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Divulgação de informação sobre Ativos Intangíveis, Concentrações de Atividades Empresariais e Goodwill– Evidência Empírica nas empresas cotadas na Bolsa de Valores Portuguesa Catarina Fernandes ([email protected]) Kátia Lemos ([email protected]) Sónia Monteiro ([email protected]) Área temática: Relato Financeiro Palavras-chave: Ativos intangíveis, Concentrações empresariais, Goodwill, Nível de divulgação. Metodologia de investigação: M3) Empirical archival

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Divulgação de informação sobre Ativos Intangíveis, Concentrações de Atividades

Empresariais e Goodwill– Evidência Empírica nas empresas cotadas na Bolsa de Valores

Portuguesa

Catarina Fernandes ([email protected])

Kátia Lemos ([email protected])

Sónia Monteiro ([email protected])

Área temática: Relato Financeiro

Palavras-chave: Ativos intangíveis, Concentrações empresariais, Goodwill, Nível de

divulgação.

Metodologia de investigação: M3) Empirical archival

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Divulgação de informação sobre Ativos Intangíveis, Concentrações de Atividades

Empresariais e Goodwill – Evidência Empírica nas empresas cotadas na Bolsa de

Valores Portuguesa

ABSTRACT

This paper analyzes the level of disclosure of Intangible Assets, Business Combinations and

Goodwill in the consolidated financial statements and its explanatory fac tors. We have

analyzed the annual reports of companies listed on Euronext Lisbon for the year 2010 and

have created a Disclosure Index which allows to measure the level of disclosure for each

company in this area, based on the existing accounting standards. In order to identify the

association between the level of disclosure and its determinants, we have tested several

hypotheses which explain the degree of disclosure.

The results evidences, company’s size, industry, leverage and audit firms belonging to Big 4

as explanatory factors. Only the size presents a positive association with disclosure index,

confirming the hypothesis which establishes that the level of disclosure about Intangible

Assets, Business Combinations and Goodwill is greater in larger companies. The remaining

explanatory variables present a negative association with disclosure level.

Keywords: Intangible Assets, Business Combinations, Goodwill, level of disclosure.

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INTRODUÇÃO

As alterações registadas no contexto empresarial, nos últimos anos, traduziram-se num

crescimento expressivo do número de concentrações de atividades empresariais (CAE’s),

da importância dos ativos intangíveis (AI) e ainda da relevância do goodwill nas

demonstrações financeiras (DF’s) das empresas. Esta nova realidade dos sistemas

empresariais surtiu na Contabilidade uma necessidade de se adaptar, permitindo assim

apresentar informação útil e precisa sobre a empresa. Verificava-se especialmente uma

lacuna no reconhecimento dos AI’s, refletindo assim uma imagem inapropriada, que não

correspondia à real, comprometendo a fiabilidade contabilística das demonstrações

financeiras. Para além disso, fruto da crescente importância dos grupos financeiros, tornou-

se necessário refletir a realidade consolidada do grupo e, consequentemente, o valor do

goodwill resultante dessas CAE’s.

Uma resposta significativa às necessidades de informação dos investidores da Europa

verificou-se com a aplicação das International Accounting Standards (IAS) e International

Financial Reporting Standards (IFRS) pelas entidades europeias com valores mobiliários

em mercados regulamentados a partir de 2005. Ou seja, desde o dia 1 de Janeiro de 2005

que as empresas cotadas em Portugal estão obrigadas a adotar um sistema contabilístico

baseado nas IAS e IFRS, na preparação e apresentação de contas consolidadas. Esta

alteração teve como objetivo melhorar a transparência financeira, aumentando a relevância

da informação financeira, e ainda a comparabilidade das demonstrações financeiras entre

as empresas europeias.

Para além do já exposto, a falta de investigação no âmbito da divulgação de informação

sobre CAE’s e goodwill contribuiu significativamente para a definição do tema a abordar.

Existe muita insuficiência de estudos publicados a nível nacional, e mesmo a nível

internacional, sobre a divulgação de informação por parte das empresas sobre estas duas

temáticas. Aliás, pudemos concluir pela inexistência de estudos similares ao nosso. Há

alguns estudos semelhantes no domínio dos AI’s, contudo o mesmo não acontece para as

CAE’s e goodwill.

Com esta investigação procuramos obter evidência empírica sobre o relato das empresas

cotadas na Euronext Lisbon, procurando identificar as práticas de divulgação adotadas em

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matéria de AI’s, CAE’s e goodwill, aferindo o grau de cumprimento do normativo

contabilístico vigente. Espera-se assim prestar um contributo na perceção das práticas de

divulgação de informação prestada pelas sociedades com ações admitidas à cotação na

Bolsa de Valores do mercado oficial da Euronext Lisbon.. Por fim, esta investigação será

útil na determinação dos fatores que explicam o grau de divulgação de informação sobre

AI’s, CAE’s e goodwill.

Nesse sentido, procedeu-se à análise dos Relatórios & Contas de 2010 (o primeiro

exercício em que se adotou a revisão da IFRS 3) das 51 empresas constituintes da amostra,

com o propósito de verificar a presença ou ausência de informação relativa a cada item por

nós definido, de acordo com o normativo contabilístico existente, para aferir quanto ao

nível de divulgação das três categorias objeto do nosso estudo. Esta recolha de dados levou

à criação de um índice de divulgação de informação sobre AI’s, CAE’s e goodwill e de três

sub-índices, permitindo assim analisar o grau de divulgação, para cada empresa, sobre as

três categorias em geral e individualmente. Como forma de analisar os fatores

determinantes desse nível de divulgação de informação criou-se um modelo de regressão

linear múltipla.

De forma a cumprir com os objetivos estipulados, este trabalho encontra-se dividido em 2

pontos. No primeiro ponto, é efetuada uma revisão da literatura, destacando os estudos que

se debruçaram sobre a identificação dos determinantes de divulgação. O segundo ponto é

dedicado ao estudo empírico que se prende com a análise do nível de divulgação de

informação, pelas empresas da Euronext Lisbon, sobre AI’s, CAE’s e goodwill para o

exercício de 2010 e dos fatores explicativos desse grau de divulgação. Por fim, são

apresentadas as principais conclusões, as limitações do estudo e as sugestões para futura

investigação.

1. REVISÃO DE ESTUDOS EMPÍRICOS

É vasta a quantidade de estudos empíricos sobre a divulgação de informação relacionada

com os AI’s. Contudo, o mesmo não se verifica para as CAE’s e o goodwill.

Determinados estudos preocupam-se apenas em analisar a quantidade e qualidade da

divulgação de informação sobre essas temáticas (Jiménez e Rebull, 2004; Gomes et al.,

2006; PriceWaterHouseCoopers, 2009; Sapena e Grima, 2011; Ernst & Young, 2011;

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Carlin et al. 2007a e 2007b; Intangible Business Ltd, 2008). Outros, para além da análise

do nível de divulgação, direccionam-se simultaneamente para a verificação das categorias

mais divulgadas (Chander e Mehra, 2011; Arvidson, 2003; Marques, 2009; Condor et al.,

2002; Financial Reporting Council, 2008). De forma mais complementar, existem vários

estudos que analisam também os factores determinantes da divulgação de informação, ou

seja, as características das empresas que estão relacionadas com o nível da divulgação e

qual o sentido dessa associação (Putri, 2011; Kang e Gray, 2011; Oliveira et. al, 2006;

Ferreira, 2008; Arvidsson, 2003; Soares et al., 2011; Chen e Gu, 2010). De referir que a

maioria destes estudos referem-se à divulgação de informação sobre AI’s, uma vez que se

constatou existir apenas um reduzido número de investigações empíricas no âmbito da

divulgação de informação sobre CAE’s e goodwill.

Assim, no que se refere aos factores determinantes da divulgação de AI’s:

- Arvidsson (2003) identificou o tamanho da empresa;

- Oliveira et al. (2006) identificaram o tamanho da empresa, indústrias com níveis

elevados de AI´s, cotação nas bolsas estrangeiras, concentração acionista e tipo de auditor;

- Ferreira (2008) identificou como fatores explicativos do nível de divulgação de

informação sobre Capital Intelectual, a dimensão da empresa e o tipo de auditor;

- Kang e Gray (2011) concluem que o nível de endividamento, a adoção de IFRS/US

GAAP, o tipo de indústria, o price-to-book ratio e os fatores específicos do país, tais como

os riscos associados com as políticas económicas e o sistema legal, também explicam o

nível de divulgação;

- Putri (2011) obteve evidência empírica da relação positiva entre a divulgação de

informação sobre AI’s e o tamanho da empresa e secrecy accounting value. Contudo,

conclui que o endividamento, a concentração acionista, a margem Earnings before interest,

taxes, depreciation and amortization (EBITDA) e o sistema legal do país onde estão

localizadas as empresas, não influenciam as práticas de divulgação de informação dos AI’s

- Silva et al. (2011) constataram que os bancos divulgam em média 1/3 dos itens exigidos,

sendo, na análise multivariada apenas o peso dos AI’s no balanço se apresenta como

variável explicativa, associando-se inversamente ao índice de divulgação.

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No que concerne à divulgação de informação sobre CAE’s:

- Rodrigues (2003) constatou que as CAE’s normalmente efetuadas atribuem uma

participação de capital maioritária à adquirente passando esta a deter uma posição de

controlo face à sua filial; o valor das CAE’s é reduzido quando analisado a nível mundial;

Apenas uma pequena percentagem dos grupos que reconhecem AI’s identificáveis e que

não estavam contabilizados nas DF’s individuais; conclui ainda pela fraca divulgação de

informação sobre as diferenças de consolidação de cada CAE.

- Shalev (2009) concluiu que a performance futura da empresa adquirente, medida através

da Return on Assets (ROA) e dos aumentos anormais na valorização das ações, melhora

com níveis elevados de divulgação de informação sobre as CAE’s. Quanto aos

determinantes de divulgação, as conclusões obtidas sugerem que o nível de divulgação de

informação sobre CAE’s diminui nas situações em que há níveis anormais de preço de

compra alocado ao goodwill. Os resultados desta investigação indicam que as empresas

adquirentes tendem a divulgar menos informação quando perante uma aquisição menos

favorável, omitindo assim as “más notícias

- Soares et al. (2011) concluiram existir incumprimento, em alguns casos, dos requisitos

de divulgação sobre as CAE’s, principalmente do item evolução da quantia dos resultados

da adquirida desde a data de aquisição incluída nos resultados da adquirente. Em sentido

contrário, os mais divulgados são a data da CAE, a percentagem de interesses de capital

próprio e o valor da quantia escriturada do goodwill no início e no fim do período de relato.

Finalmente, no que se refere à divulgação de informação sobre goodwill:

- Chen e Gu (2010) concluiram que as empresas divulgam mais sobre os testes de

imparidade quando as perdas por imparidade são maiores, o valor do goodwill é elevado, o

grupo opera em diversos segmentos de negócio e quando a empresa enfrenta maiores

riscos de litígio entre os acionistas e os gestores da empresa. Em termos de importância da

divulgação de informação sobre a imparidade do goodwill, este estudo concluiu que essa

divulgação representa um fator relevante para aumentar a transparência sobre a decisão de

registar imparidade no Goodwill e para satisfazer as necessidades de informação dos

investidores. Para além disso, a divulgação da informação é também considerada como

preditiva de futuras imparidades.

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2. ESTUDO DA INFORMAÇÃO DIVULGADA PELAS EMPRESAS COTADAS NA

EURONEXT LISBON

2.1. Objetivos do estudo e hipóteses de investigação

O objetivo deste estudo prende-se com a quantificação e especificação da informação

divulgada pelas empresas com ações cotadas na Euronext Lisbon acerca dos AI’s, CAE’s e

goodwill, a qual é apresentada nos Relatórios & Contas. Esta investigação cingiu-se ao ano

de 2010, uma vez que representa o primeiro exercício económico de aplicabilidade da

revisão da IFRS 3 para a maioria das empresas constantes da amostra1.

Nesse sentido, procedeu-se à medição da amplitude da divulgação de informação por parte

das empresas da amostra criando-se assim a variável dependente da investigação e,

posteriormente, à análise dos fatores explicativos da prática de divulgação de informação.

Desta forma, são de seguida apresentadas as hipóteses de investigação formuladas para

aferir as associações existentes entre a divulgação de informação relativa a essas temáticas

e algumas características empresariais.

a) Dimensão da empresa (TMH)

Segundo Oliveira et al (2006), esta é a variável independente mais utilizada em estudos de

divulgação contabilística por todo o mundo. No domínio dos AI’s, Ferreira (2008), Putri

(2011), Arvidson (2003) e Gerpott et al. (2008) concluíram que existe uma relação positiva

entre a divulgação de informação e o tamanho da empresa. Igualmente, na área das CAE’s

e do goodwill, Paananen (2008) e Mitra e Cready (2005) comprovaram essa associação.

Esta relação é justificada por diversas razões:

• Pelo facto de as empresas de maior dimensão estarem sujeitas a uma maior

exposição e visibilidade, sofrem mais pressões por parte dos stakeholders para

divulgarem mais informação (Depoers, 2000);

• As pequenas empresas tendem a ser mais sensíveis ao risco de divulgação de

informações por pôr em risco a sua competitividade (Singhvi e Desai, 1971; Buzby,

1975; Raffournier, 1995);

1 Para as três sociedades desportivas da amostra a alteração à IFRS 3 teve aplicação no exercício económico iniciado a 1 de Julho de 2009.

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• As grandes empresas tendem a recorrer mais a mercados de capital para

financiamento externo das suas atividades. Neste sentido, a divulgação de

informação promoverá a confiança dos investidores (Singhvi e Desai, 1971; Buzby,

1975)..

Assim, a hipótese 1 desta investigação define-se nos seguintes termos:

H1: O nível de informação divulgada sobre AI, CAE’s e goodwill é maior nas

empresas de maior tamanho.

Existem diversas medidas alternativas para medir o tamanho da empresa tais como, o total

de ativo (Oliviera et al., 2005; Oliviera et al., 2006; Ferreira, 2008, Williams, 2001;

Arvidsson, 2003; Bruggenet al., 2009; Silva et al., 2011;), vendas (Bozzolan et al., 2003),

volume de negócios (Putri, 2011; Oliviera et al., 2005; Oliviera et al., 2006), capitalização

de mercado (Oliviera et al., 2005; Oliviera et al., 2006; Kang e Gray, 2011;White et al.,

2007) e número de empregados (Oliviera et al., 2005; Oliviera et al., 2006).

Visto não existir consenso na definição operacional a utilizar para medir o tamanho da

empresa, utiliza-se como medida da dimensão da empresa o logaritmo do activo.

b) Setor de Atividade (SETOR)

A variável setor de atividade tem sido identificada como uma das principais razões para se

efetuarem CAE’s, sendo que as empresas procuram dessa forma obter sinergias entre

empresas do mesmo setor de atividade, no sentido de aumentar o seu poder de negociação,

aproveitar eventuais economias de escala e os canais de distribuição (Soares et al., 2011).

Foram realizados vários estudos que comprovaram que o setor de atividade influencia a

divulgação de informação sobre AI’s, exemplos desses estudos são Oliveira et al. (2005),

Oliveira et al. (2006), Kang e Gray (2011) e Bozzolan et al. (2006). No entanto, noutras

investigações ainda no domínio dos AI’s, não foi encontrada evidência empírica de

qualquer relação, exemplos disso são os estudos de García-Meca et al. (2005) e Ferreira

(2008). No domínio das CAE’s e goodwill não foram encontrados estudos que

investigassem a associação existente entre o seu nível de divulgação e a variável indústria.

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A reduzida dimensão da amostra pode condicionar os resultados relativos a esta variável,

uma vez que há setores compostos por uma ou duas empresas. Por esta razão, na nossa

investigação procedemos à agregação de setores, tendo os mesmos sido divididos em dois

grupos: o grupo da indústria e o grupo do comércio e serviços. Este método foi também

utilizado por An et al. (2011) para analisar a associação existente entre o nível de

divulgação de capital intelectual e o tipo de setor das empresas. Para estes autores era

expectável que as empresas pertencentes ao setor dos serviços divulgassem mais

informação sobre capital intelectual nos seus Relatório & Contas visto que, sendo o peso

dos seus AI’s baixo, ao divulgarem informação sobre os AI’s estariam a manter os

stakeholders informados sobre as principais fontes de criação de valor da empresa.

Contudo, não foram encontradas diferenças significativas nos níveis de divulgação dos

dois grupos.

Tendo em conta a diversidade de resultados obtidos na análise da relação existente entre a

variável setor e o nível de divulgação, foi formulada a seguinte hipótese:

H2: O nível de informação divulgada sobre AI, CAE’s e goodwill está relacionado

com o setor de atividade em que a empresa se insere.

c) Concentração de Capital (CONC)

Não existe consenso quanto à relação existente entre a concentração da estrutura acionista

e a divulgação de informação relativa aos AI, sendo que as investigações de Ferreira

(2008), Kang e Gray (2011) e Depoers (2000) concluíram pela inexistência de relação, mas

as de Oliveira et al. (2006) e Singhvi e Desai (1971) apontam em sentido contrário,

confirmando a existência de uma correlação negativa.

A Teoria dos stakeholders defende que uma baixa concentração de detentores de capital

indica a existência de um conjunto de stakeholders da empresa mais diversificado e,

consequentemente, a empresa tem mais incentivos para divulgar informações

voluntariamente de forma a satisfazer as diferentes necessidades de informação de cada

stakeholder (Cormier et al., 2005).

A relação desta variável com a divulgação de informação também pode ser justificada

através da Teoria da Agência, formulada por Jensen e Meckling (1976), visto que, os

custos de agência aumentam à medida que a estrutura de propriedade se torna mais difusa,

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como consequência deste tipo de empresas ser mais propensa a conflitos de interesse do

que as empresas com uma estrutura acionista mais concentrada. Desta forma, as empresas

com elevada dispersão da estrutura acionista têm mais incentivos para divulgar informação

como forma de reduzir os custos de agência.

Face aos resultados contraditórios das investigações anteriores, não há uma forte

expectativa em relação a esta variável. Deste modo, a terceira hipótese deste estudo é

definida da seguinte forma:

H3: O nível de informação divulgada sobre AI, CAE’s e goodwill está relacionado

com a estrutura acionista.

A Concentração Acionista é medida através da percentagem de direitos de voto detida

pelos três maiores acionistas.

d) Endividamento (END)

Esta variável suscita opiniões diversificadas quanto ao sinal da relação existente da mesma

com a divulgação de informação.

A Teoria da Agência defende que as empresas com elevados níveis de endividamento têm

mais incentivos para divulgar informações, como forma de reduzir os custos de agência, o

que sugere uma relação positiva entre o nível de divulgação e o endividamento. Ou seja, as

empresas com maiores valores de endividamento estão geralmente sob maior escrutínio

por parte dos credores para assegurar que não estão a violar as cláusulas da dívida e, por

isso, os titulares de participação na empresa pressionam os dirigentes a divulgar mais

informação (Jaggi e Low, 2000).

Por outro lado, a Teoria da Sinalização defende que as empresas com valores de

endividamento baixos têm incentivos para enviar sinais ao mercado sobre a sua estrutura

financeira, o que implica uma maior divulgação de informação (Ereira e Canadas, 2009).

Kang e Gray (2011) comprovaram que o endividamento está significativamente associado

ao nível de divulgação de informação dos AI’s e que essa relação é negativa. Em sentido

contrário, Jaggi e Low (2000) sugerem que o endividamento tem um impacto positivo no

nível de divulgação de informação. Por outro lado, outros estudos não têm encontrado uma

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relação entre esta variável e a divulgação de informação (Arvidson 2003; Depoers, 2000).

Devido aos resultados inconclusivos e inconsistentes das investigações anteriores, não

existe uma grande expectativa em relação ao sinal dessa correlação. Ou seja, prevê-se a

existência de associação mas não é possível estimar o sinal dessa associação. Assim, a

hipótese será formulada sem prever o sinal esperado.

Face ao exposto, a hipótese 4 define-se da seguinte forma:

H4: O nível de informação divulgada sobre AI, CAE’s e goodwill está relacionado

com o nível de endividamento da empresa.

A variável utilizada para medir o nível de endividamento das empresas é a seguinte:

• END: Total do Passivo/ Total do Ativo x 100

e) Rendibilidade (REND)

A Teoria da Agência estabelece que a divulgação de informação funciona como

mecanismo de controlo da performance dos gestores e, por isso, estes são estimulados a

divulgar informação para manter as suas posições e os acordos de compensação (Watts e

Zimmerman, 1978 e Depoers, 2000).

Segundo a Teoria da Sinalização, as empresas com rendibilidades elevadas são mais

propensas a divulgar os bons resultados de forma a atrair investimentos e criar uma

imagem mais favorável da empresa (Amran, 2012).

A investigação de García-Meca et al. (2005) concluiu que as empresas com níveis

superiores de rendibilidade divulgam informação mais detalhada sobre AI, como forma de

aumentar a remuneração da administração e justificar os níveis de lucro.

Gerpott et al. (2008) verificaram a existência de uma relação insignificante entre a ROA e

a divulgação sobre AI. Para estes autores, elevadas margens de ROA são indicativas de

bons níveis de eficiência operacional, que são originados por AI, tais como, funcionários

muito qualificados ou processos organizacionais sofisticados. Neste sentido, estas

empresas quererão informar os seus stakeholders desta mais-valia através da divulgação de

informação acerca dos seus AI.

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Deste modo, a hipótese 5 define-se nos seguintes termos:

H5: O nível de informação divulgada sobre AI, CAE’s e goodwill é maior nas

empresas com rendibilidades elevadas.

Para medir o nível de rendibilidade das empresas incluídas na amostra, utiliza-se a

rendibilidade dos capitais próprios (ROE): Resultado Antes de Impostos (RAI)/ Capital

Próprio x 100

f) Tipo de Auditor externo (AUD)

Segundo Jensen e Meckling (1976), na perspetiva da Teoria da Agência, a Auditoria é

considerada como um mecanismo utilizado para reduzir os custos de agência, através da

redução das lacunas de informação e do aumento da credibilidade das informações perante

os stakeholders. Neste sentido, as empresas de auditoria mais prestigiadas incentivam as

empresas a divulgar mais informação como forma de manter a sua credibilidade. Espera-

se, portanto que as empresas auditadas por uma das Big 4 divulguem mais informação que

as restantes.

Em linha de conta com o estudo de Oliveira et al. (2006), como forma de caracterizar o

auditor externo, criou-se uma variável dummy, que assume o valor 1 se a empresa é

auditada por uma das Big 4 e 0, caso contrário. Nessa investigação, foi obtida evidência

empírica de que o tipo de auditor é um fator que influencia o nível de informação

divulgada sobre AI’s nos Relatórios & Contas das empresas cotadas na Euronext Lisbon.

Deste modo, a hipótese 6 é formulada do seguinte modo:

H6: O nível de informação divulgada sobre AI, CAE’s e goodwill é maior nas

empresas auditadas por uma das Big 4 do que nas auditadas por auditoras não pertencentes

às Big 4.

g) PSI – 20

Para as empresas do PSI-20 há uma forte pressão do mercado para serem transparentes e,

segundo a investigação de Healy e Palepu (2001), essa exigência cria incentivos para as

empresas divulgarem informação útil.

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Segundo Ferreira (2008), sendo as empresas pertencentes ao PSI 20 as que têm maior

capitalização bolsista e tendo em consideração que esta é uma medida da dimensão da

empresa utilizada em alguns estudos, é expectável que estas empresas divulguem mais

informação.

Procurou-se neste estudo analisar empiricamente a relação existente entre pertencer ao PSI

– 20 e a divulgação de AI, CAE’s e goodwill, enunciando a seguinte hipótese:

H7: O nível de informação divulgada sobre AI, CAE’s e goodwill é maior nas

empresas do PSI – 20 do que nas restantes empresas da Euronext Lisbon.

2.2.Metodologia de Investigação na recolha e tratamento de dados

2.2.1. Definição da amostra

Atendendo à natureza exploratória do estudo, a amostra foi selecionada de acordo com os

critérios julgados importantes, tendo sempre em conta o objetivo da análise. Nesta

perspetiva, embora o tecido empresarial português seja composto maioritariamente por

Pequenas e Médias Empresas (PME’s), o universo do estudo considerado foram as

sociedades cotadas na Euronext Lisbon que, obrigatoriamente têm de tornar púbicos os

seus Relatórios & Contas, apresentar contas consolidadas e ainda porque são as que

efetuam mais CAE’s. As empresas registadas nos mercados financeiros têm uma dimensão

elevada e, por isso, englobam-se no universo de entidades que registam um maior número

de aquisições de partes de capital. Para além disso, a informação financeira divulgada por

estas empresas é mais completa e rigorosa devido às características deste tipo de

sociedades, nomeadamente a necessidade de informação dos stakeholders. Não descurando

estes fatores, o critério principal na definição da amostra prende-se com o facto de apenas

as empresas cotadas em bolsa estarem obrigadas a aplicar as IAS. Assim, sendo o objetivo

deste estudo verificar se as empresas cumprem os requisitos de divulgação das IAS 38,

IAS 27 e IFRS 3, não seria coerente com o mesmo se a população a analisar incluísse

empresas não cotadas.

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Foram analisados os Relatórios & Contas Consolidados do total das 51 empresas

(consultados no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que

compõem a amostra desta investigação (n=51).

2.2.2. Recolha e Tratamento dos Dados

As empresas cotadas estão obrigadas a divulgar diversas informações, das quais constam

as fontes de informação desta investigação. Assim, as técnicas de recolha de dados

utilizadas centraram-se na observação e estudo de documentos, nomeadamente, na

observação das informações divulgadas pelas entidades nos seus Relatórios & Contas

Consolidados de 2010. Contudo, esta análise foi complementada com informação

específica constante no site da CMVM, como forma de corroborar os dados obtidos nos

Relatórios & Contas.

Dado que o trabalho empírico foi iniciado em finais de 2010, e que a IFRS 3 sofreu uma

revisão com aplicação nos exercícios económicos iniciados em ou após 1 de Julho de 2009,

optou-se por considerar, o exercício 2010, como o período de análise.

No caso das Sociedades Anónimas Desportivas, os seus Relatórios & Contas são

preparados com base num exercício económico de Julho a Junho do ano seguinte, ou seja,

diferente do das restantes sociedades que utilizam o ano civil. Foi decidido que não se

iriam excluir da população em análise, uma vez que, analisados as contas consolidadas

elaboradas para 1 de Julho de 2009 a 30 de Junho de 2010 e para 01 de Julho de 2010 a 30

de Junho de 2011, não foram encontradas diferenças em termos de divulgação de

informação constante dos itens deste estudo.

Procedeu-se assim à análise dos Relatórios & Contas Anuais Consolidados de todas as

sociedades cotadas na Euronext Lisbon, de forma a apurar a medida em que cumprem com

os requisitos de divulgação de informação definidos no índice criado para medir a

qualidade e quantidade dessas divulgações.

A metodologia adotada foi a análise de conteúdo dos Relatórios & Contas consolidados

dos grupos que compõem a Euronext Lisbon para o ano de 2010, com o objetivo de

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verificar a presença ou ausência de informação relativa a cada item, independentemente da

qualidade ou quantidade da mesma.

2.2.3. Índice de Divulgação

A forma utilizada para medir o nível de divulgação foi o recurso a um índice, o Índice

Global de Divulgação (IGD), que constitui a nossa variável dependente. Diversas

investigações, no âmbito dos AI’s, tais como Ferreira (2008), Oliveira et. al (2006),

Arvidson (2003), Putri (2011) e Chander e Mehra (2011), utilizaram os índices para medir

o nível de divulgação. Igualmente, no domínio das CAE’s e goodwill se verificou o uso

deste método de análise, como se pode verificar pelos estudos de Rodrigues (2003), López

et. al (2002) e Jiménez e Rebull (2004). O IGD permitirá obter a relação, expressa em

percentagem, da pontuação obtida por uma empresa e o máximo que poderia ter obtido

caso divulgasse a totalidade da informação, ou seja, a fórmula de cálculo será o somatório

dos elementos de divulgação sobre o número máximo de elementos analisados. Assim, é

obtida, para cada empresa do estudo, uma valorização do nível de informação divulgada

pelas mesmas nos seus Relatórios & Contas como forma de medir a amplitude dessa

divulgação.

Neste sentido, para a criação do IGD e atendendo às exigências de divulgação da IFRS 3,

IAS 38 e IAS 27, foram criadas 3 categorias distintas e 24 itens:

• Ativos Intangíveis (8 itens)

• Concentrações de Atividades Empresariais (9 itens)

• Goodwill (7 itens)

Deste modo, para cada empresa da amostra é verificado se divulga alguma informação

relativa a cada categoria. A não divulgação obriga a passar para a categoria seguinte. Em

caso afirmativo, analisa-se cada item, atribuindo o valor 0, se não divulgar, e 1 se o item é

divulgado.

Segundo Ferreira (2008), sendo este método um indicador de presença ou ausência, o valor

1 é o máximo que pode ser atribuído a cada item para cada empresa, ou seja,

independentemente de a empresa divulgar várias vezes informação relativa a um item, é

considerado só uma vez. Desta forma, o valor do IGD pode variar entre 0 e 1, em que 0

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16

significa que a empresa não divulgou nenhum dos itens que compõem o IGD e 1 se os

divulgou todos.

Considerando a decomposição em 3 categorias, criaram-se também 3 sub-índices de

divulgação (SID), uma vez que serão analisadas categorias que, embora estejam

relacionadas entre si, serão tratadas separadamente. Assim, os sub-índices a calcular são:

SID1 – Sub-Índice de Divulgação dos AI

SID2 – Sub-Índice de Divulgação das CAE

SID3 – Sub-Índice de Divulgação do Goodwill

Para cada uma das 3 classes foi criada uma lista de elementos definidos com base nos

requisitos de divulgação de informação das normas aplicáveis, os quais podem ser

consultados no apêndice I.

2.3. Apresentação e análise dos resultados

2.3.1. Caracterização da amostra

De forma a conhecer mais exaustivamente a amostra e à semelhança de Carlin et al.

(2007b), Oliveira et al. (2005) e Shalev (2009), achou-se pertinente analisar a atividade

económica2 de cada empresa, podendo-se concluir pelo quadro 1 que se caracterizam por

uma elevada disparidade nesse âmbito.

(Quadro 1: Repartição por sectores)

Sector Designação Nº de Empresas %

0001 Gás e Petróleo 1 1,96%

1000 Materiais Básicos 5 9,80%

2000 Indústria 13 25,49%

3000 Bens de Consumo 3 5,88%

4000 Cuidados de Saúde 0 0,00%

5000 Serviços ao consumidor 12 23,53%

6000 Telecomunicações 2 3,92%

7000 Serviços Públicos 3 5,88%

2 Divisão sectorial segundo a New York Stock Exchange (NYSE).

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8000 Financeiro 8 15,69%

9000 Tecnologia 4 7,84%

Total 51 100%

O setor de bens industriais é aquele que tem maior peso (25,49%), com um total de 13

empresas, seguido do setor de bens de consumo com um total de 12 empresas,

representando 23,53% e da indústria financeira que é composta por 8 empresas e tem um

peso de 15,69%. Estes três setores, no seu conjunto, representam 64,71% do total de

empresas.

De forma a conhecer mais exaustivamente a amostra, achou-se relevante analisar a

repartição geográfica das suas sedes (quadro 2).

(Quadro 2: Repartição segundo a Distribuição Geográfica)

Região Geográfica Nº de empresas %

Estrangeiro 5 9,80%

Norte 15 29,41%

Centro 1 1,96%

Lisboa e Vale do Tejo 29 56,86%

Alentejo 0 0,00%

Algarve 0 0,00%

Açores 0 0,00%

Madeira 1 1,96%

Total 51 100%

Das 51 empresas que constituem a amostra deste estudo, existem 5 empresas estrangeiras.

A grande maioria das empresas localiza-se na região Lisboa e Vale do Tejo, sendo que, à

exceção de 1, localizada na Madeira, a percentagem restante fica localizada a norte desta

zona.

2.3.2. Divulgação de informação sobre Ativos Intangíveis, CAE e Goodwill – Análise

Descritiva

O procedimento estatístico utilizado permitiu verificar que não existe nenhuma empresa

com valor zero do IGD, ou seja, todas divulgam pelo menos um item. Contudo, o mesmo

não se verifica quando analisado cada sub-índice separadamente:

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(Quadro 3: Divulgação de informação sobre AI, CAE’s e goodwill)

AI CAE’S Goodwill

Nº de

empresas

% Nº de

empresas

% Nº de

empresas

%

Divulga 49 96,08% 45 88,24% 43 84,31%

Não Divulga 2 3,92% 6 11,76% 8 15,69%

Total 51 51 51

Da análise dos Relatórios & Contas pode-se concluir que a maioria das empresas apresenta

informação sobre as 3 categorias, sendo o goodwill a que apresenta uma taxa superior de

não divulgação.

De forma a fazer equivaler a cada categoria um índice de divulgação, utilizaram-se as

medidas de localização média, máximo, mínimo e desvio-padrão para o IGD e também

para cada sub-índice individualmente, dando assim indicação sobre a tendência central dos

dados e a localização extrema da amostra em termos de divulgação de informação.

(Quadro 4: Medidas Estatísticas sobre o IGD e os SID, considerando a totalidade da amostra)

Mínimo Máximo Média Desvio-Padrão

IGD 0,125 1 0,62 0,21

SID 1- Ativos Intangíveis 0 1 0,81 0,18

SID 2- CAE’s 0 1 0,49 0,30

SID 3- Goodwill 0 1 0,58 0,33

Verifica-se que todas as empresas divulgam alguma informação relativa ao IGD, embora

haja empresas que não apresentam informação sobre cada um dos SID. Por outro lado, há

empresas que cumprem todos os requisitos de divulgação deste modelo, uma vez que o

valor máximo do IGD é 1.

No que concerne a cada sub-índice, é o SID 1 o que apresenta um valor médio mais

elevado, indicando que, em média, as empresas divulgam mais informação relativa à

categoria dos AI’s.

Como forma de excluir as empresas que não divulgam informação sobre AI’s, CAE’s e

goodwill (valor mínimo = 0), procedeu-se ao cálculo das mesmas medidas estatísticas,

considerando apenas as empresas divulgadoras.

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(Quadro 5: Medidas Estatísticas sobre o IGD e os SID, considerando apenas as empresas divulgadoras)

Mínimo Máximo Média Desvio-Padrão

IGD 0,125 1 0,62 0,21

SID 1- Ativos Intangíveis 0,5 1 0,83 0,14

SID 2- CAE’s 0,11 1 0,56 0,25

SID 3- Goodwill 0,29 1 0,69 0,22

Da análise do quadro pode-se verificar que o valor médio aumentou ligeiramente no caso

do SID 1 mas significativamente no caso dos SID 2 e 3. Embora os valores não sejam os

desejados pelos utilizadores da informação, uma vez que as empresas não cumprem todos

os requisitos de divulgação, estão acima dos 50% de divulgação.

O valor médio do SID 3 – Goodwill é consistente com os resultados do relatório da

Intangible Business Ltd. (2008) em que se concluiu que muitas empresas não cumprem os

requisitos de divulgação da IFRS 3.

2.3.3. Fatores determinantes do nível de divulgação de informação sobre CAE’s, AI

e Goodwill

Efetuada a análise do nível de divulgação de informação sobre AI’s, CAE’s e goodwill,

pretende-se neste ponto, analisar a associação existente entre os fatores identificados

anteriormente como variáveis independentes e a variável dependente, IGD.

Como forma de modelar a relação funcional entre as variáveis utilizamos um modelo de

regressão linear, baseando-se nas hipóteses anteriormente enunciadas e considerando o

IGD como variável dependente, sendo assim uma metodologia em que a variável

dependente é função das variáveis independentes. Deste modo, o modelo de regressão

linear múltipla é apresentado no quadro seguinte:

(Quadro 6: Modelo de Regressão Linear Múltipla)

IGD= a0 + b1 TMH + b2 SECTOR + b3CONC + b4END + b5REND + b6AUD + b7PSI20 + ei

Onde:

TMH – Tamanho, medido por TMH - logaritmo do Ativo líquido

SECTOR – Sector de Atividade, dividido em dois grupos, o grupo da indústria e o grupo do comércio e

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Procedeu-se de seguida à elaboração de um modelo de regressão linear múltipla, tendo-se

obtido os seguintes resultados:

(Quadro 7: Resultados do Modelo de Regressão Linear)

Coeficiente não standardizado Coef. Stand.

t Sig.

Modelo B Erro St. Beta

1

(Constant) ,102 ,312 ,326 ,746

TMH ,044 ,013 ,547 3,392 ,002

SECTOR -,082 ,049 -,207 -1,686 ,100

CONC -,001 ,001 -,108 -,783 ,439

BIG4 -,148 ,059 -,309 -2,521 ,016

PSI-20 -,059 ,054 -,155 -1,099 ,279

ROE ,060 ,042 ,181 1,445 ,156

END -,002 ,001 -,219 -1,815 ,077

serviços (variável dummy):

1 – A empresa pertence à indústria;

0 – A empresa não pertence à indústria;

CONC – Concentração de Capital, medido através da percentagem de direitos de voto;

END – Endividamento, medido pelo indicador total do passivo/total do ativo x 100;

REND – Rendibilidade, medida pela Rendibilidade dos Capitais Próprios (ROE);

AUD – Tipo de Auditor Externo (variável dummy):

1 – O Auditor Externo pertence às Big 4;

0 – O Auditor Externo não pertence às Big 4;

PSI-20 – Pertencer ao PSI-20 (variável dummy):

1 – A empresa pertence ao PSI-20;

0 – A empresa não pertence ao PSI-20;

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(Quadro 8: Resultados da ANOVA)

ANOVA

Modelo

Soma dos

Quadrados df.

Média dos

Quadrados F Sig.

1

R2= 0,482 Regression ,806 7 ,115 5,183 ,000

R2adjust= 0,389 Residual ,866 39 ,022

Total 1,672 46

Como se pode verificar pelo quadro 7, para um nível de significância de 1%, a única

variável que se apresenta como fator explicativo do nível de divulgação de informação de

AI’s, CAE’s e goodwill, é a TMH1. Com um nível de significância de 5% obteve-se mais

uma variável explicativa, a BIG 4. Contudo, para um nível de significância de 10% as

variáveis END 1 e SETOR também se apresentam como explicativas do nível de

divulgação. Em suma, da análise multivariada pode-se concluir que existe uma relação

linear entre as seguintes variáveis e a variável dependente e o respetivo sinal da relação.

Dos resultados obtidos pela análise multivariada pode-se concluir que o valor do IGD

aumenta à medida que também aumenta o tamanho da empresa, que diminui o valor do

endividamento, se a empresa não pertencer ao setor da indústria e se a empresa de auditoria

não for uma Big 4. O nosso modelo permitiu assim validar a hipótese H1, H2 e H4, mas

não permitiu validar a H6, uma vez que esperávamos uma associação positiva com o tipo

de auditor externo. Relativamente às variáveis END e SECOR, na formulação das

respetivas hipóteses de investigação, não previmos o tipo de relação existente, visto que

nos estudos prévios havia discrepância de resultados. Assim, com os resultados da análise

multivariada pudemos, não só comprovar que estas duas variáveis influenciam o nível de

divulgação de AI’s, CAE’s e goodwill, como também estimar o sinal dessa relação. No

caso particular da variável SETOR, foi criada uma variável dummy assumindo valor 1 se a

empresa pertencesse ao grupo das empresas industriais e zero se pertencesse ao conjunto

das empresas de comércio e serviços. Uma vez que o sinal dessa relação é negativo,

podemos concluir que o nível de divulgação de AI’s, CAE’s e goodwill é maior nas

empresas que não pertencem ao grupo industrial.

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22

O teste F (constante no quadro 8) permite-nos validar o modelo em termos globais, para

um nível de significância de 1%, isto é, podemos afirmar que a relação linear entre as

variáveis independentes TMH, SETOR, END e BIG 4 e a variável dependente IGD é

estatisticamente significativa, sendo assim o modelo estimado adequado para descrever a

relação existente entre as quatro variáveis independentes e a variável dependente.

Concluindo, a análise dos testes t e F permite extrapolar os resultados da amostra para a

população. O coeficiente de determinação R2 (exposto no quadro 8) indica-nos que o

modelo estimado explica 48,2% do nível de divulgação de AI’s, CAE’s e goodwill.

2.3.Comparação dos Resultados

Tendo em conta as conclusões obtidas no nosso estudo referentes ao nível de informação

divulgada sobre AI’s, CAE’s e goodwill, torna-se necessário efetuar uma comparação com

o tipo e grau de divulgação obtido em investigações similares. De salientar, a similaridade

de resultados com o relatório de Intangible Business Ltd. (2008), que concluiu que as

empresas divulgam pouco sobre o que o goodwill inclui, ou seja, nas CAE’s não

descrevem os componentes de custo e, consequentemente, o que o goodwill representa. No

domínio dos AI, as investigações de Chander e Mehra (2011) e Silva et al. (2011)

apresentam resultados similares, com taxas muito baixas para a distinção entre AI gerados

internamente ou adquiridos, representando no nosso estudo uma taxa de apenas 23,53%.

Este estudo apresentou taxas elevadas de divulgação sobre os valores contabilísticos das

amortizações, os métodos de amortização e a separação dos activos por classes, para o

período de 2007-2008. O mesmo se verifica no nosso estudo para o período em análise.

Tal como no estudo de Soares et al. (2011), também neste os resultados demonstraram que

as empresas da amostra, não divulgam sempre os itens exigidos pela IFRS 3, no caso de

existir uma ou mais CAE’s ao longo do período considerado. Os itens mais divulgados são

os que respeitam à identificação da empresa adquirida, percentagem de votos adquiridos e

a quantidade bruta do goodwill no início e fim do período. Estas conclusões corroboram os

resultados obtidos na investigação de Soares et al. (2011). Ainda no domínio do goodwill,

o seu valor é divulgado por quase todas as empresas da amostra, tal como no estudo da

PWC (2010).

Após a obtenção dos resultados relativos aos fatores determinantes do nível de divulgação

sobre CAE’s, AI’s e goodwill torna-se necessário efetuar uma discussão desses resultados,

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23

mediante uma comparação com os estudos anteriormente publicados sobre estas temáticas.

Dada a inexistência de estudos anteriores ao nosso que definam os indicadores que

justificam o nível de divulgação de informação das três temáticas em conjunto, torna-se

impossível efetuar comparações exatas entre os resultados obtidos. Contudo, tendo em

conta essa limitação, procedemos à comparação dos nossos resultados com os obtidos por

outros autores nas três temáticas individualmente.

Face ao exposto, os resultados do nosso estudo são consistentes com os resultados obtidos

por Putri (2011), Oliveira et al. (2006), Oliveira et al. (2005), Ferreira (2008) e Arvidsson

(2003) que detetaram relações significativamente positivas entre o tamanho da empresa e o

nível de divulgação de informação. Estes resultados sustentam empiricamente a Teoria da

Agência, podendo-se concluir que a divulgação de informação sobre CAE’s, AI’s e

goodwill é assim um meio utilizado para reduzir os custos de agência.

Estudos anteriores, tais como o de Kang e Gray (2011) e Oliveira et al. (2006) apontam o

setor empresarial como um fator explicativo do grau de divulgação de informação. No

nosso estudo foram obtidas as mesmas conclusões.

À semelhança de Ferreira (2008), Kang e Gray (2011) e Putri (2011) não foi obtida

evidência empírica de qualquer associação entre a divulgação de informação e a

concentração acionista.

Os resultados obtidos apontam para a existência de relação entre os níveis de

endividamento e a divulgação de informação sobre AI’s, CAE’s e goodwill, sendo

inconsistentes com os resultados obtidos por Ferreira (2008), Oliveira et al. (2006),

Oliveira et al. (2005) e Arvidsson (2003). Esta variável assume-se como um fator

explicativo, tal como no estudo de Kang e Gray (2011).

Na nossa investigação foi ainda formulada a hipótese de que o nível de informação

divulgada sobre AI’s, CAE’s e goodwill é maior nas empresas com rendibilidades

elevadas. A ausência de relação foi igualmente obtida por Ferreira (2008), Oliveira et al.

(2005) e Oliveira et al. (2006). Verrechia (1983) defende que, existindo custos inerentes à

divulgação, existe um nível de rendibilidade a partir do qual as empresas passam a divulgar

informação. Assim, a falta de correlação poderá ficar a dever-se ao facto dos níveis de

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rendibilidade das empresas consideradas na amostra estarem abaixo do nível a partir do

qual existem incentivos à divulgação de informação sobre AI’s, CAE’s e goodwill.

Para a variável Big4 foram obtidos efeitos significativos das empresas de auditoria

pertencentes às Big4 no nível de divulgação de informação sobre AI’s, CAE’s e goodwill.

Estes resultados são contrários aos obtidos por Silva et al. (2011) mas similares aos de

Oliveira et al. (2006) e Ferreira (2008).

CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA INVESTIGAÇÃO FUTURA

Poucos estudos se têm debruçado sobre as temáticas AI, CAE’s e goodwill que estão

presentes principalmente do quotidiano das grandes empresas e assumindo um papel cada

vez mais relevante na criação de valor para as empresas. A obrigatoriedade de adoção do

normativo contabilístico do IASB pelas empresas europeias com valores mobiliários em

mercados regulamentados em 2005, traduziu-se no principal marco na adaptação a esta

nova realidade empresarial, permitindo assim melhorar a transparência financeira,

mediante o aumento da relevância da informação financeira e a comparabilidade. Surgiu

assim a necessidade de analisar a aplicabilidade dos requisitos de divulgação do normativo

contabilístico em vigor sobre AI, CAE’s e goodwill para as empresas com ações admitidas

à cotação na Bolsa de Valores Portuguesa, a Euronext Lisbon. Para além da análise do

cumprimento das exigências de divulgação estipulou-se como objetivo a definição dos

determinantes que influenciam o nível de divulgação de informação.

Face aos objetivos enunciados, foi possível concluir através da análise descritiva, que há

empresas que cumprem com todos os itens de divulgação definidos na nossa investigação e

que a categoria dos AI é a mais divulgada, assumindo o seu SID um valor médio de 0,81.

Quando consideradas apenas as empresas divulgadoras, a categoria dos AI apresenta

igualmente o maior valor médio dos sub-índices de divulgação. Foi possível constatar que

as empresas não cumprem com todos os requisitos de divulgação, apresentando contudo

níveis de divulgação de informação de cada categoria superiores a 50%.

Do estudo dos determinantes de divulgação de informação, a estimação do modelo de

regressão linear múltipla, determinou como fatores explicativos do nível de divulgação, o

tamanho, o setor de atividade, o endividamento e a empresa de auditoria pertencente à Big

4. Apenas o tamanho da empresa apresenta uma associação positiva com o nível de

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divulgação, sendo negativo o tipo de relação com o setor de atividade, o endividamento e a

empresa de auditoria pertencente à Big 4.

Na interpretação das conclusões deve-se porém ter consciência das limitações inerentes à

presente investigação. A principal limitação prende-se com a impossibilidade de se

determinar um padrão de divulgação, uma vez que apenas foi analisado um ano

económico. Desta forma, não é possível analisar a evolução do nível de divulgação de

informação ao longo dos anos. Ao contrário do que sucede na maioria dos estudos nesta

área em que é apenas analisada uma categoria, a nossa investigação incidiu sobre três

categorias, o que inviabilizou a análise da evolução do nível de divulgação ao longo do

tempo. Pela mesma razão, a análise univariada e a análise multivariada incidiram sobre o

IGD e não sobre cada sub-índice individualmente.

Desta forma, sugere-se como investigação futura nesta área, a realização de estudos

similares, analisando os fatores de divulgação de informação de cada categoria,

separadamente. Adicionalmente, seria relevante analisar a evolução do nível de divulgação

de informação ao longo do tempo para o IGD e para cada categoria.

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APÊNDICE I - ÍNDICE DE DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE AI’S, CAE’S E

GOODWILL

ACTIVOS INTANGÍVEIS

1 - A vida útil

2 - Os métodos de amortização

3 - Distinção entre gerados internamente e adquiridos a terceiros

4 - Quantia escriturada no início e fim do período

5 - Amortizações acumuladas

6 - Separação por classes

7 - Goodwill

8 - As alterações na quantia escriturada

CONCENTRAÇÕES EMPRESARIAIS

9 - Nomes das entidades concentradas

10 - Data de aquisição

11 - % de votos adquiridos

12 - Custo da CAE

13 - Descrição dos componentes do custo da CAE

14 - Quantia reconhecida de activos e passivos adquiridos à data de aquisição

15 - Goodwill negativo

16 - Activos Intangíveis reconhecidos separadamente do Goodwill

17

- Quantia dos resultados da adquirida desde a data de aquisição incluída nos resultados da

adquirente

GOODWILL

18 -Quantia Bruta no início do período

19 - Perdas por imparidade acumuladas no início do período

20 - Perdas por imparidade reconhecidas durante o exercício

21 - Diferenças de câmbio

22 - Restantes alterações na quantia escriturada durante o período

23 -Quantia Bruta no final do período

24 - Perdas por imparidade acumuladas no final do período

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