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Tribo Andrea Travassos Começamos o semestre conhecendo melhor o tema “Trabalho Infantil”. O livro “Serafina e a criança que trabalha”, de Jô de Azevedo, Iolanda Huzak e Cristina Porto, permitiu que o assunto pudesse ser discutido com com tranqüilidade e entendimento, não apenas pela linguagem, muito adequada e próxima do universo infantil mas, também, por apresentar a questão junto aos muitos movimentos e iniciativas pelo mundo afora para minimizar essa dura realidade. As discussões e os depoimentos das crianças durante esse estudo nos mostraram o quanto foi importante abordar esse assunto. A criança, nas diferentes culturas e sociedades, tem direitos e deveres comuns que precisam ser respeitados. Quando abrimos espaço para ouvir as opiniões e idéias das nossas crianças a respeito do seu lugar no mundo, nos surpreendemos com valiosas e maduras observações e depoimentos que geraram novas perguntas e questões, às vezes sem respostas imediatas, mas que colocam a indagação e a indignação como formas de abrir possíveis caminhos para novas soluções. Aproveitamos muito esse tempo! Para ampliar a reflexão, assistimos ao curta “Bilu e João”, olhar da diretora Katia Lundi para compor o longa “Crianças Invisíveis”. Fechamos o ano, ainda observando as crianças de outras culturas, só que dessa vez fazendo o “seu trabalho”, ou seja, sendo estudante. Assistimos a alguns episódios da série “Minha Escola”, buscando um olhar observador sobre o estudante e o professor nos diferentes lugares do mundo. Depois, em descontraídas conversas, as crianças estranhavam o muito diferente e apontavam os aspectos comuns. Fechamos o ano lendo nossos desejos para 2008 na escola, registrados na primeira Tribo do ano. Concentrados, voltados para si mesmos, e ao mesmo tempo em sintonia com seu grupo – companheiro de tantas vivências 1 Escola Sá Pereira – Relatório do Segundo Semestre de 2008 – Ensino Fundamental – F3M Terceiro Ano - F3M Ensino Fundamental Relatório do Segundo Semestre de 2008 alice figueiredo pereira / alicia mettrau vargas / andre pucheu cazeiro / antonio nunes da costa / caio quitete de barros mansur / eike martins reis / ernesto saad linares pereira / gabriel tyco labouret / joana teixeira brodt / joana vargas fraga lopes pinto / joanna neoob de carvalho chaves / joão pedro campos veleda / leticia nery tomei / luiza lubiana alves / maira de lima resende lessa / manuela valle alzuguir dos santos / maria antonia pereira da silva mello / maria eduarda boclin jackson / maria eduarda lazoski ramos / maria helena freeland miquelito / maria rezende coutinho / rosa neves saad / samia nascimento de aguiar / tali zagarodny / theo mandelert pracownik

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Page 1: Terceiro Ano - F3M discussões sobre o conceito de tempo desafiaram nossos pequenos desde o início do ano. Afinal, nos reportamos para o séc XIX e muitas dúvidas surgiram sobre

TriboAndrea Travassos

Começamos o semestre conhecendo melhor o tema “Trabalho Infantil”. O livro “Serafina e a criança que trabalha”, de Jô de Azevedo, Iolanda Huzak e Cristina Porto, permitiu que o assunto pudesse ser discutido com com tranqüilidade e

entendimento, não apenas pela linguagem, muito adequada e próxima do universo infantil mas, também, por apresentar a questão junto aos muitos movimentos e iniciativas pelo mundo afora para minimizar essa dura realidade. As discussões e os depoimentos das crianças durante esse estudo nos mostraram o quanto foi importante abordar esse assunto. A criança, nas diferentes culturas e sociedades, tem direitos e deveres comuns que precisam ser respeitados. Quando abrimos espaço para ouvir as opiniões e idéias das nossas crianças a respeito do seu lugar no mundo, nos surpreendemos com valiosas e maduras observações e depoimentos que geraram novas perguntas e questões, às vezes sem respostas imediatas, mas que colocam a indagação e a indignação como formas de abrir possíveis caminhos para novas soluções. Aproveitamos muito esse tempo! Para ampliar a reflexão, assistimos ao curta “Bilu e João”, olhar da diretora Katia Lundi para compor o longa “Crianças Invisíveis”. Fechamos o ano, ainda observando as crianças de outras culturas, só que dessa vez fazendo o “seu trabalho”, ou seja, sendo estudante. Assistimos a alguns episódios da série “Minha Escola”, buscando um olhar observador sobre o estudante e o professor nos diferentes lugares do mundo. Depois, em descontraídas conversas, as crianças estranhavam o muito diferente e apontavam os aspectos comuns. Fechamos o ano lendo nossos desejos para 2008 na escola, registrados na primeira Tribo do ano. Concentrados, voltados para si mesmos, e ao mesmo tempo em sintonia com seu grupo – companheiro de tantas vivências

1 Escola Sá Pereira – Relatório do Segundo Semestre de 2008 – Ensino Fundamental – F3M

Terceiro Ano - F3MEnsino FundamentalRelatório do Segundo Semestre de 2008

alice figueiredo pereira / alicia mettrau vargas / andre pucheu cazeiro / antonio nunes da costa / caio quitete de barros mansur / eike martins reis / ernesto saad linares

pereira / gabriel tyco labouret / joana teixeira brodt / joana vargas fraga lopes pinto / joanna neoob de carvalho

chaves / joão pedro campos veleda / leticia nery tomei / luiza lubiana alves / maira de lima resende lessa /

manuela valle alzuguir dos santos / maria antonia pereira da silva mello / maria eduarda boclin jackson / maria

eduarda lazoski ramos / maria helena freeland miquelito / maria rezende coutinho / rosa neves saad / samia

nascimento de aguiar / tali zagarodny / theo mandelert pracownik

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e aprendizagens – queimamos os papéis e, junto com a fumaça, deixamos nossos desejos, de hoje e de sempre, se espalharem pelo espaço.

ProjetoDenise Morais

Iniciamos o semestre com as crianças se relacionando de uma forma mais integrada. Nos momentos de trabalho ou de brincadeiras, as parcerias aconteciam de maneira mais tolerante e receptiva.

Essa postura favoreceu a inserção de todas as crianças no grupo com suas individualidades, contribuiu muito para o desenvolvimento dos projetos, como uma verdadeira obra coletiva e, naturalmente, propiciou a construção da identidade desse grupo.

“A Aventura do Trabalho”, nos conduziu a uma pesquisa sobre “Higiene e Saúde no Brasil - 200 anos”.

A leitura dos livros “Ludi na Chegada e no Bota Fora da Família Real” e “Ludi na Revolta da Vacina”, de Luciana Sandroni, nos ajudaram a fazer a transposição histórica do séc.XIX, para os primórdios do séc.XX. Partimos de discussões sobre a situação precária de higiene e saneamento no Brasil colonial e durante a estada da corte portuguesa no Rio.

Observamos, a partir daí, transformações necessárias e significativas na medicina e no conceito de saúde ao longo desses duzentos anos. Das práticas de cura, herança africana e indígena, à preocupação com a saúde pública, trazendo o trajeto da evolução da profissão de médico como guia dessas discussões.

Durante o processo desses estudos, fomos concebendo a idéia da Feira Moderna.

Nosso primeiro contato com esse tema foi durante a visita ao Museu Histórico Nacional, onde acontecia a exposição “Saúde e Medicina – Brasil e Portugal, 200 anos”. Nesse passeio foi possível uma visão bastante didática da transformação das profissões da “arte de curar” e das múltiplas ferramentas usadas pela medicina até os nossos dias.

Nossas discussões buscavam uma reflexão sobre o equilíbrio da saúde individual e a idéia do conceito sobre saúde pública.

As crianças vivenciaram experiências sobre a higiene e a saúde do corpo, usaram sabão e água para observarem a atuação dessas substâncias em meios gordurosos como, utensílios domésticos e o próprio corpo.

Manusearam o microscópio para compreenderem o “mundo invisível” que só esse aparelho pode nos desvendar. A partir dessa abordagem, foi possível entender o quanto o advento das poderosas lentes veio traçar novos caminhos e novas condutas para a medicina e para a profissão médica.

Desenvolveram um filtro que mostrou a necessidade do tratamento das águas que consomem e, a partir dessa observação, foi possível entender a frase “um gole d`água no séc XIX poderia ser fatal à vida de alguém".

Depois de muito conhecermos sobre a higiene e a saúde desse período, nos debruçamos sobre a história de Oswaldo Cruz, “o médico do Brasil”. Com ele veio uma nova era para a sociedade brasileira, tanto para os cidadãos comuns, quanto para a comunidade médica que aqui atuava.

O conceito de saúde pública se difundiu nessa ocasião. Nosso objeto de estudo foi a vacinação da população, a política de saneamento da cidade e a revolta dos moradores contra os políticos da época, os agentes de saúde e, principalmente, contra o Dr. Oswaldo, que trouxe essas idéias inovadoras de outras terras.

Esse recorte da história foi ilustrado pelos livros, “Oswaldo Cruz, O Médico do Brasil”, da Fiocruz; “Medicina”, de Moacir Scliar; os títulos já citados de Luciana Sandroni e o vídeo “Oswaldo Cruz”, de Silvio Tendler.

Atualizamos nossas conversas com depoimentos das crianças sobre suas próprias vivências de visitas periódicas ao médico, vacinas e outros procedimentos médicos.

Todas as etapas da Feira Moderna foram vividas com muito entusiasmo e interesse. Diversas descobertas foram feitas, não só no bojo do estudo, como também na rede de relações sociais do grupo. Novas lideranças surgiram, trazendo para a turma uma outra formação a ser experimentada.

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Cada grupo se comprometeu com um assunto. Juntos buscavam maneiras de melhor expor o tema e formas de estudos para que todos os componentes se apropriassem do conteúdo.

As crianças saíram muito felizes dessa experiência e com grandes expectativas para a Feira de 2009.

Em Artes Visuais, trabalhamos com o registro gráfico, usando materiais curativos. Essa produção nos deu a oportunidade de criar uma composição harmônica, trazendo um pouco da história de cada um sobre esse universo. Criaram alegorias do mundo invisível da microbiologia, usando massinha de modelar como material.

Para a Feira de frutas e legumes, trabalhamos com a criação de cartazes, buscando uma linguagem atraente e de leitura rápida para os visitantes. O caderno de desenho nos serviu de arquivo de ensaios gráficos, para busca de traços e registros gerais de desenhos e, muitas vezes, para compartilhar as composições em pequenos grupos. Com o grande entusiasmo da Feira surgiu, do próprio grupo, o desejo de usarmos as frutas e os legumes como elementos de inspiração para criarmos ilustrações através do desenho de observação.

Nesse último período, tratamos de oficinas mais livres, garantindo a experimentação de materiais e técnicas artísticas. O caderno de Projeto é um recurso que as crianças usam, também, como arquivo de trabalhos plásticos, quando estão

imprimindo imagens que ilustram recortes de temas estudados, lançando cores, traços e interpretações muito pessoais.

O desenvolvimento do trabalho de Matemática foi baseado na reflexão e apropriação de ferramentas eficazes para a resolução de problemas. Foram desafios fundamentais para que cada uma das crianças avançasse e ampliasse seu campo de possibilidades, tanto nas estratégias pessoais quanto em relação aos procedimentos convencionais.

Os algorítmos da adição e da subtração foram amplamente explorados. Essa técnica operatória foi oferecida no momento em que o grupo já havia desenvolvido um nível de conhecimento acerca do sistema decimal que garantia operar, ordenar, produzir e interpretar escritas numéricas. O aprendizado dessa nova técnica trouxe outras reflexões para a sala de aula. As discussões instigaram debates, que justificavam, validando ou não, o uso da conta armada como uma estratégia mais econômica e a defesa de resultados encontrados a partir das etapas da operação.

Nossos projetos nessa área focaram a apresentação das unidades de medidas e uma aproximação do nosso sistema

monetário.

As discussões sobre o conceito de tempo desafiaram nossos pequenos desde o início do ano. Afinal, nos reportamos para o séc XIX e muitas dúvidas surgiram sobre idade e contemporaneidade dos personagens estudados nessa história. Oferecemos cálculos acerca desse conteúdo usando a reta numérica como ferramenta de apoio para resolução desses desafios.

Quanto tempo o tempo tem?Quanto tempo falta?Quanto tempo já passou?Quanto tempo será necessário?

Essas e outras indagações nos ajudaram a criar um ambiente propício para a leitura das horas, minutos e segundos em nosso cotidiano frente ao relógio analógico. Celebramos com a criação de um relógio que cada uma das crianças, personalizou e montou com muito entusiasmo.

No último bimestre, o estudo sobre o dinheiro ocupou nossas

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aulas de Matemática. Compras fictícias, análises e comparações de preços de mercados e de produtos diversos foram atividades que prepararam nossas crianças para o desafio de montarem um verdadeiro mercado.

Nosso passeio à CADEG, foi muito proveitoso e muito divertido.

Nesse percurso puderam praticar conhecimentos e a experiência de um pequeno recorte do universo financeiro.

Conheceram e usaram a terminologia comercial, como atacado, varejo, despesas, previsão, planejamento, orçamento, lucro, prejuízo…

O Mercadão da F3 fechou com saldo positivo, com muito conhecimento e uma enorme alegria de termos participado dessa construção coletiva.

InglêsRosangela Caldas

Ao longo do segundo semestre, mantivemos a integração com o projeto institucional, ampliando o vocabulário relacionado ao tema Trabalho, o que proporcionou encontros mais significativos com os novos conteúdos específicos da língua selecionados para o ano.

Sabemos que cada trabalhador tem um local específico para realizar suas atividades, onde podemos encontrar objetos e ferramentas que tornam possível exercer bem a sua profissão. Começamos, então, a explorar diversos "working places" e, em cada lugar, conquistamos novos aprendizados. Em grupo, escolheram um profissional para ilustrar o seu local de trabalho de maneira detalhada e muito caprichada. Cada grupo fez a sua escolha e depois mãos à obra! Com os desenhos prontos, realizamos diversas atividades para que as crianças se apropriassem do novo vocabulário. Trabalhamos com a construção de pequenas frases com as "question words"' ("how, where, what, who"), "there is / are".

Num clima de integração, as crianças esconderam pela escola pequenos uniformes de trabalhadores conhecidos e prepararam charadas para que os alunos do Primeiro Ano pudessem, ao encontrá-los, descobrir a profissão correspondente. Foi uma tarefa interessante e bem divertida. Foi muito bonito ver o

carinho e o cuidado dos maiores para com os pequenos.

Foi um ano de muitas descobertas e avanços com sistematizações importantes para o aprendizado da língua inglesa.

Além do estudo dos conteúdos específicos para a série, das atividades relacionadas ao projeto, que são registradas nos cadernos e em fichas, também ampliamos o vocabulário, funções comunicativas, expressões do dia a dia, com imagens, músicas e brincadeiras.

Música

João Santos

Na volta das férias, um desafio diferente foi apresentado às crianças nas aulas de Música: compor coletivamente uma música para ser tocada na flauta doce. Para alcançar este objetivo, brincamos com ritmos e melodias simples, improvisando, lendo e grafando-os em partitura. Caminhamos, ao som do violão, prestando atenção às pausas e aos diferentes andamentos, trabalhando as noções de pulsação e andamento. Durante esta última atividade, aproveitamos para escolher como seria o acompanhamento harmônico da música a ser composta. Essa parte, feita pelo violão, ajuda a conferir um caráter mais alegre ou mais triste à música.

Tendo revisitado todos esses conteúdos musicais e escolhido a harmonia da música, partimos para a composição propriamente dita. Com as sugestões das crianças, definimos toda a parte rítmica e depois, ainda com bastante experimentação e improvisos, a melodia que preencheu os ritmos foi surgindo. Quando o longo processo terminou e a música ficou ponta, cada aluno recebeu uma cópia da partitura e a turma fez uma votação para escolher como a composição se chamaria. Batizaram-na de caminhos do destino.

Com a composição pronta e sendo ensaiada, foram apresentadas para as crianças duas músicas que se relacionam de maneira bastante lúdica com o tema de pesquisa e estudo nas aulas de Projeto: "O Ratinho tomando banho", de Hélio Ziskind, e "O ar/vento", de Vinícius de Moraes. As duas

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músicas fizeram bastante sucesso e a turma se divertiu ouvindo, cantando e até dançando com as gravações. Além de cantar as músicas, fizemos coletivamente um arranjo para "O ar/vento", utilizando a flauta de forma não convencional. Esse arranjo foi inspirado no DVD do conjunto PianOrquestra, que as crianças assistiram, possibilitando que percebessem que um instrumento pode ser usado de maneira diferente da convencional ou tradicional. As crianças observaram e puderam refletir, também, que a liberdade de utilização depende da manutenção cuidadosa e respeitosa do instrumento para que a exploração não o estrague e possa servir para fazer boa música.

Toda essa produção foi apresentada para outras turmas com o maior sucesso!

Desde o início do ano fizeram grandes progressos nas aulas de Música. Mais madura e concentrada, a turma conseguiu dar mais vazão à sua produção musical sem perder a animação. Sempre muito carinhosa e afetiva a turma conseguiu, aos poucos, contornar os momentos de agitação e transformá-los em mais disposição para trabalhar e superar os desafios musicais, de relacionamento e de comportamento vivenciados.

Que continue com toda essa alegria e disposição.

Expressão CorporalAna Cecília Guimarães

No início do semestre exploramos livremente colchonetes, bolão, pranchas, panos, fitas e bambolês. Em grupos, as crianças realizavam circuitos, se revezando em cada estação organizada pelo espaço do salão. A socialização, o respeito e o

cuidado com o corpo estiveram presentes nas aulas, como mola mestra das atividades propostas. Muitas habilidades foram desenvolvidas e o tecido pendurado proporcionou criativas manobras aéreas, que exigiram força, equilíbrio e destreza nos movimentos.

Com o início das Olimpíadas de Pequim, fizemos alguns exercícios inspirados na bela execução coletiva que foi apreciada na Abertura dos Jogos. Em filas, as crianças intercalavam movimentos dos braços, portando bastões, como na dança que representou a Rota Marítima. Fizemos um exercício de percussão corporal, experimentando a simultaneidade de gestos num ritmo comum e, ainda, com o desafio de não tirar as mãos do chão, desenhamos diferentes formas, desdobrando o corpo numa rica movimentação no nível baixo.

Em seguida, começamos um processo de criação e de composição coletiva que rendeu algumas aulas. Primeiro as crianças foram incentivadas a criar individualmente uma movimentação que tivesse como base um compasso quaternário. Esse exercício individual se estendeu para pequenos grupos que criaram uma movimentação coletiva sobre a mesma base rítmica. Apreciamos todos os grupos e experimentamos a mesma movimentação usando como fonte sonora a música "Birdland", de J Zawinul. Filmamos e vimos todo o processo entendendo melhor as nuances do gestual comum, do ritmo do grupo e da própria estética dos movimentos.

Fechando o semestre coreografamos a música “Cocorocó”, de Paulo da Portela, para a Festa do Final do Ano

Todas as experiências vividas ao longo do ano, favoreceram avanços significativos no desenvolvimento motor e na

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expressão corporal das crianças que hoje estão muito mais familiarizadas com a linguagem da dança.

TeatroRaquel Libório

Reiniciamos o semestre desenvolvendo diversos jogos dramáticos, retomando alguns conceitos básicos do fazer teatral, tais como atenção, concentração, foco e ritmo. A idéia era capacitá-los, através desses exercícios, para uma etapa posterior, que seria a criação de um roteiro, produção e execução de uma propaganda de TV, com o tema “Hábitos de higiene”.

Para isso, também pesquisamos no YouTube diversas propagandas das décadas de 50 e 60, cuja ênfase era o lançamento de algum produto de limpeza ou de higiene pessoal. Analisamos o quanto os conceitos e hábitos de higiene mudaram desde então, bem como o próprio conceito de propaganda. Fizemos algumas reflexões críticas sobre o excesso de propaganda que, hoje, nos induz ao consumo de produtos muitas vezes desnecessários.

Após essa etapa, partimos para a prática: subdivididos em duplas ou em grupos de até quatro crianças, criaram não só a propaganda como o próprio produto a ser vendido. Depois, foi só filmar.

Finalizada a etapa das propagandas, introduzimos a leitura do texto teatral “Iluminando a História”, de Karen Acioly, cuja temática era perfeita para complementar os estudos iniciados nas aulas de Projeto, sobre saúde e reforma dos hábitos de higiene, ocorridos no início do século XX, na cidade do Rio de Janeiro. A leitura do texto também foi ponto de partida para alguns exercícios teatrais, onde pudemos trabalhar algumas técnicas de memorização de texto e criação de personagens.

Educação FísicaRenato Lent

Iniciamos o semestre animados com a proximidade das Olimpíadas de Pequim e com a realização de mais uma Olimpíada da Sá Pereira.

As equipes eram compostas por crianças de todas as turmas divididas por cores e nomeadas por diferentes profissões. Alegres, entoaram seus gritos de guerra, mostrando criatividade. Além disso, participaram, com muita garra e determinação, das modalidades oferecidas.

Neste momento de integração pudemos observar que, apesar da competição, há um forte espírito de cooperação e solidariedade entre as crianças.

Acreditamos que essa é uma oportunidade para que exercitem o controle de suas emoções e conheçam suas habilidades, trocando valiosas experiências.

Foi emocionante vê-los reunidos no pátio de baixo, cantando o Hino Nacional, com os olhinhos atentos e ansiosos, aguardando a premiação!

Um segundo pátio sobre rodas trouxe, para os recreios, skates, patins e patinetes. As crianças se equilibraram e se empenharam em cumprir o circuito que, dessa vez, continha placas de trânsito. Batidas, ultrapassagens perigosas, tráfego na contramão e em local proibido, entre outros exemplos de desrespeito às leis de trânsito, geravam multas cuja cobrança era a suspensão temporária do brinquedo e seu empréstimo a um colega.

Contamos, também, com o auxílio de guardas de trânsito para verificar o cumprimento das regras. Uma farra!!!

Nas partidas de câmbio, uma adaptação do voleibol, as turmas experimentaram e vibraram com os saques, rodízios, passes e pontos marcados.

Futebol e queimado continuam sendo os preferidos da garotada, porém também temos disputadas partidas de basquete, handebol e pique-bandeira animando as manhãs e tardes.

A liberdade para a escolher suas brincadeiras prediletas e se organizarem com autonomia em pequenos grupos, também foi vivida nos "Pereirões Livres", nos quais o espaço era dividido de forma a que todos pudessem se divertir ao mesmo tempo.

Organizar os times não parece ser mais problema, raramente temos alguma dificuldade.

A turma continua muito unida e se diverte a valer.

São bastante contestadores e gostam de tudo bem explicado antes do início da atividade. Quando se sentem injustiçados,

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reclamam e sabem se fazer escutar com facilidade.

Os mais tímidos sempre têm vez, pois é comum aparecer um mais comunicativo para interceder pelo amigo.

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