direito processual penal - 08ª aula - 14.11.2008

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Page 1: Direito Processual Penal - 08ª Aula - 14.11.2008

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Assuntos Tratados 1º Horário � Procedimento Comum Ordinário (continuação) � Seqüencia de atos 2º Horário � Princípio da Correlação � Tribunal do Júri: Considerações; Princípios; Características

1º HORÁRIO

PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO Seqüencia de atos (continuação) Se o juiz pode não decretar absolvição sumária, ele irá intimar as partes para que compareçam à audiência de instrução e julgamento (encerramento do processo). 1. Primeiro passo é oitiva da vítima. - Condução coercitiva → se a vítima não comparecer, o juiz pode decretar a condução

coercitiva. No crime de ação privada, se a vítima não comparecer, ocorre à perempção. - Ambiente Reservado → a vítima ficará em ambiente reservado para que não tenha contato

com o réu e com as pessoas vinculadas a ele. - Temor justificado → havendo temor justificado da vítima quanto à presença do réu, cabe ao

juiz determinar que este acompanhe o julgamento por vídeo-conferência. Não havendo aparato tecnológico, o réu é retirado da sala e o ato será acompanhado pelo seu advogado. Obs.: não se pode usar a vídeo-conferência para fazer interrogatório do réu. O STF declarou inconstitucional o interrogatório por vídeo-conferência.

- Atendimento multidisciplinar → o juiz pode encaminhar a vítima para atendimento social

psicológico, médico, e determinar o acesso à justiça (defensoria pública) às expensas do Estado ou do réu. Crítica: o réu só poderia ser onerado depois da sentença transitada em julgado, devido ao princípio da presunção de inocência.

- Indenização → cabe ao juiz criminal, em toda sentença condenatória, estabelecer o mínimo

de indenização cabível em razão dos danos causados a vítima (materiais e morais). Observação quanto aos pontos processuais relevantes: a) Quantitativo da indenização → o juiz estabelece o valor mínimo, título líquido e pode executar

no civil. Quanto ao valor remanescente, a sentença no seu remanescente será liquidada para que depois seja patrocinada a execução no civil.

b) Legitimidade → nas ações penais privadas, cabe ao querelante requerer a indenização; já nos crimes de ação pública, se a vítima é pobre e na comarca não há defensor, a legitimidade é do MP (inconstitucionalidade progressiva − art. 68 do CPP, ou seja, nas comarcas onde há defensor, esse artigo é inconstitucional), nos demais casos, caberá à vítima habilitar-se como assistente de acusação.

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2. Oitiva das testemunhas Primeiro serão ouvidas as testemunhas de acusação e depois as da defesa. A acusação pode arrolar até oito testemunhas, e a defesa também. Serão oito testemunhas para cada réu e para cada crime. Observações - O sistema presidencialista foi abandonado e passamos adotar o sistema de interpelação direta

(direct examination), sendo que, após as perguntas do juiz, as partes farão as suas e, ao final, o magistrado ainda poderá realizar alguma pergunta complementares.

- O magistrado pode indeferir pergunta tendenciosa, impertinente ou já respondida, o que a

parte irresignada fará constar em ata para alegação futura de nulidade em preliminar de recurso de apelação.

3. Interpelações De peritos (que agora poderão ser ouvidos em audiência); assistente técnico (perito de confiança da parte que elabora parecer técnico); acareações, reconhecimento de pessoas ou coisas. 4. Interrogatório (ultimo ato da instrução) A reforma consagrou o princípio do contraditório ao estabelecer como último ato da instrução o interrogatório. Debates Orais Primeiramente fala a acusação que terá 20 minutos prorrogáveis por + 10. Obs.: assistente de acusação tem 10 minutos improrrogáveis. A defesa terá igualmente 20 minutos + 10 minutos (terá 30 minutos se o MP + assistente falar). Obs.: substituição dos debates orais por memorais Em regra, debates orais; haverá exceção em: - Crime complexo (vários fatores) → cabe ao juiz deliberar; - Pluralidade de réus (dois ou mais); - Havendo surgimento de nova prova sobre suja colheita o juiz tenha deliberado favoravelmente,

a audiência será sobestada e, com a nova prova colhida, as partes serão intimadas para apresentar memoriais (5 dias para cada); na seqüência, o juiz irá sentenciar (10 dias prorrogáveis por mais 10).

Obs.: fundamentos principiológicos do processo Princípio da oralidade → de modo a haver celeridade no processo; deste princípio decorre: - Princípio da concentração → os atos de instrução devem ser concentrados em uma audiência

ou em número menor delas. - Princípio da Imediatividade → as provas devem ser produzidas imediatamente perante o juiz

que preside o processo. - Princípio da Identidade física do Juiz → o magistrado que preside a instrução é aquele que irá

proferir sentença. Obs.: prazo para o encerramento da Instrução Quanto à sua instrução, o procedimento comum ordinário se encerra no prazo de 60 dias, contados do recebimento da denúncia; ele passa a ser o termômetro da prisão cautelar quanto a sua extensão no tempo, à luz, segundo o STF e STJ, do princípio da proporcionalidade.

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2º HORÁRIO PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO Conceito: por esse princípio, cabe ao juiz, no momento em que vai proferir sentença condenatória, elaborá-la como reflexo da inicial acusatória, já que ele não pode julgar extra, citra ou ultra petita. Obs. Institutos que materializam a correlação 1. Emendatio Libelli Por esse instituto, cabe ao juiz, no momento da sentença, corrigir os equívocos de enquadramento típicos existentes na inicial acusatória, aplicando aos fatos narrados e provados, o artigo de lei adequado, afinal é o juiz que conhece o direito. Conseqüências processuais: - ex officio “sem nenhuma formalidade pretérita”; - cabida nos crimes de ação pública ou privada; - pode ser aplicada na fase recursal, salvo se imprimir refomatio in pejus (só a defesa recorre); - se o juiz, ao aplicar a ementatio, verificar que é incompetente, remeterá para juiz competente; - ao se aplicar a ementatio e se verificar que o crime tem pena mínima até um ano, cabe ao MP

oferecer a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95). 2. Mutatio Libelli: É o instituto que permite ao juiz oportunizar ao titular da ação o devido enquadramento da imputação (fatos) atribuída ao réu, já que a instrução revela que o que realmente ocorreu é distinto daquilo que foi narrado na denúncia. Procedimento da Mutatio: Juiz → abre vista ao MP para que esse faça Aditamento da Denúncia em 5 dias, podendo arrolar até 3 testemunhas → abre vista para a Defesa se manifestar em 5 dias e indicar até 3 testemunhas. Cabe ao Juiz retomar a audiência para: oitiva das testemunhas; interrogatório, debates orais e sentença. Conclusões processuais: - recusa ao aditamento pelo MP → art. 28 do CPP; - só cabe nos crimes de ação pública e ação privada subsidiaria da pública; - não cabe na fase recursal, pois ocorreria supressão de instâncias; - se houve o aditamento, o juiz está adstrito a ele, de sorte que não é mais possível a imputação

alternativa, que era a possibilidade de o juiz também condenar por fato que anteriormente tinha sido narrado na denúncia;

- se houve a mutatio e o juiz percebeu que é incompetente, os autos serão remetidos ao juízo competente;

- se foi aplicado a mutatio e o crime tiver pena mínima menor de 1 ano, terá cabimento a suspensão condicional do processo.

JÚRI 1. Considerações A base estrutural do júri é constitucional; está positivado no art. 5º, XXXVII, da CR. Segundo Nucci o júri não é só um direito, mas também uma garantia fundamental. O júri está no patamar de cláusula pétrea, portanto não pode ser suprimido do ordenamento nem mesmo por emenda.

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2. Princípios - Princípio da plenitude de defesa, que é a possibilidade de se utilizar de argumentos técnicos e

extrajurídicos (argumentos sentimentais, econômicos etc.). - Princípio do sigilo das votações: ele é reconhecido como a utilização da sala secreta na

expectativa de que não se saiba o teor da votação de cada jurado (com a reforma não é mais possível a unanimidade na votação, preservando-se, assim, o teor da deliberação do corpo de jurados).

- Princípio da soberania dos veredictos. Obs.: é possível que a soberania dos veredictos seja

flexibilizada no âmbito da ação de revisão criminal, a partir da qual o tribunal pode de pronto absolver réu injustamente condenado pelo júri.

- Princípio da competência mínima para crimes dolosos contra vida: o legislador ordinário pode

ampliar a competência do júri; ele não pode é reduzir. O júri julga os crimes dolosos contra a vida e todos que sejam conexos.

3. Características a) Composição → o tribunal do Júri é composto por um juiz-presidente e 25 jurados, portanto é

um órgão heterogêneo na sua composição. - Decisões subjetivamente simples são aquelas proferidas por órgão monocrático (juiz

singular). - Decisão subjetivamente plúrima é aquela proferida por órgão colegiado homogêneo

(decisão do pleno). - Decisão subjetivamente complexa é aquela proferida por um órgão colegiado heterogêneo

(júri). b) órgão Horizontal → não existe subordinação entre jurados e juiz-presidente, cada um tem sua

função. c) Temporariedade → funciona por alguns períodos determinados do ano, determinados pela lei

de Organização Judiciária, chamado período de reunião do júri. Sessão do júri é o dia do trabalho do tribunal do júri.

d) voto por maioria → o tribunal do júri vota por maioria, mas está vedada a unanimidade: quatro

votos são suficientes.