diretrizes para a avaliação de linguagem escrita em jovens ...€¦ · 1. introdução a...

123
JULIANA POSTIGO AMORINA BORGES Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens Adultos Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestra em Saúde da Comunicação Humana SÃO PAULO 2016

Upload: others

Post on 23-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

JULIANA POSTIGO AMORINA BORGES

Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens Adultos

Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestra em Saúde da Comunicação Humana

SÃO PAULO 2016

Page 2: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

JULIANA POSTIGO AMORINA BORGES

Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens Adultos

Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Titulo de Mestra em Saúde da Comunicação Humana. Área de Concentração: Saúde da Comunicação Humana Orientador: Profa. Dra. Ana Luiza G. P. Navas

SÃO PAULO 2016

Page 3: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Borges, Juliana Postigo Amorina Diretrizes para a avaliação de linguagem escrita em jovens adultos./ Juliana Postigo Amorina Borges. São Paulo, 2016.

Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Saúde da Comunicação Humana.

Área de Concentração: Saúde da Comunicação Humana Orientadora: Ana Luiza Gomes Pinto Navas 1. Dislexia 2. Leitura 3. Linguagem 4. Escrita manual 5. Avaliação

6. Adulto jovem

BC-FCMSCSP/41-16

Page 4: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas
Page 5: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

Aos meus pais, Jaine e Aparecido, que dedicaram

a vida deles à minha, sempre com muito carinho e

amor. A minha eterna gratidão.

Page 6: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

Agradecimentos À querida orientadora, não só deste trabalho, mas da vida, Profa. Dra. Ana Luiza

Navas. Agradeço pela a aprendizagem nessa etapa do mestrado e por todas as outras que

vivenciei ao longo da minha vida profissional. Obrigada por compartilhar comigo a sua

sabedoria e por me motivar e incentivar a ser sempre uma pessoa melhor.

À Profa. Dra. Noemi Takiuchi por aceitar ser banca examinadora desse trabalho e

por todas as contribuições durante a etapa de qualificação. Agradeço também por toda a

aprendizagem proporcionada ao longo destes anos e por ser uma incentivadora de

mudanças e transformações.

À Profa. Dra. Maria Thereza Santos por aceitar ser parte da banca examinadora

desse trabalho. Será um prazer receber as sugestões e contribuições.

À Profa. Dra. Fraulein de Paula, à Prof. Dra. Sandra Pires, e à Profa. Dra. Renata

Mousinho, por aceitarem ser suplentes da comissão examinadora desse trabalho.

À Profa. Dra. Adriana Gurgueira pela leitura do trabalho durante a etapa de

qualificação. Obrigada pela valiosa contribuição e por toda a aprendizagem compartilhada

ao longo dos anos. Agradeço também pelo auxilio no convite dos participantes do estudo.

À Profa. Dra. Amália Rodrigues pela leitura cuidadosa do trabalho e pelas valiosas

sugestões na etapa de qualificação e por aceitar se suplente da banca examinadora desse

trabalho.

À Profa. Dra. Kátia de Almeida, por todo o trabalho de Excelência dedicado na

coordenação do Mestrado Profissional em Saúde da Comunicação Humana.

À Faculdade de Ciências Médicas por mais uma etapa de aprendizado.

Ao Prof. Dr. Paulo Melo e Profa. Dra. Marina Padovani pelo auxílio no convite dos

participantes do estudo.

À Sônia Vespa, secretária da diretoria do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de

Ciência Médicas da Santa Casa de São Paulo, por toda a ajuda, carinho e atenção.

À Sônia Alves e ao Daniel Gomes, analistas de secretaria do Programa de Pós-

Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo por todo o

apoio nas questões relacionadas ao programa de mestrado.

Aos alunos da graduação de Fonoaudiologia e Enfermagem que participaram do

estudo, tornando esse trabalho possível.

Aos Professores e aos meus colegas do Mestrado Profissional em Saúde da

Comunicação Humana por toda a aprendizagem compartilhada.

Ao meu amado marido, pelo apoio, paciência e amor incondicional.

Ao meu irmão querido, por todo o apoio e alegria.

Aos meus amigos que me incentivaram e apoiaram nessa etapa.

Page 7: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

Sumário

1. Introdução ............................................................................................................................ 1

1.1. Revisão de literatura ...................................................................................................... 3

2. Objetivo .............................................................................................................................. 15

2.1. Objetivos específicos ............................................................................................ 15

3. Organização do trabalho ................................................................................................. 16

3.1. Estudo 1: Instrumentos de avaliação da linguagem escrita em adultos: Revisão

sistemática da literatura ........................................................................................................... 17

3.1.1. Introdução ............................................................................................................ 17

3.1.2. Objetivo ................................................................................................................. 17

3.1.3. Método ................................................................................................................... 19

3.1.3.1. Tipo de estudo ................................................................................................ 19

3.1.3.2. Procedimentos ................................................................................................ 19

3.1.4. Resultados ........................................................................................................... 20

3.1.5. Discussão ............................................................................................................. 27

3.1.6. Conclusão ............................................................................................................ 34

3.2. Estudo 2 – Caracterização do desempenho de linguagem escrita em

adolescentes e adultos ............................................................................................................ 35

3.2.1. Introdução ............................................................................................................ 35

3.2.2. Objetivo ................................................................................................................. 35

3.2.3. Método ................................................................................................................... 36

3.2.3.3. Casuística ......................................................................................................... 36

3.2.3.4. Material e procedimentos de pesquisa ..................................................... 36

3.2.4. Resultados ........................................................................................................... 40

3.2.5. Discussão ............................................................................................................. 58

3.2.6. Conclusão ............................................................................................................ 70

3.3. Estudo 3 – Elaboração do Guia com recomendações para a avaliação de

Linguagem escrita em jovens adultos. .................................................................................. 71

3.3.1. Introdução ................................................................................................................. 71

3.3.2. Objetivo ...................................................................................................................... 71

3.3.3. Resultados ................................................................................................................ 72

4. Considerações finais ........................................................................................................ 87

5. Anexos ............................................................................................................................... 89

Page 8: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

2

6. Referências bibliográficas ............................................................................................. 101

Resumo .................................................................................................................................... 106

Abstract .................................................................................................................................... 107

Listas e Apêndices ................................................................................................................. 108

Page 9: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

1. Introdução

A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa

de diversas áreas da saúde e da educação. Em especial, com base nos conceitos da

Psicologia Cognitiva, os processadores envolvidos nessa competência humana tem

sido estudados a fim de compreender melhor o papel das habilidades cognitivas e

linguísticas nesse processo, e assim, aprimorar a avaliação, as estratégias de ensino e

de reabilitação das competências leitora e escritora.

Dentre os processamentos linguísticos investigados, o fonológico é o que

melhor tem explicado os déficits cognitivos na leitura. Diversos estudos têm citado o

déficit no processamento fonológico como um modelo universal para explicar

diferentes manifestações dos transtornos de leitura, em todas as idades, contextos de

língua e ortografia (Navas et al., 2014).

O processamento fonológico refere-se à informação fonológica, que está

diretamente relacionada ao desenvolvimento da linguagem oral e da linguagem escrita

em um sistema de escrita alfabético (Capellini et al., 2007). As habilidades de

nomeação rápida, de consciência fonológica e de memória fonológica sem dúvida

fazem parte desse processamento e, consequentemente, influenciam as competências

envolvidas na linguagem escrita. (Capovilla e Suiter, 2004, Bayliss et al., 2005;

Bernadino et al., 2006; Sales e Parente, 2006; Jincho, Namiki e Mazuka, 2008;

Capellini et al., 2010).

Pesquisas demonstram que, inicialmente, os transtornos específicos de leitura

e escrita são caracterizados por problemas no desenvolvimento de estratégias

eficazes para decodificação e codificação, baixos níveis de fluência de leitura e mau

desempenho ortográfico [Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

(DSM-5); American Psychiatric Association, 2012].

Apesar da vasta literatura encontrada para as etapas iniciais de

desenvolvimento da linguagem escrita, é importante ressaltar que os déficits

observados nos transtornos específicos de leitura persistem na idade adulta

(Pennington et al., 1990; Bruck, 1990; 1992; Kemp, Parrila e Kirby, 2009). Snowling et

al. (1997) compararam o perfil de processamento cognitivo e fonológico de

universitários com e sem dislexia. Apesar do modesto tamanho da amostra, foi

observado que os estudantes universitários com dislexia, apresentaram prejuízo nas

Page 10: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

2

tarefas que avaliaram o processamento fonológico (leitura de pseudopalavras e tarefas

de consciência fonológica).

Bogdanowicz et al. (2013) dedicaram seus estudos para entender quais as

características cognitivas e linguísticas caracterizam a dislexia em adultos. Assim

como descrito por Snowling et al. (1997) perceberam que os déficits em

processamento fonológico (memória de curto prazo verbal, consciência fonológica e

nomeação rápida) permanecem na vida adulta, e também destacaram que o

comprometimento na escrita (maior número de erros ortográficos) é persistente em

transtornos específicos de leitura.

O impacto emocional e social de um transtorno persistente na aprendizagem

da linguagem escrita vem sendo estudado e destacado na literatura (Nalavany e

Carawan, 2011; Olofsson et al., 2012; Nelson e Gregg, 2012; Nalavany e Carawan,

2011). Nalavany et al. (2011) estudaram as experiências sociais e emocionais na

dislexia ao longo da vida. Os autores concluíram que assim como os déficits, as

experiências emocionais e sociais negativas observadas na dislexia também são

persistentes e necessitam de serviços de apoio ao longo da vida, com profissionais

capazes de identificar os fatores de proteção e os riscos individualmente, para

promover uma perspectiva de resiliência.

No Brasil temos poucos testes, provas ou instrumentos de avaliação que

investigam a competência leitora em adolescentes e adultos, bem como baterias que

investiguem as questões linguísticas preditoras subjacentes, como é o caso do

processamento fonológico. Por isso, faz-se necessário compreender o perfil das

habilidades relacionadas à linguagem escrita na vida adulta a fim de criar critérios

avaliativos que contribuam para a investigação diagnóstica das dificuldades de leitura

e escrita nessa faixa etária.

O objetivo do presente trabalho é contribuir para estabelecer as diretrizes para

a avaliação de linguagem escrita em jovens adultos.

Page 11: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

3

1.1. Revisão de literatura

Neste capítulo serão apresentados os trabalhos que fundamentam os Estudos

descritos na presente dissertação. Este capítulo está organizado em subtítulos

temáticos.

Dislexia do desenvolvimento

A dislexia foi relatada pela primeira vez na literatura pelo médico inglês W.

Pierce Morgan em 1896. Na ocasião ele descreveu o comportamento de um jovem

com ótimas capacidades cognitivas exceto na leitura (Shaywitz e Shaywitz, 2011).

Desde a primeira descrição do quadro, várias pesquisas de diferentes locais e áreas

de especialidade vêm apresentando leituras e definições distintas sobre a dislexia.

Moojen, Bassôa e Correa (2016) identificaram algumas características que

representam um consenso entre os pesquisadores da área: “é um transtorno

específico significativo e inesperado de linguagem que afeta as habilidades nucleares

da leitura (precisão, fluência e, frequentemente, compreensão) e da escrita (ortografia

e produção textual); possui forte tendência genética, sendo a história familiar

considerada um fator de risco; é de origem neurobiológica, associado a diferenças

funcionais no hemisfério esquerdo; supõe, como déficit primário, inabilidades do

processamento fonológico; envolve déficits na memória fonológica que limitam a

capacidade de registrar, armazenar e evocar informações verbais; é uma condição

crônica que persiste até a vida adulta, podendo ter atenuações pelo desenvolvimento

de estratégias compensatórias ou evoluir para abandono da escola e/ou distúrbios

comportamentais; ocorre em sujeitos que têm visão e audição normal ou corrigida e

que não são portadores de problemas psiquiátricos ou neurológicos graves que

possam justificar por si só as dificuldades” (p. 53).

No presente trabalho utilizamos por vezes o termo “dislexia”, mas adotamos

como conceito teórico a definição do “Transtorno Específico de Aprendizagem” do

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – 5, American

Psychiatric Association, 2012):

O Transtorno Específico de Aprendizagem é definido como uma desordem

neurodesenvolvimental, de origem biológica que é a base das dificuldades, em nível

cognitivo, que estão associadas às expressões comportamentais do transtorno. A

origem biológica inclui uma interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais

os quais afetam a habilidade cerebral de perceber ou processar informação verbal ou

Page 12: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

4

não verbal de forma eficiente e precisa. O diagnóstico do Transtorno Específico de

Aprendizagem é feito preenchendo 4 critérios: A) as dificuldades de aprendizagem têm

que ter persistido por 6 meses, apesar da intervenção específica; B) as habilidades

acadêmicas afetadas estão substancialmente abaixo do esperado para idade

cronológica; C) as dificuldades iniciam nos primeiros anos escolares, mas podem não

se manifestar completamente até as demandas ultrapassarem as capacidades

limitadas do indivíduo; e, D) as dificuldades de aprendizagem não podem ser

explicadas por deficiências intelectuais, acuidade visual e/ou auditiva não corrigida,

outros transtornos mentais ou psiquiátricos, adversidades psicossocial, falta de

proficiência na língua de instrução acadêmica ou instrução educacional inadequada.

Além disso, ainda é possível especificar qual é a área de comprometimento (leitura,

expressão escrita ou matemática).

Mesmo entendendo que a partir do DSM 5, o termo dislexia é citado como

alternativo e designado para caracterizar problemas com acurácia ou precisão na

leitura de palavras, déficits na decodificação e prejuízos na habilidade de soletração

apenas, optamos por continuar adotando o termo dislexia por esse ser mais

disseminado na comunidade clínica e científica brasileira. Ressaltamos que ao

fundamentar o presente estudo e para caracterizar a população de jovens adultos,

consideramos habilidades de fluência de leitura e compreensão leitora, descritas como

competências que frequentemente persistem alteradas na idade adulta nos quadros

de Transtorno Específico de Aprendizagem.

O Transtorno Específico de Aprendizagem “ocorre em diferentes idiomas,

culturas, raças e condições socioeconômicas, mas a sua manifestação pode variar de

acordo com a natureza dos sistemas de símbolos escritos e falados” (DSM-5,

American Psychiatric Association, 2012, p.72). Navas et al. (2014) a partir de um

estudo de revisão sistemática, observaram um crescente número de estudos que

sugerem que a relação entre as habilidades fonológicas e a leitura é influenciada pelas

características ortográficas de uma língua. Ziegler et al. (2010) realizaram um estudo

que investigou a influência dessas variáveis em línguas com transparência variada

(Finlandês, Húngaro, Holandês, Português e Francês) no processo de aquisição de

desenvolvimento incial de linguagem escrita. Os resultados indicaram que a

consciência fonológica foi o principal fator associado ao desempenho de leitura em

cada idioma. No entanto, o seu impacto foi modulado pela transparência da ortografia,

sendo mais forte em ortografias menos transparentes. Ainda nesse estudo, os autores

investigaram o impacto desses preditores ao longo do desenvolvimento da linguagem

Page 13: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

5

escrita e os resultados indicaram que a relação entre consciência fonológica e leitura,

é mais importante em séries iniciais do que mais tardiamente.

Um tema que vêm sendo bastante debatido na literatura é o quanto a

experiência com a leitura pode modificar o funcionamento cerebral. Essa discussão foi

iniciada porque se pretendia entender melhor se as alterações de neurofuncionamento

observadas na dislexia eram a causa das dificuldades relatadas ou consequência da

falta de experiência com a leitura. Serniclaes et al. (2005) organizaram um estudo que

objetivou analisar a percepção de fala em adultos analfabetos e alfabetizados para

verificar se essa habilidade está associada à experiência de leitura. Os resultados

indicaram que adultos não alfabetizados não apresentam alteração na discriminação

das categorias de fonemas como no caso da dislexia. Isso sugere que esse déficit na

dislexia não pode ser associado somente à menor experiência com material impresso.

Achados como esse demonstram que existem características de processamento

linguístico que estão exclusivamente associados à dislexia e não a falta de experiência

com a leitura.

Neurofuncionamento da leitura na dislexia

Em uma revisão de literatura sistemática, Navas et al. (2014) identificaram que

a hipótese do déficit fonológico é uma explicação válida para a dislexia considerando

diferentes línguas e sistemas de escrita. Pesquisadores da área vêm estudando essa

hipótese com o intuito de se entender melhor se os comprometimentos relatados na

dislexia têm a ver com a qualidade das representações fonológicas ou com o acesso à

essas representações. Estudos comparando adultos com e sem dislexia ao longo das

últimas duas décadas demonstram que a natureza das representações fonológicas

não diferem entre os dois grupos, já o acesso fonológico (lexicais e sublexicais)

encontram-se prejudicados no grupo com dislexia (Ramus, 2008; Navas, 2007).

Boets et al. (2013) investigaram os déficits fonológicos em disléxicos, com o

objetivo de compreender se esses são causados pela má qualidade das

representações fonológicas ou pela dificuldade de acesso a essas representações.

Para isso realizaram um estudo com imagens de ressonância magnética funcional. A

partir da análise dos dados coletados os pesquisadores concluíram que as

representações fonológicas estão preservadas em adultos com dislexia. No entanto, a

conectividade funcional e estrutural entre os córtex auditivos bilaterais e o giro frontal

inferior (região envolvida em um nível superior de processamento fonológico) é

significativamente prejudicada em disléxicos. Os autores então puderam concluir que

Page 14: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

6

na dislexia o déficit no processamento fonológico está relacionado à dificuldade no

acesso das representações fonológicas.

Além dos déficits persistentes na dislexia relacionados com o processamento

fonológico, Christodoulou et al. (2014) estudaram as bases neurais relacionadas com

a fluência de leitura em adultos, outra característica que parece ser persistente nos

quadros de dislexia. Em seu experimento foi organizada uma tarefa na qual o sujeito

deveria ler palavra por palavra apresentada em uma tela e decidir se a sentença lida

era carregada de significado. Em termos de ativação cerebral, o grupo controle teve

uma maior ativação da região pré-frontal e da região temporal superior esquerda,

associada ao resgate semântico e fonológico, quando comparadas com os indivíduos

com dislexia. Uma variável importante foi a velocidade de apresentação, que variou

durante o experimento, sendo que o aumento da velocidade de apresentação gerou

impacto direto na compreensão. Estes achados sugerem que as regiões responsáveis

pela representação semântica e fonológica estão envolvidas na compreensão de

leituras rápidas, e ambas se encontram menos ativadas em indivíduos com dislexia.

A relação entre o processamento fonológico e o desempenho em leitura é

bastante estudada na dislexia em adultos, uma vez que nessa população, apesar dos

déficits persistentes no processamento fonológico, houve um desenvolvimento da

leitura. Assim, pesquisas experimentais são realizadas para descrever as diferenças

no processo de leitura de adultos com e sem dislexia, a fim de investigar se existe uma

equivalência de neurofuncionamento entre os dois grupos ou se na dislexia outras

áreas cerebrais são utilizadas de forma compensatória. Hernandez et al. (2013) tinham

o objetivo de descrever as estruturas cerebrais envolvidas no processamento

fonológico e seu funcionamento na dislexia. Os pesquisadores utilizaram ressonância

funcional para medir a atividade cerebral em uma tarefa de julgamento de rima. Os

resultados indicaram que existe correlação entre o giro frontal inferior e o desempenho

nas tarefas de processamento fonológico em indivíduos sem alteração. Nos

indivíduos com dislexia foi observada uma ativação das regiões envolvidas com o

controle articulatório (não esperada já que não foi observada no grupo controle),

provavelmente com o intuito de compensar o déficit na tarefa de julgamento de rima.

Com o objetivo de entender melhor os déficits fonológicos observados na

dislexia, Savill e Thierry (2011), avaliaram o efeito de facilitação de leitura rápida

(priming) pela via fonológica e ortográfica usando potenciais evocados. Os dados

indicam que em um momento inicial, não houve diferença entre a facilitação (priming)

do grupo de pesquisa (disléxicos adultos) e do grupo controle. A partir da onda P600,

Page 15: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

7

o tempo de resposta do grupo de disléxicos foi significativamente maior do que o

grupo controle. O registro da onda P600 é normalmente associado ao

acompanhamento e reanálise on-line. Dessa forma, os autores concluíram que na

dislexia os déficits observados na leitura podem estar relacionados com o

monitoramento ineficiente do conteúdo lido e não apenas com o processo de

associação fonema-grafema inicial.

Os estudos realizados por Sela et al. (2016) também tiveram o objetivo de

entender mais sobre o processamento de leitura na dislexia por meio da investigação

das rotas de leitura (fonológica e ortográfica). Por meio de uma tarefa de decisão

lexical e uma medida de ressonância funcional, os autores concluíram que adultos

disléxicos apresentam menor ativação do lobo frontal quando o estímulo oferecido foi

uma pseudopalavra. Os autores do estudo consideraram que o lobo frontal esquerdo

está envolvido no processo de leitura, proporcionando maior funcionalidade de leitura

e gerenciando funções cognitivas importantes para a leitura, como a atenção e

memória, promovendo a fluência de leitura, desta forma, estaria diretamente

relacionado com a rota ortográfica. Crianças em desenvolvimento foram também

testadas nessa tarefa e demonstraram déficits na ativação da região frontal esquerda,

mesmo quando o estímulo oferecido foi uma palavra, indicando que a rota ortográfica

depende da aprendizagem e desenvolvimento da leitura. Assim, os autores chegaram

à conclusão que disléxicos adultos compensados, apresentam alteração nas duas

rotas: fonológica e ortográfica.

Caracterização do desempenho em linguagem escrita nos jovens adultos

com dislexia

Moojen, Bassôa e Gonçalves (2016) publicaram um relato de experiência

abordando o tema: Dislexia do desenvolvimento e sua manifestação na vida adulta.

Segundo as autoras “pouco se sabe sobre a dislexia em indivíduos adultos, como

evoluíram (ou não) suas habilidades de leitura e escrita, suas principais dificuldades

nos vários âmbitos da vida e como repercutiram nas suas escolhas profissionais” (p.

51). Em um estudo de caso apresentado nessa publicação, o disléxico apresentou

dificuldades significativas na decodificação de sílabas complexas, de palavras e

pseudopalavras e textos. Entretanto foi observada boa capacidade de compreensão

leitora, medida por meio de perguntas dirigidas.

Uma boa maneira de se entender a manifestação da dislexia na vida adulta são

estudos longitudinais que acompanham o desenvolvimento do quadro em diferentes

Page 16: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

8

fases da vida. Em 2009, Undheim publicou um artigo com base em um estudo

longitudinal que acompanhou crianças com diagnóstico de dislexia por 30 anos, com

objetivo de apresentar as características da dislexia na vida adulta. Nesse estudo foi

feita uma avaliação das habilidades linguísticas e cognitivas, e uma análise sobre o

desempenho acadêmico atual dos indivíduos disléxicos. A autora chegou à conclusão

que as habilidades de decodificação permaneciam alteradas na dislexia. Apesar dos

prejuízos linguísticos observados, os níveis de escolaridade não diferiram entre o

grupo de disléxicos e não disléxicos.

A caracterização dos déficits cognitivos e linguísticos da dislexia na fase adulta

também é descrita na literatura. Nergård-Nilssen e Hulme (2014) estudaram um grupo

de disléxicos para analisar quais déficits linguísticos e cognitivos eram persistentes na

fase adulta. A partir da avaliação realizada os dados indicaram que déficits em

soletração foram os que mais diferenciaram o grupo de disléxicos do grupo controle,

seguido de fluência de leitura de texto e leitura de pseudopalavras. Para entender

melhor as bases linguísticas e cognitivas que influenciam essa dificuldade, os

pesquisadores investigaram o desempenho em memória fonológica e nomeação

rápida. Os autores concluíram que as dificuldades ortográficas se correlacionam com a

competência de soletração, já a competência de fluência de leitura e decodificação de

pseudopalavras correlacionou-se com o desempenho em nomeação rápida.

Também com o objetivo de investigar os déficits cognitivos específicos dos

disléxicos adultos portugueses e estratégias compensatórias que permitem a esta

população o acesso a níveis elevados de desempenho em leitura, Inácio (2015)

avaliou 25 disléxicos utilizando tarefas de linguagem oral, cognitivas e linguagem

escrita e concluíram que estudantes universitários portugueses com dislexia

continuam a manifestar as dificuldades de leitura que vivenciaram durante a infância,

no entanto, essas fragilidades parecem manifestar-se mais facilmente quando lhes é

requerido um desempenho rápido e fluente.

O déficit em memória de curto prazo é relatado como uma característica

cognitiva persistente na dislexia. Existem alguns modelos dentro da abordagem

cognitiva para a memória de curto prazo. Baddeley (2010) realizou uma modificação

no conceito de memória de trabalho que havia proposto anteriormente em 1974. A

memória de curto prazo continua inserida em um sistema tripartido, composto por:

executivo central, a alça ou circuito fonológico e o esboço visuoespacial. O executivo

central atuaria como um regulador do fluxo de informação, processando e

armazenando esta informação. A alça fonológica armazenaria e manipularia material

Page 17: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

9

baseado na fala (apresentação auditiva e visual), enquanto a alça visuoespacial

realizaria o processamento e a manutenção do material visual e espacial. Além disso,

um novo componente foi adicionado ao modelo original denominado, buffer episódico,

responsável pela integração de informações, tanto dos componentes verbal e visual

quanto da memória de longo prazo. Assim, a memória de curto prazo estaria

relacionada com os componentes de alça fonológica ou esboço visuoespacial,

enquanto a memória de trabalho seria esse sistema mais amplo descrito por Baddeley

em 1974 e revisto em 2010.

Pensando na relação entre memória de trabalho e dislexia em adultos, Trecy et

al. (2013) estudaram especificamente o comprometimento em memória de curto prazo

relatado na literatura como um déficit persistente na dislexia. Os pesquisadores tinham

o objetivo de diferenciar os processos de retenção da ordem (sequencial) e retenção

dos itens, a fim de compreender melhor o funcionamento da memória de curto prazo

na dislexia. Os autores identificaram que os disléxicos apresentaram um déficit no

núcleo verbal da memória de curto prazo que parece ser independente das

dificuldades de processamento de linguagem que caracterizam a dislexia. Além disso,

os pesquisadores observaram que o desempenho em tarefas que avaliaram a

retenção de ordem e do item são independentes, sendo que a retenção da ordem dos

estímulos apresentados parece estar relacionada com as dificuldades de linguagem

escrita.

O grau de comprometimento da dislexia também foi um critério encontrado na

literatura utilizado para descrever as características linguísticas e cognitivas, pensando

na diversidade de manifestações que podemos observar nesse transtorno. Com o

objetivo de estudar um grupo de disléxicos que possuíam um bom desempenho

acadêmico, Lindgrén e Laine (2010) avaliaram 20 adultos bilíngues (com e sem

dislexia), em tarefas que avaliaram o processamento fonológico e, a leitura e escrita

nos dois idiomas. As diferenças entre o grupo experimental e o grupo controle se

concentraram nos aspectos de acurácia em ambas as línguas. Adultos com dislexia

apresentaram maior número de erros na leitura de texto, escrita e elaboração de texto,

bem como nas tarefas que investigam o processamento fonológico. A partir dos dados

coletados, os pesquisadores concluíram que os déficits na dislexia estão associados

ao processamento fonológico e que esses déficits são persistentes mesmo na vida

adulta.

Richlan et al. (2010) se propuseram a estudar um grupo específico de

disléxicos, que apresentavam boa acurácia de leitura e comprometimento na taxa de

Page 18: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

10

leitura. Os resultados comportamentais indicaram que os disléxicos demoram o dobro

de tempo para ler o mesmo trecho do que adultos sem dislexia, no entanto, eles

cometeram a mesma taxa de erros de decodificação (menos de 5%). O mesmo

desempenho foi observado na leitura de palavras e pseudopalavras. Já em tarefa de

decisão lexical (determinar se uma palavra lida existe ou não) os disléxicos tiveram um

aumento de latência para a resposta em palavras longas (6 – 10 letras), o que não foi

observado no grupo controle.

Outra característica da linguagem escrita que é estudada na dislexia no adulto,

só que em menor proporção é a escrita. Em 2012, Kinder e Elander investigaram a

identidade autoral e as abordagens e estratégias de escrita (redação) em alunos

universitários, com e sem o diagnóstico de dislexia. As autoras observaram que os

estudantes com diagnóstico de dislexia não apresentavam um estilo próprio para a

redação e não apresentavam estratégias pessoais desenvolvidas para a elaboração

de um relato escrito.

Além do processamento fonológico, o estudo dos aspectos morfossintáticos em

adultos e adolescentes também é descrito na dislexia. Cantiani et al. (2013) estudaram

as características linguísticas nos aspectos morfossintáticos na dislexia. A tarefa

experimental exigia que os sujeitos ouvissem uma frase que podia ou não violar as

regras morfossintáticas e responder se elas estavam corretas. Além disso, tarefas de

processamento fonológico foram propostas para que se estabelecessem correlações.

Como já era esperado, foram observados déficits no processamento fonológico. No

que se refere ao processamento morfossintático, foi observado um déficit no

julgamento gramatical, com um aumento de tempo de latência para as respostas no

grupo de disléxicos. Os autores relacionaram os déficits observados nas tarefas

fonológicas e morfossintáticas, e concluíram que o baixo desempenho em consciência

morfossintática não está correlacionado com o desempenho em processamento

fonológico, o que indica a relevância de outros aspectos linguísticos, como pistas

lexicais, para o desenvolvimento morfossintático.

Com o objetivo de estudar especificamente a consciência morfológica e seu

impacto na leitura, Law et al. (2015) estudaram a relação entre a consciência

morfológica na leitura de palavras e na compreensão de leitura em adultos com

dislexia. Primeiramente os dados obtidos por meio do estudo evidenciaram um déficit

persistente da consciência morfológica em adultos disléxicos, o que corroborou os

achados da literatura descritos pelos autores. De acordo com os objetivos propostos,

Page 19: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

11

os autores chegaram à conclusão que a consciência morfológica está correlacionada

com a acurácia e taxa de leitura de palavras.

Além do processamento fonológico e morfológico, o processamento visual vem

sendo estudado em dislexia. Em um estudo que objetivou avaliar o déficit visual na

dislexia, Mayseless e Breznitz (2011) criaram uma atividade utilizando objetos reais e

pseudo-objetos e desenvolveram uma proposta de decisão lexical com imagens, além

da já tradicional proposta com estímulos linguísticos, palavras e pseudopalavras. Os

resultados indicaram que adultos disléxicos têm um tempo de latência para resposta

visual aumentado, tanto para estímulos alfabéticos como para estímulos não

alfabéticos, indicando um processamento visual diferenciado em adultos com dislexia.

Esse achado sugere que mesmo para tarefas de discriminação visual simples,

disléxicos tendem a usar processos cognitivos de interpretação mais amplos

(evidenciados pela latência na onda P1) para compensar os déficits de discriminação

primários.

Alterações no controle postural também vêm sendo estudadas na dislexia.

Loras et al. (2014) investigaram o controle postural em uma grande amostra de jovens

adultos e correlacionoram com desempenho em leitura, atenção e capacidade

cognitiva. Os resultados do estudo não identificaram fortes relações estatísticas entre

as medidas de equilíbrio e qualquer outro desempenho avaliado (leitura, atenção e

capacidade cognitiva).

Tarefas utilizadas para discriminar bons e maus leitores

Leitura

A construção de tarefas que avaliam a leitura deve ser baseada na língua e nas

características ortográficas do sistema de escrita adotados pela população que será

submetida à avaliação, uma vez que essas características influenciam o desempenho

(Navas et al., 2014 e Ziegler et al., 2010).

Como já foi descrito anteriormente, temos poucos instrumentos em nosso país

desenvolvidos para a avaliação de adultos. Pesquisas nacionais têm utilizado

instrumentos indicados para a avaliação de crianças para analisar o desempenho da

população adulta. Algumas dessas tarefas descrevem períodos em que determinadas

habilidades e competências são adquiridas na infância, dessa forma, quando

submetemos adultos a essas tarefas, podemos inferir se ocorreu a aquisição das

habilidades dentro do esperado.

Page 20: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

12

A partir dessa perspectiva, o estudo de Moraes e Capellini (2010) utilizou o

reconhecimento de sílabas complexas com o objetivo de avaliar o conhecimento de

letras, sílabas e palavras em escolares de 1º a 2º ano do ensino fundamental. Os

resultados indicaram que a habilidade de ler sílabas simples já está desenvolvida ao

final do 1º ano do ensino fundamental. Já a decodificação de sílabas complexas,

medida em número de acertos, está desenvolvida no final do 2º ano ensino

fundamental. No que se referiu ao reconhecimento de construções silábicas que não

se tratavam de uma correspondência grafo-fonêmica única, alunos ao final do 2º ano

do ensino médio ainda não foram capazes de decodificar com acurácia.

Tarefas que utilizam comparação de desempenho de taxa e acurácia de leitura

para palavras e pseudopalavras são utilizadas desde o início do processo de

alfabetização para diferenciar bons e maus leitores. Rodrigues et al. (2015),

propuseram um teste para avaliar a leitura de palavras e pseudopavras em crianças e

adultos sem alteração de leitura. Foi observada maior acurácia na leitura de palavras

reais, curtas, regulares e frequentes, em relação às pseudopalavras, palavras longas,

irregulares e não frequentes. Além disso, a tarefa mostrou-se adequada para

diferenciar leitores de baixa e alta escolaridade. Além dos processos de decodificação,

aspectos sintáticos e semânticos também são investigados quando o intuito é

caracterizar o desempenho de linguagem escrita. Com o objetivo de caracterizar o

desempenho de escolares com dislexia e bom desempenho acadêmico, Oliveira,

Cardoso e Capellini (2012) utilizaram a adaptação brasileira de Avaliação dos

Processos de leitura – PROLEC para avaliar 60 escolares de 2º a 5º ano do Ensino

Fundamental. As autoras concluíram que os escolares com dislexia demonstraram

piores desempenhos nas tarefas que avaliaram os processos léxicos, sintáticos e

semânticos.

A fluência de leitura é descrita como importante fator na investigação das

dificuldades no desenvolvimento de leitura. Em 2009, Navas, Pinto e Dellisa,

realizaram um estudo com o objetivo de entender melhor o processamento da leitura,

principalmente no que se refere aos aspectos de fluência. As autoras sugeriram que a

fluência de leitura depende de elementos essenciais, tais como: taxa de leitura,

automatização, prosódia e compreensão, devendo estar cada um desses pré-

requisitos bem desenvolvido para que haja sucesso na compreensão leitora.

Em um estudo que teve o objetivo de apresentar a construção das normas de

desempenho (escores totais, em palavras regulares, irregulares e pseudopalavras)

para crianças do 1º ano ao 7º ano do Ensino Fundamental, divididas por anos

completos de escolarização, idade e tipo de escola, Salles et al. (2013), observaram

Page 21: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

13

que participantes de séries e idades mais avançadas apresentaram melhor

desempenho do que os de séries iniciais e mais novas e, estudantes de escolas

privadas tiveram melhor desempenho do que os de escolas públicas. Ainda sobre a

diferença de desempenho de alunos do ensino público e privado em tarefas de leitura,

Pontes, Diniz e Martins-Reis (2013) também observaram que crianças de escola

pública apresentam desempenho inferior em fluência de leitura e escrita, bem como a

frequência de maus leitores e escritores é maior nesse tipo de escola. Contudo, a

estratégia de leitura (rota fonológica ou lexical) não diferiu entre os grupos de crianças

mais velhas (com maior escolaridade).

Pensando em desenvolver uma avaliação específica da linguagem escrita para

a vida adulta, Re et al. (2011) fizeram um estudo com o objetivo de validar uma bateria

de avaliação de leitura e escrita para a idade adulta em uma língua transparente

(italiano) e verificar quais habilidades e competências estão correlacionadas com o

desempenho em leitura e escrita. De acordo com os dados obtidos, os autores

concluíram que as medidas de automaticidade fonológica são os melhores índices

para avaliar a competência de decodificação de palavras, principalmente em adultos

disléxicos.

Processamento Fonológico

A memória de trabalho (responsável pelo acesso e armazenamento das

representações fonológicas) e o acesso lexical (responsável por um rápido acesso às

representações fonológicas) são descritos como processos alterados de maneira

persistente na dislexia (Navas, 2007; Ramus, 2008). Desta forma, as investigações

desses processos são relevantes para caracterização do processamento fonológico e

de linguagem escrita em adultos com queixas de leitura.

Figueiredo e Nascimento (2007) se propuseram a estudar a memória de

trabalho ao longo do desenvolvimento. As autoras utilizaram tarefas de repetição de

dígitos com padronização nacional e internacional. De acordo com os achados os

sujeitos recordaram mais dígitos na ordem direta do que na inversa. Os adultos

armazenaram, em média, seis dígitos na ordem direta e de quatro na inversa. Os

achados indicaram que cada tipo de tarefa avaliou uma habilidade diferente de

memória de trabalho, sendo que para a recuperação de dígitos em ordem inversa os

resultados indicaram a necessidade de maior demanda cognitiva.

Em um estudo que tinha como objetivo verificar o desempenho de indivíduos

de diferentes faixas etárias sem alterações de linguagem em provas que avaliam a

memória de trabalho, Grivol e Hage (2011) utilizaram tarefa de span de palavras,

Page 22: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

14

pseudopavras e dígitos (ordem direta e inversa). As autoras concluíram que esta

habilidade sofre declínio com o processo de envelhecimento. Em relação à variável

“dígitos”, foi observada uma capacidade de armazenamento maior para a ordem direta

quando comparada à ordem inversa em todas as faixas etárias, corroborando a ideia

que essa tarefa é mais complexa e exige maior demanda cognitiva.

Já o acesso rápido as representações fonológicas foi estudado por Cardoso-

Martins e Pennington em 2001. Os pesquisadores investigaram a correlação entre

nomeação rápida e consciência fonêmica, e as outras habilidades que influenciam a

leitura e a escrita em crianças e adolescentes, com idades entre sete e 18 anos. Os

resultados indicaram que a nomeação rápida contribui para habilidade de leitura e

escrita independentemente da consciência fonêmica, apresentando correlação

modesta com a aprendizagem da leitura e da escrita. Outra conclusão é que a

nomeação rápida é particularmente importante para o desenvolvimento da capacidade

de ler textos rapidamente e com precisão, já a consciência fonêmica é mais importante

para a codificação fonológica.

Bicalho e Alves (2010) investigaram o desenvolvimento de estudantes de

escolas pública e privada na tarefa de nomeação seriada rápida, com e sem queixas

de problemas escolares. Os resultados evidenciaram que o desempenho de alunos de

escola privada comparado ao de alunos de escola pública é superior, e que há uma

diferença estatisticamente significativa entre sujeitos com queixas de problemas de

aprendizagem comparado aos sem queixas.

Page 23: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

15

2. Objetivo

Contribuir para as diretrizes para a avaliação de linguagem escrita em jovens e

adultos.

2.1. Objetivos específicos

Analisar quais habilidades e competências são indicativas do diagnóstico de

dislexia em jovens adultos, por meio de uma revisão de literatura sistemática.

Organizar um protocolo de avaliação e, avaliar um grupo de jovens adultos

universitários a fim de caracterizar o perfil dessa população nas habilidades

fonológicas e nas provas de linguagem escrita.

Elaborar um guia com recomendações para a avaliação de linguagem escrita em

jovens adultos.

Page 24: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

16

3. Organização do trabalho

Para atender os objetivos deste trabalho, foram desenvolvidos 3 estudos:

Estudo 1. Instrumentos de avaliação da linguagem escrita em adultos: Revisão

sistemática da literatura

Estudo 2. Caracterização do desempenho de linguagem escrita em jovens

adultos.

Estudo 3. Elaboração do Guia de avaliação de Linguagem escrita em jovens

adultos.

Page 25: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

17

3.1. Estudo 1: Instrumentos de avaliação da linguagem escrita em adultos:

Revisão sistemática da literatura

3.1.1. Introdução

Muitas crianças que passam pela educação formal e não conseguem concluir o

processo de alfabetização e o desenvolvimento pleno da linguagem escrita. Dados do

PISA (Programme for International Student Assessment), divulgados pelo MEC em

2012, indicaram que 49,2% dos alunos brasileiros tiveram níveis de proficiência em

leitura abaixo do básico.

A compreensão leitora e a competência escritora são queixas relevantes no

contexto educacional e clínico, mas muitas vezes, pela dificuldade na identificação e

acompanhamento precoce, a atenção para essas queixas é tardia. No Brasil, ainda

temos dificuldade em avaliar o processo de aquisição de leitura e escrita. Existem

poucos protocolos validados e publicados na área da saúde e educação que se

propõem a acompanhar o processo de alfabetização e desenvolvimento das demais

competências de linguagem escrita ao longo da vida acadêmica. Nesse contexto,

temos adolescentes e adultos que vivenciaram dificuldades no desenvolvimento da

leitura e escrita, muitas vezes com histórico de fracasso escolar, que buscam auxílio

no período da adolescência e vida adulta. Ainda temos um grande número de

adolescentes e adultos que concluem o ensino fundamental e médio, e só sentem o

impacto das suas dificuldades no ensino superior.

Existem poucas publicações que estudaram as alterações de leitura e escrita

no Brasil. Em um estudo de revisão sistemática de literatura realizado por Navas et al.

(2014), que objetivou explorar a natureza etiológica da dislexia, usando o déficit em

processamento fonológico como causa universal, foram identificados apenas seis

artigos nacionais.

Com o intuito identificar quais os instrumentos usados para a avaliação de

linguagem escrita em adultos, foi realizado um levantamento de publicações científicas

relacionadas, na literatura nacional e internacional.

3.1.2. Objetivo

O Estudo 1 teve como objetivo identificar quais são as provas utilizadas na

avaliação das habilidades linguísticas e cognitivas para diferenciar bons leitores e

Page 26: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

18

maus leitores na fase adulta por meio de um levantamento bibliográfico. E, determinar

a partir deste levantamento a capacidade preditiva das diferentes habilidades e dos

instrumentos de avaliação mais sensíveis.

Page 27: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

19

3.1.3. Método

3.1.3.1. Tipo de estudo

Revisão sistemática da literatura.

3.1.3.2. Procedimentos

Foi realizado um levantamento nas bases de dados PubMed e ScienceDirect,

publicados nos últimos 10 anos, em Português e Inglês, com a combinação dos

termos “dislexia” AND “adulto” OR “adolescente” e seus correspondentes em inglês

(“dyslexia” AND “adult” OR “teenager” OR “adolescent”). A busca foi realizada por

meio do formulário avançado, em todos os índices, com os artigos ordenados por

relevância.

Os critérios de inclusão foram: artigos originais, publicados entre 2005 e 2015,

em Português ou Inglês e open access.

Foram excluídos do Estudo 1 os artigos que se restringiam a pesquisas

genéticas ou eficácia de programas de intervenção, apresentações de estudo caso,

artigos que não pesquisaram a população alvo (faixas etárias, dislexia adquirida,

dificuldades de aprendizagem, transtornos psiquiátricos e/ou neurológicos), artigos de

revisão (sistemática ou metanálise) e artigos que não atendiam o objetivo do Estudo 1

(não apresentavam avaliavam e/ou descreviam habilidades linguísticas e cognitivas

utilizadas para identificar bons leitores e maus leitores na fase da adolescência e na

vida adulta).

Os resultados foram organizados de acordo com as seguintes informações:

título do periódico, ano de publicação, a idade da população, língua falada e escrita, o

objetivo principal, a abordagem experimental, tipo de estudo (teórico, a avaliação, por

exemplo, intervenção), funções de linguagem avaliadas, funções cognitivas avaliadas,

provas de leitura e escrita utilizadas e conclusões.

Page 28: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

20

3.1.4. Resultados

Utilizando os descritores “dislexia” AND “adulto” OR “adolescente” e seus

componentes em inglês (“dyslexia” AND “adult” OR “teenager” OR “adolescent”) foram

identificados 2.941 artigos na ScienceDirect e 947 artigos na PubMed, totalizando

3.888 artigos.

Devido ao número elevado de artigos identificados, optou-se por ordená-los por

relevância nas bases de busca e selecionar os 200 mais relevantes em cada base.

No site da ScienceDirect (Disponível em: <http://help.sciencedirect.com/>,

acesso em: 28/05/2016), as informações sobre o critério de relevância indicam que ele

é determinado após a análise do artigo completo. As palavras-chaves da busca são

localizadas, é ponderada a frequência de ocorrência e o campo no qual estão

localizadas no artigo.

De acordo com os dados descritos no site da PubMed (Disponível em:

<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK3827/>, acesso em: 28/05/2016), o critério de

relevância é baseado em um algoritmo que analisa as citações dos termos de

pesquisa. A posição do artigo é determinada pela quantidade de termos de pesquisa

encontrados e em qual campo estão localizados. Além disso, o ano de publicação é

um dado considerado na busca: quanto mais recente o artigo, maior peso na busca.

Após essa primeira seleção, foram excluídos da análise os artigos duplicados

nas bases pesquisadas (30 artigos). Com a leitura do título e do resumo, 150 artigos

foram excluídos e 220 selecionados para a leitura na íntegra. Após a leitura completa

dos trabalhos, 113 artigos foram selecionados.

Page 29: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

21

"Dys

lexi

a" A

ND

"ad

ult

" O

R "

tee

nag

er"

OR

"ad

ole

scen

t"

ScienceDirect

Encontrados: 2941

Organização por relevância: 200

Excluídos: 140

Incluídos: 60

PubMed

Encontrados: 947

Organização por relevância: 200

Excluídos: 147

Incluídos: 53

Figura 1. Organograma do processo sistemático de busca da revisão.

Os critérios de exclusão adotados na etapa de leitura de resumo e artigos na

íntegra fora os mesmos. A figura abaixo apresenta a inclusão e exclusão de artigos

por base de dados.

Figura 2. Organograma de busca por base de dados.

3888 artigos encontrados

400 mais relevantes selecionados (200 de

cada base)

30 duplicados

150 excluídos (resumo)

220 lidos na íntegra

107 Excluídos

113 selecionados

Page 30: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

22

Na busca a partir da base de dados ScienceDirect, foram excluídos 140 artigos.

Destes, 138 foram excluídos porque não atendiam os critérios de exclusão (11 artigos

apresentavam resultados de estudos genéticos, 4 estudos de caso, 69 artigos

estudaram faixas etárias que não atendem o objetivo do presente estudo, 3 artigos

que estudaram dislexia adquirida, 5 estudos que não estudaram população de

disléxicos, 7 artigos que estudaram outros transtornos psiquiátricos e/ou neurológicos,

3 que estudaram tratamento da dislexia, 24 que tinham um objetivo que não atendia o

objetivo do estudo e 12 porque se tratavam de estudo de revisão de literatura ou meta

análise). Além desses artigos, 1 estudo foi excluído por não estar escrito em inglês ou

português, um artigo foi excluído por estar duplicado nessa base de dados

(ScienceDirect).

Na busca a partir da base de dados PubMed, foram excluídos 147 artigos.

Destes, 76 artigos foram retirados do estudo porque não atendiam aos critérios de

inclusão (20 que abordavam dislexia adquirida, 18 estudos genéticos, 4 estudos de

caso, 15 estudos foram realizados com crianças, 3 artigos abordavam outros

transtornos neurológicos e psiquiátricos, 16 por abordar outros temas que não

especificamente a dislexia na vida adulta). Também foram excluídos 29 artigos que

estavam duplicados (ScienceDirect). Optou-se por excluir os artigos de metanálise e

revisão de literatura, sendo que foram excluídos 9 artigos nessa categoria. A busca na

base de dados foi realizada utilizando como critério de inclusão o artigo ser open

access, apesar disso, 33 artigos foram excluídos da análise por não atenderem a esse

critério.

Tabela 1. Distribuição dos artigos excluídos no Estudo 1.

Categoria ScienceDirect PubMed Total

Idade da população 69 15 84

Não atendiam o objetivo do Estudo 1 24 16 40

Acesso restrito 0 33 33

Estudos duplicados 1 29 30

Estudos genéticos 11 18 29

Dislexia adquirida 3 20 23

Revisão de literatura/Meta análise 12 9 21

Outros transtornos psiquiátricos ou neurológicos 12 3 15

Estudo de caso 4 4 8

Page 31: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

23

Tratamento 3 0 3

Idioma 1 0 1

Total 140 147 287

Em relação aos artigos incluídos na pesquisa, no que se referiu ao ano de

publicação, observou-se um aumento do número de publicações a partir do ano de

2010. Anteriormente (2005 – 2009) a média anual de publicações nas bases

consultadas era de 3,4 artigos por ano. De 2010 a 2015, a média de artigos publicados

anualmente foi de 16 artigos por ano (Figura 3).

Figura 3. Distribuição dos artigos ao longo dos anos pesquisados (2005 – 2015).

No que se referiu à média de faixa etária da população estudada, 106 artigos

descreveram a idade média da população ou a idade mínima e máxima dos

participantes do estudo. A média de idade encontrada foi de 24,2 anos. Oito artigos

descreveram idade da população como sendo universitários, adolescentes ou adultos,

sem especificar a faixa etária.

Em relação à língua materna da população estudada, 44,2% dos participantes

tinham a língua Inglesa como língua materna, seguido do alemão (14,1%), francês

(9,7%) e hebreu (7%). Oito estudos (7%) não descreveram o idioma materno da

população estudada (Figura 4).

0

5

10

15

20

25

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Page 32: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

24

Figura 4. Distribuição dos artigos por idioma falado pelos participantes do estudo (língua

materna).

A análise das provas avaliativas demonstrou que 38,9% dos estudos (44

artigos) realizou alguma medida de linguagem oral para avaliar as alterações de leitura

e escrita. Em relação às habilidades avaliadas, 93,1% das pesquisas avaliaram a

consciência fonológica, 20,4% avaliaram a memória fonológica, 11,3% realizaram

tarefas de avaliação de vocabulário, 6,8% dos estudos avaliaram a fluência verbal e/ou

fonológica, 4,5% dos estudos avaliaram a aprendizagem lexical e 2,2% dos estudos

avaliaram a diferenciação entre substantivo e adjetivo e consciência morfológica

(Figura 5).

Figura 5. Distribuição dos artigos de acordo com as habilidades linguísticas avaliadas.

50

16 11

8 6 3 2 2 2 1 1 1 1 1

0

10

20

30

40

50

60

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Consciência fonológica

Memória fonológica

Vocabulário

Fluência

Aprendizagem lexical

Diferenciação de substantivo e adjetivo

Consciência morfológica

Page 33: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

25

Em relação à avaliação da linguagem escrita, 77,8% dos artigos (88 artigos)

apresentaram alguma proposta de avaliação das habilidades e competências da

linguagem escrita. O tipo de avaliação mais frequente foi a leitura de palavras, tarefa

proposta em 82,9% dos artigos. A avaliação de leitura de pseudopalavras foi a

segunda tarefa mais realizada (62,5%). A competência de soletração foi testada em

40,9% dos estudos. A compreensão leitora foi avaliada em 15,9% dos artigos. No que

se referiu a escrita, o ditado de palavras foi citado em 9% dos estudos, seguido pela

tarefa de decisão ortográfica (5,6%) e velocidade de escrita (3,4%) (Figura 6).

Figura 6. Distribuição dos artigos estudados de acordo com as tarefas de linguagem escrita

propostas.

A avaliação de funções cognitivas foi realizada em 77,8% dos artigos

analisados. A avaliação do Quociente Intelectual (QI) foi realizada em 86,3% das

pesquisas, sendo que 39,4% fez uma estimativa de QI não-verbal. A habilidade de

memória (de trabalho ou curto prazo) foi avaliada em 39,7% dos artigos analisados. A

memória visual especificamente avaliada em 17,1% dos estudos. A velocidade de

nomeação rápida automatizada (RAN) foi estudada em 29,5% dos artigos analisados.

A capacidade atencional foi avaliada em 10,2% dos estudos. Outras habilidades

testadas foram: velocidade de processamento (3,4%), processamento visual (2,2%) e

funções executivas (1,1%) (Figura 7).

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Leitura de palavras

Leitura de pseudopalavras

Soletração

Compreensão leitora (textos e sentenças)

Leitura de texto

Ditado

Decisão ortográfica

Identificação de letras

Decisão lexical

Velocidade de escrita

Elaboração de texto

Cópia

Reconto de escrita

Page 34: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

26

Figura 7. Distribuição dos artigos estudados de acordo com as habilidades cognitivas

avaliadas.

Durante a análise dos artigos, observaram-se outras maneiras de avaliar o

desempenho dos participantes a fim de caracterizar o transtorno específico de leitura

(dislexia). O total de artigos que utilizaram outras maneiras para caracterizar seus

participantes foram 14, totalizando 12,3% dos estudos (Tabela 2). Os instrumentos

utilizados para essa avaliação foram: checklist, questionários de autoavaliação e

análise de relatórios de diagnóstico pregresso.

Tabela 2. Instrumentos de avaliação da linguagem escrita.

Avaliação do desenvolvimento de linguagem escrita

Questionários de autoavaliação e checklist 8,8%

Uso de relatórios pregressos que atendesse os critérios diagnósticos

3,5%

Total 12,3%

0 10 20 30 40 50 60 70 80

QI

Memória de trabalho

QI Não-verbal

Velocidade de nomeação rápida (RAN)

Atenção

Memória de curto prazo visual

Velocidade de processamento

Processamento visual

Funções executivas

Page 35: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

27

3.1.5. Discussão

Neste capítulo serão discutidos os achados do presente estudo em relação aos

outros estudos encontrados na literatura internacional e nacional.

O objetivo do Estudo 1 foi realizar um levantamento bibliográfico das

habilidades linguísticas e cognitivas que são utilizadas para identificar bons leitores e

maus leitores na fase da adolescência e na vida adulta.

Dos 400 artigos analisados, 287 foram excluídos. O critério de exclusão mais

prevalente foi a faixa etária. Foi observado que 29% dos artigos estudaram uma

população de crianças (em idade pré-escolar ou escolar). Esses resultados sugerem

que mesmo utilizando descritores que direcionavam a busca para a faixa etária adulta,

os estudos sobre o transtorno específico de leitura são mais realizados na população

infantil.

Foi importante observar que houve um aumento significativo do número de

publicações sobre a dislexia na vida adulta a partir do ano de 2010. A análise dos

artigos incluídos no estudo demonstrou que a média de publicações anuais nas bases

consultadas entre os anos de 2005 e 2009 era de 3,4 artigos por ano. A partir do ano

de 2010 houve um grande salto do número de publicações, com uma média de 16

artigos anuais. Observando esses dados, é notável o aumento do interesse científico

na faixa etária adulta. Na década de 90, pesquisadores demonstravam por meio de

estudos experimentais que as alterações linguísticas e cognitivas da dislexia eram

persistentes na vida adulta (Bruck, 1990; 1992; Pennington et al., 1990; Snowling et

al.,1997). Nalavany et al. (2011) apresentaram um estudo sobre o impacto emocional

da dislexia na vida adulta e concluíram que as experiências emocionais e sociais

negativas observadas na dislexia também são persistentes. Esses resultados indicam

que o investimento científico também é relevante na população adulta, uma vez que

existe a necessidade de serviços de apoio ao longo da vida que promovam uma

perspectiva de resiliência.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Saúde Mental (DSM-5,

American Psychiatric Association, 2012), “o transtorno específico da aprendizagem

ocorre em diferentes idiomas, culturas, raças e condições socioeconômicas, mas a

sua manifestação pode variar de acordo com a natureza dos sistemas de símbolos

escritos e falados”. Navas et al. (2014) a partir de um estudo de revisão sistemática,

observaram um crescente número de estudos que sugerem que a relação entre as

habilidades fonológicas e a leitura é influenciada pelas características ortográficas de

Page 36: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

28

uma língua. Pecini et al. (2011), realizaram um estudo com objetivo de investigar as

alterações neurofuncionais na dislexia em uma língua regular (italiano). Os autores

concluíram que as alterações neurofuncionais e assim como os achados

comportamentais são diferentes dependendo das características ortográficas da língua

materna da população estudada. No presente estudo, foi analisada a língua materna

dos participantes das pesquisas incluídas. Os idiomas identificados estão associados

a um sistema de escrita alfabético, como o sistema de escrita que utilizamos em nosso

país. O Inglês foi o idioma mais identificado como língua materna (44,2%). O inglês é

considerado uma língua com correspondência ortográfica opaca, já o português, assim

como o italiano, é considerado um idioma transparente. Apesar dos estudos indicarem

que existem diferenças nas manifestações neurofuncionais e comportamentais da

dislexia, a hipótese de alterações no processamento fonológico é uma explicação

válida em diversos idiomas e sistemas de escrita (Navas et al., 2014).

No presente estudo, as habilidades linguísticas e cognitivas analisadas foram

organizadas em linguagem oral, linguagem escrita e funções cognitivas. Observamos

que as habilidades de linguagem oral foram as menos avaliadas para diferenciar a

população de leitores sem queixa no desenvolvimento de leitura de uma população de

disléxicos, considerando a faixa etária de adultos. As habilidades cognitivas e de

linguagem escrita foram avaliadas na mesma proporção nos artigos pesquisados.

Vellutino et al. (2004), observaram que a maioria dos estudos envolvendo a dislexia

nos 40 anos anteriores, evidenciava alterações em habilidades de processamento

fonológico como a base de alteração cognitiva. As tarefas de avaliação de linguagem

oral mais realizadas, a partir do levantamento bibliográfico, foram a consciência

fonológica e a memória fonológica. Essas habilidades são descritas na literatura como

habilidades que compõem o processamento fonológico (Capellini et al. 2010; Jincho,

Namiki e Mazuka, 2008; Sales e Parente, 2006; Bernadino et al., 2006; Bayliss et al.,

2005; Capovilla, Capovilla e Suiter, 2004).

Estudos estão sendo realizados para tentar entender qual é o impacto da

experiência de leitura na organização neurofuncional e no desempenho em tarefas

específicas para isso. Para realizar estudos com adultos que não tiveram experiência

com leitura, os pesquisadores estão utilizando população de adultos analfabetos. Por

meio da comparação com adultos alfabetizados e adultos com dislexia, os autores têm

chegado a resultados interessantes. Serniclaes et al. (2005) organizaram um estudo

que objetivou analisar a percepção de fala em adultos analfabetos e alfabetizados

para verificar se essa habilidade está associada a experiência de leitura. Os resultados

indicaram que adultos não alfabetizados não apresentam alteração na discriminação

Page 37: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

29

das categorias de fonemas como o observado na dislexia. Dessa maneira, pode-se

inferir que a dificuldade na discriminação das categorias de fonema observada na

dislexia está relacionada aos déficits no processamento fonológico característicos do

transtorno específico de aprendizagem, no que diz respeito à habilidade específica de

consciência fonológica.

É discutido na literatura se os déficits fonológicos em disléxicos são causados

pela má qualidade das representações fonológicas ou pela dificuldade de acesso a

essas representações. Boets et al. (2013) realizaram um estudo com imagens de

ressonância magnética funcional e partir da análise dos dados coletados os

pesquisadores concluíram que as representações fonológicas estão preservadas em

adultos com dislexia, no entanto, a conectividade funcional e estrutural entre os córtex

auditivos bilaterais e o giro frontal inferior (região envolvida em um nível superior de

processamento fonológico) é significativamente prejudicada em disléxicos.

A intervenção fonológica também vem sendo utilizada para entender melhor os

déficits persistentes no processamento fonológico observado na dislexia. Hernandez et

al. (2013), utilizaram exame de imagem para analisar o funcionamento cerebral de

adultos disléxicos em uma tarefa de julgamento de rima. Mesmo após intervenção

(remediação fonológica), foi observada uma ativação inesperada do giro frontal

inferior. Essa área está associada ao controle articulatório e sua ativação nos

indivíduos disléxicos provavelmente é realizada com o intuito de compensar o déficit

em lidar com informações fonológicas, perfil característico na dislexia.

A memória fonológica está relacionada com a velocidade de processamento e

armazenamento do material verbal (Jincho, Namiki e Mazuka, 2008). Na leitura, a

memória fonológica desempenha um papel importante uma vez que é necessário o

armazenamento do que está sendo decodificado para a atribuição de significado. A

velocidade é fundamental nesse processo porque sabemos que a capacidade de

armazenamento é dependente do tempo. Trecy et al. (2013) estudaram os diferentes

tipos de armazenamento relacionados com a memória de trabalho e concluíram que

na dislexia os déficits de memória de trabalho não estão relacionados unicamente com

o núcleo verbal. A capacidade de armazenagem de itens em ordem temporal foi uma

capacidade alterada em adultos disléxicos, indicando que a dificuldade na

recuperação dos itens da memória de curto prazo pode estar relacionada a uma

dificuldade na estocagem da ordem serial dos itens.

A habilidade de nomeação rápida automatizada, juntamente com a memória de

trabalho, foi o marcador cognitivo mais estudado para caracterizar o perfil de adultos

Page 38: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

30

disléxicos no levantamento bibliográfico realizado, após a medida do

Quociente intelectual, considerado um dos critérios diagnósticos estabelecidos pelo

DSM 5. No presente estudo optamos por categorizar a nomeação rápida como uma

habilidade cognitiva, isso porque entendemos que a nomeação rápida envolve

aspectos mais abrangentes do que apenas os fonológicos, como velocidade de

processamento, acesso lexical, por exemplo. Cardoso-Martins e Pennington (2001)

estudaram a relação entre consciência fonêmica, velocidade de nomeação e

desempenho em leitura. Os autores concluíram que a nomeação rápida contribui para

habilidade de leitura e escrita independentemente da consciência fonêmica. Ainda

nesse mesmo estudo, a velocidade de nomeação rápida foi correlacionada com a

competência de ler textos rapidamente.

De acordo com o que foi pesquisado anteriormente, sabemos que as

características de déficits na decodificação e fluência leitora são permanentes na

dislexia (DSM 5, American Psychiatric Association, 2012). Um estudo realizado por

Christodoulou et al. (2014) estudou as bases neurais relacionadas com a fluência de

leitura em adultos com dislexia e foi observado que as regiões associadas ao resgate

de informações (semânticas e fonológicas) são menos ativadas em indivíduos com

dislexia, sugerindo uma dificuldade no acesso dessas informações com a precisão e

rapidez esperada. Em outro estudo realizado por Nergård-Nilssen e Hulme (2014), que

investigou as alterações linguísticas e cognitivas observadas na dislexia e persistentes

na vida adulta, competência de fluência de leitura e decodificação de pseudopalavras

correlacionaram-se com o desempenho em nomeação rápida automatizada.

Assim, a consciência fonológica, a memória de trabalho e a nomeação rápida,

são identificadas como habilidades preditoras do desenvolvimento da linguagem

escrita e são destacadas na literatura como tarefas sensíveis para a identificação da

dislexia na população adulta. Esse resultado indicou que a investigação das

habilidades envolvidas no processamento fonológico são as mais utilizadas no

domínio da linguagem oral para caracterização do perfil do disléxico adulto.

Ainda foram identificadas outras habilidades linguísticas no levantamento,

como o vocabulário, fluência verbal, consciência morfológica, aprendizagem lexical e

diferenciação entre substantivos e adjetivos. Vale ressaltar que algumas dessas

habilidades/competências foram testadas a fim de investigar outras alterações

linguísticas que poderiam estar alteradas na dislexia, mas por representarem um

número pequeno de pesquisas dentro da temática, não se mostraram sensíveis para a

diferenciação diagnóstica.

Page 39: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

31

No que se referiu às funções cognitivas avaliadas, as medidas de

Quociente intelectual foram as mais prevalentes. De acordo com o DSM 5 (American

Psychiatric Association, 2012), o diagnóstico do Transtorno Específico de

Aprendizagem é feito preenchendo 4 critérios: A) as dificuldades de aprendizagem têm

que ter persistido por 6 meses, apesar da intervenção específica; B) as habilidades

acadêmicas afetadas estão substancialmente abaixo do esperado para idade

cronológica; C) as dificuldades iniciam nos primeiros anos escolares, mas podem não

se manifestar completamente até as demandas ultrapassarem as capacidades

limitadas do indivíduo; e, D) as dificuldades de aprendizagem não podem ser

explicadas por deficiências intelectuais, acuidade visual e/ou auditiva não corrigida,

outros transtornos mentais ou psiquiátricos, adversidades psicossocial, falta de

proficiência na língua de instrução acadêmica ou instrução educacional inadequada.

Assim, a avaliação do quociente intelectual é realizada para excluir deficiências

intelectuais (critério D).

Em relação às competências de linguagem escrita, a leitura de palavras foi a

tarefa mais utilizada para a caraterização do perfil da população de disléxicos. As

medidas de avaliação de leitura de palavras observadas nesse estudo foram: análise

da acurácia de leitura e da taxa de leitura. A acurácia se refere ao número de palavras

corretas lidas por minuto ou quantas palavras corretas foram lidas durante um minuto.

Já a taxa de leitura é descrita como o número de palavras que podem ser lidas por

minuto ou quantas palavras podem ser lidas dentro de 1 minuto. Em um estudo

longitudinal, Undheim (2009) acompanhou indivíduos com diagnóstico de dislexia por

30 anos, medindo o seu desempenho acadêmico. Foi observado que as habilidades

de decodificação permaneciam alteradas, mas o nível de escolaridade não diferiu

entre o grupo de disléxicos e o grupo controle. Já Lindgrén e Laine (2010), estudaram

o desempenho de adultos disléxicos em processamento fonológico e a leitura e

escrita. Observou-se que a dificuldade persistente na dislexia está relacionada aos

aspectos de acurácia em leitura e escrita.

Além da dificuldade em acurácia de leitura são relatados na literatura déficits

na velocidade de processamento nas tarefas de leitura de palavras, pseudopalavras e

decisão lexical.

A leitura de pseudopalavras foi a segunda tarefa mais avaliada para diferenciar

as características de bons e maus leitores no Estudo 1. Pseudopalavras são estímulos

que não carregam significado mais respeitam as características fonológicas e

ortográficas da língua. Ao decodificar uma pseudopalavra, o sujeito não faz uso do seu

Page 40: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

32

conhecimento lexical para realizar a decodificação. É necessário que ele domine as

regras de conversão fonema-grafema e ortografia para obter sucesso nessa tarefa.

Richlan et al. (2010) observaram que disléxicos levam o dobro de tempo para

ler o mesmo trecho que adultos sem dislexia. O mesmo desempenho foi observado na

leitura de palavras e pseudopalavras. Já em tarefa de decisão lexical (determinar se

uma palavra lida existe ou não) os disléxicos tiveram um aumento de latência para a

resposta em palavras longas (6 – 10 letras), o que não foi observado no grupo

controle.

Com o desenvolvimento da linguagem escrita, os processos de decodificação

vão se tornando automatizados, criamos um léxico ortográfico, e a leitura se torna

mais fluente. Em um momento inicial, quando a leitura ainda é feita com muito apoio

na conversão fonema-grafema, que o leitor está utilizando a rota fonológica. Quando

esse processo se torna mais automatizado por meio da criação de um léxico

ortográfico, o leitor começa a fazer uso da rota lexical de leitura. Na dislexia é

esperado que desde o início do processo de alfabetização existam dificuldades, assim

existe um prejuízo na rota fonológica e, consequentemente, na rota lexical. A fim de

investigar se existem alterações na rota lexical de leitura, Sela et al. (2016), estudaram

adultos disléxicos compensados e crianças em processo de alfabetização, em tarefa

de leitura de palavras e pseudopalavras utilizando medidas de ressonância funcional.

Os autores observaram que a região frontal esquerda (relacionada ao gerenciamento

cognitivo de leitura e, por isso, à rota ortográfica de leitura) está alterada em crianças

no desenvolvimento e em adultos compensados. Os dados sugeriram que o

desenvolvimento da rota lexical de leitura está relacionado com a aprendizagem da

leitura e escrita. Contudo, adultos disléxicos compensados demonstraram que apesar

de terem desenvolvido a linguagem escrita, suas competências leitoras mantem-se

alteradas.

A competência de soletração foi bastante utilizada nos estudos para

diferenciação de bons e maus leitores de acordo com o levantamento realizado. Como

já foi descrito anteriormente, as características ortográficas de uma língua podem

influenciar o processo de aquisição de leitura e escrita e a manifestação, em termos de

intensidade, de transtornos de aprendizagem. Em línguas com opacidade ortográfica

temos um grafema que pode representar mais de um fonema e fonemas que podem

ser representados por mais de um grafema, como o que é observado na língua

inglesa. Assim, a competência de soletração é uma tarefa sensível para a identificação

de maus leitores em línguas que apresentaram uma maior opacidade ortográfica.

Page 41: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

33

As competências escritoras foram menos avaliadas em adultos disléxicos

quando comparadas com as competências leitoras. Os descritores utilizados no

Estudo 1 evidenciavam os Transtornos Específicos de Aprendizagem de Leitura

(dislexia). Assim, vale ressaltar que talvez os descritores de busca tenham

influenciado esses achados. As tarefas de ditado e decisão ortográfica foram as

competências escritoras mais descritas no levantamento bibliográfico, indicando que o

domínio ortográfico é a competência mais avaliada na dislexia na fase adulta. Romani

et al. (2015) investigaram o processo de codificação de adultos disléxicos e concluíram

que a dislexia afeta o processamento ortográfico em diferentes níveis (codificação e

decodificação).

Instrumentos de avaliação indiretos, como análise de relatórios pregressos,

checklist e questionários auto avaliativos foram relatados em 12,3% dos artigos.

Snowling et al. (2012) realizaram a validação em um questionário de auto avaliação da

dislexia para adultos e descreveram que esse tipo de instrumento, apesar de pouco

utilizado, é de baixo custo e eficaz para identificar adultos com risco de alteração para

leitura. Além disso, os autores também relataram que esse instrumento poder ser

indicado na avaliação precoce do risco de alterações de leitura na infância.

Page 42: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

34

3.1.6. Conclusão

A partir dos resultados podemos concluir:

1. Avaliações de desempenho em linguagem escrita e funcionamento cognitivo são

as mais utilizadas para diferenciar bons e maus leitores.

2. A decodificação (leitura de palavras e pseudopalavras) é a habilidade mais

sensível para diferenciar bons leitores de maus leitores, mesmo em jovens adultos.

3. O quociente intelectual é a medida mais utilizada no que diz respeito às funções

cognitivas.

4. O processamento fonológico (consciência fonológica e memória fonológica) é a

área de linguagem oral mais frequentemente investigada para traçar o perfil da

dislexia.

Page 43: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

35

3.2. Estudo 2 – Caracterização do desempenho de linguagem escrita em

adolescentes e adultos

3.2.1. Introdução

A partir dos dados coletados na revisão sistemática de literatura identificamos

as habilidades linguísticas e cognitivas que estão fortemente relacionadas com o

desempenho em leitura e escrita na vida adulta e vêm sendo avaliadas em estudos

internacional. A capacidade de nomeação rápida, memória operacional, leitura (taxa e

acurácia) de palavras, pseudopalavras e textos foram identificadas como provas

sensíveis e capazes de diferenciar desempenho de leitura entre participantes com e

sem queixa de transtorno específico de leitura.

Com as habilidades identificadas no Estudo 1, foram selecionados protocolos

usados em estudos nacionais para propor uma avaliação de linguagem escrita focada

em jovens adultos a fim de observar o desempenho da população alvo para

fundamentar as recomendações propostas no Guia de avaliação de linguagem escrita

em jovens adultos (Estudo 3) e indicar tendências de desempenho nas tarefas

sensíveis para a avaliação da linguagem escrita.

3.2.2. Objetivo

Realizar uma avaliação em jovens adultos a fim de caracterizar o desempenho

em tarefas de processamento fonológico e linguagem escrita dessa população.

Page 44: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

36

3.2.3. Método

3.2.3.1. Aspectos éticos

Para obedecer aos preceitos éticos na realização de pesquisas com seres

humanos, foi elaborada uma carta de informação ao participante e um termo de

consentimento livre e esclarecido (TCLE). O documento foi lido e assinado pelos

participantes (Apêndice 1).

O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Irmandade

da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e aprovado sob o parecer 1.435. 467,

CAEE 52983015.5.0000.5479 (Apêndice 2).

3.2.3.2. Tipo de estudo

Trata-se de um estudo exploratório, quantitativo e transversal.

3.2.3.3. Casuística

Foram convidados para participar da pesquisa alunos dos cursos de graduação

da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. O convite foi

realizado oralmente pela pesquisadora em sala de aula. Após o convite, os alunos

interessados em participar da pesquisa foram submetidos aos procedimentos de

pesquisa individualmente em horário previamente estabelecido.

A sessão de avaliação teve duração de 20 a 30 minutos. Primeiramente o

participante preencheu o termo de consentimento livre e esclarecido. Posteriormente

era aplicado um questionário de caracterização do participante, seguido dos

procedimentos de pesquisa.

A casuística foi composta por 30 alunos de graduação, sendo seis (6) alunos do

curso de Enfermagem e 24 alunos do curso de Fonoaudiologia.

3.2.3.4. Material e procedimentos de pesquisa

(a) Questionário de caracterização:

O questionário de caracterização investigou por meio de perguntas direcionadas

ao participante, a data de nascimento, o curso frequentado, o tipo de escola

frequentada (pública ou privada), o histórico de repetência e de dificuldades de

aprendizagem.

Page 45: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

37

O questionário foi aplicado pela pesquisadora verbalmente e as repostas obtidas

foram registradas e analisadas.

(b) Avaliação da velocidade de nomeação rápida (Denckla e Rudel, 1974):

A tarefa de nomeação rápida é constituída da apresentação de figuras de

objetos comuns em sequência em duas pranchas: A e B (Denckla e Rudel, 1974) cada

qual com 36 figuras iguais e em sequência diferente. Os participantes foram instruídos

a nomeá-las o mais rápido que conseguissem. A tarefa foi cronometrada e ao final da

apresentação da prancha A foi estabelecido o tempo total da nomeação; o mesmo

ocorreu ao final da apresentação da prancha B.

Primeiramente foi realizado um treino com cinco figuras em sequência, para que

os participantes se familiarizassem com a tarefa e conheçam os estímulos

apresentados a seguir.

(c) Fluência de leitura de palavras e pseudopalavras (Capellini et. al., 2008):

Para a avaliação de fluência de leitura foi solicitado ao sujeito ler em voz alta

duas listas de 30 estímulos cada, uma com palavras e outra com pseudopalavras

balanceadas (complexidade silábica, regularidade e frequência). A leitura foi

cronometrada e gravada. A taxa de leitura foi estimada por meio da fórmula (número

de palavras lidas*60/tempo total de leitura).

(d) Acurácia de leitura de palavras e pseudopalavras (Capellini et. al.,

2008):

Para a avaliação da acurácia de leitura de palavras e pseudopalavras foi

utilizada a mesma tarefa realizada para a avaliação de fluência de leitura de palavras e

pseudopalavras. A leitura foi cronometrada e gravada. Durante a realização da

atividade, a avaliadora registrou os acertos e erros de decodificação. Posteriormente

foi aplicada uma fórmula (número de palavras lidas corretamente*60/tempo total de

leitura) para se chegar à taxa de acurácia.

(e) Fluência de leitura de texto (Moojen, 2010):

Para a avaliação de fluência de leitura foi solicitado ao sujeito ler em voz alta

um texto informativo compatível com seu nível de escolaridade (Projeto Mar Morto,

Page 46: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

38

Moojen, 2010). A leitura foi cronometrada e gravada. A taxa de leitura foi calculada por

meio da fórmula (número de palavras lidas*60/tempo total de leitura).

(f) Acurácia de leitura de texto (Moojen, 2010):

Para a avaliação da acurácia de leitura de texto foi utilizada a mesma tarefa

realizada para a avaliação de fluência de leitura de texto. Durante a realização da

atividade, a avaliadora registrou os acertos e erros de decodificação, a tarefa também

foi gravada. A gravação digitalizada foi analisada e nessa análise foi contabilizado o

número de palavras lidas corretamente. Posteriormente foi aplicada uma fórmula

(número de palavras lidas corretamente*60/tempo total de leitura) para se chegar à

taxa de acurácia.

(g) Teste de repetição de dígitos ordem direta (Capellini, 2008):

Os participantes foram instruídos a repetir uma série de dígitos de acordo

com o que fosse ouvido. Foram oferecidas 14 sequências de dígitos, com dois a nove

dígitos cada. As respostas foram registradas considerando o span (número de dígitos

armazenados).

(h) Teste de repetição de dígitos ordem indireta (Capellini, 2008):

Os participantes foram instruídos a repetir uma série de dígitos na ordem

inversa do que foi ouvido. Foram oferecidas 12 sequências de dígitos, com dois a oito

dígitos cada. As respostas foram registradas considerando o span (número de dígitos

armazenados).

(i) Teste de leitura de sílabas complexas (Moojen, 2001):

Nesse teste, os participantes foram instruídos a ler 136 sílabas em voz alta

com construção silábica complexa (CVC, CVVC, CCV, CCVC). Foi registrado o tempo

total realizado para fazer a leitura e o número de sílabas lidas corretamente. Após o

registro do número de sílabas lidas corretamente, foi calculado o porcentual de acerto

na tarefa.

(j) Ditado de palavras para 3º ano do ensino médio (Moojen, 2003):

Nessa tarefa são oferecidas 25 palavras para os participantes. A orientação

era para que o participante registrasse em uma folha sulfite as 25 palavras ouvidas,

uma a uma. Foi registrado o número de palavras escritas corretamente.

3.2.3.5. Análise dos resultados

Page 47: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

39

A análise estatística descritiva e inferencial foi feita com o auxílio do programa

SPSS 13.0. Foram utilizados os seguintes testes: Teste-t para comparação de

desempenho, Teste de Análise de Variância (Kruskal-Wallis), Teste de Correlação de

Spearman para estabelecer o nível de correlação entre todas as variáveis, e a Análise

de Componentes Principais para a verificação de redução de variáveis que explicam a

variância dos resultados.

Page 48: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

40

3.2.4. Resultados

No Estudo 2 foram avaliados 30 alunos universitários. A caracterização dos

participantes do estudo foi realizada por meio da descrição da idade, sexo, tipo de

escola frequentada no ensino fundamental e médio, e histórico de reprovação e de

dificuldades de aprendizagem (Anexo 2). A média de idade dos participantes foi de 22

anos. A maioria dos participantes (26), 86,6% era do sexo feminino. No que se referiu

ao tipo de escola, 13 dos participantes do estudo frequentaram escola pública (43,3%),

11 frequentaram a escola particular (36,6%) e 6 participantes frequentaram a escola

pública e privada durante o ensino fundamental e ensino médio (20%), como ilustra a

Figura 8.

Figura 8. Distribuição dos participantes do estudo de acordo com o tipo de escola frequentada.

Vinte e sete participantes (90%) não referiram histórico de reprovação. A

investigação do histórico de dificuldades de aprendizagem também foi utilizada para

caracterizar os participantes do estudo. A grande maioria dos participantes (90%) não

referiu dificuldades de aprendizagem durante a escolarização.

20,0%

43,3%

36,6%

Pública

Privada

Pública + Privada

Page 49: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

41

No que se refere aos procedimentos de pesquisa, a tarefa de leitura de sílabas

complexas foi analisada a partir do tempo total de leitura e da porcentagem de acertos.

O tempo médio despendido para a leitura das 136 sílabas foi de 129,73 segundos

(DP= 30,01).

Já em relação à porcentagem de acertos, a média observada foi de 97,52%

(DP= 3,69).

Figura 9. Distribuição dos participantes em

relação ao tempo total de leitura (em

segundos) de sílabas complexas.

Figura 10. Distribuição dos participantes em

relação à porcentagem de acertos na leitura

de sílabas complexas.

.

Page 50: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

42

A leitura de palavras e pseudopalavas foi analisada por meio da taxa de leitura

(número de palavras lidas por minuto) e acurácia (número de palavras lidas corretas

por minuto). No que se referiu à leitura de palavras, a média de taxa de leitura do foi

de 76,12 palavras lidas por minuto (DP= 19,57).

Já em relação à leitura de pseudopalavras, a média de taxa de leitura foi de

55,34 pseudopalavras lidas por minuto (DP= 8,33).

Figura 11. Distribuição dos participantes em

relação ao número de palavras lidas por minuto

(taxa de leitura em lista de palavras).

.

Figura 12. Distribuição dos participantes em

relação ao número de pseudopalavras lidas por

minuto (taxa de leitura em lista de pseudoplavras).

.

Page 51: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

43

A média de acurácia (número de palavras lidas corretamente por minuto) na

leitura de palavras foi de 75,63 pcm (DP= 19,10).

Quando o estímulo oferecido foram pseudopalavras, a média de acurácia na

leitura foi de 53,24 pcm (DP= 8,29).

O desempenho na tarefa de leitura de palavras e pseudopalavras foi analisada

por meio do Teste-t e observou-se uma diferença estatisticamente significativa entre a

taxa de leitura (t = 7,56; p= 0,00*) e acurácia de leitura (t = 7,80; p= 0,00*).

Figura 13. Distribuição dos participantes em

relação ao número de palavras lidas

corretamente por minuto (acurácia de leitura em

lista de palavras).

.

Figura 14. Distribuição dos participantes em

relação ao número de pseudopalavras lidas

corretamente por minuto (acurácia de leitura em

lista de pseudopalavras).

.

Page 52: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

44

A tarefa de leitura de texto foi analisada pela taxa de leitura (número de

palavras lidas por minuto) e pela acurácia de leitura (número de palavras lidas

corretamente por minuto). A média de taxa de leitura foi de 143,09 palavras lidas por

minuto (DP=15,04).

Já em relação à acurácia de leitura quando o estímulo apresentado foi um

texto, a média foi de 142,39 palavras lidas corretamente por minuto (DP=15,38).

Figura 15. Distribuição dos participantes em

relação ao número de palavras lidas por minuto

no texto (taxa de leitura em texto).

.

Figura 16. Distribuição dos participantes em

relação ao número de palavras lidas

corretamente por minuto no texto (acurácia de

leitura em texto).

.

Page 53: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

45

A velocidade de nomeação foi avaliada por meio de duas pranchas (A e B). A

análise foi estabelecida por meio do registro do tempo desprendido para a nomeação

de figuras em cada prancha. Em relação à prancha A, o registro do tempo médio de

nomeação foi de 24,1 segundos (DP=4,78). Já o tempo médio de nomeação para a

prancha B foi de 24,46 segundos (DP=5,66). A análise estatística feita por meio do

Teste-t (t= -0,697; p= 0,492) indicou que não houve diferença estatisticamente

significativa entre os tempos de nomeação das pranchas A e B.

Figura 17. Distribuição dos participantes em relação ao desempenho na tarefa de velocidade

de nomeação (RAN), medida em segundos, na prancha A e B.

Page 54: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

46

A memória de trabalho foi avaliada por meio da repetição de dígitos, na ordem

direta e indireta. Foi registrado o número de dígitos armazenados (span). No que se

referiu à ordem direta, a média de span foi 6,3 dígitos (DP= 0,91). Já em relação à

ordem indireta, a média de span foi de 4,13 (DP= 1,27). Em análise estatística

realizada por meio do Teste-t (t=10,08; p=0,00*) observou-se uma diferença

estatisticamente significativa entre o desempenho das tarefas de memória, em ordem

direta e inversa.

Figura 18. Distribuição dos participantes em relação ao desempenho na tarefa repetição de

dígitos, ordem direta e indireta.

Page 55: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

47

A escrita foi avaliada por meio de um ditado. Foram oferecidos 25 estímulos, a

média de acertos foi de 17,36 (DP= 4,73).

Figura 19. Distribuição dos participantes em relação ao número de acertos na tarefa de ditado

de palavras.

A tabela 3 apresenta a análise descritiva do Estudo 2 com dos dados de média,

desvio padrão (DP), resultado mínimo e máximo e percentil por tarefa realizada.

Tabela 3. Análise descritivas das tarefas realizadas no Estudo 2.

Tarefas Média DP Mínimo Máximo Percentil

25 50 75

Tempo total de leitura de sílabas complexas (segundos) 129,73 30,01 85 222 112,25 128,5 146

% de acerto na leitura de sílabas complexas 97,52 3,69 85,29 100 97,05 98,89 100

Taxa de leitura de palavras (Palavra por minuto) 76,12 19,57 48,65 128,57 60 75,13 87,96

Nº de acertos na leitura de palavras 29,83 0,37 29 30 30 30 30

Acurácia na leitura de palavras (Palavra correta por minuto) 75,63 19,1 48,65 124,29 60 73,82 87,96

Taxa de leitura de pseudopalavras (Palavra por minuto) 55,34 8,33 38,3 72 48,64 56,25 61,07

Nº de acertos na leitura de pseudopalavras 28,86 1,38 25 30 28 29 30

Acurácia na leitura de pseudopalavras (Palavra correta por minuto) 53,24 8,29 35,74 67,2 46,5 54,28 60

Taxa de leitura de texto (Palavra por minuto) 143,09 15,04 118,64 184,78 130,91 140,6 154,95

Nº de acertos na leitura de texto 346,2 2,56 337 348 346 347 348

Acurácia na leitura de texto ((Palavra correta por minuto) 142,39 15,38 117,95 184,78 129,86 139,79 154,39

Velocidade de Nomeação (prancha A) (segundos) 24,1 4,78 16 39 20,75 23,5 26,5

Velocidade de Nomeação (prancha B) (segundos) 24,46 5,66 18 39 20,75 23 26

Memória direta 6,3 0,91 4 8 6 6 7

Memória indireta 4,13 1,27 2 6 3 4 5

Nº de acertos no ditado 17,36 4,72 7 24 13,75 19 22

Page 56: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

48

Para a análise do efeito do tipo de escola foi utilizada a análise de variância

(Teste de Kruskal-Wallis). Não foram observadas diferenças estatisticamente

significativas entre o desempenho na acurácia de leitura de palavras, pseudopalavras

e textos, porcentagem de acertos na leitura de sílabas complexas, velocidade de

nomeação, memória direta e indireta e ditado.

Tabela 4. Análise de variância (Kruskal-Wallis) para o efeito tipo de escola no desempenho em

acurácia de leitura de palavras, pseudopalavras e texto, porcentagem de acerto na leitura de

sílabas complexas e velocidade de nomeação rápida (prancha A).

P

Tipo de escola Acurácia na leitura de palavras 0,079

Acurácia na leitura de pseudopalavras 0,113

Acurácia na leitura de texto 0,955

% de acertos na leitura de sílabas complexas 0,381

Velocidade de nomeação (Prancha A) 0,989

Memória direta 0,378

Memória indireta 0,638

Ditado 0,801

Mesmo não havendo diferença estatisticamente significativa entre as escolas,

foi realizada a comparação do desempenho por tarefa. Para a análise, a escola

pública foi classificada como (1), a escola privada como (2) e escola pública e privada

como (3).

Page 57: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

49

Na tarefa de leitura de sílabas complexas, qualitativamente houve uma maior

variabilidade de desempenho na escola pública (1) para o tempo total de leitura, com a

média de tempo total de leitura maior quando comparado com os demais tipos de

escola. Dois participantes (17 e 24) tiveram um tempo total de leitura fora da

distribuição do grupo e esses participantes também tiveram uma porcentagem de

acertos abaixo do esperado para o desempenho da amostra.

Figura 20. Desempenho do tempo do total de leitura e da porcentagem de acertos na leitura

de sílabas complexas por tipo de escola. DSCTT: decodificação de sílaba complexa tempo

total; DSCperccorreto: decodificação de sílabas complexas porcentagem de acertos. (1):

pública; (2): privada; (3): pública e privada.

Page 58: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

50

O desempenho na leitura de palavras e pseudopalavras foi analisado por meio

da acurácia, uma vez que essa variável contém medidas de tempo e acertos. Houve

diferença estatisticamente significativa entre o tipo de estímulo (palavras e

pseudopalavras) (t = 7,563; p = 0,00*), com melhor desempenho para a leitura de

palavras. Qualitativamente, a acurácia na leitura de palavras tem uma maior

variabilidade quando comparada com a leitura de pseudopalavras para os três tipos de

escola, sendo maior na escola privada (2).

Figura 21. Desempenho em acurácia de leitura de palavras e pseudopalavras por tipo de

escola. (1) pública; (2) privada; (3) pública e privada.

Palavras

Pseudopalavras

Page 59: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

51

O tipo de escola não influenciou o desempenho em acurácia de leitura de texto

(p = 0,955). Qualitativamente, a escola privada (2) apresentou um desempenho com

menor variabilidade de desempenho e os participantes que estudaram em escola

pública e privada (3) tiveram um desempenho mais variado.

Figura 22. Desempenho em acurácia de leitura de texto por tipo de escola. (1): pública; (2):

privada; (3): pública e privada

Page 60: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

52

Em relação a velocidade de nomeação, o tipo de escola não influenciou o

desempenho dos participantes (p = 0,989). Qualitativamente não foi observado uma

variabilidade de desempenho por escola. A análise entre o desempenho da prancha A

e B não indicou diferença estatisticamente significativa (t = -0,687; p = 0,492).

Figura 23. Desempenho em tarefa de nomeação rápida (prancha A e B) por tipo de escola. (1):

pública; (2): privada; (3): pública e privada.

Prancha B

Prancha A

Page 61: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

53

O desempenho nas tarefas de memória também não foi influenciado pelo tipo

de escola (ordem direta, p = 0,378; ordem indireta, p = 0,638). A análise da

comparação entre as ordens de apresentação dos estímulos (direta e indireta) indicou

uma diferença estatisticamente significativa (t = 10,084; p = 0,00*), com um melhor

desempenho para as tarefas apresentadas na ordem direta. Qualitativamente, existe

uma maior variabilidade de desempenho, independentemente do tipo de escola,

quando os estímulos são apresentados na ordem indireta.

Figura 24. Desempenho em tarefa de memória em apresentação na ordem direta e inversa por

tipo de escola. (1): pública; (2): privada; (3): pública e privada.

Ordem indireta

Ordem direta

Page 62: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

54

Na tarefa de ditado, o tipo de escola não influenciou o desempenho dos

participantes (p = 0,801). Qualitativamente observou-se que o desempenho nessa

tarefa teve uma grande variabilidade, principalmente na escola particular.

Figura 25. Desempenho em tarefa de ditado considerando o número de acertos. (1): pública;

(2): privada; (3): pública e privada.

A análise da correlação das tarefas indicou que a taxa de leitura tem uma

correlação positiva com a acurácia de leitura para as tarefas de leitura de palavras,

pseudopalavras e texto. Na leitura de palavras, a correlação entre a taxa de leitura e a

acurácia foi de r = 0,998 (p = 0,00*). Quando o estímulo apresentado foi uma

pseudopalavra, a correlação entre a taxa de leitura e a acurácia foi de r = 0,714 (p =

0,00*). Em relação à leitura de texto, a correlação entre taxa de leitura e acurácia foi

de r = 0,998 (p = 0,00*).

O tempo total de leitura de sílabas complexas apresentou uma correlação

negativa com a taxa de leitura de palavras (r = -0,679; p: 0,00*) e pseudopalavras (r = -

0,826; p = 0,00*) e com a acurácia de palavras (r = -0,689; p = 0,00*) e

pseudopalavras (r = -0,734; p = 0,00*). No que se referiu à porcentagem de acertos na

leitura de sílabas complexas, foi uma correlação positiva com a acurácia na leitura de

pseudopalavras (r = 0,391; p = 0,032*).

A velocidade de nomeação, apresentou uma correlação negativa com a taxa de

leitura de texto (r = -0,414; p = 0,00*) e com a acurácia de leitura de texto (r = -0,427; p

= 0,00*). As pranchas A e B tiveram uma correlação positiva de 0,861 (p = 0,00*).

Page 63: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

55

A tarefa que avaliou a memória indireta apresentou uma correlação positiva

com a tarefa de avaliação da memória direta (r = 0,465; p = 0,00*).

O desempenho no ditado de palavras (número de acertos) apresentou uma

correlação com a acurácia de leitura de pseudopalavras (r = 0,393; p = 0,032*), com

porcentagem de acertos na leitura de sílabas complexas (r = 0,665; p = 0,00*) e com a

tarefa de memória indireta (r = 0,591; p = 0,00*).

A Tabela 5 apresenta os dados de correlação entre as tarefas aplicadas no

Estudo 2.

Page 64: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

56

Tabela 5. Correlação entre as tarefas do Estudo 2.

Palavras

lidas por minuto

Acurácia palavras

Pseudo por minuto

Acurácia pseudo

TT sílabas complexas

% de acertos sílabas complexas

Taxa de leitura de texto

Acurácia de leitura de texto

RANa RANb Memória direta

Memória indireta

Acertos no ditado

Palavras lidas por minuto

r 0,998** 0,693** 0,558** -0,679** -0,227 -0,049 -0,046 0,163 -0,145 -0,306 -0,121

p 0,000 0,000 0,001 0,000 0,229 0,798 0,810 0,390 0,850 0,444 0,100 0,525

Acurácia palavras

r 0,998** 0,714** 0,590** -0,689** -0,193 -0,045 0,040 0,163 0,031 -0,144 -0,281 -0,090

p 0,000 0,000 0,001 0,000 0,306 0,814 0,832 0,389 0,871 0,446 0,132 0,635

Pseudo por minuto

r 0,693** 0,714 0,950 -0,826 0,193 0,159 0,174 -0,104 -0,234 0,063 -0,064 0,212

p 0,000 0,000 0,000 0,000 0,306 0,403 0,359 0,584 0,212 0,740 0,735 0,261

Acurácia pseudo

r 0,558** 0,590** 0,950** -0,734** 0,391* 0,182 0,201 -0,098 -0,253 0,116 0,132 0,393*

p 0,001 0,001 0,000 0,000 0,032 0,337 0,286 0,608 0,178 0,514 0,487 0,032

TT sílabas complexas

r -0,679**

-0,689**

-0,826**

-0,734**

-0,175 -0,161 -0,173 0,082 0,202 -0,085 0,181 -0,135

p 0,00 0,000 0,000 0,000 0,354 0,395 0,360 0,666 0,284 0,656 0,337 0,477

% de acertos sílabas complexas

r -0,227 -0,193 0,193 0,391* -0,175 0,019 0,050 -0,085 -0,178 0,279 0,340 0,655**

p 0,229 0,306 0,306 0,032 0,345 0,919 0,793 0,657 0,347 0,135 0,066 0,000

Taxa de leitura de texto

r -0,049 -0,045 0,159 0,182 -0,161 0,019 0,998** -0,414* -0,216 0,297 0,249 0,208

p 0,798 0,814 0,403 0,337 0,395 0,919 0,000 0,023 0,251 0,111 0,184 0,269

Acurácia de leitura de texto

r -0,046 -0,040 0,174 0,201 -0,173 0,050 0,998** -0,427* -0,242 0,304 0,265 0,238

p 0,810 0,832 0,359 0,286 0,360 0,793 0,000 0,018 0,197 0,103 0,157 0,206

RANa r 0,163 0,163 -0,104 -0,098 0,082 -0,085 -0,414* -0,427* 0,861** -0,220 -0,307 -0,164

p 0,390 0,389 0,584 0,608 0,666 0,657 0,023 0,018 0,000 0,243 0,099 0,388

RANb r 0,036 0,031 -0,234 -0,253 0,202 -0,178 -0,216 -0,242 0,861** -0,174 -0,332 -0,237

p 0,850 0,871 0,212 0,178 0,284 0,347 0,197 0,197 0,000 0,357 0,073 0,207

Memória direta

r -0,145 -0,144 0,063 0,116 -0,085 0,279 0,297 0,304 -0,220 -0,174 0,465** 0,165

p 0,444 0,446 0,740 0,541 0,656 0,135 0,111 0,103 0,243 0,357 0,010 0,383

Memória indireta

r -0,306 -0,281 -0,064 0,132 0,181 0,340 0,249 0,265 -0,307 -0,332 0,465** 0,591**

p 0,100 0,132 0,735 0,487 0,337 0,066 0,184 0,157 0,099 0,073 0,010 0,001

Acertos no ditado

r -0,121 -0,090 0,212 0,393* -0,135 0,665** 0,208 0,238 -0,164 -0,237 0,165 0,591**

p 0,525 0,635 0,261 0,032 0,477 0,000 0,269 0,206 0,388 0,207 0,383 0,001

** p < 0,001

* p < 0,005

Pseudo: pseudopalavras; TT: tempo total; RANa: velocidade de nomeação (prancha A);

RANb: velocidade de nomeação (prancha B).

As tarefas do Estudo 2 foram submetidas à uma análise de componente

principal a fim de se identificar relações entre as tarefas propostas, agrupando as

variáveis em componentes (Tabela 6). Foram identificados 4 componentes distribuídos

como segue:

A taxa e a acurácia de leitura de palavras e pseudopalavras, assim como o

tempo total de leitura de sílabas complexas formaram o Componente 1. O número de

acertos na leitura de palavras, pseudopalavras, porcentagem de acertos na leitura de

textos e de sílabas complexas formam o Componente 2. A taxa e acurácia de leitura

Page 65: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

57

de texto e o desempenho em memória indireta formaram o Componente 3 e a

velocidade de nomeação, o Componente 4. Ainda com relação à Análise dos

Componentes Principais, a Tabela 6 apresenta os valores da porcentagem da

variância dos dados explicada por cada um dos componentes. Ressalta-se que no

geral o modelo de componentes proposto explica 78,65% da variância total dos dados

e que mesmo o Componente 4, menos representativo, ainda apresenta um valor de

porcentagem não desprezível (C4=8,25%).

Tabela 6. Análise dos Componentes principais do Estudo 2.

Variáveis Componentes

1 2 3 4

Taxa de leitura de palavras (ppm) 0,888 -0,29 -0,07 0,091

Acertos na leitura de palavras 0,009 0,846 0,058 -0,077

Acurácia palavras (pcm) 0,902 -0,246 -0,071 0,094

Taxa de leitua de pseudopalavras (ppm) 0,928 0,169 0,075 -0,117

Acertos na leitura de pseudopalavras -0,156 0,869 0,075 0,068

Acurácia pseudopalavras (pcm) 0,84 0,429 0,09 -0,081

TT sílabas complexas -0,882 -0,027 -0,096 0,116

% de acertos sílabas complexas 0,077 0,84 -0,046 -0,048

Taxa de leitura de texto (ppm) 0,067 0,039 0,969 -0,133

Acertos leitura de texto 0,223 0,55 0,283 -0,396

Acurácia de leitura de texto (pcm) 0,08 0,073 0,963 -0,155

Velocidade de nomeação (Prancha A) 0,051 -0,038 -0,294 0,916

Velocidade de nomeação (Prancha B) -0,104 -0,168 -0,073 0,952

Memória direta -0,53 0,285 0,438 -0,103

Memória indireta -0,221 0,663 0,274 -0,214

Nº de acertos no ditado 0,108 0,796 0,146 -0,096

Porc. da Variância % 30,86 25,43 14,10 8,25

Porc. de Variância Acumulada % 30,86 56,29 70,40 78,65

Ppm: palavras por minuto; pcm: palavra correta por minuto; TT: tempo total;

Page 66: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

58

3.2.5. Discussão

Neste capítulo serão discutidos os resultados obtidos no Estudo 2 que teve o

objetivo de caracterizar o desempenho em processamento fonológico e linguagem

escrita em uma população de jovens adultos.

No que se referiu à caracterização dos participantes, observamos uma

distribuição bastante homogênea entre o tipo de escola (pública e privada), sendo que

13 frequentaram escola pública, 11 na escola particular e 6 frequentaram os dois tipos

de escola. De acordo com o DSM-5 (American Psychiatric Association, 2012), “o

transtorno específico da aprendizagem ocorre em diferentes idiomas, culturas, raças e

condições socioeconômicas”. Sabe-se que as condições socioeconômicas não podem

ser avaliadas apenas pelo tipo de escola, contudo as escolas privadas e federais

agregam os alunos de maior nível socioeconômico (Alves, Soares e Xavier, 2014).

Em relação ao sexo, 26 participantes são do sexo feminino. Cabe ressaltar que

o estudo foi realizado com estudantes do curso de Enfermagem e Fonoaudiologia,

áreas da saúde em que frequentemente a maioria dos estudantes é do sexo feminino.

Dos 30 participantes avaliados, apenas 3 deles (10%) relataram dificuldades de

aprendizagem durante o processo de escolarização. A população de estudo foi

constituída de estudantes de Instituição de Ensino Superior que possui como critério

de acesso a aprovação no vestibular. Optamos por essa população uma vez que

consideramos que desta forma, os participantes do Estudo 2 apresentariam um

desempenho acadêmico compatível com o esperado após à conclusão do Ensino

Médio. Mesmo sabendo que esses participantes específicos apresentaram histórico de

dificuldades escolares, optamos por mantê-los na análise por considerar que eles são

parte da população de jovens adultos que concluíram o ensino médio, caracterizando

a variabilidade de desempenho da população. É interessante observar que a

porcentagem de participantes que referiram dificuldades escolares está dentro da

prevalência apresentada no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

(DSM–5, American Psychiatric Association, 2012) para os transtornos de

aprendizagem, que é de 5 a 15% em escolares em diferentes línguas e culturas.

Ainda sobre a caracterização dos participantes, o histórico de reprovação foi

citado por 3 participantes. Apenas um dos participantes que referiu dificuldade de

aprendizagem também referiu histórico de reprovação, os outros dois casos relatados

podem estar associados à frequência escolar e não necessariamente ao desempenho

acadêmico. Devido ao número reduzido de participantes com histórico de dificuldades

de aprendizagem e reprovação escolar, não foi possível correlacionar essa variável

com as demais.

Page 67: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

59

A habilidade de decodificação foi avaliada por meio da tarefa de leitura de

sílabas, palavras, pseudopalavras e texto. As análises foram feitas por meio de

medidas de tempo e acurácia.

A tarefa de decodificação de sílabas complexas teve o objetivo de avaliar a rota

fonológica de leitura uma vez que não existe o efeito lexical nas construções silábicas.

Moraes e Capellini (2010) fizeram um estudo com o objetivo de avaliar o conhecimento

de letras, sílabas e palavras em escolares de 1º a 2º ano do ensino fundamental. Os

resultados indicaram que a habilidade de ler sílabas simples já está desenvolvida ao

final do 1º ano do ensino fundamental. Já a decodificação de sílabas complexas,

medida em número de acertos, está desenvolvida no final do 2º ano ensino

fundamental, sugerindo que essa é uma habilidade adquirida precocemente no

desenvolvimento de linguagem escrita. No presente estudo, a porcentagem média de

acertos na decodificação de sílabas complexas foi de 97,52%. O tempo total médio de

leitura do nosso estudo foi de 129,73 segundos. Em um relato de experiência realizado

por Moojen, Bassôa e Gonçalves em 2016, o teste de decodificação de sílaba

complexa foi utilizado para caracterizar a manifestação de dislexia na vida adulta. O

controle utilizado na pesquisa obteve um tempo total de 117s, enquanto o sujeito

disléxico teve um tempo de leitura de 220s. No que se referiu a porcentagem de

acertos, o controle obteve 97,7% de acertos, enquanto o disléxico obteve uma

porcentagem de acerto de 94,8%. Observando o desempenho dos participantes do

presente estudo, é interessante destacar que a distribuição em relação ao tempo total

foi mais heterogênea quando comparada ao número de acertos. Entretanto dois

participantes tiveram um desempenho bem discrepante na variável tempo total, com

resultado acima dos 180s. Já em relação ao número de acertos, apenas três

participantes tiveram uma média de acertos abaixo de 94%, demonstrando que a

tarefa foi de fácil realização para a maior parte dos participantes. É importante

destacar que o relato de experiência citado avaliou apenas um disléxico e um controle.

Ainda sobre a leitura de sílabas complexas é interessante observar que esse

tipo de tarefa não foi descrita no levantamento bibliográfico do Estudo 1. Contudo,

existem características ortográficas distintas entre a nossa língua e as línguas escritas

dos artigos do Estudo 1. É necessário avaliar quais tarefas são mais adequadas para

cada língua e, o desempenho na tarefa de decodificação de sílabas complexas nos

trouxe resultados importantes de correlação entre tarefas de leitura e escrita, que

serão discutidas adiante.

O desempenho na tarefa de leitura de palavras foi analisado de acordo com a

taxa e acurácia de leitura. A média de palavras lidas por minuto foi de 76,12 ppm

enquanto à acurácia foi de 75,63 pcm. O desempenho na taxa de acurácia foi bastante

Page 68: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

60

próximo ao desempenho de taxa de leitura, indicando que para essa população o

número de acertos na leitura de palavras foi elevado. Cardoso, Oliveira e Capellini

(2012) utilizaram a mesma prova de leitura realizada no Estudo 2 em escolares do

ensino fundamenta I. Foi observado um número médio de acertos na leitura de

palavras de 29,25 (sendo a pontuação máxima 30). Esses dados indicam que a

capacidade de decodificar corretamente palavras já está bem desenvolvida no final do

primeiro ciclo de escolarização.

Analisando a distribuição dos participantes em relação ao desempenho nas

duas medidas (taxa e acurácia de leitura) foi observada uma grande variabilidade

entre o valor mínimo e máximo obtido, contudo, na literatura a leitura de palavras é

frequentemente utilizada para discriminar bons e maus leitores. No Estudo 1, a tarefa

de linguagem escrita mais utilizada para caracterizar a dislexia foi a leitura de

palavras, 82,9% dos artigos apresentou essa medida como um procedimento de

pesquisa. Entre os pesquisadores da área é bastante discutido qual é a medida de

leitura que se apresenta alterada na dislexia: taxa de leitura ou acurácia de leitura.

Lindgrén e Laine (2010) e Undhein (2009) observaram que a acurácia de leitura de

palavras caracteriza um déficit persistente da dislexia quando são avaliados sujeitos

adultos. Richlan et. al. (2010) observaram que disléxicos adultos em uma tarefa de

decodificação de palavras apresentaram a mesma taxa de acurácia quando

comparados com o grupo controle, contudo eles demoraram o dobro de tempo para

executar a tarefa, sugerindo que as medidas de tempo são mais relevantes para

diferenciar bons e maus leitores quando o estímulo oferecido são palavras. Inácio

(2015) concluiu a partir de um estudo com disléxicos adultos que os déficits

apresentados na dislexia se tornam mais evidentes quando existe uma exigência de

desempenho rápido e fluente, indicando que a variável tempo deve ser priorizada

quando o objetivo é avaliar disléxicos adultos.

A leitura de pseudopalavras é uma medida de rota fonológica de leitura uma

vez que os estímulos não possuem significado, exigindo do avaliado domínio das

regras grafofonêmicas e ortográficas. Segundo o levantamento bibliográfico realizado

no Estudo 1, a decodificação de pseudopalavras é a segunda tarefa mais

frequentemente realizada para diferenciar bons e maus leitores. No presente estudo,

os participantes demoram mais tempo para realizar a leitura de pseudopalavras,

quando comparada com a leitura de palavras e também apresentaram uma acurácia

menor, com uma diferença estatisticamente significativa. Sela et al. (2016) sugeriram

que o desenvolvimento da rota ortográfica de leitura está relacionado com a

aprendizagem da linguagem escrita, sendo que essa se desenvolve e se automatiza a

partir da estimulação (associada frequentemente à escolarização). Crianças em

Page 69: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

61

processo de alfabetização não possuem essa rota bem desenvolvida, assim como

àquelas com diagnóstico de dislexia. Nos leitores adultos sem dislexia a leitura de

palavras, observada por meio de ressonância funcional, indicou a ativação das áreas

cerebrais responsáveis pela rota fonológica de leitura, o que não é observado em

adultos disléxicos, mesmo àqueles com leitura compensada. Esse dado sugere que as

competências leitoras na dislexia se mantêm alteradas funcionalmente, indicando uma

dificuldade na decodificação para ambos os estímulos (palavras e pseudopalavras)

acarretando em déficits de velocidade e acurácia de leitura. Rodrigues et al. (2015)

observaram diferença entre o número de acertos em uma tarefa de leitura de palavras

e pseudopalavras aplicadas em adultos sem queixa de aprendizagem. Os efeitos de

lexicalidade, regularidade, frequência e extensão influenciaram o desempenho dos

participantes. Em relação à leitura de palavras e pseudopavras, os adultos

apresentaram maiores acertos quando o estímulo apresentado eram palavras. Ainda

nesse estudo, a escolaridade (anos de estudo) influenciou positivamente o

desempenho dos adultos, indicando que quanto maior o número de anos estudados,

melhor o desempenho em leitura.

A análise do desempenho dos participantes na tarefa de leitura de

pseudopalavras apresentou, qualitativamente, uma menor variabilidade quando

comparada com a leitura de palavras, sugerindo que essa tarefa é menos influenciada

por outros fatores linguísticos, mostrando-se uma tarefa mais objetiva na avaliação da

decodificação. Re et al. (2011) sugerem que medidas de automaticidade fonológica

são os melhores índices para avaliar a competência leitora, principalmente em adultos

disléxicos. Nergård-Nilssen e Hulme (2014) afirmaram que os déficits em soletração

foram os que mais diferenciaram o grupo de disléxicos do grupo controle, seguido de

fluência de leitura de texto e leitura de pseudopalavras.

A taxa de leitura em textos é descrita na literatura como um fator muito

importante a ser medido na avaliação de linguagem escrita uma vez que uma alta taxa

de leitura sugere que o indivíduo processou mais palavras e frases para lembrar e

compreender despendendo um menor esforço cognitivo na identificação das palavras

individualmente, podendo alocar maior esforço na compreensão da mensagem lida

(Navas, Pinto e Dellisa, 2009). Estudos com adultos disléxicos têm demonstrado que a

taxa de leitura em textos é vivenciada com dificuldade, caracterizando um déficit

persistente da dislexia (Inácio, 2015; Nergård-Nilssen e Hulme, 2014; Richlan et al.,

2010; Undhein, 2009). Regiões cerebrais associadas ao resgate de informações

fonológicas e semânticas têm se mostrado menos ativadas na dislexia, o que

acarretaria em prejuízos na precisão e na velocidade (Christodoulou et al., 2014).

Moojen, Bassôa e Gonçalves (2016) em seu relato de experiência observaram

Page 70: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

62

diferenças no desempenho em taxa de leitura em textos quando avaliaram um

disléxico e compararam com o controle, sendo que o sujeito-controle obteve uma taxa

de 177ppm enquanto o disléxico obteve uma taxa de 110ppm. No presente estudo, a

média de palavras lidas por minuto em textos foi de 143ppm. Da mesma maneira

como ocorreu com a leitura de palavras, a taxa de acurácia na leitura de textos foi

bastante similar a taxa de leitura (142ppm), indicando que decodificar palavras com

precisão não foi difícil para a população de estudo.

Os diferentes estímulos utilizados para avaliar a leitura indicaram que quando

existe um aspecto lexical envolvido (palavra e texto) o desempenho da amostra tende

a ser mais heterogêneo do que quando usamos pseudopalavras. Essa observação

indica que os processos cognitivos e linguísticos que são recrutados para realizar

essas tarefas são distintos, devendo ser investigados separadamente.

O desempenho em escrita é pouco investigado para caracterizar a dislexia. No

Estudo 1, apenas 9% dos estudos utilizaram o ditado de palavras como uma tarefa na

investigação da dislexia. A partir de 2012, com o lançamento do DSM-5 (American

Psychiatric Association), a dislexia está enquadrada nos Transtornos Específicos de

Aprendizagem e a distinção entre a manifestação em leitura, escrita e matemática não

estão tão delimitadas como outrora, sendo atualmente caracterizados como

predominâncias, sendo interessante que as avaliações se tornem mais abrangentes.

Romani et al. (2015) investigaram o processo de codificação em adultos disléxicos e

concluíram que os déficits característicos de processamento ortográfico impactam o

processo de codificação assim como o de decodificação. Além das dificuldades

centradas na codificação, também é descrito na literatura dificuldades na elaboração

da escrita (Kinder e Elander, 2012). No presente estudo, optamos por avaliar a escrita

no que diz respeito à codificação realizando um ditado de palavras e medindo o

número de palavras escritas corretamente. A média de acertos dos participantes foi

17,36 em um total de 25 palavras. No relato de experiência apresentado por Moojen,

Bassôa e Gonçalves (2016), o desempenho na tarefa de um disléxico foi de 22 erros

(em 25 palavras). É importante destacar que a quantidade de erros não pode ser

subtraída do número total de estímulos para o cálculo dos acertos, uma vez que

podem ser observados mais de um erro em uma mesma palavra.

Na avaliação do processamento fonológico normalmente são utilizadas tarefas

que avaliam a consciência fonológica, velocidade de nomeação e memória fonológica

(Capovilla e Suiter, 2004, Bayliss et al., 2005; Bernadino et al., 2006; Sales e Parente,

2006; Jincho, Namiki e Mazuka, 2008; Capellini et al., 2010). O presente estudo

priorizou duas tarefas: velocidade de nomeação e memória fonológica. No Estudo 1,

as tarefas realizadas para caracterizar a dislexia na vida adulta foram divididas em 3

Page 71: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

63

áreas: linguagem oral, linguagem escrita e funções cognitivas. As tarefas que

objetivaram avaliar a linguagem escrita e as funções cognitivas foram descritas em

77,8% dos estudos, enquanto as tarefas que avaliaram a linguagem oral estiveram

presentes em apenas 38,9% dos artigos selecionados. Ainda de acordo com os dados

obtidos no Estudo 1, as tarefas de velocidade de nomeação e de memória estavam

enquadradas nas funções cognitivas, mais frequentemente investigadas para

caracterizar bons e maus leitores, por esse motivo, optou-se pela realização dessas

tarefas.

A habilidade consciência fonológica tem sido descrita na literatura como um

importante preditor de aquisição de leitura, independentemente das características

ortográficas da língua. Contudo, essa relação entre o desempenho em consciência

fonológica e leitura, tem sido demonstrado mais importante em séries iniciais do que

mais tardiamente (Ziegler et al., 2010).

Em relação à velocidade de nomeação medida pelo teste de nomeação rápida,

foram utilizadas duas pranchas de nomeação (A e B). Não houve diferenças

estatísticas entre o desempenho dos participantes nas duas pranchas. No que se

referiu à distribuição do desempenho dos participantes na tarefa, houve

homogeneidade, sendo que apenas um participante na prancha A teve um

desempenho discrepante em relação aos demais e na prancha B, 3 participantes que

obtiveram um tempo igual ou superior a 39 segundos. Tarefas que objetivam avaliar a

velocidade de nomeação são importantes na investigação do desenvolvimento de

linguagem escrita. No que se refere às competências leitoras, a velocidade de

nomeação parece ter uma relação independente de outras tarefas fonológicas (como

por exemplo, a consciência fonêmica) e linguísticas (exemplo: vocabulário),

contribuindo para a habilidade de ler textos rapidamente (Cardoso-Martins e

Pennington, 2001) e na compreensão leitora, principalmente no que se refere ao

processo de identificação de ideias secundárias e inferências (Bottino e Côrrea, 2013).

A avaliação de velocidade de nomeação é relevante na investigação do

desempenho de linguagem escrita em adultos, uma vez que automaticidade fonológica

é o que melhor descreve o quadro nessa faixa etária (Re et al, 2011) e uma das

maneiras de se avaliar é por meio de tarefas de nomeação rápida. O desempenho na

tarefa de nomeação rápida está particularmente relacionado com a velocidade de

decodificação e leitura (palavras e textos) independentemente das características

ortográficas da língua (Ziegler et al., 2013) e a manifestação da dislexia na fase adulta

é caracterizada pela dificuldade em tarefas que exigem fluência e velocidade (Inácio,

2015; Nergård-Nilssen e Hulme, 2014; Richlan et al., 2010; Undhein, 2009), sendo que

Page 72: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

64

os déficits observados no processamento fonológico parecem estar relacionados à

dificuldade no acesso das representações fonológicas (Boets et al., 2013).

A memória fonológica é descrita como um importante preditor da linguagem

escrita (Jincho, Namiki e Mazuka, 2008), desempenhando um papel essencial uma

vez que é necessário o armazenamento do que está sendo decodificado para a

atribuição de significado. Os resultados do presente estudo indicaram que a média de

span de dígitos na ordem direta foi de 6,3 e na ordem inversa 4,1, com uma diferença

estatisticamente significativa entre as duas tarefas. Sabe-se que a tarefa de repetição

de dígitos na ordem direta está diretamente relacionada à capacidade de

armazenamento e recuperação (memória de curto prazo – alça fonológica). Já a tarefa

de repetição de dígitos em ordem inversa está relacionada com a capacidade de

armazenagem, manipulação e recuperação (memória de trabalho – executivo central),

recrutando maior demanda cognitiva (Grivol e Hage, 2011). Em um estudo realizado

por Figueiredo e Nascimento (2007) a memória de curto prazo também foi avaliada por

meio da repetição de dígitos em ordem direta e ordem inversa. Para a população de

adultos, a média de span na ordem direta foi de 6,93 e na ordem direta 4,8. É discutido

na literatura qual o componente da memória de trabalho está comprometido na

dislexia. Tracy et al. (2013) sugerem que a capacidade de armazenamento da

sequência de informações é a que permanece alterada na dislexia quando são

controladas as variáveis linguísticas. Assim, é necessário que na avaliação da

linguagem escrita, sejam propostas tarefas de memória que avaliem a armazenagem e

a recuperação dos estímulos, mas também investiguem a ordem sequencial proposta.

Durante a análise dos resultados foi realizada uma comparação entre o tipo de

escola e o desempenho nas tarefas de processamento fonológico e linguagem escrita

propostas. Dados do Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) realizado em 2014 e

divulgados pelo INEP (2015) demonstram que apenas 3 escolas públicas ficaram entre

as 50 mais bem colocadas na avaliação. Mesmo sabendo que a análise dos

resultados deve ser criteriosa, os dados apontam para uma grande discrepância na

qualidade de ensino entre escolas públicas e privadas. Estudos nacionais também

demonstram uma tendência de desempenho superior para alunos de escola particular,

quando comparados com alunos de ensino público em tarefas que avaliaram taxa de

leitura de palavras e velocidade de nomeação (Salles et al., 2013; Pontes, Diniz e

Martins-Reis, 2013; Bicalho e Alves, 2010). No presente estudo não foram observadas

diferenças estatisticamente significativa entre o desempenho dos participantes que

frequentaram escola pública ou privada em nenhuma das variáveis testadas. Como foi

referido anteriormente, a amostra do Estudo 2 foi selecionada em uma Instituição de

Ensino Superior privada que utiliza aprovação no vestibular como critério de

Page 73: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

65

aprovação, sendo importante considerar esse ponto para a análise desses dados.

Outra questão relevante a ser considerada é o fato de que os estudos experimentais

realizados comparando desempenho de alunos por tipo de escola foram feitos com

escolares do Ensino Fundamental e não adultos. Pela forma de seleção e tamanho da

amostra, é importante que novos estudos sejam realizados para verificar a influência

do tipo de escola no desempenho de processamento fonológico e de linguagem

escrita em jovens adultos.

As tarefas do Estudo 2 foram submetidas a análises de correlação. A taxa de

leitura (número de palavras lidas por minuto) obteve uma correlação significativa com

à taxa de acurácia para os estímulos de palavra, pseudopalavras e textos, sugerindo

que a variável tempo é importante para o desempenho de acurácia. Primeiramente é

importante considerar que as variáveis (taxa de leitura e acurácia de leitura) carregam

a mesma medida de tempo, sendo que a primeira apresenta o número de palavras

lidas por minuto e a segunda o número de palavras corretas lidas por minuto.

A taxa de leitura é uma medida de tempo, especialmente relacionada ao

processo de decodificação, determinando o quanto esse processo está ou não

automatizado. Quanto maior o tempo levado para realizar uma leitura, menor o

domínio das regras de conversão grafofonêmicas, indicando assim pouca

automaticidade (Navas, Pinto e Dellisa, 2009). Como a taxa de leitura está relacionada

ao processo de decodificação ela é considerada importante para a acurácia de leitura

de todos os estímulos oferecidos, sejam palavras ou pseudopalavras.

A falta de conhecimento das regras de conversão de grafemas em fonemas e

das regras ortográficas podem gerar dificuldades na acurácia de leitura, uma vez que

a demanda cognitiva está centrada no processador fonológico e ortográfico,

dificultando o acesso aos demais processadores que comumente são associados ao

processo de acurácia e compreensão, como por exemplo, o lexical (Santos e Navas,

2012). O tempo desprendido para a decodificação é frequentemente relatado como

uma variável importante também para fluência de leitura e consequentemente, para a

compreensão leitora (Navas et. al., 2009).

Estudos demonstram que na dislexia o desempenho em taxa de leitura é

vivenciado com dificuldade (Moojen, Bassôa e Gonçalves, 2016; Inácio, 2015;

Christodoulou et al., 2014; Nergård-Nilssen e Hulme, 2014; Re et al., 2011; Richlan et

al., 2010; Undheim, 2009). Em adultos, a variável tempo foi importante para diferenciar

o desempenho de disléxicos compensados de adultos sem queixa, uma vez que

somente em tarefas em que se exigiram tempo foi observada diferença

estatisticamente significativa entre o grupo de estudo e o grupo controle (Inácio, 2015;

Nergård-Nilssen e Hulme, 2014; Richlan et al., 2010; Undhein, 2009).

Page 74: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

66

A tarefa de leitura de sílabas complexas também foi analisada nesse estudo

como uma variável de tempo. Houve uma correlação com a taxa de leitura e acurácia

de palavras e pseudopalavras, indicando que essa tarefa também investigou o

processo de decodificação, mas em um nível diferente de complexidade, já que não

houve correlação com a taxa e acurácia de leitura de texto. Apesar de textos

compreenderem palavras, assim como a lista de palavras, é importante que seja

destacada que, a partir do momento que um leitor fluente se propõe a realizar a leitura

de um texto, o objetivo é alcançar a compreensão, sendo necessário o recrutamento

de outras habilidades e competências cognitivas e linguísticas, não sendo esperado

que se desloque grande demanda cognitiva para o processo de decodificação nessa

tarefa. No presente estudo, investigamos o desempenho de linguagem escrita em

jovens adultos sem queixa, portanto leitores fluentes.

A porcentagem de acertos também foi uma medida utilizada para analisar a

tarefa de decodificação de sílaba complexa e apresentou correlação com a taxa de

acurácia de leitura de pseudopalavras apenas, não sendo observadas correlações

com a taxa de acurácia de palavras e textos. Ambas as tarefas (leitura de sílabas

complexas e taxa de acurácia de pseudopalavras) estão intimamente relacionadas ao

processo de decodificação no que diz respeito à conversão grafofonêmica, uma vez

que esses estímulos não carregam significado semântico, exigindo do avaliado apenas

o domínio das regras de conversão (grafofonêmicas e ortográficas). Uma das

características descritas na dislexia como persistente é a dificuldade no processo de

decodificação, no que diz respeito à acurácia e a velocidade (DSM-5, American

Psychiatric Association, 2012), desta forma, tarefas que avaliam especificamente a

decodificação, se faz necessária. É observado na literatura (Nergård-Nilssen e Hulme,

2014; Richlan et al., 2010) que a tarefa de leitura de pseudopalavra é sensível para a

caracterização da decodificação (velocidade e acurácia) e diferenciação de bons e

maus leitores, sendo que os disléxicos apresentam comprometimento no desempenho

nessas tarefas, principalmente quando se é exigido fluência e velocidade.

A velocidade de nomeação avaliada por meio da tarefa de nomeação rápida

automatizada demonstrou uma correlação com taxa e acurácia de leitura de texto,

sendo que quanto menor for o tempo despendido na tarefa de nomeação, melhor será

a taxa e a acurácia de leitura. Nergård-Nilssen e Hulme (2014) e Cardoso-Martins e

Pennington (2001) relataram correlações entre a fluência de leitura e a tarefa de

nomeação rápida. Em um estudo que objetivou avaliar a fluência de leitura em adultos,

Christodoulou et al. (2014) observaram que durante a realização desse tipo de tarefa

ativam-se regiões cerebrais associadas ao resgate de informações (semânticas e

fonológicas) em leitores sem queixa de aprendizagem. Na dislexia, existe uma menor

Page 75: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

67

ativação das regiões associativas, acarretando prejuízos nessa velocidade de acesso.

Boets et al. (2013) estudaram o déficit em processamento fonológico descrito na

dislexia e observaram que existe um prejuízo no acesso às informações fonológicas e

não na falha das representações. Ainda sobre a relação de desempenho de leitura de

texto e tarefa de velocidade de nomeação, Bettino e Correa (2013) estudaram a

compreensão leitora e identificaram correlações entre o desempenho em velocidade

de nomeação e a capacidade de fazer inferências e responder perguntas que

abordavam detalhes do texto.

O desempenho na tarefa de ditado apresentou correlação com acurácia de

leitura de pseudopalavras, porcentagem de acertos na leitura de sílabas complexas e

span de memória na ordem inversa. Como foi descrito anteriormente o desempenho

na acurácia na leitura de pseudopalavras e na porcentagem de acertos na

decodificação de sílabas complexas estão intimamente relacionados com regras de

conversão (grafofonêmicas e ortográficas). O processo de escrita é dependente da

codificação e utiliza as regras de conversão que são recrutadas também nas tarefas

de leitura. Dessa forma é esperado que o desempenho em tarefas que avaliam o

domínio das regras de conversão seja correlacionado em diferentes competências

(decodificação e codificação). Bogdanowicz et al. (2013), descreveram déficits

persistentes na escrita, caracterizados pelo maior número de erros ortográficos, em

adultos disléxicos. Sela et. al. (2016), investigou, separadamente, os déficits

relacionados a rota fonológica e ortográfica de leitura em adultos disléxicos e seus

resultados indicaram que ambas se encontram alteradas, mesmo quando são

estudados disléxicos compensados. Romani et al. (2011) afirmou que os déficits

observados no processamento ortográfico do disléxico afetam diferentes níveis de

competência, como a decodificação, mas também a codificação. Esses estudos

indicam que comprometimentos no processo de decodificação podem acarretar

prejuízos na codificação, sendo necessário realizar uma avaliação específica para

essa competência.

Propostas de avaliação de memória de trabalho que envolvem a recuperação

dos estímulos em ordem indireta estão relacionadas ao componente denominado

executivo central, responsável pelo fluxo de informação recebida, realizando o

armazenamento e processamento (Grivol e Hage, 2011). Em uma tarefa de ditado,

estímulos auditivos são recebidos e devem ser codificados, respeitando as regras

ortográficas da língua. A capacidade de armazenar o estímulo alvo, enquanto se é

processado quais grafemas serão utilizados para a correspondência fonêmica,

respeitando as características ortográficas, é fundamental para o sucesso da

atividade, e parece sofrer influência da capacidade de memória de trabalho. No

Page 76: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

68

presente estudo, a única tarefa que correlacionou com a capacidade de memória de

trabalho foi o ditado. Cabe ressaltar que nas tarefas de leitura não foi avaliada a

compreensão leitora que exigiria uma maior demanda cognitiva quando comparada à

leitura de texto.

Outra maneira de interpretar as correlações das tarefas realizadas no Estudo 2,

foi a análise de componentes principais que agrupou as variáveis do estudo (tarefas)

em componentes, identificando tarefas que tem forte correlação entre si. Nessa

análise, foram consideradas as diferentes análises feitas a partir de uma tarefa, por

exemplo, na leitura de palavras, existiram três variáveis distintas: taxa de leitura

(número de palavras lidas por minuto), acurácia de palavra (número de palavras lidas

corretamente por minuto) e número de acertos de decodificação.

Sendo assim, foram identificados quatro componentes: um relacionado à taxa

de leitura e acurácia de leitura de palavras e pseudopalavras e tempo total de leitura

de sílabas complexas; o componente 2, relacionado ao número de acertos na leitura

de palavras, pseudopalavras e textos, porcentagem de acertos na decodificação de

sílabas complexas, memória indireta e número de acertos no ditado; o terceiro

componente inclui a taxa e acurácia de leitura de texto juntamente com a memória de

trabalho; e, o componente 4 está relacionado à nomeação rápida.

Considerando o componente 1 (taxa de leitura e acurácia de leitura de palavras

e pseudopalavras e tempo total de leitura de sílabas complexas), a habilidade que está

sendo avaliada em comum em todas as tarefas é a decodificação de estímulos

isolados, sendo que a variável analisada está relacionada ao tempo. Assim, a

habilidade velocidade de decodificação de estímulos isolados, com controle das

caraterísticas psicolinguísticas (lexicais e complexidade silábica), justificaram 30,86%

da variância de desempenho dos participantes.

Em relação ao componente 2 (número de acertos na leitura de palavras,

pseudopalavras e textos, porcentagens de acerto na decodificação de sílabas

complexas, memória indireta e número de acertos no ditado), as tarefas agrupadas

avaliaram a habilidade de precisão de decodificação e codificação e memória de

trabalho. Como foi discutido anteriormente, a capacidade de memória de trabalho está

relacionada à manutenção de estímulo enquanto se é feito o processamento de

informações (Baddeley, 2010; Grivol e Hage, 2011). A precisão de realização de

tarefas de decodificação e codificação e a habilidade de memória de trabalho

justificaram 25,43% da variância de desempenho dos participantes.

O componente 1 e 2 estão intimamente relacionados aos processadores de

leitura responsáveis pela decodificação (fonológico e ortográfico). A velocidade e

automaticidade na conversão de grafemas em fonemas, foi bem explicado pelo

Page 77: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

69

componente 1, enquanto a precisão e adequação da decodificação, respeitando as

convenções ortográficas da língua foi bem justificada pelo componente 2.

A leitura de texto (taxa e acurácia de leitura) e a memória direta formaram o

componente 3. A leitura de texto demonstrou-se uma tarefa distinta da decodificação

de estímulos isolados. Como já se discutiu anteriormente, a leitura de texto exige do

leitor habilidades mais complexas, como é o caso da fluência e compreensão leitora,

envolvendo outros domínios de linguagem, como por exemplo, semântico e contextual,

sendo que a manutenção do conteúdo que está sendo lido é fundamental para que se

ocorra a adequação de prosódia e entonação (fluência) por meio da compreensão

leitora (Navas et al., 2009). O componente relacionado à leitura de textos e memória

direta representou 14,10% da variância de desempenho dos participantes.

No Componente 4, estão agrupadas as duas tarefas que avaliaram a

habilidades de velocidade de acesso (nomeação rápida com a prancha A e B),

indicando que a velocidade de processamento é independente das demais variáveis

que foram estudadas para avaliar a linguagem escrita em jovens adultos. Esse

componente apresentou uma porcentagem de variância da população de estudo

menos representativa (8,25%).

A partir do modelo dos componentes foi possível justificar 78,65% da variância

de desempenho dos participantes do Estudo 2, indicando que as tarefas propostas

nesse estudo foram capazes de avaliar a linguagem escrita em jovens adultos. Assim,

os resultados do presente estudo demonstram que para avaliar a linguagem escrita

em jovens adultos são indicadas provas que avaliem o tempo de leitura de estímulos

isolados (sílabas, palavras e pseudopalavras); a acurácia de leitura desses estímulos

e precisão de escrita, e que essa avaliação estará correlacionada com a capacidade

de memória de trabalho; a leitura de texto, considerando a taxa e acurácia, estando

essa habilidade também relacionada com a memória de trabalho; e, a velocidade de

acesso, sendo essa uma habilidade que aparece mais independente das demais, mas

que mesmo assim deve ser investigada.

Page 78: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

70

3.2.6. Conclusão

A partir dos resultados podemos concluir:

1. A acurácia de leitura é uma habilidade que está bem desenvolvida na

população de jovens adultos, independentemente do estímulo utilizado para a

avaliação.

2. Nas tarefas de leitura que apresentam como estímulos as pseudopalavras,

existe uma menor variabilidade de desempenho entre os avaliados, indicando

que esse tipo de estímulo é menos dependente de variáveis linguísticas.

3. O tipo de escola (pública ou privada) não influenciou o desempenho dos

participantes desse estudo em nenhuma das habilidades avaliadas.

4. A taxa de leitura de palavras apresenta uma correlação direta com a acurácia

de leitura de palavras, pseudopalavras e textos.

5. Existe uma forte correlação entre as tarefas de decodificação de sílabas

complexas e acurácia de leitura de pseudopalavras, demonstrando que essas

tarefas estão relacionadas ao processo de decodificação e por isso, são

fundamentais na avaliação de linguagem escrita de jovens adultos. Ainda sobre

essas tarefas, foi também relatada relação com o desempenho no ditado,

sugerindo que além de avaliar o processador fonológico, as tarefas de

decodificação de sílabas complexas e acurácia de leitura de pseudopalavras

estão relacionadas com o processador ortográfico e, por isso, com o processo

de codificação.

6. Para se avaliar a linguagem escrita em adultos é importante que se investigue

independentemente 4 núcleos de habilidade: o tempo, a acurácia de

decodificação e a precisão de codificação, a fluência de leitura de texto e a

velocidade de processamento.

7. As habilidades de processamento fonológico avaliadas neste estudo se

correlacionaram de maneira distinta, estando a memória de trabalho

relacionada aos processos de acurácia de decodificação, precisão de

codificação e leitura de texto (taxa e acurácia) e a velocidade de

processamento relacionada à leitura de texto.

Page 79: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

71

3.3. Estudo 3 – Elaboração do Guia com recomendações para a avaliação de

Linguagem escrita em jovens adultos.

3.3.1. Introdução

Jovens adultos com queixas no desempenho acadêmico ou dificuldades no

ambiente de trabalho buscam auxílio profissional para compreender a causa das suas

dificuldades e principalmente, para identificar quais habilidades e competências podem

ser aprimoradas para reduzir o impacto de seus déficits em linguagem escrita no dia-a-

dia. A competência leitora e escritora é exigida em diferentes ambientes e situações,

assim, as dificuldades vivenciadas são diversas.

A linguagem escrita é foco de estudos nacionais e internacionais, mas ainda é

pequeno o número de publicações que se dedicaram a estudar o desempenho da

população de adultos. Profissionais da saúde e educação que atuam na avaliação de

linguagem escrita na população de jovens adultos têm muitas vezes utilizam

instrumentos desenvolvidos para a população infantil, sem um referencial de

desempenho indicada para a faixa etária.

O objetivo desse estudo é apresentar um guia com diretrizes para a avaliação

da linguagem escrita em jovens adultos que possa ser utilizado por profissionais da

saúde e da educação.

3.3.2. Objetivo

O objetivo do guia é orientar sobre quais habilidades linguísticas e cognitivas

devem ser avaliadas no processo de investigação do desempenho em leitura em

jovens adultos, apresentando sugestões de tarefas e provas e sobre como essas

podem ser analisadas e correlacionadas, ajudando na compreensão dos resultados

avaliativos.

3.3.3. Método

O guia foi construído a partir dos resultados coletados e discutidos do Estudo 1

e 2. Primeiramente, foi levantado na literatura nacional e internacional quais

habilidades e competências que são utilizadas para diferenciar bons e maus leitores. A

Page 80: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

72

seguir foram identificadas quais as tarefas que melhor investigam as habilidades e

competências (Estudo 1).

Após a identificação das habilidades, competências e tarefas, foi proposto um

estudo exploratório para verificar o perfil de desempenho de uma população de jovens

adultos sem queixa de linguagem escrita (Estudo 2).

O guia foi construído para ser um material independente da dissertação, dessa

forma, também foi organizado um capítulo introdutório e um de apresentação de

elaboração do produto.

O conteúdo foi organizado para apresentar as tarefas que melhor avaliam as

habilidades e competências linguísticas e cognitivas que são indicadas na avaliação

da linguagem escrita em jovens e adultos, juntamente com orientações sobre o

processo avaliativo que também é composto por anamnese e questionários auto

avaliativos.

3.3.4. Resultados

O guia foi organizado em:

1. Introdução;

2. Justificativa;

3. Apresentação do guia;

4. Habilidades e competências importantes na caracterização de bons e maus

leitores;

5. Recomendação para avaliação de linguagem escrita em jovens adultos;

6. Anexo – Questionário de leitura para adultos;

7. Referências bibliográficas.

Page 81: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Guia de Avaliação de Linguagem Escrita em jovens

adultos

2016

Sumário

1. Introdução;

2. Justificativa;

3. Apresentação do guia;

4. Habilidades e competências importantes na caracterização de bons

e maus leitores;

5. Recomendação para avaliação de linguagem escrita em jovens

adultos;

6. Anexo – Questionário de leitura para adultos;

7. Referências bibliográficas.

Juliana Postigo Amorina Borges

Ana Luiza Gomes Pinto Navas

Page 82: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

74

1. Introdução

A complexidade dos processos linguísticos e cognitivos envolvidos na

alfabetização e em todo o desenvolvimento que é seguido após a

aprendizagem inicial da leitura e escrita vem sendo estudada, com o

objetivo de entender melhor o papel das habilidades e competências

envolvidas, possibilitando assim um melhor desenvolvimento e

aprimoramento da Linguagem Escrita nos contextos de aquisição e

reabilitação.

De acordo com os estudos realizados, o processamento fonológico é

fundamental para a aquisição de linguagem escrita.

O processamento fonológico é o nome dado a um conjunto de

habilidades que reunidas permitem o processamento das informações

linguísticas recebidas (pela via auditiva direta ou indireta, leitura) no que

se refere aos aspectos fonológicos. Em um momento inicial de

desenvolvimento, o processamento fonológico estaria envolvido na

aquisição do sistema fonológico dando suporte para a produção e a

percepção de contrastes fonológicos (Navas, 2007). Durante essa fase, as

representações fonológicas estão sendo formadas e posteriormente,

tarefas de metalinguagem irão se utilizar dessas bases previamente

estabelecidas para alcançar a consciência fonológica, por exemplo.

Juntamente com as representações fonológicas, o acesso a essas

informações também é parte integrante do processamento fonológico.

Dessa forma, tanto a integridade das estruturas fonológicas como o

acesso à essas informações são fundamentais para o bom

desenvolvimento da linguagem escrita.

Déficits em processamento fonológico são descritos na literatura como

um modelo universal para explicar as diferentes manifestações dos

transtornos específicos de aprendizagem de leitura, em todas as épocas,

contextos, línguas e ortografias (Navas et al., 2014).

Os Transtornos Específicos de Aprendizagem são descritos como uma

desordem neurodesenvolvimental, de origem biológica que é a base das

dificuldades, em nível cognitivo, que estão associadas às expressões

comportamentais do transtorno. Quando o acometimento se dá na

aprendizagem, o diagnóstico é feito preenchendo 4 critérios: A) as

dificuldades de aprendizagem têm que ter persistido por 6 meses, apesar

da intervenção específica; B) as habilidades acadêmicas afetadas estão

substancialmente abaixo do esperado para idade cronológica; C) as

dificuldades iniciam nos primeiros anos escolares, mas podem não se

manifestar completamente até as demandas ultrapassarem as

capacidades limitadas do indivíduo; e, D) as dificuldades de aprendizagem

não podem ser explicadas por deficiências intelectuais, acuidade visual

e/ou auditiva não corrigida, outros transtornos mentais ou psiquiátricos,

adversidades psicossocial, falta de proficiência na língua de instrução

acadêmica ou instrução educacional inadequada. Além disso, ainda é

possível especificar qual é a área de comprometimento (DSM – 5,

American Psychiatric Association, 2012). Neste guia serão priorizadas as

discussãoes das alterações envolvidas na área da leitura. Ainda

Page 83: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

75

utilizaremos o termo “dislexia” como um sinônimo para Transtorno

Específico de Aprendizagem, com comprometimento em leitura.

As dificuldades relacionadas à linguagem escrita são normalmente

observadas desde o momento de aquisição inicial, caracterizadas pela

grande dificuldade na automaticidade do processo de decodificação, o que

ocasiona prejuízos na acurácia e velocidade de leitura. Apesar de esses

transtornos serem de características persistentes, sabemos que o perfil

das dificuldades pode ser modificado ao longo do desenvolvimento

humano. Muito embora diversas publicações na área estudarem a

manifestação da dislexia em crianças, poucos são os trabalhos que

caracterizam o desempenho da pessoa com dislexia na vida adulta.

2. Justificativa

Muitos estudantes não chegam a concluir o ensino médio em nosso

país, menos ainda são aqueles que tem o acesso à educação superior.

Contudo, cada vez mais temos jovens adultos chegando ao nível superior

de ensino com déficits significativos na linguagem escrita. Considerando

os problemas educacionais vivenciados em nosso país, sabemos que a

maioria das dificuldades é justificada por problemas socioeconômicos e de

qualidade de ensino, não caracterizando um Transtorno Específico de

Aprendizagem.

Quando se torna necessário diferenciar uma dificuldade de

aprendizagem de um transtorno de aprendizagem na vida adulta, temos

poucos instrumentos que nos permitem fazer uma investigação de

habilidades e competências de processamento fonológico e linguagem

escrita nessa faixa etária.

Por isso é necessário compreender o perfil das habilidades

relacionadas à linguagem escrita na vida adulta a fim de criar critérios

avaliativos que contribuam para a investigação diagnóstica das

dificuldades de leitura e escrita nessa faixa etária.

3. Apresentação do guia

Este guia foi construído como trabalho de conclusão de Juliana Postigo

Amorina Borges, no Programa de Mestrado Profissional em Saúde da

Comunicação Humana da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa

de São Paulo, entre os anos de 2014 e 2016 sob a orientação da Prof.

Dra. Ana Luiza Navas.

O conteúdo do guia é fundamentado em uma revisão sistemática de

literatura, ilustrado por um estudo exploratório e tem como objetivo

orientar sobre quais habilidades linguísticas e cognitivas devem ser

avaliadas no processo de investigação do desempenho em leitura em

jovens adultos.

Page 84: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

76

4. Habilidades e competências importantes na caracterização de

bons e maus leitores jovens adultos

Introdução

A apresentação das habilidades e competências descritas na literatura

como importantes na caracterização de bons e maus leitores foi baseada

em uma revisão sistemática de literatura realizada nas bases

ScienceDirect e PubMed, com os descritores “dislexia” AND “adulto” OR

“adolescente” e seus correspondentes em inglês (“dyslexia” AND “adult”

OR “teenager” OR “adolescent”).

A figura 1 apresenta o organograma do processo sistemático de busca.

Figura 1. Organograma do processo sistemático de busca.

Em relação às avaliações, 38,9% dos artigos analisados realizaram

avaliações de linguagem oral e 77,8% dos artigos realizaram avaliação de

funções cognitivas e linguagem escrita. É importante ressaltar que em um

mesmo estudo podem ter sido realizadas avaliações na área de

linguagem oral, funções cognitivas e linguagem escrita (figura 2).

Linguagem oral

De maneira geral, as medidas de linguagem oral são as menos

utilizadas para caracterizar a dislexia nessa faixa etária. Dentre as tarefas

descritas na categoria linguagem oral, a consciência fonológica foi a mais

realizada (93,1%).

Estudos realizados a fim de investigar a relação entre consciência

fonológica e a competência de leitura identificaram que o desempenho em

consciência fonológica é o preditor mais importante no momento inicial de

aquisição de leitura, mas não se manteve tão relevante em séries mais

avançadas (Ziegler et al., 2010). Sendo assim, a investigação dessas

habilidades se faz essencial quando se avalia a faixa etária infantil, mas

não em jovens adultos.

3888 artigos encontrados

400 mais relevantes

selecionados (200 de cada base)

30 duplicados

150 excluídos (resumo)

220 lidos na íntegra

107 Excluídos

113 selecionados

Page 85: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

77

Figura 2. Porcentagem de estudos que realizaram avaliação na área de

linguagem oral, funções cognitivas e linguagem escrita.

A segunda tarefa mais descrita na categoria linguagem oral foi a

memória fonológica (citada em 20,4% dos artigos). Nesse guia iremos

considerar a memória fonológica como uma função cognitiva e

discutiremos esse resultado em seguida. Outras tarefas descritas com

menor porcentagem foram: avaliação de vocabulário (11,3%), fluência

verbal e/ou fonológica (6,8%), aprendizagem lexical (4,5%) e consciência

morfológica (2,2%).

Funções Cognitivas

Em relação às funções cognitivas, a avaliação do quociente intelectual

(QI) foi a tarefa mais frequente, sendo citada em 86,3% dos estudos. De

acordo com o DSM-5 (American Psychiatric Association, 2012) o

Transtorno Específico de Aprendizagem é considerado diagnóstico de

exclusão de deficiências intelectuais (critério D). Por esse motivo, a

avaliação do QI é necessária para o diagnóstico diferencial.

A habilidade de memória (de trabalho) foi avaliada em 39,7% dos

artigos analisados, sendo memória visual especificamente avaliada em

17,1% dos estudos e a velocidade de nomeação, foi estudada em 29,5%

dos artigos.

Dessa forma, a habilidade de nomeação rápida, juntamente com a

memória de trabalho, foram os marcadores cognitivos mais estudados

para caracterizar o perfil de adultos disléxicos.

Estudos comparando adultos com e sem dislexia ao longo das últimas

duas décadas vêm demonstrando que as representações fonológicas não

se diferem entre os dois grupos, já o acesso fonológico (lexicais e

sublexicais) demonstram-se prejudicados no grupo com dislexia (Navas,

2007).

Outras funções cognitivas avaliadas em menor proporção foram:

capacidade atencional (10,2%), velocidade de processamento (3,4%),

processamento visual (2,2%) e funções executivas (1,1%).

Processamento Fonológico

O levantamento das funções de linguagem oral e funções cognitivas

demonstraram que as tarefas mais utilizadas para caracterizar adultos

com dislexia são: consciência fonológica, memória fonológica e velocidade

38

,9

77

,8

77

,8

L I N G U A G E M O R A L F U N Ç Õ E S C O G N I T I V A S L I N G U A G E M E S C R I T A

Page 86: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

78

de nomeação. Essas habilidades são identificados com preditoras do

desenvolvimento da linguagem escrita e continuam sendo destacadas na

literatura como tarefas sensíveis para a identificação da dislexia na

população adulta.

Linguagem Escrita

No que se refere às tarefas de avaliação da linguagem escrita, o tipo

de avaliação mais frequente foi a leitura de palavras, tarefa proposta em

82,9% dos artigos. A avaliação de leitura de pseudopalavras foi a segunda

tarefa mais realizada (62,5%). A competência de soletração foi testada em

40,9% dos estudos. A compreensão leitora foi avaliada em 15,9% dos

artigos. No que se refere a escrita, o ditado de palavras foi citado em 9%

dos estudos, seguido pela tarefa de decisão ortográfica (5,6%) e

velocidade de escrita (3,4%). A figura 4 apresenta a porcentagem de

tarefas de leitura descritas nos artigos analisados, para a categoria

linguagem escrita.

Em relação as tarefas de leitura, a decodificação de palavras e

pseudopalavras foram as mais frequentemente realizadas. As medidas

descritas para a análise dessas tarefas foram: análise da acurácia de

leitura e da taxa de leitura. A acurácia se refere ao número de palavras

correta lidas por minutos. Já a taxa de leitura é descrita como o número de

palavras que podem ser lidas por minuto. Estudos têm demonstrado que

os déficits na habilidade de decodificação apresentam-se de forma

persistente na dislexia, sendo mais facilmente observados quando a tarefa

proposta apresenta medidas de tempo/velocidade.

Figura 3. Distribuição (porcentagem) dos estudos que avaliaram a

categoria Linguagem Escrita por tipo de tarefa realizada.

A competência de soletração foi bastante utilizada nos estudos para

diferenciação de bons e maus leitores. Muitos dos estudos analisados

tinham como língua falada e escrita o inglês (44,2%). Em idiomas com

maior opacidade ortográfica, como o Inglês, temos um grafema que pode

representar mais um fonema e fonemas que podem ser representados por

mais de um grafema. Assim, a competência de soletração é uma tarefa 8

2,9

62

,5

40

,9

15

,9

L E I T U R A D E P A L A V R A S

L E I T U R A D E P S E U D O P A L A V R A S

S O L E T R A Ç Ã O C O M P R E E N S Ã O L E I T O R A

Page 87: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

79

sensível para a identificação de maus leitores em línguas que

apresentaram uma maior opacidade ortográfica.

A compreensão de leitura foi pouco citada como tarefa de avaliação da

dislexia na fase adulta. Para analisar esses dados é importante retomar

que a definição da dislexia foi durante muito tempo vinculada aos déficits

nos processos de decodificação (acurácia e velocidade), sendo que

apenas a partir de 2012, com a nova definição de “Transtorno Específico

de Aprendizagem” discutida no DSM 5, foi amplamente divulgado que as

alterações de fluência e compreensão leitora poderiam caracterizar um

diagnóstico de “Transtorno Específico de Aprendizagem”.

As competências escritoras foram menos avaliadas em adultos

disléxicos quando comparadas com as competências leitoras. Deve se

considerar que os descritores utilizados para o levantamento dos artigos

evidenciavam os Transtornos Específicos de Aprendizagem de Leitura

(dislexia), por isso a análises desses resultados deve ser cuidadosa. De

qualquer forma, o domínio ortográfico é a competência mais avaliada na

dislexia na fase adulta. A dislexia afeta o processamento ortográfico e isso

pode acarretar em prejuízos em diferentes níveis, como a codificação e

decodificação (Romani et al., 2015).

Então, em relação à linguagem escrita, as tarefas mais realizadas para

caracterizar a linguagem escrita em jovens adultos são a leitura de

palavras e pseudopalavras, com análises específicas de taxa e acurácia

de leitura.

Com essas habilidades identificadas, foram selecionados protocolos

usados em estudos nacionais para propor uma avaliação de linguagem

escrita focada em jovens adultos a fim de observar o desempenho da

população alvo e fundamentar as sugestões sobre como essas

capacidades podem ser analisadas e correlacionadas, ajudando na

compreensão dos resultados avaliativos.

Apresentação dos participantes do estudo

Foram avaliados 30 alunos de cursos de graduação da área da saúde

de uma instituição privada de ensino superior de São Paulo (capital).

A idade média dos participantes foi de 22 anos. A Tabela 1 apresenta

a caracterização dos participantes em relação ao sexo, tipo de escola,

histórico de reprovação e dificuldades escolares.

Tabela 1. Caracterização dos participantes em relação ao sexo, tipo de

escola, histórico de reprovação e dificuldades escolares.

Sexo Feminino 26

Masculino 4

Tipo de escola Pública 13

Privada 11

Pública e privada 6

Apresentação das tarefas realizadas:

Processamento fonológico

Page 88: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

80

Memória de trabalho (tarefa – repetição de dígitos ordem direta e

inversa) (Capellini, 2008);

Velocidade de nomeação (nomeação rápida de figuras - Denckla e

Rudel, 1974);

Linguagem Escrita

Leitura de palavras (Taxa, número de acertos e acurácia)

(Capellini et al., 2008);

Leitura de pseudopalavras (Taxa, número de acertos e acurácia)

(Capellini et al., 2008);

Decodificação de sílabas complexas (Tempo total e porcentagem

de acerto) (Moojen, 2001);

Leitura de texto: “Projeto Mar Morto” (Taxa e acurácia) (Moojen,

2010);

Ditado de palavras (Moojen, 2003);

Resultados

A tabela 2 apresenta os valores de média, desvio padrão (DP), valor

mínimo e valor máximo obtido do desempenho dos participantes. As

medidas de tempo estão registradas em segundos.

Tabela 2. Desempenho dos participantes nas tarefas realizadas.

Medidas Média DP Mínimo Máximo

Tempo total de leitura de sílabas complexas 129,73 30,01 85 222

% de acertos na leitura de sílabas complexas 97,52 3,69 85,29 100

Taxa de leitura de palavras (ppm) 76,12 19,57 48,65 128,57

Nº de acertos na leitura de palavras 29,83 0,37 29 30

Acurácia na leitura de palavras (pcm) 75,63 19,1 48,65 124,29

Taxa de leitura de pseudopalavras (ppm) 55,34 8,33 38,3 72

Nº de acertos na leitura de pseudopalavras 28,86 1,38 25 30

Acurácia na leitura de pseudopalavras (pcm) 53,24 8,29 35,74 67,2

Taxa de leitura de texto (ppm) 143,09 15,04 118,64 184,78

Nº acertos na leitura de texto 346,2 2,56 337 348

Acurácia na leitura de texto (pcm) 142,39 15,38 117,95 184,78

Velocidade de Nomeação (prancha A) 24,1 4,78 16 39

Velocidade de Nomeação (prancha B) 24,46 5,66 18 39

Memória direta (span) 6,3 0,91 4 8

Memória indireta (span) 4,13 1,27 2 6

Nº de acertos no ditado de palavras 17,36 4,72 7 24

ppm: palavras lidas por minuto; pcm: palavras corretas por minuto

A análise dos resultados indicou que as tarefas realizadas podem ser

agrupadas em quatro componentes (figura 4), devido à forte correlação

que possuem entre si.

Page 89: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

81

Componente 1

•Taxa de leitura

de palavras

pseudopalavras

•Tempo total de

decoficação de

sílabas

Componente 2

•Acerto na leitura

de palavras e

pseudopalavras

•% de sílabas

complexas lidas

corretamente

•Memória

indireta

Componente 3

•Taxa e acurácia

de leitura de

texto.

•Memória direta

Componente 4

•Velocidade de

nomeação

Figura 4. Agrupamento das tarefas do estudo em componentes.

Os componentes funcionam como núcleos, uma vez possuem

habilidades comuns que estão sendo avaliadas. Além disso, a

organização em componentes identifica o quanto cada habilidade se

correlaciona com o desempenho em linguagem escrita, possibilitando uma

organização em hierárquica. Desta maneira, na figura 5 apresenta-se

cada habilidade que está sendo avaliada, considerando a sua relação com

a variância de desempenho na linguagem escrita:

Figura 5. Habilidades em cada componente.

Considerações finais

Ao se realizar a avaliação de um adulto com queixa de aprendizagem,

em um primeiro momento, é essencial que se investigue o funcionamento

cognitivo geral a fim descartar a presença de déficits intelectuais.

Em seguida, as habilidades mais importantes a serem avaliadas em

jovens adultos são as de processamento fonológico e de linguagem

escrita.

Componente 1

•O tempo despendido para uma tarefa de decodificação

Componente 2

•A precisão em tarefas de decodificação e codificação.

•Relação entre a precisão e o desempenho em memória de trabalho.

Componente 3

•Taxa e acurácia de leitura de textos.

•Relação com memória de trabalho (ordem direta).

Componente 4

•Velocidade de processamento

Page 90: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

82

Em relação à linguagem escrita, a avaliação da leitura deve priorizar a

decodificação, em relação aos aspectos de velocidade (Componente 1) e

acurácia (Componente 2). É importante que sejam selecionados estímulos

com e sem efeito lexical, e que sejam consideradas as características

psicolínguisticas dos estímulos (tamanho, regularidade, complexidade e

frequência) para avaliar a decodificação e codificação, adequando-os para

a necessidade da faixa etária avaliada.

A leitura (taxa e acurácia) de texto é uma habilidade que se mostra

independente (Componente 3) da decodificação de estímulos isolados,

devendo ser avaliada por meio de uma tarefa específica.

Figura 6. Habilidades que devem ser avaliadas em relação à linguagem

escrita e sugestões de tarefas que podem ser utilizadas.

No que se refere ao processamento fonológico, devem ser priorizadas

tarefas que avaliem o acesso às representações fonológicas, como é o

caso de tarefas de velocidade de nomeação (Componente 4) e memória

de trabalho (relacionada às habilidades de acurácia avaliadas pelo

Componente 2 e de fluência de leitura, Componente 3).

Figura 7. Habilidades que devem ser avaliadas em relação ao

processamento fonológico e sugestões de tarefas que podem ser

utilizadas.

5. Recomendação para avaliação de linguagem escrita em

jovens adultos

A avaliação da linguagem escrita, assim como todo processo

avaliativo deve ser iniciada por meio de uma anamnese (entrevista inicial).

É importante que a queixa seja bem detalhada, perguntando-se sobre o

início da manifestação e o curso do quadro. Conversar sobre o processo

de alfabetização e o desenvolvimento escolar irá auxiliar nesse momento.

Pode-se questionar sobre as disciplinas de maior interesse, melhor

Linguagem Escrita

Velocidade e acurácia na decodificação e codificação de estímulos isolados

Lista de palavras e pseudopalavras

Ditado de palavras

Fluência de leitura

Textos

Processamento Fonológico

Acesso às informações fonológicas

Velocidade de acesso

Tarefa de nomeação rápida

Memória de trabalho

Tarefa de span Repetição de

pseudopalavras

Page 91: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

83

desempenho e maior dificuldade. Caracterizar o histórico de reprovação,

uso de reforço escolar, de aulas particulares, acompanhamento com

psicopedagogo, psicólogo e fonoaudiólogo para auxiliar no

desenvolvimento escolar. É interessante que seja investigado o uso de

estratégias para lidar com a dificuldade durante o processo de

escolarização e atualmente, uma vez que o jovem adulto pode usar

estratégias e recursos tecnológicos no seu dia-a-dia.

Figura 8. Itens sobre o histórico pregresso que devem estar na

anamnese.

A caracterização do uso da linguagem escrita na vida atual

(profissional, educacional, social) é muito importante para investigar o

esforço que é desprendido para fazer as tarefas que envolvem a leitura.

Esse esforço pode ser caracterizado por meio do relato do paciente, mas

também é interessante que se questione sobre o tempo que o paciente

leva para fazer as tarefas, quantas revisões são necessárias para se

finalizar um trabalho, se evita alguma atividade por envolver a leitura

(exemplo: filmes com legenda).

Figura 9. Itens sobre a vida atual que devem estar presentes na

anamnese.

Em um segundo momento, podem ser usados questionários

autoavaliativos a fim de investigar se o perfil do paciente é compatível com

um diagnóstico de dislexia. Não temos questionários utilizados

amplamente em nosso país e indicados para a avaliação diagnóstica das

queixas de leitura e escrita para essa faixa etária. Assim, recomendamos

o uso do questionário desenvolvido por Snowling et al. (2012). A tradução

e adaptação (anexo 1) foi realizada pelas autoras a fim de direcionar o uso

no contexto clínico.

Após a realização cuidadosa da anamnese e o uso de questionários, é

importante que seja realizada a avaliação da linguagem escrita. O

processo diagnóstico deve incluir aspectos mais amplos de linguagem,

como fonológico, semântico, sintático, pragmático, a fim de descartar

Processo de alfabetização

Desenvolvimento escolar

Histórico de reprovação

Apoio para a aprendizagem

Estratégias utilizadas

Leitura na vida atual (quantidade e

qualidade)

Esforço despendido nas

atividades de leitura

Necessidade de revisão das

atividades escritas

Evitação de atividades que

envolvem a leitura

Page 92: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

84

outros diagnósticos, que podem acometer o desempenho em linguagem

escrita, como por exemplo, um transtorno específico de linguagem.

A avaliação do potencial cognitivo também se faz necessária para

descartar outros quadros diagnósticos.

O tempo de decodificação e a acurácia de palavras e pseudopalavras

deve ser comparado a fim de observar se existe um déficit mais

significativo na leitura de pseudopalavras, indicando um prejuízo no

processamento fonológico, característico nos transtornos específicos de

leitura. Se forem identificados erros de decodificação na lista de palavras,

é interessante analisar as características psicolinguísticas dos estímulos.

Em relação à escrita, a precisão da codificação também deve ser

estimada a partir da seleção dos estímulos adequados para a faixa etária.

O processamento ortográfico será avaliado por meio de tarefas de ditado

e dessa forma, as características psicolinguísticas devem ser controladas.

A fluência de leitura pode ser analisada considerando a decodificação

de estímulos isolados, já que se existirem déficits de decodificação

primários, pode haver prejuízos na leitura de textos. A compreensão de

textos envolve não apenas a decodificação de palavras, mas depende de

outras funções cognitivas e linguísticas. A memória de trabalho,

velocidade de processamento, vocabulário são algumas das habilidades

que estão envolvidas no desempenho dessa tarefa (Navas et al., 2009),

mesmo quando consideramos apenas a fluência leitora, independente da

compreensão.

A compreensão leitora e a elaboração de escrita não são competências

frequentemente estudadas na dislexia, mas ao caracterizar as queixas

dessa população, esses aspectos devem ser descritos. Na avaliação e na

interpretação dos resultados deve-se ter cuidado para não justificar as

dificuldades encontradas apenas pelos déficits primários em

processamento fonológico e ortográfico. Essas são competências de

maiores demandas linguísticas e cognitivas e, por isso dependem de uma

avaliação mais ampla.

Após o processo avaliativo, a devolutiva deve contemplar, além dos

resultados e análises das tarefas realizadas, orientações sobre como o

paciente pode compensar as dificuldades no dia-a-dia. É importante

considerar que o adulto já criou várias estratégias para lidar com suas

dificuldades, então as orientações devem considerá-las, fortalecendo as

que são eficientes e ajudando no estabelecimento de outras estratégias

que possam compensar áreas que ainda sejam difíceis para esse

paciente. Muitas vezes, ao conhecer as causas da sua dificuldade e as

características que definem o transtorno específico de aprendizagem, o

paciente já se sente mais fortalecido, porque percebe que seus esforços

foram realmente necessários para seu desenvolvimen

Page 93: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

6. Anexo

O questionário de leitura para adultos (Adult Reading Questionnarie) foi desenvolvido por Snowling et. al. em 2012. Ele é composto por 15 itens (7

relacionados a sintomas, 2 itens de autoavaliação sobre o desempenho em linguagem escrita, 2 itens sobre o uso da leitura na vida diária e 4 itens sobre o

diagnóstico da dislexia). Os itens do questionário foram marcados numericamente e, quanto maior a pontuação, maior a probabilidade de o avaliado

apresentar o diagnóstico de dislexia.

Questões Respostas

1 Você se considera um bom leitor? Sim (0) Não (1) Não sei (0,5)

2 Você consegue ler facilmente e com boa velocidade? Sim (0) Não (1) Não sei (0,5)

3 Como você classifica a sua ortografia? Boa (0) Média (1) Ruim (2) Muito ruim (3)

4 Em seu trabalho, com qual frequência você realiza atividades que exige

leitura?

Nunca (4) Raramente (3) Às Vezes (2) Frequentemente (1) Sempre (0)

5 Você apresenta dificuldade para ler palavras que nunca leu anteriormente

(ex.: nome de lugares)?

Nunca (0) Raramente (1) Às Vezes (2) Frequentemente (3) Sempre (4)

6 Você apresenta dificuldades para ler em voz alta? Nunca (0) Raramente (1) Às Vezes (2) Frequentemente (3) Sempre (4)

7 Sente dificuldade em encontrar a palavra certa para expressar o que você

quer dizer?

Nunca (0) Raramente (1) Às Vezes (2) Frequentemente (3) Sempre (4)

8 Você confunde o nome das coisas? Nunca (0) Raramente (1) Às Vezes (2) Frequentemente (2) Sempre (4)

9 Você apresenta dificuldades relacionadas a noções de direita e esquerda? Nunca (0) Raramente (1) Às Vezes (2) Frequentemente (3) Sempre (4)

10 Você tem problemas na organização e gerenciamento do tempo? Nunca (0) Raramente (1) Às Vezes (2) Frequentemente (3) Sempre (4)

11 Com qual frequência você escreve no dia-a-dia? Nunca (4) Raramente (3) Às Vezes (2) Frequentemente (1) Sempre (0)

12 Baseado nessas perguntas, você acha que tem dislexia? Sim (1) Não (0) Talvez (0,5)

13 Como você classifica as suas dificuldades? Nenhuma (0) Média (1) Moderada (2) Severa (3)

14 Alguém já se demonstrou preocupado com as suas dificuldades de leitura? Sim (1) Não (0)

15 Você já foi diagnosticado com Dislexia? Sim (1) Não (0)

Page 94: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

7. Referências bibliográficas

American Psychiatric Society (2012) ‘Diagnostic and Statistical Manual of

Mental Disorders (DSM-5).’ <http://www.dsm5.org/Pages/Default.aspx>

(acessado 01 junho 2014).

Capellini SA, Smythe I. Protocolo de Avaliação de Habilidades Cognitivo-

Lingüísticas. Editora Fundepe, 2008.

Capellini SA, Oliveira AM, Cuetos F. Provas de Avaliação do Processo de

leitura. Casa do Psicólogo. São Paulo: 2010.

Denckla MB, Rudel R. Rapid automatized naming of pictures objects,

colors, and numbers by normal children. Cortéx, 1974 (10)1: 186-202.

Moojen S. Desempenho ortográfico de alunos do 3º ano do Ensino Médio

de Escolas públicas e privadas de Porto Alegre. Trabalho não publicado.

2003.

Navas ALGP, Ferraz EC, Borges JPA. Phonological processing deficits as

a universal model for dyslexia: evidence from different orthographies.

CoDAS, 2014; 26(6): 509 – 519.

Navas ALGP, Pinto JCBP, Dellisa PRR. Avanços no conhecimento do

processamento da fluência em leitura: da palavra ao texto. Rev. Soc. Bras.

Fonoaudiol., 2009; 14 (3): 553-9.

Navas ALGP. What phonological deficit? Rev Soc Bras Fonoaudiol.

2007;12(4):341-2.

Romani C, Tsouknida E, Olson A. Encoding order and developmental

dyslexia: a family of skills predicting different orthographic components. Q

J Exp Psychol, 2015; 68(1): 99–128.

Saraiva RA, Moojen SMP, Munarski R. Avaliação da compreensão leitora

de textos expositivos: para fonoaudiólogos e psicopedagogos. São Paulo:

Casa do Psicólogo; 2006.

Snowling M, Dawes P, Nash H, Hulme C. Validity of a Protocol for Adult

Self-Report of Dyslexia and Related Difficulties. Dyslexia, 2012; 18: 1–15.

Ziegler JC, Bertrand D, Tóth D, Csépe V, Reis A, Faísca L, Saine N,

Lyytinen H, Vaessen A, Blomert L. Orthographic Depth and Its Impact on

Universal Predictors of Reading: A CrossLanguage Investigation.

Psychological Science, 2010; 21(4): 551-9.

Page 95: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

4. Considerações finais

O objetivo deste trabalho foi contribuir para as diretrizes para a avaliação de

linguagem escrita em jovens adultos.

No Estudo 1 foi realizada uma busca sistemática na literatura a fim de levantar quais

são as habilidades que frequentemente são avaliadas para caracterizar a população

de bons e maus leitores nessa faixa etária. Em um primeiro momento, identificamos

quase 4.000 artigos nas bases pesquisadas. Tivemos que fazer a opção de organizar

os trabalhos por relevância, para conseguir analisar os artigos dentro do tempo

previsto para a conclusão desse trabalho. Com esse levantamento, selecionamos os

dados a fim de caracterizar a idade da população, o idioma falado e escrito, o objetivo

do estudo, habilidades avaliadas em linguagem oral, funções cognitivas e linguagem

escrita e a conclusão do estudo. Os resultados mostraram que para a população de

jovens adultos as habilidades de linguagem escrita (leitura de palavra e

pseudopalavras) e de processamento fonológico (nomeação rápida e memória

fonológica) são as mais utilizadas.

Com habilidades e tarefas identificadas, realizamos o Estudo 2. Buscamos

tarefas usadas em nosso país para avaliar o processamento fonológico e a linguagem

escrita. Como já havia sido descrito no trabalho, foi difícil identificar tarefas voltadas

para a população de adultos. Para a tarefa de leitura de palavras e pseudopalavras,

por exemplo, optamos por um instrumento comumente utilizado para avaliação de

escolares. Da mesma maneira, tivemos dificuldade em encontrar referências nacionais

que estudaram essa faixa etária para discutir os achados do Estudo 2. O objetivo do

Estudo 2 era testar as habilidades e tarefas identificadas e verificar o desempenho de

jovens adultos sem queixa. Não era pretensão do presente estudo, sugerir uma

padronização de desempenho, mas sim pensar em como as tarefas podem ser

analisadas e relacionadas para essa faixa etária. Com os resultados do Estudo 2,

identificamos 4 núcleos de habilidades que devem ser investigados quando se avalia a

linguagem escrita em jovens adultos: o tempo de leitura, a acurácia de decodificação e

precisão de codificação, a fluência de leitura de textos e a velocidade de

processamento.

Os resultados do Estudo 1 e 2, trouxeram informações que consideramos

relevantes para a construção do “Guia de avaliação de linguagem escrita em jovens

adultos”. Conseguimos definir quais habilidades diferenciam bons e maus leitores

nessa faixa etária, sugerir tarefas que avaliam essas habilidades e apresentar uma

Page 96: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

88

ilustração do desempenho de uma população de jovens adultos para tarefas

sugeridas. Além disso, o guia traz informações que são relevantes na avaliação, como

é o caso dos dados colhidos em anamnese e o uso de questionários autoavaliativos.

Esperamos que o guia possa contribuir na prática clínica de profissionais que

estão recebendo pacientes nessa faixa etária e sentem necessidade de instrumentos

próprios para essa avaliação. Apesar de não apresentarmos um instrumento

específico, acreditamos que o entendimento das habilidades que devem ser avaliadas

e das tarefas que são mais sensíveis para essas habilidades, auxiliem os profissionais

na avaliação e no processo diagnóstico de jovens adultos.

Page 97: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

89

5. Anexos

Anexo 1. Lista dos 113 artigos incluídos no Estudo 1.

Anexo 2. Caracterização dos participantes do Estudo 2.

Page 98: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

90

Anexo 1

Número Autores Ano Título Revista

1 Tamboer P, Vorst HCM. 2015 A new self-report inventory of dyslexia for students: criterion and construct validity.

Dyslexia

2 Moores E, Tsouknida E, Romani C. 2015 Adults with dyslexia can use cues to orient and constrain attention but have a smaller and weaker attention spotlight.

Vision Research

3 Rüsseler J, Gerth I, Heldmann M, Münte TF. 2015 Audiovisual perception of natural speech is impaired in adult dyslexics: An ERP study.

Neuroscience

4 Russeler J, Gerth I, Heldmann M, Munte TF. 2015 Auditory frequency discrimination in adults with dyslexia: a test of the anchoring hypothesis.

Neuroscience

5 Huettig F, Brouwer S. 2015 Delayed Anticipatory Spoken Language Processing in Adults with Dyslexia—Evidence from Eye-tracking.

Dyslexia

6 Wilsona AJ, Andrewesa SG, Struthersa H, Rowea VM, Bogdanovica R, Waldiea KE.

2015 Dyscalculia and dyslexia in adults: Cognitive bases of comorbidity.

Learning and Individual Differences

7 Romani C, Tsouknida E, Olson A. 2015 Encoding order and developmental dyslexia: a family of skills predicting different orthographic components.

The Quarterly Journal of Experimental Psychology

8 Sigurdardottir HM, Ívarsson E, Kristinsdóttir K, Kristjánsson A.

2015 Impaired recognition of faces and objects in dyslexia: Evidence for ventral stream dysfunction?

Neuropsychology

9 Gabay Y, Holt LL. 2015 Incidental learning of sound categories is impaired in developmental dyslexia.

Cortex

10 Araújo S, Faísca L, Bramão I, Reis A, Petersson KM. 2015 Lexical and sublexical orthographic processing: An ERP study with skilled and dyslexic adult readers.

Brain & Language

11 Bogaerts L, Szmalec A, Hachmann WM, Page MP, Duyck W.

2015 Linking memory and language: Evidence for a serial-order learning impairment in dyslexia.

Research in Developmental Disabilities

12 Law JM, Wouters J, Ghesquière P. 2015 Morphological Awareness and Its Role in Compensation in Adults with Dyslexia.

Dyslexia

Page 99: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

91

13 Giraldo-Chica M, Hegarty JP, Schneider KA. 2015 Morphological differences in the lateral geniculate nucleus associated with dyslexia.

NeuroImage: Clinical

14 Sela I, Izzetoglu M, Onaral B, Izzetoglu K. 2014 A functional near-infrared spectroscopy study of lexical decision task supports the dual route model and the phonological deficit theory of dyslexia.

Journal of Learning Disabilities

15 Cassim R, Talcott JB, Moores E. 2014 Adults with dyslexia demonstrate large effects of crowding and detrimental effects of distractors in a visual tilt discrimination task.

Plos One

16 Christodoulou JA, Tufo SND, Lymberis J, Saxler PK, Ghosh SS, Triantafyllou C, Whitfield-Gabrieli S, Gabrieli JDE.

2014 Brain bases of reading fluency in typical reading and impaired fluency in dyslexia.

Plos one

17 Bogdanowicz KM, Łockiewicz M, Bogdanowicz M, Pąchalska M.

2014 Characteristics of cognitive deficits and writing skills of Polish adults with developmental dyslexia.

Internacional Journal of Psychophysiology

18 Mahé G, Doignon-Camus N, Dufour A, Bonnefond A. 2014 Conflict control processing in adults with developmental dyslexia: An event related potentials study.

Clinical Neurophysiology

19 Nergård-Nilssen T, Hulme C. 2014 Developmental dyslexia in adults: behavioural manifestations and cognitive correlates.

Dyslexia

20 Finn ES, Shen X, Holahan JM, Scheinost D, Lacadie C, Papademetris X, Shaywitz SE, Shaywitz BA, Constable RT.

2014 Disruption of Functional Networks in Dyslexia: A Whole-Brain, Data-Driven Analysis of Connectivity.

Biol Psychiatry

21 Fostick L, Eshcoly R, Shtibelman H. 2014 Efficacy of temporal processing training to improve phonological awareness among dyslexic and normal reading students.

Journal of Experimental Psychology: Human Perception and Performance

22 Dole M, Meunier F, Hoen M. 2014 Functional correlates of the speech-in-noise perception impairment in dyslexia:AnMRIstudy.

Neuropsychologia

23 Kim S, Lombardino LJ, Cowles W, Altmann LJ. 2014 Investigating graph comprehension in students with dyslexia: An eye tracking study.

Research in Developmental Disabilities

24 Alloway TP,Wootan S, Deane P. 2014 Investigating working memory and sustained attention in dyslexic adults.

International Journal of Educational Research

Page 100: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

92

25 Diehl JJ, Frost SJ, Sherman G, Mencl WE, Kurian A5, Molfese P, Landi N, Preston J, Soldan A, Fulbright RK, Rueckl JG, Seidenberg MS, Hoeft F, Pugh KR.

2014 Neural correlates of language and non-language visuospatial processing in adolescents with reading disability

NeuroImage

26 Loras H, Sigmundsson H, Stensdotter AK, Talcott JB. 2014 Postural control is not systematically related to reading skills: implications for the assessment of balance as a risk factor for developmental dyslexia.

Plos One

27 Augustinova M, Ferrand L. 2014 Social priming of dyslexia and reduction of the Stroop effect: what component of the Stroop effect is actually reduced?

Cognition

28 Bjornsdottir G, Halldorsson JG, Steinberg S, Hansdottir I, Kristjansson K, Stefansson H, Stefansson K.

2014 The Adult Reading History Questionnaire (ARHQ) in Icelandic: Psychometric Properties and Factor Structure.

Journal of Learning Disabilities

29 Hiscox L, Leonaviciute E, Humby T. 2014 The effects of automatic spelling correction software on understanding and comprehension in compensated dyslexia: improved recall following dictation.

Dyslexia

30 Kronschnabel J, Brem S, Maurer U, Brandeis D. 2014 The level of audiovisual print–speech integration deficits in dyslexia.

Neuropsychologia

31 Leong V, Goswami U. 2013 Assessment of rhythmic entrainment at multiple timescales in dyslexia: evidence for disruption to syllable timing.

Hearing Research

32 Zhang Y, Whitfield-Gabrieli S, Christodoulou JA, Gabrieli JDE.

2013 Atypical balance between occipital and fronto-parietal activation for visual shape extraction in dyslexia.

Plos One

33 Megnin-Viggars O, Goswami U. 2013 Audiovisual perception of noise vocoded speech in dyslexic and non-dyslexic adults: The role of low-frequency visual modulations.

Brain & Language

34 Hernandez N, Anderson F, Edjlali M, Hommet C, Cottier JP, Destrieux C, Bonnet-brilhault F.

2013 Cerebral functional asymmetry and phonological performance in dyslexic adults.

Psychophysiology

35 Cantiani C, Lorusso ML, Guasti MT, Sabisch B, Männel C. 2013 Characterizing the morphosyntactic processing deficit and its relationship to phonology in developmental dyslexia.

Neuropsychologia

36 Jones MW, Branigan HP, Parra MA, Logie RH. 2013 Cross-modal binding in developmental dyslexia. Journal of Experimental Psychology:

Page 101: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

93

Learning, Memory, and Cognition

37 Solte´szb F, Szucs D, Leong V, Whitea S, Goswami U. 2013 Differential entrainment of neuroelectric delta oscillations in developmental dyslexia.

Plos one

38 Jones MW, Ashby J, Branigan HP. 2013 Dyslexia and fluency: parafoveal and foveal influences on rapid automatized naming.

Journal of Experimental Psychology: Human Perception and Performance

39 Heim S, Wehnelt A, Grande M, Huber W, Amunts K. 2013 Effects of lexicality and word frequency on brain activation in dyslexic readers.

Brain & Language

40 Dole M, Meunier F, Hoen M. 2013 Gray and white matter distribution in dyslexia: a VBM study of superior temporal gyrus asymmetry.

Plos One

41 Costanzo F, Menghini D, Caltagirone C, Oliveri M, Vicari S.

2013 How to improve reading skills in dyslexics: The effect of high frequency rTMS.

Neuropsychologia

42 Trecy MP, Steve M, Martine P. 2013 Impaired short-term memory for order in adults with dyslexia.

Research in Developmental Disabilities

43 Boets B, Beeck HO, Vandermosten M, Scott SK, Gillebert CR, Mantini D, Bulthé J, Sunaert S, Wouters J, Ghesquière J.

2013 Intact but less accessible phonetic representations in adults with dyslexia.

Science

44 Noordenbos MW, Segers E, Serniclaes W, Verhoeven L. 2013 Neural evidence of the allophonic mode of speech perception in adults with dyslexia.

Clinical Neurophysiology

45 Lallier M, Thierry G, Tainturier MJ. 2013 On the importance of considering individual profiles when investigating the role of auditory sequential deficits in developmental dyslexia.

Cognition

46 Laasonen M, Hokkanen L, Leppämäki S, Tani P, Erkkilä AT.

2013 Project DyAdd: Fatty acids in adult dyslexia, ADHD, and their comorbid combination

Research in Developmental Disabilities

47 Mittag M, Thesleff P, Laasonen M, Kujala T. 2013 The neurophysiological basis of the integration of written and heard syllables in dyslexic adults.

Clinical Neurophysiology

48 Vandermosten M, Poelmans H, Sunaert S, Ghesquière P, Wouters J.

2013 White matter lateralization and interhemispheric coherence to auditory modulations in normal reading and dyslexic adults.

Neuropsychologia

Page 102: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

94

49 Ghani KA, Gathercole SE. 2013 Working Memory and Study Skills: A Comparison between Dyslexic and Non-dyslexic Adult Learners.

Procedia - Social and Behavioral Sciences

50 Vandermosten M, Boets B, Poelmans H, Sunaert S, Wouters J, Ghesquière J.

2012 A tractography study in dyslexia: neuroanatomic correlates of orthographic, phonological and speech processing.

Brain

51 Poelmans H, Luts H, Vandermosten M, Boets B, Ghesquiére P, Wouters J.

2012 Auditory steady state cortical responses indicate deviant phonemic-rate processing in adults with dyslexia.

Ear & Hearing

52 Mejíaa C, Diazb A, Jiménezb J, Fabregata R. 2012 BEDA: A Computerized Assessment Battery for Dyslexia in Adults

Procedia - Social and Behavioral Sciences

53 Shaul S, Arzouan Y, Goldstein A. 2012 Brain activity while reading words and pseudo-words: A comparison between dyslexic and fluent readers.

International Journal of Psychophysiology

54 Savill NJ, Thierry G. 2012 Decoding ability makes waves in reading: Deficient interactions between attention and phonological analysis in developmental dyslexia.

Neuropsychologia

55 Jason M. Nelson, Noel Gregg. 2012 Depression and anxiety among transitioning adolescents and college students with ADHD, dyslexia, or comorbid ADHD/dyslexia.

Journal of Attention Disorders

56 Gabay Y, Schiff R, Vakil E. 2012 Dissociation between the procedural learning of letter names and motor sequences in developmental dyslexia.

Neuropsychologia

57 Berent I, Vaknin-Nusbaum V, Balaban E, Galaburda AM. 2012 Dyslexia impairs speech recognition but can spare phonological competence.

Plos One

58 Kinder J, Elander J. 2012 Dyslexia, authorial identity, and approaches to learning and writing: a mixed methods study.

British Journal of Educational Psychology

59 Mahé G, Bonnefond A, Gavens N, Dufour A, Doignon-Camus N.

2012 Impaired visual expertise for print in French adults with dyslexia as shown by N170 tuning.

Neuropsychologia

60 Olofssona A, Ahlb A, Taubec K. 2012 Learning and Study Strategies in University Students with Dyslexia: Implications for Teaching.

Procedia - Social and Behavioral Sciences

61 Baart M, Boer-Schellekens L, Vroomen J. 2012 Lipread-induced phonetic recalibration in dyslexia. Acta Psychologica

Page 103: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

95

62 Schiff R, Ravid D. 2012 Morphological processing in Hebrew-speaking students with reading disabilities.

Journal of Learning Disabilities

63 Oganian Y, Ahissar M. 2012 Poor anchoring limits dyslexics’perceptual, memory, and reading skills.

Neuropsychologia

64 Laasonen M, Salomaa J, Cousineau D, Leppämäki S, Tani P, Hokkanen L, Dye M.

2012 Project DyAdd: Visual attention in adult dyslexia and ADHD.

Brain and Cognition

65 Hämäläinen JA, Rupp A, Soltész F, Szücs D, Goswami U. 2012 Reduced phase locking to slow amplitude modulation in adults with dyslexia: An MEG study.

NeuroImage

66 Boer-Schellekens L, Vroomen J. 2012 Sound can improve visual search in developmental dyslexia.

Exp Brain Res

67 Dole M, Hoen M, Meunier F. 2012 Speech-in-noise perception deficit in adults with dyslexia: Effects of background type and listening configuration.

Neuropsychologia

68 Tops W, Callens M, Bijn E, Brysbaert M. 2012 Spelling in adolescents with dyslexia: errors and modes of assessment.

Journal of Learning Disabilities

69 Conlon EG, Lilleskaret G, Wright CM, Power GF. 2012 The influence of contrast on coherent motion processing in dyslexia.

Neuropsychologia

70 Moores E, Cassim R, Talcott JB. 2011 Adults with dyslexia exhibit large effects of crowding, increased dependence on cues, and detrimental effects of distractors in visual search tasks.

Neuropsychologia

71 Mayseless N, Breznitz Z. 2011 Brain activity during processing objects and pseudo-objects: Comparison between adult regular and dyslexic readers.

Clinical Neurophysiology

72 Lindgrèn AS, Laine M. 2011 Cognitive-linguistic performances of multilingual university students suspected of dyslexia.

Dyslexia

73 Conlon EG, Wright CM, Norris K, Chekaluk E. 2011 Does a sensory processing deficit explain counting accuracy on rapid visual sequencing tasks in adults with and without dyslexia?

Brain and Cognition

74 Badcock NA, Hogben JH, Fletcher JF. 2011 Dyslexia and practice in the attentional blink: evidence of slower task learning in dyslexia.

Cortex

75 Tholen N, Weidner R, Grande M, Amunts K, Heim S. 2011 Eliciting dyslexic symptoms in proficient readers by simulating deficits in grapheme-to-phoneme conversion and visuo-magnocellular processing.

Dyslexia

Page 104: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

96

76 Pecini C, Biagi L, Brizzolara D, Cipriani P, Lieto MCD, Guzzetta A, Tosetti M, Chilosi AM.

2011 How many functional brains in developmental dyslexia? When the history of language delay makes the difference.

Cogn Behav Neurol

77 Kast M, Bezzola L, Jäncke L, Meyer M. 2011 Multi- and unisensory decoding of words and nonwords result in differential brain responses in dyslexic and nondyslexic adults.

Brain & Language

78 Hamalainen JA, Fosker T, Szücs D, Goswami U. 2011 N1, P2 and T-complex of the auditory brain event-related potentials to tones with varying rise times in adults with and without dyslexia.

International Journal of Psychophysiology

79 Taroyan NA, Nicolson RI, Buckley D. 2011 Neurophysiological and behavioural correlates of coherent motion perception in dyslexia.

Dyslexia

80 Szmalec A, Loncke M, Page MPA. 2011 Order or disorder? Impaired Hebb learning in dyslexia.

Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, and Cognition

81 Nalavany BA, Carawan LW. 2011 Perceived family support and self-esteem: the mediational role of emotional experience in adults with dyslexia.

Dyslexia

82 Nalavany BA, Carawan LW, Rennick RA. 2011 Psychosocial experiences associated with confirmed and self-identified dyslexia: a participant-driven concept map of adult perspectives.

Journal of Learning Disabilities

83 Savill NJ, Thierry G. 2011 Reading for sound with dyslexia: evidence for early orthographic and late phonological integration deficits.

Brain Research

84 Romani C,Tsouknida E, Betta AMD, Olson A. 2011 Reduced attentional capacity, but normal processing speed and shifting of attention in developmental dyslexia: evidence from a serial task.

Cortex

85 Leong V, Hämäläinen J, Soltész F, Goswami U. 2011 Rise time perception and detection of syllable stress in adults with developmental dyslexia.

Journal of Memory and Language

86 Stennekena P, Egetemeira J, Schulte-Körneb G, Müllerc HJ, Schneiderd WX, Finkec K.

2011 Slow perceptual processing at the core of developmental dyslexia: a parameter-based assessment of visual attention.

Neuropsychologia

87 Re AM, Tressoldi PE, Cornoldi C, Lucangeli D. 2011 Which tasks best discriminate between dyslexic university students and controls in a transparent

Dyslexia

Page 105: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

97

language?

88 Richlan F, Sturm D, Schurz M, Kronbichler M, Ladurner G, Wimmer H.

2010 A common left occipito-temporal dysfunction in developmental dyslexia and acquired letter-by-letter reading?

OT Dysfunction in Dyslexia

89 Lallier M, Tainturier MJ, Deringc B, Donnadieua S, Valdois S, Thierryc G.

2010 Behavioral and ERP evidence for amodal sluggish attentional shifting in developmental dyslexia.

Neuropsychologia

90 Dujardin T, Etienne Y, Contentin C, Bernard C, Largy P, Mellier D, Lalonde R, Rebaï M.

2010 Behavioral performances in participants with phonological dyslexia and different patterns on the N170 component.

Brain Cogn

91 Bacon AM, Handley SJ. 2010 Dyslexia and reasoning: the importance of visual processes.

British Journal of Psychology

92 Patel M, Magnusson M, Lush D, Gomez S, Fransson PA. 2010 Effects of dyslexia on postural control in adults. Dyslexia

93 Wolf RC, Sambataro F, Lohr C, Steinbrink C, Martin C, Vasic N.

2010 Functional brain network abnormalities during verbal working memory performance in adolescents and young adults with dyslexia.

Neuropsychologia

94 Dhar M, Been PH, Minderaa RB, Althaus M. 2010 Reduced interhemispheric coherence in dyslexic adults.

cortex

95 Brookes RL, Tinkler S, Nicolson RI and Fawcett AJ. 2010 Striking the right balance: motor difficulties in children and adults with dyslexia.

Dyslexia

96 Frye RE, Liederman J, Malmberg B, McLean J, Strickland D and Beauchamp MS.

2010 Surface area accounts for the relation of gray matter volume to reading-related skills and history of dyslexia.

Cerebral Cortex

97 Undheim AM. 2009 A thirteen-year follow-up study of young Norwegian adults with dyslexia in childhood: reading development and educational levels.

Dyslexia

98 Illingworth S, Bishop DV. 2009 Atypical cerebral lateralisation in adults with compensated developmental dyslexia demonstrated using functional transcranial Doppler ultrasound.

Brain and Language

99 Lallier M, Thierry G, Tainturier MJ, Donnadieu S, Peyrin C, Billard C, Valdois S.

2009 Auditory and visual stream segregation in children and adults: An assessment of the amodality assumption of the ‘sluggish attentional shifting’ theory of dyslexia.

Brain Research

Page 106: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

98

100 Conlon EG, Sanders MA, Wright CM. 2009 Relationships between global motion and global form processing, practice, cognitive and visual processing in adults with dyslexia or visual discomfort.

Neuropsychologia

101 Carter M, Rastatter MP, Walker MM, O'Brien K. 2009 The effects of frequency altered feedback on the reading processes of adults with reading disorders.

Neuroscience Letters

102 Hommet C, Vidal J, Roux S, Blanc R, Barthez MA, De Becque B, Barthelemy C, Bruneau N, Gomot M.

2009 Topography of syllable change-detection electrophysiological indices in children and adults with reading disabilities.

Neuropsychologia

103 Henderson L, Barca L, Ellis AW. 2007 Interhemispheric cooperation and non-cooperation during word recognition: Evidence for callosal transfer dysfunction in dyslexic adults.

Brain and Language

104 Stoodley CJ, Stein JF. 2006 A processing speed deficit in dyslexic adults? Evidence from a peg-moving task.

Neuroscience Letters

105 Fisher AE, Barnes GR, Hillebrand A, Holliday IE, Witton C, Richards IL.

2006 Abnormality of mismatch negativity in response to tone omission in dyslexic adults.

Brain Research

106 Hawelka S, Huber C, Wimmer H. 2006 Impaired visual processing of letter and digit strings in adult dyslexic readersImpaired visual processing of letter and digit strings in adult dyslexic readers.

Vision Research

107 Stoodley CJ, Harrison EP, Stein JF. 2006 Implicit motor learning deficits in dyslexic adults. Neuropsychologia

108 Buchholz J, Aimola Davies A. 2005 Adults with dyslexia demonstrate space-based and object-based covert attention deficits: Shifting attention to the periphery and shifting attention between objects in the left visual field.

Brain and Cognition

109 Coombes SA, Janelle CM, Duley AR, Conway T. 2005 Adults with dyslexia: theta power changes during performance of a sequential motor task.

International Journal of Psychophysiology

110 Serniclaes W, Ventura P, Morais J, Kolinsky R. 2005 Categorical perception of speech sounds in illiterate adults.

Cognition

111 Hämäläinen J, Leppänen PH, Torppa M, Müller K, Lyytinen H.

2005 Detection of sound rise time by adults with dyslexia. Brain and Language

112 Fosker T, Thierry G. 2005 Phonological oddballs in the focus of attention elicit a normal P3b in dyslexic adults.

Cognitive Brain Research

Page 107: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

99

113 Pammer K, Lavis R, Cooper C, Hansen PC, Cornelissen PL.

2005 Symbol-string sensitivity and adult performance in lexical decision.

Brain and Language

Page 108: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

100

Anexo 2

Participante Curso frequentado Idade

Histórico Escolar

Tipo de escola Reprovação Dificuldades escolares

1 Fonoaudiologia 20 Pública Não Não

2 Fonoaudiologia 18 Privada Não Não

3 Fonoaudiologia 17 Pública e privada Não Não

4 Fonoaudiologia 19 Privada Não Não

5 Fonoaudiologia 20 Pública e privada Não Não

6 Fonoaudiologia 20 Pública Não Não

7 Fonoaudiologia 18 Privada Não Não

8 Fonoaudiologia 17 Privada Não Não

9 Fonoaudiologia 20 Pública Sim Não

10 Fonoaudiologia 22 Pública Sim Sim

11 Fonoaudiologia 22 Privada Não Não

12 Enfermagem 30 Pública Não Não

13 Enfermagem 18 Privada Não Não

14 Fonoaudiologia 20 Pública e privada Não Não

15 Fonoaudiologia 24 Pública Sim Não

16 Fonoaudiologia 19 Pública e privada Não Não

17 Fonoaudiologia 19 Privada Não Sim

18 Fonoaudiologia 18 Privada Não Não

19 Fonoaudiologia 19 Pública Não Não

20 Fonoaudiologia 32 Pública Não Não

21 Fonoaudiologia 21 Pública e privada Não Não

22 Fonoaudiologia 20 Privada Não Não

23 Fonoaudiologia 22 Pública Não Não

24 Fonoaudiologia 21 Pública Não Não

25 Fonoaudiologia 30 Pública Não Não

26 Enfermagem 44 Pública Não Não

27 Fonoaudiologia 22 Pública Não Não

28 Enfermagem 21 Privada Não Não

29 Enfermagem 20 Privada Não Não

30 Enfermagem 39 Pública e privada Não Sim

Page 109: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

101

6. Referências bibliográficas

Alves MTG, Soares JF, Xavier FP. Índice Socioeconômico das Escolas de Educação Básica Brasileiras. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, 2014; 22(84): 671-704. American Psychiatric Society (2012) ‘Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5).’ <http://www.dsm5.org/Pages/Default.aspx> (acessado 01 junho 2014). Bayliss DM, Jarrold C, Baddeley A, Leigh E. Differential constraints on the working memory and reading abilities of individuals with learning difficulties and typically developing children. J. Experimental Child Psychology, 2005; 92(1): 76-99. Baddeley A. The episodic buffer: a new component of working memory? Trends Cogn Sci., 2000; 4(11): 417-23. Bernadino JA, Freitas FR, Souza, DG, Maranhe EA, Bandini, HHM. Aquisição da leitura e da escrita como resultado do ensino de habilidades de consciência fonológica. Rev. Bras. Ed. Esp., 2006; 12(3): 423-450. Bicalho LGR, Alves LM. A nomeação seriada ápida em escolares com e sem queixas de problemas de aprendizagem em escola pública e particular. Rev. CEFAC, 2010; 12(4): 608-16. Boets B, Beeck HO, Vandermosten M, Scott SK, Gillebert CR, Mantini D, Bulthé J, Sunaert S, Wouters J, Ghesquière P. Intact but less Accessible Phonetic Representations in Adults with Dyslexia. Science, 2013; 342(6163): 1251–1254.

Bogdanowiczc KM, Łockiewicza M, Bogdanowicza M, Pąchalskab M. Characteristics of cognitive deficits and writing skills of Polish adults with developmental dyslexia. International Journal of Psychophysiology, 2014; 93 (1): 78–83.

Brasil. Ministério da Educação. Relatório Nacional, PISA 2012: Resultados Brasileiros. Disponível em: http://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/resultados/2014/relatorio_nacional_pisa_2012_resultados_brasileiros.pdf (acessado em 14/03/2016).

Brasil. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacional Anísio Teixeira. Enem por escola 2014. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/enem/enem-por-escola (acessado em 27/06/16).

Bottino AG, Correa J. A Compreensão Leitora de Jovens e Adultos Tardiamente Escolarizados. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2013; 26(2): 405-13.

Bruck M. ‘Persistence of dyslexics’ phonological awareness deficits.’ Developmental Psychology, 1992; (28): 874–86.

Page 110: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

102

Cantiane C, Lorusso ML, Guasti MT, Sabrischi B, Mannel, C. Characterizing the morphosyntactic processing deficit and its relationship to phonology in developmental dyslexia. Neuropsychologia, 2013; 51 (8,): 1595–1607.

Capellini SA, Sampaio MN, Kawats, KHS, Padula NAMR, Santos LCA, Lorencetti MD, Smythe I. Eficácia terapêutica do programa de remediação fonológica em escolares. Rev. Cefac, 2010 1(12): 27–37. Capellini SA, Smythe I. Protocolo de Avaliação de Habilidades Cognitivo- Lingüísticas. Editora Fundepe, 2008. Capellini SA, Ferreira TL, Salgado CA, Ciasca SM. Desempenho de escolas bons leitores, com dislexia e com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade em nomeação rápida automática. Rev Soc Bras Fonoaudiol., 2007; 12(2): 114–119. Capovilla AGS, Capovilla FC, Suiter I. Processamento cognitivo em crianças com e sem dificuldades de leitura. Psicol. Est., 2004; 9(3): 15-21. Capellini SA, Oliveira AM, Cuetos F. Provas de Avaliação do Processo de leitura. Casa do Psicólogo. São Paulo: 2010.

Cardoso-Martins C, Pennington BF. Qual é a Contribuição da Nomeação Seriada Rápida para a Habilidade de Leitura e Escrita? Evidência de Crianças e Adolescentes com e sem Dificuldades de Leitura. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2001, 14(2): 387-397.

Christodoulou JA, Del Tufo SN, Lymberis J, Saxler PK, Ghosh SS, Triantafyllou C, Whitfield-Gabrieli S, Gabrieli JD. Brain bases of reading fluency in typical reading and impaired fluency in dyslexia. Brain Bases of Reading Fluency, 2014; 9 (7): 1 -14.

Denckla MB, Rudel R. Rapid automatized naming of pictures objects, colors, and numbers by normal chidren. Cortéx, 1974 (10)1: 186-202. Figueiredo VL, Nascimento E. Desempenhos nas duas tarefas do subteste dígitos do WISC-III e do WAIS-III. Psicol Teor Pesqui., 2007; 23(3):313-8. Grivol MA, Hage SRV. Memória de trabalho fonológica: estudo comparativo entre diferentes faixas etárias. J. Soc. Bras. Fonoaudiol., 2011; 23 (3): 245 – 51.

Hernandez N, Andersson F, Edjlali M, Hommet C, Cottier JP, Destrieux C, Bonnet-Brilhault F. Cerebral functional asymmetry and phonological performance in dyslexic adults. Psychophysiology, 2013; 50(12):1226-38. Inácio A. Dificuldades de leitura em adultos sinalizados com dislexia: análise de alguns preditores cognitivos. [Dissertação/ Tese]. Faro: Algarve, 2015. Jincho N, Namiki H. Mazuka R. Effects of verbal memory and cumulative linguistic knowledge on reading comprehension. Japanese Psychogical Research, 2008; 50(1): 12-23. Kemp N, Parrila RK, Kirby JR. ‘Phonological and orthographic spelling in high-functioning adult dyslexics.’ Dyslexia, 2009; 15: 105–28.

Page 111: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

103

Kinder J, Elander J. Dyslexia, authorial identity, and approaches to learning and writing: a mixed methods study. Br J Educ Psychol., 2012; 82(2):289-307. Law JM, Wouters J, Ghesquière P. Morphological Awareness and Its Role in Compensation in Adults with Dyslexia. Dyslexia, 2015; 21(3): 254-72. Lindgrén AS, Laine M. Cognitive-linguistic performances of multilingual university students suspected of dyslexia. Dyslexia, 2011; 17(2): 184 – 200. Loras H, Sigmundsson H, Stensdotter AK, Talcott, JB. Postural Control Is Not Systematically Related to Reading Skills: Implications for the Assessment of Balance as a Risk Factor for Developmental Dyslexia. Postural Control and Reading, 2014; 9 (6): 1 – 8. Mayseless N, Breznitz Z. Brain activity during processing objects and pseudo-objects: comparison between adult regular and dyslexic readers. Clin Neurophysiol., 2011; 22(2):284-98. Moojen S. Protocolo de decodificação de sílabas complexas. Trabalho não publicado. 2001. Moojen S. Desempenho ortográfico de alunos do 3º ano do Ensino Médio de Escolas públicas e privadas de Porto Alegre. Trabalho não publicado. 2003. Moojen SA. Escrita ortográfica na escola e na clínica. Casa do Psicólogo. São Paulo: 2010. Moraes MP, Capellini AS. Conhecimento de letras, sílabas e palavras por escolares de 1º e 2º anos do ensino fundamental. Rev. Psicopedagogia. 2010; 27(84): 325 – 33. Nalavany BA, Carawan LW. Perceived family support and self-esteem: the mediational role of emotional experience in adults with dyslexia. Dyslexia. 2012;18(1):58-74. Nalavany BA, Carawan LW, Rennick RA. Psychosocial experiences associated with confirmed and self-identified dyslexia: a participant-driven concept map of adult perspectives. J Learn Disabil., 2011; 44(1):63-79. Navas ALGP, Ferraz EC, Borges JPA. Phonological processing deficits as a universal model for dyslexia: evidence from different orthographies. CoDAS, 2014; 26(6): 509 – 519. Navas ALGP, Pinto JCBP, Dellisa PRR. Avanços no conhecimento do processamento da fluência em leitura: da palavra ao texto. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol., 2009; 14 (3): 553-9.

Navas ALGP. What phonological deficit? Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2007;12(4):341-2.

Nelson JM, Gregg N. Depression and anxiety among transitioning adolescents and college students with ADHD, dyslexia, or comorbid ADHD/dyslexia. J Atten Disord. 2012;16(3):244-54. Nergard-Nilssen T, Hulme C. Developmental Dyslexia in Adults: Behavioural Manifestations and Cognitive Correlates. Dyslexia, 2014; 20 (3): 191–207.

Page 112: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

104

Olofsson A, Ahlb A, Taubec K. Learning and Study Strategies in University Students with Dyslexia: Implications for Teaching. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 2012; 47: 1184 – 1193. Oliveira AM, Cardoso MH, Capellini SA. Caracterização dos processos de leitura em escolares com dislexia e distúrbio de aprendizagem. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2012;17(2):201-7. Pecini C, Biagi L, Brizzolara D, Cipriani P, Di Lieto MC, Guzzetta A, Tosetti M, Chilosi AM. How many functional brains in developmental dyslexia? When the history of language delay makes the difference. Cogn Behav Neurol., 2011; 24(2):85-92. Pennington BR, Van Orden GC, Smith SD, Green,PA, Haith MM. Phonological processing skills and deficits in adult dyslexics.’ Child Development, 1990; 61: 1753-1778. Pontes VL, Diniz NLF, Martins-Reis VO. Parâmetros e estratégias de leitura e escrita utilizados por crianças de escola pública e privada. Rev. CEFAC., 2013; 15(4):827-836. Ramus F, Szenkovits G. What phonological deficit? Q J Exp Psychol, 2008; 61(1): 129-41. Re AM, Tressoldi PE, Cornoldi C, Lucangeli D. Which tasks best discriminate between dyslexic university students and controls in a transparent language? Dyslexia, 2011;17(3):227-41. Richlan F, Sturm D, Schurz M, Krombichler M, Ladurner G, Wimmer H. A common left occipito-temporal dysfunction in developmental dyslexia and acquired letter-by-letter reading? OT Dysfunction in Dyslexia, 2010; 5(8): 1 – 12. Rodrigues JC, Nobre AP, Gauer G, Salles JF. Construção da Tarefa de Leitura de Palavras e Pseudopalavras (TLPP) e Desempenho de Leitores Proficientes. Temas em Psicologia, 2015, 23 (2): 413-29. Romani C, Tsouknida E, Olson A. Encoding order and developmental dyslexia: a family of skills predicting different orthographic components. Q J Exp Psychol, 2015; 68(1): 99–128. Salles JF, Parente MAMP. Funções neuropsicológicas em crianças com dificuldades de leitura e escrita. Psic.: Teor. E Pesq., 2006: 22(2): 153-162. Salles JF, Piccolo LR, Zamo RS, Toazza R. Normas de desempenho em tarefa de leitura de palavras/pseudopalavras isoladas (LPI) para crianças de 1º ano a 7º ano. Estud. pesqui. psicol., 2013: 13(2): 397 - 419. Saraiva RA, Moojen SMP, Munarski R. Avaliação da compreensão leitora de textos expositivos: para fonoaudiólogos e psicopedagogos. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2006. Savill NJ, Thierry G. Reading for sound with dyslexia: evidence for early orthographic and late phonological integration deficits. Brain Res., 2011; 18:192-205.

Page 113: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

105

Sela I, Izzetoglu M, Izzetoglu K, Onaral B. A functional near-infrared spectroscopy study of lexical decision task supports the dual route model and the phonological deficit theory of dyslexia. J Learn Disabil., 2014; 47(3): 279-88. Serniclaes W, Ventura P, Morais J, Kolinsky R. Categorical perception of speech sounds in illiterate adults. Cognition, 2005; 98(2): 35-44. Shaywitz SE, Shaywitz BA. Dislexia precoce e seu impacto sobre o desenvolvimento socioemocional inicial. Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância. Centre of Excellence for Early Childhood Development, 2011. Disponível em: http://www.enciclopedia-crianca.com/Pages/PDF/ShaywitzPRTxp1.pdf (acessado: 29/02/2016). Snowling MJ, Nation K, Moxham P, Gallagher A, Frith U. ‘Phonological processing deficits in dyslexic students: a preliminar account’. Journal of Research in Reading, 1997; 20: 31–4. Szmalec A, Loncke M, Page MP, Duyck W. Order or disorder? Impaired Hebb learning in dyslexia. J Exp Psychol Learn Mem Cogn., 2011; 37(5):1270-9.

Trecy MP, Steve M, Martine P. Impaired short-term memory for order in adults with dyslexia. Research in Developmental Disabilities, 2013; 34 (7): 2211–2223.

Undheim, AM. A thirteen-year follow-up study of young Norwegian adults with dyslexia in childhood: reading development and educational levels. Dyslexia, 2009; 15(4): 291 – 303. Vellutino F, Fletcher JM, Snowling MJ, Scanlon DM. How many functional brains in developmental dyslexia? When the history of language delay makes the difference. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 2004; 45 (1): 2–40. Ziegler JC, Bertrand D, Tóth D, Csépe V, Reis A, Faísca L, Saine N, Lyytinen H, Vaessen A, Blomert L. Orthographic Depth and Its Impact on Universal Predictors of Reading: A CrossLanguage Investigation. Psychological Science, 2010; 21(4): 551-9.

Page 114: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

106

Resumo

O objetivo deste trabalho foi contribuir para as diretrizes na avaliação de linguagem

escrita em jovens adultos. Para isso o trabalho foi dividido em 3 estudos. No Estudo 1

realizou-se uma revisão sistemática da literatura com o intuito identificar quais são os

instrumentos usados para a avaliação de linguagem escrita em jovens adultos. Foi

realizado um levantamento nas bases de dados PubMed e ScienceDirect, dos artigos

publicados nos últimos 10 anos, com a combinação dos termos “dislexia” AND “adulto”

OR “adolescente”. De acordo com os resultados, as avaliações de desempenho em

linguagem escrita e funcionamento cognitivo são as mais utilizadas para diferenciar

bons e maus leitores. O processamento fonológico (consciência fonológica e memória

fonológica) é a área de linguagem oral mais frequentemente investigada para traçar o

perfil da dislexia. O Estudo 2, teve como objetivo caracterizar o desempenho de

linguagem escrita em jovens adultos. Foram avaliados 30 estudantes do ensino

superior em tarefas de processamento fonológico (nomeação rápida e memória

fonológica) e de linguagem escrita (leitura de sílabas complexas, palavras,

pseudopalavras e textos, e ditado de palavras). Os resultados foram analisados de

maneira descritiva e submetidos às análises inferenciais como Teste-t, Teste de

correlação e Análise de componentes principais. As tarefas foram agrupadas em 4

componentes, que explicam até 80% da variância de desempenho do grupo (o tempo,

a acurácia de decodificação e a precisão de codificação, a fluência de leitura de texto

e a velocidade de processamento). A partir dos resultados do Estudo 1 e 2, foi

elaborado um guia com recomendações para a avaliação de linguagem escrita em

jovens adultos (Estudo 3). As habilidades relacionadas ao acesso fonológico (memória

fonológica e nomeação rápida) foram recomendadas na avaliação do processamento

fonológico. Já a velocidade e acurácia de decodificação, precisão na codificação e

fluência de leitura de textos foram indicadas na avaliação de linguagem escrita em

jovens adultos.

Descritores: Dislexia; Leitura; Linguagem; Escrita manual; Avaliação; Adulto jovem

Page 115: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

107

Abstract

The aim of this study was to contribute to the guidelines for written language

assessment in young adults. For this, the study was divided into three parts. In Study 1,

we performed a systematic review of the literature to identify which are the tests used

for the assessment of written language in young adults. A survey was conducted in the

databases PubMed and ScienceDirect, for articles published in the last 10 years, with

the combination of the terms "dyslexia" AND "adult" OR "adolescent". The results

showed, that performance in writing language and cognitive function are frequently

used to differentiate between good and poor readers. Phonological processing

(phonological awareness and phonological memory) is the area of oral language most

often investigated in dyslexia. Study 2, aimed to characterize the written language

performance in young adults. The sample consisted of 30 students of higher education.

They were assessed for phonological processing (rapid naming and phonological

memory) and written language tasks (reading complex syllables, words, pseudo words

and texts, and dictation). The results were analyzed descriptively and subjected to

inferential analyzes such as t-test, correlation analysis and principal components

analysis. The variables are grouped into four components, which explains almost 80%

of the variance (time, the accuracy of decoding and coding accuracy, reading fluency

and processing speed). From the results of Study 1 and 2, it was possible to organize a

guide with recommendations for the assessment of written language in young adults

(Study 3). The skills related to access phonological processing (phonological memory

and rapid naming) were recommended. The speed and accuracy of decoding,

encoding accuracy and fluency of reading were also indicated for the assessment of

written language in young adults.

Keywords: Dyslexia; Language; Reading; Written; Assessment; Young adult

Page 116: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

108

Listas e Apêndices

Figura 1. Organograma do processo sistemático de busca da revisão.

Figura 2. Organograma de busca por base de dados.

Figura 3. Distribuição dos artigos ao longo dos anos pesquisados (2005 – 2015).

Figura 4. Distribuição dos artigos por idioma falado pelos participantes do estudo

(língua materna).

Figura 5. Distribuição dos artigos de acordo com as habilidades linguísticas avaliadas.

Figura 6. Distribuição dos artigos estudados de acordo com as tarefas de linguagem

escrita propostas.

Figura 7. Distribuição dos artigos estudados de acordo com as habilidades cognitivas

avaliadas.

Figura 8. Distribuição dos participantes do estudo de acordo com o tipo de escola

frequentada.

Figura 9. Distribuição dos participantes em relação ao tempo total de leitura (em

segundos) de sílabas complexas.

Figura 10. Distribuição dos participantes em relação à porcentagem de acertos na

leitura de sílabas complexas.

Figura 11. Distribuição dos participantes em relação ao número de palavras lidas por

minuto (taxa de leitura em lista de palavras).

Figura 12. Distribuição dos participantes em relação ao número de pseudopalavras

lidas por minuto (taxa de leitura em lista de pseudoplavras).

Figura 13. Distribuição dos participantes em relação ao número de palavras lidas

corretamente por minuto (acurácia de leitura em lista de palavras).

Figura 14. Distribuição dos participantes em relação ao número de pseudopalavras

lidas corretamente por minuto (acurácia de leitura em lista de pseudopalavras).

Figura 15. Distribuição dos participantes em relação ao número de palavras lidas por

minuto no texto (taxa de leitura em texto).

Figura 16. Distribuição dos participantes em relação ao número de palavras lidas

corretamente por minuto no texto (acurácia de leitura em texto).

Figura 17. Distribuição dos participantes em relação ao desempenho na tarefa de

velocidade de nomeação (RAN), medida em segundos, na prancha A e B.

Figura 18. Distribuição dos participantes em relação ao desempenho na tarefa

repetição de dígitos, ordem direta e indireta.

Page 117: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

109

Figura 19. Distribuição dos participantes em relação ao número de acertos na tarefa

de ditado de palavras.

Figura 20. Desempenho do tempo do total de leitura e da porcentagem de acertos na

leitura de sílabas complexas por tipo de escola.

Figura 21. Desempenho em acurácia de leitura de palavras e pseudopalavras por tipo

de escola.

Figura 22. Desempenho em acurácia de leitura de texto por tipo de escola.

Figura 23. Desempenho em tarefa de nomeação rápida (RAN prancha A e B) por tipo

de escola.

Figura 24. Desempenho em tarefa de memória em apresentação na ordem direta e

inversa por tipo de escola.

Figura 25. Desempenho em tarefa de ditado considerando o número de acertos.

Tabela 1. Distribuição dos artigos excluídos no Estudo 1.

Tabela 2. Instrumentos de avaliação da linguagem escrita.

Tabela 3. Análise descritivas das tarefas realizadas no Estudo 2.

Tabela 4. Análise de variância (Kruskal-Wallis) para o efeito tipo de escola no

desempenho em acurácia de leitura de palavras, pseudopalavras e texto, porcentagem

de acerto na leitura de sílabas complexas e velocidade de nomeação rápida (RAN

prancha A).

Tabela 5. Correlação entre as tarefas do Estudo 2.

Tabela 6. Análise dos Componentes principais do Estudo 2.

Apêndice 1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Apêndice 2. Aprovação do comitê em ética e pesquisa (Plataforma Brasil).

Page 118: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

110

Apêndice 1

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Título da pesquisa: Diretrizes para a Avaliação de Leitura em Adolescentes e

Adultos

Eu, ______________________________________________________,

portador do RG _________________________, declaro ter sido informado (a),

verbalmente e por escrito, a respeito da pesquisa intitulada: “Diretrizes para a

Avaliação de Leitura em Adolescentes e Adultos”.

Esta pesquisa será realizada pela fonoaudióloga Juliana Postigo Amorina, RG

43552519-0, CRFa. 18044/SP, aluna do Programa de Mestrado em Saúde da

Comunicação Humana da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo, sob orientação da Profa. Dra. Ana Luiza Gomes Pinto Navas, RG 14922769-3,

CRFa. 4842/SP.

O objetivo desta pesquisa é elaborar um guia de avaliação de leitura para

adolescentes e adultos.

Sua participação nessa pesquisa é totalmente voluntária e não apresenta

nenhum risco ou desconforto. Em hipótese alguma, o (a) participante da pesquisa será

identificado (a). A identificação será apenas de conhecimento do pesquisador, que

nada revelará, por questões éticas. O (A) participante fica livre para, a qualquer

momento, retirar o seu consentimento e deixar de participar do estudo. Os dados

coletados serão utilizados somente para pesquisa e os resultados serão veiculados

através de artigos científicos em revistas especializadas e/ou encontros científicos e

congressos, sem nunca divulgar a sua identificação.

A sua participação se resumirá em um momento com 30 minutos de duração

no qual será realizada uma avaliação das habilidades de linguagem escrita. Essa

avaliação será composta por: 1) Velocidade de nomeação rápida (nomear oralmente

figuras conhecidas apresentadas em uma prancha); 2) Fluência de leitura de palavras

e pseudopalavras (ler uma lista de 30 palavras reais e 30 palavras inventadas); 3)

Fluência de leitura de texto (ler um texto compatível com seu nível de escolaridade); 4)

Memória sequencial auditiva de palavras e pseudopalavras (repetir oralmente palavras

reais e inventadas apresentados por meio de um fone de ouvido) e; 5) Teste de

repetição de dígitos (repetir dígitos apresentados oralmente pela avaliadora na forma

Page 119: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

111

direta e indireta). Todas as tarefas da avaliação serão gravadas por meio de um

gravador portátil para posterior análise dos resultados.

Os pesquisadores principais deste estudo, acima citados, podem ser

encontrados no Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa

Casa de São Paulo, situado à Rua Dr. Cesário Mota Júnior, 61, 8º andar, Vila

Buarque/SP, telefone (11) 33677785.

E por ter ficado claro quais são os objetivos do estudo, os procedimentos a

serem realizados, a ausência de risco ou desconforto para mim. Assim, participarei

voluntariamente deste estudo, uma vez que foi garantido o seu anonimato.

São Paulo, ____ de _______________________ de 2016.

_______________________________________

(assinatura do participante)

________________________________________

(assinatura do pesquisador)

_______________________________________

(assinatura da testemunha)

Page 120: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

112

Apêndice 2

Page 121: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

IRMANDADE DA SANTA CASADE MISERICÓRDIA DE SÃO

PAULO

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

Pesquisador:

Título da Pesquisa:

Instituição Proponente:

Versão:

CAAE:

Diretrizes para a Avaliação de Leitura em Adolescentes e Adultos

Ana Luiza PGP Navas

IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICORDIA DE SAO PAULO

2

52983015.5.0000.5479

Área Temática:

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Número do Parecer: 1.435.467

DADOS DO PARECER

A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas áreas da saúde e

da educação. A Psicologia Cognitiva vem estudando os processadores envolvidos nessa competência

humana a fim de compreender melhor o papel das habilidades cognitivas e linguísticas nesse processo, e

assim, aprimorar a avaliação, as estratégias de ensino e reabilitação das competências leitora e escritora.

Dentre os processamentos linguísticos estudados, o fonológico tem explicado os déficits cognitivos na

leitura. Diversos estudos têm citado o déficit no

processamento fonológico como um modelo universal para explicar diferentes manifestações em todas as

épocas e contextos de língua e ortografia.

Sendo assim, faz-se necessário compreender o perfil das habilidades relacionadas à linguagem escrita na

vida adulta a fim de criar critérios avaliativos que contribuam para a investigação diagnóstica do distúrbio de

leitura e escrita nessa faixa etária.

Apresentação do Projeto:

O objetivo do presente trabalho é elaborar um guia com diretrizes para a avaliação de leitura em

adolescentes e adultos.

Objetivo da Pesquisa:

Não há riscos envolvidos.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

Financiamento PróprioPatrocinador Principal:

01.221-010

(11)2176-7689 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

SANTA ISABELVILA BUARQUE

UF: Município:SP SAO PAULOFax: (11)2176-7688

Página 01 de 03

Page 122: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

IRMANDADE DA SANTA CASADE MISERICÓRDIA DE SÃO

PAULO

Continuação do Parecer: 1.435.467

Pesquisa bem delineado de acordo com a resolução 466/12 da CONEP.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:

Pendência esclarecida.

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Recomendações:

Cronograma esclarecido.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

As pendências foram resolvidas. A documentação completa do projeto foi aprovada pelo CEP da Santa

Casa de São Paulo. Apresentar Relatórios parciais e final do projeto. (modelo na página do CEP) 1º relatório

deverá ser apresentado ao CEP via Plataforma Brasil em 03/09/2016.

Considerações Finais a critério do CEP:

Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:

Tipo Documento Arquivo Postagem Autor Situação

Informações Básicasdo Projeto

PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_PROJETO_546221.pdf

27/02/201617:13:00

Aceito

Cronograma CronogramaJulianaAmorina.doc 26/02/201614:29:59

Ana Luiza PGPNavas

Aceito

Outros JulianaCC.pdf 04/02/201612:13:14

Ana Luiza PGPNavas

Aceito

Outros autorizacaoJuliana.pdf 26/01/201608:37:32

Ana Luiza PGPNavas

Aceito

Declaração dePesquisadores

CompromissoJULIANA.pdf 31/08/201514:34:25

Ana Luiza PGPNavas

Aceito

Orçamento OrcamentoJULIANA.pdf 31/08/201511:31:07

Ana Luiza PGPNavas

Aceito

TCLE / Termos deAssentimento /Justificativa deAusência

TCLEJULIANAAMORINA.doc 31/08/201511:30:48

Ana Luiza PGPNavas

Aceito

Projeto Detalhado /BrochuraInvestigador

ProjetodePesquisaJULIANA2015.docx 31/08/201511:30:19

Ana Luiza PGPNavas

Aceito

Folha de Rosto FolhadeRostoJULIANA.pdf 31/08/201511:29:47

Ana Luiza PGPNavas

Aceito

Situação do Parecer:Aprovado

01.221-010

(11)2176-7689 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

SANTA ISABELVILA BUARQUE

UF: Município:SP SAO PAULOFax: (11)2176-7688

Página 02 de 03

Page 123: Diretrizes para a Avaliação de Linguagem Escrita em Jovens ...€¦ · 1. Introdução A aquisição e o desenvolvimento da linguagem escrita são objeto de pesquisa de diversas

IRMANDADE DA SANTA CASADE MISERICÓRDIA DE SÃO

PAULO

Continuação do Parecer: 1.435.467

SAO PAULO, 03 de Março de 2016

Maria Helena Vianello Richtzenhain(Coordenador)

Assinado por:

Necessita Apreciação da CONEP:Não

01.221-010

(11)2176-7689 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

SANTA ISABELVILA BUARQUE

UF: Município:SP SAO PAULOFax: (11)2176-7688

Página 03 de 03