dissertação final da mestranda keila cristiane batista bezerra

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO KEILA CRISTIANE BATISTA BEZERRA CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DO FRUTO DA CARNAÚBA (Copernicia prunifera H.E. MOORE) TERESINA 2013

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Page 1: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO

KEILA CRISTIANE BATISTA BEZERRA

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DO FRUTO DA CARNAÚBA

(Copernicia prunifera H.E. MOORE)

TERESINA

2013

Page 2: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

1

KEILA CRISTIANE BATISTA BEZERRA

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DO FRUTO DA CARNAÚBA

(Copernicia prunifera H.E. MOORE)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da

Universidade Federal do Piauí (UFPI), como

requisito para obtenção do grau de Mestre em

Alimentos e Nutrição.

Área de Concentração: Alimentos e Nutrição

Linha de Pesquisa: Qualidade de Alimentos.

Orientadora:

Profa. Dra. Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo

TERESINA

2013

Page 3: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

2

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DO FRUTO DA CARNAÚBA

(Copernicia prunifera H.E. MOORE)

KEILA CRISTIANE BATISTA BEZERRA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Alimentos e

Nutrição da UFPI, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em

Alimentos e Nutrição.

Aprovada em: ____ / ____ / ______

Banca examinadora:

__________________________________________________________________

Profa. Dra. Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo (Presidente-Orientadora)

DN/UFPI

_______________________________________________________________

Profa. Maria Beatriz Abreu Glória, PhD. (1ª Examinadora)

DA/UFMG

_______________________________________________________________

Profa. Dra. Graziella Ciaramella Moita (2ª Examinadora)

DQ/UFPI

Page 4: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

3

“Que a Tua luz me invada, me retire o medo de viver e me faça uma anunciadora”

Padre Marcelo Rossi

A Deus, pela força e apoio nos momentos de atribulações.

SEMPRE CONSAGRO!

Page 5: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

4

Aos meus pais, Francisco de Moura Bezerra e Helena Batista Bezerra, ao meu irmão

Kelson Amando e ao meu marido José Algaci, meu amor, que me deram força e apoio.

DEDICO!

Page 6: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por todos os momentos de paz e de

atribulações, com os quais aprendo e cresço.

À Profa. Dra. Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo, minha orientadora,

pelo apoio necessário para o início do meu amadurecimento científico.

Ao prof. Dr. José Algaci Lopes da Silva, pelo apoio desde a aquisição das amostras,

análise estatística e escrita da dissertação.

À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição

(PPGAN) da Universidade Federal do Piauí, pela possibilidade de concretização de

mais uma etapa de minha vida acadêmica.

Agradeço aos Professores do PPGAN pela convivência e amizade nesse período.

Minha família: obrigada por vocês existirem. Obrigada pela confiança em todas

as horas. Pai, Mãe e meu Irmão Kelson e sua esposa Raquel, muito obrigada. E aos

meus amores, José Algaci Lopes da Silva (marido), Victor Matheus e Sabrina

Helen (filhos), razões da minha vida. Apesar de todos os sacrifícios, amo vocês!

A meus sogros, Sr. Inácio Silva (In Memoriam) e D. Antonia Lopes Teixeira,

cunhados e cunhadas.

A todos, muito obrigada!

Page 7: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

6

SUMÁRIO

LISTAS DE FIGURAS E TABELAS .............................................................. 8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................ 9

RESUMO ...................................................................................................... 10

ABSTRACT ................................................................................................... 11

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 12

2. OBJETIVOS .............................................................................................. 14

2.1. Geral .............................................................................................. 14

2.2. Específicos .................................................................................... 14

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 15

3.1. Fruteiras nativas da região Nordeste ............................................ 15

3.2. A carnaúba .................................................................................... 16

3.3. Características físicas e físico-químicas dos frutos da carnaúba . 17

3.4. Características funcionais de frutos nativos do cerrado e frutos

tropicais ........................................................................................................

20

4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................ 23

4.1. Local e período de estudo ............................................................. 23

4.2. Amostras ....................................................................................... 23

4.3. Características físicas ................................................................... 23

4.3.1. Peso médio dos frutos ....................................................... 23

4.3.2. Diâmetros maior e menor ................................................... 24

4.3.2.1. Relação diâmetro maior/diâmetro menor .................... 24

4.3.3. Obtenção da polpa e casca e cálculo do rendimento ........ 24

4.3.4. Potencial hidrogeniônico .................................................... 24

4.4. Características físico-químicas ...................................................... 25

4.4.1. Acidez titulável ................................................................... 25

4.4.2. Sólidos solúveis.................................................................. 25

4.4.3. Relação sólidos solúveis /acidez titulável........................... 25

4.4.4. Composição centesimal e valor energético total ................ 26

4.4.5. Umidade ............................................................................. 26

4.4.6. Resíduo mineral fixo (cinzas) ............................................. 26

4.4.7. Lipídios ............................................................................... 26

4.4.8. Proteínas ............................................................................ 26

Page 8: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

7

4.4.9. Carboidratos ....................................................................... 27

4.4.9.1. Fibras alimentares totais ......................................... 27

4.4.10. Valor energético total ....................................................... 27

4.4.11. Análise de minerais .......................................................... 27

4.5. Análise estatística .......................................................................... 27

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 28

5.1. Características físicas ................................................................... 28

5.2. Características físico-químicas ...................................................... 29

5.3. Comparação dos teores de nutrientes presentes na carnaúba com as ingestões diárias recomendadas para adulto normal ......................

33

6. CONCLUSÕES ......................................................................................... 35

7. REFERÊNCIAS ........................................................................................ 36

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8

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

FIGURAS

1. Árvore da Carnaúba ................................................................................ 17

2. Fruto da carnaúba (Copernicia prunifera H. E. Moore) ...........................

18

3. Fluxograma de obtenção da polpa e casca do fruto da carnaúba .......... 25

TABELAS:

1. Características físicas e físico-químicas do fruto da carnaúba ............... 29

2. Valor energético total, composição centesimal e teor de fibra alimentar

total da polpa e casca do fruto da carnaúba................................................

31

3. Conteúdo de minerais da polpa e casca do fruto da carnaúba .............. 33

4. Informação nutricional em 100 g de polpa e casca da carnaúba ........... 34

Page 10: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADA Americam Dietetic Association

AOAC Association of Official Analytical Chemists

AT Acidez titulável

DMA Diâmetro maior

DMA/DME Relação diâmetro maior e diâmetro menor

DME Diâmetro menor

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDR Ingestão diária recomendada

ITAL Instituto de Tecnologia de Alimentos

LABROMBIOQ Laboratório de Bromatologia e Bioquímica de Alimentos

PC Polpa e casca

PTF/PPC Relação peso total do fruto e peso polpa e casca

pH Potencial hidrogeniônico

PMF Peso médio do fruto

PPC Peso polpa e casca

PTF Peso total do fruto

RPC Rendimento polpa e casca

SAEG Sistemas Para Análises Estatísticas

SS Sólidos solúveis

SS/AT Relação sólidos solúveis e acidez titulável

TACO Tabela Brasileira de Composição de Alimentos

VD Valor diário

VET Valor energético total

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RESUMO

BEZERRA, K.C.B. Características físicas e físico-químicas do fruto da carnaúba (Copernicia prunifera H.E. Moore). Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina-PI, 2013.

O crescente interesse mundial por frutas nativas do Brasil tem impulsionado a realização de pesquisas e impelido o cultivo de frutas que hoje são desconhecidas do grande público, na busca pela diversificação de sabores ou de produtos oriundos de alimentos funcionais. Os frutos nativos comercializados em mercados regionais do nordeste possuem grande aceitação popular e o conhecimento de suas características físicas e químicas geram informações indispensáveis à orientação nutricional, permitindo a composição de uma dieta saudável. O objetivo deste trabalho foi determinar as características físicas e físico-químicas do fruto (polpa e casca) da carnaúba (Copernicia prunifera). As amostras de carnaúba foram coletadas na região metropolitana de Teresina-PI, cujos frutos foram selecionados em igual estádio de maturação e despolpados por esmagamento com a remoção do caroço. Analisaram-se as características físicas (peso, diâmetros maior e menor e pH), físico-químicas (acidez titulável, sólidos solúveis, umidade, cinzas, lipídios, proteínas, carboidratos, fibras alimentares totais e minerais) e calculou-se o valor energético total. Os resultados demonstraram que o peso médio total do fruto da carnaúba foi de 6,35 g e o formato ovalado; um bom rendimento de polpa e casca (47 %); baixa acidez titulável (AT) (0,34 g/100 g), com elevado teor de sólidos solúveis (SS) (48,32 oBrix) e alta relação SS/AT (142,12), indicando elevado grau de doçura. Nas análises químicas obtiveram-se elevados teores de cinzas (3,60 g/100 g), proteínas (6,70 g/100 g) e carboidratos (42,79 g/100 g), baixos teores de lipídios (1,18 g/100 g) e de umidade (45,73 g/100 g), estes últimos conferem ao fruto menor perecibilidade, mais estabilidade, facilitando seu manuseio. O fruto apresentou-se como importante fonte de fibras alimentares totais (26,52 g/100 g) e com alto aporte calórico (208,58 Kcal/100 g). Dentre os minerais pesquisados, o K foi o mais abundante (1284,00 mg/100 g), seguido por Mg (66,00 mg/100 g), ambos correspondendo a aproximadamente 25 % da ingestão diária recomendada. A parte comestível da carnaúba (polpa e casca) apresentou um elevado teor de nutrientes. Concluiu-se que a carnaúba apresentou-se como uma importante opção de fruto nutritivo para a população, rico em carboidratos e fibras alimentares e fonte dos minerais K e Mg, com potencial para a indústria alimentícia. Palavras chaves: carnaúba, frutos nativos, valor nutritivo, características físico- químicas, minerais

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ABSTRACT

BEZERRA, K.C.B. Physical and physical-chemical characteristics of fruit of the carnaúba (Copernicia prunifera H.E. Moore). Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina-PI, 2013.

The growing worldwide interest in fruit native brazilian has propelled the development of research and propelled the growth of fruits which are now unknown to the general public in the search for variety of flavors or products from functional foods. The native fruits sold in the north west regionals markets have great popular acceptance and knowledge of their physical and chemical characteristics generate information necessary for nutritional guidance, allowing the composition of a healthy diet. The aim of this study was to determine the physical, chemical and physico-chemical fruit (pulp and peel) of carnauba (Copernicia prunifera). The samples were collected carnauba in the metropolitan region city of Teresina-PI, whose fruits were selected in the same stage of maturation and pulped by crushing with the removal of the lump. Was analyzed the physical characteristics (weight, major and minor diameters and pH) and physical-chemical (titratable acidity and total soluble solids, moisture, ash, lipids, proteins, carbohydrates, total fiber content and minerals), and total energy. The results showed that the average weight of carnauba total fruit was 6.35 g and oval in shape, a good yield of pulp and peel (47 %), low acidity (TA) (0.34 g/100 g), with high levels of soluble solids (SS) (48.32 °Brix) and high SS / TA ratio (142.12), indicating a high degree of sweetness. Chemical analyzes were obtained high ash content (3.60 g/100 g), protein (6.70 g/100 g) and carbohydrate (42.79 g/100 g), low lipid content (1.18 g/100 g) and moisture (45.73 g/100 g), the latter give the fruit to perish, more stability, easier handling. The result was presented as an important source of total dietary fiber (26.52 g/100 g), with high caloric intake (208,58 kcal/100 g). Among the minerals studied, was the most abundant K (1284.00 mg/100 g) followed by Mg (66,00 mg/100 g), both corresponding approximately to 25 % of the dietary reference intakes. The edible part of fruit of the carnauba (pulp and peel) presented a high nutrient content. It was concluded, therefore, that the carnauba presented itself as an important option for the population nourishing fruit, rich in carbohydrates and dietary fiber, and source of the minerals potassium and magnesium, with the potential for food industry.

Keywords: Carnauba, native fruits, nutritional value, physical-chemical characters, minerals

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1. INTRODUÇÃO

As frutas brasileiras, com raras exceções, foram relegadas à posição

secundária pelos colonizadores europeus, e desta forma, dezenas de espécies

frutíferas foram introduzidas de outros continentes no país e se consolidaram ao

longo do tempo. O consumo de frutas nativas era muito difícil de assimilar e

diferentes do que estavam habituados, com aroma muito forte e acidez elevada.

Outro aspecto que deve ser considerado refere-se ao fato de que estas frutas,

durante muito tempo, não foram consideradas como alimento, mas como simples

recurso de sobrevivência (CARVALHO, 2012).

O Brasil é um dos três maiores produtores mundiais de frutas, ficando atrás

apenas da China e Índia, com uma produção que supera os 40,0 milhões de

toneladas. A base agrícola da cadeia produtiva das frutas abrange 3,0 milhões de

hectares e gera 6,0 milhões de empregos diretos. A presença brasileira no mercado

externo, com a oferta de frutas tropicais e de clima temperado durante boa parte do

ano, é possível pela extensão territorial do país, posição geográfica e condições de

clima e solo privilegiadas (IBGE, 2012).

O crescente interesse mundial por frutas nativas do Brasil tem impulsionado a

realização de pesquisas no cerrado, um dos biomas brasileiros que mais contribuem

para o fornecimento dessas frutas. Essa tendência vem sendo intensificada à

medida que as pesquisas têm comprovado os efeitos benéficos à saúde, exercidos

por diversos fitoquímicos naturalmente presentes nos vegetais (OLIVEIRA et al.,

2010).

Nas duas últimas décadas a busca pela diversificação de sabores ou de

produtos que se enquadram no grupo de alimentos funcionais tem impelido o cultivo

de frutas que hoje são desconhecidas do grande público. Somente no Brasil,

presentemente, cerca de 120 espécies de “novas frutas”, tropicais, incluindo nativas

e exóticas, disputam lugar nesse concorrido mercado, que é dominado por poucas

espécies. Seguramente, as “frutas do futuro” hão de ocupar somente nichos de

mercado, pois jamais terão a projeção que tem a banana, a melancia, a uva, a

laranja e o coco, que são as cinco principais frutas produzidas no mundo, que, em

conjunto, representam aproximadamente 55 % da produção mundial de frutas (FAO,

2012).

Page 14: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

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As fruteiras nativas ocupam lugar de destaque nos diversos ecossistemas e

de um modo geral seus frutos são comercializados no mercado regional com grande

aceitação popular. Algumas espécies desempenham papel importante na nutrição

do nordestino, principalmente como fonte de sais minerais e vitaminas. (ÁVIDOS;

FERREIRA, 2003). Dentre as frutas nativas do Nordeste se destaca a carnaúba

(Copernicia prunifera H.E. Moore), a qual pertence à família Arecaceae, nativa da

região Nordeste do Brasil, encontrada também na região central e em outros países

(RODRIGUES, 2004).

Informações a respeito das características químicas e do valor nutritivo dos

frutos são ferramentas básicas para avaliação do consumo e formulação de novos

produtos. No entanto, poucos dados estão disponíveis na literatura especializada

com relação à composição química, principalmente conteúdo de minerais e

compostos bioativos, destes frutos e sua aplicação tecnológica (SILVA et al., 2008).

O conhecimento das características químicas dos alimentos regionais,

tradicionalmente consumidos pela população, é muito importante, pois gera

informações indispensáveis à orientação nutricional, permitindo a composição de

uma dieta saudável e, consequentemente, avaliação do estado nutricional de um

indivíduo com base na ingestão alimentar (TACO, 2011).

Considerando a exiguidade de informações a respeito da carnaúba,

semelhantemente ao que acontece com outras frutas nativas, e a importância de se

conhecer as características físicas e físico-químicas dos frutos, foi realizada esta

pesquisa visando obter dados sobre o valor nutritivo do fruto (polpa e casca) da

carnaúba (Copernicia prunifera) que permitam melhor aproveitamento do seu

potencial como alimento.

Page 15: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

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2. OBJETIVOS

2. 1. Objetivo geral

Estudar as características físicas e físico-químicas do fruto (polpa e casca) da

carnaúba (Copernicia prunifera H.E. Moore).

2. 2. Objetivos específicos

Obter a caracterização física e físico-química da polpa e casca do fruto

da carnaúba.

Determinar a composição centesimal e o valor energético total do fruto

(polpa e casca).

Analisar o teor de fibras e minerais da polpa e casca do fruto.

Comparar os resultados obtidos com a ingestão diária recomendada.

Page 16: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Fruteiras nativas da região Nordeste

Avanços significativos têm sido registrados, consolidados no aumento da

produção, da produtividade e na melhoria da qualidade dos frutos como laranja,

banana, manga, uva e maçã; no entanto, a participação de frutas tropicais como as

nativas e exóticas é praticamente nula (LEDERMAN; LIRA JÚNIOR, 2008).

As frutas nativas brasileiras estão entre as mais saborosas e nutritivas do

mundo. Algumas espécies de frutas brasileiras como o caju, o abacaxi e o maracujá

amarelo, conseguiram galgar status entre as principais frutas cultivadas e

conhecidas em todo o mundo. Todavia, muitas outras espécies nativas de grande

potencial econômico ainda estão restritas apenas aos mercados locais e regionais e

aguardam pela sua descoberta. As tecnologias de cultivo e produção para a maioria

dessas espécies inexistem ou são ainda muito incipientes. Somente na região

Nordeste do Brasil são conhecidas mais de 100 espécies de fruteiras nativas com

potencial para a exploração econômica ou ecológica (SAMPAIO et al., 2005).

Estima-se que 250 mil espécies de plantas já foram descritas em âmbito

mundial, sendo o Brasil considerado como um dos mais ricos, com cerca de 60 mil

espécies, correspondente a 22 % do total (ARAGÃO et al., 2002). Mesmo suprindo

carências nutricionais das famílias rurais, pouco se sabe sobre as formas de manejo

e potencial de mercado das frutas nativas, embora o processamento e a

conservação pós-colheita sejam prioridades de investimento dessas frutas

(GAMARRA-ROJAS, GAMARRA-ROJAS, 2002). No entanto, tem ainda grande

potencial de expansão, pois há uma grande variedade de frutas nativas e exóticas

muito pouco exploradas economicamente, cujos estudos para transformá-las em

culturas racionais, na sua maioria, estão em andamento, como por exemplo,

atemóia, maná, canistel, mirtilo, lichia, physalis, carambola, entre outras (SILVA et

al., 2001; LIMA et al., 2002).

O Nordeste brasileiro apresenta condições climáticas favoráveis ao cultivo de

diversas espécies frutíferas de clima tropical, o que é evidenciado pela expressiva

diversidade de espécies nativas encontradas na região, ao lado de outras, exóticas,

introduzidas de ecossistemas equivalentes e que se adaptaram bem, e se

comportam de modo semelhante ao material nativo (CARVALHO et al., 2002). De

Page 17: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

16

acordo com Aragão et al. (2002), poucas dessas fruteiras já sofreram um processo

de domesticação incipiente, como o caju, a mangaba, o maracujá, o jenipapo e o

pequi. Muitas espécies frutíferas encontradas no Nordeste, notadamente aquelas

exploradas de forma extrativista, dentre as quais se tem o umbuzeiro, umbu

cajazeira, jenipapeiro, jaqueira, cajazeira, grumixameira, guabirobeira, jabuticabeira,

cagaiteira, diversos araticuns, palmeiras e várias outras mirtáceas, apresentam

grande escassez ou mesmo ausência de dados relativos à sua morfologia,

produção, características fisiológicas e fenologia.

O extrativismo vegetal se constitui em importante alternativa de emprego e

renda na medida em que a demanda por frutas nativas expande-se tanto em nível

nacional como internacional. Trata-se de atividade que faz parte dos hábitos do povo

piauiense e que tem provocado, ao longo do tempo, efeitos antrópicos à flora e à

fauna. A inserção do Piauí como produtor de frutas nativas, cujo potencial hídrico é a

bacia do Rio Parnaíba, ainda não foi capaz de desenvolver aspectos produtivos que

inserissem parcela da população na atividade (LEAL et al., 2006).

3.2. A carnaúba

A carnaúba é uma palmeira nativa do semi-árido do Nordeste brasileiro. O

nome comum carnaúba é derivado do Tupi e significa árvore que arranha, em razão

da camada espinhosa que cobre a parte mais baixa do tronco. Em 1963, Moore

restaurou o nome prunifera dado por Miller, intitulando-a Copernicia prunifera

(CARVALHO, 2005). Os nomes científicos hoje utilizados são Copernicia cerífera ou

Copernicia prunifera. De acordo com a classificação científica a carnaúba pertence

ao reino Plantae, divisão Magnoliophyta, classe Liliopsida, ordem Arecales, família

Arecaceae, gênero Copernicia e espécie Copernicia prunifera.

A exploração da carnaúba baseia-se primordialmente em torno da extração

do pó cerífico das folhas ou palhas, o qual posteriormente é processado em cera,

produto bastante apreciado por variados setores da indústria. As palhas da carnaúba

são muito utilizadas na atividade artesanal, tendo esta grande expressão econômica

(GOMES; NASCIMENTO, 2006). Um dos principais produtos de maior

representatividade no Brasil, em extração vegetal, é o pó e a cera da carnaúba (em

torno de 20 mil toneladas). O Brasil é o único país do mundo que se produz e

exporta cera de carnaúba, embora a árvore cresça com facilidade em qualquer clima

Page 18: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

17

tropical. Os produtos não madeireiros do extrativismo vegetal, que mais se

destacaram pelo valor da produção no Brasil foram as amêndoas de babaçu (99,6

%), fibras de piaçava (96,7 %) e o pó cerífico de carnaúba (100 %). O Estado do

Piauí é o principal produtor de pó cerífero de carnaúba com uma produção de

12.569 toneladas, seguido pelo Ceará (5.509 toneladas) e Maranhão (509

toneladas), juntos estes Estados são responsáveis por 53 % da produção nacional

(IBGE, 2011). O maior município produtor é Campo Maior, no Piauí.

A carnaúba (Copernicia prunifera H.E. Moore) é uma palmeira que atinge 10 a

15 m de altura e 15 a 25 cm de diâmetro (Figura 1). É uma planta de crescimento

lento que se propaga facilmente por dispersão de sementes. Muito resistente,

praticamente não é atacada por pragas e doenças. Cresce em média, cerca de 30

cm por ano, atingindo a maturidade botânica (primeira floração) entre 12 e 15 anos

de idade. É uma palmeira elegante, espontânea em grandes florestas puras nas

margens de alguns rios nordestinos e em alguns trechos do litoral (PIMENTEL

GOMES, 2007).

Figura 1 – Árvore da Carnaúba.

Fonte: Arquivo pessoal. Teresina-PI, 2013.

Page 19: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

18

Figura 2 – Frutos da carnaúba (Copernicia prunifera H.E. Moore).

Fonte: Dados da Pesquisa. Teresina-PI, 2013.

Árvore símbolo do Estado do Piauí, de acordo com Reis Filho (2005), dos 223

municípios piauienses, a carnaúba está presente em 138 municípios. Adaptada

principalmente às secas dessa região, a carnaúba possui fruto em forma de uma

baga arredondada (Figura 2) em torno de dois centímetros de comprimento, glabra,

esverdeada, passando a roxo-escura ou quase preta na maturação, de epicarpo

escassamente carnoso, envolvendo um caroço muito duro, provido de albúmen

branco, duro e oleoso (BRAGA, 2001).

As folhas da palmeira carnaúba são revestidas externamente por uma

cobertura cerífera. A presença de cera nas folhas é possivelmente consequência de

sua adaptação a regiões secas, uma vez que esta camada cerífera dificulta a perda

de água por transpiração e protege a planta contra o ataque de fungos (MESQUITA,

2005).

As flores em grande quantidade são extremamente pequenas, campanuladas,

dispostas em espádice, paniculada, de até 2 m de comprimento, protegidas por

espata tubulosa, seca, membranácea. O ovário é ligeiramente piloso, relativamente

espesso, com estigma lobado, e com estames formando anel carnoso dentado. As

raízes são compridas, finas, pardacento-avermelhadas por fora, acinzentadas e

ligeiramente fibrosas por dentro. Apresenta pequenos cristais de cor levemente

amarelada, sabor fracamente alcalino, solúvel em água. São depurativas e

diuréticas, usadas tanto no tratamento de úlceras, erupções cutâneas e outras

manifestações secundárias da sífilis quanto no do reumatismo e artritismo. A

Page 20: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

19

carnaúba possui caule reto e sem divisões, o estipe fornece madeira para a

construção civil e marcenaria (BRAGA, 2001).

As espécies frutíferas nativas constituem uma preciosa fonte de riqueza e de

alimentos para o país, as quais precisam ser adequadamente preservadas,

estudadas e utilizadas (MARCELINO, 2011). O principal aproveitamento econômico

da carnaúba dá-se pelo corte das folhas, que pode chegar a produzir 60 folhas por

árvore. Foi denominada “arvore da vida” pelo naturalista Humbolt, tendo em vista

suas numerosas e significativas finalidades, mantendo-se no grupo das mais

assediadas para o consumo humano. O pó das folhas da carnaúba submetido à

fusão transforma-se em cera (CRESPO, 2007).

3.3. Características físicas e físico-químicas do fruto da carnaúba

O conhecimento das características físicas dos frutos é de grande

importância, tanto para se saber a diversidade de tamanho e peso em cada espécie,

bem como para se viabilizar a confecção de embalagens para armazenamento e

comercialização, de modo que não ocorram danos na sua estrutura física e promova

uma melhor visualização frente ao consumidor (CORRÊA et al., 2008), além de

serem relevantes para a otimização de equipamentos a serem usados no

processamento.

Pesquisas sobre a caracterização física, físico-química e composição química

deste fruto são limitados e seu valor nutritivo pouco conhecido. Nogueira (2009)

analisou a qualidade de frutos de 34 genótipos de carnaúba oriundos do Ceará e

seus resultados apresentaram um valor médio de 44,62 % de sólidos solúveis (SS),

pH médio de 4,43 e acidez titulável registrada de 0,33 % (AT), a relação SS/AT

variando de 138,85 a 223,33. De acordo com Chitarra e Chitarra (2005), essa

relação é uma das formas mais utilizadas para avaliação do sabor, sendo mais

representativo que a medição isolada de açúcares ou da acidez. Rufino et al. (2010),

em estudo realizado com a polpa do fruto de carnaúba, obtiveram teores de sólidos

solúveis totais de 37,07 oBrix, pH pouco ácido (maior que 4,5) e a relação SS/AT de

107,70 indicando elevada doçura quando comparada ao puçá preto (75,98) e caju

(58,79).

Martins et al. (2003), ao avaliar populações de maracujazeiro-doce,

observaram que os resultados obtidos por frutos maiores não necessariamente têm

Page 21: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

20

maior rendimento de polpa. A porcentagem de rendimento da polpa demonstra um

grande potencial do fruto para a indústria alimentícia, é também considerado um

atributo de qualidade, especialmente para frutos destinados à elaboração de

produtos, cujo valor mínimo de rendimento de polpa exigido pelas indústrias

processadoras é de 40 % (LIRA JÚNIOR et al. (2005). O tamanho e a forma são

atributos importantes, pois a variação entre as unidades individuais de um produto

pode afetar a escolha desse produto pelo consumidor; as práticas de manuseio; a

seleção de mercado e o destino final. O diâmetro longitudinal (ou comprimento) e o

transversal representam, em conjunto, o tamanho, e a sua relação da idéia de forma

do produto. Sua medição é importante para produtos destinados ao consumo in

natura e, apenas em alguns casos, é de utilidade nos produtos para processamento,

onde são preferidos valores próximos a 1 por facilitar as operações de limpeza e

processamento dos frutos (CHITARRA; CHITARRA, 2005).

Os estudos são bastante escassos em relação à composição química da

carnaúba e não existem registros deste fruto em tabelas de composição. Braga

(2001) obteve no fruto inteiro: 12,85 % de água, 8,0 % de lipídios, 5,14 % de matéria

extrativa de cor vermelha, 67,83 % de substâncias albuminóides e celulose e 6,17 %

de substâncias resinosas. Na polpa: 15,04 % de água; 5,50 % de proteínas; 6,30 de

lipídios; 64,40 % de carboidratos; 3,00 % de resíduo mineral sólido/cinzas; 5,90 %

de celulose. Na amêndoa existem 10,55 % de água; 6,89 de proteínas; 13,65 % de

lipídios; 63,39 % de carboidratos; 1,55 % de cinzas; 4,07 % de celulose.

3.4. Características funcionais de frutos nativos do cerrado e frutos tropicais

A população mundial aderiu à visão de que alimentos não são apenas para

nutrir, mas oferecem também compostos ou elementos biologicamente ativos, que

proporcionam benefícios adicionais à saúde. Nasceu então o conceito de alimentos

funcionais (SENTANIN; AMAYA, 2007).

As frutas desempenham um importante papel na alimentação humana,

contribuindo para o fornecimento de calorias, sais minerais, vitaminas, fibras e água,

constituindo-se, dessa forma, em fontes para uma dieta saudável. Contudo, existem

várias fruteiras que, a nível regional, não foram caracterizadas quanto ao seu valor

nutritivo. As características físicas, físico-químicas e minerais das frutas de uma

Page 22: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

21

determinada espécie variam, de acordo com o fator genético, local, os tratos

culturais, a época de colheita, o estádio de maturação, etc. (SANTOS et al., 2010).

A diversidade das frutas no mercado é cada vez maior e, a cada dia, se

introduz uma nova fruta tropical, cujas propriedades e características ainda não

foram totalmente estudadas (KUSKOSKI et al., 2005). O Brasil é detentor de uma

enorme biodiversidade de frutas tropicais e neste sentido um dos países com maior

potencial para ocupar este enorme nicho de mercado atual, que é a de alimentos

funcionais (MONTE, 2006), considerados promotores de saúde por estarem

associados à diminuição dos riscos de algumas doenças crônicas, uma vez que são

encontrados em alimentos naturais ou preparados, contento uma ou mais

substâncias funcionais.

O conhecimento das propriedades químicas dos alimentos é de fundamental

importância, para avaliar a disponibilidade de nutrientes e as melhores

características dos frutos nativos (GARCIA, 2011). Na fruticultura comercial as

espécies nativas constituem uma preciosa fonte de riqueza e de alimentos, pois

algumas oferecem frutos abundantes, nutritivos e suculentos, cor agradável, aroma

e sabor exótico, e desempenham um papel importante na nutrição do nordestino,

principalmente como fonte de sais minerais e vitaminas, já que são os principais

constituintes da culinária local e regional, e algumas vezes se tornam a única fonte

alimentícia para os animais nativos (AVIDOS; FERREIRA, 2003).

Inúmeros fatores afetam a qualidade da vida moderna, de forma que a

população deve conscientizar-se da importância de alimentos contendo substâncias

biologicamente ativas que auxiliam a promoção da saúde, trazendo com isso uma

melhora no estado nutricional. Várias classes de substâncias, naturalmente

presentes nos alimentos, apresentam propriedades funcionais fisiológicas como:

pigmentos, vitaminas, compostos fenólicos, fibras e minerais (MORAES; COLLA,

2006).

O interesse pelas frutíferas nativas tem aumentado, nos últimos anos, pois

constituem uma preciosa fonte de riqueza alimentar e necessitam ser estudadas

visando sua utilização racional, valorização e inserção no mercado mundial de frutas

(RUFINO, 2004). A falta de informações a respeito do valor nutritivo e funcional de

muitos vegetais e seus resíduos (casca, entrecasca e semente) induz ao seu

subaproveitamento, ocasionando o desperdício de grandes quantidades de recursos

alimentares (LEORO, 2007).

Page 23: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

22

Nos últimos tempos, deu-se maior intensificação nos estudos de

micronutrientes, tanto em nações desenvolvidas como em desenvolvimento, por

acreditar-se que muitos problemas de saúde estão relacionados, em parte, à

insuficiência de determinados micronutrientes. Estudos comprovam a riqueza de

nutrientes em frutas e hortaliças de constituintes como vitaminas, minerais, fibras e

vários fotoquímicos. (MILTON, 2003; SMOLIN; GROSVENOR, 2007). Na literatura

consultada não foram obtidos dados sobre o conteúdo de minerais e de fibras totais

na carnaúba.

Page 24: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

23

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Local e período do estudo

As análises das características físicas, físico-químicas e composição

centesimal foram realizadas no Laboratório de Bromatologia e Bioquímica de

Alimentos (LABROMBIOQ)/CCS-UFPI), em Teresina-PI, nos períodos de outubro de

2011 a fevereiro de 2012 e de agosto de 2012 a fevereiro de 2013. As análises de

minerais e fibras alimentares totais foram feitas em projeto realizado em paralelo no

Instituto de Tecnologia de Alimentos – ITAL, em Campinas-SP.

4.2. Amostras

As amostras de carnaúba (cerca de 2 kg) foram coletadas na região

metropolitana de Teresina-PI, durante o mês de outubro de 2011, pela manhã, e

transportadas para o Laboratório de Bromatologia e Bioquímica de Alimentos do

Departamento de Nutrição – UFPI, tendo sido analisado apenas um lote, pois não

houve produção do fruto nos meses subsequentes à coleta devido a estiagem

prolongada.

4.3. Características físicas

Os frutos da carnaúba coletados em estádio de pré-maturação foram

higienizados em água contendo 25 ppm de hipoclorito de sódio comercial, e

selecionados quanto à sanidade e aparência. Utilizou-se dez por cento da amostra,

38 unidades (200 g), com os frutos ainda frescos para as mensurações físicas como

pH, peso médio do fruto (PMF), diâmetros maior e menor (DMA, DME) e relação

DMA/DME. Todas as determinações foram feitas em triplicatas.

4.3.1. Peso médio dos frutos

Para a determinação do peso médio do fruto foram utilizados 38 frutos com o

auxílio de uma balança digital semi analítica ARSEC, modelo ABAL 500, expresso

em gramas.

Page 25: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

24

4.3.2. Diâmetros maior e menor

Com os mesmos 38 frutos foram determinados os diâmetros maior (DMA) e

menor (DME), em mm, utilizando-se um paquímetro digital (DIGMESS, 0 a 150 mm,

resolução 0,01 mm).

4.3.2.1. Relação diâmetro maior e diâmetro menor

O diâmetro maior corresponde ao comprimento e o menor à largura, essa

relação é importante para a definição do formato do fruto. Foi obtida dividindo-se o

diâmetro maior (DMA) pelo diâmetro menor (DME) de cada fruto da amostra, em

mm.

4.3.3. Obtenção da polpa e casca e cálculo do rendimento.

Posteriormente, cerca de 100 frutos em igual estádio de maturação foram

selecionados e cortados manualmente com o auxílio de faca de aço inoxidável e

despolpados por esmagamento com a remoção do caroço, para obtenção da polpa e

casca (PC) e homogeneização. O porcentual do rendimento de polpa e casca (RPC)

foi obtido pela relação do peso da polpa e casca (PPC) e o peso total do fruto (PTF).

Para a obtenção da PC foi utilizada a seguinte metodologia, com a retirada do

caroço durante a despolpa (Figura 3).

4.3.4. Potencial hidrogeniônico

A determinação do potencia hidrogeniônico (pH) foi feita diretamente na

amostra (polpa e casca), utilizando-se um potenciômetro WTW, modelo: 330i/SET,

devidamente calibrado com soluções tampão pH 4 e 7, de acordo com a

metodologia da AOAC (2000).

Page 26: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

25

Figura 3 - Fluxograma de obtenção da polpa e casca do fruto da carnaúba

Recepção

Higienização hipoclorito de sódio a 25 ppm

Seleção e Classificação

Despolpa e Homogeneização Polpa + Casca – parte comestível

Semente descartada – não comestível

Armazenamento -18 oC

Fonte: Dados da pesquisa, Teresina-PI, 2013.

4.4. Características físico-químicas

4.4.1. Acidez titulável

Foi determinada por meio da suspensão de 1 g de polpa e casca em 50 mL

de água destilada, titulando com solução de NaOH (0,1 M). Os resultados foram

expressos em porcentagem, conforme AOAC (2000).

4.4.2. Sólidos solúveis

Após filtração da amostra (polpa e casca) em um chumaço de algodão, foi

efetuada a leitura direta dos sólidos solúveis totais (oBrix) em refratômetro de

bancada tipo Abbé - RTA-100, de acordo com a metodologia da AOAC (2000).

Page 27: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

26

4.4.3. Relação sólidos solúveis e acidez titulável

Foi obtida dividindo-se os teores de sólidos solúveis totais pelos valores da

acidez titulável dos frutos. Esta relação indica o grau de doçura de um determinado

material, sendo um dos índices mais utilizados para avaliar a maturação dos frutos e

consequentemente o sabor dos mesmos.

4.4.4. Composição centesimal e valor energético total

Todas as análises para as determinações, em porcentagem, de umidade,

cinzas, lipídios, proteínas foram realizadas em triplicata e de acordo com

metodologia da AOAC (2000).

4.4.5. Umidade

A umidade (g/100 g) foi obtida por secagem da amostra (polpa e casca) direta

em estufa a 105 ºC até peso constante.

4.4.6. Resíduo mineral fixo (cinzas)

Análise dos resíduos minerais fixos (cinzas), g/100 g, foi realizada por

incineração em mufla a 550 oC até peso constante.

4.4.7. Lipídios

A determinação do teor de lipídios (extrato etéreo) (g/100 g) foi efetuada em

extrator de Soxhlet, utilizando-se hexano como solvente.

4.4.8. Proteínas

O teor de proteínas (g/100 g) foi determinado pelo método de Kjeldahl e o

fator 6,25 usado para converter o teor de nitrogênio em proteína bruta.

Page 28: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

27

4.4.9. Carboidratos

O teor de carboidratos (g/100 g) foi obtido por diferença dos demais

constituintes da composição centesimal.

4.4.9.1. Fibras alimentares totais

O teor de fibras alimentares totais foi determinado pelo método enzimático-

gravimétrico, de acordo com AOAC (2000).

4.4.10. Valor energético total

O valor energético total (VET), em kcal/100 g, dos frutos in natura foi estimado

conforme os valores de conversão de Atwater de 4 kcal/g de proteínas, 4 kcal/g de

carboidratos e 9 kcal/g de lipídios, conforme a seguinte fórmula: VET = 4

(proteínas + carboidratos) + 9 (lipídios) (WATT; MERRILL, 1963).

4.4.11. Análise de minerais

Os minerais ferro, magnésio, potássio, cobre e sódio foram obtidos aplicando-

se a técnica de espectrometria de plasma, utilizando-se espectrômetro simultâneo

ICP OES da marca BAIRD, modelo ICP 2000, segundo Horwitz (2000).

4.5. Análise estatística

Todas as determinações das análises físicas e físico-químicas foram

realizadas em triplicata, e os dados analisados por estatística descritiva, utilizando-

se de medidas de tendência central (média) e de dispersão (desvio padrão e

coeficiente de variação), com o auxílio do software SAEG for Windows, versão 9.1,

2007.

Page 29: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

28

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Características físicas

Na Tabela 1 pode-se observar que o peso médio total do fruto (PTF) foi de 6,35

g, o peso da polpa e cascas (PPC) juntas foi de 2,98 g, o que resultou em um

rendimento de massa para processamento de 47 g/100 g. Nogueira (2009)

apresentou peso médio do fruto da carnaúba de 6,47 g e rendimento de 47,32 g/100

g em concordância com estes resultados. O rendimento médio do fruto, obtido pela

relação PTF/PPC (47 %) indicou que este possui potencial para a indústria

alimentícia, uma vez que um fruto deverá ter um mínimo de 40 % de rendimento de

polpa para ser destinada a elaboração de produtos (LIRA JÚNIOR et al., 2005).

O peso médio da semente da carnaúba foi de 3,28 g (Tabela 1), resultado

similar ao verificado na literatura consultada de 3,31 g (NOGUEIRA, 2009). Chitarra

e Chitarra (2005), estudando a fisiologia e manuseio de frutos e hortaliças

observaram que o peso e o tamanho são características físicas inerentes às

espécies ou cultivares. Esses atributos são importantes e utilizados como índice de

qualidade para a seleção e classificação dos produtos de acordo com a

conveniência do mercado consumidor.

Nesta pesquisa, foram constatados que o diâmetro maior (DMA) e o menor

(DME) apresentaram variação de 21,42 mm a 28,51 mm, e de 16,16 mm a 22,04

mm, respectivamente (Tabela 1). Nogueira (2009) obteve para o fruto da carnaúba

no Ceará resultados de diâmetro menor e maior de 20,19 mm e 25,98 mm, sendo

que as diferenças entre estes e os desta pesquisa podem estar associados à origem

das amostras. O comprimento maior do que o diâmetro indicou que os frutos de

carnaúba foram predominantemente de forma ovalada favorecendo, segundo

Chitarra e Chitarra (2005), seu aproveitamento industrial por facilitar operações de

limpeza e processamento. Quanto à relação DMA/DME de 0,8, o fruto da carnaúba

apresentou formato achatado ou ovalar, uma vez que, quanto mais próximo o

resultado de 1 mais arredondado é o fruto.

Page 30: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

29

Tabela 1 - Características físicas e físico-químicas do fruto da carnaúba

Características Físicas Valores Médios, Desvio Padrão e

Coeficiente de Variação ( %)

Peso do fruto inteiro (g) 6,35 ± 0,86 (13,54)

Peso da polpa e casca (g) 2,98 ± 0,54 (18,12)

Peso da semente (g) 3,28 ± 0,65 (19,82)

Diâmetro maior (mm) 25,15 ± 1,73 (6,88)

Diâmetro menor (mm) 19,59 ± 1,38 (7,04)

pH 4,55 ± 0,28 (6,15)

Características Físico-Químicas Valores Médios, Desvio Padrão e

Coeficiente de Variação ( %)

Sólidos solúveis (°Brix) 48,32 ± 9,54 (19,74)

Acidez titulável (%) 0,34 ± 0,01 (2,94)

SS/AT 142,12 Fonte: Dados da pesquisa, Teresina-PI, 2013.

Quanto ao pH médio observado nesta pesquisa de 4,55 (Tabela 1), a

carnaúba piauiense apresentou valores também semelhantes nos trabalhos de

Nogueira (2009) e Rufino (2008), 4,43 e 4,5, respectivamente.

5.2. Características físico-químicas

Na carnaúba o valor verificado da acidez titulável foi de 0,34 % (Tabela 1). Este

valor ficou em conformidade com resultados descritos por Nogueira (2009) que

obteve 0,33 %. No que diz respeito aos sólidos solúveis (SS) o valor médio obtido foi

de 48,32 oBrix (Tabela 1), semelhante ao observado por Nogueira (2009) de 44,32

oBrix. A concentração de sólidos solúveis do fruto em ponto de consumo pode variar

entre frutos em função de fatores genéticos e ambientais. A relação SS/AT é uma

das melhores formas de avaliação do sabor, sendo mais representativa que a

medição isolada de açúcares e de acidez. As análises realizadas mostraram uma

relação SS/AT de 142,12 corroborando com o resultado verificado por Nogueira

(2009) de 138,35 entre os diversos genótipos da carnaúba analisados, considerada

alta e indicando um elevado grau de doçura.

Page 31: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

30

Os resultados apresentados na Tabela 1 apresentaram coeficientes de

variação sempre abaixo de 20 %, indicando que os elementos das amostras foram

homogêneos.

A Tabela 2 apresenta a composição centesimal da polpa e casca (PC) da

carnaúba. Esta composição química incluiu a determinação de umidade, proteínas,

lipídios, cinzas, carboidratos por diferença e fibra alimentar total. O valor energético

total (VET) dos frutos in natura foi estimado em 208,58 kcal/100 g (Tabela 2), ou

seja, a carnaúba apresentou elevado teor calórico comparada a outros frutos nativos

do cerrado como quipá (45,05 kcal/100 g) (SOUSA et al., 2007), araçá (37,09

kcal/100 g), araticum (90,47 kcal/100 g), cagaita (20,01 kcal/100 g), caju-do-cerrado

(38,27 kcal/100 g), gabiroba (47,36 kcal/100 g), mangaba (66,21 kcal/100 g), murici

(46,43 kcal/100 g), pitomba (56,35 kcal/100 g), puçá preto (34,15 kcal/100 g),

assemelhando-se à macaúba (285,65 kcal/100 g) (SILVA et al., 2008). Com relação

aos frutos do cerrado piauienses pesquisados por Sousa (2011), a carnaúba

apresentou-se mais calórica que o bureré (106,9 kcal/100 g), cagaita (36,6 kcal/100

g), o cajuí (69,9 kcal/100 g), maracujá do cerrado (54,4 kcal/100 g), marmelada-de-

cachorro (115,2 kcal/100 g) e tuturubá (146,5 kcal/100 g). O teor de umidade do fruto foi de 45,73 g/100 g (Tabela 2). A carnaúba

destacou-se como um fruto menos vulnerável à perecibilidade, apresentando-se

mais estável e de fácil manuseio. Seus valores de umidade foram menores que os

obtidos no quipá (SOUSA et al., 2007) (88,69 g/100 g), araçá (82,36 g/100 g),

araticum (76,05 g/100 g), cagaita (94,34 g/100 g), caju-do-cerrado (86,57 g/100 g),

gabiroba (87,31 g/100 g), mangaba (82,40 g/100 g), murici (80,64 g/100 g), pitomba

(83,16 g/100 g) e puçá (85,13 g/100 g) (SILVA et al., 2008).

Na análise do teor de proteínas do fruto da carnaúba obteve-se conteúdo

médio de 6,70 g/100 g (Tabela 2). Neste trabalho, o valor protéico da carnaúba foi

superior aos frutos pesquisados por Araújo et al. (2007) para o maracujá do mato (1

g/100 g); Lago et al. (2006), para o jambolão (0,67 g/100 g); por Furtado et al. (2009)

para a manga (0,22 g/100 g); e por Freitas et al. (2006) para a acerola (0,40 g/100

g), teor elevado se considerar a maioria dos frutos nativos do cerrado e frutos

tropicais. Em relação a alguns frutos nativos do cerrado piauiense pesquisados por

Sousa (2011), a carnaúba apresenta maior teor protéico que o bureré (2,2 g/100 g),

cagaita (2,5 g/100 g), cajuí (1,1 g/100 g), jatobá (1,7 g/100 g), macaúba (0,6 g/100

g), maracujá-do-cerrado (2,1 g/100 g), mangaba (1,4 g/100 g), marmelada-de-

Page 32: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

31

cachorro (0,8 g/100 g), puçá preto (2,3 g/100 g) e tuturubá (0,5 g/100 g),

demonstrando o potencial do fruto da carnaúba como fonte de proteína.

Tabela 2 - Valor energético total, composição centesimal e teor de fibra alimentar total da polpa e casca do fruto da carnaúba

Valor Energético Total, Macronutrientes e Teor de

Fibra Alimentar Total

Valores Médios, Desvio Padrão e Coeficiente de Variação (%)

VET (kcal/kjoule) 208,58 kcal/873,58 kjoule

Umidade (g/100 g) 45,73 ± 1,76 (3,85)

Lipídios (g/100 g) 1,18 ± 0,15 (12,71)

Proteínas (g/100 g) 6,70 ± 0,24 (4,00)

Cinzas (g/100 g) 3,60 ± 0,70 (19,44)

Carboidratos* (g/100 g) 42,79

Fibras totais **( g/100 g) 26,52 ±0,002 (0,01)

* calculado por diferença; ** MOREIRA-ARAÚJO et al., 2013.

Fontes: Dados da Pesquisa. Teresina-PI, 2013.

A quantidade de cinzas obtida de 3,6 g/100 g (Tabela 2) foi maior que a

observada por Braga (2001) que foi de 3,00 g/100 g. Este resultado pode indicar um

maior teor de resíduo mineral no fruto da carnaúba, superando a maioria dos frutos

nativos do cerrado e frutos tropicais citados nos trabalhos de Silva et al. (2008),

Santos et al. (2010), Oliveira et al. (2010), Souza et al. (2008), Teixeira et al. (2001),

com exceção do chichá (3,82 g/100 g) e jatobá (5,0 g/100 g), respectivamente, em

estudos realizados por Souza et al. (2007) e Sousa (2011).

O conteúdo de lipídios da polpa e casca do fruto da carnaúba encontra-se na

Tabela 2. Obteve-se 1,18 g/100 g de lipídios. Resultados verificados por Lopes et al.

(2012) na polpa de pequi mostraram um teor médio de lipídios de 30,9 g/100 g,

considerado elevado, enquanto as polpas de coquinho-azedo e araticum

apresentaram baixos teores, média de 2,7 g/100 g e 2,1 g/100 g, respectivamente. O

valor lipídico verificado nas amostras do fruto da carnaúba de Teresina-PI superam

os valores determinados na maioria dos frutos nativos do cerrado como araçá (0,49

g/100 g), cagaita (0,44 g/100 g), caju-do-cerrado (0,63 g/100 g), gabiroba (0,12

g/100 g), pitomba (0,19 g/100 g), bureré (0,3 g/100 g), cajuí (0,3 g/100 g), maracujá-

do-cerrado (0,3 g/100 g), marmelada-de-cachorro (0,3 g/100 g), puçá preto (0,3

Page 33: Dissertação Final da Mestranda Keila Cristiane Batista Bezerra

32

g/100 g), tuturubá (0,9 g/100 g) e puçá (0,31 g/100 g) citados no trabalho de Silva et

al. (2008) e Sousa (2011), contudo, o fruto da carnaúba apresentou-se com baixo

teor de lipídios.

O valor descrito para fibras alimentares totais do fruto da carnaúba foi de

26,52 g/100 g (Tabela 2), o que caracterizou seus frutos como excelente fonte de

fibras. A casca no fruto da carnaúba é consumida junto com a polpa, aumentando

seu valor nutritivo. Em estudo da composição centesimal da casca e polpa de

manga, Marques et al. (2010) apresentaram, com destaque, o teor de fibra alimentar

total de 11 g/100 g, menos que a metade do valor encontrado neste trabalho.

Neste estudo avaliaram-se os teores de Cu (0,22 mg/100 g), Fe (0,68 mg/100

g), Mg (66,00 mg/100 g), K (1284,00 mg/100 g) e Na (3,20 mg/100 g) (Tabela 3). Os

resultados demonstraram que o fruto da carnaúba apresentou elementos minerais

em quantidades significativas, principalmente potássio, superando frutos como

camu-camu (144,1 mg/100 g) (YUYAMA et al., 2003), manga (176,05 mg/100 g)

(MARQUES et al., 2010), sapucaia (674,59 mg/100 g) (SOUZA et al., 2008),

carambola (135,53 mg/100 g) (TEIXEIRA et al., 2001), pequi (460,43 mg/100 g)

(RAMOS; SOUZA, 2011), banana (518 mg/100 g) (TACO, 2011) e assemelhando-se

à jabuticaba, que possui cerca de 1300 mg/100 g (LIMA et al., 2011).

O potássio é um importante regulador da atividade neuromuscular como, por

exemplo, a fadiga, a fraqueza e cãibras e promoção do crescimento celular

(MARQUES et al., 2010). É um elemento largamente distribuído nos alimentos por

ser um dos principais constituintes essenciais das células vegetais. Nesta pesquisa,

no que diz respeito ao sódio, o teor obtido foi 3,20 mg/100 g (Tabela 3). Este

elemento é importante no controle da absorção e transporte de alguns nutrientes

como cloro, aminoácidos, glicose e água e, juntamente com o K, atuam no

mecanismo da bomba sódio/potássio (CARDOSO, 2006).

Quanto ao magnésio, cujo valor verificado foi 66,00 mg/100 g (Tabela 3), o

fruto da carnaúba apresentou valor superior ao de vários frutos tropicais do nordeste

brasileiro como a manga (23,38 mg/100 g) (MARQUES, et al., 2010), a carambola

(9,06 mg/100 g) (TEIXEIRA et al., 2001), dentre outros frutos citados por Almeida et

al., (2009) como o abacaxi (17,24 mg/100 g), a ata (28,22 mg/100 g), a graviola

(23,14 mg/100 g), a jaca (39,80 mg/100 g), o mamão (11,17 mg/100 g), o murici

(43,70 mg/100 g), o sapoti (44,32 mg/100 g), a seriguela (3,21 mg/100 g), o

tamarindo (53,28 mg/100 g) e o umbu (10,77 mg/100 g).

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33

Tabela 3 - Conteúdo de minerais na polpa e na casca do fruto da carnaúba.

Minerais Valores Médios, Desvio Padrão e

Coeficiente de Variação (%)

Cu (mg / 100 g) 0,22 ± 0,002 (0,91)

Fe (mg / 100 g) 0,68 ± 0,02 (2,94)

Mg (mg / 100 g) 66,00 ± 1,00 (1,52)

K (mg / 100 g) 1284,00 ± 28,00 (2,18)

Na (mg / 100 g) 3,20 ± 0,10 (3,13)

Fonte: MOREIRA-ARAÚJO et al., 2013.

No que se refere ao teor de ferro determinado de 0,68 mg/100 g (Tabela 3), o

fruto da carnaúba apresentou conteúdo superior aos frutos nativos do cerrado como

o araçá (0,21 mg/100 g), o araticum (0,23 mg/100 g), a cagaita (0,02 mg/100 g), o

caju-do-cerado (0,26 mg/100 g), a gabiroba (0,24 mg/100 g), a pitomba (0,6 mg/100

g) e o puçá (0,23 mg/100 g) pesquisados por Silva et al. (2008). No fruto da

carnaúba o Cu (0,22 mg/100 g) superou o conteúdo de quase a totalidade dos frutos

tropicais do Nordeste brasileiro, exceto o pequi (0,58 mg/100 g) (RAMOS; SOUZA,

2011), uma importante fonte de nutrientes do cerrado.

5.3. Comparação dos teores de nutrientes presentes na carnaúba com as IDR’s

(Ingestão diária recomendada) para adulto normal

Na Tabela 4 encontram-se os valores obtidos, de referência e porcentual de

adequação aos valores diários recomendados de diversos nutrientes e do VET. Em

100 g de polpa e casca de carnaúba obtiveram-se 10,43 % do valor diário (VD) de

calorias necessárias para um adulto normal, demonstrando um elevado aporte

calórico para o fruto, possivelmente devido ao teor de carboidratos presentes, cerca

de aproximadamente 85,58 % do recomendado. Com relação ao valor de proteínas,

o fruto atenderia a 44,67 % do valor de referência para cada 100 g consumidas. O

teor de lipídios manteve-se menor que 5 % da recomendação para ingestão diária.

Os vegetais e frutos, em sua maioria, apresentam baixos teores de proteínas e de

lipídios.

Quanto a fibras alimentares totais, a Americam Dietetic Association (ADA,

2002) recomenda uma ingestão diária para adultos de 20 a 35 g. Observou-se que

100 g de carnaúba atenderia 100 % da necessidade diária de um indivíduo (Tabela

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34

4). Este valor revelou-se elevado quando comparado aos frutos do cerrado

pesquisados por Silva et al. (2008). As fibras contidas nos frutos vegetais

desempenham importante papel na saúde, influenciando na digestão, absorção e

metabolismo, diminuindo o tempo de trânsito intestinal dos alimentos e dos níveis de

colesterol sanguíneo, atuando como grande regulador intestinal (SANTOS et al.,

2010).

Tabela 4 - Informação nutricional em 100 g de polpa e casca da carnaúba.

Nutrientes e Valor

Energético Total Valores Obtidos

Média e Desvio Padrão

Valores de

Referência

IDR*(%)

Porcentagem

de Adequação

VD**(%)

VET (kcal/kjoule) 208,58 kcal/873,58 kjoule 2000 10,43

Lipídios (g/100 g) 1,18 (±0,15) 25 - 30 4,72 - 3,93

Proteínas (g/100 g) 6,70 (±0,24) 15 – 20 44,67 - 33,5

Carboidratos* (g/100 g) 42,79 50 – 60 85,58 – 71,32

Fibras totais (g/100 g)** 26,52 (±0,002) 20 - 35 132,6 - 75,77

Cu (mg / 100 g)*** 0,22 (±0,002) 900 0,02

Fe (mg / 100 g)*** 0,68 (±0,02) 14 4,86

Mg (mg / 100 g)*** 66,00 (±1,00) 260 25,38

K (mg / 100 g)*** 1284,00 (±28,00) 4700 27,32

Na (mg / 100 g)*** 3,20 (±0,10) 1500 0,21

IDR* Ingestão diária recomendada (adulto) (Brasil, 2005). **VD – valores diários para dieta de 2000

cal., ***MOREIRA-ARAÚJO et al., 2013.

Fonte: Dados da pesquisa. Teresina-PI, 2013.

De acordo com a IDR para um adulto (BRASIL, 2005), os valores para Cu,

Fe e Mg recomendados são 900µg, 14 mg e 260 mg; e para Na e K 500 mg e 2000

mg, respectivamente. Observando estas recomendações, o conteúdo de potássio e

magnésio, em 100 g de carnaúba, atenderiam a cerca de 25 % da recomendação

diária (Tabela 4).

A carnaúba demonstrou ser rica em carboidratos e fibras alimentares, além de

excelente fonte dos minerais K e Mg, com bons níveis de Na, Cu e Fe quando

comparada a outros frutos nativos do cerrado e frutos tropicais, podendo ser

utilizada como importante fonte de nutrientes para a alimentação humana. Deve-se,

pois, estimular seu consumo pela população como uma opção de fruto nutritivo.

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6. CONCLUSÕES

O peso médio total do fruto da carnaúba foi de 6,35 g; apresentou bom

rendimento de polpa e casca (47 %) e formato ovalado.

A polpa e casca da carnaúba, apresentaram baixa acidez titulável (0,34 %),

com elevado teor de sólidos solúveis (48,32 oBrix) e, consequentemente, alta relação

SS/AT (142,12), indicando elevado grau de doçura.

Com relação a composição centesimal obteve-se elevado teor de cinzas (3,60

g/100 g), proteínas (6,70 g/100 g) e carboidratos (42,79 g/100 g), além de baixo teor

de lipídios (1,18 g/100 g), e umidade (45,73 g/100 g) na polpa e casca, sendo menos

vulnerável a perecibilidade, mais estável e de fácil manuseio. Além disso, o fruto

apresentou-se como importante fonte de fibras alimentares totais (26,52 g/100 g); e

de calorias (208,58 Kcal/100 g).

Dentre os minerais pesquisados na polpa e casca da carnaúba, o potássio foi

o mais abundante (1284,00 mg/100 g), seguido por magnésio (66,00 mg/100 g),

ambos correspondendo a aproximadamente 25 % da Ingestão Diária Recomendada.

Concluiu-se, portanto, que a carnaúba apresentou um excelente valor

nutritivo, rica em carboidratos e fibras alimentares, fonte dos minerais K e Mg, e

bons níveis de Na, Cu e Fe, com grande potencial para a indústria alimentícia.

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