do projeto de ventilacao problemas … decorrentes da umidade... · cos de admissao e de exaustao...

22
XVII SEMIN.'^RIO NACIONAL DE CRANDES BARRAGENS BRASILIA AGOSTO 1987 USINA ILHA SOLTEIRA PROBLEMAS DECORRENTES DA UMIDADE EM GALERIAS DE DRENAGEM E A INFLUENCIA DO PROJETO DE VENTILACAO COMUNI CAGAO Eng9 Ruben Jose Ramos Cardia Companhia Energetica de Sao Pau to - CESP

Upload: vonga

Post on 08-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

XVII SEMIN.'^RIO NACIONAL DE CRANDES BARRAGENS

BRASILIA

AGOSTO 1987

USINA ILHA SOLTEIRA

PROBLEMAS DECORRENTES DA UMIDADE EM GALERIAS DE DRENAGEM E A INFLUENCIA

DO PROJETO DE VENTILACAO

COMUNI CAGAO

Eng9 Ruben Jose Ramos Cardia

Companhia Energetica de Sao Pau

to - CESP

--`7

USINA ILHA SOLTEIRA

PROBLEMAS DECORRENTES DA UMIDADE EM GALERIAS DE

DRENAGEM E A INFLUENCIA DO PROJETO DE VENTILAcAO

Ruben Jose Ramos Cardia1

1. INTRODUQAO: 0 PROBLEMA

A seguranca estrutural de barragens e usinas hidreletricas 6 con

trolada, principalmente, por meio de inspegoes visuais esubaqua

ticas, bem como pelo acompanhamento da auscultagao. A confiabi

lidade dos resultados dessa instrumentacao reside primordialmen

to na qualidade das leituras e medicoes efetuadas. No caso de

instrumentos eletricos, com leituras obtidas pela conexao de in

dicador portatil aos bornes de caixa seletora, abrigando os ter

minais de cabos de instrumentos , ha necessidade de se garantir

um perfeito contato entre as partes.

0 excesso de umidade ambiente no interior de galerias de drena

gem de algumas barragens , devido a falta ou demora na renovagao

adequada de ar, tem provocado rapida oxidagao e alteragao dos

contatos e bornes, resultando em problemas de leitura. Adicio

nalmente , ha uma acentuada oxidagao de caixas de manometros, to

bulagao e componentes metalicos, requerendo freg1ente manuten

gao. E alem disso, tambem deve ser considerada a situagao de in

salubridade.

2. APRESENTAcAO: AS GALERIAS E 0 SISTEMA DE VENTILAgAO

A usina Ilha Solteira, de propriedade da Companhia Energetica

de Sao Paulo - CESP, ja e bastante conhecida, tendo sido descri

to detalhadamente em inumeros trabalhos apresentados a congres

sos e seminarios anteriores . Dessa forma , no presente trabalho

so serao relacionados itens e caracteristicas que estejam liga

das ao problema de ventilagao nas galerias de estruturas de con

creto.

(1) Engenheiro do Laborat6rio Central de Engenharia Civil - Com

panhia Energetica de Sao Paulo - CESP - Ilha Solteira,

SP.

319

2.1. Galerias da Tomada D'a ua

0 acesso externo as galerias da tomada d'agua e feito a partir

da barragem de gravidade, seja nelo tunel de entrada (piso

292,00m) ou pela saida junto a crista (piso 332,00m) que da li

gagao aos elevadores e ao pogo de escada.

As galerias longitudinais nos blocos da tomada d'agua situam-se

nas cotas 328,00m, 303,25m e 260,50m (ou 258 ,25m nas unidades

TA-15 a TA-20).

A galeria inferior se interliga com a galeria montante da casa

de forga (piso 260,50m), por meio de pequenas galerias transver

sais. No bloco TA-20 existe interligagao com a galeria a montan

to do vertedouro, enquanto que pela extremidade direita, ha in

terligagao com a galeria dos blocos da barragem da gravidade.

Era prevista porta de separagao nas interligagoes dessas gale

rias transversais e na barragem de gravidade, que no foram ins

taladas. Transversalmente a galeria inferior , existem pequenas

galerias transversais para jusante , ao longo das juntas entre

blocos , que possuem na extremidade jusante, um pogo vertical

(ate a cota 267,25m).

2.2. Galerias da Casa de Forga

Nos blocos que formam a casa de forga existem o nucleo superior,

que contem a galeria montande de acesso e nichos (piso 281,60m),

salao principal dos geradores (pisos 281,60m e 284,90m), e gale

ria jusante de equipamentos (piso 284,90m), bem como o nucleo in

ferior, com tres galerias longitudinais:

Central, no piso 260,50m;

de acesso a roda da turbina, no piso 265,30m;

- inferior, no piso 251,50m, abaixo do tubo de sucgao.

Para as interligagoes transversais estavam previstas portas es

tanques, a serem colocadas nas extremidades jusante , visando e

vitar a passagem do ar, de forma que o mesmo fosse deslocado pa

ra o caminhamento previsto. Em cada bloco existe uma galeria

transversal com escada de interligagao entre as galerias supe

riores. E entre a galeria de acesso e galeria inferior do tubo

320

de sucgao a ligagao e obtida por meio de pogos 2,5 x 5,2m exis

tentes em todos as blocos. A galeria montante interliga-se em

sua extremidade direita, com a area de montagem, onde tambem se

previa a instalacao de porta estanque.

A galeria piso 251,50m, abaixo do tubo de succao, esta interli

gada com todos as pogos lisos, com tampas de vedagao na parte

superior, pogos com escadas e com elevadores, situados a jusan

to da casa de forga. Em todas essas ligacoes deveriam ser insta

ladas portas estanques para isolamento da galeria, exceto nos po

cos de admissao e de exaustao de ar.

2.3. De acordo com as especificacoes tecnicas da concorrencia

publica n9 24/71, o sistema de ventilagao projetado, conforme

tabela 1, deveria apresentar as seguintes caracteristicas opera

cionais:

2.3.l.Tomada D ' a ua (Fi . 1 e Fi . 2)

Ventilagao das galerias da tomada d'agua, efetuada por meio de

fluxo em ciclo composto, considerando uma vazao total de ar, da

ordem de 20m3/s. Desse total, 14m3/s seriam provenientes das ga

lerias da casa de forga. Os restantes 6m3/s seriam admitidos na

entrada das galerias da tomada d'agua.

A transferencia de ar da galeria montante da casa de forga se

ria efetuada atraves de vinte ventiladores axiais, situados na

regiao montante da abobada da galeria, que forgariam o ar atra

ves de dutos 5 = 1,Om em diregao a pogos na cota 267,25m. 0 ar

externo seria obtido por meio de ventiladores centrifugos e to

bos de contreto ) = 0,50m com extremidade superior situada no

paramento jusante a cota, 294,40m aproximadamente, e seria tam

bem conduzido aos pogos da cota 267,25m. 0 conjunto motor-venti

lador (um em cada bloco) iria insuflar a composigao de ar, pro

veniente da galeria da casa de forga e do respiradouro externo,

pelo pogo vertical e pequena galeria transversal para a galeria

inferior da tomada d'agua.

Esse fluxo de ar deveria se distribuir pela galeria inferior e

subir naturalmente pelos quatro dutos de aeragao existentes em

cada bloco, em diregao a galeria intermediaria (piso 303,25m).

321

Dal o fluxo seguiria para a galeria superior (piso 328,00m)atra

ves dos pogos ao longo das juntas de dilatagao.

A exaustao total das galerias seria feita atraves de vinte exaus

tores axiais, instalados em dutos de concreto ^j = 1,20m conec

tando a galeria superior (piso 328,00m) ao paramento jusante.

2.3.2. Casa de Fora (Fig. 3)

2.3.2.1.Ventilagao do acesso montante e nichos (piso 281,60m)

com volume total da ordem de 60.000m3, efetuada transversalmen

te, com o auxilio de 19 ventiladores axiais recolhendo ar exter

no atraves de dutos localizados na face jusante da tomada d'a

gua, visando garantir uma renovagao de ar de 8 trocas horarias.

0 fluxo de ar deslocado pelos ventiladores e dutos de distribui

gao deveria atravessar a galeria, seguindo parte para a sala

principal dos geradores, saindo pelas aberturas das coberturas

metalicas sobre as unidades geradoras (cota 292,00m). A outra

parte deveria seguir longitudinalmente em diregao a area de mon

tagem.

Deveria ser garantida uma vazao de 8.000m3/h de ar insuflado,

para ventilagao dos nichos a montante da galeria de acesso, on

de estao instalados as grupos diesel-geradores e compressores.

Tal vazao seria obtida em grelha regulavel por derivagao do du

to de insuflamento de ar para a galeria.

2.3.2.2. Ventilagao da sala principal dos geradores (281,60m e

284,90m) e galeria jusante (piso 284,90m), com volume total da

ordem de 165.000m3, efetuada transversalmente, com auxilio de

ventiladores axiais situados em cabines externas na regiao ju

sante da casa de forga, para proporcionar uma renovagao de ar

de 8 trocas horarias.

O ar externo seria aspirado pelas portas e percorrendo um aero

duto vertical, atingiriam dois distribuidores simetricos na ga

leria jusante. Apos percorrer transversalmente a galeria e a sa

la, esse fluxo de ar, juntamente com parte do fluxo oriundo na

galeria montante, deveria sair pelas aberturas das coberturas me

talicas. Na passagem por essas aberturas, o fluxo conjugado de

322

veria arrastar o calor gerado por insolagao nas coberturas.

2.3.2.3. Ventilagao do sistema formado pela galeria central

(260,50m ou 258,25m), galeria de acesso (265,30m) e ligagoes

transversais, seria efetuada com admissao de ar externo pelos

pogos lisos, bem como pelo espago livre de 2,20 x 2,50m dos ele

vadores nos pogos.

Os sete ventiladores, seriam instalados na cota 288,00m, entre

a parede jusante da casa de forga e os dutos de distribuigao pa

ra os pogos lisos.

Conforme ja citado, o ar que percorre longitudinalmente a gale

ria central (da casa de forga) seria transferido para a galeria

inferior da tomada d'agua atraves de ventiladores axiais insta

lados internamente a dutos 0 = 1,00m no teto daquela galeria

(fig. 2, detalhe 1).

2.3.2.4. Ventilagao da galeria inferior, 251,50m seria efetuada

por admissao de ar fresco pelo pogo liso do blobo CF-13 que, ao

atingir a galeria deveria se dividir a direita e esquerda, diri

gindo-se aos pogos lisos de exaustao, nos blocos CF-3 e CF-20.

Para isolamento desse circuito, previa-se a instalagao de por

tas estanques de separagao, na ligagao dos pogos lisos com a ga

leria do piso 265,30m.

2.3.2.5. Ventilagao dos cinco pogos de drenagem e esgotamento,

efetuada mediante sistemas independentes, sendo admissao livre

de ar pelo pogo, a partir do piso 284,90m. A exaustao seria pro

videnciada por meio de duto 0 = 0,70m com bocal inferior junto

as bombas, dando ligagao a conjunto moto-exaustor instalado a

cota 288,00m na parede jusante da casa de forga.

3. PROBLEMAS OBSERVADOS. PROVAVEIS CAUSAS

Diversos instrumentos eletricos tipo Carlson-Kyowa, com termi

nais em caixas seletoras localizadas nas galerias inferior da

tomada d'agua e jusante da casa de forga, sob o tubo de sucgao,

apresentaram fregdentemente, deficiencia de leitura relacionada

com problemas de contato em bornes ou no botao comutador. Adi

cionalmente, ja foram encontrados casos de problemas ocasiona

323

dos pela penetrarao de umidade no interior dos cabos eletricos.

Por ocasiao de inspegao, constatou-se que nos meses quentes de

primavera/verao, de novembro a fevereiro, o ar ambiente no inte

rior de galerias de drenagem se torna bastante quente e satura

do. Ao se descer a escada de acesso do bloco BG-2, em direcao a

galeria inferior da tomada d'igua, pode-se observar a intensa

umidade se condensando e provocando escorrimento d'agua pelas

paredes e piso. Nessa escada, a ventilacao e relativamente boa,

podendo-se sentir a passagem de ar fresco em fluxo ascendente.

Essa circulagao de ar e propiciada por eficiente projeto de ven

tilacao que conta com a exist&ncia de poros verticais de inspe

gao, ao longo das juntas entre blocos da barragem de gravidade

(BG) e muro de ligarao direito. Assim a umidade e o calor nes

se trecho da galeria de drenagem ficam bastante reduzidos.

Entretanto, nos blocos da tomada d'agua a galeria (260,50m) pas

sa a apresentar as paredes e o piso molhados (foto 1), devido a

condensagao e escorrimento da agua.

Foto 1 - Umidade excessiva na galeria inferior da tomada d'agua

(260,50m)

Ao se olhar ao longo da galeria, a visibilidade fica muito pre

judicada pela existencia de vapor saturado, formando uma nevoa.

E para pessoas portadoras de oculos, ocorre o embagamento cons

324

tante das lentes, fato que pode ser ainda analisado do ponto de

vista de seguranga pessoal (CIPA).

A situag^io e pior frente a saida das pequenas galerias que trans

ferem o fluxo de ar da galeria da casa de forga, reforgado '-)or

ar externo, para a galeria da tomada d'agua, alem de receber ar

do ambiente externo, com temperatura elevada, ha a contribuigao

de ar quente e umido, proveniente do trocador de calor das uni

dades geradoras, aspirado por abertura de drenagem junto a base

da caixa de insuflamento de ar a cota 267,25m. Pode-se acrescen

tar possivel liberacao de calor da rocha de fundacao, visto que

ela nao foi recoberta com concreto no piso das galerias trans

versais.

Na tabela 2 pode ser observado o resultado de algumas medigoes

efetuadas com higrotermografo.

TABELA 2

MEDIQOES COM HIGROTERMOGRAFO NA USINA ILHA SOLTEIRA

DATA BLOCO/GALERIAE

TEMPERATURA UMIDADEOBSERVAQOES

(°C) (%)HORA (NUM) (COTA-m)

30nov82 - - 29 80 ambiente externo

15:30 CF - 4 265,30 29 86 -

CF-10 260,50 28 100 ponteiro alem do

TA-10 260,50 27 100

fim da escala

idem

08dez82 TA-10 260,50 26 92

09:40 CF-10 251,00 25 90

Na galeria central da casa de forga (260,50m) o problema e redu

zido, pela contribuigao do ar vindo da galeria de acesso (265,30m),

de forma que a umidade em certo trecho, so atinge a parte supe

rior da galeria. A parte inferior e o piso continuam secos (fo

to 2). Isso contribui para a suposigao de que a condensagao e

provocada pela demora na circulagao de ar quente e umido, o qual

fica por tempo maior que o ideal, em contato com a superficie

de concreto, consideravelmente mais fria. A demora na circula

325

cao de ar dessa galeria pode ser creditada a uma baixa eficien

cia na acao dos ventiladores instalados no interior dos dutos

;G = 1,00m, e que devem operar como exaustores.

A ausencia de porta estanque na ligagao com a area de montagem

permite o ingresso de umidade vindo dessa galeria, prejudicando

as servigos de manutengao de estatores.

Na galeria inferior da tomada d'agua o problema e agravado, pois

ela ja recebe um ar mais aquecido e mais umido (ao se considerar

a condensagao intermediaria na galeria transversal e a contri

buigao das aquas de drenagem). Como as paredes de concreto es

to mais frias (e a terrperatura ambiente dessa galeria e mais

baixa) e ha demora na circularao natural do ar quente, a conden

sagao e acelerada, dando origem a fenomeno aparentemente seme

lhante ao chamado "ponto de orvalho".

Foto 2 - Galeria central da casa de forga com menos umidade

No anteprojeto so era prevista a exaustao de ar quente da gale

ria inferior da tomada d' agua (260,50m) via quatro pogos q = 0, 40m,

para ligagao com a galeria intermediaria (303,25m). Teoricamen

te, o fluxo seria adequado. Entretanto, para evitar queda de ma

teriais ou mesmo risco de acidentes pessoais, a extremidade su

perior dos dutos, localizada na canaleta do piso da galeria

303,25m (foto 3), foi vedada com tampa metalica. Por cima, foi

326

colocada folha de chapa metalica, para retengao de detritos,com

isso, a area livre para o fluxo do ar ascendente ficou muito re

duzida. Ao ser constatada a situacao, foi providenciada a execu

cao de grelha metalica, com a maxima area livre possivel. Ape

sar da intensa circulacao de ar quente que se pode sentir, sain

do pelos dutos, nota-se que a eficiencia da ventilagao na gale

ria inferior da tomada d'agua, ainda nao atingiu valores dese

javeis.

Foto 3 - Tampa e chapa metalica que estavam na boca superior

(303,25m) dos dutos 9;0,40m, obstruindo a passagem do

fluxo de ar.

4. SOLUgOES IDEALIZADAS

Tendo em vista que a causa das defici&ncias na obtengao de lei

turas em instrumentos eletricos, era a agao da umidade ambien

te, nos terminais e caixas seletoras instaladas na galeria info

rior de drenagem, a ideia inicial foi a de se transferir o ponto

de leitura. Estava prevista a colocagao dos terminais no into

rior de caixa blindada, com aplicacao de sistema de reles para

transporte dos comandos para a galeria de acessos (265,30m) on

de no se observava problemas com umidade. A transmissao seria

garantida pelo langamento de dois cabos: um condutor multiplo,

proprio para leitura do instrumento eletrico; e um cabo telefo

nico, para permitir o acionamento (a distancia) da comutagao do

contato com o instrumento a ser lido.

327

I 1 1 , Inn,tof I

Na mesma ocasiao, tal sistema foi implantado na usina Euclides

da Cunha, para transferencia do terminal de leituras de piezome

tros eletricos Maihak, situado na galeria do "cut-off" da barra

gem de terra (foto 4).

Foto 4 - Interior da caixa blindada com reles , para comutacao a

distancia , na leitura de piezometros Maihak.

Para utilizacao desse sistema em Ilha Solteira, haveria necessi

dade da aquisigao de novas caixas, cabos e reles e assim, foram

procuradas outras solugoes. Uma delas levava em consideragao a

quase inexistencia de umidade na galeria montante inferior do

vertedouro, gragas a uma eficiente ventilagao, corn grandes areas

de escape para o fluxo de ar. A alternativa previa a instalagao

de turbo-ventiladores axiais no teto da galeria, para forgar o

deslocamento da massa de ar quente da galeria da tomada d'igua,

em diregao a galeria do vertedouro. No entanto, tal alternativa

no era viavel, pois alem do elevado custo do equipamento, have

ria necessidade de se projetar e instalar novo circuito eletri

co, de porte consideravel.

A ideia de se confinar a area a volta das caixas seletoras no

era possivel pois, por um lado as filas de caixas abrangiam gran

de extensao (foto 5) e nao existiam cabines ou nichos. Por ou

tro lado, a execugao de parede para confinamento da area iria

reduzir a segao livre da galeria. E ainda haveria o problema da

ventilagao e da protegao contra umidade no interior desse cubi

328

culo.

A alternativa que se apresentou mais viavel, em funcao de Gusto,

tempo e facilidade de execucao, foi a da protecao termica indi

vidual.

Foto 5 - Terminais de caixas seletoras piezometros e pendulos

na galeria 260,50m (TA-10 ). Notar a formagao de goteja

mento nas tubulag6es.

Foram entao construidas coberturas metalicas, providas de tampa

de acesso frontal e aletas de exaustao nas laterais.

Apos a execugao de servigos de limpeza e manutengao dos nichos

e caixas seletoras, elas foram fixadas a parede, em substitui

gao as tampas originais (foto 6).

Para protegao contra umidade, o ar interno e mantido aquecido,

para se evitar a condensagao. Inicialmente, para se obter a ne

cessaria calefagao no nicho e caixa seletora, pensou-se em se

utilizar resistencia eletrica, propria para aquecimento de pai

neis de controle. Mas, foi adotada lampada incandescente, por

ser de facil reposigao, al6m de contribuir com melhor ilumina

gao local e ainda permitir um controle visual, de falhas de ope

ragao, mesmo quando a caixa esta fechada.

329

I

Foto 6 - Nova tampa de caixa seletora, com protecao termica con

tra umidade.

Para se obter o mesmo efeito de controle, caso fosse adotado o

esquema com resistencia eletrica embutida, haveria necessidade

de se projetar sistema com lampada piloto.

5. COMENTARIOS

5.1. A ocorr&ncia sazonal de condensagao da umidade e escorri

mento de agua pelas paredes da galeria inferior da tomada d'agua

aparentemente esti ligada a deficiencia, observada na operagao

do complexo sistema de ventilacao das galerias.

5.2. Deve ser lembrado que existem tubos X = 0,20m (sete em ca

da bloco) interligando a galeria intermediaria (303,25m) da to

mada d'agua, com o fundo dos depositos para "stop-logs" e com a

crista da barragem (332,00m). Tais acrescimos na area disponi

vel para fluxo ascendente de ar das galerias, sao pequenos e nao

haviam sido considerados no anteprojeto.

Conforme ji citado anteriormente, a colocacao de tampas restrin

gindo a area livre na boca dos dutos, na galeria 303,25m provo

cava acentuado acrescimo de condensagao, pois foram instaladas

sem a preocupagao de se atender as necessidades do sistema de

330

ventilagao. Ao serem substituidas por grelhas notou- se sensivel

reducao na condensagao de umidade, mas no atingindo ainda os

niveis desejaveis.

5.3. Observou-se boa circulacao horizontal de ar na galeria in

termediaria (303,25m), devido a contribuicao de fluxo originado

no acesso ao portico do monta-carga, pelo tunel de acesso prin

cipal e pogo de escada (na barragem de gravidade). A existencia

dos pocos de inspegao de juntas facilitam sobremaneira a circu

lacao e a exaustao de ar nessa galeria.

5.4. Eventualmente, a falta das portas-estanques previstas no

anteprojeto possa ter contribuido para alteracoes no fluxo do

ar, de forma que ocorressem mudangas nao previstas no esquema

funcional original. E a inclusao de ar quente proveniente dos

trocadores de calor, pela cota 267,25m, no circutio de ar para

a galeria inferior da tomada d'agua, aparente ser um dos princi

pais componentes do problema de condensacao da umidade.

outro problema observado, foi o elevado nivel de obstrucao nas

bocas de admissao de ar externo, no paramento jusante da tomada

d'igua, a cota 294,00m. As telas metalicas, de maiha muitrn Tina esta

vam colmatadas, devido a oxidagao, deposito de poeira a residuos

orginicos (teias de aranha, insetos, etc.)

5.5. Como resultado da reciclagem sobre seguranca de barragens

promovida pelo Laborat6rio Central de Engenharia Civil, em AG084,

foi elaborada listagem de "Assuntos Sugeridos para Analise", on

de constava o item: "1.21 - Revisao do criterio relativo a cota

minima para tubulagoes e aberturas a jusante da casa de forma".

Em vista disso, e lembrando os problemas com a cheia de jun83,

o Departamento de Manutengao da Operacao, providenciou um estu

do que culminou com alteragoes e relocag6es nos pontos de toma

da ou exaustao de ar, na parede jusante da casa de forma da usi

na Ilha Solteira.

5.6. E importante lembrar, ainda, que as tentativas de prote

gao dos contatos eletricos em caixas seletoras, com aplicagao

de resinas para impermeabilizagao e calafetacao das juntas da

tampa, nao tem dado resultado. Nos casos em que ocorreram inun

dagao de galeria, houve penetragao d'agua no interior das cai

331

N. •., I ., . I,

xas (blindadas ) e a existencia do adesivo dificultou considera

velmente sua drenagem e manutencao.

5.7. Finalmente convem ressaltar que nas demais usinas da CESP

nao se tem tido problemas com a instrumentacao de auscultarao

provocados por deficiencia de ventilagao e umidade,Isso, porque

nos sistemas de ventilagao foi considerado insuflamento de ar,

de modo mais simples e direto para as galerias de drenagem, o

que tem contribuido para forgar um deslocamento mais rapido e

eficiente, da massa de ar.

6. AGRADECIMENTOS

0 autor agradece a Companhia Energetica de Sao Paulo -CESP, a

possibilidade de elaborar este trabalho. Os agradecimentos se

estendem ao Eng. Miguel Cidin Bonzegno, pelo apoio, orientagao

e incentivo, bem como a equipe tecnica do Laboratorio Central

de Engenharia Civil, especialmente ao auxilio em servigos de ins

pegao e manutengao, e comentarios do Sr. Kenji Igarashi.

Mencao e feita ao Eng. Pedro Jose F. Oliveira (entao lotado na

Operagao da Usina Ilha Solteira), que providenciou o desenvolvi

mento e instalacao das grelhas e tampas termicas.

332

if

0

crz

L1

lD c N

O In 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0(N N M ITV STN dr() NN LnN

H

0

0aHE-4

4QU0a

34 ^4 34 U) P W P ^I ^4 U)

000x) O N 00 0wr r T3 r•j I4 r O ^4 r r rO S4

(fdm 0 (0 0m (0H r-I H r-1 41 r-1 r1 rl 4144 W 44 N W (n 44 44 W U)

w W (A U) (d En (1) m

H H H W H W H H H W

Or- M0

N O D H

O O 0 0 0 0 0O O O O N 00 OO O N NLf10lD

lfl O N NN rH MN N

44U) N U) U) U) H U)•r1 •1•1 •ri •r1 -ri )-I •,-Ird fd rd fd 41 td•ri •ri •r1 • -1 -ri r; •.-I

(U fd rb (U O 0

Cl1 am ifl N000HI HI I N N N

00

N r-I

OllD

00 Or-I

NOD

r-1 OH

O OO O

O OO O

O OO O

NI'D 00 00

9 M NCOM M

lD COCr)

4-1U)

r-1 •ri r1•rl U)

^4 rifd fd•ri •r1

(0 r3

ro fdH •ri

fd fU

4-l fdis •r-I

O

HN

(1) v E ml ml-)Q a) V N 0 ' 4)C H rd ^i •14 •ri z IRS U C. rd >~ a b ^4 > 0 fdJJ •r I (d a+ a) a) (d E

(d U) H fd O) a) 4-1 )4 a! zU^ 0 U b rj C: tT O) b 0S4 E O) r+ C: U) Is rd E ^ H ro (1) E0 ri a a) %(U U. U) E E E ra4-1 ( E (

04 0^1 - la (U O O (U 0 (U O) Rf O)

•ri 0 •r1 'b O •r-1 in m •ri Ln J~ O) 0) rO raa) S-1 lD 1a b U) 44 S-1 ft ^•1 - a) ^4 rd •rir0 a) 0) N U 0 M a) o in a) r- ♦ by%rd ^1

H H H r-1 )4 U^ '0 O) r-1 E "D .o r-1 u) fd 34 (U W Efd fb 00 m rd a) 0 (13 'O (U Q N N fd N t-1 a) fd >'-I S4 vU) U N 3 U) 'Q, a o U rn -- 0 -- E OQ >s V< tT

(13 fo a) Q)r-I N M r-I N r-1 N

r 1 r 1 H r-I N N N Cr) Cr) ('7

333

1 - Usina Ilha Solteira

Problemas decorrentes da 2 - XVII C.B.G.B.

umidade em galerias de drenagem e a 3- 1987

influencia do projeto de ventilagao 4 -- Brasilia -D1'

5-Tema III

2 - Cardia, R.J.R.

7 - Galerias, umidade, instrumentagao projeto, manutengao

8 - RESUMO:

Excesso de umidade ambiente em galerias de drenagem, devi

do a falta ou demora na renovagao adequada do ar, tem pro

vocado rapida oxidagao nos contatos de instrumentos(eletri

cos) de auscultagao, resultando em leituras deficientes.

A1em da descrigao do sistema de ventilagao, projetada pa

ra as galerias da usina Ilha Solteira, sao comentadas di

vergencias observadas entre o anteprojeto e a situagao

conforme construida. Sao citados ainda, estudos de alter

nativas para protegao das caixas seletoras.

ABSTRACT

Excessive humidity in drainage galeries environment due

to lack in, or time consuming, air-supply renewal, has

been the major cause of electric contacts oxidation

resulting in inadequate read-outs in dam monitoring

instruments. Aside the description of an aeration/

exaustion system that has been designed for Ilha Solteira

power station, deviations between first draft and as

built configurations are also reported. Finnally , studies

for thermal protecion of the switching- boxes are herein

described.

334

i

335

336

337