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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – RESUMO POR QUESTÕES – AGU/PGF/PFN DIREITO PROCESSUAL CIVIL I. TEORIA GERAL DO PROCESSO 1. CERTO O princípio da adstringência ou adstrição caracteriza-se pela impossibilidade de o magistrado decidir fora do pedido da parte demandante. Nesse sentido, o CPC deixa ainda explícito que a interpretação do pedido será estrita, não cabendo a quem pleiteou apenas danos materiais ver a outra parte condenada por danos morais. Atente- se: “Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais”. Comentário Extra: O CPC consagra o princípio da adstrição, também conhecido como da congruência, no seguinte dispositivo: “Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado”. 2. ERRADO O despacho do cite-se não implica preclusão pro iudicato, mesmo porque não há, nesse momento, manifestação expressa sobre o cumprimento dos requisitos de admissibilidade pela parte autora. Comentário Extra: Prevalece no Brasil o entendimento de que não há preclusão para o Juiz em relação às questões processuais de ordem pública, em especial as que poderiam dar ensejo à propositura de ação rescisória. No entanto, doutrina minoritária tem defendido, por exemplo, que, se houve decisão expressa sobre a questão, opera-se a preclusão, ainda que se trate de matéria processual de ordem pública ou de qualquer outra questão processual que possa ser resolvida a qualquer tempo. 3. D A) Territorialidade da jurisdição se refere à limitação da autoridade do magistrado ao território de sua jurisdição, o que faz surgir a necessidade das cartas rogatórias e precatórias. Mas territorialidade da jurisdição não se confunde com o local em que a decisão irá produzir seus efeitos; nesse sentido, vale o exemplo de que um reconhecimento judicial de paternidade feito em Recife, ou qualquer outra comarca, produzirá efeitos no Brasil inteiro, em que pese o Julgador, durante a instrução, não poder realizar atos fora de seu território de jurisdição sem os instrumentos de cooperação (cartas precatórias e rogatórias). B) A legitimidade do sindicato para ações coletivas se encontra disciplinada pelo inciso III do art. 8º da CF. O STJ entende, nesse caminho, pela legitimidade do sindicato até mesmo para execução de sentença em ação coletiva para defesa de direitos individuais e homogêneos: PROCESSUAL CIVIL. SINDICATO. LEGITIMIDADE ATIVA PARA A EXECUÇÃO DE SENTENÇA EM AÇÃO COLETIVA. PRECEDENTES DA CORTE ESPECIAL. 1. O Sindicato possui legitimidade ativa, independente de autorização expressa do associado, para promover a execução de sentença proferida em ação coletiva sobre direitos individuais homogêneos. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ – AgRg no Agravo de Instrumento 1.427.333/RN, Rel. Min. Teori Albino Zavascki. DJ 26/4/2012). C) A máxima enunciada não encontra tal exceção. Mesmo a falta de intimação do Ministério Público 2

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – RESUMO POR QUESTÕES – AGU/PGF/PFN

DIREITO PROCESSUAL CIVILI. TEORIA GERAL DO PROCESSO1. CERTO O princípio da adstringência ou adstrição caracteriza-se pela impossibilidade de o magistrado decidir fora do pedido da parte demandante. Nesse sentido, o CPC deixa ainda explícito que a interpretação do pedido será estrita, não cabendo a quem pleiteou apenas danos materiais ver a outra parte condenada por danos morais. Atente-se: “Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais”.

Comentário Extra: O CPC consagra o princípio da adstrição, também conhecido como da congruência, no seguinte dispositivo: “Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado”.

2. ERRADO O despacho do cite-se não implica preclusão pro iudicato, mesmo porque não há, nesse momento, manifestação expressa sobre o cumprimento dos requisitos de admissibilidade pela parte autora.

Comentário Extra: Prevalece no Brasil o entendimento de que não há preclusão para o Juiz em relação às questões processuais de ordem pública, em especial as que poderiam dar ensejo à propositura de ação rescisória. No entanto, doutrina minoritária tem defendido, por exemplo, que, se houve decisão expressa sobre a questão, opera-se a preclusão, ainda que se trate de matéria processual de ordem pública ou de qualquer outra questão processual que possa ser resolvida a qualquer tempo.

3. D A) Territorialidade da jurisdição se refere à limitação da autoridade do magistrado ao território de sua jurisdição, o que faz surgir a necessidade das cartas rogatórias e precatórias. Mas territorialidade da jurisdição não se confunde com o local em que a decisão irá produzir seus efeitos; nesse sentido, vale o exemplo de que um reconhecimento judicial de paternidade feito em Recife, ou qualquer outra comarca, produzirá efeitos no Brasil inteiro, em que pese o Julgador, durante a instrução, não poder realizar atos fora de seu território de jurisdição sem os instrumentos de

cooperação (cartas precatórias e rogatórias).

B) A legitimidade do sindicato para ações coletivas se encontra disciplinada pelo inciso III do art. 8º da CF. O STJ entende, nesse caminho, pela legitimidade do sindicato até mesmo para execução de sentença em ação coletiva para defesa de direitos individuais e homogêneos:

PROCESSUAL CIVIL. SINDICATO. LEGITIMIDADE ATIVA PARA A EXECUÇÃO DE SENTENÇA EM AÇÃO COLETIVA. PRECEDENTES DA CORTE ESPECIAL.

1. O Sindicato possui legitimidade ativa, independente de autorização expressa do associado, para promover a execução de sentença proferida em ação coletiva sobre direitos individuais homogêneos.

2. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ – AgRg no Agravo de Instrumento 1.427.333/RN, Rel. Min. Teori Albino Zavascki. DJ 26/4/2012).

C) A máxima enunciada não encontra tal exceção. Mesmo a falta de intimação do Ministério Público não provocará a nulidade se for suprida posteriormente e não houver qualquer prejuízo.

D) Conforme o caput do art. 55 do CPC:

Art. 55. Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:

I – pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;

II – desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.

E) Em se tratando de réu revel citado por edital, ser-lhe-á nomeado curador especial, nos termos do art. 9º, inciso II, do CPC, para a promoção de sua defesa, o que afasta os efeitos processuais e materiais da revelia apontados pela assertiva.

4. A O fundamento do prazo em quádruplo para a Fazenda Pública contestar

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é a sua condição peculiar, não se relacionando a questão específica de determinado caso concreto. Logo, o que existe é mera adequação sob a ótica subjetiva, isto é, estabelecimento de prazo diferenciado pelo mero fato de a Fazenda Pública se encontrar como ré na demanda. Não há, na determinação de prazo dilatado para a Fazenda Pública, incidência direta do princípio da cooperação, até mesmo por ser prazo que decorre de lei.

5. C A) O princípio do duplo grau de jurisdição decorre de uma lógica constitucional, isto é, da previsão constitucional de competência recursal a vários órgãos de jurisdição, mas não se trata de garantia aplicável a todo e qualquer caso e inafastável por lei.

B) Importante e correta noção quanto ao princípio da cooperação.

C) Não têm as partes, no direito brasileiro, o direito exclusivo de definir quais os meios e fontes de provas que serão utilizados em juízo.

D) O princípio da causalidade norteia a condenação em custas e honorários advocatícios, e, por isso, a assertiva foi entendida como correta pela banca. Vale lembrar, todavia, que o CPC não prevê de modo expresso a possibilidade de o réu ser condenado em honorários no caso de a demanda ser julgada improcedente, apenas dispondo sobre a possibilidade de o réu perder o direito de haver do vencido honorários advocatícios, conforme o seguinte artigo do CPC:

Art. 22. O réu que, por não arguir na sua resposta fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, dilatar o julgamento da lide, será condenado nas custas a partir do saneamento do processo e perderá, ainda que vencedor na causa, o direito a haver do vencido honorários advocatícios.

E) Importante noção do postulado da vedação do comportamento contraditório.

Comentário Extra: Há precedentes que, com base no princípio da causalidade, estabelecem a condenação do réu, mesmo no caso de extinção do processo sem resolução de mérito, como se verifica do seguinte precedente do TRF da 2ª Região:

PROCESSUAL CIVIL – PENSÃO POR MORTE – EX-ESPOSA NÃO PENSIONADA COM ALIMENTOS – LEI N. 8.112/90 (ART. 217, I, “b”) – CONCESSÃO DO BENEFÍCIO NA VIA ADMINISTRATIVA APÓS A SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA – PERDA DE OBJETO SUPERVENIENTE – EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – ART. 267, VI, DO CPC – APELAÇÃO PREJUDICADA – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. I – Configurada a perda de objeto superveniente pela concessão da pensão estatutária na via administrativa após a prolação da sentença de improcedência, impõe-se a extinção do processo sem resolução do mérito, com base no art. 267, VI, do CPC, pela ausência de interesse de agir. II – À luz do princípio da causalidade, o réu deve suportar o pagamento dos honorários advocatícios – fixados em 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa com base no art. 20, § 4º, do CPC –, pois, nos casos em que o processo é extinto sem resolução do mérito por perda de objeto superveniente, as verbas sucumbenciais são devidas por aquele que deu azo ao ajuizamento da ação. III – Processo extinto sem resolução do mérito, prejudicada a apelação. (AC 201151018048993, Desembargador Federal Sergio Schwaitzer, TRF2, Oitava Turma Especializada, E-DJF2R, 1/8/2012, p. 168).

6. ERRADO A banca seguiu o entendimento de que não há preclusão para o Juiz em relação às matérias processuais de ordem pública, que podem ser apreciadas a qualquer tempo, como, por exemplo, os pressupostos processuais e as condições da ação.

7. A A) Em semelhantes termos, o seguinte precedente do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. OMISSÃO NO JULGAMENTO DO TRIBUNAL. REFORMA TOTAL DA SENTENÇA. INVERSÃO IMPLÍCITA DA CONDENAÇÃO. ORIENTAÇÃO DO TRIBUNAL. RECURSO PROVIDO.

I – Em princípio e em interpretação construtiva, afeiçoada à instrumentalidade do processo, tendo havido condenação em honorários na sentença, o provimento integral do apelo, ainda que ausente menção no acórdão a respeito, inverte o resultado das verbas sucumbenciais.

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II – Impossível seria, por óbvio, essa solução se na sentença tivesse também havido omissão na fixação dos ônus sucumbenciais, apresentando-se inadmissível, nessa hipótese, a imposição posterior dessas verbas ao ensejo da execução, sob pena de ofensa à coisa julgada. (REsp 507.046/MG, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, Quarta Turma, julgado em 24/6/2003, DJ 29/9/2003, p. 269).

B) Contraria o estabelecido pelo seguinte dispositivo do art. 20 do CPC:

§ 4º Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação equitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior.

C) Não há previsão legal de, na execução, reduzir-se honorários advocatícios fixados na fase de conhecimento, seguindo os honorários sistemática diversas das astreintes.

D) A Corte Especial do STJ não consolidou tal entendimento. Observe-se o seguinte precedente do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. SOCIEDADE DE ADVOGADOS.

LEGITIMIDADE PARA PROPOR EXECUÇÃO DE HONORÁRIOS. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA.

(...)

2. O STJ entende que a sociedade de advogados não possui legitimidade para a execução da verba honorária quando, por ocasião do instrumento de mandato outorgado individualmente aos seus integrantes, dela não haja menção.

3. Na hipótese em exame, o Tribunal regional consignou no acórdão guerreado: “In casu, não obstante o advogado Milton Cláudio Amorim Rebouças (OAB/MG 27.565) pertencer à sociedade de advogados Rebouças e Rebouças Advogados e

Consultores S/C (vide certidão de fl. 52); a procuração outorgada pela GV Clínicas Assistência Médica Especializada Ltda. (fls. 16/17) não faz menção ao nome da Sociedade de Advogados” (fl. 160, e-STJ).

(...). (AgRg no AREsp 225.035/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 13/11/2012, DJe 19/12/2012).

E) O STJ apenas admite recurso especial em relação a isso quando a fixação de honorários advocatícios se mostrar irrisória ou exorbitante, o que vem aplicando inclusive para a Fazenda Pública.

8. CERTO A teoria adotada pelo CPC, por influência de Liebman, separa a análise das condições da ação da análise de mérito. Assim, a carência de ação descrita na assertiva, em razão da ausência de interesse processual, implica extinção do processo sem resolução de mérito, e não improcedência do pedido.

9. CERTO O CPC adota a chamada teoria da substanciação. Exige, pois, a indicação pelo demandante dos fundamentos de fato e de direito.

Comentário Extra: Fredie Didier Jr. esclarece: “Adotou o nosso CPC a chamada teoria da substancialização da causa de pedir, segundo a qual se exige do demandante indicar, na petição inicial, qual o fato jurídico e qual a relação jurídica dele decorrente. Não basta a indicação da relação jurídica, efeito do fato jurídico, sem que se indique qual o fato jurídico que lhe deu causa – teoria da individualização. (...)” (2010, p. 425).

10. E A) O direito de ação autônomo da relação jurídica material não depende da procedência do pedido para existir.

B) Friedrich Carl Von Savigny defendia a teoria civilista, também chamada de clássica ou imanentista.

C) A polêmica travada entre Windscheid e Muther, entre 1856 e 1857, marcou a superação da teoria imanentista ou clássica, segundo a qual o direito de ação era o próprio direito material colocado em movimento. Windscheid defendia que a actio era um poder de agir contra outrem, enquanto Muther defendia a ideia de um direito de agir contra o Estado para lhe

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conferir a tutela jurídica. Veio à tona, a partir disso, uma discussão sobre um direito exercido contra o Estado diante de outro exercido contra o particular; ambos se referiam ao direito de ação, reconhecendo tal direito independente do direito subjetivo material. Não marcou tal polêmica a passagem da teoria concreta para a abstrata, até porque a teoria concreta surge após tal polêmica. Trata-se, por outro lado, assim como a obra de Oskar Von Büllow sobre os pressupostos processuais, de marco da passagem da teoria imanentista para a teoria concreta do direito de ação.

D) Liebman não defendia a teoria da asserção, foi, sim, por outro lado, o criador da teoria eclética do direito de ação.

E) Adolf Wach é teórico do direito concreto de ação, ou teoria concreta do direito de ação, que defende relativa independência entre o direito de ação e o direito subjetivo material. Tal autonomia é exemplificada com a ação declaratória negativa, que implica na própria declaração de inexistência de direito subjetivo. Todavia, como destaca a assertiva, o direito de ação, para esta corrente, corresponderia a quem tivesse razão, isto é, a quem lograsse uma sentença favorável, concluindo-se, em caso de improcedência, que o autor não teria o direito de ação desde o início.

11. B No direito brasileiro, em razão da adoção da teoria da substanciação em relação à causa de pedir, segundo a qual é preciso explicitar o fato jurídico e a relação jurídica relacionada à demanda judicial, a distinção entre demandas autodeterminadas e heterodeterminadas não tem relevância. Isso porque, alterados os fatos, tem-se nova causa de pedir, o que pode ser levado, então, à apreciação do judiciário como nova demanda.

Segundo a referida classificação, as demandas autodeterminadas se referem à existência de direitos que, pelo conteúdo, podem subsistir uma única vez entre as mesmas partes, de sorte que a individuação do direito, e da demanda, por meio do conteúdo e dos sujeitos, justifica-se precisamente pela unicidade e irrepetibilidade da mesma situação substancial, enquanto demandas heterodeterminadas são aquelas que não são individualizadas pelos elementos estruturais: sujeitos e conteúdo, podendo

coexistir simultânea e potencialmente mais vezes entre os mesmos sujeitos.

12. D A carência da ação ocorre quando não se encontram presentes as condições da ação: legitimidade das partes, interesse processual e possibilidade jurídica do pedido.

Comentário Extra: O STJ vem aceitando a aplicação da teoria da asserção, segundo a qual as condições da ação, dentre as quais se inserem a possibilidade jurídica do pedido e o interesse processual, devem ser verificadas pelo juiz à luz, essencialmente, das alegações feitas pelo autor na inicial. (REsp 1.052.680/RS).

13. ERRADO O processo deve ser extinto em razão do adimplemento da obrigação contida no título e da satisfação do credor, não por perda superveniente do interesse processual.

Comentário Extra: Não há ausência superveniente de interesse processual se o demandante alcança o objetivo em decorrência do decidido no âmbito do processo.

14. ERRADO Tanto os pressupostos processuais como as condições da ação são matérias de ordem pública, que devem ser examinadas pelo magistrado ainda que a parte ré seja revel.

Comentário Extra: Fredie Didier Jr. define pressupostos processuais como todos os elementos de existência, os requisitos de validade e as condições de eficácia do procedimento, aspecto formal do processo, que é ato complexo de formação sucessiva.

15. CERTO Embora a capacidade para o exercício de direitos seja, como regra, pressuposto da capacidade processual, há exceções, como a apontada pela assertiva. Outra exceção existe na situação do incapaz sem representante que tem capacidade processual para pedir a designação de um curador especial que o represente.

Comentário Extra: Fredie Didier Jr. esclarece o conceito de capacidade processual:

A capacidade processual é a aptidão para praticar atos processuais independentemente de assistência e

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representação (pais, tutor, curador, etc.), pessoalmente ou por pessoas indicadas pela lei, tais como o síndico, administrador de condomínio, inventariante etc. (art. 12 do CPC). (...) (2010, p. 234).

16. ERRADO Para a configuração da litispendência, é necessária a tríplice identidade entre duas ações em curso, isto é, necessário que haja identidade de partes, causa de pedir e pedido. Na situação apresentada pela questão, não há identidade de partes, não havendo, pois, litispendência.

Comentário Extra: Os seguintes dispositivos do art. 300 do CPC clarificam a noção de litispendência:

§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.

§ 2º Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.

§ 3º Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso.

17. CERTO Exatamente nos termos apontados pela assertiva, necessariedade e unitariedade são fenômenos distintos. O primeiro leva em conta a obrigatoriedade de sua formação; e o segundo considera o resultado jurídico. Desse modo, o litisconsórcio é necessário quando a lei ou a natureza da relação jurídica impuser a sua formação; quando não houver tal determinação, será facultativo. Será unitário, por outro lado, quando a lide precisar ser decidida de modo uniforme para todos os litisconsortes; ou simples quando o julgador puder decidir a questão de maneira diversa para cada litisconsorte.

Comentário Extra: O litisconsórcio será necessário, portanto obrigatório, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito, quando, por disposição de lei ou pela natureza jurídica, o juiz tiver que decidir a lide de modo uniforme para todas as partes (art. 47 do CPC).

18. ERRADO Não é necessária norma expressa para que se tenha o litisconsórcio unitário.

19. B O litisconsórcio necessário refere-se à participação obrigatória de todos os integrantes da relação material; se o julgamento tiver que ser uniforme para todos os litisconsortes, o litisconsórcio será também unitário.

Comentário Extra: O CPC não faz distinção entre litisconsórcio necessário e unitário, no entanto é prevalente a distinção observada pela assertiva na Doutrina Nacional. Nelson Nery Jr. e Rosa Nery apontam o seguinte em comentário ao art. 47 do CPC: “A norma teve inspiração no direito processual civil alemão (ZPO § 62), mas tem redação não técnica, confundindo os litisconsórcios necessários e unitário, que são distintos porque pertencem a classificações diferentes do litisconsórcio (I – quanto à formação e II – quanto ao resultado). (...)” (2007, p. 258).

20. A A) Assertiva em perfeita harmonia com o disposto no art. 47 do CPC, que vincula a eficácia da sentença à citação de todos os litisconsortes no processo (“Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo”).

B) A limitação ao litisconsórcio multitudinário (formado por muitos litisconsortes) aplica-se apenas ao litisconsórcio facultativo, nos termos do parágrafo único do art. 46 do CPC (“Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão”).

C) As condutas alternativas dos litisconsortes se comunicam no litisconsórcio unitário, e não no simples.

D) Não se aceita o litisconsórcio ativo necessário no direito brasileiro.

E) A assistência litisconsorcial apenas provoca uma ampliação subjetiva do processo, que não tem o seu objeto ampliado.

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Comentário Extra: Fredie Didier Jr. apresenta o seguinte fundamento para defender que não há hipótese de litisconsórcio necessário ativo:

O fundamento dessa conclusão é apenas um: o direito fundamental de acesso à justiça (inciso XXXV do art. 5º da CF/88). O direito de ir a juízo não pode depender da vontade de outrem. Se houvesse litisconsórcio necessário ativo, seria possível imaginar a situação de um dos possíveis litisconsortes negar-se a demandar, impedindo o exercício do direito de ação do outro. Nelson Nery Jr. e Rosa Nery, que admitem a possibilidade de litisconsórcio necessário ativo, reconhecem que “(...) esta atitude potestativa não pode inibir o autor de ingressar com a ação em juízo, pois ofenderia a garantia constitucional do direito de ação” (2007, p. 331). Essa circunstância, violação intolerável de direito fundamental, já deveria ser o suficiente para inumar a discussão. Sucede que há diversos autores que defendem a existência de casos de litisconsórcio necessário ativo. O exame da questão tem que, por isso, continuar.

21. D A) Conforme o seguinte dispositivo do CPC:

Art. 298. Quando forem citados para a ação vários réus, o prazo para responder ser-lhes-á comum, salvo o disposto no art. 191.

Parágrafo único. Se o autor desistir da ação quanto a algum réu ainda não citado, o prazo para a resposta correrá da intimação do despacho que deferir a desistência.

B) Conforme a Súmula 641 do STF, não se conta em dobro o prazo para recorrer quando só um dos litisconsortes haja sucumbido.

C) O prazo para os litisconsortes se inicia com a última intimação, como entendeu o STJ no seguinte precedente: “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DO DEVEDOR. CONTAGEM DO PRAZO. TERMO INICIAL. LITISCONSÓRCIO. – Havendo litisconsórcio passivo no processo executório, o prazo para oferecer embargos do devedor é autônomo, devendo ser contado a partir de cada uma das intimações de penhora. Precedentes. – Contudo, incidindo a penhora sobre bem

imóvel, o prazo para oferecer embargos do devedor começa a correr a partir da juntada aos autos da última intimação feita a um dos cônjuges. Precedentes. Recurso especial conhecido e provido”. (REsp 681.266/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJ 1/7/2005, p. 530).

D) O prazo se conta em dobro se os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, nos termos do seguinte dispositivo do CPC: “Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos”.

E) Conforme o seguinte dispositivo do CPC: “Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros”.

Comentário Extra: Não se cumula o prazo em dobro estabelecido pelo art. 191 com o prazo diferenciado estabelecido pelo art. 188 para a Fazenda Pública, nos termos apontados por Marinoni e Mitidieiro: “Incidindo ao mesmo tempo os arts. 188 e 191, CPC, o prazo tem que ser contado em quádruplo para responder à demanda, em dobro para recorrer e em dobro para falar nos autos em geral. Os prazos dos arts. 188 e 191, CPC, não são cumulativos” (2008, p. 210-211).

22. CERTO A nomeação à autoria é a modalidade de intervenção de terceiro cabível especialmente quando o detentor, demandado judicialmente em nome próprio, busca que o proprietário ou possuidor ingresse em seu lugar na qualidade de parte (art. 62 do CPC). Conforme anotam Nelson Nery Jr. e Rosa Nery: “A nomeação à autoria tem por finalidade corrigir a ilegitimidade passiva de causa” (2007, p. 279).

Comentário Extra: O art. 63 do CPC prevê a possibilidade de nomeação à autoria também nos casos de ações de indenização por prejuízos causados por preposto de terceiro, quando se alega que se agiu a mando deste.

23. E A) A questão se encontra disciplinada pelo art. 55 do CPC, segundo o

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qual não é possível, como regra, ao assistente discutir, em processo posterior, a justiça da decisão transitada em julgado:

Art. 55. Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:

I – pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;

II – desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.

B) O CPC, em seu art. 280, expressamente permite, no procedimento sumário, a assistência e a intervenção fundada em contrato de seguro:

Art. 280. No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro.

C) O CPC, nos arts. 65 e 66, estabelece a necessidade de a nomeação à autoria, para provocar a intervenção de terceiro, ser aceita pelo autor e reconhecida pelo nomeado.

D) Isso ocorre em virtude de o referido prazo ser expressamente fixado pelo art. 57 do CPC: “O opoente deduzirá o seu pedido, observando os requisitos exigidos para a propositura da ação (arts. 282 e 283). Distribuída a oposição por dependência, serão os opostos citados, na pessoa dos seus respectivos advogados, para contestar o pedido no prazo comum de 15 (quinze) dias”.

E) Nos termos do art. 59 do CPC, a ação de oposição apenas será apensada se oferecida antes da audiência: “A oposição, oferecida antes da audiência, será apensada aos autos principais e correrá simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença”.

24. CERTO A questão é resolvida pelo art. 56 do CPC, que admite a oposição até que se profira a sentença.

Comentário Extra: “Art. 56. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos”.

25. ERRADO A oposição é oferecida contra ambos (autor e réu).

26. ERRADO Se o terceiro não oferecer oposição, não há preclusão para demandar o reconhecimento do direito em razão do disposto no art. 472 do CPC. Como o terceiro que deixa de apresentar oposição não é parte, pode ajuizar demanda independente para o reconhecimento do direito antes disputado em processo judicial.

Comentário Extra: Atente-se ao texto legal: “Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros”.

27. CERTO Sendo o pedido do detentor de direito de regresso contra o denunciante julgado procedente, não há razão para a manutenção da denunciação, que resta, pois, prejudicada.

28. ERRADO Não é possível a condenação direta, até porque o demandante nem fez pedido contra o denunciado, mas contra o denunciante. Assim, o que é possível é se estabelecer que o denunciado é responsável pelo ressarcimento do réu condenado.

29. ERRADO Não cabe denunciação da lide em processo de execução. Atente-se ao seguinte precedente do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. DENUNCIAÇÃO À LIDE. CABIMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 20 DO CPC. 1. É lição de Celso Agrícola Barbi sobre a pertinência da denunciação da lide nos embargos à execução: “Examinando as características do procedimento de execução dessa natureza, verifica-se que nele não há lugar para a denunciação da lide. Esta pressupõe prazo de contestação, que não existe no processo de execução, onde a defesa é eventual e por

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embargos”. 2. “Nos embargos à execução não são admitidos o chamamento ao processo, a denunciação da lide e a declaratória incidental”. (VI ENTA, cl. 10). (...) (REsp 691.235/SC, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJ 1/8/2007, p. 435).

Comentário Extra: A denunciação da lide tem como característica fundamental a eventualidade, de forma a que outro (o denunciado) responda pelas consequências da condenação caso a parte denunciante seja sucumbente no processo de conhecimento. Funciona, destarte, como uma ação indenizatória eventual do denunciante contra o terceiro, o que envolve uma necessária cognição incompatível com o processo de execução.

30. C A denunciação da lide não se relaciona com a solidariedade, mas com o direito de regresso, sendo uma garantia para o denunciante.

Comentário Extra: O ingresso do denunciado por denunciação da lide não é voluntário, diferente do que ocorre com a assistência.

31. ERRADO O Ministério Público apenas participa do processo civil como parte e como fiscal da lei. Nos casos em que há interesse de incapaz, o MP funciona como fiscal da lei, não tendo o papel de complementar a capacidade de estar em Juízo. É, assim, certo que a intervenção do Ministério Público não supre a falta de representante legal do incapaz.

32. B A) No direito italiano, atto di cittazione não é o ato de comunicação ao demandado, mas a própria demanda inicial do autor, configurada na petição inicial.

No sítio eletrônico <http://it.wikipedia.org/wiki/Atto_di_citazione>, pode-se verificar a seguinte definição de atto di cittazione: “Nel diritto processuale civile, l’atto di citazione è l’atto processuale formale con il quale un soggetto, l’attore, propone una domanda giudiziale (...)”.

Em tradução livre, tem-se que, no direito processual civil, o ato de citação é o ato processual formal com o qual um sujeito, o Autor, propõe uma demanda judicial.

B) O princípio da pessoalidade da citação se depreende do caput do art. 215 do CPC. A

citação do réu na pessoa de seu representante legal ou de seu procurador legalmente autorizado é parte da regra, e não exceção.

C) Conforme os termos do art. 215 cumulado com o art. 12 do CPC.

D) Conforme os termos do art. 215 cumulado com o art. 12 do CPC.

E) Conforme o disposto pelo art. 215 do CPC.

Comentário Extra: Atente-se ao texto dos dispositivos legais pertinentes:

Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:

I – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores;

II – o Município, por seu Prefeito ou procurador;

III – a massa falida, pelo síndico;

IV – a herança jacente ou vacante, por seu curador;

V – o espólio, pelo inventariante;

VI – as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores;

VII – as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens;

VIII – a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único);

IX – o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.

§ 1º Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte.

§ 2º As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opor a irregularidade de sua constituição.

§ 3º O gerente da filial ou agência

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presume-se autorizado, pela pessoa jurídica estrangeira, a receber citação inicial para o processo de conhecimento, de execução, cautelar e especial.

Art. 215. Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado.

33. D A) Como estabelece o seguinte precedente do STJ: “LOCAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA DE ALUGUÉIS ATRASADOS EM FACE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. RELAÇÃO JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. NÃO INCIDÊNCIA DO DECRETO N. 20.910/32. AÇÃO EXTINTA SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. CITAÇÃO VÁLIDA. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. OCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO. NÃO CONFIGURADA. 1. O Decreto 20.910/32 regula relações jurídicas tipicamente de Direito Público e, portanto, não deve reger as relações jurídicas de direito privado, nas quais a Administração atua sem as prerrogativas que lhe são inerentes. 2. O negócio jurídico ora sob exame – locação de imóvel – é tipicamente de direito privado e, portanto, o fato de o Locatário ser a Administração Pública não basta para que preponderem os ditames específicos de direito público em detrimento das normas de direito privado, inclusive as atinentes à prescrição. 3. A citação válida interrompe o prazo prescricional, ainda que promovida em processo posteriormente extinto sem julgamento do mérito, salvo se o fundamento legal da extinção for o previsto no art. 267, incisos II e III, do Código de Processo Civil. 4. Aplicando-se à espécie as regras de direito privado, interrompida a prescrição, o curso desta volta a correr por inteiro – 05 (cinco) anos –, a partir do último ato do processo que a interrompeu, a teor do disposto no art. 173 c.c. o art. 178, § 10, inciso IV, do Código Civil e não pela metade – 2 anos e meio – na forma prevista no Decreto n. 20.910/32. 5. Recurso especial conhecido e provido”. (REsp 685.717/RO, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 1/3/2010).

B) Em consonância com o seguinte precedente do STJ: “PROCESSO CIVIL. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. PROTESTO JUDICIAL. SE A AÇÃO É PRECEDIDA DE PROTESTO JUDICIAL, A PRESCRIÇÃO SE INTERROMPE NA DATA DA CITAÇÃO DESTE (CC, ART. 172). RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE”. (REsp

108.866/DF, Rel. Min. Ari Pargendler, Segunda Turma, DJ 7/4/1997, p. 11098).

C) Conforme o art. 196 do Código Civil: “A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor”.

D) Quando o atraso se der por culpa da burocracia judiciária, o autor não será prejudicado, nos termos do § 2º do art. 219 do CPC.

E) É a citação válida que interrompe a prescrição, nos termos do art. 219 do CPC.

Comentário Extra: Vale destacar o texto integral do art. 219 do CPC: “A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. § 1º A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação. § 2º Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subsequentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. § 3º Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa) dias. § 4º Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição. § 5º O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. § 6º Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento”.

34. A A) Os efeitos processuais da citação válida são: induzir litispendência, fazer litigiosa a coisa e tornar prevento o juízo. Apesar de o art. 219 do CPC não o ressalvar, a ocorrência de alguns efeitos processuais se dá mesmo por citação ordenada por Juízo incompetente.

B) A assertiva está em consonância com o disposto pelo inciso II do art. 9º do CPC.

C) Assertiva em harmonia com o disposto pelo parágrafo único do art. 302 do CPC: “(...) Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público”.

D) Não ocorrem revelia nem seus efeitos

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no caso apontado.

E) Conforme a Súmula 282 do STJ, cabe a citação por edital em ação monitória.

Comentário Extra: Atente-se ao texto do art. 9º do CPC: “O juiz dará curador especial: I – ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele; II – ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa. Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este competirá a função de curador especial”.

35. ERRADO O dispositivo do CPC que disciplina tal questão não prevê a necessidade de anuência expressa, mas de mero consentimento.

Comentário Extra: Atente-se ao estabelecido pelo CPC: “Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei. Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo”.

36. ERRADO É possível a realização do acordo, porque a conciliação não está presa às amarras do pedido.

Comentário Extra: Atente-se ao seguinte dispositivo do Código Civil de 2002, base legal para a realização de acordo em juízo: “Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas”.

37. ERRADO A ausência de réplica ou de manifestação por mais de 30 dias não implica, como regra, extinção do processo sem resolução de mérito. Tal extinção ocorre, entre outras hipóteses, quando o autor não promove atos e diligências que lhe competirem, abandonando o processo por mais de 30 dias (art. 267, inciso III, do CPC).

Comentário Extra: A ausência de manifestação do autor quanto a fato modificativo do direito apresentado pelo réu em contestação pode implicar, contudo, a improcedência de seu pedido em razão da análise de mérito.

38. ERRADO A citação é pressuposto de constituição válida do processo, mas não pressuposto processual de existência. Dessa forma, o processo já existe antes da citação válida.

Comentário Extra: Sobre a formação do processo é de extrema importância o seguinte dispositivo do CPC: “Art. 263. Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuída, onde houver mais de uma vara. A propositura da ação, todavia, só produz, quanto ao réu, os efeitos mencionados no art. 219 depois que for validamente citado”.

39. CERTO A suspensão do processo por convenção das partes é prevista pelo art. 265, inciso II, do CPC, não exigindo declinação do motivo, mas se limita a 6 meses pelo disposto no § 3º do referido artigo.

40. CERTO A perempção não prejudica o direito de defesa.

41. ERRADO A convenção das partes é suficiente para suspender o processo, o que não pode ultrapassar, nesse caso, o período de 6 meses.

42. ERRADO O mero fato de haver questão preliminar a ser decidida não implica suspensão do processo.

II. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA1. CERTO A assertiva oferece um retrato fiel em relação ao exercício da jurisdição federal no Brasil. Ampara-se a questão, especialmente, nos seguintes dispositivos da Constituição:

Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: I – os Tribunais Regionais Federais; II – os Juízes Federais.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) § 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

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Comentário Extra: É corriqueiro, em concurso público, perguntar-se que órgão aprecia a apelação das causas julgadas por juiz estadual no exercício da jurisdição federal. A resposta é o Tribunal Regional Federal, o que se depreende do § 4º do art. 109 da Constituição. Atente-se: “§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau”.

2. ERRADO Os atos de jurisdição voluntária são processados pelo Judiciário.

3. ERRADO As ações acidentárias, isto é, as propostas demandando do INSS benefício por doença profissional ou acidente de trabalho, são de competência da Justiça estadual, nos termos do art. 109, inciso I, da Constituição.

Comentário Extra: “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; (...)”.

4. ERRADO As atribuições e competência da justiça militar, diferentemente do que ocorre com a justiça eleitoral, não são disciplinadas por lei complementar, mas meramente por lei ordinária. Observe-se a seguinte norma constitucional: “Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar.

Comentário Extra: Quanto à competência da Justiça Eleitoral, há, de fato, exigência de lei complementar. Atente-se ao disposto pela Constituição Federal: “Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais”.

5. ERRADO O texto faz referência à competência absoluta em razão da função, não se referindo à competência absoluta em razão da matéria. No entanto, de fato, a competência estabelecida em razão da matéria é absoluta.

6. CERTO O texto, realmente, em primeiro lugar, refere-se à competência funcional do mesmo nível de jurisdição: “antes do ajuizamento da demanda, dois ou mais órgãos jurisdicionais podem ser, em abstrato, competentes para o processamento de uma mesma causa”. Em seguida, trata da competência funcional relativamente a graus de jurisdição diversos: “os órgãos jurisdicionais monocráticos em relação às ações rescisórias e, em regra, também aos recursos, visto que a atribuição da competência aos órgãos colegiados atende, nesses casos, a critério fundado no puro interesse público”.

7. CERTO A necessidade do julgamento pelo mesmo Juízo que aprecia ou apreciou determinada demanda é a razão de ser da distribuição por dependência. A distribuição por dependência afasta, nos casos em que aplicada, a distribuição aleatória, regra geral de distribuição (art. 251 do CPC).

Comentário Extra: As causas de distribuição por dependência estão previstas no art. 253 do CPC e são as seguintes: “I – quando se relacionem, por conexão ou continências, com outra já ajuizada; II – quando, tendo sido extinto o processo, sem julgamento de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda; III – quando houver ajuizamento de ações idênticas, ao juízo prevento”.

8. CERTO A competência do tribunal é matéria de lei, mas a de órgão do tribunal é matéria de regimento interno.

9. CERTO A competência da Justiça Federal em relação às causas em que for parte a União é estabelecida pela Constituição, prevalecendo sobre a competência estabelecida em relação ao foro de situação da coisa. Em relação ao Estado, a competência da Vara de Fazenda Pública não se sobrepõe ao foro de situação da coisa, por ser decorrente de mera norma de organização judiciária. Todavia, como bem aponta a questão, se no foro de situação da coisa houver vara da fazenda pública, esta será a competente para julgamento de ação que versar sobre direito real em face do Estado.

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10. ERRADO No caso das ações possessórias, o foro da situação do imóvel, apesar de se tratar de competência territorial, conforme o CPC, não pode ser alterado pela vontade das partes.

Comentário Extra: Art. 95 do CPC: “Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova”.

11. CERTO Seguindo os termos do art. 95 do CPC, a competência territorial, no caso em tela, é relativa.

12. ERRADO O julgamento do conflito entre juízos submetidos a tribunais diversos é competência do Superior Tribunal de Justiça.

Comentário Extra: Constituição Federal: “Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I – processar e julgar, originariamente: (...) d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos; (...)”.

13. CERTO O CPC não estabelece a necessidade de a fazenda estadual litigar em vara privativa. Dessa forma, assim como aponta a assertiva em análise, apenas se norma local da organização judiciária estabelecer vara da fazenda pública no foro competente para a causa é que a fazenda estadual litigará em vara privativa.

Comentário Extra: Art. 91 do CPC: “Regem a competência em razão do valor e da matéria as normas de organização judiciária, ressalvados os casos expressos neste Código”.

14. A A) A criação superveniente de vara da Justiça Federal faz cessar eventual delegação da Jurisdição Federal ao Juízo Estadual, o que envolve competência absoluta, não havendo que se falar, no caso, em perpetuação de competência, mas no deslocamento da execução fiscal do Juízo Estadual, que atuava em razão da delegação de competência, ao Juízo Federal.

O mesmo raciocínio é utilizado no seguinte julgado do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL. INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. JUIZ DE DIREITO INVESTIDO DE JURISDIÇÃO FEDERAL. CRIAÇÃO SUPERVENIENTE DE VARA FEDERAL. DESLOCAMENTO. COMPETÊNCIA ABSOLUTA EM RAZÃO DA MATÉRIA. ART. 87 DO CPC.

1. O fundamento legal da certidão de dívida ativa não é a violação à Consolidação das Leis Trabalhistas, mas ofensa à legislação tributária (não recolhimento de IR, IPI e PIS). Assim sendo, é certo que não há competência da Justiça do Trabalho.

2. Durante o trâmite do presente conflito, foi instalada em Ipatinga/MG a Justiça Federal, motivo pelo qual cessa a delegação da jurisdição federal no caso – por motivos de competência absoluta em razão da matéria (art. 87 do Código de Processo Civil). Precedentes.

3. Conflito conhecido para declarar a competência da Vara da Subseção Judiciária Federal de Ipatinga/MG (que não é suscitante nem suscitada). (CC 60.807/MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em 10/12/2008, DJe 19/12/2008).

B) Trata-se, sim, de caso de conexão, devendo ambas restar submetidas ao mesmo Juízo.

C) A alegação de incompetência, salvo no âmbito de Juizados Especiais, é exceção dilatória, e não peremptória.

D) A mudança do ponto do estabelecimento comercial durante a demanda é mero fato que não influi na competência, incindindo, no caso, o princípio da perpetuatio jurisdictionis (art. 87 do CPC).

E) A prevenção para Juízos de comarcas distintas se dá pela citação (art. 219 do CPC), e não pelo primeiro despacho, o que apenas ocorre nos casos de Juízos de mesma competência territorial (art. 106 do CPC).

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Comentário Extra: Exceção dilatória é aquela que apenas prorroga no tempo o exercício de determinada pretensão, como nulidade de citação; conexão; incompetência.

Exceção peremptória é aquela que objetiva fulminar o exercício da pretensão, como prescrição, carência de ação, causas de extinção da obrigação, entre outras.

15. ERRADO A regra da perpetuação de competência é prevista no art. 87 do CPC, que traz em seu texto exceções. Modificações que alterem a competência em razão da matéria, como a criação da vara de família apontada pela assertiva, causam influência na determinação da competência, ainda que o réu já tenha sido citado.

16. CERTO A modificação de competência decorrente de conexão ou continência pode ocorrer mesmo depois do momento previsto pelo art. 87 do CPC.

Comentário Extra: CPC: “Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia”.

17. ERRADO Conforme a CF, no seguinte dispositivo, compete ao STF processar causa em que há conflito entre entes federativos e suas entidades da administração: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I – processar e julgar, originariamente: (...) f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; (...)”.

18. CERTO Prevalece o disposto na Constituição Federal: “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; (...)”.

Comentário Extra: Ressalte-se que a

análise do interesse jurídico do ente público federal deve ser efetivada pela Justiça Federal, nos termos de entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça (Súmula 150: “Compete à justiça federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da união, suas autarquias ou empresas públicas”).

19. CERTO A Constituição, no § 3º do art. 109, dispõe sobre a possibilidade de a lei estabelecer a competência delegada, o que ocorre nessa situação.

Comentário Extra: A Lei n. 5.010/66 é que estabelece a delegação de competência em relação à execução fiscal:

Art. 15. Nas Comarcas do interior onde não funcionar Vara da Justiça Federal (artigo 12), os Juízes Estaduais são competentes para processar e julgar:

I – os executivos fiscais da União e de suas autarquias, ajuizados contra devedores domiciliados nas respectivas Comarcas;

20. B Para ocorrer o deslocamento de competência em razão de manifestação de interesse por parte da União, é necessário aferir a legitimidade da pretensão da União, ou seja, é preciso que haja, de fato, interesse da União, mas isso é feito pelo juiz federal, nos termos da Súmula 150 do STJ, não pelo juiz da causa.

Comentário Extra: No caso dos embargos de terceiro, vale apontar que apenas estes serão deslocados para a justiça federal, enquanto a execução deve ficar suspensa na justiça estadual. A solução encontra-se explicitada no seguinte precedente do STJ posterior à prova em comento:

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. EMBARGOS DE TERCEIRO OPOSTOS PELA UNIÃO. EXAME PELA JUSTIÇA COMUM FEDERAL. PROCESSO EXECUTÓRIO QUE, CONTUDO, DEVE PERMANECER NA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL, ONDE FOI PROFERIDA A SENTENÇA DE MÉRITO OBJETO DE EXECUÇÃO. INEXISTÊNCIA, NO CASO, DE PRORROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL POR CONEXÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA PAULISTA PARA O EXAME DA EXECUÇÃO. SOBRESTAMENTO DO FEITO ATÉ O JULGAMENTO FINAL DOS EMBARGOS DE TERCEIRO. 1. A União ajuizou

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embargos de terceiro contra decisão proferida pelo juízo comum estadual, que determinou, nos autos de execução de título judicial movida por pensionistas de ex-ferroviários, a penhora de créditos da Rede Ferroviária Federal S/A, sucessora da FEPASA – Ferrovia Paulista S/A, que entende lhes pertencer. 2. Nos termos do art. 109, I, da CF/88, compete à justiça comum federal o exame dos embargos de terceiro, pois presente a União no polo ativo da demanda. 3. Todavia, apenas os embargos de terceiro se deslocam para a justiça federal, devendo o processo executório em curso na justiça comum estadual lá permanecer. Isso porque a competência da justiça federal é absoluta e, por isso, não se prorroga por conexão. Além disso, a execução tem por objeto sentença de mérito transitada em julgado proferida pelo judiciário paulista, o que atrai a incidência da regra contida no art. 575, II, do Diploma Processual Civil. 4. Impõe-se, de outra parte, o sobrestamento da execução em curso na justiça comum estadual até o julgamento final dos embargos de terceiro pela justiça federal, a fim de se evitar a prolação de decisões conflitantes ou irreversíveis 5. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo da 4ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo/SP, ora suscitado, para o exame da demanda executória. (STJ, Conflito de Competência, Rel. Maria Thereza de Assis Moura. Terceira Seção, DJE 14/3/2008).

21. ERRADO A competência para apreciar demanda reparatória por acidente de trânsito, mesmo envolvendo índio, é da justiça estadual. Isso porque não se trata de disputa de direito indígenas.

Comentário Extra: A competência da Justiça Federal, em relação aos índios, restringe-se aos casos em que há disputa sobre direitos indígenas. Atente-se ao art. 109 da CF: “Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) XI – a disputa sobre direitos indígenas; (...)”.

22. E A norma do CPC em destaque se refere à competência funcional, pois a demanda reiterada fica atrelada ao Juízo que a apreciou em primeiro momento e decidiu por sua extinção sem resolução de mérito. O escopo da norma é proteger o princípio do Juiz natural, evitando que a parte escolha o Juízo que apreciará sua demanda, por exemplo, por meio de desistência e repropositura.

Comentário Extra: Atente-se ao texto do art. 253, inciso II, do CPC: “II – quando, tendo sido extinto o processo, sem julgamento de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda; (...)”.

23. CERTO Conforme o art. 106 do CPC, tem-se que: “Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar”. Em relação a ações conexas perante juízos de diversos de competência territorial diversa, aplica-se a regra prevista no caput do art. 219.

Comentário Extra: “Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição”.

24. CERTO A conexão ocorre, nos termos do art. 103 do CPC, quando ações diversas apresentam objeto ou causa de pedir comum. O objetivo da reunião das ações conexas prescrito pelo art. 105 do CPC é exatamente evitar decisões conflitantes.

25. CERTO Tratando-se de demandas conexas na mesma comarca, isto é, entre juízos de mesma competência territorial, não importa, para efeito de prevenção, a realização da citação válida. Segue-se a disciplina do art. 106 do CPC; importa, pois, qual Juízo despachou em primeiro lugar.

Comentário Extra: “Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar”.

26. CERTO A disciplina, para efeito de prevenção, no caso de ações conexas ajuizadas perante Juízos de competência territorial diversa, não segue o disposto no art. 106 do CPC, mas a regra geral de prevenção contida no art. 219 do CPC.

27. B A) A citação não é capaz de tornar prevento juiz absolutamente incompetente.

B) Nas ações conexas ajuizadas perante juízos com a mesma competência territorial,

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nos termos do art. 106 do CPC, a prevenção depende do primeiro despacho.

C) Conforme o art. 106 do CPC.

D) Não há prevenção de Juízo absolutamente incompetente.

E) Conforme o seguinte precedente do STJ: “COMPETÊNCIA. CONFLITO. PRIVATIZAÇÃO DE EMPRESAS ESTATAIS. LEILÃO DO CONTROLE ACIONÁRIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA E AÇÕES POPULARES. CONEXÃO. PREVENÇÃO. JUIZ FEDERAL QUE PRIMEIRO DESPACHOU. A AÇÃO CIVIL PÚBLICA DEVE SER AJUIZADA, EM REGRA, NO FORO DO LOCAL ONDE OCORREU O DANO. TRATANDO-SE DE COMARCA EM QUE NÃO HÁ JUIZ FEDERAL, DESLOCA-SE A COMPETÊNCIA PARA O JUIZ DE DIREITO DO ESTADO. JÁ A PROPOSITURA DA AÇÃO POPULAR PREVENIRÁ A JURISDIÇÃO DO JUÍZO PARA TODAS AS AÇÕES POSTERIORMENTE INTENTADAS CONTRA AS MESMAS PARTES E SOB OS MESMOS FUNDAMENTOS. CORRENDO AS AÇÕES EM JUÍZOS DE COMPETÊNCIA TERRITORIAL DIVERSA, A FALTA DE CITAÇÃO, TORNOU-SE PREVENTO AQUELE QUE DESPACHOU EM PRIMEIRO LUGAR.” (STJ, CC 3.911/DF, Rel. p/ Acórdão Min. Hélio Mosimann, Primeira Seção, DJ 16/8/1993, p. 15943).

Comentário Extra: Atente-se ao seguinte precedente do STJ, que destaca a prevenção como critério de fixação de competência, e não de determinação de competência: “COMPETÊNCIA. CONEXÃO DE CAUSA. INAPLICAÇÃO DA REGRA CONCERNENTE À PREVENÇÃO EM FACE DA INCOMPETÊNCIA DE UM DOS JUÍZOS ENVOLVIDOS. ART. 94, § 3º, DO CPC.

– ‘No litisconsórcio passivo, se uma das rés tem sede no exterior e as outras no Brasil, a ação deve ser proposta no foro do domicílio destas, e não no da autora, pois a disposição do § 3º do art. 94 do CPC apenas se aplica se não existem outras litisconsortes com sede no Brasil’ (REsp 223.742/PR).

– A prevenção não é critério de determinação da competência e, sim, de fixação da competência. A sua aplicação pressupõe que os dois juízos envolvidos sejam igualmente competentes, o que não se dá na espécie presente.

Conflito conhecido, declarado competente o MM. Juízo da 43ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro”. (CC 29.684/RJ, Rel. Min. Barros Monteiro, Segunda Seção, DJ 11/12/2000, p. 168).

28. B A) A prorrogação apenas ocorre nos casos de incompetência relativa.

B) Em regra, a incompetência territorial é relativa; apenas em algumas situações se verifica a incompetência territorial absoluta.

C) A prevenção em relação a juízes de mesma competência territorial não se dá pela citação válida, mas depende do primeiro despacho no processo.

D) e E) A exceção de incompetência apenas serve para a parte demandada impugnar a incompetência relativa do Juízo, não sendo o meio adequado para arguir a incompetência absoluta e conexão.

Comentário Extra: Apesar de a exceção de incompetência não ser o meio adequado para se arguir a incompetência absoluta e a conexão, como se trata de matérias que podem ser conhecidas de ofício, nada impede que o Juízo, ao analisar a exceção de incompetência que versa sobre tais matérias, determine a remessa dos autos ao Juízo competente.

29. CERTO Segundo o art. 88, inciso III, do CPC, é competente a autoridade judiciá-ria brasileira quando “no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação”. Diferentemente da competência apontada pelo art. 89 do CPC, que estabelece a competência da autoridade brasileira com exclusão de qualquer outra, o art. 88 apresenta rol de competência internacional concorrente. A assertiva, todavia, ainda merece análise à luz do art. 90 do CPC, que estabelece o seguinte: “A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas”. Desse modo, apenas quando há homologação de sentença estrangeira, há obstáculo para o processamento da causa pela autoridade local.

Comentário Extra: CPC: “Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando: I – o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II – no Brasil tiver de ser cumprida a

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obrigação; III – a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal”.

“Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I – conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II – proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional”.

30. A A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas (art. 90 do CPC).

Comentário Extra: A Resolução n. 9 do STJ, de 4 de maio de 2005, dispõe sobre sua competência constitucional para processar e julgar a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias. Dentre as disposições constantes da referida resolução, algumas, por se relacionarem à presente questão, destacam-se a seguir: “Art. 4º A sentença estrangeira não terá eficácia no Brasil sem a prévia homologação pelo Superior Tribunal de Justiça ou por seu Presidente. (...) Art. 6º Não será homologada sentença estrangeira ou concedido exequatur à carta rogatória que ofendam a soberania ou a ordem pública. (...) Art. 12. A sentença estrangeira homologada será executada por carta de sentença, no Juízo Federal competente”.

31. CERTO A competência do Juizado Especial Federal – JEF segue, em regra (art. 3º da Lei n. 10.259/2001), a competência da Justiça Federal, a qual não aprecia ações pelo mero fato de envolver interesse de sociedade de economia mista federal.

Comentário Extra: O JEF Cível (art. 3º da Lei em destaque) julga as causas de competência da Justiça Federal no valor de até 60 salários mínimos. Não é competente, todavia, para as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos. Não se incluem, tampouco, em sua competência, as causas sobre bens

imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais, nem ações para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal. Finalmente, não competem ao JEF as ações que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares.

32. CERTO O art. 6º da Lei n. 10.259/2001 resguarda a posição de autores no JEF às pessoas físicas, às microempresas e empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei n. 9.317, de 5 de dezembro de 1996. Aponta, por outro lado, que a posição de ré cabe apenas à União, às autarquias, fundações e empresas públicas federais. Todavia, como se admite o pedido contraposto no JEF, é aceitável que esses entes federais ocupem eventualmente o polo ativo.

33. ERRADO Segundo o art. 9º da Lei n. 10.259/2001, não há prazo diferenciado para Fazenda Pública no JEF.

Comentário Extra: O art. 13 da Lei do JEF aponta que, de fato, não há reexame necessário das decisões do JEF.

34. CERTO Nos termos do art. 17 da Lei n. 10.259/2001, o pagamento se dará em 60 dias por requisição de pequeno valor.

35. CERTO O § 3º do art. 3º da Lei n. 10.259/2001 é expresso ao afirmar que: “No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta”.

36. ERRADO O art. 3º da Lei n. 10.259/2001 é expresso ao apontar que o JEF não é competente para as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos.

37. ERRADO Não há opção do autor, em razão de a competência do JEF ser absoluta para as causas de até 60 salários mínimos.

38. ERRADO A Lei n. 9.099/95, em seu art. 8º, expressamente veda que tais entes sejam partes nos processos em Juizado Especial Civil estadual.

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Comentário Extra: “Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da união, a massa falida e o insolvente civil”.

39. E A) Não cabe a propositura de Execução Fiscal em Juizado Especial.

B) Não há prazo diferenciado para a Fazenda Pública nos Juizados Especiais, nem se fala em prazo de 15 dias para contestar.

Art. 9º da Lei n. 10.259/2001: “Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação para audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de trinta dias”.

C) A reunião conjunta das Turmas em conflito apenas se dá em caso de divergência entre Turmas da mesma Região. No caso de divergência entre Turmas de Regiões diversas, a solução encontra-se no § 2º do art. 14 da Lei n. 10.259/2001:

§ 2º O pedido fundado em divergência entre decisões de turmas de diferentes regiões ou da proferida em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante do STJ será julgado por Turma de Uniformização, integrada por juízes de Turmas Recursais, sob a presidência do Coordenador da Justiça Federal.

D) Não há execução por carta de sentença, bem como o pagamento por RPV só se dá após o trânsito em julgado, em execução definitiva.

E) A assertiva se encontra em harmonia com os seguintes dispositivos da Lei n. 10.259/2001:

Art. 4º O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação.

Art. 5º Exceto nos casos do art. 4º, somente será admitido recurso de sentença definitiva.

Comentário Extra: Deve-se lembrar de que, nos termos do art. 25 da Lei n. 10.259/2001, não serão remetidos aos

Juizados Especiais Federais as causas ajuizadas até sua instalação. Atente-se:

Art. 25. Não serão remetidas aos Juizados Especiais as demandas ajuizadas até a data de sua instalação.

40. CERTO Conforme o disposto no § 3º do art. 3º da Lei n. 10.259/2001:

§ 3º No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta.

41. ERRADO Apenas microempresa e empresa de pequeno porte, entre as empresas, poderão ser autoras no JEF.

Comentário Extra: Atente-se ao disposto pela Lei n. 10.259/2001: “Art. 6º Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível: I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei n. 9.317, de 5 de dezembro de 1996; II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais”.

42. CERTO Assertiva conforme o art. 13 da Lei n. 10.259/2001.

Comentário Extra: “Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá reexame necessário”.

43. B A) No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta. Contudo, a Lei dos Juizados Especiais apresenta a ressalva do art. 25, acima transcrito:

B) Como regra, excluem-se da competência do Juizado Especial Federal as causas que buscam a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, ressalvado o de natureza previdenciária e o lançamento fiscal. Está, por isso, certa a assertiva (art. 3º, § 1º, inciso III, da Lei n. 10.259/2001).

C) Mesmo nos Juizados Especiais Federais, se as condenações ultrapassarem o valor do RPV, o pagamento deve se dar por precatórios (§ 4º do art. 14 da Lei n. 10.259/2001).

D) Contraria a sistemática estabelecida pelos seguintes dispositivos da Lei dos Juizados Especiais Federais:

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Art. 4º O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação.

Art. 5º Exceto nos casos do art. 4º, somente será admitido recurso de sentença definitiva.

E) O art. 6º da Lei n. 10.259/2001, em seu inciso II, também aceita que as empresas públicas federais sejam rés nos Juizados Especiais Federais.

Art. 6º Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível:

I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei n. 9.317, de 5 de dezembro de 1996;

II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais.

III. DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO1. A A antecipação de tutela pode ser aplicada a qualquer modalidade de tutela jurisdicional, inclusive à declaratória. Não se confunde, todavia, com o julgamento antecipado da lide, pois se dá com base em um juízo de verossimilhança e apenas antecipa os efeitos, e não a própria decisão de mérito. Acrescente-se, ainda, que, em princípio, não há uma limitação quanto ao momento para a concessão da tutela antecipada, desde que seja requerida nos termos do art. 273 do CPC.

Comentário Extra: O julgamento antecipado da lide se dá com base em cognição exauriente, realizando o magistrado um juízo de certeza. Os requisitos do julgamento antecipado da lide são bem diversos da tutela antecipada e se encontram disciplinados pelo art. 330 do CPC.

2. ERRADO A afirmativa inicial não quer dizer que a tutela antecipada seja ilimitada. De fato, não o é. Observe-se que, além dos limites para a concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública, ainda se pode apontar a limitação legal em relação aos casos em que se verifica perigo de irreversibilidade da medida.

3. CERTO Nos termos do art. 273 do CPC,

convencido, por prova inequívoca, da verossimilhança das alegações, o magistrado pode conceder a tutela antecipada requerida se observar a existência de risco de dano de difícil reparação ou de abuso de direito de defesa, ou, ainda, de manifesto propósito protelatório da parte adversa.

4. CERTO A assertiva, de forma didática, aponta com acerto o que diferencia a cautelar da tutela antecipada, ressaltando, ainda, a fungibilidade estabelecida pelo § 7º do art. 273 do CPC.

5. CERTO A tutela antecipada, de fato, assegura a execução provisória, nos termos do § 3º do art. 273 do CPC.

6. CERTO Havendo sentença superveniente que revoga ou irradia os mesmos efeitos da medida antecipatória, tem-se a perda de objeto do recurso interposto inicialmente contra a medida antecipatória, que, caso necessário, poderá ser impugnada por meio de recurso contra a referida sentença.

7. C A) Por tal raciocínio, seria a antecipação de tutela a execução para a segurança e a cautelar a segurança para execução, não o contrário.

B) Trata-se de decisão impassível de recurso, nos termos do parágrafo único do art. 527 do CPC:

Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator:

(...)

III – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

(...)

Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar.

C) Possível em caso de ponto

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incontroverso da demanda, nos termos do art. 273, § 6º, do CPC:

§ 6º A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.

D) A fungibilidade é admitida, nos termos do § 7º do art. 273 do CPC, mas os requisitos necessários se referem à espécie da medida de urgência correta; no caso em tela, devem estar presentes os requisitos da cautelar.

E) Deve ser impugnada por apelação.

8. CERTO Assertiva correta, conforme o seguinte precedente:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. TRATAMENTO DE SAÚDE E FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS A NECESSITADO. OBRIGAÇÃO DE FAZER DO ESTADO. INADIMPLEMENTO. COMINAÇÃO DE MULTA DIÁRIA. ASTREINTES. INCIDÊNCIA DO MEIO DE COERÇÃO. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.

1. Ação ordinária c/c pedido de tutela antecipada ajuizada em face do Estado, objetivando o fornecimento dos medicamentos Interferon Alfa e Ribavirina 250mg, indicados para paciente portador de Hepatite Crônica. 2. A função das astreintes é vencer a obstinação do devedor ao cumprimento da obrigação e incide a partir da ciência do obrigado e da sua recalcitrância. 3. In casu, consoante se infere dos autos, trata-se de obrigação de fazer, consubstanciada no fornecimento de medicamento ao paciente que em virtude de doença necessita de medicação especial para sobreviver, cuja imposição das astreintes objetiva assegurar o cumprimento da decisão judicial e consequentemente resguardar o direito à saúde. 4. “Consoante entendimento consolidado neste Tribunal, em se tratando de obrigação de fazer, é permitido ao juízo da execução, de ofício ou a requerimento da parte, a imposição de multa cominatória ao devedor, mesmo que seja contra a Fazenda Pública” (AGRGRESP 189.108/SP, Relator Ministro Gilson Dipp, DJ de 02.04.2001). 5. Precedentes jurisprudenciais do STJ: REsp 775.567/RS, Relator Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ 17.10.2005; REsp 770.524/RS, Relatora Min.

ELIANA CALMON, DJ 24.10.2005; REsp 770.951/RS, Relator Min. CASTRO MEIRA, DJ 03.10.2005; REsp 699.495/RS, Relator Min. LUIZ FUX, DJ 05.09.2005. 6. À luz do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, valor erigido com um dos fundamentos da República, impõe-se a concessão dos medicamentos como instrumento de efetividade da regra constitucional que consagra o direito à saúde. 7. Agravo Regimental desprovido. (AgRg no REsp 855.787/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 14/11/2006, DJ 27/11/2006, p. 258).

9. E Assertiva errada. Atente-se, nesse sentido, a trecho do seguinte precedente do STJ:

A ação de imissão na posse se sujeita ao procedimento ordinário e é compatível com o pedido de antecipação dos efeitos da tutela. Processual Civil. Recurso Especial. Ação de imissão de posse. Acórdão. Omissão. Inexistência. Tutela antecipada. Pressupostos. Reexame de prova. Cabimento em ação de imissão de posse. Terceiro possuidor. Legitimidade passiva ad causam.(...) – Não prevista pelo CPC em vigor como ação sujeita a procedimento especial, aplica-se à ação de imissão de posse, de natureza petitória, o rito comum (procedimento ordinário); cabível, em consequência, o pedido de tutela antecipada, a qual será deferida desde que preenchidos os requisitos que lhe são próprios. – A ação de imissão na posse é própria àquele que detém o domínio e pretende haver a posse dos bens adquiridos, contra o alienante ou terceiros, que os detenham. – Recurso especial a que não se conhece. (REsp 404.717/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 27/8/2002, DJ 30/9/2002, p. 257).

10. D A presunção da veracidade dos fatos alegados na inicial é efeito da revelia, todavia não é efeito absoluto. Dependendo da natureza do direito em litígio, pode ser afastada pelo juiz.

Comentário Extra: Tal presunção não ocorre se, em litisconsórcio unitário, um dos réus apresentar contestação.

11. ANULADA A) Trata-se do item responsável pela anulação da questão. Isso porque se entende que pode haver efeito da revelia em relação à reconvenção, conforme

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se pode depreender do seguinte precedente do STJ:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. RECONVENÇÃO. REVELIA. EFEITOS. SÚMULA 07/STJ. I – Conquanto, em princípio, tenha aplicação o art. 319 do CPC ao reconvindo que não contesta, a presunção de veracidade dos fatos alegados na reconvenção em face da revelia é relativa, cedendo passo a outras circunstâncias constantes nos autos, tendo em conta que adstrito o julgador ao princípio do livre-convencimento motivado. A consequência da falta de resposta à reconvenção não conduz, necessariamente, à procedência do pedido reconvencional. II – Por outro lado, o e. Tribunal a quo, soberano na análise do acervo probatório, ao confirmar a decisão monocrática, asseverou que o material cognitivo não dava amparo às alegações deduzidas na reconvenção. Percebe-se, pois, que entender em sentido contrário demandaria a vedada incursão em seara probatória (Súmula 07/STJ). Recurso não conhecido. (STJ, REsp 334.922/SE, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJ 12/11/2001, p. 168).

Assim, a assertiva estaria errada.

Todavia, a banca considerou, em princípio, a assertiva como correta. Ao que parece, seguia-se antiga lição do processualista Frederico Marques, que afirma o seguinte: “Como não existe citação do reconvindo, não há que falar em revelia deste, em virtude da falta de contestação. Ocorrerá, isto sim, descumprimento de ônus sobre a impugnação específica das quaestiones facti. Nem de outro modo seria possível entender-se, ante os laços de conexão que existem entre as duas ações – a conventio e a reconventio” (Instituições de direito processual civil. Campinas: Millennium, v. III, p. 114).

No entanto, após recursos, observando que há precedente do STJ no sentido diverso do adotado inicialmente pela banca, bem como diante da controvérsia que envolve o tema, a questão restou anulada.

B) A assertiva está correta. Ao comparecer, o réu revel tem uma atuação normal, podendo produzir provas, desde que ainda em tempo oportuno.

C) A assertiva está incorreta. Apenas

haverá presunção de veracidade se não houver impugnação de qualquer dos opostos.

D) A assertiva está correta. Como bem apontado pela questão, efeito da revelia não se confunde com a revelia.

E) A assertiva está correta. Em harmonia com texto expresso do CPC: “Art. 351. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis”.

12. E A) Conforme texto expresso do CPC: “Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando: I – relativas a direito superveniente; II – competir ao juiz conhecer delas de ofício; III – por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo”.

B) Conforme o art. 302 do CPC: “Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo: I – se não for admissível, a seu respeito, a confissão; II – se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato; III – se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público”.

C) Conforme o art. 325 do CPC: “Art. 325. Contestando o réu o direito que constitui fundamento do pedido, o autor poderá requerer, no prazo de 10 (dez) dias, que sobre ele o juiz profira sentença incidente, se da declaração da existência ou da inexistência do direito depender, no todo ou em parte, o julgamento da lide (art. 5º)”.

D) Conforme o art. 22 do CPC: “Art. 22. O réu que, por não arguir na sua resposta fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, dilatar o julgamento da lide, será condenado nas custas a partir do saneamento do processo e perderá, ainda que vencedor na causa, o direito a haver do vencido honorários advocatícios”.

E) Não observa os termos do § 3º do art. 267 do CPC: “§ 3º O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de

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mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e VI; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que lhe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento”. O réu responde apenas pelas custas de retardamento e não há previsão de ressalva por justo motivo.

13. D A) Não cabe reconvenção no procedimento sumário, apenas pedido contraposto.

B) Não há vedação de reconvenção em ação rescisória, mas apenas restrições como as apresentadas pela assertiva.

C) Nesse sentido, o art. 316 do CPC: “Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu procurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias”.

D) Não cabe reconvenção ao autor na qualidade de substituto processual.

E) Nesse sentido, Elpídio Donizetti afirma: “Cabimento de reconvenção – Essa modalidade de resposta, bem como as exceções (de incompetência e de impedimento ou suspeição), não são incompatíveis com o procedimento monitório, até porque, oferecido os embargos, o rito seguido é o do procedimento ordinário” (2007, p. 820).

Comentário Extra: Em relação à reconvenção e à substituição processual, vale lembrar a lição de Fredie Didier Jr.: “Se o réu quiser reconvir em face do substituto processual, deverá fundar o seu pedido em pretensão que tenha em face do substituído, desde que para tal demanda tenha o substituto legitimação extraordinária passiva. Trata-se da inteligência do parágrafo único do art. 315, CPC. Se o réu for o substituto processual, apenas poderá reconvir se sua legitimação extraordinária o habilite à postulação” (2007, p. 457).

14. B A) O julgador deve ser imparcial, sendo, nesse sentido, extremamente importante a motivação de suas decisões para demonstrar tal imparcialidade.

B) Há preclusão em relação à exceção de suspeição. Atente-se, nesse sentido, à lição de Fredie Didier Jr.: “As hipóteses de suspeição (art. 135 do CPC) dão azo à nulidade do ato processual praticado pelo

magistrado. Sucede que, neste caso, embora o magistrado possa reconhecer-se suspeito (art. 135, parágrafo único, do CPC), a parte tem prazo preclusivo para arguir a suspeição (quinze dias) e pedir a nulificação do ato. É que não se trata de uma presunção absoluta de parcialidade, ao contrário, por ser menos grave, sequer autoriza ajuizamento de futura ação rescisória” (2007, p. 459).

C) Seguindo a lógica estabelecida pelo art. 249 do CPC, o Tribunal que verificar o impedimento ou a suspeição declarará quais atos são atingidos:

Art. 249. O juiz, ao pronunciar a nulidade, declarará que atos são atingidos, ordenando as providências necessárias, a fim de que sejam repetidos, ou retificados.

D) O CPC estabelece que a exceção de impedimento ou de suspeição deve ser apresentada no prazo de 15 dias do fato que ocasionou o impedimento ou a suspeição (art. 304). Assim, independentemente de ser apresentada antes ou depois da contestação, suspenderá o processo, conforme estabelecido pelo art. 306 do CPC:

Art. 306. Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (art. 265, III), até que seja definitivamente julgada.

E) Assertiva compatível com o estabelecido pelo CPC em seu art. 138: “Art. 138. Aplicam-se também os motivos de impedimento e de suspeição: I – ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, sendo parte, nos casos previstos nos ns. I a IV do art. 135; II – ao serventuário de justiça; III – ao perito; IV – ao intérprete”.

15. A Em acordo com o CPC (art. 275, inciso II, alínea d), as causas de ressarcimento de danos causados por acidente de veículo de via terrestre devem ser processadas pelo rito sumário independentemente do valor. Como o valor da causa apresenta importância que extrapola a fixação do procedimento, deve-se deferir a impugnação do valor da causa, mas sem conversão de procedimento.

Comentário Extra: Apresentada, em audiência no procedimento sumário, impugnação ao valor da causa, esta será, de imediato, decidida pelo Julgador. Atente-se ao seguinte dispositivo do art. 277 do CPC:

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“§ 4º O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa ou a controvérsia sobre a natureza da demanda, determinando, se for o caso, a conversão do procedimento sumário em ordinário”.

16. ERRADO A chamada proibição do non liquet, isto é, o dever de decidir, que não pode ser afastado mesmo em face da falta de lei ou falta de prova, também se aplica no âmbito dos processos coletivos.

17. ERRADO Não vigora no País o sistema do perito único, podendo, inclusive, o Juiz determinar a realização de uma nova perícia caso entenda que a perícia realizada pelo perito primeiramente nomeado não foi suficiente para esclarecer as questões necessárias para a solução da lide.

Comentário Extra: O Juiz tampouco se encontra vinculado ao parecer do perito judicial, podendo, sempre fundamentadamente, tomar decisão contrária ao que restou apontado pelo perito.

18. CERTO Em caso de responsabilidade objetiva, não é necessário comprovação da culpa, pois, mesmo sem ter agido com dolo ou culpa, cabe ao responsável pelo dano o dever de repará-lo.

19. ERRADO No direito brasileiro, vigora o princípio do livre-convencimento motivado. Isso implica que ao Juiz cabe valorar as provas, mas sempre dentro de um critério objetivo, não podendo se utilizar de meras intuições subjetivas acerca da verdade dos fatos alegados.

Comentário Extra: Quanto ao princípio do livre-convencimento motivado, Cintra, Grinover e Dinamarco: “O Brasil também adota o princípio da persuasão racional: o juiz não é desvinculado da prova e dos elementos existentes nos autos (quod non est in actis non est in mundo), mas a sua apreciação não depende de critérios legais determinados a priori. O juiz só decide com base nos elementos existentes no processo, mas os avalia segundo critérios críticos e racionais (CPC, art. 131 e 436)” (2010, p. 68).

20. CERTO A assertiva deixa evidenciado que há uma distinção entre distribuição do ônus da prova e análise judicial do material probatório produzido, destacando, ainda,

que as regras de repartição do ônus da prova importam, para efeito de apreciação judicial, na determinação de quem deve arcar com as consequências de sua não produção.

21. ERRADO A prova emprestada é admissível, mas não há vinculação à conclusão alcançada em processo anterior.

Comentário Extra: Em relação à admissibilidade da prova emprestada, atente ao ensinamento de Marinoni: “Em tais situações, como o contraditório das partes não foi garantido na produção da prova, será necessário examinar se é possível cumprir com tal garantia no processo para o qual se pretende exportar a prova. Sempre que for possível garantir o contraditório – com a mesma eficácia que se teria caso o contraditório houvesse sido observado no processo primitivo –, o empréstimo da prova será admissível. Caso contrário, em princípio, a prova emprestada será inviável” (2008, 7. ed., p. 292).

22. D A) A teoria estática do ônus da prova se concentra na distribuição a priori do ônus da prova, isto é, sem observância das peculiaridades do caso concreto. Não é a teoria estática que determina caber ao autor provar os fatos constitutivos do seu direito e ao réu provar os fatos impeditivos, extintivos e modificativos do direito do autor, mesmo que esta pareça a melhor distribuição a priori e tenha sido a adotada pelo CPC no seu art. 333.

B) Não há vedação de estabelecimento de toda convenção a respeito do ônus da prova, o que não se pode é convencionar de modo diverso ao estabelecido por lei, conforme o parágrafo único do art. 333 do CPC.

C) Por essa teoria, cabe ao juiz, e não ao legislador, distribuir no caso concreto o ônus da prova.

D) A assertiva destaca o posicionamento atual do STJ:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. LEI 8.078/90, ART. 6º, INC. VIII. REGRA DE INSTRUÇÃO.

DIVERGÊNCIA CONFIGURADA.

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(...)

2. Hipótese em que o acórdão recorrido considera a inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, inciso VIII, do CDC regra de julgamento e o acórdão paradigma trata o mesmo dispositivo legal como regra de instrução. Divergência configurada.

3. A regra de imputação do ônus da prova estabelecida no art. 12 do CDC tem por pressuposto a identificação do responsável pelo produto defeituoso (fabricante, produtor, construtor e importador), encargo do autor da ação, o que não se verificou no caso em exame.

4. Não podendo ser identificado o fabricante, estende-se a responsabilidade objetiva ao comerciante (CDC, art. 13). Tendo o consumidor optado por ajuizar a ação contra suposto fabricante, sem comprovar que o réu foi realmente o fabricante do produto defeituoso, ou seja, sem prova do próprio nexo causal entre ação ou omissão do réu e o dano alegado, a inversão do ônus da prova a respeito da identidade do responsável pelo produto pode ocorrer com base no art. 6º, VIII, do CDC, regra de instrução, devendo a decisão judicial que a determinar ser proferida “preferencialmente na fase de saneamento do processo ou, pelo menos, assegurando-se à parte a quem não incumbia inicialmente o encargo, a reabertura de oportunidade” (REsp 802.832, STJ 2ª Seção, DJ 21/9/2011).

5. Embargos de divergência a que se dá provimento. (EREsp 422.778/SP, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Rel. p/ Acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, julgado em 29/2/2012, DJe 21/6/2012).

E) A regra do ônus da prova está relacionada à falta de provas dos fatos relevantes para o julgamento, não havendo necessidade de sua observância se os fatos estão provados.

23. C A questão é resolvida pelo seguinte dispositivo do CPC:

Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz.

24. A A) e B) Transita em julgado apenas o dispositivo da sentença de mérito; sua fundamentação não faz coisa julgada, nos termos do seguinte dispositivo do art. 469 do CPC: “Art. 469. Não fazem coisa julgada: I – os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; II – a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença; III – a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo”.

C) A coisa julgada, como regra, apresenta eficácia somente entre as partes, conforme o art. 472 do CPC: “Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros”.

D) A carência de ação é provocada pela ausência de condição da ação, o que não se confunde com a existência de coisa julgada, pressuposto negativo para constituição válida do processo.

E) A mudança no quadro fático permite o reexame do pedido que é feito, então, com base em causa de pedir diversa, não havendo que se falar em impedimento em razão da coisa julgada.

25. E A) A coisa julgada é, conforme lição da doutrina majoritária e conforme entendimento adotado pelo CPC (art. 467), a qualidade de imutabilidade que adquire a sentença após o trânsito em julgado.

B) Apenas o dispositivo da sentença transita em julgado, mas uma questão prejudicial pode fazer coisa julgada caso seja objeto de ação declaratória incidental (art. 469, inciso III).

C) A referida regra se encontra prescrita no art. 472 do CPC, mas não pode ser aplicada na “substituição processual”, que ocorre quando, por autorização legal, alguém pleiteia em nome próprio direito alheio. Apesar de o substituto ser parte, a coisa julgada beneficia ou prejudica, sobretudo, o substituído, que não é dado como parte.

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D) A assertiva apresenta a própria definição de “coisa julgada secundum eventum litis”.

E) As sentenças que dispõem sobre uma relação jurídica continuativa adquirem a qualidade de coisa julgada. No entanto, em tais relações, se houver modificação no estado de fato ou de direito, pode haver revisão do que restou decidido (art. 471 do CPC).

Comentário Extra: Fredie Didier Jr., em consonância com o disposto na assertiva, aponta que, na denominada coisa julgada secundum eventum litis, “a coisa julgada surgirá ou não de acordo com o resultado da demanda”. Ainda acrescenta o seguinte: “A lei, pelas mais variadas razões, pode entender que tal ou qual resultado (procedência ou improcedência) não autoriza a imunização. É o que acontece, por exemplo, nas demandas que dizem respeito aos direitos individuais homogêneos, quando a coisa julgada será erga omnes, apenas nos casos de procedência do pedido” (Cognição..., 2010).

A doutrina também observa a existência da coisa julgada secundum eventum probationis, bem explicada por Fredie Didier Jr. e Hermes Zaneti Jr.: “(...) A coisa julgada secundum eventum probationis é aquela que só se forma em caso de esgotamento das provas, ou seja, se a demanda for julgada procedente ou improcedente com suficiência de provas. (...)” (2010, p. 344).

26. E A) A ação declaratória incidental também exige a legitimidade das partes.

B) Pode-se depreender o acerto da afirmativa por meio da leitura dos arts. 5º e 325 do CPC.

C) É, de fato, competência funcional absoluta a do juiz do processo iniciado para julgamento da ação declaratória incidental.

D) Exatamente em razão de sua natureza declaratória, a ação declaratória incidental é cabível apenas no processo de conhecimento.

E) O pedido de declaração incidente não colide com a autorização expressa de formular pedido contraposto. A ação declaratória incidental não é um pedido contraposto à demanda, mas pedido de

envolvimento da relação jurídica prejudicial na lide.

Comentário Extra: No procedimento sumário, não se admite ação declaratória incidental, conforme o seguinte dispositivo do CPC:

Art. 280. No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro.

A ação declaratória incidental é apenas cabível em processo contencioso e na fase de conhecimento, pois se trata de pedido de tutela jurisdicional declaratória, que não se compatibiliza com a jurisdição voluntária, com o processo de execução ou com o processo cautelar.

Nos caso em que há autorização de pedidos contrapostos, sem excluir de modo explícito a ação declaratória incidental, esta será possível, desde que compatível com a causa e o procedimento. É o que ocorre com as ações possessórias, que admitem a ação declaratória incidental, mas não para tratar de reconhecimento do domínio, por força do art. 923 do CPC.

27. C A) Conforme o seguinte dispositivo do CPC: “Art. 325. Contestando o réu o direito que constitui fundamento do pedido, o autor poderá requerer, no prazo de 10 (dez) dias, que sobre ele o juiz profira sentença incidente, se da declaração da existência ou da inexistência do direito depender, no todo ou em parte, o julgamento da lide (art. 5º)”.

B) Decidirá a questão prejudicial, mas tal decisão não estará protegida pelo manto da coisa julgada, nos termos dos arts. 469 e 470 do CPC.

C) O fato de o réu simplesmente ter suscitado a questão prejudicial não possibilita a inclusão da questão na esfera de proteção da coisa julgada, nem ocorre litispendência, como propõe a assertiva.

D) Em conformidade com o seguinte dispositivo do CPC: “Art. 265. Suspende-se o processo: (...) IV – quando a sentença de mérito: (...) c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido

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como declaração incidente; (...)”.

E) Ação declaratória incidental apenas serve para que a decisão em relação à questão prejudicial reste blindada pelo manto da coisa julgada.

Comentário Extra: Atente-se aos termos do seguinte dispositivo do CPC, de extrema importância para a solução da questão: “Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer (arts. 5º e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide”.

28. CERTO A coisa julgada não atinge a situação examinada, não alcançando, pois, novas situações fáticas tanto no habeas data quanto nas ações em geral.

Comentário Extra: A mudança no quadro fático possibilita que o mesmo autor realize pedido semelhante sem ter contra si o óbice da coisa julgada.

29. D A) Mesmo o julgamento de ações de alimentos fazem coisa julgada material.

B) A mudança de exercício, por si só, não implica modificação na causa de pedir suficiente a propositura de nova demanda.

C) Diante da alteração das circunstâncias fáticas, cabe a propositura de nova ação, e não ação rescisória.

D) As decisões de relações continuativas fazem coisa julgada material; havendo alteração dos fatos, caberá o ajuizamento de nova demanda.

E) A coisa julgada não rege os fatos futuros, que são guiados pelo direitos então vigentes. Serão aplicados os direitos supervenientes aos fatos futuros.

Comentário Extra: Sentenças determinativas são as que resolvem relações jurídicas continuativas.

IV. MEIOS DE IMPUGNAÇÃO ÀS DECISÕES JUDICIAIS1. ERRADO Os efeitos da decisão contam-se a partir do momento em que decorreu o prazo para a interposição do recurso, não da decisão que deixa de conhecer o recurso intempestivo.

2. CERTO Diferentemente da desistência da ação, a desistência do recurso não depende da anuência da parte contrária, nem mesmo de homologação.

3. CERTO Para que haja interesse recursal diante de tal sentença homologatória, de fato, é necessário que haja algum erro de procedimento a ser impugnado.

4. CERTO Nos termos do art. 191 do CPC, apenas os litisconsortes com diferentes procuradores possuem prazo em dobro.

Comentário Extra: CPC: “Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos”.

5. CERTO Até mesmo o efeito declaratório é suspenso.

6. ERRADO O recurso adesivo é apenas interposto quando, passado o prazo para a interposição do recurso, uma das partes sucumbentes decide, no prazo das contrarrazões, interpor recurso. Assim, caso interponha o recurso dentro do prazo inicial, não há necessidade de utilização da modalidade adesiva, nem o recurso se transforma em adesivo.

7. ERRADO É possível, no caso de sucumbência recíproca, a interposição de recurso adesivo no prazo das contrarrazões, todavia, apesar disso, o recurso adesivo não se confunde com as contrarrazões.

8. B Em relação à assertiva incorreta, o recurso cabível contra tal decisão é agravo de instrumento, considerando que esta não encerrou a fase de execução. A decisão que resolve parcialmente a demanda não é atacável por apelação, mas por agravo.

Comentário Extra: Decorre o efeito expansivo subjetivo ou extensão subjetiva do recurso da regra contida no art. 509 do CPC, no sentido de que o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos seus interesses.

9. ERRADO A conformidade da sentença com súmula do TST não autoriza o Juiz a deixar de receber o recurso de apelação,

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diferentemente do que ocorrerá nos casos em que a sentença estiver em conformidade com súmula do STJ e do STF, nos termos do § 1º do art. 218 do CPC.

Comentário Extra: “§ 1º O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal”.

10. ERRADO Não há possibilidade do exame do mérito da apelação pelo Juízo a quo em razão da pacificação da matéria no Tribunal ad quem. Apenas é possível que o Juízo a quo não receba o recurso de apelação caso a sentença esteja em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal.

11. E O exame da admissibilidade do recurso de apelação é feito tanto pelo Juízo recorrido como pelo Relator e pela turma do Tribunal responsável por apreciar tal recurso.

Comentário Extra: O CPC deixa evidenciado que inclusive o Juízo recorrido realiza o Juízo de admissibilidade do recurso de apelação, como pode ser observado de seu dispositivo transcrito a seguir: “Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao apelado para responder. § 1º O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. § 2º Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso”.

12. C O tribunal, ao julgar o recurso de apelação, fica adstrito à matéria impugnada na apelação, devendo decidir o recurso nos limites do pedido (art. 515 do CPC). Todavia, isso não se confunde com a noção de profundidade do efeito devolutivo. Esta se refere à profundidade do exame das questões envolvidas pelo pedido recursal. Tal profundidade é ampla, tornando possível que os fundamentos da ação e da defesa sejam analisados pelo tribunal ainda que não versados na sentença, nos termos do art. 515, §§ 1º e 2º, do CPC: “Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e

julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. § 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. (...)”.

13. A A teoria da causa madura, segundo a qual o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento, foi adotada pelo § 3º do art. 515 do CPC.

Comentário Extra: Segundo Marinoni e Mitidieiro “as causas que admitem a aplicação do art. 515, § 3º, do CPC, são as causas maduras” (2008, p. 527).

14. CERTO Em conformidade com o texto do § 3º do art. 523 do CPC: “§ 3º Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamento caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, bem como constar do respectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente as razões do agravante”.

15. ANULADO O CPC, no art. 523, § 3º, atualmente estabelece que o recurso cabível diante de decisões interlocutórias proferidas em audiência de instrução e julgamento é o agravo na modalidade retida, com a particularidade de ser interposto oral e imediatamente.

Houve, na época, a anulação com seguinte justificativa do CESPE:

Somente se tornou imperioso o agravo retido para as decisões interlocutórias na audiência de instrução e julgamento após o advento de lei (Lei n. 11.187, de 19 de outubro de 2005) que entrou em vigor após a publicação do edital do concurso (“Art. 2º Esta lei entra em vigor após decorridos 90 (noventa) dias de sua publicação oficial”). Anteriormente, assim dispunha a lei: Art. 523. (...) § 3º Das decisões interlocutórias proferidas em audiência admitir-se-á interposição do agravo retido, a constar do respectivo termo, expostas sucintamente as razões que justifiquem o pedido de nova decisão. § 4º Será retido o agravo das decisões proferidas na audiência de instrução e julgamento e das posteriores à

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sentença, salvo nos casos de dano de difícil e de incerta reparação, nos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida.

Comentário Extra: A modalidade retida é a regra, reservando-se o agravo na modalidade de instrumento para os casos previstos expressamente pelo CPC, nos termos do art. 522 do CPC.

16. CERTO A função principal do agravo retido é justamente evitar a preclusão. Caso não interposto diante de decisão interlocutória proferida em audiência, a questão resta, como regra, preclusa.

17. ANULADO Questão anulada com a seguinte justificativa da Banca: “A situação cobrada no item era ambígua antes da entrada em vigor da Lei n. 11.187, o que somente ocorreu após a publicação do edital do concurso”.

Comentário Extra: Atualmente o item seria correto. Como se apontou, a regra é a interposição de agravo na modalidade retida, nos termos do art. 522 do CPC: “Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento”.

18. ERRADO Por força de texto expresso do art. 522 do CPC, o recurso cabível contra decisão do Juízo recorrido que não admite apelação ou que trata dos efeitos em que a apelação é recebida é justamente o agravo na modalidade de instrumento. Todavia a Banca alterou o gabarito, pois considerou o item errado apontando que “existem situações de inadmissão da apelação em que é cabível o agravo, e não o agravo de instrumento”. O fato é que, se a inadmissão da apelação não se der pelo Juízo de primeiro grau, mas pelo relator da apelação, o recurso cabível é agravo legal ou interno, não o agravo de instrumento.

19. B A) É possível a retratação pelo juiz, na forma do § 2º do art. 523 do CPC: “§ 2º Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz poderá reformar sua decisão”.

B) Trata-se de decisão não passível de recurso.

C) O art. 523 do CPC, em seu § 3º, estabelece a forma retida para o agravo interposto contra decisões proferidas em audiência, mas nos casos em que há grave lesão não há interesse recursal na interposição do agravo retido, devendo ser, portanto, interposto agravo de instrumento.

D) Por se tratar de uma decisão irrecorrível, os Tribunais vêm aceitando a impetração de mandado de segurança para impugná-la. Atente-se a precedente do TRF da 1ª Região: “PROCESSUAL CIVIL – MANDADO DE SEGURANÇA – CONVERSÃO DO INSTRUMENTO EM AGRAVO RETIDO: CONTEÚDO DECISÓRIO CAPAZ DE CAUSAR GRAVE LESÃO OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO – CERCEAMENTO DE DEFESA. 1. O MS é via processual adequada para impugnar decisão que converte em agravo retido o agravo de instrumento quando existente evidência de ilegalidade em razão de cerceamento de defesa. 2. A conversão do agravo de instrumento em agravo retido, prevista no art. 527, II, do CPC, somente pode ocorrer quando e se a decisão agravada for insuscetível de causar à parte imediata lesão grave e de difícil reparação, sem que o Relator exponha qualquer juízo de valor sobre a decisão agravada. 3. Se evidenciado que a decisão que se impugna no Agravo de Instrumento tem potencial lesivo, a conversão do agravo de instrumento em agravo retido é ilegal porque está cerceando o direito de defesa da parte. 5. Peças liberadas pelo Relator, em 02/07/2009, para publicação do acórdão”. (TRF1, MS 2008.01.00.067685-9/DF, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, Corte Especial, Publicação 10/8/2009, e-DJF1, p. 71).

E) Assertiva em harmonia com o disposto pelo art. 522 do CPC.

Comentário Extra: O STJ também aceita o mandado de segurança como meio para impugnação de decisão que converte o agravo de instrumento em agravo retido: “PROCESSUAL CIVIL – CONVERSÃO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO EM AGRAVO RETIDO – ART. 527, INCISO II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – AGRAVO INTERNO – IMPOSSIBILIDADE – REQUISITOS REEXAME DE PROVA – SÚMULA 7/STJ – PRECEDENTES.

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1. A Corte Especial deste Superior Tribunal entendeu que a decisão prevista no inciso II do art. 527 do Código de Processo Civil, que converte o agravo de instrumento em retido, é irrecorrível, podendo ser atacada somente por meio de mandado de segurança. 2. A análise da existência dos requisitos elencados no inciso II do art. 527 do Diploma Processual, capazes de impedir a conversão do instrumento em retido, é inviável em recurso especial, tendo em vista o necessário revolvimento do conjunto fático-probatório carreado aos autos. Incidência da Súmula 7/STJ. 3. Recurso especial não provido”. (STJ, REsp 1.161.847/TO, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe 4/3/2010).

20. B Além de cópia das “peças obrigatórias”, deve acompanhar o agravo de instrumento cópia das “peças necessárias”, que são aquelas necessárias à compreensão da impugnação, sob pena de o recurso não ser conhecido.

Comentário Extra: Nos termos do art. 525 do CPC, pode-se apontar que são peças obrigatórias a cópia da “decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado”.

21. ERRADO A assertiva ignora o chamado efeito suspensivo ativo do agravo de instrumento, que possibilita obter do relator do agravo de instrumento a tutela antecipada indeferida pelo juiz de primeiro grau.

Comentário Extra: O CPC prevê a possibilidade de concessão de antecipação de tutela pelo relator de agravo de instrumento no seguinte dispositivo: “Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator: (...) III – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; (...)”.

22. E A) O agravo de instrumento de decisão que não admite recurso especial e extraordinário é interposto perante a Presidência do Tribunal recorrido. Não cabe sua interposição pelo correio com aviso de recebimento, diferente do que ocorre no caso de agravo de instrumento contra decisões interlocutórias.

B) O provimento do agravo retido não implica necessariamente nulidade da sentença proferida.

C) O não cumprimento do requisito de comunicação e comprovação ao Juízo de primeiro grau sobre a interposição do agravo de instrumento apenas pode ser conhecido por requerimento da parte, conforme expressamente estabelece o CPC.

D) A referida decisão é irrecorrível.

E) Apesar de não ser a regra, se a decisão proferida em audiência for suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, o recurso cabível é o agravo de instrumento.

Comentário Extra: “Art. 526. O agravante, no prazo de 3 (três) dias, requererá juntada, aos autos do processo de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o recurso. Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo”.

23. ERRADO Assertiva errada, conforme o seguinte trecho da justificativa do CESPE:

Não há correlação entre o princípio da irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias e o fato de não haver efeito suspensivo da comunicação de interposição do agravo de instrumento. Ademais, o princípio da irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias é incompatível com a “interrupção da marcha processual para apreciação de recursos contra decisões de questões incidentais (isto é, decisões interlocutórias)”. Nesse sentido, a concessão de efeito suspensivo ao agravo é que tem correlação com esse princípio, por excepcioná-lo, jamais a comunicação de interposição do agravo de instrumento (Cf. THEODORO JR., Humberto. O processo civil brasileiro no limiar do novo século. Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 197).

24. ERRADO É possível a interposição de embargos de declaração contra decisão interlocutória.

Comentário Extra: Quanto ao cabimento de embargos de declaração diante de

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decisão interlocutória, é bastante valiosa a lição de Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery:

Embora se refira apenas à sentença e acórdão, os vícios apontados na norma comentada não podem subsistir na decisão interlocutória, que deve ser corrigida por meio de EDcl. (...) (2010, p. 907).

25. CERTO Apesar de os embargos de declaração não terem como escopo imediato a modificação da decisão, é possível que apresentem efeitos infringentes. Isso ocorre se, para integrar a decisão embargada suprindo omissão, ou esclarecendo obscuridade e contradição, for necessário modificar o próprio posicionamento da decisão embargada.

26. CERTO O próprio STF entende pela necessidade de contrarrazões caso se entenda por conferir efeitos modificativos aos embargos de declaração.

Comentário Extra: “Constitucional. Processual. Julgamento de embargos declaratórios com efeitos modificativos sem a manifestação da parte embargada. Ofensa ao princípio do contraditório. Precedente (RE 250936). Regimental não provido”. (AI 327.728 AgR/SP, Rel. Min. Nelson Jobim, Segunda Turma, DJ 19/12/2001).

27. D As normas de direito processual civil, no direito brasileiro, possuem, como regra, aplicabilidade imediata, considerando-se cada ato isolado do processo, que deve obedecer à norma vigente.

28. ERRADO O art. 530 do CPC é expresso quanto à possibilidade de interposição de embargos infringentes em relação ao desacordo parcial presente no acórdão não unânime. Ressalva-se, contudo, que os embargos infringentes serão restritos à matéria objeto da divergência.

29. ERRADO O equívoco da assertiva encontra-se em admitir embargos infringentes diante de decisão proferida em remessa ou reexame necessário.

STJ – Súmula 390: “Nas decisões por maioria, em reexame necessário, não se admitem embargos infringentes”.

Comentário Extra: O cabimento dos

embargos infringentes encontra disciplina no art. 530 do CPC. Estabelece-se como necessário que a decisão a ser impugnada por embargos infringentes tenha reformado sentença de mérito ou julgado procedente ação rescisória. Assim, como regra, não são cabíveis embargos infringentes em ação de competência originária de tribunal.

Art. 530. Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da divergência.

30. A A) Para que sejam cabíveis embargos infringentes, é necessário “reforma em grau de apelação”, nos termos do art. 530 do CPC. Assim, faz-se necessário o provimento da apelação.

B) Conforme art. 530 do CPC.

C) Assertiva mal formulada, mas explica corretamente o critério da dupla sucumbência.

D) É possível, nos termos do § 3º do art. 515 do CPC, que surja uma decisão de mérito do Tribunal diante de um recurso contra uma sentença que extinguiu o processo sem resolução de mérito.

E) É necessário “reforma em grau de apelação” (art. 530 do CPC).

Comentário Extra: A questão põe em relevo especialmente o fato de que os embargos infringentes são cabíveis nos casos em que há reforma por acórdão não unânime, afastando a possibilidade de embargos infringentes contra decisões terminativas.

31. CERTO De acordo com a alínea a do inciso II do art. 539 do CPC, serão julgados pelo STJ, em recurso ordinário, “os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão”.

Comentário Extra: Também compete ao STJ julgar, em recurso ordinário, as causas em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, do

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outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

32. ERRADO O risco de dano não pode ser examinado por se tratar de matéria que exige análise probatória incabível nesse momento.

Comentário Extra: STJ – Súmula 7: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial”.

33. ERRADO No caso descrito, o recurso cabível é o recurso extraordinário, e o Tribunal competente para o julgamento é o STF.

Comentário Extra: O inciso III do art. 102 da Constituição Federal apresenta as hipóteses de cabimento de recurso extraordinário ao STF: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: (...) III – julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal”.

34. ERRADO Tanto o recurso extraordinário quanto o especial podem ser interpostos contra acórdão proferido em causa de competência originária de tribunal.

35. CERTO Como não é possível reexame de prova (Súmula 7 do STJ), não pode haver, em sede dos recursos excepcionais, nova convicção do órgão jurisdicional acerca dos fatos da causa. É, todavia, obviamente diversa a questão da interpretação dos fatos tidos como ocorridos nas instâncias ordinárias.

36. CERTO É a lei federal que pode vincular a existência do Ato à realização por instrumento público. Nesse sentido, se há uma decisão dispensando o instrumento público quando este era solenidade necessária, haverá violação evidente de lei federal, cabendo a interposição do recurso especial.

37. ERRADO É admissível em sede de recurso especial a discussão a respeito do

que vem a se constituir como prova escrita para autorizar a propositura e processamento de ação monitória. Não se trata de reexaminar a prova, mas fixar se esta é, ou não, prova escrita, nos termos do art. 1.102-A do CPC.

38. CERTO A questão da vedação da prova ilícita é matéria constitucional. Sua apreciação não é vedada pelo entendimento que obsta a interposição de recurso excepcional para reexame de prova, em razão de não implicar nova análise do conteúdo da prova, mas apenas de verificação da licitude, ou não, da prova.

39. ERRADO Em que pese seja o Superior Tribunal de Justiça o guardião da legislação infraconstitucional e o recurso especial não possa ter como fundamentação única a violação à Constituição, o STJ, sempre respeitando a cláusula de reserva de plenário, pode declarar, incidentalmente, a inconstitucionalidade de lei.

40. D A) A matéria do prequestionamento deve ter sido anteriormente suscitada pela parte.

B) Tratando-se de mera ofensa reflexa ao princípio da ampla defesa ou ao devido processo legal, não cabe recurso extraordinário.

C) Esta assertiva trata de violação indireta à Constituição, o que é insuficiente para o cabimento de recurso extraordinário.

D) Não cabe recurso extraordinário contra o incidente, mas contra o próprio julgamento da causa pelo tribunal.

E) O então chamado agravo de instrumento deveria contar com as cópias devidas sob pena de o recurso não ser conhecido. Nesse sentido, era expresso o § 1º do art. 544 do CPC: “§ 1º O agravo de instrumento será instruído com as peças apresentadas pelas partes, devendo constar obrigatoriamente, sob pena de não conhecimento, cópias do acórdão recorrido, da certidão da respectiva intimação, da petição de interposição do recurso denegado, das contrarrazões, da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado. As cópias das peças do processo poderão ser declaradas autênticas pelo próprio

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advogado, sob sua responsabilidade pessoal”. (Texto não mais em vigor).

Com a entrada em vigor da Lei n. 12.322/2010, a questão recebeu nova disciplina:

Art. 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo nos próprios autos, no prazo de 10 (dez) dias.

§ 1º O agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não admitido. Não se trata mais de agravo de instrumento, mas tão somente de agravo interposto nos próprios autos, não havendo mais que se falar em cópia obrigatória. Não há instrumento a ser formado.

Comentário Extra: O agravo interposto contra decisão que inadmite recurso especial ou extraordinário, diferentemente do agravo de instrumento contra decisões interlocutórias, é dirigido à presidência do tribunal de origem, nos termos do § 2º do art. 544 do CPC:

§ 2º A petição de agravo será dirigida à presidência do tribunal de origem, não dependendo do pagamento de custas e despesas postais. O agravado será intimado, de imediato, para no prazo de 10 (dez) dias oferecer resposta, podendo instruí-la com cópias das peças que entender conveniente. Em seguida, subirá o agravo ao tribunal superior, onde será processado na forma regimental.

Destaque-se que, com a aprovação da Lei n. 12.322/2010, o recurso em destaque não se chama mais agravo de instrumento, mas tão somente de agravo. A denominação agravo de instrumento, na sistemática atual, é reservada para o recurso previsto pelo art. 522 do CPC.

41. A A divergência entre tribunais para embasar interposição de recurso não se restringe à análise do dispositivo do acórdão de cada Tribunal. É cabível, assim, a demonstração da divergência mediante o “cotejo analítico dos fundamentos de fato e de direito de cada uma das decisões (recorrida e paradigma)”.

Comentário Extra: O efeito devolutivo do recurso especial e do extraordinário é restrito. Valiosa, nesse ponto, a lição de

Marinoni: “O efeito devolutivo de que são dotados, por outro lado, é restrito à matéria constitucional ou legal de competência do respectivo tribunal. Dessa Forma, o Supremo Tribunal Federal, no exame do recurso extraordinário, limitar-se-á a examinar a questão constitucional controvertida no recurso, sem estender sua análise a outros temas – ainda que constitucionais, e ainda que presentes no julgamento recorrido. Nesse mesmo diapasão, o Superior Tribunal de Justiça ficará circunscrito ao julgamento da questão relativa à Lei federal invocada, sem poder ampliar sua cognição a outros temas, mesmo que haja, em outra parcela da decisão atacada, violação à lei federal” (2008, 7. ed., p. 579).

42. D A) Conforme o art. 543-A do CPC, que destaca a irrecorribilidade da decisão quanto à repercussão geral: “Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo”.

B) Conforme o art. 543-B do CPC.

C) Conforme o § 3º do art. 543-A do CPC: “§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária à súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal”.

D) O Tribunal de Origem não tem competência para analisar a existência da repercussão geral.

E) Conforme o § 6º do art. 543-A do CPC: “§ 6º O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal”.

Comentário Extra: Por sua relevância para a solução da questão em comento, transcreve-se o seguinte dispositivo do CPC:

Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo.

§ 1º Caberá ao Tribunal de origem

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selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte.

§ 2º Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados considerar-se-ão automaticamente não admitidos.

§ 3º Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados ou retratar-se.

§ 4º Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o Supremo Tribunal Federal, nos termos do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão contrário à orientação firmada.

§ 5º O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal disporá sobre as atribuições dos Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da repercussão geral.

43. ERRADO A avaliação da transcendência deve ser verificada por critério objetivo.

44. ERRADO Não há dispensa de demonstração da presença de repercussão geral na peça de interposição de recurso extraordinário. Nesse sentido o § 2º do art. 543-A.

Comentário Extra: Atente-se ao dispositivo do CPC que aproxima a noção de repercussão geral à de transcendência: “Art. 543-A (...) § 1º Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. § 2º O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral”.

45. A A) Trata-se, de fato, do posicionamento recentemente consolidado pelo STJ:

PROCESSUAL CIVIL – AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL – NÃO JUNTADA DE PEÇAS NECESSÁRIAS PARA COMPREENSÃO DE CONTROVÉRSIA

APRESENTADA EM AGRAVO DE INSTRUMENTO – OPORTUNIDADE DE REGULARIZAÇÃO DO FEITO NA INSTÂNCIA DE ORIGEM.

1. No julgamento do REsp 1.102.467/RJ, submetido ao rito do art. 543-C do CPC, esta Corte firmou o entendimento de que, com relação ao agravo do artigo 522 do CPC, se o tribunal de origem considerar ausentes peças necessárias para a compreensão da controvérsia, deverá ser dada ao recorrente a oportunidade de complementar o instrumento.

2. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1.211.262/PB, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora Convocada TRF 3ª Região), Segunda Turma, julgado em 7/3/2013, DJe 14/3/2013).

B) A teoria da intempestividade do recurso prematuro aceita pelo STJ se refere à interposição de recurso especial antes do julgamento dos embargos de declaração, momento em que ainda não esgotada a instância ordinária e que se encontra interrompido o lapso recursal. Nessa caso, exige-se a ratificação do recurso, nos termos do verbete 418 da Súmula do STJ:

STJ – Súmula 418: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação.

C) No caso de comprovada razão de força maior impeditiva de realização do preparo recursal, cabe apenas a possibilidade de recolhimento e comprovação posterior do preparo.

D) Não se reconhece a possibilidade de embargos apenas para efeito de prequestionamento, distanciado das hipóteses do art. 535 do CPC. Os embargos de declaração para fins de prequestionamento não são modalidade autônoma a independer de omissão, contradição e obscuridade para sua oposição.

E) Contraria o verbete 216 da Súmula do STJ:

STJ – Súmula 216: A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo registro no protocolo da Secretaria e não pela data da entrega na

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agência do correio.

Comentário Extra: O STJ, no precedente a seguir, não considera greve bancária suficiente para possibilitar o recolhimento posterior do preparo:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. GREVE DOS BANCÁRIOS: PRAZO PROCESSUAL.

FORÇA MAIOR. REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ. RECOLHIMENTO DAS CUSTAS. POSSIBILIDADE.

(...)

2. O Tribunal a quo concluiu, por meio do arcabouço fático dos autos, que “o movimento paredista não caracteriza força maior para os fins alegados pela agravante; seja porque, dos inúmeros recursos protocolizados diariamente neste Tribunal, poucos sequer tentaram recolher as custas; seja porque quem se dirigir aos bancos oficiais (BB ou CEF) no curso do movimento paredista realizou o pagamento; seja porque há outros meios de cumprir a determinação legal (via internet, em caixas eletrônicos, p.ex.)” (fls. 63). Dessa forma, a pretensão recursal esbarra no óbice da Súmula n. 7 desta Corte: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial”.

3. Para que a alegação de greve seja aceita como justificativa a ensejar ulterior protocolização do comprovante de preparo recursal é necessária a demonstração de que tal movimento impediu efetivamente o recolhimento no momento do protocolo do recurso. (Precedente: AgRg nos EREsp 1.017.981/PE, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/02/2010, DJe 01/03/2010) 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 812.115/BA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 8/6/2010, DJe 28/6/2010).

46. E A) A demonstração de repercussão geral deve vir expressa na minuta de recurso extraordinário.

B) Presume-se a repercussão geral em relação à recurso extraordinário contra decisão que viola jurisprudência dominante ou entendimento sumulado pelo STF.

C) Exige-se a fundamentação na decisão relacionada à repercussão geral.

D) A necessidade do quórum qualificado para que se deixe de reconhecer o recurso por ausência de repercussão geral não é excepcionada em tal hipótese.

E) A análise do Presidente do Tribunal local quanto à repercussão geral se restringe a verificar se o recorrente procura demonstrá-la em preliminar do recurso, devendo inadmitir o recurso extraordinário na ausência de tal demonstração.

Comentário Extra: A sistemática da repercussão geral é bem demonstrada pelos seguintes dispositivos do CPC:

Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo.

§ 1º Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa.

§ 2º O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral.

§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal.

§ 4º Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos, ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário.

§ 5º Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese, tudo nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

§ 6º O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno

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do Supremo Tribunal Federal.

§ 7º A Súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no Diário Oficial e valerá como acórdão.

Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo.

§ 1º Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte.

§ 2º Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados considerar-se-ão automaticamente não admitidos.

§ 3º Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados ou retratar-se.

§ 4º Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o Supremo Tribunal Federal, nos termos do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão contrário à orientação firmada.

§ 5º O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal disporá sobre as atribuições dos Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da repercussão geral.

47. C A) Apenas os recursos especiais sobre a questão restam suspensos (art. 543-C, § 1º).

B) O julgado em recurso repetitivo, chamado pelo CPC de recurso representativo de controvérsia, não apresenta efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário.

C) Trata-se do atual posicionamento do STF: “REPERCUSSÃO GERAL – RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO (LEI N. 12.322/2010) – UTILIZAÇÃO DESSA ESPÉCIE RECURSAL CONTRA DECISÃO QUE, EMANADA DE TRIBUNAL DE JURISDIÇÃO

INFERIOR, FAZ INCIDIR, NO CASO, A DISCIPLINA FUNDADA NOS §§ 2º E 3º DO ART. 543-B DO CPC – INADMISSIBILIDADE – CONVERSÃO EM AGRAVO INTERNO (‘AGRAVO REGIMENTAL’), DESSA MODALIDADE RECURSAL, PARA JULGAMENTO POR PARTE DO TRIBUNAL DE ORIGEM – PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO”. (ARE 682.753 AgR/DF, Rel. Celso de Mello, DJ 12/6/2012).

D) Não há previsão legal de sustentação oral, apenas se prevê, a juízo do relator, manifestação escrita, nos termos do art. 543-A, § 6º, do CPC:

§ 6º O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

E) Após o recurso ter sido selecionado como representativo de controvérsia, não pode a parte desistir do recurso, considerada a prevalência do interesse coletivo na solução da controvérsia. Atente-se ao seguinte precedente do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE DESISTÊNCIA EM Recurso Especial representativo de controvérsia (art. 543-C, § 1º, do CPC). AUSÊNCIA DE OMISSÃO, OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU ERRO MATERIAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.

1. No julgamento do recurso representativo da controvérsia foi indeferido o pedido de desistência do recurso especial ao fundamento de que: “[...] subsiste a prevalência do interesse da coletividade sobre o interesse individual do recorrente quando em julgamento de causas submetidas ao rito do art. 543-C, do CPC [...]”. Precedente: QO no REsp. n. 1.063.343-RS, Corte Especial, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17.12.2008.

2. Não havendo omissão, obscuridade, contradição ou erro material, merecem ser rejeitados os embargos declaratórios interpostos que têm o propósito infringente.

3. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl no REsp 1.111.148/SP, Rel. Min. Mauro

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Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em 12/5/2010, DJe 21/5/2010).

48. CERTO A questão é resolvida pelo parágrafo único do art. 541 do CPC, com redação dada pela Lei n. 11.341/2006. Transcreve-se: “Parágrafo único. Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência mediante certidão, cópia autenticada ou pela citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que tiver sido publicada a decisão divergente, ou ainda pela reprodução de julgado disponível na Internet, com indicação da respectiva fonte, mencionando, em qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados”.

Comentário Extra: Os embargos de divergência são cabíveis nas hipóteses apontadas pelo art. 546 do CPC: “Art. 546. É embargável a decisão da turma que: I – em recurso especial, divergir do julgamento de outra turma, da seção ou do órgão especial; II – em recurso extraordinário, divergir do julgamento da outra turma ou do plenário. Parágrafo único. Observar-se-á, no recurso de embargos, o procedimento estabelecido no regimento interno”.

49. CERTO Nesse sentido, o seguinte precedente do STF: “RECURSO. Embargos de divergência. Acórdão paradigma. Matéria diversa da discutida no acórdão embargado. Inteligência do art. 330 do RISTF. Agravo regimental não provido. Cabem embargos de divergência à decisão de Turma que, em recurso extraordinário ou agravo de instrumento, divergir de julgado de outra Turma ou do Plenário desta Corte, desde que tratem ambos do mesmo thema decidendum. 2. RECURSO. Embargos de divergência. Inadmissibilidade. Impugnação a acórdão do Plenário e a decisão singular. Precedentes. Recurso não conhecido. Cabem embargos de divergência contra acórdão de Turma que divirja de julgado da outra Turma ou do Pleno, não, porém, contra acórdão do Plenário ou decisão monocrática”. (AI 729.055 AgR-EDv, Rel. Min. Cezar Peluso, Tribunal Pleno, DJe 25/3/2010).

Comentário Extra: Como se pode verificar do precedente do STF citado na solução da presente questão, apesar de ser cabível embargos de divergência em face de

acórdão proferido em julgamento de agravo interposto contra decisão monocrática em recurso extraordinário e especial, não cabem embargos de divergência diretamente contra decisão monocrática.

50. C O cabimento de embargos de divergência restringe-se aos casos em que, julgado o recurso extraordinário ou o recurso especial, verifica-se, respectivamente, divergência do julgamento da outra turma ou do plenário do STF, ou do julgamento de outra turma, da seção ou do órgão especial do STJ.

Comentário Extra: Quanto ao cabimento de embargos de divergência, deve-se ter em mente os seguintes verbetes da Súmula do STJ:

Súmula 158: Não se presta a justificar embargos de divergência o dissídio com acórdão de turma ou seção que não mais tenha competência para a matéria neles versada.

Súmula 168: Não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão embargado.

51. C Prevalece o entendimento de que a decisão só transita em julgado após a apreciação de mérito do último recurso admissível, não se aceitando para efeito de ação rescisória o chamado “trânsito em julgado em partes”. Deve-se apontar ainda que não se exige esgotamento das instâncias recursais para que haja o ajuizamento e apreciação de ação rescisória.

Comentário Extra: A ação rescisória é sucedâneo recursal para impugnar, nos termos do art. 485 do CPC, sentença de mérito transitada em julgado. Dessa forma, para efeito de determinação do tribunal competente para apreciação da ação rescisória, deve-se analisar se houve exame de mérito diante do recurso interposto.

52. C A) A existência de declaração de inconstitucionalidade do texto legal pelo Supremo afasta o argumento da interpretação controvertida do texto legal para efeito de não admitir a ação rescisória.

B) É necessário o litisconsórcio dos beneficiários da ação originária em ação

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rescisória.

C) A decisão do STF quanto à constitucionalidade afasta a aplicação da Súmula 343 do STF.

D) Se o entendimento já era pacificado no STJ, não se pode afirmar que havia interpretação controvertida para deixar de conhecer a rescisória.

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. IMPOSTO DE RENDA. CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. SÚMULA 343/STF. INAPLICABILIDADE.

1. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na apreciação do Recurso Especial n. 1.001.779/DF, submetido ao regime do artigo 543-C do Código de Processo Civil, consolidou o entendimento de que não tem incidência o enunciado n. 343 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, sendo cabível a ação rescisória ajuizada contra decisão que, ao tempo, já era remansosa a jurisprudência desta Corte no entendimento de que as contribuições recolhidas sob a égide da Lei 7.713/88 para a formação do fundo de aposentadoria, cujo ônus fosse exclusivamente do participante, estariam isentas da incidência do imposto de renda, porquanto já teriam sido tributadas na fonte.

2. Embargos de divergência acolhidos. (EREsp 1.040.857/DF, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Primeira Seção, DJe 12/5/2010).

E) Se apreciou o mérito em grau de recurso, cabe ao próprio STJ julgar a ação rescisória.

Comentário Extra: Atente-se a precedente que explicita a posição do STJ em relação ao controle de constitucionalidade e à aplicação da Súmula 343 do STF:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS. CONSTITUCIONALIDADE DA MP 560/94 DECLARADA PELO STF. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 343/STF.

1. Embora não seja cabível, nos termos do que dispõe a Súmula 343/STF, a ação

rescisória por ofensa a literal disposição de lei quando a decisão rescindenda tiver se fundado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais, há que se excepcionar os casos em que a discussão versar sobre matéria de índole constitucional.

2. Vem prevalecendo na Primeira Seção desta Corte o entendimento de que, em se tratando de matéria constitucional, não há que se cogitar de interpretação apenas razoável acerca da lei, mas sim de interpretação juridicamente correta.

3. Como o STF reconheceu a constitucionalidade da aplicação da Medida Provisória n. 560/94 aos servidores públicos do Distrito Federal, mostra-se cabível a ação rescisória.

4. Recurso especial provido. (REsp 982.673/DF, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJ 11/2/2008, p. 1).

53. CERTO Assertiva correta, conforme a justificativa apresentada pela Banca:

“Como o processo fraudulento e o processo simulado são marcados pela inexistência de litígio verdadeiro, é possível concluir pela ausência de juízo rescisório, cumprindo a ação rescisória sua missão apenas com a prolação do juízo rescindendo”. (Souza, Bernardo Pimentel. Introdução aos recursos cíveis e à ação rescisória. 6. ed. São Paulo: Saraiva, p. 214).

54. CERTO Assertiva correta: evidente a legitimidade do Ministério Público, conforme destaca a justificativa do CESPE:

“O Ministério público também tem legitimidade para propor ação rescisória quando o julgado resulta de colusão entre as partes para fraudar a lei, (...)”. (Souza, Bernardo Pimentel. Introdução aos recursos cíveis e à ação rescisória. 6. ed. São Paulo: Saraiva, p. 247).

55. D A quebra do princípio da identidade física do juiz, ausentes as situações ressalvadas por lei, é causa de incompetência absoluta, cabível, em razão disso, a rescisória, conforme se depreende dos seguintes precedentes:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. ART. 132

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DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. PRAZO RECURSAL. A COMPETÊNCIA DO JUIZ, PELA VINCULAÇÃO EM AUDIÊNCIA, E DE NATUREZA FUNCIONAL E, PORTANTO, ABSOLUTA. A INCOMPETÊNCIA DO MAGISTRADO, QUE PROSSEGUE COM A AUDIÊNCIA COMO “JUIZ COOPERADOR”, PODE SER ARGUIDA INDEPENDENTEMENTE DE EXCEÇÃO – CPC, ART. 113. ADOTADA, CONTUDO, ESTA VIA PROCEDIMENTAL, DA DECISÃO DO RESPECTIVO JULGAMENTO CONTAR-SE-Á O QUINQUÍDIO PARA O AGRAVO DE INSTRUMENTO, VEZ QUE NÃO FORMALIZADA, NA AUDIÊNCIA, IMPUGNAÇÃO ALGUMA A ESSE RESPEITO. CONTRARIEDADE AOS ARTIGOS 508 E 523 DO CPC. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO, PARA QUE O COLEGIADO DE SEGUNDO GRAU JULGUE O AGRAVO COMO ENTENDER DE DIREITO. (STJ, RESP 199200151019, Relator Athos Carneiro, Quarta Turma, DJ 19/10/1992, p. 18248).

PROCESSO CIVIL E PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ – ART. 132 DO CPC – NULIDADE DA SENTENÇA. I – Pelo princípio da identidade física do juiz, o mesmo juiz que haja concluído a instrução da causa deve ser o mesmo a proferir o decisum. II – Há a presunção de que o julgador, que iniciou a audiência e concluiu a instrução, tem a possibilidade de avaliar a credibilidade das informações prestadas, através de contato direto e pessoal com as partes e testemunhas, tomando-lhes os depoimentos e exigindo-lhes esclarecimentos, de forma a poder formar o seu convencimento com muito mais segurança do que aquele juiz que não teve esse contato. III – A sentença proferida por juiz diverso do que concluiu a colheita da prova oral – relevante para a causa posta em juízo, torna-se nula, pela incompetência funcional absoluta do sentenciante. (TRF2: AC 200151070004094, Desembargador Federal Sergio Schwaitzer, Sexta Turma, DJU 29/4/2003, p. 208).

56. C A) O prazo não se conta a partir do momento em que cada decisão de mérito seja impassível de recurso, mas a partir do momento em que a última decisão de mérito não seja passível de recurso.

B) Tratando-se de questão constitucional consolidada pelo STF, a divergência ao tempo do trânsito em julgado da decisão não impede que esta seja atacada por ação rescisória.

C) Conforme o verbete 515 da Súmula do STF:

STF – Súmula 515: A competência para a ação rescisória não é do Supremo Tribunal Federal, quando a questão federal, apreciada no recurso extraordinário ou no agravo de instrumento, seja diversa da que foi suscitada no pedido rescisório.

D) Na rescisória por erro de fato, não cabe a produção de qualquer outra prova; é preciso que o erro seja apurado mediante o simples exame dos documentos e peças dos autos do processo originário.

E) É possível que haja demandas desconstitutivas sem o referido duplo juízo, com a mera desconstituição.

57. ERRADO Assertiva errada. A reclamação constitucional faz coisa julgada, conforme destaca a justificativa do CESPE:

De acordo com o STF, reclamação se sujeita à coisa julgada. EMENTA: – DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. RECLAMAÇÃO: GARANTIA À AUTORIDADE DE DECISÃO DO STF (ART. 102, I, “l”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, E ART. 156 DO R.I.S.T.F.). COISA JULGADA. 1. Havendo sido julgada improcedente a Reclamação anterior, sem que os Reclamantes, no prazo legal, propusessem a Ação Rescisória, em tese cabível (art. 485, incisos VI e IX, do Código de Processo Civil) e na qual, ademais, nem se prescindiria de produção das provas neles exigidas e aqui não apresentadas, não podem pretender, com alegações dessa ordem, pleitear novo julgamento da mesma Reclamação, em face do obstáculo da coisa julgada. 2. Agravo Regimental improvido pelo Plenário do S.T.F. Decisão unânime. (Rcl 532 AgR, Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/1996, DJ 20-09-1996 PP-34541 EMENT VOL-01842-01 PP-00054). O que ficou decidido na ADIn 2212-1 não se contrapôs à decisão que afirmou fazer coisa julgada a decisão proferida em reclamação. Ressalte-se, também, que a natureza jurídica da reclamação constitucional é objeto de polêmica na doutrina e na jurisprudência.

58. E Assertiva errada, a reclamação constitucional não provoca a anulação ou reforma da decisão exorbitante, mas sua

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cassação ou medida adequada para preservar a competência do Tribunal, conforme justificativa do CESPE:

“Dispõe a Lei n. 8.038/90: ‘Art. 17. Julgando procedente a reclamação, o Tribunal cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará medida adequada à preservação de sua competência’ (...) a reclamação constitucional provoca, não a anulação ou reforma da decisão exorbitante, mas sua cassação (sem necessidade de o órgão inferior proferir outra) ou a avocação dos autos, para observância da competência do tribunal”. (Fredie Didier Jr. e Leonardo José Carneiro da Cunha, Curso de direito processual civil, v. 3, 6. ed., 2008, p. 441).

V. DA EXECUÇÃO E DA FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO1. D A) Conforme § 3º do art. 615-A do CPC.

B) Conforme o § 4º do art. 615-A do CPC.

C) Conforme o caput do art. 615-A do CPC.

D) Não há necessidade de periculum in mora.

E) Conforme o § 1º do art. 615-A do CPC.

Comentário Extra: “Art. 615-A. O exequente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória do ajuizamento da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora ou arresto. § 1º O exequente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas, no prazo de 10 (dez) dias de sua concretização. § 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, será determinado o cancelamento das averbações de que trata este artigo relativas àqueles que não tenham sido penhorados. § 3º Presume-se em fraude à execução a alienação ou oneração de bens efetuada após a averbação (art. 593). § 4º O exequente que promover averbação manifestamente indevida indenizará a parte contrária, nos termos do § 2º do art. 18 desta Lei, processando-se o incidente em autos apartados. § 5º Os tribunais poderão expedir instruções sobre o cumprimento deste artigo”.

2. ERRADO A assertiva aborda exatamente a necessidade de cooperação do executado.

3. C A) Apenas sentença criminal condenatória transitada em julgado é título executivo judicial no cível (art. 475-N, inciso II).

B) As matérias que podem ser alegadas no 475-L não envolvem esta alternativa.

C) Se houve acordo judicial, a revelia não permaneceu, de modo que não pode a nulidade da citação ser matéria da impugnação ao cumprimento de sentença, conforme apontado pela assertiva, o que decorre do texto do art. 475-L, inciso I, do CPC.

D) Vícios formais da sentença arbitral, como o destacado, podem ser objetos de impugnação.

E) Desses, apenas o formal e a certidão de partilha são títulos judiciais, não a escritura pública de partilha.

4. C Resolve a questão os seguintes verbetes da Súmula do STJ, que são relacionados ao contrato de abertura de crédito e ao rito cabível para o Banco obter judicialmente o valor devido pelo cliente:

STJ – Súmula 233: O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta corrente, não é título executivo.

STJ – Súmula 247: O contrato de abertura de crédito em conta corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.

STJ – Súmula 258: A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.

Comentário Extra: É preciso, em relação ao contrato de abertura de crédito, estar atento, ainda, ao seguinte verbete sumular:

STJ – Súmula 300: O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de abertura de crédito, constitui título executivo extrajudicial.

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5. ERRADO A execução que se iniciou como definitiva continua como definitiva após o julgamento de improcedência dos embargos e da interposição de recurso sem efeito suspensivo diante de tal julgamento.

Comentário Extra: Deve-se destacar a questão controversa sobre a natureza da execução fundada em título extrajudicial quando embargada, sendo os embargos julgados improcedentes, mas a apelação que impugna tal sentença recebida no efeito suspensivo. Tratar-se-ia, portanto, de execução definitiva ou provisória?

Seguindo-se o raciocínio utilizado para a solução das assertivas em comento, seria necessário apontar ser definitiva a execução em tal situação, pois uma execução que se inicia definitiva assim deve prosseguir.

Esse foi o entendimento pacificado pelo STJ, na Súmula 317: “É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação contra sentença que julgue improcedentes os embargos”.

No entanto, a Lei n. 11.382/2006, de forma inexplicável, conferiu redação nova ao art. 587 do CPC, estabelecendo que a hipótese em tela deve ser tida como execução provisória: “Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando recebidos com efeito suspensivo (art. 739)”.

6. ERRADO A assertiva contraria o texto expresso do art. 747 do CPC: “Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação dos bens”.

7. ERRADO O CPC, no art. 569, estabelece a faculdade que tem o credor de desistir da execução, que é apenas excepcionada nos casos em que há embargos versando sobre questão de mérito, quando há necessidade de concordância do Embargante com o pedido de desistência.

Comentário Extra: “Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a

execução ou de apenas algumas medidas executivas. Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios; b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante”.

8. CERTO Como a prescrição pode ser declarada de ofício, pode ser alegada por objeção de executividade também chamada de exceção de pré-executividade.

9. E As questões que podem ser conhecidas de ofício pelo magistrado podem ser discutidas, mesmo após o prazo dos embargos, por meio de exceção ou objeção de pré-executividade.

10. CERTO A prescrição pode ser conhecida de oficio, havendo prova pré-constituída, portanto, pode ser alegada em exceção de pré-executividade.

Comentário Extra: A jurisprudência vem se firmando no sentido de aceitar a exceção de pré-executividade nos casos envolvendo matéria de ordem pública e nos casos em que há provas pré-constituídas. Afastam-se, pois, do âmbito da exceção de pré-executividade as matérias que necessitam de dilação probatória.

11. CERTO A execução provisória de sentença não necessita da demonstração de urgência ou de necessidade da execução antes do trânsito em julgado nos termos do estabelecido pelo CPC: “Art. 521. Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar no processo; recebida só no efeito devolutivo, o apelado poderá promover, desde logo, a execução provisória da sentença, extraindo a respectiva carta”.

Comentário Extra: A execução provisória corre por conta e responsabilidade do exequente (art. 475-O, inciso I). Em razão disso, para prática de determinados atos, como o levantamento de depósito em dinheiro e outros que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, o exequente deve prestar caução suficiente e idônea. No entanto, nos termos do § 2º do art. 475-O, a caução pode ser dispensada: “I – quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o limite de

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sessenta vezes o valor do salário mínimo, o exequente demonstrar situação de necessidade; II – nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação”.

12. CERTO O ato executivo não é privilégio do processo de execução, embora seja, de fato, o seu traço marcante. Trata-se de assertiva que versa sobre o ideal a que se convencionou chamar na doutrina de processo sincrético, que culmina com a regra da desnecessidade de propositura de ação de execução para ter cumprida sentença que estabelece obrigação de pagar (Lei n. 11.232/2005). Pensa-se o processo como um procedimento voltado à garantia da tutela efetiva, de forma que se permite a presença de atos executivos em processo de conhecimento ou em fase de conhecimento.

13. ERRADO O devedor será imediatamente intimado da penhora, não havendo necessidade de prévio registro.

Comentário Extra: Atente-se ao texto do art. 652, § 1º: “Não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de justiça procederá de imediato à penhora de bens e sua avaliação, lavrando-se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado”.

14. CERTO O art. 461 estabelece o procedimento para o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer estabelecida em título judicial, o que é feito nos próprios autos do processo de conhecimento. Não há necessidade, portanto, de processo autônomo para a execução desse tipo de obrigação salvo, como deixa claro a assertiva, quando a obrigação não decorre de título judicial.

15. CERTO O texto do CPC é expresso em relação à desnecessidade do pedido da parte para a imposição de multa.

Comentário Extra: “Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado

prático equivalente ao do adimplemento. (...) § 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito”.

16. CERTO A multa para estimular o cumprimento da decisão judicial, astreintes, em nada afeta o direito substancial da parte demandante, restringindo-se a atuar no psicológico da parte demandada para a decisão judicial se transformar em realidade.

17. CERTO Por disposição expressa de lei, o Juízo da execução pode alterar o valor da multa analisando a situação fática.

Comentário Extra: Se já houver aplicação de astreintes pela sentença, o Juiz de execução pode alterar o valor da multa nos termos do seguinte dispositivo do art. 461 do CPC:

§ 6º O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.

18. CERTO A sentença que imponha obrigação de dar é cumprida em acordo com a disciplina do art. 461-A. A execução ocorre nos próprios autos, sem necessidade de propositura de ação autônoma.

19. ERRADO Apesar de se prescindir do processo autônomo de execução, a fase de execução depende do requerimento para ser iniciada.

20. E A) O cumprimento de sentença se aplica à Fazenda Pública na qualidade de exequente.

B) Em caso de descumprimento espontâneo da sentença, tendo o Exequente a necessidade de provocar o cumprimento litigioso da sentença, cabe nova condenação em honorários advocatícios.

C) Será adequada a interposição da apelação se a decisão que aprecia a impugnação do cumprimento de sentença for pela extinção deste.

D) De acordo com o art. 475-J, a multa

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incide se não houver o pagamento em 15 dias, e o oferecimento de bens à penhora não inibe a multa.

E) Apenas se exige a prestação de caução suficiente e idônea para o levantamento de depósito em dinheiro e para a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado. Atente-se, nesse sentido, aos termos do seguinte dispositivo do CPC:

Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas:

I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;

II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento;

III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

(...)

21. ANULADA A) A assertiva está correta. Conforme o § 1º do art. 475-A do CPC: “§ 1º do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de seu advogado”.

B) A assertiva está correta. Conforme o § 2º do art. 475-A do CPC.

C) A assertiva está correta. O efeito suspensivo não obsta a liquidação. Isso decorre exatamente da ausência de prejuízo para a parte contrária, bem como do próprio texto do § 2º do art. 475-A do CPC.

D) Item responsável pela anulação da questão. Isso porque a assertiva pode levar ao entendimento de que não é possível

sentença ilíquida em todos os processos no procedimento sumário, enquanto isso ocorre apenas nos casos das alíneas d e e do inciso II do art. 275, que envolvem ações “de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre” e “de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo”.

Atente-se, nesse sentido, ao que afirma o § 3º do art. 475-A do CPC:

§ 3º Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II, alíneas ‘d’ e ‘e’ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido.

E) A assertiva está errada. Não há preclusão nesse caso, sendo possível suprir a referida ausência.

Comentário Extra: “Art. 475-A (...) § 2º A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes”.

22. CERTO A liquidação pode se dar antes do trânsito em julgado, conforme § 2º do art. 475-A.

23. D A) A falta da apresentação de documento em poder de terceiro não gera a presunção de veracidade do cálculo, diversamente do que ocorre se o documento não apresentado estiver em poder do devedor. Pode o Juiz, caso o documento se encontre em poder de terceiro, por força do art. 475-B, § 2º, do CPC, tomar as medidas previstas no art. 362 do CPC:

Art. 362. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz lhe ordenará que proceda ao respectivo depósito em cartório ou noutro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o embolse das despesas que tiver; se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força policial, tudo sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência.

B) Não se trata de presunção absoluta,

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até mesmo porque o próprio § 3º do art. 475-B do CPC estabelece a possibilidade de o Juiz, caso entender ser o valor apresentado pelo credor incompatível com os limites da sentença, valer-se do contador do Juízo.

C) A possibilidade de se valer do contador do Juízo estabelecida no § 3º do art. 475-B do CPC não se refere a excesso no cálculo do devedor, mas do credor, bem como em relação à ausência da apresentação de documento em poder do devedor, e não do credor.

D) Em relação ao procedimento de exibição, tem-se a ressalva de que a parte e o terceiro se excusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa se concernente a negócios da própria vida da família (art. 363, inciso I, do CPC). Tal ressalva se respalda em ser o documento irrelevante para o deslinde da causa, dizendo respeito apenas à própria vida da família; não se aplica à liquidação por cálculo do credor, pela ausência de previsão legal e pelo fato de ser o documento necessário ao cálculo para liquidação de título judicial relevante para o deslinde do processo.

E) Não se faz necessário ajuizamento de ação cautelar se o documento estiver em poder de terceiro.

Comentário Extra: Importante ter em mente o seguinte dispositivo do CPC:

Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo.

§ 1º Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da diligência.

§ 2º Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362.

§ 3º Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exequenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária.

§ 4º Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3º deste artigo, far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador.

24. CERTO Inclusive, em relação ao fiador, há disposição expressa do parágrafo único do art. 595 do CPC: Parágrafo único. O fiador, que pagar a dívida, poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo.

25. CERTO O título judicial pode apenas ser executado contra a parte que participou do processo de conhecimento que lhe deu origem, isso porque, conforme o art. 472 do CPC, “a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada”.

26. ERRADO É necessário que o fiador seja demandado na fase de conhecimento para que possa ser parte passiva no procedimento de cumprimento dessa sentença.

27. ERRADO A impenhorabilidade do bem de família de pessoa solteira é protegida por posição consolidada pelo STJ.

Comentário Extra: “PROCESSUAL – EXECUÇÃO – IMPENHORABILIDADE – IMÓVEL – RESIDÊNCIA – DEVEDOR SOLTEIRO E SOLITÁRIO – LEI 8.009/90. – A interpretação teleológica do art. 1º, da Lei 8.009/90, revela que a norma não se limita ao resguardo da família. Seu escopo definitivo é a proteção de um direito fundamental da pessoa humana: o direito à moradia. Se assim ocorre, não faz sentido proteger quem vive em grupo e abandonar o indivíduo que sofre o mais doloroso dos sentimentos: a solidão. – É impenhorável, por efeito do preceito contido no art. 1º da Lei 8.009/90, o imóvel em que reside, sozinho, o devedor celibatário”. (EREsp 182.223/SP, Rel. p/ Acórdão Min. Humberto Gomes de Barros, Corte Especial, DJ 7/4/2003, p. 209).

28. CERTO Conforme o art. 649, VIII, do CPC: “São absolutamente impenhoráveis: (...) VIII – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada

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pela família”.

29. ERRADO A Fazenda Pública não tem prerrogativa em relação a prazo de propositura de ação rescisória. Logo, o prazo decadencial para o advogado público propor ação rescisória é de 2 anos a partir do trânsito em julgado, conforme o art. 495 do CPC. Em relação à impugnação especificada, apesar de não haver dispositivo dispensando expressamente a Fazenda Pública, não se faz necessária tal impugnação específica pois não é admissível, a respeito dos fatos narrados na petição inicial contra a Fazenda Pública, a confissão. Em razão da indisponibilidade do interesse público, do que decorre a impossibilidade de confissão, entende-se que a ausência de impugnação especificada não implica presunção de veracidade dos fatos que a Fazenda Pública deixou de impugnar. Alerte-se, no entanto, por expressa disposição legal, que a regra do ônus de impugnação especificada não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial, ao órgão do Ministério Público (art. 302, parágrafo único).

Comentário Extra: É também em razão da indisponibilidade do interesse público que não se pode aplicar contra a Fazenda Pública os efeitos materiais da revelia, isto é, o de presumirem verdadeiros os fatos narrados pelo autor se o réu Fazenda Pública não contestar. A questão encontra-se disciplinada no seguinte dispositivo. “Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente: (...) II – se o litígio versar sobre direitos indisponíveis; (...)”.

30. ERRADO Em relação aos prazos processuais para a Fazenda Pública, é preciso atenção ao disposto no art. 188 do CPC: “Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público”. A assertiva é errada porque não existe prazo dilatado para a Fazenda responder a recursos.

Comentário Extra: Quando Julgador de primeiro grau aplica o art. 285-A e a parte autora apela contra a Fazenda Pública, esta será citada para apresentar contrarrazões de apelação. Até nesse caso, não terá a Fazenda Pública prazo dilatado para responder recurso.

31. ERRADO O CPC realmente estabelece dispensa de caução em ação rescisória para a União, o Estado, o Município e ao Ministério Público (art. 488, parágrafo único). Tal prerrogativa também abrange Autarquias e Fundações Públicas como sugere a Súmula 175 do STJ. A afirmativa é errada, contudo, por não observar o disposto no art. 27 do CPC: “As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do Ministério Público ou da Fazenda Pública, serão pagas ao final pelo vencido”. Portanto, a Fazenda Pública é dispensada do adiantamento de custas também na ação rescisória.

32. CERTO A alternativa observa o disposto no § 4º do art. 20 do CPC: “§ 4º Nas causas de pequeno valor ou de valor inestimável, naquelas em que não houve condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação equitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior”.

33. ERRADO O regime de precatórios não esvazia a utilidade de ajuizamento de ação monitória contra a Fazenda Pública. A monitória é ação que se submete a procedimento especial de abreviada fase de conhecimento em razão de o Autor portar prova escrita sem eficácia de título, mas que comprova o seu direito a determinado pagamento ou entrega de coisa fungível ou bem móvel. Assim, embora, em relação à Fazenda Pública, a execução tenha que seguir o regime dos precatórios, a utilidade da monitória se encontra em encurtar a fase de conhecimento.

34. ERRADO O Estado se submete ao princípio da legalidade, de forma que, se há o reconhecimento da Administração de que a lei resguarda a situação do particular, não é o fato de este ter ingressado com demanda judicial que inviabilizará uma solução espontânea e extrajudicial.

Comentário Extra: É cada vez mais comum no âmbito da Advocacia-Geral da União a propositura de acordos procurando encerrar litígios em que se observa erro administrativo ou em que a Administração adotou uma posição rejeitada por Jurisprudência consolidada. Não atende ao interesse público a continuidade de litígios nos quais a Administração será certamente

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derrotada, o que apenas gera um desnecessário gasto com juros.

35. ANULADA A) Apesar de não se encontrar motivação expressa da Banca para a anulação da presente questão, entende-se que a presente assertiva foi a razão da anulação.

Isso porque, em princípio, considera-se o seguinte, em conformidade com o gabarito inicialmente divulgado, que apontava ser o presente item correto:

A presunção de veracidade das alegações da parte autora não ocorre em face da Fazenda Pública. No entanto, isso não esvazia o papel de sua representação judicial, que deve atuar em defesa apresentando os argumentos necessários no caso de comprovação das alegações da parte autora.

Por outro lado, uma leitura crítica da assertiva pode apontar a existência de um equívoco, por não ressalvar a obrigação de o Juiz reconhecer de ofício outros fatos impeditivos ou extintivos, não tão somente a prescrição e a decadência. A coisa julgada, por exemplo, deve ser reconhecida de ofício pelo magistrado, mesmo que não haja alegação da Fazenda Pública.

Logo, ao mesmo tempo em que existe a necessidade de uma atuação diligente do Advogado Público, obrigado a levantar os fatos modificativos, impeditivos e extintivos, alegando-os tempestivamente (como parecia ser a intenção da Banca destacar), o magistrado possui o dever de reconhecer, de ofício, tais fatos, quando se tratar de questões de ordem pública.

B) Assertiva errada. O Procurador da Fazenda Nacional, assim como o Advogado da União e Procurador Federal, tem mandato ex lege, não necessitando de procuração (art. 9º da Lei n. 9.469/97 e REsp 331.311/MG).

C) Assertiva errada. Não há sentido na fixação de um valor menor de valor da causa apenas “para fins fiscais”. O Advogado público deve impugnar este valor, pois deste dependem inúmeras outras questões além da determinação do valor das custas processuais.

D) Assertiva errada. Não é necessário

nem útil reconvenção em tal situação, porque, para cobrar valor de crédito inscrito em dívida ativa, basta o ajuizamento direto de execução fiscal.

E) Assertiva errada. A citação da Fazenda Pública é realizada por oficial de justiça; a contagem do prazo segue, portanto, no disposto no art. 241, inciso II, do CPC: “Art. 241. Começa a correr o prazo: (...) II – quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada aos autos do mandado cumprido”.

Comentário Extra: A revelia produz efeito processual contra a Fazenda Pública, isto é, a dispensa de intimação para os autos do processo até que compareça seu representante judicial e passe a atuar no processo. No entanto, a revelia não produz efeito material contra a Fazenda Pública. Nesse sentido, a lição de Leonardo José Carneiro da Cunha: “À evidência, a revelia, sendo ré a Fazenda Pública, não produz seu efeito material, de maneira que não haverá presunção de veracidade quanto aos fatos alegados pelo autor na petição inicial” (2006, p. 86).

36. ERRADO A questão trata da chamada intervenção anômala, estaria correta se não tivesse apontado como necessária a demonstração de interesse jurídico. Isso porque, na intervenção anômala, não há necessidade de demonstração do interesse jurídico.

Comentário Extra: Em relação à denominada intervenção anômala, cabe a transcrição do seguinte artigo da Lei n. 9.469, de 1997, que disciplina tal intervenção: “(...) Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais. Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes”.

37. ANULADA A) Ainda que exista

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apelação, permanece o reexame necessário que pode gerar, dependendo do impugnado por meio da apelação, devolução mais ampla da matéria ao Tribunal.

B) Não é indiferente, exatamente em razão do necessário prequestionamento.

C) O prazo em dobro é apenas para recorrer, e não para responder a recurso.

D) Se recebida a apelação também no efeito suspensivo, não cabe a execução provisória.

E) A sentença que julga improcedente o pedido autoral afasta os efeitos da tutela antecipada anteriormente concedida, independente dos efeitos em que se receba a apelação que a impugna.

O gabarito preliminar apontava a alternativa “E” como a correta, contudo, no gabarito definitivo, restou como anulada. Apesar de a Banca não ter se pronunciado sobre as razões para a anulação, esta pode ter ocorrido em razão da indefinição do tema na Jurisprudência no momento da aplicação da prova. Atualmente, deve-se atentar aos seguintes precedentes do STJ:

PROCESSUAL CIVIL – AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL – TUTELA ANTECIPADA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA – MEDIDA LIMINAR. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA QUE JULGOU A CAUSA. PERDA DE OBJETO DO RECURSO RELATIVO À MEDIDA ANTECIPATÓRIA.

1. Esta Corte vem firmando o entendimento de que fica prejudicado o recurso especial interposto contra acórdão que examinou agravo de instrumento interposto contra decisão que defere/indefere liminar ou antecipação de tutela, quando há a superveniência de sentença de mérito, tanto de procedência, porquanto absorve os efeitos da medida antecipatória, por se tratar de decisão proferida em cognição exauriente; como de improcedência, pois há a revogação, expressa ou implícita, da decisão antecipatória.

2. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 4.591/RS, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora Convocada TRF 3ª Região), Segunda Turma, julgado em

12/3/2013, DJe 19/3/2013).

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EFEITOS DA APELAÇÃO. EXECUÇÃO FISCAL. PROSSEGUIMENTO.

1. Não se restabelece a tutela antecipatória, expressamente revogada na sentença de improcedência da ação, pela circunstância de a Apelação interposta ter sido recebida no duplo efeito.

2. A ausência do depósito do valor reclamado pelo Fisco impede a suspensão da execução.

3. Agravo Regimental não provido. (AgRg no REsp 1.146.537/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 10/11/2009, DJe 11/12/2009).

38. D A) Após a sentença, não cabe a desistência.

B) A questão encontra disciplina no art. 498 do CPC: “Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de votos e julgamento unânime, e forem interpostos embargos infringentes, o prazo para recurso extraordinário ou recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, ficará sobrestado até a intimação da decisão nos embargos. Parágrafo único. Quando não forem interpostos embargos infringentes, o prazo relativo à parte unânime da decisão terá como dia de início aquele em que transitar em julgado a decisão por maioria de votos”.

C) A desistência do recurso não precisa ser fundamentada, nem mesmo depende, nos termos do art. 501 do CPC, de anuência do recorrido ou do juízo recorrido.

D) Trata-se de assertiva correta que explica o funcionamento da cláusula de reserva de plenário.

E) Contraria o disposto no CPC: “Art. 800. As medidas cautelares serão requeridas ao juiz da causa; e, quando preparatórias, ao juiz competente para conhecer da ação principal. Parágrafo único. Interposto o recurso, a medida cautelar será requerida diretamente ao tribunal”.

Comentário Extra: A cláusula de reserva de plenário se encontra sistematizada principalmente pelos seguintes dispositivos

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do CPC: “Art. 480. Arguida a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público, o relator, ouvido o Ministério Público, submeterá a questão à turma ou câmara, a que tocar o conhecimento do processo. Art. 481. Se a alegação for rejeitada, prosseguirá o julgamento; se for acolhida, será lavrado o acórdão, a fim de ser submetida a questão ao tribunal pleno. Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão”.

39. ERRADO O prazo recursal para a Fazenda Pública, ainda que em litisconsórcio passivo com outra pessoa com procurador distinto, é apenas em dobro do prazo normal.

40. ERRADO Alternativa contraria o texto da Súmula 279 do STJ: “É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública”.

41. C Em razão do regime constitucional do precatório, que impõe a necessidade do processo de execução para que a Fazenda Pública cumpra a sentença judicial, contra a Fazenda Pública na qualidade de executada apenas devem ser fixados honorários advocatícios nas execuções embargadas, diferentemente do que aponta o CPC no art. 20, § 4º.

Comentário Extra: Em razão do indeferimento da exceção de pré-executividade, também é possível a fixação de honorários contra a Fazenda Pública nas execuções em que esta tiver oposto tal exceção ao invés dos embargos.

42. ERRADO Assertiva errada. Não há reexame necessário em tal caso. Atente-se ao seguinte precedente:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO OPOSTOS PELA FAZENDA PÚBLICA. REEXAME NECESSÁRIO. DESCABIMENTO. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça já firmou entendimento de que não é cabível o reexame necessário de sentença que julgar improcedente embargos à execução opostos pela Fazenda Pública. 2. Mesmo antes da entrada em vigor da Lei n. 10.251/01, esta

Corte já havia pacificado o entendimento de que não estava sujeita ao reexame necessário a sentença que julgava os embargos à execução opostos pela fazenda pública, autarquias e fundações. Precedentes. 3. Recurso especial improvido. (REsp 197.455/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 9/11/2006, DJ 4/12/2006, p. 384).

43. CERTO É cabível a expedição de precatório relativo à parte incontroversa, observe-se o seguinte precedente do STF:

CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. PARCELA INCONTROVERSA. PRECATÓRIO. EXPEDIÇÃO. I. – Legitimidade constitucional da atribuição conferida ao Relator para arquivar, negar seguimento a pedido ou recurso e dar provimento a este (RISTF, art. 21, § 1º; Lei 8.038/90, art. 38; C.P.C., art. 557, redação da Lei 9.756/98) desde que, mediante recurso, possam as decisões ser submetidas ao controle do Colegiado. II – Não viola o art. 100, § 1º e § 4º, da Constituição Federal, a expedição de precatório relativo à parte incontroversa do valor da execução. III – Agravo regimental improvido. (RE 511.126 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, julgado em 2/10/2007, Dje-134 DIVULG 30/10/2007 PUBLIC 31/10/2007, DJ 31/10/2007 PP-00090 EMENT VOL-02296-04 PP-00764).

44. CERTO Entendimento pacificado pelo STJ: “PROCESSUAL CIVIL. FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO REJEITADOS. REEXAME NECESSÁRIO. INAPLICABILIDADE. 1. O CPC, art. 475, ao tratar do reexame obrigatório em favor da Fazenda Pública, incluídas as Autarquias e Fundações Públicas, no tocante ao processo de execução, limitou o seu cabimento apenas à hipótese de procedência dos embargos opostos em execução de dívida ativa (inciso II). Não há, pois, que estendê-lo aos demais casos. 2. Precedentes. (Eresp 241959, Corte Especial, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo, DJ de 18.08.2003). 3. Embargos de divergência não conhecidos”. (EREsp 251.841/SP, Rel. Min. Edson Vidigal, Corte Especial, DJ 3/5/2004, p. 85).

45. ERRADO A orientação do STJ é a de que a competência para resolver tais questões é do Juiz de primeiro grau perante o qual tramita a execução: “PROCESSUAL

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CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PRECATÓRIO COMPLEMENTAR. EXPEDIÇÃO. JUROS MORATÓRIOS. LIMITAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PROVIDÊNCIA DA ALÇADA DO JUÍZO DA EXECUÇÃO. 1. O Juízo da Execução é competente para solucionar incidentes ou questões surgidas no cumprimento dos precatórios, porquanto a função do Presidente do Tribunal no processamento do requisitório de pagamento é de índole administrativa, não abrangendo as decisões ou recursos de natureza jurisdicional. Precedentes. 2. Recurso ordinário provido”. (STJ, RMS 22.317/MS, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJ 15/9/2006, p. 296).

46. CERTO O precatório é atualizado na data de pagamento para que durante o seu período constitucional de pagamento o valor não seja consumido pela inflação.

47. ANULADO A) O motivo da anulação da questão parece se encontrar na presente assertiva, em princípio apontada no gabarito como Errada.

O erro se encontra no fato de que também se pode processar mediante RPV – Requisição de Pequeno Valor, não apenas por precatório.

Todavia, a assertiva em destaque pode ser interpretada tanto como somente mediante precatório (estaria errada) quanto como uma das formas de processamento é mediante precatório (estaria correta).

Diante da dupla possibilidade de interpretação, a anulação se mostra como solução razoável.

B) Assertiva errada. Não incidem juros no período, conforme Súmula Vinculante 17 do STF: “Durante o período previsto no § 1º do art. 100 da Constituição, não incidem juros sobre os precatórios que nele sejam pagos”.

C) Assertiva correta. Apenas com o trânsito em julgado em relação à condenação e ao cabimento dos valores propostos para execução, tem-se a expedição do precatório ou a requisição de pequeno valor.

D) Assertiva errada. Em relação à Fazenda Nacional, a RPV envolve os valores iguais ou inferiores a 60 salários mínimos.

E) Assertiva errada. Não se prescinde do processo de execução em processo envolvendo a Fazenda Pública como executada.

48. E A) A jurisprudência não veda a penhora de precatórios:

PROCESSO CIVIL – EXECUÇÃO FISCAL – PENHORA DE PRECATÓRIO – RECUSA – RESP 1090898/SP – ART. 543-C DO CPC – AGRAVO NÃO PROVIDO.

1. Esta Corte Superior, no julgamento do REsp 1090898/SP, rel. Min. Castro Meira, DJe 31/08/2009, sob a sistemática prevista no art. 543-C do CPC, assentou entendimento no sentido de que “não se equiparando o precatório a dinheiro ou fiança bancária, mas a crédito, pode a Fazenda Pública recusar a substituição por quaisquer das causas previstas no art. 656 do CPC ou nos arts. 11 e 15 da LEF”.

2. Agravo interno não provido. (AgRg no Ag 1.312.345/PR, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora Convocada TRF 3ª Região), Segunda Turma, julgado em 27/11/2012, DJe 3/12/2012).

B) Constituído o crédito, não se veda a compensação pelo mero fato de haver impugnação judicial do crédito, salvo se houver determinação de sua suspensão, nos termos do § 9º do art. 100 da CF.

C) Incluem-se as parcelas vincendas de parcelamento, nos termos do § 9º do art. 100 da CF.

D) Não se faz necessária a inscrição em dívida ativa para a compensação, nos termos do § 9º do art. 100 da CF.

E) Trata-se exatamente da sistemática estabelecida pelo § 9º do art. 100 da CF, que aponta a inclusão de parcelas vincendas de parcelamento na compensação.

Comentário Extra: Atente-se ao texto do § 9º do art. 100 da CF:

§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e

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constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial.

49. ERRADO Em primeiro lugar, intimação por carta com aviso de recebimento não corresponde à intimação pessoal. Em segundo lugar, mas tão importante quanto, é preciso notar que, de acordo com o art. 25 da Lei n. 6.830/80, Lei de Execução Fiscal, “na execução fiscal, qualquer intimação ao representante judicial da Fazenda Pública será feita pessoalmente”.

Comentário Extra: A intimação pessoal poderá ser feita através do mandado de intimação entregue ao representante judicial da Fazenda Pública por oficial de justiça, ou mediante vista dos autos, como admite expressamente o parágrafo único do art. 25 da Lei de Execução Fiscal: “A intimação de que trata este artigo poderá ser feita mediante vista dos autos, com imediata remessa ao representante judicial da Fazenda Pública pelo Cartório ou secretaria”.

50. ERRADO Conforme o disposto no art. 2º da Lei de Execução Fiscal (Lei n. 8.630/80), não é necessária natureza tributária para que um crédito da Fazenda Pública seja inscrito em dívida ativa: “Art. 2º. Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal”.

51. B A) Conforme o entendimento da Súmula 121 do STJ:

STJ – Súmula 121: Na execução fiscal o devedor deverá ser intimado, pessoalmente, do dia e hora da realização do leilão.

B) A assertiva contraria o estabelecido pelo art. 8º, § 2º, da Lei n. 6.830/80: “O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:

(...) § 2º O despacho do Juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição”.

C) Conforme o disposto pela Lei de Execução Fiscal: “Art. 16. O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados: (...) III – da intimação da penhora”.

D) Aplica-se o princípio da causalidade: arca com os honorários quem deu causa à demanda judicial.

E) Conforme Súmula 189 do STJ: “É desnecessária a intervenção do Ministério Público nas execuções fiscais”.

Comentário Extra: Há necessidade, todavia, segundo o STJ, de intervenção do Ministério Público em Execução Fiscal contra massa falida. Atente-se: “EXECUÇÃO FISCAL. MASSA FALIDA. NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PRECEDENTES. LIMINAR. AUSÊNCIA DO FUMUS BONI IURIS. I – O acórdão rescindendo, ao firmar entendimento sobre a necessidade da intervenção do Ministério Público em autos de execução fiscal contra massa falida, pautou-se em firme jurisprudência desta eg. Corte de Justiça. II – A concessão de medida antecipada em feito rescisório é medida excepcional, merecendo ser mantida a decisão que negou tal pedido, em razão da ausência do fumus boni iuris considerando a hipótese dos autos. III – Agravo regimental improvido”. (AgRg na AR 4.154/PR, Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Seção, DJe 8/6/2009).

52. B Não há necessidade da dupla licitação para a arrematação.

Comentário Extra: Em relação às despesas com o transporte dos oficiais de justiça, atente-se à Súmula 190 do STJ: “Na execução fiscal, processada perante a justiça estadual, cumpre à fazenda pública antecipar o numerário destinado ao custeio das despesas com o transporte dos oficiais de justiça”.

53. D A) Defesa heterotópica não é veiculada em embargos à execução.

B) A defesa heterotópica não consiste em um incidente processual na execução fiscal.

C) O erro se encontra na palavra “apenas”, pois é possível a correção,

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também, de erro material, nos termos do verbete 392 da Súmula do STJ:

STJ – Súmula 392: A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução.

D) Como a defesa heterotópica é feita em ação própria para impugnar o crédito em execução, a repetição de sua causa de pedir e pedido nos embargos à execução implicaria litispendência, o que não se admite. Assim, de fato, há uma limitação cognitiva aos embargos à execução no caso apontado.

E) Em razão da cognição euxariente, realizada para a prolação de sentença, a tutela antecipada incompatível com a sentença não subsiste.

Comentário Extra: Defesa heterotópica, ou defesa interposta em posição diferente da natural, em execução fiscal, refere-se a ações autônomas de impugnação do crédito em execução.

54. B A) Apesar de a regra ser a necessidade da prévia constituição do crédito tributário, há exceções, conforme parágrafo único do art. 1º da Lei n. 8.397/92:

Art. 1º O procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a constituição do crédito, inclusive no curso da execução judicial da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias.

Parágrafo único. O requerimento da medida cautelar, na hipótese dos incisos V, alínea “b”, e VII, do art. 2º, independe da prévia constituição do crédito tributário.

B) Conforme sistemática estabelecida nos arts. 15 e 16 da Lei n. 8.397/92:

Art. 15. O indeferimento da medida cautelar fiscal não obsta a que a Fazenda Pública intente a execução judicial da Dívida Ativa, nem influi no julgamento desta, salvo se o Juiz, no procedimento cautelar fiscal, acolher alegação de pagamento, de compensação, de transação, de remissão, de prescrição ou decadência, de conversão

do depósito em renda, ou qualquer outra modalidade de extinção da pretensão deduzida.

Art. 16. Ressalvado o disposto no art. 15, a sentença proferida na medida cautelar fiscal não faz coisa julgada, relativamente à execução judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública.

C) Contraria o estabelecido pelo parágrafo único do art. 12 da Lei n. 8.397/92:

Art. 12. A medida cautelar fiscal conserva a sua eficácia no prazo do artigo antecedente e na pendência do processo de execução judicial da Dívida Ativa, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada.

Parágrafo único. Salvo decisão em contrário, a medida cautelar fiscal conservará sua eficácia durante o período de suspensão do crédito tributário ou não tributário.

D) Contraria o disposto pelo parágrafo único do art. 5º da Lei n. 8.397/92:

Art. 5º A medida cautelar fiscal será requerida ao Juiz competente para a execução judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública.

Parágrafo único. Se a execução judicial estiver em Tribunal, será competente o relator do recurso.

E) O prazo é de 60 dias, mas contados da data em que a exigência se tornar irrecorrível na esfera administrativa, nos termos do seguinte dispositivo da Lei n. 8.397/92:

Art. 11. Quando a medida cautelar fiscal for concedida em procedimento preparatório, deverá a Fazenda Pública propor a execução judicial da Dívida Ativa no prazo de sessenta dias, contados da data em que a exigência se tornar irrecorrível na esfera administrativa.

55. ERRADO O marco inicial para a interposição de recurso é estabelecido pelo art. 506 do CPC, o que se aplica aos casos envolvendo mandados de segurança, já que a Lei do Mandado de Segurança então vigente (Lei n. 1.533/51) não estabelecia

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outro marco inicial. Isso também ocorre com a nova lei do mandado de segurança (Lei n. 12.016/2009), a qual não estabelece sistemática específica quanto à questão que continua a ser disciplinada pelo art. 506 do CPC.

Comentário Extra: “Art. 506. O prazo para a interposição do recurso, aplicável em todos os casos o disposto no art. 184 e seus parágrafos, contar-se-á da data: I – da leitura da sentença em audiência; II – da intimação às partes, quando a sentença não for proferida em audiência; III – da publicação do dispositivo do acórdão no órgão oficial”.

56. ERRADO Mandado de segurança em face de ato de promotor é de competência da Justiça Estadual. No caso de MP do DF e Territórios, a competência é da Justiça do DF.

Comentário Extra: “CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL E DO DISTRITO FEDERAL. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO PRATICADO POR PROMOTOR DE JUSTIÇA DA CURADORIA DE DEFESA DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM DO DISTRITO FEDERAL. PRECEDENTES. I – NOS TERMOS DO DECIDIDO NO CC N. 12.282/DF, RELATADO PELO EMINENTE MINISTRO TORREÃO BRAZ, EM SENDO A JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL UM RAMO DO JUDICIÁRIO FEDERAL, BEM COMO SENDO O MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL UM RAMO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO (ARTS. 21, XIII E 128, I, ‘D’, DA CONSTITUIÇÃO), COMPETE AO JUIZ DE PRIMEIRO GRAU DA JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL O JULGAMENTO DE MANDADO DE SEGURANÇA REQUERIDO CONTRA ATO DE PROMOTOR DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL. II – COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE DIREITO SUSCITADO”. (STJ, CC 14.396/DF, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha. Segunda Seção, DJ 24/6/1996, p. 22699).

57. C A) É preciso se identificar a autoridade coatora específica para casos oriundos dessas unidades.

B) O mandado de segurança não é meio adequado para o recebimento das parcelas vencidas.

C) Trata-se de assertiva que explica, de forma adequada, a suspensão de segurança.

D) A coisa julgada envolve apenas os fatos já ocorridos.

E) Incumbe à pessoa jurídica prejudicada apresentar recurso. Sem prejuízo do duplo grau de jurisdição.

Comentário Extra: Com a entrada em vigor da lei do mandado de segurança, Lei n. 12.016/2009, embora ainda incumba à pessoa jurídica prejudicada apresentar recurso, estende-se à “autoridade coatora” o direito de recorrer. Observe-se o texto da nova lei: “(...) Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. § 1º Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. § 2º Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer. (...)”.

58. B A sentença que denega a segurança afasta os efeitos da liminar concedida desde a concessão, não se podendo falar em persistência do efeito da decisão liminar em razão de o recurso interposto contra a sentença ser recebido no duplo efeito.

Comentário Extra: A regra, tratando-se de apelação diante de sentença que denega a segurança pleiteada, é o recebimento do recurso no duplo efeito, diferentemente do que ocorre diante de apelação de sentença que concede a segurança.

59. D A) Contraria o verbete 376 da Súmula do STJ:

STJ – Súmula 376: Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.

B) Havendo resolução de mérito, há coisa julgada.

C) Aceita-se, atualmente, a interposição de apelação também pela autoridade coatora.

D) A assertiva aponta os requisitos necessários para a aplicação da teoria da encampação e processamento de mandado segurança impetrado contra autoridade coatora equivocada.

E) O mandado de segurança coletivo segue a sistemática de coisa julgada das

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ações coletivas, não fazendo coisa julgada pro et contra.

60. CERTO Assertiva correta. Lembre-se, ainda, de que de tal decisão não cabe recurso, mas tão somente a referida suspensão de segurança. Atente-se a trecho da Justificativa do CESPE:

“Estabelece o CPC: ‘art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator: (...) III – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão. (...) Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar’. Com o advento da Lei n. 11.187/2005, a decisão do relator que concede efeito suspensivo ou tutela antecipada recursal em agravo de instrumento (CPC, art. 527, III) passou a ser irrecorrível, cabendo simples pedido de reconsideração. Diante disso, como não cabe mais o agravo interno, é possível ajuizar-se, desde logo, a suspensão de liminar ao presidente do STF ou do STJ, sendo a matéria, respectivamente, constitucional ou infraconstitucional” (Fredie Didier Jr. e Leonardo José Carneiro da Cunha, Curso de Direito Processual Civil, Vol. 3, 6ª ed., 2008, p. 479). Suspensão de liminar ajuizada diretamente no Superior Tribunal. Afirmação da competência. Agravo de instrumento interposto na origem. Efeito ativo concedido pelo Relator. Antecipação de tutela restabelecida. 1. Por estar aberta a competência do Superior Tribunal, nele é viável o pedido de suspensão de liminar concedida pelo Relator em agravo de instrumento, mesmo que ainda não apreciado pelo colegiado de origem ou, no caso de interposto agravo interno, pendente de julgamento. 2. Em hipóteses tais, também a fim de se garantir a efetividade da tutela urgente buscada pela pessoa jurídica de direito público, é desnecessário o esgotamento da instância ordinária para que o ente público ajuíze aqui pedido visando à suspensão de decisão que repute causadora de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança ou à economia pública. 3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, que foi provido com o propósito de se reconhecer a competência

do Superior Tribunal para apreciar o pedido de suspensão e de se devolverem os autos à Presidência a fim de que decida o pedido. (EDcl no AgRg no AgRg na SL. 26/DF, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministro Nilson Naves, Corte Especial, julgado em 06/12/2006, DJ 02/04/2007, p. 206). Assim, concedida a tutela antecipada por desembargador em agravo de instrumento, poderá a Fazenda Pública insurgir-se contra a decisão mediante a interposição de suspensão de segurança dirigida ao presidente do STJ se o fundamento for infraconstitucional. Veja-se que no caso a decisão foi proferida por desembargador e não por juiz.

61. CERTO É cabível, sim, as duas vias simultâneas de impugnação; atente-se à justificativa do CESPE:

Estabelece a Lei n. 7.347/85: art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo. § 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato. “(...) Juntamente com o agravo, é possível, sendo a liminar concedida contra a Fazenda Pública, ou havendo interesse desta última que tenha sido atingido pelo provimento de urgência, haver pedido de suspensão dirigido ao presidente do respectivo tribunal”. (Fredie Didier Jr. e Leonardo José Carneiro da Cunha, Curso de direito processual civil, v. 3, 6. ed., 2008, p. 474).

62. D A) Conforme verbete 131 da Súmula do STJ: “Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas relativas aos juros compensatórios e moratórios, devidamente corrigidas”.

B) Conforme verbete 69 da Súmula do STJ: “Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel”.

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C) A assertiva acompanha a jurisprudência do STJ:

ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL URBANO. VALOR INDENIZATÓRIO FIXADO EM TÍTULO SENTENCIAL TRANSITADO EM JULGADO. IMISSÃO DEFINITIVA NA POSSE ANTES DO PAGAMENTO INTEGRAL. CF/1988, ART. 182, PAR. 3. DEC. 3.365/1941 (ART. 15). DEL 1.075/1970 (ART. 3.). 1. QUANDO SOLICITA-DA E RECONHECIDA A NECESSIDADE DE IMEDIATA IMISSÃO NA POSSE DE IMÓVEL URBANO, A PRIMEIRA SEÇÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ASSENTOU QUE NÃO OFENDE A LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL O CONDICIONAMENTO DA IMISSÃO ANTECIPADA NA POSSE AO DEPÓSITO INTEGRAL DO VALOR APURADO EM AVALIAÇÃO JUDICIAL PROVISÓRIA (IURESP 16.647/SP – REL. MIN. HUMBERTO GOMES DE BARROS – “IN” DJU DE 01/08/1994; ERESP 20.788/SP – REL. MIN. DEMOCRITO REINALDO – “IN” 20/09/1993; ERESP 23.649/SP – REL. MIN. CESAR ASFOR ROCHA). 2. POR DERIVAÇÃO LÓGICA, FALTANTES O PEDIDO E A PRECEDENTE DECLARAÇÃO DE URGÊNCIA, EMBORA FIXADO O VALOR INDENIZATÓRIO EM TÍTULO SENTENCIAL TRANSITADO EM JULGADO, SE O EXPROPRIANTE, A TEMPO E MODO, NÃO EXERCITOU O DIREITO DE SE IMITIR NA POSSE PROVISÓRIA, NÃO PODE OBJETIVÁ-LA NA FASE DE EXECUÇÃO DE SENTENÇA, SEM O PAGAMENTO INTEGRAL DO “JUSTO PREÇO”. EM CONTRÁRIO, NO CASO, VIA OBLÍQUA, CONSEGUIRIA A POSSE DEFINITIVA, AFRONTANDO O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DO PRÉVIO PAGAMENTO INTEGRALIZADO (ART. 182, PAR. 3., CF/1988), CONSAGRANDO INJUSTO PRIVILÉGIO A EXPROPRIANTE. 3. RECURSO IMPROVIDO. (REsp 88.998/SP, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, Primeira Turma, DJ 31/3/1997, p. 9597).

D) Incorreto porque é irrelevante para o STJ o fator improdutividade do imóvel para fins de incidência dos juros compensatórios: “PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO CONFIGURADA. DESAPROPRIAÇÃO. REFORMA AGRÁRIA. JUROS COMPENSATÓRIOS. IMPRODUTIVIDADE DO IMÓVEL. IRRELEVÂNCIA. ALÍQUOTA. CUMULAÇÃO COM JUROS MORATÓRIOS. POSSIBILIDADE. 1. Os juros compensatórios independem da produtividade do imóvel,

pois decorrem da perda antecipada da posse, e podem ser cumulados com os moratórios (Súmula 12/STJ). Sua alíquota é de 12% ao ano, em regra, nos termos da Súmula 618/STF, e incide a partir da imissão na posse. No entanto, nas hipóteses em que esta ocorreu após a MP 1.577, de 11.6.1997, os juros são de 6% ao ano, até a publicação da liminar concedida na Adin 2.332/DF (13.9.2001). 2. Embargos de Declaração acolhidos com efeitos infringentes”. (EDcl no REsp 1.066.839/SP, Rel. Min. Herman Benjamin. Segunda Turma, DJe 9/11/2009).

E) Assertiva em total harmonia com a Súmula 12 do STJ: “Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e moratórios”.

Comentário Extra: É válido destacar, ainda, as seguintes súmulas do STJ:

Súmula 102: A incidência dos juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações expropriatórias, não constitui anatocismo vedado em lei.

Súmula 113: Os juros compensatórios, na desapropriação direta, incidem a partir da imissão na posse, calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.

Súmula 114: Os juros compensatórios, na desapropriação indireta, incidem a partir da ocupação, calculados sobre o valor da indenização, corrigidos monetariamente.

VI. CAUTELARES, PROCEDIMENTOS ESPECIAIS E AÇÕES COLETIVAS1. CERTO Conforme Súmulas 634 e 635 do STF, que apontam caber ao Presidente do Tribunal de origem apreciar cautelar relacionada a recurso extraordinário enquanto este não tiver passado por seu juízo de admissibilidade.

Comentário Extra: O STJ, de fato, apresenta exegese menos restritiva, pois aceita, em casos excepcionais, o pedido de cautelar mesmo ainda pendente o juízo de admissibilidade pelo Tribunal de Origem: “PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. Medida cautelar que objetiva a suspensão de leilão e de qualquer ato expropriatório antes do julgamento dos embargos à execução fiscal aos quais não foi atribuído efeito suspensivo. Pendência do juízo de admissibilidade do recurso especial que impugna o acórdão regional que manteve o

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indeferimento do efeito suspensivo aos embargos, fundado na inexistência de plausibilidade do direito e na ausência de comprovação da possibilidade de dano grave de difícil ou incerta reparação. (...) 2. Malgrado a requerente, ora agravante, enfatize que o presente pleito cautelar não objetiva a concessão de efeito suspensivo ao recurso especial, pendente de admissibilidade, mas, sim, a suspensão dos leilões aprazados ou de quaisquer atos expropriatórios, com base no poder geral de cautela do juiz, revela-se nítida a equivalência dos pedidos confrontados, razão pela qual aplicável o entendimento cristalizado nas Súmulas 634 e 635, do STF, verbis: ‘Súmula 634 – Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem’. ‘Súmula 635 – Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.’ 3. Deveras, é cediço que o STJ, em casos excepcionais, tem deferido efeito suspensivo a recurso especial ainda não admitido ou ainda não interposto, com o escopo de evitar teratologias, ou a fim de obstar os efeitos de decisão contrária à jurisprudência pacífica desta Corte Superior, em hipóteses em que demonstrado o perigo de dano irreparável ou de difícil reparação, o que não é o caso (...)”. (STJ, AgRg na MC 15.843/SC, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 20/10/2009).

2. B A) Nos termos do art. 806, a parte deve propor a ação principal no prazo de 30 dias da data da efetivação da medida, quando esta for concedida em procedimento preparatório. Se não propõe a ação principal no referido prazo, segundo o inciso I do art. 808 do CPC, a medida cautelar tem sua eficácia cessada. O CPC, ainda, no art. 811, inciso III, estabelece, em consonância com o apontado pela assertiva, que o autor da ação cautelar responde pelos prejuízos causados pela medida se ocorrer cessação da sua eficácia nos casos previstos pelo art. 808.

B) A assertiva contraria o disposto pelo seguinte dispositivo do CPC: “Art. 806. Cabe à parte propor a ação, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da efetivação da medida cautelar, quando esta for concedida em procedimento preparatório”.

C) Conforme o disposto no CPC, art. 811, inciso I.

D) Conforme o disposto no CPC, art. 808, inciso III, cumulado com o art. 811, inciso III.

E) Conforme o disposto no CPC, art. 811, inciso IV.

Comentário Extra: Destaque-se o texto do art. 811 do CPC, de extrema importância para a solução da questão: “Art. 811. Sem prejuízo do disposto no art. 16, o requerente do procedimento cautelar responde ao requerido pelo prejuízo que lhe causar a execução da medida: I – se a sentença no processo principal lhe for desfavorável; II – se, obtida liminarmente a medida no caso do art. 804 deste Código, não promover a citação do requerido dentro em 5 (cinco) dias; III – se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos previstos no art. 808, deste Código; IV – se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor (art. 810). Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos do procedimento cautelar”.

3. ERRADO O arresto tem a finalidade de assegurar o pagamento de obrigação e não recai sobre coisa certa. A assertiva inverte as noções de arresto e sequestro.

4. CERTO A ação cautelar referida, nos termos do art. 879, é cabível quando a parte adversa, “no curso do processo: I – viola penhora, arresto, sequestro ou imissão na posse; II – prossegue em obra embargada; III – pratica outra qualquer inovação ilegal no estado de fato”. Há, portanto, claro escopo de manutenção da situação fática litigiosa anterior diante dos apontados atos de atentado.

5. CERTO A assertiva reproduz o texto do caput do art. 877 do CPC: “A mulher que, para garantia dos direitos do filho nascituro, quiser provar seu estado de gravidez, requererá ao juiz que, ouvido o órgão do Ministério Público, mande examiná-la por um médico de sua nomeação. § 1º O requerimento será instruído com a certidão de óbito da pessoa, de quem o nascituro é sucessor. § 2º Será dispensado o exame se os herdeiros do falecido aceitarem a declaração da requerente. § 3º Em caso algum a falta do exame prejudicará os

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direitos do nascituro. Art. 878. Apresentado o laudo que reconheça a gravidez, o juiz, por sentença, declarará a requerente investida na posse dos direitos que assistam ao nascituro. Parágrafo único. Se à requerente não couber o exercício do pátrio poder, o juiz nomeará curador ao nascituro”.

6. A A) Alternativa incompatível com o disposto no art. 897 do CPC: “Não oferecida a contestação, e ocorrentes os efeitos da revelia, o juiz julgará procedente o pedido, declarará extinta a obrigação e condenará o réu nas custas e honorários advocatícios. Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação”.

B) Conforme o disposto no art. 895 do CPC: “Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos que o disputam para provarem o seu direito”.

C) Equipara-se tal situação à recusa de pagamento.

D) Conforme o seguinte dispositivo do CPC: “Art. 260. Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-se-á em consideração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das prestações”.

E) Conforme o caput do art. 891 do CPC: “Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, tanto que se efetue o depósito, os juros e os riscos, salvo se for julgada improcedente”.

Comentário Extra: Atente-se ao seguinte precedente do STJ, que ressalta a importância do foro de eleição para a ação de consignação em pagamento: “COMERCIAL/PROCESSUAL. ARRENDAMENTO MERCANTIL. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. FORO DE ELEIÇÃO E DO LOCAL DO DEPÓSITO. É COMPETENTE PARA A AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO, PROPOSTA POR EMPRESA ARRENDATÁRIA DE BEM, PELO SISTEMA DE ‘LEASING’, O FORO DE ELEIÇÃO E DO LUGAR DO PAGAMENTO. (ART. 111 PAR-1. E 891 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL)”. (REsp 11.756/RS, Rel. Min. Dias Trindade, Terceira Turma, DJ 28/10/1991, p. 15256).

7. CERTO Não se exige a liquidez da dívida para a propositura de ação monitória.

8. ERRADO Cabe ação monitória contra a Fazenda Pública.

9. CERTO O STJ sedimentou este entendimento, em que pese a desnecessidade da monitória quando se tem o título executivo judicial. Nesse sentido, o seguinte precedente do STJ:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA APARELHADA POR NOTAS PROMISSÓRIAS NÃO PRESCRITAS. ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA, EMBORA POSSÍVEL O AJUIZAMENTO DE PROCESSO DE EXECUÇÃO. 1. Assim como a jurisprudência da Casa é firme acerca da possibilidade de propositura de ação de conhecimento pelo detentor de título executivo – uma vez não existir prejuízo ao réu em procedimento que lhe franqueia ampliados meios de defesa –, pelos mesmos fundamentos o detentor de título executivo extrajudicial poderá ajuizar ação monitória para perseguir seus créditos, não obstante também o pudesse fazer pela via do processo de execução. Precedentes. 2. Recurso especial parcialmente provido (REsp 981.440/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 12/4/2012, DJe 2/5/2012).

10. ERRADO Assertiva errada, não corresponde ao entendimento do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. NOTA PROMISSÓRIA PRESCRITA. DEMONSTRAÇÃO DA CAUSA DEBENDI. DESNECESSIDADE. TEMA DEVIDAMENTE PREQUESTIONADO. NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. QUESTÃO UNICAMENTE DE DIREITO. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Na ação monitória é desnecessária a demonstração da causa de emissão do título de crédito que perdeu a eficácia executiva, cabendo ao réu o ônus da prova da inexistência do débito. 2. Agravo interno a que se nega provimento. (AgRg no REsp 696.279/PR, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 28/2/2012, DJe 30/3/2012).

11. CERTO Nesse sentido, Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery ensinam: “A posse atual não é requisito para a usucapião. Se o autor da ação de usucapião

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possui o imóvel como seu pelo tempo legal, pode adquirir a propriedade pela usucapião, ainda que não tenha posse atual, não sendo carecedor da ação. Passando o prazo da prescrição aquisitiva o possuidor já é dono. (...)” (2010, p. 1.184).

12. ERRADO O litisconsórcio existente entre os proprietários dos imóveis confinantes é necessário, nos termos do seguinte dispositivo do CPC: “Art. 942. O autor, expondo na petição inicial o fundamento do pedido e juntando planta do imóvel, requererá a citação daquele em cujo nome estiver registrado o imóvel usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em lugar incerto e dos eventuais interessados, observado quanto ao prazo o disposto no inciso IV do art. 232”.

Comentário Extra: Além da citação dos confinantes, na ação de usucapião, é necessária a intimação dos representantes da Fazenda Pública da União, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios envolvidos para que manifestem se há interesse na causa. É também obrigatória a intervenção do Ministério Público. Atente-se ao prescrito pelo CPC: “Art. 943. Serão intimados por via postal, para que manifestem interesse na causa, os representantes da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios”; e “Art. 944. Intervirá obrigatoriamente em todos os atos do processo o Ministério Público”.

13. CERTO O processo discriminatório de terras devolutas da União é disciplinado pela Lei n. 6.383, de 1976, que dispõe em consonância com o apontado pela assertiva.

Comentário Extra: Atente-se aos seguintes dispositivos da Lei n. 6.383, de 1976: “Art. 1º. O processo discriminatório das terras devolutas da União será regulado por esta Lei. Parágrafo único. O processo discriminatório será administrativo ou judicial”; “Art. 19. O processo discriminatório judicial será promovido: I – quando o processo discriminatório administrativo for dispensado ou interrompido por presumida ineficácia; (...)”; e “Art. 21. Da sentença proferida caberá apelação somente no efeito devolutivo, facultada a execução provisória”.

14. ERRADO As referidas ações são reservadas apenas aos proprietários,

conforme se pode observar da interpretação do art. 946 do CPC: “Cabe: I – a ação de demarcação ao proprietário para obrigar o seu confinante a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou aviventando-se os já apagados; II – a ação de divisão, ao condômino para obrigar os demais consortes, a partilhar a coisa comum”.

Comentário Extra: O Tribunal Regional Federal da Quarta Região já destacou a peculiaridade de serem as ações de demarcação e divisão reservadas ao proprietário: “PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DEMARCATÓRIA E DIVISÓRIA. LEGITIMIDADE ATIVA. 1. O DIREITO DE POSTULAR DEMARCAÇÃO E DIVISÃO É RESERVADO AO PROPRIETÁRIO. 2. NÃO HAVENDO PROVA QUE EVIDENCIE O DOMÍNIO DO IMÓVEL OBJETO DE DEMARCAÇÃO E DIVISÃO, CORRETO O JUÍZO DE CARÊNCIA DA AÇÃO, POR ILEGITIMIDADE ATIVA. 3. APELAÇÃO IMPROVIDA.” (TRF4.AC 8904180767, Rel. Fábio Bittencourt da Rosa, Terceira Turma, DJ 17/4/1991).

15. CERTO Os embargos de terceiro poderão ser contestados no prazo de 10 dias, nos termos do art. 1.054 do CPC. A negativa da qualidade de adquirente do embargante, em razão da ineficácia de venda ocorrida enquanto pendente execução, deve ser alegada em tal contestação, independentemente, pois, do ajuizamento de outra ação.

16. CERTO Assertiva correta, conforme justificado pelo CESPE:

“O assistente simples tem legitimidade para opor embargos de terceiro, dado que não é parte no processo, mas simples interveniente” (Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, Código de processo civil comentado, 10. ed., RT, 2007, p. 1000).

17. ERRADO Assertiva errada. Atente-se à justificativa da Banca:

“Os embargos de terceiro podem ser ajuizados, em princípio, por qualquer pessoa que ostente a condição de terceiro em relação à demanda de onde provém a decisão judicial que ordena a constrição do bem. Esse terceiro, porque teve seu patrimônio atingido pela decisão judicial, está sempre habilitado a insurgir-se contra a indevida apreensão do bem por meio dos

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embargos de terceiro” (Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, Curso de Processo Civil, v. 5, Procedimentos Especiais, 2009, p. 150). “O sistema admite como existente e válida a alienação da coisa ou direito litigioso, apenas reputando-a ineficaz relativamente ao processo, quando verificar-se a fraude à execução” (Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, Código de Processo Civil Comentado, 10. ed., RT, 2007, p. 1000). “PROCESSO CIVIL – AGRAVO DE INSTRUMENTO – EMBARGOS DE TERCEIRO – ANÁLISE DO QUADRO PROBATÓRIO QUANTO À ILEGITIMIDADE – IMPOSSIBILIDADE – INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7 – RECURSO IMPROVIDO 1. É parte ilegítima para a ação de embargos de terceiro aquele que pretende defender bem que não mais possui, por já lhe ter alienado. O reconhecimento da fraude à execução dá ensejo apenas à ineficácia do ato de alienação ou oneração frente ao credor, de sorte que não determina o retorno do bem ao patrimônio do devedor. O negócio jurídico que frauda à execução gera pleno efeito entre alienante e adquirente. 2. Não tendo a parte apresentado argumentos novos capazes de alterar o julgamento anterior, deve-se manter a decisão recorrida. 3. Agravo Regimental improvido. (AgRg no AREsp 43.159/RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 19/4/2012, DJe 9/5/2012)”.

18. E Deve-se ter em mente, para a solução da questão, as seguintes súmulas do STF:

Súmula 629: A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes.

Súmula 630: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

19. ERRADO O Procon possui legitimidade ativa para ajuizar ação coletiva visando a defesa não apenas dos interesses difusos e coletivos relacionados aos direitos do consumidor, mas também dos direitos individuais homogêneos, compreendidos como aqueles que possuam origem comum (STJ, REsp 200.827/SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, Terceira Turma, julgado em 26/8/2002).

20. CERTO O próprio Estado pode ser parte ré em ações coletivas que busquem a proteção do meio ambiente, por meio da reparação do dano ou até mesmo de uma atuação que evite a consumação do dano.

21. CERTO Em relação à execução, cabe a atuação individualizada de cada prejudicado para que cada um possa obter a reparação específica.

22. ERRADO Não é vedado que o réu em Ação Civil Pública proposta em defesa do patrimônio público seja o próprio Poder Público. É, enfatize-se, bastante comum a propositura de ação civil pública pelo Ministério Público contra a Fazenda Pública. A mera propositura de ação civil pública pelo Ministério Público não significa que o defendido pelo parquet represente o interesse público ou a posição que deve prevalecer à luz do ordenamento jurídico em vigor.

23. A A) Em ação civil pública, se o pedido for julgado improcedente por falta de provas, não ocorrerá a formação de coisa julgada material. Art. 16 da Lei n. 7.347/85: “A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova”.

B) Conforme o art. 17 da Lei n. 7.347/85: “Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos”.

C) Conforme o art. 98 do Código de Defesa do Consumidor: “A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções”.

D) Em consonância com o disposto pelo art. 2º da Lei n. 7.347/85: “As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro

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do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto”.

E) Como se pode observar do art. 15 da Lei. n. 7.347/85: “Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados”.

24. CERTO Conforme estabelece a Lei n. 7.347/85, em seu art. 5º, § 2º: “Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes”.

25. CERTO A Lei n. 7.913/89, que dispõe sobre a ação civil pública de responsabilidade por danos causados aos investidores no mercado de valores mobiliários, estabelece expressamente o apontado pela referida assertiva.

Comentário Extra: Atente-se ao texto da referida lei que se harmoniza com o apontado pela questão:

Art. 1º Sem prejuízo da ação de indenização do prejudicado, o Ministério Público, de ofício ou por solicitação da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, adotará as medidas judiciais necessárias para evitar prejuízos ou obter ressarcimento de danos causados aos titulares de valores mobiliários e aos investidores do mercado, especialmente quando decorrerem de:

I – operação fraudulenta, prática não equitativa, manipulação de preços ou criação de condições artificiais de procura, oferta ou preço de valores mobiliários;

II – compra ou venda de valores mobiliários, por parte dos administradores e acionistas controladores de companhia aberta, utilizando-se de informação relevante, ainda não divulgada para conhecimento do mercado, ou a mesma operação realizada por quem a detenha em razão de sua profissão ou função, ou por quem quer que a tenha obtido por intermédio dessas pessoas;

III – omissão de informação relevante por parte de quem estava obrigado a divulgá-la, bem como sua prestação de forma incompleta, falsa ou tendenciosa.

26. CERTO Na ação popular e ações coletivas em geral, diferentemente das ações ordinárias, a improcedência por falta de provas não impede que se proponha a mesma demanda novamente.

27. E A) Em harmonia com o disposto pelo art. 9º da Lei da Ação Popular (Lei n. 4.717/65: “Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação”.

B) Trata-se de litisconsórcio necessário em razão de não ser possível desconstituir o ato sem rescindir o ato de aprovação pelo Tribunal de Contas.

C) Assertiva conforme o § 4º do art. 6º da Lei n. 4.717/65: “O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a responsabilidade civil ou criminal, dos que nela indicarem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores”.

D) Em conformidade com o seguinte dispositivo da Lei da Ação Popular: “Art. 6º (...) § 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular”.

E) Segundo o texto da Lei da Ação Popular, o julgamento pela procedência não resulta no cumprimento de obrigação de fazer e não fazer, mas apenas anulação do ato impugnado e pagamento de perdas e danos: “Art. 11. A sentença que julgando procedente a ação popular decretar a invalidade do ato impugnado condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.

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