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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO – RESUMO POR QUESTÕES – AGU/PGF/PFN DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO I. PRINCÍPIOS. ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO 1. CERTO Segundo a doutrina atual, os princípios têm as seguintes funções: a) normativa – atuam como uma norma jurídica, suprindo as lacunas e omissões da lei; b) informativa – servem como norte ao legislador na elaboração das regras e como fundamento das normas já existentes; c) interpretativa – orientam os aplicadores da lei. COMENTÁRIO EXTRA: Segundo Robert Alexy, os princípios possuem maior grau de abstração e têm maior conteúdo axiológico. O conflito entre as regras seria solucionado pela invalidade de uma delas; com relação aos princípios, a solução se daria pela prevalência de um sobre o outro, em razão de determinadas circunstâncias. 2. ERRADO O princípio dispositivo estabelece que, para poder decidir, o juiz depende da iniciativa das partes quanto à produção das provas e às alegações que servirão de fundamento para a decisão. Contrapõe-se, assim, ao princípio da livre-investigação das provas. A inspeção judicial, por ser meio de prova que depende da iniciativa do juiz, seria uma exceção ao princípio. COMENTÁRIO EXTRA: No processo do trabalho, em que se busca a verdade real (primazia da realidade), predomina o entendimento de que o juiz tem maiores poderes instrutórios, determinando a produção de diversas provas de ofício. Como exemplo, tem-se a determinação de perícia de ofício em ações nas quais se postula indenização por incapacidade decorrente de acidente de trabalho, bem como as perícias para os pedidos de insalubridade e periculosidade. 3. ERRADO Não estão sujeitas ao reexame necessário as sentenças proferidas contra a Fazenda Pública cuja condenação seja igual ou inferior a 60 salários mínimos (Súmula 303, I, do TST). Recorde-se que o reexame necessário não é considerado recurso, mas sim condição de eficácia da sentença de 1º grau. COMENTÁRIO EXTRA: A Súmula 303 do TST se adéqua, portanto, às hipóteses de dispensa de reexame previstas nos §§ 2º e 3º do art. 475 do CPC. Também não estão sujeitas a reexame as sentenças proferidas de acordo com decisão plenária do STF, bem como com súmula ou orientação jurisprudencial do TST. A mesma regra se aplica às ações rescisórias (Súmula 303, II). 4. ERRADO O art. 791 da CLT garante o ius postulandi às partes, independentemente do valor da causa. COMENTÁRIO EXTRA: Recentemente, o TST editou a Súmula 425, restringindo o ius postulandi apenas às varas do trabalho e aos tribunais regionais do trabalho, não se aplicando, portanto, ao TST. 5. CERTO O princípio da conciliação deve informar a atuação do juiz, que deve sempre oportunizar a conciliação das partes. Entretanto, por força de lei, há duas tentativas obrigatórias: a) antes da apresentação da defesa (art. 846 da CLT); b) após a apresentação das razões finais (art. 850 da CLT). COMENTÁRIO EXTRA: Há restrição apenas quando já houver sentença proferida com trânsito em julgado ou liquidação, pois, nesse caso, não se pode prejudicar os créditos da União (contribuições previdenciárias e fiscais), conforme art. 831, parágrafo único, da CLT. 6. CERTO A competência é da Justiça do Trabalho, por força do art. 114, III, da CF. Antes da EC n. 45/2004, a competência era da Justiça Comum Estadual, exatamente porque não envolvia lide entre empregado e empregador. COMENTÁRIO EXTRA: Com a EC n. 45/2004, a competência para todas as lides sindicais passou a ser da justiça do trabalho, a exemplo das ações de cobrança de contribuição sindical e ações referentes às eleições sindicais. 7. ERRADO A hipótese se amolda ao inciso I do art. 114 da CF, uma vez que abrange relação de trabalho, ainda que 9

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Resumo. Concursos Públicos. Advocacia Pública

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO – RESUMO POR QUESTÕES – AGU/PGF/PFN

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

I. PRINCÍPIOS. ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO1. CERTO Segundo a doutrina atual, os princípios têm as seguintes funções: a) normativa – atuam como uma norma jurídica, suprindo as lacunas e omissões da lei; b) informativa – servem como norte ao legislador na elaboração das regras e como fundamento das normas já existentes; c) interpretativa – orientam os aplicadores da lei.

COMENTÁRIO EXTRA: Segundo Robert Alexy, os princípios possuem maior grau de abstração e têm maior conteúdo axiológico. O conflito entre as regras seria solucionado pela invalidade de uma delas; com relação aos princípios, a solução se daria pela prevalência de um sobre o outro, em razão de determinadas circunstâncias.

2. ERRADO O princípio dispositivo estabelece que, para poder decidir, o juiz depende da iniciativa das partes quanto à produção das provas e às alegações que servirão de fundamento para a decisão. Contrapõe-se, assim, ao princípio da livre-investigação das provas. A inspeção judicial, por ser meio de prova que depende da iniciativa do juiz, seria uma exceção ao princípio.

COMENTÁRIO EXTRA: No processo do trabalho, em que se busca a verdade real (primazia da realidade), predomina o entendimento de que o juiz tem maiores poderes instrutórios, de-terminando a produção de diversas provas de ofício. Como exemplo, tem-se a determinação de perícia de ofício em ações nas quais se postula indenização por incapacidade decorrente de acidente de trabalho, bem como as perícias para os pedidos de insalubridade e periculosidade.

3. ERRADO Não estão sujeitas ao reexame necessário as sentenças proferidas contra a Fazenda Pública cuja condenação seja igual ou inferior a 60 salários mínimos (Súmula 303, I, do TST). Recorde-se que o reexame necessário não é considerado recurso, mas sim condição de eficácia da sentença de 1º grau.

COMENTÁRIO EXTRA: A Súmula 303 do TST se adéqua, portanto, às hipóteses de dispensa de reexame previstas nos §§ 2º e 3º do art. 475 do CPC. Também não estão sujeitas a reexame as sentenças proferidas de acordo com decisão plenária do STF, bem como com súmula ou orientação jurisprudencial do TST. A mesma regra se aplica às ações rescisórias (Súmula 303, II).

4. ERRADO O art. 791 da CLT garante o ius postulandi às partes, independentemente do valor da causa.

COMENTÁRIO EXTRA: Recentemente, o TST editou a Súmula 425, restringindo o ius

postulandi apenas às varas do trabalho e aos tribunais regionais do trabalho, não se aplicando, portanto, ao TST.

5. CERTO O princípio da conciliação deve informar a atuação do juiz, que deve sempre oportunizar a conciliação das partes. Entretanto, por força de lei, há duas tentativas obrigatórias: a) antes da apresentação da defesa (art. 846 da CLT); b) após a apresentação das razões finais (art. 850 da CLT).

COMENTÁRIO EXTRA: Há restrição apenas quando já houver sentença proferida com trânsito em julgado ou liquidação, pois, nesse caso, não se pode prejudicar os créditos da União (contribuições previdenciárias e fiscais), conforme art. 831, parágrafo único, da CLT.

6. CERTO A competência é da Justiça do Trabalho, por força do art. 114, III, da CF. Antes da EC n. 45/2004, a competência era da Justiça Comum Estadual, exatamente porque não envolvia lide entre empregado e empregador.

COMENTÁRIO EXTRA: Com a EC n. 45/2004, a competência para todas as lides sindicais passou a ser da justiça do trabalho, a exemplo das ações de cobrança de contribuição sindical e ações referentes às eleições sindicais.

7. ERRADO A hipótese se amolda ao inciso I do art. 114 da CF, uma vez que abrange relação de trabalho, ainda que não envolva relação de emprego (art. 442, parágrafo único, da CLT).

COMENTÁRIO EXTRA: Antes da EC n. 45/2004, a Justiça do Trabalho era competente para julgar apenas as ações envolvendo relação de emprego. Com a nova redação, a competência passou a abranger todas as relações de trabalho, inclusive as dos trabalhadores cooperados.

8. CERTO A SDC tem tal competência, por força do art. 70, I, c, do Regimento Interno do TST.

COMENTÁRIO EXTRA: A competência dos órgãos do TST (Turmas, Subseção de Dissídios Individuais 1 e 2, Subseção de Dissídios Coletivos, Órgão Especial e Tribunal Pleno) raramente é cobrada em concursos. Para um estudo mais aprofundado, recomenda-se a leitura dos arts. 67 a 72 do Regimento Interno do TST.

9. ERRADO Por força da liminar concedida na ADI 3.395, a competência seria da Justiça Comum. Em razão de tal decisão, todas as ações referentes aos servidores públicos estatutários continuaram na Justiça Comum.

COMENTÁRIO EXTRA: O STF também decidiu que as ações em que se alega fraude em contratação sem concurso público são da competência da Justiça Comum, o que acarretou o cancelamento da OJ 205 da SDI1 do TST.

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10. A Art. 114, I, da CF. Por força da liminar na ADI 3.395, o STF excluiu da competência da Justiça do Trabalho as ações referentes aos servidores públicos estatutários, ou que tenham vínculo regido por lei ou de caráter jurídico-administrativo (ex.: cargos em comissão).

COMENTÁRIO EXTRA: B) Art. 114, VII, da CF. A inscrição em dívida ativa não exclui a competência trabalhista, tanto que as execuções fiscais passaram a tramitar na Justiça Especializada; C) Art. 114, VI, da CF. No CC 7.204/STF, a Excelsa Corte decidiu que as ações com pedidos indenizatórios decorrentes de acidente de trabalho são da competência trabalhista; D) Art. 114, VIII, da CF. Segundo o STF (RE 569.056) e o TST (Súmula 368, I), a competência se restringe às contribuições previdenciárias incidentes sobre as verbas de natureza salarial que forem objeto de acordo ou sentença trabalhista; E) Art. 114, V, da CF. Os conflitos de competência entre um órgão de jurisdição trabalhista e comum (ex.: Juiz do Trabalho e Juiz Estadual) serão julgados pelo STJ (art. 105, I, d, da CF). A competência de Justiça Laboral é apenas para os conflitos envolvendo apenas órgãos com jurisdição trabalhista.

11. CERTO A competência territorial é de uma das Varas do local da prestação de serviços. O entendimento majoritário é o de que, se o trabalhador prestou serviços em diversos julgares, a competência é do último local de trabalho (Carlos Henrique Bezerra Leite).

COMENTÁRIO EXTRA: Há, ainda, corrente segundo a qual a competência poderia ser de qualquer um dos lugares em que o serviço foi prestado, no caso de transferências. Imagine-se, por exemplo, situação em que o reclamante trabalhou 4 anos em uma cidade e depois foi transferido para outra, onde permaneceu por apenas mais 3 meses até o termino do vínculo. No caso, a maior parte das provas provavelmente estarão na primeira localidade.

12. CERTO Art. 114, II, da CF. A exceção mencionada decorre da liminar na ADI 3.395 do STF. Assim, se a Justiça do Trabalho não tem competência para processar e julgar os processos dos servidores estatutários, também não poderá julgar as ações decorrentes de sua greve.

COMENTÁRIO EXTRA: A competência será da justiça federal se o servidor público for federal, e da justiça estadual, se o servidor for estadual ou municipal.

13. ERRADO O depósito prévio na ação rescisória é de 20% sobre o valor da causa, segundo o art. 836 da CLT.

COMENTÁRIO EXTRA: A competência será do TRT, pois foi ele quem proferiu a decisão de

mérito (Súmula 192, I, do TST). A competência será do TST quando a decisão de mérito for dada pelo TST, ou nas hipóteses da Súmula 192, II, do TST.

14. ERRADO Das decisões do juiz na execução é cabível o agravo de instrumento, previsto no art. 897, a, da CLT.

COMENTÁRIO EXTRA: A competência está prevista no art. 114, VII, da CF, e a União será a exequente, porque a fiscalização do trabalho é órgão do Poder Executivo Federal.

15. ERRADO Segundo o art. 111 da CF, os órgãos da Justiça do Trabalho são apenas o TST, os TRTs e os juízes do trabalho.

COMENTÁRIO EXTRA: Na Justiça do Trabalho, não existem juizados especiais trabalhistas, pois os processos de rito sumaríssimo são julgados nas próprias Varas do Trabalho.

16. D As lides entre os sindicatos e os empregados são de competência da Justiça do Trabalho, conforme art. 114, III, da CF. O inciso também abrange as lides entre sindicatos, entre empregador e sindicato, bem como as referentes a representação sindical.

COMENTÁRIO EXTRA: Pela aplicação da decisão na ADI 3.395, não estão inseridas as lides envolvendo sindicatos dos servidores públicos estatutários.

17. C II) Na ADI 3.486, o STF entendeu que a Justiça do Trabalho não tem competência criminal; III) A nosso ver, o gabarito está equivocado, pois as ações referentes aos autônomos são processadas na Justiça do Trabalho, por serem eles trabalhadores sem vínculo. A partir do momento em que o art. 114, I, da CF faz alusão à relação de trabalho, e não de emprego, a competência é ampliada. A Súmula 363 do STJ remete à competência para processar e julgar as ações de cobrança de honorários de profissionais liberais, o que não abrange todo e qualquer trabalhador autônomo.

COMENTÁRIO EXTRA: I) Se a ação for ajuizada pela Caixa Econômica Federal, que é a atual gestora do FGTS, a competência é da Justiça Comum Federal. A competência da Justiça do Trabalho se restringe ao pedido feito pelo empregado em uma reclamação trabalhista. IV) As ações previdenciárias são de competência da Justiça Comum Estadual (Súmulas 235 do STF e 15 do STJ).

18. C A Súmula 442 do TST afasta a possibilidade de interposição de recurso de revista em rito sumaríssimo por violação a OJ.

COMENTÁRIO EXTRA: A) OJ 414 da SDI1 do TST confere tal competência à Justiça do Trabalho. B) A previsão está na OJ 409 da SDI1 do TST, que

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afasta a necessidade do recolhimento da multa como forma de preparo (v. capítulo IV). D) Súmula 425 do TST. E) A previsão é da Súmula 368, I, do TST. Assim, só há competência da Justiça do Trabalho quando houver pagamento de verbas salariais na ação trabalhista, por meio de acordo ou de sentença condenatória em pecúnia. O caso também foi decidido pelo STF no RE 569.056. Não há, portanto, competência para executar as contribuições previdenciárias incidentes sobre salários que já foram pagos ao longo do vínculo.

II. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. REPRESENTAÇÃO. ATOS E PRAZOS PROCESSUAIS. NULIDADES1. CERTO O art. 8º, III, da CF confere às entidades sindicais a substituição processual ampla, abrangendo tanto os direitos e interesses difusos e coletivos, quanto os direitos individuais homogêneos dos trabalhadores.

COMENTÁRIO EXTRA: A redação da Súmula 310 do TST, já cancelada, estabelecia que o dispositivo não garantia a substituição plena do sindicato, incluindo os direitos individuais homogêneos dos membros da categoria. Entretanto, o STF pacificou entendimento em sentido contrário, garantindo a substituição ampla das entidades sindicais, posicionamento este que também foi posteriormente adotado pelo TST.

2. CERTO Caso o reclamante não possa comparecer em audiência por motivo justificado, pode se fazer representar por membro do sindicato ou por colega de profissão, sem que isso implique o arquivamento da ação (art. 843, § 2º, da CLT).

COMENTÁRIO EXTRA: Tal representação objetiva apenas o não arquivamento da ação, nos termos do art. 844 da CLT. Dessa forma, ao se deparar com tal situação, o juiz deve adiar a audiência, uma vez que o representante não tem poderes sequer para poder entabular acordo.

3. ERRADO O TST entende que o preposto deve necessariamente ser empregado da empresa, havendo, entretanto, duas exceções: a) empregadores domésticos; b) prepostos de micro e pequenas empresas, por força do art. 54 da Lei Complementar n. 123/2006 (Súmula 377 do TST).

COMENTÁRIO EXTRA: Muitos TRTs deixam de aplicar o entendimento sumulado do TST. Isso porque o art. 843, § 1º, da CLT não contém a exigência de que o preposto seja empregado da empresa, mas apenas de que ele tenha conhecimento dos fatos que estão sendo discutidos na ação.

4. CERTO No processo do trabalho, os prazos se iniciam a partir da intimação, não dependendo do ato de juntada (art. 774 da CLT). Dessa forma,

se a intimação foi feita em 5/8, mas a juntada ocorreu apenas em 20/8, é a partir do dia 5 que se inicia o prazo.

COMENTÁRIO EXTRA: A regra do direito processual comum não se aplica ao caso, pois, para tanto, o art. 769 da CLT exige dois requisitos: a) omissão na CLT quanto ao ponto; b) compatibilidade com as normas trabalhistas. No caso, como a CLT tem regra própria sobre o início dos prazos, ela deve ser aplicada.

5. E O princípio da utilidade dispõe que os atos válidos não devem ser atingidos pela nulidade. Tem ligação com o princípio da economia processual. O princípio tem ligação com os arts. 797 e 798 da CLT. Assim, ao pronunciar a nulidade, o juiz deve apontar quais atos ela atinge, sempre tentando preservar os atos válidos. Ademais, a nulidade de um ato somente deve atingir os atos posteriores que dele dependam ou sejam consequência.

COMENTÁRIO EXTRA: A) O princípio da transcendência ou do prejuízo está previsto no art. 794 da CLT e estabelece que a nulidade só deve ser declarada quando houver a comprovação de prejuízo à parte; B) O princípio da convalidação permite que um ato eivado de vício seja convalidado se a parte interessada não arguir a nulidade no primeiro momento em que puder falar nos autos (art. 795 da CLT). Na prática forense, essa nulidade normalmente é arguida por meio de protesto da parte; C) O princípio do interesse de agir propõe que a nulidade deve ser arguida pela parte que tem interesse na sua pronúncia; D) Pelo princípio da instrumentalidade das formas, o juiz deverá considerar válido um ato que for praticado de forma diversa da prevista em lei, desde que tenha alcançado a sua finalidade e que a lei não preveja a nulidade para o caso (art. 244 do CPC).

6. ERRADO No processo do trabalho, os honorários são devidos apenas se estiverem presentes, concomitantemente, os seguintes requisitos: a) assistência pelo sindicato (Lei n. 5.584/70); b) o reclamante deve receber até 2 salários mínimos ou não pode ter condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do seu sustento ou de sua família, ou seja, se for beneficiário da justiça gratuita (Súmula 219 do TST).

COMENTÁRIO EXTRA: Segundo a Instrução Normativa 27/2005 do TST, os honorários advocatícios só serão devidos pela mera sucumbência (como no processo civil) nas ações que não envolvam a relação de emprego (ex.: as que vieram para a Justiça do Trabalho em razão da ampliação da competência material). A Súmula 219, III, do TST ainda acrescenta a hipótese de sindicato que atua como substituto processual.

7. CERTO A Súmula 219 do TST estabelece que

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o percentual será de 15% sobre o valor da condenação. A OJ 348 da SDI1 do TST prevê que a base de cálculo será o valor líquido da condenação, apurado em liquidação de sentença, sem a dedução dos descontos previdenciários e fiscais.

COMENTÁRIO EXTRA: Quando os honorários advocatícios decorrerem da própria sucumbência, o juiz pode se pautar nos critérios do art. 20 do CPC. Entretanto, muitos juízes do trabalho mantêm o percentual máximo de 15% previsto na súmula.

III. PROCESSO DE CONHECIMENTO1. ERRADO Não estão sujeitas ao rito sumaríssimo, independentemente do valor da causa, as ações em que seja parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional (art. 852-A, parágrafo único, da CLT).

COMENTÁRIO EXTRA: Como regra, as ações cujo valor da causa não exceda 40 salários mínimos estão sujeitas ao rito sumaríssimo. No caso, a assertiva questionou exatamente a exceção.

2. ANULADO A questão foi anulada, sob o argumento de que “A alteração legislativa do artigo 467 da CLT, sem indicação expressa ao parágrafo único, pode dar margem ao questionamento de sua preservação, o que é incompatível com uma prova objetiva”.

COMENTÁRIO EXTRA: O empregador deve pagar a parte incontroversa das verbas rescisórias na audiência inicial, sob pena de pagá-las com multa de 50%, prevista no art. 467 da CLT. Posteriormente, a MP 2.180-35/2001 inseriu o parágrafo único ao dispositivo, prevendo que a União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, bem como as suas fundações e autarquias públicas, não estavam sujeitos à multa do art. 467 da CLT, até mesmo porque o pagamento é feito por meio de precatório ou requisição de sentença de pequeno valor. Entretanto, logo após, foi editada a Lei n. 10.272/2001, que deu nova redação ao dispositivo, sem fazer alusão ao parágrafo único.

3. ERRADO A compensação deve ser arguida como matéria de defesa (Súmula 48 do TST) e, portanto, se for pedida após a apresentação da contestação, não deve ser deferida.

COMENTÁRIO EXTRA: Na Justiça do Trabalho, a compensação deve ser restrita às dívidas de natureza trabalhista (Súmula 18 do TST).

4. CERTO Nas ações que tramitam pelo rito sumaríssimo (no caso, o valor da causa é inferior a 40 salários mínimos), cada parte pode apresentar até 2 testemunhas.

COMENTÁRIO EXTRA:

• Rito sumaríssimo: até 2 testemunhas (art. 852-H, § 2º, da CLT).

• Rito ordinário: até 3 testemunhas (art. 821 da CLT).

• Inquérito judicial para apuração de falta grave: até 6 testemunhas (art. 821, parte final, da CLT).

5. ERRADO A nulidade deve ser arguida na primeira oportunidade que a parte tiver nos autos, normalmente por meio do “protesto” (art. 795 da CLT). Assim, se o juiz indeferiu a produção da prova testemunhal, a parte deve protestar de imediato, sob pena de preclusão.

COMENTÁRIO EXTRA: A figura do “protesto” é semelhante à do agravo retido. Assim, a parte deve protestar e depois, quando das razões de recurso ordinário, buscar a nulidade da sentença por cerceamento de defesa.

6. B · 7. CERTO O art. 832, § 4º, da CLT estabelece que a União deverá ser intimada de todas as decisões homologatórias de acordo, quando elas tiverem parcelas de natureza indenizatória (caso em que não haveria recolhimento de contribuições). Isso para que possa interpor recurso ordinário contra a discriminação das verbas. Como exemplo, se o reclamante pedir apenas horas extras e reflexos (verbas de natureza salarial) e no acordo constar que o pagamento se refere a indenização por danos morais (natureza indenizatória), a União poderá interpor recurso para ser reconhecida a fraude, com o consequente recolhimento das contribuições incidentes sobre as verbas de natureza salarial.

COMENTÁRIO EXTRA: A intimação é necessária, mas a interposição de recurso é facultativa. Assim, se a União não vislumbrar fraude na discriminação, com o objetivo de mascarar verbas de natureza salarial, não precisa recorrer. A decisão que homologa acordo tem forma de decisão irrecorrível, e não de decisão interlocutória. A dispensa da manifestação da União pode ser feita apenas pelo Ministro de Estado da Fazenda, e não por um Procurador da Fazenda Nacional (art. 832, § 7º, da CLT).

IV. RECURSOS TRABALHISTAS1. CERTO Súmula 128, I, do TST: a cada novo recurso, a parte deve fazer novo depósito recursal, respeitado o limite fixado pelo TST ou o valor da condenação.

COMENTÁRIO EXTRA: No caso, o recurso ordinário está limitado ao valor máximo do depósito recursal. O recurso de revista, entretanto, não demandaria depósito de R$ 9.356,25, uma vez que o valor da condenação seria extrapolado. Por outro lado, se a condenação fosse de R$ 20.000,00, por exemplo,

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o depósito recursal teria que ser os R$ 9.356,25 e, se outro recurso fosse interposto, seria necessário um novo depósito, até atingir os R$ 20.000,00.

2. CERTO Súmula 128, III, do TST: no caso de empresas condenadas solidariamente, cada uma deve fazer um depósito recursal, no caso de pretender a sua exclusão da lide.

COMENTÁRIO EXTRA: Se a pretensão não for a exclusão da lide, mas apenas discutir as demais questões de mérito da sentença, podem as empresas solidárias fazer um único depósito recursal, pois o depósito de uma aproveita às demais.

3. ERRADO As decisões interlocutórias são irrecorríveis de imediato, mas estão sujeitas a reexame apenas quando da decisão final, que é a sentença (art. 893, § 1º, da CLT). A questão está errada, pois, da forma como está redigida, passa a impressão de que elas não serão objeto de recurso em momento algum.

COMENTÁRIO EXTRA: O referido dispositivo traz a regra geral, mas há exceções, que estão na Súmula 214 do TST.

4. ERRADO Nem todos os recursos contam com prazo de 8 dias, pois os embargos declaratórios, recurso extraordinário e pedido de revisão têm prazo recursal diferenciado. De acordo com o art. 899 da CLT, os recursos trabalhistas têm, de fato, efeito meramente devolutivo e podem ser interpostos por simples petição.

COMENTÁRIO EXTRA: Partindo-se da premissa de que eles são interpostos por simples petição, o recorrente sequer precisaria fundamentar as suas razões de recurso. Entretanto, muitos tribunais têm deixado de conhecer de recursos por violação ao princípio da dialeticidade e por não ter apresentado o motivo pelo qual a decisão recorrida estaria equivocada.

5. ERRADO A necessidade de demonstração de divergência entre decisões de TRTs ou de ofensa a CF ou a lei federal são pressupostos apenas do recurso de revista, e não do recurso ordinário.

COMENTÁRIO EXTRA: Observe-se que nem todas as decisões proferidas por um TRT estão sujeitas a recurso de revista, mas apenas aquelas nas quais ele figura como 2ª instância. No caso, o TRT tinha a competência originária para julgar o mandado de segurança, atuando, portanto, como 1ª instância. Assim, de sua decisão cabe recurso ordinário em mandado de segurança (ROMS) para o TST, que atuaria como 2º grau.

6. CERTO O agravo de petição é o recurso cabível contra as decisões em execução (art. 897, a, da CLT). Predomina, entretanto, o entendimento de que o recurso seria cabível apenas de decisões que extinguem a execução

ou que julgam os embargos.

COMENTÁRIO EXTRA: Especificamente quanto à exceção de pré-executividade, se o juiz acolher o pedido, a decisão tem natureza de sentença, pelo que caberia o agravo de petição. Entretanto, se o juiz não conhece da exceção, não caberia recurso porque seria decisão interlocutória. Nessa hipótese, o agravo de petição seria interposto apenas quando do julgamento dos embargos.

7. ERRADO A hipótese não seria de recurso de revista, mas sim de recurso ordinário em dissídio coletivo (RODC). Como já ponderado (v. questão 5), nem sempre o recurso dirigido ao TST será o de revista.

COMENTÁRIO EXTRA: No caso, o TRT da 10ª Região seria originariamente competente para apreciar o dissídio coletivo e, em razão disso, o TST atuaria como 2ª instância.

8. CERTO O reexame necessário é dispensado quando a decisão recorrida estiver em conformidade com decisão plenária do STF ou com súmula ou orientação jurisprudencial do TST (Súmula 303, II, do TST).

COMENTÁRIO EXTRA: Recorde-se que o reexame necessário não é considerado recurso, mas sim condição de eficácia da sentença de 1º grau.

9. ANULADA A questão foi anulada porque o item não traz informações específicas do MPT, nem quais interesses estariam em causa. Entretanto, pensamos que não seria caso de anulação, pois a assertiva está na OJ 237 da SDI-1 do TST: O MP não tem legitimidade para recorrer no interesse de patrimônio privado, onde se inserem as empresas públicas e sociedades de economia mista, apesar de elas fazerem parte da Administração Indireta.

COMENTÁRIO EXTRA: Observe-se que a OJ 338 da SDI1 do TST confere legitimidade para o MPT recorrer nas ações em que se reconhece vínculo empregatício com as sociedades de economia mistas quando o trabalhador não se submeteu ao concurso público. No caso, não haverá apenas interesse patrimonial, mas sim necessidade de respeito ao art. 37, § 2º, da CF. Entretanto, o STF vem entendendo que tal competência não é da Justiça do Trabalho.

10. CERTO Quando a decisão de um TRT violar a CF, deve a parte interpor recurso de revista ao TST, nos termos do art. 896, c, da CLT. Apenas após o julgamento do RR é que o recorrente poderá interpor o recurso extraordinário.

COMENTÁRIO EXTRA: Vê-se, assim, que não se pode ir diretamente ao STF, mas antes a arguição de inconstitucionalidade deve ser apreciada pelo TST. Tanto o é que, no Regimento Interno do TST, há previsão da competência do Tribunal Pleno

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para se declarar a inconstitucionalidade. Entretanto, deve-se ponderar que a última palavra é sempre do STF, que é o guardião da Constituição.

11. ERRADO · 12. ERRADO Por se tratar de decisões interlocutórias, a decisão incidental declaratória e a de rejeição de contradita não estão sujeitas a recurso de imediato e não estão inseridas nas exceções da Súmula 214 do TST. Dessa forma, apenas quando o juiz proferir a sentença é que as decisões serão reexaminadas.

COMENTÁRIO EXTRA: Vale lembrar que o protesto funciona como um “agravo retido”, ou seja, a parte deve demonstrar seu inconformismo no momento em que a decisão interlocutória é proferida, sob pena de a questão não ser conhecida quando do julgamento do recurso ordinário. Ainda, não há falar em direito líquido e certo à oitiva de testemunha, a ensejar a impetração de mandado de segurança.

13..ERRADO Nas execuções de sentença, o recurso de revista só é cabível quando houver ofensa direta e literal à CF (art. 896, § 2º, da CLT).

COMENTÁRIO EXTRA: A lei incluiu expressamente os embargos de terceiro na regra restritiva. Isso evita discussões acerca da natureza jurídica de tal ação.

14. ERRADO O agravo de instrumento deve ser interposto no juízo que negou seguimento ao recurso. Isso porque ele é dotado de efeito regressivo. Assim, mantida a decisão, o juízo a quo remeterá o agravo ao juízo ad quem, que é o mesmo órgão que teria a competência para julgar o recurso denegado.

COMENTÁRIO EXTRA: O agravo de instrumento é cabível contra os despachos que negam seguimento ao recurso (art. 897, b, da CLT). Cuidado para não confundir com o processo civil, em que o agravo é cabível para se reexaminar uma decisão interlocutória.

15. CERTO Nem todas as decisões em execução estão sujeitas ao agravo de petição, mas apenas aquelas que julgam os embargos e as que põem fim à execução, como o acolhimento de uma exceção de pré-executividade.

COMENTÁRIO EXTRA: A doutrina não é unânime quanto ao ponto. Para Wagner Giglio, o agravo é cabível apenas nas sentenças em execução. Amauri Mascaro Nascimento defende que ele também é cabível nas interlocutórias, como uma decisão de desconstituição de penhora. José Augusto Rodrigues Pinto, por sua vez, afirma que as interlocutórias desafiam o agravo apenas em casos excepcionais, quando envolvam matéria de ordem pública.

16. ERRADO Os dissídios coletivos julgados pelos TRTs estão sujeitos a recurso ordinário em dissídio coletivo (RODC), a ser julgado pela SDC do TST. Nessa hipótese, o TRT atua como 1ª instância. Se o DC for de competência originária do TST, ele será julgado pela SDC. No caso de a decisão não ser unânime, o recurso cabível são os embargos infringentes.

COMENTÁRIO EXTRA: Da decisão das turmas dos TRTs, cabe recurso de revista, mas apenas nas estritas hipóteses do art. 896 da CLT. Se houver divergência entre turmas de um mesmo TRT, e não de TRTs diferentes, não cabe recurso de revista, mas sim incidente de uniformização de jurisprudência nas cortes regionais (art. 896, § 3º, da CLT).

17. ANULADO A questão foi anulada, uma vez que, apesar de a assertiva ser a citação da Súmula 221, I, do TST, o art. 894 da CLT foi alterado pela Lei n. 11.496/2007, que extinguiu os embargos de nulidade, que analisavam arguição de violação à lei federal e à CF.

COMENTÁRIO EXTRA: Trata-se dos embargos de divergência e embargos infringentes, respectivamente.

18. ERRADO Os embargos infringentes estão previstos no art. 894, II, da CLT, apesar de a lei não fazer remissão ao nome do recurso.

COMENTÁRIO EXTRA: Vale dizer que os embargos infringentes são cabíveis nas decisões não unânimes em dissídios coletivos de competência originária do TST, e não em qualquer processo de competência originária.

19. CERTO A questão se refere aos embargos de nulidade, pelos quais a SDI1 analisava alegação de violação de lei federal. No caso, se a turma do TST não analisou corretamente os pressupostos de admissibilidade do recurso de revista, teria havido a violação ao art. 896 da CLT, onde eles estão previstos.

COMENTÁRIO EXTRA: A necessidade de indicação expressa do dispositivo de lei violado está na Súmula 221 do TST. Entretanto, a questão merece crítica, pois ela se refere aos embargos de nulidade, extintos pela Lei n. 11.496/2007, que alterou a redação do art. 894 da CLT.

20. ERRADO Art. 895 da CLT: recorde-se que, no processo do trabalho, vige o princípio da uniformidade dos prazos recursais. No rito sumaríssimo, não há redução do prazo, mas apenas regras diferenciadas de processamento. A diferença existe apenas no recurso de revista, no que tange à recorribilidade, pois, nas ações que tramitam pelo rito sumaríssimo, o recurso poderá ser interposto apenas por violação a CF ou a súmula do TST (art. 896, § 6º, da CLT).

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COMENTÁRIO EXTRA: O processamento do recurso ordinário em rito sumaríssimo apresenta as seguintes peculiaridades (art. 895, § 1º, da CLT): a) distribuição imediata; b) não há revisor; c) o relator deverá liberá-lo em 10 dias, com imediata inclusão em pauta; d) o parecer do MPT é oral; e) o acórdão consistirá apenas da certidão de julgamento; f) se a sentença for mantida pelos seus próprios fundamentos, basta que tal circunstância conste na certidão, não sendo necessária a redação de voto.

21. ERRADO Súmula 126 do TST: o recurso de revista e os embargos não permitem o reexame de fatos e provas, sem qualquer exceção. Assim, a análise pelo TST será feita apenas pela análise do acórdão do TRT.

COMENTÁRIO EXTRA: Recorde-se que, quando o TST atua como 2ª instância (ex.: recurso or-dinário em dissídio coletivo ou recurso ordinário em mandado de segurança de competência originária de TRT), ele poderá reexaminar fatos e provas. A proibição se aplica apenas para os recursos de natureza extraordinária (ex.: RE e REsp). Isso porque eles têm por objetivo de proteger o ordenamento jurídico, seja por meio da análise de violações à legislação, seja pela uniformização da jurisprudência.

22. ERRADO Art. 897, a, da CLT: o agravo de petição é o recurso adequado contra as sentenças proferidas na execução, incluindo-se expressamente as decisões em embargos de terceiro.

COMENTÁRIO EXTRA: Conquanto se trate de ação de conhecimento, se os embargos de terceiro forem opostos na execução, estão sujeitos ao agravo. O que importa, aqui, não é a natureza da ação, mas sim a fase processual em que ele é oposto. Assim, se ele for oposto na fase de conhecimento, estará sujeito ao recurso ordinário.

23. CERTO Art. 897, b, da CLT. O agravo de instrumento se diferencia do processo civil, em que ele é interposto contra decisões interlocutórias. A hipótese de recorribilidade no processo do trabalho é semelhante, entretanto, ao agravo de instrumento em recurso especial e em recurso extraordinário (AIREsp e AIRE).

COMENTÁRIO EXTRA: Ao julgar o agravo de instrumento, o tribunal, caso o proveja, já pode passar diretamente ao julgamento do recurso denegado. Por tal razão, é importante que o recorrente junte todas as peças necessárias ao julgamento do recurso denegado, e não apenas as peças obrigatórias (art. 897, § 5º, I, da CLT). Da mesma forma, o recorrido também poderá juntar peças do processo, juntamente com a sua resposta, se entender que elas são importantes para o julgamento do recurso (art. 897, § 6º, da CLT).

24. ERRADO Súmula 285 do TST: Não cabe a interposição cumulada de agravo de instrumento e de recurso de revista, mas apenas deste último. Isso porque, ao receber o recurso de revista, o Ministro relator poderá analisar também o recebimento da parte não conhecida pelo TRT. O princípio da unirrecorribilidade também vige no processo do trabalho.

COMENTÁRIO EXTRA: Como exemplo, uma empresa foi condenada pelo TRT a pagar horas extras e adicional de insalubridade, tendo interposto recurso de revista por divergência jurisprudencial com relação aos dois tópicos. Caso o TRT dê seguimento ao tópico de horas extras, mas negue seguimento ao recurso de revista quanto ao adicional de insalubridade, a empresa não vai interpor agravo de instrumento, uma vez que, ao fazer o novo juízo de admissibilidade, o relator no TST poderá dar conhecimento ao tópico não conhecido pelo TRT.

25. CERTO Art. 899 da CLT: o recurso ordinário pode ser interposto por simples petição e, sendo assim, basta que o recorrente apresente o pedido de recurso ao tribunal quanto a determinado tópico. A justificativa seria a ausência de formalismo do processo do trabalho, mormente em razão do jus postulandi.

COMENTÁRIO EXTRA: Apesar de a questão seguir a letra da lei, merece críticas a sua inclusão na prova, uma vez que a grande maioria dos tribunais entende ser necessária a fundamentação do recurso. Aliás, é muito comum se verificar a falta de conhecimento de algum ponto do recurso por violação ao princípio da dialeticidade. Tal posicionamento, entretanto, é comum apenas quando a parte está assistida por advogado. A ideia é de que, sem fundamentação, não há como o recorrido saber exatamente do que tem que se defender, o que traria prejuízo ao contraditório.

26. ERRADO O recurso de revista não tem o objetivo de uniformizar as decisões divergentes das turmas do TST, mas sim dos TRTs. A divergência entre decisões das turmas do TST é objeto apenas dos embargos de divergência.

COMENTÁRIO EXTRA: Como exemplo, se uma turma ou se o Pleno de um TRT entender que a insuficiência de transporte público permite o pagamento de horas in itinere, mas outro TRT entender que ela não dá ensejo ao pagamento, haverá divergência quanto à interpretação do art. 58, § 2º, da CLT (lei federal) e, em razão disso, é cabível o recurso de revista, com o objetivo de uniformização da jurisprudência em nível nacional.

27. ERRADO Trata-se de sentença terminativa do feito e, em razão disso, é cabível o recurso ordinário.

COMENTÁRIO EXTRA: Antes da Lei n.

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11.925/2009, que deu a atual redação ao art. 895 da CLT, o dispositivo mencionava apenas as decisões definitivas, mas a jurisprudência já havia entendido que o legislador não havia sido técnico e que, portanto, o recurso também era cabível nas sentenças terminativas.

28. ERRADO A hipótese seria de cabimento de agravo regimental, regulado pelos arts. 235 e 236 do Regimento Interno do TST. É comum que os regimentos internos prevejam a figura do agravo regimental, pelo prazo de 8 dias, contra as decisões monocráticas do relator.

COMENTÁRIO EXTRA: Os embargos à SDI1 seriam cabíveis apenas se a turma tivesse julgado o recurso de forma diferente de outra.

29. C Súmula 434, I, do TST.

COMENTÁRIO EXTRA: A) Súmula 442 do TST. B) Súmula 393 do TST. D) Súmula 387, II, do TST.

V. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. EXECUÇÃO TRABALHISTA1. C Art. 879, § 1º-B, da CLT: as partes apresentam os seus cálculos, inclusive sobre as contribuições previdenciárias, após o que o juiz elabora as contas e homologa os cálculos. Após a apresentação dos cálculos pelas partes, a União é intimada para se manifestar, quando então também apresenta os seus cálculos (art. 879, § 3º, da CLT). Por ser ela a credora das contribuições previdenciárias, normalmente o juiz acolhe a conta apresentada pela União.

COMENTÁRIO EXTRA: A) Art. 889 da CLT: No caso de omissão, e havendo compatibilidade, primeiro se aplica subsidiariamente a Lei n. 6.830/80 ou, se ela também for omissa, aplica-se o CPC. Na fase de conhecimento, não há como se aplicar a Lei de Execuções Fiscais, mas apenas o CPC (art. 769 da CLT). B) Esse é o rol do art. 876 da CLT. Entretanto, entendemos que a questão deveria ter sido considerada errada pela banca, pois o rol se mostra incompleto. Em primeiro lugar, porque o art. 625-H da CLT também acrescenta, como título extrajudicial, o acordo firmado perante Núcleo Intersindical de Conciliação Trabalhista. Ainda, com o alargamento da competência trazido com a EC n. 45/2004, outros títulos passaram a ser executados, como as multas administrativas da fiscalização do trabalho. D) Arts. 880 e 882 da CLT: no processo do trabalho, ainda subsiste a figura do mandado de citação, penhora e avaliação, pelo qual o executado terá o prazo de 48 horas para pagar, garantir a execução por meio de depósito em dinheiro ou nomear bens à penhora, tudo sob pena de penhora. E) Art. 884 da CLT: no prazo de 5 dias após a penhora, o credor poderá apresentar impugnação aos cálculos de liquidação e o executado poderá opor embargos, inclusive com o objetivo de discutir os cálculos. Entende-se que o rol do art. 884, § 1º,

da CLT é apenas exemplificativo.

2. CERTO A desconsideração da personalidade jurídica da empresa é muito comum na Justiça do Trabalho, quando não são encontrados bens do empregador suficientes para saldar a execução. Aliás, a decisão de desconsideração é normalmente feita por meio de simples despacho, sem contraditório prévio.

COMENTÁRIO EXTRA: Vale ponderar que, além de a condenação da empresa implicar o reconhecimento de fraude à lei, os sócios figuram como responsáveis secundários pelas dívidas da sociedade (art. 592, II, do CPC), o que permite a constrição de seus bens.

3. CERTO Arts. 4º e 5º da Resolução n. 61 do CNJ, que disciplina o cadastramento da conta única. O cadastro de uma conta única é utilizado por empresas que não querem ter várias contas bloqueadas. Isso evita, por exemplo, a constrição de dinheiro sobre conta corrente destinada ao pagamento dos funcionários e de fornecedores. De acordo com a resolução, quando se trata de grupo econômico, é possível o cadastramento de apenas uma conta de uma das pessoas jurídicas ou naturais dele integrantes.

COMENTÁRIO EXTRA: Por meio do sistema Bacenjud, o juiz determina o bloqueio de numerários em conta corrente ou aplicações financeiras do devedor, limitado ao valor da execução. Após, o dinheiro bloqueado é transferido para uma conta judicial e é penhorado. Normalmente, o cadastramento é feito por empresas de médio e grande porte, que já deixam valores nas contas cadastradas para serem bloqueados, sob pena de a execução ser dirigida às suas outras contas, além de abertura de processo administrativo e cancelamento do cadastro. Em caso de novo descadastramento, a penalidade perdurará por 1 ano. O terceiro descadastramento, por sua vez, será definitivo.

4. ERRADO Art. 884, § 5º, do CPC: a inexigibilidade do título executivo fundado em lei declarada inconstitucional pelo STF foi inserida na CLT por meio da MP 2.180-35/2001, ainda em vigor. O dispositivo se assemelha, assim, aos arts. 475-L, II, § 1º, e 741, I, ambos do CPC.

COMENTÁRIO EXTRA: O tema tem ligação com a relativização da coisa julgada fundada em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo STF. Entretanto, nada impede que a matéria também seja veiculada em embargos ou impugnação, conforme expressamente disposto na CLT e no CPC.

5. ERRADO Art. 884, § 1º, da CLT: na fase de embargos, não se pode discutir novamente aquilo que já foi decidido no processo de conhecimento.

COMENTÁRIO EXTRA: O rol do § 1º é meramente

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exemplificativo, aplicando-se subsidiariamente o rol do art. 475-L do CPC.

6. ERRADO Art. 114, VIII, da CF: a Justiça do Trabalho tem competência para executar as contribuições previdenciárias decorrentes da sentença que proferir.

COMENTÁRIO EXTRA: Na época em que a prova foi aplicada, a redação da Súmula 368, I, do TST incluía na competência da Justiça Especializada as contribuições previdenciárias incidentes sobre os salários pagos no curso de vínculo de emprego reconhecido em juízo (v. capítulo I). Hoje, a prova teria que especificar a qual contribuição previdenciária se refere.

7. CERTO Trata-se de mera atualização do precatório, o que demandaria a expedição de precatório complementar. No caso, a jurisprudência já se pacificou no sentido de que não é necessária nova citação da Fazenda Pública para opor embargos a cada atualização dos cálculos (STJ, REsp 354.357, Rel. Min. Gomes de Barros). Assim, não há falar em afronta ao princípio do devido processo legal, uma vez que o ente público não precisaria ser novamente citado.

COMENTÁRIO EXTRA: O art. 100, § 12, da CF, inserido pela EC n. 62/2009, estabelece que a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios. Dessa forma, por se tratar de mera atualização por índices já fixados na CF, não haveria razão para nova oportunidade de impugnação.

8. CERTO Não há qualquer violação ao princípio do dispositivo, uma vez que, no processo do trabalho, a execução é iniciada de ofício pelo juiz (art. 878 da CLT), sem que isso configure parcialidade. Normalmente, o juiz inicia a execução com a expedição do mandado de citação e, caso o executado permaneça inerte, ele determina o bloqueio de numerário pelo sistema Bacenjud, a verificação de existência de veículos junto ao DETRAN, de existência de imóveis junto ao Cartório de Registro de Imóveis ou, ainda, pode solicitar o envio das declarações de imposto de renda, tudo por meio de convênios. Muitos juízes também determinam o protesto das sentenças, bem como a inserção da dívida dos cadastros dos serviços de proteção ao crédito.

COMENTÁRIO EXTRA: O dispositivo autoriza também que a execução seja iniciada mediante requerimento das partes e do MPT. Aliás, a atuação de ofício do juiz na execução é o

argumento utilizado por parte da doutrina e jurisprudência para se afastar a prescrição intercorrente no processo do trabalho.

9. A A previsão dos títulos executivos na Justiça do Trabalho está no art. 876 da CLT. Devem ser acrescentados os acordos firmados perante o Núcleo Intersindical de Conciliação Trabalhista e a Certidão de Dívida Ativa.

COMENTÁRIO EXTRA: B) A execução provisória é possível, nos casos de sentença pendente de recurso sem efeito suspensivo, podendo ir até a penhora. C) A citação é feita por mandado de citação, penhora e avaliação (MCPA), cumprido por oficial de justiça. D) A liquidação por artigos é necessária para se determinar o valor da execução, e não o valor da causa (art. 745-E, CPC). E) O prazo para oposição dos embargos é de 5 dias (art. 884 da CLT).

VI. AÇÕES DE RITO ESPECIAL: AÇÃO RESCISÓRIA, DISSÍDIO COLETIVO, MANDADO DE SEGURANÇA1. A Súmula 100, III, do TST: a interposição de recurso intempestivo ou incabível não tem o condão de protrair o prazo decadencial para o ajuizamento da ação rescisória. No caso, apesar de a súmula não falar em recurso manifestamente intempestivo, a tal conclusão se chega, pois são excetuadas as hipóteses de existência de dúvida razoável.

COMENTÁRIO EXTRA: O entendimento sumulado tem o objetivo de evitar atitudes procrastinatórias das partes que apenas interpõem o recurso com o objetivo de postergar o trânsito em julgado.

2. CERTO A competência para o julgamento e processamento de ação rescisória nunca será da 1ª instância, mas sempre do TRT ou do TST. No caso de a decisão de mérito ser proferida por Juiz do Trabalho, a competência é do TRT a que ele se vincula.

COMENTÁRIO EXTRA: Não há falar em benefícios processuais para todos os entes da Administração Pública indireta que figuram no polo passivo da ação rescisória. Com efeito, as empresas públicas e sociedades de economia mista não têm qualquer benefício processual.

3. CERTO Súmula 100, IX, do TST, que determina a aplicação do art. 775 da CLT à contagem de prazo para o ajuizamento da ação rescisória.

COMENTÁRIO EXTRA: O verbete sumular é criticado pela doutrina, pois, tratando-se de prazo de natureza decadencial, não poderia estar sujeito a prorrogação.

4. CERTO As ações rescisórias contra as sentenças normativas proferidas pela SDC são de

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competência da própria SDC, nos termos dos arts. 2º, I, c da Lei n. 7.701/88 e 70, I, d, e II, c, do RITST.

COMENTÁRIO EXTRA: Parte da doutrina chama a atenção para a contradição entre o cabimento da ação rescisória contra sentenças normativas e a Súmula 397 do TST. Isso porque, segundo o verbete sumular, as sentenças normativas fazem apenas coisa julgada formal, e não coisa julgada material, que é um dos requisitos para a ação rescisória.

5. ERRADO A competência para o julgamento da ação rescisória é do TST, uma vez que o não conhecimento do recurso se fundou no fato de a decisão estar em consonância com iterativa, notória e atual jurisprudência de direito material do TST, conforme Súmula 192, II, do TST.

COMENTÁRIO EXTRA: Nesse caso, é como se o TST tivesse examinado o mérito da causa, o que atrai a competência para a Corte Superior. Se o fundamento do não conhecimento fosse outro, então a competência seria do TRT, que é a regra geral prevista na Súmula 192, I, do TST.

6. CERTO O dissídio coletivo de natureza jurídica tem o objetivo de buscar o alcance de normas previstas em sentenças normativas ou normas coletivas. Saliente-se que ele não é o meio viável para se buscar a interpretação de norma genérica, mas apenas a interpretação de normas específicas para determinada categoria (OJ 7 da SDC do TST).

COMENTÁRIO EXTRA: Por tal razão, a ele não se aplica o requisito de se comprovar a realização de assembleias, nem as exaustivas tentativas de negociação (OJ 6 da SDC do TST).

7. ERRADO A doutrina e a jurisprudência são vacilantes quanto ao cabimento de dissídio coletivo de natureza econômica contra a Administração Pública. Prevalece o entendimento de que ele não é cabível quando importar aumento de despesas, uma vez que isto só é possível mediante lei. Parte da doutrina entende que seria possível o dissídio coletivo quando ele não implicar majoração de despesas, como na hipótese de se estabelecer melhores condições de trabalho, tais como fixação de jornada.

COMENTÁRIO EXTRA: A questão excetuou os servidores públicos regidos por lei ou estatuto, uma vez que as lides a eles referentes são da competência da Justiça Comum, nos termos da ADI 3.395.

8. ERRADO A sentença normativa não requer prazo mínimo para ser cumprida. Sendo assim, não é necessário aguardar o prazo recursal (8 dias) para que seja exigido o seu cumprimento. Dessa forma, as vantagens e obrigações ali previstas devem ser respeitadas de imediato, independentemente de interposição de recurso

ordinário.

COMENTÁRIO EXTRA: Caso se pretenda obstar o cumprimento da sentença normativa, a parte interessada deve recorrer e pedir o efeito suspensivo ao Ministro Presidente do TST, conforme previsão do art. 7º, § 6º, da Lei n. 7.701/88 e art. 14 da Lei n. 10.192/2001. O efeito suspensivo perdura pelo prazo de 120 dias.

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