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Dissertação de Mestrado "Efeito da razão R entre tensões e de sobrecargas na resistência ao crescimento de trinca por fadiga de dois aços perlíticos de aplicação em trilhos ferroviários" Autora: Tamara Caroline Guimarães Vilela Orientador: Prof. Dr. Leonardo Barbosa Godefroid Ouro Preto, março de 2019

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Dissertação de Mestrado

"Efeito da razão R entre tensões e de sobrecargas na

resistência ao crescimento de trinca por fadiga de

dois aços perlíticos de aplicação em trilhos

ferroviários"

Autora: Tamara Caroline Guimarães Vilela

Orientador: Prof. Dr. Leonardo Barbosa Godefroid

Ouro Preto, março de 2019

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Tamara Caroline Guimarães Vilela

"Efeito da razão R entre tensões e de sobrecargas na resistência ao

crescimento de trinca por fadiga de dois aços perlíticos de aplicação

em trilhos ferroviários"

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da

REDEMAT, como parte integrante dos requisitos

para a obtenção do título de Mestre em Engenharia

de Materiais.

Área de concentração: Análise e Seleção de Materiais

Orientador: Prof. Dr. Leonardo Barbosa Godefroid

Ouro Preto, março de 2019

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AGRADECIMENTO

Ao meu orientador, professor Dr. Leonardo Barbosa Godefroid, pela orientação e confiança

na realização do trabalho e por ser um grande exemplo de compromisso e dedicação.

À REDEMAT, pela oportunidade.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, pela concessão

da bolsa de estudos.

Ao eng. Thiago Gomes Viana, em nome da Empresa Valor Logística Integrada – VLI, pela

doação de materiais para a realização desta pesquisa.

Aos Laboratórios de Tratamentos Térmicos/DEMET, de Microscopia de Varredura por

Sonda/IFMG/Ouro Preto e ao NanoLab/REDEMAT, pelo auxílio na execução dos ensaios.

Aos técnicos administrativos dos laboratórios do DEMET, Sidney, Graciliano, Denílson e

Paulo, e ao professor Dr. Geraldo Lúcio de Faria, pela colaboração.

Às companheiras do Laboratório de Ensaios Mecânicos, Ana Paula, Luiza, Tainan e Camila,

pelo apoio e bons momentos.

Ao Thiago L. Carvalho, pelo companheirismo, incentivo, pela confiança e paciência.

À Escola de Música & Casa de Arte Samba Preto e aos seus professores, especialmente ao

Lucas Torres.

À Val Santos, Aline Bento e companheiras do Espaço Xuá.

A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a execução deste trabalho.

Obrigada!

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... viii

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. xi

LISTA DE NOTAÇÕES E SIGLAS..................................................................................... xii

RESUMO ................................................................................................................................ xv

ABSTRACT ........................................................................................................................... xvi

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 2

2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................ 2

2.2. Objetivos Específicos ................................................................................................. 2

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 3

3.1. Aços para Trilhos Ferroviários ................................................................................. 3

3.2. Tensões Atuantes nos Trilhos.................................................................................... 4

3.3. Defeitos em Trilhos .................................................................................................... 7

3.4. Fadiga em Trilhos Ferroviários ................................................................................ 9

3.5. Mecânica de Fratura Aplicada à Fadiga ................................................................ 12

3.5.1. Efeito da razão R entre tensões de carregamento.............................................17

3.5.2. Efeito de sobrecargas...........................................................................................20

4. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................... 26

4.1. Materiais ................................................................................................................... 26

4.2. Metodologia .............................................................................................................. 30

4.2.1. Ensaios de crescimento de trinca por fadiga com R = 0,1 e 0,7 ...................... 30

4.2.2. Modelamento matemático das curvas da/dN x ∆K .......................................... 32

4.2.3. Ensaios de crescimento de trinca por fadiga com aplicação de sobrecargas . 32

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 34

5.1. Comparação entre Materiais - Ensaios de Crescimento de Trinca com R =0,1 . 34

5.2. Efeito da Razão R entre Tensões ............................................................................ 37

5.3. Modelamento Matemático das Curvas da/dN x ∆K.............................................. 38

5.4. Ensaios de Crescimento de Trinca por Fadiga com Aplicação de Sobrecargas. 39

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6. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 45

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ......................................................... 46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 47

PUBLICAÇÕES DA AUTORA ............................................................................................ 57

ANEXO A - VALORES DOS PARÂMETROS DE AJUSTE DOS MODELAMENTOS

MATEMÁTICOS UTILIZADOS NAS CURVAS DE CRESCIMENTO DE TRINCA

POR FADIGA ......................................................................................................................... 60

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 - Configuração de carregamento em um trilho ......................................................... 5

Figura 3.2 - Representação esquemática de campos de tensões residuais nas diferentes regiões

de um trilho ferroviário. Tensões negativas representam tensões compressivas. ...................... 6

Figura 3. 3 - Representação dos dois primeiros estágios da propagação de trinca por fadiga de

contato em um trilho. ................................................................................................................. 7

Figura 3.4 - Desenho esquemático de dois defeitos transversais em trilhos: (a) detail fracture

e (b) reverse detail fracture. ....................................................................................................... 9

Figura 3.5 - Curvas da/dN x ∆K para dois aços perlíticos de aplicação em trilhos ferroviários;

o aço para trilho ferroviário standard (TFS) possui uma microestrutura mais grosseira em

relação ao aço para trilho ferroviário premium (TFP) .............................................................. 12

Figura 3.6 - Representação esquemática de curvas de crescimento de trinca por fadiga

mostrando o efeito da tensão aplicada ...................................................................................... 13

Figura 3.7 - Representação esquemática de uma curva sigmoidal de crescimento de trinca por

fadiga, com suas regiões típicas ............................................................................................... 14

Figura 3.8 - Representação esquemática do desenvolvimento de um envelope de zona plástica

em torno de uma trinca por fadiga. .......................................................................................... 15

Figura 3.9 - Mecanismos de fechamento de trinca por fadiga. ................................................ 16

Figura 3.10 - Definição de intervalo efetivo de intensidade de tensão ∆Kef ............................ 16

Figura 3.11 - Efeito da razão R no crescimento de trinca por fadiga em um aço perlítico de

aplicação em trilho ferroviário ................................................................................................. 18

Figura 3.12 - O efeito do tamanho de grão austenítico prévio no crescimento de trinca por

fadiga em um aço perlítico com a razão R = 0,05 e 0,7 ........................................................... 19

Figura 3.13 - Valores de ∆KTH para microestruturas completamente perlíticas em função da

razão R ...................................................................................................................................... 19

Figura 3.14 - Retardamento de crescimento de trinca devido à aplicação de uma sobrecarga.21

Figura 3.15 - Ilustração esquemática de crescimento de trinca transiente durante fadiga com

amplitude constante (A) e durante carregamento com amplitude variável envolvendo única

sobrecarga (C) ou sequências de sobrecarga-subcarga (B). Os círculos vazios representam os

tamanhos de trinca onde cada sequência de amplitude variável foi aplicada .......................... 22

Figura 3.16 - Efeito da posição da subcarga no retardamento de trinca por fadiga pós-

sobrecarga. ................................................................................................................................ 22

Figura 3.17 - Efeitos da razão de sobrecarga e do número de ciclos de um bloco de

sobrecargas (NSC) para um aço E36: (a) período de retardamento e (b) zona afetada pela

sobrecarga. ................................................................................................................................ 23

Figura 3.18 - Crescimento de trinca após sobrecarga única ..................................................... 23

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Figura 3.19 - Esquema do campo de tensão residual: (a) antes da sobrecarga, (b)

imediatamente após a sobrecarga, (c) após a sobrecarga ......................................................... 24

Figura 4.1 - Micrografias dos aços (a) AC e (b) AM, MO, 500X, ataque Nital 2% ................ 27

Figura 4.2 - Micrografias dos aços (a) AC e (b) AM, MEV, 10000x, ataque Nital 2% .......... 27

Figura 4.3 - Diagrama TRC para os dois aços AC e AM......................................................... 29

Figura 4.4 - Geometria e dimensões de corpo de prova do tipo SENB usado para ensaios de

crescimento de trinca por fadiga. ............................................................................................. 30

Figura 4.5 - Posição de retirada dos corpos de prova no boleto do trilho para os ensaios de

crescimento de trinca por fadiga. ............................................................................................. 31

Figura 5.1 - Comparação das curvas de crescimento de trinca por fadiga com R = 0,1 para os

dois aços estudados, AC e AM................................................................................................. 34

Figura 5.2 - Razão KCL/Kmax em função de ∆K para os dois aços estudados. ......................... 35

Figura 5.3 - Aço AC (a) linha de medição na imagem via MFA da superfície de fratura e (b)

perfil topográfico correspondente à região cortada pela linha de medição. ............................. 36

Figura 5.4 - Aço AM (a) linha de medição na imagem via MFA da superfície de fratura e (b)

perfil topográfico correspondente à região cortada pela linha de medição. ............................. 36

Figura 5.5 - Superfície de fratura do corpo de prova ensaiado por fadiga para aço AC (a)

região I, (b) região II e (c) região III, MEV, 2000X. ............................................................... 37

Figura 5.6 - Superfície de fratura do corpo de prova ensaiado por fadiga para aço AM (a)

região I, (b) região II e (c) região III, MEV, 2000X. ............................................................... 37

Figura 5.7 - Crescimento de trinca por fadiga, efeito da razão R para os aços AC e AM. ...... 38

Figura 5.8 - Modelamento da curva de crescimento de trinca por fadiga do aço AC para os

dois valores de R. ..................................................................................................................... 39

Figura 5.9 - Modelamento da curva de crescimento de trinca por fadiga do aço AM para os

dois valores de R. ..................................................................................................................... 39

Figura 5.10 - Gráficos (a) tamanho de trinca por fadiga versus número de ciclos e (b) da/dN x

∆K para uma sobrecarga SC = 2,50 aplicada em a = 10mm, para o aço AC........................... 40

Figura 5.11 - Gráficos (a) tamanho de trinca por fadiga versus número de ciclos e (b) da/dN x

∆K para uma sobrecarga SC = 2,50 aplicada em a = 10mm, para o aço AM. ......................... 40

Figura 5. 12 - Comparação do efeito da intensidade de sobrecarga no número de ciclos de

retardamento para os dois aços estudados. ............................................................................... 41

Figura 5.13 - Efeito do tamanho de trinca no número de ciclos de retardamento. .................. 42

Figura 5.14 - Efeito do número de ciclos do bloco de sobrecargas sobre a taxa de crescimento

de trinca para o aço AC. (a) NSC = 1; (b) NSC = 10000; (c) NSC = 20000; (d) Comparação dos

valores de taxa de crescimento de trinca logo após aplicação do bloco de sobrecargas para

cada condição estudada. ........................................................................................................... 43

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Figura 5.15 - Efeito do número de ciclos do bloco de sobrecargas sobre a taxa de crescimento

de trinca para o aço AM. (a) NSC = 1; (b) NSC = 10000; (c) NSC = 20000; (d) Comparação dos

valores de taxa de crescimento de trinca logo após aplicação do bloco de sobrecargas para

cada condição estudada. a = aceleração, r = retardamento. ...................................................... 43

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LISTA DE TABELAS

Tabela IV.1 – Composição química dos aços para trilhos estudados (% em massa) ............... 26

Tabela IV.2 - Características microestruturais dos aços AC e AM ......................................... 27

Tabela IV.3 - Resultados de ensaios de tração, dureza e tenacidade à fratura. ........................ 28

Tabela IV.4 - Modelos para ajuste de curvas de taxa de crescimento de trinca por fadiga. C,

D, m, n, p, q, α: constantes de ajuste; KC: tenacidade à fratura; KTH: limiar de fadiga. .......... 32

Tabela V.1 - Valores de fechamento de trinca KCL e de variação de profundidade ∆x

relacionada à rugosidade da superfície de fratura dos corpos de prova ensaiados com R = 0,1

analisados via MFA. ................................................................................................................. 34

Tabela V. 2 - Valores de ∆KTH para os dois aços estudados considerando R = 0,1 e 0,7. ....... 38

Tabela V.3 - Efeito da intensidade de sobrecarga no números de ciclos de retardamento. ..... 41

Tabela A.1 - Valores dos parâmetros de ajuste dos modelamentos das curvas da/dN x ∆K do

aço AC para os dois valores de R. ............................................................................................ 60

Tabela A.2 - Valores dos parâmetros de ajuste dos modelamentos das curvas da/dN x ∆K do

aço AM para os dois valores de R. ........................................................................................... 60

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LISTA DE NOTAÇÕES E SIGLAS

AC - aço comum

AM - aço microligado com conteúdo significativo de vanádio

ASTM - American Society for Testing Materials

AREMA - American Railway Engineering and Maintenance-of-Way Association

CP - corpo de prova

DEMET - Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais

HB - hardness Brinell - dureza Brinell

IHHA - International Heavy Haul Association

IFMG - Instituto Federal de Minas Gerais

MEV - Microscópio Eletrônico de Varredura

MFA - Microscópio de Força Atômica

MTS - Materials Test System

REDEMAT - Rede Temática em Engenharia de Materiais

SENB - Corpo de prova do tipo Single Edge Notched Bend

TRC - Transformação em Resfriamento Contínuo

TRIP - Transformation Induced Plasticity

UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto

α - constante para a equação de Jones et al.

a* - tamanho da região afetada por um único pico de sobrecarga

a - comprimento da trinca (mm)

A - constante do material para a equação de Barsom; valor crítico aparente de K para a

equação de Jones et al.

B - constante do material para a equação de Barsom

b1 - taxa de crescimento de trinca por fadiga antes da sobrecarga

b2 - taxa de crescimento de trinca por fadiga em estado estacionário após sobrecarga

C - constante do material para as equações de Paris, de Al-Rubaie et al.

d - tamanho de grão austenítico prévio (µm)

D - constante de ajuste para a equação de Jones et al.

da/dN - velocidade de propagação de trinca por fadiga (mm/ciclo)

∆aSC - incremento de crescimento de trinca afetado pela sobrecarga

∆K - amplitude de intensidade de tensão (MPa. √m)

∆K0 - valor do limiar threshold para R = 0 (MPa. √m)

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∆Kef - intervalo efetivo de intensidade de tensão (MPa. √m)

∆KTH - limiar de propagação de trinca por fadiga (MPa. √m)

∆x - variação de profundidade relacionada à rugosidade da superfície de fratura (nm)

- deformação (%)

γ - constante do material para a equação de Klesnil e Lukas

KIC - tenacidade à fratura do material (MPa. √m)

K - fator de intensidade de tensão (MPa.√m)

KC - fator de intensidade de tensão crítico (MPa. √m)

KCL - fator de intensidade de tensão de fechamento de trinca (MPa. √m)

Kmin - fator de intensidade de tensão mínimo (MPa. √m)

Kmáx - fator de intensidade de tensão máximo (MPa. √m)

Kop - fator de intensidade de tensão para o qual a trinca se abre (MPa. √m)

KSC - fator de intensidade de tensão da sobrecarga (MPa. √m)

λ - espaçamento interlamelar da perlita (µm)

m - constante do material para as equações de Paris, Al-Rubaie et al.

nsc - número de ciclo onde a sobrecarga foi aplicada

N - número de ciclos de fadiga

N* - número de ciclos de fadiga requerido para propagar a trinca através da região afetada

pela sobrecarga

Nd - número de ciclos de retardamento onde não houve crescimento efetivo de trinca por

fadiga

NSC - número de ciclos em um bloco de sobrecargas

p - tamanho de colônia de perlita (μm)

p - constante de ajuste para a equação de Al-Rubaie et al.

P0 - carga aplicada na sobrecarga (kN)

Pmax - carga máxima de carregamento com amplitude constante (kN)

Pmin - carga mínima de carregamento com amplitude constante (kN)

PSC - carga aplicada na sobrecarga (kN)

q - constante de ajuste para a equação de Al-Rubaie et al.

R - razão entre tensões

RA - redução de área (%)

Reff - razão entre tensões efetiva

RSC - razão de sobrecarga (= Psc/Pmax = Ksc/Kmax)

SC - sobrecarga

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LE - tensão limite de escoamento (MPa)

LR - tensão limite de resistência (MPa)

σmáx - tensão máxima aplicada (MPa)

σmín - tensão mínima aplicada (MPa)

σsc - tensão de sobrecarga (MPa)

U - relação de fatores de intensidade de tensão

W - largura do corpo de prova (mm)

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RESUMO

Este trabalho estudou os efeitos de algumas variáveis relacionadas à história de carregamento

na resistência ao crescimento de trinca por fadiga de dois aços perlíticos utilizados em

ferrovias brasileiras; um aço comum e um aço microligado ao V. O comportamento dos aços

foi avaliado utilizando-se a metodologia da Mecânica de Fratura, por meio de ensaios de

crescimento de trinca por fadiga (da/dN x ∆K). Os ensaios de fadiga foram realizados com a

razão R = 0,1 e 0,7 aplicando dois modelos empíricos recentes, propostos por Al-Rubaie et al.

(2008) e Jones et al. (2012) para previsão das curvas sigmoidais. Sobrecargas de tração foram

aplicadas na ciclagem original sendo: uma sobrecarga em função do tamanho de trinca, dois

valores distintos de sobrecarga para um tamanho de trinca fixo, e blocos compostos por

diferentes números de ciclos de sobrecarga para um tamanho de trinca fixo. As superfícies de

fratura das amostras ensaiadas foram analisadas por microscopia eletrônica de varredura para

verificar o mecanismo de fratura nas três regiões de crescimento de trinca por fadiga. As

superfícies de fratura também foram analisadas por microscopia de força atômica para

confirmar a presença do mecanismo de fechamento de trinca induzido por rugosidade. Ambos

os aços apresentaram sensibilidade à razão R entre tensões de carregamento em fadiga. Os

dois modelos empíricos foram satisfatórios no tratamento dos dados experimentais, embora o

modelo de Jones et al. seja mais simples de ser manipulado. Os aços estudados também

apresentaram sensibilidade às sobrecargas de fadiga, o que pode representar um efeito

positivo relacionado ao retardamento do crescimento de trinca com aumento de sobrecargas,

mas também um efeito negativo, pois aumentando o tamanho de trinca onde a sobrecarga é

aplicada e aumentando o número de ciclos de um bloco de sobrecargas, a intensidade do

efeito de retardamento diminui ou desaparece. Esses resultados de fadiga são importantes para

prever o comportamento real dos aços usados no setor ferroviário e para realizar um controle

adequado de manutenção, evitando uma falha prematura e um consequente acidente

catastrófico. Além disso, este estudo mostrou um melhor comportamento do aço comum,

indicando que uma combinação adequada de uma composição química simples e um

processamento termomecânico apropriado pode fornecer um aço que atenda as especificações

padronizadas para aplicação em trilhos ferroviários sem a necessidade de adições de

elementos microligantes que podem tornar o produto final mais caro.

Palavras-chave: Aços para trilhos, Composição química, Crescimento de trinca por fadiga,

Razão R, Sobrecargas.

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ABSTRACT

This work studied the effect of some variables related to the load history effects on the fatigue

crack growth resistance of two pearlitic steels used in Brazilian railroads; a common C-Mn-Si

steel and a V-microalloyed steel. Their behavior was evaluated using the Fracture Mechanics

methodology by fatigue crack propagation tests (da/dN x ∆K). The fatigue tests were

performed with R-ratio 0.1 and 0.7 applying two recent empirical models proposed by Al-

Rubaie et al. (2008) and Jones et al. (2012) to predict the sigmoidal curves. Tensile overloads

were applied in the original cycling being: one overload in function of crack size, two distinct

overload values for a fixed crack size, and overload blocks with different number of cycles for

a fixed crack size. The fracture surfaces of specimens tested were analyzed by scanning

electron microscopy to verify the fracture mechanism in the three regions of fatigue crack

growth. The fracture surfaces of specimens tested at R = 0.1 were also analyzed by atomic

force microscopy to confirm the presence of roughness-induced crack closure mechanism.

Both steels presented a dependence to fatigue R-ratio. The two empirical models were

satisfactory aiming to fit the experimental data, although the equation of Jones et al. is

simpler to be manipulated. The studied steels also had a dependence to fatigue overloads that

can represent a positive effect related to crack growth retardation with increasing fatigue

overloads, but also a negative effect, because increasing the crack size for which the overload

is applied and increasing the number of cycles applied during the block overload, the intensity

of retardation effect decreases and even disappears. These fatigue results are important to

predict the actual behavior of steels used in the railway sector and to perform a proper

maintenance control, avoiding a premature failure and a consequent catastrophic accident.

Furthermore, this study showed a better behavior of the common steel, indicating that an

appropriate range of simple chemical composition and an adequate thermomechanical

processing can provide a steel in accordance to standardized specifications for railroad

application without the need of microalloying element additions that could make the final

product more expensive.

Keywords: Railroad Steels, Chemical composition, Fatigue crack growth, R-ratio, Overloads.

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil, por ser um país continental, utiliza uma extensa malha ferroviária, que atravessa

regiões com significativa variação de relevo e clima. O aumento contínuo das cargas por eixo,

da frequência dos trens e da velocidade do tráfego causam um aumento correspondente de

tensões e desgastes nas ferrovias ao longo do tempo, o que pode levar à nucleação,

crescimento de trincas e deterioração estrutural dos trilhos. Além disso, por não produzir

trilhos atualmente, devido às limitações do mercado econômico, o Brasil os importa de

diferentes países e, às vezes, o setor ferroviário lida com aços que não possuem um rigoroso

controle de qualidade. Desta forma, é necessário realizar uma rigorosa caracterização

microestrutural e mecânica dos materiais utilizados nas ferrovias para garantir melhor

desempenho e evitar falhas catastróficas com potenciais perdas materiais e de vidas humanas.

Diversos estudos sobre o comportamento mecânico de trilhos afirmam que a propagação de

trincas por fadiga envolvendo controle de tensão e/ou deformação é uma das principais causas

de falhas que limitam a vida útil de um trilho. Mais especificamente, a nucleação da trinca por

fadiga no boleto, crescendo através da alma e do patim, bem como trincas de juntas soldadas

ou do contato rodas/trilho, são os modos mais comuns de falhas. A faixa de tensões imposta

aos trilhos geralmente não é constante, por isso há a necessidade de caracterizar o

desempenho do material como uma função da razão R entre tensões de carregamento e do

comportamento frente às sobrecargas.

O presente trabalho consistiu em uma continuação dos trabalhos de Moreira (2015) e Viana

(2015). Avaliou-se o desempenho em fadiga de dois aços para trilhos com diferentes

composições químicas e características microestruturais, com foco no boleto. Os efeitos da

razão R e de sobrecargas foram considerados em ensaios de crescimento de trinca por fadiga,

objetivando a reprodução em laboratório de algumas situações de carregamento próximas à

realidade. A ideia geral do estudo foi verificar a necessidade de usar aços microligados para

aplicações ferroviárias ou se aços mais simples poderiam atender às especificações requeridas

para esta aplicação.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Avaliar o efeito de algumas variáveis relacionadas à história de carregamento na resistência

ao crescimento de trinca por fadiga de dois aços perlíticos, com diferentes composições

químicas e características microestruturais, aplicados em trilhos ferroviários.

2.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do trabalho consistiram em:

- realização de ensaios de propagação de trinca por fadiga (da/dN x ΔK) utilizando-se a razão

entre tensões de carregamento R = 0,1 e 0,7 e comparação dos resultados obtidos;

- aplicação de dois modelos empíricos para previsão da resistência ao crescimento de trinca

por fadiga em função da razão R;

- realização de ensaios de propagação de trinca por fadiga (da/dN x ΔK) utilizando-se

diferentes histórias de carregamento, incluindo sobrecargas em função do tamanho de trinca

em que foram aplicadas, valores distintos de sobrecargas para um tamanho de trinca fixo e

blocos de sobrecargas;

- caracterização fractográfica, via microscópios eletrônico de varredura e de força atômica,

dos corpos de prova ensaiados.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Aços para Trilhos Ferroviários

Para exercer a sua função de superfície de rolamento e suporte das cargas transportadas pelas

locomotivas, é necessário que o trilho tenha alta dureza e resistência ao desgaste, elevados

limites de escoamento e de resistência por tração, combinados com boa ductilidade e

tenacidade à fratura, alta resistência à fadiga, baixa susceptibilidade à fragilização por

hidrogênio (SILVA, 1995; BRINA, 1988). Boa parte destas propriedades é antagônica, fazendo

com que, para obter um melhor equilíbrio entre as propriedades exigidas nos trilhos, seja

necessária uma adequação da escolha da composição química e do processamento do

material. A experiência ferroviária tem demonstrado que esse equilíbrio pode ser obtido em

aços de alto teor de carbono, entre 0,6% e 0,9%, e teores relativamente altos de manganês,

silício e cromo, laminados à quente e convenientemente resfriados após a laminação (SILVA,

1995; ROLDO, 1998).

Os aços com microestrutura predominantemente perlítica têm sido largamente empregados

em componentes ferroviários devido às suas características mecânicas superiores. Novos

materiais não têm sido amplamente utilizados na fabricação de trilhos em razão da natureza

muito conservadora da indústria ferroviária e do desempenho aceitável dos aços perlíticos,

bem como dos procedimentos de gerenciamento adequados (MARICH, 2005 apud

MOREIRA, 2015). A perlita fina, com pequeno espaçamento interlamelar, assegura uma

maior resistência ao desgaste do trilho, aumentando a sua vida útil e permitindo maiores

cargas e intensidade de tráfego (LEAL e FIGUEIREDO, 2006). Um menor espaçamento

interlamelar é também benéfico no que diz respeito à ductilidade total, uma vez que as

lamelas finas de cementita podem fletir ou deformar, ao passo que lamelas mais grosseiras de

cementita trincam e iniciam a fratura (SILVA, 1995). Alguns estudos têm abordado o uso de

aços bainíticos para aplicação envolvendo cargas pesadas (CLAYTON, 1996; CLAYTON e

SU, 1996; YOKOYAMA et al., 2002). Esses aços têm alguns benefícios significativos sobre

os aços perlíticos existentes aplicados em trilhos. A resistência mecânica dos aços bainíticos

deriva de sua estrutura ultrafina com elevada densidade de discordâncias, que não são

prejudiciais ao material, mas conferem alta resistência (SAWLEY e SUN, 1997). Por outro

lado, os aços perlíticos obtêm sua resistência mecânica do refinamento da perlita. No entanto,

há um limite na produção de grãos muito finos durante os processos de fabricação e de

tratamentos térmicos pós-produção (AGLAN et al., 2004).

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Existe uma classificação para trilhos segundo a AREMA (2013), onde eles podem ser

classificados como comuns, também chamados de standard, ou premium, que podem ser

trilhos fabricados com aço ligado e/ou trilhos tratados termicamente. Nos aços ligados, são

adicionados determinados elementos com a finalidade de alterar as transformações

microestruturais no resfriamento após a laminação à quente e produzir uma perlita mais

refinada. Nos trilhos tratados termicamente há um endurecimento na superfície do boleto, o

que aumenta a resistência ao desgaste (MOREIRA, 2015). As ferrovias participantes da

International Heavy Haul Association (IHHA) adotaram a seguinte classificação para trilhos

(MARICH, 2005 apud MOREIRA, 2015):

Trilhos super premium: são tratados termicamente e fabricados com ligas especiais, com

dureza Brinell superficial superior a 388 HB;

Trilhos premium: são tratados termicamente e/ou fabricados com ligas especiais, com

dureza Brinell superficial entre 341 e 388 HB;

Trilhos standard apresentam dureza Brinell superficial entre 300 a 340 HB.

A principal intenção ao modificar a composição química e realizar tratamento térmico nos

trilhos ferroviários é alterar a sua microestrutura de modo a se obter um material mais

adequado às solicitações da ferrovia, principalmente em termos de resistência à fadiga e de

aumento da tenacidade à fratura do material (MOREIRA, 2015). Os chamados trilhos

premium, com cromo, molibdênio, vanádio ou silício extra, são usados em certas aplicações

especiais, como trechos com alta curvatura, sendo projetados para maior dureza e menor taxa

de desgaste (ORRINGER et al, 1984). Já os trilhos standard são geralmente usados em

trechos retilíneos ou com um máximo de 2º a 3º de curvatura (LEE e POLYCARPOU, 2005).

3.2. Tensões Atuantes nos Trilhos

Os trilhos ferroviários estão submetidos a altos níveis de tensão decorrentes tanto dos

processos de fabricação e assentamento da via, quanto da pressão cíclica de contato com as

rodas, dos esforços de flexão e dos efeitos da temperatura que, quando combinados, podem

agravar o nível de tensões principalmente na região do boleto, levando o componente ao

colapso (ROLDO, 1998).

Os esforços atuantes nos trilhos podem ser classificados em verticais, longitudinais e

transversais. Os verticais compreendem a carga devida ao peso sobre as rodas e os

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movimentos de trepidação. Dentre os esforços longitudinais há a restrição da dilatação

térmica dos trilhos, os esforços devido à flexão, o atrito entre a roda e o trilho e a frenagem. Já

os esforços transversais envolvem as forças centrífugas que ocorrem nas curvas (MOREIRA,

2015). Uma representação da atuação desses esforços pode ser observada na Figura 3.1.

Figura 3.1 - Configuração de carregamento em um trilho. Adaptado de Zerbst et al. (2009a).

As tensões causadas por estes esforços podem ser divididas em tensões térmicas, tensões

residuais, tensões do carregamento axial e tensões de contato entre roda e trilho.

Os carregamentos axiais geram tensões de flexão e de cisalhamento nos trilhos, as quais

podem ser significativamente aumentadas por efeitos dinâmicos, irregularidades na geometria

dos trilhos, bem como na geometria das rodas, e também por irregularidades estruturais da via

(ZERBST et al., 2005; 2009a).

As tensões térmicas nos trilhos são desenvolvidas devido à diferença entre a temperatura de

serviço e a temperatura neutra do trilho, sendo esta última a temperatura na qual a via foi

instalada e para a qual a força longitudinal atuante no trilho é zero. Para temperaturas de

serviço maiores que a temperatura neutra, tensões compressivas são criadas, podendo causar a

flambagem do trilho e ocasionar o descarrilamento do trem. Em temperaturas abaixo da

temperatura neutra, surgem tensões térmicas trativas que atuam como componentes adicionais

de carga estática juntamente com as cargas transmitidas pelas rodas e as tensões residuais

(ZERBST et al., 2009b). Em locais onde ocorrem variações consideráveis de temperatura, a

mudança das tensões térmicas atuantes, ora compressivas, ora trativas, operam como um

carregamento cíclico, causando a fadiga do material.

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Tensões residuais são tensões que existem no trilho mesmo quando este não está submetido a

um carregamento externo. Estas tensões são introduzidas durante os processos de fabricação,

laminação e tratamentos térmicos (JEONG, 2001; CANNON et al., 2003; ZERBST et al.,

2009b). O campo de tensões residuais geralmente presente nos trilhos é caracterizado por

tensões axiais trativas no boleto e no centro do patim e por tensões residuais compressivas na

alma e nas extremidades do patim (ZERBST et al., 2009a; 2009b), conforme ilustrado na

Figura 3.2.

Figura 3.2 - Representação esquemática de campos de tensões residuais nas diferentes regiões de um trilho

ferroviário. Tensões negativas representam tensões compressivas. Adaptado de Zerbst et al. (2009b).

O estado de tensão residual na superfície do boleto e a alguns milímetros abaixo dela é

modificado em serviço por deformações plásticas que ocorrem na zona de contato roda-trilho.

Com isso, o pico das tensões residuais de tração tende a ser deslocado para o centro do boleto,

onde elas podem contribuir para a iniciação e crescimento de defeitos, ao passo que a área de

contato é submetida a tensões residuais de compressão (CANNON et al., 2003; ZERBST et

al., 2009a).

Segundo Zerbst et al. (2009a), as tensões de contato entre roda e trilho são extremamente

elevadas, sendo elas que controlam quase que exclusivamente o processo de falhas precoces

na superfície de rolamento, incluindo a nucleação e crescimento de trinca (fadiga de contato

de rolamento). Estas tensões são causadas pelas cargas axiais dinâmicas e também por forças

na área de contato roda-trilho, devidas à tração, frenagem ou mudança de direção, e

decrescem rapidamente na direção boleto/alma.

Este estado de carregamento complexo tem grandes consequências na nucleação e

crescimento de potenciais trincas de fadiga. Uma vez que a trinca por fadiga foi nucleada, o

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seu crescimento pode ser dividido em dois estágios, conforme ilustra a Figura 3.3.

Figura 3. 3 - Representação dos dois primeiros estágios da propagação de trinca por fadiga de contato em um

trilho. Adaptado de Zerbst et al. (2009a).

No primeiro estágio a trinca cresce em um ângulo raso de 10° a 40° com o plano de

rolamento. A propagação é predominantemente controlada pelo campo de tensão de contato.

Após atingir certo comprimento e certa profundidade, a trinca muda sua direção de

propagação, ou para cima em direção à superfície do trilho, ou para baixo em direção à alma

do trilho. No primeiro caso, a consequência é a fratura do boleto, e no segundo, o crescimento

transversal da trinca até a fratura do trilho. No segundo estágio, o ângulo de propagação da

trinca com a superfície de rolamento é de 60º a 80º ou mais para vias que operam em uma

única direção, sendo a propagação da trinca controlada pelo acúmulo de tensões

(ZERBST et al., 2009a).

3.3. Defeitos em Trilhos

Existem vários tipos de defeitos, internos e externos, que podem ocorrer em trilhos

ferroviários, podendo ter como causa descontinuidades na estrutura interna, provenientes do

processo de fabricação e/ou devido a esforços combinados impostos pelas condições de

tráfego da via (LIMBERGER, 2000). Uma mínima descontinuidade desenvolvida em serviço

pode originar trincas que irão se propagar, levando o trilho ao colapso (QUADROS, 2009).

Dentre os tipos de defeitos mais perigosos e importantes, estão os causados por fadiga, os

quais têm seu ponto de nucleação geralmente no interior do boleto, em uma região acima do

centro, sendo um pouco deslocado para a parte interna do boleto, em direção à extremidade

superior onde há o contato com a roda (LIMBERGER, 2000).

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Segundo Limberger (2000), os defeitos gerados por fadiga surgem após vários ciclos de

carregamento, caracterizados por elevado número de toneladas trafegadas, e possuem uma

superfície lisa na fratura, tendo o seu ponto de nucleação na região subsuperficial. Dentre os

defeitos de fadiga com maior incidência e importância estão os defeitos transversais.

Segundo Schneider (2005), defeito transversal é qualquer defeito interno que, ao progredir,

pode provocar uma fratura transversal do trilho, podendo ser trinca transversal, trinca

composta e trinca transversal reversa. Apesar de ser frequente e extremamente perigoso, pois

geralmente o trilho fratura com a passagem do trem, é de fácil detecção pelo processo de

inspeção por ultrassom. O grau de perigo que esse defeito representa é avaliado em função do

percentual da área de seção transversal “enfraquecida” pelo defeito.

As trincas transversais podem ser originadas durante o processo de fabricação do trilho,

desenvolvendo-se no interior do boleto a partir de microtrincas de solidificação ou inclusões e

progredindo transversalmente no sentido do patim. Podem também ter origem a partir da

separação longitudinal próxima da superfície de rolamento e, após iniciarem junto a outros

defeitos, giram, mudando a direção de propagação e progredindo transversalmente no sentido

do patim até formar uma substancial separação transversal em ângulo reto com a superfície de

rolamento. Estas últimas são denominadas detail fracture ou detail cracks (SCHNEIDER,

2005; ZERBST et al., 2009a) e estão ilustradas na Figura 3.4a. Particular atenção tem sido

dada a este tipo de defeito por ser o defeito de fadiga mecânica mais comumente encontrado

em linhas soldadas continuamente.

A trinca composta se inicia com uma separação horizontal e depois muda para a direção

vertical, formando uma fratura em dois planos, sendo que um deles atinge a superfície de

rolamento e o outro desce em direção ao patim (SCHNEIDER, 2005).

Outro tipo de defeito transversal, chamado reverse detail fracture, ocorre no canto inferior do

boleto, geralmente em um entalhe na borda inferior de deformação ou próximo a ela,

conforme apresenta a Figura 3.4b.

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Figura 3.4 - Desenho esquemático de dois defeitos transversais em trilhos: (a) detail fracture e (b) reverse detail

fracture. Adaptado de Zerbst et al. (2009a).

3.4. Fadiga em Trilhos Ferroviários

Um metal submetido a uma tensão repetida ou flutuante romperá a uma tensão inferior àquela

necessária para ocasionar fratura devido à aplicação de uma carga estática. As falhas

mecânicas decorrentes destas condições de carregamento dinâmico são chamadas falhas por

fadiga, as quais são particularmente perigosas, pois acontecem sem que haja qualquer aviso

prévio.

A fadiga é o mecanismo mais importante de crescimento de trinca em situações onde há

carregamento cíclico (BROEK, 1988). Trincas de fadiga em trilhos podem se iniciar no

boleto, na alma ou no patim. O seu crescimento pode causar fragmentação do material e

aumento da carga dinâmica para a via e para o material rolante. Se não forem detectadas no

devido tempo, as trincas por fadiga podem também causar a fratura do trilho, ocasionando o

descarrilamento (ZERBST et al., 2009b). A fadiga dá origem a uma fratura de aspecto plano,

sem a existência de deformação macroscópica. A superfície da fratura apresenta duas regiões

distintas, sendo uma lisa, decorrente da fricção entre as superfícies durante o crescimento da

trinca, e uma região final rugosa, na qual houve o crescimento instável da trinca quando a

seção transversal do material não foi mais capaz de suportar a carga aplicada.

Existem dois principais tipos de fadiga que atuam nos trilhos ferroviários em serviço: fadiga

de contato, também chamada de rolling contact fatigue, responsável pela nucleação de trincas

na superfície do boleto e seu crescimento devido ao repetido contato entre roda e trilho e,

consequentemente, as tensões causadas por essa interação, e a fadiga mecânica, responsável

pela nucleação de trincas internas que se propagam durante o carregamento cíclico causado

pela passagem dos trens (SCHNEIDER, 2005).

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Há três fatores básicos necessários para causar uma falha por fadiga: uma tensão de tração

máxima suficientemente alta, uma variação ou flutuação na tensão aplicada suficientemente

grande e um número de ciclos de aplicação da tensão também suficientemente grande. Além

destes fatores, existem outras diversas variáveis, tais como concentração de tensão, tensões

residuais, tensões combinadas, corrosão, temperatura, microestrutura e sobrecarga, que

tendem a alterar as condições de ocorrência da fadiga.

As tensões de contato desempenham um papel significativo na análise de formação de

defeitos, mas não são consideráveis na análise de crescimento destes uma vez que os detail

fractures estão localizados a uma profundidade suficientemente abaixo da superfície de

rolamento onde as tensões de contato não exercem grande influência. As tensões de contato

são tensões estáticas, porém podem assumir caráter cíclico devido a passagem das rodas sobre

o trilho, propiciando assim condições para que ocorra a nucleação e o crescimento de trincas

por fadiga de contato (LIMBERGER, 2000; JEONG, 2001).

Um aumento significativo da velocidade dos trens pode alterar de forma importante as tensões

de cisalhamento nos trilhos. Quanto maior a velocidade, menor é a área de contato roda-trilho,

o que ocasiona uma má distribuição da carga e uma maior tensão de contato. Irregularidades

na roda ou no trilho causam movimentos dinâmicos dos carros, criando uma variação na

magnitude de carregamento da roda no trilho à medida que o trem movimenta-se pela via

(SCHNEIDER, 2005).

A composição química do aço tem forte influência sobre as propriedades metalúrgicas e

físicas, afetando o desempenho e vida útil por fadiga de um trilho. O teor de hidrogênio deve

ser reduzido ao mínimo, pois moléculas de H2, em maiores proporções, podem causar

microtrincas com potencial risco de nucleação de trincas transversais (SCHNEIDER, 2005).

Manganês e silício contribuem para o endurecimento por solução sólida da ferrita presente na

perlita, aumentando assim a resistência mecânica e a resistência ao desgaste, sendo que o Mn

traz ainda o benefício extra de melhorar a tenacidade à fratura (SILVA, 1995). O cromo é útil

no refino da microestrutura perlítica, aumentando a resistência mecânica e a dureza do trilho

(STOCK e PIPAN, 2011; WANG et al., 2013). Elementos residuais como o fósforo e o

enxofre, presentes no aço, devem ser mantidos em níveis muito baixos. O fósforo confere

fragilidade ao aço, diminuindo a sua tenacidade à fratura, enquanto o enxofre aparece

formando inclusões de sulfeto de manganês, que diminuem a tenacidade à fratura e resistência

à fadiga (LIMBERGER, 2000).

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Os aspectos microestruturais, como espaçamento interlamelar, tamanho de grão e tamanho de

colônia perlítica, também influenciam nas características de crescimento de trincas por fadiga,

bem como em várias outras propriedades do material. Nos aços utilizados em trilhos,

tratando-se de aços perlíticos, o espaçamento interlamelar e a disposição da microestrutura em

colônias perlíticas influenciam mais diretamente nas propriedades mecânicas do mesmo

(SILVA, 1995). Sabe-se que a microestrutura afeta tanto a iniciação quanto o crescimento de

trincas por fadiga, porém as condições microestruturais que favorecem a resistência à

nucleação de trincas não são necessariamente benéficas, sendo em alguns casos até deletérias,

à resistência ao crescimento de trinca por fadiga. Em seu trabalho, Gray et al. (1985), por

meio da variação independente do tamanho de grão austenítico, do tamanho de colônia

perlítica e do espaçamento interlamelar, identificaram este último como sendo o parâmetro

que possui o maior efeito na nucleação de trincas por fadiga. Um material com um menor

espaçamento interlamelar possui maior resistência à nucleação de trincas, ou seja, é

necessário um número maior de ciclos para nuclear uma trinca por fadiga (GOMES et al.,

1997). Segundo Gray et al. (1985), durante a deformação plástica cíclica, as discordâncias

criadas podem emergir na superfície do material ou se empilhar contra obstáculos da

microestrutura. A formação de empilhamentos de discordâncias pode causar a formação de

bandas de deslizamento, trincamento de inclusões ou decoesão na interface matriz/segunda

fase, dependendo da distância do escorregamento das discordâncias. Sendo assim, menores

distâncias de deslizamento livre, com reduções correspondentes na magnitude da deformação

plástica local, reduzem a facilidade de nucleação de trincas, resultando no aumento da

resistência à fadiga. Além disto, refinar o espaçamento interlamelar diminui a tensão local

causada pelo empilhamento, reduzindo assim a tensão que poderia causar a falha da lamela de

cementita e, consequentemente, a nucleação de uma trinca.

O aumento da resistência mecânica (endurecimento) da superfície de peças metálicas

geralmente amplia a sua vida em fadiga, uma vez que falhas por fadiga podem se originar em

irregularidades da superfície (REED-HILL, 1973). Porém, em algumas situações, o

endurecimento superficial de um trilho, seja por tratamento térmico no boleto ou pelo

encruamento causado pelo contato roda-trilho, pode reduzir a vida em fadiga. Isso ocorre

quando a profundidade atingida pelo endurecimento é pequena e o ponto onde ocorre a tensão

máxima de cisalhamento situa-se abaixo dessa região, onde a dureza e o limite de escoamento

não são tão altos (SCHNEIDER, 2005).

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Na Figura 3.5 é possível observar que um aço para trilho ferroviário standard (TFS), que

possui maior tamanho de colônia perlítica e maior espaçamento interlamelar, apresenta maior

resistência ao crescimento de trinca por fadiga. Este fato pode ser explicado pelo fechamento

de trinca induzido por rugosidade, uma vez que a interação da frente de trinca com os

obstáculos de uma microestrutura mais grosseira gera deflexões de trinca mais acentuadas,

implicando em uma trinca com superfícies mais irregulares. Além disto, o rápido

endurecimento por deformação da perlita fina pode também ser responsável pela sua menor

resistência à fadiga, uma vez que uma menor taxa de endurecimento cíclico da perlita grossa

permitiria maior reversibilidade do deslizamento e retardaria o avanço da trinca.

Figura 3.5 - Curvas da/dN x ∆K para dois aços perlíticos de aplicação em trilhos ferroviários; o aço para trilho

ferroviário standard (TFS) possui uma microestrutura mais grosseira em relação ao aço para trilho ferroviário

premium (TFP) (MOREIRA, 2015).

3.5. Mecânica de Fratura Aplicada à Fadiga

A tendência da indústria ferroviária tem sido aumentar a densidade de tráfego e cargas por

eixo. Com isso, as pesquisas sobre integridade dos trilhos reconhecem e abordam a

necessidade de rever e atualizar estratégias de inspeção com base na Mecânica de Fratura

(JEONG, 2001). A Mecânica de Fratura tem como objetivo dar respostas quantitativas para

problemas específicos relacionados com a presença de trincas em componentes sujeitos a

tensões. As trincas podem crescer com o tempo por várias causas, fazendo com que a

resistência dos componentes decresça, chegando a um ponto em que não suporte mais a

tensão aplicada e venha a ocorrer a fratura do componente em serviço (LIMBERGER, 2000).

A taxa de crescimento desse defeito, antes que ele alcance um tamanho instável, também

chamado de tamanho crítico, determina então a frequência adequada de inspeções da estrutura

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para reduzir o risco de falha dos trilhos. Materiais que possuem maior resistência ao

crescimento de trinca por fadiga admitem maiores intervalos entre as inspeções

(GODEFROID, 1995).

A avaliação da taxa de crescimento de trinca é proposta na Norma ASTM E647 (2015).

Corpos de prova pré-trincados por fadiga são ciclados em torno de uma tensão média e de

acordo com uma razão R entre as tensões de carregamento (σmin/σmáx), e o comprimento da

trinca é monitorado durante o ensaio, gerando então um gráfico de comprimento de trinca a

versus número de ciclos de fadiga N, esquematizado na Figura 3.6 (GODEFROID, 1995).

Figura 3.6 - Representação esquemática de curvas de crescimento de trinca por fadiga mostrando o efeito da

tensão aplicada (GODEFROID, 1995).

A partir de um gráfico do tipo apresentado na Figura 3.6 e aplicando-se a Mecânica de Fratura

Elástica Linear, é possível obter um gráfico relacionando a taxa de crescimento de trinca

(da/dN) com a amplitude de intensidades de tensões, ∆K (= Kmáx - Kmin). A relação da/dN x

∆K é apresentada em um gráfico com escalas logarítmicas, e fornece uma curva sigmoidal

conforme a Figura 3.7.

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Figura 3.7 - Representação esquemática de uma curva sigmoidal de crescimento de trinca por fadiga, com suas

regiões típicas. Adaptado de Godefroid (1995).

O processo de crescimento de trinca por fadiga é dividido em três regiões. Na região I, a taxa

de crescimento de trinca torna-se cada vez menor com o decréscimo de ∆K até atingir a região

do limiar ∆KTH (threshold), abaixo do qual as trincas não crescem. As condições de

carregamento, o ambiente e a microestrutura exercem forte influência sobre o limiar

threshold. A região II, onde a microestrutura e as condições de carregamento não são tão

importantes, é normalmente caracterizada pela Equação de Paris, em uma relação linear entre

log(da/dN) e log(∆K), definida na Equação 3.1, onde C e m são constantes características do

material.

(3.1)

Na região III ocorre o estágio final do crescimento de trinca, quando Kmáx se aproxima de Kc

(tenacidade à fratura para uma dada espessura) do material. Esta região sofre grande

influência da microestrutura e das condições de carregamento (GODEFROID, 1995).

Além do modelo de Paris, que se ajusta apenas à região II da curva de crescimento de trinca,

vários outros modelos matemáticos para previsão da curva sigmoidal da/dN x ∆K têm sido

desenvolvidos e aprimorados. Os modelos desenvolvidos por Al-Rubaie et al. (2008) e

Jones et al. (2012) são exemplos de modelos utilizados para o ajuste das três regiões da curva

de crescimento de trinca, assim como os modelos de Collipriest et al. (1973),

Forman et al. (1967) e Hartman e Schijve (1970) A razão para a criação de modelos é

vincular as ideias teóricas aos dados observados para possibilitar uma previsão adequada em

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observações futuras. O modelamento dos dados de taxa de crescimento de trinca por fadiga

tem aumentado a capacidade de criação de filosofias de projetos de tolerância de danos.

A Figura 3.8 ilustra uma trinca por fadiga, gerada sob amplitude de carregamento constante,

em três momentos durante seu crescimento. A Figura 3.8a exibe a ponta da trinca circundada

por uma zona plástica, como é representada normalmente. Na Figura 3.8b, a trinca, com um

comprimento um pouco maior, é circundada por uma zona plástica maior, pois a intensidade

de tensão é mais alta (a zona plástica da Figura 3.8a foi conservada para mostrar que o

material foi submetido previamente à deformações plásticas). A Figura 3.8c representa a

trinca rodeada por um cone evolvendo todas as áreas que durante o crescimento da trinca

foram submetidas a deformações plásticas. Como resultado da restrição do material elástico

circundante na região deformada plasticamente, pode ocorrer algum contato entre as

superfícies opostas da trinca. Este fenômeno é denominado fechamento de trinca e foi

proposto por Elber em 1970 (ELBER, 1971; ORRINGER et al., 1988; GODEFROID, 1995).

Figura 3.8 - Representação esquemática do desenvolvimento de um envelope de zona plástica em torno de uma

trinca por fadiga. Adaptado de Elber (1971).

Suresh e Ritchie (1984) identificaram mais quatro mecanismos distintos para o fechamento de

trinca além do fechamento induzido por plasticidade. Eles estão apresentados na Figura 3.9.

O fechamento de trinca induzido por rugosidade é influenciado pela microestrutura, sendo os

materiais com tamanho de grão grosseiro produtores de alto nível de rugosidade superficial

em fadiga, com valores correspondentes de fechamento de trinca elevados. Deflexões de

trinca devido a heterogeneidades microestruturais influenciam na propagação em condições

de modo misto. Quando o caminho da trinca se desvia do plano de simetria do modo I, a

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trinca fica submetida a deslocamentos no modo II, causando desalinhamento entre as

superfícies da trinca e resultando em uma carga positiva de fechamento de trinca. Já o

fechamento induzido por oxidação está associado a um meio agressivo, onde os produtos da

oxidação atuam como uma cunha introduzida entre as superfícies da trinca, provocando o seu

fechamento, da mesma forma que ocorre no fechamento induzido por líquido viscoso. Uma

transformação martensítica induzida por tensão concentrada na ponta da trinca crescente pode

causar tensões residuais que também levarão ao fechamento da trinca (GODEFROID, 1995).

Figura 3.9 - Mecanismos de fechamento de trinca por fadiga. Adaptado de Suresh e Ritchie (1984).

Uma vez que a trinca por fadiga não pode se propagar enquanto está fechada, o efeito real do

fechamento de trinca é diminuir o valor nominal de ∆K para um valor inferior, denominado

intervalo efetivo de intensidade de tensão, ∆Kef, caracterizado pela Equação 3.2 e ilustrado na

Figura 3.10 (BULLOCH, 1991).

(3.2)

Na Equação 3.2, Kop é o fator de intensidade de tensão para o qual a trinca se abre, abaixo

dele as faces da trinca estão em contato (GODEFROID, 1995).

Figura 3.10 - Definição de intervalo efetivo de intensidade de tensão ∆Kef (Godefroid, 1995).

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Segundo Godefroid (1995), a Equação 3.3, proposta por Elber como uma modificação do

modelo de Paris, tem conseguido correlacionar dados de crescimento de trinca por fadiga para

diferentes valores de razão R entre tensões.

(3.3)

Rearrumando esta equação para explicitar o efeito de R, tem-se a Equação 3.4,

(3.4)

onde U representa uma relação de fatores de intensidade de tensão, , e é definido

para Kmin < Kop. Quando Kmin ≥ Kop, U = 1, o fechamento não influencia os resultados, sendo

isto para R ≥ 0,7. Neste caso, a equação de crescimento de trinca (Equação 3.3) se reduz ao

modelo de Paris. A utilização de ∆K no gráfico sigmoidal explicita o efeito de R, enquanto

que a utilização de ∆Kef faz desaparecer esse efeito (GODEFROID, 1995).

Entretanto, ainda não há uma concordância sobre o efeito do fechamento de trinca nesta

sensibilidade do comportamento em fadiga em função de R. Segundo Vasudevan et al.(2016),

a redução do ∆KTH com o aumento de R é devida principalmente aos efeitos do ambiente

(químico ou de temperatura, ou ambos) e, em geral, para uma dada liga, nem todos os efeitos

de R no limiar de fadiga, ∆KTH, são devidos ao fechamento de trinca. Estes efeitos podem

também variar com micromecanismos de fratura do material em função de R.

3.5.1. Efeito da razão R entre tensões de carregamento

A razão de carregamento R, definida como a razão entre a carga mínima e a carga máxima, é

uma das variáveis utilizadas para a determinação do efeito da tensão média sobre o limiar de

propagação de trinca por fadiga, ∆KTH (SILVA, 2001).

Essencialmente, à medida que a razão R aumenta, os valores de ∆KTH são reduzidos,

conforme ilustra a Figura 3.11. Este tipo de comportamento tem sido observado em vários

metais e ligas importantes, incluindo aços ferríticos e perlíticos, aços martensíticos, aços

carbono e baixo carbono, aços estruturais, ferro fundido nodular, aços de ultra alta resistência

mecânica, aços inoxidáveis, aços de plasticidade induzida por transformação (TRIP), aços

multifásicos, superligas de níquel e ligas de alumínio, titânio e vanádio (COOKE e

BEEVERS, 1973; COOKE et al., 1975; MASOUNAVE e BAILON, 1975; AKIHIKO e

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18

ETSUO, 1977; KIRBY e BEEVERS, 1979; STAAL e ELEN, 1979; GRAY et al., 1985;

SRIVASTAVA e GARG, 1985; BULLOCH, D. e BULLOCH, J., 1989; KUMAR e GARG,

1989; MALL et al., 1990; ROBERTSON, 1994; BULLOCH, 1994; BOYCE e RITCHIE,

2001; KIM e KIM, 2002; SANKARAN et al., 2003; EL-SHABASY e LEWANDOWSKI,

2004; CHENG et al., 2008; PEIXOTO e FERREIRA, 2013).

Figura 3.11 - Efeito da razão R no crescimento de trinca por fadiga em um aço perlítico de aplicação em trilho

ferroviário (PEIXOTO e FERREIRA, 2013).

Em um aço eutetoide, com estrutura completamente perlítica, Gray et al. (1983) examinaram

os efeitos do tamanho de grão austenítico prévio no crescimento de trinca por fadiga com

razões de tensão baixa e alta. Usando tratamentos térmicos bem controlados, o espaçamento

interlamelar e o tamanho de colônia perlítica foram mantidos aproximadamente constantes

(tamanho de colônia = 9-10μm, espaçamentos interlamelar = 0,24-0,245μm). Conforme

apresentado na Figura 3.12, o material com grãos mais grosseiros apresentou um valor de

∆KTH significantemente mais alto em ensaios com menores valores de razão R. Entretanto, o

tamanho de grão teve pouco efeito na região próxima ao limiar de fadiga para R = 0,7.

Repetindo os experimentos em um ambiente seco com hélio e realizando medições de

fechamento de trinca, os autores estabeleceram que a resistência ao crescimento de trinca por

fadiga aparentemente mais alta no material com grãos grosseiros para R = 0,05 foi devida ao

fechamento de trinca induzido por rugosidade. O conceito de fechamento de trinca tem sido o

mais utilizado para explicar o efeito da razão entre as tensões de carregamento, R, no valor do

∆KTH (BULLOCH, 1991; SILVA, 2001).

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Figura 3.12 - O efeito do tamanho de grão austenítico prévio no crescimento de trinca por fadiga em um aço

perlítico com a razão R = 0,05 e 0,7. Adaptado de Gray et al. (1983).

Os efeitos da razão R são especialmente significativos em taxas extremamente baixas de

crescimento de trinca, tipicamente mm/ciclo, próximas ao limiar threshold. A

Figura 3.13 ilustra a influência de R no comportamento do ∆KTH para uma microestrutura

completamente perlítica, sendo este o tipo de microestrutura que exibiu os efeitos de R de

forma mais significativa dentre todas as abordadas no trabalho de Bulloch (1991).

Figura 3.13 - Valores de ∆KTH para microestruturas completamente perlíticas em função da razão R. Adaptado

de Bulloch (1991).

De acordo com Bulloch (1994), a influência da razão R no limiar threshold, ∆KTH, pode ser

descrita, de forma genérica, pela Equação 3.5, onde ∆KTH é o valor do limiar para uma razão

R específica e ∆K0 é o valor do limiar para R = 0.

(3.5)

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20

Várias funções empíricas e teóricas foram desenvolvidas ao longo das últimas décadas para

f(R). Klesnil e Lukáš (1972) descreveram uma relação empírica que expressa a influência da

razão R no ∆KTH em termos do valor de γ, conforme a Equação 3.6,

(3.6)

onde γ é uma constante do material que, segundo Klesnil e Lukáš (1972), varia entre 0,5 e 1,0.

Essa aproximação foi aplicada para razões R iguais a 0,6 ou menores. Barsom (1974) sugeriu

que a dependência entre R e ∆KTH poderia ser exibida em termos de uma equação linear

simples, conforme a Equação 3.7,

(3.7)

onde A e B são constantes do material. De acordo com Bulloch (1991), no caso de um aço

com microestrutura perlítica, a abordagem de Barsom descreve a dependência de ∆KTH em

relação a R e a Equação 3.8 apresenta a tendência.

(3.8)

Uma simples modificação da Equação 3.7, com base nos dados relatados por Vosikovsky

(BULLOCH, 1991) resulta na Equação 3.9, onde B é uma constante do material.

(3.9)

3.5.2. Efeito de sobrecargas

Poucas estruturas ou componentes estão sujeitos a uma história de carregamento simples,

onde a amplitude de tensões é constante. A maioria das histórias de carregamento em fadiga é

caracterizada por amplitude variável de tensões. Trata-se de uma situação em que a taxa de

crescimento de trinca não depende unicamente de ∆K, mas também da história de

carregamento (BROEK, 1988; GODEFROID, 1995). A integridade estrutural e operação

segura de muitas estruturas submetidas a sequências de carregamento com amplitude variável

dependem da compreensão do comportamento de crescimento de trinca sob tais condições.

Efeitos da interação de cargas causam um comportamento transiente que envolve aceleração

ou retardamento na taxa de crescimento de trinca por fadiga (HAMMOUDA et al., 1998).

Quando uma única tensão alta é intercalada em uma história de carregamento com amplitude

constante, a taxa de crescimento de trinca imediatamente após a sobrecarga é menor do que

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era antes da sobrecarga (BROEK, 1988; SURESH, 1998; MEGGIOLARO e CASTRO,

2001). Este retardamento está ilustrado na Figura 3.14 nos gráficos de taxa de crescimento de

trinca da/dN em função do número de ciclos N e de evolução do tamanho de trinca a em

função do número de ciclos N, sendo Nd o número de ciclos de retardamento sobre os quais

não houve crescimento efetivo de trinca por fadiga. A figura mostra uma redução da taxa de

crescimento b1, após a aplicação da sobrecarga, seguida por um retorno gradual à taxa b2 que

seria esperada em um ensaio com amplitude constante, evidenciando um desvio do

crescimento de trinca em relação ao comportamento normal com ausência de sobrecarga. O

sólido dúctil geralmente exibe uma pequena quantidade de crescimento acelerado temporário

que ocorre principalmente durante a aplicação da sobrecarga (SURESH, 1998).

Figura 3.14 - Retardamento de crescimento de trinca devido à aplicação de uma sobrecarga. Adaptado de Mills e

Hertzberg (1976) e Orringer et al. (1988).

As condições de sequência de carga, incluindo a magnitude da sobrecarga, a razão entre

tensões e os níveis de subcarga, podem influenciar significativamente o comportamento do

retardamento (BAHASHWAN e GARG, 1987).

A Figura 3.15 mostra como três sobrecargas individuais aumentam a vida de crescimento de

trinca em fadiga. Observando a curva B é possível perceber que uma carga negativa logo após

uma sobrecarga reduz o retardamento consideravelmente, mas não o elimina, enquanto que

uma única sobrecarga causa um aumento substancial do retardamento de crescimento de

trinca, de quase cinco vezes quando comparadas as curvas A e C (MILLS e HERTZBERG,

1976; BROEK, 1988; GODEFROID, 1995; SURESH, 1998).

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22

6 Figura 3.15 - Ilustração esquemática de crescimento de trinca transiente durante fadiga com amplitude constante

(A) e durante carregamento com amplitude variável envolvendo única sobrecarga (C) ou sequências de

sobrecarga-subcarga (B). Os círculos vazios representam os tamanhos de trinca onde cada sequência de

amplitude variável foi aplicada. Adaptado de Broek (1988).

Para histórias simples de carregamento contendo combinações de ciclos de sobrecarga e de

subcarga, a maioria dos resultados de ensaios disponíveis sugere que uma subcarga aplicada

imediatamente após uma sobrecarga (Figura 3.16(c)) reduz o retardamento pós-sobrecarga de

forma mais significativa do que uma subcarga imediatamente antes de uma sobrecarga

(Figura 3.16(b)) (MILLS e HERTZBERG, 1976; STEPHENS et al., 1976; SKORUPA;

1998).

Figura 3.16 - Efeito da posição da subcarga no retardamento de trinca por fadiga pós-sobrecarga. Adaptado de

Stephens et al. (1976).

Para uma mesma amplitude de cargas, um bloco de sobrecargas causa um aumento mais

severo no retardamento de crescimento de trinca do que uma única sobrecarga (WARD-

CLOSE et al., 1989; SHUTER e GEARY, 1996). O retardamento ocorre mais rapidamente do

que para uma única sobrecarga, e até imediatamente se durante o bloco de sobrecargas uma

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taxa de crescimento de trinca estacionária for atingida. O efeito do retardamento é

amplificado pelo aumento do valor da razão de sobrecarga (RSC), tanto para a situação de

bloco de sobrecargas (Figura 3.17) quanto para sobrecarga única (Figura 3.18). Os resultados

mostram ainda que um aumento do tamanho do bloco de sobrecargas (NSC) aumenta o

retardamento por meio da expansão do período Nd, enquanto a distância ∆aSC (incremento de

crescimento de trinca afetado pela sobrecarga) permanece a mesma da situação de única

sobrecarga (CHEHIMI et al., 1984).

Figura 3.17 - Efeitos da razão de sobrecarga e do número de ciclos de um bloco de sobrecargas (NSC) para um

aço E36: (a) período de retardamento e (b) zona afetada pela sobrecarga. Adaptado de Chehimi et al. (1984).

Figura 3.18 - Crescimento de trinca após sobrecarga única. Adaptado de Stephens et al. (1977).

Segundo Godefroid (1995) e Skorupa (1999), diversos mecanismos têm sido propostos para

explicar os efeitos de interação de cargas, dentre eles estão o embotamento plástico na ponta

da trinca, tensões residuais compressivas na ponta da trinca ou próximo a ela, fechamento de

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trinca gerado pela deformação plástica ao seu redor, ramificação da trinca, microrrugosidades

das superfícies da trinca, entre outros, sendo que as justificativas mais prováveis para os

efeitos de interação de cargas são as tensões compressivas residuais e o fechamento de trinca.

Após ocorrer uma sobrecarga, uma zona plástica maior é formada na ponta da trinca, como

ilustra a Figura 3.19. Passa a existir então um sistema mais amplo de tensões residuais

compressivas do que antes da sobrecarga. Este sistema mais extenso, atuando contra a tensão

aplicada, causa o retardamento do crescimento de trinca. Uma vez que a trinca tenha crescido

através do campo de tensões residuais causados pela sobrecarga, o campo de tensões residuais

original é restabelecido e o crescimento normal de trinca é retomado (MILLS e

HERTZBERG, 1976; BROEK, 1988).

Figura 3.19 - Esquema do campo de tensão residual: (a) antes da sobrecarga, (b) imediatamente após a

sobrecarga, (c) após a sobrecarga (BROEK, 1988).

No entanto, experimentos realizados por Suresh (1983) mostraram que o retardamento pode

persistir ainda que a trinca pós-sobrecarga tenha atravessado a zona de tensões residuais

compressivas, o que revela a dificuldade de racionalizar um número de eventos de

retardamento apenas com base nas tensões residuais compressivas. O conceito de fechamento

de trinca induzido por plasticidade sugerido por Elber (1971) tem sido apoiado por muitas

investigações (GAN e WEERTMAN, 1981; NEWMAN, 1981; SURESH, 1983; WARD-

CLOSE et al. 1989; SHIN e HSU, 1993; DOUGHERTY et al., 1997; BORREGO et al. 2003;

MAKABE et al., 2004; SINGH et al., 2006). Entretanto, existem muitos trabalhos que negam

a relevância do fechamento de trinca. Eles sugerem a necessidade de uma nova abordagem

para descrever a força motriz na ponta da trinca por fadiga (VASUDEVAN et al., 1992;

LOUAT et al., 1993; VASUDEVAN et al., 1994; SADANANDA et al., 1999; ZHANG et al.,

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25

2005; CROFT et al., 2007; VALLELLANO et al., 2009). Portanto, o mecanismo exato de

retardamento, a força motriz na ponta da trinca por fadiga e o fenômeno de fechamento de

trinca são questões que ainda permanecem em aberto. Isto pode ser devido às dificuldades

experimentais em medir quantitativamente os campos de tensão/deformação próximos à ponta

da trinca sob cargas aplicadas e em observar, em tempo real, a deformação in situ na ponta da

trinca e o fenômeno de falha durante experimentos de fadiga, uma vez que a interação de

múltiplos mecanismos torna o mecanismo de sobrecarga complexo (LEE et al., 2011; LI et

al., 2018).

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Materiais

Foram estudados dois aços fabricados para aplicações ferroviárias, identificados como AC

(aço comum) e AM (aço microligado com conteúdo significativo de vanádio). Detalhes sobre

a fabricação dos trilhos não estão disponíveis, mas foi confirmada por análise microestrutural

e ensaios de dureza, realizados no trabalho prévio de caracterização dos materiais do autor

Viana (2015), a existência de um tratamento superficial de endurecimento do boleto para

melhorar a resistência ao desgaste.

A composição química dos aços estudados está apresentada na Tabela IV.1. Os dois aços

podem ser considerados eutetoides, embora o teor de carbono não seja exatamente 0,8%,

lembrando que vários elementos de liga presentes na composição químicas agem na alteração

da composição eutetoide. Comparando a Tabela IV.1 com a Norma AREMA (2013), é

possível afirmar que o aço AC é um aço standard, enquanto o aço AM é um aço baixa liga

para trilhos.

Tabela IV.1 – Composição química dos aços para trilhos estudados (% em massa) (VIANA, 2015).

Aço C Mn Si P S Cr Ni N Mo V

AC 0,86 0,91 0,26 0,019 0,0091 0,22 0,01 0,0035 - 0,001

AM 0,75 0,81 0,69 0,016 0,0068 0,32 0,04 0,0049 0,001 0,087

Os teores de fósforo e enxofre são muito inferiores aos dos aços carbono convencionais, de

modo a garantir microestruturas com a menor quantidade possível de inclusões. Adições de

elementos de liga para refino do espaçamento interlamelar da perlita, redução do tamanho de

grão austenítico e do tamanho de colônia perlítica em aços para trilhos têm incluído elementos

como cromo, molibdênio, vanádio, manganês e silício (BOUSE et al., 1978; MARICH e

CURCIO, 1978; SMITH e FLETCHER, 1978; AL-SALMAN et al., 1979; HAN et al., 1995a;

1995b; LAGNEBORG et al., 1999; VITEZ et al., 2005; BAKER, 2009) . Neste trabalho, o

destaque é a presença de vanádio no aço AM, um importante elemento de liga utilizado como

um agente que contribui para mecanismos de endurecimento, relacionados ao tamanho de

grão e precipitação, mantendo boa tenacidade à fratura.

A microestrutura dos dois aços é composta por perlita fina, sem presença de ferrita pró-

eutetoide e com baixo teor de inclusões, conforme pode ser observado nas Figuras 4.1 e 4.2.

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(a) (b) Figura 4.1 - Micrografias dos aços (a) AC e (b) AM, MO, 500X, ataque Nital 2% (VIANA, 2015).

(a)

(b)

Figura 4.2 - Micrografias dos aços (a) AC e (b) AM, MEV, 10000x, ataque Nital 2% (VIANA, 2015).

A Tabela IV.2 apresenta os valores médios de tamanho de grão austenítico prévio (d),

tamanho de colônia de perlita (p) e de espaçamento interlamelar (λ). A microestrutura mais

refinada do aço AM é um resultado direto do fato de que as adições de vanádio (precipitação

de carbonitretos) e de silício (endurecimento por solução sólida) reduzem o tamanho do grão

da austenita (AL-SALMAN et al., 1979; HAN et al., 1995a).

Tabela IV.2 - Características microestruturais dos aços AC e AM (VIANA, 2015).

Aço d (μm) p (μm) λ (μm)

AC 161 35 0,11

AM 119 28 0,10

A Tabela IV.3 apresenta valores de algumas propriedades mecânicas dos dois aços, como

tensão limite de escoamento (σLE), tensão limite de resistência (σLR), deformação total (ε),

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redução de área transversal por tração (RA), dureza Brinell superficial do boleto (HB), além

da tenacidade à fratura (KIC).

Tabela IV.3 - Resultados de ensaios de tração, dureza e tenacidade à fratura (VIANA, 2015).

Aço σLE

(MPa)

σLR

(MPa) ε (%)

RA

(%) HB

KIC

(MPa.√m)

AC 1158 ± 51 1277 ± 62 8,8 ± 1 20 ± 3 387 41 ± 2

AM 1225 ± 65 1342 ± 83 10,3 ± 1 31 ± 0 394 38 ± 1

Os aços estudados possuem baixa ductilidade, conforme esperado para aços perlíticos. Os

valores de σLE e σLR dos dois aços estão acima do limite requerido pela AREMA (2013) para

trilhos. Um maior conteúdo de V, Cr e Si e uma microestrutura mais refinada forneceram a

maior resistência para o aço AM. Entretanto, a diferença na resistência mecânica entre os aços

AC e AM é de apenas 5%, o que significa que a diferença na composição química e as

variações microestruturais não foram suficientes para causar grandes alterações no

comportamento em tração dos aços estudados. Os valores de dureza superficial do boleto

também estão acima do mínimo especificado pela Norma AREMA (2013) para todos os graus

de aços usados em trilhos. Os dois aços possuem tenacidades à fratura semelhantes (diferença

de 8%), apesar das diferenças na composição química e microestrutura. O processo de

resistência à fratura e sua relação com a microestrutura em aços totalmente perlíticos não é

bem entendido e não há concordância na literatura. Acredita-se que o processo de iniciação da

fratura nestes aços é mais sensível à estrutura da perlita do que o estágio de propagação

(HYZAK e BERNSTEIN, 1976; TALEFF et al., 2002), o que justifica os valores de

tenacidade à fratura encontrados por Viana (2015) para os aços AC e AM, obtidos com corpos

de prova pré-trincados por fadiga.

A Figura 4.3 apresenta os diagramas de Transformação em Resfriamento Contínuo (TRC)

para os dois aços estudados. O diagrama TRC é uma excelente ferramenta para estudar a

influência da composição química e da taxa de resfriamento nos produtos da transformação de

fase, que influenciam as propriedades mecânicas, pois permite identificar o domínio de cada

fase e/ou constituinte em função da taxa de resfriamento (HUI et al., 2017). O diagrama TRC

mostrado na Figura 4.3 explica o sucesso da prática industrial de fabricação dos aços

ferroviários modernos. Os tratamentos de endurecimento superficial envolvem o aquecimento

do boleto a aproximadamente 900°C e seu rápido resfriamento contínuo visando interceptar as

linhas de transformação em temperaturas mais baixas possível para formar perlita com um

espaçamento interlamelar refinado e melhorar as propriedades mecânicas sem promover a

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formação de martensita. Esse resfriamento acelerado é aplicado a uma taxa de resfriamento

crítica elevada (10°C/s) e a transformação de austenita em perlita ocorre aproximadamente a

550°C (COOMAN e SPEER, 2011).

Figura 4.3 - Diagrama TRC para os dois aços AC e AM (GODEFROID, 2019).

O aço AC apresenta sua curva TRC deslocada para a esquerda em comparação ao aço AM.

Essa mudança indica que o tempo de nucleação para os constituintes difusionais no aço AC é

menor do que o tempo de nucleação no aço AM. Este efeito representa uma diminuição na

temperabilidade do aço. Considerando a aplicação do aço nas ferrovias, esse efeito é benéfico,

pois dificulta a possível formação de martensita quando o tratamento térmico de

endurecimento é realizado no boleto. A formação de martensita não é interessante neste caso,

porque é uma microestrutura que induz a fragilidade ao material. Um aspecto importante

apresentado na literatura (UEDA et al., 2002) é a planicidade da curva de início de

transformação perlítica acima do “joelho” da curva TRC. Segundo os pesquisadores, essa

ocorrência é interessante para a fabricação de aços perlíticos, já que independentemente da

taxa de resfriamento (desde que a interseção com a curva TRC ocorra após o joelho) as

temperaturas inicial e final da transformação perlítica são muito semelhantes, o que contribui

para a formação de uma microestrutura mais homogênea. É possível observar que esse fato

acontece com a curva do aço AC. De acordo com os mesmos pesquisadores, durante o

processo industrial de laminação de trilhos há uma diferença muito significativa entre as

velocidades de resfriamento da superfície e o centro do trilho, o que pode implicar em

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gradientes de dureza indesejados. Aços com curvas de transformação mais suaves, como

comentado anteriormente, tendem a mitigar esse efeito, garantindo algumas vantagens, como:

aumento da resistência à deformação plástica, resistência ao desgaste, resistência ao

trincamento interno por fadiga, entre outros.

4.2. Metodologia

4.2.1. Ensaios de crescimento de trinca por fadiga com R = 0,1 e 0,7

Os ensaios de crescimento de trinca por fadiga com a razão R = 0,1 e 0,7 foram realizados no

Laboratório de Ensaios Mecânicos DEMET/Escola de Minas/UFOP, de acordo com as

recomendações da Norma ASTM E647 (2015) em uma máquina servo-hidráulica MTS de 10

toneladas, com frequência de 30Hz e à temperatura ambiente. Foram utilizados dois corpos de

prova (CPs) do tipo dobramento SENB (single edge notched bend), conforme apresentado na

Figura 4.4, orientados na direção L-T, para cada tipo de aço. Os CPs foram retirados do boleto

do trilho, como ilustrado na Figura 4.5, a 2mm da superfície de rolamento, de tal forma que a

direção de propagação da trinca no corpo de prova fosse a mesma que ocorre no boleto do

trilho em serviço (direção transversal). Nesta configuração, a ponta da trinca situa-se numa

região de microestrutura mais homogênea e de dureza mais baixa, representando trincas de

origem interna. Uma pré-trinca por fadiga de 3mm de comprimento foi introduzida em cada

corpo de prova para que a razão a/W fosse igual a 0,3. As medidas da abertura e do

comprimento da trinca foram feitas por um extensômetro clip gage MTS modelo 632.03F-30.

Figura 4.4 - Geometria e dimensões de corpo de prova do tipo SENB usado para ensaios de crescimento de

trinca por fadiga.

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Figura 4.5 - Posição de retirada dos corpos de prova no boleto do trilho para os ensaios de crescimento de trinca

por fadiga.

Curvas de tamanho de trinca em função do número de ciclos foram obtidas e transformadas

em curvas de taxa de crescimento de trinca (da/dN) em função do fator cíclico de intensidade

de tensões (∆K). O valor do limiar de fadiga ∆KTH foi definido como o valor de ∆K no qual a

taxa de crescimento de trinca por fadiga atinge valores abaixo de 1x10-7

mm/ciclo. Este valor

foi estimado pelo método de decréscimo de K, limitando o gradiente normalizado de K,

C = (1/K).(dK/da) ao valor de -0,08mm-1

(ASTM E647, 2015).

O método para determinação da carga de abertura de trinca próximo ao limiar ∆KTH e,

portanto, de estimar KCL e ∆Kef para caracterizar o fenômeno de fechamento de trinca, foi

feito pelo procedimento de “flexibilidade elástica” (ASTM E647, 2015). A flexibilidade

elástica de referência é inferida a partir da porção totalmente aberta da curva carga versus

deslocamento de um ciclo de carga completo, e a flexibilidade elástica medida em muitos

pontos é comparada com essa referência. O deslocamento (%) é definido como (Co - C)/Co,

onde Co é a flexibilidade elástica correspondente à configuração de trinca totalmente aberta.

A carga de abertura é a menor carga correspondente ao critério de correção adotado (1%, 2%

e 4% recomendado pela Norma ASTM E647).

As superfícies de fratura dos CPs ensaiados com R = 0,1 e R = 0,7 foram analisadas via MEV

no Nanolab/REDEMAT/UFOP para a caracterização do mecanismo de fratura nas três regiões

distintas de crescimento de trinca. Foram realizadas análises dos CPs ensaiados com R = 0,1

via MFA no Laboratório de Microscopia de Varredura por Sonda/Centro de Microscopia/

IFMG/Ouro Preto, para determinar a rugosidade superficial e verificar a possível ação do

mecanismo de fechamento de trinca.

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4.2.2. Modelamento matemático das curvas da/dN x ∆K

Com o auxílio do software OriginPro 9.0, dois modelos empíricos de taxa crescimento de

trinca por fadiga foram usados para ajuste de todas as curvas sigmoidais da/dN x ∆K (tanto

para R = 0,7 quanto para R = 0,1), como apresentados na Tabela IV.4.

O modelo proposto por Al-Rubaie et al. (2008) é uma modificação do modelo de Forman e

Mettu (1992) e foi validado empregando-se diferentes plotagens gráficas e medidas numéricas

estatísticas comumente utilizadas para tal. A equação possui cinco constantes de ajuste (C, m,

n, p, q) e o parâmetro ∆K0 representa o valor de ∆KTH para R = 0, que pode ser previsto como

uma função de R pela Equação 3.6 proposta por Klesnil e Lukáš (1992), onde γ é uma

constante de ajuste entre 0 e 1.

O modelo proposto por Jones et al. (2012) é uma modificação do modelo de Hartman e

Schijve (1970) e foi testado em uma grande variedade de materiais (vinte e dois), incluindo

trilhos ferroviários. A equação utiliza apenas duas constantes de ajuste e o parâmetro A

representa um valor crítico aparente de K, que depende do comportamento em fratura do

material. No caso deste trabalho com aços para trilhos, considerando que o material apresenta

comportamento frágil, A = KIC (KUDRYASHOV, 1979).

Tabela IV.4 - Modelos para ajuste de curvas de taxa de crescimento de trinca por fadiga.

C, D, m, n, p, q, α: constantes de ajuste; KC: tenacidade à fratura; KTH: limiar de fadiga.

Autores Equação

Al-Rubaie et al. (2008)

Jones et al. (2012)

4.2.3. Ensaios de crescimento de trinca por fadiga com aplicação de sobrecargas

Os ensaios de crescimento de trinca por fadiga com aplicação de diferentes condições de

sobrecargas foram realizados no Laboratório de Ensaios Mecânicos DEMET/Escola de

Minas/UFOP, de acordo com as recomendações da Norma ASTM E647 (2015) em uma

máquina servo-hidráulica MTS de 10 toneladas, com frequência de 30Hz e à temperatura

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ambiente. Foram utilizados corpos de prova com geometria e dimensões apresentadas na

Figura 4.1, sendo um CP para cada condição.

Sobrecargas de fadiga (SC) de 1,5x, 2,0x e 2,50x a carga máxima de amplitude constante

(Pmáx) foram aplicadas para um tamanho de trinca fixo de 10mm.

Uma SC = 1,5x foi aplicada em três posições de tamanho de trinca, sendo a = 10mm; 13mm e

16mm, para estudar a influência do tamanho de trinca no comportamento do material após a

sobrecarga.

Dois pacotes de sobrecarga de SC = 1,5x foram aplicados com números distintos de ciclos de

sobrecarga (NSC = 10.000; 20.000) para um tamanho fixo de trinca (a = 13mm), para

comparação com o efeito de uma única sobrecarga do mesmo nível.

Todas as sobrecargas foram aplicadas a um ΔK que caracteriza um crescimento de trinca na

região II da curva sigmoidal da/dN x ΔK (o chamado “regime de Paris”), para verificar o

desempenho de aços com comportamento frágil em uma situação relativamente mais

agressiva para o material (uma taxa de crescimento de trinca relativamente alta). Usando um

gráfico de tamanho de trinca versus número de ciclos, assumiu-se que os ciclos retardados

começavam no ponto em que a sobrecarga era aplicada e supunha-se que terminassem no

ponto em que a taxa de crescimento de trinca retornasse ao seu valor anterior à sobrecarga,

calculando assim o número de ciclos de retardamento, Nd, pelo método gráfico. Utilizando

um gráfico da/dN x ΔK, foi mostrado o efeito da sobrecarga comparando o valor de da/dN

antes e depois da sobrecarga.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Comparação entre Materiais - Ensaios de Crescimento de Trinca com R = 0,1

As tradicionais curvas sigmoidais de taxa de crescimento de trinca por fadiga da/dN em

função da força motriz ∆K, para R = 0,1, estão apresentadas na Figura 5.1, comparando os

dois aços estudados. Pode-se notar uma diferença significativa nas regiões I e III do

crescimento de trinca (mais sensíveis à microestrutura), e comportamento bastante similar na

região II. Um melhor comportamento é observado para o aço AC em relação ao aço AM.

Figura 5.1 - Comparação das curvas de crescimento de trinca por fadiga com R = 0,1 para os dois aços

estudados, AC e AM.

Os valores de ∆KTH encontrados neste trabalho estão de acordo com valores da literatura para

aços perlíticos (ROMANIV et al., 1983; DAEUBLER et al., 1990; SILVA, 1995;

LIMBERGER, 2000; SCHNEIDER, 2005; PEIXOTO e FERREIRA, 2013; TABATABAEI,

2014). A diferença de comportamento entre os dois aços na região I da curva da/dN x ∆K

(aproximadamente 20% no valor de ∆KTH) pode ser devido à variação de fechamento de

trinca (KCL), como pode ser visto na Tabela V.1. A Figura 5.2 confirma esta conclusão,

apresentando a variação da razão KCL/Kmax como função de ∆K para os dois aços estudados.

Os dados foram coletados na região I do crescimento de trinca.

Tabela V.1 - Valores de fechamento de trinca KCL e de variação de profundidade ∆x

relacionada à rugosidade da superfície de fratura dos corpos de prova ensaiados com

R = 0,1 analisados via MFA.

Aço ∆KTH (MPa.m1/2

) KCL (MPa.m1/2

) Δx (nm)

AC 10 6 583 ± 271

AM 8,5 5 252 ± 47

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O fechamento de trinca durante o crescimento de trinca por fadiga em aços perlíticos tem sido

diretamente relacionado às irregularidades da superfície de fratura (tortuosidade, deflexão),

mas também à ramificação e oxidação (COOKE e BEEVERS, 1974; MASOUNAVE e

BAILON, 1975; GRAY et al., 1983; SCUTTI et al., 1984; TANAKA, 1989;

RAVICHANDRAN, 1991; EL-SHABASY e LEWANDOWSKI, 2004; MUTOH et al., 2007;

TORIBIO et al., 2009; WANG et al., 2012; PEIXOTO e FERREIRA, 2013; MAYA-

JOHNSON et al., 2015; CHRISTODOULOU et al., 2016).

Figura 5.2 - Razão KCL/Kmax em função de ∆K para os dois aços estudados.

Há um consenso na literatura de que a fonte primária do fechamento de trinca atuante neste

tipo de material é devida ao fechamento induzido por rugosidade. A magnitude do

fechamento de trinca aumenta em razão da resistência ao escorregamento nos contornos das

colônias de perlita e ao caminho de trinca em zig-zag resultante da deflexão periódica da

trinca. Quanto maior o tamanho das colônias de perlita, maior o fechamento de trinca

induzido por rugosidade esperado. Os valores médios de medições da rugosidade das

superfícies de fratura, realizadas via MFA, apresentados na Tabela V.1 em forma de variação

média de profundidade ∆x, confirmam este fato. Uma medição de cada aço é apresentada nas

Figuras 5.3 e 5.4. Observa-se que a rugosidade da superfície da fratura do aço AC é

aproximadamente o dobro da rugosidade da apresentada pelo aço AM.

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(a) (b)

Figura 5.3 - Aço AC (a) linha de medição na imagem via MFA da superfície de fratura e (b) perfil topográfico

correspondente à região cortada pela linha de medição.

(a) (b)

Figura 5.4 - Aço AM (a) linha de medição na imagem via MFA da superfície de fratura e (b) perfil topográfico

correspondente à região cortada pela linha de medição.

A diferença de comportamento entre os dois aços na região III da curva da/dN x ∆K ilustrada

na Figura 5.1 pode ser relacionada à diferença de tenacidade à fratura observada entre eles e

apresentada na Tabela IV.3. O aço AC apresenta um valor de tenacidade à fratura um pouco

superior em relação ao aço AM, exibindo assim a região III da curva de crescimento de trinca

por fadiga mais deslocada para a direita e, consequentemente, um valor maior de ∆K no ponto

de rompimento final do material.

As análises das superfícies de fratura para R = 0,1, realizadas no MEV, estão apresentadas nas

Figuras 5.5 e 5.6. Para os dois aços, a superfície de fratura apresentou uma forma tortuosa na

região I (threshold), uma forma planar na região II (sem presença de estrias), e facetas de

clivagem, caracterizando comportamento frágil, na região III (rasgamento do material).

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(a) (b) (c) Figura 5.5 - Superfície de fratura do corpo de prova ensaiado por fadiga para aço AC (a) região I, (b) região II e

(c) região III, MEV, 2000X.

(a) (b) (c)

Figura 5.6 - Superfície de fratura do corpo de prova ensaiado por fadiga para aço AM (a) região I, (b) região II e

(c) região III, MEV, 2000X.

5.2. Efeito da Razão R entre Tensões

O efeito da razão R entre tensões para os aços AC e AM é apresentado na Figura 5.7. Um

efeito deletério na resistência à fadiga com o aumento do valor de R é observado,

especialmente na região de propagação próxima ao limiar de fadiga ∆KTH. Os valores de

∆KTH em função de R para os aços estudados são apresentados na Tabela V.2 e estão de

acordo com valores encontrados na literatura para aços perlíticos (GRAY et al., 1983). Como

mencionado anteriormente na seção 3.5.1, este comportamento é relatado na literatura para

diversos materiais, incluindo aços perlíticos, e é uma consequência da ausência de fechamento

de trinca para altos valores de R.

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Figura 5.7 - Crescimento de trinca por fadiga, efeito da razão R para os aços AC e AM.

Tabela V. 2 - Valores de ∆KTH para os dois aços estudados considerando R = 0,1 e 0,7.

Aço ∆KTH (MPa.m

1/2)

R = 0,1

∆KTH (MPa.m1/2

)

R = 0,7

AC 10 4,0

AM 8,5 4,2

As análises das superfícies de fratura, via MEV, dos corpos de prova ensaiados com R = 0,7

mostraram que os mecanismos de fratura não mudaram com a mudança do valor de R de 0,1

para 0,7.

5.3. Modelamento Matemático das Curvas da/dN x ∆K

As Figuras 5.8 e 5.9 exibem o ajuste dos modelos apresentados na Tabela IV.4 para previsão

das curvas sigmoidais de crescimento de trinca por fadiga. Ambos os modelos se ajustaram

aos resultados de forma satisfatória, considerando as três regiões da curva e usando o valor de

γ, da Equação 3.6, igual a 0,84 e 0,70 para os aços AC e AM, respectivamente. Entretanto, o

modelo de Jones et al. (2012) apresentou os menores valores de erro padrão associados às

constantes de ajuste, indicando maior adequação aos dados experimentais do que o modelo de

Al-Rubaie et. al (2008). Além disto, por utilizar apenas duas constantes de ajuste, sua

manipulação é mais simplificada. Os valores dos parâmetros de ajuste e dos erros associados

encontrados para os aços AC e AM utilizando-se os dois modelos citados estão apresentados

nas Tabelas A.1 e A.2 do ANEXO A.

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Figura 5.8 - Modelamento da curva de crescimento de trinca por fadiga do aço AC para os dois valores de R.

Figura 5.9 - Modelamento da curva de crescimento de trinca por fadiga do aço AM para os dois valores de R.

5.4. Ensaios de Crescimento de Trinca por Fadiga com Aplicação de Sobrecargas

Os resultados apresentados a seguir mostram o efeito, em geral, benéfico da sobrecarga no

comportamento em fadiga dos dois aços estudados, mesmo sendo materiais relativamente

frágeis, na temperatura ambiente, com alta resistência à tração, baixas ductilidade e

tenacidade à fratura. O retardamento do crescimento de trinca devido à sobrecarga é

conhecido e estudado desde a década de 1960, com diversos trabalhos publicados sobre o

desempenho de aços para trilhos ferroviários (FEDDERSEN e BROEK, 1978; RICE e

BROEK, 1982; JEONG e SIH, 1990; KIM et al., 2002), outros aços e ligas de alumínio

(POMMIER e FREITAS, 2002; BORREGO et al., 2003; MCEVILY et al., 2004;

HAMMOUDA et al., 2004; TVERGAARD, 2005; GLANCEY e STEPHENS, 2006;

BICHLER e PIPPAN, 2007; ISHIHARA et al., 2008; HUANG et al., 2008; MOHANTY et

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al., 2009; ROMEIRO et al., 2009; SANTOS, 2018). Existe um consenso na literatura de que

o fechamento de trinca, o embotamento da ponta da trinca e as tensões residuais compressivas

criadas na frente da trinca após a sobrecarga são responsáveis pelo número de ciclos de

retardamento.

As Figuras 5.10 e 5.11 exemplificam o cálculo, pelo método gráfico, do número de ciclos de

retardamento, Nd. Nas Figuras 5.10(a) e 5.11(a) é possível observar os gráficos de

comprimento de trinca versus número de ciclos de fadiga para uma sobrecarga de 2,50x

aplicada nos aços AC e AM, respectivamente. Verifica-se que, após a aplicação de um ciclo

de sobrecarga, ocorre uma mudança de inclinação da reta tangente à curva de crescimento de

trinca. Assim, é possível observar que um dos efeitos da aplicação de sobrecarga é a variação

da taxa de crescimento de trinca, o que é evidenciado nos gráficos da/dN x ∆K das Figuras

5.10(b) e 5.11(b).

(a) (b)

Figura 5.10 - Gráficos (a) tamanho de trinca por fadiga versus número de ciclos e (b) da/dN x ∆K para uma

sobrecarga SC = 2,50 aplicada em a = 10mm, para o aço AC.

(a) (b)

Figura 5.11 - Gráficos (a) tamanho de trinca por fadiga versus número de ciclos e (b) da/dN x ∆K para uma

sobrecarga SC = 2,50 aplicada em a = 10mm, para o aço AM.

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Comparando os valores apresentados na Tabela V.3 fica evidente que o aumento da

intensidade de sobrecarga (SC) proporcionou um aumento do número de ciclos de

retardamento (Nd) durante o crescimento de trinca para os dois aços estudados. A Figura

5.12, composta pelos gráficos de número de ciclos de retardamento e taxa de crescimento de

trinca em função da razão PSC/Pmax, confirma este fato, mostrando que os dois aços seguem

uma mesma tendência de comportamento. Para os dois aços considerados, o fechamento de

trinca, o embotamento da trinca e as tensões residuais compressivas à frente da trinca após a

aplicação da sobrecarga vão aumentar à medida que se aumenta o valor da sobrecarga

aplicada, sendo, portanto, mais pronunciado o efeito do retardamento (BORREGO et al.,

2003). Entretanto, vale ressaltar que, a partir de determinado valor de sobrecarga, não

ocorrerá o retardamento da trinca, mas sim sua aceleração e, a depender da magnitude da

sobrecarga, até a fratura instantânea do material causada pela alta taxa de carregamento. Já a

diferença na resposta à sobrecarga obtida com os dois aços perlíticos relaciona-se com a sua

diferença de comportamento mecânico vista nos itens anteriores deste trabalho.

Tabela V.3 - Efeito da intensidade de sobrecarga no números de ciclos de retardamento.

Aço/ SC Nd (ciclos); a = 10mm

1,5x 2,0x 2,50x

AC 41x103 107x10

3 371x10

3

AM 5x103 10x10

3 651x10

3

Figura 5. 12 - Comparação do efeito da intensidade de sobrecarga no número de ciclos de retardamento para os

dois aços estudados.

Os resultados dos ensaios de aplicação de uma única sobrecarga de intensidade fixa

(SC = 1,5x) em três diferentes tamanhos de trinca estão apresentados na Figura 5.13.

Observa-se que o número de ciclos de retardamento (Nd) diminui com o aumento do tamanho

de trinca onde a sobrecarga é aplicada para os dois aços estudados. O aumento do tamanho de

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trinca ocasiona o aumento da força motriz e redução do ligamento remanescente do corpo de

prova, levando à diminuição do efeito da sobrecarga no retardamento.

Figura 5.13 - Efeito do tamanho de trinca no número de ciclos de retardamento.

Um bloco composto por um número muito grande de ciclos de sobrecarga pode se comportar

de modo semelhante a um carregamento cíclico com um valor de Pmax mais alto. Logo, o

aumento do número de ciclos que compõem o bloco de sobrecargas aplicado em um

determinado tamanho de trinca pode causar uma diminuição do retardamento do crescimento

da mesma ou até a aceleração do seu crescimento, como pode ser visto nas Figuras 5.14 e

5.15 para os dois aços estudados.

(a) (b)

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(c) (d)

Figura 5.14 - Efeito do número de ciclos do bloco de sobrecargas sobre a taxa de crescimento de trinca para o

aço AC. (a) NSC = 1; (b) NSC = 10000; (c) NSC = 20000; (d) Comparação dos valores de taxa de crescimento de

trinca logo após aplicação do bloco de sobrecargas para cada condição estudada.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.15 - Efeito do número de ciclos do bloco de sobrecargas sobre a taxa de crescimento de trinca para o

aço AM. (a) NSC = 1; (b) NSC = 10000; (c) NSC = 20000; (d) Comparação dos valores de taxa de crescimento de

trinca logo após aplicação do bloco de sobrecargas para cada condição estudada. a = aceleração, r =

retardamento.

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Comparando as Figuras 5.14(d) e 5.15(d), nota-se que o aço AC possui um desempenho

melhor do que o aço AM, mantendo o retardamento do crescimento de trinca até 10.000

ciclos. Para uma quantidade de sobrecargas muito elevada (20.000 ciclos, por exemplo), os

dois aços perdem o retardamento, ocorrendo apenas a aceleração da trinca. Neste caso, o

tempo maior de exposição às sobrecargas age conforme explicado no parágrafo anterior, logo,

a trinca cresce mais, a força motriz aumenta, o ligamento remanescente diminui e os aços

perdem o retardamento.

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6. CONCLUSÕES

Com base no comportamento em fadiga de dois aços de aplicação em trilhos ferroviários, o

principal objetivo deste trabalho foi verificar a possibilidade de aplicação de um aço de

composição química e microestrutura relativamente simples (AC) em trilhos ferroviários, com

processamento termomecânico adequado, ao invés de utilizar um aço microligado (AM) mais

caro. Este fato foi confirmado, com base nas seguintes conclusões:

- O aço AC apresentou melhor resistência ao crescimento de trinca por fadiga em relação ao

aço AM.

- Ambos os aços mostraram dependência com relação à razão R, o que pode indicar o risco de

ocorrência de uma fratura catastrófica devido a uma variação de carga na linha ferroviária. Os

modelos empíricos de Al-Rubaie et al. e Jones et al. foram capazes de prever o efeito de R,

contudo o modelo de Jones et al. proporcionou o melhor ajuste das curvas de crescimento de

trinca.

- Mesmo tendo uma microestrutura perlítica, ambos os aços mostraram uma sensibilidade

positiva ao efeito de sobrecargas. O aço AC apresentou um maior retardamento de

crescimento de trinca por fadiga do que o aço AM.

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7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

No sentido de dar continuidade ao estudo apresentado nesta dissertação, recomendam-se

alguns trabalhos futuros:

- Realização de ensaios de crescimento de trinca por fadiga com aplicação de blocos

periódicos de sobrecargas contendo menor número de ciclos e com diferentes intervalos entre

esses blocos.

- Realização de ensaios de desgaste na superfície dos boletos dos diferentes tipos de trilhos

ferroviários.

- Estudo da influência de outras microestruturas e/ou outros elementos de liga no

comportamento em fadiga de aços de aplicação em trilhos ferroviários.

- Utilização de outros modelos, empíricos e fenomenológicos, para ajuste da curva sigmoidal

da/dN x ∆K.

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YOKOYAMA, H.; MITAO, S.; YAMAMOTO, S.; FUJIKAKE, M. Effect of the angle of

attack on flaking behavior in pearlitic and bainitic steel rails. Wear, v.253, n.1-2, p.60-66,

2002.

ZHANG, J.; HE, X. D.; DU, S. Y. Analyses of the fatigue crack propagation process and

stress ratio effects using the two parameter method. International Journal of Fatigue, v.27,

n.10-12, p.1314-1318, 2005.

ZERBST, U.; MÄDLER, K.; HINTZE, H. Fracture Mechanics in Railway Applications - An

Overview. Engineering Fracture Mechanics, v.72, n.2, p.163-194, 2005.

ZERBST, U.; LUNDÉN, R.; EDEL, K. O.; SMITH, R. A. Introduction to the Damage

Tolerance Behaviour of Railway Rails – A Review. Engineering Fracture Mechanics, v.76,

n.17, p.2563-2601, 2009a.

ZERBST, U.; SCHÖDEL, M.; HEYDER, R. Damage Tolerance Investigations on Rails.

Engineering Fracture Mechanics, v.76, n.17, p.2637-2653, 2009b.

Page 73: Dissertação de Mestrado Efeito da razão R entre tensões e ... · Dissertação de Mestrado "Efeito da razão R entre tensões e de sobrecargas na resistência ao crescimento de

57

PUBLICAÇÕES DA AUTORA

MECHANICAL PROPERTIES OF TWO DIFFERENT PEARLITIC STEELS FOR

RAILROAD APPLICATION

L.B. Godefroid1, G.L. Faria, L.C. Cândido, R.M. Santos and T.C.G. Vilela

(1) REDEMAT, Federal University of Ouro Preto, 35400-000 Ouro Preto, Brazil

Contribuição técnica a 14th

International Conference on Fracture, Rhodes, Greece, 18 a 23 de

junho de 2017.

Abstract: This research evaluated the mechanical behavior (tensile properties, hardness,

fracture toughness, and fatigue crack growth) of two pearlitic steels used in Brazilian

railroads, one of which with common chemical composition and the other with vanadium

addition, with different size of pearlite colonies and interlamellar spacing. The microalloyed

steel presented superior tensile mechanical resistance than the common steel, without

significant loss of ductility and fracture toughness KIC. Both steels showed sensitivity to

fatigue R-ratio, with higher values of the KTH threshold for the microalloyed steel. The

application of overloads on the fatigue crack growth influenced similarly both steels.

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EFFECT OF R-RATIO AND OVERLOADS ON THE FATIGUE CRACK GROWTH

RESISTANCE OF TWO DIFFERENT PEARLITIC STEELS FOR RAILROAD

APPLICATION

Tamara Caroline Guimarães Vilela1, Luiza Pessoa Moreira

1, Renata Mangini Santos

1,

Geraldo Lúcio Faria1, Leonardo Barbosa Godefroid1

(1) Universidade Federal de Ouro Preto

Contribuição técnica ao XVII encontro da SBPMat, Natal - RN, 16 a 20 de setembro de 2018.

Abstract: This work characterized the microstructure and evaluated the mechanical behavior

of two pearlitic steels used in Brazilian railroads, a C-Mn-Si steel and a V-microalloyed steel.

The microstructure of these steels was observed by light optical microscopy, scanning

electron microscopy and atomic force microscopy, and prior austenite grain size, pearlite

colony size and pearlite interlamelar spacing were measured. Continuous cooling

transformation diagrams for both steels were obtained. The mechanical behavior was

evaluated by tensile tests, hardness tests, fracture toughness tests (linear elastic fracture

mechanics - KIC), and fatigue crack propagation tests (da/dN xDK) with different R-ratios

(R=0.1 and 0.7). Different load histories including overloads in function of the crack size

were also applied. The fracture surfaces of the specimens of all tests were analyzed via

scanning electron microscopy. The presence of vanadium in steel can certainly provide a

more refined microstructure, with improved mechanical properties. However, an appropriate

range of simple chemical composition and an adequate thermomechanical processing can

provide a steel for railroad application without the need for addition of microalloying

elements that could make the final product more expensive. In the specific case of fatigue,

both steels showed a dependence to fatigue R-ratio. The steels also showed a dependence to

fatigue overloads that can be a positive effect of crack growth retardation with increasing

fatigue overloads, but also a decreasing retardation with increasing crack size for which the

overload is applied. These fatigue results are important to predict the actual behavior of steels

used in the railway sector and to perform a proper maintenance control, avoiding a premature

failure and a consequent catastrophe.

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EFFECT OF CHEMICAL COMPOSITION AND MICROSTRUCTURE ON THE

FATIGUE CRACK GROWTH RESISTANCE OF PEARLITIC STEELS FOR

RAILROAD APPLICATION

L.B. Godefroida, L.P. Moreira

a, T.C.G. Vilela

a, G.L. Faria

a, L.C. Candido

a, E.S. Pinto

b

(a) REDEMAT, Universidade Federal de Ouro Preto, 35400-000 Ouro Preto, MG, Brazil

(b) Instituto Federal de Minas Gerais, 35400-000 Ouro Preto, MG, Brazil

Artigo publicado pela International Journal of Fatigue, v.120, p.241-253, 2019.

Abstract: This work characterized the microstructure and evaluated the mechanical behavior

of two pearlitic steels used in Brazilian railroads, a C-Mn-Si steel and a V-microalloyed steel.

The microstructures were observed by light optical, scanning electron and atomic force

microscopy. Prior austenite grain size, pearlite colony size and pearlite interlamelar spacing

were measured. Continuous cooling transformation diagrams for both steels were obtained.

The mechanical behavior was evaluated by tensile tests, hardness tests, fracture toughness

tests (linear elastic fracture mechanics - KIC), and fatigue crack propagation tests

(da/dN×ΔK). The fatigue tests were performed with different R-ratios (R=0.1 and 0.7)

applying two recent empirical models proposed by Rubaie et al. (2008) and Jones et al.

(2012) to predict the material behavior. Different loading histories including overloads in

function of the crack size were also applied. The fracture surfaces of all tested specimens

were analyzed by scanning electron and atomic force microscopy. The presence of vanadium

in steel can certainly provide a more refined microstructure, changing the mechanical

properties. However, an appropriate range of simple chemical composition and an adequate

thermomechanical processing can provide a steel in accordance to standard specifications for

railroad application without the need of microalloying element additions that could make the

final product more expensive. In the specific case of fatigue, both steels presented a

dependence to fatigue R-ratio. The two empirical models were satisfactory aiming to fit the

experimental data, although the equation of Jones et al. is simpler to be manipulated. The

studied steels also had a dependence to fatigue overloads that can represent a positive effect

related to crack growth retardation with increasing fatigue overloads, but also a negative

effect, because increasing the crack size for which the overload is applied and increasing the

number of overloads, the intensity of retardation effect decreases. These fatigue results are

important to predict the actual behavior of steels used in the railway sector and to perform a

proper maintenance control, avoiding a premature failure and a consequent catastrophic

accident.

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ANEXO A - VALORES DOS PARÂMETROS DE AJUSTE DOS MODELAMENTOS

MATEMÁTICOS UTILIZADOS NAS CURVAS DE CRESCIMENTO DE TRINCA

POR FADIGA

Tabela A.1 - Valores dos parâmetros de ajuste dos modelamentos das curvas da/dN x ∆K do aço AC para os dois

valores de R.

Aço AC - R = 0,1 Aço AC - R = 0,7

Rubaie et al. Valor Erro padrão Rubaie et al. Valor Erro padrão

C 1E-6 6,11E-3 C 1,7E-6 2,90E-4

m 0,2 62,78 m 0,06 1,20

n 1,35 1604,37 n 0,5 51,69

p 1,4 1775,75 p 2 30,52

q 0,8 187,49 q 1 18,47

Jones et al. Valor Erro padrão Jones et al. Valor Erro padrão

D 1E-6 6,75E-5 D 1E-6 1,73E-8

a 1,35 8,99 a 1 0,31

Tabela A.2 - Valores dos parâmetros de ajuste dos modelamentos das curvas da/dN x ∆K do aço AM para os

dois valores de R.

Aço AM - R = 0,1 Aço AM- R = 0,7

Rubaie et al. Valor Erro padrão Rubaie et al. Valor Erro padrão

C 1E-6 2,64E-5 C 6,82E-6 1,62E-3

m 0,2 4,27 m 0,15 0,32

n 1,35 8,18 n 0,24 68,32

p 1,4 4,97 p 2,88 60,20

q 0,8 3,66 q 1,44 14,24

Jones et al. Valor Erro padrão Jones et al. Valor Erro padrão

D 1E-6 9,90E-7 D 1E-6 1,86E-6

a 1,38 0,24 a 1 0,31