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REVISTA DO CONSULADO DA MULHER A Revista do Consulado da Mulher é uma publicação bimestral do Instituto Consulado da Mulher. Coordenação da Publicação: Alexandra Ebert, Inês Meneguelli Acosta e Paula de Santis Conselho Editorial: Anna Paula Colacino, Célia Regina Lara, Christiano Basile, Gláucia Matos Adeniké, Melanie Torres, Silvana S. Nascimento, e voluntários (as) dos Conselhos Locais. Projeto Editorial e Gráfico: CONG Comunicação e Eventos S/C Ltda. Jornalista Responsável: Ana Augusta Rocha (mtb 25.815) Tiragem: 3.000 exemplares Instituto Consulado da Mulher: São Paulo: (11) 5586-6183 Rio Claro: (19) 3532-4446 Joinville: (47) 3433-3773 www.consuladodamulher.org.br O Instituto Consulado da Mulher pôde imprimir esta publicação em papel reciclato devido ao apoio da São Rafael Gráfica e Editora Ltda. Número 5 Fevereiro | Março 2006 Especial Dia Internacional da Mulher EDIÇÃO ESPECIAL DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER MULHERES EM MOVIMENTO MULHERES EM MOVIMENTO MULHERES EM MOVIMENTO MULHERES EM MOVIMENTO

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REVISTADO CONSULADO DA MULHER

A Revista do Consulado da Mulher é uma publicaçãobimestral do Instituto Consulado da Mulher.

Coordenação da Publicação: Alexandra Ebert, Inês Meneguelli Acosta e Paula de Santis Conselho Editorial: Anna Paula Colacino,

Célia Regina Lara, Christiano Basile,Gláucia Matos Adeniké,

Melanie Torres, Silvana S. Nascimento,e voluntários (as) dos Conselhos Locais.

Projeto Editorial e Gráfico: CONG Comunicação e Eventos S/C Ltda.

Jornalista Responsável: Ana Augusta Rocha (mtb 25.815)

Tiragem: 3.000 exemplares

Instituto Consulado da Mulher: São Paulo: (11) 5586-6183 Rio Claro: (19) 3532-4446 Joinville: (47) 3433-3773

www.consuladodamulher.org.br

O Instituto Consulado da Mulher pôde imprimir estapublicação em papel reciclato devido ao apoio da

São Rafael Gráfica e Editora Ltda.

Número 5 Fevereiro | Março 2006Especial Dia Internacional da Mulher

EDIÇÃO ESPECIALDO DIA INTERNACIONALDA MULHER

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O FEMINISMO, ACHO, nasceu comigo, veio no DNA. Lá emUberlândia, cidade mineira apegada às tradições e cheia de regras decomportamento, eu era uma moça olhada com certa desconfiança no bairrooperário onde morávamos. Desde pequena gostava de brincar como ummoleque, subir em árvore, correr, andar de bicicleta, ser livre. Sempre fuiapoiada pela minha mãe. Nunca apanhei e tive uma educação para a vida enão por ser menina. Mamãe dizia: “Estudem, aprendam a realizar tudo o quequerem e desejam ser”. Imagina que o que tal argumento causava numavizinhaça que impunha uma educação para “meninas” para suas filhas?Aos 20 anos (1975) já era ativista do movimento popular e feminista. Em1978, lembro-me de participar de reuniões e debates pelo Dia Internacionalda Mulher. A Constituição de 1988, foi no Brasil, a celebração de um novo

momento de democratização e cidadania para o país. Em seu texto, reconheceuque a mulher era uma pessoa independente, com os mesmos direitos que oshomens e não dominada pelo pai ou marido. Foi quando vim para São Paulotrabalhar (1989) em uma ONG chamada Sempreviva Organização Feminista(SOF) e foi quando também, mundialmente, o movimento de mulheres cresceuimensamente. Outro marco destes anos foi a criação de um Conselho Nacionaldos Direitos da Mulher, em 1985. Seguido a ele, ainda veio, a criação dasDelegacias de Atendimento à Mulher (Deams). A partir daí, tornou-se visível aspreparações e organizações para Conferências Mundiais, Congressos Nacionaise Regionais, além da elaboração de políticas públicas para as mulheres. Negras,indígenas, sindicalistas, deficientes...todas participavam desses encontros. Vimosque a diferença não podia ser alvo de tratamento desigual.

Hoje, vejam a diferença e a evolução: temos dois Ministériosdirigidos por mulheres: a Secretaria Especial de Política para as Mulheres e aSecretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Mais de 307delegacias da mulher estão distribuídas pelo Brasil. Existem também casa-brigo para receber a mulher e seus (suas) filhos (as), que correm perigo deviolência por parte de pais e maridos. Isso ainda é muito pouco? Na verdadeé, pois o Brasil é imenso e a questão da violência contra a mulher ainda émuito grande. Vamos dizer assim: demos alguns passos e estamos emmovimento para transformar nossa realidade em todo país.

Recentemente, nos anos 90, nos abrimos para uma reflexãoessencial: a questão da mulher negra. Na prática há diferença de tratamento ede direitos entre as mulheres brancas e negras? Demonstramos por meio deestudos e pesquisas que SIM. Elas ainda são alvo de preconceito e discriminaçãoracial e de gênero. A exemplo disso, uma mulher branca chega a ter umrendimento três vezes maior ao de uma negra.

Um momento importante de minha vida foi a participação nacriação da “Fala Preta Organização de Mulheres Negras”. Pela primeira vez,dediquei totalmente meu trabalho de resistência para uma questão relacionadaaos direitos humanos, a igualdade de direitos independente da cor. Essesaprofundamentos me fizeram olhar seriamente para mim mesma e, descobrira felicidade de me amar, a minha beleza de mulher negra, minha inteligência,minha capacidade de mudar a história da nossa raça.

Então, posso dizer que estamos sim progredindo e o retrato dissosão as instituições como o Consulado da Mulher que se dedicam especialmenteàs questões da mulher, de sua emancipação. O importante, o fundamental é quepossamos fortalecer os laços de uma vida onde as diferenças não sejam fonte dedesigualdade. Que cada um possa viver a beleza de ser como é: mulher,homem, negra (o), branca (o)... enfim todos os seres em igualdade.

GLÁUCIA MATOS ADENIKÉ, COORDENADORA GERAL CONSULADO DA MULHER DE JOINVILLE

PALAVRAS DE GLÁUCIAUM PANORAMA DOSÚLTIMOS 25 ANOS

“A diferença não pode ser alvo detratamento desigual”

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HÁ SÉCULOS É IMPOSTO

ÀS MULHERES PADRÕES

DE BELEZA. MAS MUITAS

VEZES A MULHER SE

ESQUECE QUE A AUTO-

ESTIMA FAZ PARTE DELA,

JÁ QUE NASCE DO

SENTIMENTO DE SER

REALIZADORA E DONA DE

SUA VIDA.

tir e de se cuidar, buscando asua identidade, a sua expres-são. E principalmente mos-trando para as meninas dofuturo que bonito é ser quemvocê é e buscar uma vida comsignificado. Mulheres de ver-dade, com vidas de verdade ebonitas de verdade.

ILUSTRAÇÕES: ECICLOPÉDIA NOSSO SÉCULO 1900/1910)

A BELEZA DE SER QUEM SE É

ESTÁ NAS MÍDIAS. Liguem os aparelhos de televisão. Façamum apanhado nos out-doors pela sua cidade: o “modelo” de mulher apre-sentado como bela e atraente é quase que um único: magra, branca, jovem,passiva (nunca parecem ter uma tarefa a empreender) e, muitas vezes,sexualmente disponível. É tamanho o uso de imagens de mulheres para venderprodutos – de cerveja a carros – que as pessoas já se acostumaram à poucaroupa, e às posições corporais “ousadas”. O que é triste nisso é que existe umsignificado maior e nocivo nestas campanhas: são os modelos femininos quetentam impor a população.

O mecanismo é mais ou menos assim: as imagens das mulherestidas como modelo de beleza vão entrando na cabeça das pessoas pelos olhose acabam se transformando no “sonho”, na projeção de suas vidas. O queresulta em mulheres adultas se sentindo sempre inadequadas, ora porqueestão muito gordas, ora porque têm a pele negra ou se sentem muito velhas...um conflito! Agora, pense também nas meninas: vão construir seu futuro devida seguindo esses padrões, já pensou?

Uma pessoa que se sente inferiorizada tem força para pegar avida nas mãos e realizar projetos? Quem estuda os comportamentos humanosdiz que não: “Este sentimento de se sentir mal em sua própria pele torna difícila ação eficaz e independente; encoraja a competitividade negativa entremulheres; representa como ilegítimas a solidariedade feminina e asreivindicações feministas” diz Louise Forsyth, uma pensadora norte-americana.

Hoje, no Brasil, companhias da área dos cosméticos, prin-cipalmente, tem colocado este assunto em pauta dizendo que padrão debeleza não existe, que cada mulher tem a sua beleza, que podem ser gordasou magras – e felizes! O primeiro passo para mudar esta tirania estética é olharpara si com outros olhos, olhos amorosos. Curtir, também, cada jeito de se ves-

LINHA DO TEMPOFATOS MARCANTES NA HISTÓRIA DAS MULHERES, NO BRASIL E NO MUNDO

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1871

Brasil | Lei doVentre LivreFilhos de mãesescravas a partirdesta datanascem livres

1884

Brasil | Primeirasorganizaçõesde mulheresNa Amazônia eno Ceará nascemà volta da causaabolicionista

1857

EUA | 8 de março129 operárias grevistasmorrem queimadas numatecelagem em Nova York.Elas reivindicavam a reduçãoda jornada de trabalho de14 para 10 horas de trabalhoe licença-maternidade

1889

Brasil | Aboliçãoda escravatura

1893

Nova ZelândiaPrimeira vitóriadas mulherespelo direitoao voto feminino

1920

EUA | Direitoao voto feminino

1928

Brasil | Primeiraprefeita eleita:Alzira Sorianode Souza, Lages,Rio Grande doNorte

1932

Brasil | Conquistadoo Direito aovoto femininoMas só se concretiza nofinal do governo GetúlioVargas, em 1945

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casais têm algum problema de infertilidade. Os serviços do SUS tambémoferecerão técnicas de reprodução assistida a casais com doenças genéticas ouinfecto-contagiosas, como HIV e hepatite B. Nesses casos, a assistência terácomo objetivo evitar a transmissão das doenças para os bebês e/ou para os (as)parceiros (as). “A distribuição dos métodos anti-concepcionais nas unidadesbásicas de saúde e nas equipes do Programa Saúde da Família começou no mêsde fevereiro para 1.388 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes.Os contraceptivos são: pílula combinada, minipílula, pílula de emergência (dodia seguinte), diafragma e DIU. Espera-se alcançar 40 milhões de mulheres até2007”, explica Eline Jonas, presidente da UBM – União Brasileira de Mulheres.Outra questão importante é o aborto. Para as vítimas de violência sexual nãohaverá mais a necessidade do BO (Boletim de Ocorrência) para a realização deum aborto legal.

A discussão sobre a discriminalização do aborto também é vital.Isso porque hoje, no Brasil, os números revelam que são mais de 1,4 milhão deabortos espontâneos ou provocados anualmente, o que ocasionaprocedimentos como curetagens de emergência, além do alto índice de óbitosde mulheres. O aborto é a quarta causa de mortalidade de mães hoje no Brasil.

Um outro projeto feito em parceria com o Ministério daEducação vai levar às escolas brasileiras e aos adolescentes informaçãocontinuada sobre saúde sexual. O objetivo é diminuir os índices de conta-minação da Aids e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). O projeto prevêa distribuição de preservativos em escolas públicas para os jovens de 13 a 24anos desde que inseridos em um programa curricular aprovado pela família ealunos (as), que aborde sexualidade. O ação já foi implantada em 455 escolasde 127 municípios, com uma cobertura mensal de aproximadamente 50 milpessoas, entre mães e pais, professoras (es) e alunas (os).

O direito ao próprio corpo é primordial para a emancipação damulher e o exercício da sua cidadania. Mas é importante que as escolhasdiárias de cada um (a) sejam saudáveis e felizes. Daí a importância do apoioe da orientação das instituições públicas. É o caminho mais seguro,democrático e simples.

REFERÊNCIAS: www.ubmulheres.org.br | www.soscorpo.org.br |www.presidencia.gov/spmulheres

A SAÚDE,UM DIREITO DA MULHER

O BRASIL ESTÁ vivendo um momento importante. O governose encaminha agora para apoiar às mulheres e o direito que cada uma temsobre seu próprio corpo por meio de auxílio, via SUS (Sistema Único de Saúde),de tudo que diz respeito a sua saúde, sexualidade e direitos reprodutivos.Lançada pelo Ministério da Saúde em 2005, a Política Nacional de DireitosSexuais e Reprodutivos era uma promessa de campanha do atual governo,anunciada desde 2002.

Mas é importante saber que essa ação – o apoio do estado àsaúde integral da mulher - é também uma antiga reinvindicação dos movi-mentos de mulheres que sempre lutaram pela disponibilização de métodosanticoncepcionais, entre eles a pílula do dia seguinte. Um ponto inovador éque o SUS dará o acesso a cirurgias de esterilização voluntárias, para homens(vasectomia) e mulheres (laqueadura). Há também a intenção da criação de umprograma de Reprodução Humana Assistida para casais que não conseguemter filhos (as). Segundo a Organização Mundial de Saúde, entre 8% e 15% dos

1939

França, Itália eJapão | Direitoao votofeminino

1943

Brasil As mulheres passam atrabalhar livremente sema necessidade daautorização do marido.No entanto, ele podiaimpedi-la se julgasse oserviço prejudicial à família

1960

EUA Liberaçãoda pílulaanticoncepcional

1964

Brasil Golpe Militare repressão atodasas manifestaçõesde cidadania

1975

Brasil |MovimentoFeminino pelaAnistiaLuta pelaredemocratizaçãodo país

ONU | AnoInternacionalda MulherÉ decretado,mundialmente,o início daDécada daMulher

Brasil e Mundo anos1970 | O movimentofeminista cresce nomundo e no BrasilSurgem os Estudos deGênero nasuniversidades

1970

Meados dos anos70 | Movimento doCusto de VidaMulheres da periferiareivindicam direito à moradia,escola, transporte, melhoressalários e reforma agrária

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o Brasil, muitos (as) prefeitos (as) estão assinando um compromisso pelamelhoria da qualidade de vida das mulheres em suas cidades. O plano é umgrande avanço, pois propõe um conjunto de 199 ações estabelecidas pelaSecretaria Nacional de Política para as Mulheres que vão atender às necessidadespráticas das mulheres no seu dia-a-dia, como a melhoria dos serviços públicos,a ampliação do número de exames de mamografia e papanicolau, o aumentode vagas para crianças de zero a 6 anos em creches, o aumento do número deDelegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams) e a implantaçãode Núcleos Especializados nas delegacias existentes, entre muitas outras coisas.Ou seja, é melhorar a cidadania das mulheres, reconhecer as suas necessidadese responder à elas. O próprio Presidente se empenhou nessa tarefa.

EM VOTAÇÃO: DIREITOS PARA A MULHERA luta pela aposentadoria das donas-de-casa de baixa renda

está em pauta. Agora, no dia 08 de março, centenas de delegações erepresentantes do movimento pela causa das mulheres vão a Brasília entregaros milhares de abaixo-assinados recolhidos em todo o Brasil.

A ação pede a regulamentação dos parágrafos 12 e 13 do art.nº 201 da Constituição Federal, que garantem o direito à aposentadoria paratrabalhadoras sem renda e de baixa renda, por exemplo as donas-de-casa,que sempre ficaram à margem deste direito. Está na hora de todos (as)reconhecerem que o trabalho doméstico é trabalho, e muito! Se o trabalhodoméstico, feito gratuitamente pelas mulheres, fosse pago seriam necessáriosmais de R$ 225,4 bilhões anuais circulando pelo país.

Outra importante conquista que as mulheres poderão obterestá no Projeto de Lei 4559/04, que propõe mecanismos para inibir aviolência doméstica e familiar contra a mulher, que no Brasil é muito grande.Esse projeto que prevê uma punição mais drástica para o agressor, já que aspenalidades ainda são muito amenas e, não inibem ninguém. O projeto estána pauta de votação da convocação extraordinária do Congresso Nacional. Sefor aprovado, seguirá sua tramitação da Câmara para o Senado.

Informe-se sobre essas questões no Consulado da Mulher. Eajude na construção de um Brasil melhor.

SAIR AS RUAS, promover reuniões e pressionar representantesdo país, como senadores, deputados e vereadores, dá trabalho, sim. Mas é amelhor forma de tornar visível uma necessidade. Somente quando a sociedadeenxerga um problema – e reclama,o governo se vê obrigado a agir.

Quer um exemplo? Nos anos 80, todos (as) foram às ruaspedirem à volta da democracia e tantas outras reivindicações. O resultado:muitas mudanças. Por exemplo, a pressão do movimento de mulheresacabou conseguindo do governo a instituição, em 1985, dos Programas deSaúde Integral da Mulher (Paism), que implantou em todo o sistema de saúdeno país um atendimento com exames ginecológicos e pré-natais obrigatórios.Quando o SUS foi lançado em 1988, toda mulher brasileira passou a ter odireito de realizar esses exames.

O governo iniciado em 2003, também, implantou a SecretariaNacional de Políticas para as Mulheres e a Secretaria Especial da Promoção daIgualdade Social (políticas contra segregação racial). Além disso, hoje, em todo

POLÍTICAS PÚBLICASPARA AS MULHERESNovidades importantes para asmulheres estão em votação, você sabia?

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1985

Nairobi, Quênia |Conferência Mundialdo Final da Décadada MulherAdota-se o documento“Estratégias Encami-nhadas para o Futuro doAvanço da Mulher”

1985

Brasil | PrimeiraDelegacia deAtendimentoEspecializado àMulher, em São PauloRapidamente, váriassão implantadas emoutros estados

1980

Islândia | Primeira mulherpresidenteVigdisFinnbogattir

1983

Nascem os primeirosConselhos Estaduaisda CondiçãoFeminina (MG e SP)Luta-se pelacriação de políticaspúblicas paramulheres

Brasil | Programa deAtenção Integral àSaúde da Mulher(Paism)Assistência baseada naintegralidade do corpo,da mente e dasexualidade da mulher

1988

Brasil | NovaConstituiçãoBrasileira Redefine o papel damulher na sociedadeemancipando-a dequalquer dependênciamasculina

1976

Brasil | PrimeirasenadoraEunice Michilles

Surgem os ConselhosNacionais dos Direitosda Mulher :políticas voltadas paraa eliminação dadiscriminação contraa mulher

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de oportunidades para homens e mulheres no mercado. Em quase todo omundo, os salários pagos a homens são bem maiores dentro de funçõesidênticas. A boa notícia é um compromisso estabelecido por_dos países domundo, em 1995, na Conferência das Nações Unidas sobre a Mulher queaconteceu em Pequim, China, onde os chefes de Estado se comprometeram atentar acabar com essas e outras desigualdades.

No Brasil, a movimentação pela causa da igualdade começounos anos 80 e, ganhou força a partir da década de 90. Movimentosimportantes de inclusão da mulher aconteceram, entre eles o trabalho pormeio de cooperativas que trouxeram uma nova forma das mulheres gerarem arenda própria. Esse movimento, recentemente denominado “EconomiaSolidária”, tem uma característica interessante: grande parte das cooperativassão formadas por mulheres. Suas razões podem estar ligadas à quantidade demulheres em situação de desemprego, e dentro dessa situação, procuraramoutras alternativas de Geração de Trabalho e Renda, entre elas ascooperativas populares.

COOPERATIVA, UMA NOVA OPORTUNIDADEQual é a primeira coisa que você imagina quando houve a palavra“cooperativa”?A ) Um grupo de pessoas que se une para realizar um determinado trabalhoB ) União que gera rendaC ) Trabalho participativo, no qual todos (as) contribuem para um mesmoobjetivo

Se você acha que todas as alternativas acima estão certas, nãose preocupe! É isso mesmo. Cooperativa é uma reunião de forças e vontades.É um grupo de pessoas que se une para produzir um trabalho, um serviço, ouainda, suprir uma necessidade coletiva, como a montagem de uma cooperativade lavanderia, em uma cidade onde não há uma. Esse novo método detrabalho tem sido uma solução encontrada por milhares de brasileiros (as)desempregados (as) em situação de subemprego, que por meio desse trabalhosolidário encontram uma nova forma de participar da economia, sustentar afamília e se realizar.

O Consulado da Mulher incentiva essa prática e contribui parao desenvolvimento de cooperativas, incubando-as, o que significa dar apoio e

BASTA OLHAR PARA trás na história e ver que os papéismasculinos e femininos se dividiram, por muitos séculos assim: mulher dentrode casa, homem fora. Para a mulher os trabalhos domésticos, para os homensas questões do mundo. A entrada das mulheres no mercado de trabalhoé então bem recente, surgiu como movimento social mais amplo no começodo século XX. A mulher saiu e se emancipou, muito porque buscava sua in-dependência enquanto ser, mas também por uma realidade chamadanecessidade: pagar as contas, que ficavam cada vez mais pesadas. Hoje em dia,todas as mulheres querem ajudar nas despesas da casa e, às vezes são as únicasresponsáveis pelo sustento de suas famílias. Para se ter idéia, entre 1992 e2002, o número de domicílios chefiados por mulheres cresceu 32,1%.Atualmente, elas são chefes-de-família em 25% dos lares do país.

Tudo cor-de-rosa? Nada disso: mesmo tomando sobre os om-bros tantas responsabilidades, as mulheres ainda se deparam com situaçõespara lá de injustas quanto à remuneração. Simplesmente não existe igualdade

JOSIANE SOUZA, TRÊS FILHOS PEQUENOS, É UMA COOPERADA EM JOINVILLE

A MULHER E OMERCADO DE TRABALHO:HISTÓRIAS DE SUPERAÇÃO

1993

Viena | Conferênciade Direitos Humanosda ONU: Os direitos dasmulheres são direitoshumanos e ela deve terpleno acesso à vida civil,econômica, social e cultural

1992

Brasil | ECO-92, RJMulheres participam da Conferênciada ONU sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento Sustentável(Planeta Fêmea – o papel femininona sustentabilidade do planeta)

1994

Egito, Cairo | Conferênciasobre População eDesenvolvimentoConvenção Internacionalpara erradicar violênciacontra mulher

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1988

O Estado Brasileiro reconhece aespecificidade da condiçãofeminina:Acolhe as propostas do movimentofeminista na elaboração de políticaspúblicas, voltadas para a superaçãodas discriminações e opressõesvivenciadas pelas mulheres

Anos 90

Terceiro setor pelas mulheresSurgimento de inúmeras ongsvoltadas para o incentivo àcidadania e emancipaçãofeminina nos campos da saúde,sexualidade, política, educaçãoe economia

1990

Brasil | Primeirasenadora eleitaJúnia Marise

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A EXPRESSÃO DA IDENTIDADE AFRO-

BRASILEIRA É TRABALHADA NAS OFICINAS

ESPECIAIS DE PENTEADOS AFRO DADAS

NO CONSULADO DA MULHER DE RIO

CLARO. DFANE FRANCISCA RESENDE É

VOLUNTÁRIA NESTAS OFICINAS QUE

REÚNEM MULHERES DE TODAS AS RAÇAS.

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1995

China, Beijing | Conferênciada ONU sobre a MulherConsiderada até então o maiorevento realizado pela ONU.Mulheres de todo o mundodecidem estratégias paraalcançar a igualdade

1997

Brasil |Laqueadurae VasectomiaDireito àesterilizaçãovoluntária demulherese homens

1996

Brasil | Regulaçãoda União Estávelcomo entidadefamiliarUm modo deproteger a mulhere seus filhos

1998

Sistema decotas na políticade partidosPartidos políticossão obrigados a ter30% de mulheresem seus quadros

2002

Brasil | Inauguraçãodo Consulado da Mulherem Rio Claro (SP)e Joinville (SC)

2004

Lançamento do Plano Nacional de Políticas para MulheresPela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres: resultado daI Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, que reuniumais de mil mulheres de todo o Brasil para debater sobre políticaspúblicas de educação, trabalho, saúde e violência voltadas aencontrar soluções para minimizar as desigualdades de gênero

MULHERES NEGRAS DO BRASIL

SE AS DISCRIMINAÇÕES de gênero já são grandes, ficamainda piores para as mulheres negras cuja história se atrela à escravidão. NoBrasil, atualmente, devido a estas heranças terríveis, as mulheres negras estãoentre as que vivem a pior situação de poder econômico, de falta deoportunidades e de discriminação na sociedade. Por isso, em setembro de2000 foi criada a Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras comopreparação para a III Conferência Mundial contra o Racismo a Xenofobia,realizada na África do Sul, em setembro de 2001. Seu objetivo foi o defortalecer lideranças para uma boa representatividade no evento. Atualmente,esta rede de ONGs reúne mais de 20 entidades de todo o país extremamenteatuantes e que têm conseguido fazer visível seu trabalho e sua luta.PARA SABER MAIS: Secretaria Executiva: CRIOLAAv. Presidente Vargas, 482 - sobreloja 203 - Centro 20071-000 - Rio de Janeiro / RJ - BrasilE-mail: [email protected]

assessoria necessária para o desenvolvimento delas, para que andem com aspróprias pernas, se emancipem. Três empreendimentos já estão operando emRio Claro e outros três em Joinville.

MÃE E TRABALHADORA. TUDO JUNTO NA NOSSA COOPERATIVAJosiane Souza, 27 anos, três filhos pequenos, é uma das

participantes da Cooperante (Cooperativa Amiga do Meio Ambiente), umacooperativa de reciclagem de materiais de Joinville, que em breve estenderásuas atividades para uma horta orgânica. Onde antes havia dificuldades na vidade Josiane, agora há perspectivas.

“Entrei na Cooperante pelo sonho, pensando no futuro. Agoraestou colhendo resultados. Além do dinheiro que vem da venda dos recicladosque dão uma grande ajuda todo mês, eu encontrei um jeito de trabalharque inclui meus filhos, pois é um lugar onde posso ir e levá-los comigo. Eles,inclusive, me ajudam, acreditam? Percebem que estou trabalhando, me es-forçando e fazem uma coisinha ou outra para me auxiliar, entendendo osignificado da palavra trabalho. Meus pequenos também não jogam lixo por aí.Estamos todos aprendendo a criar um mundo mais limpo e mais digno. Outracoisa que eu vejo é a amizade do grupo que forma a cooperativa. Não existechefe, ninguém manda em ninguém, decidimos tudo juntos com o apoio doPaulo Dalfovo, coordenador de Geração de Trabalho e Renda do Consulado deJoinville.

“Agora estamos decidindo se vamos ou não comprar umterreno e erguer o nosso galpão onde faremos a nossa horta orgânica”, contaJosiane.“Posso dizer que viramos uma família. Não somente nos trabalhos dacooperativa, mas na vida. Sei que posso contar com a ajuda do grupo quandoprecisar e, eles sabem que podem contar comigo. Somos uma rede, um ligadoao outro, um contribuindo com o outro. Todos indo em frente”, finaliza.Você vai acompanhar pela revista os trabalho da Cooperante. Fique atento!

“ACREDITO QUE AS MULHERES SEJAM MAIS CAPAZES DO SENTIMENTO DE COMPAIXÃO QUE OSHOMENS. É QUASE COMO SE PUDESSEM SENTIR O OUTRO. ACREDITO QUE PELO FATO DE CARREGAREMUM SER DENTRO DE SI. AS MULHERES SENTEM REALMENTE UM “OUTRO” DENTRO DO PRÓPRIO CORPO.”KAKA WERÁ JECUPÉ, ANTROPÓLOGO E ÍNDIO GUARANI, 42 ANOS.

“PARA CONSTRUIRMOS UM MUNDO MELHOR, PRECISAMOS CUIDAR DAS “MULHERES” ASSIM COMO AS“MULHERES” CUIDARAM E CUIDAM DE TODOS (AS) NÓS. SENDO ASSIM, A SOLUÇÃO CONSISTE EM MAISPITADAS DE “MULHER” DENTRO DE CADA E TODO SER”.

CHRISTIANO FERREIRA BASILE, COORDENAÇÃO GERAL DE DO INSTITUTO CONSULADO DA MULHER

O que eles falam sobre as mulheres ?FO

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MULHERES EM MOVIMENTOIGUALDADE E SOLIDARIEDADE FAZEM O NOSSO CAMINHO

8 DE MARÇO, DIA INTERNACIONAL DA MULHER

MULHERES ESCREVENDO UMAMENSAGEM PARA O MUNDO

Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade

EM QUEBEC, NO Canadá, em 1995 começou um movi-

mento feminista que vem crescendo e colocando em marcha pelo planeta o

desejo das mulheres por um mundo mais igualitário e sem opressão. Em

2004, num encontro que se deu em Ruanda, África, mulheres de quase uma

centena de países ligadas a este movimento criaram uma carta emocionante

que fala deste sonho feminino de igualdade. O Consulado da Mulher

selecionou o trecho inicial para você conhecer, se inspirar e querer saber mais.

“Nós, as mulheres, há muito tempo marchamos para

denunciar e exigir o fim da opressão que vivemos por sermos mulheres e, para

afirmar que a dominação, a exploração, o egoísmo e a busca desenfreada do

lucro produzem injustiças, guerras, ocupações, violências e devem acabar.

Das nossas lutas feministas e das lutas de nossas

antepassadas de todos os continentes, nasceram novos espaços de liberdade

para nós, para nossas filhas e filhos, para todas as crianças que, depois de nós,

caminharão sobre a terra.

Estamos construindo um mundo no qual a diversidade é

uma virtude; tanto a individualidade como a coletividade são fontes de

crescimento; onde as relações fluem sem barreiras; onde a palavra, o canto

e os sonhos florescem. Esse mundo considera a pessoa humana como uma das

riquezas mais preciosas. Um mundo no qual reinam a igualdade, a liberdade,

a solidariedade, a justiça e a paz. Este mundo nós somos capazes de criar.

Para saber mais sobre a Marcha das Mulheres:

www.esplar.org.br/artigos/maio/25.htm (o texto na íntegra)

www.fase.org.br