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Discussões a cerca do conceito Região

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Discusses a cerca do conceito Regio

Discusses a cerca do conceito Regio

HistricoDeriva do latim regere, composta pelo radical reg, que deu origem a outras palavras como regente, regncia, regra etc.

regione no Imp. Romano era a denominao para reas que dispunham de uma administrao local, mas estavam subordinados s regras gerais de Roma.

Filsofos interpretam este conceito como um momento histrico em que surge a relao entre a centralizao do poder em um local e a extenso dele sobre uma rea de diversidade social, cultural e espacial.

Estado moderno Europeu Discurso de unio regional face a um inimigo comercial, cultural ou militar exterior.

Mudana do conceito

Antiguidade Clssica relacionado a questo da relao entre a centralizao administrativa e a diversidade espacial (diversidade fsica, cultural, econmica e poltica).

Contemporaneidade redefinio do papel do Estado, quebra de pactos territoriais, ressurgimento de questes regionais (nacionalismo/regionalismo fragmentado)Por uma nova centralidade dos focos hegemnicos de uma poltico-econmica imposta pelo capitalismo mundial vemos o desejo de autonomia

Diversas noes de regiesSenso Comum - Relacionada a dois princpios: localizao e extenso.

Unidade administrativa Diviso regional relacionada a hierarquia e controle na administrao do Estado.

Cincias Associada localizao de um certo domnio (espcie, afloramento, clima, bioma etc).

Geografia Regio natural nasce da ideia de o ambiente tem certo domnio sobre a orientao do desenvolvimento da sociedade (determinismo).

A natureza pode influenciar e moldar certos gneros de vida, mas sempre a sociedade que tem a responsabilidade da escolha (Possibilismo).O meio ambiente prope, o homem dispe (L. Fbvre, 1922).

As regies existem como unidades bsicas do saber geogrfico, no como unidades morfolgicas e fisicamente pr-constitudas mas sim como o resultado do trabalho humano em um determinado ambiente.

Assim, estudos regionais passam a analisar e a descrever as caractersticas fsicas e depois humanas.

Hartshore (1939) prope a Geografia Idiogrfica e a Nomottica.

IdiogrficaDescritiva, nicos e compreendidos por suas particularidades; no h leis ou normas gerais.

NomotticaFatos que so regulares e comuns; estabelece modelos que podem antecipar resultados a partir de variveis fundamentais.

Geografia cincia Idiogrfica, visto que estudava o espao terrestre que diferenciado e nico em cada paisagem (Hettner, Sc XIX).

Cincias naturais esto mais prximas do modelo nomottico, enquanto as cincias sociais, pelo carter nico dos fenmenos que estudam se identificam muito mais ao modelo idiogrfico (Hastshore, 1939).

Duas dcadas como referncia fundamental nas discusses metodolgicas na geografia.

Renovaes na dcada de 1950.

Crtica da e Geografia Clssica:

A Geografia na perspectiva regional descritiva, Sem status de cincia, se limitava descrio sem estabelecer relaes ou anlises.

O estabelecimento de regies passa a ser uma tcnica da Geografia, um meio para demonstrao de uma hiptese e no mais um produto final do trabalho de pesquisa.

Regionalizao passou a ser tarefa de dividir o espao segundo diferentes critrios e que variam segundo as intenes explicativas de cada pesquisa.

Surgindo assim, dois tipos fundamentais de regio:HomogneasVariveis de anlise definindo espaos homogneos

Funcionais ou polarizadasApresentam ligaes de fluxos e redes

Atualmente h diversos recortes regionais:Grupos de Estados (UE; Nafta);Parcelas subnacionais;Parcelas supranacionais, com forte identidade cultural (Mundo rabe).

Regionalizao do Espao Brasileiro

O IBGE e a diviso regional oficial do Brasil - antecedentesNasce em 1934, sob a designao de Instituto Nacional de Estatstica;

1936 incio das atividades

1938 - nome se altera para Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

Contexto histrico: governo ditatorial de Getlio Vargas (1930-1945); planejamento territorial e integrao nacional como fundamentos.

Divises regionais do Brasil segundo o IBGE

Ao longo de sua existncia, o IBGE adotou divises regionais do Brasil, a ltima delas (1990) resultante da criao de Tocantins e de sua insero na Regio Norte;

1913

A primeira proposta de diviso regional do Brasilsurgiu em 1913, para ser utilizada no ensino de geografia.

Os critrios utilizados para esse processo foram apenas aspectos fsicos clima, vegetao e relevo.

Dividia o pas em cinco regies: Setentrional, Norte Oriental, Oriental, Meridional.

1940O IBGE elaborou uma nova proposta de diviso para o pas que, alm dos aspectos fsicos, levou em considerao aspectos socioeconmicos. Norte: Amazonas, Par, Maranho, Piau e o territrio do Acre. Nordeste: Cear, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraba e Alagoas. Centro: Gois, Mato Grosso e Minas Gerais.Leste: Bahia, Sergipe e Esprito Santo.Sul: Paran, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, So Paulo e Rio de Janeiro.

1945

O Brasil possua sete regies: Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste Oriental, Centro-Oeste, Leste Setentrional, Leste Meridional e Sul. Norte: Criado o territrio de Rio Branco (RR); o Amap. MT perdeu uma poro a noroeste (batizado como territrio de Guapor) e outra ao sul (chamado territrio de Ponta Por). No Sul, PR e SC foram cortados a oeste e o territrio de Iguau foi criado.

1950Os territrios de Ponta Por e Iguau foram extintos e os estados do Maranho e do Piau passaram a integrar a regio Nordeste.

Leste: Bahia, Minas Gerais, Esprito Santo, Rio de Janeiro.

1960 - Braslia foi criada e o Distrito Federal, e a capital virou Estado da Guanabara.

1962 - Acre tornou-se estado autnomo e o territrio de Rio Branco ganhou o nome de Roraima.

1970O Brasil ganhou o desenho regional atual.

Sudeste: So Paulo e Rio de Janeiro sendo agrupados a Minas Gerais e Esprito Santo.

Nordeste: recebeu Bahia e Sergipe.

Centro-Oeste: Gois, Mato Grosso, dividido alguns anos depois, dando origem ao estado de Mato Grosso do Sul.

1990Constituio de 1988.

Diviso de Gois em GO e TO, este se incorpora a regio Norte.

Roraima, Amap e Rondnia tornaram-se estados autnomos.

Fernando de Noronha deixou de ser federal e foi incorporado a Pernambuco.

Aplicabilidade da diviso regional oficialelaborao de polticas pblicas;

subsdio ao sistema de decises quanto localizao de atividades econmicas, sociais e tributrias;

subsdio ao planejamento, estudos e identificao das estruturas espaciais de regies metropolitanas e outras formas de aglomeraes urbanas e rurais.

Outras propostasO conhecimento um produto histrico = desenvolvimento terico sobre um objeto + conhecimento do objeto

Autor, obra e poca so mutuamente explicativos. Da a necessidade de no dissociar produtor, produzido e contexto da produo. (Moraes, 2005)

Roberto Lobato Corra e os 3 BrasisGegrafo pela UFRJ e especializaes em Geografia Humana e Econmica na Frana e EUA.

Pressupostos da proposta do Lobato CorraProcessos sociais e econmicos ps dcada de 1950 geraram uma nova regionalizao caracterizada por 3 grandes regies:

Centro-Sul (MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS, MS, GO e DF) Nordeste (PI, CE, RN, PB, PE, SE, AL e BA)Amaznia (PA, AP, AM, RR, AC, RO, MT, TO e MA)

Regionalizao do Brasil segundo Roberto Lobato Corra 1989.

Fonte: SILVA, Simone Affonso, 2010.

FundamentosAs grandes regies so uma expresso da DTT:

A nova diviso territorial do trabalho desfaz e refaz a organizao espacial e a cada etapa a desigualdade scio-espacial refeita; a regionalizao refeita, desfazendo antigas regies que tiveram existncia sob outros processos e condies. (Corra, 2001)

Elementos da diferenciao espacialDistintas especializaes produtivas

Distintos modos e intensidade da circulao, do consumo e da gesto de atividades

Distintos arranjos espaciais

Distintos nveis de articulao interna

Regio Centro-SulConcentrao dos principais centros de gesto econmica e poltica do pas (SP, RJ e Braslia)Concentrao da produo industrialAlto grau de urbanizao/metropolizaoDensa rede de circulaoPrincipal rea agropecuria do pasGrande mobilidade internaConcentrao de rendaFora poltica

Regio NordesteImportncia declinante da agropecuria no contexto nacionalPerda demogrficaAtividades mais dinmicas voltadas para foraPequeno grau de articulao interna/pequena diviso inter-regional do trabalhoBaixo nvel de renda da populaoMenor variedade e densidade das formas espaciaisImportncia poltica desmesurada

AmazniaFronteira do capitalApropriao dos recursos naturaisDizimao fsica e cultural da base social prviaReceptora de correntes migratrias, sobretudo de nordestinosInvestimentos pontuais de capitalIntegrao ao Centro-SulDiferentes tipos de conflitos sociais

Milton Santos e os 4 Brasis

Pressupostos da proposta de Milton SantosAs diferenciaes no territrio:

A noo de desigualdade territorial persiste nas condies atuais. Todavia, produzir uma tipologia de tais diferenciaes , hoje, muito mais difcil do que nos perodos histricos precedentes. As desigualdades territoriais do presente tm como fundamento um nmero de variveis bem mais vasto, cuja combinao produz uma enorme gama de situaes de difcil classificao (Santos, 2001)

Esboo da proposta

Regionalizao do Brasil segundo Santos e Silveira, 1999.

Regio ConcentradaO meio tcnico-cientfico-informacional se implantou sobre um meio mecanizado, portador de um denso sistema de relaes, decorrente, em parte de uma urbanizao importante, ao padro de consumo das empresas e das famlias e a uma vida comercial mais intensa;

Atividades ligadas globalizao, aumento da importncia dos capitais fixos, dos capitais constantes e da circulao.

Regio Centro-Oesterea de ocupao perifrica recente;

O meio tcnico-cientfico-informacional se estabelece sobre um territrio praticamente natural ou pr-tcnico, onde a vida de relaes era rala e precria;

Regio produtora de uma agricultura globalizada, com alto consumo de fertilizantes e defensivos agrcolas e utilizao de tecnologia de ponta.

Nordesterea de povoamento antigo, onde a constituio de um meio mecanizado se deu de forma pontual e pouco densa;

Agricultura de subsistncia e com baixos nveis de mecanizao;

Numerosos ncleos urbanos, mas com uma urbanizao raqutica

Amaznialtima a ampliar sua mecanizao;Forte participao do transporte areo de cargas em funo de sua geografia;Sua ocupao decorre de um conhecimento fundado em modernos satlites e radares;Existncias de reas de agricultura moderna e cidades-cogumelo;Convivncia entre sistemas de movimento modernos e rpidos e sistemas de movimento lentos (estes a servio de atividades tradicionais).

Lobato e Santos: leituras em confronto

Atual nas reas de Geografia Urbana, Regionalizao, Anlise RegionalPedro Pinchas Geiger

Pressupostos da proposta do Pedro Pinchas GeigerProcesso histrico de formao do territrio brasileiro Regies: semelhanas histricas, econmicas e culturais complexos regionais

Centro-Sul (MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS e parte de GO e MT) Nordeste (PI, CE, RN, PB, PE, SE, AL, BA, parte do MA e norte de MG)Amaznia (PA, AP, AM, RR, AC, RO, parte do MT, de GO e do MA)

As regies geo-econmicas de Pedro Pinchas Geiger frente a diviso regional de Lobato Corra

Fundamentos

...a regionalizao decorre do fato de que, em qualquer forma de organizao, estabelece-se um ncleo e uma periferia com interao. Verifica-se que no espao pode resultar, desta interao, a criao de novos ncleos na periferia, em geral de hierarquia inferior ao primeiro; evolui-se, portanto, para um sistema hierarquizado de ncleos e periferias. (Geiger, 1970 apud Bezzi, 1999)

Regio Centro-Sul

Regio economicamente mais dinmicaPrincipal destino de migrantes do pasRegio mais industrializadaAgricultura de exportao

Regio Nordeste

Regio mais pobre do pasIndicadores sociais ruinsConcentrao populacional na faixa litorneaRiqueza cultural

AmazniaBaixa densidade demogrfica/vazios demogrficosConcentrao populacional em Manaus e BelmEconomia baseada no extrativismoDestaque para a industrializao no PIM

Divises Regionais do Brasil (1843-1905)

...de 1913 a 1927

...de 1937 a 1941

Sntese de leituras da Diviso Regional do Brasil