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Nesta Edição

Editorial ...................................................................................... 03

PALAVRA DA IGREJA ............................................................. 04

TEMA VOCACIONAL IPe. Danilo da Silva Pacheco, SDV...................................................... 13

TEMA VOCACIONAL IICarlos Ribeiro Silva......................................................................... 16

CONGREGAÇÃO VOCACIONISTAPe. Salvatore Musella, SDV............................................................... 19

TESTEMUNHO VOCACIONALDiác. Luis Felipe Lañón Angamarca, SDV........................................... 27

A Revista Espírito Digital é uma publicação da Sociedade Divinas Vocações – Província do Brasil. Rua Esperanto, nº 07, São Caetano . CEP: 40391-232. Salvador-BA.Equipe de Direção:Diretor Presidente: Pe. José Carlos Lima SDV.Diretor Administrativo: Pe. Albino Thiago Santos de Jesus SDV.Editor Geral: Pe. Valnei Pamponet Oliveira SDV.Revisor Geral: Pe. Luis Jonas Carneiro de Oliveira SDV.OBS: Os artigos assinados não representam necessariamente o pensamento da Revista.

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Editorial

O Sínodo realizado em 2018 nos motivou a, mais uma vez, dedicarmos nossa atenção à temática Juventude, nesta primeira edição 2019. Juventude, em sua mais ampla riqueza de reflexão, oração, esperança e preocupações. Para onde vai a Juventude na realidade concreta de nosso país hoje? O que a Igreja espera desta Juventude? O que fazemos ou podemos fazer em relação a isso? Estas e tantas outras questões deixam claro para nós o quanto é importância a reflexão sobre a juventude, especialmente no que diz respeito ao aspecto vocacional. Se a vida é Vocação, então a juventude é o momento privilegiado para o amadurecimento e opção concreta vocacional. Portanto, caríssimo leitor, ao entrar em contato com o material aqui apresentado não fique indiferente, mas reze e tome uma postura colaborando na construção do Reino de Deus e nosso, colaborando cada vez mais com a Juventude.

Além de Juventude, trazemos também colaborações em outros aspectos. Destacamos a importância da reflexão aqui apresentada pelo Pe. Salvatore Musella, SDV sobre o papel do Animador Vocacional, no pensamento do Pe. Justino Russolillo. Numa visão ideal de trabalho nesta área, Musella nos leva a perceber a riqueza de reflexão que o Pe. Justino em sua época tem a nos oferecer ainda hoje.

Que este Ano Novo em nossas vidas e trabalho vocacional, enriquecido pela Graça Divina e pela intercessão de Nossa Senhora das Divinas Vocações, seja de crescimento e de colheitas dos pequenos frutos que plantamos no decorrer de tantos anos.

Pe. Valnei Pamponet Oliveira SDV(Editor)

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PALAVRA DA IGREJA

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A 33ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

Queridos jovens!

A Jornada Mundial da Juventude de 2018 constitui um passo mais na preparação da jornada internacional, que se realizará no Panamá em janeiro de 2019. Esta nova etapa da nossa peregrinação tem lugar no ano em que está convocada a Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre o tema: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. É uma feliz coincidência. A atenção, a oração e a reflexão da Igreja concentrar-se-ão sobre vós, jovens, no desejo de perceber e, sobretu-do, “acolher” o dom precioso que vós sois para Deus, para a Igreja e para o mundo.

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Como já sabeis, para nos acompanhar ao longo deste itinerário, es-colhemos o exemplo e a intercessão de Maria, a jovem de Nazaré, que Deus escolheu como Mãe do seu Filho. Ela caminha conosco rumo ao Sínodo e à JMJ do Panamá. No ano passado, guiaram-nos as palavras do seu cântico de louvor – “O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas” (Lc 1, 49) –, ensinando-nos a conservar na memória o passado; este ano, procuramos escutar, juntamente com Ela, a voz de Deus que infunde coragem e dá a graça necessária para responder à sua chamada: “Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus” (Lc 1, 30). São as palavras que o mensageiro de Deus, o arcanjo Gabriel, dirigiu a Maria, jovem simples duma pequena povoação da Galileia.

1. Não temas!

Compreensivelmente, a inesperada aparição do anjo e a sua sauda-ção misteriosa (“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo”: Lc 1, 28) provocaram uma forte turbação em Maria, surpreendida por esta primeira revelação da sua identidade e da sua vocação, que Lhe eram ainda desconhecidas. Maria, como outras personagens da Sa-grada Escritura, treme perante o mistério da chamada de Deus, que, dum momento para o outro, a confronta com a imensidão do desígnio divino e Lhe faz sentir toda a sua pequenez de humilde criatura. O anjo, lendo no fundo do coração d’Ela, diz-Lhe: “Não temas”! Deus lê também no nosso íntimo. Conhece bem os desafios que devemos enfrentar na vida, sobretudo quando nos deparamos com as opções fundamentais de que depende o que seremos e faremos neste mun-do. É a «perplexidade» que sentimos face às decisões sobre o nosso futuro, o nosso estado de vida, a nossa vocação. Em tais momentos, ficamos turbados e somos assaltados por tantos medos.

E vós, jovens, quais são os medos que tendes? Que é que vos preocu-pa mais profundamente? Um medo “de fundo”, que existe em muitos de vós, é o de não ser amados, bem-queridos, de não ser aceites por aquilo que sois. Hoje, há muitos jovens que, na tentativa de se ade-

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quar a padrões frequentemente artificiais e inatingíveis, têm a sen-sação de dever ser diferentes daquilo que são na realidade. Fazem contínuos “foto-retoques” das imagens próprias, escondendo-se por trás de máscaras e identidades falsas, até chegarem quase a tornar-se eles mesmos um “fake”, um falso. Muitos têm a obsessão de rece-ber o maior número possível de apreciações “gosto”. E daqui, desta sensação de desajustamento, surgem muitos medos e incertezas. Ou-tros temem não conseguir encontrar uma segurança afetiva e ficar sozinhos. Em muitos, à vista da precariedade do trabalho, entra o medo de não conseguirem encontrar uma conveniente afirmação pro-fissional, de não verem realizados os seus sonhos. Trata-se de medos atualmente muito presentes em inúmeros jovens, tanto crentes como não-crentes. E mesmo aqueles que acolheram o dom da fé e procu-ram seriamente a sua vocação, por certo não estão isentos de medos. Alguns pensam: talvez Deus me peça ou virá a pedir demais; talvez, ao percorrer a estrada que Ele me aponta, não seja verdadeiramente

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feliz, ou não esteja à altura do que me pede. Outros interrogam-se: Se seguir o caminho que Deus me indica, quem me garante que conse-guirei percorrê-lo até ao fim? Desanimarei? Perderei o entusiasmo? Serei capaz de perseverar a vida inteira?

Nos momentos em que se aglomeram no nosso coração dúvidas e medos, torna-se necessário o discernimento. Este permite-nos pôr or-dem na confusão dos nossos pensamentos e sentimentos, para agir de maneira justa e prudente. Neste processo, o primeiro passo para superar os medos é identificá-los claramente, para não acabar des-perdiçando tempo e energias a braços com fantasmas sem rosto nem consistência. Por isso, convido-vos, todos, a olhar dentro de vós pró-prios e a «dar um nome» aos vossos medos. Perguntai-vos: Hoje, na situação concreta que estou a viver, o que é que me angustia, o que é que mais temo? O que é que me bloqueia e impede de avançar? Porque é que não tenho a coragem de abraçar as decisões importantes que deveria tomar? Não tenhais medo de olhar, honestamente, para os vossos medos, reconhecê-los pelo que são e enfrentá-los. A Bíblia não nega o sentimento humano do medo, nem os inúmeros motivos que o podem provocar. Abraão teve medo (cf. Gn 12,10-11), Jacob teve medo (cf. Gn 31,31; 32, 8), e de igual modo também Moisés (cf. Ex 2,14; 17, 4), Pedro (cf. Mt 26,69-75) e os Apóstolos (cf. Mc 4,38-40; Mt 26,56). O próprio Jesus, embora a um nível incomparável, sentiu medo e angústia (cf. Mt 26,37; Lc 22,44).

“Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (Mc 4,40). Esta advertência de Jesus aos discípulos faz-nos compreender como mui-tas vezes o obstáculo à fé não é a incredulidade, mas o medo. Neste sentido, o trabalho de discernimento, depois de ter identificado os nossos medos, deve ajudar-nos a superá-los, abrindo-nos à vida e enfrentando serenamente os desafios que ela nos apresenta. De modo particular para nós, cristãos, o medo nunca deve ter a última palavra, mas ser ocasião para realizar um ato de fé em Deus... e também na vida. Isto significa acreditar na bondade fundamental da existência

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que Deus nos deu, confiar que Ele conduz a um fim bom mesmo através de circunstâncias e vicissitudes muitas vezes misteriosas para nós. Se, em vez disso, alimentarmos os medos, tenderemos a fechar-nos em nós próprios, a barricar-nos para nos defendermos de tudo e de todos, ficando como que paralisados. É preciso reagir! Nunca fechar-se! Na Sagrada Escritura, encontramos 365 vezes a expressão «não temer», nas suas múltiplas variações, como se dissesse que o Senhor nos quer livres do medo todos os dias do ano.

O discernimento torna-se indispensável quando se trata da busca da própria vocação. Pois esta, na maioria das vezes, não aparece logo clara ou completamente evidente, mas vai-se identificando pouco a pouco. O discernimento, que se deve fazer neste caso, não há de ser entendido como um esforço individual de introspeção, cujo ob-jetivo seria conhecer melhor os nossos mecanismos interiores para nos fortalecermos e alcançarmos um certo equilíbrio; porque, então, a pessoa pode tornar-se mais forte, mas permanece em todo o caso fechada no horizonte limitado das suas possibilidades e pontos de vista. Ao contrário, a vocação é uma chamada do Alto e, neste caso, o discernimento consiste sobretudo em abrir-se ao Outro que cha-ma. Portanto, é necessário o silêncio da oração para escutar a voz de Deus que ressoa na consciência. Ele bate à porta dos nossos corações, como fez com Maria, desejoso de estreitar amizade conosco através da oração, falar-nos através da Sagrada Escritura, oferecer-nos a sua misericórdia no sacramento da Reconciliação, tornar-Se um só co-nosco na Comunhão Eucarística.

Mas é importante também o confronto e o diálogo com os outros, nossos irmãos e irmãs na fé, que têm mais experiência e nos ajudam a ver melhor e a escolher entre as várias opções. O jovem Samuel, quando ouve a voz do Senhor, não a reconhece imediatamente e três vezes foi ter com Eli, o sacerdote idoso, que acaba por lhe sugerir a resposta certa a dar à chamada do Senhor: «Se fores chamado outra vez, responde: “Fala, Senhor; o teu servo escuta” (1Sm 3,9). Nas

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vossas dúvidas, sabei que podeis contar com a Igreja. Sei que há bons sacerdotes, consagrados e consagrados, fiéis-leigos – muitos deles também jovens –, que vos podem acompanhar como irmãos e irmãs mais velhos na fé; animados pelo Espírito Santo, serão capazes de vos ajudar a decifrar as vossas dúvidas e a ler o desígnio da vossa vo-cação pessoal. O “outro” é não apenas o guia espiritual, mas também quem nos ajuda a abrir-nos a todas as riquezas infinitas da existência que Deus nos deu. É necessário abrir espaços nas nossas cidades e co-munidades para crescer, sonhar, perscrutar novos horizontes! Nunca percais o prazer de gozar do encontro, da amizade, o prazer de sonhar juntos, de caminhar com os outros. Os cristãos autênticos não têm medo de se abrir aos outros, de compartilhar os seus espaços vitais transformando-os em espaços de fraternidade. Não deixeis, queridos jovens, que os fulgores da juventude se apaguem na escuridão duma sala fechada, onde a única janela para olhar o mundo seja a do com-putador e do smartphone. Abri de par em par as portas da vossa vida! Os vossos espaços e tempos sejam habitados por pessoas concretas, relações profundas, que vos deem a possibilidade de compartilhar experiências autênticas e reais no vosso dia-a-dia.

2. Maria!

“Eu te chamei pelo teu nome” (Is 43,1). O primeiro motivo para não temer é precisamente o facto de Deus nos chamar pelo nome. O anjo, mensageiro de Deus, chamou Maria pelo nome. Dar nomes é próprio de Deus. Na obra da criação, Ele chama à existência cada criatura com o seu nome. Por trás do nome, há uma identidade, aquilo que é único em cada coisa, em cada pessoa, aquela essência íntima que só Deus conhece profundamente. Depois, esta prerrogativa divina foi partilhada com o homem, a quem Deus concedeu dar um nome aos animais, às aves e até aos próprios filhos (cf. Gn 2,19-21; 4,1). Mui-tas culturas compartilham esta profunda visão bíblica, reconhecendo no nome a revelação do mistério mais profundo duma vida, o signi-ficado duma existência.

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Quando chama pelo nome uma pessoa, Deus revela-lhe ao mesmo tempo a sua vocação, o seu projeto de santidade e de bem pelo qual essa pessoa será um dom para os outros e se tornará única. E mesmo quando o Senhor quer ampliar os horizontes duma vida, decide dar à pessoa chamada um novo nome, como faz com Simão, chaman-do-o “Pedro”. Daqui veio o uso de adotar um nome novo quando se entra numa Ordem Religiosa, para indicar uma nova identidade e uma nova missão. A chamada divina, enquanto pessoal e única, exige a coragem de nos desvincularmos da pressão homogeneizadora dos lugares-comuns, para que a nossa vida seja verdadeiramente um dom original e irrepetível para Deus, para a Igreja e para os outros.

Assim, queridos jovens, ser chamados pelo nome é um sinal da nossa grande dignidade aos olhos de Deus, da sua predileção por nós. E Deus chama cada um de vós pelo nome. Vós sois o «tu» de Deus, preciosos a seus olhos, dignos de estima e amados (cf. Is 43,4). Aco-lhei com alegria este diálogo que Deus vos propõe, este apelo que vos dirige, chamando-vos pelo nome.

3. Achaste graça diante de Deus

O motivo principal pelo qual Maria não deve temer é porque achou graça diante de Deus. A palavra “graça” fala-nos de amor gratuito, não devido. Quanto nos encoraja saber que não temos de merecer a proximidade e a ajuda de Deus, apresentando antecipadamente um “currículo excelente”, cheio de méritos e sucessos! O anjo diz a Ma-ria que já achou graça diante de Deus; não, que a obterá no futuro. A própria formulação das palavras do anjo faz-nos compreender que a graça divina é ininterrupta, não algo fugaz ou momentâneo, e por isso nunca falhará. E no futuro também haverá sempre a graça de Deus a sustentar-nos, sobretudo nos momentos de prova e escuridão.

A presença contínua da graça divina encoraja-nos a abraçar, com confiança, a nossa vocação, que exige um compromisso de fidelidade que se deve renovar todos os dias. Com efeito, a senda da vocação

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não está desprovida de cruzes: não só as dúvidas iniciais, mas tam-bém as tentações frequentes que se encontram ao longo do caminho. O sentimento de inadequação acompanha o discípulo de Cristo até ao fim, mas ele sabe que é assistido pela graça de Deus.

As palavras do anjo descem sobre os medos humanos, dissolvendo-os com a força da boa nova de que são portadoras: a nossa vida não é pura casualidade nem mera luta pela sobrevivência, mas cada um de nós é uma história amada por Deus. O “ter achado graça” aos olhos d’Ele significa que o Criador entrevê uma beleza única no nosso ser e tem um desígnio magnífico para a nossa existência. Esta consciência, certamente, não resolve todos os problemas nem tira as incertezas da vida, mas tem a força de a transformar em profundidade. O des-conhecido, que o amanhã nos reserva, não é uma obscura ameaça a que devemos sobreviver, mas um tempo favorável que nos é dado para viver a unicidade da nossa vocação pessoal e partilhá-la com os nossos irmãos e irmãs na Igreja e no mundo.

4. Coragem no presente

Da certeza de que a graça de Deus está conosco, provém a força para ter coragem no presente: coragem para levar por diante aquilo que Deus nos pede aqui e agora, em cada âmbito da nossa vida; coragem para abraçar a vocação que Deus nos mostra; coragem para viver a nossa fé sem a esconder nem atenuar.

Sim, quando nos abrimos à graça de Deus, o impossível torna-se rea-lidade. “Se Deus está por nós, quem pode estar contra nós?” (Rm 8,31). A graça de Deus toca o hoje da vossa vida, “agarra-vos” assim como sois, com todos os vossos medos e limites, mas revela também os planos maravilhosos do Senhor! Vós, jovens, precisais de sentir que alguém tem verdadeiramente confiança em vós: sabei que o Papa confia em vós, que a Igreja confia em vós! E vós, confiai na Igreja!

À jovem Maria foi confiada uma tarefa importante, precisamente porque era jovem. Vós, jovens, tendes força, atravessais uma fase

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da vida em que certamente não faltam as energias. Usai essa força e essas energias para melhorar o mundo, começando pelas realidades mais próximas de vós. Desejo que, na Igreja, vos sejam confiadas responsabilidades importantes, que se tenha a coragem de vos deixar espaço; e vós, preparai-vos para assumir estas responsabilidades.

Convido-vos ainda a contemplar o amor de Maria: um amor solícito, dinâmico, concreto. Um amor cheio de audácia e todo projetado para o dom de Si mesma. Uma Igreja impregnada por estas qualidades marianas será sempre uma Igreja em saída, que ultrapassa os seus limites e confins para fazer transbordar a graça recebida. Se nos dei-xarmos contagiar pelo exemplo de Maria, viveremos concretamente aquela caridade que nos impele a amar a Deus acima de tudo e de nós mesmos, a amar as pessoas com quem partilhamos a vida diária. E amaremos inclusive quem nos poderia parecer, por si mesmo, pouco amável. É um amor que se torna serviço e dedicação, sobretudo pelos mais fracos e os mais pobres, que transforma os nossos rostos e nos enche de alegria.

Gostaria de concluir com as encantadoras palavras pronunciadas por São Bernardo numa famosa homilia sobre o mistério da Anunciação, palavras que manifestam a expetativa de toda a humanidade pela res-posta de Maria: “Ouviste, ó Virgem, que conceberás e darás à luz um filho; ouviste que isso não será por obra de varão, mas por obra do Espírito Santo. O anjo aguarda a resposta; também nós, Senhora, esperamos a tua palavra de misericórdia. A tua breve resposta pode renovar-nos e restituir-nos à vida. Todo o mundo, prostrado a teus pés, espera a tua resposta. Dá depressa, ó Virgem, a tua resposta” (Hom. 4, 8-9).

Queridos jovens, o Senhor, a Igreja, o mundo esperam também a vos-sa resposta à vocação única que cada um tem nesta vida! À medida que se aproxima a JMJ do Panamá, convido-vos a preparar-vos para este nosso encontro com a alegria e o entusiasmo de quem deseja fazer parte duma grande aventura. A JMJ é para os corajosos! Não para jovens que procuram apenas a comodidade, recuando à vista das dificuldades. Aceitais o desafio?

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TEMA VOCACIONAL I

Os jovens, a fé e o discernimento vocacional

(Pistas vocacionais a partir do sínodo)

Pe. Danilo da Silva Pacheco, SDV.

De 3 a 28 de outubro, passado, aconteceu em Roma o sínodo dos Bis-pos, em que se abordou uma temática propriamente juvenil. De per si, tal temática traduz a crescente sensibilidade da Igreja no que diz respeito ao acompanhamento do jovem e sua presença na sociedade e na comunidade eclesial. Para tal, em fase preparatória, a assembleia sinodal quis escutar o jovem, a partir de sua realidade concreta nas diversas partes do mundo, e assim acolher com solicitude pastoral as alegrias e tristezas, como também a preciosa contribuição que as juventudes tem para oferecer a Igreja em seu trabalho de evangeli-zação.O transfundo da iniciativa sinodal é eminentemente vocacional, uma vez, que a Igreja quer acompanhar o jovem em seu caminho existen-cial, para a maturidade. Aí está embutido um processo de discerni-mento que quer favorecer a elaboração sólida de um projeto de vida. A Igreja busca encontrar a maneira mais própria de se fazer presente na vida dos jovens, com uma linguagem que possa transmitir com radicalidade e verdade a mensagem de Jesus, para que assim se reali-zem com alegria e se abram ao encontro com Deus e com os irmãos. A Igreja quer ajudar a juventude a envolver-se efetivamente na edifi-

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cação da Igreja e da sociedade. Para tal, se exige “sair de esquemas pré fabricados, encontrando-os lá onde eles estão, adaptando-se aos seus tempos e aos seus ritmos, levar os jovens a sério na dificuldade que possuem em decifrar a realidade em que vivem e de transformar um anúncio recebido em gestos e palavras, no esforço cotidiano de construir a própria história e na busca mais ou menos consciente de um sentido para suas vidas”1 Fica evidente que a Igreja entende e acolhe as várias nuances das juventudes como agentes efetivos da evangelização. Não os vê como uma fase problema, em que a rebeldia não coadune com a proposta do evangelho, embora saiba que muitas vezes são vulneráveis frente ao contexto de mudança de época. O jovem possui um vigor todo próprio para responder ao chamado do Senhor. Basta constatar na Sa-grada Escritura o grande número de jovens que, à luz da fé, vão plas-mando uma resposta concreta e colocando a história do povo de Deus em curso. À luz do Concílio Vaticano II, a Igreja quer promover o agir da juventude na solidificação de ações mais eficazes perante aos desafios atuais para anunciar a boa notícia e assim tornar-se mais sensível a escutar a voz do Senhor que ressoa a todo o povo.Em um contexto de mudança de época, em que valores centrais são questionados e relegados a segundo plano, o vindouro sínodo deixa uma pista vocacional da qual não se pode prescindir; a Igreja é con-vocada a sair, cultivar, suscitar e acompanhar as vocações, vocações essas que trazem traços do tempo presente. Estão repletas de fragili-dades, inseguranças, medos, daí as vocações nem sempre são eviden-tes ou atraentes. Desafiam o animador, desafiam o ambiente eclesial. Acompanhar essas vocações requer entrar no mundo do jovem, in-vestir seu tempo com ele. Entrar no mundo do jovem significa, com ele colher o que é bom e ajuda-lo a perceber que é necessário evitar o que produz morte. Sem dúvida esse é um sinal de Deus para os tem-pos atuais, em que a Igreja toma a dianteira deste empreendimento, e busca evitar a ociosidade e esterilidade pastoral. A Igreja “a começar pelos seus pastores, é chamada a pôr-se em discussão e a descobrir de novo a sua vocação à atenção, com o estilo que o Papa Francisco recordou no início do seu pontificado: O cuidar, o guardar, requer 1 Sínodo dos bispos, XV Assembleia Geral Ordinária. Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. Vaticano, Ed. Vaticana, 2017. Pg 48.

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bondade, requer que seja praticado com ternura”2. É verdade que a iniciativa é bem menor que o desafio, uma vez que este é imenso. Mas, assim é a história do povo de Deus, aos olhos humanos os ad-versários sempre se apresentaram maiores e mais fortes. Mas com a abertura à Graça de Deus que quer agir na liberdade do ser humano é possível vencer o ‘Golias’, o ‘faraó’, o ‘Império Babilônico’ dos tempos presentes. A urgência vocacional apontada na preparação do sínodo pelos pastores da Igreja, agora deve ser disseminada na base, nas comunidades, nas paróquias, nas dioceses espalhadas pelos di-versos recantos do mundo. A Igreja alerta que é indispensável lançar-se em tal empreendimento. É intenção ajudar os jovens na descoberta de uma fé autentica para que se percebam no caminho em resposta concreta ao chamado do Senhor da Messe. Essa tarefa é do sínodo, é de todo povo de Deus! Ir às praças, se lançar no acompanhamento, caminhar junto, estar mais sensível ao entorno, ver no jovem distante do ambiente eclesial a potencialidade de servir a Deus e a trabalhar por uma sociedade melhor, são pistas vocacionais que o sínodo nos transmite como legado de fé.

2 Sínodo dos bispos, XV Assembleia Geral Ordinária. Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. Vaticano, Ed. Vaticana, 2017. Pg 30.

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TEMA VOCACIONAL II

O porquê é difícil pedir perdão.Carlos Ribeiro Silva

A palavra perdão tem sua origem no Latim: Perdão vem do Latim perdonare, de per-, “total, completo”, mais donare, “dar, entregar, doar”. Nas Sagradas Escritura esta palavra aparece diversas vezes, nos diversos contextos e no Primeiro e no Segundo Testamento.

Busquemos no Evangelho Sinótico do Evangelista Mateus algumas passagens que nos ilustra esta temática do Perdão, no Capítulo 6, ver-sículos 14 e 15: “De fato, se vocês perdoarem aos homens os males que eles fizeram, o Pai de vocês que está no céu também perdoará vo-cês. Mas, se você não perdoarem aos homens, o Pai de vocês também não perdoará os males que vocês tiverem feito”. Ele capta o tema Oração e Mostra de forma bastante didática como o Mestre Jesus

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ensina os Apóstolos a oração do Pai Nosso e insere esta no contexto na vida comunitária, para que possamos viver de acordo com o Pro-jeto de Deus na Caminhada e na Construção do Reino. Mais a frente no Capítulo 18 Pedro indaga Jesus se perdoar está limitado em sete vezes e o Rabi lhe responde que não há limites para o Perdão, que pode ser setenta vezes sete, ou seja, não há limite para a Misericórdia e o amor e conta a parábola dos dez mil talentos para mostrar como nossas fraquezas nos induzem a ganância e falta de compaixão para o próximo, o perdão deve ser livre, espontâneo e de coração aberto para o acolhimento ao outro.

Convivemos num contexto social, político e cultural de um esfria-mento nas relações humanas, brigamos por coisas pequenas e su-pérfluas, quantas vezes já ouvir motoristas de carros e de ônibus estressados discutindo por que o outro os emparedou, estão numa velocidade que esta baixa, batidas de veículos e quando saem para conversarem o que não impera é o dialogo e sim brigas e peguemos o perfil destes que são homens e mulheres pais de família que se trans-formam diante de tanta pressão de uma vida que não tem qualidade e da desvalorização do outro e coloco este exemplo para refletirmos como nossa sociedade está doente, sem dialogo, amor, compaixão ou misericórdia para com o outro. Isto somado nos indaga de como há muitos contratestemunho evangélico do que o Mestre Jesus nos en-sina sobre o perdão. Mas ainda há tempo de refletirmos e mudarmos esta realidade, vou partilha convosco um acontecimento que até hoje me marcou, estava a caminho do trabalho indo a um determinado local e vi uma batida de carro e o que me surpreendeu que a atitude no motorista que sofreu o acidente foi uma atitude de acolhimento para com o outro, o primeiro ato seu foi de apertar a mão do outro e o cumprimentar e depois dialogaram sobre o ocorrido.

É capaz de perdoar o outro? Isto é o que diz o Papa Francisco no Ângelus do dia 17 de Setembro de 2017.

O Papa afirmou que o Evangelho do dia “nos oferece um ensinamen-

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to sobre o perdão, que não nega o mal imediatamente, mas reconhece que o ser humano, criado à imagem de Deus, é sempre maior do que o mal que comete”. O Papa faz a reflexão de como a atitude incoerente do servo pode ser a nossa também.Por outro lado, o Santo Padre convidou a que, quando “estamos ten-tados a fechar nosso coração a quem nos ofendeu e nos pede perdão, nos recordemos das palavras do Pai celeste ao servo impiedoso: ‘eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’”.Quem acolhe com o coração aberto o Perdoar-se e Perdoar ao próxi-mo como nos mostra nestes trechos o Papa Francisco, está caminhan-do para uma vida de maior liberdade, pois a angustia e as enfermi-

dades crescem e sufocam aqueles e aquelas que não conseguem abrir-se para este caminho. As gerações mais novas que tem muitas vezes a dificuldade de falar com sabor a Palavra Perdão, neces-sita de uma catequese para a vida que valorize os laços de solidarie-dade e amor e mesmo sabendo que muitos buscam outras formas de pedirem perdão, temos que incenti-vá-los de forma livre e espontânea a sentirem a satisfação de viverem e dialogarem através do perdão, não que já o façam, mas é bom estrei-tar estes laços, mostrando que a fra-ternidade nos impulsiona cada vez mais ao amor.

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CONGREGAÇÃO VOCACIONISTA

O ANIMADOR VOCACIONAL VOCACIONISTA

Pe. Salvatore Musella, SDV

1- A VOCAÇÃO DO ANIMADOR VOCACIONAL

A vocação do animador é viver a alegria de si mesmo em relação a Cristo num nível pessoal, dentro da comunidade, trabalhando e se engajando em todas as áreas do tecido social, cultural e eclesial. Ele permeia toda a realidade do espírito evangélico para difundir, conso-lidar e cultivar a cultura da vocação à vida, à fé e à santidade.

Testemunha a fé em Cristo e na Igreja, na família, na escola, nas obras sociais e se dedica ao serviço da promoção das vocações no cotidiano, fazendo entrar o pensamento do eterno e do infinito, orien-tando da superfície até a luz da profundidade.

O animador vocacional vive na história, vê em cada pessoa a ima-gem e a semelhança de Deus, e em cada raio da criação contempla a sombra e o reflexo do amor e da glória de Deus, que o chama ao

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Amor1. Ele é uma pessoa que vive em concretude com pensamentos íntimos divinos, sem se afastar da realidade humana, se faz engajado a um pensamento diferente, e com os pés no eixo horizontal do finito, envolve a sua ação orientada pelo infinito. Em outras palavras per-mite que o mistério de Deus invada e habite em sua vida imersa, nas pequenas coisas de cada dia.

Ele vive a vida como um serviço à humanidade, a Deus e à Igreja; não procurando títulos honoríficos, posições de prestígio; evitando, entretanto, ritualismos formais e vazios.

Animado pela esperança e confirmado pela credibilidade da prática cristã, torna-se ponto firme da presença de Deus na história, através da qual, transmite o mistério do Amor.

Ele adota o sentimento de ardor em vez do de hábito e, com ternura e persuasão, trabalha em atividades que tendem a santificar homens e coisas, para indicar o caminho da salvação.

Ele atrai a força para a mais alta caridade, fruto de uma sincera con-versão cotidiana ao serviço das vocações, na participação da Eucaris-tia, na constante oração e na vida fraterna.

O animador vocacional pronuncia com gestos e palavras a liberdade do amor de Deus, que chama, transforma e renova cada coração e cada área da sociedade, acompanhando para descobrir o bom pro-jeto sobre o qual construir a vida. Ele está convencido de que, nas escolhas concretas, o destino pessoal de todo ser humano e de todo o mundo é jogado e impregna a história como o fermento na massa.

Ele não realiza seu serviço improvisando, de maneira aproximada e superficial, sustentado apenas pelo entusiasmo. Não obstante, é ne-cessária uma preparação adequada que requer estudo, formação de conhecimento, especialmente na arte da ciência “amor cordis” (amor 1 G. Russolillo, Cammino verso l’unione sponsale, Opera Omnia Vol.9, EV, Italia, 2008, p. 64

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do coração), da sabedoria de acompanhar e orientar no amadureci-mento do relacionamento com Deus.

Esta sabedoria vem do conhecimento íntimo e pessoal com as Sagra-das Escrituras, a frequência regular à mesa eucarística, a oração do coração; em outras palavras, uma vida espiritual em forma de contato profundo com o mistério de Deus, com o selo de Cristo.

O animador vocacional não busca truques especiais para tornar Deus presente nos homens, não se aplica a fórmulas estratégicas; mas testemunha o que aquece no coração e ilumina a vida, assim como aconteceu com ele mesmo, e procura viver isso nas instituições, nas reuniões, nos cultos da igreja e na catequese.

Não exercer um serviço público de cerimônias que servem para ven-der um produto, mas comunica a realidade de um Deus vivo e verda-deiro, que concede a beleza e grandes desejos, ampliando o coração; e que dá uma nova direção decisiva para a vida.

O animador vocacional testemunha e anuncia a leveza de um Deus que alega levar mansamente a verdes pastos e a águas tranqüilas2 a existência do homem, para que possa se tornar um rio de águas vivas, cujas margens crescem tantas árvores e flores de vida bem realiza-das3.

2- PASTORAL VOCACIONAL PARA O BEATO JUSTINO RUSSOLILLO

Para o Padre Justino, a convicção profunda para chegar ao serviço das vocações, surge a partir daquela inspiração divina que o homem é criado “a imagem e semelhança”4 de Deus.

A ideia central que o animou foi esta: correspondem ao chamado

2 Salmos 23, 23 Salmos 1,34 Gênesis 1,26

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de relacionamento amoroso com Deus5, e ele se sente como o co-laborador do Espírito Santo, que é o primeiro animador e formador vocacional.

No centro de sua ação vocacional, ele colocou a relação trinitária e, em particular, a arte de estar perto dos jovens, acompanhando-os espiritualmente, com ternura e firmeza.

A partir da paróquia, que para ele era um lugar privilegiado para a pastoral das vocações, ele colocou no centro o encontro com a Pala-vra de Deus através do catecismo, ensinado--o com alegria e perseve-rança; construiu comunidades e agregações animadas pela prática de amar Jesus6. Ele superou um sacramentalíssimo evanescente, viven-do a realidade de maneira concreta sem abstracionismo, nominalismo e espiritualismo.

A forma de agir do Padre Justino gira em torno de três aspectos es-pecíficos que caracterizaram toda a vocação pastoral dele: vida, fé e santidade7. Por isso a pastoral vocacional dele é um ministério direto à chamada à vida, à vocação à fé, à vocação à santidade.

Nesta perspectiva, ele apresenta as características de cada Vocacio-nista e promotor vocacional, que por natureza e identidade, opera ao serviço da Santificação Universal no cultivo das Divinas Vocações de forma autêntica e generosa, de acordo com o critério de que a leve-dura fermenta a massa8.

2.1- Animar a vocação, coração da ação da Igreja

Para o Pe. Justino animar a vocação não é uma tarefa extemporânea ou um aspecto secundário da pastoral da Igreja, pelo contrário, é o coração da ação da Igreja. Portanto, a animação vocacional coopera

5 Padre Justino Russolillo, Ascensão, Edições Vocacionistas, 2016, p.236 Idem, p.1947 G. Russolillo, Regole e Costituzioni, Libro I, Regole, Opera Omnia Vol. 22 ,n. 11, EV, Italia,20128 Sociedade das Divinas Vocações, Constituções, n.1-7

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na missão salvífica do filho Jesus, enviado ao mundo para chamar todos os homens ao amor salvífico de Deus Pai na criatividade do Espírito Santo.

Esta é uma tarefa que não se limita apenas à esfera eclesiológica, mas envolve o aspecto antropológico e sociológico da vida. Portanto, a própria vocação torna-se o coração da nova evangelização, que tem o dever de anunciar em maneira nova a vida como um «chamado» em seu apelo fundamental à santidade, recriando uma cultura favorável aos diversos ministérios e carismas, a partir da vocação batismal.

Desta forma, é necessário ampliar as perspectivas do olhar de acordo com a amplitude do olhar de Deus e da perspectiva de Deus, para olhar e organizar a realidade pastoral, à qual toda a comunidade deve se encarregar. De fato, a animação vocacional deve envolver toda a comunidade, enquanto todo a pastoral deve encontrar sua origem e seu fim na dinâmica vocacional.

No pensamento Justiniano, a vida cristã é essencialmente vocacional, e da mesma forma a vocação é vida cristã e, entre as duas, dá-se uma relação mútua e indissolúvel9. Um cristão que perdeu o gosto voca-9 G. Russolillo, Cammino verso l’unione sponsale , Opera Omnia Vol. 9, EV. Italia, 2006

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cional de sua fé, é um cristão que deixou de desfrutar a beleza de uma vida dada a Cristo, portanto, uma vocação que não está aberta para deixar seu conforto para seguir a Jesus e fazê-la sua os sentimentos dele é uma vocação estéril e já morta.

Pe. Justino chega a afirmar que a comunidade cristã madura e autênti-ca; anima, mesmo sem perceber, toda a ação pastoral e a própria vida comunitária, de maneira vocacional.

Uma paróquia que vive a sua vocação, nos seus membros, desde o pároco até ao último de seus fiéis, comunica e forma inevitavelmente a cultura vocacional da vida.

O animador vocacional coloca-se ao serviço de Deus e do homem, como profeta do desejo, da confiança, da liberdade e da esperança e leva a descobrir o sentido da vida na proposta de fé que chama e revela o amor em que pode se confiar, ser firme e construir toda a existência com sabor eterno.

3- ANIMADOR VOCACIONAL VOCACIONISTA

O animador vocacional vocacionista (AVV) é uma pessoa chamada à vocação das vocações e responde com simplicidade e generosidade ao projeto de santidade na vida cotidiana.

O animador vocacional se coloca na comunhão eclesial e não trabalha para si, e para os seus interesses, e não cultiva o seu próprio campo.

Características distintivas do animador no estilo de Jesus, o servo de Deus por excelência, expressam as características específicas de quem quer se colocar ao serviço de animação vocacional. Como o fermento na massa, ela permeia todas as coisas terrenas do respiro, do amor de Deus que o chama.

O AVV assume uma ampla visão eclesial, para não reduzir e desvalo-rizar a sua identidade e o seu horizonte pastoral.

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Ele é dedicado a santificação pessoal de si e dos fiéis, sem excluir ninguém; mas se inclui e se aplica à toda atividade pastoral, um res-piro vocacional. Ele se dedica em animar retiros espirituais, formar grupos de oração pelas vocações, os campos vocacionais, retiros, cur-sos de orientação vocacional e valorizando os cursos de preparação para o sacramento do matrimônio; se aplica a uma direção espiritual completa, iluminadora e prudente, promove e acompanha a pastoral familiar, encorajando o clima de pequena igreja doméstica aberta à vocação à vida, amadurece a vocação para à fé e encoraja na vocação à santidade.

Dedica um lugar central a catequese (propõe e aprofunda o conheci-mento dos modelos vocacionais bíblicos e da vida dos santos); usa a imprensa e os meios apropriados para aprofundar e difundir a arte e a ciência da animação vocacional, e colabora com várias vocações eclesiais.

O AVV corresponde, portanto, em suas disposições internas, em co-munhão e em dependência de Deus; nas disposições externas, carac-teriza-se por uma vigilância contínua do coração e da fidelidade nos talentos recebidos, dos dons naturais e sobrenaturais.

Pe. Justin diz: Eu não estou no mundo para dormir, mas para vigiar, não para descansar, mas para trabalhar, a vinha de Deus, a obra de Deus que é a santificação da alma. Nada me beneficiará com esse propósito do que me colocar cada vez mais em reconhecer, amar, servir em todos a pessoa mesma de Jesus, ainda melhor a SS. Trini-dade.10

3.1-Características do animador vocacional Vocacionista11

O Animador Vocacional Vocacionista (AVV) tem Cristo como mode-lo. Ele é um verdadeiro homem, capaz de olhar atentamente a cada 10 G. Russolillo, Ministero della Parola,Opera Omnia Vol. 8, p.228, EV, Italia 2006 11 Padre Justino Russolillo, Ascensão, Edições Vocacionistas , 2016 p.228-230

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pessoa que encontra no caminho e, sobretudo, capaz de fazer a Vonta-de de Deus. Ele ama a Igreja e atua para todos, sem excluir ninguém (Universalidade)

Vive o “ser” discípulo de Jesus com alegria e júbilo, apesar das possí-veis dificuldades que pode encontrar ao longo do caminho e mantém um espírito positivo e otimista, sabendo que em abraçar a cruz do trabalho vocacional, está abraçando também a glória da ressurreição. (Festividade)

Ele tem o cuidado de buscar e despertar o questionamento do mundo em que ele vive, de acordo com a cultura da época e as linguagens compreensíveis para as pessoas (Adaptabilidade).

Dedica-se a treinar jovens com um espírito de generosidade e dedica-ção, sem usar ou manipular os jovens, mas servindo apenas a alegria deles (Laboriosidade).

A arma de que é coberto é a Palavra de Deus e a oração, através dos quais discerne a vontade de Deus e assume a coragem das decisões acompanhando os jovens a ler as suas próprias vidas e desejos no horizonte de Deus e a luz da fé (Combatividade).

Doe o que ele recebeu, e viva na providência de Deus (Gratuidade).

Comunica-se com o realismo inspirado pela concretude da ação de Deus e da conversão do homem (Praticidade);

Ele dá primazia à presença do Espírito em tudo e sempre se move na vontade de Deus (Sobrenaturalidade).

Não ostente o que ele faz, e não faça publicidade da sua própria pes-soa, a luz dos fatos é suficiente para ele, para que não perca a sim-plicidade e a fidelidade com que é para servir os outros e glorificar a Deus (Silenciosidade).

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TESTEMUNHO VOCACIONAL

Santo Aníbal Maria di França, apóstolo da oração pelas vocações

Diác. Luis Felipe Lañón Angamarca, SDV.

“A crises das vocações se

enfrenta e se resolve por meio

da oração”1

No amplo oceano de santos que a Igreja tem elevado aos altares – como Mãe de todos e para o bem dos seus filhos – é bom trazer e termos presente a vida de santo Aníbal, homem que lutou, através da oração, não só pela crise das vocações, mas também pela falta de pastores segundo o coração de Cristo. Sempre ao narrarmos a biografia de qualquer pessoa, somos limitados pelas nossas próprias escolhas das informações que acreditamos serem as mais importantes para fornecer uma breve informação, porquê não dizer formação, da vida e obra da pessoa. Queremos em breves linhas (em pequenos tópicos) apresentar de forma clara e sintética – objetivo de toda biografia – a vida de Santo Aníbal, o apóstolo da oração pelas vocações. Contudo, não pretendemos apagar as grandes biografias, mas apenas queremos facilitar e fornecer um aperitivo de um homem que lutou, rezou e trabalhou pelas vocações ao igual que o nosso Beato Justino da Trindade.

1 ALESSI, M. A. Santo Aníbal di Francia: a entrega de uma vida. Torinto: Editrice Elle Di Ci 10096, 1982. p. 29.

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Vida familiar

Santo Aníbal (fundador da Família Rogate, ou iniciador como ele preferia ser chamado), nasce em Messina (Itália), a 05 de julho de 1851. Procede de uma distinguida família da nobreza. Seu pai foi o Marques Francisco di Francia e a sua mãe dona Ana Toscano. É o terceiro filho do casal e formado nos seus primeiros anos no colégio dos monges Cistercienses que goza de grande fama na educação. Após a morte do seu pai, a sua mãe, pelas suas grandes habilidades, vê a santo Aníbal, como o futuro administrador dos bens da família. Aos 17 anos – sem perceber que seria o começo da sua vocação – teve a divina intuição de rezar ao dono da messe para que envie operários segundo o coração de Cristo2. Em 1870 obteve a formação de professor, que exerceu como médio de evangelização como também para obter fundos econômicos e ter como ajudar aos seus prediletos, os pobres: “os miseráveis das casas de Avinhão: bando de feras humanas”3. Santo Aníbal, segundo seus biógrafos, conheceu grandes santos que o incentivaram no desenvolvimento das suas obras, tais como: Don Bosco, Beato Justino da Trindade, beato

Vocação

Segundo as narrativas bíblicas, Deus chama, a cada um de uma forma autêntica e única no seu estilo. Santo Aníbal, não duvida que a sua vocação seja obra divina e sobrenatural e define a sua vocação com três qualidades: 1. Repentina, pois não pensava na vida eclesiástica; 2. Irresistível: não podia subtrair-me a ação da graça; 3. Segura: fiquei certo de que Deus me chamava4. Ele era um grande e fervoroso devoto de nossa Senhora. Quando percebeu o chamado de Deus para o mistério ordenado, teve medo pela incompreensão da sua 2 Cf. Vida e itinerário espiritual do Padre Aníbal di Francia, 1990, p. 41; veja-se também, ALES-SI, 1982. p. 19.3 Cf. ALESSI, 1982. p. 14.4 Cf. Vida e itinerário espiritual do Padre Aníbal di Francia, 1990, pp. 44-45.

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mãe. Aos 18 anos de idade, na Solenidade da Imaculada conceição de Maria (08/12/1869), mediante a toma de hábito diocesano5 (sem o aval da sua mãe6), consagra a sua vida – junto com seu irmão menor, Francisco – dedicando-se ao serviço da “salvação da humanidade com todas as suas forças”7. Seus estudos, filosóficos e teológicos, foram realizados de uma forma admirável, pois na sua época o seminário tinha sido fechado, e a formação estava à responsabilidade de cada vocacionado, seguindo um syllabus de estudos8. A partir 16 de janeiro 1870, pelo seu conhecimento e a sua paixão pela nossa Senhora, foi convidado para pregar em diferentes paróquias e institutos marianos, pois cada pregação era, por excelência, uma verdadeira catequese – cumprindo assim, o seu ônus de mestre: grande pregador.

Foi ordenado diácono 26 de maio de 1877. Ainda como diácono conhece o pobre Francisco Zancone, que será o ponto de partida do seu trabalho social nas “casas de Avinhão” – onde posteriormente fundará os seus Institutos. Em 16 de março de 1878 é ordenado sacerdote, e seus familiares aspiravam para ele uma vida eclesiástica muito próspera, porém pelos desígnios de Deus e os desejos do seu coração já estava destinado ao cuidado dos miseráveis, assim chamados, os pobres “das casas de Avinhão”.

Fundação dos institutos

Toda obra tem como princípio buscar, oferecer e devolver a dignidade a toda e cada uma das pessoas humanas; a fundação dos institutos da “Família do Rogate” nasce a partir dos orfanatos

5 Santo Aníbal tinha inclinação para a Vida Religiosa (quis ser jesuíta), mas seu confessor e diretor espiritual lhe aconselho por pela vida diocesana, não por ser apático à Vida Consagrada, mas por que naquele então, houve a supressão e o confisco dos bens das Ordens e Congregações Religiosas. Cf. Vida e itinerário espiritual do Padre Aníbal di Francia. São Paulo, 1990. p, 46; ver também, ALESSI, 1982. p. 11. 6 Cf. Vida e itinerário espiritual do Padre Aníbal di Francia, 1990, p. 48-49.7 ALESSI, 1982. p. 19; Cf. Vida e itinerário espiritual do Padre Aníbal di Francia, 1990, p. 42. Vejase também p. 43 nota 81. 8 Cf. Vida e itinerário espiritual do Padre Aníbal di Francia, 1990, pp. 52-53.

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(masculino: 04 de novembro de 1883 e feminino: 06 de julho de 1882) criados por santo Aníbal para acolher as crianças órfãs “das casas de Avinhão”. Em 1885 imprime, pela primeira vez, uma oração vocacional para obter bons operários, e a distribui a todo o povo, pois o “o ‘ROGATE’ contém uma ordem do Senhor dirigida a todos os cristãos, de modo mais particular aos sacerdotes”9.

No primeiro dia do mês de julho de 1886, após uma longa e zelosa preparação de dois anos, guarda o a Eucaristia, o Corpo de Cristo, na capela “das casas Avinhão”. Este grade fato é compreendido como a vinda do próprio Cristo (verdadeiro, efetivo e imediato fundador da Pia obra), que veio visitar aos seus prediletos “das Casas de Avinhão”, e para a “Família do Rogate” é uma solenidade e um dia inesquecível e data histórica do começo das suas obras10.

Em 18 de março (vésperas da solenidade de são José, padroeiro do Instituto) de 1887 Santo Aníbal funda o instituto feminino: “pobrezinhas do coração de Jesus”, tendo como prioridade o cuidado das crianças do orfanato feminino. Dez anos mais tarde, 16 de maio de 1897, funda o instituto masculino: Clérigos Regulares Oblatos do coração de Jesus. Aos 14 de setembro de 1901, dia da exaltação da santa cruz, comunicou ao seu bispo os nomes definitivos doas duas congregações: <<Filhas do Divino zelo do Coração de Jesus ou simplesmente, Filhas do divino zelo>> e <<Rogacionistas do Coração de Jesus>>, respectivamente11. As duas congregações, além dos três votos evangélicos, têm um quarto voto: rezar e se empenhar por todos os meios em despertar almas ardentes e generosas. Este voto se ressume na palavra latina ROGATE12.

Depois de seis meses (22 de novembro de 1897), santo Aníbal, por encargo e insistência do seu bispo, institui a “Sagrada Aliança”, 9 ALESSI, 1982. p. 24.10 Cf. Vida e itinerário espiritual do Padre Aníbal di Francia, 1990, pp. 106-107.11 Cf. Vida e itinerário espiritual do Padre Aníbal di Francia, 1990, pp. 167-169.12 Cf. ALESSI, 1982. p. 31.

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cujo objetivo é: promover, incentivar e divulgar, entre os bispos, padres e religiosos, a oração pelas vocações, pois a oração – escreve Santo Aníbal - “é o Remédio infalível [para despertar vocações], porque indicado e colocado pelo Senhor. [Pois] a necessidade de rezar pelas vocações é demonstrada pelo próprio Senhor. Quando quis chama aos apóstolos, ele se retirou a um monte e rezou durante uma noite inteira”13.

Para difundir entre os fieis a oração pelas vocações, a 08 de dezembro de 1990 institui a “Pia união da Rogação evangélica” que, segundo os sumos pontífices (Pio X e Pio XI), é: a obra das obras para levar a diante a cruzada de oração pelas vocações, que faz eco ao mandato de Cristo14. Como um dos exemplos e frutos da oração pelas vocações, que Santo Aníbal fazia e motivava a fazer, temos o retorno do seu irmão mais novo, Francisco (que fez a toma de hábito junto com o santo), que teria desistido da sua vocação sacerdotal15. A 04 de abril de 1926, com as respectivas aprovações eclesiásticas, santo Aníbal inaugura o primeiro “Templo da Rogação Evangelica”, no qual foi depositado o seu corpo após a sua morte.

Em forma de Conclusão

Como dissemos no início, reconhecemos que o tamanho do documento impossibilita disponibilizar mais detalhes e por menores da vida deste grande santo: Aníbal, apóstolo da oração pelas vocações, como ousamos intitular esta pequena, por não dizer diminuta, biografia. Temos a certeza que “esta leitura fará bem a quantos querem fazer própria a urgência vocacional de nossa Igreja nos dia de hoje...”16

13 ALESSI, 1982. pp. 23 e 29.14 Cf. ALESSI, 1982. p. 32.15 Cf. Vida e itinerário espiritual do Padre Aníbal di Francia, 1990, p. 64.16 Cf. Vida e itinerário espiritual do Padre Aníbal di Francia, 1990, p. 4.

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