análise dos capitais intangíveis no processo de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO, TECNOLOGIAS E SOCIEDADE Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de Desenvolvimento da Incubadora de Base Tecnológica: O Caso da Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá - MG Claudia Cristina de Andrade Itajubá, Junho de 2015

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Page 1: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO, TECNOLOGIAS E SOCIEDADE

Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de Desenvolvimento da

Incubadora de Base Tecnológica: O Caso da Incubadora de Base

Tecnológica de Itajubá - MG

Claudia Cristina de Andrade

Itajubá, Junho de 2015

Page 2: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO, TECNOLOGIAS E SOCIEDADE

Claudia Cristina de Andrade

Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de Desenvolvimento da Incubadora de Base

Tecnológica: O Caso da Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá - MG

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em

Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade como parte

dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em

Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade.

Área de Concentração: Desenvolvimento e Tecnologias

Orientador: Prof. Dr. Luiz Eugênio Veneziani Pasin.

Junho de 2015

Itajubá - MG

Page 3: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO, TECNOLOGIAS E SOCIEDADE

Claudia Cristina de Andrade

Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de Desenvolvimento da Incubadora de Base

Tecnológica: O Caso da Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá - MG

Dissertação aprovada por banca examinadora em 29 de

Junho de 2015, conferindo à autora o título de Mestre em

Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade.

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Luiz Eugênio Veneziani Pasin

(Orientador)

Prof. Dr. Edson Trajano Vieira

Prof. Dra. Adriana Prest Mattedi

Itajubá 2015

Page 4: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

Agradecimentos

À minha família que me incentivou a cada dificuldade vivida durante o processo de

construção desse texto, principalmente a minha mãe que sempre esteve ao meu lado e sempre

acreditou e continua acreditando em mim.

Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Eugênio Veneziani Pasin, pela oportunidade de

realizar essa pesquisa sobre sua orientação, por todos os ensinamentos e pela excelente

condução deste meu trabalho.

Aos professores do PPG de Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade e aos meus

colegas e amigos, em especial à minha amiga Márcia Rubez, Soraya DAngelo e Alberto

Calderaro pela partilha de muitos momentos.

Aos membros da banca de qualificação e defesa da dissertação, Prof. Dr. Luiz Eugênio

Veneziani Pasin, Prof. Dr. Edson Trajano Vieira, Prof. Dra. Adriana Prest Mattedi pela

aceitação do convite e contribuições na elaboração do trabalho.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES –

Demanda Social pela concessão da bolsa.

Page 5: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

“Só entende-se a importância da palavra responsabilidade, quando se descobre que a maior

responsabilidade que se tem é de construir a própria vida”.

Page 6: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

Resumo

As incubadoras de empresas brasileiras podem ser definidas como núcleos que abrigam

empresas de base tecnológica, tratando-se, de espaços comuns, que localizam-se próximos as

universidades e centros de pesquisa para facilitar o acesso a laboratórios e ao capital humano.

Este trabalho teve por objetivo investigar a presença dos capitais intangíveis na incubadora de

base tecnológica de Itajubá como sendo um dos instrumentos para favorecer o

desenvolvimento da incubadora e estimular o desenvolvimento endógeno. Por meio do

levantamento de dados primários e secundários, buscou-se identificar a formação do capital

institucional, caracterizar o capital humano, analisar como se processa o capital cívico,

identificar a formação do capital social e, por último, analisar o capital sinergético por meio

da capacidade dos atores articularem os demais capitais. Em uma amostra, que envolveu 7

empresas incubadas, 23 colaboradores dos empreendimentos, a gestão da Incubadora de Base

tecnológica de Itajubá e 6 parceiros e apoiadores, utilizou-se de visitas pré-agendadas e

entrevistas com questionários estruturados e não-disfarçados. Verificou-se que, de fato, existe

a presença dos capitais intangíveis, mas que não articulam-se de maneira densa o suficiente

para regerem o capital sinergético a ponto de atuar como um catalisador dos demais capitais e

possivelmente favorecer o desenvolvimento da incubadora e o desenvolvimento endógeno da

forma como objetivou-se ao conceber a incubadora de base tecnológica de Itajubá e o parque

tecnológico de Itajubá.

Palavras chave: arranjos produtivos locais, capitais intangíveis, desenvolvimento,

incubadora de empresas.

Page 7: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

Abstract

Incubators of Brazilian companies can be defined as centers that are home to technology-

based companies, in the case of common spaces, which are located near universities and

research centers to facilitate access to laboratory and human capital. This study aimed to

investigate the presence of intangible capital in technology-based incubator Itajubá as one of

the instruments to encourage the development of incubator and stimulate endogenous

development. Through the survey of primary and secondary data, we attempted to identify the

formation of the institutional capital, human capital characterize, analyze how it handles

civic capital, identify the formation of social capital and, finally, analyze the synergy capital

through the ability of the actors articulate the other capitals. In a sample, which involved

seven incubated companies, 23 employees of the enterprises, the management of the incubator

technological basis of Itajubá and 6 partners and supporters, we used pre-scheduled visits

and interviews with structured and non-disguised questionnaires. It was found that, indeed,

there is the presence of intangible capital, but did not articulate in a densely enough to

regerem the synergistic capital as to act as a catalyst for other capitals and possibly help

develop the incubator and the endogenous development the way it aimed to when designing

technology-based incubator and technology park Itajubá.

Keywords: Intangible capital. Local clusters. Development. Business Incubator.

Page 8: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

Lista de figuras

FIGURA 1 – MÉTODO DE ESTUDO DE CASO .........................................................................................................14

FIGURA 3 - HEXÁGONO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL .....................................................................................23

FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO ................................................................27

FIGURA 2 - REDE DE RELACIONAMENTOS DAS INCUBADORAS VINCULADAS ÀS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS.......41

FIGURA 5 – ESCOPO DE ATUAÇÃO INCIT ..........................................................................................................68

FIGURA 6 - REDE DE RELACIONAMENTO DA INCUBADORA DE BASE TECNOLÓGICA DE ITAJUBÁ ............................74

Page 9: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

Lista de quadros

QUADRO 1 – FORMAS DE COLETA DE DADOS .....................................................................................................15

QUADRO 4 - CONTRIBUIÇÕES PARA A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO ...............................................25

QUADRO 2 - CINCO FORMAS DE CAPITAIS INTANGÍVEIS ......................................................................................28

QUADRO 3 - ASPECTOS DE ANÁLISE DO CAPITAL INSTITUCIONAL ......................................................................31

QUADRO 5 - ASPECTOS COMUNS EM APLS ........................................................................................................47

QUADRO 6 - PRINCIPAIS ÊNFASES DAS ABORDAGENS USUAIS DE ARRANJOS LOCAIS .............................................47

QUADRO 7 - EMPRESAS DOS EMPREENDEDORES ENTREVISTADOS .......................................................................54

QUADRO 8 - INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS QUE COMPÕEM O ARRANJO QUE ENVOLVE A INCIT. ................56

Page 10: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

Lista de tabelas

TABELA 1 - NÍVEL DE CONFIANÇA INTERPESSOAL DOS BRASILEIROS ...................................................................36

TABELA 2 - NÍVEL DE CONFIANÇA ENTRE AS PESSOAS COMPARATIVO: BRASIL, ARGENTINA E MÉXICO. ...............36

TABELA 3 - NÍVEL DE CONFIANÇA NO GOVERNO BRASILEIRO .............................................................................37

TABELA 4 - NÍVEL DE CONFIANÇA NOS PARTIDOS POLÍTICOS ..............................................................................38

TABELA 5 - NÍVEL DE CONFIANÇA NA PRESIDÊNCIA ...........................................................................................38

TABELA 6 - O PAPEL DAS ENTIDADES QUE COMPÕE O CAPITAL INSTITUCIONAL QUE ENVOLVE A INCIT ...............62

TABELA 7 - GÊNERO, ESCOLARIDADE E IDADE DO CAPITAL HUMANO PRESENTE NA INCIT ..................................64

TABELA 8 - CONFIGURAÇÃO DOS CARGOS NAS EMPRESAS PARTICIPANTES DA PESQUISA .....................................65

TABELA 9 - TEMPO DE PERMANÊNCIA DO COLABORADOR NA EMPRESA...............................................................66

Page 11: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

Lista de abreviaturas

ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

Inovadores.

APL – Arranjos Produtivos Locais.

CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina.

CEU – Centro de Empreendedorismo da UNIFEI

CEU – Centro de Empreendedorismo da UNIFEI

CI – Capital Institucional

CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

DT – Desenvolvimento Territorial

FACESM – Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Sul de Minas.

FAPEPE – Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão de Itajubá.

FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos

IBT – Incubadora de Base Tecnológica

IES - Instituições de Ensino Superior.

INCIT- Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Itajubá

MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia.

MCTI - Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

OEA – Organização dos Estados Americanos

OECD - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.

PCTI – Parque Científico e Tecnológico de Itajubá

Page 12: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

PMDI - Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado.

REDESIST - Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais.

RMI – Rede Mineira de Inovação

SIMMMEI – Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de

Itajubá.

SUDAM – Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia

SUDENE - Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

UNIFEI – Universidade Federal de Itajubá

Page 13: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

Sumário

1. Introdução .................................................................................................................................11

1.1. Problema de Pesquisa ............................................................................................................12

1.2. Objetivo geral ........................................................................................................................12

1.2.1. Objetivos Específicos.....................................................................................................12

2. Metodologia ..............................................................................................................................13

3. Conceito de desenvolvimento ....................................................................................................17

4. Desenvolvimento Regional ....................................................................................................19

5. Capitais intangíveis ...............................................................................................................28

5.1 Capital institucional .................................................................................................................30

5.2 Capital Humano ......................................................................................................................33

5.3 Capital Cívico .........................................................................................................................35

5.4 Capital Social ..........................................................................................................................39

5.5 Capital Sinergético ..................................................................................................................43

6. Arranjos produtivos locais .........................................................................................................45

7. Incubadoras de base tecnológica ................................................................................................49

8. Resultados e Discussões ............................................................................................................54

9.1 Análise da presença do capital institucional .............................................................................56

9.2 Análise da presença do capital humano ....................................................................................64

9.3 Análise da presença do capital cívico .......................................................................................72

9.4 Análise da presença do capital social .......................................................................................74

9.5 Análise da presença do capital sinergético ...............................................................................76

9. Conclusão .................................................................................................................................83

10. Referências............................................................................................................................86

11. APÊNCIDES.........................................................................................................................94

Page 14: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

11

1. Introdução

Segundo Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

Inovadores (ANPROTEC, 2011) no Brasil, há cerca de 400 incubadoras, que abrigam mais de

2.640 empresas, gerando 16.394 postos de trabalho. Essas incubadoras já graduaram

aproximadamente 2.509 empreendimentos, que hoje faturam R$ 4,1 bilhões e empregam

29.205 pessoas e grande parte dessas incubadoras está ligada às universidades e a centros de

pesquisa.

No estado de Minas Gerais, segundo registros da Rede Mineira de Inovação (RMI,

2013), há 25 incubadoras de empresas, três parques tecnológicos e dois centros de pesquisa

aos quais a RMI oferece capacitação e treinamentos. Em 2011, a estratégia governamental de

Minas buscou integrar as ações do Governo estadual nas diferentes áreas e, ao mesmo tempo,

proporcionar um comportamento cooperativo com os outros níveis de Governo e outras

instituições, públicas e privadas, para maior agregação de valor para a sociedade mineira.

A implantação do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) 2011–

2030 foi estabelecida com a formação de 11 Redes de Desenvolvimento Integrado, criadas

com o objetivo de proporcionar um comportamento cooperativo e integrado entre agentes e

instituições. Entre as 11 redes, há a rede de ciência e tecnologia, que está atrelada ao fomento

de empresas de base tecnológica, incubadoras de empresas, polos tecnológicos e parques

científicos e tecnológicos que apresentam-se como uma maneira propícia para a transferência

de tecnologias das universidades para a sociedade, por meio de spin-offs acadêmicas.

O incentivo à formação de arranjos entre agentes públicos e privados como foco em

ciência e tecnologia favorece avanços e a ampliação do aporte tecnológico e econômico do país, além

da criação de novos empregos e difusão do conhecimento (COSTA e TORKOMIAN, 2008;

HADDAD, 2009). Desta forma, o apoio à criação de empresas nos centros de pesquisas,

universidades e laboratórios, apresenta-se como meio favorável à transferência do saber-fazer,

de tecnologias e de conhecimentos, o que pode possibilitar e promover a criação de novas

empresas tecnológicas (FILION, 2002).

Nesse contexto, a formação de arranjos entre as instituições públicas e privadas,

passou a ser vista como uma opção para o desenvolvimento endógeno. Boisier (1999a e c)

destacada o desenvolvimento como uma condição intangível, impulsionado pelos capitais

intangíveis. É a partir dessa abordagem que a importância da sinergia dos capitais intangíveis

no arranjo que envolve uma incubadora de empresas é discutida nesse trabalho, onde os

Page 15: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

12

fatores intangíveis são vistos como impulsionadores para o desenvolvimento da incubadora e

como estimulo para desenvolvimento endógeno.

Dentro desse conceito, a ideia de capitais intangíveis está associada à capacidade de

organização, articulação, relações interinstitucionais, estoque de conhecimento e a confiança

entre os membros de uma comunidade, que buscam mobilizar as energias e recursos de uma

determinada região. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo analisar os capitais

intangíveis, sendo estes o capital institucional, capital cívico, capital humano, capital social e

o capital sinergético no arranjo que envolve a Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá.

1.1. Problema de Pesquisa

Há sinergia entre a incubadora de empresas de base tecnológica de Itajubá, as

empresas incubadas e os atores envolvidos no arranjo da INCIT, numa perspectiva de

desenvolvimento da incubadora e de estímulo para o desenvolvimento endógeno?

1.2. Objetivo geral

O objetivo desta pesquisa é investigar a presença dos capitais intangíveis na

incubadora de base tecnológica de Itajubá como sendo um dos instrumentos para favorecer o

desenvolvimento da incubadora e estimular o desenvolvimento endógeno. Para isso serão

analisados a incubadora e o arranjo que envolve a INCIT.

1.2.1. Objetivos Específicos

A partir do objetivo geral é possível pontuar os seguintes objetivos específicos:

- Descrever o capital institucional, identificando quais instituições públicas e

privadas envolvidas no processo de constituição e desenvolvimento da incubadora;

- Analisar o capital humano, a partir dos empreendedores e atores diretamente

ligados a gestão da incubadora;

- Verificar como ocorre o processo de formação do capital cívico, práticas de

engajamento cívico dos atores presentes na INCIT;

- Pesquisar o capital social, cooperação e busca de ações em comum;

- Investigar a presença do capital sinergético, por meio da análise da capacidade dos

atores de articularem os demais capitais.

Page 16: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

13

2. Metodologia

O universo da pesquisa concentra-se no arranjo que envolve a incubadora de base

tecnológica de Itajubá. Este trabalho parte da premissa de que a presença dos capitais

intangíveis e sua articulação sinergética podem favorecer o desenvolvimento da incubadora e

estimular o desenvolvimento endógeno pela criação e fortalecimento de arranjos produtivos

locais, compostos por incubadoras de base tecnológica. As incubadoras de base tecnológica

atuam como geradoras de renda e impostos para a região onde estão instaladas e aumentam os

postos de trabalho. Além disso, promovem a articulação e o compartilhamento inteligente do

conhecimento, favorecendo a cooperação entre as instituições públicas e privadas (SILVA e

ANDRADE JÚNIOR, 2012). Busca-se, portanto, a obtenção de dados qualitativos que

possibilitem a análise dos capitais intangíveis.

A metodologia utilizada será o estudo de caso, a qual caracteriza-se por ter, como

objeto de estudo, uma unidade a qual analisa-se intensamente. Esta categoria de pesquisa

permite a realização de investigações em profundidade, de um indivíduo, grupo, instituição ou

unidade social e, como vantagem de conduzir-se uma pesquisa com este método, está à

possibilidade de incrementar o entendimento sobre os eventos reais e contemporâneos (GIL,

1996; YIN, 2001; MIGUEL, 2007).

Na execução da pesquisa de campo, será utilizado a observação e o método de

levantamento dos dados por meio de questionário Estruturado e Não-disfarçado. Este tipo de

composição do questionário de pesquisa apresenta uma lista formal de perguntas a serem

feitas e o objetivo da entrevista está totalmente explícito para o entrevistado (CAMPOMAR,

1981; BOYD e WESTFALL, 1982).

Para Yin (2001), o delineamento do estudo de caso como metodologia de

investigação demostra a necessidade de execução de três fases (1. Definição e Montagem; 2.

Preparação, coleta e análise; 3. Análise e conclusão) subdivididas em dez etapas (de A à J). A

Figura 1: ilustra o método.

Page 17: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

14

Na fase 1 (Definição e planejamento), foi elaborado referencial teórico que deu

embasamento aos temas que envolvem a pesquisa. Nesta fase, Boisier é o principal autor em

que a pesquisa apoia-se. Em seguida, foi feito o planejamento para definir quem seriam os

membros entrevistados de cada instituição selecionada para participar do mapeamento do

capital institucional e da identificação dos demais capitais intangíveis. Por fim, definiu-se

como período a ser analisado o período de 2005 a 2013. A escolha do período de análise se

deve ao fato da gestão da incubadora estar na administração desde 2005, mesmo período em

que a incubadora iniciou suas atividades de maneira efetiva e estruturada.

Na fase 2 (Preparação, coleta e análise), determinou-se a utilização de

questionários estruturados e não-disfarçados como instrumento de pesquisa e, por

conseguinte, a coleta dos dados secundários. Ainda nesta fase, foram empregadas três

técnicas: a aplicação de entrevistas, questionários Estruturados e Não-disfarçados e a

observação orientada pela gerente da incubadora.

Na fase 3 (Análise e Conclusão), estabeleceu-se a análise e conclusão das

informações coletadas por meio do referencial teórico conceitual elaborado na fase 1 e dos

dados coletados na fase 2.

De acordo com Yin (2001), a pesquisa foi conduzida considerando as três fases

descritas anteriormente. A execução de cada uma das etapas foi realizada conforme descrita a

seguir:

A. Desenvolvimento da teoria: fez-se leituras de artigos científicos, teses e livros

relacionados ao tema da pesquisa e com base nos conhecimentos adquiridos. Organizou-se o

referencial teórico de maneira que permitisse a análise qualitativa dos capitais intangíveis da

incubadora e do arranjo que envolve a INCIT para, então, responder o problema de pesquisa.

Figura 1 – Método de estudo de caso

Adaptado de Yin (2001)

Page 18: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

15

B. Definir projeto de pesquisa: elaborou-se o problema de pesquisa, o objetivo

geral e objetivos específicos que delimitaram a área e objeto de estudo.

C. Selecionar os casos: a escolha da INCIT como objeto de estudo se deu pela

facilidade de obtenção de informações, dado que a incubadora está localizada no campus da

universidade e também foi onde a autora atuou como gestora de uma das empresas incubadas

por três anos.

D. Desenvolver protocolo de pesquisa: montagem do protocolo para coleta de

dados, para atender os objetivos específicos e possibilitar a descrição do estudo de caso

utilizou-se três instrumentos descritos no quadro 1.

Quadro 1 – Formas de coleta de dados

Fontes de Evidência Definição Tipos/Exemplos

Entrevista Entrevistas com membros representantes de

instituições e empreendedores. As entrevistas

podem utilizar gravadores, desde que

autorizados pelos participantes.

Entrevistas formais e informais para

conhecimento preliminar e

levantamento de dados do objeto de

estudo.

Questionário

Estruturado e Não-

disfarçado

Questões abertas enviadas para os colaboradores

das empresas com vistas a aprofundar nas

questões relevantes para a pesquisa.

Questionários utilizados nas entrevistas com

membros representantes das instituições.

Questionário elaborado pela autora e

aplicado via google docs, precedido

de explicação do objetivo via e-

mail. Agendamento de entrevistas,

precedidas de explicações sobre o

objetivo da pesquisa.

Observação Acompanhamento a gerente da incubadora para

conhecimento das atividades realizadas no

ambiente.

Observação orientada pela gerente.

Fonte: Elaborado pela autora.

E. Conduzir a pesquisa em campo: a fim de coletar os dados necessários à

pesquisa foram realizadas entrevistas por meio de questionários estruturados e não disfarçados

como os parceiros institucionais, empreendedores, colaboradores das empresas incubadas e

com a gestão da incubadora. A aplicação dos questionários foi dividida em quatro momentos,

para coletar informações referentes à estrutura e organização da INCIT (Apêndices 1 e 2);

criação e formação inicial da incubadora (Apêndice 3); perfil do capital humano e influência

da universidade na criação dos negócios (Apêndice 4) e, por fim, quem são e quantas são as

instituições que formam o capital institucional e, qual o papel dos membros do conselho

diretor (Apêndices 5, 6, 7, 9,10).

Nas entrevistas realizadas com os membros da equipe de gestão da INCIT

(Apêndice 1 e 2), buscou-se por meio das questões conhecerem as atividades e serviços

oferecidos às empresas incubadas e, também, conhecer como ocorre o processo de incubação

até a graduação dos negócios, além disso, as questões permitiram mapear os grupos de

empreendedores por setor, os parceiros institucionais e os membros do conselho diretor da

incubadora.

Page 19: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

16

O questionário utilizado na entrevista com a ex-secretária do município (Apêndice

3), concentrou-se na criação e processo de estruturação da INCIT.

As questões utilizadas nas entrevistas com empreendedores (Apêndice 4),

buscaram identificar quando os empreendedores criaram o negócio, se passaram pela pré-

incubadora, como chegaram a incubadora e se houve o incentivo da universidade na decisão

de empreender.

Já os questionários aplicados nas entrevistas com os parceiros institucionais e

membros do conselho diretor (Apêndices 5 ao 10), tiveram como foco conhecer as relações

institucionais entre os parceiros e a INCIT. Com perguntas sobre a quanto tempo são

parceiros, qual o papel deles e por que ser um parceiro da incubadora.

F. Estabelecendo a confiabilidade e validade: para a elaboração da análise dos

dados, seguiu-se a proposta de Yin (2001), apoiando-se em proposições teóricas estabelecidas

no início do estudo de caso, uma vez que os objetivos e a elaboração da pesquisa foram

definidos com base nas proposições que refletem as questões da pesquisa e a revisão de

literatura.

G. Análise dos dados: as respostas obtidas por meio dos questionários com os

parceiros institucionais, empreendedores, colaboradores das empresas incubadas e com a

gestão da incubadora foram transcritas.

H. Desenvolvimento e teste de hipótese: a partir da transcrição das entrevistas e da

obtenção dos dados pôde-se realizar a análise dos objetivos específicos.

I. Comparando com a literatura: as informações foram organizadas e

apresentadas de forma a facilitar a verificação de proposições e as respostas às questões de

pesquisa. Comparou-se com a literatura, para confirmar que resultados obtidos estavam

alinhados com o objetivo da pesquisa e o embasamento teórico.

J. Compondo o relatório final: tendo percorrido todas as etapas, pode-se passar

para os resultados e discussões que serão apresentados no capítulo 9.

Page 20: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

17

3. Conceito de desenvolvimento

O conceito de desenvolvimento tem suas origens na biologia como processo de

evolução dos seres vivos. A utilização do termo da biologia para a vida em sociedade ocorreu

no século XVII e ganhou força com a corrente teórica em que a sociedade é comparada a um

ser vivo, que busca sua própria evolução, logo, seu desenvolvimento. Ao longo do tempo, o

conceito de desenvolvimento foi tornando-se mais elaborado interpretado por várias ciências

(economia, sociologia, antropologia, ecologia), destacado como um estado de progresso, bem

estar, crescimento econômico, humano e de equilíbrio ecológico. Desta forma, o

desenvolvimento pode ser concebido como um processo que permite a ampliação das

capacidades que cada pessoa possui. A realização das capacidades individuais possíveis está

condicionada a expansão das liberdades políticas, facilidades econômicas, oportunidades

sociais, garantia de transparência e segurança protetora. Entretanto, o desenvolvimento é

multidimensional e interdisciplinar de formação complexa que não possui definição

conclusiva. Mas, a subjetividade do desenvolvimento não pode ser um obstáculo, pois tem

como importante função promover o bem estar da humanidade e possui elementos que

condicionam a produção e a distribuição de renda (SANTOS et al., 2012; SEN, 2001;

VIEIRA e SANTOS, 2013).

Segundo Schumpeter (1982, p. 47),

Entenderemos por “desenvolvimento”, portanto, apenas as mudanças da vida

econômica que não lhe forem impostas de fora, mas que surjam de dentro, por sua

própria iniciativa. Se se concluir que não há tais mudanças emergindo na própria

esfera econômica, e que o fenômeno que chamamos de desenvolvimento econômico

não é na prática baseado no fato de que os dados mudam e que a economia, em si

mesma sem desenvolvimento, é arrastada pelas mudanças do mundo à sua volta, e

que as causas e portanto a explicação do desenvolvimento devem ser procuradas

fora do grupo de fatos que são descritos pela teoria econômica.

Nesse contexto, adota-se nessa pesquisa o conceito de desenvolvimento como um

processo complexo de mudanças e transformações de ordem econômica, política e,

principalmente, humana e social. O desenvolvimento tem como característica a

intangibilidade, observa-se que as formas de capitais intangíveis mais utilizados como fator

explicativo para o desenvolvimento econômico dos países, regiões e comunidades são o

capital humano, capital institucional, capital cívico, capital social e o capital sinergético

(BOISIER, 1999a; BOISIER, 1999c; OLIVEIRA, 2002; BOISIER, 1996; CARVALHO e

FILHO, 2001; GARCÍA e LEONARDI, 2011; CONTERATO e FILLIPI, 2009).

Para Oliveira (2002),

Page 21: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

18

Desenvolvimento nada mais é que o crescimento, incrementos positivos no produto

e na renda, transformado para satisfazer as mais diversificadas necessidades do ser

humano, tais como: saúde, educação, habitação, transporte, alimentação, lazer, dentre outras (OLIVEIRA, 2002, p.40).

Para descrever e deixar evidente a diferença entre desenvolvimento e crescimento,

destaca-se que o desenvolvimento é intangível e o crescimento material. Contudo, não

distingue-se a natureza da relação entre ambos, porém, admite-se que ambos os conceitos

encontram-se interligados em uma matemática complexa ou talvez através de um ciclo

temporal, sugerindo que, ao longo do tempo, a ordem de predominância dos processos

poderia alternar-se. Ora, tenha que crescer primeiramente o material até uma base do

desenvolvimento e, talvez em outros ciclos, primeiro seja necessário criar condições

adequadas ao desenvolvimento psicossocial, que por sua vez estimulam os processos

econômicos, como o risco, parceria, inovação e investimento (BOISIER, 1999c).

Na visão schumpeteriana, o desenvolvimento é uma mudança espontânea e

descontinua com perturbações do equilíbrio, que altera e desloca para sempre o estado de

equilíbrio previamente existente. Desta forma, o desenvolvimento consiste em empregar

recursos diferentes de maneiras diferentes e fazer coisas novas, independentemente de que

aqueles recursos cresçam ou não (SCHUMPETER, 1982).

Para Somekh (2010, p.18) “A noção de desenvolvimento abriga não só a evolução

quantitativa da reprodução da riqueza material, mas também as possibilidades de sua melhor

distribuição”.

Isto é, o desenvolvimento tem como condicionante o crescimento das habilidades,

conhecimentos e competências das pessoas. Quanto maior o investimento em capital

humano, melhores as condições para desenvolvimento. Dessa forma, investir na formação dos

indivíduos significa investir, sobretudo, em educação, mas também em outros fatores

relacionados à qualidade de vida, tais como as condições de saúde, alimentação, habitação,

saneamento, transporte, segurança etc., sem as quais a educação, por si só, não consegue

atingir seus objetivos. Esses fatores favorecem a promoção de distritos industriais, ambientes

inovadores e arranjos produtivos locais (BOISIER, 1996; DE PAULA, 2008).

No contexto, de que desenvolvimento deve produzir oportunidades sociais e garantia

de proteção ao indivíduo, à proposta de Amartya Sen de criação do Índice de

Desenvolvimento Humano – IDH foi utilizada pela Organização das Nações Unidas - ONU

(juntamente com o economista paquistanês Mahbub ul Haq) no âmbito do Programa das

Nações Unidas para o desenvolvimento – PNUD, como indicador básico do Relatório de

Page 22: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

19

Desenvolvimento Humano. Essa perspectiva desloca os parâmetros do desenvolvimento de

indicadores puramente econômicos como renda, PIB e emprego, para outros parâmetros que

contemplem também indicadores sociais como saúde e educação (MYNAIO, 2000; SEN,

2001).

Contudo, o desenvolvimento, apresenta-se como uma rede de conceitos que podem

ser associados a adjetivos como local, integrado, sustentável, territorial, endógeno, global,

regional, local, humano, econômico, político, ambiental, a depender das dimensões sociais.

Esses adjetivos ao termo desenvolvimento, permitem ao pesquisador “dar um zum” em

suas pesquisas a partir de parâmetros mais específicos (SANTOS et al., 2012; CONTERATO

e FILLIPE, 2009).

Nesse contexto, para descrever e evidenciar os recortes do termo desenvolvimento

que serão qualificados e permitirão à interpretação da pesquisa, serão apresentadas propostas

e perspectivas sobre a qualificação do desenvolvimento regional, desenvolvimento local e

desenvolvimento endógeno.

4. Desenvolvimento Regional

A partir da década de 50, as teorias de desenvolvimento regional começaram a ser

elaboradas com vertentes macroeconômicas, focadas nas condições de industrialização.

Posteriormente, evoluíram para a vertente microeconômica, cujo foco era a demanda agregada

e os potenciais efeitos multiplicadores da produção via interligações setoriais. Mais

recentemente, a abordagem pode ser caracterizada como mesoeconômicas, com viés regional,

ou seja, o foco está no potencial competitivo da região em um ambiente integrado com outras

regiões. Contudo, o desenvolvimento regional está cada vez mais na capacidade da região em

mobilizar seus recursos endógenos, atualizando permanentemente seus processos e arranjos

produtivos (FOCHEZATTO, 2010; IPEA, 2011).

O desenvolvimento regional está fundamentado na formulação e implementação de

políticas, programas e projetos concebidos a partir da atuação das sociedades locais, cabendo

às instituições governamentais o papel de indutoras e parceiras no processo (BARRETO et

al., 2007).

Segundo Vieira e Santos (2013, p. 291),

A teoria do desenvolvimento regional, na década de 60, tornou-se moda com a teoria

dos polos de crescimento econômico, mas seu conteúdo foi negligenciado em favor

de sua forma e não de suas explicações, em favor de técnicas e modelos, omitindo o embasamento teórico. A opção em relação à forma da teoria dos polos de

desenvolvimento implicou no abandono da sua principal característica, a

Page 23: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

20

problematização das diferenças regionais a partir da relação entre a dinâmica

econômica e a trajetória histórica regional.

Nesse contexto, a implementação de programas de desenvolvimento regional, de

forma replicada implica em problematizar e considerar o processo histórico, as assimetrias

econômicas e sociais da região, valorizando o cenário e as potencialidades locais (BARRETO

et al., 2007; VIEIRA e SANTOS, 2013).

Para Souza (2009, p. 85),

Em suma, a base econômica de uma determinada região é definida pelo conjunto de

variáveis exógenas determinadas por forças externas à região, como a renda dos

consumidores do resto do mundo, que adquirem produtos regionais, a política do

governo federal na região, as decisões dos investidores de outras regiões ou países relativos à região etc. Tais decisões independem, por hipótese, do nível de atividade

local, bem como de medidas regionais de política econômica. As atividades de

mercado interno, ou atividades não básicas, são definidas como a parte do produto

regional consumido pelos habitantes da região. Elas constituem a diferença entre as

atividades totais e a base econômica e dependem do nível da renda regional.

Desta forma, o desenvolvimento regional depende da capacidade de organização

social e política integrada à autonomia local na tomada de decisões. Esta capacidade de

organização social e política perpassa, também, a competência de reter e reinvestir o

excedente econômico da região (HADDAD, 2009).

Nesse sentido, a promoção do desenvolvimento regional, decorre da formulação e

implementação de políticas e programas por meio da atuação da sociedade local. Logo,

envolve uma nova dinâmica de integração social e econômica que exige a participação dos

órgãos governamentais como parceiros e fortalecedores das estruturas internas da região,

colocando em evidência os atores sociais e as redes de cooperação interna. Nesse sentido, os

arranjos produtivos locais nascem como uma solução para estimular a atuação dos municípios

e seus prefeitos, e até mesmo governadores, a buscarem o desenvolvimento regional (IPEA,

2011; HADDAD, 2009; ALBURQUERQUE, 1998; AMARAL FILHO et al., 2002).

Para Malecki (1997), existe uma estreita relação entre empreendedorismo e

desenvolvimento regional e local:

A capacidade de inovação desenvolvida dentro das redes interinstitucionais locais,

tanto apoia as empresas existentes e apresenta oportunidades para o arranque de

novas empresas, a fim de atender os mercados recentemente identificados. Políticas

para a inovação, o empreendedorismo, e o funcionamento da economia são

essenciais, e exigem flexibilidade, a fim de responder às mudanças nas condições da

economia mundial, em mercados específicos de produtos, e em tecnologia.

(MALECKI, 1997, p.7).

Nesse contexto, a articulação e incentivo aos empreendimentos empresariais

associativos individuais e comunitários podem favorecer a capacidade inovativa e amplia a

flexibilidade da região frente às mudanças exógenas. A busca pela flexibilidade e a

Page 24: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

21

capacidade inovativa promove a identificação de instrumentos e entidades de especificidades

locais, o que favorece as características endógenas da região. Essa flexibilização e valorização

da especificidade local, apoia empresas existentes e promove a criação de novos

empreendimentos (MALECKI, 1997; SILVEIRA, 2010; SEBRAE, 2010).

O desenvolvimento local abrange dimensões políticas, relações complexas de poder,

diferenças culturais e resistência à modernização. Nesse contexto a ênfase do

desenvolvimento local está nos fatores endógenos capazes de transformar os impulsos

exógenos de crescimento econômico em desenvolvimento para a sociedade (OLIVEIRA,

2003; DOWBOR e POCHMANN, 2010).

Sobre o movimento de desenvolvimento local no Brasil, Dowbor e Pochmann

(2010), afirmam “não há muito espaço, nesse universo extremamente diversificado das

regiões brasileiras, para um “manual geral de procedimentos””.

No Brasil, desde a década de 50, foram implantados inúmeros programas de

desenvolvimento local. Nos anos 1950 a 1959 a disparidade da região Nordeste em relação

principalmente a São Paulo, nos aspectos econômicos, nas questões das desigualdades

regionais e também fatores políticos importantes que permeavam estas disparidades. Havia

uma oligarquia algodoeira-pecuária conservadora que não aprovava intervenções

governamentais. Na época, o presidente Juscelino Kubitschek pediu que fosse indicado um

nome para dirigir um plano amplo de desenvolvimento na região. Foi então que Celso Furtado

assumiu o plano e criou o Conselho de Desenvolvimento do Nordeste (CODENO), no passo

seguinte, Juscelino Kubitschek enviou ao congresso o projeto de lei criando a

Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) uma proposta reformista,

ambiciosa e abrangente no contexto de desenvolvimento industrial, que não conseguiu

sobrepor à realidade sócio-política da época, devido às divergências com oligarquia local. As

críticas locais à SUDENE concentravam-se em afirmar que a política da industrialização era

boa, mas prioridade do nordeste, naquele momento, era o combate às secas e não um processo

de industrialização (DINIZ, 2009; COLOMBO, 2012; PAIM, 2005).

Ainda na década de 50 e início dos anos 60, o sistema criado por Celso Furtado no

Nordeste serviu de modelo e o governo brasileiro iniciou um programa de desenvolvimento

na Amazônia. O órgão responsável pelo planejamento foi a Superintendência de

Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), com foco no reflorestamento e na pesca. O

programa passou por especulações, a ilegalidade e a corrupção, sendo que esta última tornou-

se pública na ocasião do fechamento do órgão SUDAM (KOHLHEPP, 2002; PAIM, 2005).

Page 25: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

22

Outros programas e projetos de desenvolvimento local, relacionados ao combate da

pobreza, desigualdade, ou à exclusão foram implantados por entidades não governamentais e

governos municipais nos anos 90. Desta forma, o conceito de desenvolvimento local no Brasil

constitui-se com a ênfase na articulação interinstitucional e o papel da população local

(SILVEIRA, 2010).

E, por tratar-se de um fenômeno multidimensional, o desenvolvimento local envolve

a implementação de um processo sustentável em longo prazo que considere a especificidade e

a sociedade local. Desta forma, favorece-se a promoção do capital social, capital cívico,

capital humano e institucional que podem resultar na sinergia entre os agentes

socioeconômicos que participação da política local (COTORRUELO, 2001).

Portanto, desenvolvimento local corresponde a todas as iniciativas realizadas pelo

poder público e pelas instituições privadas ao nível local. Contudo, é preciso ampliar a

cooperação público-privada para criar e fomentar ambientes inovadores. Isto é, incrementar a

produtividade e a competitividade das empresas e dos arranjos produtivos locais implica em

introduzir inovações para melhorar os processos produtivos, impulsionar a qualidade e a

diferenciação dos produtos. Essas implicações contribuem para tornar mais eficiente a

organização das redes de empresas nas diferentes formas de arranjos. Desse modo, a parceria

entre o público e privado favorece o ambiente inovador, a especificidade local e a capacidade

de gestão empresarial para o desenvolvimento local (SEBRAE, 2010; SILVEIRA, 2010).

Tão importante quanto considerar a especificidade local é considerar o

comprometimento das autoridades locais, pois, na maioria das vezes, essas autoridades

lideram e mobilizam inciativas articulando-se com outros atores, por meio de ações para o

desenvolvimento local. No entanto, esse movimento pode partir, também, de outros atores,

como organizações não governamentais, entidades financeiras e jovens empreendedores

(SILVEIRA, 2010; ALBUQUERQUE e ZAPATA, 2010; BOISIER, 2004).

Para Albuquerque e Zapata (2010), existem oito elementos de sustentação básicos

que definem as iniciativas de desenvolvimento. A partir da reprodução da Figura 3 –

hexágono do desenvolvimento local, é possível perceber como os autores organizam esses

componentes.

Page 26: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

23

Figura 2 - Hexágono do desenvolvimento Local

Fonte: Albuquerque e Zapata (2010)

O desafio é favorecer a construção de espaços de cooperação entre atores públicos e

privados. Qualquer iniciativa de desenvolvimento local requer uma postura proativa dos

governos locais e estaduais. Deve-se insistir na ideia de identidade regional, que não seja

entendida como ativo preexistente num território, resultado somente de fatores geográficos ou

históricos anteriores, mas sim como ativo intangível que pode ser construído localmente, por

meio da geração de espaços de articulação e confiança entre atores para enfrentar os desafios

comuns (ALBUQUERQUE e ZAPATA, 2010).

Portanto, a elaboração de uma estratégia de desenvolvimento local em consenso com

os atores locais é fundamental. O objetivo deve ser de orientar para a melhor utilização dos

recursos endógenos e ampliação de inovações tanto de produtos e serviços, quanto de

relacionamentos. Nesse contexto, o fomento de micro e pequenas empresas locais e à

capacitação do capital humano é parte da estratégia para explorar as capacidades e

potencialidades endógenas para o desenvolvimento local, segundo as necessidades de

inovação do sistema produtivo local (ALBUQUERQUE e ZAPATA, 2010; BUARQUE,

1999).

Para Buarque (1999, p.9) desenvolvimento local,

É um processo endógeno registrado em pequenas unidades territoriais e

agrupamentos humanos capaz de promover o dinamismo econômico e a melhoria da

qualidade de vida da população. Representa uma singular transformação nas bases

econômicas e na organização social em nível local, resultante da mobilização das

energias da sociedade, explorando as suas capacidades e potencialidades

específicas. Para ser um processo consistente e sustentável, o desenvolvimento deve

elevar as oportunidades sociais e a viabilidade e competitividade da economia local,

aumentando a renda e as formas de riqueza, ao mesmo tempo em que assegura a

conservação dos recursos naturais.

Page 27: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

24

Entre os articuladores do desenvolvimento local estão as universidades por meio do

saber e da tecnologia. A apropriação dos produtos/serviços de pesquisadores pelos

empreendedores locais e a compatibilização da agenda de pesquisa com interesses

locais/regionais, podem contribuir significativamente para o processo de inovação local

(FRANÇA e GARIBE FILHO, 2010).

Outra peculiaridade do desenvolvimento local é o fato de tornar a teoria do

desenvolvimento endógeno em uma interpretação para ação. O desenvolvimento endógeno

implica na ampliação da capacidade de agregação de valor aos produtos, serviços e

valorização do regional. Isto é, deve ser entendido, primeiramente, como um processo de

transformação, fortalecimento e qualificação das estruturas internas de uma região.

Resumindo, a adoção de pactos de cooperação, capacitação e capitação dos investimentos em

pesquisa e desenvolvimento por meio de instituições estratégicas, resultará no

desenvolvimento endógeno. Isso ocorre, por exemplo, por meio das universidades, em virtude

de estarem intrinsicamente ligadas à formação de capital humano, ciência e tecnologia,

pesquisa e desenvolvimento, conhecimento e informação. Desta forma, quando há um projeto

coletivo entre universidades e demais atores estratégicos como incubadoras de empresas,

maiores os efeitos de extensão e transferência de conhecimento. Este padrão de cooperação é

considerado a base qualitativa de fatores endógenos do desenvolvimento. Entretanto, só

resultará em efeitos positivos no desenvolvimento, se houver uma interação densa e

articulada, mediante um projeto de cunho político regional ou coletivo, fortalecendo o sentido

de cooperação e pactos público-privados. Um dos mecanismos ideais para atender a esse

modelo local e endógeno de desenvolvimento, são os arranjos produtivos locais, que por meio

da interação, cooperação e aprendizagem potencializam a capacidade inovativa endógena,

gerando competitividade e desenvolvimento local (AMARAL FILHO, 2002, 1996; BOISIER,

2004; CASSIOLATO e LASTRES, 2003).

O desenvolvimento endógeno promove um ambiente dinâmico, gera uma estrutura

eficiente e diversificada com capacidade de apropriar-se do excedente econômico. Observa-se

que esse ambiente dinâmico reforça a necessidade de inclusão de quatro planos. O plano

político, que relaciona-se ao engajamento cívico e a capacidade de um território em tomar

decisões relevantes ao seu desenvolvimento, desde o planejamento a implementação de

políticas. O econômico, no que diz respeito à apropriação do excedente econômico. O terceiro

plano, por sua vez, destaca o científico-tecnológico, como impulsionador de mudanças

tecnológicas e alterações qualitativas no sistema social. E, por último, a cultura, matriz

envolvente capaz de gerar identidade. Todos os quatro planos reforçam o potencial de

Page 28: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

25

inovação local, isto é, o resultado da sinergia do sistema social (HERNÁNDEZ, 2012;

BOISIER, 1999b, 2000, 2003).

Para Oliveira (2002), o desenvolvimento endógeno perpassa pelo conceito e teoria do

desenvolvimento. As teorias de desenvolvimento que contribuíram para a formação e

entendimento do desenvolvimento endógeno foram sistematizadas de maneira resumida por

Hernández (2012) no Quadro 4 reproduzido a seguir.

Quadro 2 - Contribuições para a teoria do desenvolvimento endógeno

Contribuições dos paradigmas de desenvolvimento para a teoria do desenvolvimento endógeno

Teorias ou

paradigmas

desenvolvimento

Contribuições para o desenvolvimento endógeno

Teoria do Grande

Desenvolvimento

(Rosenstein-Rodan,

1943 e 1961;

Hirschman, 1958;

Perroux, 1955

E 1961).

1. O desenvolvimento de economias externas (Fundação de empresas de redes).

Presença de um sistema de empresas com fortes relações e trocas entre eles, não só

produtos e serviços, mas também de padrões de conhecimento e comportamento

tecnológicos. 2. A existência de externalidades é uma condição necessária para o

desenvolvimento de uma cidade ou uma região (multiplicidade de mercados internos).

Teoria do

Crescimento dualista

(Rostow, 1960)

1. Foi baseado na hipótese da existência de uma oferta abundante de mão de obra barata. 2. Processos de acumulação de capital e as mudanças tecnológicas são as

forças que energizam processos de crescimento e mudança estrutural nas economias

locais. 3. Muitas vezes, crescimento e mudança estrutural na economia ocorrem

através um processo de mudança progressiva em atividades produtivas, as atividades

tradicionais de atividades modernas.

Teoria da

Dependência

(Corrente Moderada) (Cardoso, 1970;

Sunkel, 1969 e

1973)

1. Considera que cada território tem um caminho económico que seja adequada e nem

todos os territórios sempre se comportam de forma inovadora, pode estimular o

crescimento e mudança estrutural, portanto, aceitar a formas específicas de

desenvolvimento. 2. Para os sistemas de produção locais serem inovadores, eles

precisam ser capazes de introduzir e desenvolver novos paradigmas produtivos no

sistema de produção local, para o sistema de empresas tem que se comportar de forma

criativa e implantar sua capacidade de aprendizagem.

Teoria do

Desenvolvimento

Territorial (Friedmann e Weaver,

1979; Slohr

e Lodtling, 1979; Slohr

e Taylor,

1981)

1. A concepção do espaço econômico é o "território", entendida como uma rede de interesses de uma comunidade territorial, constituído por uma rede de atores do

desenvolvimento sempre vigilante para manter e defender a integridade e os interesses

territoriais nos processos de mudança estrutural. 2. Todos os territórios têm um

potencial de desenvolvimento que assume um valor diferente em cada caso. Assim,

cada cidade e região tem um sistema de produção particular, mercado de trabalho,

formas específicas de organização da produção, empreendedorismo e conhecimento

tecnológico, dotação de recursos naturais e infra-estrutura, sistema social, político e

institucional, tradição e cultura, em que os processos de desenvolvimento econômico

local são articulados. 3. Concedido ações priorizar nas políticas de desenvolvimento

de baixo para cima.

Teoria do

Desenvolvimento

Organizacional (Bellandi, 1986; Costa

Campi,1992 e 1993;

Porter, 1990),

1. Enfatiza a organização flexível da produção, através da formação e organização de

empresas que formam redes de empresas especializadas, facilitando economias de

escala externa para empresas, mas interna ao sistema de produção local, e reduzir os custos de transação. 2. Tecnologia disponível permite que as empresas se

especializem no processo de produção e produção de peças dando-lhes uma vantagem

competitiva nos mercados.

Fonte: Hernández (2012).

O desenvolvimento endógeno significa, por conseguinte, a capacidade de

processamento do sistema socioeconômico; a resiliência aos desafios externos; capacidade

para promover a aprendizagem social e introduzir formas específicas de regulação social a

Page 29: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

26

nível local, logo, favorecendo o desenvolvimento local (GAROFOLI, 2009; HERÁNDEZ et

al., 2012).

De acordo com Boisier (1992 e 1996), estas capacidades relacionam-se a seis

elementos passíveis de serem identificados em qualquer localidade ou região.

O primeiro elemento são os Atores: podem ser de natureza individual, formado por

membros da sociedade civil que ocupam posições de poder e influência. Ou são atores

coorporativos, sindicatos, agrupamentos empresariais, estudantis, em geral, regulamentados

pelo estado com concessão de personalidade jurídica.

O segundo elemento é a Cultura: também, é interpretada como um elemento que

manifesta-se de duas maneiras. A competitiva/individualista que gera crescimento, mas não é

capaz de gerar desenvolvimento. Já a cultura cooperativa/solidária gera equidade sem

crescimento.

O terceiro elemento os Recursos: materiais (equipamentos de infraestrutura, capital,

naturais), dos recursos humanos, sobretudo, a qualidade de formação; os recursos

psicossociais (autoconfiança coletiva, perseverança e consenso) e dos recursos de

conhecimento fundamental para o desenvolvimento.

O quarto elemento - as Instituições: atuam como elementos chave, pois possuem a

capacidade real de influir no resultado econômico de uma sociedade.

O quinto elemento - o Procedimento: refere-se à natureza da gestão, que expressa-se

pela capacidade de construção de um projeto político regional ou local.

O sexto elemento - o Entorno: relaciona-se com multiplicidade de organismos, sobre

os quais não se tem controle (apenas capacidade de influência). Trata-se, fundamentalmente,

do mercado em sentido lato, do Estado e do tecido de relações internacionais. Em relação ao

mercado, trata-se de conhecer as modalidades de comércio, antes de conhecer apenas seu

volume. Isto é, reconhecer o padrão geográfico do comércio, desde as formas de

intermediação, tratados e acordos, até importações com ou sem tecnologia e mecanismos

estabelecidos para estudos permanentes de mercados (BOISIER, 1996).

Na perspectiva de Haddad (2009), o conceito de desenvolvimento endógeno fica

mais claro em situações de assimetria, como quando uma economia desenvolvida sofre

estagnação ou involui por influências exógenas e passa a utilizar indicadores de renda per

capita e produtividade, comum em economias subdesenvolvidas. Porém, ao receber estímulos,

a sua reação é rápida. Isso ocorre devido a sua capacidade endógena de movimentar capitais

tangíveis e intangíveis. O diagrama reproduzido na Figura 4 representa algumas etapas que o

processo de desenvolvimento endógeno percorre.

Page 30: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

27

Figura 3 - Etapas do processo de desenvolvimento endógeno Fonte: Haddad (2009)

A Figura 4 exibe a importância do inconformismo na concepção do processo de

desenvolvimento endógeno. Nota-se que o desenvolvimento não ocorre em um ambiente de

apatia, inércia e passividade dos atores de uma localidade. Além disso, argumenta-se que não

há desenvolvimento onde não há inquietação, inconformismo com relação ao mau

desempenho dos indicadores de sustentabilidade econômica e social. Esse processo prevê,

como primeiro passo, a organização da estruturação a partir do inconformismo. Feita a

organização, é necessário diagnosticar, de maneira técnica e política as razões e causas do

mau desempenho, e, por conseguinte, buscar obter melhores índices de desenvolvimento

humano e econômico. Além destas duas etapas anteriores, é preciso envolver a transformação

de uma agenda de mudanças em um plano de ação (HADDAD, 2009).

Page 31: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

28

5. Capitais intangíveis

Boisier (1999a e c) nomeia capitais intangíveis como os fatores intangíveis que

impulsionam o desenvolvimento. Isto é, considera-se o desenvolvimento uma condição

intangível, portanto, os fatores que o impulsionam, também são. É esta condição intangível do

desenvolvimento que o difere do crescimento econômico, baseado simplesmente em fatores

de capital econômico e bens materiais. Logo, Boisier (2000) relaciona o capital institucional,

capital humano, capital cívico, capital social, capital sinergético, capital cultural, capital

cognitivo e o capital simbólico como diferentes formas de capitais intangíveis e determinantes

para o desenvolvimento. Nesse contexto, Haddad (2002) corrobora com o conceito de capitais

intangíveis e reforça a ideia que o desenvolvimento de uma região, no longo prazo, depende

da capacidade de organização social e política. Nesse sentido, o autor destaca cinco formas de

capitais intangíveis como determinantes do processo de desenvolvimento regional e

endógeno, conforme apresentados no Quadro 2.

Quadro 3 - Cinco formas de capitais intangíveis

Algumas Formas de

Capitais Intangíveis

Especificação

Capital Institucional As instituições ou organizações públicas e privadas existentes na região:

o seu número, o clima de relações interinstitucionais (cooperação,

conflito, neutralidade), o seu grau de modernidade.

Capital Humano O estoque de conhecimentos e habilidades que possuem os indivíduos que residem na região e sua capacidade para exercitá-los.

Capital Cívico A tradução de práticas de políticas democráticas, de confiança nas

instituições, de preocupação pessoa com os assuntos públicos, de

associativismo ente as esferas públicas e privadas, etc.

Capital Social O que permite aos membros de uma comunidade confiar um no outro e

cooperar na formação de novos grupos ou em realizar ações em comum.

Capital sinergético Consiste na capacidade real ou latente de toda a comunidade para

articular de forma democrática as diversas formas de capital intangível

disponíveis nessa comunidade.

Fonte: Boisier (1997) apud Haddad (2002)

Desta forma, a ideia de capitais intangíveis está associada à capacidade de

organização, articulação, relações interinstitucionais, estoque de conhecimento e ao nível de

confiança entre os membros de uma comunidade, que buscam mobilizar as energias e

recursos de uma localidade. A maneira mais básica de conceituar capitais intangíveis é que,

ao contrário dos ativos tradicionais, os intangíveis têm natureza imaterial. Sendo assim, suas

manifestações têm caráter abstrato. Portanto, os capitais intangíveis são promovidos e

articulados por meio do capital sinergético. O capital sinergético é analisado pela capacidade

de uma sociedade de agir em conjunto com metas estabelecidas democraticamente. Ou seja,

deriva-se de um entendimento comum sobre a estrutura e a capacidade dinâmica dos

Page 32: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

29

processos de mudança social, crescimento econômico e desenvolvimentos societários

fundamentais (BOISIER, 2000; GUTIÉRREZ, 2007, LEV, 2001).

Page 33: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

30

5.1 Capital institucional

O capital institucional pode ser entendido como a presença e interação das

instituições e organizações. Portanto, para conhecer o capital institucional de uma região,

primeiramente, é necessário fazer um levantamento quantitativo, por meio cadastral das

instituições públicas e privadas, sistematizando o chamado mapa institucional. Mas, o capital

institucional extrapola a análise quantitativa. A promoção deste capital está intrinsicamente

ligada ao grau de cooperação entre instituições e organizações, isto é, a capacidade de agir e

tomar decisões rapidamente, com comprometimento entre as entidades nas ações estratégicas

e sobretudo da inteligência organizacional. Portanto, tratar de capital institucional é medir e

avaliar as relações, sobre o grau de cooperação e de conflito (BOISIER, 1999b; ROCHA,

2010).

A sustentação do capital institucional apoia-se na integração entre atores

institucionais e atores socioeconômicos locais. Nessa linha de pensamento, os atores

institucionais são constituídos pela administração pública municipal, representações locais,

sindicatos, associações comerciais, indústrias e instituições de ensino. Com isso, quanto maior

for o nível de integração, maior será a densidade do capital institucional (BOISIER, 1999b;

DALLABRIA et al, 2006).

Como foram mencionados anteriormente, os elementos que definem o capital

institucional são: a cooperação institucional e organizacional, o comprometimento e

sustentação das parcerias. Nesse sentido, Rocha (2010) com o objetivo de identificar as

variáveis consideradas importantes para a sustentabilidade do capital institucional,

sistematizou três aspectos e suas variáveis. É possível observar estes aspectos e variáveis no

quadro 3.

Page 34: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

31

Quadro 4 - Aspectos de Análise do Capital Institucional

Aspectos de análise

Variá

veis

de

an

áli

se

Cooperação institucional e

Organizacional

Sustentabilidade do Capital

Institucional

Grau de

Comprometimento

das

Entidades parceiras

· Gestão dos conflitos existentes;

· Estabilidade das parcerias ou a sua

evolução – ou seja, a chegada de

novos parceiros;

· Convergência de objetivos entre

as entidades parceiras;

· Representatividade da

representação, isto é, o poder de

decisão e a legitimidade do

representante da entidade no

território;

· Continuidade dos representantes

das entidades parceiras no decorrer

do processo; e

· Fluxo da troca e do repasse das

informações referentes à estratégia de

desenvolvimento territorial.

· Número de entidades

parceiras na estratégia de

desenvolvimento regional;

· Diversidade da tipologia das

entidades parceiras;

· Grau de comprometimento

das entidades parceiras;

· Participação das entidades

territoriais;

· Acesso entre as entidades

parceiras ao poder de decisão;

· Entidades territoriais

relevantes não envolvidas na

estratégia; e

· Grau de cooperação

institucional e organizacional.

· Participação nas

reuniões;

· Comprometimento

com ações da

estratégia;

· Recursos

disponibilizados; e

· Cumprimento das

responsabilidades

assumidas.

Fonte: Rocha (2010)

O Quadro 3 permite visualizar a variedade de aspectos que envolvem a análise da

densidade do capital institucional, sistematizados, a níveis de cooperação institucional,

sustentabilidade e grau de comprometimento entre as entidades parceiras (ROCHA, 2010).

A cooperação horizontal e a coordenação entre os níveis institucionais são

imprescindíveis para a formação de redes institucionais, com o intuito de fortalecer a

competitividade interna e externa da localidade. Desta forma, a cooperação horizontal e a

coordenação tornam-se pressupostos básicos de que o capital institucional pode ser

responsável por uma parcela significativa do desenvolvimento (HELMSING, 1999;

FURLANETTO, 2008).

Nesse contexto, cabe fazer menção ao papel das instituições no desenvolvimento na

visão schumpeteriana. Schumpeter enfatizou que o desenvolvimento perpassa por mudanças

institucionais e teoria econômica. Em sua análise sobre fatores fundamentais do

desenvolvimento, Schumpeter considera os fatores tecnológicos, institucionais e a motivação

que interligam os indivíduos, o governo e as empresas privadas inovadoras. O dinamismo da

economia deriva da postura inovadora dos empresários que constituem os sistemas produtivos

que envolvem diferentes instituições públicas e privadas. Portanto, as instituições estáveis,

modernas e eficientes são fundamentais para promover o crescimento econômico e maximizar

o bem-estar social. O desenvolvimento faz-se pela capacidade organizacional, cooperação da

infraestrutura disponível e pela construção de atores institucionais. Nesse sentido, a integração

Page 35: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

32

dos diferentes agentes institucionais e o progresso tecnológico dependem da relação dos

atores econômicos com o ambiente institucional (SCHUMPETER, 1982; SOUZA, 2005;

STEINGRABER, 2013).

Page 36: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

33

5.2 Capital Humano

O capital humano é considerado um capital intangível que toda organização

possui. Trata-se, de uma criação humana. Portanto, a análise de qualquer organização deve ser

iniciada pela identificação e compreensão das características dos indivíduos que compõem o

capital humano disponível. A ideia fundamental da teoria do capital humano foi incorporada

na teoria econômica moderna por Jacob Mincer e difundida por Schultz e Becker nas décadas

de 50 e 60. A teoria diz respeito ao trabalho como um fator para além da produção, o capital

humano. Além disso, esse capital é tão mais produtivo quanto maior for sua qualidade. Nesse

sentido, essa qualidade está associada à intensidade de treinamento científico-tecnológico e

gerencial que cada trabalhador desenvolve ao longo da vida. Portanto, o capital humano está

relacionado aos conhecimentos e habilidades do indivíduo (CALDERÓN et al 2012;

MOTTA, 2008; BOISIER, 2000).

Com isso, o capital humano é visto como um fator estratégico para o

desenvolvimento. Para tanto, é necessário gerar e atrair capital humano qualificado. Uma vez

que, quanto maior o conhecimento e a destreza da população, maior sua capacidade produtiva

e inovativa. Contudo, a capacidade dos indivíduos para adquirir e expressar seu potencial

humano depende, acima de tudo, da liberdade política e social, do apoio de instituições sociais

dedicadas ao desenvolvimento integral e de expressão do potencial humano. Desta forma, é

importante ressaltar que haja políticas de incentivos e instituições adequadas para o

desenvolvimento de valores e atitudes empreendedoras, com objetivo de reter o capital

humano disponível (JACOBS et al., 2012; BRUNNER, 2003).

Sobretudo, destaca-se que o estoque de capital humano de qualidade está

intrinsicamente ligado aos conhecimentos e habilidades dos indivíduos de uma região e sua

capacidade para exercitá-los. No entanto, à medida que a sociedade transforma sua base

econômica e busca a modernização tecnológica, necessita melhorar o perfil do capital

humano, principalmente, profissionais técnicos, acadêmicos e científicos. Isto é, considerando

todos esses fatores, é preciso haver medidas para incentivar o surgimento de redes

geograficamente definidas de empresas, universidades, laboratórios, fornecedores e

intermediários do conhecimento, de forma que torne possível a criação de polos de exportação

e importação de conhecimento dinâmico (BRUNNER e ELACQUA, 2003; BOISIER, 2000).

No que tange às universidades, em contribuição ao capital humano, elas

desempenham um papel importantíssimo. Atraem e produzem dois tipos principais de

talentos, os estudantes e professores. Além de ensinar os alunos e proporcionar um ambiente

Page 37: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

34

favorável à pesquisa, a universidade atrai novos professores que por sua vez atraem

estudantes. Observa-se, portanto, um efeito magnético na atração de pessoas e até mesmo de

empresas. Esse efeito magnético revela que as regiões que conseguem reter esse capital

humano produzido localmente ganham vantagem competitiva. Destaca-se, portanto, que o

capital humano não é apenas um fator para o crescimento econômico, mas também um efeito

dele ou dos desenvolvimentos gerados pelo crescimento econômico. Entretanto, a relação

entre o crescimento econômico e o crescimento do capital humano é recíproca e apresenta-se

como uma provável alternativa para o desenvolvimento econômico sustentável. De todo

modo, as atividades de capital humano não envolvem apenas a transmissão e incorporação de

pessoas, mas também, a produção de novos conhecimentos. Nesse sentido, esse movimento é

a fonte de inovações e mudanças tecnológicas que impulsionam as diversas variáveis de

produção (JACOB 1981; 1995; FLORIDA, 2006).

Sendo assim, a criação de novas práticas a partir do conhecimento, se torna a

principal força propulsora da economia. Visto que, o dinamismo da economia deriva da ação

do empresário inovador, que cria e aplica novos processos de produção, gera novos produtos e

desenvolve novos mercados. Contudo, para estimular o desenvolvimento regional, local e

endógeno, é importante ressaltar a necessidade de ações do governo, principalmente, nos

investimentos em pesquisa e desenvolvimento, além do engajamento de universidades,

comunidade local, instituições governamentais e não governamentais como propulsores para

atração e estímulo do capital humano criativo, facilitando o intercâmbio de ideias, ampliando

conhecimentos e habilidades entre grupos, além de favorecer a capacidade de exercitá-los

(JACOB, 1981; FLORIDA, 2006; DARON, 2008; SCHUMPETER, 1982 apud SOUZA,

2005).

Diante do que foi exposto, o capital humano, implica em um conjunto de habilidades

e características que aumentam a produtividade do profissional, diferencialmente em

diferentes tarefas, organizações e situações. O capital humano é visto como a capacidade de

criar e adaptar-se aos ambientes de constante mudança (FLORIDA, 2006; 2011; DARON,

2008; JACOB, 1981; BOISIER, 2000).

Page 38: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

35

5.3 Capital Cívico

O capital cívico, em geral fundamentado por um conjunto de situações voltadas às

práticas de políticas democráticas de confiança em instituições públicas, assuntos públicos e

engajamento cívico, refere-se à conexão das pessoas com vida de suas comunidades, e não

somente com a política. Isto é, aqueles que possuem engajamento cívico constituem um grupo

de cidadãos imbuídos de um “espírito” cívico, onde prevalecem as relações horizontais de

confiança baseadas na igualdade política e na preocupação com as questões de interesse geral

(BOISIER, 1999b e c; PUTNAM, 2005).

A densidade do engajamento cívico pode ser identificada nas atividades voluntárias

que as pessoas exercem em suas comunidades, no ambiente de trabalho, igrejas, e demais

contextos sociais. Essas iniciativas são passíveis de ampliação, com a presença de um governo

eficaz e responsável. No entanto, políticas verticalmente estruturadas de maneira fragmentada,

isolada e dominada pela desconfiança padecem de desempenho favorável ao acúmulo de

capital cívico. Com isso, o capital cívico traduz-se em práticas de políticas democráticas,

confiança institucional, participação pessoal em assuntos públicos, além do associativismo

entre as esferas públicas e privadas (SEBRAE, 2004; FIORINA, 2001).

Nesse contexto, capital cívico está correlacionado ao conceito de capital social, onde

a confiança atua como um incentivo para o engajamento cívico, condição que é sinônimo de

capital social fortalecido, que por sua vez produz as incertezas quanto ao comportamento de

outros atores envolvidos em ações coletivas. Em outras palavras, quando as pessoas estão

conectadas a redes de engajamento e de reciprocidade, densas, elas são mais propensas a

cumprir a lei, muito provavelmente porque elas estão mais confiantes que os outros vão,

também. Portanto, a confiança está ligada ao dilema da ação coletiva. Desta forma, os

indivíduos mais confiantes apresentam-se menos inclinados a agir de maneira oportunista

(PUTNAM, 2002; LAZZARINIT et al., 2003; PUTNAM, 1995).

Segundo Boisier (1999c e a), em países onde a população expressa um alto grau de

desconfiança nas instituições básicas da sociedade, há uma clara falta de capital cívico.

Geralmente, a desconfiança reflete nas duas instituições centrais do ponto de vista político: a

presidência e os partidos políticos.

Com o intuito de mensurar o nível de confiança entre as pessoas e dos cidadãos para

com as instituições básicas da sociedade, o Latinobarómetro Corporation, uma organização

sem fins lucrativos com sede em Santiago no Chile, realiza o trabalho de pesquisa de campo

na América Latina, desde 1995.

Page 39: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

36

O estudo teve e têm múltiplas organizações financiadoras internacionais, os governos

da região, governos fora dos setores da região e organizações privadas, incluindo: BID (Banco

Interamericano de Desenvolvimento), PNUD (Desenvolvimento das Nações Unidas) AECI

(Agência Espanhola de Cooperação Internacional), SIDA (Agência Sueca para o

Desenvolvimento Internacional), CIDA (Agência canadense de Desenvolvimento

Internacional), CAF (Corporação Andina de Fomento), da OEA (Organização dos Estados

Americanos), OEA (Organização de Estados Americanos), escritório de pesquisas dos

Estados Unidos e o IDEA (Arquivo de dados Internacional) do Reino Unido.

O resultado da última pesquisa realizada pela ONG, no Brasil, sobre o nível de

confiança entre as pessoas é representado na Tabela 1. A pergunta realizada foi: “Você pode

confiar na maioria das pessoas ou nunca é demais ter cuidado ao lidar com os outros?”.

Tabela 1 - Nível de confiança interpessoal dos brasileiros

Brasil

2001 2002 2004 2005 2006 2007 2008 2010 2011 2013

Pode confiar na maioria

das pessoas

24

31

49

68

64

68

103

121

103

56

Tem

cuidado ao

lidar com os

outros

968

950

1139

1127

1115

1129

1096

1062

1053

1117

Não

sabei/Sem

resposta

08

19

16

09

25

07

05

21

48

31

Total 1000 1000 1204 1204 1204 1204 1204 1204 1204 1204

Fonte: Latinobarómetro (2014)

De maneira geral, a população brasileira apresentou na Tabela 1, um nível de desconfiança

alto. Comparando-se os níveis de confiança entre os cidadãos brasileiros com níveis de

confiança entre os argentinos e mexicanos, por exemplo, o Brasil apresenta o índice de maior

grau de desconfiança entre os membros da sua população. Conforme apresentado na Tabela 2,

o Brasil apresentou em 2013 um nível de confiança muito baixo.

Tabela 2 - Nível de confiança entre as pessoas comparativo: Brasil, Argentina e México.

Países - Resultado 2013

Argentina Brasil México

Pode confiar na maioria das pessoas 305 56 212 Cuidado ao lidar com os outros 841 1117 965

Não sabei/Sem resposta 54 31 23

Total 1200 1204 1200

Fonte: Latinobarómetro (2014)

Page 40: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

37

Conforme retratado na Tabela 2, os argentinos e os mexicanos apresentam um nível

de confiança entre seus respectivos cidadãos maior que o percentual dos brasileiros em 2013,

o que chama atenção é o número de pessoas que responderam ter cuidado ao lidar com os

outros no Brasil, que foi de 1117 pessoas.

Em teoria, uma sociedade com um maior grau de confiança tem como ganho a

possibilidade de explorar transações, mesmo na ausência de meios formais de aplicação,

diminuindo assim os custos de transação e elevando investimentos. Há evidências de que os

países com maior nível de confiança na sociedade tendem a apresentar maior crescimento

econômico e investimento em relação ao PIB. A confiança é positivamente correlacionada

com variáveis tais como a eficiência governamental (LAZZARINI et al., 2003). Nesse

contexto, a Tabela 3 apresenta o nível de confiança no governo brasileiro no período de 2002

a 2013.

Tabela 3 - Nível de confiança no governo brasileiro

Brasil

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2010 2011 2013

Muita 65 138 118 136 192 116 117 116 74 102 Pouca 175 372 355 270 379 302 394 496 400 363

Ligeira 369 365 444 432 410 466 442 321 439 405

Nenhuma 373 305 279 347 212 311 241 194 288 304

Não sei/Sem

resposta 18 20 08 19 11 09 10 27 03 30

Total 1000 1200 1204 1204 1204 1204 1204 1204 1204 2408

Fonte: Latinobarómetro (2014)

Nos dados apresentados na Tabela 3, é possível observar pequenas variações no

nível de confiança no governo brasileiro no período de 2002 a 2013.

Sem um nível básico de confiança pública, os governos têm dificuldades para

realizar suas funções básicas e a implementação de reformas econômicas e fiscais. Além

disso, as pessoas e empresas, também podem tornar-se mais avessas às decisões de risco, o

que atrasa o investimento, inovação e emprego que são essenciais para recuperar a

competitividade e alavancar o crescimento. Portanto, a sociedade coesa é aquela que os

cidadãos têm confiança nas instituições governamentais e sociais. Destaca-se que em países

onde a população expressa um alto grau de desconfiança nas instituições básicas da

sociedade, há uma clara falta de capital cívico e geralmente, a desconfiança reflete na

presidência e nos partidos políticos (BOISIER, 1999; OECD, 2014).

A Tabela 4 apresenta o nível de confiança nos partidos brasileiros no período de

2002 a 2011.

Page 41: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

38

Tabela 4 - Nível de confiança nos partidos políticos

Brasil

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Muita 26 30 46 41 49 26 38 41 59 28

Algo 98 157 225 147 218 166 206 205 230 162

Pouca 282 380 406 381 424 387 426 435 395 414

Nenhuma 563 621 512 624 483 612 510 503 485 593

Não sabei/Sem

resposta

31

12

15

11

30

13

24

20

35

07

Total 1000 1200 1204 1204 1204 1204 1204 1204 1204 1204

Fonte: Latinobarómetro (2014)

A Tabela 5 apresenta os níveis de confiança na presidência da república no

período de 2000 a 2013.

Tabela 5 - Nível de confiança na presidência

Brasil

2000 2001 2003 2004 2005 2006 2007 2013

Muita 78 147 246 199 225 263 208 192

Algo 165 173 388 377 317 355 369 380

Pouca 265 339 323 364 337 329 343 370

Nenhuma 474 312 228 253 310 246 279 247

Não sabei/Sem

resposta

19

29

15

11

15

11

05

15

Total 1000 1000 1200 1204 1204 1204 1204 1204

Fonte: Latinobarómetro (2014)

Segundo Timonthy (2010), é razoável sugerir que os baixos níveis de confiança

que os brasileiros depositam em entidades institucionais, políticos e nas outras pessoas podem

estar relacionados com as altas expectativas sobre o desempenho econômico que foram há

muito tempo embutidas na imaginação nacional.

Além das altas expectativas sobre o desempenho econômico, pode ser destacado,

também, o oscilante desempenho de governos e a ineficiência institucional diante das

demandas sociais. A corrução, fraude e desrespeito aos direitos assegurados por lei podem

produzir o desapreço dos cidadãos com relação às instituições centrais do ponto de vista

político: a presidência e os partidos políticos (MOISES e CARNEIRO, 2008).

Page 42: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

39

5.4 Capital Social

O conceito de capital social ter sido estudado a partir de diferentes disciplinas

(Sociologia, Ciência Política, História Econômica, Economia, etc.), não há consenso único,

devido à pluralidade de pesquisadores. No entanto, a maioria das definições referem-se à

formação de redes, atividades coletivas e confiança. Trata-se de uma “energia” que permite

explicar o porquê certas localidades parecem estar ativas enquanto outras parecem estar

fenecendo. Desta forma, pode-se dizer que o capital social está associado a um conjunto de

fatores de natureza cultural que aumentam a propensão dos atores sociais para a colaboração e

desenvolvimento de ações coletivas (BOISIER, 2001; GARCÍA e LEONARDI, 2011;

FRANCO, 2004).

Para Coleman (1990, p.302) o capital social

é definido por sua função. Não é uma simples entidade, mas a variedade de

diferentes entidades tendo duas características em comum: todas elas consistem em

algum aspecto em uma estrutura social e elas facilitam certas ações individuais

contidas nestas estruturas. Como outras formas de capital, o capital social é

produtivo, tornando possível a realização de certos objetivos que seriam

inalcançáveis sem a sua existência.

Além disso, o capital social refere-se às características da organização social, como

regulamentos e sistemas, criados com intuito de ampliar a eficiência da sociedade. A ideia

central é a valorização de todos os atores envolvidos, nas redes e normas coletivas. Desta

forma, ora ele favorece as pessoas, noutras organizações governamentais e não

governamentais. No entanto, ainda é muito difícil visualizar como somar esses diferentes

capitais. Com isso, o capital social é sinônimo da existência de confiança social, normas de

reciprocidade, redes de engajamento cívico e de uma democracia saudável, sendo a formação

do estoque de capital social resultado de um longo processo histórico. Em outras palavras, as

relações sociais baseadas na confiança, cooperação e reciprocidade, formam um conjunto de

fatores que compõem o capital social (DURSTON, 2003; PUTNAM, 2001e 2002).

É possível localizar o capital social no status e reputação social, por meio do

conceito de habitus – as atitudes, concepções e disposições compartilhadas pelos indivíduos

de uma mesma classe. Nesse sentido, o volume do capital social que o indivíduo possui

depende da influência da rede de relações que ele pode mobilizar e do volume do capital

(econômico, cultural ou simbólico) associado para atingir objetivos comuns (BOURDIEU,

2003).

O acumulo de capital social está, na verdade, condicionado as redes de

relacionamentos,

Page 43: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

40

O capital social é o conjunto de recursos atuais ou potenciais que estão ligados à

posse de uma rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de

interconhecimento e de interreconhecimento ou, em outros termos, à vinculação a um grupo, como conjunto de agentes que não somente são dotados de propriedades

comuns (passíveis de serem percebidas pelo observador, pelos outros ou por eles

mesmos), mas também são unidos por ligações permanentes e úteis (BOURDIEU,

1980, p.2).

Nesse sentido, Florida (2011) reconhece que o capital social está condicionado as

redes de relações, assim como Bourdieu (1980), porém, adverte:

Comunidades com laços muito estreitos e altos índices de capital social oferecem

vantagens para o pessoal de dentro, logo, promovem estabilidade [...] Já lugares com

redes mais flexíveis e laços mais fracos são mais abertos a recém-chegados, sendo

assim estimulam combinações inéditas entre recursos e ideias (FLORIDA, 2011,

p.30).

Nota-se na citação acima um olhar diferenciado de Florida (2011) sobre as redes de

relações quando o foco principal é a inovação. Isto é, as redes de relações mais flexíveis

favorecem a inovação, pois para inovar é preciso interagir e fomentar um capital social

flexível com relações dinâmicas. Esta visão de flexibilidade permite estabelecer relações

informais de trabalho, além de estar sempre alimentando uma rede de contatos com novas

combinações para ampliar a capacidade inovativa da classe criativa (profissionais que atuam

em setores como games, software, audiovisual, design, moda, editoração e mídia) (FLORIDA,

2011).

Conforme estudo de Borges e Filion (2013), sobre as incubadoras brasileiras

vinculadas às universidades, as redes de relações são extremamente para o desenvolvimento

do capital social dos empreendedores com empresas instaladas nas incubadoras brasileiras.

Esta vinculação, garante aos empreendedores uma rede de contatos relevantes para o

desenvolvimento do capital social empresarial. Esses empreendedores fazem parte de uma

rede contatos com três categorias: a afiliação, a imersão e a preparação. Isto é, a composição

das redes de relações das incubadoras de empresas vinculadas às universidades proporciona,

nas diferentes categorias, a formação e a disposição da rede tecnológica, rede de apoio, rede

de negócios e a rede financeira que desempenham e disponibilizam recursos que favorecem a

capacidade inovativa do empreendedor.

A Figura 2 traz o levantamento com os atores envolvidos na rede de capital social

das incubadoras vinculadas às universidades brasileiras de acordo com Borges e Filion

(2013).

Page 44: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

41

Figura 4 - Rede de relacionamentos das incubadoras vinculadas às universidades brasileiras

Fonte: Borges e Filion (2013)

Como ilustrado na Figura 2, alguns desses contatos fazem parte da universidade e da

estrutura da incubadora (contatos localizados no interior dos dois círculos), enquanto outros

vêm de fora da universidade (contatos localizados fora do grande círculo). Observa-se,

portanto, que a rede de contatos do empresário é extremamente importante, pois são conexões

diretas com indivíduos ou organizações.

A afiliação de empreendedores (estudantes, pesquisadores ou professores

universitários) a universidades contribui para a formação do capital social empresarial,

porque, primeiramente dá credibilidade ao projeto do empreendedor e, em segundo lugar, dá

aos empresários o acesso preferencial a determinados contatos e recursos principalmente

dentro da universidade, mas também fora dela.

Outra categoria da contribuição para desenvolvimento do capital social do

empreendedor é a imersão na rede de contatos da incubadora vinculada à universidade. Em

suma, o empreendedor passa por dois tipos diferentes de imersão, primeiro como um membro

da universidade e, em segundo, como um empreendedor incubado. Durante a imersão

Page 45: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

42

universitária, os estudantes, pesquisadores ou professores universitários estão envolvidos nas

atividades relacionadas à universidade em uma rotina diária. Logo, obtém-se a oportunidade

de conhecer alguns dos contatos que fazem parte da rede da universidade, o que possibilita a

esses indivíduos construir sua rede tecnológica composta por colegas, professores, estudantes

universitários e laboratórios de pesquisa.

Ao vincularem-se a incubadora, os empreendedores são imersos em um ambiente

compartilhado, onde passam a conviver no mesmo espaço com funcionários da incubadora e

outros empreendedores incubados. Além disso, a incubadora pode receber visitas de contatos

relevantes para o acesso a recursos diversos como investidores, contatos de suporte e

consultores. Os empresários também têm a oportunidade de entrar em contato com

laboratórios de pesquisa e escritórios de transferência de tecnologia da universidade, devido

os contatos institucionais da incubadora (COSTA e TORKOMIAN, 2008; BORGES e

FILION, 2013).

Por fim, o último mecanismo de contribuição é de preparação, atividades de suporte

que incluem cursos, sessões de consultoria e organização, exposições e serviço de

atendimento ao empreendedor. Estas atividades são realizadas principalmente pela

incubadora, mas também pode ser promovida por um departamento específico da

universidade. A categoria de preparação ajuda a formar o capital social de três formas.

Primeiro, fornecem reuniões aos empresários para identificar seus objetivos e necessidades.

Posteriormente, a equipe de apoio da incubadora atua como intermediário entre os

empresários e outros contatos. E, por último, são oferecidos cursos, workshops e treinamentos

para desenvolver as habilidades sociais e de negócios dos empreendedores (BORGES E

FILION, 2013).

Page 46: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

43

5.5 Capital Sinergético

A sinergia pode ser definida como um catalisador para o desenvolvimento. Nesse

contexto, admite-se que a relação entre estado e sociedade regida por normas de cooperação e

engajamento cívico podem ser promovidas por órgãos públicos e utilizadas para promover o

desenvolvimento. O grande desafio é descobrir como gerar e estimular a cooperação público-

privada, de maneira sinergética. Logo, desvendar como fazer deve ser uma prioridade para os

interessados no desenvolvimento. A estratégia de combinar instituições públicas e

comunidades organizadas é uma poderosa ferramenta para a sustentabilidade de uma

localidade. Portanto, o capital sinérgico consiste de uma combinação e complementariedade

público-privada (EVANS, 1996).

Conforme Boisier (2000), o capital sinergético é a capacidade social de realizar ações

em conjunto, conduzidas a um objetivo comum e pré-determinado democraticamente.

Como toda a forma de capital, o capital sinergético é um estoque de magnitude

determinada em qualquer território e tempo, que pode receber fluxos de energia que

aumentam este estoque e do qual fluem outros fluxos de energia dirigidos

precisamente a articular outras várias formas de capital. A ideia de reprodução é

inseparável do conceito de capital (BOISIER, 2006, p.187).

Nesse contexto, o conceito de que o capital sinergético é resultado da articulação

entre os demais capitais será adotado nesta pesquisa. Desta forma, o capital sinergético está

intrinsecamente vinculado aos demais capitais intangíveis, sendo estes os condutores e

fortalecedores do capital sinergético (BOISIER, 1996, 1999b, 2000, 2006).

Na verdade estamos dizendo simplesmente que o desenvolvimento depende da

interação, isto é, da conectividade e da interatividade entre vários (muitos) fatores e processos de menor escala, por exemplo, da cultura de relações de confiança, do

papel das instituições, da justiça, da liberdade, do conhecimento e da destreza

incrustados nas pessoas, da saúde, dos sentimentos e das emoções que acolhem e

direcionam uma suposta racionalidade instrumental, da autoconfiança, de elementos

simbólicos que constituem formas de poder, etc. (BOISIER, 1999b, p.65).

Além disso, como qualquer forma de capital, o capital sinérgico é passível de

ampliação por meio de ações para articular o fluxo de conexões. Porém, sem a intervenção do

Estado não há desenvolvimento, tendo que haver sinergia entre estado e sociedade. Desta

forma, a função do estado deveria ser de indutor e mobilizador de capital social e capital

institucional, conectando os cidadãos as agências públicas, promovendo a sinergia entre o

estado e a sociedade civil. Entretanto, é importante destacar que cada um desses personagens

traz seu caráter particular, suas interações sinérgicas, disponibilidades, experiências, crenças e

objetivos que fazem parte de suas visões de mundo, portanto, todos esses aspectos enfatizam a

Page 47: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

44

importância de estimular a sinergia, organização, coordenação e cooperação dos participantes

para atingir um objetivo comum (BOISIER, 1996, 1999b, 2000, 2004).

Page 48: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

45

6. Arranjos produtivos locais

O termo Arranjo produtivo local surgiu no Brasil em 1990, de maneira abrangente,

sendo capaz de abrigar uma diversidade de fenômenos. Entretanto, com um elemento de

coesão, a aglomeração de empresas similares e fortemente inter-relacionadas. Essa

aglomeração de empresas desencadeia um círculo virtuoso de investimento e crescimento,

gerando sinergia por meio da competição e cooperação, fortalecendo a inovação e expansão

da atividade local. Um dos mais importantes conceitos de Arranjo Produtivo Local foi

desenvolvido pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no

programa Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (Redesist). A

Redesist considera APLs como aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e

sociais, cujo foco das atividades econômicas convergem e apresentam vínculos mesmo que

incipientes. Isto é, trata-se, da integração de empresas e diversas instituições públicas e

privadas voltadas para formação (escolas técnicas e universidades); pesquisa,

desenvolvimento e engenharia; política e financiamento. Nesse sentido, a integração entre

público e privado passou a ser bastante utilizada no Brasil. É possível dizer que, diante das

singularidades que um APL é capaz de promover, encontram-se o aumento da

competitividade local, especialização e qualificação da mão-de-obra, desenvolvimento

tecnológico e identidade cultural da região (PUGA, 2003; DIAS, 2011; COSTA e

TORKOMIAN, 2008).

Para o Puga (2003, p.8), arranjo produtivo local,

[...] é uma concentração geográfica de empresas e instituições que se relacionam em

um setor particular. Incluem, em geral, fornecedores especializados, universidades,

associações de classe, instituições governamentais e outras organizações que provê em educação, informação, conhecimento e/ou apoio técnico e entretenimento.

Diante deste conceito, observa-se a importância que os atores econômicos, políticos e

sociais impõem a este contexto, no sentido de articularem-se com integração, cooperação e

aprendizagem. É importante lembrar que o conhecimento articulado e acumulado nas

instituições de ensino superior pode contribuir no processo de promoção de APLs. Desta

forma, os APLs promovem serviços vocacionais, pesquisa e articulações, por meio de

universidades e centros de pesquisas tecnológicas (HADDAD, 2009; LATRES e

CASSIOLATO, 2005; SACHS, 2003).

De acordo com Nagamatsu (2011, p.33),

O APL inclui desde fornecedores especializados, Universidades, associações de

classe e instituições governamentais, além de outras organizações que oferecem

Page 49: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

46

educação, informação, conhecimento e apoio técnico às empresas locais. Uma

característica relevante dos APLs é a existência de um capital social, definido como

o grau de cooperação e confiança entre as empresas e instituições integrantes do APL. A presença de redes de cooperação estimula a especialização e a

subcontratação, que permitem a criação de ganhos de escala e contribuem para a

melhoria de qualidade dos produtos.

Portanto, em geral, os arranjos produtivos locais são formados por empresas

produtoras de bens e serviços, fornecedoras, clientes, cooperativas, associações, entre outros,

que dedicam-se à formação e ao treinamento de recursos humanos, promoção e

compartilhamento de informações, pesquisa e financiamento (SACOMANO e PAULILLO,

2012).

A sinalização governamental de criação de políticas de apoio para APLs estimulou

inúmeros estados e municípios brasileiros a adotarem o apoio às micro e pequenas empresas

como estratégias de desenvolvimento de arranjos produtivos locais. Atualmente, há dois

programas do governo federal, “Arranjos Produtivos Locais” feito em parceria com o

Ministério de Ciência e Tecnologia e, também, o “Fórum da Competitividade (organização

de cadeias produtivas locais)” promovido pelo Ministério de Desenvolvimento. Contudo, as

iniciativas para a promoção das micro e pequenas empresas ainda são insuficientes e pouco

atrativas, o que favorece iniciativas estaduais dominadas pela concessão de subsídios fiscais

às grandes empresas (AMARAL FILHO et al 2002; NORONHA e TURCHI, 2005).

Mesmo com esse efeito marginal, os arranjos produtivos locais, surgem como um

tipo particular de cluster, constituído de pequenas e médias empresas, onde enfatiza-se a

importância dos relacionamentos formais e informais entre empresas e demais instituições

envolvidas (DE PAULA, 2008).

Os relacionamentos formais e informais entre empresas e demais instituições,

contribuem para a motivação e atuação de maneira convergente dos envolvidos, fomentando a

concepção das chamadas tecnópolis e incubadoras de empresas que proporcionam um

ambiente de desenvolvimento e compartilhamento entre as empresas de base tecnológica e os

diversos agentes sociais públicos e privados interessados no desenvolvimento local e regional

(HADDAD, 2009).

Portanto, um APL concebido, implica na integração de empresas diversas com

instituições de ensino públicas e privadas, centros de pesquisa, comunidade local,

organizações governamentais e não governamentais que cooperam entre si, com o objetivo de

aumentar a capacidade inovativa e o desenvolvimento econômico local. Essa relação direta

entre inovação e vantagens competitivas, apresenta-se como um elemento essencial na

Page 50: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

47

formação dos APLS, isto é, permite maiores participações e visibilidade no mercado interno

e, principalmente, externo (BUENO, 2006; CASSIOLATO e SZAPIRO, 2003; COSTA e

TORKOMIAN, 2008; HADDAD, 2009).

Na literatura encontram-se diversos aspectos em comuns nas características básicas

dos APLs. No Quadro 5 são reproduzidos os aspectos comuns identificados em APLs

organizados por Lemos et al (1999) apud Cassiolato e Szapiro (2003).

Quadro 5 - Aspectos comuns em APLs

Localização Proximidade ou concentração geográfica.

Atores Grupos de pequenas empresas; pequenas empresas nucleadas por grande empresa;

associações, instituições de suporte, serviços, ensino e pesquisa, fomento, financeiras,

etc.

Características Intensa divisão de trabalho entre as firmas; flexibilidade de produção e de organização;

especialização; mão-de-obra qualificada; competição entre firmas baseada em

inovação; estreita colaboração entre as firmas e demais agentes; fluxo intenso de

informações; identidade cultural entre os agentes; relações de confiança entre os

agentes; complementaridades e sinergias.

Fonte: Lemos (1997) apud Cassiolato e Szapiro (2003)

Ao observar as características dos APLs, sistematizadas no Quadro 5, pode-se

assumir que, em geral, os arranjos surgem da construção da identidade e da formação de

vínculos territoriais, construídos a partir de uma base social, cultural, política e econômica

comum. Nota-se, portanto, que a organização e valorização das ações em conjunto oferecem

vantagens e sustentabilidade aos arranjos (CASSIOLATO e SZAPIRO, 2003; COSTA et al

2006).

Para caracterizar os principais enfoques de arranjos, esquematizou-se o grau de

complexidade e importância dos fatores que influenciam na construção de um arranjo local

exitoso (LASTRES, 1999 apud CASSIOLATO e SZAPIRO, 2003). As principais ênfases

foram reproduzidas no Quadro 6 com as principais abordagens dos arranjos locais.

Quadro 6 - Principais ênfases das abordagens usuais de arranjos locais

Abordagens Ênfase Papel do Estado

Distritos industriais Alto grau de economias externas

Redução de custos de transação

Neutro

Distritos industriais

Recentes

Eficiência coletiva - baseada em economias externas e

em ação conjunta

Promotor e,

eventualmente,

estruturador

Manufatura flexível Tradições artesanais e especialização; economias

externas de escala e escopo; redução de custos de transação redução de incertezas

Indutor e

Promotor

Milieu inovativo Capacidade inovativa local; aprendizado coletivo e

sinergia; identidade social, cultural e psicológica

redução de incertezas

Promotor

Parques científicos e

tecnológicos e tecnópolis

Property-based; setores de tecnologia avançada; intensa

relação instituições ensino e pesquisa/empresas;

Indutor, promotor e,

eventualmente,

Page 51: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

48

hospedagem e incubação de empresas; fomento à

transferência de tecnologia

estruturador

Redes locais Sistema intensivo em informação; complementaridade

tecnológica identidade social e cultural; aprendizado

coletivo; redução de incertezas

Promotor

Fonte: Lastres et al (1999) apud Cassiolato e Szapiro (2003)

Diante das abordagens apresentadas no Quadro 6, nota-se que o papel do estado

como promotor do APL está presente em cinco das seis abordagens esquematizadas por

Lastres et al (1999) apud Cassiolato e Szapiro (2003).

Nesse sentido, consideram-se os APLs um instrumento promissor de cunho político

econômico, visto que grande parte das ações públicas de apoio ao desenvolvimento de

arranjos ainda necessita de uma agenda diretiva e intervencionista (COSTA, 2010).

Page 52: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

49

7. Incubadoras de base tecnológica

O termo incubadora de empresas é utilizado nos Estados Unidos, desde a década de

50, para nomear iniciativas de estímulo à criação e desenvolvimento de novas empresas. Na

medida em que o número de empreendimentos passou a ampliar-se, a utilização do termo

passou a ser utilizado em vários países da Europa e no Japão. Conforme estudos da

Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico - OECD (1997), os sistemas

de incubação de empresas, na década de 80, tinham como objetivo o combate ao desemprego,

apoio às minorias étnicas e regeneração de áreas carentes.

No Brasil, o movimento das incubadoras de empresas começou na década de 80, com

o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, das

agências como a Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP e a Organização dos Estados

Americanos – OEA no plano supranacional. A inexistência de uma figura institucional que

promovesse o estreitamento entre ambiente acadêmico e o setor empresarial motivou à

composição da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de

Tecnologia Avançada – ANPROTEC em 1987, cujo objetivo é representar os interesses dos

associados, promovendo o movimento de inovação como instrumento para o desenvolvimento

do país e fortalecendo as empresas baseadas no conhecimento, isto é, visa à articulação entre

instituições governamentais e não governamentais para gerar desenvolvimento de incubadoras

e parques tecnológicos (SOUZA et al 2003).

Com isso, foram promovidos os polos, parques tecnológicos e as incubadoras de

empresas, localizadas próximas às IEPs. Assim, as universidades, tornaram-se agentes

indutores à inovação e interação entre ambiente acadêmico e setor produtivo. Mais

recentemente, as incubadoras brasileiras podem ser definidas como um núcleo que abriga

empresas de base tecnológica, tratando-se, portanto, de um espaço comum, que localiza-se

próximo a universidades e centros de pesquisa para facilitar o acesso a laboratórios e ao

capital humano (TAVARES, 2010; SOUZA et al., 2003).

Para Medeiros et al (1992, p.37), uma incubadora,

[...] é um núcleo que abriga, usualmente, microempresas de base tecnológica dentro

de um mesmo espaço físico, subdividido em módulos e localizado próximo às IEPs

para se beneficiar dos seus recursos humanos e materiais.

Outra peculiaridade das incubadoras é que elas desempenham um papel

socioeconômico importante, visto que são capazes de reunir em um mesmo ambiente diversas

facilidades, desde auxílio financeiro até apoio administrativo e de estrutura física. Ou seja, os

Page 53: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

50

empreendimentos têm acesso à infraestrutura para realizar suas atividades e orientações na

fase de desenvolvimento de suas empresas. Estas facilidades favorecem o desenvolvimento de

novas tecnologias, o fortalecimento de novas spin-offs e cria um ambiente propício ao

empreendedorismo, que, por sua vez, contribui para a competitividade na economia local

(RAUPP e BEUREN, 2011; OECD, 2010).

A Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores

define Incubadoras de empresas e parques tecnológicos como,

A incubadora de empresas tem por objetivo oferecer suporte a empreendedores para

que eles possam desenvolver ideias inovadoras e transformá-las em

empreendimentos de sucesso. Para isso, oferece infraestrutura e suporte gerencial,

orientando os empreendedores quanto à gestão do negócio e sua competitividade,

entre outras questões essenciais ao desenvolvimento de uma empresa.

Nota-se que as incubadoras de empresas passaram a constituir um ambiente sinérgico

que promove o desenvolvimento de micro e pequenas empresas (RAUPP e BEUREN, 2011).

O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) define as incubadoras como,

[...] um mecanismo que estimula a criação e o desenvolvimento de micro e pequenas

empresas industriais ou de prestação de serviços, tanto de base tecnológica quanto

de manufaturas leves por meio da formação do empreendedor em seus aspectos

técnicos e gerenciais, também, facilita e agiliza o processo de inovação tecnológica

nas micro e pequenas empresas (BRASIL, 1998).

No que diz respeito à classificação das incubadoras, o MCT classifica as incubadoras

em três tipos: incubadoras de empresas de base tecnológica (IBT) que recebem empresas

cujos produtos, processos ou serviços são gerados por meio de spin-offs acadêmicas, com alto

grau de tecnologia; as Incubadoras de empresas dos setores tradicionais que abrigam

empresas ligadas aos setores tradicionais da economia, com tecnologia difundida e que

buscam sempre agregar valor aos seus produtos, processos e serviços a nível tecnológico;

Incubadoras de empresas mistas, compostas por empresas de base tecnológica e as

tradicionais.

De acordo com OECD (2010), as incubadoras de empresas de base tecnológica

destacam-se como as mais habituais. Essas incubadoras têm como objetivo ajudar os

empresários do setor de tecnologia, orientando-os na fase de desenvolvimento de suas

empresas, startup (empresas jovens e extremamente inovadoras em qualquer área) e

fornecendo infraestrutura para realizar suas atividades. No entanto, é fundamental destacar os

objetivos compartilhados das incubadoras de base tecnológica. Entre as ênfases das IBT, estão

a busca por reforçar as características da economia local, envolvendo o sistema universitário

como meio de transferência de conhecimento e fonte de capital humano. Criar um ambiente

propício ao empreendedorismo, logo, contribuir para a competitividade na economia local.

Page 54: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

51

Além de fornecer apoio e incentivo a promoção das pesquisas universitárias, principalmente,

quando as instituições de ensino superior estão diretamente envolvidas na promoção e gestão

da incubadora.

No portal do Estado do Brasil, o processo de incubação é descrito como um dos

mecanismos mais eficazes para lançar e desenvolver novos empreendimentos. De acordo com

as informações disponíveis no portal, as estatísticas mundiais, e inclusive no Brasil, revelam

que a taxa de mortalidade de empresas que participam de programas de incubação é

reduzida de 70% para 20% em comparação com as empresas tradicionais (BRASIL, 2012).

Nesse sentido, a qualidade da operacionalização das incubadoras está relacionada à

experiência e ao compromisso dos gestores como fundamentais para o sucesso da incubadora.

Bons gerentes são essenciais na seleção de empresas adequadas, na prestação de negócios e

consultorias de gestão para essas empresas, na criação de redes com investidores e em face da

comunidade empresarial em geral. O período de incubação das empresas incubadas não deve

ultrapassar o período acordado de incubação, permitindo que outras empresas possam

beneficiar-se do mesmo apoio. Na prática, para muitas incubadoras tecnológicas não é difícil

implementar uma política de saída rigorosa, porque jovens empresas, depois de dois anos de

incubação, estão quase prontas para atuar no mercado competitivo. As incubadoras podem

levantar as suas próprias fontes de renda alugando espaços e instalações, ou vendendo seus

serviços de apoio a empresas externas. No entanto, essas ações colocam em questão o papel

de uma incubadora como um empreendimento financeiramente autossustentável e como uma

ferramenta de política pública. Cabe à gestão da incubadora, o papel de superar a

inconsistência e as limitações dos vínculos com instituições de ensino superior (IES). As

limitações institucionais existentes para o envolvimento de docentes em programas de apoio

empresarial é um dilema clássico da pesquisa aplicada e a carreira acadêmica que precisa ser

superado pelo gestor da incubadora. E, por fim, os serviços de apoio, os mais comuns

oferecidos em uma incubadora de tecnologia, são as oficinas de capacitação para habilidades

de negócios específicos, como planejamento estratégico, finanças, propriedade intelectual,

marketing e etc. Podem ser oferecidas, também, sessões de acompanhamento, avaliação de

plano de negócios em diferentes fases do processo de incubação, apoio científico por meio da

rede relações com universidades e professores, consultoria sobre propriedade intelectual,

patenteamento e licenciamento (OECD, 2010; BRASIL, 2012).

Dessa forma, as incubadoras de base tecnológica apresentam-se como um meio de

promover a comercialização da pesquisa universitária e a difusão de tecnologias, que por sua

vez, permite o surgimento de um grupo selecionado de empresas de base tecnológica com

Page 55: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

52

potencial de crescimento. Entretanto, a localização da incubadora é fator chave em todo o

processo, o lugar deve oferecer uma seleção de serviços avançados de apoio às empresas.

Entre os serviços necessários, encontram-se a disponibilidade de fontes de financiamento,

especialmente as formas de capital próprio (investidores anjo e fundos de capital de risco),

que são cruciais para o desenvolvimento dessas empresas. Esses relacionamentos permitem a

concepção das chamadas tecnópolis, motivando agentes convergentes de desenvolvimento e

compartilhamento entre as empresas de base tecnológica e os diversos agentes sociais

públicos e privados interessados no desenvolvimento local. Essa condição local é um dos

fatores que contribuem positivamente para o sucesso de uma incubadora de base tecnológica

(OECD, 2010; HADDAD, 2009).

As empresas de base tecnológica exercem papel essencial na economia. Essas

empresas atuam como fontes de novas tecnologias, impulsionam a economia local, o

desenvolvimento tecnológico e geram emprego para a mão de obra especializada do mercado.

Nesse sentido, as EBTs podem ser definidas como empresas que buscam desenvolver

produtos novos com alto grau de tecnologia. Para tanto, o principal insumo das EBTs é o

capital humano oriundo da universidade. Nesse caso, a gestão dos recursos humanos é

fundamental, pois compõe o principal conjunto de fatores para o sucesso das empresas de

base tecnológica (SANTOS e PINHO, 2010; PORTER, 1990).

Entender o que atrai e garante a permanência deste capital humano, em especial, é

tão importante quanto incentivar a concepção de empresas de base tecnológicas. Nesse

sentido, Richard Florida, em seu livro “A Ascenção da Classe Criativa”, apresenta uma

pesquisa realizada com profissionais de Tecnologia da Informação – TI, cujo objetivo é

analisar quais as motivações, para que estes profissionais sejam atraídos e permaneçam nas

empresas. Para isso, Florida (2011) perguntou para 20.000 pessoas a seguinte pergunta: “O

que mais importa para você no seu trabalho?” Resumindo, nove fatores intrínsecos de

trabalho foram altamente valorizados por estes profissionais de TI. Os fatores foram os

desafios e responsabilidades, flexibilidade, ambiente de trabalho estável, compensação,

desenvolvimento profissional, reconhecimento pelos pares, estímulo de colegas e gestores,

conteúdo do trabalhado emocionante, cultura organizacional, localização e comunidade.

Destaca-se que a motivação extrínseca, a remuneração, por exemplo, aparece somente em

quarto lugar, após três tipos diferentes de motivação intrínseca. Desta forma, destaca-se que

esses trabalhadores de TI, foram muito mais motivados por qualidades inerentes ao próprio

trabalho, do que por recompensas dadas para fazer o trabalho.

Page 56: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

53

Logo, as empresas que contratam estes profissionais, têm como elemento para o

sucesso, o manuseio e gestão do capital humano, especialmente, empresas de base

tecnológica, cujo grande patrimônio está nas habilidades e conhecimentos dos seus

profissionais. Porém, devido alto grau tecnológico de produtos ou serviços, estas empresas

vivem um paradoxo. Boa parte das empresas não possuem investimentos suficientes para

manter uma equipe altamente capacitada, e, também, não possuem recursos financeiros para

manter um pessoal altamente qualificado. Contudo, para motivar e reter os colaboradores, as

empresas devem considerar os fatores intrínsecos, de forma, a promover o orgulho

institucional, principalmente dos funcionários com alta titulação e competência (NETTO E

VALERIO, 2006; FLORIDA, 2011).

Page 57: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

54

8. Resultados e Discussões

A INCIT foi institucionalizada no ano de 2000, atualmente, encontra-se instalada no

campus da Universidade Federal de Itajubá e tem, como negócio, o apoio e orientação para

concretização de ideias. Oferece suporte de gestão administrativa e operacional às novas

empresas e seus empreendedores, visando à sustentabilidade dos empreendimentos.

Para obtenção dos dados, o estudo de caso com abordagem qualitativa, elegeu-se

como período a ser analisado o período de 2005 a 2013. A escolha do período de análise se

deve ao fato da gestão da incubadora estar na administração desde 2005, mesmo período em

que a incubadora iniciou suas atividades de maneira efetiva e estruturada.

Nesse contexto, para as entrevistas pré-agendadas, com questionário estruturado e

não-disfarçado, foram selecionadas 7 (sete) empresas residentes na INCIT. O quadro 7,

apresenta de maneira sistematizada informações sobre as empresas.

Quadro 7 - Empresas dos empreendedores entrevistados

Empresas Total de

colaboradores

Tempo de

existência

(meses)

Atividade Status

Empresa 1 12 36 Hospedagem/vendas B2B Incubada

Empresa 2 2 Menos de 12 Desenvolvimento-software gerencial

Incubada

Empresa 3 10 36 TI – Área de energia Incubada

Empresa 4 14 72 Jogos digitais Graduada

Empresa 5 3 60 Microeletrônica Graduada

Empresa 6 30 106 Fábrica de software Graduada

Empresa 7 3 60 Bioenergia Graduada

Elaborado pela autora

Foram agendadas, entrevistas e visitas supervisionadas, com a gerente, o consultor e

a assessoria da incubadora. Também, participaram das entrevistas os parceiros e apoiadores

que formam o arranjo que envolve a INCIT. Embora não tenha sido possível entrevistar todas

as instituições, buscou-se a coleta das informações junto às instituições que possuem assento

no conselho diretor da INCIT, conforme informado pela gerente da incubadora.

São dois conselhos, o conselho diretor e o estratégico [...] o conselho diretor são os

membros que a instituição indica, na UNIFEI é o coordenador do parque

tecnológico, na FACESM é diretor Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, na

prefeitura é o Secretário de ciência e tecnologia, no SIMMMEI é a gerente do

sindicato, na FAPEPE é a gerente [...] os encontros ocorrem a cada três meses ou

Page 58: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

55

quando ocorre algum problema [...] e também se for preciso tomar uma decisão

sobre alguma empresa (GERENTE – INCIT).

Observa-se, na entrevista com a gerente da INCIT, uma organização sistematizada,

que contribui para a formação do capital institucional, capital humano, capital cívico e capital

social que ao articularem-se, ampliam o capital sinergético que pode ser responsável por uma

parcela significativa do desenvolvimento regional. Desta forma, o arranjo que forma-se

envolvendo a incubadora, possibilita a cooperação entre as instituições regulatórias e de

apoio, a cooperação horizontal, a coordenação entre níveis institucionais e fortalece a

competitividade interna e externa do arranjo (FURLANETTO, 2008; HELMSING, 1999;

BOISIER, 1999b, 2000, 2004).

Page 59: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

56

9.1 Análise da presença do capital institucional

A coleta de dados para identificar a formação do capital institucional permite

descrever quantas são as instituições e como ocorre as relações institucionais e

interinstitucionais. O objetivo é identificar quais instituições públicas e privadas estão

envolvidas no processo de constituição e desenvolvimento do arranjo que envolve a INCIT.

Entrevistas e visitas, tanto formais quanto informais, acompanhadas da observação

orientada pela gerente da incubadora, além da coleta de informações no endereço eletrônico

da INCIT, permitiram elaborar o Quadro 8, o qual apresenta o mapa institucional com todas

as instituições públicas e privadas que compõem esse arranjo.

Quadro 8 - Instituições públicas e privadas que compõem o arranjo que envolve a INCIT.

Instituições Privadas

1. Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE);

2. Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Sul de Minas (FACESM);

3. Faculdade de Medicina de Itajubá (FMIT);

4. Centro Universitário de Itajubá (FEPI);

5. Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Itajubá (ACIEI);

6. Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Itajubá (SIMMMEI);

7. Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão de Itajubá (FAPEPE).

Instituições Públicas

1. Rede Mineira de Inovação (RMI);

2. Prefeitura Municipal de Itajubá;

3. Governo de Minas, através da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas

Gerais (SECTES);

4. Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC);

5. Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP),

6. Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPEMIG);

7. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

8. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI);

9. Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI)

Elaborado pela autora

O Quadro 08 apresenta as instituições separadas em instituições privadas e públicas.

De tal modo, é possível saber quantas são e qual o caráter, seja público ou privado. De acordo

com Boisier (1999b), para conhecer o capital institucional, primeiramente, é necessário fazer

Page 60: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

57

um levantamento quantitativo, o chamado mapa institucional. Portanto, a INCIT conta

atualmente com 16 (dezesseis) instituições entre públicas e privadas de diferentes segmentos.

Contudo, somente o mapeamento das instituições não permite identificar como

ocorrem as relações institucionais e interinstitucionais. Para isso, foram elaborados

questionários estruturados e não disfarçados (Apêndices 5-10), que tiveram por objetivo

permitir a análise de ações estratégicas em conjunto e de colaboração quanto ao papel de cada

instituição membro do conselho diretor da INCIT.

Os aspectos de análise utilizados na elaboração dos questionários foram: participação

em eventos, reuniões e etc., sustentabilidade do capital institucional, comprometimento com

ações estratégicas, recursos disponibilizados e cumprimento das responsabilidades assumidas

(BOISIER, 1999a; BOISIER, 1999b; BOISIER, 1999c; ROCHA, 2010).

Nesse contexto, foram aplicados questionários, cujo foco era conhecer os parceiros e

como ocorre a relação institucional entre estes e a INCIT. Seguem os relatos dos parceiros

institucionais que compõem o capital institucional e fazem parte do conselho diretor da

INCIT.

Representando a Prefeitura municipal de Itajubá, o Secretário municipal de ciência,

tecnologia, indústria e comércio, retratou na entrevista como ocorre o processo de parceria

entre INCIT e Prefeitura. Contudo, para melhor esclarecer como iniciou a parceria e como

aconteciam as relações institucionais INCIT/prefeitura no período de 2005, período de análise

deste trabalho, jugou-se necessário entrevistar, também, a ex-secretária municipal de ciência,

tecnologia, indústria e comércio (Apêndice 3).

Segundo a ex-secretária da secretaria de ciência e tecnologia do município,

A opção de desenvolvimento do município pela ciência e tecnologia, começou a

mais de 20 anos [...] Quando então foi feito um levantamento sobre potenciais

econômicos e clusters do município. Identificou-se que Itajubá tinha essa força de

inovação. Desde então, Itajubá “abraçou” uma onda nacional e principalmente

mineira de desenvolvimento de parques tecnológicos e incubadoras de empresas,

ligada a uma onda mundial, então aderida pelo Brasil. Essa onda defendia a

existência de processos para desenvolver tecnologia, por meio do conceito de

incubadora de empresas, mas já contextualizada como um parque tecnológico [...] e sempre era a tripartite, governo do estado, UNIFEI e prefeitura [...] essa tripartite era

fruto de uma política de estado com viés de desenvolvimento, com base no vale do

silício. [...] à incubadora de empresas foi o que saiu em termos práticos do conceito

de parque tecnológico, proposto há 20 anos, como forma de desenvolvimento do

município [...] a incubadora iniciou com duas vertentes, a Incubadora de Base

Tecnológica de Itajubá - INCIT e o Centro Gerador de Empresas de Itajubá -

CEGEIT. Eram duas figuras jurídicas, sendo a primeira de base tecnológica e

segunda de base tradicional, as duas estiveram ativas até o governo no qual

participei como vereadora em 2005 [...] Na gestão 2005 do município houve uma

revolução em termos de gestão, quando então tiraram as pessoas que estavam na

gestão da incubadora e colocaram um novo grupo que está até hoje. Esse grupo deu

um gás muito grande junto com o conceito de parque, a prefeitura aproximou-se mais e a universidade também, as duas instituições trabalharam para esse reforço e o

Page 61: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

58

estado que por ordem do secretário entendeu a importância desse processo [...]

realmente começaram a injetar dinheiro pesado, via FAPEMIG, por meio do fundo

de inovação. Foi então que ocorreu uma revitalização espacial da área dentro de um prédio da prefeitura e de um prédio da universidade, a prefeitura bancou esse salto

de valores para manter essa nova equipe de gestão (EX-SECRETÁRIA DE

CIENCIA E TECNOLOGIA DE ITAJUBÁ).

Nota-se aqui, que a gestão da incubadora desencadeou uma postura proativa do

governo local, UNIFEI e do Estado que manteve seu compromisso e responsabilidades com a

iniciativa de constituir e dar sustentabilidade a incubadora de base tecnológica de Itajubá.

Os relatos da ex-secretária do município colaboram para compreensão de como era a

relação institucional em 2005 e também enfatizando a indução do Estado.

Nesse caso, o Estado atuou como indutor, promotor e, eventualmente, estruturador e

mobilizador do capital institucional, conectando o que a entrevistada chama de tripartite:

UNIFEI, Estado e Prefeitura municipal de Itajubá. Assim como verificado na literatura,

qualquer iniciativa de desenvolvimento local requer uma postura proativa dos governos locais

e estaduais, para criar conexões e estratégias inteligentes de maneira institucional (LEMOS,

1997 apud CASSIOLATO e SZAPIRO, 2003; BOISIER, 1999c e 2004; ALBUQUERQUE e

ZAPATA, 2010).

Portanto, a partir dos relatos da ex-secretária, pode-se dizer que o capital

institucional configurou-se, por meio da indução e articulação do estado, que mobilizou

instituições estratégicas para o processo de desenvolvimento e estruturação de uma rede de

instituições, que permitiriam o avanço e ampliação das conexões necessárias para o

fortalecimento do capital institucional e o processo de implementação da incubadora e do

parque científico e tecnológico de Itajubá.

Ainda na fala da ex-secretária,

No governo 2009, a INCIT migrou para dentro da universidade, a CEGEIT foi

suspensa porque teria que ter um regimento próprio e não havia energia para isso,

então se entendeu que tinha que focar na inovação. Assim, a CEGEIT ficou em stand by. No governo de 2009, ainda com a mesma equipe no governo de estado, foi

feito um plano, mais uma vez o estado compareceu com dinheiro para fazer um

novo plano de revitalização e estabeleceu um novo padrão para ocupar a área do

parque, na época se não me engano a UNIFEI, também, entrou com recursos para

fazer um novo projeto para avaliar a questão da governança [...] como fazer isso? E

qual o caminho? Vai ser um projeto da FAPEPE? Ou o parque terá autonomia? O

sistema de gestão precisava de um estudo, daí foi feito um estudo maravilhoso, lindo

e enorme [...] eu participei intensamente e estudei quais eram as governanças mais

evoluídas e com mais autonomia. [...] Terminado esses dois projetos parque e plano

de governança que estão na prefeitura, duas ferramentas que deveriam ter sido

imediatamente colocadas em prática [...] as lideranças passaram a se afastar, porque nesse meio tempo teve mudança do secretário de estado, essa mudança trouxe um

novo olhar que rebaixou o nível de importância desse projeto para governo de

Estado. O Estado começou a não dar tanta importância, o gestor local não dava

importância e na universidade ocorria a transição da reitoria. A reitoria sempre

valorizou muito a maneira autocrática de gerir o assunto, assim começou a gerar o

Page 62: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

59

seu oposto, porque passou a gerar irritação dentro da universidade. A reitoria

impunha modelos e gerou um olhar de que o parque é ruim, faz mal e suga energia.

O fruto dessa postura ficou claro depois que eu saí e voltei à prefeitura, onde percebi que o prefeito só comparecia financeiramente e pagava o staff, mas não tinha o

processo como uma força e também teve conflitos com a reitoria, portanto, tivemos

um período longo de estagnação (EX-SECRETÁRIA DE CIENCIA E

TECNOLOGIA DE ITAJUBÁ).

O descompasso das relações interinstitucionais está ligado intrinsicamente ao grau de

cooperação entre as instituições. A vulnerabilidade do projeto, quanto à dependência do olhar

de priorização da gestão pública, apresenta-se como um fator crítico de sustentabilidade do

capital institucional. Nesse caso, para o fortalecimento e articulação do capital institucional,

os órgãos públicos precisam promover e combinar instituições públicas e comunidade

organizada para garantir a continuidade do capital institucional articulado (BOISIER, 1999b).

Observa-se na fala do atual secretário municipal de ciência, tecnologia, indústria e

comércio (Apêndice 10).

Em 2013, aceitei o convite do senhor prefeito de assumir a secretaria [...] e já aceitei

com duas linhas mestres de trabalho, porque a secretaria é uma secretaria municipal

de ciência, tecnologia, indústria e comércio [...] É uma abrangência bastante

interessante, porque ela se interliga de uma maneira ou de outra. Então, o prefeito

me pediu que, de um lado, promovesse o desenvolvimento sustentável do parque

industrial e, do outro lado, retomasse as conversações com a UNIFEI para dar continuidade às ações que levam ou levarão a real implementação do Parque

Científico tecnológico de Itajubá na sua essência, no terreno alocado para isso. O

projeto do parque estava parado desde 2011, quando foi comprada a área em

parceria município e UNIFEI, desde então um projeto que era para ter sido

implementado muito rapidamente parou por condições comuns de transições. Houve

a troca de governo aqui e a troca de governo lá na reitoria da UNIFEI, até que as

coisas se acertassem passou-se ai um ano, nada se fez. Então, quando assumi a

primeira coisa que fiz, foi retornar as conversas com a UNIFEI através da reitoria. A

mais de 10 anos que se fala no parque científico e tecnológico de Itajubá, houve

muito recurso que já foi enviado para cá pela secretaria de estado de ciência,

tecnologia e ensino superior para a implementação de laboratórios em uma área sido alocada pela UNIFEI, para que esses laboratórios fossem implantados e a própria

incubadora INCIT [...] Tudo isso fazia parte de uma espécie de fase 1(um) do

parque, só que isso tudo ocorreu dentro da universidade, nunca houve a

transformação do ser legal PCTI, então nós precisamos passar por essa fase. A

incubadora, bom havia duas correntes, uma delas é de que como ela está lá dentro da

área que na verdade pertence à UNIFEI e não é integrante física do PCTI quando

ficar pronto que ela ficasse de fora, mas no final convergimos para a lógica que,

mesmo estando fisicamente lá dentro da área que pertence ao campus, nunca foi

desmembrada, sempre foi da UNIFEI. Então, a INCIT passará a ser parte integrante

do complexo do PCTI, isso faz com que o conselho diretor da incubadora, passe a

ser um conselho superior. A gestão da incubadora como um todo será feita dentro da

direção do PCTI, isso já está, absolutamente desenhado, hoje falta só à formalização por assinaturas que deve ocorrer nesse período. Quanto à base tecnológica está

desenhado o cenário com o PCTI, com o apoio do município, da UNIFEI, e com a

secretaria do estado [...] estamos buscando mais dois parceiros que serão a

Federação das Indústrias de Minas e o SEBRAE para serem, também, parceiros

fundamentais e outros parceiros que venham a surgir, mas os parceiros fundamentais

serão esses cinco (SECRETÁRIO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INDÚSTRIA E

COMERCIO DE ITAJUBÁ).

Page 63: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

60

O atual secretário municipal retrata em entrevista, uma nova maneira de interpretar e

gerir a incubadora e o parque científico tecnológico de Itajubá. Se comparados, os relatos da

ex-secretária e do atual secretário, pode-se observar uma nova configuração do capital

institucional em processo de elaboração. Essa nova interpretação da secretaria municipal,

amplia a configuração inicial do capital institucional da INCIT, passando a contar com duas

novas instituições privadas. O objetivo, segundo o secretário municipal, é dar agilidade ao

processo, visto que instituições privadas são mais dinâmicas e ágeis nos processos. Essa

postura favorece a sinergia entre público-privado que é capaz de ampliar a intervenção em

escala (BOISIER, 1999; ROCHA, 2010; DALLABRIA et al, 2006).

Outra instituição membro do conselho diretor da INCIT que contribuiu para a

pesquisa foi a FAPEPE. Fundada em 1997, como de direito privado e sem fins lucrativos de

acordo com o código civil. A FAPEPE tem uma vertente com base em uma legislação própria

para fundações de apoio. A instituição possui credenciamento junto ao Ministério da

Educação - MEC e ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação - MCTI para ser uma

fundação de apoio à universidade. Tem como papel fazer a gestão financeira, administrativa e

de compras dos projetos de pesquisa em desenvolvimento, extensão e ensino da universidade.

Por meio da entrevista com a gerente da FAPEPE (Apêndice 7), foi possível entender

qual relação entre a fundação e a incubadora de base tecnológica de Itajubá. A entrevistada

relata:

Assumi a gerência final de 2004 para início de 2005 [...] Desde que nasceu, a

incubadora é tratada como um programa, não tem personalidade jurídica [...] assim a

FAPEPE ficou como a personalidade jurídica da INCIT. Isso significa que, toda a

parte legal é a fundação que faz. Nós fazemos a gestão financeira dos recursos da

incubadora. Quando a INCIT vai pleitear projetos junto a FAPEMIG e a FINEP que

possuem essa vertente para incubação, quem entra com o projeto é a FAPEPE com

seu próprio CNPJ [...] então a incubadora sempre foi tratada como um projeto da

universidade e com os parceiros expandiu para o município de Itajubá [...] A

FAPEPE, logicamente, para sobreviver precisa cobrar as despesas administrativas, já

do programa de incubação não, nossa parceira entra ai, os serviços de gestão não são

cobrados (GERENTE – FAPEPE).

A cooperação institucional e organizacional da FAPEPE demonstra que cada

instituição contribui para densidade do capital institucional e participa dentro do seu caráter

particular e experiências. Portanto, esses aspectos enfatizam a importância da organização,

cooperação e coordenação do capital institucional para atingir objetivos em comum

(BOISIER, 1999c e 2004).

O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Itajubá,

também, é membro do conselho diretor da INCIT. Criado em 1988, o sindicato surgiu da

necessidade das indústrias se unirem enquanto entidades.

Page 64: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

61

Durante entrevista com a gerente do sindicato (Apêndice 6), foi possível

compreender como funciona o SIMMMEI e como se caracteriza a parceira com a incubadora

de base tecnológica de Itajubá.

Assumi a gerência em 2009, eu estou com 4 anos no sindicato [...] Desde então,

estamos participando mais ativamente, mais presentes na incubadora [..]Bom, o

SIMMMEI é parceiro da INCIT desde o início, o sindicato foi chamado para compor

os parceiros da incubadora e está atuando junto no crescimento da incubadora. [...]

hoje, temos as empresas que são associadas, mas a parceria não se dá somente dessa

forma [...] Mais do que isso, o sindicato colabora com a incubadora, também, nas

despesas [...] como se dá essa colaboração? Por exemplo, a incubadora nos procura e

diz: nós estamos precisando quitar uma despesa e a incubadora não tem como arcar,

o sindicato ajuda. Houve uma época, quando a incubadora ainda estava começando,

que o sindicato fazia um depósito mensal, todo mês nós dávamos um valor para

ajudar nas despesas. Mas, atualmente, cobrimos as despesas pontuais, além do apoio

institucional e a participação nos eventos no que for necessário (GERENTE –

SIMMMEI).

A estabilidade das parcerias com os atores institucionais, como os sindicatos,

permitem a sustentação do capital institucional, que por sua vez se apoia na integração entre

os atores institucionais e atores socioeconômicos locais (BOISIER, 1999b; DALLABRIA et

al, 2006; ROCHA, 2010).

Uma importante parceira da INCIT, e também membro do conselho diretor da

incubadora, é a Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Sul de Minas – FACESM

(Apêndice 5). Por meio de uma entrevista com o coordenador da pré-incubadora da faculdade

e diretor de extensão da FACESM, buscou-se entender a parceria entre INCIT e FACESM.

A pré-incubadora surgiu em 2005, foi à primeira pré-incubadora de Itajubá [...] a

princípio, a preocupação era a estrutura física e o material de apoio. Porém, com o

tempo percebemos que o foco principal é a capacitação [...] Paramos por alguns anos

e retomamos em 2013 com 5 projetos [...] para 2014 temos um projeto que foi

desenvolvido de forma diferente, nos moldes do CERNE (Centro de Referência para

Apoio a Novos Empreendimentos) [...] como queremos dar uma boa contribuição

para a incubação, fizemos esse projeto alinhado com o CERNE 1, modelo de

referência [...] objetivo é ajudar o projeto de incubação da INCIT [...] já temos

recursos, consultoria, capacitação, professores e consultores [...] com o apoio

SEBRAE por dois anos conquistado via edital (DIRETOR/COORDENADOR –

FACESM).

A convergência de objetivos entre as entidades parceiras demostra cooperação

institucional e organizacional. O relato do diretor de extensão e coordenador da pré-

incubadora da FACESM aponta a importância do comprometimento das instituições

parceiras, aspecto que contribui para a sustentação e densidade do capital institucional

(ROCHA, 2010).

Para melhor visualização do papel de cada entidade que compõe o capital

institucional que envolve a INCIT, listou-se, na Tabela 6, uma análise de ações estratégicas

Page 65: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

62

em conjunto e de colaboração, quanto ao papel de cada instituição membro do conselho

diretor da incubadora.

Tabela 6 - O papel das entidades que compõe o capital institucional que envolve a INCIT

Per

íod

o d

e an

ális

e 20

05 a

2013

Instituições

Identificação do papel das Instituições que compõem o capital institucional no

entorno da INCIT

Secretaria

municipal de

ciência, tecnologia,

indústria e

comércio.

- Mobilizadora de capital institucional;

- Financiadora do staff da incubadora;

- Seleção da equipe de gestão da incubadora;

- Financiadora de projetos estruturadores, tanto do parque científico tecnológico

quanto da incubadora;

- Disponibilização de prédios públicos no centro da cidade para funcionamento da INCIT;

- Comprometimento com a sustentabilidade financeira da INCIT;

- Levantamento de potenciais econômicos do município;

- Fortalecimento da tripartite, buscando favorecer o desenvolvimento local.

FAPEPE

- Personalidade jurídica da INCIT;

- Gestora financeira dos recursos da INCIT;

- Conduz projetos a entidades de fomento pela INCIT usando o CNPJ da fundação;

- Não cobrar pelos serviços gestão prestados.

SIMMMEI

- Associação de empresas;

- Realizava depósitos mensais para ajudar nas despesas;

- Atualmente cobrem despesas pontuais;

- Apoio institucional em eventos.

FACESM

- Formação do capital humano: ensino, pesquisa e extensão;

- Capacitação de futuro empreendedores, por meio do programa de pré-incubação; - Interação institucional via Feira de empreendedorismo da FACESM.

- Consultoria para desenvolver projetos;

- Fornece uma bolsa de estágio administrativo;

- Apoio institucional em eventos;

- Convergência de objetivos, CERNE 1.

UNIFEI

- Formação do capital humano: ensino, pesquisa e extensão;

- Membro da tripartite;

- Custeio do dia a dia da INCIT;

- Disponibilização de espaço físico/infraestrutura;

- Fomentar a cultura empreendedora;

- Criação de rede de contatos;

- Fomentar o fluxo do processo: pré-incubação, incubação e parque cientifico

tecnológico; - Financiadora do programa de incubação.

Fonte: Elaborado pela autora

A Tabela 6 permite a visualização do papel das entidades que compõe o capital

institucional e fazem parte do conselho diretor da INCIT. É possível afirmar que cada um

desses personagens traz seu caráter particular, suas interações sinérgicas, disponibilidades,

experiências, crenças e objetivos que fazem parte de suas visões de mundo. Portanto, todos

esses aspectos enfatizam a importância da sinergia, organização, coordenação e cooperação

dos participantes para atingir um objetivo comum (BOISIER, 1999c e 2004).

Foi possível identificar que o Estado atuou como indutor na concepção do parque

científico tecnológico de Itajubá, onde seria alocada a incubadora de base tecnológica de

Itajubá, promovida e estruturada pela universidade com o apoio da prefeitura Municipal de

Page 66: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

63

Itajubá. Essa concepção deu origem a tripartite: Estado, UNIFEI e Prefeitura municipal de

Itajubá.

A ausência de um plano de governança estabelecido pode ter causado conflitos

institucionais, posturas autocráticas, confusões hierárquicas e conflitos entre os membros da

tripartite. Outro complicador é o fato da incubadora não ser regida por uma política de Estado,

ou seja, o nível de importância das ações voltadas a INCIT dependem da gestão que assumem

tanto a secretaria de ciência e tecnologia do Estado, quanto a reitoria da universidade e a

gestão da prefeitura municipal. Portanto, a descontinuidade dos membros e a ausência de uma

política estratégica de cooperação institucional e organizacional, pode ter resultado no

enfraquecimento do capital institucional. Dado que, a formação da rede de capital

institucional é favorável e possibilitaria a integração necessária a esse formato de arranjo.

Contudo, as análises do capital institucional induzem a percepção de uma baixa

integração e estreitamento entre os atores envolvidos no arranjo da INCIT. Logo, observa-se

que ao capital institucional falta articulação, cooperação interinstitucional e institucional para

que possa atingir um objetivo em comum. Cabe aqui destacar, a riqueza da rede capital

institucional.

Page 67: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

64

9.2 Análise da presença do capital humano

De acordo com Boisier (1999a e c), o capital humano é o estoque de conhecimentos

e habilidades que possuem os indivíduos que residem na região e sua capacidade para

exercitá-los. Portanto, primeiramente, para conhecer o capital humano é necessário

caracterizá-lo, ou seja, identificar o perfil do capital humano presente na incubadora.

Posteriormente, buscou-se identificar ações de formação do capital humano promovidas pelas

instituições que compõem o capital institucional da INCIT e a própria incubadora.

Para conhecer o capital humano presente na INCIT, buscou-se atingir os objetivos:

(a) identificar e descrever o perfil do capital humano, das empresas de base tecnológica

presentes na INCIT; (b) analisar a percepção dos funcionários das empresas incubadas, em

relação ao ambiente de trabalho, sob a perspectiva indutora quanto capacidade motivacional

para que estes profissionais sejam atraídos e permaneçam nas empresas situadas na INCIT e

(c) identificar ações de formação do capital humano promovidas pelas instituições públicas ou

privadas que fazem parte do ambiente onde os empreendedores encontram-se imersos, ou

seja, no arranjo que envolve a INCIT.

Para atingir os objetivos (a) e (b), realizou-se a pesquisa com 9 (nove) das 22 (vinte e

duas) empresas residentes na INCIT, no período de realização da pesquisa de campo. Do total

de 141 colaboradores das empresas, 23 responderam às perguntas do questionário

disponibilizado no Google docs.

O questionário permitiu visualizar o gênero predominante; a idade e grau de

escolaridade; tempo de permanência na empresa; cargo que ocupa; como souberam da

existência da incubadora, e, por fim, o que a empresa oferece que atrai e mantém estes

profissionais no cargo, na visão do colaborador. A Tabela 7 apresenta o gênero predominante,

a escolaridade e a idade do capital humano presente na INCIT.

Tabela 7 - Gênero, escolaridade e idade do capital humano presente na INCIT

Gênero Escolaridade Idade

F M Superior completo ou

cursando

Mestres/

Doutores

20 a 29

anos

Acima de

30 anos

Entrevistados 39% 61% 66% 34% 70% 30%

Fonte: Elaborado pela autora

Entre os colaboradores predominam-se a graduação, nas áreas de engenharias,

ciência da computação e ciências sociais aplicadas. O que pode ser associado à afiliação e

imersão dos alunos da UNIFEI, na rede de relacionamentos que envolvem a INCIT. Segundo

Page 68: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

65

Borges e Filion (2013), a universidade contribui para a formação do capital humano e permite

aos alunos acesso preferencial a determinados contatos. O fato de a incubadora estar instalada

dentro do campus da universidade traz vantagens aos empreendedores, pois encontram-se

imersos na rede de contatos da incubadora, também. Logo, obtêm a oportunidade de ampliar

seus contatos, alcançar conexões estratégicas e incubar negócios.

Ao questionar sobre o cargo que ocupam, pode-se configurar na Tabela 8 a seguinte

distribuição.

Tabela 8 - Configuração dos cargos nas empresas participantes da pesquisa

Estagiários Programadores

Jr. e Pleno

Cargos

de

liderança

Analistas Cúpula

estratégica Desenvolvedores

Entrevistados 22% 9% 38% 17% 7% 7%

Fonte: Elaborado pela autora

Observa-se que, mesmo estando em processo de incubação, as empresas já

empregam, por exemplo, estagiários que, como alunos da universidade envolvida no arranjo

da INCIT, são imersos, também, na rede de contatos da INCIT e, por conseguinte, das

empresas. Nesse contexto, observa-se a articulação da rede de capital social e institucional

com o capital humano da INCIT. Essa articulação torna-se mais evidente quando os

entrevistados descrevem como souberam da existência da incubadora de base tecnológica de

Itajubá. Obteve-se a predominância de três situações, que possibilitaram ao colaborador tomar

conhecimento da existência da INCIT. As situações foram: por meio de redes de contatos

pessoais (amigos, funcionários da INCIT ou das empresas), salientando que quase sempre,

este contato ocorreu por meio de conversas informais; Na sequência, os colaboradores relatam

que a divulgação de vagas de emprego, por meio de rádios e redes sociais na internet os

permitiu conhecer a INCIT e, por último, o intermédio da universidade, por meio de palestras,

eventos internos com participação de empresas incubadas na INCIT, quadros de avisos

fixados nas dependências do campus da universidade e pelo programa de pré-incubação de

empresas da instituição os colaboradores souberam da existência da INCIT.

O modo como os empreendedores souberam da existência da INCIT retrata a

importância da atmosfera de integração universidade e incubadora para que o potencial do

capital humano desenvolva e expresse-se. Outro fator importante é a comunicação e a

informação compartilhada. Isto é, precisa haver medidas para incentivar o surgimento de

redes de fornecedores e intermediáveis do conhecimento. Medidas que aproximem e crie

Page 69: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

66

estreitamento entre as instituições, facilitando a comunicação cooperativa e integrada

(JACOB, 1981).

Outra questão analisada foi o tempo de permanência do colaborador na empresa.

Observou-se que os entrevistados que participaram de todo processo de estruturação do

empreendimento hoje ocupam cargos de confiança e até mesmo tornaram-se sócios do

negócio. A Tabela 9 apresenta o tempo de permanência do colaborador na empresa.

Tabela 9 - Tempo de permanência do colaborador na empresa

5 anos ou mais 3 ou 4 anos 1 a 2 anos Até 1 ano

Entrevistados 22% 30% 22% 26%

Fonte: Elaborado pela autora

Nesse contexto, pode-se dizer que as empresas incubadas contribuem com a retenção

do capital humano qualificado na região. As informações apresentadas na Tabela 9 podem

indicar a contribuição das empresas instaladas na INCIT como retentoras do capital humano

formado na universidade. Portanto, a medida que aumenta o tempo de permanência dos

colaboradores nas empresas residentes na INCIT, maior a produtividade do capital humano da

região. Dado que esse capital é tão mais produtivo quanto maior for sua qualidade. Nesse

sentido, essa qualidade está associada à intensidade de treinamento científico-tecnológico e

gerencial que cada trabalhador desenvolve ao longo da vida. Desse modo, o capital humano

está relacionado aos conhecimentos e habilidades do indivíduo (CALDERÓN et al., 2012;

MOTTA, 2008; BOISIER, 2000).

Além de responder a quanto tempo está na empresa, o colaborador descreveu o que o

atraiu e o mantém no cargo. A partir da análise das respostas, disponibilizadas pelos

colaboradores, foi possível verificar que o ambiente de trabalho descontraído, salientando que

é um espaço com clima agradável entre os colaboradores e sócios, e, também, entre os

próprios colaboradores. Estes profissionais consideram, ainda, o reconhecimento pelo

trabalho bem feito e a flexibilidade no horário de trabalho, fatores que proporcionam a base

motivacional para atrair e mantê-los nas respectivas empresas em que trabalham.

Portanto, conforme apresentado na Tabela 9, pelo menos 52% dos colaboradores

estão na empresa há no mínimo três anos. Sobretudo, destaca-se que esses profissionais se

enquadram no perfil da chamada classe criativa, o termo inclui a ciência e tecnologia, as artes,

a cultural e entretenimento como um dos setores criativos. Portanto, para reter e atrair esse

capital humano qualificado, é importante ressaltar a necessidade do engajamento da

universidade, comunidade local, instituições governamentais e não governamentais como

Page 70: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

67

propulsoras para atração e estímulo do capital humano criativo (FLORIDA, 2011 DARON,

2008; FLORIDA, 2006; JACOB, 1981).

Observa-se que assim, como os profissionais que participaram da pesquisa de

Florida (2001), os colaboradores das empresas instaladas na INCIT, também, listaram fatores

intangíveis de trabalho como motivadores para atração e permanência na empresa em que

trabalham.

A partir do objetivo (c) pontuado com foco na identificação de ações de formação

do capital humano promovidas pelas instituições públicas ou privadas que fazem parte do

capital institucional da INCIT. Definiram-se duas entrevistadas: FACESM e o Centro de

Empreendedorismo da UNIFEI. Além das instituições citadas anteriormente, também, foram

feitas entrevistas com o consultor e a assessoria da INCIT.

As ações de formação do capital humano identificadas na INCIT foram de 471

horas de consultorias e 92 horas de treinamento, em 2014, cujo objetivo é desenvolver as

habilidades sociais e de negócios dos empreendedores, segundo dados da assessoria INCIT.

Em atenção a essas ações, a INCIT, não só demonstra entender a necessidade da formação

contínua dos empreendimentos, como tem, entre seus objetivos, o desenvolvimento e

preparação dos empreendedores.

Representando a INCIT, o consultor de negócios, integrante da incubadora desde

2005, em entrevista relata qual a estrutura oferecida aos empreendedores desde os recursos

físicos a capacitação nos negócios.

Segundo o consultor,

A INCIT não pode ser vista de maneira isolada, mas sim como resultado da

realização de grandes parcerias e estreitamento com o ambiente acadêmico de

pesquisa e transferência de tecnologia [...] a incubadora atualmente tem uma

estrutura de primeira linha e um escopo de atuação completo para as empresas

incubadas. O processo de incubação tem duração de 36 meses, divididos em 3 fases

[...] a primeira fase concentra-se no perfil do empreendedor, domínio da tecnologia,

capacidade financeira, aprimoramento da gestão e análise de mercado [...] essa

primeira fase tem duração média de 12 a 18 meses, vai depender muito do tipo de

negócio [...] já na fase 2, as empresas incubadas deverão atingir crescimento

sustentável e maturidade no que se refere aos 05 eixos; em período de 12 meses [...]

na terceira e última fase, a empresa incubada deverá preparar-se para o processo de

Graduação [...] a mensuração vem através do índice de performance nos principais aspectos relacionados ao negócio (5 eixos) [...] todo esse processo é realizado com o

acompanhamento das consultorias e gestão da INCIT [...] qualquer empresa

Incubada pode solicitar consultoria e/ou assessoria ao Departamento de Consultoria

e Projetos da INCIT [...] portanto, a incubadora oferece suporte em gestão,

administrativo e operacional; sala privativa para desenvolvimento da empresa;

serviço de recepção; acesso à internet; telefone; impressão; limpeza da área

comum; sala de reunião e auditório(CONSULTOR – INCIT).

Page 71: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

68

A partir da Figura 5 – Escopo de atuação da INCIT - é possível visualizar o

processo, os componentes e o sistema do programa de incubação da INCIT. O escopo é

dividido em três fases. Na primeira fase, ocorre a seleção de empresas (prospecção,

sensibilização e seleção), seguida da segunda fase, o programa de incubação (planejamento,

acompanhamento, orientação, avaliação, assessoria, consultoria e qualificação) e, por último,

as empresas passam pelo apoio a graduação. Desta forma as empresas completam o processo

em três anos.

Figura 5 – Escopo de atuação INCIT

Fonte: INCIT (2012)

Por meio dessa narrativa e da Figura 5 disponibilizada pelo consultor, é possível

visualizar como são organizados os serviços de apoio aos empreendedores. A incubadora

oferece oficinas de capacitação para habilidades de negócios específicos, como planejamento

estratégico, finanças, propriedade intelectual, marketing e etc. Oferecem, também, sessões de

acompanhamento, avaliação de plano de negócios em diferentes fases do processo de

incubação, apoio científico através da rede de contatos com universidades e professores,

consultoria sobre propriedade intelectual, patenteamento e licenciamento (OECD, 2010).

Page 72: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

69

Nota-se, no relato do consultor da INCIT, a contribuição para formação do capital

humano local de maneira cientifica-tecnológica e gerencial, além da interação entre clientes,

atividades, processos e serviços do empreendedor. Desta forma, pode-se dizer que a

incubadora contribui com a formação do capital humano e a destreza da população que reflete

na capacidade produtiva e inovativa da região. Assim, é importante que haja políticas de

incentivos e instituições adequadas para o desenvolvimento de valores e atitudes

empreendedoras, com objetivo de reter o capital humano disponível. Dado que a qualidade do

capital humano está associada à intensidade do treinamento cientifico-tecnológico e gerencial

do indivíduo (JACOBS et al.,2012; BRUNNER, 2003; BOISIER, 2000).

Nesse contexto, o diretor/coordenador da pré-incubadora da FACESM, um dos

membros do conselho diretor da INCIT, relata na entrevista que o objetivo da pré-incubadora

é:

O desenvolvimento da cultura empreendedora [...] o indivíduo que passa pelo

processo de pré-incubação e, ao final do processo, identifica que a ideia não foi viável, teve um ganho, porque ele desenvolveu a cultura empreendedora [...] no

futuro, em algum momento da vida dele, quando enxergar uma oportunidade,

acreditamos que o processo de pré-incubação vai fazer diferença. [...], portanto,

mesmo que ainda no processo de seleção a ideia de sinais de inviabilidade, se

houver a vaga, nosso objetivo é manter o jovem que está buscando essa vaga [...] por

que não ajudar esse aluno a desenvolver a cultura empreendedora? [...] Na minha

concepção, o programa de pré-incubação deve ser assim, o que precisa é que o aluno

queira desenvolver a cultura (DIRETOR/COORDENADOR – FACESM).

Observa-se, no relato do diretor/coordenador da pré-incubadora da FACESM, uma

atenção especial à formação dos indivíduos. Esta preocupação de formar e desenvolver

atitudes empreendedoras no individuo, mesmo que este não tenha um projeto viável

economicamente, demonstra comprometimento com a formação do capital humano da região.

O comprometimento com ações estratégicas de formação do capital humano da região é

essencial para o desenvolvimento regional. Pois o capital humano qualificado atua

diretamente na ciência, tecnologia, pesquisa e desenvolvimento. Desta forma, as instituições

de ensino públicas ou privadas fortalecem e qualificam a estrutura interna da região

(AMARAL FILHO, 1996).

Com o intuito de conhecer as ações de formação do capital humano presente na

universidade, em especial a formação de atitudes empreendedoras, agendou-se uma entrevista

com a coordenadora do Centro de Empreendedorismo da UNIFEI (CEU). Foi possível

identificar diversas ações que contribuem para formação do capital humano no sentido de

impulsionar o movimento de inovação e desenvolvimento de valores e atitudes

empreendedoras.

Page 73: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

70

Segundo a coordenadora,

O centro abriu as portas em 2012, nós conseguimos colocar o programa no ar e

estruturar melhor o que ia ser o CEU em 2013. Então, criamos em parceria com o

SEBRAE e a UNIFEI um programa com nomenclatura empreendedorismo 360

graus, dali surgiu também toda a distribuição dos nossos papéis e desdobramento

dos projetos em formação do comportamento e ação empreendedora [...]

empreendedorismo antes de qualquer coisa é formar indivíduo independentemente de ele abrir empresa ou não. [...] todos os projetos são para toda a universidade. Em

2012, nosso foco principal foi disseminar as disciplinas de empreendedorismo que

eram optativas e seletivas para toda universidade. Depois iniciamos o projeto

educação empreendedora para ensino fundamental e médio, capacitamos 110

professores e indiretamente nossa previsão é que mais de 5.000 alunos foram

impactados. Atualmente, adotamos uma escola, para acompanhar de fato a vida e as

mudanças dos alunos, em valores e comportamento. Participamos do desafio

universitário empreendedor, fizemos um piloto com hotel de ideias no 2º semestre

de 2013 que mudará para pré-aceleração [...] temos, também a premiação melhores

práticas empreendedoras; semana global de empreendedorismo, TEDX evento de

sensibilização; startup bus leva os alunos para viver o ambiente de incubadoras e

aceleradoras sem São Paulo (COORDENADORA – CEU).

Nota-se que os indivíduos que compartilham do ambiente que envolve a INCIT têm a

oportunidade de estarem imersos em uma rede de relacionamentos que proporciona o

desenvolvimento de valores e atitudes empreendedoras. Pode-se dizer que o ambiente

favorece a ampliação dos valores e atitudes empreendedoras, cabe ao indivíduo acessá-los ou

não. O que observa-se de divergente é forma isolada como as ações acontecem, sem interação

e compartilhamento. A interação interinstitucional favorece o capital humano, pois favorece a

exportação e importação de conhecimento. Portanto, criar uma atmosfera de

empreendedorismo com intuito de interagir com os alunos que estão imersos em um contexto

para empreender e desenvolver a cultura empreendedora é de extrema importância para a

continuidade e alimentação do processo de incubação. Que por sua vez pode conduzir a

retenção e aproveitamento do capital humano qualificado na região (BOISIER, 2000;

HADDAD, 2002; BORGES E FILION, 2013).

Representando a UNIFEI, o Pró-Reitor da Pró-Reitoria de Extensão – PROEX,

órgão responsável pela gestão de todas as atividades de extensão da universidade, em reposta

a um questionário estruturado e não disfarçado, descreveu os planos da universidade para

disseminação da cultura empreendedora, como ações em processo de organização. O objetivo

é fomentar a integração CEU e pré-incubadora da UNIFEI. Atualmente, a universidade possui

diversos grupos de pesquisa nos institutos que atendem demandas de empresas privadas que

procuram a universidade. Desta forma, os alunos e professores desenvolvem pesquisas e

geram soluções para o mercado.

Observa-se aqui um movimento natural que favorece a criação de spin-offs

acadêmicas, dado que spin-offs são pequenas empresas de base tecnológica, cujo capital

Page 74: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

71

intelectual tem origem nas universidades e instituições de pesquisa. Estas empresas são

criadas com viés de inovação, para contribuir com o crescimento, emprego e receita local com

realce para o impacto econômico e o nicho especial preenchido por essas empresas, que

passam a ser canais rápidos de ideias comercialmente relevantes. As spin-offs acadêmicas

emergem de pesquisas com foco em oportunidades tecnológicas criadas em ambientes

universitários (BURG et al., 2008; OCDE, 2010).

Durante entrevista, o pró-reitor destacou a preocupação da universidade em

fortalecer a relação empresas-privadas e universidade. Para isso, a universidade realizou um

workshop apresentando as pesquisas dos institutos para as empresas da região. Porém, em

relação aos movimentos de formação de atitudes empreendedoras dos alunos, ainda são

realizadas ações pontuais e isoladas, sem integração entre institutos, CEU e pré-incubadora.

Page 75: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

72

9.3 Análise da presença do capital cívico

Para analisar a presença do capital cívico, a pesquisadora embasou-se no conceito de

capital cívico proposto por Boisier (2000) que refere-se à conexão das pessoas com vida de

suas comunidades, e não somente com a política. O capital cívico traduz-se em práticas de

políticas democráticas, confiança institucional, participação pessoal em assuntos públicos,

além do associativismo entre as esferas públicas e privadas (SEBRAE, 2004).

O objetivo é verificar como se processa o capital cívico da INCIT. Durante as

entrevistas com a gerente da incubadora, com a gerente do SIMMMEI e com os

empreendedores, pode-se apontar possíveis manifestações do capital cívico.

Nota-se o engajamento cívico entre os empreendedores ao organizarem-se em grupos

por setores de atuação dentro da incubadora.

Atualmente, existem três grupos na INCIT: a Rede de Empresas de tecnologia da

Informação (RETIC), o Centro Brasileiro de Empresas de Energia (CB2E) e o grupo

eletromédico. Todos os três grupos nasceram por iniciativas das empresas incubadas com foco

em unir forças para alcançar objetivos em comum.

A RETIC é formada por 18 empresas e conta com parcerias fundamentais como a

Universidade Federal de Itajubá, Parque Científico e Tecnológico de Itajubá, Incubadora de

Empresas de Base Tecnológica de Itajubá, Governo do Estado de Minas Gerais, SEBRAE,

SENAI, Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Itajubá,

Rede Mineira de Inovação e Prefeitura Municipal de Itajubá. As empresas que fazem parte do

grupo associaram-se ao SIMMMEI com a proposta de atrair 120 empresas do município que

atuam no setor de tecnologia da Informação para fortalecer e potencializar as ações do grupo.

Em 2009, nasceu o grupo eletromédico, uma iniciativa das empresas incubadas com

foco na troca de informações com as empresas que atuam na mesma área, extrapolando o

limite do município e buscando cidades da região, hoje reúnem 22 empresas. A inciativa

tomou proporções maiores e ganhou apoio do SEBRAE - Minas, que criou o Projeto de

Desenvolvimento do Setor Eletromédico do Sul de Minas, cujo foco é consolidar a

competitividade e estimular a inovação do polo no mercado.

O terceiro grupo, o CB2E, que reúne 13 empresas do setor de energia, e o Grupo de

T&I, com incubadas que atuam na área da Tecnologia da Informação. Possuem, como

objetivo comum, oferecer soluções inovadoras e eficientes ao setor energético brasileiro.

O movimento e criação de grupos podem demostrar conexão e confiança entre os

empreendedores. Isto é, os empreendedores apresentam um comportamento de engajamento

Page 76: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

73

cívico significativo. Esta condição perpassa a constituição de grupos de cidadãos imbuídos de

um “espírito” cívico, onde prevalecem as relações horizontais de confiança baseadas na

igualdade (BOISIER, 1999; PUTNAM, 2005).

A esse respeito, a gerente da incubadora fala sobre a formação de grupos por setores

de atuação na INCIT. Segundo a gerente,

Para a INCIT é um grande passo a formalização desses grupos, eles são importantes

para o crescimento e fortalecimento da incubadora. Muitas vezes, uma empresa

sozinha não tem acesso a algumas oportunidades que surgem, como fomentos, por

exemplo, mas quando estão reunidas, várias empresas, isso gera um resultado

positivo e amplia o campo de oportunidades, a incubadora apoia e é parceira deles

[...] apoiamos o máximo (GERENTE – INCIT).

Esse movimento das empresas pode ser interpretado como reflexo do ambiente

propício à troca de informações e de experiências entre os empreendedores. O ambiente

compartilhado, onde os empreendedores e demais atores compartilham objetivos em comum e

possuem confiança entre si, pode ser interpretado como uma forma de expressão do

engajamento cívico. Pois, atividades voluntárias que as pessoas exercem em suas

comunidades, no ambiente de trabalho, igrejas e demais contextos sociais são interpretadas

como manifestações do capital cívico (FIORINA, 2001; BOISIER, 2000).

A gerente do SIMMMEI destaca, “grande parte das empresas que estão incubadas

são associadas ao sindicato [...] atualmente são associados o grupo RETIC e o grupo

Eletromédico [...] o que facilita para as empresas alcançar resultados e superar barreiras em

parceria”.

Pode-se dizer que, por meio do sindicato, as empresas incubadas associadas ao

SIMMMEI manifestam seu engajamento cívico, dado que a conexão entre as empresas facilita

alcançar objetivos em comum e supera a dimensão de interesses políticos do capital cívico.

Assim, constituem um grupo de cidadãos que buscam estabelecer relações de confiança na

preocupação com as questões de interesse geral (BOISIER, 1999a; PUTNAM, 2005).

O movimento de formação de grupos pode indicar, também, a ausência de

articulação entre as instituições que formam a rede de relações da INCIT e até mesmo entre a

incubadora e os incubados, que pode ter induzido os empreendedores a criarem grupos

internos para ampliar sua capacidade de articulação e visibilidade com alguns dos membros

da rede de relações da INCIT e da universidade. Com esse movimento, eles reforçam o capital

cívico e atuam como cidadãos engajados civicamente, além de favorecem o estreitamento das

relações com os demais atores.

Page 77: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

74

9.4 Análise da presença do capital social

A pesquisa realizada visou identificar a formação da rede de capital social, que

envolve a INCIT e analisar a cooperação na realização de ações em comum, embasando-se

nos conceitos de Sérgio Boisier. Para isso, foram realizadas entrevistas formais com a

gerência da incubadora e com os empreendedores incubados.

Nos resultados, buscou-se atingir os objetivos: (a) identificar a formação da rede de

capita social das empresas de base tecnológica presentes na INCIT (b) analisar a influência e

cooperação da universidade na criação de spin-offs acadêmicas. Os resultados, de fato,

permitem observar quem são os membros da rede tecnológica, rede de apoio, rede financeira e

rede de negócios que envolvem a INCIT. A Figura 6 traz o levantamento com as instituições

envolvidas na rede de capital social das empresas incubadas na incubadora de base

tecnológica de Itajubá.

Fonte: Adaptado de Borges e Filion (2012)

A Figura 6 apresenta a disposição da rede de capital social disponível aos

empreendedores da INCIT, de maneira sistematizada. Onde o empresário/empreendedor

encontra-se no centro, imerso nos contatos que fazem parte da universidade e da estrutura da

incubadora (contatos localizados no interior dos dois círculos), enquanto os outros vêm de

fora da universidade (contatos localizados fora do grande círculo). Neste contexto, a rede de

Figura 6 - Rede de relacionamento da incubadora de base tecnológica de Itajubá

Page 78: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

75

capital social designa a afiliação, imersão e preparação dos empreendedores. As redes de

relações das incubadoras vinculadas às universidades brasileiras encontram-se divididas em

rede tecnológica, rede de apoio, rede de negócios e rede financeira (BORGES e FILION,

2012).

Assim, pode-se dizer que as redes de relações sociais são particularmente relevantes,

dado que, a ideia de capital social está associada à capacidade de organização, articulação,

relações interinstitucionais, estoque de conhecimento e ao nível de confiança entre os

membros de uma comunidade e região (HADDAD, 2002; BOISIER, 2000).

Durante a entrevista com um dos empreendedores, este relata como chegou à

incubadora,

A incubadora nos foi apresentada por um professor de outra faculdade no ano de

2006. A partir daí começaram os contatos para elaboração do plano de negócio,

apresentação e aprovação do projeto pela banca da incubadora no ano de 2007

(Fundador - empresa 7).

A participação de diferentes instituições foi fundamental para o empreendedor da

empresa 7. O fato de estar imerso na rede capital social da universidade como aluno, permitiu

ao empreendedor obter contato com um dos membros da rede tecnológica que direcionou a

INCIT. Portanto, os empreendedores encontram-se imersos em uma rede favorável a trocas,

direcionamentos, inovação, exportação e importação de conhecimentos. Este pode ser o

grande desafio para todos os envolvidos na rede de relacionamentos da incubadora, fazer a

interação, o compartilhamento, a cooperação e conexão ocorrerem de maneira sinergética

(BOISIER, 2000; EVANS, 1996).

Page 79: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

76

9.5 Análise da presença do capital sinergético

Apoiando-se no conceito de capital sinergético de Sérgio Boisier (1996,1999a e c,

2000, 2004), o objetivo é investigar a presença do capital sinergético, por meio da análise da

capacidade dos atores de articularem os demais capitais. Serão retratados dados coletados em

entrevistas realizadas durante a pesquisa de campo que contribuíram para com o objetivo de

investigar a presença do capital sinergético.

Durante entrevista com a ex-secretária municipal destaca-se o seguinte relato,

A impressão que se dá é que a incubadora não é bandeira primeiro da prefeitura e

nem da universidade, é do Estado, mas depende de quem assume o cargo de

secretário no Estado, porque se fosse uma figura de Estado não poderia ser assim, o Estado é quem mais contribuiu e está cansado [...] Resumindo, criou-se a situação

que a INCIT era um apêndice, então começou a parecer que eram duas figuras o

parque uma coisa e a incubadora outra. A incubadora é processo de política de

parque científico e tecnológico, inclusive, ficaram antagônicos no sentido de “eu

mando”, uma questão hierárquica muito confusa, me parece que ainda acontece. A

impressão que eu tenho é que ninguém conhece desde o nascedouro. Todo mundo

acha que é dono e, ao mesmo tempo, não é uma política prioritária para nenhuma

das três entidades (UNIFEI, prefeitura e Estado) (EX-SECRETÁRIA –

SECRETARIA MUNICIPAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA).

A sinergia é resultado de implementação e processo sistemático muito bem

articulado entre os atores. O que provavelmente pode ter induzido a entrevistada a deduzir que

existe uma confusão hierárquica foi à ausência de uma governança pré-definida, porém não

implantada. Por não se tratar de uma política de Estado, o processo carece de continuidade,

não favorecendo a sinergia entre os agentes socioeconômicos e a participação da política local

(COTORRUELO, 2001; BOISIER, 1996, 1999c, 2000).

A ausência de governança pode ter favorecido a ocorrência de conflitos, tornando o

parque cientifico tecnológico de Itajubá e a incubadora antagônicos e fontes de

desentendimentos.

A sinergia, quando acontece, pode ser definida como um catalizador, regido pela

cooperação, engajamento cívico, confiança organizacional, integração e a capacidade de

promover ações em conjunto. Desta forma, buscou-se identificar a percepção dos

empreendedores, em relação à atuação da universidade como agente indutora e colaboradora

no processo de criação e desenvolvimento de ideias de negócios. Uma vez que todo o arranjo

envolvido pela INCIT tem como razão de existência as empresas que são criadas por esses

empreendedores.

Nesse contexto, foram entrevistados os empreendedores (alunos e ex-alunos da

universidade) sistematizados por empresas (Quadro 7). Os resultados permitiram identificar

Page 80: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

77

que 100% dos empreendedores afirmam que não houve incentivo da universidade na criação

da ideia e também não foram encaminhados à incubadora de empresas.

A inexistência da percepção do empreendedor, frente ao incentivo da

universidade, pode estar relacionada ao processo de relacionamento entre a instituição de

ensino e a incubadora, aspecto que está correlacionado a densidade e a capacidade de articular

o capital social e institucional do arranjo. O primeiro refere-se à formação de redes, atividades

coletivas e confiança e, ao segundo, atribui-se a interação das instituições. O que

provavelmente pode induzir a uma baixa (ou nula) capacidade de identificação do

empreendedor, quanto ao incentivo e cooperação da universidade na criação de empresa e na

decisão em empreender do aluno.

O descompasso das relações interinstitucionais e desalinhamento da comunicação

entre incubadora e universidade pode ter contribuído para a ausência da percepção do aluno,

quanto ao incentivo e participação da instituição de ensino a criação de empreendimentos e

encaminhamento do negócio a incubadora.

Entre os entrevistados, somente 01(um) empreendedor afirmou que a sua decisão

de criar uma empresa para ser incubada teve alguma relação com a univesidade, pois foi

resultado da ação de um professor da universidade que apresentou uma empresa que estava

instalada na incubadora. Neste caso, segundo o entrevistado, esta ação permitiu ao aluno a

situação de acesso à informação que haveria outras possibilidades para ser um empreendedor.

Ao relacionar o período de criação do negócio com o período de permanência do

empreendedor na graduação, os resultados evidenciaram que 57% dos empreendedores

criaram os negócios durante a sua vida acadêmica. Porém, vale ressaltar que, entre todos os

empreendedores entrevistados que criaram o negócio durante o período de graduação,

somente 01(um) empreendedor afirma que o processo de iniciação do negócio se deu durante

a graduação, na disciplina de trabalho de conclusão de curso. Este fato revela a existência de

ações e disciplinas nos curso de graduação que trabalham o empreendedorismo, podendo

propiciar o incentivo à criação de spin-offs. Como relatado pela coordenadora do CEU, existe

hoje na UNIFEI um movimento de inovação e desenvolvimento de valores e atitudes

empreendedoras.

Quando questionados se houve algum fator que contribuiu para tornarem-se

empreendedores, as respostas foram:

Tinha vontade de ter empresa... tive duas ideias durante a graduação que não dei

sequência... passei a trabalhar em uma grande empresa e surgiu a oportunidade de

criar a minha própria empresa e foi o que fiz. (Fundador – Empresa 1)

Page 81: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

78

Sou de origem humilde, queria ter minhas coisas... para isso com 12 anos vendia

Tupperware, Natura e bombons para ajudar minha família e ter bens matérias (brinquedos) que eu queria... foram fatores da vida, [...] ou arrumar uma solução

para as coisas que contribuíram para que eu me tornar-se um empreendedor

(Fundador – Empresa 2).

Ser meu próprio patrão [...] fazer o que gosta (Fundador – Empresa 3).

A família me influenciou muito [...] meu pai é um empreendedor incansável,

sempre buscando fazer algo novo [...] acredito que a UNIFEI, também contribuiu

com a minha escolha... a universidade disse: olha tem esse caminho também [...]

durante a minha graduação um professor levou uma empresa que estava incubada na

sala de aula [...] apresentaram que era possível ter seu próprio negócio e que existia

a incubadora como suporte para esse fim [...] de alguma maneira aquela visita me

chamou a atenção (Fundador – Empresa 4).

O desafio de fazer acontecer [...] a universidade me capacitou para ser empregado e

eu queria se empreendedor e quando surgiu à oportunidade não pensei duas vezes e abracei a ideia junto com meus sócios (Fundador- Empresa 5).

Sempre quis ser empreendedor [...] durante a graduação pensava constantemente

nesta possibilidade até que surgiu a oportunidade (Fundador – Empresa 6).

Vontade de desenvolver um projeto próprio, contribuir para a mudança de

paradigma em Itajubá (“êxodo de mão-de-obra”) através da geração de empregos

no município e melhoria na qualidade de vida da sociedade como um todo através da

sustentabilidade (Fundador – empresa 7).

Observa-se que o interesse em empreender apresentado pelos entrevistados é algo

particular, com características específicas para cada um, onde o desejo na sua maioria está

relacionado à realização pessoal. Percebe-se, na fala de dois empreendedores, a presença da

rede de apoio moral (familiares e amigos). A criação de spin-offs acadêmicas depende de

ações de incentivo, cooperação e parcerias entre os alunos, universidade e incubadora,

perpassando, a rede de apoio moral, a rede de apoio tecnológico e a rede de negócios

(BORGES e FILION, 2003).

Quando questionado sobre o incentivo aos alunos, na concepção de ideias de

negócios, o pró-reitor da universidade destaca que falar de empreendedorismo na UNIFEI é

complicado. O movimento de empreendedorismo vem acontecendo desde o final da década de

90 e manteve-se forte até 2002, aproximadamente. Atualmente, é um movimento concentrado

no CEU, o que a universidade pretende fazer no sentido de incentivo aos alunos é fomentar e

fazer funcionar o processo de pré-incubação, incubadora e parque cientifico tecnológico.

Nesse contexto, a coordenadora do CEU relata em entrevista como ocorre a

relação incubadora e centro de empreendedorismo.

Com relação à INCIT, nossa parceria acontece com as pessoas, os empreendedores [...] Tem várias empresas que estão ou já estiveram na INCIT que são nossas

parceiras. Nós poderíamos estar trabalhando com outras, precisamos fazer esse

trabalho de atração. Nós fizemos visitas e alguns eventos em parceria. Quando

Page 82: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

79

fazemos banca, sempre procuramos trazer empreendedores para cá, quando a ideia

está em fase de modelagem, procuramos geralmente trazer o Mauricio Bitencourt

que é a pessoa mais acessível, ele sempre está aqui nas bancas e depois ele atende os alunos na INCIT, ele é muito aberto. Mas não é uma aproximação institucional isso

eu tenho que dizer, acho que esse é o nosso jeito de fazer. Talvez em uma segunda

onda, buscar institucionalizar [...] devemos criar um conselho até o final do ano ou

início do ano que vem, e, ai sim haverá uma aproximação institucional

(COORDENADORA – CEU).

Observa-se, no relato da coordenadora do CEU, a inexistência de uma

aproximação institucional entre INCIT e CEU. A coordenadora destaca, também, que as

parceiras ocorrem por meio das empresas que estão ou estiveram imersas na rede de contatos

da INCIT. Desta forma, as ações em conjunto são pontuais e sem a integração sinergética

institucional INCIT/CEU.

Em resumo, conforme destacado pelo Pró-reitor de extensão da universidade, o

incentivo aos alunos da universidade no sentido de criação e desenvolvimento de

empreendimentos, ainda está caminhando. No atual contexto, o CEU ensina os alunos a

empreender, mas não desenvolvem negócios e inovações relacionados aos projetos dos

institutos da universidade.

No entanto, a comunicação e as relações parecem confusas e isoladas, assim como

o incentivo a formação de novos negócios que ocorre de forma pontual e isolada,

demonstrando ausência de integração e cooperação. Observou-se que o movimento de

incentivo à cultura empreendedora ocorre de maneira isolada e sem integração entre os

institutos e o centro de empreendedorismo da universidade. O que pode deixar de promover

possíveis inovações e novos produtos por meio de pesquisas aplicadas desenvolvidas em

laboratórios por professores e alunos.

Com o intuito de conhecer a perspectiva dos membros do conselho diretor da

INCIT, quanto ao papel da incubadora no desenvolvimento regional e local, durante as

entrevistas questionou-se a ex-secretária do município, o atual secretário de ciência,

tecnologia, indústria e comércio de Itajubá, a gerência da INCIT, a gerência do SIMMMEI e a

gerente da FAPEPE a esse respeito.

Durante a entrevista com a ex-secretária de ciência e tecnologia do município a

entrevistada destaca,

A incubadora sozinha tem um papel importante, porque ela transforma potenciais

em realidade, mas ela sozinha não permite que o processo desenvolva-se com o

efeito máximo dele. Itajubá não tem outro foco para desenvolver que não da

inovação e tecnologia. Nós não somos intensivos em terras, é um município

pequeno, temos uma topografia que não é amistosa, ou é várzea ou é morro, não

temos história de sucesso na área agrícola e a nossa força é a linha do

desenvolvimento pelo conhecimento [...] Itajubá só tem chance de crescer, se tiver

um projeto articulado de desenvolvimento de empresas de inovação e tecnologia, eu

Page 83: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

80

não vejo outro caminho. Itajubá não tem como acolher empresas intensivas em mão

de obra [...] a cidade tem um número de universidades e faculdades com uma

facilidade de acesso que pouquíssimas cidades têm. Nossa logística não é a melhor, mas é muito próxima, não é a melhor posição para mercado tradicional, mas para o

inovativo é viável, porque é possível transportar no carro [...] Você leva um chip de

10 milhões no carro e o espaço físico para produzir é pequeno, temos capacidade

para crescer verticalmente.

A ex-secretária municipal retrata, em entrevista, uma perspectiva que pode ser

interpretada como de valorização das propriedades endógenas do município. Ao atribuir uma

identidade construída localmente respeitando as características endógenas e a vocação local.

Portanto, o processo de transformação, fortalecimento e qualificação das estruturas internas

com pactos de cooperação, capacitação e capitação dos investimentos em pesquisa e

desenvolvimento por meio de instituições estratégicas pode resultar no desenvolvimento

endógeno (AMARAL FILHO, 2002; BOISIER, 2004).

O atual secretário municipal retrata em entrevista, qual o papel da incubadora no

desenvolvimento local.

Bom, quando falo de PCTI e incubadora estamos falando dos aspectos de ciência e

tecnologia que, a meu ver, são determinantes para o desenvolvimento local

sustentável da cidade. Quanto a base tecnológica está desenhada o cenário com o

PCTI, com o apoio do município, da UNIFEI, e da secretaria do estado, estamos

buscando mais dois parceiros que serão a Federação das Indústrias de Minas e o

SEBRAE para serem, também, parceiros fundamentais e outros parceiros que venham a surgir, mas os parceiros fundamentais serão esses cinco. Acredito que isso

posto, a cidade passa a contar com uma ferramenta de desenvolvimento tecnológico

e inovação como poucas no país, nós temos vocação aqui, nós temos um eixo

tecnológico aqui entre nós e Santa Rita do Sapucaí, onde inclusive se complementa,

temos uma perspectiva muito interessante.

Observa-se uma perspectiva semelhante entre a ex-secretária do municipal e o atual

secretário municipal. Os dois atribuem uma identidade construída localmente respeitando as

características endógenas e a vocação local e regional (AMARAL FILHO, 2002, 1996;

BOSISIER, 2004).

Representando a INCIT, a gerente da incubadora em resposta ao papel da incubadora

no desenvolvimento regional e local, responde:

A INCIT tem um papel essencial dentro do município de Itajubá [...] hoje a cidade

tem um senso de tecnologia é uma cidade voltada para tecnologia [...] e não tem

como falar em tecnologia sem falar em uma incubadora forte, hoje a INCIT está fortalecida [...] fortalecida pelos parceiros, empresas incubadas e pela gestão [...] e o

que representa hoje a INCIT para Itajubá? A incubadora tem um peso muito grande,

as empresas que estão aqui devem ser valorizadas, devido à fidelidade e

compromisso com a incubadora e os parceiros [...] tivemos um caso recente de uma

empresa que recebeu investimento de terceiros, os investidores quiseram levar toda a

estrutura para fora e ela não foi devido ao compromisso e fidelização com a INCIT

[...], além disso, essas empresas geram emprego e renda, são empresas pequenas,

mas que, em conjunto, geram mais de 194 empregos diretos e indiretos no município

Page 84: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

81

[...] a arrecadação de impostos dessas empresas atualmente é de aproximadamente

320 mil ao ano (GERENTE – INCIT).

Observa-se aqui uma integração densa e articulada entre incubadora e

empreendedores, que pode fortalecer o sentido de pactos público-privados. Essa articulação

potencializa a capacidade inovativa endógena, gerando renda e competitividade local e

regional (AMARAL FILHO, 2002; BOISIER, 2004).

Nesse contexto, a gerente do SIMMMEI relata na entrevista qual a perspectiva do

sindicato quanto ao papel da incubadora no desenvolvimento local e regional.

Segundo a gerente,

Acreditamos que o papel da incubadora é fundamental no desenvolvimento local,

não é por um acaso que a incubadora tem se destacado. É lá que as empresas, os

empresários começam a entender o que realmente é, e como funciona o mundo

empresarial [...] na incubadora as empresa têm aqueles primeiros cuidados [...]

Podem desenvolver-se e virar uma indústria e ter condições de manter-se no mercado. Para não acontecer o que vemos todos os dias, começam e fecham porque

não tiveram uma boa gestão.

Nota-se, no relato da gerente do SIMMMEI, uma perspectiva de incentivo e

formação de empreendimentos empresariais como forma de favorecer a capacidade inovativa

da região e ampliar a resiliência dos empreendimentos frente aos desafios externos, além de

destacar a capacidade da incubadora de promover a aprendizagem empresarial, logo,

favorecendo o desenvolvimento local (GAROFOLI, 2009; SILVEIRA, 2010; SEBRAE,

2010).

Representando a FAPEPE, a gerente respondeu,

A incubadora para o município é interessante, ela vem alavancar os negócios dos

empreendedores [...] Itajubá tem essa vertente, como temos empreendedores. Porém,

muitos não têm a visão de como fazer, como alavancar essa ideia que tem. Então a

incubadora veio exatamente para desenvolver esses empreendedores, que começam

com o plano de negócio, até realmente chegar a ser uma empresa sólida e gerar

emprego, renda e tributos para município. A incubadora veio agregar valores,

desenvolver um setor [...] aonde há ideias, ótimas ideias e fazer com que isso

realmente transforme-se em algo sólido. Então, para Itajubá, a incubadora é primordial para o desenvolvimento desse setor em especifico [...] porque sabemos

que Itajubá muitas vezes não tem uma situação de grandes empresas com emprego

para todo mundo. Então, essa vertente de criar novos negócios, gera

empregabilidade e renda para o próprio município. Espero que a incubadora consiga

ter capacidade de atender cada vez mais empreendimentos porque a demanda é

grande.

No relato da gerente da FAPEPE, nota-se o destaque do papel da incubadora como

estruturadora de empreendimentos e o retorno dessas empresas na forma de geração de

empregos e arrecadação de impostos como contribuição ao desenvolvimento local.

Page 85: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

82

Assim como a gerente da FAPEPE, a gerente da INCIT e a gerente do SIMMMEI, o

Pró-reitor da universidade em resposta ao questionamento sobre o papel da incubadora no

desenvolvimento local, destaca que a intensão do município em apoiar as empresas que

nascem na incubadora acontece porque se espera que essas empresas cresçam e mantenham-

se na localidade gerando receita e atrativos ao município.

Page 86: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

83

9. Considerações finais

A formação de arranjos entre as instituições públicas e privadas é considerada uma

opção para fomentar e estimular o desenvolvimento endógeno com comportamento

cooperativo e integrado. Estas características de cooperação e integração são algumas das

particularidades encontradas nos capitais intangíveis. Pode-se acrescentar, também, o

engajamento cívico, formação do capital humano e a confiança institucional. Assim, o capital

sinergético atua como um catalisador, regido por estas características que constituem o capital

humano, capital social, capital cívico e o capital institucional.

Concluiu-se que, de fato, existe a presença dos capitais intangíveis, mas que não

articulam-se de maneira densa o suficiente para regerem o capital sinergético a ponto de atuar

como um catalisador dos demais capitais, gerando espaços de articulação e confiança entre os

atores e, possivelmente, favorecer o desenvolvimento da incubadora e estimular o

desenvolvimento endógeno a partir do arranjo que envolve a INCIT.

É importante registrar, também, a riqueza da rede capital institucional e da rede de

capital social que os alunos e os empreendedores têm à disposição por estarem imersos no

arranjo que envolve a incubadora.

É possível identificar o alto grau de densidade do capital humano, o que pode ser

atribuído ao fluxo natural de formação promovido pelas instituições de ensino que compõem

o arranjo que envolve a incubadora. Portanto, pode-se dizer que a análise do capital humano

permitiu identificar um potencial produtivo elevado, visto que, quanto maior a qualidade,

maior a capacidade produtividade e inovativa do capital humano.

O ambiente que envolve a incubadora, também, apresentou-se favorável para os

indivíduos adquirirem e expressarem seu potencial. Visto que o arranjo conta com instituições

de ensino que possuem laboratórios e redes de contatos que disponibilizam recursos diversos

para o aprimoramento e formação do capital humano presente.

Desta forma, é importante ressaltar a necessidade de desenvolver políticas de atração

e retenção do capital humano com o incentivo e comprometimento das instituições para o

fomento de valores e atitudes empreendedoras, objetivando a retenção do capital humano

disponível na região. Estar atento às dimensões que motivam e retém o capital humano das

empresas incubadas na INCIT pode vir a contribuir com a ampliação da densidade do capital

humano e, por conseguinte do capital sinergético.

Page 87: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

84

É fundamental que os atores, de maneira organizada, e o poder público estabeleçam

uma integração e estreitamento das relações para favorecer a formação do capital sinergético

para que o desenvolvimento endógeno buscado por meio do arranjo proposto contribua da

forma que objetivou-se ao conceber a incubadora e o parque científico tecnológico de Itajubá.

Por meio da análise do capital institucional e do capital social, é possível dizer que a

decisão de conceber um parque científico e tecnológico, por conseguinte a incubadora, partiu

da identificação das estruturas internas da região, considerando a especificidade local e a

capacidade tecnológica e de inovação do município. Com isso, a iniciativa de conceber tanto

o parque científico e tecnológico de Itajubá quanto à incubadora de base tecnológica de

Itajubá pode ser atribuída a uma identidade construída localmente respeitando as

características endógenas e a vocação regional. A política de desenvolvimento endógeno

definida tanto pelo governo municipal quanto pelo governo estadual buscou promover uma

melhor utilização dos recursos e características endógenas para ampliar a capacidade de

inovação e garantir um desenvolvimento sustentável quanto à base tecnológica local. Esta

ação facilita e promove a catalisação do capital sinérgico e estimula os demais capitais de

maneira estratégica e compatível com a vocação regional.

Porém, observa-se, nos relatos dos entrevistados, algumas limitações nas relações

institucionais como desinteresse e distanciamento das instituições que compõem o arranjo.

Posturas que estão na contramão desse tipo de proposta, onde a cooperação e

comprometimento são essenciais para o desenvolvimento.

Entende-se que para promover o desenvolvimento, é necessária uma intensa relação

instituições de ensino e pesquisa/empresas, cooperação institucional, fomento à transferência

de tecnologia, incentivo à formação de spin-offs acadêmicos, disseminação da cultura

empreendedora integrando diferentes atores de formação de capital humano e desenvolver um

senso de comprometimento comum a favor de todos os envolvidos.

Entretanto, a postura dos membros da tripartite pode indicar um desalinhamento de

objetivos e interesses com a proposta de conceber o arranjo e promover o desenvolvimento da

incubadora e do parque científico tecnológico de Itajubá.

Conclui-se, portanto, que o capital sinergético da INCIT não possui densidade no

nível de catalisar os demais, a isso pode estar atribuído à baixa densidade do capital humano,

capital social, capital cívico e capital institucional, visto que, quanto maior a eficiência destes

capitais, maior a capacidade sinergética entre eles. O arranjo que envolve a INCIT e a

incubadora podem ser caracterizados como em desenvolvimento, devido às limitações

identificadas na coleta de dados, além da nova abordagem e interpretação que está em

Page 88: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

85

processo de elaboração pela secretaria municipal de ciência e tecnologia do município. Essa

nova interpretação realizará mudanças na formação da tripartite e na gestão da incubadora.

Constata-se que o capital institucional, humano e social já construído na INCIT, carece de

uma articulação densa e efetiva tanto dos agentes públicos, quanto dos agentes privados.

Quanto à operacionalização da coleta dos dados, o desafio foi agendar as entrevistas

com os empreendedores, instituições parceiras e membros do conselho diretor. Por isso,

sugere-se como pesquisas futuras a replicação do método aqui proposto com uma amostra

maior. Outras sugestões de pesquisa seria analisar os demais capitais intangíveis, o capital

simbólico, cognitivo e cultural.

Acredita-se que a principal contribuição deste trabalho é promover a análise dos

capitais intangíveis como fatores de desenvolvimento, o que pode auxiliar no

desenvolvimento de investigações com aspectos subjetivos no desenvolvimento de

incubadoras de base tecnológica e do desenvolvimento endógeno.

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Page 97: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

94

11. APÊNCIDES

APÊNDICE 1 – ENTREVISTA COM A GERENTE DA INCUBADORA DE BASE

TECNOLOGICA DE ITAJUBÁ

OBJETIVO DO QUESTIONÁRIO

Este questionário tem por objetivo a coleta de informações para compreensão do

arranjo que forma-se no entorno da Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá.

QUESTIONÁRIO

1) Quando assumiu a gerência?

2) A incubadora esta vinculada a quais instituições e órgãos? Qual o papel das

instituições?

3) Quem são os membros do conselho diretor?

4) Recentemente empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação,

realizaram o pré-lançamento do Arranjo produtivo local do setor, uma

iniciativa, organizada pela Rede de Empresas de Tecnologia da Informação e

Comunicação (RETIC), que nasceu da iniciativa de empresas incubadas que já

organizavam-se para unir forças, há ainda outros dois grupos: dos setores de

Energia e Eletromédicos. Como a incubadora vê essa organização dos

empreendedores?

5) Qual o papel da incubadora no desenvolvimento local?

6) Quantos postos de trabalho direto são gerados pela incubadora e qual a

arrecadação de impostos proporcionada pelas empresas incubadas?

7) Em 2013 na 17º edição do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador,

a INCIT venceu e recebeu o título de melhor Incubadora de Empresas

Orientadas para a Geração e Uso Intenso de Tecnologias concedido pela

Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

Inovadores (ANPROTEC). A que você atribui essa vitória da INCIT?

8) Entre os parceiros da INCIT, está a FACESM (Faculdade de Ciências Sociais

Aplicadas do Sul de Minas) tendo em vista que a mesmo possui uma pré-

incubadora, como se dá esse estreitamento de relações e quais ações são

realizadas em conjunto?

Agradeço a sua colaboração.

Page 98: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

95

APÊNDICE 2 – ENTREVISTA COM O CONSULTOR DE NEGÓCIOS DA

INCUBADORA DE BASE TECNOLÓGICA DE ITAJUBÁ

OBJETIVO DO QUESTIONÁRIO

Este questionário tem por objetivo a coleta de informações para compreensão do

arranjo que forma-se no entorno da Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá.

QUESTIONÁRIO

1) Quando assumiu o cargo de consultor de negócios da INCIT?

2) Além da estrutura física, quais os serviços oferecidos pela incubadora para os

empreendedores?

3) Quanto tempo às empresas ficam incubadas?

4) Quantas empresas estão instaladas na incubadora, atualmente? Quantas são

incubadas e graduadas?

Agradeço a sua colaboração.

Page 99: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

96

APÊNDICE 3 – ENTREVISTA COM A EX-SECRETÁRIA DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DE ITAJUBÁ

OBJETIVO DO QUESTIONÁRIO

Este questionário tem por objetivo a coleta de informações para compreensão do

arranjo que envolve a Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá.

QUESTIONÁRIO

1) Quando assumiu como Secretária da Secretaria de Ciência e Tecnologia de

Itajubá?

2) Como ocorria a relação INCIT e secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia

de Itajubá?

3) Como ex-secretária da secretaria de ciência e tecnologia, em sua opinião, qual o

papel da incubadora no desenvolvimento local e regional?

4) Em 2013 na 17º edição do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, a

INCIT venceu e recebeu o título de melhor Incubadora de Empresas Orientadas

para a Geração e Uso Intenso de Tecnologias concedido pela Associação

Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores

(Anprotec). O que essa vitória da INCIT representa para o município de

Itajubá?

Agradeço a sua colaboração.

Page 100: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

97

APÊNDICE 4 - ENTREVISTA COM OS EMPREENDEDORES

OBJETIVO DO QUESTIONÁRIO

Este questionário tem por objetivo a coleta de informações para a análise sobre a

influência e cooperação da universidade na criação de spin-offs acadêmicas.

QUESTIONÁRIO

5) A Universidade teve influência (motivou) na criação do seu negócio? ( ) SIM ( ) NÃO

Por quê?

6) A ideia surgiu de algum incentivo da universidade?

( ) SIM ( ) NÃO Por quê?

7) Houve algum fator que contribuiu para que você se tornar-se um

empreendedor?

( ) SIM ( ) NÃO Qual?

8) Qual a sua formação? Foi relevante para o negócio?

( ) SIM ( ) NÃO R.:

9) A criação do seu próprio negócio ocorreu durante o período de graduação?

( ) SIM ( ) NÃO

10) Com relação à criação da empresa: Em algum momento houve a participação da

universidade? ( ) SIM ( ) NÃO

Como?

11) Você passou pela pré-incubação?

( ) SIM ( ) NÃO

12) A universidade o encaminhou à incubadora?

( ) SIM ( ) NÃO

13) Como se deu o processo de incubação, quando e qual a condição do negócio

atualmente, incubada ou graduada?

Agradeço a sua colaboração.

Page 101: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

98

APÊNDICE 5 - ENTREVISTA COM O DIRETOR DE EXTENSÃO

E COORDERNADOR DA PRÉ-INCUBADORA DA FACESM

OBJETIVO DO QUESTIONÁRIO

Este questionário tem por objetivo a coleta de informações para compreensão do

arranjo que forma-se no entorno da Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá.

QUESTIONÁRIO

1) Quando surgiu a pré-incubadora da FACESM?

2) Qual o objetivo da pré-incubadora da FACESM?

3) Qual a infraestrura oferecida pela pré-incubadora da FACESM?

4) Quais as ações estabelecidas pela pré-incubadora para fomentar seu objetivo?

5) Por quanto tempo a ideia fica na pré-incubação e como acontece todo o

processo?

6) A FACESM é parceira da INCIT e possui cadeira no conselho diretor. Como se

dá essa parceria?

Agradeço a sua colaboração.

Page 102: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

99

APÊNDICE 6 – ENTREVISTA COM A GERENTE DO SIMMMEI

OBJETIVO DO QUESTIONÁRIO

Este questionário tem por objetivo a coleta de informações para compreensão do

arranjo que forma-se no entorno da Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá.

QUESTIONÁRIO

5) Quando foi fundado o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de

Material Elétrico de Itajubá?

6) Quando assumiu a gerência do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas,

Mecânicas e de Material Elétrico de Itajubá?

7) Quando o SIMMMEI tornou-se parceiro da INCIT e como se dá essa parceria?

8) Por que ser um parceiro da incubadora de base tecnológica de Itajubá?

9) Como membro do conselho diretor da INCIT, em sua opinião, qual o papel da

incubadora no desenvolvimento local?

Agradeço a sua colaboração.

Page 103: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

100

APÊNDICE 7 – ENTREVISTA COM A GERENTE DA FAPEPE

OBJETIVO DO QUESTIONÁRIO

Este questionário tem por objetivo a coleta de informações para compreensão do

arranjo que forma-se no entorno da Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá.

QUESTIONÁRIO

1) O que faz a Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão de Itajubá?

2) Quando assumiu a gerência da Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e

Extensão de Itajubá?

3) Qual a relação entre FAPEPE e INCIT, são parceiras?

4) Como membro do conselho diretor da INCIT, em sua opinião, qual o papel da

incubadora no desenvolvimento local?

Agradeço a sua colaboração.

Page 104: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

101

APÊNDICE 8- ENTREVISTA COM A COORDENADORA DO CENTRO DE

EMPREENDEDORISMO DA UNIFEI

OBJETIVO DO QUESTIONÁRIO

Este questionário tem por objetivo a coleta de informações para compreensão do

arranjo que envolve a Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá.

QUESTIONÁRIO

5) Quando surgiu o CEU?

6) Qual o objetivo do CEU? Quais as ações estabelecidas pelo CEU para fomentar

seu objetivo?

7) O CEU acredita que o trabalho de tecer redes de contatos é fundamental para o

nosso sucesso do projeto. Como é formada a rede? Quem são os agentes que

apoiam e participam?

8) Visto que o centro de empreendedorismo da UNIFEI visa promover o

comportamento, ação e a gestão empreendedora; e também gerar

desenvolvimento local. Existe algum tipo relacionamento ou parceira entre o

CEU e a Incubadora de base tecnológica de Itajubá que encontra-se instalada na

universidade? Se sim, como ocorre esse estreitamento entre os dois programas?

Agradeço a sua colaboração.

Page 105: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

102

APÊNDICE 9 - ENTREVISTA COM O PRÓ-REITOR DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DE ITAJUBÁ

OBJETIVO DO QUESTIONÁRIO

Este questionário tem por objetivo a coleta de informações para compreensão do

arranjo que se forma no entorno da Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá.

QUESTIONÁRIO

1) A literatura destaca que a incubadora é um arranjo institucional estruturado para

estimular/facilitar a vinculação empresa-universidade e fortalecer empresas

nascentes, além de atrelar o setor produtivo com instituições de apoio e instituições

de ensino e pesquisa, prefeituras, agências de fomento e financiamentos

governamentais e privadas, entre outras. Nesse contexto, como ocorre a relação

institucional da Universidade Federal de Itajubá e Incubadora de Base Tecnológica

de Itajubá?

2) A INCIT foi institucionalizada em 2005, por meio de uma política de estado com

viés de desenvolvimento, formando a tripartite: governo do estado, UNIFEI e

prefeitura. Desde que assumiu a pró-reitoria, como a tripartite: governo do estado,

UNIFEI e prefeitura vêm se relacionando?

3) Existe algum plano de incentivo e cooperação à criação de empreendimentos

idealizados pelos alunos da universidade?

4) A universidade tem desenvolvido mecanismos de aproximação entre alunos e a

Incubadora de Base tecnológica de Itajubá?

5) A criação de spin-offs acadêmicas requer, necessariamente, incentivo aos alunos,

desde o inicio da graduação. Nesse contexto, a UNIFEI tem algum programa ou

desenvolve junto aos alunos ações de incentivo a criação de spin-offs acadêmica na

universidade?

6) Como pró-reitor da universidade que compõem a tripartite de formação da INCIT,

em sua opinião, qual o papel da incubadora no desenvolvimento local?

7) Existe algum plano futuro para ampliar e fortalecer a incubadora?

8) O que a incubadora de base tecnológica de Itajubá representa hoje para a UNIFEI?

9) O programa de pré-incubação da UNIFEI está ativo? Se não, por que não está?

Existe um plano de reativação?

10) Em 2013 na 17º edição do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, a

INCIT venceu e recebeu o título de melhor Incubadora de Empresas Orientadas para

a Geração e Uso Intenso de Tecnologias concedido pela Associação Nacional de

Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Como o senhor

como pró-reitor interpreta a conquista desse prêmio e qual seria a razão desta

conquista?

Agradeço a sua colaboração.

Page 106: Análise dos Capitais Intangíveis no Processo de

103

APÊNDICE 10 - ENTREVISTA COM O SECRETÁRIO DE CIÊNCIA,

TECNOLOGIA, INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ITAJUBÁ

OBJETIVO DO QUESTIONÁRIO

Este questionário tem por objetivo a coleta de informações para compreensão do

arranjo que envolve a Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá.

QUESTIONÁRIO

10) Quando assumiu como Secretário da Secretaria de Ciência, Tecnologia,

Indústria e Comércio de Itajubá?

11) Quais são as principais atribuições da Secretaria de Ciência, Tecnologia,

Indústria e Comércio de Itajubá?

12) Qual a relação entre a INCIT e a Secretaria de Ciência, Tecnologia, Indústria e

Comércio de Itajubá?

13) Atualmente há um plano de ações previstas pela secretaria de ciência e

tecnologia de Itajubá quanto à cooperação e incentivo às empresas de base

tecnologia instaladas na INCIT? Quais os seus principais desafios?

14) Como membro do conselho diretor da INCIT, em sua opinião, qual o papel da

incubadora no desenvolvimento local e regional?

15) Em 2013 na 17º edição do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, a

INCIT venceu e recebeu o título de melhor Incubadora de Empresas Orientadas

para a Geração e Uso Intenso de Tecnologias concedido pela Associação

Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores

(Anprotec). O que essa vitória da INCIT representa para o município de

Itajubá?

Agradeço a sua colaboração.