doce segredo · 2009-06-12 · e cultural do rio grande sul 22 claudio cammarota fotos: ... mês...

33
ISSN 1676-3220 R$ 10,90 A MAIOR MÍDIA DA COMUNIDADE ÍTALO-BRASILEIRA A queda de braço entre o CGIE e Alfredo Mantica Saiba porque a marca Ferrero conquistou o maior grau de confiança no mundo junto aos consumidores www.comunitaitaliana.com Rio de Janeiro, junho de 2009 Ano XVI – Nº 132 Doce Segredo

Upload: nguyenmien

Post on 21-Nov-2018

255 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

ISS

N 1

67

6-3

22

0R

$ 10

,90

A m A i o r m í d i A d A c o m u n i d A d e í t A l o - b r A s i l e i r A

A queda de braço entre o CGIE e Alfredo Mantica

Saiba porque a marca Ferrero conquistou o maior grau de confiança no mundo junto aos consumidores

www.comunitaitaliana.com

Rio de Janeiro, junho de 2009 Ano XVI – Nº 132

Doce Segredo

Page 2: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de
Page 3: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

CAPA Fundada em 1946, a Ferrero, um império econômico multinacional na produção de chocolates, foi escolhida a marca de maior grau de confiabilidade junto aos consumidores, em todo o mundo

EditorialConfiança .....................................................................................06

Cose NostreUma italiana fugiu no dia de seu casamento com o amigo do noivo que guiava o carro nupcial. Ela era aguardada pelo marido e pela família para a festa quando comunicou sua decisão pelo celular. ....07

PolíticaItalianos residentes ou não no país votam este mês no Referendo que pode mudar a legislação eleitoral da Itália .....................................14

EconomiaStoriche concorrenti, Perdigão e Sadia creano Brasil Foods (BRF) l’impresa più grande del Brasile nel ramo alimentare .......................20

AtualidadeItalianos que vieram ao Brasil em missão de solidariedade morrem na queda do avião da Air France que partiu do Rio de Janeiro .........30

ReligioneIrmã Dulce può diventare la prima santa brasiliana nata sul territorio nazionale ...........................................36

Artes PlásticasCom a participação de 11 brasileiros, exposição em Milão chama a atenção para a arte contemporânea feita na América Latina ..........47

EsporteLiderada por Cesar Cielo, equipe brasileira vai forte para o Mundial de Roma. Evento será o primeiro a regular o uso dos maiôs ............52

49 564442Musica Sabine LovatelliTedesca, ma cittadina italiana, contessa lavora in Brasile per divulgare l’opera classica ed aumentare il numero dei suoi spettatori

Entrevista Gabriel FelzenswalbO novo chefão da moda brasileira, que prefere bussiness à badalação, fala sobre seus planos para o setor

Automobilismo Mil MilhasO evento criado em 1927 mantém a charmosa tradição de corrida de carros antigos pela Itália

Patrimônio Caminhos de PedraTrecho de nove quilômetros que mantém construções e costumes italianos da época da imigração é declarado patrimônio histórico e cultural do Rio Grande Sul

22F

oto

s: S

heila

Guim

arã

es

Cla

udio

Cam

maro

ta

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 94

Page 4: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

entretenimento com cultura e informaçãoeditorial

FUNDADA EM MARÇO DE 1994

Julio Vanni

COSE NOSTRE

Div

ulg

açã

o

A lgumas marcas, de tão identificadas com os produtos a que estão associadas, vi-ram sinônimo do próprio produto. Nutella, por exemplo, há muito significa pasta de chocolate com avelãs. Para além das prateleiras dos mercados, porém, significa

muito mais. Foi com essa pasta que se moldou um império econômico multinacional na produção de chocolates: o grupo Ferrero.

Sessenta anos depois de criada por um artesão piemontês, a Ferrero recebeu o título de marca líder mundial em grau de confiabilidade junto aos consumidores. Nossa reportagem de capa revela alguns dos segredos do grupo que tem sua direção concentrada nas mãos férreas da família Ferrero, agora na passagem da segunda para a terceira geração. Como a própria empresa, espalhada por vários países, Michelle e os filhos, Pietro e Giovanni, fincaram suas bases fora da Itália. Os três evitam os holofotes e preferem trabalhar em silêncio. Para o grupo, o segredo é a alma do negócio.

No mesmo ranking liderado pela Ferrero, uma marca ítalo-brasileira aparece em 5º lugar: a Sadia. O detalhe é que, logo depois do anúncio do resultado da pesquisa feita pelo Reputation Institute, a empresa deixou de existir. Por conta de uma fusão com a até então rival e também ítalo-brasileira Perdigão, foi criada a Brasil Foods. Nossa reportagem explica detalhes da transação que fez com que o novo grupo já chegasse ao mercado ostentando o título de maior empresa do Brasil no ramo alimentício.

Da economia para a política, a edição destaca que junho é mês de eleição para italianos residentes ou não na Itália. Em jogo está o futuro da legislação eleitoral do país que será passada a limpo em um Referendo. Se o “sim” vencer, a Itália terá dado um primeiro passo em direção ao bipartidarismo. A revista explica porque isso pode acontecer e suas consequências políticas.

Entre os italianos residentes no exterior, a polêmica da vez envolve o subsecretário Alfredo Mantica. O Conselho Geral dos Italianos no Exterior, durante a assembleia geral que ocorreu em Roma, mês passado, expôs sua insatisfação em relação ao trabalho do subsecretário. Os conselheiros aprovaram uma moção em que pedem ao ministério das Relações Exteriores da Itália sua saída do cargo. Comunità ouviu os conselheiros que integram o CGIE no Brasil para obter mais detalhes a respeito da questão.

Dois meses após o terremoto em Abruzzo, a revista não deixa o assunto passar em branco. Depois do frio, agora é a vez dos desabrigados sofrerem com as altas temperaturas dentro dos acampamentos. Na edição, mostramos como está L’Aquila um mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. Mostramos como ficou La Maddalena, a ilha da Sardenha que iria receber os chefes dos países mais ricos do mundo. Há suspeitas que a mudança do local da sede do encontro tenha outras razões que não apenas humanitárias.

E quando a comoção pelo que aconteceu com a região central da Itália ainda persiste, eis que o mundo se choca com outra tragédia. Dessa vez, no ar. A queda de um avião da Air France que saiu do Rio de Janeiro com destino a Paris vitimou dez italianos que estavam entre seus passageiros. A maioria deles veio ao Brasil em missão de solidariedade ou cooperação. Alguns vieram a negócios. Quem conhece a relação entre esses dois países sabe que missões de solidariedade, cooperação e negócios são absolutamente rotineiras entre italianos e brasileiros. Mesmo assim, praticamente não há voos diretos entre os dois países. A rota envolvida no acidente é muito usada para quem quer ir do Brasil para a Itália, ou vice e verso.

Nossa reportagem dá detalhes a respeito da passagem pelo Brasil dos italianos que embarcaram no voo 447 que caiu no Oceano Atlântico.

Boa leitura.

Pietro Petraglia Editor

ConfiançaDIREtOR-PREsIDENtE / EDItOR:Pietro Domenico Petraglia

(RJ23820JP)

DIREtOR: Julio Cezar Vanni

PUblICAÇãO MENsAl E PRODUÇãO:Editora Comunità ltda.

tIRAgEM: 40.000 exemplares

EstA EDIÇãO FOI CONClUíDA EM:09/06/2009 às 17:30h

DIstRIbUIÇãO: brasil e Itália

REDAÇãO E ADMINIstRAÇãO:Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,

Centro, RJ CEP: 24030-050tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555

E-MAIl: [email protected]

sUbEDItORA: sônia Apoliná[email protected]

REDAÇãO: Daniele Mengacci; guilherme Aquino; Nayra garofle;

sarah Castro; sílvia souza; tatiana buff; Valquíria Rey; Janaína Cesar; lisomar silva

REVIsãO / tRADUÇãO: Cristiana Cocco

PROJEtO gRáFICO E DIAgRAMAÇãO:Alberto Carvalho

[email protected]

CAPA: Editoria de arte

COlAbORADOREs: luana Dangelo; giorgio della seta; Pietro Polizzo; Venceslao soligo;

Marco lucchesi; Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda Maranesi; Adroaldo garani; beatriz Rassele; giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi;

Fabio Porta; Fernanda Miranda

CORREsPONDENtEs: guilherme Aquino (Milão);Janaína Cesar (treviso);lisomar silva (Roma);

PUblICIDADE: Philippe Rosenthal

Rio de Janeiro - tel/Fax: (21) [email protected]

REPREsENtANtEs: brasília - Cláudia thereza

C3 Comunicação & Marketingtel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346

[email protected]

Minas gerais - gC Comunicação & Marketing geraldo Cocolo Jr.

tel: (31) - 3317-7704 / (31) 9978-7636 [email protected]

ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos

e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo

assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali

opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

IssN 1676-3220

Presos na ItáliaO ministro da Justiça da

Itália, Angelino Alfa-no, declarou que a Itália es-taria disponível para receber prisioneiros de guantána-mo, após um encontro com o secretário de Justiça dos Estados Unidos, Eric Holder, na capital italiana. Alfano e Holder assinaram um docu-mento relacionado aos acor-dos de extradição e de mutua assistência judiciária entre Estados Unidos e União Eu-ropeia. No início de maio, os Estados Unidos pediram a Itália que recebesse Riadh Nasri e Moez Fezzani, dois cidadãos tunisianos que já haviam sido investigados pe-la procuradoria de Milão em 2007. Eles são suspeitos de serem um ponto de referên-cia no exterior de uma célula britânica ligada à Al-Qaeda.

AéreoA associação de consumidores

italiana (Codacons) anun-ciou a apresentação junto à Pro-curadoria de Roma de uma de-núncia sobre o uso “impróprio” de voos oficiais do Estado, uti-lizados supostamente para levar amigos e convidados do premier italiano silvio berlusconi até a ilha da sardenha, onde o chefe de governo possui uma mansão. O líder do partido de oposição Itália dos Valores (IDV), Antonio Di Pietro, ex-procurador respon-sável pela Operação Mãos limpas (de combate à corrupção), afir-mou que “este vício de utilizar os aviões do Estado para assistir a jogos de futebol ou a corridas de Fórmula-1 deve acabar porque se chama peculato”. Há cerca de um mês, escândalo semelhante es-tourou no brasil envolvendo pas-sagens da cota de parlamentares usadas para transportar namora-das ou celebridades para eventos.

Ministro italiano no BrasilDepois de se reunir, em Roma, com embaixadores do

grupo de Países latino-americanos e do Caribe (gru-lac), o ministro de Desenvolvimento Econômico italiano, Claudio scajola, deve fazer sua primeira viagem oficial ao continente americano entre 8 e 15 de novembro. No per-curso estão brasil, Chile e Argentina. “Não devemos nos esconder, já que, apesar desta intensa relação, a realidade sob o perfil econômico é ainda insatisfatória: a Itália é só o 11º cliente dos países latino-americanos”, disse scajola.

Último AntonioniO último roteiro escrito

pelo diretor italiano de cinema Michelangelo Antonio-ni, Due telegrammi, será leva-do às telas pelos produtores Jeremy All e Zev guber para a sua companhia, a Jaz Filmes. Antonioni escreveu esta obra pouco antes de morrer em 30 de junho de 2007, quando ti-nha 95 anos. O roteiro foi es-crito com a colaboração de Rudy Wurlitzer e conta a his-tória de três pessoas envol-vidas em uma tórrida relação amorosa e de luta de poder.

Rapidinhas● Morreram: A ex-senadora e ex-chanceler italiana Susanna Agnelli, irmã do ex-presidente da Fiat gianni Agnelli, em Roma, aos 87 anos. O funeral ocorreu no convento dos frades passio-nistas localizada no município de Monte Argentario, na costa da toscana. Ela foi prefeita do município. Foi casada com Urbano Rattazzi, com quem teve seis filhos, todos presentes ao funeral. também em Roma, o escritor e jornalista Nantas Salvalaggio, aos 85 anos. trabalhou no Corriere della sera e na Editora Mondadori.● Casaram: A cantora baiana Daniela Mercury, 43 anos, e o pu-blicitário italiano Marco scabia, 34, trocaram alianças em Roma. A cerimônia reuniu 30 pessoas, dia 15 de maio, na casa do noivo. A cantora escolheu um Valentino para a ocasião. ● Futebol: O meia brasileiro Diego, que tem cidadania italiana, assi-nou contrato de cinco temporadas com o Juventus, de turim. A ne-gociação com o Werder bremen, da Alemanha, foi estimada em 24,5 milhões de euros. O brasileiro Leonardo de Araújo assumiu o cargo de técnico do Milan. Ele, que era diretor do clube, terá a sua primeira experiência como treinador e assinou contrato de dois anos.

Noiva em fugaUma italiana fugiu no dia de seu casamento com o amigo do noivo que

guiava o carro nupcial. Identificada apenas como sara, a mulher de 30 anos, funcionária de uma financeira, foi trocar de vestido para a recepção após a cerimônia civil, realizada no município de trieste, noroeste da Itália. O noi-vo, Andrea, de 34 anos, funcionário de banco, e cerca de 30 convidados se diri-giram ao restaurante enquanto a aguardavam. Diante de uma demora de 1h30, tentaram localizar sara por celular. Foi quando souberam que o motorista, parceiro de futebol de Andrea, estava com a mulher do amigo. sara disse por telefone a Andrea: “só agora entendi que cometi um erro”. “sinto muito, meu coração me leva para outro caminho”. A notícia circulou no jornal local Piccolo.

ComercialDepois de 78 anos, a Rádio

Vaticano deve se transfor-mar em rádio comercial para fi-nanciar suas próprias operações. A emissora, uma das mais antigas do mundo, transmite em 47 lín-guas e tem custos estimados em 21,4 milhões de euros por ano. O anúncio ocorreu em meio às re-centes iniciativas do Vaticano de estar mais presente nos meios de comunicação modernos. Para co-memorar o Dia Mundial das Comu-nicações sociais, dia 24 de maio, o Vaticano já havia lançado o portal www.pope2you.net (“Papa Para Você”), em mais uma inicia-tiva da santa sé para aproximar bento 16 do público jovem.

O castelo onde a primeira-dama francesa Carla bruni passou sua infância foi vendido. Villa seriana, nas colinas do sul

de Castagneto Pó (a 25 quilômetros de turim), foi comprado por 17,5 milhões de euros pelo príncipe da Arábia saudita Al Waleed Al saud. Ele é considerado o 13º homem mais rico do mundo. Com 40 quartos e uma superfície de 1500 metros quadrados, o caste-lo de Castagneto foi adquirido por Alberto bruni tedeschi, pai de Carla, em 1952. Era o lugar de festas e férias da família que desde 1972 se estabeleceu na França.

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 96 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 7

Page 5: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

opinião

Errata: Na edição 131, o crédito para as fotos da reportagem “De volta pra casa” foi trocado. as fotos são de renato Gianturco. Na mesma edição, faltou informar que o crédito das fotos da reportagem “Histórias de um hóspede” é de renato Gianturco.

enquete

Não – 33,3%Não – 18,2%Sim – 20%

Sim – 66,7%Sim – 81,8%Não – 80%

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 6 a 9 de junho.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 2 a 5 de junho.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 12 a 15 de maio.

As fotos divulgadas pelo El Pais comprometem a reputação de berlusconi?

leonardo será um bom técnico para o Milan?

A Praia de trieste separa homens e mulheres para retomar antigas tradições. Você concorda?

frases

“Crisi violenta, ora le riforme. Il governo non deluda”,

Emma Marcegaglia, che dall’assemblea annuale di Confindustria si rivolge direttamente al premier Silvio Berlusconi.

“Non ho mai avuto rapporti piccanti con Noemi. Lo giuro sui miei figli”,

Silvio Berlusconi, primo ministro, smentisce le ricostruzioni della stampa.

“Credo che questo messaggio del Papa abbia recato giustizia

soprattutto alle indegne polemiche che sono state fatte a riguardo delle sue dichiarazioni.

Per fortuna tutti hanno visto come il Santo Padre è stato portatore solo di un messaggio di pace”,

Franco Frattini, ministro degli affari Esteri dell’Italia, parlando dei

messaggi di pace pronunciati dal papa Benedetto XVI durante il suo

viaggio in terra Santa.

“Estou muito feliz e animado. Sempre falei da minha

admiração pelo Campeonato Italiano e vou poder fazer parte desta competição. O

Juventus é um grande time, uma equipe de tradição e de muitos títulos. Espero poder ajudar a erguer mais taças”,

Diego, jogador brasileiro que acaba de deixar o Werder do

Porto, de Portugal.

A viAgem dAs pAlAvrAs (sp)Até o dia 28 de junho, quem pas-sar pelo Memorial do Imigran-te (Rua Visconde de Parnaíba, 1316) terá uma oportunidade di-ferente para mergulhar no tem-po dos antepassados. Através de cartas e documentos que os emi-grantes enviavam para seus fami-liares dos destinos de além-mar, o professor Federico Croci (UsP, AlsP e CIsEI) apresentará de sexta a domingo, o testemunho de sonhos, esperanças e motiva-ções que levaram milhões de pes-soas a atravessar o Atlântico em busca de melhor sorte. Durante o evento será apresentado o livro de Paola Cecchini all´ombra di un

sogno, em colaboração com a as-sociazione Marchigiani in Brasile. Horário: 18h. Informações: (11) 2692 7804 e 2692 2497

Noite do Nhoque (sC)Quem já fez garante que o ritual dá certo. todo 29 é o dia do nho-que da fortuna. Além de saborear a iguaria tipicamente italiana, a crença recomenda que se coloque dinheiro embaixo do prato e se coma os primeiros sete pedaci-nhos em pé, para depois comer a vontade. No dia 29 de junho, o Lira Circolo Italiano di Blumenau vai celebrar a tradição e lançar o Festilália 2009. O evento, mes-mo, acontecerá de 17 a 26 de ju-lho, na rua benjamin Constant, 2469 - bairro Vila Nova. Mais in-formações: (47) 3323-4043.

FestivAl do viNho (es)Com shows musicais e comer-cialização de vinhos, o evento será realizado nos dia 3 e 4 de julho. Organizado pelo Rancho lua grande, acontece em Domin-

gos Martins, município distante 42 quilômetros de Vitória. lo-cal: Rancho lua grande (Rodovia João Ricardo schorling, s/nº). Informações: (27) 3268-2550.

FeNApizzA (sC)Promovido pela Açoriana Con-gressos e Eventos, o Festival Na-cional da Pizza reúne fornecedo-res do segmento, além de contar com a presença de pizzaiolos que farão demonstração de técnicas de elaboração, diversificação de sabores, conservação, pré-prepa-ro e tudo o mais que diga respei-to a uma boa pizza. De 10 a 12 de julho. local: Centrosul - Cen-tro de Convenções de Florianó-polis. Informações: (48) 9102-0238. E-mail: [email protected]

FestA itAliANA (rs)O evento é promovido pela pre-feitura de Marau, município colo-nizado por descendentes de imi-grantes italianos oriundos das regiões do Vêneto, lombardia e

trentino, distante 264 quilôme-tros de Porto Alegre. A festa está na 21ª edição e, este ano, tem co-mo tema “Pan e Vin” que, pela tra-dição, são alimentos primordiais na mesa dos italianos, na qual se destaca, entre outros, o tradicio-nal “brodo” onde são os dois in-gredientes fundamentais. De 3 de julho a 2 de agosto. Informações: [email protected] ou [email protected].

na estante

agenda

serviço

click do leitor

“Em fevereiro de 2008 fui à Itália a passeio com minha namorada e

família. Visitei cidades como Roma, Flo-rença e Veneza. talvez, um dos lugares mais interessantes que conheci tenha si-do a Ilha de Murano. Além de ser um lu-gar lindo, lá estão as vidrarias de onde sa-em os artesanatos de vidro mais famosos do mundo. Em muitas delas é possível ver o artesão fabricando suas obras de arte, além de apreciar esculturas de vidro incrí-veis em exposição em diversos locais da ilha. tudo é absolutamente maravilhoso!”

João MarCoS MonnErat, niterói – rJ – por e-mail.

Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected]

Arq

uiv

o p

ess

oal

cartas“Fiquei encantada ao ler a matéria sobre o tenor Andrea bocelli.

O show dele aqui em são Paulo foi espetacular. É muito baca-na quando se pode escutar uma boa música e prestigiar artistas como ele de graça. O povo gosta de música clássica sim, basta ter acesso. Foi uma pena saber que no Rio de Janeiro as pessoas tiveram que

pagar caro para assistir o bocelli. Espero que outros shows tão bons quanto o dele façam parte da programação cultural de são Paulo e dos outros estados, só que por um preço mais acessível ou de graça. Eu estarei sempre presente, mesmo tendo que ficar debaixo de chuva.

ana ElISa DE olIvEIra – São Paulo – SP – por e-mail

Passe de Letra. Unindo duas paixões, a literatura e o futebol, o ex-jogador e professor universitário Flavio Carneiro relata, através de 21 crônicas, suas lembranças futebolísticas da déca-da de 70. Para ele, garrincha dominava a arte da simplicidade e era tão lírico em campo quanto Drummond ou bandeira em seus versos; Dadá Maravilha fazia graça com a bola, como um grande comediante; enquanto Pelé foi épico. A coletânea - cujos textos foram originalmente publicados no jornal literário rascunho, de Curitiba - ganha fotos e ilustrações, além de orelha assinada por luiz Fernando Veríssimo. O estilo rápido e atento do autor faz com que o leitor que preza um olhar ampliado do futebol se interesse pelas historias de personagens menores ou pela vista de um momento único de uma partida por um ângulo diferente. Editora Rocco, 171 páginas, 29,50 reais.

A pensão Eva. Em meados de 1930, a Pensão Eva é destino certo dos homens de Vigàta, na sicília. Casados e solteiros, nobres e cavalheiros, todos acorrem ao tradicional bordel da cidade para se deliciar nos braços de Emanuela Ritter, “a alemã”, ou Maria stefani, “a loba”. todos buscam esquecer os problemas em meio a sexo, jogos e bebidas. É também na Pensão Eva que o pequeno Nenè, de 12 anos, vai sentir, pe-la primeira vez, o perfume de canela, noz-moscada e laranja das meninas. Entretanto, esse romance de Andrea Camilleri mostra que as casas de tolerância não se resumem ao espaço proibido e palco de façanhas eróticas naquela Itália ador-mecida pelo fascismo. Editora Record, 160 páginas, 25 reais

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 98 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 9

Page 6: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Franco Urani

OpiNiONEEzio Maranesi

[email protected]

Grandi manovre della Fiat

Nell’attuale contesto decisa-mente recessivo dell’eco-nomia mondiale, che pre-lude in vari settori a pro-

fonde riorganizzazioni, il settore automobilistico è in piena crisi, sia per la flessione del mercato che mondialmente dovrebbe avere una caduta nel 2009 da 90 a 60 milioni di unità , sia perché – in relazione alla recente esplosione del prezzo del petrolio, ora prov-visoriamente rientrata – si sono pesantemente ridotte le vendite dei modelli di grande cilindrata e sUV che dominavano il mercato nord-americano, sia per la sensi-bilità ormai generalizzata e con-divisa anche dal governo Obama di orientare le produzioni su vei-coli ecologicamente compatibili, cioè a ridotti consumi ed emissio-ni di CO2, propulsione anche a gas e biocombustibili e, in tempi rapi-di, elettrica.

sull’assestamento del merca-to intorno agli attuali 60 milioni di auto, io ho dubbi in quanto al-la contrazione inevitabile di Nord America , Europa e giappone, a cui dovrebbe corrispondere una notevole espansione della Cina (che da quest’anno, con oltre 10 milioni di unità di prevista ven-dita, assume la leadership mon-diale), dell’India (anche grazie al lancio recente da parte della ta-ta Motors del micromodello Na-no, che costa poco più di Us$ 2.000), del brasile e della Rus-sia. Mi pare invece certa la ra-pida evoluzione tecnologica dei modelli a cui si è fatto cenno.

Negli UsA, il governo Obama ha dovuto affrontare la situazio-ne drammatica di gM e Chrysler, che sono praticamente in banca-

rotta, mentre la Ford si sta ridi-mensionando, ma resiste e do-vrebbe farcela con i finanziamenti del governo, conservando anche le sue posizioni extra UsA. la gM deve presentare entro fine mag-gio un piano di risanamento che – per essere sussidiato dal governo – comporterà la chiusura di vari stabilimenti negli UsA e l’aliena-zione o chiusura di tutti o parte di quelli europei della sua linea Opel. Per la Chrysler, che ha stabilimenti solo negli UsA e in Canada, l’unica speranza è di prevedere una pre-valente riconversione delle sue produzioni su modelli economici che essa non ha, dovendo quindi associarsi con un’azienda specia-lizzata nel settore che le ceda la necessaria tecnologia.

Dopo il recente fallimento della joint-venture con la Mer-cedes, la Chrysler era entrata in contatto con la Fiat circa un an-no fa e, dopo l’ascesa di Obama, le trattative hanno avuto rapi-do corso con l’aperto favore del nuovo Presidente.

Perché la Fiat? I fattori posi-tivi sono:● la sua specializzazione sui segmenti di mercato A e b e cioè sulle piccole cilindrate, nonché sui modelli a gas e benzina, da quest’anno richiestissimi in Eu-ropa;● Messa a punto del nuovo moto-re a benzina Multiair, di prossimo lancio, che si basa sul controllo elettronico delle valvole per l’ali-mentazione a benzina (rispetto ai motori attuali incremento del 10% di potenza e 15% coppia, consumi diminuiti fino al 25%, emissioni di CO2 ed altri gas no-civi drasticamente ridotte);

● la Fiat Auto è ansiosa d’introdur-si nel mercato nordamericano, ma ha bisogno di essere sostenuta da un fabbricante locale che possieda stabilimenti e rete di distribuzione, com’è il caso della Chrysler, la cui produzione annua di jeep, sUV e di grandi vetture era di oltre 2 milioni di unità, con previsto netto ridi-mensionamento dal 2009;● si ritiene che la linea Alfa Ro-meo, costituita dai nuovi model-li medi che presto sostituiranno gli attuali 147 e 159 e dal nuo-vo piccolo MI-tO – se prodotta in Nord America in uno degli stabi-limenti CHRYslER che si rende-rebbero disponibili – potrebbe avere successo, considerando i moltissimi discendenti italiani di UsA e Canada e le connotazioni anche sportive di questi modelli (il mercato UsA è di gran lunga il più importante per la Ferrari che fa parte del gruppo Fiat);● Pure la Fiat Nuova 500 potreb-be avere ampio mercato per uso cittadino e quindi sarebbe propo-nibile la sua eventuale produzio-ne negli UsA, così come quella di altri modelli Fiat delle fasce b e C;● la Fiat, dopo un lungo periodo di difficoltà, ha progredito in mo-do decisivo con la gestione Mar-chionne, 56enne nato in Abruzzo ed emigrato con la famiglia in Ca-nada a 13 anni, dove si è laureato. specialista in risanamenti azien-dali, con ampio curriculum di suc-cessi in Nord America e svizzera, è stato nominato nel 2004 Ammini-stratore Delegato unico del grup-po Fiat. Anche in questo diffici-le 2009, la Fiat Auto progredisce in Europa, dove ha riacquistato il 10% del mercato. Continuano gli ottimi risultati degli stabilimen-

La sinistra si è impadronita del 25 aprile. Ma di chi è questa festa?L’Amministratore Delegato Marchionne protagonista di trattative internazionali ad ampio raggio

I padroni della festaI politici, che poco lavorano

e molto parlano e tramano, abusano spesso di retorica nelle solennità patriotti-

che; quella retorica che non è stile e efficacia, ma insistenza formale e esaltazione eccessiva dei valori. Man mano che gli an-ni passano i valori si gonfiano, altri se ne aggiungono, la festa diventa sempre più importan-te. Fortunatamente, nel tempo le cose si sgonfiano, altrimenti l’Italia, con i suoi 2700 anni di storia fatta di eventi gloriosi o tristi, avrebbe tutti i giorni una data epica da festeggiare o da dimenticare: l’esito della disfat-ta di barletta, la presa di Porta Pia, naturalmente il 4 novem-bre, ecc. Il 25 aprile si festeg-gia la fine della seconda guerra mondiale. Alla fine della guerra, che ritengo di gran lunga il fat-to più importante, si aggrega-rono negli anni le commemora-zioni del riscatto dal giogo na-zifascista, della gloriosa pagina scritta dalla resistenza partigia-na, della nascita dei valori che hanno ispirato la Costituzione

del 1948 e di qualche altra co-sa. la festa del 25 aprile è quin-di oggi più importante di quella del 2 giugno, anniversario della nascita della Repubblica Italia-na. la ragione è che il 25 aprile è la festa della chiassosa sini-stra italiana.

Franceschini, leader della sinistra e quindi padrone della festa, ha invitato berlusconi, le-ader del governo, a festeggiare la ricorrenza. berlusconi è andato, e sarebbe andato comunque, e la sua presenza a Onna tra i terre-motati ha oscurato la fugace ap-parizione di Franceschini. Ma fu un caso isolato; su altre piazze, altri esponenti del centrodestra, ad esempio Moratti, Alemanno, Formigoni, sono stati spinti a ri-tirarsi. Volevano festeggiare pure loro ma non avevano capito che era una festa rossa.

sulla resistenza si è scritto di tutto. C’è chi la esalta perché ha rappresentato l’orgoglioso ri-scatto della nazione dall’oppres-sione fascista e la rivolta contro l’invasore nazista. C’è chi ne at-tenua il valore, sostenendo che

solo la parte della nazione a nord dell’Arno ha partecipato e che l’Italia è stata liberata dagli alle-ati. l’aiuto dei partigiani sarebbe stato quindi trascurabile. Resi-stenza e 25 aprile sono argomen-ti che la retorica dei politici ha ampliato e infiorato nel corso del tempo. Ufficialmente se ne può parlare solo esaltando ciò che hanno rappresentato. Noi, che non siamo politici, parliamone con semplicità.

Onore a coloro che hanno avuto il fegato, rischiando la vita, di andare sulle montagne del Piemonte, sull’Appennino, sulle Prealpi per combattere na-zisti e fascisti. Onore ai molti ragazzi che hanno perso la vita combattendo l’oppressione. Altri ragazzi, che servivano la Patria nel settembre ’43, non hanno avuto il coraggio di disertare. Non erano fascisti: semplicemen-te erano dei pavidi. sono rimasti dalla parte “sbagliata” perché è quella che ha poi perso. Nessun onore per i partigiani dell’ultima ora, dell’aprile ’45, che poco o nulla hanno rischiato perché or-

mai i tedeschi fuggivano come lepri. Ne vidi molti, nella bassa padana; nulla fecero per combat-tere l’invasore ma furono molto duri, dopo la liberazione, nel pu-nire gli ex-fascisti, abili nell’ap-propriarsi dei loro beni, inflessi-bili nel rapare a zero e trascinare in piazza le ragazze che aveva-no “collaborato”. Nessun onore a coloro che hanno appeso per i piedi i cadaveri di Mussolini e dell’amante Petacci in piazzale loreto anziché giudicarli e ma-gari fucilarli; persino in Irak si è vista più civiltà.

se tra i partigiani non man-cavano i cattolici, essi erano in maggioranza comunisti o socia-listi, forse per reazione al fasci-smo più che per convinzione. Per questo il 25 aprile è divenu-to una festa rossa. Ero ragazzo allora; c’era euforia quel giorno perché sapevamo che la fame, i bombardamenti, l’oscuramen-to notturno erano cosa passa-ta, perché i tedeschi armati si-no ai denti se n’erano andati, perché gente di colore arrivata dall’America distribuiva ciocco-lata, perché la radio suonava le musiche rivoluzionarie dell’or-chestra di glen Miller. Questa festa non è né rossa né bianca, quindi giù le mani: è la nostra festa, la festa di coloro che han-no vissuto l’euforia di quel mo-mento storico. Vorrei che la vi-vessimo come un buon ricordo, intimamente, senza retorica: ba-sterebbe una messa in suffragio di tutti coloro che hanno perso la vita. tutti: i morti non hanno colore politico.

ti brasile e Polonia e la sua pro-duzione mondiale dovrebbe lar-gamente superare i 2 milioni di unità. Marchionne, per la sua for-mazione e l’assoluta fiducia degli azionisti Fiat, è quindi la persona ideale per portare a buon fine que-sta complessa trattativa;● la Fiat per ora non ha l’inten-zione di intervenire nella joint-venture finanziariamente, ma il governo americano concederebbe alla Chrysler un finanziamento che raggiungerebbe addirittura i 12 miliardi di dollari per pagare i suoi debiti e rimettere in sesto il suo apparato produttivo. Per l’appor-to della sua tecnologia, la Fiat ac-quisirebbe nella società una par-tecipazione del 20%, avrebbe la responsabilità del management e probabilmente riceverebbe inizia-li cospicui ordini di mezzi d’opera e componenti per le sue fabbriche italiane. Inoltre, se e quando re-stituiti i finanziamenti governativi americani, la Fiat avrebbe diritto ad aumentare la sua partecipazio-ne nella società dal 20 al 51%;● Infine, le jeep e sUV Chrysler potrebbero venire distribuite dalla rete mondiale Fiat, laddove fosse possibile.

si tratta quindi di una sfi-da difficilissima, ma accettabile e sensata, tanto più considerato l’atteggiamento estremamente in-coraggiante del governo UsA che costituisce un prestigioso ricono-scimento alla tecnologia italiana.

Nel prossimo servizio, mi pro-pongo di riferire sull’andamento di questa iniziativa e sulle trat-tative Fiat/Opel attualmente in corso che stanno causando pre-occupazioni e polemiche in Italia e in germania.

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 910

Page 7: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Fabio Porta

[email protected]

Emigrazione e immigrazione sono le due facce di una unica medaglia; tra aperture e chiusure continua in Italia un dibattito sempre più vivo e acceso

La Repubblica Italiana feste-ggia un altro anno della sua ormai lunga storia; a due an-ni dal centocinquantesimo

anniversario dell’unità d’Italia, i sessantatré anni della democrazia nata nel dopoguerra coincidono con un momento particolarmente difficile dal punto di vista politico e sociale per tutto il Paese.

Non è soltanto la grave crisi internazionale, in Italia partico-larmente sentita, a caratterizza-re l’anniversario di quest’anno. Nemmeno il dibattito sulle ne-cessarie riforme per rendere più efficiente il sistema istituziona-le, intervenendo sulla legge elet-torale e sul funzionamento del Parlamento appassiona tan-tissimo gli italiani. Anche la coincidenza della ricor-renza di quest’anno con le elezioni del nuovo Par-lamento europeo passa in secondo piano rispetto ad un fenomeno che oggi è al centro della discussione del-le forze politiche ma anche della società civile: mi riferisco al dibattito su multiculturalismo e immigrazione.

Una discussione complessa, dove a volte è facile cadere nel tranello del luogo comune e della semplificazione. Un dibattito do-ve l’esperienza e il contributo de-gli italiani all’estero, eredi del grande esodo italiano nel mondo, può essere determinante, costi-tuendo un vero e proprio differen-ziale nonché il vero antidoto con-tro stereotipi e luoghi comuni.

la storia dell’Italia, non solo quella dei secoli più recenti, di-mostra che ciò che ha da sempre

Il tesoro nascosto

PiemonteDopo la missione nel novembre scorso di Minas gerais in Pie-

monte ora è la regione italiana a retribuire la visita. Il mese scorso una delegazione tecnica è venuta a belo Horizonte per in-contri istituzionali con il governo dello stato, oltre a partecipare ad incontri di lavoro con la Camera Italo-brasiliana di Commercio. Una delle mete della visita è stata la preparazione di un programma di interscambio fra studenti che porterà a belo Horizonte allievi pie-montesi per un mese di studi e visite tecniche con enfasi in energie rinnovabili, uno dei punti forti di Minas gerais. sarà la continua-zione di un accordo di cooperazione che ha già realizzato il “Pro-grama Jovens Mineiros Cidadãos do Mundo”, grazie al quale allievi di Design di Minas gerais hanno studiato in Piemonte. la visita ha anche avuto l’obiettivo di seguire lo sviluppo del “Programa de Co-laboração em Ciência, tecnologia e Ensino superior” firmato tra i governi di Minas e Piemonte durante la missione svolta in Italia. la delegazione si è riunita con il segretario Alberto Duque Portugal per consolidare le azioni di cooperazione nel settore energetico.

Piemonte 2Hanno avuto luogo vari incontri tra la delegazione italiana e il

segretario di stato di sviluppo sociale di Minas gerais, Ago-stinho Patrus Filho, e rappresentanti del Consorzio di ONg Piemon-tesi. la delegazione si è anche riunita con il presidente della Came-ra Italo-brasiliana, giacomo Regaldo, con il vice-presidente, Alberto Medioli e con rappresentanti del governo di Minas. gli incontri so-no stati fondamentali per decidere i primi passi per mettere in atto una grande missione della regione Piemonte a belo Horizonte nei primi mesi del 2010. Questa missione, oltre a promuovere incontri affaristici tra imprese piemontesi e brasiliane, promuoverà semina-ri e settori di spicco come moda e industria di confezioni, calzatu-re, plastica e marmo. secondo la responsabile del settore di Affari Internazionali del governo del Piemonte, giulia Marcon, sarà il pri-mo incontro a dare continuità alla settimana di Minas gerais in Pie-monte, ma non si fermerà a questo. “Dobbiamo non solo paragonare quello che è stato già fatto e apporvi miglioramenti, ma anche mi-rare alla solidificazione di alleanze tra le due regioni”.

Al mareDopo aver lavorato per circa 20 anni su suolo brasiliano la Fi-

narge Apoio Marítimo, una delle imprese del gruppo italiano Rimorchiatori Riuniti genova, ha aperto il suo ufficio a Rio de Ja-neiro. Dall’ottobre scorso l’impresa, che eroga servizi alla Petro-bras, accompagna più da vicino i lavori realizzati in brasile. Alla fine di maggio il direttore Maurizio Caselli ha ricevuto il console generale d’Italia a Rio de Janeiro, Umberto Malnati, per una visi-ta di cortesia alla nave AH Camogli. l’imbarcazione è arrivata il 4 maggio ed era attraccata presso il can-tiere navale Mauá, a Ni-terói, per ricevere i dovuti adattamenti in accordo al-le norme della Marinha do brasil. Con 2.900 tonnella-te e 68 metri di lunghezza, la AH Camogli è un rimorchiatore per manovre di ancoraggio ed è la settima nave dell’azienda ad ope-rare qui in brasile. Il console Malnati ha visitato tutti i suoi livel-li accompagnato dal vice-console giuseppe Romiti e dal direttore Caselli. “sono rimasto colpito dalla tecnologia di questa imbarca-zione” ha detto Malnati.

Città della MusicaIl pubblico ministero gustavo Nogueira, della da 3ª Promotoria

de tutela Coletiva do Ministério Público Estadual di Rio de Ja-neiro ha aperto un processo per improbità amministrativa contro l’ex-sindaco Cesar Maia, l’ex-segretario comunale ai lavori Pub-blici, Eider santos, l’ex-segretario comunale delle Culture, Ricar-do Macieiras e tre ex-direttori della Riourbe. l’azione riguarda le spese con il lavori per la costruzione della Cidade da Música, nel-la barra da tijuca. l’obiettivo del pm è ottenere il risarcimento agli erari, con multa di 1 miliardo e 35 milioni di reais. E richie-de anche la perdita dei diritti politici dei colpevoli per otto anni.

BiocosmeticiGli stati del Pará, Maranhão, Amazonas, Acre e tocantins si

sono uniti e hanno creato la Rede de Pesquisa e Desenvol-vimento de biocosméticos (Redebio). la meta è di stimolare la ricerca sulle risorse naturali della regione amazzonica per lo svi-luppo di materie prime e di prodotti bio-cosmetici e fitoterapici. Nella prima tappa la Redebio userà investimenti di 7 milioni e 200mila reais in ricerche rivolte all’appli-cazione nell’industria di andiroba, copaíba, castanha do Pará e babaçu. le Fundações de Amparo à Pesquisa del Pará (Fapespa), dell’Amazonas e del Maranhão si sono im-pegnate a pagare 6 milioni e 300 mila reais con donativi di 2 milioni e 100 mila reais ognuna. Invece la segreteria di Ciência e tecnologia do Estado del tocantins finanzierà 600 mila reais e la Fundação de tecnologia do Estado do Acre, 300 mila reais.

AccordoLa Faperj, fondazione vincolata alla segreteria statale di Ciên-

cia e tecnologia di Rio de Janeiro ha siglato con la Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior, vincolata al ministero dell’Educação) il maggior accordo della sua storia. sono 94 milioni di reais che saranno destinati alla realiz-zazione di istituzioni di ricerca e insegnamento superiore nella regione fluminense. la meta, secondo il segretario Alexandre Car-doso, è di mantenere giovani talenti nello stato. Oggi secondo lui c’è una migrazione di questi talenti verso são Paulo, Paraná e Minas gerais.

LatteIl governo do Estado do Rio de Janeiro userà il latte contro la

crisi economica mondiale. si pensa cosí di dinamizzare il set-tore e generare impieghi grazie ad una riduzione tributaria che permetterà a industrie e cooperativa di trasformare il valore pa-gato anteriormente in tasse in investimenti. secondo il segretario dell’Agricoltura, Christino áureo, la meta è favorire la produzione interna dello stato. Rio de Janeiro annualmente consuma 2 mi-liardi e 300 milioni di litri di latte e circa il 70% del rifornimento proviene da altri stati. secondo il segretario le aliquote saranno ridotte del 19% nel caso dei latticini in generale o del 7% nel ca-so del latte fluido. Inoltre anche una parte dell’ICMs dovuto dalle cooperative potrà essere trasformata in investimenti. Il mercato dei latticini smuove 3 miliardi e 500 milioni di reais l’anno e i im-piega in tutto lo stato circa 100mila persone.

notizie

contraddistinto questo Paese sia stato la sua vocazione universa-le, la sua apertura al mondo.

Ce lo insegnarono per primi gli antichi romani, che riuscirono a costruire e a tenere unito per se-coli un impero dove razze, cultu-re e religioni diverse convivevano tra loro in una maniera in un certo senso inedita per quei tempi.

C’è stata poi un’altra istitu-zione, la Chiesa Cattolica, italia-na per localizzazione geografica (il Vaticano) ma anche per motivi di carattere storico, a tramandar-

curamente il numero di sessanta milioni corrispondente alla po-polazione residente dentro i con-fini dell’Italia del 2009.

l’impero romano, la Chiesa cattolica, gli italiani emigran-ti: tre mondi apparentemen-te cosí diversi tra loro ma uniti dall’unico comune denominatore costituito dalla forza straordina-riamente dirompente e creativa della dimensione transnazionale e multietnica.

Una dimensione che qualcuno oggi in Italia vorrebbe cancellare, addirittura negare, ritornando ad una società monoculturale chiusa in sé stessa; il contrario della nostra storia, ma anche di quei Paesi che

– come il brasile o gli stati Uniti – hanno trovato nel multicul-turalismo e nell’integrazione tra popoli ed etnie diverse il segreto della propria crescita e del successo nel mondo glo-balizzato.

Ritorniamo allora alla discussione in corso in Italia

sull’immigrazione e ai 63 anni della Repubblica.

Un dibattito che sarebbe sbagliato semplificare, ponen-do da una parte i sostenitori dell’Italia multietnica e dall’altra quelli della chiusura delle fron-tiere agli stranieri.

l’unica posizione ragionevo-le in questo contesto è quella di chi vuole regolare in maniera intelligente i flussi provenienti dall’estero, possibilmente attra-verso programmi di cooperazione internazionale e di formazione professionale destinati a chi vuo-le onestamente recarsi nel nostro Paese per contribuire con il pro-

prio lavoro alla costruzione del futuro, personale e collettivo.

Programmi che potrebbero an-che coinvolgere le nostre collet-tività presenti all’estero, natural-mente interessate e disponibili ad un interscambio costruttivo con il Paese di origine dei loro antenati.

Regolare i flussi quindi, ma anche stabilire regole chiare per chi vive già all’interno dei confi-ni italiani; regole che permetta-no a chi vuole farlo di regolare la propria posizione anagrafica e lavorativa ma che siano ade-guatamente severe e inflessibili con chi si mette contro le norme della convivenza civile.

le Nazioni Unite, il Vatica-no, il Consiglio d’Europa han-no recentemente criticato l’Italia per l’adozione di misure repressi-ve contro l’immigrazione che non rispetterebbero elementari diritti umani, a partire dal diritto di acco-glienza verso profughi e rifugiati.

Noi italiani all’estero, tramite i nostro organismi di rappresentan-za (Consiglio generale degli Italia-ni all’Estero, Comites, parlamenta-ri eletti all’estero) abbiamo fatto sentire la nostra voce contro pro-grammi di governo che vorrebbero chiudere il rapporto positivo cos-truito negli anni dall’Italia verso le comunità che vivono all’estero.

I 4 milioni di cittadini stra-nieri in Italia e i 4 milioni di cit-tadini italiani all’estero rappre-sentano le due facce della stes-sa moneta; una moneta preziosa sulla quale si dovrebbe “investi-re” affinché produca utili ed in-teressi, e non un “tesoro nascos-to” da gettare in mare in maniera affrettata e superficiale.

ci per secoli la centralità della di-mensione internazionale e multie-tnica, e soprattutto l’aspetto uni-versale all’origine della stessa eti-mologia della parola “cattolica”.

E ci siamo infine, noi, gli ita-liani nel mondo, veri propri pro-tagonisti e figli di un popolo di emigranti, forse il maggior popo-lo migrante che la storia abbia mai conosciuto.

Un universo ormai difficile da quantificare, che considerando gli italo-discendenti supera si-

João C

arn

avo

s

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 912 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 13

Page 8: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Italianos residentes ou não no país terão a oportunida-de de mudar a lei eleitoral da Itália. E pelo voto. Dia 21

de junho é a data marcada para que as pessoas se manifestem no Referendo. se o “sim” vencer, a Itália terá dado o primeiro pas-so em direção ao bipartidarismo. Italianos residentes fora da Itá-lia precisam enviar seu voto pe-lo correio para a sua chancelaria consular até às 16h do dia 18.

são três itens a serem vota-dos. Dois são idênticos, só que um é valido para a Câmara dos Deputados e outro para o sena-do. trata-se do item que pre-vê o fim das coalizões partidá-rias. A atual lei eleitoral garan-te a maioria das cadeiras à coa-lizão vencedora. se for mudada, garantirá a maioria somente ao partido mais votado e não mais à coalizão. Unir-se aos partidos grandes não terá mais nenhum significado. Por exemplo, no ano passado, o partido Povo da liber-dade (do primeiro-ministro silvio berlusconi) teria conseguido a maioria sozinho, independente-mente da coalizão com a liga Norte. E se o Partido Democráti-co e a Itália de Valor fossem uni-dos em um único partido, teriam ganhado a maioria da cadeira. Os partidos menores são contrários a essa opção porque significaria o fim de muitos deles.

O terceiro item a ser votado no Referendo proíbe as múltiplas candidaturas. A atual lei prevê que um político possa se candidatar em mais de uma seção e no final escolher qual seção governará.

A escolha da data para o dia da votação foi uma confusão. Quase todos queriam que o Re-ferendo fosse votado junto com as eleições administrativas, isto

é, entre os dias 6 e 7 de junho, quando os italianos residentes na Itália foram às urnas para eleger, em primeiro turno, prefeitos e go-vernadores. Essa opção acabou descartada pelo governo, que se deixou influenciar pela liga Norte que dizia que votar na mesma da-ta iria gerar muita confusão e que as pessoas se atrapalhariam na votação. O Partido Democrático diz que o governo deverá gastar cerca de 460 milhões de euros a mais para fazer a votação dia 21.

A liga Norte foi o partido que mais se manifestou contrá-rio ao Referendo. Partidos co-mo a União da Democracia Cris-tã (Udc), Refundação Comunista (RC) e União dos Democratas pe-la Europa (Udeur), também op-taram pela campanha do “Não”.

Os que mais defendem o “sim” são os partidos Democrático (Pd) e Povo da liberdade (Pdl). Como são os dois principais partidos do país, se a lei for mudada, não cor-rerão o risco de desaparecer de um dia ao outro, ao contrário. A tendência é se fortalecerem jus-tamente por conta do enfraque-

cimento dos pequenos partidos. É por isso que se diz que o Refe-rendo levará a Itália ao biparti-darismo, como acontece hoje nos Estados Unidos.

Mais umaAlém da confusão na esco-lha das datas para o Referendo, as eleições admi-nistrativas tam-bém geram confu-são. Isso porque, na Itália, prefeitos e gover-nadores não são todos esco-lhidos ao mesmo tempo. Neste ano, somente a região da sarde-nha votará um novo governador, enquanto 216 cidades elegerão novos prefeitos e 27 províncias, novos presidentes.

Na mesma data das eleições para chefes do executivo, isto é, 6 e 7 de junho, também foram es-colhidos os representantes do Par-lamento Europeu. Nesse caso, ita-lianos que moram em um dos 27 países membros da União Europeia também puderam votar. são 50 milhões de pessoas aptas ao voto.

Ao todo, puderam ir às ur-nas, 375 milhões de europeus para eleger os 736 deputados que farão parte do próximo Par-lamento Europeu, que tem sede em Estrasburgo, na França. Para cada país é previsto, de acordo com a população residente, um número determinado de cadeiras. Assim como o Reino Unido e a França, a Itália elegerá 72 euro-parlamentares; a Alemanha, 99; Espanha e Portugal, 50 e 22, res-pectivamente. O mandato é de cinco anos.

A eleição para o Parlamento Europeu é vista como uma opor-tunidade de pluralismo político. Os candidatos serão eleitos por grupos e não por país de prove-niência. Os grupos, na verdade, representam diversas linhas po-líticas e cada partido tem a li-berdade de se inscrever no grupo que correspondente a sua filo-sofia partidária. segundo as es-timativas oficiais, 66% dos ita-lianos foram às urnas, enquanto

em todo o continente a partici-pação nas eleições atingiu 43%, o menor nível desde a criação da União Europeia. O partido Povo da liberdade (PDl), do premier silvio berlusconi, obteve 35,3% dos votos dos italianos, contra 26,1% do opositor Partido Demo-crático (PD). A eleição marcou um avanço do Partido Popular Europeu, a maior força conserva-dora no Parlamento Europeu.

Praticamente todos os parti-dos apresentaram uma lista de candidatos. Os principais temas que os euro-parlamentares en-frentarão na nova legislatura se-rão: atividade industrial menos poluidora, aumento do preço dos alimentos, novas normas sobre política de asilo, terrorismo, pe-dofilia, reforma do sistema de fi-nanciamento e imigração.

Passado e presente A comunidade européia existe desde 1950 e foi em 1979 que os europeus puderam eleger pela primeira vez o Parlamento Euro-peu. Hoje, o atual presidente é o alemão Hans-gert Pöttering. As últimas eleições aconteceram em junho de 2004. O atual Par-lamento conta com 785 deputa-dos, 53 a mais do que o número oficial (732). Isso porque a Ro-mênia e a bulgaria aderiram à UE durante essa última legislatura. Quase um terço dos deputados são mulheres.

O trabalho do parlamento europeu não vem sendo muito admirado desde o ano passado, quando a maioria, inclusive os deputados de esquerda, votou a favor de penas mais severas para combater a imigração ilegal, de-

terminando condições de expul-são para clandestinos e a deten-ção em até 18 meses nos centros de internação. Além disso, uma das várias comissões parlamen-tares existentes votou contra o brasil, a favor da Itália, no caso Cesare battisti, pedindo ao país a extradição do ex-terrorista.

EscândaloFoi justamente a lista de can-didatos do Partido da liberdade (Pdl) para as eleições do Parla-mento Europeu o estopim final que causou a separação do pri-meiro-ministro silvio berlusco-ni e de Verônica lario. Após ver publicada a suposta lista com os nomes das futuras candidatas a euro deputadas que o primeiro ministro teria escolhido a dedo, pessoalmente, Verônica pediu publicamente a separação. O mo-tivo? Na lista constavam várias ex-velinas (como são chamadas as bailarinas e participantes de programas de tV) como Angela sozio (ex-Big Brother), Camilla Ferranti, barbara Matera e Eleo-nora gaggioli. Vale lembrar que a ex-modelo Mara Carfagna, prota-gonista do calendário da revista masculina Max, é a atual minis-tra das Oportunidades Iguais. Por causa dela, Verônica também já havia reclamado, em público, do comportamento do marido.

Na lista das “favoritas” de berlusconi estão Marinella bram-

Itália vai às urnas

Três eleições agitam a política italiana no mês de junhoJanaína César

Correspondente • treviso

política

billa, filha de sua governanta, que se tornou uma das mulheres mais defensoras do premiê; De-borah bergamini, ex-assistente, hoje diretora da Rai; Francesca Impiglia, também ex-assistente, hoje apresentadora do telejornal tg4, em um dos canais perten-centes ao primeiro ministro.

Porém, quem mais causou es-tragos no relacionamento de ber-lusconi foi Noemi letizia. A loi-rinha aspirante à modelo ficou conhecida em todo o mundo por ter recebido o primeiro-ministro italiano na sua festa de 18 anos. Ela o chama carinhosamente “Pa-pi” e ganhou de presente um pre-cioso colar.

sem muito o que dizer em sua defesa, berlusconi atacou a pró-pria Verônica por ter dito à im-prensa que ele nunca compareceu ao aniversário de 18 anos de seus filhos e que ter participado da fes-tinha de Noemi, em Nápoles, era “o cúmulo”. berlusconi alegou que a mulher foi “ingênua” por acredi-tar em “mais uma armação da es-querda e da mídia” contra ele. Sede do Parlamento Europeu em Estrasburgo, na França

Letizia e o colar que ganhou do “Papi”

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 914 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 15

Page 9: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

do CgIE e do Comites são as prin-cipais barreiras entre Mantica e os demais membros do órgão.

— No caso da representação brasileira foi pior porque ele fa-lou que nós não fizemos nada quando o caso battisti veio à to-na. Ora, seguimos as instruções do próprio ministério que pediu que não fizéssemos manifesta-ções públicas, pois poderia atra-palhar o diálogo entre os gover-nos brasileiro e italiano. Fizemos o que estava ao nosso alcance enquanto emissão de abaixo-as-sinado, concessão de entrevistas na imprensa e encaminhamento de documentos aos órgãos com-petentes — retruca Pieroni.

segundo o advogado Walter Petruzziello, também conselhei-ro, “Mantica já deu provas de que quer a extinção do CgIE” e por isso, não seria a pessoa mais indicada para ser o responsável pelos italianos no mundo. Essa intenção ganhou corpo depois que a legislação eleitoral italiana adotou a circunscrição do exte-rior, a qual se destinam 12 vagas de deputados e seis para senado-res eleitos entre os que residem fora da bota.

— Não temos legitimida-de para demitir ninguém, mas nossa iniciativa mostra o quan-to estamos insatisfeitos. E isso não se restringe à circunscrição América latina ou das Américas de um modo geral. É uma opi-nião de todos os conselheiros. Cabe ao ministro Franco Fratti-ni (das Relações Exteriores) to-mar a decisão que lhe convier — analisa Petruzziello.

O conselheiro admite, no en-tanto, que quanto às reformas previstas nos órgãos de repre-sentação, a diversidade de pro-postas no grupo pode atrasar o andamento das ações. Para Pe-truzziello, um dos problemas que não podem passar em branco é a falta de graduação para a re-presentatividade. Por exemplo, uma circunscrição que tenha 3 mil italianos pode criar um Co-mites com até 12 pessoas. Uma outra em que sejam registrados 100 mil pessoas teria direito a um Comites com 16 membros.

— se uma circunscrição ti-ver 99 mil italianos terá os mes-mos 12 membros em um Comi-tes, tal qual outra que apresenta 3 mil pessoas. A meu ver, existe a necessidade de se graduar es-

sa formação dividindo melhor es-ses números. Como são os Comi-tes que elegem os membros do CgIE, isso é de suma importância — explica.

sobre a desconfiança em re-lação ao trabalho desempenhado por Mantica no que se refere ao estímulo da cultura italiana onde seus cidadãos estão presentes, Pe-truzziello cita ações como o anún-cio de fechamento de consulados, agendado para a segunda semana de junho. Ele observa que “a lis-ta não traz localidades brasileiras, mas a questão que fica é qual se-rá o próximo passo de retrocesso”.

A próxima reunião geral de conselheiros está marcada pa-ra outubro. Antes, porém, deve haver os encontros continentais para tratar de propostas em di-mensão regional. Em meio a tan-tas opiniões e problemas, o con-selheiro Antonio laspro, também do brasil, aponta uma caracterís-tica que não pode ser esquecida no calor das discussões:

— A maioria dos conselhei-ros é da esquerda e não há co-mo deixar de lado essa posição. Eu sou de direita, não concor-dei com a assinatura da moção e nem votei para isso. Estamos in-satisfeitos sim, mas isso (o pedi-do de renúncia) não cabe a nós. Em se tratando dos cortes, eles afetaram outras áreas também.

Na Itália, o quarto conselhei-ro do CgIE no brasil, Mario Aral-di, não respondeu ao contato feito pela reportagem.

Vice-presidente do Comitê para os Italianos no Exterior da Câmara italiana, o deputado Fa-bio Porta observa que a falta de confiança dos conselheiros em re-lação ao desempenho de Mantica “chegou a um ponto sem igual”.

— Ele já deu a entender, em entrevistas e plenárias do sena-do e da Câmara, que a comuni-dade italiana no exterior não seria merecedora da atenção do governo. No caso battisti, falou da decepção com o que chamou de falta de ação, por parte dos italianos que residem no brasil. Em outros momentos, quis dife-renciar os direitos entre italianos nascidos e não nascidos na Itália — enumera.

Na opinião de Porta, o CgIE é o melhor organismo de represen-tação para os italianos no exte-rior e um projeto de extinção da instituição “não teria fundamen-to”, visto que o sistema político italiano tem servido de modelo para outras nações:

— Claro que se precisa, even-tualmente, passar por melhorias, mas a Itália tem sido exemplo no contato com suas comunida-des que se formaram no exterior. A luta é para que haja avanço nesse sentido. E essas propostas precisam ser estudadas e vota-das para que o trabalho feito até aqui não se perca ou estagne.

Mantica não se pronunciaProcurado pela Comunità, o sub-secretario Alfredo Mantica infor-mou, por intermédio de sua as-

sessoria, que não comentaria o caso. Ele preferiu encaminhar à redação a ata da intervenção que fez na plenária dos conselheiros. segundo o documento, Mantica apresentou a expectativa de que as eleições para os Comites ocor-ram em dezembro de 2010. Ele expôs sua expectativa em ten-tar recuperar entre quatro e cinco milhões de euros para o seu se-tor, o que permitiria a reabertura, em setembro, de cursos fechados.

— Recordo a iniciativa da diretora geral para os italianos no exterior, Carla Zuppetti, que solicitou ao Presidente da Repú-blica a concessão da medalha da Ordem da Estrela e da solidarie-dade Italiana a 31 conselheiros do CgIE não contemplados em 2001, na gestão Mirko tremaglia — assinalou Mantica, sobre as comendas usualmente entregues na Festa da Republica Italiana.

O subsecretário também elo-giou a participação dos jovens italianos no mundo por conta da Conferência realizada, em Roma, em dezembro passado. segundo Mantica, para dar continuidade a esse trabalho, será lançada, entre setembro e outubro próximos uma página na internet que permitirá ampliar o diálogo para um grupo maior do que as 400 pessoas que participaram da Conferência.

No documento enviado por Mantica também consta a infor-mação de que ele está empenha-do em promover, na região de Friuli-Venezia giulia, a primeira Assembléia de Empreendedores Italianos no Mundo.

— É uma conferência que não tem o objetivo de ocupar o espaço das Câmaras de Comércio, mas sim de discutir o impacto da crise e conferir valor ao trabalho que realizam fora da Itália — de-fendeu o subsecretário.

Mantica também está à frente do Museu da Imigração Italiana. No dia 1º de junho, foi feita uma apresentação para imprensa e au-toridades de governo, do projeto com sede no palácio Vittoriano, em Roma. A abertura ao público está prevista para setembro. O lo-cal abrigará o maior acervo sobre o tema na Itália - um trabalho histórico que parte da primeira unidade da Itália até a última fa-se do Ressurgimento (unificação italiana) com material de fotos, vídeos e testemunhos documen-tados pelos emigrados.

Foi quase unanimidade. se dependesse da vontade de 90 dos 94 conselheiros que compõem o Conselho

geral dos Italianos no exterior, o subsecretário Alfredo Manti-ca, vinculado ao Ministério das Relações Exteriores da Itália, já não teria a função de cuidar dos assuntos relacionados aos italia-nos que vivem fora da Itália. Em uma moção aprovada no dia 14 de maio, durante a assembleia geral que ocorreu em Roma, os representantes do órgão máxi-mo para a comunidade italiana no exterior ratificaram uma insa-tisfação que só tem aumentado desde que o governo decidiu cor-tar verbas em todos os setores da sua administração e a pasta também foi afetada.

Entre temas como a rees-truturação consular, assistência sanitária, eleições européias e Referendum, a plenária previa a discussão sobre a reforma na instituição e também nos Co-mitês para os Italianos no Ex-terior (Comites), cujas elei-ções que se realizariam em julho e agosto, fica-ram comprometidas com o anúncio da falta de verba. A moção com o pedido de renúncia de Mantica foi definida de-pois que ele falou à ple-nária do Conselho.

Para os conselheiros que representam os ita-

lianos no brasil, o traba-lho do subsecretário tem

deixado a desejar. De acordo com o Cláudio Pieroni, a falta de perspectiva quanto ao trabalho

Imbróglio político

CGIE pede que subsecretário Alfredo Mantica entregue responsabilidade

pelos italianos no exterior

sílvia souza

política

O conselheiro Walter Petruzziello (Curitiba) é um dos que aponta

insatisfações do CGIE em relação ao trabalho do subsecretário

Alfredo Mantica (ao lado)

16 17J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n aC o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 9

Page 10: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Mais um setor industrial da Itália aposta forte-mente no brasil como forma de driblar a crise

econômica mundial. Dessa vez, foram empresários da área de automação que vieram em peso para participar da 12ª FEIMAFE – Feira Internacional de Máqui-nas-Ferramenta e sistemas Inte-grados de Manufatura - realizada no mês passado, em são Paulo. A comitiva italiana foi formada por 40 empresas, um número 77,5% maior do que no ano passado. A FEIMAFE, maior feira do setor na América do sul, contou com 1,3 mil expositores de 30 países e atraiu 65 mil visitantes e com-pradores de 45 nacionalidades.

Os industriais italianos têm razões de sobra para se animar com os horizontes brasileiros: no período de 2003 a 2008, as exportações de máquinas-ferra-menta para o brasil aumentaram 240%, subindo de 33 milhões de euros para mais de 122 milhões. Apenas de 2007 para o ano pas-sado, houve incremento de ven-das de 120%, o que situa o país no nono posto na lista de com-pradores da Itália, segundo o ICE.

De acordo com o diretor do Instituto no brasil, giovanni sacchi, as indústrias italianas do universo metal-mecânico, tam-bém nos segmentos de máquinas têxteis, de escavação, alimentar

e equipamentos hospitalares têm demonstrado bons índices no flu-xo comercial com o brasil.

— A melhoria da produtivi-dade e a redução de custos, re-sultantes dos investimentos em alta tecnologia de manufatura, possibilitam o crescimento de nossas exportações. No caso das máquinas têxteis, o salto foi ao redor de 70% em 2008 — infor-ma sacchi.

Para o diretor de bens de ca-pital do ICE-Roma, Carlo Ange-lo bocchi, o mercado brasileiro apresenta “enorme demanda de infra-estrutura” em áreas rela-cionadas com petróleo, energia, gás, rede ferroviária e aeronáu-tica. segundo ele, a Itália está “em condições de disputar a con-

corrência oferecendo serviços, produtos e parcerias de altíssima qualidade, compatíveis com es-sas necessidades”.

Na Itália, embora os efei-tos da crise se pronunciem com perturbadores índices negati-vos – tal qual em todos os pa-íses desenvolvidos – a produção de macchine utensili chegou a registrar aumento de 0,5% em 2008, equivalente a 5,8 bilhões de euros, e exportações no va-lor de 3,3 bilhões - 7,5% a mais que em 2007. De acordo com a gerente de relações exteriores e mídia da União dos Fabricantes Italianos de Máquinas-Ferramen-ta, Robôs, sistemas de Automa-ção e Produtos Auxiliares (UCI-MU), Claudia Mastrogiuseppe, o índice produtivo do setor, em nível mundial, foi positivo em 6,9% no ano passado, superando 54 bilhões de euros. Deste total, a produção européia respondeu por 44,8%, e a Itália ocupou o quarto lugar no ranking de pro-dutores, atrás do Japão, Alema-

nha e China, e o terceiro entre os exportadores globais, após Alemanha e China.

EMO MilanoO presidente do comitê organi-zador da feira EMO Milano 2009 e vice-presidente da UCIMU, Pier luigi streparava, partici-pou da FEIMAFE. Veio para fo-mentar negócios entre fabrican-tes internacionais e convidá-los ao evento, que reunirá as indús-trias similares em Milão de 5 a 10 de outubro.

— Mantemos relações com o brasil desde os anos 70, inclu-sive com parceiros como o se-nai (serviço Nacional de Apren-dizagem Industrial), entidade que recebeu na década de 90, no Rio de Janeiro, a visita de nossa saudosa ex-ministra susanna Ag-nelli, morta recentemente – lem-brou streparava.

segundo o comitê organi-zador da EMO Milano, até ago-ra, 1,4 mil empresas de 31 pa-íses estão inscritas, incluindo o brasil. A feira, realizada alterna-damente em Hannover (Alema-nha) e Milão, é promovida pelo CECIMO – Comitê Europeu para a Cooperação entre Máquinas-Fer-ramenta para Indústrias. A pro-pósito de parcerias e joint-ven-tures, lideranças empresariais e entidades representativas de am-bos os países, como senai, se-brae (serviço brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Abimaq (Associação brasileira da Indústria de Máquinas e Equipa-mentos), aproveitaram a oportu-nidade para discutir a criação de um centro formativo tecnológico ítalo-brasileiro.

Metal-mecânica italiana tem participação recorde na FEIMAFE, feira brasileira e maior do setor em toda a América do Sul

Máquinas ligadas

negócios

TaTiana BuffCorrespondente • são paulo

Pier Luigi Streparava, segundo da esquerda para a direita, divulgou a EMO Milano no evento

Agora, quem está na “ber-linda” é leonardo bada-lamenti, de 49 anos. Ele foi preso mês passado,

em são Paulo, numa operação in-ternacional chamada “Cento Pas-si” contra o crime organizado. O grupo chefiado por ele é acusa-do de tentar negociar títulos de investimentos falsos, através de agentes financeiros.

A trajetória de leonardo ba-dalamenti é bem diferente de seus conterrâneos. battisti e bragaglia tiveram a extradição pedida pela Itália por conta do envolvimento deles em ações de natureza política. Já bada-lamenti é integrante da máfia italiana, mais precisamente, a siciliana. Ele é filho de gaeta-no badalamenti, um dos antigos chefões do crime organizado do país, morto em 2004, aos 81 anos, numa prisão nos Estados Unidos. Conhecido como Dom tano badalamenti, o pai foi “pa-drinho” da máfia siciliana nos anos 80, quando iniciou uma guerra pelo poder com o clã ad-versário dos “corleoneses”, que venceram e assassinaram quase toda a sua família.

leonardo badalamenti vi-via no brasil, há 15 anos, sob a identidade falsa de Carlos Mas-setti. O pai também fugiu da Itália para cá, nos 80, antes de seguir para Estados Unidos, on-de foi preso. O filho foi captu-rado pela Interpol no bairro de

bela Vista, na região central de são Paulo. leonardo se dizia brasileiro e comerciante, mas controlava o esquema montado pela máfia italiana para tentar aplicar um golpe milionário no mercado internacional. A opera-

ção “Cento Passi” foi realizada em conjunto pela polícia de cin-co países - Itália, Espanha, Es-tados Unidos, Venezuela e brasil – e prendeu 20 pessoas acusa-das de associação com a máfia e transações ilícitas.

segundo o diretor do Centro de Direito Internacional (Cedin), em Minas gerais, Délber Andrade lage, leonardo badalamenti po-de até solicitar refúgio ao Comitê Nacional para os Refugiados (Co-nare), como fez Cesare battisti. Porém, é pouco provável que o benefício seja concedido.

— A concessão do refúgio nesse caso é muito complicada porque ele é acusado de crimes na Itália de uma natureza com-pletamente diferente daqueles de battisti — explica.

De acordo com o tratado de extradição, assinado pelos go-vernos da Itália e do brasil em 1989 e promulgado em 1993, após a prisão, badalamenti deve permanecer detido à espera da decisão do stF. Por enquanto, ele está preso na Polícia Federal de são Paulo, mesmo local onde es-tá bragaglia, detido em julho do ano passado, em Ilhabela (sP).

Enquanto issoPreso no brasil desde 2007, bat-tisti aguarda a decisão do stF so-bre seu caso na penitenciária da Papuda, em brasília. Um de seus advogados, o ex-deputado petis-ta luiz Eduardo greenhalgh, em entrevista à Comunità, afirma que seu cliente está “debilitado, física e mentalmente e enfrenta crises frequentes de depressão”.

segundo greenhalgh, battisti está sob regime alimentar recei-tado pelos médicos do presídio, em decorrência de uma hepatite b. Para passar o tempo, ele lê, es-tuda filosofia e escreve bastante – estaria prestes a terminar seu terceiro livro. greenhalgh tam-bém afirma que o maior temor de battisti é voltar para a Itália.

— Ele tem consciência de toda a sua situação, mas reitero considerar improvável a extradi-ção. Primeiro, porque é indiscu-tível o caráter político do pedi-do. segundo, porque pelas leis brasileiras os crimes estão pres-critos. terceiro, porque há omis-sões formais no pedido de extra-dição (a Itália deixou de juntar a primeira sentença condenatória de battisti e isso era sua obri-gação), portanto, o pedido está mal instruído, faltam documen-tos essenciais. E, quarto, em ca-sos análogos o stF respeitou a decisão do Poder Executivo — afirma greenhalgh.

Na opinião do diretor do Ce-din, Délber Andrade lage, o des-tino de battisti já foi decidido. segundo ele, a lei brasileira diz que caso seja concedido o refú-gio haverá, automaticamente, o empecilho da extradição.

— Não tem como o governo conceder o refúgio e ao mesmo tempo devolver a pessoa para a Itália. Por isso, o supremo não po-de discutir os méritos da decisão do ministro da Justiça. Na minha opinião, esta demora na solução do caso é mais por razões políti-cas do que jurídicas. É um proces-so complicado — explica.

O terceiro da fila

Depois de Cesare Battisti e Pierluigi Bragaglia, mais um caso de extradição de cidadão italiano chega ao Supremo Tribunal Federal do Brasil

nayra Garofle

política

Leonardo Badalamenti. No alto, o ministro da Justiça Tarso Genro

Fa

bio

Ro

drig

ue

s P

ozz

eb

om

/ A

BC

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 918 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 19

Page 11: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

I numeri non mentono. Con un fatturato annuale di 22 miliardi di re-ais, con più di 40 fabbriche – di cui due all’estero – e quasi 120.000 impiegati, la brasil Foods (bRF), creata recentemente, arriva sul mercato come l’impresa più grande del brasile nel ramo alimentare.

la marca, creata a maggio, risultato della fusione fra le storiche con-correnti Perdigão e sadia, lascia da parte la disputa per il raggiungi-mento dell’apice nel ranking brasiliano, disposta ad avanzare nella

conquista di altri mercati all’estero.l’unione delle due imprese, fondata nello stato di santa Ca-

tarina a partire dal lavoro di famiglie italiane, ha dato origine alla terza maggiore impresa esportatrice brasiliana. Prenden-do in considerazione i dati del 2008, la bRF è terza come importanza dopo la Petrobras e la Vale. Inoltre è la deci-ma maggiore impresa alimentare delle Americhe, la se-conda maggiore industria alimentare del brasile (dietro solo a quella del Frigorífico Jbs Friboi) e la maggior produttrice ed esportatrice mondiale di carni lavora-

te. In brasile detiene la maggior parte del mer-cato di pasta e pizza.

Per arrivare alla fusione la Perdigão ha cambiato il no-

me in bRF, e la sadia in HFF. subito dopo le azio-

ni della HFF sono sta-te incorporate dal-la bRF. Il Consiglio d’Amministrazione delle due imprese sarà formato dal-

le stesse persone, e il presidente di una sarà co-presidente dell’altra, cioè il controllo sarà diviso fra Nil-demar secches (Perdigão) e l’ex-ministro brasiliano dello sviluppo, Industria e Commercio con l’Estero, lu-iz Fernando Furlan (sadia).

— stiamo creando un campione che probabilmente

diventerà il più grande nella lavorazione di carne del mondo

— ha detto Furlan, durante l’an-nuncio ufficiale della fusione.

Il primo passo della brasil Fo-ods sarà un’offerta pubblica di azioni in un valore stimato 4 mi-liardi di reali per attrarre risorse. l’operazione dovrebbe avvenire

alla fine di luglio e gli investi-menti saranno usati integralmen-te per ridurre i debiti della nuova impresa, stimati in circa 10 mi-liardi di reais.

secondo secches i clienti del-le due marche non si devono pre-occupare di un’eventuale aumen-to di prezzi dei prodotti.

— l’obiettivo della fusione è migliorare la competitività e, au-tomaticamente, migliorare i prez-zi. si parla molto del mercato del-la pizza, ma abbiamo davanti a noi la concorrenza di un monte di panetterie e di pizzerie — ha commentato in tono scherzoso.

la fusione era prevista dal 2001, quando sadia e Perdigão ave-vano creato la bRF trading, società sciolta nel 2002. Poi, nel luglio del 2006, la sadia, in migliori condizio-ni economiche, aveva presentato una proposta di acquisto alla con-corrente. l’intento era di comprare il 100% delle azioni della Perdigão al prezzo di 27,88 reais ognuna. Ma l’offerta era stata rifiutata da-gli azionisti, che rappresentavano il 55,38% del capitale dell’impresa, che avevano mantenuto la loro po-sizione contraria anche quando la sadia aveva fatto la nuova proposta di pagare 29 reais per azione.

Alla fine del 2006, la Perdi-gão ha fatto un’offerta alla sadia,

con l’emissione di 32.000.000 nuove azioni, al prezzo di 25 re-ais a titolo. l’operazione ha avu-to come risultato l’introito di cir-ca 800.000.000 di reais, ma non ha avuto successo.

Adesso la marca, prossima a festeggiare i 65 anni, ha chiu-so il 2008 con una perdita di 2 miliardi e mezzo di reais. Questo ha invertito il gioco dei nego-ziati, ed ha aperto la strada alla fusione. In seguito agli accordi, inizialmente il 68% del capita-le della nuova impresa sarà de-gli azionisti della Perdigão ed il 32% di quelli della sadia.

Perdigão Fondata dalla famiglia brandalise (di origini venete) e dalla fami-glia Ponzoni nel 1934, nello sta-to di santa Catarina, la Perdigão produce attualmente più di 2.500 prodotti, come polli (interi e a pezzi), suini e bovini congelati, prosciutti, mortadella, salsiccie, hamburger, carni panate, lasa-gne, pizze, succhi, yogurt e latte.

In 75 anni di attività l’impre-sa somma 42 unità industriali in 11 stati, oltre a tre aziende in Europa ed una in Argentina. At-tualmente sono 59.000 impiegati in 25 unità industriali della car-ne, 15 unità di prodotti del latte, una di elaborazione della soia, una di fabbricazione di margari-na, centri di distribuzione, oltre a 19 distributori appaltati.

Fino al 1994 a capo della marca c’era la famiglia brandali-se quando, dopo una crisi di li-quidità, l’80,68% delle azioni or-dinarie ed il 65,54% delle azio-ni preferenziali che possedevano sono state vendute a otto fondi di pensione – sei dei quali ancora stanno nella compagnia.

All’estero, oggi la Perdigão e le sue sussidiarie hanno uffici in Inghilterra, Francia, giappone, Olanda, Russia, singapore, Emirati Arabi Uniti, Ungheria, Portogallo, spagna, Italia e Austria.

Nel mercato domestico la compagnia opera principalmente con le marche Perdigão, Chester, batavo e turma da Mônica (con concessione di licenza). Nel mer-cato estero, che rappresenta il 44% delle vendite, si distaccano Perdix, batavo, Fazenda, borella e Confidence.

Nel 2007, firmando con la Unilever un contratto per la fab-bricazione di margarine, è passata

a lavorare con le marche Doriana, Delicata, Claybom e becel, questa ultima come joint-venture.

Nel 2008 la Perdigão ha ac-cumulato una perdita dell’83% sul guadagno liquido rispetto al 2007 arrivando ai 54 miliar-di e 400 milioni di reais. secon-do l’azienda il risultato ha avuto un impatto cambiale sulla spesa finanziaria e sulle rate di aggio contabilizzate durante l’anno, dovuto alle acquisizioni e all’ef-fetto dei contratti e delle miglio-rie nella produzione.

Malgrado questo ha registrato un fatturato lordo annuo di 13 mi-liardi e 200 milioni di reais, con un aumento del 69% in confronto all’anno precedente, ed ha investi-to 2 miliardi e 400 milioni di reais, di cui 1 miliardo e 800 con l’acqui-sto di Eleva, Plusfood e Cotochés.

SadiaVicina al completamento dei 65 anni d’attività, la sadia era sor-ta dall’acquisto di una piccola azienda di lavorazione di carni nella parte ovest di santa Catari-na, diventando un punto di rife-rimento per le carni e gli alimen-ti industrializzati in brasile ed in vari paesi del mondo. l’impre-sa era stata fondata il 7 giugno 1944 da Attilio Fontana, con l’ac-quisto dell’azienda di lavorazione di carni Concórdia, nella città ca-tarinense di Concórdia. la prima unità fuori dello stato, il Moin-ho da lapa, fu fondata nel 1953, nella zona ovest di são Paulo.

Attualmente sono 17 unità di produzione in nove stati brasi-

Prodotti della Brasil Foods e principali

concorrenti nel mercato (in percentuali)

Industrializzati di carneBRF - 55,8 (26,3 PeRdigão

e 29,5 Sadia)auRoRa - 8,2SeaRa - 4,0

Congelati di carneBRF – 71,6 (33,0 PeRdigão

e 38,6 Sadia)SeaRa – 5,0

MaRFRig – 3,1

PastaBRF – 84,2 (31,9 PeRdigão

e 52,3 Sadia)

Derivati del lattedanone – 17,1neStlé – 16,2

PeRdigão - 13,0PauliSta – 7,0

economia

liani (Minas gerais, Mato grosso, Paraná, Rio, Rio grande do sul, santa Catarina, são Paulo, goiás e Pernambuco), più il Distrito Fe-deral. In tutto conta su 60.000 professionisti – oltre ad essere in società con circa 10.000 fattorie per la creazione di polli e suini.

Distribuita in più di 300.000 punti vendita, l’impresa presen-ta un portfolio di quasi 700 pro-dotti sul mercato domestico. sul mercato estero, dove è apparsa negli anni ‘60, distribuisce circa mille prodotti in più di cento pa-esi, e in 11 mantiene degli uffici.

Col capitale aperto dal 1971, le azioni della sadia hanno comin-ciato ad essere vendute nella Ny-se (borsa di New York) nel 2001, e nella borsa di Madrid nel 2004. È stata segnalata come la marca più valida del settore alimentare brasiliano per quattro volte (2001, 2003, 2004 e 2005), secondo il consulente inglese Interbrand.

Considerato come prima per-dita dell’anno nella sua storia, il disimpegno del 2008 ha registra-to una perdita di 2 miliardi e 48 milioni di reali, cosa che, secon-do l’impresa, non ha intaccato le operazioni della marca. secondo la sadia, l’entrata annuale è sta-ta di 12 miliardi e 200 milioni di reali, con un aumento del 23% in confronto al 2007. l’intero vo-lume commercializzato è aumen-tato l’8,3% nel 2008, il mercato interno è cresciuto il 12,2% ed il mercato estero il 5%.

Come riferito nel rapporto dei risultati del 2008, l’impresa è stata la 6ª maggiore esportatrice brasi-liana in questo periodo, con ven-dite superiori ai 3 miliardi di dolla-ri, secondo la secex (secretaria de Comércio Exterior). Inoltre è leader nei prodotti industrializzati di car-ne, pollo intero e a pezzi, in Arabia saudita, negli Emirati Arabi, nel Kuwait, nel Qatar, nell’Oman e nel bahrein, con più del 25% di parte-cipazione sul mercato.

Nasce un gigante

Creando una fusione enorme, Perdigão e Sadia creano Brasil Foods (BRF) con lo sguardo al mercato esterno

sílvia souza

Come la BRF arriva al mercato (sulla base dei bilanci 2008)PerdigãoFondazione 1934

Fatturato 11,3 miliardi di reais

Perdite 54 milioni di reais

Debiti 3,4 miliardi di reais

Personale 59 mila

SadiaFondazione 1944

Fatturato 10,7 miliardi di reais

Perdite 2,5 miliardi di reais

Debiti 6,7 miliardi di reais

Personale 60,7 mila

Secches e Furlan

20 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 21C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 9

Page 12: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Receita de sucesso

nacionais Forbes e Economist - o grupo Ferrero superou fortes concorrentes, como a cadeia sue-ca Ikea (especializada na venda de móveis domésticos de baixo custo) e Johnson & Johnson (de-dicado aos produtos de higiene em geral). Até mesmo o grupo Kraft (setor alimentar), a pode-rosa rede google e as mais céle-bres marcas da indústria automo-bilística ficaram para trás.

Além do prestígio mundial de sua marca, Michele Ferrero, se-gundo a mesma revista Forbes é o 40° homem mais ricos do mun-do, sendo o primeiro da Itália, ao encabeçar uma lista que coloca o premier silvio berlusconi em se-gundo lugar como presidente do grupo Mediaset e leonardo Del Vecchio, presidente do grupo lu-xottica, em terceiro.

Michele, Pietro e giovanni Ferrero costumam festejar esses e outros eventos com sobrieda-de, em companhia dos outros membros da família e dos funcio-nários. Num breve, mas afetuoso discurso de agradecimentos, to-dos são informados que são pre-ciosos para o sucesso do grupo, nascido de uma produção confei-teira artesanal e familiar de cho-

colates em 1946 na localidade de Alba, na região de Piemonte.

Os Ferrero raramente conce-dem entrevistas. Fazem declara-ções com o ritmo de um conta-go-tas e publicam o balanço do grupo sem comentários supérfluos. Pou-cas vezes outros dirigentes e fun-cionários se deixam levar por co-mentários ou avaliações sobre a atuação do grupo. O nome Ferre-ro deve se exprimir, em termos de imagem, somente pelas marcas dos produtos presentes no mercado. O silêncio é de ouro, por isso é tam-bém a palavra de ordem da família.

Império econômico multinacional na produção de chocolates, a italiana Ferrero foi escolhida a marca de maior grau de confiabilidade junto aos consumidores, em todo o mundo

Ricetta di successoImpero economico multinazionale per la produzione di cioccolato, l’italiana Ferrero è stata scelta dai consumatori di tutto il mondo come la marca di maggior fiducia

Michelle Ferrero

capa

zio dell’anno e pubblicata sulle riviste internazionali Forbes e Economist – il gruppo Ferrero ha superato forti concorrenti, come la catena svedese Ikea (specia-lizzata in vendite di mobili per la casa a basso costo) e Johnson & Johnson (dedicato ai prodotti di igiene e pulizia in generale); ol-tre anche al gruppo Kraft (setto-re alimentare), alla potente rete google e alle più famose marche dell’industria automobilistica, che sono state lasciate indietro nel ranking.

Oltre al prestigio mondiale della sua marca, Michele Ferrre-ro, secondo la propria rivista For-bes, è il 40° uomo fra i più ricchi del mondo e il primo in Italia, al primo posto di una lista che vede il premier silvio berlusconi al se-condo posto come presidente del gruppo Mediaset e leonardo Del Vecchio, presidente del gruppo luxottica, al terzo.

Michele, Pietro e giovan-ni Ferrero di solito festeggiano questi ed altri eventi con sobrie-tà insieme agli altri membri della famiglia e ai dipendenti. In un breve ma affettuoso discorso di ringraziamento sono stati tut-ti resi partecipi di quanto sono preziosi per il successo del grup-po, nato da una produzione pa-sticciera artigianale e familiare di cioccolato nel 1946 ad Alba, in Piemonte.

È raro che i Ferrero conceda-no interviste. Rilasciano dichia-razioni a contagocce e pubblica-no il bilancio del gruppo senza commenti superflui. È anche raro che dirigenti e impiegati si la-scino influenzare da commenti o valutazioni sulle realizzazioni del gruppo. Il nome Ferrero si deve esprimere, in termini di immagi-ne, solo dalle marche dei prodot-ti presenti sul mercato. Il silen-zio è d’oro, quindi è anche la pa-rola d’ordine del gruppo.

Anche con una riduzione parziale di sussidi che riguarda-no il preventivo destinato alle campagne pubblicitarie previste per i prossimi sei mesi, Michele Ferrero constata che i consuma-tori rinunciano sí a beni di lus-so in tempi di crisi, ma non al piacere di assaporare un ciocco-latino in inverno, o di deliziar-si con un dessert rinfrescante in estate. Anzi, la famosa crema di cacao e nocciole Nutella ha 2 milioni e 500 mila consuma-

tori fedeli nel mondo e garan-tisce, in gran parte, il fattura-to del gruppo. la Nutella è al 100° posto tra i 250 prodotti di consumo più apprezzati nella re-cente classifica del global Power of Consumer Product, realizzata dalla società di consulenza in-ternazionale Deloitte.

È Michele Ferrero chi dà la parola finale quanto al sapore, al composto e agli involucri dei prodotti destinati a influenzare lo stile di consumo di mercato in vari paesi, com’è accaduto con la stessa Nutella, con i cioccolatini Rocher e Mon Chéri, oltre alle uo-va Kinder, ora venduti tutto l’an-no e non solo a Pasqua. Miche-le affronta il successo raggiunto come stimolo per continuare ad alimentare il mercato con altre novità: ha appena lanciato in Eu-ropa il semifreddo cremoso gran soleil nelle nuove versioni al mandarino e ai frutti della pas-sione (quest’ultimo ai frutti tro-picali), in una linea inaugurata due anni fa con il sapore limone siciliano e che includerà anche gli aromi vaniglia, cioccolato, cappuccino e caffè espresso.

Mentre assapora in prima ma-no il durevole successo che il nuovo dessert può raggiungere anche all’estero – come accade da più di 40 anni con la Nutella – Michele e i figli si stanno già de-dicando ad innovazioni per mez-zo di una ricerca legata ai cam-biamenti climatici e alle nuove strategie di commercio nei paesi del gruppo bRIC (brasile, Russia, India e Cina). la meta è ottene-re prodotti rinfrescanti solidi, li-quidi o cremosi che resistano ad alte temperature, che ormai si prolungano sempre più duran-te l’anno. Oltre ad aver consoli-dato la sua strategia di mercato per il consumo di cioccolato e di altri prodotti durante l’inverno, il gruppo realizza dal 2006 una politica commerciale incisiva per affrontare il mercato europeo ed internazionale nelle altre stagio-ni dell’anno.

Per Michele Ferrero l’impor-tante è lanciare prodotti con cui il gruppo possa affrontare con successo la concorrenza sem-pre più forte delle altre multi-nazionali del settore alimenta-re, specialmente nei paesi dal clima temperato e temperature costanti. Nel frattempo il grup-po ha già vinto, in Cina, una

lisomar silva e nayra Garofle

O silêncio é mesmo a alma do negócio. Quem confir-ma o alto valor dessa an-tiga lei do comércio é o

potente grupo Ferrero, hoje um império econômico multinacional na produção de chocolates, com suas principais sedes distribuídas pela Itália, reino da bélgica, prin-cipado de Mônaco e grão-Ducado de luxemburgo, além de filiais e consorciadas espalhadas em to-dos os continentes, com exceção da áfrica. Desde a sua fundação em 1946, o grupo tem sua dire-ção concentrada nas mãos férreas da família Ferrero, agora na pas-sagem da segunda para a tercei-ra geração com Michele Ferrero e seus dois filhos Pietro e giovanni,

I l silenzio è veramente l’ani-ma degli affari. Il gran-de valore di questa antica legge del commercio viene

confermato dal potente gruppo Ferrero, oggigiorno un impero economico multinazionale nella produzione di cioccolato, che ha le sedi principali sparse in Italia, nel regno del belgio, nel princi-pato di Monaco e nel granducato del lussemburgo, oltre ad avere filiali e consorzi sparsi in tutti i continenti, eccetto in Africa. Dal 1946, anno della sua fondazione, la direzione del gruppo è con-centrata nelle tenaci mani del-la famiglia Ferrero, che ora sta passando dalla seconda alla ter-za generazione, rispettivamen-

respectivamente. A fama e a qua-lidade dos seus produtos foram conquistadas em silêncio, traçan-do o futuro em grande segredo e com os pés bem firmes no pre-sente. Agora, que Michele Ferrero acabou de completar 84 anos, o grupo Ferrero foi oficialmente re-conhecido e premiado como líder mundial em grau de confiabilida-de junto aos consumidores.

Quem atesta isso é Reputa-tion Institute que promove uma pesquisa anual. A partir de suas sedes em Nova Iorque e Kope-nhagen, promove uma consulta a mais de 60 mil entrevistados em 32 países. Na última edição - concluída no começo do ano e publicada nas revistas inter-

te con Michele Ferrero e i suoi figli Pietro e giovanni. la fama e la qualità dei loro prodotti so-no state conquistate in silenzio, tracciando il futuro in gran se-greto e con passo fermo nel pre-sente. Ora che Michele Ferrero ha appena compiuto 84 anni il gruppo Ferrero è stato ufficial-mente riconosciuto e premiato come leader mondiale dei consu-matori per indici di fiducia.

tutto questo viene attesta-to dal Reputation Institute, che promuove un sondaggio annua-le. A partire dalle sue sedi a New York e Copenaghen intervista più di 70 mila persone in 32 paesi e coinvolge 1.300 aziende. Nell’ul-tima edizione – conclusa all’ini-

22 23J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n aC o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 9

Page 13: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Mesmo com uma redução par-cial de verbas praticada no or-çamento destinado às campa-nhas publicitárias previstas para os próximos seis meses, Michele Ferrero constata que os consumi-dores renunciam a bens de luxo em tempos de crise, mas não ao prazer de saborear um bombom de chocolate no inverno, ou de se deliciar com uma sobremesa refrescante no verão. Aliás, o cé-lebre creme de cacau e avelãs Nu-tella tem 2,5 milhões de consu-midores fiéis no mundo e garan-te, em boa parte, o faturamento do grupo. A Nutella está em 100° lugar entre os 250 produtos de consumo mais apreciados na re-cente classificação do Global Po-wers of Consumer Products, reali-zada pela sociedade Deloitte de consultoria internacional.

É Michele Ferrero quem dá a palavra final quanto ao sabor, à composição e à embalagem dos produtos destinados a influenciar o estilo de consumo de mercado em vários países, como aconte-ceu com a própria Nutella, os bombons Rocher e Mon Chéri, além dos ovos Kinder, agora ven-didos o ano inteiro e não ape-nas na Páscoa. Michele encara o sucesso alcançado como estímu-lo para continuar alimentando o mercado com outras novidades: ele acaba de lançar na Europa a sobremesa fria e cremosa gran soleil nas novas versões manda-rino e frutti della passione (tan-gerina e frutas tropicais), na li-nha inaugurada há dois anos com o sabor limão siciliano e que vai incluir também os aromas de baunilha, chocolate, capuccino e café expresso.

Enquanto saboreia de ante-mão o sucesso duradouro que a nova sobremesa pode alcan-çar também no exterior – como acontece há mais de 40 anos com a Nutella - Michele e seus filhos já se dedicam à inovação através da pesquisa ligada às mudanças climáticas e a novas estratégias de comércio nos países do gru-po bRIC (brasil, Rússia, índia e China). Objetivo: obter produtos refrescantes sólidos, líquidos ou cremosos, que resistam às altas temperaturas, que se prolongam cada vez mais durante o ano. Após ter consolidado sua estra-tégia de mercado para o consu-mo de chocolate e outros produ-tos durante o inverno, o grupo

desenvolve desde 2006 uma po-lítica comercial incisiva para en-frentar o mercado europeu e in-ternacional nas outras estações do ano.

Para Michele Ferrero, o im-portante é lançar produtos com os quais o grupo possa enfren-tar com sucesso a concorrência cada vez mais forte das outras multinacionais do setor alimen-tar, principalmente nos países de clima temperado e tempera-turas constantes. Enquanto isso, o grupo já ganhou na China uma disputa no campo das falsifica-ções, outro setor espinhoso do mercado internacional: no mês de abril, a Corte suprema de Pe-quim condenou a sociedade local Montresor a retirar do mercado seus chocolates embalados com papel dourado idêntico ao do bombom Ferrero Rocher e a res-sarcir o grupo Ferrero.

Boca fechadaOs funcionários e fiéis colabora-dores do grupo Ferrero, assim co-mo os componentes da família, guardam o segredo de seu suces-so a sete chaves. Porém, a distri-buição das empresas do grupo na Itália e no exterior, assim como o perfil de atividades de cada so-ciedade afiliada, permite enten-der a política de mercado e as de-cisões empresariais estratégicas que o grupo toma. O principal le-ma dos Ferrero é “para frente com prudência”, ou seja, buscar ideias inovadoras, mantendo-se, porém, firmes e ativos na própria área de sucesso, evitando investimentos em setores econômicos de alto risco ou muito diversos das ati-vidades do grupo. Até hoje, por exemplo, a família Ferrero evitou a presença do grupo nas bolsas de Valores e se limitou a parti-cipar de pacotes acionários de algumas companhias de seguros consideradas sólidas ou interes-santes no mercado.

O grupo, desde a sua funda-ção, é autosuficiente; jamais se serviu de financiamentos nem de empréstimos externos no concor-rido mercado de capitais. Em pou-co mais de sessenta anos, formou um patrimônio que, segundo a classificação da Forbes, é avaliado em 9,5 bilhões de dólares. Outras fontes financeiras e empresariais, contudo, indicam valores na or-dem dos 11 bilhões de dólares até quase 13 bilhões de dólares. Mui-

tas das opções de mercado da fa-mília Ferrero se explicam na leitu-ra do complexo, mas funcional or-ganograma do grupo, internacio-nalizado quanto à produção, aos resultados alcançados em termos de investimentos e lucros.

Há 40 anos, Michele Ferre-ro já se apresentava ao mercado americano com um escritório de representação em Nova Iorque e duas fábricas (Equador e Porto Rico). Na Europa, o grupo já es-tava presente na áustria e na Ir-landa. Hoje, a Ferrero conta com 14 estabelecimentos e 38 socie-dades operacionais no mundo, dos quais quatro na Itália e ou-tros nas Américas do Norte (Es-tados Unidos e Canadá), Central

(Porto Rico) e latina (Argentina, brasil, Equador e Chile, onde cul-tivam nozes em uma propriedade rural), além da Austrália, empre-gando cerca de 21.600 funcioná-rios. O balanço do período 2006-2007 se concluiu com um fatura-mento de 5,472 bilhões de euros, equivalentes a um crescimento na ordem de 6,5% em relação ao balanço anterior. Em 2008, o grupo se mostrou ainda mais robusto com um faturamento de 6,214 bilhões de euros e cresci-mento de 4,3%, o que representa

disputa nel campo delle falsi-ficazioni, altro settore spinoso del mercato internazionale: in aprile la Corte suprema di Pe-chino ha condannato la società locale Montresor a togliere dal mercato i suoi cioccolatini in-cartati con carta dorata identica a quella dei Ferrero Rocher e a risarcire il gruppo Ferrero.

Acqua in boccagli impiegati e fedeli collabora-tori del gruppo Ferrero, cosí co-me i membri della famiglia, ten-gono il segreto del loro succes-so gelosamente custodito. Ma la distribuzione delle aziende del gruppo in Italia e all’estero, co-sí come il profilo di attività di ogni società affiliata, permette di capire la politica di mercato e le decisioni imprenditoriali stra-tegiche che il gruppo prende. Il motto principale dei Ferrero è andare “avanti con prudenza”, ossia cercare idee innovatrici, ma mantenendosi fermi e atti-vi nella propria area di succes-so, evitando cosí investimenti in settori economici ad alto ri-

schio o molto distanti dalle at-tività del gruppo. Fino ad oggi, per esempio, la famiglia Ferrero ha evitato la presenza del grup-po nelle borse di Valore e si è li-mitato a partecipare a pacchetti azionari di qualche compagnia di assicurazione considerata solida o interessante nel mercato.

Il gruppo è autosufficiente fin dalla sua fondazione. Non si è mai servito di finanziamenti né di prestiti esterni nel difficile mercato di capitali. In poco più di sessant’anni ha messo su un

patrimonio che, secondo la clas-sifica della Forbes, viene valuta-to in 9 miliardi e 500 milioni di dollari. Ma altre fonti finanziarie e imprenditoriali indicano valori di circa 11 miliardi di dollari e perfino quasi 13 miliardi di dolla-ri. Molte delle opzioni di mercato della famiglia Ferrero si esplica-no nella lettura del complesso, ma funzionale, organigramma del gruppo, internazionalizzato quanto a produzione e a risulta-ti raggiunti in termini di investi-menti e guadagni netti.

Quarant’anni fa Michele Fer-rero si presentava già sul mer-cato americano con un ufficio di rappresentazione a New York e due fabbriche (in Ecuador e Porto Rico). In Europa il grup-po era già presente in Austria e in Irlanda. Oggi la Ferrero con-ta su 14 fabbriche e 38 società operative nel mondo, delle quali quattro in Italia e altre nell’Ame-rica del Nord (stati Uniti e Cana-da), Centrale (Porto Rico) e lati-na (Argentina, brasile, Ecuador e Cile, dove coltivano nocciole in una proprietà rurale), oltre an-che all’Australia, dando impiego a 21.600 dipendenti. Il bilan-cio del periodo 2006-2007 si è concluso con un fatturato di 5 miliardi e 472 milioni di euro, equivalenti a una crescita del 6,5% in rapporto al bilancio an-teriore. Nel 2008 il gruppo si è dimostrato ancora più robusto con un fatturato di 6 miliardi e 214 milioni di euro e una cre-scita del 4,3%, il che rappresen-ta un aumento dell’8,2% in rap-porto al periodo anteriore. solo in Italia il volume di affari regi-strato è stato di 2 miliardi e 263 milioni di euro, con guadagni di 98,1 milioni e una crescita del 4,3% dei ricavi.

Il quartier generale del grup-po Ferrero si trova a Pino tori-nese, in Piemonte, località dov’è nata una delle prime imprese ar-tigianali storiche della famiglia. la holding soremartec, creata da Michele Ferrero, ha fondato la sua prima sede in Olanda e con-trolla l’italiana P.Ferrero & C, re-sponsabile delle industrie italia-ne di dolci e di macchine desti-nate alla produzione di materie prime. Allo stesso tempo la sore-martec, che ha sedi anche ad Ar-lon (al confine tra belgio e lus-semburgo) e ad Alba (in Piemon-te), si incarica delle attività del-

le imprese situate fuori dall’Euro-pa. la holding italiana controlla quasi metà del pacchetto azio-nario della Ferrero Internacio-nal, con sede nel lussemburgo e che detiene le azioni di tutte le imprese in attivo, per un volume affaristico valutato in circa 6 mi-liardi di euro.

Michele Ferrero, che ha la cittadinanza belga, risiedeva da quasi trent’anni a bruxelles, dove ha creato la Ferrero Internacio-nal, sede finanziaria del gruppo, oggi diretta dal figlio giovanni. In seguito il patriarca si è trasfe-rito nel suo nuovo domicilio nel Principato di Monaco, dove ha creato il centro di ricerche della rete soremartec, dedicato a test di qualità di sapori, aromi, testu-re e caratteristiche fisico-chimi-che, oltre alle certificazioni per i prodotti alimentari destinati al mercato italiano ed internazio-nale. I fratelli Pietro e giovanni risiedono ufficialmente nella cit-tà fiamminga Rhode-saint- genè-se, a pochi chilometri da Arlon (belgio). Pietro, 45 anni, ha la laurea in biologia e si incarica del segmento finanziario e della linea di nuovi prodotti del grup-po. Occupa anche incarichi deci-sionali nel Consiglio di Ammini-strazione nei gruppi italiani Me-diobanca e Italcementi.

giovanni, 43 anni, si dedi-ca al settore commerciale senza però abbandonare la sua vena di scrittore: ha pubblicato con la casa editrice Mondadori (grup-po Fininvest di silvio berlusconi) vari romanzi, tra cui Il giardino di Adamo, Il Camaleonte, Cam-po Paradiso. I fratelli di solito passano le ferie a Montecarlo o nell’affascinante località svizzera saint Moritz, uno dei principali centri turistici di lusso in Euro-pa, dotata di piste sciistiche.

Michele Ferrero, con la moglie Maria Franca e i figli, preferisce portare avanti una vita discreta, distante da feste rumorose e da eventi spettacolari, senza mesco-larsi (almeno apertamente) con celebrità e personaggi del pano-rama politico italiano. la famiglia apprezza la sobrietà e la benefi-cienza: promuove campagne di solidarietà sociale a favore di co-munità di disagiati nella Repub-blica del Camerun e nell’Africa del sud. In Italia, sponsorizza pro-grammi per la corretta nutrizione e la pratica di sport salutari.

capa

À esquerda, os irmãos Ferrero: sucesso e orgulho pelo prêmio recebido. A Nutella está em 100º lugar entre os 250 produtos de consumo mais apreciados segundo a Global Powers of Consumer Products

A sinistra, i fratelli Ferrero: sucesso e orgoglio per il premio ricevuto. La Nutella è al 100º posto tra i 250 prodotti di consumo più apprezzati secondo la Global Powers of Consumer Products

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 924 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 25

Page 14: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

um aumento de 8,2% em relação ao período anterior. O volume de negócios registrado somente na Itália foi de 2,263 bilhões de eu-ros, com lucros de 98,1 milhões e crescimento de 4,3% nos ganhos.

O “quartel general” do gru-po Ferrero se encontra em Pino torinese, localidade onde nasceu uma das primeiras empresas ar-tesanais históricas da família, na região Piemonte. A holding soremartec, criada por Michele Ferrero, fundou sua primeira se-de na Holanda e controla a ita-liana P.Ferrero & C., responsável pelas indústrias italianas de do-ces e do maquinário destinado à produção das matérias-primas. Ao mesmo tempo, soremartec, que tem sedes também em Ar-lon (na fronteira entre bélgica e luxemburgo) e na localidade ita-liana de Alba (região Piemonte), se encarrega das atividades das empresas localizadas fora da Eu-ropa. A holding italiana controla quase metade do pacote acioná-rio da Ferrero International, se-diada em luxemburgo e deten-tora das ações de todas as em-presas ativas, para um volume de negócios avaliado em torno de 6 bilhões de euros.

Michele Ferrero, que tem ci-dadania belga, residia há quase trinta anos em bruxelas, onde criou a Ferrero International, se-de financeira do grupo, hoje di-rigida pelo filho giovanni. Em seguida, o patriarca se transferiu para seu novo domicílio no Prin-cipado de Mônaco, onde criou o centro de pesquisas da rede soremartec, dedicado a testes de qualidade de sabores aromas, texturas e características físico-químicas, além de certificações para os produtos alimentícios destinados ao mercado italiano e internacional. Os irmãos Pietro e giovanni residem oficialmente na cidade flamenga de Rhode saint genèse, a poucos quilômetros de Arlon (bélgica). Pietro, de 45 anos, é licenciado em biologia. Ele se encarrega do segmento fi-nanceiro e a linha de novos pro-dutos do grupo. Ocupa também cargos decisórios no Conselho de Administração nos grupos italia-nos Mediobanca e Italcementi.

giovanni, de 43 anos, se dedi-ca ao setor comercial, sem deixar de cultivar sua veia de escritor: publicou junto à editora Monda-dori (grupo Fininvest de silvio

berlusconi) vários romances, en-tre eles Il Giardino di adamo, Il Camaleonte, Campo Paradiso. Os irmãos costumam passar suas fé-rias em Montecarlo ou na char-mosa localidade suíça de saint Moritz, um dos principais centros turísticos luxuosos da Europa, dotados de pistas para esqui.

Michele Ferrero, com a espo-sa Maria Franca e os filhos, pre-fere levar uma vida discreta, dis-tante das festas rumorosas e dos eventos espetaculares, sem se misturar (ao menos abertamen-te) com celebridades e persona-gens do panorama político ita-liano. A família aprecia a sobrie-dade e a beneficência: promove campanhas de solidariedade so-cial em favor de comunidades de habitantes desamparados na Re-pública dos Camarões e na áfrica do sul. Na Itália, patrocina pro-gramas para a alimentação corre-ta e a prática do esporte sadio.

A família Ferrero e os altos dirigentes do grupo seguem ou-tro lema de estratégia de ação: pensar global, agir local. As ope-rações financeiras que a família e o grupo Ferrero realizaram fora da Itália fortaleceram os cofres e o patrimônio do grupo, mas cha-maram também a atenção dos funcionários fiscais italianos es-pecialmente pela criação de em-presas em nações onde o peso das tributações para pessoas fí-sicas ou jurídicas é baixo e muito vantajoso. Os Ferrero se encon-tram há tempos na mira do Fisco italiano, já que o sistema fiscal do país julga passíveis de tribu-tação todas as atividades comer-ciais que têm origem no territó-rio italiano, mesmo que gerando ganhos e lucros no exterior.

Ah! NutellaO que seria da Nutella sem as pre-ciosas avelãs? Há mais de sessen-ta anos, quando o patriarca pie-montês e artesão Pietro Ferrero (1898-1949) fundou o primeiro núcleo confeiteiro que deu ori-gem ao potente e moderno gru-po multinacional, as avelãs repre-sentavam a parte vital do famo-so e venerado creme pronto para ser usado como uma manteiga no pão, biscoitos e até nas pizzas das últimas gerações. O aumen-to acelerado da produção, das ex-portações e do consumo de Nu-tella no mundo levou Michele Fer-rero a se garantir contra a falta

da matéria-prima no mercado e a se proteger de eventuais especu-lações de preços no comércio.

Assim o grupo Ferrero, um dos maiores consumidores mun-diais de avelãs (compra boa par-te da turquia, equivalente a 70% da produção global), decidiu ad-quirir uma área cultivada de qua-se 1800 hectares na República ex-soviética da georgia, no Cáu-caso, além dos territórios com plantações de avelãs no Chile. O programa de investimentos do grupo, avaliados em torno de 10 milhões de euros, inclui também a construção de dois novos esta-belecimentos e o apoio a proje-tos de modernização junto à in-dústria georgiana de transforma-ção local. Esses valores são con-siderados modestos se compara-dos com os investimentos anuais de cerca de 300 milhões de euros que o grupo faz na moderniza-ção da produção e no desenvol-vimento de novos produtos. tu-do para manter vivo o sucesso de um produto nascido em um con-texto de dificuldades econômi-cas geradas pela segunda guerra Mundial, a partir da genialidade de um confeiteiro artesanal. Em tempo: o nome Nutella é o resul-tado da fusão entre a expressão “nut” (avelã em inglês) e o sufi-

xo italiano “ella”, para indicar os objetos e nomes, com carinho, na forma diminutiva.

No Brasilgrande parte do sucesso da Fer-rero deve-se ao brasil. Isso mes-mo. Desde que introduziu no mercado o Kinder Ovo, em 1994, a marca só cresce no país. Com a imensa receptividade brasileira, a empresa agregou outros produ-tos a sua linha. Em 1995, chega-ram por aqui o bombom Ferrero Rocher, as balas tic tac e o cho-colate em barra Kinder bueno.

Dois anos depois, a Ferrero do brasil iniciou a sua produção em Poços de Caldas, em Minas gerais. O gerente-geral do bra-ço brasileiro da empresa, Pietro Cornero, explica que o local foi escolhido por conta de uma com-binação de vários fatores, entre eles o micro-clima “ótimo para ressaltar as características orga-nolépticas dos produtos” e cerca-nia, ou seja, lugares de produção de várias matérias-primas.

segundo Cornero, o perfil do mercado nacional é estratégico para o grupo Ferrero:

— O brasil é o mercado que tem mais potencialidade de cres-cimento dentro da América lati-na. Mesmo sendo hoje um mer-cado com menor valor agrega-do, confiamos no bom gosto dos consumidores brasileiros que ca-da vez mais reconhecem o nosso diferencial de qualidade.

la famiglia Ferrero e gli alti dirigenti del gruppo seguono un altro precetto strategico di azio-ne: pensare globale, agire loca-le. le operazioni finanziarie che la famiglia e il gruppo Ferrero hanno realizzato fuori dall’Ita-lia hanno rafforzato gli introiti e il patrimonio del gruppo, ma hanno richiamato l’attenzione di impiegati del controllo fisca-le italiani specialmente dovu-to alla creazione di imprese in nazioni dove il peso delle tas-se per persone fisiche o giuri-diche è basso e molto vantag-gioso. I Ferrero sono stati per molto tempo presi di mira dal Fisco italiano, visto che quel si-stema fiscale considera passibili di tributazione tutte le attività commerciali che abbiano origine sul territorio italiano, anche se danno origine a guadagni e rica-vi all’estero.

Ah! NutellaCosa ne sarebbe della Nutella senza le preziose nocciole? Da più di sessant’anni, quando il patriarca piemontese e artigia-no Pietro Ferrero (1898-1949) fondò il primo nucleo pasticciere che ha dato origine al potente e moderno gruppo multinazionale, le nocciole rappresentano la par-te vitale della famosa e venerata crema pronta da essere spalmata come un burro su pane, biscotti e perfino sulla pizza delle ulti-me generazioni. l’aumento ac-

cellerato della produzione, del-le esportazioni e del consumo di Nutella nel mondo ha fatto decidere a Marco Ferrero di pro-teggersi contro la mancanza di materia prima nel mercato e an-che da eventuali speculazioni di prezzi nel commercio.

Cosí il gruppo Ferrero, uno dei maggiori consumatori mon-diali di nocciole (ne compra gran parte dalla turchia, equi-valente al 70% della produzione globale), ha deciso di acquisire un’area coltivata di quasi 1800 ettari nella Repubblica ex-sovie-tica della georgia, nel Caucaso, oltre a territori con piantagioni di nocciole in Cile. Il programma di investimenti del gruppo, va-lutati in circa 10 milioni di eu-ro, include anche la costruzione di due nuove fabbriche e l’ap-poggio a progetti di moderniz-zazione nell’industria giorgiana di trasformazione locale. Questi valori sono considerati modesti se paragonati agli investimen-ti annuali di circa 300 milioni di euro che il gruppo applica nell’modernizzazione della pro-duzione e nello sviluppo di nuo-vi prodotti. tutto per mantenere vivo il successo di un prodotto nato in un contesto di difficol-tà economiche causate dalla

seconda guerra Mondiale, par-tendo dalla genialità di un pa-sticciere artigianale. E ancora: il nome Nutella è il risultato della fusione tra l’espressione “nut” (nocciola in inglese) e il suf-fisso italiano “ella”, diminutivo vezzeggiativo che può indicare oggetti o nomi.

In Brasilegran parte del successo della Ferrero si deve al brasile. È pro-prio cosí: fin da quando ha in-trodotto nel mercato il Kinder Ovo, nel 1994, la marca non fa che crescere nel paese. Dovuto all’immensa ricettività brasiliana l’azienda ha aggiunto altri pro-dotti alla sua linea. Nel 1995 so-no arrivati qui i cioccolatini Fer-rero Rocher, le caramelle tic-tac e il cioccolato Kinder bueno.

Due anni dopo la Ferrero do brasil ha iniziato la sua produ-zione a Poços de Caldas, in Mi-nas gerais. Il gestore-generale del ramo brasiliano dell’azien-da, Pietro Cornero, spiega che il luogo è stato scelto dovuto a una combinazione di vari fatto-ri, tra cui il micro-clima “ottimo per mettere in risalto le caratte-ristiche organolettiche dei pro-

dotti” e le vicinanze, ossia, luo-ghi di produzione di varie mate-rie prime.

secondo Cornero, il profilo del mercato nazionale è strategi-co per il gruppo Ferrero:

— Il brasile è il mercato che ha più potenzialità di crescita all’interno dell’America latina. Anche se oggi è un mercato con minore valore aggregato, abbia-mo fiducia nel buongusto dei con-sumatori brasiliani affinché rico-noscano sempre di più la nostra qualità, che ci rende migliori.

la fabbrica brasiliana è re-sponsabile della produzione dei cioccolatini Ferrero Rocher, Manderly e Ferrero De luxe, ol-tre alla Nutella e alle uova di Pasqua. Inoltre esporta prodotti verso il mercato interno di pa-esi come germania, Argentina, Canada, Messico, Francia, Ecua-dor, Russia, stati Uniti e anche Italia. Nel 1994 erano 10 dipen-denti. Oggi sono 700 tra i set-tori industriale e commerciale. senza citare numeri “per motivi strategici”, Cornero dice che il brasile esporta il 35% della pro-duzione globale.

— Visto che è un mercato strategico, il brasile è molto im-

capa

No Brasil, além da Nutella outros produtos fazem sucesso como o

chocolate em barra Kinder BuenoIn Brasile, oltre alla Nutella, altri prodotti hanno successo come il

cioccolato Kinder Bueno

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 926 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 27

Page 15: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Lisomar Silva

ROMAcapa

A fábrica brasileira é respon-sável pela produção dos bom-bons Ferrero Rocher, Manderly e Ferrero De luxe, além da Nutella e dos ovos de Páscoa. Atende além do mercado interno, países como Alemanha, Argentina, Ca-nadá, México, França, Equador, Rússia, Estados Unidos e até a própria Itália. Em 1994, eram 10 funcionários. Hoje são 700 entre os setores industrial e comercial. sem citar números, “por ques-tões estratégicas”, Cornero afir-ma que o brasil exporta 35% da produção global.

— Por ser um mercado estra-tégico, o brasil é muito impor-tante para os futuros desenvol-vimentos do grupo, que possui uma base expressiva nos merca-dos europeus e temos como prio-ridade o crescimento fora desta região — explica o italiano, afir-mando que, apesar da crise eco-nômica mundial, “a marca conti-nua crescendo e no brasil cresce mais que a média do grupo”.

sobre o prêmio que a marca acaba de ganhar, Cornero afirma que foi o reconhecimento, por parte das pessoas, da filosofia da empresa, “voltada ao respeito do consumidor e de seus funcioná-rios desde a sua fundação”.

— Estamos colhendo os fru-tos desta continuidade filosófica. O exemplo vem do fundador do grupo, o senhor Michele Ferrero, que sempre predicou esta filo-sofia e nos transformou em seus “apóstolos”. Estamos orgulhosos com este reconhecimento que nos empolga a continuar trilhan-do este caminho — diz.

Com tanto reconhecimen-to, segundo Cornero, as expec-tativas da empresa, no que diz respeito ao brasil, “é continuar crescendo a dois dígitos nos pró-ximos anos mantendo um nível de qualidade em sintonia com as

exigências do grupo e no respei-to absoluto ao consumidor”.

Ranking nacionalDez empresas brasileiras também aparecem na lista do Reputa-tion Institute que indicou as 200 companhias de melhor reputação entre os consumidores, em todo o mundo. A Petrobras encabeça o ranking nacional, tendo ficado na 4ª colocação global. Em seguida vem a sadia. A empresa ítalo-brasileira que acabou de sofrer uma fusão com a Perdigão ocupa o 2º lugar na lista nacional e o 5º lugar na listagem global. As outras brasileiras do ranking são: Votorantim (20º), Vale (28º), gerdau (68º), Usiminas (84º), Pão de Açúcar (113º), banco do brasil (124º), CsN (180º) e Em-braer (197º). No brasil, os itens de maior peso na reputação das corporações são produtos e ser-viços e nível de governança, O item cidadania, o terceiro mais valorizado no mundo, ainda fica atrás do ambiente de trabalho, no brasil.

portante per i futuri sviluppi del gruppo che presenta un’espressi-va base nei mercati europei e la nostra priorità è la crescita al di fuori di questa regione — spiega l’italiano dicendo che, malgrado la crisi economica mondiale, “la marca continua a crescere e in brasile cresce di più che la media del gruppo”.

Riguardo al premio che la marca ha appena vinto, Cornero lo attribuisce al riconoscimen-to, da parte della gente, del-la filosofia dell’azienda, “rivol-ta al rispetto dei consumatori e dei suoi dipendenti fin dalla sua fondazione”.

— stiamo cogliendo i frutti di questa continuità filosofica. l’esempio viene dal fondatore del gruppo, il signor Michele Ferrero, che ha sempre predicato questa filosofia e ci ha trasformati nei suoi “apostoli”. siamo orgogliosi di questo riconoscimento che ci dà animo a continuare seguendo questo percorso — dice.

Con tanti riconoscimenti, secondo Cornero, l’aspettativa dell’azienda, per ciò che riguarda il brasile, “è di continuare a cre-scere due cifre nei prossimi anni mantendendo un livello di quali-tà in sintonia con le esigenze del gruppo e nell’assoluto rispetto dei consumatori”.

Ranking nazionaleAnche dieci aziende brasiliane ap-paiono nella lista del Reputation Institute, che ha indicato le 200 compagnie di miglior reputazione tra i consumatori in tutto il mon-do. la Petrobras è al 1° posto nel ranking nazionale e al 4° in quel-lo mondiale. In seguito viene la sadia. l’azienda italo-brasliana, che ha appena concluso una fu-sione con la Perdigão, occupa il 2° posto nel ranking nazionale e il 5° in quello mondiale. le altre aziende brasiliane nella lista so-no: Votorantim (20º), Vale (28º), gerdau (68º), Usiminas (84º), Pão de Açúcar (113º), banco do brasil (124º), CsN (180º) e Em-braer (197º). In brasile le voci di maggior peso nella reputazione delle corporazioni sono prodot-ti, servizi e livelli di governance. la voce cittadinanza, la terza più valorizzata nel mondo, in brasi-le è arrivata dopo quella dell’am-biente di lavoro.

A Ferrero iniciou a sua produção no Brasil em 1997. A fábrica fica em Poços de Caldas, Minas Gerais. Ao lado, o gerente-geral do Brasil Pietro Cornero

La Ferrero ha iniziato la sua produzione in Brasile nel 1997. La

fabbrica rimane a Poço de Caldas, in Minas Gerais. Accanto, il gestore-

generale del Brasile, Pietro Corner

Café-da-manhãComece seu passeio matinal pelo

mais antigo bairro judeu da Europa, fazendo uma parada no Kosher Bistrot Ca-ffè, que propõe também pratos de carne para o almoço. sente-se e prove, ao ar livre, um capuccino preparado com leite de soja (as regras Kasher vetam a aproxi-mação e a mistura entre o leite e a car-ne nas preparações). se quiser, você vai encontrar um interessante cardápio pa-ra acompanhar um bom vinho de produ-ção italiana ou estrangeira (cerca de 200 etiquetas), certificado pelas associações rabínicas. Os mais gulosos vão adorar o halva, um maravilhoso doce feito com massa de sésamo, açúcar e baunilha. Ko-sher bistrot Caffè - Via santa Maria del Pinato 68/69. Fechado aos sábados.

Lanches rápidosChama-se MK Kosher. Oferece hamburgue-

res e sanduíches (em italiano se chamam panini) à base de kebab. são preparados con-forme os preceitos da cultura judaica e servi-dos no esquema fast food semelhante ao da conhecida cadeia americana de alimentos. lá é possível comer também um delicioso filé de bacalhau, sanduíches de vegetais e recheados de felafel. Os doces são preparados sem leite. É só dar uma caminhada nas redondezas da Fon-tana di trevi para chegar lá e apreciar o cardá-pio que Izhac Nemni, proprietário da lancho-nete, propõe a seus clientes. MK Kosher tem outra lanchonete também na Via santa Maria del Pianto 64-65, nas proximidades de Portico D’Ottavia. MK Kosher - Piazza dei Crociferi, 12.

Pizza rigorosamente KascherA poucos passos da Piazza Venezia, cami-

nhando em direção à Fontana di trevi, você encontra a melhor pizzaria take away com sabores de dar água na boca. Michele e a espo-sa Cinzia preparam pizzas aos pedaços para se-rem comidas na hora, com sabores especiais e massa bem cozida. Michele exibe na vitrine as pizzas forradas com vegetais grelhados, peixe fresco, verduras cozidas. Ele não mede esfor-ços para mostrar a qualidade de seus produtos, nem dá bola para a crise economica. tem sem-pre um sorriso de simpatia para seus clientes. Pizzaria da Michele - Via dell’Umiltà, 31.

AlmoçoOs carciofi alla giudia são a marca regis-

trada da cozinha judaico-romana. são crocantes alcachofras fritas em azeite extra-virgem em alta temperatura que vão bem acompanhadas com um bom vinho e pão sai-dinho do forno. todos os restaurantes pro-põem esta delícia que, mesmo frita, dá uma sensação de leveza ao paladar. Prove-os no restaurante Nonna Betta, incluído na deno-minação “chalavi” por servir pratos prepara-dos com leite e queijos e pode propor tam-bém preparações com peixes. Importante: o

restaurante permanece aberto durante o

mês de agosto, período em que mui-tos outros

l o c a i s fecham p a r a

as férias de verão.

Nonna bet-ta - Via Portico

D’Ottavia, 16.

A comunidade judaica em Roma é a mais antiga da Europa Ocidental e vive na capital praticamente há mais

de dois mil anos – Roma completou 2.762 anos. Os pratos mais tradicionais da gastro-nomia romana receberam uma forte influên-cia da culinária judaica. Hoje, muitas das tra-diçoes de origem kasher se mantêm vivas nas preparações da culinária judaico-romana, es-palhadas pelos cardápios de restaurantes re-

finados ou populares. Do café-da-manhã ao jantar, pode-se apreciar a grande variedade de sabores e aromas da cozinha judaica em vários pontos da cidade. Aproveite sua via-gem a Roma para experimentar comidinhas muito saudáveis, preparadas segundo o rigor das regras estabelecidas pelo Kasherut e óti-mas para quem sofre de intolerância alimen-tar. Dizer Kascher ou Koscher, não importa: as duas expressões têm o mesmo significado.

Tradição judaica

28 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 29C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 9

Page 16: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

O dia 1º de junho interrom-peu o clima festivo de celebrações pelo Ano da França no brasil. O Air-

bus A330-200 da companhia Air France, que fazia o voo AF 447, decolou do Rio de Janeiro com destino a Paris, mas desapareceu no Oceano Atlântico. Dentre os 228 passageiros, dez italianos. Vários deles vieram ao brasil em missão de solidariedade e inicia-tivas de cunho social que ligam brasil e Itália.

No voo estavam a responsá-vel pelo Centro Internacional de Orientação e Defesa da Mulher Es-trangeira (Ciods), Angela Cristina de Oliveira silva e seu marido Enzo Canelletti, da província de Vene-za; a consultora da Agência de De-senvolvimento da Região da Emi-lia-Romagna (Ervet), de bolonha, Claudia Degli Esposti; o empreen-dedor do ramo de construção civil de Villafranca (Verona), Agostino Cordioli; o consultor empresarial Alexander Paulitsch; o empreen-dedor do setor madeireiro georg lercher e georg Martiner, de ori-gem brasileira – esses três eram de bolzano, província localizada em trentino-Alto ádige.

Completam a lista o diretor da associação trentini nel Mondo, Ri-no Zandonai; o deputado de tren-tino-Alto ádige, giovanni battista

lenzi e o prefeito da cidade de Ca-nal san bovo, luigi Zortea.

Os amigos Paulitsch e lercher teriam viajado juntos. Já Marti-ner, adotado por uma família da cidade italiana de Ortisei, teria vindo ao brasil visitar a terra na-tal. Cordioli teria vindo a negó-cios e Degli Esposti esteve no Pa-raná, onde participou, a convite de uma delegação local, de uma feira do setor têxtil.

Solidariedadesegundo representantes do Ciods na Itália, Angela silva e Enzo Ca-neletti trabalhavam em uma cau-sa que tinha como foco morado-res de rua.

Enquanto isso, a região de trento, de onde vieram muitos dos italianos que imigraram no sul do brasil, perde três expo-entes no trabalho para divulgar

a cultura local. Zadonai, lenzi e Zortea permaneceram dez dias no país. De acordo com o Círcu-lo trentino de Curitiba, eles che-garam em são Paulo no dia 21 de maio e encontraram-se com o cônsul Marco Marsilli. No estado, visitaram ainda a cidade de Pi-racicaba.

Já no Paraná, o grupo parti-cipou de um almoço do Círculo, no dia 24, e assinou com a Pre-feitura de Piraquara um acordo de gemellaggio entre o município e o Valle Del Primiero (trento). O documento prevê um intercâm-bio cultural e tecnológico entre as áreas em questão. A imigra-ção italiana em Piraquara data de 1878, com a chegada de 59 famí-lias do Valle Del Primiero, com-posto por oito cidades.

Em Piraquara, no distrito de Colônia Imperial santa Maria do

Novo tirol da boca serra, os tren-tinos acompanharam a instalação de uma agroindústria e participa-ram da criação de um roteiro tu-rístico que passa pelo manancial que abastece a região metropoli-tana de Curitiba – ambas iniciati-vas de cooperação Itália-brasil. A intensa programação fazia parte das celebrações pelos 131 anos da imigração trentina no Paraná.

De lá, o grupo formado por Rino Zandonai, giovanni battista lenzi e luigi Zortea foram a san-ta Catarina. O objetivo da esta-da era a entrega de 22.375 euros (cerca de 62 mil reais), arreca-dados pela “Campanha de solida-riedade” promovida pelos trenti-nos para ajudar a população ita-liana do município de gaspar, um dos atingidos pelas enchentes de novembro do ano passado. Par-te do dinheiro será destinada à construção de um centro de as-sistência a menores com proble-mas mentais e em condições psi-cológicas que podem determinar alguma marginalização social.

O prefeito de Canal san bo-vo, luigi Zortea, ficou conhecido na região trentina por ter pro-movido na cidade um programa de incentivo à natalidade nos anos 1990, em seu mandato an-terior. O município registrava taxas negativas de crescimento demográfico havia 30 anos. Por meio do programa, a prefeitura doava cerca de 500 euros às fa-mílias que tivessem mais de um filho e a pessoas que se casavam

e decidiam viver na cidade. Em 2000, Zortea entregou prêmios para algumas famílias que con-tribuíram com o sucesso do pro-grama da prefeitura.

Antes de chegarem ao Rio para pegar o avião com destino a Paris, o grupo parou também em Florianópolis, capital catari-nense. Cicerone dos italianos, o presidente do Círculo trentino de Curitiba, Ivanor Minatti, embar-cou para a Itália assim que sou-be do desaparecimento do avião em que estavam os compatrio-tas. O Círculo trentino de Curiti-ba tem autorização para respon-der pela abertura dos processos de pedido de cidadania das pes-soas com ascendência em trento na circunscrição Paraná e santa Catarina. No brasil, são atual-mente 62 círculos da Associação trentinos no Mundo.

Caminho para italianossem um único voo direto do Rio de Janeiro para a Itália há anos, a companhia aérea francesa é muito utilizada por quem deseja chegar à bota ou vir de lá para o Rio. Em reportagem publicada na edição 120 (junho de 2008), Co-munità já apontava a dependên-cia: para chegar a Roma ou Milão é preciso se submeter a aterris-sar, primeiramente, em alguns países da Europa, a outra opção é seguir para são Paulo, onde so-mente uma companhia nacional, a tAM, oferece um voo diário de ida e volta para Milão, cuja parti-da é do Aeroporto de guarulhos, em são Paulo.

A Air France, faz 14 vôos se-manais para a Itália, a partir de são Paulo e 10 do Rio de Janeiro,

subindo para 14 em alta tempora-da. todos fazem escala em Paris.

A empresa estrangeira que li-dera o ranking de voos diretos a partir de diversas cidades do bra-sil, inclusive o Rio de Janeiro, é a portuguesa tAP. Pela compa-nhia, é possível desembarcar no brasil, vindo da Itália, nas cida-des do Rio de Janeiro, são Paulo, belo Horizonte, brasília, Fortale-za, Natal, Recife e salvador.

BrasileirosAté o fechamento desta edição, a Anac contabilizava 57 brasileiros entre os passageiros do Airbus. Entre eles estava o maestro sílvio barbato, que foi diretor artístico e regente da Orquestra sinfônica do teatro Nacional. O maestro, que mora no Rio de Janeiro, via-jou para se apresentar na Ucrânia e na Itália. Voltaria a brasília pa-ra começar uma turnê: uma série de concertos em homenagem ao compositor Cláudio santoro.

Compositor premiado, barba-to completou 50 anos em maio, tem dois filhos e trabalhou no

teatro Nacional por 12 anos, até 2006. A mais nova ópera dele, Chagas estreou em Roma no ano passado e estava prevista para ser encenada no brasil em outu-bro. Desde 2006, barbato era di-retor musical da sala Palestrina, na capital italiana, lugar sagrado da música de concerto em Roma, construída em 1650.

A cantora Juliana de Aquino também viajou no 447. Ela volta-va para a Alemanha, onde mora há seis anos, depois de passar 20 dias de férias em brasília. Atu-almente, Juliana participava do musical Wicked, em stuttgart.

A Casa Imperial do brasil tam-bém emitiu comunicado confir-mando a presença do príncipe Pe-dro luis de Orleans e bragança, o quarto na linha de sucessão caso houvesse o sistema monarquista no brasil. Filho do príncipe Dom Antonio, ele tinha 26 anos, era formado em administração de em-presas e morava em luxemburgo.

Entre os brasileiros do voo estavam ainda o recém-empos-sado presidente da Michelin pa-ra a América do sul, luís Roberto Anastácio, e o advogado e chefe de gabinete do prefeito do Rio, Marcelo Parente.

Pane elétrica e raiossegundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Direção de Aviação Civil Francesa infor-mou que o Airbus francês iniciou suas operações na empresa Air France em abril de 2005 e possui a mais de 18 mil horas de vôo.

A última visita em manuten-ção de hangar da aeronave desa-parecida ocorreu em 16 de abril de 2009. De acordo com a Air France, o comandante do avião já tinha efetuado 1.300 horas de voo em Airbus A330 e A340. O alto comando da empresa divul-gou que entre as hipóteses para o acidente estão a possibilidade de a aeronave ter sido atingida por um raio ou ter sofrido uma “fa-lha elétrica”, após ter entrado em uma zona de forte turbulência. Com previsão de aterrissagem no Aeroporto Internacional Charles de gaulle para às 6h10min, o Airbus teria desaparecido por volta das 3h, ainda dentro do espaço aéreo bra-sileiro.

Queda de avião da Air France com 228 passageiros, no Oceano Atlântico, leva comoção a diferentes nações

Tragédia em alto mar

sílvia souza

atualidade

Luigi Zortea, Giovanni Lenzi e Rino Zandonai, que estiveram em Gaspar (SC), estavam no voo AF 447

Eliz

ab

eth

Th

om

é/P

refe

itura

de

Ga

spa

r

30 31J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n aC o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 9

Page 17: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Um teste de paciência. As-sim tem sido a vida das pessoas que residem em Abruzzo e mais especifi-

camente em l’Aquila e Onna. En-quanto tentam reorganizar seu dia-a-dia nos acampamentos er-guidos para os desabrigados pelo terremoto de 5,8 graus na esca-la Richter que devastou a região, em abril, aguardam as definições do governo e da perícia para a re-construção de seu patrimônio. No mês que vem, l’Aquila será a sede da reunião do g-8, que se encon-tra sob a presidência da Itália.

segundo as autoridades lo-cais, cerca de 60 mil pessoas ain-da estão sem residência, hospe-dadas em acampamentos nas pró-prias áreas atingidas ou em ho-téis no litoral da região. E depois de enfrentar, entre abril e maio, um clima frio e chuvoso, o incô-modo da vez para os abruzzesi tem sido o calor, conforme rela-ta o empresário Franco Marchetti, presidente da Federação das As-sociações dos Abruzzesi no brasil (Feabra), que tem acompanhado de perto a evolução do caso.

— Nas barracas, as pesso-as enfrentam uma sensação tér-mica de 50 graus Celsius. A ad-ministração pública transferiu seus postos para contêineres. Em l’Aquila ainda há muitos desabri-

gados. O maior acampamento re-cebeu cinco mil pessoas — in-forma Marchetti, à Comunità, por telefone.

Na época do terremoto, ele estava na região por conta do fe-riado da Páscoa. Diante da tra-gédia, permaneceu na Itália, na casa dos filhos em Avezzano, que dista 40 quilômetros do epicen-tro do abalo. Até o primeiro dia deste mês, ele já havia adiado em três vezes a volta ao brasil, onde mora, em são Paulo.

— tenho que voltar, mas fico pensando nas pessoas aqui, em como elas ficarão. Ontem mes-mo (dia 26 de maio) estive em l’Aquila para conversar com re-presentantes da sociedade. Per-gunto-me o que posso fazer pa-ra minimizar os danos que meus conterrâneos sofreram. O que es-tá ao meu alcance é passar al-gum tempo com eles, ouvir seus desabafos e confortá-los, então farei isso — assinala.

Para Marchetti, a iniciati-va de realizar a reunião do g-8 (grupo dos sete países mais in-dustrializados do mundo, mais a Rússia) em l’Aquila já tem surti-do efeito.

— Montaram um hospital com capacidade para receber 150 pes-soas e vieram comissões gover-namentais para avaliar o local. A

ideia do premier berlusconi de que cada nação se comprometa com uma parte atingida parece estar dando certo. Onna, por exemplo, já foi apadrinhada pela Alemanha. E chegaram notícias de que a Es-panha escolheu alguns monumen-tos para reconstruir — aponta.

Essas informações não foram confirmadas pelo governo, que tem mantido o planejamento do encontro das autoridades, entre 8 a 10 de julho, sob sigilo por questões de segurança. No úl-timo fim de semana de maio, o primeiro-ministro da Itália, sil-vio berlusconi, foi a l’Aquila para a reabertura de algumas alas no hospital san salvatore, desativa-do após o tremor. Na ocasião, ele falou à imprensa:

— A esperança é que até o final de novembro não existam mais tendas. Porém, o trabalho da Proteção Civil está funcio-nando muito bem. Agora, tere-mos 247 leitos, mais do que as exigências reais. O importante é que os habitantes de l’Aquila poderão permanecer aqui para se curar sem ter que ir para outros lugares — disse o premier, com-pletando — O governo está or-ganizando uma série de férias no mar Adriático e cruzeiros no Me-diterrâneo, nos quais serão en-viadas algumas das famílias que

ficaram desabrigadas após o ter-remoto. É preciso lembrar que as pessoas nas tendas estão lá por vontade própria, porque querem ficar perto das suas casas.

Enquanto isso, o ministro do Interior da Itália, Roberto Maro-ni, propôs aos países que fazem parte da União Europeia (UE) voltar a controlar o tráfego de cidadãos que passam por suas fronteiras entre os dias 18 de ju-nho e 15 de julho, período entre a preparação e o término do g-8.

Doações continuamOs esforços de reconstrução da zona atingida pelo terremoto têm mobilizado diferentes seg-mentos. O presidente da Comis-são Europeia, José Manuel bar-roso, anunciou que a Europa des-tinará 480 milhões de euros para ajudar a região italiana de Abru-zzo. O líder esteve em Coppito, perto de l’Aquila, acompanhado de berlusconi, para uma visita.

Os bispos italianos também apresentaram sua doação durante a 59ª Assembleia geral da Con-ferência Episcopal Italiana (CEI). De acordo com o núncio apostó-lico (espécie de embaixador) giu-seppe bertello serão cerca de 10 mil euros. O montante é produto da renúncia ao tradicional jantar da Assembleia de bispos.

Depois do frio e da chuva, em meio a tendas para desabrigados, moradores da região abalada pelo terremoto de abril resistem ao calor e às promessas de reconstrução

Terra das provações

sílvia souza

atualidade

An

sa

Recentemente o governo italiano decidiu mudar o lugar destinado ao encon-tro do g-8, que acontecerá

no próximo mês. Previsto desde o governo anterior de Romano Pro-di para ser realizado na belíssima ilha la Maddalena, na sardenha, agora acontecerá em l’Aquila, ci-dade atingida pelo terremoto, na região de Abruzzo. O premier sil-vio berlusconi justificou a trans-ferência sob a alegação que os 220 milhões de euros que seriam usados para a segurança dos che-fes de estado na ilha, serão des-tinados à reconstrução da cidade.

Até aí, tudo certo. Porém, o que acontecerá com os cerca de 300 milhões de euros já investi-dos na ilha por conta do encon-tro? grandes construções e refor-mas estão em fase de conclusão: dois hotéis destinados a hospedar os chefes de estados e suas dele-gações (132 milhões de euros), o centro de convenções (58 milhões de euros) e o calçadão da beira-mar (42 milhões de euros). E o que será da sala de imprensa que custou aos cofres públicos 26 mi-lhões de euros? Assim, muitos têm se perguntado o que, na verdade, poderia estar por trás dessa repen-tina mudança de sede do g-8.

O evento, por motivos de segurança, é protegido pelo se-gredo de estado. As tais obras se transformaram em um problema ambiental e econômico. A Comis-são Européia, já no ano passado, fez duas reclamações contra a Itália porque o país não respei-

tou as normas do continente so-bre impacto ambiental antes de iniciar os canteiros e o ROs (Rea-grupamento Operacional Especial dos Carabinieri) está investigan-do o critério de seleção das cinco empresas que estão trabalhando nas obras, uma vez que não par-ticiparam a uma concorrência pú-blica para serem selecionadas.

As suspeitas do ROs são fun-dadas em fatos. Primeiro porque a maior fatia dos 300 milhões de euros (117 milhões) foi destina-da à empresa de construção civil Anemone Costruzioni di grotta-ferrata que declara ter somente 26 empregados. Recentemente,

a revista Expresso denunciou, em uma detalhada reportagem, a existência de uma relação en-tre a empresa e Angelo balducci, braço operacional da Proteção Civil e hoje presidente do Con-selho superior de Obras Públicas. De fato, a mulher de balducci é sócia de Vanessa Pascucci na Er-retifilm. Vanessa, por sua vez, é proprietária da empresa Redim 2002 e sócia da Arsenale scarl, sociedade constituída especial-mente para os trabalhos do g8. Além disso, o segundo maior pe-daço da torta, isto é, 59 milhões de euros destinados à construção de um dos dois hotéis, foi desig-nado à empresa gia.Fi., de Valé-rio Carducci, um dos personagens chave do processo que ficou conhecido como “Why not”, que investigou também o ex-ministro da justiça Clemente Mastella.

Porém, não é tudo. balducci é especialista em contratos de ur-gência destinados à Proteção Ci-vil e era um dos responsáveis pe-las obras do g-8. Isso até o dia 13 de junho do ano passado, quando berlusconi, através de uma or-dem, o substituiu pelo engenhei-ro Fabio De santis. No mesmo documento, o primeiro-ministro pedia ao Chefe da Proteção Civil guido bertolaso, comissário dele-gado para o g-8, que “formasse uma comissão de garantia com três especialistas que certificas-sem a adequada atividade das in-tervenções de infraestrutura em relação a congruência dos atos negociados”, em outras palavras, que se verificasse o correto uso do dinheiro público.

tudo isso sem contar que, se-gundo dados da Proteção Civil, o valor inicial destinado ao g-8 era de 308 milhões e 619 mil euros. Porém, o montante chegou a 377 milhões e 500 mil, praticamente 54 milhões e 500 mil euros a mais do que o inicialmente previsto. Foi bertosalo quem sugeriu ao pri-meiro-ministro a mudança do en-contro para a região do Abruzzo. Fato que ele mesmo confirmou em entrevista ao Expresso: “serei um hipócrita se dissesse que não tive uma certa influência”.

berlusconi garantiu que todas as obras serão concluídas. Porém a Proteção Civil já informou que não completará o asfalto das ruas e a jardinagem. Com isso, eco-nomizará cerca de 50 milhões de euros, dinheiro previsto para ser destinado a l’Aquila. Além disso, até agora, não apareceu grupo interessado em assumir a gestão de um dos dois hotéis construídos na ilha. Pelo menos, ninguém se apresentou na concorrência públi-ca aberta pela Proteção Civil. Para recuperar o dinheiro já investido, o Estado ou a região da sardenha deverão alugar o hotel a um em-presário que deverá cobrar 1000 euros pela diária. Por enquanto, essas obras correm o risco de se transformar em “elefantes bran-cos” no meio da natureza.

Mudança da sede da reunião do G-8 levanta suspeitas a respeito das verdadeiras intenções de se realizar o evento em Abruzzo

Perguntar não ofende

Janaína CésarCorrespondente • treviso

Ao lado, o projeto do complexo do G8, na Sardenha. Abaixo, o Prédio das Convenções, obras quase finalizadas

atualidade

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 932 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 33

Page 18: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

uteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute

AsmaPode existir uma ligação entre a deficiên-

cia de vitamina D e a severidade da as-ma e dos sintomas respiratórios em crianças. A pesquisa foi realizada na Costa Rica e acom-panhou mais de 600 crianças que vivem em uma região com altos índices de problemas respiratórios. Elas tiveram amostras de san-gue retiradas para dosagem de marcadores de resposta inflamatória e níveis de vitamina D, além de testes de função respiratória. Aquelas que tinham menores valores de vitamina D no sangue apresentavam maior reatividade dos brônquios e os marcadores de alergia estavam elevados, inclusive a sensibilidade à poeira. A vitamina D não é ingerida, mas produzida no corpo. A ingestão de vitaminas através de alimentos reforçados e de fontes naturais traz uma pequena parte da quantidade necessária. A exposição à luz solar entra como fator im-portante nesse processo.

Nozes, amêndoas e avelãSão ricas em vitamina E, selênio e zin-

co, que retardam o envelhecimento celular. Um trabalho da Universidade lo-ma linda, nos Estados Unidos, relacio-nou seu consumo ao baixo risco de obe-sidade e doenças coronárias.

Obesidade na gravidezSegundo uma pesquisa feita na Univer-

sidade da Carolina do Norte, nos Esta-dos Unidos, as mulheres obesas ou acima do peso, quando engravidam, correm ris-co maior de ter um trabalho de parto de-morado. Isso pode trazer problemas para o feto e aumentar a necessidade de um parto por cesariana. O estudo demonstrou que o trabalho de parto das mulheres obe-sas dura em média 30% mais do que o das mulheres com peso normal. A gravidez de uma mulher com excesso de peso traz não só um aumento dos problemas típicos da gravidez como também aumenta a chance da ocorrência de doenças como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia.

NicotinaQuanto mais escura a pele, maior a absor-

ção de nicotina. Pesquisadores do es-tudo publicado na revista Pharmacology, Bio-chemistry and Behavior dizem que é possível que a nicotina no tabaco se ligue à melanina, composto que dá cor à pele. A pesquisa pode esclarecer o porquê de algumas pessoas se-rem aparentemente mais afetadas pela nico-tina do que outras. Cientistas da Universidade Penn state, nos Estados Unidos, examinaram 150 fumantes afro-americanos. Eles mediram os níveis de melanina e cotinina, um subpro-duto da nicotina. Eles também fizeram algu-mas perguntas aos voluntários, para avaliar o quão forte era o hábito de fumar em cada um. Descobriu-se que as pessoas com mais mela-nina fumavam mais e tinham mais cotinina em seu sistema, além de um maior nível de dependência ao tabaco.

Para eliminar gorduraUma pesquisa do Instituto de Medicina

social da Universidade Federal do Rio Ja-neiro, publicada no Journal of Nutrition, mos-trou que as mulheres que comeram três pêras por dia durante 12 semanas consumiram me-nos calorias e perderam mais peso do que as que não ingeriram nenhuma fruta. O estudo foi feito com 411 voluntárias entre 30 e 50 anos. A pera tem a grande vantagem de ser bem fibrosa. Concentra, em média, 3 gramas de fibras totais por 100 gramas - quase o do-bro da maçã, que fornece 1,6 grama, afirma a nutricionista tânia Rodrigues, diretora da RgNutri Consultoria Nutricional, de são Paulo. Além disso, o consumo de uma unidade re-presenta 12% da necessidade diária de fibras, que é de aproximadamente 25 gramas por dia. Ela também é grande fonte de fibras insolú-veis, que estão relacionadas à prevenção de prisão de ventre e de doenças como diverticu-lite e câncer de cólon, completa tânia.

É bem verdade que, no mun-do moderno, uma gripe é só uma gripe. Entretanto, al-go mais devastador do que

uma simples “virose” vem desper-tando, nos últimos dois meses, temores de uma nova pandemia. Uma variação do vírus influenza, o (H1N1), surgiu e já contaminou mais de 11 mil pessoas, além de ter matado cerca de 85, em to-do o mundo. A Organização Mun-dial de saúde (OMs) autorizou a pesquisa de uma vacina contra a chamada “gripe suína”, mas há um porém: os grandes laborató-rios se dizem sem condições de produzir, simultaneamente, a no-va vacina e as já existentes.

Isso porque, como o vírus da gripe tem uma natureza mutante, dois tipos não podem ser mani-pulados ao mesmo tempo, já que poderiam se recombinar e formar um vírus ainda pior. O brasil, con-tudo, vai tentar produzir a nova vacina, no Instituto butantã.

A proposta inicial seria pro-duzir 100 mil doses, mas o total

pode chegar a 1 milhão se o ví-rus se espalhar no país. Em maio, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, ban Ki-moon, promoveu uma reunião em gene-bra para montar uma estratégia de produção da vacina contra o vírus A (H1N1). O Instituto bu-tantã - centro de pesquisa bio-médica vinculado à secretaria da saúde do governo do Estado de são Paulo - foi um dos poucos convidados a participar. A reu-nião mostrou que não há acor-do sobre como entregar as vaci-nas aos países pobres nem quais seriam os preços. Porém, as em-presas dos países em desenvol-vimento se comprometeram em ajudar a formar estoques de vaci-nas na ONU. Já as multinacionais mantiveram seus planos em sigi-lo. Agora, o ministério da saúde do brasil vai orientar os traba-lhos do Instituto butantã.

— são pouquíssimos países ricos que detêm os direitos so-bre a produção e tecnologia dos avanços na medicina. O brasil es-tá entre eles — defendeu o mi-nistro brasileiro da saúde, José gomes temporão, na abertura da 62ª assembleia da Organização Mundial de saúde (OMs), tam-bém em genebra.

O México foi o primeiro país a dar sinal do ataque do vírus. Uma mulher de 39 anos foi inter-nada com insuficiência respirató-ria aguda e diarréia severa. Cinco dias depois, ela morreu. Em se-guida, dezenas de casos simila-res surgiram ao mesmo tempo, a maioria na Cidade do México, a capital do país. Autoridades me-xicanas alertaram a OMs e envia-ram amostras de secreções dos pacientes ao Centro de Controle

de Doenças (CDC), em Atlanta, responsável pela vigilância epi-demiológica nos Estados Unidos. lá se identificou o agressor: um vírus tipo A, subtipo H1N1, da mesma família da gripe Espanho-la, como ficou conhecida a pan-demia de 1918.

Até o final de maio, os dados oficiais da OMs informavam que 103 pessoas, em todo o mundo, já haviam morrido vítimas da in-fluenza A (H1N1). Um total de 50 países registraram 15.345 ca-sos da doença. No México foram 4.910 doentes e 89 mortos. Nos Estados Unidos, 7.927 pessoas fo-ram infectadas e onze morreram por conta do vírus. No brasil, 14 casos foram confirmados sem, po-rém, registro de óbito. Na Itália, 23 pessoas pegaram a doença.

O médico infectologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro, Alberto Che-babo, faz um alerta para as pes-soas tentarem se prevenir contra uma possível contaminação.

— lavar as mãos é sempre muito importante, já que o ví-rus se instala em qualquer su-perfície, em mesas e maçanetas, por exemplo. O vírus só penetra através da mucosa, então, mesmo que você tenha contato com ele e lave as mãos, não vai se infectar. Os sintomas são os mesmos de uma gripe comum: febre alta, dor de cabeça, tosse, coriza e muita dor no corpo. Porém, se você não teve contato direto com pessoas que vieram de países onde o vírus se disseminou não é preciso tan-ta preocupação — explica.

Depois da suspeita, o diagnós-tico é realizado através de exames nos quais os médicos colhem a se-creção nasal. No brasil, os casos suspeitos são tratados com inter-nação para evitar a disseminação da doença e avaliar a evolução do quadro. segundo o infectologista, o antiviral utilizado no hospital é o oseltamivir, que é o princípio ativo do remédio cujo nome co-mercial é tamiflur.

De acordo com Chebabo, par-te do material genético do vírus circula em porcos. todavia, os animais infectados foram conta-minados através de seus criado-res. Não é necessário evitar co-mer carne suína uma vez que o vírus não sobrevive à alta tempe-ratura que o alimento é submeti-do ao ser preparado.

Instituto Butantã produzirá antídoto contra a gripe suína que se alastra pelo mundo

Vacina brasileira

nayra Garofle

Até o fim de maio, 103 pessoas morreram em todo o mundo em decorrência da gripe

PeixesO ômega-3 presente nos peixes é essen-

cial para o sistema nervoso e o coração. Um estudo de 2009 feito pela Clínica Cleve-land (EUA) mostrou que ele diminui os triglicérides e melhora a coagu-lação e a pressão sanguínea.

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 934 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 35

Page 19: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

ni della sorella aiuta a diffondere l’immagine e il concetto di patri-monio evocati dalla storia della candidata a santa.

— sfortunatamente non ho avuto l’opportunità di conoscere personalmente la Irmã, ma come tutti i baiani riconoscevo la sua importanza all’interno del conte-sto sociale nel quale ha sempre lavorato. le caratteristiche più importanti della sua storia sono la determinazione, lo spirito osti-nato e battagliero — afferma il ricercatore — la nostra lotta nel-la OsID è perché quello che lei ha fatto continui a dare frutti e, nel caso del Memorial, per poter ri-scattare e costruire l’identità del simbolo di solidarietà che Irmã Dulce ha propagato nei suoi atti.

Vita donata ai poveri Con la vita segnata dalle pre-ghiere e dal donarsi ai bisogno-si, l’Angelo buono di bahia, co-me era anche chiamata, lavorò a salvador, capitale dello stato. Era figlia del dentista Augusto lopes Pontes e della casalinga Dulce Maria de souza brito lo-pes Pontes, e aveva due fratel-li. la sua vocazione sarebbe co-minciata quando aveva 13 anni, quando già accoglieva i malati sulla porta di casa, nel quartie-re Nazaré. Ma è stato nel 1933, quando aveva 19 anni, che Ma-ria Rita ricevette l’abito delle Ir-mãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, e in omaggio alla madre cambiò il no-me in Irmã Dulce.

Prodigandosi su diversi fron-ti, la religiosa insegnava geo-grafia e storia nel Colégio san-ta bernardete, che apparteneva alla sua Congregazione. Dovuto al contatto con le famiglie degli operai, fondò una biblioteca e la União Operária são Francisco, prima organizzazione operaia cattolica della bahia, che diven-tò il Círculo Operário da bahia.

Installatasi nel Convento santo Antonio nel 1947, Irmã Dulce occupò il pollaio accanto al convento con i primi 70 ma-lati. Fu così che nacque la sto-ria che la serva de Deus aveva costruito il più grande ospeda-le della bahia, partendo da un semplice pollaio.

Fu sempre lei a inaugurare il Cine teatro Roma e ha crea-

re il serviço de Alimentação do Comerciário (sAC), servendo il pranzo a prezzi popolari (2 “to-stões”, all’epoca), nel palazzo del Círculo Operário della bahia.

Il primo incontro con Pa-pa giovanni Paolo II avvenne nel 1980 ed il nuovo ospedale sant’Antonio, con 400 letti, fu inaugurato nel 1983. Indicata, nel 1988, dall’allora presidente del brasile, José sarney, al pre-mio Nobel per la Pace, Irmã Dul-ce terminò il 1990 ricoverata per problemi respiratori e ricevet-te al suo letto, nell’ottobre del 1991, Papa giovanni Paolo II per l’ultima volta. Morì a 77 anni il 13 marzo 1992. Nel 2000 i suoi resti mortali sono stati traspor-tati nella cappella del Convento santo Antônio, con le Obras so-ciais Irmã Dulce.

Holding socialeEnte filantropico non profit, la OsID festeggia i suoi 50 anni nel 2009 ed è riconosciuta come una istituzione di pubblica utilità nell’ambito municipale, statale e federale. È una specie di ‘holding sociale’ formata da 15 nuclei che prestano assistenza alla popola-zione a basso reddito nell’area della salute, dell’Assistenza so-ciale e dell’ Educazione, e si de-dica anche alla ricerca scientifi-ca, all’Insegnamento Medico e alla conservazione e diffusione della storia di Irmã Dulce.

I nuclei di salute contano su 1.009 letti per l’assistenza a pa-tologie cliniche e chirurgiche,

e 33 specializzazioni ambula-toriali. Il nucleo dell’Educação Fundamental e Profissionalizan-te, Centro Educacional santo Antônio (CEsA), ha offerto nel 2005 a 718 alunni la formazio-ne nell’insegnamento di base e professionale. Nelle Obras lavo-rano 2.661 professionisti, divisi in 2.291 medici fissi e 370 me-dici, tra cui fisioterapisti, den-tisti e fonoaudiologi, con con-tratto a termine.

Inoltre, secondo i dati del 2005, le Obras hanno realizza-to quell’anno 2.700.000 visite ad iscritti del sUs, ad anziani, a portatori di handicap e di defor-mità craniofacciali, pazienti so-ciali, bambini e ad adolescenti a rischio sociale.

Memoriale Inaugurato nel 1993, un anno dopo la morte della suora, il Me-morial de Irmã Dulce (MID) rice-ve circa 20.000 visite all’anno. Custodisce l’abito che lei porta-va, fotografie, documenti e og-getti personali. In uno spazio che occupa due piani, situato in un palazzo annesso al Convento

di sant’Antonio, nella sede della OsID, si trovano in totale qua-si novemila pezzi; la collezione fa così conoscere al visitatore le sfumature della fede, dell’avan-guardia e del coraggio di vita del chiamato “Anjo bom”.Il memoriale custodisce inte-gralmente la stanza di Irmã Dul-ce, dove si trova la sedia sul-la quale ha dormito per più di trent’anni, a causa di un fioret-to. Altri fatti importanti della vita della religiosa sono ricorda-ti attraverso bozzetti, libri, di-plomi e medaglie. Fra gli oggetti della collezione c’è l’immagine di sant’Antonio del XVIII seco-lo che apparteneva alla famiglia di Irmã Dulce, davanti alla quale lei pregava sempre. si racconta che davanti a questa immagine la piccola Maria Rita, a nove an-ni, ricevette la chiamata per la vita religiosa.

sulla tomba della suora, che si trova nella Capela santo Antô-nio, annessa al Memoriale, dozzi-ne di ex-voto sono lasciati tutti i giorni , con il racconto delle gra-zie ottenute per intercessione di Irmã Dulce.

“L’angelo buono” è venerabile

Con la vita segnata dalla dedicazione verso i poveri ed i malati, Madre Teresa del Brasile, Irmã Dulce, sta a un passo dal divenire santa

sílvia souza

di un miracolo che la religiosa avrebbe fatto ad Aracaju.

— È un evento straordinario, una grande conquista. Dobbiamo aspettare il lavoro della commis-sione vaticana, ma la beatifica-zione è prossima — esulta.

Coordinatore del Memorial Ir-mã Dulce, vincolato alle Obras sociais Irmã Dulce (OsID), con sede a salvador (bA), il museo-logo Oswaldo gouveia lavora dal marzo 1993 direttamente sui re-soconti e le scoperte sulla vita della religiosa. secondo lui la commemorazione per questa fa-se di riconoscimento delle azio-

Conosciuta come Madre te-resa del brasile, Irmã Dulce ha avuto riconosciute le sue eroiche virtù da Papa benedetto XVI in aprile. In questa fase, la serva di Dio Dulce lopes Pontes, suo-ra della Congregazione delle Ir-mãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, viene considerata “venerabile” perché “ha dedicato la sua vita ad azio-ni di fede, speranza e carità”.

secondo padre Paulo lom-bardi, postulatore nella causa di beatificazione di Irmã Dulce, il processo – iniziato nel gennaio del 2000 – è in fase di conferma

Piccolina e con un aspet-to fragile, rivelava col suo sguardo una forte per-sonalità. Autrice di fra-

si come “la miseria è mancanza d’amore fra gli uomini” e “il mio partito è la povertà”, lavorò qua-si 70 anni per gli esclusi, e con-quistò uno spazio fra i fedeli cat-tolici brasiliani. Adesso Maria Ri-ta de sousa brito lopes Pontes, più conosciuta come Irmã Dulce, può diventare la prima santa bra-siliana nata in territorio nazio-nale. santa Paulina, canonizzata nel 2002, era di Vigolo Vattaro (trento), in Italia.

Processo di beatificazioneÈ diviso in cinque fasi, e non è fissato nessun termine per la

relazione finale.1) Fase Diocesana – Avviene nella diocesi dove è morto il candi-dato. In questa fase sono nominati il postulante e la commissione storica che comincia col riunire i testimoni. 2) Fase Romana - I documenti sono inviati in Vaticano, dove sa-ranno esaminati dalla Congregazione delle Cause dei santi. Rag-giunta questa tappa viene nominato un relatore. 3) La Positio – È il documento che riassume la vita e le testimo-nianze sulle virtù del candidato. su questa base, la congregazione emette il suo giudizio sotto il punto di vista storico e teologico. Nel caso sia approvato, il candidato diventa venerabile. 4) Beatificazione – Per essere riconosciuto come beato, il vene-rabile deve aver fatto un miracolo che risponda alle condizioni di istantaneità (avvenuto subito dopo la richiesta), perfezione (av-venuto completamente), durabilità (che sia permanente) e che sia preternaturale (la scienza non lo sa spiegare). 5) Canonizzazione – Avviene con la conferma di un secondo mi-racolo. A questo punto il beato diventa santo.

religione

Div

ulg

açã

o O

SID

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 936 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 37

Page 20: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

A experiência italiana no campo da restauração de obras consideradas ver-dadeiros patrimônios his-

tóricos está fazendo escola no brasil. Mais precisamente no Amazonas. Uma parceria entre a prefeitura de Manaus, a Coopera-tiva Archeologia, da toscana, e o serviço brasileiro de Apoio às Pequenas Empresas (sebrae) ofe-recerá, a partir de agosto, cursos para profissionais interessados em trabalhar na recuperação de imóveis centenários.

A primeira oficina-escola do projeto se destina à formação de mão-de-obra especializada. O fo-co são as obras do Mercado Mu-nicipal Adolpho lisboa e do Pa-ço Municipal, construídos entre 1874 e 1883. O trabalho está pa-ralisado desde março, quando a administração pública rompeu o contrato com a empresa que ha-via ganhado a licitação para fa-zer a restauração.

Além de ministrar o curso, a Cooperativa pode vir a ser contra-tada pela prefeitura para dar con-tinuidade à própria obra cujo or-çamento é de 6 milhões de reais. De acordo com o subsecretario mu-nicipal de Cultura, Renato seyssel, para o contrato ser firmado com o grupo italiano falta o aval do Ins-tituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Ipham):

— A empresa contratada pela administração passada fez medi-ções equivocadas do prédio e não comprovou capacidade técnica. Por isso, as obras foram embarga-das pelo Iphan — explica seyssel.

Ele conta que a prefeitura de Manaus “chegou” à Itália para re-solver essa questão por intermédio de luca senesi, do Instituto Itália brasil, no ano passado. O Instituto tem como objetivo divulgar a cul-tura italiana em Manaus.

— Os italianos são os me-lhores do mundo nesse serviço e acreditamos que outras cons-truções nossas serão beneficia-das com essa parceria — expli-ca seyssel — Vamos investir na formação da base, das pessoas que trabalham diretamente com a restauração. são mestres de obras, pedreiros e gesseiros que colocam a mão na massa e pre-cisam ser treinados para manuse-ar cuidadosamente esse tipo de material. Afinal, uma restauração não é igual a uma obra nova.

Ainda segundo seyssel, os in-teressados em participar do cur-so devem encaminhar seus cur-rículos à prefeitura. Em março,

um projeto-piloto reuniu 35 pro-fissionais da construção civil. Na ocasião, o diretor comercial da cooperativa, Fábio Faggella, e o prefeito da cidade de Pelago, na região metropolitana de Florença, Marcello Ulivileri, conheceram de-talhes do projeto da oficina-esco-

la cujos cursos terão duração de 220 horas, sendo 180 destinadas às práticas de restauração.

A busca pela Cooperativa se deve a um currículo que inclui a recuperação de mais de 900 pa-trimônios históricos em 11 paí-ses, como China, Rússia e grécia. Há 30 anos no mercado, o grupo emprega mais de 200 profissio-nais e tem em sua lista de res-tauro a recente recuperação da torre de Pisa, o monumento mais famoso da cidade, localizado na região da toscana. O diretor co-mercial da Cooperativa Archeo-logia, Fábio Faggella, sabe que a Itália ostenta um patrimônio considerável a ser preservado.

— Os templos subterrâneos, localizados na região da sicília, no sul da Itália, construídos cinco sé-culos antes de Cristo, representam uma das obras mais incríveis que restauramos — aponta Faggella.

Restauração em altalevantamentos preliminares dos envolvidos no acordo indicam que em Manaus há pelo menos 1,6 mil imóveis de interesse de preserva-ção. O curso oferecido pela Coope-rativa Archeologia e o sebrae será dividido em três níveis – básico, intermediário e avançado. O mó-dulo avançado será delineado ao longo de três anos. Ainda poderá ser criado um curso de nível supe-rior, com duração de cinco anos, para a formação de restauradores.

— Formaremos profissionais que conheçam as técnicas de restauro porque esse é um mer-cado promissor. Vamos incenti-var inclusive a abertura de em-presas especializadas nesse tipo de trabalho — destaca o gerente de Planejamento do sebrae/Am, Vicente schettini.

Prefeitura de Manaus fecha parceria com Cooperativa Archeologia, da Toscana, para formação de restauradores. Aulas começam em agosto

Com selo italiano

sílvia souza

restauração

Igreja de Nossa Senhora dos Remédios (alto) e antigo prédio do Palace Hotel podem sem contemplados com iniciativa

Foto

s: Isr

ael C

arv

alh

o

depoimentos / 15 anos

“Há muito o que dizer e é difícil resumir tudo. O que acho interes-sante frisar é que a Comunità é uma revista de extrema importân-cia para a comunidade italiana, como o próprio nome diz, e que ao longo de todos esses anos melhorou de forma fan-tástica. Além disso, a revista é lida também na Itália. Ano passado, quando fizemos o encontro do estado de Minas com a Região do Piemonte, levamos a revista e todas foram extremamente bem recebidas e aprecia-das por todos da Região, inclusive pela presidente do Piemonte, Mercedes bresso. Como italiano no exterior me sinto orgulhoso de poder contribuir com o sucesso da revista. Os artigos são sempre atuais, a revista é uma forma de integrar as pessoas e fazê-las conhecer o que está acontecendo na Itália. Portanto, Comuni-tà é de extrema valia para todos.”

Giacomo regaldo – presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria de Minas Gerais

“A Associação brasileira de Imprensa tem fortes razões para dirigir a você (Pietro Petraglia) e aos demais integrantes da revista ComunitàItaliana uma saudação muito especial pela passagem do 15º aniversário da publicação, que tem dado mostras da alta qualificação de seu corpo edi-torial, tanto no que se refere à definição da pauta, como à elaboração das reportagens e textos em ge-ral e sua incorporação ao corpo da publicação, que apresenta bela produção visual. É também motivo de registro pela Associação brasileira de Imprensa a contribuição que ComunitàItaliana vem oferecendo há uma década e meia ao conhecimento da vida da Itália pelo público brasileiro que tem acesso à publi-cação, difundindo entre nós informações preciosas sobre os diferentes e ricos aspectos de um país tão querido por nosso povo. Com isso, a revista promove crescen-te aproximação entre os povos da Itália e do brasil e, assim, contribui para um intercâmbio cada vez mais fecundo entre os dois países, em inúmeros campos, e também para a causa da amizade e da paz entre os povos. Receba, pois, caro Pietro Petraglia, que nos honra com sua vinculação ao quadro social da AbI, as nossas homenagens e os nossos cumprimentos por tão auspicioso momento da existência da Comunità Italiana.”

Maurício azêdo – presidente da associação Brasileira de Imprensa

“Eu acho que essa revista é importante para que você mantenha a chama da identidade italiana no brasil. Não só são Paulo, mas todo o sul do país tem uma presença muito importante dos italianos e eles fazem parte da história da construção do brasil. Eu diria que são Paulo é fruto do trabalho e das esperanças dos ita-lianos que vieram para cá. O Palmeiras teve um peso muito grande na formação dessa identidade italiana. Nós não podemos esquecer disso. Eu acho que a revis-ta cumpre esse papel de manter essa identidade e de valorizá-la, além de sempre nos lembrar dessa origem”.

luiz Gonzaga Belluzzo – presidente do Palmeiras

“Ci sarebbe molto da dire ed è difficile riassumere tutto. Quello che penso sia interessante mettere in risalto è che Comunità è una rivista di estrema importanza per la comunità italiana, come

dice il suo stesso nome, e che durante tutti questi anni è migliorata in modo fantastico. Inoltre la rivi-sta viene anche letta in Italia. l’anno scorso, durante un incontro dello stato di Minas con la regione Pie-monte, abbiamo portato dei numeri della rivista che sono stati apprezzati da tutti i presenti della regio-ne, incluso il presidente del Piemonte, Mercedes bres-so. Come italiano all’estero sono orgoglioso di poter contribuire al successo della rivista. gli articoli sono sempre aggiornati, la rivista è un mezzo di integrare le persone e fargli conoscere ciò che succede in Italia. Quindi Comunità è estremamente valida per tutti.”

Giacomo regaldo – presidente della Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria di Minas Gerais

“la Associação brasileira de Imprensa ha forti motivi per ri-volgere a lei (Pietro Petraglia) e agli altri collaboratori della rivista ComunitàItaliana dei saluti molto speciali per il 15°

anniversario della pubblicazione che grazie alla sua équipe editoriale, ha dato segni di essere altamente qualificata, tanto per ciò che riguarda la definizione dei temi, quanto per l’elaborazione dei servizi e testi in generale e per la sua inserzione nel corpo della rivista, che presenta una bella produzione visuale. l’Associação brasileira de Imprensa vuole anche as-serire il contributo che ComunitàItaliana offre da quindici anni alla conoscenza della vita italiana per il pubblico brasiliano che legge la rivista, diffon-dendo fra noi preziose informazioni sugli svariati e ricchi aspetti di un paese tanto caro al nostro po-

polo. Con ciò ComunitàItaliana promuove un crescente avvi-cinamento tra il popoli dell’Italia e del brasile e, cosí facendo, contribuisce ad un interscambio sempre più fecondo tra i due paesi in innumerevoli campi, cosí come alla causa dell’amicizia e pace tra i popoli. Quindi sappia, caro Pietro Petraglia, che ci fa onore il suo fare parte del quadro sociale della AbI, e riceva i nostri auguri e saluti per un cosí felice momento dell’esistenza di ComunitàItaliana.”

Maurício azêdo – presidente dell’associação Brasileira de Imprensa

“Credo che questa rivista sia importante per mante-nere accesa la fiamma dell’identità in brasile. Non solo são Paulo, ma tutto il sud del Paese hanno una presenza molto importante di italiani e questi fanno parte della costruzione del brasile. Io direi che são Paulo è frutto del lavoro e delle speranze degli ita-liani venuti qui. Il Palestra Itália ha avuto un gran-de peso nella formazione di questa identità italiana. Non ce ne possiamo dimenticare. Credo che la rivista rivesta il ruolo di mantenere questa identità e di va-lorizzarla, oltre a ricordarci sempre queste origini”.

luiz Gonzaga Belluzzo – presidente del Palmeiras

Mais depoimentos em homenagem aos 15 anos da Comunità chegaram à redação. Publicaremos todos ao longo do ano. Grazie a tutti!

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 938 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 39

Page 21: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Cristo nel mareIl progetto “Cristo no Mar” si trova sempre più vicino a Cabo

Frio, in provincia di Rio de Janeiro. l’accordo finale per l’ina-bissamento della statua del Cristo, di quasi tre metri d’altezza, sul fondo del mare della Praia do Forte, sarà firmato in Italia tra i sindaci Marquinho Mendes e Italo Manucci, di Camogli (provincia di genova), il 25 luglio. la meta è di realizzare la cerimonia di inabissamento del Cristo sul fondo del mare nella città della re-gione dei laghi fluminense nel 2010. Questa sarà la terza statua del Cristo sul fondo del mare nel mondo. la prima, l’originale, bat-tezzata Cristo degli Abissi di san Fruttuoso si trova dal 1954 a Ca-mogli. la seconda, una copia, fatta in bronzo e minore di quella che sarà inabissata in brasile, si trova in Flórida, negli stati Uniti.

AulaNé l’inglese, né lo spagnolo. Al sud del brasile fa successo la

lingua italiana. Dal 2006 la lingua viene insegnata agli allie-vi delle scuole pubbliche. Il sistema impiantato dalla segreteria comunale di Educação di Porto Alegre è già arrivato in 12 scuo-le della città e si pensa di estenderlo ad altri comuni brasiliani. Per incentivare e festeggiare il fatto il rappresentante degli ita-liani residenti in sudamerica presso la Camera dei Deputati italia-na, Fabio Porta, ha donato alle 12 scuole una collana di opere di letteratura italiana. secondo lui qualche città dell’interno di são Paulo, cosí come il municipio della stessa capitale, hanno già di-mostrato il loro interesse di far parte di questo programma. “la-vorerò personalmente nei prossimi mesi affinché questo processo continui. Il successo di questo sforzo dipenderà da tutti”, dice. “Non si tratta solo di insegnare una lingua ma di riprendere una linea storica che lega l’arrivo dei primi emigranti italiani in bra-sile. Quindi un lavoro che include nozioni di lingua ma anche di geografia, storia e perfino di gastronomia.”

ModaQuest’anno Rio de Janeiro ospiterà un terzo evento legato al-

la moda. Dal 23 al 24 ottobre avrà luogo l’Oi Fashion Rocks in simultanea nell’hotel Copacabana Palace e nel Jockey Club. Con più di cinque edizioni realizzate nel mondo il progetto ha come motto quello di mettere insieme moda e musica, con sfilate e con-certi allo stesso tempo. tra le attrattive confermate per l’edizione brasiliana ci sarà una sfilata della griffe italiana Versace, oltre ad un concerto di Mariah Carey. I biglietti sono in vendita da questo mese. In novembre invece è il turno della griffe italiana Pucci a mostrare la sua nuova collezione nella seconda edizione del Rio summer, presso il Forte Copacabana, tra il 4 e l’8.

ClassicoIl XII Prêmio Carlos gomes de Ópera e Música Erudita ha rea-

lizzato la sua cerimonia il mese scorso a são Paulo. I vinci-tori sono stati: sonia Rubinsky (solista strumentale), Fábio Me-chetti (Direttore d’Orchestra), Quinteto Villa-lobos (Quintetto da Camera), Orquestra sinfônica do Estado de são Paulo (Orche-stra sinfonica), leonardo Neiva e Rodrigo Esteves (a pari meri-to nella categoria Cantante solista), Denise de Freitas (Cantan-te solista), luiz Fernando Malheiro (Direttore d’Opera), André Heller-lopes (Direzione di scena), Fábio Namatame (Costumi), Daniela thomas (scenografia), Caetano Vilela (Illuminazione), O Castelo do barba-Azul (spettacolo operistico), John Neschling (troféu guarany).

Célebre pela sua atuação em papéis como Adal-gisa (Norma de bellini) e Amneris (aida), bru-

na baglioni abriu a temporada 2009 do Projeto grandes Vozes, produzido pela Cia Ópera são Paulo. Apesar de ter ficado pou-co tempo no país, ela arrumou espaço na agenda para oferecer duas masterclasses a jovens can-tores. também se apresentou em um recital no theatro são Pedro, na capital paulista, acompanha-da do pianista brasileiro Ricardo ballestero.

Ela cantou árias italianas de Francesco Cilea (adriana Le-couvreur) e giuseppe Verdi (Il trovatore e Don Carlo) e fran-cesas de saint-saëns (Sansão e Dalila), além de canções de Carlos gomes. Em entrevista à Comunità, explica que esco-lheu “a dedo” esse repertório com o claro objetivo de “agra-dar ao público”.

— Quando faço uma apresen-tação em um lugar tão distante, não gosto de cantar árias antigas — justifica bruna.

simpática, ela deixa para ser diva apenas no palco. Nasci-da em Frascati, na região do lá-cio, em 1947, a mezzo-soprano conta que descobriu sua vocação por acaso. Apesar de cantar des-de criança, diz que não tinha “a mínima ideia” de que se tornaria cantora de ópera.

Foi por incentivo dos pais que ela começou a ter aulas com um maestro que, quatro meses após conhecê-la, a levou para uma audição no teatro da Ópe-ra de Roma. lá, seu talento foi identificado pelos especialistas que a ouviram.

— Os próprios teatros faziam as audições com os jovens. Isso não existe mais e é o mal de ho-je — lamenta a cantora que já atuou e gravou com grandes no-mes da cena lírica internacional como luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras.

seu “debut” foi na ópera Maddalena de rigoletto, de Ver-di, em 1970. De lá para cá, se apresentou em todos os grandes “templos” dedicados à música lí-rica. Ela diz não ter um teatro preferido. Já entre as óperas, ad-mite ter uma favorita:

— Don Carlo é a ópera que mais amo, pois é completa para todos os personagens, todos têm

algo realmente importante para cantar — justifica.

Essa foi a segunda vez que bruna esteve no brasil. A pri-meira foi em 1993, quando apre-sentou aída, no teatro Munici-pal paulista. Nessa ópera, ela interpreta Amneris, personagem que a tornou famosa em todo o mundo. Daquela época, recor-da-se com carinho de ter recebi-do de presente uma pulseira, em uma feira de artesanato. Quem lhe deu afirmou que a pulseira

seria a sua garantia de que vol-taria ao país.

bruna é fiel à ópera tradicio-nal, mas se diz favorável a inicia-tivas como a do Metropolitan de Nova York, que exibe espetáculos ao ar livre e em salas de cine-ma de todo o mundo, inclusive no brasil.

— A ópera será sempre para poucos eleitos, nasceu para pe-quenos teatros. Eu mesma já fiz diversas apresentações de aída em grandes estádios e praças,

mas o público é diverso. É jus-to levar a ópera por meio do ci-nema ou das apresentações em grandes espaços a milhares de pessoas que não poderiam nunca comprar os ingressos. E, talvez, chegará ao ouvido e ao coração de alguém essa música e, assim, teremos conquistado mais um — opina a cantora que, porém, é enfática quando se trata da po-pularização da ópera como esti-lo musical: — Não gosto que se misture o rock e o pop à ópera.

segundo bruna, seria bom que o público viesse não só para ver, mas principalmente para ou-vir a ópera, “como ocorria antes das grandes produções que privi-legiam a beleza cenográfica”.

— Na Itália, se procura fazer sempre grandíssimas produções. se gasta tanto dinheiro para apenas uma apresentação quan-do, talvez, pudessem ser feitas seis ou sete. Os jovens devem ser incentivados a voltar a viver o teatro — avalia.

Dos parceiros famosos, a can-tora destaca Plácido Domingo, “pelo companheirismo”, e Pava-rotti, “pelo talento ímpar”.

— Podem dizer o que quise-rem, mas ele foi a voz mais boni-ta que já tivemos — afirma bru-

na que acredita que um “verda-deiro cantor” não aparece a toda hora, mas “a cada 20 anos”.

Para quem está em início de carreira, ela recomenda um bom professor, que acompanhe a evo-lução da voz do aluno.

— Deve haver um feeling en-tre o aluno e o professor, que de-ve ser também um bom psicólo-go. É fácil se deixar abater no início, e se há uma pessoa para te incentivar a seguir adiante, é importante, ajuda muito — diz ela que seguiu, na prática, o con-selho e teve a mesma mestra por 25 anos. — A música pode fazer muito, pode ajudar o coração, o pensamento. A música une os po-vos e alimenta a alma.

Grande intérprete do repertório italiano do século 19, a mezzo-soprano Bruna Baglioni se apresentou no Brasil, no mês passado

Popularizar sem misturar

ana BizzoTTo

música

Cla

ud

io C

am

ma

rota

J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 41

Page 22: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Molti amanti dell’opera e della musica classica storcono il naso verso le iniziative che cerca-

no di avvicinare al grande pubbli-co questo tipo di arte. Per sabine lovatelli, una delle maggiori spe-cialiste nel campo, le azioni svol-te in questa direzione sono “as-solutamente positive”. la contes-sa di Ravenna fondò 29 anni fa a são Paulo, insieme a Claude san-guszko, il Mozarteum brasileiro.

si tratta di un’associazione cul-turale che promuove proprio la di-vulgazione della musica. la lova-telli applaude in piedi le iniziati-ve recenti di esibire gli spettacoli – opere e concerti – seguiti o no da conferenze, nei cinema, nei cine-club e negli istituti, come l’Istituto Italiano di Cultura di são Paulo.

— tutto quello che aiuta a democratizzare l’arte e la musica è valido, basta che non ne com-prometta la qualità — afferma.

lo sforzo di questa divulga-zione è stato ben recepito ed appoggiato dal pubblico. sabi-ne afferma che adesso un nume-ro maggiore di persone partecipa a questi eventi. Quando comin-ciò questo lavoro, la platea era sempre “di una certa età”. Inve-ce adesso i giovani vanno al Mo-zarteum, che offre anche ingressi gratuiti a vari enti. secondo lei è sempre più frequente che questo tipo di eventi accolga un pubbli-co “variegato e più numeroso”.

Per sabine, il segreto del suc-cesso sta nella continuità di que-sto tipo di lavoro. E cita come esempio la rappresentazione di opere filmate, che sta ottenendo un “successo enorme di pubbli-co e di critica” grazie all’inter-vento della Metropolitan Ope-ra House (UsA), proiettate su schermi giganti a times square, a New York, dove recentemente è passata la Madame butterfly di Puccini. Dalla creazione del pro-getto del Metropolitan, nel 2007, 1.250.000 persone, in tutto il mondo, hanno assistito alle rap-presentazioni proiettate da quel tradizionale palco nordamerica-no. In brasile 13.000 spettatori hanno già assistito ai filmati in 33 sale di cinema sparse per il paese. Qui in brasile la contessa mette in evidenza il lavoro che sta facendo l’Orchestra sinfonica dello stato di são Paulo.

— gli abbonamenti aiutano a dare una continuità che prima non c’era. le persone si abitua-no. le orchestre brasiliane for-mano un pubblico nuovo, criti-co, attento, e noi incrementiamo questo quadro con le orchestre internazionali — spiega.

Prima d’ogni concerto, il Mo-zarteum organizza un’aula, den-tro il programma “Club dello spettatore”, che parla della mu-sica che sarà suonata e dell’epoca in cui fu composta. secondo sa-bina, questo procedimento è va-lido “perché le persone hanno un vero interesse nel comprendere” i brani che ascolteranno.

l’associazione ha amplia-to la gamma degli spettacoli, con formazioni e strumenti di-versi, unendo elementi brasilia-ni e stranieri. Ci sono orchestre internazionali che interagisco-no con orchestre nazionali. Per esempio in ottobre le sorelle labèque (Katia e Marielle), fa-mose pianiste, si presenteranno con il gruppo brasiliano di per-cussione Piap, dell’Instituto de Artes dell’Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Insieme suoneranno il bolero di Ravel. Per sabina, convinta del-la sua missione, la cultura è alla base dello sviluppo:

— Non è come pensano alle volte molti politici, che si tratta di un passatempo o di divertimento. si tratta di sviluppo. E bisogna co-minciare presto, nelle scuole. l’ar-te e la musica devono essere ma-

teria d’insegnamento. sono indi-spensabili per ampliare l’orizzonte delle persone – sostiene.

Nel 2009 il Mozarteum brasi-leiro ha come sostenitori le im-prese Credit suisse, Credit suisse Hedging-griffo, Mantecorp, No-vartis, siemens e tenarisConfab. gli sponsorizzatori sono: brade-sco Prime, Clariant, Comgás, INg Wholesale banking brazil, Pirelli, brasilprev, Carbocloro, Degussa Evonik e Fosfértil. E inoltre l’In-stituto Votorantim e Monsanto sponsorizzano le attività educa-tive dell’istituzione.

Importazionesi può dire che l’embrione del Mozarteum brasileiro è nato a seguito di una “certa importazio-ne”, come di-ce scherzando la fondatrice. In questo caso è stata lei ad essere “impor-tata” in brasi-le dal marito, il conte Carlo lovatelli. sa-bine voleva integrarsi at-traverso il la-voro alla città in cui anda-va ad abita-re. si accorse che l’offerta di musica clas-sica era scar-sa, e decise di agire. secondo lei gli imprenditori, il pubblico, gli artisti si sono entusiasmati alla proposta, dato che si apriva un nuovo centro di arti nell’Ame-rica del sud.

— Chi realmente mi ha dato la spinta finale, che [sic] il Mo-zarteum doveva essere creato, è stato Wolfgang Wagner, nipo-te del compositore [Richard Wa-gner 1813-1883], che si occu-pa del Festival di bayreuth, in germania. È stato qui nel 1980, ha spiegato come funziona bay-reuth, come attrae i giovani, e ha detto che io dovevo fare la stessa cosa in brasile — rivela.

Per il début del Mozarteum brasileiro sono venute due orche-stre molto prestigiose: quella di Parigi retta dall’argentino Daniel barenboim, e la National sym-phony Orchestra [di Washington DC, UsA], retta dal mitico Msti-

slav Rostropovitch [1927-2007]. All’inizio del “decennio yuppie”, il Mozarteum organizzava i Con-certi di Mezzogiorno. le rappre-sentazioni avvenivano al Masp tutti i mercoledì dalle 12.30 al-le 13.30 “per dare l’opportunità al pubblico di assistere gratuita-mente ai concerti”. già a quella epoca facevano parte dello spet-tacolo delle chiacchierate degli artisti con il pubblico. I Con-certi di Mezzogiorno sono durati più di 20 anni e sono terminati quando il Masp è entrato in re-stauro nel 2001.

— spero che ricomincino — dice piena di speranza la presi-dente del Mozarteum, che fa par-te della direzione del museo.

Partner del Mozarteum dal 2006, l’Insti-tuto baccarel-li, creato dal maestro silvio baccarelli nel 1998 nella co-munità di He-liópolis, nella capitale pau-lista, si è ri-velato uno dei nuovi centri di “esportazio-ne” di talenti musicali nel mondo. segno di successo è l’aver rice-vuto la visi-ta del grande maestro Ennio Morricone nel

marzo del 2008. Allora il Maestro si è emozionato quando ha ascol-tato uno dei temi del film Cinema Paradiso suonato dalla Orchestra sinfonica di Heliópolis.

Fino all’inizio di questo an-no 22 borsisti brasiliani sono an-dati a studiare in Europa grazie al collegamento dell’entità con scuole di musica nazionali ed in-ternazionali. l’associazione ha anche realizzato, fino a questo momento, più di 150 masterclass gratuiti, che hanno coinvolto cir-ca 4.000 studenti e innumerevo-li concerti all’aria aperta gratuiti per più di 900.000 spettatori, ol-tre ad aver trasmesso eventi alla Radio e alla tV Cultura. Aristocrazia sabine Vogel lovatelli, tedesca di Iena (turingia), ha la cittadi-nanza italiana e risiede in brasile

dal 1971. È arrivata dopo il ma-trimonio con il conte Carlo lova-telli – brasiliano di padre italia-no e madre inglese – attuale pre-sidente della AbAg, Associação brasileira de Agronegócios. si erano conosciuti in germania al-la fine degli anni ‘60 ad Hanno-ver, dove la bella dama, dotata di espressivi occhi azzurri, era cre-sciuta. All’epoca era una studen-tessa di circa 20 anni. Il titolo nobile per sabine si riduce sem-plicemente a questo, “un titolo”.

— l’ho ereditato da mio ma-rito. È come un nome di famiglia e non significa che sia differen-te. Facciamo della nostra vita ciò che vogliamo — dice, e per lei le tradizioni di nobiltà sono “buo-ne, importanti, belle, e facilitano la convivenza sociale”.

Per selezionare le attrazio-ni esibite dal Mozarteum, sabine lovatelli segue i più importan-ti festival di musica erudita del mondo. E perciò viaggia dalle tre alle quattro volte all’anno. la sua famiglia vive in germania e il ma-rito passa alcuni periodi in Italia. l’elegante contessa ha visitato la città d’origine della famiglia del marito, Ravenna (Emilia-Roma-gna), ma “nessuno abita più là da anni”. secondo lei stanno tutti a Roma, Milano e Firenze.

ItaliaI rapporti di sabine con l’Italia vanno oltre quelli familiari, quan-do si ha a che fare con l’arte. Nel-la storia del Mozarteum i legami d’amicizia con direttori d’orche-stra come Claudio Abbado e Ric-cardo Muti sono stati importanti per farli venire in brasile. E fa sa-pere che per questa stagione l’Or-chestra della RAI era nel program-ma del Mozarteum, ma il concerto ha dovuto essere cancellato “a se-guito della crisi economica”.

— Dall’Italia sono già venuti importanti musicisti della scuola del Maestro Maurizio Pollini. Ed inoltre, spesso i solisti di vari pa-esi sono italiani – segnala.

Nel ruolo di appassionata di musica, sabine cita fra i suoi au-tori preferiti Puccini, Rossini e Verdi. E a parte gli italiani, bee-thoven e Mozart, “è chiaro”, fan-no parte della sua lista:

— la mia sinfonia preferita è la sesta di beethoven, la Pasto-rale, poco suonata nei concerti. Fra le opere, Falstaff, di Verdi, è fantastica.

Sabine Lovatelli, tedesca, ma cittadina italiana, lavora in Brasile per divulgare l’opera classica ed

aumentare il numero dei suoi spettatori

La contessa della musica

musica

TaTiana BuffCorrespondente • são paulo

Foto

s: C

laudio

Cam

maro

ta

42 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 43C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 9

Page 23: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

mais maduros as marcas sobrevi-vem aos seus fundadores. Espero que o brasil caminhe nessa di-reção, afinal, nossos sócios vão querer se aposentar um dia.CI - O que diferencia a InBrands da catarinense AMC Têxtil (Fó-rum, Fórum Tufi Duek, Tufi Duek, Triton, Colcci, Sommer, Carmeli-tas e Coca-Cola Clothing)?GF - O grupo AMC têxtil é hoje maior do que a Inbrands. tra-ta-se de um grupo muito sério e competente. Uma prática que nos difere é que o AMC adquire a integralidade das ações das suas marcas. Nós optamos por atuar em sociedade com os fundado-res. A vida em sociedade envolve mais diplomacia, mais constru-ção de consenso, logo mais tra-balho, mas acreditamos que pre-serva a identidade das marcas. CI - Há espaço para vários gran-des grupos de moda no país?GF - Claro. O mercado é extre-mamente pulverizado. Há espa-ço para aqueles que sabem aliar imagem e desejo a uma logística e gestão eficientes.CI - Em pleno ano de crise econô-mica mundial, a InBrands “com-prou” o Fashion Rio. Não há crise nesse setor no Brasil?GF - É importante ficar claro que a Firjan é a detentora da marca Fashion Rio, que foi apenas li-cenciada à Inbrands. O setor de eventos foi impactado como os outros, não está tão pujante co-mo esteve há um ou dois anos. Estamos muito cautelosos com relação a esta crise que afeta todo o mundo. Focamos na ges-tão do caixa de nossas empresas. Não conseguimos ainda mensu-rar como o brasil será impactado no longo prazo. Esperamos poder ver uma retomada do crescimen-to mundial já em 2010.CI - Sempre houve uma grande rivalidade entre as semanas de moda do Rio e São Paulo. A In-Brands, agora, é dona das duas. Como encara essa situação?GF - Não distinguimos são Paulo de Rio de Janeiro, ou vice-versa. A moda é brasileira. CI - Sempre se disse que não ha-via espaço para duas grandes semanas de moda no Brasil. O que acha disso?GF - Acreditamos que os dois eventos têm vocações diferen-tes, complementares. De fato, não há espaço para duas sema-nas concorrentes.

CI - Há uma especulação de que o Rio faria os desfiles de verão, em junho e São Paulo os de inverno, em janeiro, para unificar essa se-mana de moda que se chamaria Brasil Fashion Week. Isso procede?GF - Não comentamos especula-ções. Assumimos o evento fal-tando seis semanas para a sua re-alização. Nossa primeira tarefa é organizar a primeira edição. Va-mos trabalhar alternativas estra-tégicas em momento oportuno.CI - A InBrands tem interesse pelo segmento infanto-juvenil na moda?GF - As marcas Isabela Capeto e Herchcovitch;Alexandre possuem linha infantil. logo, temos inte-resse sim.CI - Há planos para se criar uma Fashion Kids e estimular uma maior profissionalização desse segmento no país?GF - A moda infantil vai seguir a profissionalização do segmento de vestuário em geral.CI - De todas as grandes semanas de moda internacionais, alguma delas poderia inspirar os próxi-mos passos da InBrands para es-truturar os desfiles do Brasil?GF - As semanas de moda inter-nacionais têm formatos bem dis-tintos e, em geral, são eventos menores do que o sPFW. A equipe da luminosidade cobre todas as semanas de moda, mas vale notar que Paulo borges, o produtor da sPFW, é consultor da semana de londres. Isto é, há muito o que aprender com o brasil também.CI - Como avalia o fato de orga-nizarem desfiles dos quais par-ticipam grifes do próprio grupo?GF - Nossas marcas já desfilam ou desfilaram no sPFW ou Fashion Rio. O mercado nos conhece e

presenciou nosso profissionalis-mo no último evento da sPFW. Não há privilégios.CI - Há uma grande especulação que a InBrands estaria compran-do as grifes da Maria Bonita. Isso procede?GF - Não comentamos especulações.CI - Que estilista internacional mais admira?GF - Não que minha opinião te-nha alguma relevância, mas diria tom Ford, por ter entendido que moda é negócio.CI - Moda é uma indústria e des-file é uma ponta dessa indústria. A ponta inicial está na formação de mão-de-obra. Como o Brasil está nessa ponta? GF - somos carentes de talento em todas as áreas. Precisamos de gestores de produto, de modelis-tas, de boas costureiras. também precisamos muito de bons ad-ministradores, bons vendedores, bons engenheiros, bons conta-dores. Enfim, sobra capital, mas não sobra gente. gente é o maior gargalo para o crescimento.CI - No formato do Fashion Rio, o que o grupo não gostava que já vai mudar?GF - Nas três últimas edições do Fashion Rio, desfilaram mais de

setenta marcas diferentes. Acre-ditamos que um evento se soli-difica com a constância e con-sistência das marcas que nele desfilam. Pretendemos ter um grupo mais coeso. (Ficaram 30 marcas)CI - Em novembro acontece o Rio Summer Fashion. O que pensa do evento?GF - A primeira edição foi mui-to interessante. Isabela Capeto participou e teve uma boa re-percussão. Não há conflito entre o Fashion Rio e ele porque são eventos diferentes.CI - Qual a principal diferença entre a moda feita no Rio e feita em São Paulo?GF - Hoje a moda carioca vive um momento muito interessante, com marcas novas fazendo bas-tante barulho. No entanto, essas empresas ainda não amadurece-ram como negócio. Estão ainda vivendo o primeiro ciclo de cres-cimento. Em são Paulo, há em-presas mais maduras, com mode-los de negócio mais redondos.CI - O seu guarda-roupas acom-panha tendências de moda? Qual é o seu estilo?GF - Prefiro me ater a perguntas sobre o negócio.

CI - Como uma pessoa formada em engenharia metalúrgica es-pecializada em aço se torna o cabeça de uma então nova em-presa voltada para moda? GF - sou engenheiro com pós-gra-duação em Administração de Em-presas. Um perfil bastante tradi-cional no mundo corporativo. Da engenharia, carrego o rigor ana-lítico e a capacidade de estrutu-rar problemas. Confesso que en-trei no setor de moda de pára-quedas. Eu era analista de inves-timentos da Pactual, a oportuni-dade surgiu e eu topei.CI - Como avalia a moda, em ter-mos de indústria, no Brasil?GF - A indústria da moda no bra-sil ainda vive sua adolescência. grandes marcas que despertam enorme desejo de consumo ainda se apóiam em modelos de gestão ineficientes, onde as contas só fecham a custa de informalida-de. Acreditamos que a moda vai amadurecer e seguir o que acon-teceu com outros setores: o go-verno vai intensificar a fiscaliza-ção e a sonegação vai diminuir. CI - Quanto essa indústria movi-menta, por ano, por aqui?GF - Devido à informalidade, não há números confiáveis. O banco de investimentos Merril lynch es-tima que o setor movimente 100 bilhões de reais ao ano no brasil.CI - Qual a meta da InBrands pa-ra 2009?GF - Estimamos um crescimen-to de 10% a 15%, que pode va-riar diante do cenário econômico ainda muito incerto. CI - Como avalia a “tendência” in-ternacional de grandes grupos adquirirem grifes de estilos dife-rentes sem necessariamente ter

à frente o estilista que a criou?GF - Preferimos ter o estilis-ta, o fundador como sócio. No entanto, em mercados

ComunitàItaliana - Como surgiu o interesse da Pactual Partners (fundo de investimentos que deu

origem à InBrands) pela moda?Gabriel Felzenswalb - Acredita-mos que os fundamentos macro-econômicos do brasil favorecem a expansão do consumo. Isso já vem acontecendo e vai continuar. Além disso, o varejo de alta renda no brasil é muito pulverizado em operações de alta qualidade cria-tiva e baixa sofisticação geren-cial. Acreditamos ser possível ge-rar economias de escala e melho-rias na gestão das empresas, man-tendo intacto o que elas já fazem bem: o estilo e o marketing.

entrevista

Em junho, quando acontece mais uma rodada do Fashion Rio (entre os dias 5 e 10) e da São Paulo Fashion Week, (de 17 a 23) muitos estarão disputando a tapa um lugar nas primeiras filas dos desfiles. Que ninguém espere encontrar por ali o anfitrião dos dois eventos. Ao contrário dos que vivem no mundinho da moda, o carioca Gabriel Felzenswalb, de 30 anos, quer distância de flashs e holofotes.

Durante os desfiles, deve ser mais fácil encontrá-lo pelas últimas cadeiras. Se estiver lá, deverá estar de olhos muito atentos. Não nas modelos, mas em oportunidade de negócios. Foi por iniciativa dele que a Firjan, até então, única “dona” do Fashion Rio, se associou à holding InBrands. Também foi por iniciativa dele que a Ellus se tornou a primeira marca do grupo, criado em 2007, no Rio. Na sua carteira de negócios também estão as grifes Alexandre Herchcovitch, Isabela Capeto e 2nd Floor, além da própria São Paulo Fashion Week, onde é parceira da Luminosidade, empresa de Paulo Borges, o executivo dos dois eventos.

Avesso a entrevistas, Felzenswalb aceitou falar com Comunità por e-mail. E deu pistas do que pode vir por aí:

— Acreditamos que os dois eventos (Fashion Rio e SPFW) têm vocações diferentes, complementares. De fato, não há espaço para duas semanas de moda concorrentes.

O dono da bola

sônia apolinário

Felzenswalb: sob seu comando

Fashion Rio tem quase 50%

de redução de marcas nos

desfiles

Fo

tos:

Sh

eila

Gu

ima

rãe

s

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 944 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 45

Page 24: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Guilherme Aquino

MilãO

Veneza artísticaDurante o mês de junho entra em car-

taz, em toda a sereníssima, a bie-nal de Artes. Artistas de todo o mundo, escolhidos por um colegiado de experts montado em vários países, vão exibir as tendências da arte contemporânea. Ins-talações, quadros, esculturas vão ocupar as margens e os canais da cidade. A cura-doria é de Daniel birnbaum e o brasil vai estar presente, entre outras obras, com uma homenagem a lygia Pape, falecida artista brasileira e farol do movimento concretista nacional.

La ScalaSaiu a programação 2009/2010 do teatro.

Quem pretende passar o fim de ano em grande estilo, no inverno milanês, já pode re-servar as entradas para os espetáculos que prometem ser os mais concorridos: a ópera Carmem, de georges bizet, com direção de Daniel baenboim e Serata Bejart, com dire-ção de Daniel Harding, músicas de Mahler e stravinskij, com os bailarinos Roberto bolle e Massimo Murro.

Ajuda oficialDezoito mil pedidos, em poucos meses,

a maioria da cidade de Milão, dão uma ideia do tamanho da crise econômica e as su-as consequências. O plano de ajuda da pro-víncia de Milão, alzare la testa (levantar a cabeça), colocou à disposição das famílias e empresas 25 milhões de euros. O auxílio a empresas foi dado àquelas que empregaram trabalhadores, entre idades de 25 e 45 anos, por tempo indeterminado, sem contratos temporários. Já para as famílias, a ajuda foi para pagar a prestação da casa própria, a cre-che e/ou a escola dos filhos, além de assis-tência aos idosos. A crise econômica coloca em movimento uma rede de apoio concreto, traduzido em depósito de recursos em conta corrente, por parte da instituição pública, no caso, a província de Milão. Exemplos como estes se multiplicam em toda a Itália para ajudar quem esta em dificuldade financeira.

David e GoliasMilão declara guerra aos chamados eco-

monstros. Num tranquilo e universitário bairro, com casas ainda do começo do século passado, Citta Studi, uma aberração de cimen-to urbano está para nascer às margens da lei. Os moradores formaram um comitê para impe-dir a construção de um prédio de 16 andares - 8 além do máximo permitido - na via boti-celli. A desculpa de abrigar 800 estudantes e professores não convence os vizinhos, preo-cupados com o impacto ambiental. Eles estão desconfiados das “boas intenções” do empre-endimento, diante do preço previsto para os alugueis: cerca de 800 euros, por mês.

Cerca de 25 mil empresários estrangeiros atuam na província de Milão. Uma em cada doze pessoas jurídicas imigrantes no país e uma em cada seis empresas em toda a Itália monta base na cidade. Em quatro de cada cinco casos se tratam de

pessoas extracomunitárias. A construção civil e o comércio são os setores que respondem por mais da metade dos serviços oferecido pelos “não italianos”. Os egípcios e os chineses lideram a lista das dez comunidades mais ativas, seguidos de romenos, marroquinos, al-baneses, peruanos e equatorianos, na frente ainda de imigrantes de bangladesh, senegal e tunísia, nesta ordem. O aumento de empresas de estrangeiros em Milão cresceu 194% desde o começo do século 21.

Multi-étnicos

Logo na entrada, um pai-nel costura com pedaços de tecido o título Estamos Unidos, feito por Alejandra

Mettler. A exposição Las americas Latinas, Las fatigas del querer, é um mosaico de tudo aquilo que se pode traduzir em arte contempo-rânea recolhida em galerias, mu-seus e ateliês de artistas das três Américas. tudo está reunido, até outubro, no espaço cultural Ober-dan, no centro de Milão.

Os artistas, vivos ou já faleci-dos, exibem obras que vão desde instalações de vídeo, a escultu-ras, quadros, objetos e tapeçarias. Ao todo são 47 cidadãos do brasil, Argentina, Uruguai, México, Cuba, trindad, Venezuela, guatemala e também Itália, Portugal, Holanda e Alemanha. Os europeus não estão ali por engano, mas por reproduzi-rem o olhar estrangeiro sobre a rea-lidade de países latino-americanos.

O fio condutor da exposição é a ideia de arte como expressão máxima do ser humano e como instrumento de denúncia social, política e econômica. Assim, fo-ram parar em Milão as queimadas feitas nas florestas brasileiras ou as guerrilhas em ação em diversos países da América Central. Difícil o espectador não sentir na pele e na emoção o chamado do pa-ís de origem da obra. segundo o curador Philippe Daverio a mostra é um mosaico da produção artísti-ca latino-americana, sem rótulos:

— Os ritmos musicais, as evo-cações poéticas, a literatura que reflete uma realidade complexa e envolvente, os sonhos atingidos pela política e pelo futebol es-tão presentes nas obras. As Amé-ricas latinas, são uns “lugares” convencidos de desempenhar um relevante papel de ator político, numa arte primitivamente polí-

tica. A arte na América latina é franca e mais do que documentar queremos revela-la.

Na exposição, ocupa lugar de destaque a obra de Artur bis-po do Rosário. Nascido em torno de 1910, dele sabe-se apenas, com certeza, o ano de sua mor-te: 1989, no Rio de Janeiro. Fi-lho de escravos, ele foi paciente do instituto psiquiátrico Colônia Juliano Moreira. Com ele, tiras de pano velho e de baixa qualidade, feitas de lençóis do hospital, ga-nharam vida com escritas e cores. Cada tira representa o título de uma Miss (brasil, Cuba, Argenti-na). Usando restos de alumínio, tecidos e linhas, ele construiu uma obra que, segundo um dos organizadores, Jean blanchaert, contém a “elegância que apenas as crianças e os loucos possuem”.

bem ao lado da obra de bi-so do Rosário está uma pequena máscara de carnaval da artista plástica carioca beatriz Milhazes que, recentemente, teve um qua-dro leiloado por mais de um mi-lhão de dólares no mercado inter-nacional. A máscara, de pequenas dimensões, pertence ao Museu de Arte Moderna de são Paulo. Foi feita com técnica mista e causa um grande impacto visual ao re-meter o visitante aos bailes de carnaval dos anos dourados. A ar-tista tem como “companhia” a re-produção de um quadro de tarsila do Amaral (1889-1973), o clás-sico Abaporu, de 1928, pioneira das artes brasileiras e que tanto influenciou a obra de beatriz.

A lista de brasileiros pre-sentes em Milão inclui Farnese de Andrade, Nelson leirner, Vik Muniz, Daniel senise, Alexandre Murucci, Ernesto Neto, José Rufi-no e Divino sobral, autor de um painel em madeira e lã no qual reproduz o “Jardim da Jabutica-beira”, uma das obras de maior dimensão da mostra.

Imagens sensíveis como a de um homem puxando com uma li-nha a América do sul, com a pa-lavra Fragile se alternam com a denúncia da força bruta, armada, como a de um móvel de madeira construído na forma de uma grana-da onde cada estilhaço se abre co-mo uma gaveta. A denúncia con-tra a condição social de opressão da mulher também está presente: um corpo feminino nu aparece co-berto pelas entranhas abertas de um animal morto representado a própria violência sofrida.

Difícil sair indiferente depois de tantas mensagens de bele-za, de raça, de lutas e batalhas por uma melhor qualidade de vi-da. Mais do que uma exposição de artes plásticas, o evento joga luz para uma parte do nosso plane-ta, muitas vezes ignorada e pouco valorizada.

artes plásticas

Com a participação de 11 brasileiros, exposição em Milão chama a atenção para a arte contemporânea feita na América Latina

Múltiplas falas

Guilherme aquinoCorrespondente • Milão

A exposição Las Americas Latinas, Las fatigas del querer estará

até outubro no espaço cultural Oberdan, em Milão

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 946 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 47

Page 25: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Una bella gaúcha

La rappresentante italo-brasiliana che concorre questo mese al titolo di Miss Italia nel Mondo è di Alegrete, all’interno del Rio Grande do Sul

nayra Garofle

La nuova Miss Italia brasile, Osyane Pilecco, ha 17 an-ni, è alta 1,72 m e pesa 55 kg. Il concorso che sceglie

le più belle italo-brasiliane si è svolto il mese scorso, al Circolo Italiano di são Paulo. Adesso lei si prepara a difendere il paese al

Miss Italia nel Mondo, e la finale sarà realizzata il 27 a Venezia.

Nata ad Alegrete, a circa 500 chilometri da Porto Alegre, nel Rio grande do sul, Osyane non andrà da sola in Italia. secondo l’organizzatore dell’evento bra-siliano, Kadu lopes, dato che il

paese concentra una delle più numerose colonie italiane del mondo – circa 30.000.000 di di-scendenti – il brasile ha il privi-legio di poter presentare tre rap-presentanti al concorso italiano.

E così disputeranno il titolo della più bella discendente ita-liana del mondo anche Nayara bombonatti, di sertãozinho (sP), eletta Miss Italia Amazônia, e Alessandra Reginato di Medianei-ra (PR), la Miss Italia sul América.

Il brasile partecipa al Miss Italia nel Mondo da 19 anni e l’unica esigenza è di attestare la discendenza italiana fino alla quinta generazione.

Quest’anno il concorso ha avu-to la partecipazione di 25 candi-date selezionate in nove stati bra-siliani: Rio grande do sul, santa Catarina, Paraná, são Paulo, Mato grosso, Minas gerais, goiás, Rio de Janeiro e Espírito santo.

Osyane afferma di non aver mai lavorato come modella. Rac-conta che l’hanno invitata a par-tecipare al concorso dopo che, l’anno passato, un organizzatore, nella fase della selezione statale, la vide durante la disputa per il titolo di Miss Conesul.

Ha ereditato l’origine italiana dal lato paterno: i trisavoli era-no di trento, al nord dell’Italia. la giovane ragazza si sta preparando dall’inizio dell’evento, principal-mente per quanto riguarda l’idioma.

— saper parlare l’italiano non è obbligatorio, ma credo che sia una cosa utile perché dovre-mo rilasciare delle interviste. Per ora mi sto dedicando abbastanza allo studio della lingua. sto an-che seguendo una dieta alimen-tare, faccio ginnastica, prendo lezioni di danza e di espressione corporea — ci rivela.

Per dedicarsi al concorso, la ragazza di Alegrete ha sospeso la

facoltà di Estetica e Cosmetica e pensa soltanto al viaggio in Italia.

— Questo semestre non avrei avuto tempo di studiare dovuto alla tappa brasiliana. sto appro-fittando molto di questo momen-to, e di tutto quello che può ap-parire di buono. Per ora non vo-glio pensare al domani — rac-conta Osyane, che parte il 10.

Ci dice che il suo obiettivo è “raggiungere il miglior risultato possibile” e si lamenta del fatto che, l’anno scorso, la principale rappresentante brasiliana, Rena-ta Marzolla, non si sia classifica-ta tra le prime 25.

se nel 2008 il brasile non ha raggiunto un buon risultato, non si può dire la stessa cosa della “raccolta” del 2007. Allora la gio-vane taisy Dalla libera, della città di Medianeira, che è l’attuale Miss Italia sul América, ha conquista-to il terzo posto. E nel 2006, la fascia di Miss Italia nel Mondo è stata della brasiliana Karina Mi-chelin, di botucatu, nello stato di são Paulo. la giovane concor-reva come Miss Italia Amazônia, e ha vinto sulla Miss liechten-stein, Dahlia Ferrazo. Michelin è poi diventata una delle presenta-trici del programma Markette, nel-la principale rete privata della te-levisione italiana, la rete lA 7, e continua a vivere in Italia.

le vincitrici della tappa brasi-liana ricevono gioielli e vestiti ol-tre a viaggi e soggiorni, che sono offerti per partecipare alla tappa mondiale. la vincitrice del concorso Miss Italia nel Mondo ha come pre-mio, a parte la corona, un valore in denaro, un’automobile ed un con-tratto esclusivo con una marca di moda italiana. E se ha fortuna può seguire lo stesso percorso di Karina Michelin. la grande finale mondiale sarà trasmessa dal vivo su RAI UNO, il 27 giugno alle ore 20.00.

Nayara Bombonatti, Alessandra Reginato e Osyane Pilecco

Os motores roncam com a mesma intensidade de dé-cadas atrás. Mais precisa-mente, entre anos 20 e 50.

E se colocam à prova na mais bela corrida do mundo, segundo as pa-lavras do mítico Enzo Ferrari: a Mil Milhas, brescia-Roma-brescia. O evento, criado em 1927, continua a encantar o mundo do automobi-lismo. Esse ano, foram 377 partici-pantes provenientes de 30 países. O carro mais antigo saiu da fábrica em 1923 e o mais novo em 1957.

Os cerca de 1600 km são per-corridos em três dias. A largada, no centro de brescia, na noite de 14 de maio, transformou a roti-na da cidade. As ruas estreitas do centro histórico foram ocupadas pelas baratinhas de corrida dos anos dourados da indústria auto-mobilística. As calçadas se trans-formaram em passarelas para os pilotos e co-pilotos, vestidos co-mo na época da produção de seus “bólidos”. Alguns exibem, orgu-lhosos, velhas bússolas.

Ao longo do trajeto, são 39 paradas estratégicas para almo-çar, jantar, dormir e, claro, mar-car o tempo de cada trecho. No somatório final, é aplicado um

coeficiente variável: ano do car-ro, cilindradas e se o veiculo é ou não um veterano da Mil Milhas.

Verdade seja escrita: apesar de muitos carros serem de ga-ragem, de colecionadores, al-guns até alugam os veículos para quem quiser participar da prova. Um dos pré-requisitos básicos pa-ra correr a Mil Milhas é a boa con-dição de dirigibilidade e origina-lidade das peças. Os candidatos devem ainda apresentar os docu-mentos históricos dos carros. Da saída da fábrica ao último pro-prietário, tudo deve estar em or-dem. O “pedigree” do automóvel tem que ser impecável. A inscri-ção custa 18 mil reais. Os veícu-los estão avaliados, no mínimo, em cem vezes mais do que isso.

Mais do que uma verdadeira corrida, a Mil Milhas se tornou um agradável passeio turístico, com toda a infra-estrutura neces-sária para ninguém ficar a pé. A não ser que o motor pegue fogo, como aconteceu minutos antes da largada com uma Ferrari, ou que um carro não faça bonito e deixe a pé ilustres participantes como o prefeito de Moscou, Yuri luzkhov, que nem deu a largada.

bólidos de marcas famosas e ainda atuais como Fiat, lancia, Ferrari, Porsche e Mercedes ali-nhavam-se com aquelas que já ti-veram o seu passado glorioso co-mo triumph, Osca, OM, Ermini e Cisitalia. Isso sem falar em ben-tley, Jaguar e Aston Martin, mar-cas de carros construídos com ele-vado padrão de qualidade, no qual o artesanato ainda tinha um papel relevante no processo industrial.

Um Jaguar XK120 foi feito to-talmente em alumínio e chega a uma velocidade de 160km/h. O problema é o limite de 90 km/h nas rodovias estaduais. Na auto-estra-

da italiana, o piloto pode afundar o pé até os 130 km/h, mas os car-ros históricos não vão por ali. Por isso, o recorde da competição não será tão cedo batido. Ele pertence a stirling Moss no volante e De-nis Jenkison como co-piloto. Em 1955, a Mercedes “voou” baixo a 157,650 km/h. O segredo de tanta velocidade foi a perfeita harmonia entre o piloto e o navegador.

se os carros daquela época fo-ram ultrapassados, com o tempo, o mesmo não se pode dizer dos cenários por onde “correm”. De brescia eles seguem para Ferrara. De lá para Roma. Em seguida, cru-zam a toscana, passam pela ter-ra dos motores, em Emília-Roma-nha e entram na lombardia para a bandeirada final.

A primeira edição da corri-da contou com a participação de 67 escuderias. A dupla vencedo-ra completou a prova com a me-dia horária de 77 km/h e transfor-mou a corrida num grande suces-so de público. Ainda hoje, os ita-lianos se debruçam nas varandas e vão para os acostamentos para ver os carros passarem. Muitos soltam uma fumaça danada. Afinal, são de um período no qual a preocupação com o meio ambiente era ficção científica. Em nome dos ambien-talistas de plantão, a organização adotou nove mil hectares do Par-que Nacional do ticino, “zerando” assim a emissão de CO2 durante to-da a competição. Este ano, depois de 12 anos de jejum, os vencedores foram uma dupla de brescia: bruno e Carlo Ferrari, a bordo de um bu-gatti 1927. Quer dizer, eles chega-ram em primeiro lugar. Afinal, ven-cedores são todos os que comple-taram a corrida sãos e salvos e com os carros em perfeito estado.

Mil Milhas mantém a charmosa tradição de corrida de carros antigos pela Itália

Baratinhas voadoras

Guilherme aquinoCorrespondente • Milão

automobilismobellezza

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 948 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 49

Page 26: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Consulado Geral da ItaliaRio de Janeiro

REFERENDOS PARA A REVOGAÇÃO DE ALGUNS ARTIGOS E INCISOS DO DECRETO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA N. 361 DE 30 DE MARÇO DE 1957 E DO DECRETO LEGISLATIVO

N.533 DE 20 DE DEZEMBRO DE 1993

I quesito: Prêmio de maioria para a lista mais votada – CâmaraII quesito: Prêmio de maioria para a lista mais votada – SenadoIII quesito: Revogação das candidaturas múltiplas

Os cidadãos italianos residentes no exterior e algumas categorias de concidadãos temporariamente residentes no exterior, abaixo especificadas, poderão votar nos referendos revogadores nos dias 21 e 22 de junho.

O voto nos citados referendos é expresso pelos cidadãos residentes e inscritos no AIRE (Registro dos Italianos Residentes no Exterior) exclusivamente por meio de correspondência nos Países, como o Brasil, com os quais o Governo italiano estabeleceu acordos específicos e cujo elenco está disponível no site www.esteri.it. Nos Países onde não ocorreram tais acordos os eleitores residentes e inscritos no AIRE não poderão votar por correspondência e, portanto, para votar, deverão dirigir-se à Itália com direito à reembolso de 75% do custo da passagem mediante apresentação da relativa documentação ao Consulado de competência.

Também poderão votar por correspondência os cidadãos italianos temporariamente residentes no exterior, tais como militares ou pertencentes às forças de polícia em missão internacional, funcionários da administração pública por motivos de serviço, professores universitários bem como seus familiares conviventes. A possibilidade de votar na Itália com o benefício do reembolso não abrange esta categoria de pessoas, pois estas poderão votar também nos Países com os quais o Governo italiano não estabeleceu acordos específicos.

Os eleitores permanentemente e temporariamente residentes no exterior receberão do Consulado de competência, no próprio domicílio, um envelope contendo as cédulas e as instruções sobre as modalidades de votação.

O eleitor que não receber o envelope eleitoral até o dia 7 de junho poderá se apresentar ao Consulado de competência para verificar a sua situação eleitoral.

O eleitor que se encontra residindo temporariamente no exterior e não pertence a nenhuma das três categorias acima indicadas poderá votar nos referendos somente na Itália junto às sessões instituídas pelo próprio Município.

Concluídas as operações, as cédulas votadas pelos italianos residentes no exterior e recebidas pelos Consulados até às 16:00 hs de 18 de junho de 2009 serão remetidas para a Itália, onde terá lugar o escrutínio sob os cuidados do “Departamento Central para a Circunscrição Exterior” instituído pelo Tribunal Superior de Roma.

O Cônsul Geral da Itália Umberto Malnati

Consolato Generale d’ItaliaRio de Janeiro

REFERENDUM ABROGATIVI DI ALCUNI ARTICOLI E COMMI DEL D.P.R. 30 MARZO 1957, N. 361 E DEL DECRETO LEGISLATIVO 20 DICEMBRE 1993, N. 533

I Quesito - Premio di maggioranza alla lista più votata - CameraII Quesito : Premio di maggioranza alla lista più votata - SenatoIII Quesito: Abrogazione candidature multiple

I cittadini italiani residenti all’estero e alcune categorie di connazionali temporaneamente all’estero, come meglio specificato oltre, possono votare per i referendum abrogativi del 21 e 22 giugno prossimo.

Il voto per i referendum dei cittadini residenti ed iscritti all’AIRE (Anagrafe degli Italiani Residenti all’Estero) si esprime esclusivamente per corrispondenza negli Stati, tra cui il Brasile, con i quali il Governo italiano ha concluso apposite intese il cui elenco è pubblicato sul sito www.esteri.it. Negli Stati dove tali intese non sono state concluse gli elettori residenti ed iscritti all’AIRE non potranno esercitare il voto per corrispondenza e pertanto, per votare, dovranno recarsi in Italia avendo diritto al rimborso del 75% del biglietto di viaggio presentando la relativa documentazione al Consolato di competenza.

Anche i cittadini italiani temporaneamente all’estero come militari o appartenenti a forze di polizia in missione internazionale, come dipendenti di amministrazioni pubbliche per motivi di servizio ovvero come professori universitari ed i loro familiari conviventi potranno esprimere il voto per corrispondenza. La possibilità di recarsi a votare in Italia usufruendo del rimborso non riguarda questa tipologia di elettori in quanto, tali categorie, potranno votare anche negli Stati con i quali il Governo italiano non ha concluso apposite intese.

Gli elettori residenti e temporanei all’estero riceveranno a domicilio, da parte del Consolato di riferimento, il plico elettorale contenente le schede e le istruzioni sulle modalità di voto.

Chi non ricevesse il plico elettorale entro il 7 giugno, potrà recarsi di persona all’Ufficio consolare di riferimento per verificare la sua posizione elettorale.

Chi si trovi temporaneamente all’estero e non appartenga alle tre categorie sopraindicate, puo’ votare per i referendum solamente recandosi in Italia per esprimere il voto presso le sezioni istituite nel proprio Comune.

Concluse le operazioni, le schede votate dagli italiani residenti all’estero pervenute ai Consolati entro le ore 16,00 del 18 giugno 2009 saranno trasmesse in Italia, dove avrà luogo lo scrutinio a cura dell’Ufficio Centrale per la Circoscrizione Estero istituito presso la Corte di Appello di Roma.

Il Console Generale Umberto Malnati

Consulado Geral da Itália - Av.Presidente Antonio Carlos, 40 - CEP 20020-010 - Rio de Janeiro - RJ(005521) Tel. 3534.1315 / Fax: 22626348 - www.consriodejaneiro.esteri.it

Consulado Geral da Itália - Av.Presidente Antonio Carlos, 40 - CEP 20020-010 - Rio de Janeiro - RJ(005521) Tel. 3534.1315 / Fax: 22626348 - www.consriodejaneiro.esteri.it

Page 27: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Se no brasil, o tênis não soube aproveitar a sua época áurea com gusta-vo Kuerten, o guga, pa-

ra manter grandes resultados, o mesmo não se pode dizer da natação. Depois do ouro em Pe-quim, nos 50 m livres do ítalo-brasileiro César Cielo, houve um verdadeiro turbilhão nas piscinas nacionais. Recordes e excelen-tes resultados de fazer inveja a muitos “tubarões” tornam o país respeitado e com chances de vol-tar do 13º Mundial de Esportes Aquáticos com razoável número de medalhas. O evento será reali-zado em Roma, de 19 de julho a 2 de agosto.

A constelação das piscinas co-meça pela estrela maior, o único campeão olímpico da história da natação brasileira. Com a convic-ção de quem sabe do que é capaz, Cielo diz à Comunità, sem qual-quer sombra de arrogância, qual será o seu objetivo no evento:

— Vencer. tocar a parede pri-meiro do que todos. Não importa se será com recorde ou não.

César é detentor do recorde olímpico de 21s30, marca com a qual venceu em Pequim. O recor-de mundial foi batido pelo fran-cês Frédérick bousquet, no últi-mo 26 de abril, em Montpellier, na França, que nadou em 20s94. Cielo acredita que, em Roma, po-derá fazer um tempo melhor do que o do francês e prevê que o brasil deve trazer para casa “qua-tro ou cinco medalhas”.

Não é apenas na prova na qual é campeão olímpico que Cielo vai competir no Mundial. Nos 100 metros livres, ele venceu o troféu Maria lenk, o campeo-nato brasileiro disputado no Rio em maio, com 47s60, resultado melhor ainda do que na medalha de bronze (47s67) conquistada na última Olimpíada. Além dos

50m e 100m livres, ele também pretende nadar os revezamentos 4x100m livres e 4x100m med-ley no Mundial. Ele também está classificado para os 50m borbo-leta.

Paulista de santa bárbara do Oeste, 22 anos, bisneto de italia-nos tanto por parte de pai co-mo de mãe, Cielo está em busca do passaporte italiano, mas não pretende morar na Itália. A fa-mília paterna, de onde vem seu

sobrenome Cielo, é originária de treviso; a materna (Valerio), de Veneza. Além do português, o atleta fala inglês - é radicado em Auburn, no estado norte-ameri-cano do Alabama - e o espanhol. Já a língua dos seus bisavós, ele não domina. Mesmo tendo uma experiência na Itália, em 2007, ao treinar e competir pelo Ispra, clube do município de mesmo nome, da Província de Varese, na região da lombardia:

— tento conseguir o passa-porte para ter mais facilidade pa-ra viajar, sem precisar requisitar vistos. gostei muito de Milão, onde participei de competição da Armani. A cidade me lembra são Paulo. Na Itália, me agrada-ram principalmente os restauran-tes. A cozinha de lá é leve, fácil de digerir. também nadei em tre-viso, gênova e Viareggio.

Na Universidade de Auburn, Cielo disse que tem todas as con-

dições de treinamento, embora o lugar ideal para morar seja outro:

— lá é difícil sair da rotina de atleta. Há toda a estrutura neces-sária para competir, para descan-sar. Porém, o lugar ideal para viver é no brasil. Não é preciso neces-sariamente sair do país para obter bons resultados. Praticamente só eu e o Henrique barbosa, radicado na França, treinamos no exterior. O Felipe França, que é recordista mundial, treina no brasil.

Foi França quem também bri-lhou no troféu Maria lenk ao ba-ter o recorde mundial, nadando as eliminatórias dos 50m peito em 26s89.

— O brasil está entre os três países do mundo que mais evoluí-ram na natação, juntamente com Austrália e Rússia. Os Estados Uni-dos não contam porque sempre es-tiveram no topo — informa Felipe França. — Há mais ajuda financeira. só vou para fora do brasil se o meu técnico, Arílson soares, for junto.

França nada pelo Pinheiros, mesmo clube pelo qual Cielo com-pete quando está no brasil. Além dos dois, Henrique barbosa é ou-tra esperança de medalha brasi-leira no Mundial. No troféu Maria lenk, também pelo Pinheiros, ele obteve o segundo melhor resul-tado do mundo na história tanto nos 100 m (59s03) quanto nos 200 m (2m08s44), ambos no na-do peito. Com essas marcas, ele se aproximou dos recordes mun-diais do japonês Kosuke Kitajima - 58s91, nos 100 m e 2min07s51, nos 200 m.

thiago Pereira vai ser mais um nome importante do brasil no Mundial. Ele ganhou a meda-lha de ouro nos 400 m medley na etapa de Charlotte do grand Prix dos Estados Unidos, com 4m16s19, recorde da competi-ção, em 15 de maio. Na mesma data, Pereira foi bronze nos 100 m peito, com tempo de 1m02s46, atrás dos norte-americanos Mark gangloff (1m00s18) e Erik shan-tou (1m00s63).

Foro Itálico O coração do 13º Mundial de Es-portes Aquáticos será o Foro Itá-lico, com quatro piscinas perma-nentes e duas provisórias. lá se-rão disputadas não apenas pro-vas de natação como também de pólo aquático, saltos ornamen-tais e nado sincronizado. A nata-ção em águas abertas está marca-da para Ostia, localidade de mar que faz parte do município de Ro-ma, embora afastada da cidade.

A organização do evento es-pera receber um público de 400 mil pessoas. Duzentas nações e 2.800 atletas participarão do evento. O nome mais aguardado do campeonato é Michael Phelps. O norte-americano, que ganhou oito medalhas de ouro na Olim-píada de 2008, voltou em maio às competições de natação. Ele ficou três meses suspenso por uso de maconha. Com isso, ficou ao todo nove meses afastado das piscinas, incluindo a parada após os Jogos de Pequim.

À exceção da natação em piscina, as melhores chances de medalha do brasil estão nas ma-ratonas aquáticas. Ana Marcela Cunha, nos dez quilômetros, e Poliana Okimoto, que nadará tan-to os cinco como os dez mil me-tros, têm boas chances na nata-ção em águas abertas no mar de Ostia. Nos saltos ornamentais, al-guma esperança para César Castro no trampolim de três metros.

Nadadores italianos têm bo-as chances de trazer medalhas do Mundial nas piscinas, entre os quais Filippo Magnini (100m livres), Federica Pellegrini (100, 200, 400m livres), Alessia Filip-pi (800, 1500m livres). Em águas abertas, Valerio Cleri, nos 10km, está entre os melhores. tania Cagnotto pode subir ao pódio

nos saltos ornamentais em tram-polim de três metros. A equipe masculina de pólo aquático da Itália, conhecida como Sette-bello é uma das favoritas para ganhar medalha.

O Mundial na Itália será o primeiro a ser realizado após a Federação Internacional de Nata-ção (Fina) ter divulgado a lista de maiôs aprovados para serem usados pelos atletas. Muitos dos recordes atuais são atribuídos a essas peças de alta tecnologia que reduzem o atrito do atleta com a água. A marca do brasilei-ro Felipe França, no troféu Ma-ria lenk, por exemplo, foi obti-da com a ajuda de um maiô que agora está proibido. Já o usado por César Cielo, no mesmo even-to, está permitido.

A Fina aprovou 202 trajes, reprovou dez e exigiu modifica-ções em outros 136. Esses mai-ôs custam em média 600 euros. Os modelos aprovados receberão suas etiquetas da Fina em Roma. Assim, todos os trajes usados pe-los nadadores no evento passa-rão por uma inspeção.

O lZR-Racer, da speedo, de-senvolvido pela Nasa, a agên-cia espacial norte-americana, é um dos aprovados. Esse maiô foi usado em 27 quebras de recorde mundial e foi uma das sensações das Olimpíadas de Pequim em 2008. Nos últimos 15 meses, 126 recordes foram batidos como au-xílio de maiôs. O brasileiro Cesar Cielo costumava usar dois maiôs: um X-glide (reprovado) e um Are-na Evolution (aprovado). Foi com esse último que ele bateu seu re-corde no troféu Maria lenk. Por isso, ele se diz tranquilo em rela-ção às novas regras da Fina. se-gundo Cielo, nada vai mudar para ele. Nem o maiô.

Medalhas na água

Natação brasileira vai forte para o Mundial a ser disputado em Roma

mauríCio Cannone

esporte

Frederick Bousquet

Ao lado, César Cielo. Abaixo, Felipe França. Todos competem pelo Pinheiros

Henrique Barbosa, assim como Cielo, treina no exterior

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 952 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 53

Page 28: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

La storia sui muriPer questa volta, ma solo per questa non

li troverete attaccati sui muri: sto par-lando dei manifesti pubblicitari, grandi pro-tagonisti della mostra “grand tour in tosca-na, la storia sui muri”. È un viaggio molto originale di oltre un secolo, tra fine ottocen-to e inizi anni duemila, tra cartelloni pro-pagandistici di prodotti o località della to-scana firmati dai grandi artisti come Puppo, Cappiello e borgoni. Promossa dalla Regione toscana, l’esposizione esordirà a Marina di Massa (dal 23 luglio al 30 agosto) per trasfe-rirsi poi a Chianciano terme (fino al 9 otto-bre). Ingresso libero.

Il fasto e la ragioneFino al 30 settembre il Polo Museale Fioren-

tino presenta la mostra dedicata all’arte del settecento a Firenze. Il XVIII secolo per Firenze, dopo i fasti dell’epoca rinascimentale e medicea (quest’ultima durò fino al 1743), fu un periodo che risultò essere molto proficuo sotto il pun-to di vista della politica internazionale. la cit-tà rinascimentale per eccellenza divenne così meta obbligatoria del “Grand tour” dei rampolli dell’alta nobiltà europea. Con più di 120 opere tra sculture, dipinti e arredi, l’esposizione offre uno spaccato degli stili e dei gusti che vanno dal tardo barocco al neoclassicismo. Presso la galleria degli Uffizi, Ingresso 6,50 euro.

Nello splendido scenario dell’Abbazia di san galgano, vicino siena, il gior-no 17 luglio alle 21.00 sarà possibile

assistere al bolero di Ravel e Carmina burana di Orff. Il monastero di san galgano fu con-sacrato nel 1268 e dopo periodi di alterno splendore si ridusse alla fine del settecento ad un rudere ascetico con un’alta spirituali-tà e misticità. si tratta di una cattedrale a cielo aperto, soltanto riparata dai muri late-

rali che scaraventano lo spettatore in un im-maginario spazio-tempo medievale in cui la magia prende possesso della notte creando un fantastico incantesimo di altri tempi. se a tutto questo si aggiunge la vibrante ener-gia del bolero di Ravel e di Carmina burana di Orff, la serata è servita! saranno circa 800 posti. Nell’abside sarà posto il palcoscenico mentre nella navata centrale la platea del pubblico. Ingresso da 28 a 37 euro.

Ravel e Orff a San Galgano

Museo dell’EmigrazioneSono più di 70 milioni gli italiani sparsi in

tutto il mondo, frutto del processo emi-gratorio a partire dalla seconda metà del XIX secolo. la Fondazione Cresci di lucca ha vo-luto rendere omaggio a tutti coloro che con sudore e lacrime hanno abbandonato il paese natale verso nuovi lidi. Per chi non lo sapesse la provincia di lucca ha registrato il più alto numero di migranti che si sono spostati ver-so stati Uniti, brasile e Argentina. l’Archivio della Fondazione propone migliaia di docu-menti, fotografie, lettere e passaporti come anche una parte interattiva e multimediale con filmati Rai e interviste. Per il visitatore sarà inoltre possibile effettuare delle ricerche sul proprio albero genealogico mediante stru-menti informatici. Aperto tutti i giorni tranne il lunedì. Info: www.fondazionepaolocresci.it

I marmi ViviFirenze, dopo il Paul getty Museum di

los Angeles, rende omaggio a gian lorenzo bernini con la mostra “I marmi vivi e la nascita del ritratto barocco”. Ri-spetto a quella americana, l’esposizione fiorentina pone l’accento sui ritratti gio-vanili riconducibili a prima del 1640 ed

è divisa in due spazi: I ritrat-ti parlanti, e Il Bernini ritrat-tista: l’esor-dio e l’ascesa. I ritratti scol-piti vennero concepiti nel cinquecento come “sta-te portrait”, ossia la raffi-gurazione di personalità istituziona-li e illustri da ricordare come esem-

pi pubblici per le loro azioni virtuose. la grandezza di bernini sta nel fatto di uscire dalla rappresenta-zione di queste immagini severe, fredde e distaccate e di passare a scolpire figure che sembrano animarsi e addirittura col-loquiare con il visitatore; nascono così i “ritratti parlanti”. Ingresso 7 euro. Mu-seo del bargello, Firenze.

Giordano Iapalucci

FiRENzE

Os p

rodu

tos

men

cion

ados

est

ão d

ispo

níve

is n

o m

erca

do it

alia

no.

Foto

s: D

ivulg

açã

o

italian style

Para os amantes do verde

A marca italiana giò style acaba de criar uma linha de eletrodomésticos em verde e branco que é uma graça.

liquidificador por € 19,90, batedeira por € 34,90, Cafeteira e processador

por € 29,90 cada e até uma balança digital por € 17,90. Uma cozinha

cheia de funcionalidades e um charme à parte com os

eletrodomésticos combinados.www.giostyle.com

Beleza na cozinha Utilidade e elegância combinam perfeitamente neste belíssimo forno microondas, feito todo em aço inox

e eleito há muitos anos o melhor amigo daqueles que gostam de comodidade. A marca é giò style.

Capacidade: 23 litros. € 159,90 www.dmail.it

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 954 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 55

Page 29: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

conservava sua cultura e história datadas a partir de 1875.

— Com recursos do Hotel Dall’Onder algumas casas foram restauradas e passaram a receber visitação. O primeiro grupo or-ganizado de turistas veio de são Paulo e foi recebido na Cantina strapazzon em 30 de maio de

1992 — recorda Nestor Foresti, secretário executivo da Associa-ção Caminho de Pedras.

Fundada em 10 de julho de 1997, com apoio do serviço brasi-leiro de Apoio ao Empreendedor e ao Pequeno Empresário (sebrae), a Associação tem como objetivo a preservação da rota, bem como a projeção de iniciativas que re-velem o patrimônio existente no local, da arquitetura ao folclore, passando pela língua e a arte.

O projeto é considerado pio-neiro no que diz respeito ao tu-rismo rural e cultural do país e recebe por ano cerca de 50 mil visitantes. são mais de 70 edifi-cações em pedra, madeira e alve-naria dispersas num raio de nove quilômetros. Atualmente, a Asso-ciação Caminhos de Pedra conta com cerca de 60 associados. O trajeto inclui ainda a linha Pal-meiro, na parte que pertence ao município de bento gonçalves, mas a ideia é expandir o proje-to até à cidade de Caxias do sul, passando por Caravaggio.

— O avanço da cidade de bento gonçalves sobre a zona rural e o adensamento popula-cional de toda a área de abran-gência dos Caminhos de Pedra, com a consequente especula-ção imobiliária, tem ameaçado a preservação desse sítio histó-rico. Esta nova lei confere uma proteção especial à área. Afinal, não basta proteger os bens imó-veis. Faz-se necessário proteger também o seu uso racional, bem como o entorno peculiar que os caracterizam, fruto da relação do imigrante italiano com o ambien-te local que foi a mola propulso-ra de todo o desenvolvimento da serra gaúcha — salienta Foresti.

No meio do Caminho, um presídiosegundo a Associação Caminhos de Pedra, 150 famílias sobrevi-vem direta e indiretamente do turismo na localidade. Com do-ze casas abertas à visitação, a região alia à microeconomia a produção de itens como queijo de leite de ovelha, que recorda o processo toscano; o vinho com uvas trazidas da Itália na época da imigração e a manutenção de grupos artísticos que se apresen-tam dentro e fora do município.

Por conta de tudo isso, a Asso-ciação discorda de um projeto do governo do estado para a constru-ção de um presídio numa área dos Caminhos, desapropriada pela pre-feitura de bento gonçalves.

— Denunciamos ao Ministé-rio Público e esperamos que com a nova lei o governo desista des-sa idéia de trazer o presídio para cá. seria um corpo estranho nes-sa paisagem e acreditamos que existem outros lugares mais pro-pícios para tal iniciativa — argu-menta Foresti.

Diretor do Departamento de Planejamento, Projetos e Convê-nios da secretaria da segurança Pública do Rio grande do sul, o delegado Antônio Carlos Padilha afirma que o aumento da crimi-nalidade na região justificaria a implantação da unidade prisional no município.

— O terreno já foi desapro-priado pelo município, em 2008, e sua posse transferida ao Esta-do. Portanto, a obra da peniten-ciária será realizada naquele lo-cal. O projeto segue seu curso normal. O Estudo de Impacto de Vizinhança foi entregue à admi-nistração municipal para análise e aprovação. Paralelamente a is-so, está sendo contratada uma empresa para a realização da sondagem de solo da área desti-nada à construção do empreendi-mento penitenciário.

Após a sondagem, segundo o delegado, o projeto será adequa-do pela secretaria de Obras Públi-cas e enviado à Caixa Econômica Federal para análise e liberação para a realização de procedimen-to licitatório:

— O valor disponibilizado para a obra é de 11 milhões de reais (80% da União e 20% do Estado). A capacidade será de 336 presos. Pelo cronograma, fi-cará pronto em um ano.

HistóriaFoi às margens do arroio barracão que, a partir de 1870, a Comissão de Colonização e terras do gover-no Imperial do brasil instalou-se para demarcar os lotes de terras da linha Palmeiro. Formava-se ali, a maior de todas as linhas da co-lonização italiana, com 200 lotes de 48,4 hectares cada. No final de 1875, o barracão descrito no livro assim vivem os italianos (de Arlin-do battistel e Rovilio Costa) co-mo “uma alta construção de um só plano e mal vedada, com longas taquaras pregadas na parede, ho-rizontalmente, e cobertas de barro e folhas” –, começou a receber e hospedar provisoriamente as pri-meiras levas de imigrantes.

Ali eles recebiam seus lotes, algumas ferramentas, sementes e outros utensílios. Isso, porém, só acontecia após uma longa espera que podia chegar a diversos me-ses. Os colonos eram cadastrados e tudo o que recebiam, inclusive a terra, era-lhes lançado como dí-vida com o governo Imperial que deveria ser quitada no prazo de 10 anos. tudo foi planejado para que o local fosse a sede da colô-nia Dona Isabel. Porém, em 1876, não se sabe bem os motivos, a Comissão de terras transferiu-se das margens do arroio barracão

para o alto do morro, na Cruzi-nha, sob um pinhal onde hoje é o centro de bento gonçalves.

Em um relatório assinado em 1905, o agente consular italiano luigi Petrocchi constatou que a sede da nova Colônia Dona Isa-bel, (hoje bento gonçalves), “foi traçada em 1875, em um vale en-tre dois cursos d’água, num local baixo, próximo ao barracão dos imigrantes, e chamada então de cidade branca, devido às tendas feitas de lençóis”.

O local foi a porta de entrada dos colonos assentados na linha, que inicialmente não passava de uma picada tortuosa no meio da mata tentando acompanhar uma linha reta imaginária. O nome Palmeiro foi dado em homenagem ao Major Engenheiro José Maria da Fontoura Palmeiro, responsá-vel pelos assentamentos nas ter-ras do governo Imperial. Como os lotes eram grandes, normalmente eram assentadas duas famílias por lote, uma em cada extremidade.

O visitante que ingressar nos Caminhos de Pedra pelo barracão estará, pois, utilizando a mesma porta de entrada dos primeiros imigrantes italianos, revivendo as mesmas sensações dos recém-che-gados, através das histórias conta-das pelos seus descendentes.

do município de bento gonçal-ves, realizado no ano de 1987. Na ocasião, constatou-se que são Pedro - composto pelas comu-nidades são Pedro, são Miguel, barracão, são José da busa, Cru-zeiro, santo Antonio e santo An-toninho - mantinha o maior nú-mero de casas antigas da região e

ricas da região da serra gaúcha, assim como restaurantes, pousa-das e locações que remetem ao tempo em que os imigrantes che-garam ao Estado. A iniciativa de tombar aquele trecho foi do de-putado Jerônimo goergen.

— É uma medida que amplia o potencial turístico da região, já que reconhece um patrimônio in-questionável da história de nos-so Rio grande. Ainda em 2008, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) nos informou sobre obras de pavi-mentação na Rs-855. A expecta-tiva é que isso ocorra ainda esse ano — afirma o deputado.

Idealizado pelo engenheiro tarcísio Vasco Michelon e o ar-quiteto Júlio Posenato, o roteiro Caminhos de Pedra surgiu a par-tir de um levantamento do acervo arquitetônico de todo o interior

A impressão que se tem ao visitar o distrito de são Pedro, em bento gonçal-ves, é a de estar viajan-

do no tempo. Paisagens, arqui-tetura, cultura: os elementos que compõem as diversas cenas da viagem lembram uma Itália re-mota, dos idos de 1800, mas ao mesmo tempo, muito presente e atual para brasileiros que buscam resgatar a influência da imigra-ção por aqui. Agora, quem dese-jar viver experiências como essa conta com um incentivo a mais. O trecho batizado de Caminhos de Pedra foi declarado patrimônio histórico e cultural do Rio grande do sul, após aprovação unânime pela Assembleia legislativa.

A rota, que integra sete co-munidades entre bento gonçal-ves e Farroupilha, foi fundada em 1992 e inclui construções histó-

patrimônio

Patrimônio a ser preservadoTrecho de nove quilômetros que mantém construções e costumes italianos da época da imigração, no Rio Grande Sul, é declarado patrimônio histórico e cultural. Mesmo assim, pode vir a ser descaracterizado

sílvia souza

São 53 pontos de observação e a cada estação do ano a paisagem se mostra de um modo diferente

Por dentro e por fora: na vinícola Salvati e Sirena do parreiral à música, se respira Itália

Fo

tos:

Ne

sto

r F

ore

sti /

ww

w.c

am

inh

od

ep

ed

ra.o

rg.b

r

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 956 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 57

Page 30: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Bru

no

de

Lim

a

atualidadeil lettore racconta

Mande sua história com material fotográfico para: [email protected]

A impressão é de que os Sarro foram seguindo a expansão do café em direção ao oeste do estado de São Paulo, passando por cidades nascentes como Jaú, onde nasceu meu pai, Ané-sio Sarro. No ABC e bairros próximos de São Paulo, estabelecem-se várias famílias de Sarro e Saro. Alguns Sarro não quiseram se mudar para a cidade grande. Outros preferiram tentar a vida no norte do Paraná, onde a colonização era recente e os cafezais ainda vicejavam. Dois tios viveram e morreram ali, deixando descendentes. Também identifiquei uma família De Sarro, em Bandei-rantes (SP) aparentada conosco.

Em 2001, consegui um contato na Itália, na mesma San Dona di Piave, de onde meu bisavô saíra ha-via já 110 anos. Descobri uma senhora muito idosa chamada Caterina Sa-ro Bertoncini e lhe escrevi. Quem me respondeu foi sua neta, Ama-rylli Fridegoto Bertoncini, de 32 anos, venezuelana educada na Itá-lia, filha de italianos de San Donà. A mãe, cantora lírica, neta de Se-condo Saro, irmão de meu bisavô, aquele que voltara para a Itália.

Trocamos e-mails e ela me ex-plicou que, de acordo com a sua avó, Secondo voltou para a Itália em 1900 para prestar serviço militar. Aqui ele se casou duas vezes. A pri-meira vez com Caterina Pellegri-ni (o grande amor de sua vida) que morreu quando deu à luz pela pri-meira vez. Sendo assim, como grati-dão à cunhada Angelina, que cuidou da recém-nascida, ele se casou com ela. Com Angelina ele teve 13 filhos, sendo que sete morreram pequenos. E foi através desse e-mail que conse-gui resgatar uma parte da história do clã que permaneceu na Itália.

A arte está mesmo presen-te em nossa família. Se Amarylli é concertista, aqui temos o Adélio Sarro, pintor e escultor reconhe-

cido com obras até no exterior. Ele mora em São Bernardo do Campo e é descendente de Giuseppe Saro, um dos irmãos mais novos de meu bisavô. Existe ainda a artista gráfica suíça Eva Saro que esteve no Brasil na década de 90 conduzindo al-guns workshops.

Em julho de 2008 estive na Itália, a convite da secretaria de Cultura de San Donà di Piave, para fazer uma exposição com meus car-tuns num centro cultural local. Sou cartunista e ilustrador e leciono em faculdades de design. Minha irmã foi comigo e aproveitamos pa-ra reencontrar parentes e conhe-cer outros. Passamos pelas cidades de Portogruaro, Ceggia e Jesolo, além de visitar Veneza, Torcello, Burano, Murano, Milão, Florença e Roma. Rodamos a Itália. Estive no mau-soléu dos Saro. Segundo meu primo Leo Saro, que vive em Stra (também na província de Veneza), os Saro são originalmente de Acquilea, cida-de importante durante o Império Romano, que hoje é um vilarejo de valor histórico. Fica na província de Friuli Venezia-Giulia. Esse resga-te genealógico nos faz sentir mais perto de nossos ancestrais. É muito bom saber como e onde tudo começou.

Ed Marcos Sarro. São Caetano do Sul - SP

Meu bisavô Domeni-co Luigi Saro nasceu em 1865, numa cida-de pequena chamada

San Donà di Piave, ainda sob tacão austríaco, e cresceu durante a ane-xação do Vêneto ao reino da Itália. Em 1891, com 26 anos, já casado e com filhos, decidiu imigrar para a América como faziam tantos outros italianos naquele período, visando fugir da fome e da miséria.

Chegou ao Brasil em dezembro, com a esposa Elisa Bocalon e três filhos pequenos: Antonio, Giovanni e Giuseppina. Trouxe também os pais, Antonio Saro e Domenica Capon, e três irmãos mais novos: Secondo Na-zzareno e Giuseppe. Há informações de que tenham ficado na Itália ou-tros dois irmãos mais velhos de meu bisavô: Angelo e Giangiotto. Secondo Saro voltou para Itália.

Meu bisavô e seu clã chegaram ao Rio de Janeiro no vapor Mon-tevideo e foram transferidos para São Paulo, passando pela Hospedaria do Imigrante, no Brás. De lá até o interior paulista pouco se sabe. O certo é que no fim do século 19 já estavam estabelecidos em Piracicaba (SP), onde nasceu meu avô, Augusti-nho Sarro, em 1898. Meu avô teve outros irmãos no Brasil, mas não se sabe qual deles foi o primeiro a ter dois erres no nome. Pelo menos o meu avô foi registrado assim.

Bisneto de italianos, ed

Marcos sarro recuperou

a trajetória dessa faMília

coM alMa de artista, no

Brasil, e foi à itália

para puxar o fio dessa

história. depoiMento à

repórter nayra Garofle

Por ser mais saudável, o café de cevada é “descoberto” na Itália

Novidade na xícara

café

Janaína CésarCorrespondente • treviso

Que o espresso é uma pai-xão, na Itália, todos sa-bem. Porém, um outro ti-po de café tem conquis-

tado cada vez mais espaço no co-ração dos italianos: o café d’orzo, feito de cevada. Nos últimos tempos, moderníssimas mokas (cafeteira italiana) foram lança-das no mercado para quem de-seja preparar a bebida em casa. Em bares e cafeterias, atraentes máquinas coloridas logo chamam a atenção do consumidor para a bebida. Agora, última novidade é a cevada expressa, que pode ser aromatizada nos sabores choco-late, creme e rum.

Além da Itália, somente Por-tugal tem o hábito de consumir esse tipo de café. A origem do d’orzo não é italiana, mas a bebi-da é extremamente ligada à his-tória do país. Nos anos 30, o re-gime fascista havia proibido as importações alimentares. Devido à falta de produtos, os baristas tiveram que se arranjar. Outros grãos começaram a ser tostados e testados para substituir o tra-dicional café, então em falta.

A crise passou, mas o café de cevada ficou pelos bares. No mo-mento, virou atração entre os jo-vens, que o consideram cool por-que é natural e “da moda”. se-gundo a nutricionista Cinzia sa-lani, a cevada tem um alto poder nutricional e é muito digestiva.

É rica em cálcio e fósforo e con-tém uma pequena quantidade de silício, “por isso desenvolve uma branda ação sedativa”. Mas não é tudo. Este velho cereal ajuda a prevenir doenças pulmonares e cardiovasculares, cura distúrbios e inflamações do aparelho diges-tivo e tem ação desintoxicante.

Dentre os milhões de recen-tes admiradores do d’orzo está a advogada Elena Pavan. todos os dias, ela toma três xícaras da be-bida - uma de manhã, outra após o almoço e a última após a janta. Elena conta que descobriu o café de cevada quando estava grávida.

— Foi minha médica quem aconselhou trocar o café tradicio-nal pelo de cevada. Eu, sincera-mente, não o conhecia. Quando vi que era como o café normal, da mesma cor e mesma consistência, decidi experimentar. Desde en-tão, só tomo café de cevada. É verdade que, às vezes, abro uma exceção para um expresso tradi-cional, mas o d’orzo faz parte da minha rotina — diz a advogada.

Muitos provam o café de ce-vada involuntariamente. Como eles passaram a fazer parte das máquinas instantâneas, espa-lhadas em todo o país, há quem aperte o botão errado. Foi isso o que aconteceu com o brasilei-ro Cléber de lima. Estudante de mestrado em conservação musi-cal na Universidade de gorizia,

na região do Friuli-Venezia giu-lia, ele estava louco para tomar um café longo, mas o que rece-beu foi um d’orzo. Provou e não gostou. Ele admite que nem ti-nha reparado que tinha, na má-quina, a opção de café de cevada porque ele desconhecia a exis-tência desse tipo de café.

A cevada é um cereal de in-verno que ocupa a quinta posi-ção, em ordem de importância econômica, no mundo, com cer-ca de 170 milhões de toneladas produzidas anualmente. Originá-ria do Oriente Médio, é um dos

grãos mais antigos usados para a alimentação que se tem notí-cia - egípcios, gregos e romanos já o conheciam. Hoje, é utili-zado na industrialização de be-bidas (cerveja e destilados), na composição de farinhas ou flocos para panificação, na produção de medicamentos e na formulação de produtos dietéticos e de su-cedâneos de café. também é em-pregado na alimentação animal como forragem verde e na fabri-cação de ração.

A Itália encontra-se entre os principais países produtores de cevada, ao lado da Rússia, Cana-dá, Alemanha, França e Espanha. Marcas como Crastan, Milupa, Or-zoro (da Nestlè), Pagnini e star enchem as prateleiras dos super-mercados do país oferecendo além do café, a cevada instantânea des-tinada à alimentação das crianças.

O brasil produz cerca de 380 mil toneladas por ano de cevada, porém, o principal uso econômi-co é a malteação para a cerveja. No país, é mais difícil encontrar o café de cevada do que na Itá-lia. Mesmo assim, a bebida pode ser consumida em restaurantes macrobióticos. A marca super-bom oferece opção para quem quiser fazer café de cevada em casa. Nesse caso, é preciso usar coador de pano, pois os filtros de papel não deixam este tipo de café passar.

58 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 59C o m u n i t à i t a l i a n a / m a i o 2 0 0 9

Page 31: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Sapori d’Italiasônia apolinário

Rio de Janeiro – Aberto há pouco mais de um ano, o novo res-taurante é uma homenagem da família dos proprietários ao pa-rente Domenico Magliano. Ele abriu em 1958 o la Mole – uma homenagem à torre Mole Antonelliana, localizada em turim,

sua cidade natal. O chef do Domenico é túlio Colonese, de 30 anos. Ele é neto e

filho de italianos. seu avô Mario Colonese, originário da Calábria, há 50 anos abriu o restaurante Pronto. A família ainda tem outros dois restaurantes na cidade. O Domenico fica exatamente entre o Pronto e o la Mole, na mesma calçada da rua Dias Ferreira, o grande pólo gastronômico do leblon, na zona sul do Rio. Mera coincidência, diz Colonese, o neto.

Desde criança ele frequenta a cozinha dos restaurantes da família, ao contrário do irmão mais novo que nem chegava por lá. Com 18 anos, Colonese avisou que queria trabalhar nos restaurantes, mas foi colocado na área administrativa. Ele, porém, queria a cozinha. Para se certificar que era esse mesmo seu caminho, arrumou um estágio em um famoso restaurante da cidade. Provou e gostou. Partiu, então, para a escola. Mais precisamente o curso de gastronomia e sommelier do senac de águas de são Pedro (sP), onde se formou.

A “pós-graduação” o levou para o aeroporto. Colonese passou três anos na Itália, mais precisamente na toscana, para desvendar os se-gredos da gastronomia italiana que tanto ama. lá, trabalhou em vários lugares sendo o mais famoso deles o refinado Castello di spaltenna, em gaiole, na região de Chianti. Quando voltou, Domenico estava a sua espera.

— Minha intenção era rein-ventar no Rio um pedaçinho da Itália, com um menu clas-sicamente italiano. A cozinha italiana no brasil é adaptada, perdeu um pouco as origens. Na verdade, é uma cozinha da Itália é muito simples, baseada no sabor natural dos seus pro-dutos. O francês, por exemplo, coloca muito molho que disfar-ça o paladar dos ingredientes. O que eu busco são os verdadeiros produtos que fazem a diferença na cozinha italiana — explica Colonese.

Simplicidade clássica

serviço: doMenico - rua dias ferreira, 147, lojas aBleBlon – rio de janeiro - rj. tel: (21) 2239-6614

tagliatelle agli scampi e gamberi con bottarga di muggine

Ingredientes:150 gr de tagliatelle; 1 dente de alho picado; 1 colher se sopa de salsinha picada; 70 gr de lagostins descascados; 70 gr de cama-rões descascados; 100 ml de molho de tomate; 40 gr de tomate cereja; 40 ml de vinho branco. Modo de fazer:Refogue o alho, os tomates e os frutos do mar no azeite rapida-mente sem queimar. banhe com o vinho e deixe evaporar. Junte o molho de tomate e cozinhe por 3 minutos. Acrescente a massa já cozida e salteie. salpique bottarga ralada e salsinha e sirva.

Alguns desses produtos são a guanciale, salame típico do centro da Itália, usado após curar três meses no sal e pimenta; a bottarga, ovas de tainha defumadas, típicas da sicília; e o lardo de Colonnata, uma gordura de porco que envolve o lombo de cordeiro, dando untu-osidade à carne.

No cardápio, é possível encontrar como sugestão de antipasti ric-cioli di calamari, selezione di fagioli e guanciale croccanti (lulas gre-lhadas, bochechas de porco crocantes e feijões, R$19,00); carpaccio d`anatra in crema di sedano e formaggio (fatias de peito de pato mari-nado com creme de aipo e queijo de coalho grelhado, R$23,00), além de porções de presunto san Daniele.

Dentre as massas estão o ravioli di pernice con pesto di basilico e pignoli tostati (ravióli de perdiz com pesto de manjericão e pinoles tostados, R$38,00); Pappardelle al ragu (massa larga com molho de carne bovina e ervas, R$33,00) ou tagliatelle agli scampi e gamberi con bottarga di muggine (tagliatelle com lagostins e camarões com ovas defumadas da sicília, R$47,00), a preferida do chef.

No Domenico também se saboreia uma autêntica bisteca fiorenti-na, ossobuco, paleta de javali, costela ou lombo de cordeiro. Em todo o cardápio, a única concessão de Colonese é o arancini. No Domenico, o tradicional bolinho de arroz siciliano é recheado com a brasileiríssi-ma carne seca, além de catupiry.

Por acaso, a história de restaurantes italianos populares que moram no coração do carioca se

cruzou. Como resultado, surgiu o Domenico, mais elegante e com menos concessões no cardápio

Túlio Colonese

Como os ítalo-brasileiros podem dar prossegui-mento à cultura italia-na da família de forma

empreendedora? Foi pensando nisso que o paulista Alexan-dre scabin e os primos cariocas gianpietro bosco e Francesco Masello tiveram a mesma ideia: abrir um negócio autenticamen-te italiano.

As cidades são diferentes e do ponto de vista comercial isso favorece, já que os jovens em-presários decidiram trazer para o brasil o sabor do autêntico gela-to. Em são Paulo, scabin abriu a stuzzi gelato e Caffè utilizando as receitas de seu avô Vitorio.

— tínhamos muitas receitas guardadas e lembranças dos ge-latos do meu avô. stuzzi era o nome da gelateria que meu avô tinha no Vêneto, antes de vir para o brasil — conta scabin.

O jovem administrador, de 34 anos, revela que a sorvete-ria, ou melhor, gelateria como prefere chamar, é uma forma de manter viva a tradição italiana na família. Mais do que isso. Ele quer que as pessoas se sintam como se estivessem em um pe-dacinho da Itália, só que no co-ração da Vila Madalena.

É com este mesmo conceito que os primos bosco e Masello, de 32 e 28 anos, criaram a Ama-

rena, em Copacabana. Eles são a primeira geração ítalo-brasileira da família. Na década de 60, o local era o endereço da mercearia de seus pais.

— Com os supermercados a mercearia foi perdendo va-lor. Pensamos numa maneira de mudar de negócio. Fomos para a Itália aprender com a nossa família que já trabalhava com sorvetes em Fuscaldo, na Calá-bria — explica bosco, que é ad-ministrador de empresas e mo-rou seis meses em Roma quando estudou na Universidade Italia-na la sapienza.

A empolgação estampada no seu rosto ao falar sobre a sor-veteria revela o orgulho de ter correndo nas veias o sangue ita-liano. tanto que os conterrâneos chegam na Amarena e são aten-didos no idioma de Dante para que se sintam em casa.

Ambas as casas oferecem sa-bores exóticos e adaptados ao gosto brasileiro. A stuzzi, por exemplo, oferece o sorvete de maçã assada com canela, fina-

lizado com um toque de mel e morango. são 16 sabores ao to-do, dos quais fazem parte pêra com água de coco, amora e mir-tilo, são opções sem lactose e com 0% de gordura. Na Amare-na, além dos apetitosos sabores como tiramisu, prosecco e caipi-rinha, não poderia deixar de ter o gelato de amarena, um tipo de cereja existente na Itália, que aliás é o preferido do carioca. Um dos mais curiosos é o viagro, inspirado na famosa pílula azul com adição de ginseng. A “car-ta” é composta por 32 sabores.

Diferente da cultura italia-na, os brasileiros não costumam encarar os sorvetes no inverno. Porém, os empresários garantem que esse conceito já está mudan-do, mas desenvolvem soluções para atrair os clientes mesmo no frio. Na stuzzi, scabin desenvol-veu um setor de cafeteria, além de investir em sobremesas “me-nos geladas”. Na Amarena, os primos asseguram que apesar do movimento cair até 40%, após o verão, as pessoas que frequen-tam a casa durante o calor cos-tumam voltar no inverno por te-rem a certeza que o sorvete não é tão gelado.

— O gelato italiano é cremo-so, consistente e, por conta dos ingredientes, não é supergelado. As pessoas percebem que podem tomar e não sentirão frio — con-ta bosco que pretende futura-mente, “espalhar” pelas cidades outras filiais.

Nova geração de ítalo-brasileiros garante, no Rio e em São Paulo, o sabor e a tradição do autêntico gelato

nayra Garofle

Como nonno fazia

Os primos Francesco Masello e Gianpietro Bosco na carioca Amarena. Ao lado, a paulista Stuzzi da família Scabin

Bru

no d

e L

ima

gastronomia

60 J u n h o 2 0 0 9 / C o m u n i t à i t a l i a n a 61C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 9

Page 32: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de

Claudia Monteiro de Castro

lA gENTE, il pOSTO

Oasi di Ninfa

É um verdadeiro oásis, a meia hora de Roma. Não por acasao, chama-se Oá-sis de Ninfa - ou Jardins de Ninfa. Um

jardim exuberante, com plantas exóticas e ruínas medievais. Para visitá-lo só com reser-vas e com visitas guiadas. O romântico local

foi idealizado na década de 20, pelo príncipe gelasio Caetani. seu ponto de partida foi a vontade de realizar um jardim, sob orientação de botânicos, no meio das ruínas de uma ci-dade medieval. Outros membros de sua famí-lia deram continuidade ao seu projeto.

Passeando hoje pelo jardim, podem ser vistos restos de torres, igrejas e casas. tu-do isso, rodeado por uma grande variedade de espécies de plantas. O clima no local é privilegiado, pois é protegido ao norte pelo rochedo onde fica a cidadezinha de Norma. Além disso, o rio que passa pelo jardim fun-ciona como regulador térmico.

Oasi di Ninfa é um festival da natureza: há macieiras, cerejeiras, magnólias, salguei-ros, álamos, limoeiros, oliveiras, laranjeiras, carvalhos, romãzeiras, bambus, e ainda es-pécies da Califórnia (EUA), Japão e China. Um perfume sublime paira no ar, quando se passa em meio às diversas flores presentes no oásis: rosas, cravos, tulipas, papoulas, lavanda, begônias. Uma maravilha.

Oasi di Ninfa: aberto ao público de abril a outubro. Para quem visita Ninfa com transporte público, é preciso pegar um trem de Roma até latina e desta cidade, pegar um táxi.

As primeiras leituras de minha vida foram os gibis do brasileiro Maurício de souza. Cebolinha, Mônica, Cascão e Magali eram

meus heróis… Como aprendi com eles! Muitas vezes, as palavras que apare-ciam nos balões eram um mistério para mim. Por exemplo, lembro de uma vez em que li no gibi: “na hora H” e pergun-tei para minha mãe: o que é hora hh-hhhh??’. Ao invés de pronunciar a letra H, fiz um longo respiro para fora, como fazem os americanos que dizem house, hamburguer, etc. Afinal, estudando em escola americana, pa-ra mim “H” não era mudo.

Outra vez, lendo Cebolinha, me diver-ti com um personagem que apareceu uma vez. se não me falha a memória, talvez era o primo do Cebolinha, que vinha da França. tudo o que o Cebolinha lhe perguntava, ele respondia: “jenecepá.” Cebolinha ficou cabreiro. Queria saber o que era esse tal de jenecepá. Que na realidade era “je ne sais pas”, “não sei”, em francês.

Pois é. toda língua tem o seu jenecepá. Nós te-mos o “sei lá”. Na Itália, existe o “non lo so”, (não sei), mas também existe uma palavrinha única que é muito mais potente: o famoso “Boh!”, que se pronun-cia “bô”.

Pergunte para um italiano:“O que você está a fim de fazer hoje à noite?”

Invariavelmente, a resposta vem: “boh!”

Ou então:“O que você pensa da

situação atual da Itália?”“boh!”Ou a um adolescente:

“Quais são os seus proje-tos para o futuro?”

“boh!” boh é onomatopéico. Exprime

dúvida, desconhecimento ou até a falta de vontade de pensar numa res-posta. Parece mais um suspiro ou um

grunhido de homem das cavernas do que uma palavra propriamente dita. Porém,

não subestime o seu valor. Na realidade, é cheio de significado, de conteúdo filosófico.

serve para responder desde uma pergunta banal, tipo “Vai chover hoje à noite?” até questões existenciais como “Você acredita em Deus?” boh cabe em tudo.

Eta palavrinha útil, de somente uma sílaba, mas que traduz todas as dúvidas do

mundo. O que seria dos inde-cisos se não fosse por ela?

Boh!

Boh…

C o m u n i t à i t a l i a n a / J u n h o 2 0 0 962

Page 33: Doce Segredo · 2009-06-12 · e cultural do Rio Grande Sul 22 Claudio Cammarota Fotos: ... mês antes da cidade se tornar a sede da reunião do G-8. Mais. ... Cláudia Monteiro de