direito romano - sebastião cruz

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Livro de Direito Romano e comparação com Direito Civil brasileiro

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SEBASTIO CRUZDIREITO ROMANO. LIESPLANO GERALIntroduo1-Conceito de Direito Romano. 1I-Fases caractersticas do estudo do Direito Romano. 111-Actualidade dos estudos romanisticos. IV-Razes justificativas da utilidade do ensino do Direito Romano nas actuais Faculdades de Direito. V -Critrio e mtodo a seguir. Matrias a versar. VI-Principal bibliografia.1.a Parte-Fontes do lus RomanumI -Fontes. Conceito. Espcies. II-Costume. 111 -Lei das XII Tbuas. IV-Fontes do lus Civile (D. 1,1,7 pr.). V-Fontes do lus Praetorium (D. 1,1,7,1) VI--Cincia jurdica e as vrias escolas. VII -Literatura jurdica. VIII -Principais jurisconsultos. IX -Obras e colectneas pr-justinianeias: A)-Ocidentais; BI-Orientais. X - Corpus furis Civilis. XI-Interpolaes, glosemas e glosas.2.a Parte - Vrios conceitos e diversos princpios jurdicos Negcios jurdicos. Actuo e processo civilI-Fas, ius, (ustitia, aequitas. li-1us civik, ias honorarium, ius praetorium, ius naturale. 111-lus publicum e ius privatum. IV -Negcios jurdicos (nexum, stipulatio, negcios per aes et libram, mancipatio, in lure cesso, traditio, etc.) V-lus e actuo. VI-As actiones do processo civil romano.3.a Parte - Algumas instituies do idos Romanum1-Personalidade jurdica. II-Patrimonium e propriedade. III-Obrigaes. IV-Sucesses e doaes.Este 1 vol. compreende a latreduio e a 1! Parte.0 II vol. (em preparao) abranger a 2.' e a 3.4 Partes.Um III vol. (a preparar) conter uma seleco de textos jurdicos, no originale em traduo portuguesa, acompanhados dum brevssimo comentrio.SEBASTIO CRUZDIREITO ROMANO(IUS ROMANUM)IINTRODUO. FONTES4. EDIORevista e ActualizadaCOIMBRA1984AOS ESTUDIOSOS BRASILEIROS DE DIREITO ROMANOiH quem nos chame (a ns, juristas) sacer. dotes; e com razo. Na verdade, prestamos culto Justia; professamos a cincia do bom e do equitativo-separando o quo do inquo, dizendo o que justo e o que injusto, discernindo o lcito do ilcito, esforando-nos para que os homens sejam bons, no s atravs da ameaa das penas mas sobretudo pelo estimulo dos prmios (inerentes' ao cumprimento dodevido) .ULPIANUS-(Lib. I Institutionum), D. 1.1,1,1NDICE GERALPRLOGO DA 1.' EnrXo ...PRLOGO DA 2.' EDIO ...ALGUMAS ABREVIATURAS ... XLVIIXIXXLVIDIREITO ROMANO (IUS ROMANUM)Muitos princpios do Direito Romano esto de perfeita harmonia com a recta razo, e por isso formam como que uma filosofia jurdica perene.A. VAN HOVE, Prolegomena luris2 (Lovaina, 1965)0 Direito- Romano ajuda preparao do jurista moderno... o alfabeto e a gramtica da linguagem jurdica e de toda a Cincia do Direito.A. BISCARD1 em Labeo 2 (1956) 211Apresentao da disciplina...INTRODUOTtulo I - CONCEITO DE DIREITO ROMANO 1. Noo vaga1Capitulo 1..'-Certos prolegmenos ao conceito de DR 2. Necessidade da existncia de normas sociais;Particular necessidade da existncia de normas jurdicas; comose distinguem das outras normas sociais 87vrias espcies.. necessrio que o estudo do Direito Romano ocupe o primeiro lugar, no currculo, uma vez que constitui a base necessria e fundamental para conduzir os jovens compreenso do Direito.(A primeira das trs concluses, aprovadas por deciso unnime, do Colquio internacional de Direito Romano, realizado em Julho de 1970 no Rio de Janeiro; vid. infra 157 e 158. Vejam-se tambm pgs. XXI-XXXVI do Prlogo, e 113-120 e 126 do texto).Captulo 2'-Anlise da primeira parte da expresso lus Romanum 3. a) lus (noo etjmolgca) ... b) lus (noo real) Captulo 3.-lus. Derectum (Directum). DireitoA questo. Problema principal; problemas secundrios ...16 20 4.24ixCaptulo 4.' - Vrias acepes em que pode e deve ser tomada a expresso Direito RomanoCaptulo 6.' - Tradio romanista (scs. VI-XX) 5. A expresso Direito Romano, como Direito dum povo, expresso muito vaga 33Deve ser tomada em trs grandes acepesA) -em sentido rigoroso (stricto sensu)B) -em sentido amplo (lato sensu)C) -em sentido muito amplo (sensu latissimo)Corpus luris Civilis (Conspecto geral)Quem mandou organizar essa compilao; factores que contriburampara a sua efectivao ... . 35 Partes, datas e divises 36Edio crtica e escolar 37Captulo 5.' - Ius Romanum (Direito Romano stricto sensu)a) - pocas histricasp)- Relao entre lus Romanum e Imperiuma) - pocas histricas da vida do lus Romanum 6. Necessidade de estabelecer uma periddizao na vida do lus Romanum 39 Critrios mais importantes: poltico, normativo e jurdico (externoe interno). Crtica 41 Segundo o critrio adoptado (o jurdico interno - razes), h quatro pocas histricasa) poca arcaica (753 a.C.(?}130 a.C.) ... 43 b) poca clssica (130 a.C.-230 d.C.) ... 46 c) poca post-clssica (230-530) 48 d) poca justinianeia (530.565) 51I-ius e auctoritas 55II-Direito e Poltica em Roma 56b) As vrias formas polticas de Roma: Monarquia, Repblica, Principado e Dominado. (Breve apontamento] 58 c) Confronto, atravs duma tbua cronolgica, entre a vida do IusRomanum e a vida do Imperium 82I - Supervivncia do Lus Romanum II-Estudo do lus RomanumI - Supervivna do lus Romanum (scs. VI-XX)0 fenmeno... ... 88a) No Oriente ... 88b) No Ocidente 90II - Estudo do fus Romanum (scs. VI-XX) Perodos e EscolasPRIMEIRO perodo (scs. VI-XI): no Oriente ... 91no Ocidente 93SEGUNDO perodo (scs. XI-XX). S interessa Ocidente ... 94Fenmeno da recepo 95Escolas: 1) - dos glosadores (scs. XI-XIII) ... 96(viso geral) 2) -dos comentadores (scs. XIII-XV) ... 97 3) -culta (scs. XVI-XVIII) 99 4)-do Direito Natural (scs. XVIII-XIX)... 995)-Histrica Alem (sc. XIX) 100Captulo 7.'-Direito Romano (sensu latissimo) 10. Compreende a existncia de 27 sculos, 13 de vida e 14 de superviTtulo II-FASES CARACTERSTICA DO ESTUDO DO DIREITO ROMANO 11. 1.' fase, desde o incio at cerca de 1900 103 12. 2.' fase, desde 1900 at cerca de 1950 104 13. 3.' fase, desde 1950 ... 110Ttulo III-ACTUALIDADE DOS ESTUDOS ROMANSTICOS 14. a) Como feito, presentemente, o ensino do Direito Romano, nos vrios pases.... 113b) Sociedades de juristas defensoras dos estudos romansticos ... 115c) Revistas de Direito Romano 11534 8.9.p) - Relao entre lus Romanum e Imperium 7. a) Conexo entre a vida do Ius Romanum e a vida do Imperium Sua razo de ser: -conexo entre54101XXITtulo IV-RAZES JUSTIFICATIVAS DA UTILIDADE DO ENSINO DO DIREITO ROMANO NAS ACTUAIS FACULDADES DE DIREITO 15. Enumerao, por ordem hierrquica, e anlise das vrias razes ... 117 Titulo V -ITRIO E MTODO A SEGUIR. MATRIAS A VERSAR 16. a) Critrios utilizados; critrio a usar ... ... 121 b) Mtodo, instrumental e processamento ... ... 124c) Matrias a versar: o ideal; o possvel ... ... 125Titulo VI-PRINCIPAL BIBLIOGRAFIA 17. a) Livros 127b) Revistas 155c) Autores principais da actualidade ... 1561.' PARTEFONTES DO IUS ROMANUMTtulo I - FONTES DO lUS ROMANUM. CONCEITO. ESPCIES 18. Fontes do lus Romanum ... 161a) Conceito 162... 163c) Conspecto geral das fontes cogrrascendi 165Ttulo 11-COSTUME 19. 0 costume 169a) Conceito moderno (consuetndo) e conceito romano (mores maiorum) 170b) Costume (mores maiorum) e ius non-scriptum. A inaerpretatio ... 172 e) Fases do costume (mores maiorum) como fonte do lus Roma173d) Costume (consaerudo) ... . 174Ttulo X1l-LEI DAS XII TBUAS 20. a) Primeira lei do lus Romanum? Problema das legas regiae oulus Papirianum... . 175b) 0 que diz a tradio e qual o seu valor a respeito da Lei das XIITbuas 182c) Data 182 d) 182 e) Diviso, contedo e importncia 183 f) Actividade da interpretar depois da Lei das XII Tbuas ... 184g) Anlise da Tb. III 185Ttulo IV-FONTES DO IUS CIVILE (D.1,1,7 pr.) A)-LEGES senso stricto B)-LEGES senso latoC)- IURISPRUDENTIACapitulo I.-A) LEGES (sensu stricto): ROGATAE, DATAE(?), DICI'AE 21. a) Conceito de lex ... 200 b) Espcies... . 202c) Leges publieae. Evoluo ... 205Captulo 2.-B) LEGES (senso lato)(x) SenatusconsultosR) Constituies imperiaise)- Senausconsulta 22. a) Conceito 217 b) Como adquiriram fora legislativa ... 218 c) Como a foram perdendo 222 d) Estrutura formal. Denominao 223 e) Exemplos. Especial anlise dos senas. VeUcianum. Neronianum eMacedomanum ... 224SENATUSCONSULTUM VELLEIANUM 23. 1- Razo da sua denominao, data, contedo e antecedentes 233, 2-Intercessio. Conceito. Espcies 235 3 - Justificao oficial da proibio da intercessio ... 2364 - Efeito ... 237... 2386 - Anlise dalgumas modalidades da intercessio cumulativa.., 239 7 - Relao entre intercessio cumulativa na forma de obrigao correal, adpromissio, expromissio e intercessio tacita 245XIIXIIISENATUSCONSULTUM NERONIANUM 24. a) Razo da designao, data e matria b) Espcies de legados e respectivas frmulas ... c) Contedo: primitivo; posteriores ampliaesc) Missiones in possessionem 326d) Interdicts 327SENATUSCONSULTUM MECEDONIANUM 25. a)b)c) Consequncia d) A quem era concedida a exceptio (senac. Macedoniani)... e) Casos em que era negada a exeeptia (senac. Macedoniani) f) Fraude ao senac. Macedonianum; consequncia ...P) - Constitutiones Principum 26. a) As constituies imperiais durante o principado e parte do domi. nado (scs. I-IV)b) No Baixo-Imprio (scs. IV-VI) Captulo 3.-C) Iurisprudentia 27. a) Carcter complexo do saber-jurdicob) lurisprudentia. Anlise de D.1,1,10,2 c) Evoluo histrica da iurisprudentia d) Funes dos jurisprudentes e) A iurisprudentia como fonte de direito ...Ttulo V -FONTES DO IUS PRAETORIUM (D.1,1,7,1)A) Expedientes do pretor baseados no seu imperium B) Expedientes do pretor baseados na sua iurisdictio C) 0 Edictum do pretorIUS PRAETORIUM 28. a)b) Relao com o jus honorarium, com o jus civile e com o Jus Romac) Fases da actividade do pretor (urbano) Captulo 1. - A) Expedientes do preta baseados no seu imperium 29. a) Stipulationes praetoriae b) Restitutiones in integramXIVCapitulo 2.-B) Expedientes do pretor baseados na siga iurisdictio 30. a) Posio do pretor, na organizao dos processos, antes da lexAebutia de formulis 332 b) Posio do pretor depois da lex Aebutia de formulis; carcter doprocessar per formulas c) Anlise muito breve dos vrios expedientesCaptulo 3. - C) 0 edictum do pretor 31. a) Misso, actividade, controle e expedientes do pretor (sntese) b) Formas utilizadas pelo pretor na concesso dos expedientes:decreta e edicta 340c) Espcies de edicta do pretor 341 d) Codificao dos edictos do pretor. 0 Edictum Perpetuum: existncia; natureza jurdica 343 e) Reconstituio e ordem do Edictum, segundo LENEL; crde FUENTESECA 345Ttulo VI - CINCIA JURDICA E AS VRIAS ESCOLAS 32. a) At ao sc. III, no h escolas (de Direito) 351 b) A partir dos fins do sc. III, mas sobretudo dos meados do sc. IV,verifica-se a necessidade de escolas (de Direito) 353 c) Escolas principais: Roma, Beirute, Constantinopla, Alexandria eCesareia 354 Escolas das provncias 358e) Importncia da Escola em si 359 Valor das escolas do Oriente e do Ocidente 359Ttulo VII -LITERATURA JURDICA 33. Vrios tipos de obras jurdicas ... 361a) De carcter elementar ... 362b) De carcter casutstico .., 365 c) De carcter enciclopdico ... 367 Tratados 368 e) Comentrios a normas e a institutos isolados 370 Obras diversas 371XVData; fontes. Conceito, designao, contedo, finalidade e carctei Efeito 333 3351-E. ceptio e denegatio actions .,. .,, 3362-Actions praetoriae 337339Ttulo VIII-PRINCIPAIS JURISCONSULTOS34. Simples indicao de jurisconsultos importantes (46). Referencia especial a 21 juristas principais 381Ttulo IX -OBRAS E COLECTNEAS PR-JUSTINIANEIAS405Cdigo Teodosiano 411 (1) Classificao de certas colectneas pr-justinianeias. Critriadoptado 425A) - Principais obras ou colectneas pr justinianeias ocidentais(scs. Ill-IV): Fragmenta Vaticano, Collatio, Consultatio, Pauli.Sententiae, Epitome Goi, Gaio de Autun. Ttuli ex Corpore Ulpiani e Interpretations 426B) - Principais obras ou colectneas pr-justinianeias orientais(scs. 111-VI): Leges Saeculares (ou Livro Siro-Romano), Scholia Sinaitica e Res Cottidianae 436Ttulo X -CORPUS IURIS CIVILISCaptulo 1.-A)-Planos de JustinianoPlano inicial - Codex Vetas (529): comisso incumbida da elaborao; publicao h) Plano posterior: realizao duma grande colectnea de luz e dereges 446Capitulo 2. - B) - Anlise das vrias partes do Corpus luris Civilis 37. I - Digesta ou Pandectae (16-12-533)a) Preparao da colectnea de ius: Quinquaginta decisiones455b) Elaborao (comisso redactora, const. Deo auctore, de15-12-530) e publicao (const. Tanta -8wxcv,de16.12.533) 456 c) Autores e obras utilizadas. Sistematizao e forma de citar 458d) Proibio de comentar o Digesto e obrigao de o adoptar nas escolas e nos tribunais e) Problemas externos elaborao e publicaoI - Distribuio dos fragmentos dentro de cada ttulo 468 II - Mtodo de trabalho dos compiladores. Teorias 4702-Institutions (21-11-533)a) Elaborao e publicao (const. Imperatoriam maiestatem,de 21-11-533) 479 b) Fontes utilizadas. Sistematizao. Modo de citar,.. 480 c) Carcter normativo ... 482d) Modo de elaborao ... 4823 - Codex [repetitae praeleetionis] (17-11-534)a) Elaborao e publicao (const. Cordi, de 17-11-534) ... 483b) Fontes utilizadas. Sistematizao. Modo de citar ... 4854 - Novellae (constitutions)-535 a 565a) Actividade legislativa de Justiniano, depois do Codex 487b) Partes de uma Novella; matria das Novellae 488 c) Colectneas privadas de NovellaeI - Epitome luliani 489 II - Authenticum 490III - Colectnea grega (580?) 492 IV - Modo de citar as Novelas: a) - uso moderno;p)-formas antigas 493Captulo 3. - C) - Manuscritos das diversas partes do Co~ Iuris Civilis 38. Manuscritos:1 - das Institutiones ... 496 2 - dos Digesta ou Pandectae ... 4973 - do Codex ... ... 4984 -das Novellae ... ... 498Captulo 4.-D)-Edies do C.I.C. Repartio medieval do Corpus luris Civilis e dalgumas coltneas 39. a) Edies do Corpus luris Civilis:a) - At ao sc. XVI, parcelares e glosadas 500 p) - A partir do sc. XVI, no-glosadas e quase todas de con... 461 35. a) A partir do sc. IV, especial necessidade de textos jurdicosb) Carcter geral dos novos textos c) Espcies de colectneas: de leges, de ius, e de ius e de leges ...Cdigo Gregoriano e Cdigo Hermoge403 405 405 36. a)442503XVIXVIIb) Repartio medieval do Corpus !uris Civilis e dalgumas colect505Ttulo XI - INTERPOLAES, GLOSEMAS E GLOSAS 40. a)InterpolaesI - Conceito e critrio para as descobrir II - Evoluo da crtica interpolacionstica III - As interpolaes no Corpus !uris Civilis. ... IV - As interpolaes nas fontes prjustinianeiasb) Glosemas (e glosas): conceito; critrios para as descobrir; seu estudo; verificao em diversas fontes c) Alguns sinais diacrticos APNDICE (consts. Tanta e A&wxev, trad. esp. de A. D'oRS). ... ... 525NDICESPRLOGOConcludas as nossas provas de doutoramento na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em Dezembro de 1962, a mesma Faculdade confiava-nos a regncia da cadeira de Direito Romano em. Janeiro de 1963.Vimos ento claramente e sentamos bem a responsabilidade. Procurmos corresponder o melhor possvel confiana em ns depositada.Seria muito mais agradvel continuar a investigao sobre o tema da solutio, que tnhamos iniciado com a nossa disser . tao de doutoramento, e publicar o II vol., a fim de nos apresentarmos, depois, a solicitar a abertura de concurso para professor extraordinrio.Seria mais agradvel, mais til e, individualmente, sem dvida muito mais proveitoso. Bons Amigos incitavam-nos realizao desse plano.Entendamos, porm, que, dadas as circunstncias, e semelhana do que exigido noutros pases, o trabalho principal a elaborar por quem aspira a ser professor deveria consistir na publicao dumas lies, embora s policopiadas; nas provas de doutoramento, o candidato docncia j teria mostrado ou no qualidades de investigador. Resolvemos, portanto, suspender a investigao no campo da solutio -e, de incio, bem nos custouassim coma outros trabalhos de responsabilidade, e preparar Lies.509510 515 518 519520 5221. De Fontes 2. De Matrias3. De Autores 4. De certas Mximas ou Aforismos Jurdicos553 563 597 605CORRIGENDA POSFCIO... 607... 609XVIIIXIXLogo no primeiro ano, curso de 1962-63, tentmos ensaiar uma nova orientao. No curso de 1963-64, apresentmos, policopiadas, Lies novas, mas incompletas; no curso de 1964-65, aumentmos a exposio de matrias; no curso de 1965-66, surgia nova edio, ainda policopiada, mas j em dois tipos de letra diferentes imitando uma edio impressa.Por aqui tencionvamos ficar algum tempo, a fim de retomarmos a investigao sobre o tema da solutio, para publicar o II volume, cujos materiais - em grande parte recolhidos em Espanha, Itlia e Alemanha-, era necessrio ir actualizandode ano para ano.0 interesse dos alunos incitou-nos, porm, a dar prioridade a esta publicao, que , portanto, como que uma 3.a edio das primeiras Lies. Para a deciso final tambm contriburam, e no pouco, os simpticos estudantes brasileiros que frequentaram, com tanto entusiasmo, as nossas aulas do 3. perodo do curso de 1966-67.Resolvemos ento deixar tudo, e, desde Fevereiro de 1967, com sacrifcio de muita coisa, viver prticamente s para este trabalho.Todavia, certas interpretaes e formulaes pessoais, sobretudo de alcance propedutico, so o fruto de longas reflexes; longas e frequentes, pois alguns problemas, sobre que vimosmeditando h alguns anos, tm hoje uma soluo diferente da que se encontra no texto, comeado a imprimir h vrios meses. V.g. a hiptese de trabalho apresentada a pdgs. 19-31 j passou a tese. [Ver nossa separata - Ius. Derectum.. Derecho. Direito. (Reposio do problema principal. Nova anlise de alguns problemas secundrios) -, (Coimbra,1969)].Estas Lies foram elaboradas para alunos que vivem no ambiente jurdico portugus.Ora, primeiro : o nosso programa oficial de estudos dedica a esta disciplina apenas trs horas semanais de aulas tericas, e s durante um ano escolar. Em nenhuma parte da Europa - nem mesmo, prticamente, na Frana - e em nenhum pas do mundo civilizado, se consagra to pouco tempo ao ensino do Ius Romanum como actualmente em Portugal.Segundo: a opinio de vrias pessoas influentes desfavorvel ao alargamento do ensino do Direito Romano, certamente por total desconhecimento do problema, pois de certeza no devem ter acompanhado o extraordinrio movimento dos estudos romansticos processado quase em toda a parte nestes ltimos dezoito anos. R inacreditvel, verdadeiramente incompreensvel, como, entre ns, certas pessoas com responsabilidades falam e escreXXXXIvem contra as vantagens do ensino do Ius Romanum nas actuais Faculdades de Direito. Naturalmente, no leram nada do muito que se tem publicado, l fora, nestes dois ltimos decnios preciso saber-se que essas pessoas esto antiquadas e ultrapassadas. como se falassem de Fsica, baseadas unicamente nos conhecimentos que obtiveram at 1940, e no tivessem lido nada sobre... energia nuclear. Numa palavra, salvas raras mas muito honrosas excepes dos antigos (como Cabral de Moncada, Paulo Mera, Braga da Cruz, etc.) e uma certa maioria da gente moa que principia a surgir para a vida prtica - tudo, por enquanto, excepes -, na generalidade, hoje em' Portugal a respeito de Direito Romano ainda se vive das ideias e dos sentimentos (por vezes, sentimentalismos) da enorme crise, que, em geral, dominou o ensino do lus Romanum, desde 1900 at cerca de 1950.Nestas condies, entendemos que certas matrias deviam ser expostas com mais vigor ' e extenso do que normalmente exigido em todos os pases que j superaram essa crise. Por exemplo, insistimos nas razes justificativas do ensino do Direito Romano, na panormica actual dos estudos romansticos, em certos dados bibliogrficos, etc., quando, afinal, hoje, em todo o mundo civilizado, esses e outros problemas esto solucionados e definitivamente resolvidos, sobretudo depois do inqurito levado a cabo pela revista Labeo em 1956. - Cerca de 400 juristas, na sua quase totalidade no apenas romanistas, mastambm ou filsofos do direito ou professores de Introduo ao Estudo do Direito ou civilistas ou processualistas ou cultores de qualquer outro ramo do saber jurdico, ou simplesmente juristas no-romanistas, todos, unnimemente, e com expresses bem eloquentes, afirmam as vantagens e a necessidade do ensino do Ius Romanum na actualidade, para o aluno adquirir verdadeira mentalidade jurdica.Por isso, desde 1962 vimos transcrevendo as opinies dos grandes mestres a respeito do problema; e citamo-los, oportune et importune, para usar, mutatis mutandis e com o devido respeito, das palavras do Apstolo das gentes.E no em vo que mencionamos um Apstolo. que hoje em dia, devido ao desinteresse da grande maioria dos alunos por certos problemas intelectuais, o professor j no pode limitar-se apenas a ser um bom profissional; tem de ser tambm um... apstolo da disciplina que leccionar.Nesta ordem de ideias, apraz-nos arquivar, tambm aqui, certas opinies de autores consagrados.Alvaro D'ORs: Valiosos escritos jurdicos de estes ltimos tiempos son claro indicio de Ia necesidad en que se hallan los juristas modernos de volver sus hojos, otra vez, hacia el Derecho Romano.Creo que podemos precatarmos de que el jurista actual, despus de una etapa histrica en que parecia haber perdido suautntica funcln, que haba dejado de ser el sacerdote de Ia justicia, como le llam el antiguo, intuye, quiz confusa an, pero no menos confiadamente, que aquella etapa de oprobios est llegando a su fin y que amanece ai mundo una nueva etapa de Ia historia jurdica. Tal amanecer cree descubrirlo el jurista en Ia paladina ruiva dei legalismo.En Ia acelerada marcha de Ia legislacin, fenmeno comn a todos los pueblos, en ese caos moderno de Ia legislacin motorizada, como han dicho unos, o de elefantiasis legislativa, en frase de otros, el jurista haba perdido totalmente su dignidad; se haba reducido, no diremos ya ai papel de un mero exegeta, sino ai de un agente miserable e infortunado agorero de un legislador desbocado. Oprimido por Ia tirania legislativa, el jurista se refugiaba, como deca con sal un colega de Ia Universidad madrilefia, en el alivio de Ia inobservancia. Hasta tal punto Ia pianificacin poltica Ilega a asfixiar a Ia prudencia jurdica...Pero esta contraposicin resulta ms clara cuando Ia consideramos desde el ngulo visual romano de Ia anttesis entre ius y lex.La conciencia dei valor actual dei Derecho Romano nos proporciona una insuperable confianza, un franco optimismo y un gusto por nuestra propria ciencia muy superior, quiz, ai que suele encontrarse entre los que se dedican a Ias otras ciencias jurdicas - (Los Romanistas ante Ia Actual Crisis de Ia Ley2 [Madrid,1956] 12 e 13).XXIVFranz WIEACKER: Das Studium des r6mischen Privatrechts ist die lingua franca aller Kontinentalen, ja aller Juristen. Die klassische Jurisprudenz hat die dogmatischen Grundprobleme exemplarischer formuliert - (Labeo 2 [1956] 208).Max KASER: Von den Schpfungen des rmischen Geistes hat keine so tief and so dauerhaft auf die Nachwelt eingewirkt wie das Privatrecht. Die, heutige Zivilrechtswissenschaft, das Kernstck aller Jurisprudenz, ruht in den Lndern des europ5ischen Kontinents and in den von dort aus besiedelten Gebieten anderer Erdteile auf der gemeinsamen r6mischen Grundlage - (Das rbmische Privatrecht I [Munique,1955] 1).Antonio GUARixo: Ogni giurista cosciente non pu e non deve, pertanto, rifuggire, dallo sforzo di accostarsi ai Diritto Romano, anche se esso sia in se molto gravoso - (lura 2 [1951] 215).Arnaldo BISCARI: II Diritto Romano giova alia preparazione dei giurista moderno... Le fonti giuridiche romane sono ancor oggi il testo pi prezioso, da cui il giurista pu apprendere, per dire cosi, l'alfabeto e Ia grammatica dei suo linguaggio, che per l'appunto Ia scienza dei diritto - (Labeo 2 [1956] 211).XXVGaetano SCHERILLO: Non voglio dire the ia conoscenza del Diritto Romano sia da sola sufficiente a fare it giurista: voglio dire the non pub aspirare al titolo di giurista chi sia digiuno di Diritto Romano - (Labeo 2 [1956] 200).Biondo BIONDI: Anzitutto il Diritto Romano non rappresenta qualche cosa di remoto ai nostro pensiero, ma attraverso una ininterrota tradizione secolare, costituisce gran parte delia sostanza viva dei diritto moderno. I principi fondamentali della convivenza umana fissati dai romani, il loro metodo nella creazione ed elaborazione dei diritto rappresentano postulati, da cui non facile stacarsi, senza sovvertire le basi stesse della convivenza sociale e Ia finalit dei diritto - (Istituzioni di Diritto Romano' [Milo,1956] 6).Manuel GARCIA GARRIDO, Jurisprudencia Romana y Actualidad de los Estudios Romanisticos (Separata do Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra 40[1964])Debemos formar jurisprudentes en el sentido romano clsico de Ia palabra, mas que meros eruditos dei derecho. Nuestras Facultades deben proporcionar un autntico sentido de Ia prudentia iuris y dotar ai futuro jurista de un fuerte espritu de libertad y de crtica frente a los entrechos cauces dei legalismo. La actual proliferacin e invasin de normas y reglamentos a todos losXXVImbitos y esferas exige dei jurista unos criterios claros y seguros que le permitan orientarse en ese caos de disposiciones y hacer triunfar los postulados de Ia justicia. Frente a Ia informacin, debe predominar Ia formacin, que en Derecho solo puede concebirse en slidas bases romanstcas.En el Digesto disponemos de un material inagotable de casos, de controversias y de principios jurdicos, como nunca ha existido otro igual. Si mas que lgica el Derecho es experiencia, no puede pensarse en una experiencia jurdica parecida a la que nos ofrecen Ias Pandectas. El jurista de hoy que abra y lea el Digesto, sin mas preocupaciones crticas e histricas, quedar sorprendido por el manancial de soluciones, aplicables incluso a muchos de sus problemas. Urge hoy hacer que manejemos con ms frecuencia el Digesto y que aprovechemos sus magistrales supuestos para proporcionar a los discentes un verdadero sentido jurdico. Nos atreveramos a decir que Ia mayor actualidad de los estudios romansticoss consiste precisamente en el ejercicio y aprendizaje dei casuismo 'jurisprudencial mediante los textos dei Digesto. Los viejos casos de Ticio y SEMPRONIO siguen temendo una indudable utilidad formativa y los resultados que se consiguen con frequentes ejercicios sobre casos prcticos son sorprendentes. Acostumbrando ei alumno ai anlisis minucioso y pormenorizado dei supuesto de hecho, ai juego de ias acciones y excepciones y en definitiva, a razoar juridicamente, mediante Ia tcnica de Ia diseccin deiXXVIIcaso, se consigue dotarle de un claro y profundo sentido jurdico (excertos das pgs. 28 e 29).A. D'ORS, F. HERNANDEZ TEJERO, P. FUENTESECA, M. GARCIA GARRIDO y J. BURILLO, El Digesto de Justiniano I. Constituciones Preliminares y Libros 1-19. Versin Castellana (Pamplona, 1968): La expansin actual de Ia cultura europea por otros continentes ha venido a plantear en trminos nuevos el dilogo entre Ias distintas tradiciones jurdicas, el cual no se estabelece ya exclusivamente entre los juristas del common law anglosajn y los de Ias distintas naciones continentales herederas del ius commune, sino entre culturas muy diversas, que podran parecer incluso exticas si no fuera por Ia fe en Ia base comn de todo lo que es humano, por muy divergentes que sus procesos de formacin y evolucin hayan podido ser. En este nuevo dilogo a escala universal, el Digesto como incomparable tesoro que es de sabia casustica, puede ofrecer un instrumento de primer orden para la educacin jurdica universal de nuestros dias. En una u otra coyuntura de Ia Historia, el Digesto ser siempre el derecho comn.Es comprensible que unos romanistas, como somos los autores de esta versin, lamentemos el regreso cultural que representa Ia decadencia de los estudios del Latn en Ia actual fase de nuestra sociedad de masas, pero no creemos que a causade esa lamentable decadencia se deba relegar al olvido todo el tesoro de l jurisprudencia romana, manancial inagotable que ha vivificado desde hace mochos siglos Ia ciencia y Ia prudencia de los juristas. Por el contrario, creemos que sta ser siempre una fuente de salvacin contra el vulgarismo jurdico que Ia confluencia de diversos factores de hoy parece provocar (excertos das pgs. 7, 8 e 9).Por ltimo, apraz-nos citar, transcrevendo-o longamente, Juan IGLESIAS, Estudios. Historia de Roma. Derecho Romano. Derecho Moderno (Madrid,1968), obra publicada h poucos meses, que nos chegou s mos quando estvamos a redigir este prlogo e concluamos a redaco do 40:Si los juristas paramos Ia atencin en nuestro propio campo, advertiremos que los estudios en materia jurdica llegan hoy ai mximo, pero no deja de afligir el contraste entre Ia inmensa produccin cientfica y Ia escasa virtud que de ella dimana.Por lo general, no predicamos los princpios sencillos. No solemos ensenar que el verdadero progreso del Derecho estriba en Ia afirmacin cada dia ms pronunciada de Ia Justicia.No podemos retroceder. No cabe dar al traste con nuestros complicados y refinados mtodos de investigacin, porque es menester que creamos en su bondad. Pero en esta hora angusXXVIIIXXIXtiada, en esta hora de dolor por Ia que atraviesa Ia humanidad, de poco servir que ensenemos el manejo de tales o cuales mtodos, si no instamos a conocer y practicar estas regias de curo romano: honeste vivere, alterum non laedere, suam cuique tribuere.La desgraciada sociedad presente necesita de todos, y acaso exija de nosotros, juristas, un esfuerzo especial.Lo mas importante en esta hora es llevar bajo el brazo un vademcum de soluciones a problemas vitales. Por verdad que si queremos encontrarmos con nosotros miamos, esto es, con nuestra propia humanidad, debemos aplicar nuestro instrumental a ias necesidades y fines de Ia vida.A nosotros, romanistas, nos toca decir que el jurista romano - enemigo de teorizar y definir - se entrega a un quehacer vital, se ocupa de lo necesario. El jurista romano es un intrprete de lo humano eterno, de Ia tradicin fecunda e inderogable, silenciosa y honda, que es sustancia de Ia historia.La verdad es que ni Ia cultura occidental es algo que pertenece a un pasado muerto, ni los Cdigos de Ia hora actual han enterrado para siempre al Derecho romano.En varias ocasiones he afirmado que el Derecho romano - entendido como sentimiento jurdico, ms que como prescripcin legislativa - es pan nutricio de nuestra cultura, de esa cultura que los latinos metieron en ei tutano de ias almas de nuestros abuelos.Seria vano empeno, adems, pretender que todas Ias figuras, instituciones o relaciones disciplinadas por los modernos Cdigos, tienen encaje y disposicin dentro de los esquemas romanos. No se puede olvidar que Ia vida est sujeta a variaciones y mudanzas, ni cabe olvidar Ia obra de perfeccin a que en muchos puntos ha alegado Ia dogmtica moderna.Pero por grande novedad que quiera atribuirse a Ias actuales prescripciones legislativas, no se borrar de nuestro presente histrico un pasado que nicamente ha muerto en Ia imaginacin de alguns hombres. Slo cuando nuestro lenguaje, portador de nuestra cultura, albergue significados radicalmente estranos a aquello que hemos heredado, podr decirse que pensamos y sentimos de acuerdo con una mentalidad diferente u opuesta a Ia romana.Los prototipos, Ias bases arquitecturales, los princpios f undamentales dei Derecho romano tienen todavia validez. Misin nuestra es Ia de explicar, con trazo firme y vigoroso, todo eso.Bien dijo Savigny que en nuestra ciencia toda verdad arranca de un cierto nmero de principios fundamentales y stos son los que constituyen verdaderamente Ia grandeza de los juristas romanos, de aquellos juristas que nunca abrigaron Ia pretensin de ser originales u ocurrentes. Los juristas romanos, como los romanistas autnticos de nuestro tiempo, rezumam Derecho.XXXXXXIOcurre que los modernos hemos exaltado en grado excesivo ai instrumento, a Ia tcnica auxiliar. Antes, cuando Ia tcnica era pobre o deficiente, el jurista -y no slo el romanistapona Ia mirada en esos principios fundamentales sobre los que bien poco paramos hoy Ia atencin. A Ia visin telescpica ha sucedido Ia visin microscpica, y, los que no se dedican ai cultivo especializado dei Derecho romano, no entienden Ia labor de filigrana - de virtuosismo - que adorna a muchos de nuestros libros. Y se desentienden de un Derecho Romano que aparece a sus ojos cargado de complejidad, y a veces arremeten contra l, aun a sabiendas de que lo ignoran.Bueno ser afirmar que el mayor mrito dei mtodo con que trabajan los juristas romanos descansa en el sentimiento de Ia realidad humana, en el conocimiento mejor dei hombre.El jurista romano conoce ai hombre, y por eso cuida los pormenores de Ia vida de su alma. El jurista romano tiende un puente entre Ia tierra y el cielo, empalmando ai hombre, regido por el Derecho, con lo divino. No otra cosa se dice dei jurista ai definir el oficio-sacerdocio de Ia iuris prudentia. Tal como ensea Ulpiano, -iurisprudentia est divinarum atque humanarum rerum notitia...Situados en este terreno, nuestros estudios nos llevaran a comprobar Ia verdad de aquello que nos dej dicho Mommsen: que a Ia hora de desarrollar un Derecho que se acomode a ciudadanos libres, podemos apoyarnos, de modo incondicional, en elDerecho romano clsico.XXXIIEn todo caso, quede claro que defendemos el Derecho romano, no por pasin, sino porque todavia es factor importante de Ia cultura europea. Pero aunque tal no fuera verdad, es decir, .aun en el supuesto de que el meollo dei Derecho romano no pudiera tener hoy vigencia, nos brindaria siempre una gran leccin: aquel Derecho se adecuaba a Ia vida, a una vida cuyo centro radical es el hombre. Y se advierta de nuevo que Ia causa primera de Ias conmociones y catstrofes que atormentan a Ia presente humanidad no es otra que Ia de ignorar u olvidar que el gran problema est en colocar ai hombre en su justo sitio.El Derecho romano no es un derecho, ni mucho menos tantas o cuantas leges, o todas Ias leges romanas - que en esto el Derecho romano no se diferenciaria de cualquier otro ordenamiento positivo -, sino el Derecho.Con relacin a l, no es Ia fecha, ni el vivir social concreto, ni Ia adscripcin a una determinacin positiva, lo que ms cuenta. El Derecho Romano no es un derecho que fue, algo de lo cual pueda decirse simplemente que pas, algo que qued arrinconado en su poca. La Historia dei Derecho romano no concluye con Ia cada de Roma. Sigue a lo largo de Ia Edad Media y de Ia Edad Moderna. Seguir tras nosotros, porque nosotros no hemos agotado todavia Ias posibilidades que ese derecho encierra.Numerosos principios romanos nutren hoy los nuestros, hasta hacerse espritu y carne de nuestra carne y de nuestroXXXIIIcspritu. El Derecho romano forma parte de una cultura que sigue viviendo en nosotros, si es que no debemos decir que gracias a ella nos es dado vivir todavia...No estamos tan lejos de Roma como parece. Nuestra civilizacin se alimenta de lo que olvida, de lo que ignora y de lo que niega. Y si esto es as!, toca a los romanistas, por encima de todo, poner en claro Ia razn y medida en que el Derecho romano puede servir para aliviar Ias congojas actuales...........................................Vayamos al encuentro de lo que los romanos tenlan por Derecho, y veremos que el Derecho no empieza ni acaba en Ia letra de Ia ley (excertos das pgs. 43, 44, 46, 47, 48, 51, 52,53 e 58).Mas nem precisvamos de recorrer auctoritas de mestre: estrangeiros.Basta recordar os ensinamentos dos grandes juristas por tugueses.E at basta citar apenas dois. Um, felizmente, e para honr+ e alegria de todos ns, pertence ainda ao nmero dos vivo.XXXIVCabral de Moncada; outro j foi inscrito h vrios anos no Livro de Honra dos imortais, Guilherme Moreira. Comecemos pelo primeiro.CABRAL DE MONCADA: 0 Direito Romano deve ser hoje estudado e ensinado, no como mera manifestao de uma vida passada e morta; no como pura objectivao de um pensamento-pensado e tambm morto; mas como emanao de um pensamento sempre vivo, de uma vida por assim dizer `vivente' - (Boletim da Faculdade de Direito. Universidade de Coimbra 1611939-19401 554).GUILHERME MOREIRA: Ningum pode ser um grande jurista, se no for um bom civilista; e ningum pode ser um bom civilista, se no for, pelo menos, um razovel (sic) romanista - dizia, com muita frequncia, nas suas aulas, o venerando Mestre, conforme ainda hoje podem testemunhar os seus antigos alunos, actuais professores jubilados, Doutores Cabral de Moncada, Paulo Mera e Jos Carlos Moreira.E para remate de que, sobre o valor do ensino do Ius Romanum, no precisamos muito de recorrer a estrangeiros, bastaria citar os antigos - mas, em muita coisa, no antiquadosXXXVESTATUTOS POMBALINOS. Livro II - Cursos Juridicos das Faculdades de Canones e de Leis, Tt. III, Cap. X n. 1:0 principal objecto da applicao, que devem fazer os Legistas no Primeiro anuo do Curso Juridico, consiste no estudo elementar do Direito Civil Romano. Todas as outras Lies, que nelle devem dar os Professores do Direito Natural, e da Historia do sobredito Direito Civil na frma determinada nos precedentes Capitulos, no so mais do que preparatorias, e subsidiarias do Estudo, assim amplo, e diffuso; como tambem elementar do dito Direito.(Estatutos da Universidade de Coimbra. Livro II-Cursos Juridicos das Faculdades de Canones e de Leis [Lisboa,17721 365).Algumas palavras sobre a orientao metodolgica seguida neste I vol.Seleco de matrias-0 problema da redaco de um texto de Lies-Manual, Instituies, Noesntais, Elementos, ou Enchiridion, como se queira chamar -, resulta sempre um problema bastante delicado. Pode ser resolvido de modos diferentes. Cada um tem a sua justi f icao, baseadasobretudo nas qualidades pedaggicas, na formao cultural emental do autor, e no ambiente a que se dstina a obra.Traando-se nestas Lies uma orientao especial, muito diferente do comum, entendemos constituir um dever prestar alguns esclarecimentos, sobretudo ao aluno, pois desde h muito defendemos, sentimos e vivemos certos problemas pedaggicos, nomeadamente o do leal e franco dilogo entre professor e aluno, sempre fecundo para ambos. Desta forma, cumprimos tambm e com muito prazer a orientao superiormente traada pelo director mximo desta Universidade, o Magnfico Reitor, que, em vrias cerimnias universitrias particularmente significativas (v. g. em 21 de Outubro de 1963 e em 15 de Outubro de. 1966), tem insistido: as relaes pessoais entre professores e alunos devem exercer-se intensamente, no s nas aulas e em colquios, mas tambm na vida normal e nos momentos solenes.Em virtude do pouco tempo escolar actualmente previsto nos nossos programas universitrios para o ensino do Direito Romano, e da orientao histrico-crtica mas sobretudo dogmtico-prtica que vimos defendendo desde 1958, hoje comummente aceite (vid. infra 122-124), entendemos ser necessria uma seleco de matrias: reduzir a exposio do aspecto meramente histrico; analisar, sobretudo nas aulas prticas, vrios textos do Digesto e alguns doutras fontes; consagrar todo o tempoXXXVIXXXVIIdisponvel ao estudo do aspecto dogmtico, preleccionando durante o ano o mximo de matria e exigindo para exame final s a mais importante. - [Cerca de um ms antes dos exames finais, costumamos indicar qual a matria: muito importante; simplesmente importante; facultativa; dispensada. Matria muito importante, em geral, reduz-se a cinco ou seis grandes temas, que nem sempre so os mesmos, todos os anos; o aluno que souber bem esses pontos, mesmo que ignore o resto, quase impossvel ficar reprovado, embora passe com nota baixa; mas se ignorar um desses pontos, ainda que saiba toda a matria restante, quase impossvel passar. Matria importante, como a palavra indica, importa a subida ou a descida da classificao. Matria facultativa: o aluno apenas interrogado, e s na prova oral, se o desejar, depois de ter mostrado conhecer bem a matria muito importante; isso contribuir para elevar a classificao, nunca para baixar a nota. Matria dispensada: no faz parte do exame final; dialogada nas aulas prticas; deve ser lida pelo estudante com uma certa curiosidade cientfica, como quem est a recolher elementos de cultura geral; matria nestas condies , por exemplo, a que vem exposta a pgs. 127-157. A matria contida na parte final deste I vol., concretamente desde o 33, quase toda facultativa. Portanto, destina-se naturalmente aos melhores alunos; por isso, vai redigida com certospormenores de exigncia superior ao normal. Tem ainda a vantagem de servir de orientao para certos estudos monogrf icos, possivelmente . a efectuar um dia no 6. ano]. - 0 estudo do aspecto dogmtico ser feito: a) - duma forma aprofundada, na 2.a e na 3. PARTES das Lies (II vol., a publicar); b) -para j, duma forma simplificada, e sempre que seja vivel, neste 1 vol., na J .a PARTE, sobretudo ao analisarmos certas fontes, v.g.: origem e conceito de obligatio no 20; vrios problemas das sucesses no 22; a questo das garantias das obriaes no 23; caractersticas de certos negcios jurdicos no 29, etc.H certos pontos, em que seguimos a opinio tradicional, no por convico, mas porque a nossa argumentao em contrrio no ainda suficientemente forte.Alguns elementos de estudo, teis aos alunos, no foram aproveitados; necessitam de ser mais repensados.Exposio das matrias; linguagem -Intencionalmente usmos uma linguagem simples, clara, com pouca variao de termos, para ser mais acessvel aos alunos.Por vezes, repete-se a mesma ideia - ou por outras palavras, ou aprofundando-a mais, ou simplesmente insistindo -, para que fique bem clara, para um aluno do primeiro ano, e ele se d bem conta dela. Quem principia o estudo do Direito, e sem qualquer preparao, como entre ns, no capta facilmente certa terminologia, certos conceitos jurdicos, to diferentes do comum e do vulgar, embora externamente parecendo ou atXXXVIIIXXXII{sendo iguais. Geralmente, de incio, a respeito dum problema ou duma questo, no se pode dizer tudo (que se deve ensinar) ao aluno, duma s vez.Quando preciso, ou mesmo s conveniente, no hesitamos em sacrificar a forma, a elegncia da frase clareza; mas clareza no significa superficialidade, muito menos facilidades. 0 aluno dum curso superior, e sobretudo quando o inicia, deve sentir dificuldade: no to grande que desanime; no to pequena que se desinteresse ou facilite demasiado. Uma dificuldade que seja incentivo para lhe - abrir novos horizontes, que o force delicadamente a sentir uma curiosidade cientfica e o leve a trabalhar com verdadeiro gosto. Na contextura destas Lies, esteve sempre diante de ns esta grande finalidade. Por isso, a exposio de cada ttulo, de cada captulo ou de cada assunto novo, em regra, comea dum modo muito fcil, para logo em seguida ir subindo de dificuldade. Por vezes, sentimos que o aluno, nesta escalada, tem de parar ou at de recuar - voltar a ler e a reler -, para ganhar velocidade adquirida e... vencer. 0 prazer espiritual que h em vencer uma dificuldade (no-insupervel) d ao aluno um estmulo encora jante paraenfrentar novas dificuldades.Esta finalidade nem sequer podia ser intentada sem a preciosa colaborao dos alunos, prestada, quer atravs dos exames escritos e das provas orais no fim do ano, quer sobretudo nasXLaulas prticas durante o curso. Atravs dos exames finais, pois sempre que um nmero considervel de alunos caia no mesmo erro, isso constitua para ns um sintoma de que as Lies, ento policopiadas, no estavam bem, nesse ponto, para um aluno do primeiro ano; e corrigamos. Atravs das aulas prticas, pois, dentro dum esprito verdadeiramente universitrio, fomos pedindo aos alunos a sua colaborao, franca e leal. 0 apelo foi dirigido a todos. A resposta, num dilogo fecundo para ns e para eles, foi surpreendente. Vieram algumas sugestes interessantssimos. Foi devido aos alunos que diversas matrias foram repensadas por ns, que elabormos j algumas teorias (v.g. a que se expe a pgs. 324, e que, hoje, principia a ser admitida por vrios autores, pois a esse respeito fizemos uma breve comunicao no Congresso Internacional de Direito Romano de 1967), e que certos problemas, sobre que vimos meditando desde ento, se encontram em via duma soluo nova.Portanto, estas Lies, embora sejam da nossa inteira responsabilidade, tm muitas coisas que nos foram sugeridas pelos alunos.0 primeiro agradecimento deve ser para eles. Fazemo-lo at com as palavras do grande mestre Edoardo VOLTERRA, escritas nas suas Istituzioni di Diritto Romano (Roma,1961) 3: Ringrazio anche con grato animo i miei Studenti... i quali, esponendomi i dubi e le difficolt che incontravano nella loro preparazione e soprattutto mostrandomi, attraverso le loro risXLIposte agli esami, quello che era loro necessario per entendere il sistema giuridico creato dai Romani, mi hanno fornito Ia guida pi sicura per l'impostazione e Ia redazione di quest'opera.Notas - A matria contida em notas, sobretudo quando extensas, como regra, tem tanta importncia como a do texto; s por uma questo de metodologia didctica que vai exposta em nota.Certas explicaes contidas em diversas notas podem julgar-se desnecessrias, assim como algumas observaes at deste prlogo. Tenha-se presente que se destinam directamente a alunos... do primeiro ano, sem qualquer preparao jurdica dadanum curso pr-universitrio.Casos-prticos -'Como complemento importante das aulas tericas daremos, para os alunos discutirem entre si e depois resolverem nas aulas prticas, vrios casos, apresentados com todo o sabor romano, em que no falta um Titius a exigir de Sempronius a entrega dum Sticus ou a devoluo dum Pamphilus ou a indemnizao de 5 000 sestrcios. R a que o aluno afina melhor determinados conceitos, precisa bem certas ideias e geralmente revela se tem ou no vocao para jurista, pois a iurisprudentia um saber-agir, uma cincia destinada prtica. Neste ltimo sentido de procurar descobrir no aluno, logo no primeiro ano, a vocao de jurista, atravs de algumas solues tpicas de certos casos-prticos, vimos elaborando, h j quatroXLIIanos, vrios testes, cujos resultados esperamos publicar daqui a mais algum tempo. Atravs dos casos-prticos, o ensino do Direito mais directo; mais ao vivo; mais jurdico. 8 de aplicar, mutatis mutandis, a antiga mas no antiquada opinio de SENECA, Epistolae 6: Longum iter est per praecepta, breve et efficax per exempla.Bibliografia - A indicao da principal bibliografia no vai nem no princpio nem no fim, mas a meio deste volume. No feita no princpio, pois o aluno do primeiro ano, como no tem qualquer preparao jurdica, logo de incio no entenderia nada e at ficaria desorientado; nem no fim, porque, com certeza, nem sequer leria. Vai a meio; e at certo ponto como texto, pois a bibliografia apresentada a no um mero catlogo livresco, mas uma indicao apenas da mais importante e com vrias ntulas crticas; porm, como j dissemos, matria dispensada.Intencionalmente, no usmos sempre a mesma forma de citar. Geralmente a citao feita, como em regra deve ser, em nota. Por vezes, feita no texto; v.g. a Pgs.409. Isso significa que esse passo da obra citada quase faz parte integrante do texto. 0 aluno deve consultar essa obra. Propositadamente - embora represente um especial sacrifcio para os alunos voluntrios, o que lamentamos, mas os alunos ordinrios no devem ser sacrificados por aqueles -, no se faz a transcrio, para forar oXLIIIaluno, desde o primeiro ano, a consultar alguma bibliografia, e no se lhe permitir viver s das Lies. Atrs da busca dessa citao, na maioria dos casos ter naturalmente riosidade cientfica de conhecer mais alguma coisa da obra citada (e at outras obras). Os livros citados nestas condies (e que so poucos) existem disposio dos alunos na biblioteca da Faculdade de Direito.Quando se cita uma pg. e ss. (v.g. 492 ss.),,quer indicar-se que nem todas as pgs. tratam ex professo ou seguidas do assunto, mas exposto em vrias dessas, no seguidas; quando se cita o nmero preciso (v.g. 481-490), pretende significar-se que todas essas pgs. tratam ex professo e seguidas do problema.Algumas vezes, em ateno aos alunos com mais curiosidade cientfica, indica- se bibliografia monogrfica sobre matrias expostas sumriamente neste I vol. e que ho-de ser dadas aprofundadamente no II vol., v.g. a respeito das restitutiones in integrum (vid. infra n. 880).Nas citaes de obras estrangeiras, pe-se o lugar da edio ora em portugus (v.g. Munique) ora na lngua original (v.g. Leipzig), conforme mais conhecido entre ns o original ou a traduo.Fontes a utilizar-Nas aulas e nos exames finais, utilizaremos principalmente o Digesto do Corpus luris Civilis (edio de MOMMBEN-KRUGER-SCHOLL-KROLL, revista dtimamente,1965, por WOlfgang KUNKEL).XLIResta-nos agradecer, e fazemo-lo com muito agrado, a todos os que, dalguma forma, contriburam para a publicao deste 1 vol., dum rodo especial aos bons Amigos que nos ajudaram na correco de provas tipogrficas, e ao pessoal da Tipografia Guerra que se mostrou sempre atento e solcito, mesmo perante certas exigncias escrupulosas, que, algumas vezes, redundavam em verdadeiras impertinncias da nossa parte.At hoje, nada fizemos con tanta ilusin y eariio como estas Lies!...Ao terminar, reconhecemos, talvez mais do que ningum, as deficincias.Deus permita que numa futura edio-oxal bem prxima, pois j temos vrios elementos para esse trabalho-, sejam devidamente superadas. Para isso, contamos no s com as crticas dos Mestres e dos Colegas, mas tambm oom as sugestes de todos os alunos-antigos, actuais e principalmente dos alunos-colaboradores -, para que estas Lies lhes sejam teis e continuem a ser... trabalho comum.Coimbra, 8 de Dezembro de 1968.S. C.XLV2.a EDIOEm fins de Julho do ano corrente, e quando estvamos atarefadssimo com a elaborao dos complicados ndices (de fontes, de matrias e de autores) do II vol. Da Solutio, fomos colhido pela notcia de que se encontrava esgotada a 1 edio destas Lies. No o prevamos para to cedo. 0 facto deve-se, principalmente, sua procura no Brasil. E ainda bem!,4 Tivemos de suspender os trabalhos da Solutio II mais uma vez (vid. supra XIX), e de preparar nova edio, pressa, pois era necessrio haver exemplares j em Outubro, ao iniciarem-se as aulas do ano lectivo de 1972-73.No sai, pois, como a vnhamos delineando, desde o dia em que terminmos a 1.a edio (vid. supra XLV). Sobretudo havia matrias que desejvamos incluir, como por exemplo, nas FONTES, depois do ltimo Ttulo, que o XI: - um Tt. XII, sobre Fontes Bisantinas; um Tt XIII, sobre Papirologia Jurdica, e um Tt. XIV, sobre Fontes No-Jurdicas. E h matria, a contida no 4, que, embora actualizada, sai muito resumida. -m contra vontade, tivemos de a remeter para a nossa monografia lus. Derectum (Directum). Dereito, por no termos encontrado de momento outra soluo.Todavia, mesmo pressa, h matrias que aparecem nesta edio completamente reelaboradas, v.g. vgs. 1-32, 228-232, 311-326, etc., e todas, na medida do possvel, devidamente actualizadas. Quase nenhuma pgina existe sem qualquer modificao, ou de fundo ou de forma ou de actualizao bibliogrfica ou at de simples disposio grfica. S procurmos, mximo, respeitar a paginao, para efeito de no tocarmos muito nos ndices, o que por vezes foi bastante difcil de conseguir.Oxal a 3a edio-que desejaramos publicar, s depois de ter aparecido o II vol. destas Lies (ver PLANO GERAL supra pg. IV) - saia mais a nosso gosto e prazer.Coimbra, 8 de Setembro de 1972.S. C.XLVI3.a EDIOHavendo necessidade urgente de nova publicao destas Lies de Direito Romano, e no ,tendo possvel, de momento, qualquer espcie de reviso, publica-se uma simples reimpresso da edio anterior.Coimbra, 8 de Dezembro de 1979.S. C.*4.a EDIOAinda no desta vez que sai, a meu gosto, o 1 vol. destas Lies. Deveria ser publicado, s depois de ter aparecido o II vol. Mas, como do conhecimento pblico, factos anmalos permitiram (ou originaram?) o aparecimento sbito e inesperado de certos energmenos, dotados de fria gorilcea, que, em Fevereiro de 75, invadiram bruta a minha =camarata de trabalho (na Faculdade de Direito de Coimbra), e fizeram desaparecer, entre muitas outras coisas, cerca de 1150' fichas, fruto de muito sacrificio, de tanto esforo, dispendidos nas frias de vero, durante vrios anos, por Munique, Roma, Paris, Pamplona, Salamanca, Santiago de Compostela, etc.- e tudo minha custa, isto , sem qualquer bolsa de estudo ou mero subsdio. (Diga-se, entre parntesis, que, a respeito bolsas de estudo, de subsdios ou de simples ajudas para publicao dos -meus trabalhos de investigao cientfica, quer antes quer depois do 25 de Abril, sempre fui tratado tanquam hostis, quer pela Faculdade, quer pelo antigo Instituto de Alta Cultura, quer sobretudo pela Fundao Calouste Gulbenkian, quer at pela Fundao Rangel Sampaio. Uma vergonha. Entre vrios factos, basta dizer: a fim depoder imprimir e depois publicar a minha dissertao para as provas doutoramento, tive de hipotecar, em 1962, Caixa Geral Depsitos, o nico prdio, que nessa ocasio tinha, e possua livre qualquer nus a favor de terceiros. Intervieram na respectiva escritura pblica duas pessoas amigas, ambas felizmente vivas, e uma, presentemente, colocada no lugar cimeiro da hierarquia univer-sitria coimbrr. Isto deve ter sido nico em toda a Universidade de Coimbra. Um escndalo. Adiante ... Fechemos o parntesis).Pois bem; essas cerca de 1150 fichas continham o 11 vol., pronto. S faltava publicar.Segundo consta (e soube-o, h pouco tempo...), parece que foram cremadas, em holocausto bojuda esttua de D. Joo 111. - Factos... para no esquecer, afim de no se repetirem. E, se um dia forem descobertos os autores, que sejam tratados com a devida Justia, que uma virtus suum cuique tribuendi. Alm do mais, castigar os que erram continua a ser uma Obra de Misericrdia. As esponjas soarengas, em vez de limparem e de acalmarem, emporcalham e irritam.***Nesta 4.a edio, porm, sempre conseguimos fazer uma reviso-actualizao um pouco sul genes. Teve que ser - rpida! -, dada a nova urgncia de publicar este I vol., devido principalmente ao bom acolhimento dos Juristas Brasileiros, o que muito nos sensibiliza' Por isso, profundamente reconhecido, mui gostosamente lhe dedicamos esta edio.A reviso-actualizao feita de colaborao com o leitor. Sobretudo com o estudante-aluno com o estudioso do lus Romanum (docente, profissional ou mero interessado).Ver, bem atentamente, as pgs. 615 ss.ALGUMAS ABREVIATURASACI Roma..: Atti dei Congresso Internazionale di Diritto Romano,Roma 1933, 2 vols. (Pavia,1934).AG Archivio Giuridico (Mdena).AHDE Anuario de Historia dei Derecho Espafiol (Madrid).AL.aERTARIO, Introduzione Emilio ALBERTARIO, Introduzione alio Studio deiDiritto Romano Giustinianeo I (Milo,1935).Atti Verona Atti dei Congresso Internazionale di Diritto Romanoe di Storia di Diritto (Verona 1948), 4 vols.(Milo, 1951-53).BIDR : Bulletin dell'Istituto di Diritto Romano (Roma).BRUNS, Fontes Ir Fontes luris Romani Antiqui I: Leges et Negocia,ed. C. G. BRUNS, septimum ed. Oito GRADENNVITZ(Tubinga,1909). C Codex Iustinianus (Corpus luris Civilis vol. II, ed.Paulus KRGER, 13. ed., Berlim,1963).CALASSO, Mdio Evo Francesco C~, Medio Evo dei Diritto I-LeFonti (Milo,1954).Co Collatio Legum Mosaicarum et Romanarum (Fira II544-589).Cs Consultatio Veteris cuiusdam Iurisconsulti (FIRA II594-613).CT Codex Theodosianus (ed. Th. MOMMSEN-PAUL M.MEYER, 2. ed., Berlim,1954).D. (=ff. = II) Digesta (Corpus fures Civilis vol. I, edd. TheodorusMOMMSEN-Paulus KRGER, 18 ed., Berlim,1965). D'oRS, Predigesto lvaro D'oRs, El Predigesto em Investigacin y Progreso 16(Madrid,1945) 129-138.D'oRS, Presupuestos lvaro D'oRS, Presupuestos Crticos para ei Estudiodei Derecho Romano (Salamanca,1943).EG Epitome Gai (FIRA 11 232-257).FIRA Fontes furls Romani Anteiustiniani, 2. ed. (Florena),I-Leges (ed. S. RoccoBoNO,1941), II-Auctores(edd. BAvsERA et I. FURL,ANI,1940), III-Negocia(ed. V. ARANG[o-Rurz,1943).FV Fragmenta Vaticana (FIRA II 464-540).GA Gai Fragmenta Augustodunensia (FIRA 11208-228).XLVIIOnde estColocarmodificando (isto , ou acrescentando palavras ou alterando-as); e essas modificaes, conforme a arte de cada um, ficaro ou interlinhadas ou colocadas ao cimo ou em baixo ou nos lados da pg. indicada; ou at escrever numa pg. ou f. parte e depois col-la nessa tal pg. indicada.................................................................Desta forma, at o exemplar se torna mais de cada um.Coimbra, 20 de Janeiro de 1984.S. C.GAIUS Gai Institutionum Commentarii Quattuor (FIRA II 9-200).GAUDEMET, La Formation duDroit Jean GAUDEMET, La Formation du Droit Sculier etdu Droit de l'Eglise aux I V e et Ve. Sicles (Paris,1957). I Institutiones lustiniani (Corpus luris Civilis vol. I,ed. Paulus KROGER, 18.a ed., Berlim,1965).lura Jura. Rivista Internazionale di Diritto Romano eAntico (Npoles).Jus Jus. Rivista di Scienze Giuridiche (Milo).KUNKEL, Herkunft Wolfgang KUNKEL, Herkunft und sociale Stellungder rmischen Juristen (Weimar,1952).Labeo Labeo. Rassegna di Diritto Romano (Npoles).LENEL, Palingenesia Otto LENEL, Paligenesia luris Civilis, 2 vols. (Leipzig,1889).n., nn nota, notas.Nov Novellae Justiniani (Corpus luris Civilis vol. III,edd. R. SCHOLL-G. KROLL, 8.e ed., Berlim,1963). NDI,NNDI Nuovo Digesto Italian (2.a ed.), Novissimo DigestoItaliano (3.a ed.), vid. infra 147.NRHD Nouvelle Revue Historique de Droit Francais ettranger (Paris). 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(Compostela,1953).XLVIIIDIREITO ROMANO(emS ROMANUM)0 Direito Romano (lus Romanum) faz parte do objecto do ensino universitrio, desde que h Universidades, isto , desde o sc. XII.At cerca de 1900, estudava-se apenas com um carcter dogmtico-prtico, quer dizer, analisavam-se as suas disposies, para, devidamente adaptadas s novas circunstncias sociais, se aplicarem na prtica.Desde cerca de 1900 a 1950, verifica-se uma profunda crise do ensino e dos estudos (no seu aspecto jurdico) d Ius Romanum, como examinaremos adiante, pgs. 104-109. No uma crise do Direito Romano em si, mas, sublinhe-se, uma crise do interesse jurdico pelo Direito Romano. (Nas pgs. 105-109, analisaremos os vrios factores que originaram essa crise).A crise, porm, principiou a ser vencida a partir de 1950 (vid. infra 110), e foi devidamente superada em 1956, depois do inqurito elaborado pela revista Labeo em que prestaram o seu depoimento cerca de 400 juristas, de vrios pases, na sua quase totalidade no apenas romanistas, mas tambm ou filsofos do direito ou professores de Introduo ao Estudo do Direito ou civilistas ou processualistas ou cultores de qualquer outro ramo do saber jurdico, ou simplesmente juristas no-romanistas. Nas respostas desse grande inqurito, defende-se, e com expresses bem eloquentes, que o Direito Romano1RIDA.............................. parte integrante e indispensvel da formao de todo e qualquer jurista.0 estudo do Direito Romano nas actuais Faculdades de Direito , pois, a base (vid. infra 157 e 158); considerado o alfabeto e a gramtica da linguagem jurdica e de toda a Cincia do Direito' (Prof. A. RISCARDI). Portanto, necessriamente deve constituir uma 'as disciplinas principais do 1.0 ano (vid. infra 120, 157 e 158). to importante e indispensvel como o estudo' das Matemticas nas Faculdades de Cincias; e sobretudo para ns, europeus, quanto mais intenso for o conhecimento do lus Romanum, mais ntida e mais firme ser a consciencializao do nosso actual Direito. Mas acima de tudo, a aprendizagem do Direito Romano altamente formativa (vid. infra 117 e 118), sob pena de nas actuais Faculdades de Direito no se formarem juristas, mas sim, criarem-se uns meros tcnicos de leis e de regulamentos, que seriam a negao pura e radical de jurista. (Ver adiante, pgs. 284-289).Nesta hora do poder das trevas do tecnicismo, em que intencional ou inconscientemente se desumaniza o Homem, para o reduzir a uma simples coisa, pretende-se que toda a gama do Saber se reduza Tcnica, ou pelo menos esteja dominada pela Tcnica. Isto falso e terrivelmente perigoso. Constitui um dos males da nossa poca; e no mundo jurdico, j foi classificado de o maior perigo do sculo-a ruptura do equilbrio devido entre cincia e tcnica jurdicas (Prof. Giuseppe GROSSO). uma espcie de positivismo refinado. E pretender uma Cincia do Direito sem formao jurdica ou, usando a expresso j consagrada de Leonard NELSON, pretender uma Rechtswissenschaf t ohne Recht. Seria regressar, muitos anos!...A Tcnica no todo o Saber, nem sequer a espcie mais importante do Saber, embora na prtica, geralmente, de momento, possa ao menos parecer ou at ser a mais til; mas a utilidade no constitui o critrio mximo da vida. Dentro de uma escala de autnticos valores humanos, a primeira espcie do Saber a Sapincia (a Medicina da Cultura, como lhe chamou um grande filsofo contemporneo) ; a2segunda, a Prudncia; a terceira, a Tcnica. Ora, o Direito (como saber-jurdico) no pura tcnica (longe disso!), mas essencialmente uma prudncia (da que a Cincia do Direito se denomine, desde sempre, Iuris-prudencia), e, secundriamente e subordinada lurisprudentia, tambm uma tcnica (uma ars). Como cincia, diz-nos o que justo e o que injusto; como tcnica, diz-nos como alcanar o justo e como evitar o injusto. (Ver adiante, pgs. 283-289).Fazer da Cincia do Direito s uma tcnica ou mesmo sobretudo uma tcnica, desde logo uma contradio nos prprios termos; mas essencialmente uma destruio ntima e profunda do conceito de jurista, deformando ento certos homens -- precisamente aqueles homens que mais tarde ho-de dizer o que de Direito e mandar aplicar esse Direito, o que muitas vezes equivale a ordenar e a dispor dos nossos haveres e at do uso da nossa prpria liberdade.0 tcnico fica preparado para dirigir mquinas. 0 juris-prudente (o jurista) est formado para dirigir homens. Os meros tcnicos a dirigirem homens, geralmente, um desastre; a experincia, em vrios pases incluindo o nosso, j o demonstrou. Falta-lhes o saber-agir com homens.0 robot jurdico no tem lugar de relevo no Direito.Em Portugal, desenhou-se, h uns trs a quatro anos,da parte de uns quantos, felizmente poucos mas que em geralfalam muito, um certo movimento de antipatia, escrevendo-seem alguns jornais e falando-se at num discurso pblicoacerca da actual desnecessidade do ensino do Direito Romano.Ora, preciso que se saiba -- e se diga bem alto! - queessas pessoas (algumas com responsabilidades sociais) estono erro; e num erro, que, embora se pretenda agitar comos ventos do tecnicismo, nem sequer est na moda. Estsuperado, h cerca de vinte anos. A panormica dos estudosromanisticos na actualidade muito diferente do que essesquantos julgam (vid. infra 113-116). A vizinha Espanha, porexemplo, ainda bem recentemente (Julho de 1972) ampliou paraseis horas semanais de aulas tericas do Direito Romano no1. ano. Certas pessoas deviam actualizar-se, antes de falarem3para o pblico. - Mesmo na Frana (exemplo, por vezes invocado), estuda-se mais Direito Romano do que o programado oficialmente entre ns, pois tericamente uma coisa (a consagrao legal do velho e ultrapassado critrio de Leopold WENGER), na prtica outra, bem diferente: o estudo de todos os Direitos da Antiguidade reduz-se ao ensino do Direito Romano, com mais horas semanais do que entre ns; alm disso, existem cursos especiais de DR.Oxal, na prxima Reforma de Estudos das nossas Faculdades de Direito, no se cometam erros, j ultrapassados h muitos anos: diminuir o ensino do Direito Romano ou retir-lo do 1.0 ano. 0 julgamento da Histria seria inexorvel para com os seus autores.Nestas circunstncias, o aluno que tenha lido certos jornais ou ouvido falar de certo discurso, e que pela primeira vez entra em contacto com esta disciplina (entre ns, oficialmente designada, mas s desde 1945, Histria do Direito Romano, quando devia chamar-se simplesmente Direito Romano - adiante [pgs. 123 e 124] apresentaremos as razes justificativas desta observao), naturalmente fica perplexo e com certeza h-de perguntar:--Que o Direito Romano?--Por que fases tem passado o seu estudo?- Presentemente, como leccionado, noutros pases?Qual a utilidade do seu ensino nas actuais Faculdadesde Direito?-Que mtodo vai a +. uir-se e quais as matrias a versar,na exposio deita. disciplina?--Qual a principal bibliografia e quais os romanistas maisimportantes na actualidade?Num breve INTRODUO, vamos responder a estas perguntas e a outras conexas, apresentando, de inicio, uma viso bastante geral dos problemas, para que possam mais fcilmente ser apreendidos por quem inicia o seu estudo e no tem qualquer preparao jurdica.INTRODUOTtulo I - Conceito de Direito RomanoCaptulo l.'- Certos prolegmenos ao conceito de DRCaptulo 2. - Anlise da primeira parte da expresso Ius Romanum. Noo etimolgica e noo ius.Captulo 3. - Ius. Derectum (Directum). DireitoCaptulo 4.-Vrias acepes em que pode e deve ser tomada a expresso Direito Romano. Indic-se trs grandes acepes -A) B) e C)Captulo 5. -- A) Direito Romano, stricto sensu Captulo 6. - B) Direito Romano, lato sensu Captulo 7.-C) Direito Romano, sensu latissimoTtulo II - Fases caractersticas do estudo do Diretio RomanoTtulo III - Actualidade dos estudos romansticosTtulo IV - Razes justificativas da utilidade do ensino do Direito Romano nas actuais Faculdades de DireitoTtulo V -Critrio e mtodo a seguirTtulo VI - Principal bibliografia4Ttulo I -CONCEITO DE DIREITO ROMANO1. 0 Direito Romano, como qualquer Direito dum povo (Direito actual ou Direito passado), um conjunto de normas ou regras de carcter social.Veremos, j a seguir, que um conjunto de normas (sociais) jurdicas; que, alm de normas jurdicas, h outras normais sociais, e que as normas jurdicas se distinguem de todas as outras por certas e bem determinadas caractersticas.Examinaremos, mais adiante, que essas normas jurdicas romanas vigoraram: de incio, em determinado espao (Roma e seus territrios) e durante um certo tempo (scs. VII a.C. a VI d.C.); mais tarde e at cerca de 1900, praticamente no conheceram limites nem de espao nem de pocas; de 1900 a 1950, como normas jurdicas, perderam muito do seu prestgio; hoje, sobretud a partir de 1956, recuperaram e conservam uma especial vivncia, mais ou menos em todo o mundo.0 Direito dum povo , pois, um conjunto de normas. E todos os povos possuram e possuem as suas normas.Mas ento... o Homem ter necessidade de normas? No sero elas, at, uma afronta sua liberdade? Sobretudo as chamadas normas jurdicas, visto imporem-se-nos coercitivamente?Eis uma questo prvia que muito convm esclarecer pelo menos sumriamente, para se compreender melhor o conceito de Direito Romano.7DIREITO ROMANOINTRODUO-TfT. i-CAP. 1. 2Captulo 1.-CERTOS PROLEGMENOS AO CONCEITO DE DIREITO ROMANOSUMARIO-2. a) Necessidade da existncia de normas sociais. Razes:liberdade e sociabilidade do Homemb) Vrias espcies de normas sociais. Uma dessasso as normas jurdicas - o Direito (lus); sua especialnecessidadec) Caractersticas das normas jurdicas:I -externa, a sua coercibilidadeII-interna, preceitos (enumerao, significado, alcance,valor e hierarquizao)a) Necessidade da existncia de normas sociais. Razes: liberdade e sociabilidade do Homem2. 0 Homem , simultneamente, um Ser livre e um Ser socivel. Livre, pela sua prpria natureza;' socivel, por umainata necessidade de conviver.A liberdade do homem reside fundamentalmente num poder de opo perante duas ou mais atitudes dignas, para atingir um fim; esse poder-optar pressupe necessriamente ausncia de determinismo, 0 sentido profundo da liberdade consiste em que o homem um Ser que, tendo por um lado exigncia de perfeio e por outro consciencializao dos limites em que est envolvido, pode escolher entre vrios meios (imperfeitos, limitados - mas rectos, prprios, adequados) para atingir a perfeio, ou melhor, um grau cada vez mais prximo da perfeio, sem jamais a poder realizar plenamente. A liberdade , por conseguinte, o poder de projectar o ideal transcendente de perfeio na existncia. 0 uso da liberdade concretiza-se, pois, no tanto na indiferena perante vrias situaes elegveis como no uso desse poder-optar entre vrios meios rectos para atingir uma deternimada finalidade.Mas o homem to livre que pode no s usar da liberdade mas at abusar desse poder-opo. lesmente, o abuso da liberdade, em rigor, j no uma manifestao de liberdade; no liberdade; como o abuso dum direito j no direito.Portanto a liberdade no consiste em cada um fazer o que entender. Isso seria arbitrariedade; abuso de liberdade; em ltima anlise, libertinagem, destruio da prpria liberdade.0 homem, alm de um Ser livre, tem uma necessidade natural (inata) de conviver, viver em sociedade, porque s pode existir bem,isto , realizar-se, quando harmoniza interioridade e vida social, bem prprio e bem comum, personalidade e comunidade.Para que da existncia de seres livres em sociedade resulte uma convivncia pacfica, uma vivncia ordenada, preciso que haja regras que, por um lado a cada indivduo probam os abusos' da liberdade, e alm disso, limitem ou at suspendam(temporriamente) determinado uso; por outro lado a todos indiquem e garantam certos usos fundamentais da liberdade. Da a necessidade da existncia de normas sociais, quer dizer, de regras de qualquer modo atinentes ao comportamento ordenado dos homens vivendo em societates. -Por isso, todos os povos, por mais rudimentar que se manifeste a sua cultura ou por mais primitivos que se nos apresentem os seus costumes (hbitos, praxes ou tradies), sempre tiveram e tm algumas normas reguladoras da convivncia entre as pessoas.Em resumo-A necessidade da existncia de normas sociais fundamenta-se em duas razes: liberdade e sociabilidade do homem.b) Vrias espcies de normas sociais. Um dessas espcies so, as normas jurdicas - o Direito, lus; sua especial necessidadeAs normas sociaisspodem ser de vria ordem: religiosas, morais, ticas, de educao, de diplomacia, de etiqueta, etc., etc., e tambm jurdicas.As normas jurdica so aquelas que eficazmente determinam e protegem o gtfc pertence a cada um, contribuindo dum modo especial para a coexistncia pacifica entre as pessoas.Dizendo-se (que a norma jurdica ) uma noturna (palavra, cujo significado prprio esquadro), afirma-se dhm mdo particular que uma regula (uma rgua, uma regra); esta, por sua vez um canon (uma medida). Esquadro (norma), rgua (regula) e cnone, tudo9espcies8DIREITO ROMANOINTRODUAO - TIT. I - CAP. 1.210so medidas para valorar as coisas. Da a expresso corrente preciso tomar medidas deva ter o alcance final de preciso estabelecer normas jurdicas, isto , normas que obriguem coercitivamente. Essa expresso e o seu alcance ltimo, afinal, contm um sentido profundo, j que a Cincia do Direito no uma cincia do Ser, mas a cincia que se preocupa com os valores, ou mais rigorosamente, com a medio dos valores.(As normas jurdicas determinam) eficazmente, em virtude do seu poder coactivo. Desobedecendo-se a uma norma tica, de etiqueta, etc., no h uma verdadeira fora para obrigar o indivduo ao seu cumprimento; existe apenas uma sano social, uma reaco mais ou menos acentuada da comunidade contra esse faltoso. Desobedecendo, porm, a uma norma jurdica, h meios coactivos prprios (geralmente do Estado) para forar a pessoa ao cumprimento dessa norma, e com todas as consequncias por no se ter verificado cumprimento voluntrio.Determinam e protegem o que pertence a cada um, pois as normas jurdicas so ditadas pela Justia, que a virtude de atribuir a cada um o que seu - lustitia est constans et perpetua voluntas suum cuique tribuendi (ULPIANUS, D. 1,1,10pr.). 0 conceito de iustitia mais prprio dos filsofos que dos juristas. Todavia ULPIANUS (a quem pertence o fragmento, D. 1,1,10pr.) conhecia e dominava perfeitamente a filosofia grega, sobretudo Plato, Aristteles e Plutarco (vid. infra 400). A ideia de atribuir a cada uni o que seu encontra-se (talvez inspirado por Protgoras) j em Plato (Rep. 331), e constitui um tpico do pensamento antigo - Rhet. ad Herenn. 3,2,10; CICERo, De luv. 2,53,160, De Off. 15,15, etc.Contribuem dum modo especial para a convivncia pacfica, pois, determinando eficazmente o que de cada um, nem permitem abusos de direito nem prejuzos para ningum. Cada coisa (j apropriada) pertence ao seu dono; est no seu lugar. H ordem. E no h perturbaes, nem das coisas a clamar pelo seu dono (res clamat domino), nem das pessoas a reclamar pelas suas coisas. H tranquilidade. Ora, a paz precisamente a tranquilidade na ordem. Da que a paz tem de ser fundamentalmente uma obra de justia (opus iustitiae pax, IsAI. XXXII, 17). No pode haver paz, baseada em injustias; haver, quando muito, uma ordem imposta pela fora. Mas... a fora pode vencer; s a razo (a justia) convence. E s o convencimento das pessoas produz a tranquilidade, e esta, como ficou dito, um elemento integrante da paz....(coexistncia pacfica) entre as pessoas: ou fsicas, que so os indivduos; ou jurdicas, que so entidades, diferentes das pessoas fsicas, capazes de direitos e de obrigaes. Se essas entidades so formadas de pessoas fsicas, chamam-se associaes; se so constitudas por um conjunto de bens, especialmente afectados realizao de certas finalidades, denominam-se fundaes.Ao conjunto das normas jurdicas chama-se direito (ius). Veremos, adiante, em que acepo.- Especial necessidade da existncia de normas jurdicas- da essncia social do Homem estar no mundo, o que implica estar entre coisas e estar com pessoas. 0 Homem realiza-se, pois, pela convivncia com as pessoas 1 e pelo domnio e uso das coisas. Ora, as normas que determinam o domnio e oaiso das coisas, no horizonte da intersubjectividade, so as normas jurdicas. Portanto, as normas jurdicas so imprescindveis ao Homem em sociedade, quer dizer, pertencem essncia social do homem. Da o famoso brocardo; ubi societas ibi ius 2 (onde existir uma sociedade, a necessriamente tem de haver normas jurdicas, Direito).Por conseguinte, a juridicidade uma dimenso essencial do Homem. Logo, impossvel um mundo humano sem Direito, isto , sem normas jurdicas.Todavia esse mundo do Direito no se eterniza, porque est no tempo. Por isso, a historicidade do Homem tem de ser acompanhada da necessria evoluo e da sucessiva reformulao das normas jurdicas.C) Caractersticas das normas jurdicas: I - externa;II - InternaI- As normas jurdicas distinguem-se de todas as outras normas sociais, externamente, sobretudo pelo seu carcter coercitivo, pela sua fora imperativa. Impem-se-nos coactivamente.0 direito (ius) , fundamentalmente, uma vis (fora) ; e curioso notar que, de inicio e durante um certo tempo, ius e vis se escreviam e pronunciavam da mesma forma. 0 direito , pois, uma fora 3, autoritriamente ditada (imposta1 Da a verdade daquela frase de Thomas MERTON: nunca serei capaz de me encontrar, se me isolar do resto da humanidade.2 Sobre as vrias interpretaes deste brocardo, vid. A. GUARINO, Diritto Privato Romano (Npoles, 1957) 19.3 Alm disso, apoia-se numa fora. Vid. infra 55 e n. 82.11DIREITO ROMANOINTRODUO - TfT. I - CAP. 1.ou declarada) e socialmente aceite; sobretudo aquele acto de violncia privada que a sociedade, atravs dos seus juizes, reconhece como ordenado e ajustado s circunstncias, como diz lvaro D'ORS 4.II-As normas jurdicas distinguem-se das outras normas sociais principalmente pela sua caracterstica interna, isto , pelo seu contedo ntimo, pois da prpria essncia de qualquer norma jurdica, sempre, em tudo, a todos, preceituarhoneste vivere, alterum non leadere, suum cuique tribuere 5:- no abusar dos seus poderes, isto , exercer rectamente as suas faculdades ou direitos (honeste vivere);4 Cf. lvaro D'Oas, Elementos de Derecho Privado Romano (Pamplona, 1960) 13, e Una Introduccin al Estudio del Derecho (Madrid, 1963) 14-17; e vid. infra 2. Parte destas Lies, ao versar o problema da relao entre ius, iustitia, aequitas.5 iuris praecepta sunt haec: honeste vivere, alterum non laeder, suum cuique tribuere (D. 1,1,10,1)-os preceitos jurdicos de qualquer norma jurdica (visto a palavra ius estar, aqui, num sentido duplamente normativo, vid, infra 21) so estes: no abusar dos seus poderes (faculdades ou direitos, no sentido subjectivo, vid. infra 22), no prejudicar ningum, atribuir a cada um o que seu.0 vocbulo preceitos do latim prae-certa < prae + capere, literalmente significa o que tem de ser tomado ou considerado em primeiro lugar, antes de tudo; numa definio real, preceitos so os princpios fundamentais.A norma jurdica encerra preceitos e apresenta disposies. Os preceitos so como que a parte invisvel (por isso, encerra-os), mas fundamental ( semelhana dos alicerces dum edifcio); so a alma da norma; o seu princpio informador; o que d tipicidade, ou melhor, individualidade norma. As disposies, a parte visvel da norma (como que o edifcio, o corpo -por isso, apresenta-as); a regulamentao concreta.Os preceitos so os trs referidos: no abusar dos seus direitos; no prejudicar ningum; atribuir a cada um o que seu.Note-se, porm, e com especial cuidado, o seguinte: 1. estes trs praecepta iuris no so sinnimos; cada um tem a sua individualidade, no podendo converter-se noutro sem deixar resduo; 2. h entre eles uma certa interdependncia; esto indicados por uma ordem de valores e de hierarquia; aqui, a ordem da enumerao no arbitrria.PRIMEIRO preceito, no abusar dos seus direitos. Nisto consiste o viver honestamente no aspecto jurdico (honeste vivere). Este preceito pressupe, evidente, como premissa-bsica do viver social, a relao entre Moral e Direito, mas no um preceito moral. um preceito jurdico, pois o texto diz iuris praecepta e no moralis praecepta ou moralis et iuris praecepta. Por isso, entendemos que no deve traduzir-se por viver honestamente, mas sim por no abusar dos seus direitos, tendo, porm, como fundamentao-base a Moral. o primeiro preceito; que, para os romanos, o abuso do direito12-no prejudicar ningum (alterum non laedere); -atribuir (ou s dar ou s entregar ou dar e entregar) a cada um o que seu (suum cuique tribuere).era a primeira coisa que a norma jurdica devia essencialmente proscrever. E esta nossa interpretao do contedo jurdico do preceito honeste vivere harmoniza-se perfeitamente e apoia-se mesmo nos princpios filosfico-jurdicos bsicos. Em concreto, na primeira razo de ser (diramos at, na primeira parte da razo de ser) da norma jurdica como norma social -proibir o abuso de liberdade (vid. supra 8)-, e especificamente como norma jurdica: proibir o abuso do direito, que outra coisa no seno o abuso de liberdade no campo jurdico. Verdade que, na experincia histrica escolar, a formulao deste primeiro preceito, por vezes, permitiu que se lhe desse mais contedo moral do que jurdico.SEGUNDO preceito, no prejudicar ningum (alterum non laedere). Este, assim como o terceiro, em rigor, constituem a base do viver social. So limites imperativos impostos ao homem, como sujeito do ordenamento jurdico: alterum non laedere, a estabelecer que o uso dum direito prprio tem de coexistir com os direitos dos outros;TERCEIRO, suum cuique tribuere, a determinar o respeito absoluto pelos direitos de outrem.0 terceiro preceito uma consequncia natural do segundo; o segundo e o terceiro baseiam-se no primeiro. Nisto consiste a tal sua hierarquia e a sua interdependncia, a que aludamos h pouco.EM SNTESE: no 1. preceito, proibe-se o abuso do direito; no 2. preceito, limita-se o uso do direito; no 3. preceito, impe-se o respeito pelo direito alheio.De tal maneira estes trs preceitos so essenciais norma jurdica (so fundamento, so alicerce) que, se qualquer disposio (mesmo at s uma parte da regulamentao concreta) atraioar um desses preceitos, toda a norma jurdica cair (por falta de alicerce), morrer (porque no tem alma). Quer dizer, essa norma chamada jurdica no ... (se desde o incio viola um desses preceitos) ou se foi jurdica, deixa de o ser... (se mais tarde vem contradizer algum dos tais preceitos). Pode no entanto ser uma norma social, mas de outra espcie; no, porm, uma norma jurdica.Estes trs praecepta so prprios da societas iuris; por isso, o texto (D. 1,1,10,1 e igualmente 1, 1,1,3) lhes chama praecepta iuris. No podem considerar-se comuns a todas as normas de convivncia humana.Estes famosos tria praecepta iuris so uma sntese admirvel de todo o ordenamento jurdico. No se trata duma enunciao terica, improvisada por qualquer pensador, isoladamente; so fruto duma experincia secular, vista e revista por vrios jurisconsultos com uma intuio especial para as coisas do Direito; ULPIANUS, a quem pertence este fragmento, depois compilou, limitando-se talvez a recolher a ltima formulao, ou a reelaborar a melhor formu13DIREITO ROMANODar e entregar-Juridicamente, so coisas diferentes. Na linguagem corrente, em geral, confunde-se dar com entregar e entregar com dar. 0 jurista, porm, tem de ser muito rigoroso nas suas expresses, exacto na sua terminologia; preciso.Em Direito, dar (dare) significa transferir para outrem a propriedade duma coisa; entregar (tradere) significa transferir a posse.Tribuere (atribuir) tem um carcter genrico em relao a dar (dare) e a entregar (tradere); isto , tanto pode ser ou s dar, ou s entregar, ou dar e entregar; deve, pois, traduzir-se por atribuir (transferir) algo ou popriedade ou posse ou propiedade e posse duma coisa) a algum. Portanto, no juridicamente exacta a traduo de suum cuique tribuere por dar a cada um o que seu, como geralmente se diz (e h-de ser difcil convencer as pessoas do contrrio; essa traduo [traio (?) do texto latino] j ganhou foros de consagrao). Dar, nessa traduo infeliz e errada no aspecto jurdico, aparece com um significado vulgar (corrompido) de dar (=dar ou entregar); mas, em Direito, repita-se, dar e entregar so coisas diferentes. Da que, juridicamente, algum pode: dar e no entregar (se transfere a propriedade, mas fica com a posse da coisa), entregar e no dar (se transfere a posse, mas continua proprietrio); dar e entregar (se transfere a propredade e a posse da coisa).Traduzir suum cuique tribuere por dar a cada um o que seu significa traduzir apenas uma parte do contedo de tribuere e, consequentemente, no admitir a existncia de obriga de entregar. Portanto, um jurista, traduzindo conscientemente suum cuique tribuere por dar a cada um o que seu, em boa lgica estaria a defender o erro grave, o ABSURDO, da no-admissibilidade de obrigaes de entregar.Este erro grave resulta da corrupo do conceito jurdico de dar, significando quer dar ou entregar quer dar e entregar; e essa corrupo provm sobretudo daquela poca terrivelmente confusa doslao, pois era um jurista dotado de excepcionais conhecimentos jurdicos e filosficos (vid. infra 400).Nem sempre a estes preceitos foi atribudo o mesmo contedo; variouconforme os princpios metajuridicos, de ordem filosfica (vid. infra 27-b), que estavam na base da ordem social e concretamente da ordem jurdica de determinada poca e de um povo. A prpria histria do Direito Romano o demonstra. Mas no eterno variar de contedo, permanecendo externamente inalterveis, v-se melhor como estes praecepta so universais e orientadores de toda a vida social jurdica, independentemente da concepo que se tenha ou se defenda da existncia humana em sociedade.[Sobre estes trs praecepta iuris vid. F. CALASSO, Storicit dei Dirito (Milo, 1966) 343-348; sobre os vrios significados dados pelos autores e sobre o verdadeiro alcance do honeste vivere cf. BIONDI, II Dirito Romano Cristiano II 59-75 e 85.87].14INTRODUO - rir. t-cAP. 2 2-3scs. IV-VI (vid. infra 49 as caractersticas dessa poca histrica do lus Romanum). Infelizmente, dessa poca de muitas confuses que procedem bastantes dos nossos conceitos, terminologia e instituies jurdicas. Por isso, sublinhe-se desde j, o ensino do Direito Romano na actualidade com uma orientao dogmtico-prtica (vid, infra 16-a)) tem, entre outras, a misso importantssima de mostrar a todo o jurista o que clssico (para, com as devidas adaptaes, ser imitado) e o que post-clssico (para, no geral, ser evitado). Como ficou dito, a corrupo do conceito jurdico de dar verifica-se nos scs. IV-VI; mas inicia-se, um pouco antes, embora numa forma menos acentuada. Em nosso entender, pode traar-se uma linha evolutiva, deste modo: nos princpios d,:) sc. III, nota-se uma confuso ou relaxe de dar/tradere (dar/entregar); nos scs. IV-VI, h uma verdadeira corrupo; essa confuso-corrupo avanou pela Idade Mdia fora; continuoutravs dos tempos; penetrou e instalou-se na doutrina e em muitas legislaes modernas (vid. Sebastio Cauz, Da SolutioI [Coimbra, 1962] 198-205).Traduzir suum cuique tribuere, por dar a cada um o que seu pois um erro que tem uns 14 a 15 sculos de existncia; por isso, dizamos, vai ser difcil de desaparecer...A uma norma jurdica, ao conjunto das normas jurdicas e aos preceitos jurdicos (quer fundamentais quer gerais), chama-se direito (ius). Veremos, j a seguir, em quesentido.Captulo 2-ANALISE DA PRIMERA PARTE DA EXPRESSO DIREITO ROMANO (1US ROMANUM)SUMARIO-3. a) lus (noo etimolgica) ') lus (noo real)3. A expresso Direito Romano composta evidentemente de duas palavras: Direito e Romano S depois de conhecida a noo, sobretudo romana, de Direito (lus), que melhor se poder definir e compreender o Direito Romano.315DIREITO ROMANOINTRODUO - TfT. I - CAP. 2.3a) Ius (noo etimolgia)Sempre que se pretenda definir um instituto jurdico ou expressar um conceito jurdico, deve atender-se ao significado natural, espontneo dos termos, quer dizer, noo etilgica da palavra quedesigna esse conceito jurdico. As palavras, em Direito, mas sobretudo em Direito Romano, esto carregadas de sentido; reflectem luminosamente o pensamento jurdico. E no surgem palavras novas, se no hconceitos novos E.E que a terminologia jurdica, principalmente dos romanos, caracteriza-se por conservar, com mais exactido que a linguagem corrente de hoje, o sentido originrio das palavras. Atenda-se, por exemplo, aosignificado jurdico do termo repetir. Em. Direito, no significa fazeroutra vez, recomear, principiar de novo, tornar a dizer, etc., como na linguagem corree; mas, sim, exigir (pedir a devoluo dumacoisa, )udicialmente). Conserva o sentido primitivo de re-petere (pedir para trs, pedir outra vez; logo, pedir a devoluo). 0 prefixo verbal re indica um movimento para trs; um movimento, em sentido contrrio,que destri o que tinha sido feito. De re deriva o advrbio retro, para trs. (Cf. ERNOUT-MEILLET, Dictionnaire tymologique 565 e 566). E assim, se algum deu indevidamente, pode repetir, isto , pode exigirjudicialmente a devoluo daquilo que deu sem estar obrigado. Portanto, se h interesse para qualquer jurista conhecer exactamente as etimologias do lxico que maneja, esse conhecimento tem uma importncia especial para o estudo do Direito Romano. Sobretudo no campo das instituies da poca arcaica e do inicio da poca clssica,a etimologia, muitas vezes, constitui um elemento verdadeiramente decisivo r.A Cf. LVARO D'ORS. Principios para uma Teoria Realista dei Derecho em Anuario de Filosofia dei Derecho 1(1953) 307.7 A filologia latina e a filologia grega so cincias auxiliares valiosas nas investigaes romanfsticas. Cf. A. GUARINO, L'Ordinamento Giuridico Romano'(Npoles, 1959) 6. Vid. LVARO D'ORS, Filologia y Derecho Romano em Actas dei 2. Congresso Espanol de Estudios Clsicos (Madrid, 1964) 193-213.A misso da Filologia em relao ao DR de influxo vitalizador em formade educao humanstica-ef. D'ORS, ib. 206.Sobre Filologia e Direito, veja-se tambm R'omanitas, tom. I (1970) 53 ss.Sobre Filologia e Metodologia Jurdica, vid. Labeo 15(1969) 7 ss.0 lxico jurdico romano tem sido estudado no s por juristas, mas tambmpor fillogos. Alm das referncias contidas no exaustivo Thesaurus Linguae Latine e nos dicionrios etimolgicos de VANICex, WALDE-HOFFMAN, LateinischesEtymologisches Wrterbuch' (Heidelberga, 1938), Walter v. WARBURG Franzsisches Etymologisches Wrterbuch 14 vols. (Bona, 1928-1961), e de ERNOUT-MEILLET, Dictionnaire tymologique de Ia Langue Latine. Histoire des Mots'16Como geralmente acontece com as coisas difceis, ainda hoje no se sabe concreta-mente a origem da palavra ius. Os autores, quer fillogos quer juristas, no esto de acordo quanto sua etimologia 8. Alguns consideram ius uma palavra primi(Paris, 1959), h ainda os valiosos trabalhos de BREAI, Sur !'Origine des Mots designants le Qroit et Ia Loi en Latin en NRH 7(1833) 603 ss.; W. KALB, Das Juristenlatein (Nuremberga, 1866); L. CECI, La Lingua dei Diritto Romano I. Le Etimologie dei Giuresconsulti Romani (Turim, 1892, reeditada em 1966); G. DEVOTO, 1 Problemi dei pi Antico Vocabolario Giuridico Romano em Annafi della Scuola Superiore Normale di Pisa (1933) 255 ss., e em Atti dei Congresso lnternazionale di Diritto Romano. Roma I (Pavia, 1934) 17-35; SCHIArFINC, Disegno Storico delta Lingua Commerciale dai Primordi di Roma ali' Et Moderna I. Roma e i Regni Romano-Germanici em Italia Dialettica 6(1930) 56 ss.; A. PARIENTE, Notas ai Vocabolario Jurdico Latino em AHDE 17(1946) 932-1099; NENCIONI, Lessico Giuridico Latino e Tradizione Mediterranea em Annali della Scuola Normale di Pisa (1940).A filologia, sublinhe-se mais uma vez, uma cincia auxiliar valiosa dos estudos romanisticos, mas... unia cincia auxiliar. 0 elemento filolgico no deve sobrepor-se ao elemento jurdico (vid. infra n. 8). Quando se pretende o contrrio, surgem as polmicas e, naturalmente, os exageros. - [Sobre este tema, vid. V. GEORGESCU, Etudes de Philologie Juridique et de Droit Romain. l. Les Rapports de Ia Philologie Classique et du Droit Romain (Bacarest, 1934); CARUSI, Dirito e Filologia. Riposta di un Giurista alie Critiche di un Filologo (Bolonha, 1925); ARANGIO-RUIZ, Romanisti e Latinisti em Studi in Onore di Mancaleoni Studi Sassaresi 16(1938) 15 ss.; CARNELUTTI, Di l dal Diritto em Riv. Ital. per le Scienze Giur. 1(1947)