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3º Seminário de Relações Internacionais da ABRI 29 e 30 de Setembro de 2016 Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis, SC Área temática: Economia Política Internacional ENERGIEWENDE: A POLÍTICA ENERGÉTICA DA ALEMANHA Solange Reis Ferreira PPGRI San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp, PUC-SP)

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Page 1: ENERGIEWENDE: A POLÍTICA ENERGÉTICA DA ALEMANHA · A Alemanha formulou uma das mais ousadas políticas de energia do mundo a fim de aumentar a participação de fontes renováveis

3º Seminário de Relações Internacionais da ABRI

29 e 30 de Setembro de 2016

Universidade Federal de Santa Catarina

Florianópolis, SC

Área temática: Economia Política Internacional

ENERGIEWENDE: A POLÍTICA ENERGÉTICA DA ALEMANHA

Solange Reis Ferreira

PPGRI San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp, PUC-SP)

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Resumo:

A Alemanha formulou uma das mais ousadas políticas de energia do mundo a fim de

aumentar a participação de fontes renováveis na matriz energética, reduzir as emissões de

gases poluentes de efeito estufa e viabilizar a transição do país um paradigma verde.

Conhecida como Energiewende, a Transição Energética implica transformações estruturais

e nas relações entre os vários segmentos do sistema energético. Formulada como política

pública, envolve a participação direta da população e de prefeituras em projetos de energia

limpa. Atualmente, quase metade da capacidade instalada de energia elétrica por fontes

renováveis é gerada por indivíduos, agricultores, cooperativas e similares. O Estado formula

metas e normas, mediando os interesses divergentes entre os agentes sociais e

econômicos, incluindo os conglomerados das energias tradicionais. A questão é manter uma

fórmula que sustente o consenso social para uma revolução energética que implica custos

desigualmente distribuídos e doses de incerteza. Consumidores individuais, comércios e

algumas indústrias arcam com o aumento no preço da eletricidade, enquanto o setor

industrial intensivo em energia, sobretudo voltado para exportação, recebe isenções. As

críticas sobre o que muitos consideram subsídio à indústria pesada é apenas um dos

problemas enfrentados: demanda-se constante modernização da infraestrutura, tecnologia

para mitigar a intermitência das fontes e investimentos vultosos. O plano é executado em

concomitância com o desmonte do parque nuclear, o que leva ao aumento do uso de carvão

ou gás natural no curto prazo, outro alvo dos opositores. Esses fatores interferem na política

externa com o bloco europeu e a Rússia, seu principal fornecedor de recursos fósseis.

Trazem, igualmente, efeitos na economia global ao estimular a indústria de equipamentos

solares na China, que passa a competir com os Estados Unidos e a própria Alemanha por

esse mercado. O objetivo do artigo é apresentar essa problemática a partir de seu

desenvolvimento histórico.

Palavras-chave:

Energiewende; Alemanha; Energia Renovável.

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1. Introdução

Conseguirá um país industrializado, que consome uma quantidade

substancial de energia e que ainda possui emissões elevadas, alcançar os

objetivos ambiciosos sem prejudicar a segurança energética, disparar um

aumento massivo nos preços de energia e, acima de tudo, assustar os setores

industriais intensivos em energia? (DEUTSCHE BANK, 2012, p.2)1

Em dado ponto de um relatório do Deutsche Bank surgem essas indagações acerca

da viabilidade da política energética alemã intitulada Energiewende2. Dúvidas semelhantes

fomentam debates nas esferas acadêmicas, políticas e de comunicação. No centro da

questão mora a efetividade da estratégia alemã para atingir índices elevados de eletricidade

a partir de fontes renováveis e reduzir emissões de gases de efeito estufa, ao mesmo tempo

em que elimina o uso de energia nuclear.

A Energiewende compreende um conjunto de legislações, incentivos e investimentos

para aumentar a participação de fontes renováveis na geração elétrica, combater a

mudança climática e aumentar a segurança energética. Seu desenho implica custos e

transformações que requerem engajamento de setores econômicos e sociais por um longo

período. Apesar de o Estado ser arquiteto da transformação, a horizontalidade do processo

envolve iniciativas individuais, municipais, e de pequenos e grandes segmentos

econômicos. Seus princípios foram estabelecidos antes da reunificação, perpassando

governos de diferentes orientações ideológicas. As motivações ambientais coincidem com

as da União Europeia (UE), mas o projeto também reflete a concepção alemã de conectar

política energética e industrial.

Dada a crescente integração do mercado alemão com a infraestrutura de energia

europeia, a Energiewende impactará os países vizinhos. Ansiosos por segurança

energética, alguns deles veem a política energética alemã com boa expectativa; outros a

percebem como catalizadora das assimetrias regionais. Sob a justificativa de reduzir a

dependência doméstica e regional de recursos fósseis externos, a Alemanha planejaria

liderar o mercado comum transformando-se em grande exportador de energia secundária e

alavancando mercados para sua indústria de tecnologia verde.

No que concerne à dependência externa, a opção pelo fim da energia nuclear implica

mais consumo de gás no curto e médio prazo: bom para a Rússia; ruim para as relações

transatlânticas; significante para a política internacional.

1 No original, “Will an industrialized country that consumes a substantial amount of energy and still has pretty

high emissions manage to achieve the ambitious goals without jeopardizing the security of supply, triggering a massive increase in energy prices and, above all, scaring off power-intensive branches of industry?” 2 Transição Energética.

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O artigo resume pontos históricos e regulatórios, apresenta as metas e alguns

resultados dessa política estatal rumo a um paradigma verde, e indica possíveis efeitos para

a política externa de energia da Alemanha.

2. Histórico

A Energiewende contém metas ambiciosas e implica transformações estruturais e

regulatórias na forma como a energia é gerada, subsidiada, distribuída e remunerada.

Quadro 1: Metas e Resultados

METAS DE REDUÇÃO

2020

2030

2040

2050

Situação

em 2014

REDUÇÃO DE GASES DE EFEITO

ESTUFA (ano base 1990)

- 40%

- 55%

- 70%

- 80%

- 26,4%

PARTICIPAÇÃO DE FONTES

RENOVÁVEIS NO CONSUMO TOTAL

DE ENERGIA

+18%

+30%

+45%

+60%

+12,4% (*2013)

PARTICIPAÇÃO DE ENERGIAS

RENOVÁVEIS NO CONSUMO DE

ELETRICIDADE

--

+40%

+55%

+80%

+27,3%

REDUÇÃO DO CONSUMO DE

ENERGIA PRIMÁRIA (ano base

2008)

- 20%

--

--

- 50%

- 9,1%

REDUÇÃO NO CONSUMO DE

ELETRICIDADE (ano base 2008)

- 10%

--

--

- 25%

- 4,8%

Fonte: Agora, 2014; Oxford Institute for Energy Studies, 2012.

O projeto sustenta-se em quatro pilares: (i) incentivos públicos ao sistema de energia

renovável para eletricidade; (ii) modernização da infraestrutura, (iii) descentralização de

fornecimento e autonomia do consumidor; (iv) fim da indústria nuclear. Estruturada em torno

do incremento de energia eólica e solar, propõe eliminar o uso de usinas nucleares até 2022

e reduzir drasticamente o percentual de carvão na matriz energética até 2050.

Os primeiros passos surgiram nos anos 1970, com os choques do petróleo e as

ideias de proteção ao meio ambiente. Como outros países, a Alemanha procurou diversificar

os fornecedores de petróleo para além do Oriente Médio, o que levou à intensificação das

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relações com a União Soviética na esteira da Ostpolitik3 e da gradativa incorporação do “gás

vermelho” à sua matriz energética (HÖGSELIUS, 2013, p. 167). Paralelamente, buscou

aumentar a segurança energética por meio de fontes renováveis e criação de órgãos

públicos para o planejamento de políticas de energia limpa.

Investimentos em energia nuclear também cresceram, mas a resistência da

população representou um obstáculo constante ao setor. O sentimento antinuclear desde os

anos 1970 explica parcialmente a aceitação da Energiewende pela sociedade civil na

atualidade, não obstante os custos econômicos e sociais da transição.

O conceito “transição energética” foi tomado emprestado da publicação “Energie-

Wende: Wachstum und Wohlstand ohne Erdol und Uran”, que versava sobre crescimento e

bem estar sem petróleo e urânio. “A tese deste livro é que a mudança fundamental e radical

na política energética da República Federal (e os países industrializados, em geral) tornou-

se indispensável” (KRAUSE, BOSSEL & REISSMANN, 1980, p. 13) 4.

A primeira eleição do Partido Verde (Die Grünen) para o Parlamento Federal (1983)

e o acidente nuclear em Chernobyl (1986), estimularam a criação, também em 1986, do

Ministério Federal do Meio Ambiente, Conservação da Natureza, Construção e Segurança

Nuclear (Bundesministerium für Umwelt, Naturshutz, Bau and Reaktorsicherheit), subindo a

temática na hierarquia da agenda institucional.

A partir de então, uma série de iniciativas em âmbito federal, estadual e municipal

redesenhou as regras do setor elétrico, incluindo estímulo à produção caseira de energia

limpa, incentivos públicos e desmonte de monopólios operacionais. Com a Reunificação, em

1990, o tema ganhou dramaticidade devido ao parque industrial e energético na antiga

Alemanha Oriental ser baseado no modelo soviético intensivo em energia.

No âmbito regional, em 1994, a assinatura da Carta Europeia de Energia estimulou a

liberalização do mercado e o desmantelamento de grandes conglomerados de energia

elétrica no continente, proibindo que provedoras participassem da distribuição. O modelo

seguido na Alemanha abriu espaço para geradoras eólicas e solares, que enfrentavam

dificuldade frente aos grandes conglomerados de energia fóssil. Por ocasião da assinatura

do Protocolo de Kyoto, em 1997, o país comprometeu-se com metas mais ambiciosas do

que a UE. Enquanto o bloco propunha reduzir as emissões poluentes em 8% sobre os níveis

de 1990, a Alemanha assumiu o compromisso individual de 21%.

3 Normalização das relações da República Federal da Alemanha com o Leste Europeu, especialmente com a

República Democrática Alemã, implementada pelo Chanceler Willy Brandt entre 1969 e 1974. 4 Cf. original, “Die These dieses Buches ist, dass eine grundsätzliche und radikale Wende in der Energiepolitik

der Bundesrepublik (und der Industriestaaten im allgemeinen) unabdingbar geworden ist”.

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É importante ressaltar que a chanceler Angela Merkel ocupava a liderança do

Ministério do Meio Ambiente durante o planejamento e as negociações para Kyoto. O fato

torna-se relevante por indicar que o desenvolvimento da Energiewende extrapola as

divisões ideológicas ou partidárias, traduzindo-se em razão de Estado e interesse nacional.

No caso alemão, a política ambiental das coalizões conservadoras não difere

conceitualmente das propostas de esquerda, ainda que com divergências sobre a questão

nuclear e o papel estatal. Em países como os Estados Unidos, por exemplo, persiste a

clivagem entre democratas e republicanos no tocante à adoção de políticas climáticas, com

os últimos tendendo a impedir legislações de proteção ambiental.

Em 2002, a primeira coalizão integralmente de esquerda na história da República

Federal da Alemanha, formada pelo Sozialdemokratische Partei Deutschlands (SPD) e o

Bündnis 90/Die Grünen, também conhecida como coalizão vermelho-verde, aprovou o

fechamento do parque nuclear nacional (Saída Atômica ou Atomaustieg, em Alemão) até

2022. Ainda que mais motivada por risco de acidentes e efeitos do lixo tóxico, e menos pelo

nível de poluição inerente à mineração de urânio, a proposta socialista colocou a Alemanha

na vanguarda para um sistema de energia limpo e com menos risco para a segurança

humana.

Continuando o processo de mudança de paradigma, a coalizão conservadora entre a

CDU/CSU-Fraktion e o liberal Freie Demokratische Partei (FDP) adotou, em 2010, o

“Energiekonzept” (Die Bundesregierung, 2010). O documento preservava o foco em fazer da

Alemanha uma das economias mundiais com maior eficiência energética e consideração

climática, mas a trajetória deveria ser gradativa e orientada para o mercado. Assim, o plano

anunciava o adiamento por até 14 anos do fechamento das usinas nucleares, cuja

tecnologia serviria como ponte para a transição energética. O retrocesso foi chamado pela

imprensa de “Saída da Saída” (DIE ZEIT, 2011).

A decisão refletiu a pressão de grupos de interesse, notadamente as geradoras

tradicionais de energia, a conjuntura de crise econômica e a austeridade no bloco europeu.

Física por formação, Merkel sempre se opusera ao desmantelamento do parque nuclear

(SOKOL, 2005).

O retorno da política nuclear, no entanto, não vingou. As manifestações populares,

as críticas da oposição socialista e o acidente na usina japonesa de Fukushima, em 2011,

obrigaram o governo a retroceder e fechar imediatamente oito usinas que operavam com

reatores construídos anos de 1980, número equivalente a mais de 50% das plantas em

operação na época (DW, 2011). A reversão foi aprovada por 80% do Parlamento, com

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rejeição apenas pelo Die Linke, partido de extrema-esquerda que defendia um desmonte

mais acelerado (APPUNN, 2015). Desde então, a Energiewende ganhou solidez e acumulou

controvérsias.

3. Desenvolvimento

Energia eólica e solar são os elementos centrais da transformação, que elevou a

participação dos renováveis na geração de eletricidade, de 4%, em 1990, para 27%, em

2014 (Agora, 2014, p.5). Diante dos custos iniciais e a intermitência que normalmente

caracterizam essas duas indústrias, o desafio foi inovar em tecnologia e adotar regulações

que tornassem as duas fontes mais confiáveis e competitivas. Altos custos somados à

instabilidade operacional reduziriam o apoio da população e afetariam o setor exportador.

A solução foi o Estado agir para garantir, em forma de lei, a prioridade das fontes

alternativas na rede de distribuição, não obstante a falta de competividade das usinas

renováveis. Nesse sentido, a Energiewende exemplifica o ordoliberalismo alemão.

O princípio central do ordoliberalismo é que os governos devem regular o mercado de forma que os resultados se aproximem do resultado teórico de um mercado perfeitamente competitivo (no qual nenhum dos atores seja capaz de influenciar os preços de bens e serviços) (DULLIEN & GUÉROT, 2012, p.2) 5.

O primeiro mecanismo aplicado foram as leis feed-in tarif (FiT) de 1991, que

estabeleceram um sistema tarifário de proteção ao segmento renovável. As FiT, atualizadas

a cada quatro anos pela Lei de Energia Renovável (EEG, em Alemão) a partir do ano 2000,

garantiam que as geradoras de energia renovável tivessem remuneração fixa por 20 anos, e

prioridade na rede física de distribuição nacional de eletricidade. Trata-se de um incentivo

público com grande apoio da classe política (LAIRD & STEFES, 2009, p. 2622).

Como o custo da energia gerada por fontes renováveis ainda é mais alto do que no

caso das termoelétricas, as legislações permitem que as quatro grandes distribuidoras (Eon,

RWE, EnBW e Vattenfall) comprem a energia mais cara das geradoras verdes e a revendam

na bolsa European Energy Exchange, que negocia eletricidade, gás natural, permissões

5 Cf. original, “The central tenet of ordoliberalism is that governments should regulate markets in such a way

that market outcome approximates the theoretical outcome in a perfectly competitive market (in which none of the actors are able to influence the price of goods and services)”.

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para emissão de CO2 e carvão nas modalidades spot e contratos derivativos. A diferença

entre o maior valor de compra e o menor valor de venda é repassada ao consumidor final,

entendido como residências, comércio, serviços e indústrias não intensivas em energia.

Neste ponto residiu o primeiro desequilíbrio na distribuição dos custos, desigualdade que

alimenta críticas internas.

Outras que recebem isenções de tarifas adicionais são as indústrias intensivas em

energia, como setor químico, aço, alumínio, cimento e fábricas que geram energia própria.

As exceções preservam a competividade das gigantes, em detrimento das indústrias de

pequeno e médio porte, das residências e do comércio.

As tarifas FiT chegaram a ser questionadas na Corte Europeia de Justiça como uma

forma de subsídio e, portanto, violação das regras de livre comércio. Em 2001, a Corte

julgou as acusações improcedentes ao entender que os Estados membros da UE podem

obrigar as distribuidoras elétricas a comprar energia limpa por preço superior ao valor de

mercado desde que haja repasse aos consumidores. Tal interpretação baseou-se também

na importância da energia renovável para o meio ambiente e a redução de gases de efeito

estufa causadores da mudança climática (EUROPEAN COURT, 2001). Atualmente, mais de

dois terços dos países europeus adotam alguma forma de FiT (LAIRD & STEFES, 2009, p.

2624).

Em julho de 2016, o Parlamento alemão aprovou reformas, mantendo o sistema de

remuneração fixa somente para pequenos produtores, como residências e comércio com

painéis solares. Em contrapartida, a partir de 2017, médios e grandes provedores passarão

a ser remunerados conforme as regras de mercado. Por um lado, as reformas servem aos

interesses das geradoras tradicionais e de indústrias não isentas da tarifação; por outro, a

manutenção do mecanismo de remuneração fixa para os produtores de menor porte visa

garantir o apoio operacional e político da população. A sustentabilidade econômica da

Energiewende será, portanto, testada daqui por diante, à medida que a mão visível do

Estado diminuir a intervenção.

O projeto como um todo conta com apoio crescente da população, ainda que este

varie conforme os humores da economia e divirja no tocante aos procedimentos.

Atualmente, mais de 90% apoiam a Energiewende (CLEAN ENERGY WIRE, 2016). A

participação popular não se restringe ao campo das ideias: consumidores residenciais

arcam com boa parte dos custos extras. Em 2013, as residências contribuíram com €8.3

bilhões do total de €23.6 bilhões gastos em eletricidade, embora o consumo residencial seja

de apenas um quarto do todo (AGORA, 2014, p.31). O mesmo tipo de apoio encontra-se

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entre parlamentares, sendo que 85% dos políticos votaram a favor de legislações

relacionadas (AGORA, 2014, p.9).

Talvez a descentralização seja o diferencial na comparação com políticas similares

em outros países. É possível dizer que a Energiewende seja o processo mais participativo

de transição energética em um Estado capitalista, cujo objetivo macro é desenvolver uma

política industrial baseada em provimento mais seguro de energia no sentido ambiental,

autossuficiência e competitividade futura.

Uma medida para a descentralização foi reduzir os monopólios no setor de geração e

distribuição de energia. As quatro gigantes do setor energético - Eon, RWE, ENBH e

Vatenfall – controlam o setor termoelétrico, mas agora dividem o segmento renovável com

indústrias, empresas pequenas, cooperativas, desenvolvedores de projetos, fazendas e

cidadãos.

A maioria dos projetos de energia renovável não pertence a grandes indústrias, mas

a residências, pequenos comércios, fazendeiros, cooperativas, e outros atores do gênero.

Em 2013, esses produtores possuíam 46% da capacidade instalada de energia renovável,

contra 13% das grandes operadoras, e 41% de instituições e investidores estratégicos

(BORSCHERT, 2015).

Outro aspecto relevante é a descentralização por meio de sistemas locais de

distribuição em mãos da municipalidade, com envolvimento da comunidade no planejamento

e na captação de recursos. Pessoas físicas podem investir de €100 a €500 em projetos de

geração de energia verde, o que propicia engajamento popular na defesa dos interesses do

setor (Buchan, 2012, p.10). Segundo Quitzow et al. (2016), o desenvolvimento de tecnologia

de ponta para energias renováveis encontra raízes em projetos comunitários e no modelo

econômico baseado em pequenos e médios negócios. Aproximadamente 99% dos

empreendimentos gerais no país encaixam-se nesse modelo, com o Mittelstand6

responsável por 55% do PIB (BUNDESMINISTERIUM FÜR WIRTSCHAFT UND ENERGIE,

2014).

Ao longo do tempo, a política sofreu o combate de indústrias do segmento fóssil, de

políticos ligados à energia tradicional dentro e fora do país, e da mídia de orientação liberal.

Para uma renomada revista britânica, Energiewende significava energia mais cara e

aumento das emissões de carbono por conta do incremento no uso de carvão (THE

ECONOMIST, 2014). “Apesar da participação de energia renovável na matriz elétrica alemã

6 Cf. Rutten, o chamado Mittelstand corresponde a 99% das indústrias alemãs, gerando aproximadamente 52%

da renda nacional, 37% da oferta de empregos e 19% da receita com exportação.

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ter aumentado desde o ano 2000, as emissões de CO2 também subiram desde 2009.

Estaria a Alemanha presa no Paradoxo da Transição Energética?” (Agora, 2014)7.

A figura abaixo indica que, de fato, as emissões aumentaram entre 2009 e 2011, o

que pode ter sido causado por mais consumo de petróleo (e carvão) em função da queda do

preço do barril naquele período; e novamente entre 2011 e 2013, provavelmente refletindo o

fechamento súbito de algumas usinas nucleares. Desde 2014, porém, as emissões voltaram

a diminuir para níveis inéditos.

Quadro 2: Emissões de gases de efeito estufa

Fonte: The Magazine Renewables International, 2014.

Nem tudo são flores ou fel na política energética alemã. Mas após mais de 20 anos

de resiliência do “Energie Konzept”, o sistema com mix de energia fóssil e renovável provou

sua maturação: hoje a Alemanha possui a geração elétrica mais confiável do mundo, com

menos de 15 minutos de queda de energia por pessoa ao ano.

Muitos desafios precisam ser superados, como as distâncias entre as usinas eólicas

concentradas no norte do país e os centros urbanos e industriais no sul. A alternativa é

7 Cf. original, “Obwohl der Anteil der Erneuerbaren Energien im deutschen Strommix seit dem Jahr 2000

kontinuierlich gestiegen ist, steigen seit 2009 auch die CO2-Emissionen des Stromsektors. Ist Deutschland in einem „Energiewende-Paradox“ gefangen?”

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aumentar e modernizar as linhas de transmissão. Ocorre que a modernização e o

funcionamento ideal da rede dependem de investimentos pesados e contínuos como parte

de uma estratégia política e econômica de longo prazo. Vaclav Smil argumenta que

infraestrutura de energia é uma dos investimentos mais caros no mundo, e que a

longevidade e a inércia de muitos empreendimentos de energia tornam impossível para

qualquer sistema nacional complexo reconfigurar-se em três ou quatro décadas (Smil,

2015).

4. Relações externas

Sustentabilidade, isoladamente, não explica uma política tão radical. As bases da

Energiewende estabeleceram-se, igualmente, na busca por menos dependência energética,

crescimento econômico e estado da arte tecnológico (QUITZOW et AL. 2016, p.2) . Com

61,4% de dependência de recursos externos, política energética significa política externa

para a Alemanha.

Quadro 3: Produção doméstica e importação

Fonte: Clean Energy Wire, 2016.

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Como o gás é usado para aquecimento, e não tanto para eletricidade, a

Energiewende não deverá alterar as importações no médio prazo. O gás importado chega

ao país por gasodutos a Oeste e Leste, com implicações geopolíticas no segundo caso:

como a construção do Nordstream, que conecta Rússia e Alemanha pelo Mar Báltico, e a

sensibilidade da questão ucraniana para a política externa da Alemanha. A opção por

encerrar o parque nuclear e a maior parte da mineração até 2050 deverá ressaltar a

importância do gás russo. Em linhas gerais, a Energiewende aprofunda as relações com a

Rússia no primeiro momento, para afrouxá-las no longo prazo.

Atualmente, a Alemanha possui capacidade excedente de energia, capacitando-se

como exportador de eletricidade (6% sobre seu consumo) para países europeus com os

quais possui integração física. O país ganha receita, redução no déficit da balança comercial

e influência política no seu entorno. Com o passar do tempo, é provável que países

europeus com produção de energia renovável de menor custo terminem por abstrair da

Alemanha fatias de mercado regional e cheguem a competir com o setor alemão em sua

própria casa. Um passo nesse sentido é a EEG de 2016, que permite que países do bloco

forneçam para a Alemanha até 5% da energia renovável, desde que participem

competitivamente dos leilões adotados com as reformas.

Eventualmente, a capacidade excedente alemã e a integração elétrica no seu

entorno ajudam a explicar a atitude do governo alemão em apoiar a associação da Ucrânia

com a UE em 2013, fato desencadeador da crise subsequente. Embora alguns setores

ucranianos e europeus tenham tentado a aproximação desde o fim da União Soviética,

sucessivos governos alemães mantiveram-se reticentes para não prejudicar as relações

bilaterais com a Rússia e a estabilidade regional. O cenário até então era de dependência

dos recursos russos, mas também dos dutos que conectam Rússia e UE através da

Ucrânia.

Com o passar do tempo, Rússia e Alemanha procuraram diversificar as rotas. Caso

emblemático foi a construção bilateral do gasoduto Nordstream, que conecta diretamente os

dois países pelo Mar Báltico. Alternativas de fornecimento e logística de gás também foram

incentivadas pelos Estados Unidos, como o gasoduto South Caucasus, que transporta gás

do Azerbaijão via Geórgia e Turquia. Essas e outras iniciativas reduziram o papel da Ucrânia

como país trânsito, aumentando a margem de ação das potências em relação ao país.

Ademais, em certa medida, o excedente alemão de eletricidade, as medidas europeias de

eficiência energética e a diversificação de fontes na UE permitiram que os vizinhos da

Ucrânia retornassem parte do gás comprado da Rússia para a Ucrânia (modo de gás

reverso).

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Dado o limite de espaço e por não ser este o tópico principal, o artigo limita-se a

indicar que a postura alemã em relação à Ucrânia mudou por fatores variados, com origem

nas dinâmicas da política alemã e na política internacional. Não caberia enunciá-los aqui,

exceto os que dizem respeito ao ganho de flexibilidade que a Energiewende gerou no Leste

Europeu, e ao plano alemão de reformar o setor energético ucraniano conforme o modelo

físico e regulatório liberal europeu. Os ganhos dessa estratégia seriam (i) menor

dependência ucraniana de gás russo; (ii) mercado na Ucrânia para a indústria de bens e

serviços alemã nos setores de energia nuclear, renovável e de carvão; (iii) transformação da

infraestrutura de trânsito de gás ucraniana em reservatório de segurança para

abastecimento europeu em caso de choque de fornecimento.

A transformação da estrutura energética e do sistema regulatório na Ucrânia

dependia, no entanto, do fim dos subsídios à energia, uma vez que o gás comprado da

Rússia pela Ucrânia era comercializado domesticamente por menos da metade do valor de

compra. Esses subsídios expressam uma cadeia de interesses entre a elite política, os

oligarcas e as empresas russas. Desfazer essa corrente de interesses implicava afastar a

Ucrânia da esfera de influência econômica russa e evitar sua entrada na União Econômica

Eurasiana, atraindo-a para as instituições legais e financeiras da UE, cujos empréstimos são

condicionados à liberalização do mercado nacional.

Fracassada a tentativa de cooptação do governo Yanukovych, que desistiu do

acordo de associação em dezembro de 2013, restava a troca de regime por outro pró-

Ocidente. As manifestações em Maidan e os eventos que as sucederam no início de 2014

produziram o cenário ideal nesse sentido.

Não foi à toa que, quando o governo sucessor de Yanukovych assinou o Acordo de

Associação, em 2014, ocorreram reformas na estatal Naftogaz. Entre essas e outras

medidas tomadas, incluem-se redução dos subsídios, desmembramento do sistema de

transporte e armazenamento de gás, novos marcos regulatórios de eletricidade, e

integração dos sistemas de gás ucranianos e europeus. Trata-se de um amplo processo de

desregulação do mercado ucraniano, favorável ao capital e à tecnologia ocidentais.

Em meados de Junho, o primeiro-ministro ucraniano, Volodymyr Hroysman, anunciou o lançamento de um novo mecanismo para reduzir ainda mais os subsídios de energia e estimular a economia. O ministro alemão para Meio Ambiente ajudou o governo ucraniano a desenvolver o instrumento (NABYIEVA, 2016)

8.

8 Cf. original, “In mid-June, Ukrainian Prime Minister Volodymyr Hroysman has announced the launch of a new

mechanism aimed at further reducing energy subsidies and stimulating the economy. The German Ministry for the Environment helped the Ukrainian government to develop the instrument”.

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Para além das oportunidades regionais, a Energiewende colocará a Alemanha em

condição de mais competitividade caso avance o processo de governança global climática.

Um acordo abrangente como se pretende a partir da COP 21 elevaria o custo fóssil,

favorecendo as indústrias alemãs em detrimento de muitas concorrentes nos países

industrializados. Tanto a indústria solar quanto a eólica têm alto investimento inicial em

capital, mas o custo marginal aproxima-se de zero após as amortizações.

Uma das lideranças globais em tecnologia verde, o país conquistou a posição com

investimentos públicos em pesquisa e desenvolvimento de mercado interno para energia

renovável. Com o mercado doméstico em vias de saturação, tem fortalecido sua capacidade

de exportação de produtos e serviços relacionados à produção de energia solar e eólica.

Prepara-se para passar de anão, em um sistema global de energia baseado em recursos

fósseis, para potência energética no paradigma verde do futuro.

Tal trajetória encontra momentos de cooperação e competição com outras potências

industriais, como Estados Unidos e China. Em 2015, a China liderou os investimentos

globais em energia renovável, seguida de longe pelos Estados Unidos e muito à frente do

sexto lugar alemão9. Estariam esses três países se preparando para nova etapa do

capitalismo industrial? Realizando os investimentos em inovação energética que sustentarão

a sexta onda de Kondratieff (MATTHEWS, 2012), e reorganizando a base produtiva da

próxima liderança do sistema mundial (ARRIGHI, 1995)? Poderá o modelo alemão se

reproduzir em países mais pobres, sem a mesma capacitação financeira, capacidade

organizacional e estrutura social?

5. Conclusão

O artigo termina com indagações, cujas respostas estão além de seu escopo, bem

como do tempo e da conjuntura atuais. Indica, contudo, que a transição para um paradigma

de energia verde não se faz sem políticas públicas de grande envergadura, sob a direção do

Estado e com amplo acordo social. A passagem para um novo sistema de energia requer o

ajuste constante na balança entre incentivo a fontes renováveis e o abandono gradativo das

fontes fósseis. Nesse sentido, a política energética alemã fornece inúmeros elementos para

reflexão crítica.

9 Frankfurt School-UNEP Centre/BNEF. 2016. Global Trends in Renewable Energy Investment 2016,

http://www.fs-unep-centre.org (Frankfurt am Main).

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