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1 Seminário de Orientação do Estágio Docente: Makumbazi D. Ferreira, Lic.

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Seminário de Orientação do Estágio

Docente: Makumbazi D. Ferreira, Lic.

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INTRODUÇÃO

O presente material resulta de um processo de estágio realizado em 2010, para

a formação e treinamento como futuro psicólogo do trabalho, numa das

instituições angolano. É bem verdade que o estágio é parte integrante e

necessária desta formação. O estágio é um campo de aprendizagem, onde um

leque de situações de actividades de aprendizagem profissional se manifesta

para o estagiário, tendo em vista a sua formação. O estágio é o locus onde a

identidade profissional do aluno é gerada, construída e referida, volta-se para

uma acção vivenciada, reflexiva e crítica e por isso deve ser planeado

gradativa e sistematicamente.

Concordamos que o “estágio é a oportunidade para que os futuros profissionais

possam se permitir errar muito, com a devida supervisão. Errar no estágio

supõe a capacidade do estagiário de exercitar suas ideias, dá sugestões de

inovação e mesmo testar as diversas teorias a que tiveram acesso, sempre

atento às questões éticas e com a devida supervisão”, (Campos, 2008; 42).

Deste modo, a realidade angolana mostra que o estágio na área da psicologia

do trabalho, torna-se cada vez mais desafiador, uma vez que permiti integrar os

diversos subsistemas que compõem a área, mas também realizando

programas de promoção do profissional. É de salientar que actualmente, a

formação superior adquire mais valor científico, através deste exercício de

estágio a vinculação entre a teoria e a prática, um elemento tão importante à

verdade científica.

Não devemos esquecer de que a formação de qualquer profissional em

particular o psicológo do trabalho, passa por duas fases diferentes, mas

completamente entre si. A formação teórica e a prática. Depois de um período

de quatro anos de formação teórica, surge a necessidade de avaliar até que

ponto os conhecimentos teóricos adquiridos conferem aos potenciais

psicólogos do trabalho a capacidade de intervir.

O estágio permiti o futuro profissional confrontar a realidade organizacional,

uma vez que ao longo das suas aulas, com diversos professores aprende muita

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teoria, com o estágio podemos mais uma vez confirmar na prática as diversas

teorias aprendidas.

CAPÍTULO I. A PROBLEMÁTICA DO ESTÁGIO EM

PSICOLOGIA DO TRABALHO

1.1. Os estágios em psicologia do trabalho: como acontecem

O papel do psicológo do trabalho possibilita alcançar níveis excelentes de

qualidade por toda a organização, actuando sobre os problemas

organizacionais da gestão, diretamente ligada ao bem-estar dos funcionários,

trabalhando na seleção de cargos e currículos, em projetos sociais, na

resolução de conflitos internos, em práticas motivacionais, gerenciamento de

plano de carreira, clima organizacional, programas de treinamento, mudanças

organizacionais, etc. Partindo do princípio de que o psicólogo do trabalho aplica

princípios e métodos originados da psicologia à questões relacionadas ao

trabalho humano, como objetivo de promover o desenvolvimento integral do

trabalhador, a sua satisfação em relação ao trabalho que realiza e por

consequência desenvolver também a organização através das pessoas.

Deste modo, as instituições de insino devem em primeiro lugar, reflectir sobre a

formação deste profissiona, considerando as diretrizes e metas que norteiam

tal processo, sempre em construção. “Na ciência questionamos a organização

dos campos científico de maneira abstrata e enfatizamos cada vez mais a

necessidade de que as fronteiras se rompam e que um mesmo fenómeno ou

situação seja analisado de diferentes ângulos. Questiona-se assim a lógica das

especializações e ressalta-se a importância das reconstruções do saber a partir

de um diálogo entre os diversos saberes”, (Campos, 2008; 11).

A universidade, embora ocupa um lugar de fomentadora e produção do saber,

também vive um momento ímpar, em que a sua eficácia em contribuir para a

saúde, em sua concepção de melhora da qualidade de vida,

independentemente do sector de actuação, oferecendo serviços e produtos

relevantes e úteis, exercendo assim seu papel social, tem sido mais e mais

cobrada, bem como sua relevância social. É de salientar que este momento

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também tem possibilitado um ganho ímpar, sendo que as Instituições de

Ensino Superior necessitam se modernizar, se redefinir; tornar-se o espaço em

que pesquisas envolvendo diversos campos do sabersejam estimuladas e

viabilizadas, com o apoio dos órgãos de fomento; em que diversas parcerias

sejam fechadas e em que a necessidade de formar profissional capacitado

para um mercado em constante transformação nos dias actuais requeira

também da instituição constante reavaliação interna e externa.

É bem verdade de que essa realidade transformadora e em transformação

impulsiona a constantes actualizações tanto do projecto pedagógico quanto

dos docentes e discentes. Por isso, os professores precisam trabalhar juntos

em projecto que conjuguem informações e práticas profissionalizantes que

envolvem os estudantes em um conjunto articulado de acções, visando a sua

formação. Logo, o estágio curricular deve fornecer um encadeamento de

informações, competências e habilidades, incluindo o exercicio de pensamento

crítico por parte dos futuros profissionais. Por isso, os estágios devem articular

teoria e prática, além da necessidade de sistematização dessas práticas que

abre todos os níveis de actuação e aquisição de conhecimento, sempre

inserido em uma leitura crítica dos fenómenos sociais, económicos, cultural e

políticos.

A formação do psicólogo do trabalho deve objectivar à atenção á saúde, isto é

a prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde psicológica e social;

a tomada de decisões com base em evidênciais científicas; a comunicação dos

resultados sempre de forma ética e científica; a preparação para a liderança na

equipe multiprofissional; a administração e gerenciamento; a educação

permanente.

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1.2. Objectivo do estágio

É do nosso conhecimento de que o conjunto de disciplinas interligadas e

complementares que as sustentam e ás necessidades da comunidade em que

a universidade se insere, a qual faz uso desse conhecimento por meio dos

atendimentos e prestações de serviços oferecidos nos estágios

supervisionados.

Por isso, o estágio tem como objectivos:

Oferecer treinamento e orientação em forma de supervisão;

Capacitar o estudante de forma ética, técnica e conceitual;

Atender da maneira mais eficaz possível às demandas da comunidade;

Reavaliar continuamente os programas aplicados.

Para que esses objectivos sejam alcançados, o desafio dos supervisores deve

ser grande e exige coragem para responder por esse estudante em formação.

Isso quer dizer, o sujeito e objecto, examinado e examinador, se relacionam e

se transformam nesse processo, que apresenta inúmeras possibilidades e

combinações. Logo, as áreas da psicologia do trabalho configuram-se como

fundamentais no alcance desses objectivos acima mencionados, podendo

parcerias com trabalhos institucionais, comunitários, hospitalares e muitos

outros.

Por outro lado, para que essas parcerias se estabeleçam e principalmente se

sustentem, considero fundamentais os seguintes pontos:

Acompanhamento passo a passo do supervisor da Instituto, com a

apresentação de relatórios semanais pelo estagiário;

Comprometimento ético de todos os envolvidos, estamos a nos referir

as empresas ou organizações que busca o serviço ou aceita o

estagiário, o supervisor, a universidade;

Elaborar um plano de actividade ou estágio proposto, com seus

objectivos, limitações, alcances, possibilidades, duração, horários da

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presença do estagiário e discriminação das etapas e actividades a

serem desenvolvidas. Essses aspectos deverão ser abordados em

uma carta de pedido de estágio, assinada pelo supervisor e pelo

coordenador do curso, a qual o estudante deverá entregar na

organização e devolvê-la ao sector de estágios com o aceite da pessoa

responsável pela organização, que também assinará a autorização

para que ele frequente todas as etapas do estágio.

Realimentação (Feedback) contínuo entre os envolvidos, para que as

dificuldades sejam sanadas e o processo seja continuamente

reavaliado, o que se dá pelos relatórios e propostas apresentadas à

organização passo a passo e assinados pelo representante da mesma.

1.3. Os supervisores de estágio

É bem verdade que ser responsável pela futura actuação de um profissional é

uma tarefa que exige desprendimento de valores preconcebido e de

paradigmas. Ao assumir o papel de supervisor de estágio, docente se propõe a

propor desafios para que seus supervisionados possam efectivamente integrar

teoria e prática. É de salientar que os estagiários que actuam em psicologia do

trabalho, muitos não têm a exacta dimensão do que seja actuar nessas áreas,

e até mesmo que há um campo privilegiado para tal actuação.

Supervisionar esses acadêmicos é constantemente instigá-los a serem

inovadores, mas sem que se esqueça que prática alguma acontece se não

estiver alicerçada em teorias. Muitos pensam que a prática exclui a teoria,

muito pelo contrário, é fundamental que se promova a integração de ambas. É

do nosso conhecimento que a psicologia do trabalho em Angola é ainda

adolescente, logo, está carente de idéias que possam fomentar mudanças

significativas para a área ao mesmo tempo que valoriza o ser humano, o

resgate do sujeito no ambiente organizacional.

O supervisor é considerado o motor ou mentol do estágiario, este facilita a

execução das diferentes etapas do estágiario. Este entra em contacto com as

organizações em que os estudantes desenvolveram o estágio, para juntamente

com seus representantes, avaliar os trabalhos desenvolvidos. No primeiro dia

de aula, o supervisor de estágio reúne todos os acadêmicos para informar

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sobre os estágios e seus procedimentos. Por isso, é importante que todos

estagiários, leiam o regulamento de estágio curricular no qual constam todos os

direitos e responsabilidades dos estagiários. É de salientar que os estagiários

que realizarem estágio nos locais onde ja ocorreu estágio em outros

estudantes dos anos antriores, estes são recomendados a lerem e analisarem

o relatório elaborado pelos estagiários anteriores, com o objectivo principal de

se inteirarem da realidade da organização, de modo a conhecer as actividades

que foram realizadas.

Os locais de estágio podem ser mais variados, tais como hospitais, empresas,

instituições militares, organizações esportivas, organizações não

governamentais, entre outras, embora a realidade angolana ilustra que temos

inúmeras dificuldades para se conseguir um local de estágio. “Para que estes

locais recebam estagiários, é necessário que haja interesse e solicitação da

parte deles. Para isso, as organizações que querem estagiários de psicologia

do trabalho encaminham um oficio á coordenação do curso, solicitando

estagiários e são atendidos de acordo com a disponibilidade de estagiários”,

(Campos, 2008; 16).

É bem verdade que durante um mês ou mais, os estagiários têm como foco

principal a construção do diagnóstico organizacional, que nada mais é que a

forma como a empresa se apresenta naquele momento. Logo, entendemos o

processo de diagnóstico organizacional como uma construção e não como uma

elaboração. Na construção desse diagnóstico organizacional, os recursos

técnicos que mais utilizados são: observação direita e indireita, entrevista e

conversas informais com todos os funcionários da empresa e também com

clientes e fornecedores, além de leitura e análise de papéis e documentos.

A observação pode ser entendida como uma técnica que permite compreender

coisas e acontecimentos, comportamentos e atributos pessoais e inter-relações

concretas. Na observação avaliamos de forma sistemática e objectivo os

fenómenos tal como acontecem ou ocorrem, sem permitir que inferências

ocorram.

Ja a entrevista, é o dialogo, troca de informações, entender o ponto de vista do

outro, é se comunicar ou seja, compreender e ser compreendido, influenciar e

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ser influenciado. Esta objectiva colher dos funcionários dados e informações

sobre determinado fenómeno ou situação, no qual perguntas são formuladas

de acordo com os objectivos que pretendemos alcançar. As perguntas e as

respostas são verbais.

A prática organizacional mostra que a vida dentro das organizações é bastante

diferente da vida dentro das universidades, e esta talvez seja a primeira grande

dificuldade dos estagiários. Estamos a nos referir a dificuldade de adaptação.

Nas universidades, as relações são mais amistosos e afectivas e socialmente

mais divertidas. Diante das dificuldades que surgem, sempre há alguém para

auxiliar tais como: colegas de curso, professores, coordenação e até sectores

de orientação e apoio ao estudante. Ja nas organizações, as relações são mais

frias, mais objectivas e menos afectivas. Verificamos também que os interesses

são mais pessoais ou individuais e, embora as pessoas passem na maior parte

do dia dentro do ambiente de trabalho, sentem-se sós. Para os estagiários, é

um período que envolve mudanças de hábitos e comportamentos para tentar

adaptar-se á cultura organizacional da empresa.

“As relações hierárquicas também causam certo estresse nos estragiários, que

estarão lidando com figuras fortes, de autoridade, bastante persuasivas e

conhecedoras da vida profissional, se não pela formação em curso superior,

pela vivência prática do quotidiano. Deste modo, a insegurança por parte dos

estagiários pode levar esse tipo de pessoa a não dar crédito ao trabalho dele”,

(Campos, 2008; 18).

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1.4. Condições indispensáveis para ter êxito na vida

profissional a começar pelo estágio.

As experiências vividas nesta área mostra que existe uma variedade de

condições entre elas: saber escrever correctamente, saber expressar-se

verbalmente com clareza e objectividade, etc. Ém verdade que com o

andamento do estágio, os vínculos com todas as pessoas da empresa vão se

estabelecendo. Alguns funcionários são bem mais reservados ou resistentes

que outros, e cabe ao estagiário buscar alternativas de aproximação com

todos. Sem dúvida, aspectos disciplinares e éticos devem estar presentes no

dia-a-dia do estagiário. Estes que envolvem principalmente o cumprimento de

horários, a frequência ao estágio e o desenvolvimento das actividades

programadas. Os aspectos éticos compreendem principalmente o respeito para

com todos da empresa e sigilo sobre as informações confidenciais, tanto das

pessoas quanto da empresa.

Concordamos com Farias e Dupret, que “a demanda institucional pelo trabalho

do profissional de psicologia é que ele funcione como um elemento reforçador

dos valores e regras, colocando seus conhecimentos a serviço do

aplainamento das diferenças subjectivas, eliminando sutilmente as resistências

ao bom cumprimento das regras de conduta. Por isso, a postura profissional do

estagiário ou do profissional deve compreender as seguintes características”,

(Campos, 2008; 19):

1. Responsabilidade: consiste na maturidade de saber assumir e honrar

compromissos, actividades e projectos, acreditando em seu potencial e

sabendo avaliar o grau de dificuldade, estabelecendo prazos e

estratégias para cumprimento dos mesmos. O senso de

responsabilidade bem desenvolvido tem estreita ligação com

autoestima.

2. Lealdade: é o sentimento de fazer parte da empresa, da equipe, e de

lutar para alcançar objectivos comuns. O estagiário ou profissional leal

gosta da empresa em que trabalha, defende suas convicções sem medo

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de ser punido e por isso se esforça para corresponder às expectativas

nele depositadas. Um estagiário leal se sente feliz quando a empresa ou

sua equipe alcançam resultados positivos.

3. Iniciativa: é condição essencial para o estagiário proactivo, uma vez que

consiste no desejo de iniciar coisas novas. É sentir-se motivado para

realizar actividades e ser um impulsionador que energiza os demais

colegas de trabalho. É aceitar os desafios e buscar a excelência no

desempenho de suas actividades.

4. Honestidade: uma das caracteristicas mais importante do psicológo do

trabalho e em um estagiário, pois sem honestidade a confiança não

existe, e não havendo confiança as relações profissionais ficam

abaladas e comprometidas.

5. Criatividade: é uma caracteristica que se desenvolve em função da

busca e do interesse de resolver problemas ou encontrar alternativas

diferentes para as mesmas coisas.

6. Sigilo: é fundamental para o bom andamento das actividades de

trabalho. O sigilo é a capacidade de guardar informações confidenciais

que, se forem divulgadas, poderão gerar problemas tanto para as

pessoas quanto para a organização.

7. Flexibilidade: actualmente tudo acontece muito rápido e as mudanças

são demasiadamente frequentes. Para saber lidar e avaliar as

mudanças, é primordial que o estagiário ou profissional tenha a

capacidade de abandonar velhos hábitos, idéias e posicionamentos e

isso só será possível com grande capacidade de tolerância à frustração.

8. Competência: está directamente relacionada ao conhecimento. Quanto

mais se conhece determinado assunto, maior a possibilidade de ser

competente naquilo que se faz. No mundo actual do trabalho, não basta

ser competente em uma única actividade ou em um determinado

assunto. É importante que se conheça muito sobre uma especificidade,

mas que tenha um conhecimento geral de outras coisas, principalmente

de assuntos relacionados.

9. Imparcialidade: consiste em saber se comportar e se posicionar de

forma não tendenciosa frente às pessoas e às situações. Isto é ser justo,

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e justiça é um sentimento de que carecem as pessoas dentro das

organizações.

10. Prudência: característica essencial, principalmente nas tomadas de

decisões. Ser prudente significa ter calma, analisar e avaliar as pessoas

e as situações antes de agir. A realidade angolana ilustra que em função

das pressões e do estresse diário no trabalho, muitos estagiários ou

profissionais cometem sérias falhas por agirem impulsivamente.

11. Coragem: demonstrar coragem na vida profissional não significa colocar

em risco a própria vida e a vida de outras pessoas, mas sim ter a

capacidade de antecipar-se, lançar-se frente às dificuldades e aos

obstáculos que o dia-a-dia do trabalho nos impõe. A coragem facilita a

defesa da verdade e da justiça, principalmente quando se visa o

interesse e o bem comum de outras pessoas.

12. Humildade: consiste na capacidade de reconhecer nossas limitações e

assumir que necessitamos da ajuda de outros.

13. Perseverança: é do nosso conhecimento de que os problemas e

dificuldades sempre vão existir e por isso precisamos ter perseverança

para continuar ou recomeçar. Para isso devemos acreditar em nosso

potencial, ter a paciência acima de tudo.

14. Compreensão: ser compreensivo não significa concordar com tudo e

com todos e ceder por medo de gerar conflitos ou de abalar as relações

pessoais e / ou profissionais. As pessoas compreensivas conseguem

mais facilmente a adesão dos outros ás suas idéias e têm maior

capacidade de estabelecer consenso.

15. Otimismo: é um dos segredos do sucesso. Diante das dificuldades, o

estagiário ou profissional otimista vê sempre uma possibilidade. Está

sempre bem humorado e acaba contagiando os demais. Acredita em si

e no seu potencial e dá credibilidade aos colegas de trabalho,

alcançando assim resultados bastante positivos.

16. Proatividade: característica daqueles que se antecipam às situações e

aos acontecimentos. São pessoas de coragem, pois acabam se

expondo mais do que a maioria das pessoas. Interessa-se pela dinâmica

organizacional e é extremamente comprometido com a organização a

que pertece.

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É bem verdade que uma das maiores limitações que enfrentamos durante a

realização dos estágios é a baixa carga horária, a grelha curricular mostra que

temos mais carga horária terica e menos prático. Mesmo sabendo que o

comportamento humano é complexo, concordando que Deus deu todos os

problemas fáceis para os físicos, (Robbins, 2005; 10). Também as urgências

com que são solicitadas as realizações das actividades é um ponto limitador.

Tudo nas empresas é extremamente urgente, e como tudo aquilo que é

realizado pelos estagiários necessita ser aprovado em supervisão e devido ao

fato de que as supervisões ocorrem somente uma vez por semana, ou quase

nunca, as actividades solicitadas só poderão ser desenvolvidas num prazo

mínimo de sete dias. Isso se não demandar um tempo maior para realização de

pesquisas e elaboração de projectos.

Outro ponto que às vezes dificulta o desenvolvimento do estágio é o facto de

os estagiários não serem funcionários da empresa e de muitos, por causa

disso, não levarem com a devida seriedade o seu trabalho/estágio. Não

esquecendo também os períodos de excesso de trabalho que, quando

ocorrem, geralmente implicam que os trabalhos de estágio que seriam

desenvolvidos naquele dia sejam adiados.

As práticas organizacionais, na sociedade angolana são notórias a falta de

profissionalismo de alguns funcionários da empresa deixa, muitas vezes, os

estagiários em situações embaraçosas, como quando ocorrem, com segundas

intenções, convites para jantares, oferecimentos de caronas, presentes, etc.

Caso isso aconteça, o estagiário deve ter o bom senso e a educação

necessários para dizer não e demonstrar que seu interesse naquela empresa e

com aquela pessoa é exclusivamente profissional.

Portanto, espero que a minha experiência aqui apresentada sobre a prática de

estágio curriculares em psicologia do trabalho possa contribuir para vocês que

irão passar nessa trajectória.

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1.5. O estágio e os seus primeiros passos

No mundo globalizado em que se vive, a economia que move os países tem

feito muitos profissionais repensarem sua actuação no mercado de trabalho. As

empresas buscam cada vez mais profissionais qualificados, e quem não se

qualifica permanece à margem no mercado de trabalho. Com isso, os diversos

ferfis de profissionais estão sendo redimensionados e a multifuncionalidade

ganha cada vez mais campo. Isso mostra que investir só em tecnologia de

ponta de nada adiantará para as empresas, se não tiverem profissionais

qualificados para prepará-las para actuarem nesse mercado de trabalho

dinâmico e ousado, para buscar a sobrevivência da organização como um

todo. O investimento nas pessoas se faz cada vez mais urgente.

Por isso, o estagiário deve saber que não existirá profissão do futuro, mas

mercados futuros para profissionais competentes, que agreguem valor à

empresa, ao negócio, que saibam entender de gente; profissionais que se

especializem cada vez mais em gente. O capital intelectual que cada um traz o

faz distinguir-se no mercado de trabalho. O factor de sucesso para o

profissional futuro será a maneira como ele consegue agregar valores ás

informações de que dispõe, e como faz com que essas informações se

convertam em estratégias para a organização. Infelizmente, a universidade

como promotora de saber não acompanha essa dinâmica dos mercados. Seja

nos cursos de psicologia de trabalho ou nos cursos de Administração, o que se

observa são debates de cases, teorias do passado – importantes, mas que não

preparam adequadamente o estudante de hoje, profissional de amanhã, para

questões que em nada lembram a economia, os mercados de outrora. Os

estudantes quando muito actualizados saem-se com teorias do século XX!

Esse talvez venha a ser o principal desafio para os cursos universitários:

preparar um profissional para o futuro; caso contrário, as empresas deverão

fazê-lo, pois perceberam que o profissional que ai está não atende às suas

necessidades.

É com essa visão integracionista que o estágio, de maneira geral, deve ser

visto: uma ferramenta, uma estratégia, uma oportunidade de integrar o

estudante à experiência, para lhe possibilitar a entrada no mercado de trabalho,

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para que o recém-formado possa driblar as barreiras que o mercado impõe,

entre elas a falta de experiência. Se não tem experiência não trabalha; se não

trabalha não adquire experiência.

No início do estágio percebe-se que os estagiários não acreditam na área,

demonstrando uma visão de que o estágio consistirá em conhecer somente

uma parte técnica, não vendo a hora de o estágio terminar. Demonstram que

suas principais dúvidas são: como chegar e abordar a empresa para uma

solicitação de estágio, além de quais os argumentos e palavras – chave devem

ser utilizados para conseguir o estágio. É do nosso conhecimento de que a

actuação da psicologia do trabalho é para todas as organizações envolvidas

com o trabalho. Estagiar em psicologia do trabalho, é comprometer-se com a

pessoa que trabalha, seja uma secretária, uma faxineira, um operário,

supervisor ou um empresário.

Respeitando-se a diversidade de cada instituição e os regulamentos de

trabalho de cada estágio em cada instituição, após ter-se acordado o início do

estágio (documentos assinados, convênios estabelecidos, seguros acordados),

o primeiro passo em campo é diferenciar (caso se faça necessário,

principalmente em locais em que ainda não há o departamento de recursos

humanos implatado) o que é o trabalho em psicologia do trabalho,

evidenciando-se principalmente que não se fará psicologia clínica nas

organizações. Por certo, um olhar e uma escuta clínica você deve praticar, mas

só como procedimento, não em actuação.

O passa seguinte é a caracterização da organização. A caracterização equivale

ao diagnóstico clínico que você realiza no estágio em psicologia clínica, ou

mesmo ao levantamento de dados da investigação utilizada em psicologia

escolar, ou em psicologia comunitária. Tendo em conta os seguintes objectivos:

Averiguar como se constitui a organização;

Ter acesso á cultura organizacional;

Ter acesso à clima organizacional;

Verificar a questão dos poderes;

Saber em que momento a organização se encontra no mercado /

segmento a que pertence;

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A história de vida da organização;

O que a organização espera do departamento de RH;

Investigar sua possível actuação.

Após essa caracterização, uma entrevista se faz necessária, ou seja, participar

ao contratante do estágio suas primeiras percepções e observações. Chegar

junto ao responsável pelo estágio em campo se as suas primeiras percepções

procedem e, a partir disso, estabelecer o contrato de facto, de estágio, fazendo

a proposta no que você irá actuar e como irá fazê- lo.

1.6. Diferença entre o estagiário e trainee

Existe uma bela diferença entre estagiário e trainee. O estágio é regido por

uma lei federal. Para se candidatar a um programa de estagio, um jovem

precisa estar matriculado em um curso superior, ou em um curso profissional

de segundo grau. O estágio faz parte do programa de graduação, e não existe

nenhum compromisso por parte da empresa quando o estágio termina. O

estagiário não é um funcionário da empresa. O artigo seis da lei diz que não

existe vínculo empregaticio durante o estágio. Ou seja, o estagiário não tem

registo em carreira, não tem direito a ferias, 13º salário, fundo de garantia, nem

aos eventuais benefícios que a empresa oferece aos empregados regulares,

como vale – transporte e vale – refeição. A carga horária do estágio não pode

ser inferior a um semestre. Embora não exista obrigação legal de pagar o

estagiário, quase todas as empresas concedem bolsa – auxílio mensal. O valor

é determinado por elas.

O trainee é, de facto um funcionário da empresa, com todas as garantias

trabalhistas. Pode estudar ainda, mas, na maioria dos casos, é recém –

formado. Durante um período de tempo determinado pela empresa, o trainee

será treinado e preparado para assumir a função de supervisor ou gerente. O

tempo que um jovem passa como trainee normalmente varia entre um e dois

anos. Algumas empresas oferecem um processo chamado estagiário trainee.

Isso funciona como garantia de que, ao fim do estágio, o jovem será efectivado

como trainee. Mas esses processos são tão disputados que é mais fácil um

jovem ser contratado como auxiliar administrativo do que como trainee.

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CAPÍTULO II. ELABORAÇÃO DO PLANO E RELATÓRIO

DO ESTÁGIO

2.1. Elaboração do plano de estágio

O plano de estágio é parte obrigatória do processo de desenvolvimento do

estágio curricular, onde serão caracterizadas todas as actividades a serem

desenvolvidas e como serão desenvolvidas. O estágio na área do trabalho

torna-se cada vez mais desafiador, porque pode integrar os diversos

subsistemas que compõem a área, não só recrutando ou selecionando, mas

também realizando programas de promoção do sujeito. O estágio é a

oportunidade para que os futuros profissionais possam se permitir errar muito,

com a devida supervisão. Errar no estágio supõe a capacidade do estagiário de

exercitar suas idéias, dar sugestões de inovação e mesmo testar as diversas

teorias a que teve acesso sempre atento as questões éticas e com a devida

supervisão. O aval de um estágio bem realizado é a oportunidade que o futuro

profissional tem para iniciar muito bem a sua carreira profissional.

O plano de trabalho do estagiário deve ser previamente aprovado pelo

professor supervisor da instituição.

Estrutura do plano de estágio

1. Identidade e introdução (Capa);

2. Objectivos;

3. Caracterização do estágio;

4. Fundamentação teorica;

5. Metodologia;

6. Cronograma de actividades;

7. Bibliografia.

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Nome da instituição

PLANO DE ATIVIDADES DE ESTÁGIO

I – Identificação e introdução.

Aluno:__________________________________________

Matrícula:_________

Curso: _________________________________

Professor Orientador: ________________________

Professor Supervisor na Unidade Escolar: _________________________

Carga Horária do Estágio: _____________________________

Início do estágio ____/_____/_____ Término: _____/_____/_____.

II – Objetivos:

Definir o objetivo geral do projeto, levando em conta: - o perfil, os interesses, as

demandas e as prioridades da população usuária; - o papel, a natureza, os

recursos e as prioridades da instituição;

Definir os objetivos específicos, indicando as ações que serão realizadas a

curto, médio e longo prazo para a consecução do objetivo geral.

III – Caracterização do Estágio:

O estudante com orientação do supervisor, deverá:

Procurar analisar o contexto da instituição;

Descrever as actividades a serem desenvolvidas no estágio;

IV – Fundamentação Teórica

Resumidamente apresentar o papel ou importância do psicologo do trabalho

nas organizações.

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V – Metodologia

Definir de que forma o trabalho será realizado a partir das prioridades

estabelecidas.

Especificar as ações e atividades internas e externas, sua freqüência e

distribuição (estudos, pesquisas, levantamentos, reuniões, entrevistas, visitas,

contatos, assessorias, treinamentos, encaminhamentos, socialização das

informações e etc.).

Sinalizar as rotinas, os instrumentos utilizados e as estratégias de execução e

avaliação da ação profissional.

Apresentar as técnicas e instrumentos a utilisar no processo de estágio.

Tais como:

VI– cronograma de actividades

Luanda, ____ de ___________________ de ________.

____________________________________

Estudante estagiário

_______________________ _______________________

Professor Orientador de Estágio Supervisor de Estágio

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2.2. Elaboração do relatório do estágio

Um relatório é um conjunto de informações utilizado para reportar resultados

parciais ou totais de uma determinada atividade, como o relatório de estágio

curricular.

Ao término de sua caminhada como estagiário, a elaboração do relatório final

de estágio é a última etapa a ser cumprida. Lebrando se de que o estágio é a

oportunidade em que você deve se permitir errar, e muito. A supervisão, antes

e depois da realização de sua actuação tem este objectivo: ao tentar andar

com suas próprias pernas, havera tombos, mas não se aprende a andar sem

cair.

Estrutura do relatório de estágio:

1. Capa e contracapa; (nome da instituição; titulo- Relatório de

estágio curricular de licenciatura em psicologia do trabalho; tema

se existir; nome do autor; nome do supervisor; nome do professor;

data).

2. Índice;

3. Introdução;

4. Apresentação da instituição;

5. Fundamentação teorica;

6. Descrição das actividades e avaliação do estágio;

7. Consequências lógicas do estágio (aspectos positivos e aspectos

negativos);

8. Sugestões;

9. Conclusão;

10. Bibliografia;

11. Agradecimentos;

12. Anexos

20

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO KALANDULA DE ANGOLA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

Curso de Psicologia do Trabalho

PROGRAMA DA DISCIPLINA DE SEMINÁRIO DE

ORIENTAÇÃO AO ESTÁGIO

Designação da cadeira: Seminário de orientação ao estágio II

Regime: Semestral

Posição no curso: 4º ano

Tempos lectivos: 4 h/ Semana

Prof. Makumbazi Ferreira, Lic

FUNDAMENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A cadeira de seminário de orientação ao estágio faz parte da grelha e do

programa de disciplina do curso de Licenciatura em Psicologia do Trabalho.

Esta disciplina vai preparar e fornecer conhecimentos teoricos ao estudante, de

modo a estar apto os desafios da prática do estágio II e desempenhar a sua

profissão em diferentes áreas de atuação.

Esta disciplina, inserido no curso de psicologia do trabalho, tem como principal

objectivo preparar o estudante para o exercício independente e autónomo do

estágio que irá realizar em Psicólogo do trabalho.

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Objectivos gerais da disciplina

Objectivos Instrutivos:

Capacitar e preparar o estudante de forma ética, técnica e conceitual

para uma actuação profissional;

Estabelecer em estudantes uma metodologia cientifica que permite

interiorizar e interpretar os problemas psicológicos decorrentes no

ambiente organizacional.

Oferecer treinamento e orientação de modo a dar respostas aos

problemas humanos do trabalho e das organizações dizem respeito a

atuação profissional do psicólogo do trabalho no estágio.

Objectivos educativos:

Formar profissional com conhecimentos científicos necessários que

saibam analisar e explicar o comportamento humano, sustentando um

desempenho ético, na resolução dos problemas psicológicos no

ambiente laboral.

Fornecer informações necessárias que possam ajudar os estudantes a

reflectir e preparar-se para enfrentar os desafios do mercado de trabalho

CONTEÚDOS DA DISCIPLINA

Sistema de conhecimentos

CAPÍTULO I. A PROBLEMÁTICA DO ESTÁGIO EM PSICOLOGIA DO

TRABALHO

Objectivos:

Instrutivo: analisar e compreender a problemática do estágio em

psicologia do trabalho como acontecem.

Educativo: Aprender valores, atitudes e socialização para melhor

actuação.

Conteúdos

1.1. Os estágios em psicologia do trabalho: como acontecem

1.2. Objectivo do estágio

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1.3. Os supervisores de estágio

1.4. Condições indispensáveis para ter êxito na vida profissional a começar

pelo estágio.

1.5. O estágio e os seus primeiros passos

1.6. Diferença entre estagiário e trainee

CAPÍTULO II. ELABORAÇÃO DO PLANO E RELATÓRIO DO ESTÁGIO

Objectivos:

Instrutivo: Aplicar correctamente os conhecimentos teóricos para a

elaboração do plano e relatório do estágio.

Educativo: desenvolver principios éticos no sentido de proteger o bem-

estar dos integrantes da organização.

Conteúdos

2.1. Elaboração do plano de estágio

2.2. Estrutura do plano de estágio

2.3. Elaboração do relatório do estágio

2.4. Estrutura do relatório de estágio:

Sistema de habilidades

Demonstrar os conhecimentos, habilidades e valores adquiridos na

disciplina de seminário de orientação ao estágio durante a sua

formação.

Desenvolver uma espirito critico para a resolução de fenómenos

psicológicos decorrentes no ambiente laboral.

Sistema de valores

A presente disciplina de seminário de orientação ao estágio vai contribuir para

desenvolver os valores éticos e profissionais, como a responsabilidade, a ética,

a honestidade, a igualidade, dignidade e o compromisso político e social, para

melhor execução do seu estágio curricular nas organizações como futuros

profissionais.

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Indicações metodológicas e de organização

A disciplina deve prover o graduado dos instrumentos, técnicas e competências

que caracterizam a aplicação dos conhecimentos em seminário de orientação

ao estágio na atualidade angolana. De igual modo, os conhecimentos

necessários para que, de uma forma criativa, analítica e profunda, os

estudantes nesta área possam interpretar as melhores experiências

organizacionais.

A presente disciplina de seminário de orientação ao estágio no plano de estudo

é considerado importante a partir das condições actuais e perspectivas de

nossa economia e fenómenos psicológicos, no sentido de aprofundar quanto

aos procedimentos e/ou técnicas na prática ogranizacional, bem como nas

culturas vigentes nas ogranizações nacionais para as diferentes classes de

entidades integrantes nestas ogranizações.

Para o estudo desta disciplina considera-se que as matérias formem parte do

Currículo de base para todos os estudantes matriculados no Curso de

licenciatura em psicologia do trabalho no quarto ano.

Sendo assim, nesta disciplina optamos pelos métodos: expositivo, elaboração

Conjunta e Trabalho Independente.

Sistema de Avaliação

Esta parte será desenvolvida neste curso através de avaliações frequentes a

ser realizados no início de cada aula, mas também será um seminário

integrador de 4 horas práticas, para analisar como isso levou á assimilação de

conhecimentos pelos estudantes ao longo do semestre. Também está prevista

a realização de uma prova parcelar, nos dois capitulos dados e a realização de

um trabalho prático. O curso termina com um exame final escrito valendo 20

valores. Ou seja, teremos também a avaliação sistemática, mediante perguntas

de controlo (diagnóstica), participação em aulas e seminários (Formativa).

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BIBLIOGRAFIA

CAMPOS, Daniel Correia. Actuando em Psicologia do trabalho, Psicologia

organizacional e Recursos Humanos, editora LTC, Rio de Janeiro, 2008

ROLAND, Doron e FRANÇOISE, Parot; Dicionário de psicologia, 1ª edição,

Lisboa, 2001.

SPECTOR, Paul E., Psicologia nas organizações, 4ª edição, editora Saraiva,

São Paulo, 2012.

KRUMM, Diane. Psicologia do trabalho, Editora LTC, Rio de Janeiro, 2005.

ROBBINS, Stephen P., Comportamento organizacional, 11ª edição, editora

Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2005.

SAVEIA, João. Psicologia organizacional e do trabalho – Leituras em saúde

mental, qualidade de vida e cultura nas organizações, editora, Armazém de

Ideias, Belo Horizonte, 2009.

SEKIOU, BLONDIN, FABI, PERETTI, BAYAD, ALIS e CHEVALIER. Gestão

dos recursos humanos, editora Instituto Piaget, Lisboa, 2001.