psicológica embutida na publicidade cria a impressão, de que

o tabagismo é muito mais comum e socialmente aceito do que é na realidade. A

partir de 1996, a publicidade direta, feita por veículos de comunicação de massa

foi proibida no Brasil, uma forma encontrada pelos governantes de minimizar o

consumo, principalmente entre adolescentes e jovens. A Lei nº 9.294, de 15 de

julho de 1996 que em seu artigo 3º determina: "(...) é vedada, em todo o território

nacional, a propaganda comercial de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos

ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, com exceção

apenas da exposição dos referidos produtos nos locais de vendas, desde que

acompanhada das cláusulas de advertência (Redação dada pela Lei nº 12.546,

de 2011). Dessa forma, ficou proibida qualquer formato de divulgação

associando o uso do cigarro a celebrações cívicas, religiosas, saúde, bem-estar

entre outras. Entretanto, a publicidade não é a única responsável pelo consumo.

Pais ou responsáveis, as famílias de modo geral também contribuem

sistematicamente para iniciação ao fumo e para a continuação desse vício ao

longo da vida, principalmente por encarar de forma natural e positiva, esse ato

que é altamente nocivo à saúde.

Em pesquisa realizada em 2012 pelo IBGE, mostrou que cerca de que

29,8% dos estudantes brasileiros que frequentavam o 9º ano do Ensino

Fundamental informaram que pelo menos um dos responsáveis era fumante.

Os resultados das medidas de restrição à publicidade no controle do

tabagismo em vários países mostram que esse é um instrumento legítimo e

necessário para a redução do consumo, associado às medidas legislativas,

econômicas e educativas e na própria família.

1.3.1 – Como prevenir a iniciação do fumo entre crianças,

adolescentes e jovens

20

O tabagismo é hoje a principal causa de morte evitável, segundo a

Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa doença afeta também as pessoas

que não fumam, mas que convivem com fumantes, principalmente as crianças

que são as maiores vítimas. Abortos espontâneos, nascimentos prematuros,

bebês de baixo peso, mortes fetais e de recém-nascidos, complicações com a

placenta e sangramento, ocorrem mais frequentemente quando a grávida fuma.

Um único cigarro fumado por uma gestante é capaz de acelerar em

poucos minutos, os batimentos cardíacos fetais, devido ao efeito da nicotina

sobre o aparelho cardiovascular do feto. Quando a mãe é fumante, durante o

aleitamento, a criança recebe nicotina através do leite, podendo ocorrer

intoxicação (agitação, vômitos, diarreia e taquicardia), principalmente naquelas

que consomem vinte ou mais cigarros por dia.

As crianças fumantes passivas apresentam uma grande chance de

contrair problemas respiratórios (bronquite, pneumonia, bronquiolite) em relação

àqueles cujos familiares não fumam. Além disso, quanto maior o número de

fumantes no domicílio, maior o percentual de infecções respiratórias, nas

crianças que vivem com fumantes. As crianças, especialmente as de pouca

idade, são mais vulneráveis aos efeitos da exposição à poluição tabagística

ambiental.

Crianças, adolescentes e jovens têm sido cada vez mais precocemente

expostas aos fatores de risco, especialmente ao tabagismo. A maioria dos

fumantes se torna dependente até os 19 anos. Por esse motivo, a Organização

Mundial da Saúde (OMS) considera o tabagismo uma doença pediátrica.

Em razão do seu modo de ser e das suas formas de se comportar, os

adolescentes tornam-se mais vulneráveis às estratégias da indústria tabagista e

à publicidade.

O uso de produtos derivados de tabaco e, consequentemente, a

dependência à nicotina, que se estabelece no jovem consumidor, podem

21

favorecer a aquisição de outros comportamentos pouco saudáveis, como a

procura por drogas ilícitas.

O tabagismo é uma doença caracterizada pela dependência à nicotina,

cujos malefícios não atingem somente aos fumantes, mas toda a sociedade e o

meio ambiente. A prevenção do consumo de produtos derivados do tabaco e o

esclarecimento acerca dos fatores de risco e de proteção à saúde, bem como a

construção de uma sociedade mais consciente sobre a necessidade de formar

cidadãos mais saudáveis, são deveres do Estado, da família e de toda a

sociedade.

1.4 – O tabagismo no ambiente empresarial

O cenário atual é propício para o incentivo a parar de fumar. Hoje muito se

fala sobre a saúde e a preocupação em torno desse assunto aumentou

consideravelmente ao longo dos anos. O que era visto como moda, status, um

novo estilo de vida, passou a ser considerado um malefício a saúde e ao bem-

estar. Pensando nisso e com o objetivo de melhorar o bem-estar dos

colaboradores em seu ambiente de trabalho e diminuir os índices de

absenteísmo, as empresas começaram a implantar ações de prevenção do

tabagismo, o que requer estratégias que atinjam vários níveis, como:

Aumentar a consciência e o conhecimento dos malefícios do tabaco,

Criar uma cultura antitabagismo.

A implantação de um projeto antitabagismo passa antes pelo

conhecimento dos males causados pelo cigarro, e mais do que isso, pela

conscientização dos colaboradores e familiares na manutenção de sua saúde

física e mental dentro e fora do ambiente de trabalho. Para isso, a Comunicação

exerce um papel primordial nessas ações, segundo Bahia (1995), a informação é

fator fundamental para o progresso social, político, cultural e econômico. Como

22

sabemos, o ato de fumar é algo cultural, assim é importante estabelecermos

algumas medidas como:

Criar um espaço para fumantes em local arejado, limpo e com muito

material para orientar o pessoal sobre os males do fumo;

Campanha contra o cigarro permanente com palestras, material de

divulgação, sempre respeitando os que fumam, mas destacando os que

conseguem deixar o vício;

Disponibilizar cartazes e outros informes, divulgando continuamente o

programa e os benefícios de parar de fumar, para que aos poucos, todos

os colaboradores se envolvam no projeto;

O serviço médico, ou a área de RH, deve estar preparado para

encaminhar os que querem deixar o vício para instituições que possam

contribuir para atingirem essa meta. É necessário ter um programa e uma

meta para deixar o vício e, às vezes, até intervenções com medicamentos

para dependência química são necessárias;

Avaliar o resultado do colaborador, através das avaliações de

desempenho e não o tempo que ele fica na mesa de trabalho.

Na tabela abaixo, podemos visualizar os gastos com um colaborador

fumante e a economia que é gerada após o tratamento do vício.

GASTOS COM UM TRABALHADOR FUMANTE

Média de minutos gastos para se fumar um cigarro 8,5

Média de cigarros fumados por expediente 10

23

Perda de Produtividade / mês 18%

Faltas a mais causadas pelo fumo por ano (em dias) 6,5

QUEDA NOS CUSTOS APÓS UM ANO DE CESSAÇÃO TABÁGICA

Redução dos gastos médicos diretos 19%

Aumento na produtividade 38% Dados extraídos do site http://www.sinai.com.br

Como mostrado na tabela, a empresa só tem a ganhar ao ter um

colaborador que:

Falta menos ao trabalho por doença.

Adquire maior motivação.

Aumenta sua produtividade por não interromper suas funções para fumar.

Reduz o risco de incêndio e outros acidentes.

Vencer desafios faz parte dos ciclos da vida. As vantagens em abandonar

esse vício devem ser compartilhadas, uma vez que o colaborador se sentirá

acolhido pelo interesse que a direção da empresa tem pela sua saúde, e pelos

seus ganhos diretos ao deixar de fumar.

1.4.1 – Realização de ações educativas para conscientização

da população

Em 1986, foi criado pela Lei Federal nº. 7.488, o Dia Nacional de

Combate ao Fumo, comemorado em 29 de agosto, com o objetivo de reforçar as

ações nacionais de sensibilização e mobilização da população brasileira para os

danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. Essa

foi a primeira legislação em âmbito federal relacionada à regulamentação do

tabagismo no Brasil. Inaugurou-se assim, de forma ainda tímida, a normatização

voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde coletiva.

24

O Dia Nacional de Combate ao Fumo não precisa seguir necessariamente

orientações temáticas definidas por órgãos internacionais (como o Dia Mundial

sem Tabaco, cujo tema é definido pela OMS), já que se trata de uma

comemoração brasileira, porém os temas trabalhados são direcionados a

questões específicas do comportamento da população brasileira em relação ao

tabagismo.

Em 1987, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou o Dia Mundial

sem Tabaco, comemorado em 31 de maio, com a finalidade de alertar sobre as

doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. No Brasil, o INCA, órgão

do Ministério da Saúde que coordena as ações de prevenção e controle do

câncer e Centro Colaborador da OMS para controle do tabaco é o responsável

pela divulgação e comemoração da data de acordo com o tema estabelecido a

cada ano pela Organização Mundial de Saúde. As ações envolvem toda a

sociedade, estados, municípios e Distrito Federal.

1.5 – Doenças provocadas pelo vício no tabaco

O tabagismo é uma toxicomania caracterizada pela dependência

psicológica do consumo de tabaco, uma doença causada pela dependência

física da nicotina. Os viciados seguem o comportamento idêntico aos

dependentes de heroína e cocaína. Ele integra o grupo dos transtornos mentais e

comportamentais devido ao uso de substância psicoativa, segundo a Revisão da

Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à

Saúde (CID-10, 1997) e é a maior causa isolada evitável de adoecimento e

mortes precoces em todo o mundo.

É reconhecido como uma doença epidêmica que causa dependência

física, psicológica e comportamental semelhante ao que ocorre com o uso de

outras drogas como álcool, cocaína e heroína. A dependência ocorre pela

presença da nicotina nos produtos à base de tabaco.

25

Segundo a Organização Mundial de Saúde o tabagismo é a principal

causa de morte evitável em todo o mundo, sendo responsável por 63% dos

óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis. Dessas, o

tabagismo é responsável por 85% das mortes por doença pulmonar crônica

(bronquite e enfisema), 30% por diversos tipos de câncer (pulmão, boca, laringe,

faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga, colo de útero, estômago e fígado), 25%

por doença coronariana (angina e infarto) e 25% por doenças cerebrovasculares

(acidente vascular cerebral).

1.5.1 – Epidemiologia

No Brasil, estima-se que cerca de 200 mil mortes/ano são decorrentes do

tabagismo. Os cigarros contem 4.700 substâncias tóxicas e é responsável por

95% dos casos de câncer de boca, 90% das inflamações de mama, 80% da

incidência de câncer no pulmão, por 97% dos casos de câncer da laringe, 50%

dos casos de câncer de pele, 45% das mortes por doença coronariana (infarto do

miocárdio) e 25% das mortes por doença cerebrovascular (derrames cerebrais).

A nicotina presente no cigarro, por exemplo, ao ser inalada produz

alterações no Sistema Nervoso Central, modificando assim o estado emocional e

comportamental dos indivíduos, da mesma forma como ocorre com a cocaína,

heroína e álcool.

Além de estar associado às doenças crônicas não transmissíveis, o

tabagismo também é um fator importante de risco para o desenvolvimento de

outras doenças, tais como - tuberculose, infecções respiratórias, úlcera

gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens,

osteoporose, catarata, entre outras doenças.

Algumas doenças causadas pelo consumo de cigarro:

26

ASMA

A fumaça pode piorar a asma em crianças.

PREDISPOSIÇÃO AO FUMO

As filhas de mulheres que fumavam durante a gravidez têm quatro vezes mais

probabilidade de fumar também.

LEUCEMIA

Suspeita-se que o fumo cause leucemia mielóide.

MEMÓRIA

Doses altas de nicotina podem reduzir a destreza mental em tarefas complexas.

DEPRESSÃO

Psiquiatras estão investigando evidências de que há uma relação entre o fumo e

a depressão profunda, além da esquizofrenia.

SUICÍDIO

Um estudo feito entre enfermeiras mostrou que a probabilidade de cometer

suicídio era duas vezes maior entre as enfermeiras que fumavam.

CONTUSÕES EM ATIVIDADES FÍSICAS

Segundo um estudo do Exército dos Estados Unidos, os fumantes têm mais

probabilidades de sofrer contusões em atividades físicas.

1.5.2 – Tabagismo Passivo

Tabagismo passivo é a inalação da fumaça de derivados do tabaco, tais

como cigarro, charuto, cigarrilhas, cachimbo, narguilé e outros produtores de

27

fumaça, por indivíduos não fumantes, que convivem com fumantes em ambientes

fechados respirando as mesmas substâncias tóxicas que o fumante inala.

A fumaça que sai da ponta do cigarro e se difunde homogeneamente no

ambiente, contém em média três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido

de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que

o fumante inala. A exposição involuntária à fumaça do tabaco pode acarretar

desde reações alérgicas (rinite, tosse, conjuntivite, exacerbação de asma) em

curto período, até infarto agudo do miocárdio, câncer do pulmão e doença

pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica) em adultos

expostos por longos períodos. Em crianças, aumenta o número de infecções

respiratórias.

Assim, o fumante deve ter conhecimento de que a fumaça do seu cigarro

ou de outro derivado do tabaco pode causar doenças nas pessoas com quem

convive em casa, no trabalho e em demais espaços coletivos e que não existe

nível seguro de exposição à fumaça.

A Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco em seu artigo 8º,

recomenda que os países signatários elaborem, adotem e apliquem leis que

garantam ambientes 100% livres de fumo em locais fechados de trabalho, meio

de transporte público entre outros. Zelar pela saúde pública é um compromisso

que deve ser assumido por todos: patrões, empregados, usuários de serviços

públicos e privados, enfim toda a população, pois a Constituição da República

estabelece que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido

mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de

doença e de outros agravos” (art. 196), se sobrepondo dessa forma aos direitos

estritamente individuais e aos interesses de determinados grupos ou classes

sociais e econômicas.

28

CAPÍTULO II

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

A qualidade de vida no trabalho proporciona uma maior participação por

parte dos colaboradores, criando um ambiente de integração entre superiores,

colegas e com o próprio ambiente de trabalho, onde o objetivo principal é a

compreensão das necessidades dos colaboradores. Ela atua prioritariamente

com dois aspectos importantes: o bem-estar do trabalhador e a eficácia

organizacional. Historicamente, o que era analisado na maioria das empresas

eram as ações paliativas, aleatórias ou reativas às exigências de

responsabilidade civil ou criminal. Pensando na gestão de pessoas, existem

estudos iniciais voltados para redução da fadiga física, um dos vetores da

organização dos estudos ergonômicos.

No século XX, com os temas de responsabilidade social, o

envelhecimento da população e o desenvolvimento sustentável surgiram novos

paradigmas. Alguns desencadeadores típicos da sociedade pós-industrial são os

vínculos e estrutura da vida pessoal, fatores socioeconômicos, metas

empresariais e pressões organizacionais.

A fim de entender e até responder essas questões desencadeadoras da

QVT, muitas ciências têm tratado da condição humana, especialmente no

ambiente de trabalho. A Economia, por exemplo, contribuiu ativamente com a

realização de estudos e levantamentos para a montagem dos índices de

Desenvolvimento Humano (IDH), Desenvolvimento Social (IDS) e Condição de

Vida (IDCV).

No tocante às pessoas, a QVT também aborda as questões referentes

aos riscos ocupacionais do trabalho, ergonomia, questões de saúde e segurança

29

do trabalho, carga mental, esforços repetitivos, comunicação tecnológica,

psicologia do trabalho, psicopatologia, significado do trabalho, processos

comportamentais, expectativas, contrato psicológico de trabalho, motivação,

liderança, fidelidade e empregabilidade. Para facilitar o entendimento de um

tema tão complexo, as diversas dimensões da QVT foram agrupadas em escolas

de pensamento.

Escola Socioeconômica

Ela vem abordar as questões sociopolíticas, porém a organização

sociopolítica denominada “terceira via” seja considerada uma das mias

reveladoras. |Do ponto de vista de Giddens (1998), os dilemas da sociedade nos

últimos 15 anos são: globalização, individualismo, e as posições políticas de

esquerda e direita que parecem não fazer mais sentido. Para ele, o objetivo geral

da “terceira via” seria ajudar os cidadãos a abrir o seu caminho através da

globalização, transformação na vida pessoal e com a natureza. Os princípios

básicos dessa corrente política seriam:

Desenvolvimento da cidadania

Responsabilidade e projetos sociais

Igualdade com liberdade

Preservação do meio ambiente

Desenvolvimento sustentável

Os assuntos não são estudados de forma isolada, porém propõe uma análise

das relações de trabalho num ambiente globalizado, cercado por diversas

tecnologias e que pode implicar na redução de pessoas na esfera produtiva.

Esses assuntos da era moderna indicam a constituição de um novo paradigma

das ciências sociais.

Escola Organizacional

30

Apesar de possuir a dimensão socioeconômica muito presente, os estudiosos da

área a denominaram de organizacional por envolver a dimensão específica do

local onde as relações de trabalho acontecem. Assim, alguns pesquisadores

como Taylor e McGregor que tratavam de modelos tecnológicos (melhores

técnicas e métodos) e teorias da administração. Elton Mayo foi o precursor na

definição de uma teoria mais humanizada. Maslow iniciou um novo marco com a

pirâmide das necessidades higiênicas e de satisfação. Apenas na década de

70, iniciaram-se estudos voltados para qualidade pessoal e o seu impacto na

qualidade organizacional. O autor Walton (1975), foi o primeiro norte-americano a

fundamentar um conjunto de critérios sob o ponto de vista organizacional. O

conjunto de contribuições dessa escola, destacamos:

Expansão dos processos de qualidade e produtividade para o de

qualidade pessoal

Política de gestão de pessoas – valorização e capacitação

Marketing – imagem corporativa e comunicação interna

Tempo livre – hábitos de lazer, cultura e esporte

Risco e desafio como fatores de motivação e comprometimento

Escola da Condição Humana no Trabalho

Essa escola possui uma abordagem voltada a compreensão do ser humano,

em que toda pessoa é um complexo biopsicossocial, tem potencialidades

biológicas, psicológicas e sociais que respondem às condições de vida. Ela está

fundamentada em:

Dimensão biológica: características herdadas ou adquiridas ao nascer

Dimensão psicológica: processos afetivos, emocionais e de raciocínio

(conscientes ou inconscientes)

31

Dimensão social: valores socioeconômicos, cultura, crenças, papel da

família e outras formas de organização social.

Essa é uma conceituação descrita por Lipowski (1986) e é descrita como

uma visão mais ampla do conceito de saúde, que não seria apenas a ausência

de doença, porém o completo bem-estar biológico, psicológico e social. A

adoção desse conceito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1986, foi

significativo para a compreensão dos fatores psicossociais na vida moderna, no

desempenho e na cultura organizacionais da saúde do trabalho.

As escolas socioeconômicas, organizacionais e de condições humanas

no trabalho devem viabilizar a definição de critérios, procedimentos

metodológicos, metas de gerenciamento e definição da natureza dos resultados.

A QVT pode ser identificada em vários níveis de análise a partir de modelos de

gestão, práticas organizacionais com resultados positivos, tanto do ponto de vista

empresarial quanto pessoal e dos elementos que caracterizam a sua missão nas

empresas.

Neste contexto, é crucial às organizações pensarem em sedimentar suas

habilidades e potenciais para abraçar o novo conceito de trabalho, bem como os

desafios a ele inerentes, reconhecendo as suas mais variadas necessidades e

os aspectos que favoreçam o atendimento e o desenvolvimento do ser humano

como ser multidisciplinar. É preciso falar em qualidade de vida no trabalho,

ressaltando-se, a abordagem deste assunto como questão de competitividade

organizacional.

2.1 – O que é qualidade de vida no trabalho e sua

importância

32

O ser humano traz consigo sentimentos, ambições; cria expectativas,

envolve-se, busca o crescimento dentro daquilo que desenvolve e realiza. Assim,

é importante entendermos que o ser humano não trabalha apenas para a

obtenção do salário, deixando de lado sentimentos e frustrações, se colocando

apenas como uma peça no processo de produção. O homem possui muitas

necessidades e no ambiente de trabalho elas aparecem no modo como se

comunica com os colegas, através dos seus anseios e ambições profissionais.

Por isso é fundamental que saibamos que, somos seres integrados e indivisíveis,

com direito a todos os sonhos de autoestima e auto realização.

Favorecer o desenvolvimento de um perfil humano condizente com os

padrões do paradigma imergente consiste em construir os alicerces para uma

organização inteligente e inovadora. Respeitar o trabalhador como “ser humano”

significa contribuir para a construção de um mundo mais humano e para um

desenvolvimento sustentável. Investir em qualidade de vida significa investir no

progresso da sociedade e da economia global.

2.1.1 – Conceito de QVT

Segundo a Organização Mundial da Saúde, Qualidade de Vida é um

conjunto de percepções individuais de vida no contexto dos sistemas de cultura e

de valores em que vivem, e em relação a suas metas, expectativas, padrões e

preocupações.

Qualidade de vida no trabalho refere-se ao nível de felicidade ou

insatisfação com a própria carreira. Diz-se que, aqueles que gostam das suas

carreiras, têm uma alta qualidade de vida no trabalho, enquanto aqueles que são

infelizes ou cujas necessidades não são preenchidas, de alguma forma, são

considerados com uma baixa qualidade de vida no trabalho. Segundo Fernandes

e Gutierrez (1998) a Qualidade de Vida no Trabalho é afetada por questões

33

comportamentais que dizem respeito ás necessidades humanas e aos tipos de

comportamentos individuais no ambiente de trabalho, de alta importância, como,

entre outros, variedade, identidade da tarefa, retroinformação (informação que o

emissor obtém da reação do receptor à sua mensagem, e pode ser utilizada

como medida do resultado da comunicação, feedback -

http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/).

“Produzir bem-estar é oferecer produtos e serviços que

facilitem e valorizem a vida humana. É promover um bom

clima organizacional para seus funcionários. É praticar a

responsabilidade ambiental e social. É garantir a sua

perpetuidade”. (CLEMEN,2005 p.29)

A qualidade de vida no trabalho pode ser entendida por assim dizer, como

o conjunto das ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e

inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção da

qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha as

pessoas e a empresa como um todo, o que chamamos de enfoque

biopsicossocial. O posicionamento biopsicossocial representa o fator diferencial

para a realização de diagnóstico, campanhas, criação de serviços e implantação

de projetos voltados para a preservação e desenvolvimento das pessoas, durante

o trabalho da empresa.

Além disso, no âmbito da qualidade de vida, ainda existem a:

Ergonomia a relação homem-trabalho, ou seja, o indivíduo está inserido

em um contexto social mais amplo. A representação que o trabalho tem

socialmente pode impactar a vida e o bem-estar do indivíduo, levando a

situações de menor e maior desgaste;

Abordagens clínico verbais em questões de atendimento à qualidade de

vida, onde segundo Castro (10 jan. 2001), sinaliza que QVT também deve

34

estar associada a informação, ou seja, para grandes questões de saúde,

a informação bem difundida é mais eficaz do que o hospital.

Dort (Distúrbios osteomusculares relacionados com o trabalho, trata de

uma das principais doenças ocupacionais. Eles são enfermidades dos

tendões (tendinite de ombro), enfermidades dos nervos (síndrome do túnel

do carpo, síndrome do desfiladeiro torácico entre outras).

Fatores psicossociais fala sobre as ações que devem ser desenvolvidas

para manter as pessoas saudáveis, preferencialmente através de ações

preventivas. Ter saúde também significa estar em estado de satisfação e

plenitude.

“A tendência ao sedentarismo que hoje observamos, é

algo que data apenas de não mais de 150 anos(...) 96%

de toda energia produzida na Terra originava-se da força

muscular-animal ou humana (..) inclui-se o estado de

insatisfação e tensão crônicas relacionadas à competição

que é símbolo de nossa época. (...) o pouco espaço que

se concede nesta nossa sociedade para a vivência e

expressão das emoções (...). Em uma sociedade regida

por esses valores, importa pouco o bem que se pratica ou

praticou, a bondade de que se for possuidor, a

honestidade e a lealdade no trato com outras pessoas. (...)

não parece haver dúvidas da relação direta que há entre a

qualidade de vida e a qualidade das relações que se

consegue manter com as outras pessoas”. (NOBRE,1995

p.33-39)

35

Esse texto é uma referência sobre as discussões das relações humanas

no processo de bem-estar psicossocial, voltado para a saúde e a qualidade de

vida.

O momento de cuidar do agravo à saúde é aqui destacado como algo que

deve ser visto e detectado o mais breve possível. Se lamentavelmente

ainda vivemos uma realidade de patologias no trabalho, é fundamental que

a detectemos precocemente. Segundo os especialistas da OMS, a

detecção de distúrbios dos mecanismos compensatórios e

homeostáticos, enquanto ainda permanecem reversíveis alterações

bioquímicas, morfológicas e funcionais.

A legislação e os programas de segurança e saúde no trabalho. No Brasil,

desde 1904 foram realizadas tentativas de criação de uma legislação

especial para os acidentes de trabalho, porém apenas em 1909 foi

editada a primeira lei sobre o assunto. O país possui um dos mais

detalhados e avançados conjuntos de leis e decretos. Os mais importantes

são os programas PPRA (Programa de Prevenção de Acidentes) e

PCMSO (Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional), ambos os

programas devem ser implantados em conjunto.

2.1.2 – Qualidade de Vida no Trabalho e autorrealização

A qualidade de vida é definida como o nível de prazer na vida de uma

pessoa. Em geral, ela é baseada em vários fatores.

“Os empregados que possuem uma vida familiar

insatisfatória têm o trabalho como o único ou maior meio

para obter a satisfação de muitas de suas necessidades,

principalmente, as sociais”. Rodrigues (1994, p.93).

37

Segundo o autor McClelland, as pessoas possuem três tipos de

necessidades: realização, afiliação e poder, porém em intensidades diferentes. A

necessidade de realização de acordo com McClelland está relacionada ao

desejo de atingir objetivos. A necessidade de afiliação está intimamente ligada

ao desejo profundo de estabelecer relações afetivas com os outros indivíduos, ou

seja, se sentir querido e aceito por todos. A necessidade de poder, para

McClelland, está relacionada ao desejo de controle e de influência em relação

aos outros indivíduos. Cada indivíduo possui necessidades específicas e cabe a

Gestão de Pessoas reconhecê-las, a fim de que se sinta mais satisfeito para

desempenhar seu papel nas organizações.

A qualidade de vida no trabalho hoje pode ser definida como uma forma

de pensamento envolvendo pessoas, trabalho e organizações, onde se destacam

dois aspectos importantes: a preocupação com o bem-estar do trabalhador e

com a eficácia organizacional e a participação dos trabalhadores nas decisões e

problemas do trabalho. Muito se tem falado sobre a qualidade de vida no

trabalho, porém a satisfação no trabalho não pode estar isolada da vida do

indivíduo. Segundo, Sílvio Celestino, especialista em gestão de pessoas, a

melhor maneira de saber se as pessoas estão insatisfeitas é observar suas

ações diariamente e ao identificar uma insatisfação, criar mecanismos para ouvir

os empregados.

Nesse contexto, a qualidade de vida no trabalho está especificamente

relacionada ao nível de felicidade que deriva da carreira de uma pessoa. Cada

pessoa tem necessidades diferentes quando se trata de suas carreiras e o nível

da sua qualidade de vida no trabalho é determinado pelo atendimento dessas

necessidades.

38

2.2 – Aspectos históricos do trabalho e sua influência na vida

do homem

Como meio de se manter, o trabalho é também o elemento mais

importante da produção social. Ele exige energia física e psíquica, chamado de

força do trabalho. Podemos dividir a história do trabalho através do modo de

produção que o homem desenvolveu ao longo da historia que são os regimes de

trabalho primitivo, escravo, feudal, capitalista e comunista.

Os alicerces da produção social deslocaram-se da agricultura para a

indústria quando o comércio se sobrepôs ao trabalho agrícola e ampliou suas

atividades. Na revolução industrial, iniciada no século XVIII, as fábricas

acomodaram em um único espaço, trabalhadores e máquinas, os novos meios

de produção na época. Esses meios aumentaram a especialização das tarefas e

a divisão do trabalho, contribuindo para o afastamento das pessoas do conteúdo

de suas próprias atividades.

As variáveis políticas, culturais e econômicas da história transformaram o

modo como surgiu o trabalho e contribuíram para sua adaptação ao longo da

história, com o desenvolvimento da intelectualidade humana na construção do

materialismo que ajudou a formar o homem que temos hoje, ou seja, na revolução

atual, o trabalhador é inserido na era do conhecimento e da inovação e é exigido

dele o desenvolvimento de habilidades para lidar com um mundo complexo e em

constante mutação.

2.3 – A origem da qualidade de vida no trabalho e o

desenvolvimento sustentável

39

Em 1950, com o surgimento da abordagem sócio técnica, passou-se a

pensar em qualidade de vida no trabalho. Entretanto, apenas na década de 60,

iniciativas de cientistas sociais, líderes sindicais, empresários e governantes,

surgiram com o objetivo de minimizar os efeitos negativos do emprego na saúde

e melhorar o bem-estar geral dos trabalhadores.

A expressão qualidade de vida no trabalho foi introduzida, publicamente,

no início da década de 70, pelo professor Louis Davis (UCLA, Los Angeles),

ampliando o seu trabalho sobre o projeto de delineamento de cargos. Nesse

período, surgiu um movimento pela qualidade de vida no trabalho, nos EUA, face

à preocupação com a competitividade internacional e o grande sucesso dos

estilos e técnicas gerenciais dos programas japoneses focados nos

empregados. Já nessa época, havia uma tentativa de integrar os interesses dos

empregados e empregadores através de práticas gerenciais capazes de reduzir

os conflitos.

De acordo com Rodrigues (1994, p.76), “a qualidade de vida no trabalho

tem sido uma preocupação do homem desde o início de sua existência com

outros títulos em outros contextos, mas sempre voltada para facilitar ou trazer

satisfação e bem-estar ao trabalhador na execução de sua tarefa”.

Antes visto como custo pelas organizações a questão de responsabilidade

ambiental passa agora a ser fator chave para as empresas graças às exigências

legislativas, consumidores mais conscientes e por ser uma oportunidade de

negócio.

A consciência de que os recursos disponíveis são finitos e devem ser

preservados para as próximas gerações é parte fundamental das discussões

voltadas para a legitimidade da gestão empresarial e qualidade de vida. A

expressão empresa verde, possui um significado positivo, não só para

empregadores, mas também para os empregados.

40

Atualmente, são visíveis como as empresas têm utilizado com eficiência

os recursos naturais, água, energia e terra. Em função disso, hoje existe uma

expectativa mais positiva com relação ao meio ambiente e com o próprio

trabalho, por assim dizer, uma vez que com isso, amplia-se o campo de atuação

dos profissionais. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT),

até 2050, mais de 2 bilhões de postos de trabalho para quem atua em Meio

Ambiente sejam criados no mundo.

A empresa que transpõe as barreiras do lucro e associa a qualidade de

vida no ambiente laboral às ações socioambientais se beneficiam de

colaboradores mais produtivos e engajados com as estratégias da organização.

2.4 – As empresas e a qualidade de vida no trabalho

O propósito de um programa de Qualidade de Vida ou Promoção de

Saúde nas empresas é encorajar e apoiar hábitos e estilos de vida que

promovam saúde e bem-estar entre os colaboradores e seus familiares durante

toda a sua vida profissional.

A ideia não é apenas mudar o estado de saúde dos profissionais, mas

encorajá-los a cuidarem de si mesmos, adquirindo um ganho substancial na sua

satisfação e crescimento, assim como no aumento de produção e redução de

custos para a empresa.

Desde que o mundo exigiu novas e complexas interações em termos de

excelência em relação à produtividade e a qualidade dos serviços prestados,

estamos tendo que nos adaptar constantemente a todos estes estímulos,

comprometendo de alguma forma nosso aprendizado e saúde.

41

De acordo com Etzioni (1964, p. 9), “as organizações são unidades

sociais (ou agrupamentos humanos) intencionalmente constituídas e

reconstituídas, a fim de atingir objetivos específicos”. As empresas, de modo

geral, possuem a sua estratégia voltada para a manutenção da boa imagem e

geração de lucro. Elas se definem pelas condições de pensar e agir da

sociedade, são consideradas sistemas sociais e, além disso, alinham ciência e

pessoas em sua estrutura. Os objetivos constituem, também, uma fonte de

legitimidade que justifica as atividades de uma organização e, na verdade até

sua existência.

A sociedade deve compreender as organizações e fazer

delas um uso adequado porque são necessárias para que

se atinja os benefícios da civilização. Elas são

necessárias para a paz mundial, para o sucesso do

sistema de ensino, bem como para outros objetivos

benéficos que as pessoas perseguem. O progresso da

nossa sociedade depende de organizações eficazes

(DAVIS e NEWSTRON, 1992, p. 4).

O comportamento humano nas organizações é imprevisível, isso ocorre

porque cada indivíduo traz consigo um conjunto de valores e necessidades

próprios. Não há modelos para se trabalhar com pessoas, assim como, não

existem fórmulas prontas para resolução de problemas empresariais. Entretanto,

há a capacidade de aprimorar o nosso conhecimento e as nossas habilidades

para que os relacionamentos no ambiente de trabalho sejam os mais agradáveis

e proveitosos quanto possível.

Quando as pessoas entram numa organização, trazem

consigo certas forças e necessidades que afetam seu

desempenho na situação de trabalho. Algumas vezes, são

42

facilmente perceptíveis, mas frequentemente tais forças e

necessidades são difíceis de determinar e satisfazer, além

de variarem enormemente de uma pessoa para outra.

(DAVIS e NEWSTRON, 1991, p. 65).

Em termos comportamentais, a estrutura empresarial se move através de

duas formas distintas: formal e informal. A formal, delineada pela racionalidade, é

apenas um plano de conduta traçado pelos organizadores, a fim de dar perfeita

execução ao seu funcionamento. Segundo os autores Simon, Smithburg, Wahrlich

(1986, p. 51). “Quase sempre o quadro real de comportamento e de relações

apresentado pelos membros de uma organização se afasta, ligeira ou

amplamente, do plano formal de organização”, daí vem à sensação de perda de

qualidade de vida.

As organizações, na verdade, não funcionam exatamente

como deveriam, mas a idealização [...] é bastante útil

como ponto de partida, pois equipara-se, em vários

aspectos, aos modelos clássicos descritos na literatura

sociológica e da administração [...] tais modelos

apresentam a organização como um sistema altamente

racional e impessoal, no qual se ignora quase que

totalmente a psicologia dos elementos que a compõem

(TANNENBAUM, 1973, p.15).

A informal trata da maneira pela qual os membros realmente se

comportam. É a manifestação originária de sua vida privada em busca de

qualidade de vida. Segundo Wahrlich (1976, p.52), “o plano administrativo formal

não pode nunca refletir, completamente, a organização concreta à qual se refere,

pela razão óbvia que nenhum plano abstrato pode [...] descrever exaustivamente

uma totalidade empírica”.

43

A demanda pela gestão da qualidade implica em grandes esforços e

energia dos trabalhadores. E, como nem todos os trabalhadores possuem a

mesma estrutura motivacional, o processo de mobilização implica uma ampla

relação de fatores que afetam sua qualidade de vida no trabalho. Segundo o

psiquiatra Carl Jung, “conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas

ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.

44

CAPÍTULO III

PROGRAMA QUALIDADE DE VIDA E O PROJETO

ANTITABAGISMO

Atualmente, muitas empresas têm criado programas, e um deles é voltado

para a qualidade de vida do trabalhador. Mas, para estabelecer um programa na

organização e garantir o engajamento dos profissionais, é necessário que sejam

identificadas as necessidades e anseios desses trabalhadores. Acredita-se que,

como vimos no capítulo anterior, satisfeitas as necessidades básicas – Pirâmide

de Maslow – outras irão surgir gradativamente. Assim, podemos dizer que a

satisfação é um conjunto de sentimentos favoráveis ou desfavoráveis com os

quais os empregados veem seu trabalho.

Os gestores devem estar atentos as atitudes dos empregados

diariamente, observando suas ações, expressões e comportamentos. De acordo

com Moretti (pág. 09) apud Davis e Newstron (1992, p.123), “satisfação no

trabalho representa uma parcela da satisfação da vida [...] a satisfação no

trabalho influencia também o sentimento de satisfação global com a vida de uma

pessoa”.

Uma crescente quantidade de atenção tem sido dada às

necessidades de renda das pessoas, cuidados médicos e

outros serviços. Entretanto a qualidade de vida no trabalho

é definida não só pelo que é feito para as pessoas, mas

também pelo que eles fazem por si próprios e pelos outros

(RODRIGUES, 1991, p.101).

45

O clima organizacional e as relações no ambiente de trabalho irão ditar as

regras de como o indivíduo irá se comportar no seu dia a dia de trabalho. Os

fatores psicossociais e as condições físico-psicológicas irão influenciar

diretamente na produtividade desse trabalhador. Qualidade de vida no trabalho

deve corresponder objetivamente à obtenção do bem-estar no trabalho, ou seja,

tornar o trabalho saudável, humano, para isso os seus fatores devem ser claros e

objetivos.

A implementação de um programa de QVT, não é necessariamente um

indicador de aumento da produtividade, porém se estiver com foco nos anseios

dos trabalhadores e em sua saúde, poderá ser um indicador de melhora na

performance desses profissionais. Ele é composto por diversos projetos que em

conjunto beneficiam a vida do trabalhador em seu ambiente laboral.

Um ambiente corporativo, saudável, competitivo, contribuirá decisivamente

para o seu desempenho, acentuando características como inovação, cultura

coesa e velocidade de implementação de projetos e empreendimentos.

Nesse capítulo, falaremos sobre o programa de qualidade de vida e o

projeto antitabagismo, um dos grandes vilões da saúde e do bem-estar.

Responsável por uma infinidade de doenças, o tabagismo é um vilão poderoso

que acomete não só o fumante, mas também os não fumantes. É verdade que ele

não é indutor de crimes ou condutas antissociais, como só acontece com o álcool

e outras substâncias psicoativas, porém ele é tão letal quanto às outras,

sobretudo, para o dependente.

No ambiente corporativo, a maioria dos tabagistas, dedicam horas que

poderiam ser produtivas ao consumo do cigarro sem perceber que lenta e

progressivamente, patologias respiratórias, vasculares, oncológicas e muitas

outras foram sendo relacionadas a ele que, de elegante, foi se tornando inimigo

público em vários países.

46

3.1 – Programa de Qualidade de Vida

A qualidade de vida no trabalho é uma área de conhecimento que

investiga as características do contexto do trabalho que podem ser fontes

geradoras de mal-estar e bem-estar, além da promoção de ações de prevenção

do adoecimento ocupacional e da disseminação de práticas de bem-estar no

trabalho, associadas a uma concepção de produtividade saudável. A principal

contribuição dessa área é possibilitar, aos principais atores do mundo do

trabalho, a compreensão com rigor científico, desse contexto ora descrito, para

então transformá-lo.

De acordo com Elizabeth Amadei Nogueira, Coordenadora do Departamento

de Saúde e Qualidade de Vida Philips, “a busca constante por um ambiente de

trabalho equilibrado e saudável vai além da questão social. O sucesso da

empresa também é determinado pela manutenção do padrão de trabalho da

equipe. Incentivar e fomentar a qualidade de vida entre os funcionários é

também uma das maneiras de se otimizar custos. Ações permanentes de

prevenção e de promoção da saúde são vitais para a conservação da

qualidade de vida e produtividade dos funcionários Philips. Hoje todos os

programas e ações estão agrupados dentro do Programa +Vida, e conhecido

como o melhor programa de ação global na categoria “indústria” pela ABQV. ”

A realização de campanhas sobre prevenção de doenças facilita o

diagnóstico precoce e evita problemas futuros, garantindo mais qualidade de

vida aos colaboradores. O programa de qualidade de vida existe para criar

estratégias de promoção de um ambiente que seja estimulante e que dê suporte

ao indivíduo e a empresa, conscientizando sobre como a sua saúde está

diretamente ligada à sua qualidade e produtividade.

47

É importante que os profissionais sejam encorajados a se cuidarem e

gerenciarem sua própria saúde, adquirindo um ganho substancial na sua

satisfação e crescimento, assim como no aumento de produção e na redução

de custos para a empresa.

A implantação de um Programa de Qualidade de Vida nas empresas, implica

em algumas diretrizes e questões de responsabilidade social e institucional. É

fundamental que estejam envolvidos e comprometidos nesse processo os

dirigentes da empresa, gestores e os colaboradores. O objetivo é estimular as

pessoas a mudarem seu estilo de vida, a adotarem hábitos saudáveis e a

valorizarem a prevenção de doenças.

3.1.2 – Cultura organizacional do bem-estar

Desenvolvimento de uma cultura organizacional de bem-estar coletivo,

fundamentada na prevenção de riscos à saúde e manutenção dela, na segurança

e conforto dos colaboradores no exercício das suas atividades. A cultura

organizacional é a cultura em seu sentido antropológico existente em

uma organização composta por práticas, símbolos, hábitos, comportamentos,

valores éticos e morais, além de princípios, crenças, cerimônias, políticas

internas e externas, sistemas, jargão e clima organizacional. A cultura influencia

todos os membros dessa organização como diretrizes e premissas para guiar

seus comportamentos e mentalidades.

Em 2012, Dextras-Gaulthier e colegas propuseram um modelo integrativo

que relaciona a cultura organizacional e a saúde mental, sugerindo que as

condições de trabalho pudessem ser um dos meios através do qual a cultura

organizacional condiciona o bem-estar e a saúde mental dos colaboradores. A

relação entre cultura organizacional e bem-estar pode também ser explicada pela

confiança que os trabalhadores têm na organização, pelo ajustamento entre os

48

valores pessoais e os valores organizacionais, e ainda pelos mecanismos

de coping usados pelos colaboradores.

A relação entre cultura organizacional e bem-estar também pode ser

explicada pela confiança que os trabalhadores têm na organização, pela

integração entre os valores pessoais e organizacionais, e ainda pelos

mecanismos de coping usados pelos colaboradores.

Para Suzana (Rev. Psicol., Organ. Trab. vol.14 no.2 Florianópolis jun.

2014), os artigos analisados vêm acrescentar à literatura outras formas de

explicar porque é que a cultura organizacional influencia o bem-estar dos

colaboradores, aliada ao teste empírico destes mecanismos mediadores.

Consideramos que este é um contributo importante para a literatura da cultura, ao

evidenciar o seu poder explicativo relativamente a outros domínios da vida na

organização, para além das atitudes e comportamentos dos colaboradores: o

seu bem-estar.

3.1.3 – Comunicação institucional

A Política de Comunicação interna deve ser clara, objetiva e impulsionar a

ações de QVT. A divulgação deve ser feita em todos os canais de comunicação

da empresa de modo a proporcionar um entendimento e provocar o envolvimento

no assunto. A comunicação interna deve contribuir para a manutenção e o

fortalecimento de um clima organizacional sadio para os trabalhadores.

O papel da Comunicação nesse programa é fundamental para o

engajamento dos gestores e colaboradores. Uma campanha antitabagismo deve

ser planejada e executada em parceria com o setor responsável pela saúde

ocupacional da empresa. O médico ou enfermeiro do trabalho é o profissional

que deverá fornecer o conteúdo técnico para o setor de comunicação interna

organizar a campanha.

49

Pensando na saúde e bem-estar dos seus funcionários, e também em

reduzir custos, as empresas adotam programas e campanhas antitabagismo

para melhorar a qualidade de vida e a produtividade de seus colaboradores.

3.1.4 – Gestão Organizacional colaborativa com foco no bem-

estar

Os colaboradores devem sentir-se seguros e felizes em seu ambiente de

trabalho. Para isso, o Programa de Qualidade de Vida do Trabalhador deve se

preocupar com um ambiente sadio, através de uma gestão organizacional mais

humanizada, que promova a produtividade, realização profissional e o prazer dos

colaboradores nas suas relações de trabalho, sejam com clientes, gestores,

parceiros e os próprios colegas.

3.1.5 – Avaliação de Desempenho e Educação Corporativa

As políticas de treinamento e desenvolvimento, assim como as diretrizes

para a utilização da ferramenta de avaliação de desempenho devem ser claras e

atender a todos os colaboradores da empresa. No tocante a treinamento e

desenvolvimento, podem ser realizados cursos internos ministrados pelos

próprios empregados, fazendo com que o conhecimento seja compartilhado com

mais profissionais. Esse movimento gera uma cadeia produtiva e motivadora e

deve estar alinhada às práticas de QVT, assim como os critérios de

produtividade e planejamento de tarefas.

3.1.6 – Prevenção de riscos e acidentes

O programa de QVT deve prever os riscos à saúde e a segurança no

ambiente de trabalho. É de suma importância que o profissional de Segurança do

50

Trabalho esteja sempre atento aos detalhes do dia a dia do trabalhador no

âmbito dos riscos físicos-ambientais, atuando na prevenção dos acidentes de

trabalho, além de orientar continuamente quanto a importância do uso dos EPI’s.

A realização de exames médicos periódicos é parte integrante nas ações de

controle médico.

As ações complementares de natureza assistencial devem fazer parte do

programa. Essas ações devem estar voltadas para o combate à fadiga e ao

estresse, ao desgaste causada pela desmotivação e ao clima no ambiente

corporativo.

3.1.7 – Gestão do Trabalho

As atividades laborais devem ser estimulantes e desafiadoras, porém

respeitando os limites de cada profissional. As práticas de gestão do trabalho

devem estar pautadas pela autonomia, flexibilidade, cooperação e valorização

das competências dos profissionais. Nesse caso, o reconhecimento do bom

trabalho fará toda a diferença na atuação dos colaboradores.

Etapas para implantação do Programa de Qualidade de Vida:

Criação de um Comitê ou Grupo de Trabalho

Definição da Política e das práticas em QVT

Realização de Pesquisa Diagnóstica

Apresentação da pesquisa e debate com os colaboradores e

especialistas no assunto

Implantação das ações em parcerias com todas as unidades da empresa

Os profissionais são responsáveis por sua saúde individual, cabe à empresa o

papel de mediadora do processo de conscientização desses profissionais para a

adoção de um estilo de vida mais saudável.

51

3.2 – Projeto Antitabagismo

Com o avanço da ciência, o tabagismo, antes visto como estilo de vida,

sinal de status, atualmente se configura como uma dependência química que

expõe as pessoas a diversas substâncias tóxicas. Os dependentes do tabaco

são as principais vítimas de doenças, incluindo o câncer. Hoje, o tabagismo está

classificado no grupo dos transtornos mentais e de comportamento decorrentes

do uso de substâncias psicoativas.

O tabagismo responde por 40% a 45% de todas as mortes por câncer,

90% a 95% das mortes por câncer de pulmão, 75% das mortes por DPOC, cerca

de 20% das mortes por doenças vasculares, 35% das mortes por doenças

cardiovasculares, entre homens de 35 a 69 anos de idade nos países

desenvolvidos (WHO, 1999). Este fato contribui para que hoje o tabaco responda

por 15% do total de mortes nesses países (Murray & Lopez, 1996). (Dados do

Ministério da Saúde – Inca, 2001).

As empresas têm se preocupado em realizar um programa de cessação

de tabaco no local de trabalho de seus colaboradores tabagistas. Do lado da

empresa, há uma preocupação com a qualidade de vida de seus colaboradores,

mas outras questões se colocam neste contexto. Estudos mostram que fumante

gera custo financeiro extra, bem como gasto com despesas de saúde em

excesso. De outra forma, compromete a produtividade devido aos efeitos de

privação de nicotina. Oferecer a esses tabagistas um tratamento para essa

dependência favorece tanto ao colaborador como a empresa.

Uma das alternativas para reduzir esse impacto negativo que o tabaco

provoca na saúde do usuário e no local em que ele exerce suas atividades é a

52

implantação de programas de prevenção e controle ao uso do tabaco, adotando

políticas internas objetivando manter o ambiente de trabalho saudável, produtivo,

seguro e comprometido com a Qualidade de Vida dos colaboradores.

3.2.1 – Porque investir em um programa antitabagismo?

Investir em programas como o antitabagismo é uma estratégia das companhias

que querem aumentar a qualidade de vida e a produtividade do funcionário e

reduzir os gastos com plano de saúde, entretanto, é importante é montar um

projeto coordenado para obter os resultados desejados.

Passos para implementar ações antitabagismo nas empresas:

Avaliar custos do tabagismo, fazer pesquisas para mapear o interesse dos

colaboradores e calcular os recursos disponíveis.

Estabelecer se o programa será abrangente (oferecido na empresa),

facilitador (com material de autoajuda) ou de encaminhamento (com

direcionamento a programas governamentais).

Escolher os responsáveis por desenvolver a ação.

Elaborar código ou manual para colaboradores ou orientá-los sobre o

projeto. Distribuição de folders informativos para os colaboradores.

Realização de uma enquete para saber o número de interessados em

parar de fumar.

Mensurar os resultados (clima da empresa, absenteísmo).

Campanha de Conscientização pelos meios de comunicação internos:

quadro mural, intranet, e-mail marketing, banners em locais de maior

circulação, adesivação e colocação de cartazes.

53

CAPÍTULO VI

PROJETO ANTITABAGISMO NO CEDSERJ

O Condomínio do Edifício de Serviços do BNDES no Rio de Janeiro -

CEDSERJ nasceu no ano de 1985, e já tem 30 anos de existência. Muitos de

seus funcionários trabalham na empresa desde a fundação do prédio. Criado

para abrigar a sede do BNDES, tem uma estrutura interessante, formada por 24

pavimentos, 5 subsolos, sobreloja, térreo, mezanino e 3 níveis intermediários.

Vale lembrar que essa estrutura foi construída de forma a não ofuscar a visão do

Convento Santo Antônio, patrimônio histórico do Rio de Janeiro.

O CEDSERJ foi fundado três anos mais tarde, após a conclusão das

obras em 1982. É um condomínio comercial, sem fins lucrativos e não gerador de

receita que possui aproximadamente 230 colaboradores orgânicos e cerca de

300 terceirizados. O Condomínio atua exclusivamente para as empresas do

sistema BNDES.

A organização é dividida em quatro unidades distintas e igualmente

importantes, são elas: Administração Geral – com o síndico (administrador), o

subsíndico e três gerências, Gerência de Operações, Gerência de Engenharia e

Gerência de Administração e Finanças.

O propósito desse capítulo é sugerir a implantação de um projeto

antitabagismo, para isso, foram analisados alguns aspectos da comunicação

interna e realizadas entrevistas com alguns colaboradores sobre qualidade de

vida e tabagismo. Foram abordados, também, alguns aspectos da cultura

organizacional e como ela está relacionada com o bem-estar dos colaboradores

no ambiente laboral.

54

4.1 – Como funciona a comunicação na empresa

A empresa possui murais, intranet, internet, facebook e e-mail. Entretanto,

o meio de comunicação mais utilizado atualmente são o e-mail e o mural. O

quadro de avisos ou mural, ainda é muito eficaz para a disseminação de

informações importantes, pois boa parte dos nossos cidadãos corporativos não

possuem e-mail e conseqüentemente acesso à intranet.

Os líderes têm papel fundamental na divulgação das informações,

aproveitamos as reuniões formais e informais para abordar assuntos impactantes

para todas as áreas da empresa e por isso, a preocupação em manter as

lideranças bem informadas e com discursos alinhado é necessária e constante.

Para o autor Paulo Clemen (2005, p.25) existem sete motivos principais

para a empresa defender a existência da sua área de Comunicação Interna. Os

motivos são, assim definidos por ele, como:

1. As empresas existem para atender as necessidades de serviços ou

produtos de pessoas ou grupos de pessoas, conhecidos como clientes.

2. As empresas são formadas por pessoas (os cidadãos corporativos) que,

reunidas, também formam um grupo.

3. Para atender bem aos clientes, as empresas precisam ter diferenciais e

alcançar resultados.

4. Este grupo de pessoas que forma a empresa precisa ter um DNA

empresarial: características em comum e somente nela percebidas pelo

cliente.

55

5. Internamente, este grupo de pessoas (os cidadãos corporativos) interage

e forma a sua própria cultura organizacional.

6. Baseadas na força de sua cultura é que as empresas alcançam o sucesso

empresarial.

7. Esse sucesso tem como conseqüência uma imagem de reputação e uma

marca forte considerada pelos clientes. Isto é sinônimo de resultado.

Através dessa análise, já se tem uma idéia de como é importante e

estratégica a área de Comunicação Interna na empresa. É a partir dessa área

que as características do “DNA” empresarial são reconhecidas, ou seja, com a

Comunicação Interna é possível integrar os diversos setores da empresa e

motivar os seus colaboradores em sua rotina diária. É através dela que se

estabelece e se torna clara a cultura organizacional.

Uma comunicação eficaz certamente irá melhorar o clima organizacional e o

atendimento de seus colaboradores, além de evitar a formação de boatos e fatos

desencontrados que circulam nos corredores de qualquer organização, a

chamada “rádio peão”. O relacionamento humano dentro da empresa é fator

chave para o bom desenvolvimento do trabalho.

A empresa deve ser preocupar em manter o bem-estar doseu corpo

funcional, ou seja, a empresa deve pensar na importância da integração das

equipes como um todo e em cada colaborador individualmente, respeitando a

sua opinião sobre os diversos assuntos da organização.

“Produzir bem-estar é oferecer produtos e serviços que

facilitem e valorizem a vida humana. É promover um bom

clima organizacional para seus funcionários. É praticar a

56

responsabilidade ambiental e social. É garantir a sua

perpetuidade”. (CLEMEN,2005 p.29)

Uma organização é feita de pessoas e é através delas que se cria uma

parceria de sucesso para o bom desempenho corporativo.

4.2 – Qualidade de vida e tabagismo sob o ponto de vista dos

colaboradores do CEDSERJ

Os impactos da reestruturação produtiva têm levado os trabalhadores a

trabalhar sistematicamente no limite de suas capacidades físicas, cognitivas e

afetivas. É a transbordamento destes limites que está na origem do aumento de

agravos à saúde e dos impactos na segurança dos trabalhadores. Assim, foi

realizada pesquisa de campo com os colaboradores a fim de entender o que as

campanhas antitabagismo significam para os fumantes, explorando os sentidos

que o ato de fumar tem para essas pessoas e como são vivenciadas as

pressões para cessar de fumar. De acordo com as teorias propostas por Spink e

Medrado (1999), a produção de sentidos é uma prática dialógica que implica

linguagem em uso,

[...] é uma construção social, um empreendimento

coletivo, mais precisamente interativo, por meio do qual

as pessoas – na dinâmica das relações sociais

historicamente datadas e culturalmente localizadas –

constroem os termos a partir dos quais compreendem e

lidam com as situações e fenômenos a sua volta (p. 41).

As entrevistas abordaram três aspectos da trajetória de fumantes: (1) O hábito de

fumar (idade em que fumou pela primeira vez); (2) Informações sobre os riscos

(se considera que cigarro faz mal para as pessoas, de que fontes obteve essa

57

informação; se pensa em parar de fumar e o que pretende fazer para que isso

ocorra); (3) O que você entende por qualidade de vida (como o indivíduo se sente

dentro e fora do ambiente de trabalho).

Porque tornar-se fumante?

De uma forma geral, a maioria das respostas dadas relataram que as

primeiras experiências estão associadas à curiosidade na infância, à busca de

autoafirmação durante os anos escolares de Ensino Médio e à pressão do grupo,

no caso, de adolescentes ou por influência familiar (parentes que também

fumavam). Além disso, alguns disseram que era o modismo da época, status,

sentir-se adulto e inserido na sociedade. Questionados quanto a vontade de

parar, alguns disseram que participaram de programas anteriores e que usaram

o adesivo de nicotina. “Quando o efeito acabava, dava vontade de fumar

novamente e com maior intensidade. Larguei o programa”, contou um dos

entrevistados. Outro colaborador, disse que se sentiu “um tanto quanto ansioso e

com muito apetite, principalmente por doces. ”

Ainda de acordo com os participantes da entrevista, parar de fumar é o

primeiro passo para melhorar a qualidade de vida, tanto na esfera pessoal,

quanto profissional. Na maioria dos casos, todos se dizem conscientes dos

males causados pelo tabagismo, porém sentem-se impotentes para largar o

vício. Além disso, a grande maioria fuma há mais de 20 anos.

Além da satisfação almejada através do fumo e da evitação dos sintomas

da síndrome da abstinência, existem outros fatores mantenedores do consumo

do tabaco associados às frequentes taxas de recaída. A nicotina exerce efeitos

na modulação do humor, redução do stress, redução da dor, controle de peso e

melhora cognitiva. Assim, é preciso ter muita força de vontade para parar de

fumar.

58

Segundo a Psicóloga Edinalva Cruz, não basta participar do programa e ir

embora ao alcançar a cessação. É fundamental que o fumante se previna contra

as recaídas. Ele deve identificar os motivos geradores da recaída e desenvolver

estratégias para evitar que ela aconteça.

59

CONCLUSÃO

O presente trabalho se propôs a destacar a importância de um programa

de qualidade de vida nas empresas bem como a criação de um projeto

antitabagismo e sobre esses assuntos demonstrou os aspectos históricos e

socioculturais e sua importância, visando o bem-estar e a saúde física e psíquica

do trabalhador.

Em um ambiente favorável e colaborativo, teremos profissionais mais

engajados e produtivos. Os cuidados com a saúde do trabalhador, não só são

vantajosos para ele, mas principalmente para a organização que economizará

com gastos em saúde e absenteísmo.

A qualidade de vida vem ganhando importância como uma forma de

acessar o impacto tanto de uma patologia quanto de uma estratégia terapêutica

na vida das pessoas. Este parâmetro tem sido pesquisado nas mais variadas

áreas, entre as quais o tabagismo.

Pode-se concluir que a dependência do tabaco associa-se a uma maior

predisposição para doenças e incapacidades com alta morbidade e mortalidade,

resultando no agravamento da saúde e da qualidade de vida da população em

geral. Tem sido observado um aumento no número de estudos mensurando a

qualidade de vida em fumantes, e um ponto em comum encontrado nessas

pesquisas é a melhor qualidade de vida dos não tabagistas quando comparados

aos que fumam.

Segundo as diretrizes para a cessação do tabagismo, o fumante, ao ser

submetido à avaliação clínica na admissão ao programa de cessação do

tabagismo, seja ele saudável, com doenças relacionadas ao tabagismo ou com

60

outras doenças, deve objetivar a reconquista da saúde e da qualidade de vida.

Parar de fumar não é uma atitude fácil. O tratamento deve levar em conta o

contexto clínico, a gravidade da dependência de nicotina, a idade de início do

consumo do tabaco, o histórico familiar e a motivação para parar, assim como os

condicionamentos, as situações e os sentimentos relacionados com o

tabagismo.

Somos conscientes de que o trabalho é vital para o ser humano, torná-lo

mais participativo, utilizando potencialidades e talentos, dar-lhes condições de

trabalho adequadas, resultará no aumento da saúde mental e física dos

trabalhadores. Assim, um programa de qualidade de vida deve atingir todos os

níveis, direcionando esforços para a canalização da energia disponível para o

comprometimento humano.

É um desafio integrar qualidade de vida, bem-estar e cultura

organizacional e entender como é que a cultura organizacional influencia os

processos que ocorrem nos grupos de trabalho e como isso, por sua vez,

condiciona o bem-estar dos colaboradores. Neste caso, como é que os valores,

crenças e significados partilhados a nível organizacional condicionam o bem-

estar e a saúde mental dos colaboradores? A cultura é algo que necessariamente

se constrói (e se destrói) ao longo do tempo, e que envolve processos de

aprendizagem (Schein, 2004) e desaprendizagem que podem ser complexos.

Assim, também pensamos na saúde física de nossos profissionais. Como

fazê-los entender a importância de parar de fumar? Que mecanismos poderemos

utilizar para atingir o resultado desejado e tornar esses profissionais mais

produtivos?

Por um lado, a cultura decorre de um processo dinâmico que, por ser

partilhado, envolve interações continuadas ao longo do tempo. Por outro lado, a

cultura condiciona e é condicionada pelo funcionamento organizacional e pela

61

percepção e avaliação que os colaboradores fazem desse funcionamento e suas

consequências, nomeadamente para o seu bem-estar, e é aí que hábitos como o

de fumar também entram. Ao parar para conversar com o colega ou tomar um

cafezinho, o tabagista é impulsionado a acender o cigarro, aumentando o tempo

de permanência fora do seu local de trabalho e ao mesmo tempo, prejudicando a

sua saúde e o seu bem-estar.

A saúde física e mental são fatores fundamentais para a qualidade de vida

do indivíduo, tanto em seu ambiente de trabalho quanto em sua vida pessoal.

Esse equilíbrio é o que nos transforma em seres mais capazes e felizes com as

atividades que desempenhamos ao longo das nossas vidas.

62

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CLEMEN, Paulo. Como Implantar uma área de Comunicação Interna – Nós as

pessoas, fazemos a diferença. São Paulo: Mauad, 2005.

PIMENTA, Maria Alzira. Comunicação Empresarial. São Paulo: Alínea, 1999.

CANFIELD, Jack; MILLER, Jacqueline. Coração no Trabalho – A Inteligência

Emocional na atividade Profissional. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.

LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina. Qualidade de Vida no Trabalho – QVT:

conceitos e práticas nas empresas da sociedade pós-industrial. São Paulo:

Atlas,2014.

FOCCHI, Guilherme Rubino Azevedo, MALBERGIER, André, FERREIRA,

Montezuma Pimenta. Tabagismo: dos fundamentos ao tratamento. São Paulo:

Lemos Editorial, 2006.

CARVALHO, Jandira Torreiro de O TABAGISMO VISTO SOB VÁRIOS

ASPECTOS. Medsi Editora, 2000.

RODRIGUES, Marcos Vinícius C. QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO.

Vozes, 2001 – 10ª Edição.

63

WEBGRAFIA

Comunicação Empresarial. Site Comunicação Empresarial On Line, São Paulo.

Disponível em: http://www.comunicacaoempresarial.com.br Acesso em:

28/01/2016

CARMELO, Eduardo. Qualidade de vida no trabalho. Site RH.com.br. Disponível

em: www.rh.com.br Acesso em: 20/12/2015

FERNANDES, Daniel. Site UPGRADE, por Daniel Fernandes. Comunicação

Interna. Disponível em: http://gestão.wordpress.com Acesso em: 02/02/2016

BUENO, Wilson da Costa A comunicação cínica da indústria tabagista. Site

Comtexto, São Paulo. Disponível em: www.comtexto.com.br Acesso em:

28/01/2016.

MEIO AMBIENTE: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E QUALIDADE DE

VIDA. Site http://www.ead.senac.br/noticias/2013/08/meio-ambiente-

desenvolvimento-sustentavel-e-qualidade-de-vida/ Acesso em: 10/10/2015

TABACO. Site pt.wikipedia.org/wiki/Tabaco Acesso em: 10/10/2015

TABAGISMO. Site: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa-nacional-controle-tabagismo Acesso em: 15/12/2015 Site: www.leiantifumo.sp.gov.br TABACO E SEUS PRODUTOS, FUMO E SAÚDE. Site: http://www.souzacruz.com.br/ Acesso em: 15/12/2015 CAMPANHA ANTI-TABAGISMO NAS EMPRESAS Site: http://www.htconsultores.com.br/ Acesso em 10/10/2015

64

QUAL O SIGNIFICADO DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO? Site: http://www.abqv.com.br/ Acesso em:04/09/2015

65

ATIVIDADES CULTURAIS

66

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

TABAGISMO 11

1.1 – Aspectos históricos do tabaco 13

1.2 – O tabagismo no Brasil 16

1.3 – Como o cigarro se tornou uma droga popular 18

1.3.1 – Como prevenir a iniciação do fumo entre

crianças, adolescentes e jovens 19

1.4 – O tabagismo no ambiente empresarial 21

1.4.1 – Realização de ações educativas para

conscientização popular 23

1.5 – Doenças provocadas pelo vício do tabaco 24

1.5.1 – Epidemiologia 25

1.5.2 – Tabagismo passivo 26

CAPÍTULO II

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO 28

2.1 – O que é qualidade de vida no trabalho e sua

importância 31

2.1.1 – Conceitos de Qualidade de Vida 32

67

2.1.2 – Qualidade de vida no trabalho e

autorrealização 35

2.2 – Aspectos históricos do trabalho e sua influência na

vida do homem 37

2.3 – A origem da qualidade de vida no trabalho e

o desenvolvimento sustentável 38

2.4 – As empresas e a qualidade de vida no trabalho 40

CAPÍTULO III

PROGRAMA QUALIDADE DE VIDA E O PROJETO

ANTITABAGISMO 43

3.1 – Programa Qualidade de Vida 45

3.1.2 – Cultura organizacional do bem-estar 46

3.1.3 – Comunicação Institucional 47

3.1.4 - Gestão organizacional colaborativa com foco

no bem-estar 48

3.1.5 – Avaliação de Desempenho e Educação

Corporativa 48

3.1.6 – Prevenção de riscos e acidentes 48

3.1.7 - Gestão do trabalho 49

3.2 – Projeto Antitabagismo 50

3.2.1 – Porque investir em um programa

antitabagismo 51

CAPÍTULO IV

PROJETO ANITABAGISMO NO CEDSERJ 52

4.1 – Como funciona a comunicação na empresa 53

4.1.2 – Qualidade de vida e tabagismo sob o

ponto de vista dos colaboradores do CEDSERJ 55

CONCLUSÃO 58

68

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 61

WEBGRAFIA 62

ATIVIDADES CULTURAIS 65

ÍNDICE 66

FOLHA DE AVALIAÇÃO 69

69

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Faculdades Integradas A Vez do Mestre

Título da Monografia: Qualidade de Vida e Tabagismo

Autor: Fernanda Barros Fernandes

Data da entrega: 13/02/2016

Avaliado por: Vinícius Calegari Conceito: