direito processual civil 309 direito processual civil · direito processual civil 309 ... ii.o...

15
Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil Maurício Cunha QUESTÕES 1. PRINCÍPIOS 01. (MPE – MS – Promotor de Justiça – MS/2013) Considere as seguintes proposições: I. O princípio processual da congruência ou adstrição está diretamente ligado ao princípio do contraditó- rio. II. O princípio processual do duplo grau de jurisdi- ção não é previsto expressamente na Constituição Federal, sendo princípio implícito do texto consti- tucional e limitável por lei infraconstitucional. III. A competência para as ações fundadas em direito real sobre bem imóvel é relativa e portanto, permite a aplicação do princípio da perpetuatio jurisdictio- nis. IV. Em qualquer caso, pelo princípio da impugnação específica, o réu deve impugnar um a um os fatos narrados na petição inicial, sob pena de presumir – se a sua veracidade. São corretas: a) Somente as proposições I e II. b) Somente as proposições III e IV. c) Somente as proposições I, III e IV. d) Somente as proposições I e IV. e) Somente as proposições II e III. | COMENTÁRIOS| . Nota do autor: a questão é multidisciplinar, abor- dando, os itens corretos, o princípio da congruência (ads- trição), e o princípio do duplo grau de jurisdição. Sobre o princípio do duplo grau de jurisdição, prevalece que se trata de uma garantia implícita na CF. Existe, todavia, con- trovérsia sobre qual a real fonte do princípio. Para uma corrente doutrinária, o princípio seria uma decorrência da expressa previsão de alguns recursos de competência dos Tribunais, a exemplo dos recursos ordinário, especial e extraordinário; outros, contudo, defendem que o princípio decorre do devido processo legal. No âmbito internacio- nal, a Convenção Americana de Direitos Humanos reco- nhece o direito ao duplo grau de jurisdição a todo acusado de um delito. Recentemente, a questão voltou à tona com as discussões acerca do cabimento, ou não, dos embargos infringentes nas ações penais originárias no âmbito da Suprema Corte brasileira, prevalecendo o entendimento que privilegia o princípio do duplo grau de jurisdição. Por outro lado, o princípio da congruência (adstrição) refere-se à necessária correlação entre pedido e sentença, evitando- -se decisões citra, ultra ou extra petita: Citra petita Ultra petita Extra petita É a decisão que deixa de apreciar algum pedido for- mulado ou fun- damento de fato ou de direito ale- gado pela parte É a decisão que concede mais do que o pedido, a exemplo da sentença que condena o réu ao pagamento de indenização por danos materiais em valor supe- rior ao pedido na exordial É a decisão que concede coisa dis- tinta da pedida, a exemplo da deci- são que condena à entrega de uma coisa determi- nada, quando o autor requereu a condenação ao pagamento de certa quantia. Obs.: tratando-se de error in procedendo, imprescindível a invalidação de toda a decisão, salvo em relação à sentença objetivamente complexa (teoria dos capítulos da sentença) quando o vício atingir apenas um ou alguns capítulos, sendo possível manter íntegros os demais Alternativa correta: letra “A”. Item I: correto. O princípio da congruência indica que a sentença deve resolver a lide à luz do que expressamente pedido, nem mais nem menos (art. 460, CPC). Trata-se de princípio que concretiza, no plano prático, outro princípio, o do contraditório, haja vista que não pode o juiz condenar o réu a cumprir prestação diversa daquela pleiteada pelo autor (assim, diz-se que a petição inicial é o espelho da sentença). A congruência também deve ser estudada sob o prisma subjetivo, não podendo a sentença alcançar situ- ações jurídicas estranhas às partes componentes do litígio originariamente. Item II: correto. Consiste o princípio do duplo grau de jurisdição na garantia assegurada ao jurisdicionado de impugnar as decisões judiciais pelas vias recursais adequadas, fazendo com que a questão seja reexami- nada por um outro órgão judicial. Embora prevaleça que se trata de princípio implícito na Constituição Federal,

Upload: duongnga

Post on 30-Nov-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

Direito Processual Civil 309

Direito Processual Civil

Maurício Cunha

� QUESTÕES

1. PRINCÍPIOS

01. (MPE – MS – Promotor de Justiça – MS/2013) Considere as seguintes proposições:

I. O princípio processual da congruência ou adstrição está diretamente ligado ao princípio do contraditó-rio.

II. O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente na Constituição Federal, sendo princípio implícito do texto consti-tucional e limitável por lei infraconstitucional.

III. A competência para as ações fundadas em direito real sobre bem imóvel é relativa e portanto, permite a aplicação do princípio da perpetuatio jurisdictio-nis.

IV. Em qualquer caso, pelo princípio da impugnação específica, o réu deve impugnar um a um os fatos narrados na petição inicial, sob pena de presumir – se a sua veracidade.

São corretas:

a) Somente as proposições I e II.

b) Somente as proposições III e IV.

c) Somente as proposições I, III e IV.

d) Somente as proposições I e IV.

e) Somente as proposições II e III.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: a questão é multidisciplinar, abor-dando, os itens corretos, o princípio da congruência (ads-trição), e o princípio do duplo grau de jurisdição. Sobre o princípio do duplo grau de jurisdição, prevalece que se trata de uma garantia implícita na CF. Existe, todavia, con-trovérsia sobre qual a real fonte do princípio. Para uma corrente doutrinária, o princípio seria uma decorrência da expressa previsão de alguns recursos de competência dos Tribunais, a exemplo dos recursos ordinário, especial e extraordinário; outros, contudo, defendem que o princípio decorre do devido processo legal. No âmbito internacio-nal, a Convenção Americana de Direitos Humanos reco-nhece o direito ao duplo grau de jurisdição a todo acusado

de um delito. Recentemente, a questão voltou à tona com as discussões acerca do cabimento, ou não, dos embargos infringentes nas ações penais originárias no âmbito da Suprema Corte brasileira, prevalecendo o entendimento que privilegia o princípio do duplo grau de jurisdição. Por outro lado, o princípio da congruência (adstrição) refere-se à necessária correlação entre pedido e sentença, evitando--se decisões citra, ultra ou extra petita:

Citra petita Ultra petita Extra petita

É a decisão que deixa de apreciar algum pedido for-mulado ou fun-damento de fato ou de direito ale-gado pela parte

É a decisão que concede mais do que o pedido, a exemplo da sentença que condena o réu ao pagamento de indenização por danos materiais em valor supe-rior ao pedido na exordial

É a decisão que concede coisa dis-tinta da pedida, a exemplo da deci-são que condena à entrega de uma coisa determi-nada, quando o autor requereu a condenação ao pagamento de certa quantia.

Obs.: tratando-se de error in procedendo, imprescindível a invalidação de toda a decisão, salvo em relação à sentença objetivamente complexa (teoria dos capítulos da sentença) quando o vício atingir apenas um ou alguns capítulos, sendo possível manter íntegros os demais

Alternativa correta: letra “A”.

Item I: correto. O princípio da congruência indica que a sentença deve resolver a lide à luz do que expressamente pedido, nem mais nem menos (art. 460, CPC). Trata-se de princípio que concretiza, no plano prático, outro princípio, o do contraditório, haja vista que não pode o juiz condenar o réu a cumprir prestação diversa daquela pleiteada pelo autor (assim, diz-se que a petição inicial é o espelho da sentença). A congruência também deve ser estudada sob o prisma subjetivo, não podendo a sentença alcançar situ-ações jurídicas estranhas às partes componentes do litígio originariamente.

Item II: correto. Consiste o princípio do duplo grau de jurisdição na garantia assegurada ao jurisdicionado de impugnar as decisões judiciais pelas vias recursais adequadas, fazendo com que a questão seja reexami-nada por um outro órgão judicial. Embora prevaleça que se trata de princípio implícito na Constituição Federal,

Page 2: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

310 Maurício Cunha

há quem advogue que o princípio não está inserido no texto constitucional, nem mesmo em suas entrelinhas. A propósito, o Min. Luis Fux, apreciando admissibilidade dos embargos infringentes em ação penal originária, no bojo da denominada Ação Penal 470/MG (“mensalão”), “[…] registrou que o STF já teria rejeitado o caráter cons-titucional dessa prerrogativa, ao afastar sua incidência nos processos de competência originária dos tribunais superiores […]” (STF, AP 470 AgR – vigésimo quinto a vigé-simo sétimo/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 11 e 12.9.2013, informativo 719).

Item III: incorreto. A competência para as ações fun-dadas em direito real sobre bens imóveis é determinada pela localização do imóvel (forum rei sitae), por força do art. 95, CPC. Trata-se de competência territorial abso-luta. Aliás, o STJ já entendeu que “[…] o foro competente para julgar a ação principal que se refere à hipoteca é derrogável pela vontade das partes, justamente por não integrar o rol taxativo expresso na segunda parte do art. 95 do CPC. Para que a ação seja necessariamente ajuizada na comarca em que situado o bem imóvel, esta deve ser fundada em direito real (naqueles expressamente deli-neados pelo referido artigo), não sendo suficiente, para tanto, a mera repercussão indireta sobre tais direitos […]” (REsp 1.048.937, 3ª T., rel. Min. Massami Uyeda, j. 22.02.2011, informativo 464).

Item IV: incorreto. A impugnação específica é ônus que recai sobre o réu, de modo que lhe incumbe rebater pontualmente todos os fatos articulados pelo autor em sua petição inicial, sob pena de confissão. No entanto, a regra não é absoluta, comportando exceções, a exemplo da autorização de contestação por negativa geral ao réu representado por advogado dativo (art. 301, § único, CPC).

02. (MPE/PR – Promotor de Justiça – PR/2011) Acerca dos princípios do processo civil, assinale a alter-nativa incorreta:a) o princípio dispositivo impede a propositura de

demandas de ofício pelo juiz;b) o autor sempre se manifestará sobre a contestação

apresentada pelo réu em respeito ao princípio do contraditório;

c) as prerrogativas da Fazenda Pública em juízo são ainda constitucionais e compatíveis com o princípio da isonomia de tratamento entre as partes;

d) a Constituição Federal de 1998 não consagra o prin-cípio do duplo grau de jurisdição em sua acepção clássica;

e) há exceção ao princípio geral da inafastabilidade da jurisdição.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: questão que exigiu certa cautela, pois o examinador conjugou princípios internos do Pro-cesso Civil com princípios do Processo Civil inseridos no texto constitucional, sem contar que exigiu, ainda, fosse assinalada a alternativa incorreta. Aliás, os princípios ganharam um novo colorido com os estudos de Robert. Alexy, Ronald Dworkin, Humberto Ávila, dentre outros,

deixando de serem considerados meros meios de colma-tação de lacunas para integrarem o ordenamento jurídico como espécies de norma jurídica. Por outro lado, embora a Constituição Federal tenha consagrado um rol de princí-pios processuais, todos, em maior ou menor escala, decor-rem do princípio do devido processo legal, o qual deve ser estudado por meio de suas acepções: formal e substancial. Nesse sentido, Nelson Nery Junior ressalta que “bastaria a Constituição Federal de 1988 ter enunciado o princípio do devido processo legal, e o caput e os incisos do art. 5º, em sua grande maioria, seriam absolutamente despiciendos. De todo modo, a explicitação das garantias fundamentais derivadas do devido processo legal, como preceitos des-dobrados nos incisos da CF 5º, é uma forma de enfatizar a importância dessas garantias, norteando a administração pública, o Legislativo e o Judiciário para que possam apli-car a cláusula sem maiores indagações”1.

Questão anulada.

Alternativa “A”: correta. O enunciado contém a regra acerca do princípio da inércia ou dispositivo. É importante que o candidato tenha em mente que o princí-pio não é absoluto, haja vista que existem procedimentos que admitem seu início por iniciativa do juiz, como no clás-sico exemplo do inventário e partilha (art. 989, CPC).

Alternativa “B”: incorreta. Embora na praxe forense esta conduta tenha se banalizado, o autor somente se manifestará em réplica caso o réu alegue em sua defesa fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, nos termos do art. 326, CPC.

Alternativa “C”: correta. Embora exista posiciona-mento em sentido contrário, ainda prevalece a ideia de que as prerrogativas da Fazenda Pública foram recepcionadas pela Constituição e não ofendem o princípio da igualdade ou isonomia.

Alternativa “D”: correta. A Constituição Federal não consagrou expressamente o princípio do duplo grau de jurisdição. A doutrina considera que é uma garantia implícita, decorrente do devido processo legal e da forma escalonada com que foram previstos os órgãos da Justiça. Atenção: o duplo grau de jurisdição foi assegu-rado no Pacto de San José da Costa Rica, mas limitado à esfera penal.

Alternativa “E”: correta. De fato, existem atos que estão excluídos do controle jurisdicional, como os atos políticos, os atos administrativos discricionários, bem como as hipóteses em que se exige o exaurimento da ins-tância administrativa, a exemplo do art. 217, § 1º, da Cons-tituição Federal (questões desportivas) e da Súmula 2, STJ (impetração do habeas data). No entanto, não se trata de afastamento peremptório, podendo o Judiciário interferir circunstanciadamente nestes atos, a exemplo da possibili-dade de controle de legalidade do ato discricionário.

1 NERY JUNIOR, Nelson. Princípios do Processo na Constituição Federal: processo civil, penal e administrativo. 9ª ed. São Paulo: Revista dos Tribu-nais, 2009, p. 85.

Page 3: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

Direito Processual Civil 311

2. JURISDIÇÃO

03. (MPE – MS – Promotor de Justiça – MS/2011) Assinale a alternativa correta.a) No litisconsórcio multitudinário, a limitação do

número de litigantes, que só incide no facultativo, dependerá, de pedido do réu, quando ocorrer difi-culdade da defesa;

b) No sistema brasileiro de jurisdição uma, não há con-flito de atribuições entre entidade administrativa e autoridade judiciária, quanto estiver esta no exercí-cio pleno de sua função jurisdicional;

c) O ajuizamento da incidental enseja uma nova autu-ação. Tanto é verdade que, primeiramente, o juiz resolverá a questão prejudicial por intermédio de uma sentença; e, em outra decidirá a questão prin-cipal;

d) O juízo do domicílio do menor não é competente para apreciar ação de guarda proposta por um dos pais contra o outro. A regra de competência defi-nida pela necessidade de proteger o interesse da criança não é absoluta;

e) O pedido será alternativo quando o autor cumu-lar, sucessivamente, o pedido principal com outro sucessivo.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: a questão trata de temas variados, enfrentando a alternativa correta o sistema de jurisdição una adotado pelo Direito brasileiro. A propósito, é impor-tante distinguir:

Sistema uno ou anglo-saxão

Sistema francês ou dualista

Todos os litígios, de origem administrativa ou privada, são resolvidos pelo Poder Judiciário, a quem cabe o julgamento em caráter defi-nitivo.

Os litígios administrativos são resolvidos, definitiva-mente, por um Tribunal Administrativo, ao passo que as lides privadas são resolvidas, definitivamente, pelo Poder Judiciário.

Este sistema teve origem na Inglaterra, como uma forma de reação do povo contra os privilégios e desmandos da Corte Inglesa, que tinha poderes de administrar e julgar.

Fruto de uma interpreta-ção diferenciada da teoria de Montesquieu, a França adotou uma divisão total dos poderes, em que não havia monopólio da função jurisdicional pelo Poder Judiciário. Isso decorre de uma histórica desconfiança da burguesia em relação ao Poder Judiciário, exercido pela nobreza.

Limites: o Poder Judiciário só pode apreciar a legalidade e a legitimidade dos atos administrativos.

Alternativa correta: letra “B”.Alternativa “A”: incorreta, pois o magistrado pode

limitar, inclusive de ofício, o número de litisconsortes facultativos quando comprometer a rápida solução do lití-gio ou dificultar a defesa, de acordo com a regra do art. 46,

§ único, CPC. Cuida-se do denominado litisconsórcio mul-titudinário, que nada mais do que um litisconsórcio facul-tativo com excessivo número de litisconsortes, o que pode prejudicar a celeridade processual ou a defesa do réu, justi-ficando a sua limitação pelo juiz.

Alternativa “B”: correta. O Brasil adota o sistema uno de jurisdição (inglês ou anglo-saxão), no qual inexiste contencioso administrativo, de modo que não há possibi-lidade de conflito de atribuições entre a autoridade admi-nistrativa e a judiciária.

Alternativa “C”: incorreta, uma vez que a ação decla-ratória incidental não enseja nova autuação, podendo ser proposta por autor ou réu:

Autor Réu

Formulará o pedido de declaração incidental na própria petição inicial.

Formulará o seu pedido de declaração incidente na contestação, mas antes deverá controverter a ques-tão principal.

Obs.: a declaração incidental postulada pelo réu é equiva-lente a uma reconvenção, razão pela qual o CPC somente faz menção à proposta pelo autor. O projeto de novo CPC pretende incorporar o referido entendimento, que é majo-ritário.

Ademais, proposta a ação declaratória incidental, não haverá a suspensão do processo, tendo em vista que a ação principal e a declaratória incidental tramitarão paralela-mente e serão julgadas pela mesma sentença.

Alternativa “D”: incorreta, porque a jurisprudência consolidou-se no sentido de que a ação de guarda pode ser proposta no juízo do domicílio de quem já exerce a guarda (STJ, AgRg no CC 94.250/MG, rel. Min. Aldir Passarinho Junior, j. 11.06.2008, informativo 359). Trata-se de compe-tência absoluta, mas o STJ alerta que o referido critério deve ser interpretado à luz do princípio do melhor inte-resse da criança, já tendo inclusive admitido aquele Soda-lício que “[…] o art. 87 do CPC, que estabelece o princípio da perpetuatio jurisdictionis, deve ser afastado para que a solução do litígio seja mais ágil, segura e eficaz em relação à criança, permitindo a modificação da competência no curso do processo, mas sempre considerando as peculia-ridades do caso.

Alternativa “E”: incorreta, haja vista que alterna-tivo é o pedido quando, pela natureza da obrigação, o devedor pode cumpri-la de mais de um modo, de acordo com o art. 288, CPC. Não se confunde com a cumu-lação alternativa de pedidos:

Cumulação alternativa de pedidos Pedido alternativo

O autor formula mais de um pedido para que o juiz acolha qualquer deles, sem estabelecer ordem de pre-ferência.

O autor formula pedido no sentido de que o devedor, em razão da natureza da obrigação, cumpra a pres-tação de mais de um modo.

Ex.: rescisão contratual ou indenização.

Ex.: pagamento de quantia ou entrega de parte da pro-dução.

Page 4: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

312 Maurício Cunha

04. (FMP – MP – AC/2008) Assinale a alternativa cor-reta:a) Tutela jurisdicional é sinônimo de tutela jurisdicio-

nal do direito.b) As formas de tutela jurisdicional têm por matéria-

-prima o direito material, mas com ele não se con-fundem, uma vez que são influenciadas ainda pelas normas principais da segurança e da efetividade.

c) A tutela inibitória é uma espécie de tutela preven-tiva do dano.

d) A tutela jurisdicional declaratória é oriunda do exer-cício de direito potestativo.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: as reformas processuais implemen-tadas a partir do ano de 1994 e intensificadas nos anos de 2005 e 2006 primaram por uma reformulação da tutela jurisdicional, deixando de ser a jurisdição concebida como a atividade de dizer o direito para abranger também a efe-tivação do direito, em um movimento conhecido como sincretismo processual. A questão em comento abordou exatamente esta nova sistemática, exigindo conhecimen-tos teóricos do candidato.

Alternativa correta: letra “B”Alternativa “A”: incorreta. Antes da reforma do CPC

pela Lei 11.232/05, tutela jurisdicional e sentença eram sinônimos, segundo a anterior redação do art. 463, CPC. Atualmente, o mencionado dispositivo legal consagra a ideia de que tutela jurisdicional é mais que declarar e reconhecer direitos, sendo necessário torná-los con-cretos ou, quando não for possível, proporcionar condi-ções satisfatórias para tanto.

Alternativa “B”: correta. A redação da questão traduz, de forma clara, que tutela jurisdicional e direito material se relacionam, mas não se confundem, a partir do momento em que princípios maiores se sobrepõem, a saber, a segu-rança e a efetividade.

Alternativa “C”: incorreta. A tutela inibitória tem assento no art. 461, CPC, e no art. 84, CDC, tendo como objetivo impedir a prática, a continuação ou a repeti-ção de um “ilícito”, e não de um “dano”. Não se fala em “dano”, mas, sim, em “ilícito” a ser evitado, ideia de situação futura.

Alternativa “D”: incorreta. A tese defendida pelo doutrinador italiano Giuseppe Chiovenda consistia na ação como um direito potestativo e “concreto”, dirigido contra o adversário e não contra o Estado, mas que perdeu terreno com a ideia prevalente de que a ação é direito “abs-trato” dirigido contra o Estado, que detém o poder de dizer o direito (jurisdição).

3. AÇÃO

05. (MPE – AL – Promotor de Justiça – AL/2012) No que concerne à natureza jurídica da ação, as afirma tivas de que "não há ação sem direito", "não há direito sem ação" e de que "a ação segue a natureza do direito" são consequências do conceito formulado pela teoria

a) do direito subjetivo instrumental.

b) do direito autônomo e concreto.

c) do direito autônomo e abstrato.

d) clássica ou imanentista.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: durante o desenvolvimento e aper-feiçoamento do direito de ação surgiram algumas teorias que tentaram explicar os principais aspectos da ação:

Teoria imamentista, civilista, clássica ou

privatista

Teoria idealizada por Savigny, segundo a qual não há ação sem direito. Assim, confunde-se o direito de ação com o direito material dedu-zido em juízo.

Teoria concretista ou do direito

concreto à tutela jurisdicional

A ação é direito autônomo, público e concreto. Logo, somente há ação quando a sentença julgar proce-dente o pedido do autor.

Teoria abstrativista

O direito de ação é autônomo, público e abstrato, haja vista que independe da existência do direito material e do êxito da ação.

Teoria eclética

Desenvolvida por Enrico Tullio Lie-bman, o direito de ação constitui o direito a um julgamento de mérito da causa. O julgamento, contudo, fica condicionado ao preenchimento das condições da ação.

Alternativa correta: letra “D”.

Alternativa “A”: incorreta. Segundo a teoria do direito subjetivo instrumental, a ação é o direito público, subjetivo, instrumental e de natureza constitucional.

Alternativa “B”: incorreta. Pela teoria do direito autônomo e concreto, desenvolvida por Wach, a ação é considerada direito autônomo, público e concreto. Assim, só existiria ação quando a sentença fosse favorável ao autor.

Alternativa “C”: incorreta. A teoria abstrata do direito de ação prega que a ação é o direito de provo-car o Poder Judiciário, independentemente do resul-tado do processo, não havendo compatibilidade com o teor das frases do enunciado que dizem respeito á teoria clássica ou imamentista.

Alternativa “D”: correta. Segundo a teoria imanen-tista ou civilista, cujo principal expoente foi Savigny, ação é imanente ao direito material tutelado, vale dizer, não existe ação sem a existência do correlato direto.

06. (CESPE – PROMOTOR TO/2012) Acerca da ação declaratória, assinale a opção correta.

a) A ação declaratória é apropriada para se obter declaração de falsidade ideológica.

b) O direito subjetivo declarado pela sentença mera-mente declaratória constitui título executivo judi-cial.

Page 5: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

Direito Processual Civil 313

c) Cabe o ajuizamento de ação declaratória para o reconhecimento de relações futuras meramente prováveis.

d) A ação declaratória pode ser extinta pela prescri-ção.

e) Admite-se o ajuizamento da ação declaratória mesmo quando já é possível ao autor ajuizar ação condenatória ou constitutiva.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: a questão versa sobre a ação decla-ratória, que instrumento adequado para se obter provi-mento jurisdicional que assegure a certeza sobre a existên-cia de determinada relação jurídica. A propósito, antes da Lei 11.232/05, havia certa divergência doutrinária sobre a possibilidade de, executando sentença declaratória, obter o cumprimento da obrigação inadimplida declarada no título. Com o advento da sobredita legislação, o art. 475-N, inciso I, passou a considerar título executivo judicial “a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia”. Assim, prevalece o pensamento de ser possível a execução da sentença declaratória a fim de se obter o cumprimento da obrigação declarada na sentença.

Alternativa correta: letra “E”.

Alternativa “A”: incorreta. Consoante a jurispru-dência do STJ, “não se admite ação declaratória de falsi-dade ideológica. O art. 4º, II do CPC refere-se à falsidade material” (REsp 735.560/SP, 1ª T., rel. Min. Garcia Vieira, j. 16.06.1999). Mais ainda, é sabido que, quando arguída o incidente de falsidade documental, o objetivo será o de rescindir o negócio indicado em documento falso, tendo, portanto, natureza jurídica constitutivo e negativo.

Alternativa “B”: incorreta. Em verdade, o título exe-cutivo judicial formado no julgamento da ação declaratória recai sobre a certeza da declaração (e não sobre o direito subjetivo sustentado). Não se pode olvidar, porém, de que há entendimento reconhecendo que, em se tratando de demanda declaratória que reconheça o direito a um deter-minado crédito, nada impede que se atribua eficácia exe-cutiva para a respectiva sentença.

Alternativa “C”: incorreta. Isso proque a ação decla-ratória não se presta para o reconhecimento de relações futuras meramente prováveis, faltando, para tanto, a con-dição da ação interesse de agir.

Alternativa “D”: incorreta. Com efeito, a ação declara-tória é instrumento adequado para tutelar direitos potesta-tivos, os quais não estão sujetios à prescrição. No entanto, podem ser afetados pela decadência.

Alternativa “E”: correta. De fato, é possível o ajuiza-mento de ação declaratória mesmo quando viável ação condenatória ou constitutiva (art. 4º, § único, CPC).

07. (FCC – Promotor de Justiça – CE/2011) No tocante à ação, para nossa lei processual civil,

a) o reconhecimento da ausência de pressupostos processuais leva ao impedimento da instauração da relação processual ou à nulidade do processo.

b) a ausência do direito material subjetivo conduz à carência de ação.

c) a ausência das condições da ação não pode ser afe-rida de ofício pelo juiz.

d) não se admite a ação meramente declaratória, se já ocorreu a violação do direito.

e) o interesse do autor está ligado sempre, e apenas, à constituição de seu direito, com pedido eventual de preceito mandamental.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: interessante abordagem feita pelo examinador, uma vez que buscou extrair conhecimentos acerca dos institutos fundamentais do processo, quais sejam, os pressupostos processuais e as condições da ação. Vale lembrar que as condições da ação e os pressupostos processuais constituem matérias de ordem pública, cog-noscíveis de ofício pelo magistrado, e que não se sujeitam aos efeitos da preclusão.

Alternativa correta: letra “A”.

Alternativa “A”: correta. Dependendo do momento processual em que verificada a ausência dos pressupostos processuais, a consequência será a extinção prematura do processo sem resolução de mérito ou o reconhecimento da nulidade processual. Assim, o reconhecimento da ausência dos pressupostos pode acarretar a nulidade do feito, quando reconhecida após o regular trâmite processual (na sentença, v.g.). Não implica, contudo, a nulidade quando detectada no nascedouro da relação jurídica processual, quando o magistrado extinguirá o processo sem resolução de mérito.

Alternativa “B”: incorreta. A ausência do direito material conduz à improcedência (e não a carência de ação). As condições da ação são analisadas in statu asser-tionis, ou seja, à luz das alegações contidas na petição ini-cial antes que as provas sejam produzidas. Aliás, a teoria da asserção distingue improcedência de impossibilidade jurídica do pedido pelo simples fato de que as condições da ação são apreciadas diante das alegações contidas na inicial e defesa sem possibilidade de incursão em análises probatórias. Assim, sendo verificável de plano a impossi-bilidade do pedido com base apenas nas afirmações con-tidas na exordial, será hipótese de carência de ação por impossibilidade jurídica do pedido; havendo necessidade de dilação probatória para verificar a impossibilidade, será caso de improcedência do pedido.

Alternativa “C”: incorreta. As condições da ação podem ser conhecidas de ofício em qualquer tempo e grau de jurisdição, pois se trata de matéria de ordem pública (arts. 267, § 3º e 301, § 4º, CPC).

Alternativa “D”: incorreta. O art. 4º, § único, CPC, con-tém disposição em sentido diverso. Vale dizer, “é admis-sível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.” A propósito, confira-se também a Súmula 181, STJ, in verbis: “É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto à exata interpretação de cláusula contratual”.

Page 6: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

626 Maurício Cunha

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: a questão versa sobre a ação de alimentos e a medida cautelar de alimentos provisionais. A propósito, vale lembrar que existem três espécies de ali-mentos:

Espécies de alimentos

Alimentos naturais

Alimentos civis

Alimentos processuais

Aqueles necessá-rios para a manu-tenção orgânica da pessoa (gêne-ros alimentícios).

Alimentos neces-sários para a m a n u t e n ç ã o social digna da pessoa.

Alimentos neces-sários ao paga-mento das despe-sas processuais.

Por outro lado, “[…] o direito ao recebimento de ali-mentos provisionais, fixados por decisão judicial que pro-duziu efeitos imediatos, já integrou o patrimônio da recor-rida, e a sentença que desconstituiu esse direito não tem efeito retroativo” (STJ, AgRg no REsp 1.283.049/SP, 3ª T., rel. Min. Sidnei Beneti, j. 21.03.2013). Logo, obtendo a mulher a concessão de alimentos provisionais, por meio de medida cautelar, a superveniência de sentença favorável ao ali-mentante, na ação principal de separação judicial não lhe afeta o direito de executar as prestações vencidas e não pagas.

Alternativa correta: letra “E”.

Alternativa “A”: incorreta, porque a decretação da prisão do devedor no curso do processo configura deci-são interlocutória impugnável por recurso de agravo de instrumento, o qual, no entanto, não é dotado de efeito suspensivo automático. Em verdade, dada a restrição ao direito de liberdade do executado, poderá impetrar habeas corpus, que é um remédio constitucional célere e idôneo para a tutela do seu direito de ir e vir. No entanto, não se admite dilação probatória no writ.

Alternativa “B”: incorreta, haja vista que não se trata de alimentos provisionais, que tem natureza cautelar, mas sim de alimentos provisórios (tutela antecipada), nos termos do art. 1º, caput, da Lei 5.478/68. Em síntese:

Alimentos provisórios

Alimentos provisionais

São os alimentos concedidos initio littis na ação de alimen-tos.

São alimentos fixados cau-telarmente pelo juiz nas ações de separação, divór-cio e anulação de casa-mento.

Alternativa “C”: incorreta, uma vez que a majora-ção da verba alimentar em ação revisional retroagirá à data da citação, por força do disposto no art. 13, § 2º, da Lei 5.478/68. No mesmo sentido: “Direito processual civil e direito civil. Família. Recurso especial. Alimentos. Execução extinta. Sentença em revisional que reduz os alimentos transitada em julgado. Retroatividade mantida. Embargos de declaração. – Ao julgador não cumpre esmiuçar a ques-tão sob a ótica tal como deduzida pela parte, bastando que dê solução adequada e fundamentada à controvérsia, sem

omissões, contradições ou obscuridades no julgado. – Em qualquer circunstância, seja reduzida, majorada ou efetiva-mente suprimida a pensão alimentícia, a decisão retroagirá à data da citação da revisional, a teor do art. 13, § 2º, da Lei de Alimentos – LA (nº 5.478/68), remanescendo incó-lume, contudo, a irrepetibilidade daquilo que já foi pago. Recurso especial conhecido, porém, não provido” (STJ, REsp 967.168SP, 3ª T. rel. Min Nancy Andrighi, j. 13.05.2008, DJ 28.05.2008).

Alternativa “D”: incorreta, pois a afirmativa é contrá-ria ao art. 23 da Lei 5.478/68, segundo o qual a prescrição quinquenal só alcança só as prestações mensais e não o direito a alimentos, que, conquanto irrenunciável, pode ser provisoriamente dispensado.

Alternativa “E”: correta, tendo em vista que pres-creve o art. 13, § 3º, da Lei 5.478/68, que disciplina a ação de alimentos, que os alimentos provisórios são devidos até a decisão final, incluindo o julgamento de recurso extraordi-nário. Com a sentença que fixa os alimentos, estes passam a ser definitivos. Tanto os alimentos provisórios quanto os definitivos podem ser executados imediata e conjunta-mente.

�DICAS (RESUMO)

1. JURISDIÇÃO

• É a função atribuída a um terceiro imparcial, o Esta-do-juiz, para solucionar um conflito de interesses (lide), reconhecendo, efetivando e protegendo situações jurídicas concretamente deduzidas, con-cretizadas por meio de decisão com aptidão para tornar-se indiscutível.

São características da jurisdição:

heterocomposição: decisão profe-rida por um terceiro imparcial;

técnica de tutela de direitos mediante um processo;

exercício diante de uma situação jurídica concreta;

aptidão para a coisa julgada.

• Fredie Didier Jr.135 aponta como características, ainda, a impossibilidade de controle externo das decisões proferidas e a atividade criativa (criação da norma jurídica do caso concreto).

135 DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 1: Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 13ª ed. Salva-dor: Juspodivm, 2011, p. 89.

Page 7: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

Direito Processual Civil 627

• A jurisdição é informada pelos princípios da investidura, territorialidade, indelegabilidade, inevitabilidade e ina-fastabilidade:

Investidura A jurisdição só é exercida por quem tenha sido regular e previamente investido na autoridade de juiz

Territorialidade Indica que a autoridade do magistrado restringe-se aos limites territoriais do Estado

Indelegabilidade

Informa que o magistrado não pode delegar a função jurisdicional (embora existam temperamentos a este princípio como a possibilidade de expedição de cartas de ordem pelos tribunais, a permissão para que o STF delegue atribuições para a prática de atos processuais referentes à execução de seus julgados, a possi-bilidade de delegação da competência do Tribunal Pleno para o órgão especial do mesmo Tribunal, dentre outras)

Inevitabilidade Denota a ideia de que a jurisdição é imposta ao jurisdicionado independentemente de sua aceitação

Inafastabilidade Expressamente consagrada no art. 5º, inciso XXXV, CF, assegura que a lei não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito.

• Sistemas de jurisdição:

Sistema uno ou anglo-saxão

Sistema francês ou dualista

Todos os litígios, de origem administrativa ou privada, são resolvidos pelo Poder Judiciário, a quem cabe o julgamento em caráter definitivo.

Os litígios administrativos são resolvidos, definitivamente, por um Tribunal Administrativo, ao passo que as lides privadas são resolvidas, definitivamente, pelo Poder Judiciário.

Este sistema teve origem na Inglaterra, como uma forma de rea-ção do povo contra os privilégios e desmandos da Corte Inglesa, que tinha poderes de administrar e julgar.

Fruto de uma interpretação diferenciada da teoria de Montes-quieu, a França adotou uma divisão total dos poderes, em que não havia monopólio da função jurisdicional pelo Poder Judiciá-rio. Isso decorre de uma histórica desconfiança da burguesia em relação ao Poder Judiciário, exercido pela nobreza.

Limites: o Poder Judiciário só pode apreciar a legalidade e a legitimidade dos atos administrativos.

2. AÇÃO• Pode ser estudada sob três enfoques distintos:

1) A ação como sinônimo de direito em movimento/exercício: cuida-se de situação em que a ação se confunde com o próprio direito material violado;

2) A ação como direito autônomo em relação ao direito material: trata-se do direito de provocar a jurisdição.

3) A ação como exercício de direito abstrato de agir.

• A identificação da ação se opera pelo exame de seus elementos, que são as partes; a causa de pedir e o pedido, o que é de fundamental importância para o reconhecimento da litispendência e da coisa julgada.

• O CPC brasileiro, adotando a teoria “eclética” do direito de ação, segundo a qual esta última corresponde ao direito a um julgamento de mérito da causa, estabelece alguns condicionamentos para o seu julgamento, deno-minadas “condições da ação”. Portanto, o julgamento de mérito da ação depende da observância das seguintes condições:

1) possibilidade jurídica do pedido: inexistência de objeção expressa no ordenamento jurídico ao pedido. Além isso, a simples ausência de previsão legal não é suficiente para a impossibilidade jurídica do pedido. A propósito, tem a jurisprudência permitido, à luz do julgamento da ADPF 132/RJ e da ADI 4.277/DF, pelo STF, pedido de conversão de união estável homoafetiva em casamento (STJ, REsp 1.183.378/RS, 4ª T., rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 25.9.2011, DJe 1.2.2012);

2) legitimidade ad causam: trata-se da pertinência subjetiva da ação, na feliz expressão de Alfredo Buzaid;

3) interesse de agir: a movimentação da máquina estatal deve decorrer da necessidade do provimento jurisdicional pleiteado e de sua utilidade.

Page 8: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

628 Maurício Cunha

• Em relação à legitimação ad causam, pode ser classificada em “ordinária” e “extraordinária” (art. 6º, CPC):

Ordinária Extraordinária/anômala/substituição processual

Legitimado ordinário é aquele que defende em juízo interesse próprio.

Extraordinário é o legitimado que defende em nome próprio interesse de outrem.

Há coincidência entre a parte que atua em juízo e o titular do direito material deduzido.

Não há coincidência entre a parte que atua em juízo e o titular do direito deduzido.

Regra. Depende de previsão legal.

• Não esquecer que a substituição processual difere da sucessão processual. Verifica-se a sucessão processual na hipótese de um sujeito, sucedendo outro no processo, assumir sua posição processual, enquanto a substituição processual autoriza que um sujeito atue no processo defendendo interesse de outrem.

Substituição processual x sucessão processual

Substituição Sucessão

Não há troca de sujeitos; um sujeito está legitimado a defender interesse de outrem.

Há troca de sujeitos no processo; mudança subjetiva da relação processual.

Somente em decorrência de autorização legal expressa (art. 6º, CPC).

Pode se dar em razão de morte, incorporação de uma pessoa jurídica por outra ou fusão de pessoas jurídicas.

Pode, também, decorrer de ato voluntário, nos casos de nomeação à autoria (arts. 62/63, CPC) ou de alienação da coisa litigiosa (art. 42, CPC).

Decorre exclusivamente da lei. Pode ser:

a) Voluntária: as próprias partes convencionam a substituição dos sujeitos integrantes da relação processual.

Ex. 1: nomeação à autoria, quando o nomeado assume o lugar do nomeante.

Ex. 2: alienação da coisa litigiosa, quando a parte contrária consente com a substituição do alienante pelo adquirente.

b) Legal: decorre da lei, como quando se verifica o faleci-mento de uma das partes do processo.

• A verificação das condições da ação se dá em conformidade com a “teoria da asserção”, ou in status assertionis, segundo a qual o juiz realiza um juízo acerca das condições da ação com base, apenas e tão-somente, nas alega-ções de autor e réu, sem dilação probatória.

• Desistência da ação:

Desistência Renúncia

É ato de disposição direito processual. É ato de disposição de direito material.

Uma vez exercido o direito, o processo se extingue sem reso-lução de mérito.

Uma vez exercido, o processo se extingue com resolução de mérito.

A sentença é terminativa. A sentença é definitiva.

Faz coisa julgada apenas formal. Fica acobertada pela coisa julgada formal e material.

Atenção: consoante a regra do art. 267, § 4º, CPC, a desistência da ação depois de decorrido o prazo de defesa depende da anuência do réu.

3 PARTES E PROCURADORES

3.1 CAPACIDADE PROCESSUAL• Existem 3 (três) espécies de capacidade:

Page 9: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

Direito Processual Civil 629

Capacidade de ser parte

Capacidade processual

Capacidade postulatória

Capacidade para ser sujeito de direitos e obrigações (personalidade jurídica).

Aptidão para o exercício de faculdades e ônus processuais independente-mente de representação.

Capacidade para peticionar em juízo, atribuída, em regra, aos advogados e membros do MP.

3.2 DEVERES DAS PARTES E DOS PROCURADORES

Ato atentório à dignidade da justiça

Ato atentório ao exercício da jurisdição

Litigância de má-fé

Praticado pelo executado na execução. Violação dos deveres das partes. Praticado pelas partes.

O executado:

Frauda a execução;

Se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;

Intimado, o execução não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais e onde se encontram os bens sujeitos à penhora.

A parte:

Cria embaraços à efetivação de provi-mentos judiciais de natureza antecipa-tória ou final;

Não cumpre com exatidão os provi-mentos mandamentais.

A parte:

Interpõe recurso com intuito mera-mente protelatório;

Altera a verdade dos fatos;

Procede de modo temerário;

Resiste injustificadamente ao anda-mento do processo;

Usa do processo para conseguir obje-tivo ilegal;

Deduz pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontro-verso.

Multa de até 20% (vinte por cent0) do valor atualizado em execução, sem prejuízo das sanções penais, civis e processuais cabíveis.

Multa de até 20% (vinte por cento) do valor atualizado em execução, sem prejuízo das sanções penais, civis e processuais cabíveis.

Multa de até 1% (um por cento) sobre o valor da causa;

Indenização de até 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa ou liqui-dado em arbitramento.

A multa reverterá em proveito do cre-dor.

A multa destina-se ao Estado. A multa e a indenização destinam-se à parte contrária.

3.3 DESPESAS E DAS MULTAS:

• A parte gozará do benefício da assistência judiciária mediante simples declaração de que não tem condições de custear as despesas do processo sem prejuízo de seu sustento e de sua família.

• Atenção: “Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais” (Súmula 481, STJ).

3.4 SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES

• O art. 42, CPC, disciplina a alienação ou cessão de direito litigioso, fato que, por si só, não é altera a legitimidade das partes. O adquirente ou cessionário, todavia, poderá ingressar no feito, sucedendo o alienante/cedente, desde que a parte contrária concorde. No entanto, manifestando-se contrariamente, o adquirente pode intervir no processo na qualidade de assistente litisconsorcial. Em síntese, podem ser divisadas 3 (três) situações distin-tas, com consequências igualmente diferenciadas:

Concordância parte contrária Discordância parte contrária Assistência litisconsorcial

O adquirente/cessionário ingressa no processo, substituindo o alienante/cedente.

O adquirente/cessionário não ingressa no processo, mas o alienante/cedente passa a agir em nome próprio na defesa de interesse alheio.

Uma vez negado o ingresso no processo, poderá o adquirente/cessionário intervir no feito na qualidade de assistente litis-consorcial.

Sucessão processual. Substituição processual. Intervenção de terceiros superveniente.

• Verificando a morte de qualquer das partes, o juiz deverá suspender o processo, salvo quando iniciada a audiên-cia de instrução e julgamento. Assim, duas situações podem ser verificadas:

Page 10: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

630 Maurício Cunha

Morte da parte antes do início audiência Morte da parte no curso da audiência

Suspende-se o processo, a fim de que seja regularizada a repre-sentação processual.

O advogado continuará no processo até a publicação da sen-tença ou do acórdão, quando o processo será suspenso.

Obs.: nesta hipótese, o advogado atua como substituto pro-cessual.

4. LITISCONSÓRCIO• Quanto ao momento de formação, o litisconsórcio pode ser:

Inicial Ulterior

É aquele formado no

limiar do processo (art.

263, CPC).

É aquele formado no decorrer do processo, sendo excepcional e cabível em três hipóteses:

1. Em razão de intervenção de terceiros;

2. Pela sucessão processual (art. 43, CPC) ou

3. Pela conexão (arts. 103/105, CPC);

Quanto a posição ocupada pelos litisconsortes

Litisconsórcio ativo Litisconsórcio passivo Litisconsórcio misto

Formado no polo ativo do processo. Formado no polo passivo do processo. Pluralidade de partes em ambos os polos da relação jurídica processual

• Quanto ao regime jurídico aplicável aos litisconsortes:

Litisconsórcio unitário Litisconsórcio simples

Aquele em que a decisão de mérito deve ser proferida de modo uniforme, sendo inadmissíveis julgamentos diversos para cada litisconsorte.

Aquele em que a decisão judicial pode ser diferente para os litisconsortes. Aliás, basta que haja a possibilidade de que a decisão seja diferente para tornar o litisconsórcio simples

• Quanto à obrigatoriedade:

Litisconsórcio facultativo Litisconsórcio necessário

É aquele em que a sua formação fica na dependência da von-tade dos litigantes.

O litisconsórcio unitário revela hipóteses de legitimação ad causam conjunta ou complexa, vale dizer, é indispensável a integração no polo passivo de todos os sujeitos envolvidos na lide. O art. 47, CPC, trata das hipóteses em que o litisconsórcio será necessário, a saber:

a) em razão da própria relação jurídica deduzida em juízo;

b) por expressa disposição legal, independentemente da natureza jurídica da relação deduzida em juízo. O entendi-mento majoritário é no sentido de que inexiste hipótese de litisconsórcio unitário ativo.

• O litisconsórcio necessário pode ser:

Unitário Simples Facultativo

O litisconsórcio será necessário unitário quando, pela natureza da relação jurí-dica, o juiz houver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes.

O litisconsórcio será necessário simples quando houver disposição de lei nesse sentido.

Medida excepcional, como quando con-dôminos promovem ação reivindicató-ria em face de terceiro, pois cada condô-mino pode promover a respectiva ação.

• Litisconsórcio multitudinário: trata-se de litisconsórcio em que há a intervenção de número indeterminado de pessoas, ou seja, de multidão, o qual pode ser recusado pelo magistrado, visando garantir maior celeri-dade ao processo, a teor da previsão expressa do art. 46, parágrafo único, CPC.

• Regime de tratamento dos litisconsórcios:

Ø No litisconsórcio unitário, os litisconsortes são tratados como se fossem um único litigante, de modo que o tratamento deve ser uniforme, ao passo que, no litisconsórcio simples, são tratados como partes distintas. Importante, nesse contexto, distinguir conduta determinante de conduta alternativa.

Page 11: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

Direito Processual Civil 631

Conduta alternativa Conduta determinante

A parte pratica determinado ato que melhora a sua situação processual (como recorre, contesta, faz prova etc.).

O comportamento da parte que implica em uma situação desfavorável (como a confissão, a revelia, o reconhecimento jurídico do pedido etc.).

Ø A relação entre os litisconsortes se estrutura com base em 3 (três) regras:

1) A conduta determinante de um litisconsorte não prejudica o outro. Atenção: no litisconsórcio simples a conduta determinante de um litisconsórcio só a ele prejudica; no litisconsórcio unitário a conduta determinante prati-cada por um é ineficaz para todos.

2) No litisconsórcio unitário a conduta alternativa de um beneficia o outro.

3) No litisconsórcio simples a conduta alternativa de um não beneficia o outro.Ø As referidas conclusões são excepcionadas nas seguintes hipóteses:

1) nos termos do art. 320, inciso I, CPC, a contestação apresentada por um litisconsorte afasta as consequências da revelia do outro litisconsorte. Mas no litisconsorte simples a contestação somente aproveitará o outro litiscon-sorte se enfrentar fato comum a ambos os litisconsortes;

2) tratando-se de litisconsórcio unitário, a conduta alternativa de um litisconsorte estende os seus efeitos aos demais, podendo-se citar como exemplo a regra do art. 509, CPC.

• Litisconsórcio por comunhão, por conexão e por afinidade:

Litisconsórcio por comunhão Litisconsórcio por conexão Litisconsórcio por afinidade

Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando entre elas houver comunhão de direitos ou obrigações relativamente à lide.

Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou pas-sivamente, quando os direitos ou obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito ou entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir.

Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.

Ex.: litisconsórcio entre credores soli-dários.

Ex.: litisconsórcio do MP com incapaz em ação de alimentos.

Ex.: litisconsórcio entre poupadores com determinado Banco.

5. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Noções gerais

Definição A intervenção de terceiros é um incidente processual por meio do qual um terceiro, expressamente autori-zado por lei, ingressa em processo pendente e assume a condição de parte.

FundamentoA intervenção de terceiros tem sua razão de ser no fato de que pode haver um vínculo entre o terceiro, o objeto litigioso do processo e a relação jurídica material deduzida em juízo. Assim, a intervenção de terceiros depende da efetiva demonstração do interesse jurídico do terceiro interveniente.

Partes e terceiro

Parte é o sujeito que participa da relação processual, influenciando no resultado do julgamento da lide. Terceiro é conceito que se obtém por exclusão, vale dizer, terceiro é todo aquele que não é parte.

Efeitos na relação jurídica

processual

A intervenção de terceiros pode gerar um aumento do objeto litigioso (efeito objetivo), a modificação das par-tes da relação jurídica processual, como ocorre, por exemplo, na nomeação à autoria, ou aumento no número de sujeitos, o que se verifica nas demais modalidades interventivas (efeito subjetivo).

Controle do magistrado

O ingresso de terceiro em processo pendente depende da demonstração do interesse jurídico do terceiro, cabendo ao magistrado fiscalizar a presença, ou não, do referido pressuposto.

Momento Regra geral, as intervenções de terceiros são admitidas até o saneamento do feito, que marca a estabilização da demanda. No entanto, a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e as intervenções especiais dos entes públicos podem se efetivar em segundo grau de jurisdição.

Vedações

Não se admite intervenção de terceiros:

a) Juizados Especiais (por força do art. 10, Lei 9.099/95);

b) ADI e ADC (arts. 7º e 18, Lei 9.868/99).

Intervenção de terceiros no procedimento

sumário

Somente é admissível a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro (art. 280, CPC).

Page 12: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

Direito Processual Civil 669

� SÚMULAS APLICÁVEIS

1. AÇÃO• Súmula 242 STJ. Cabe ação declaratória para reco-

nhecimento de tempo de serviço para fins previ-denciários.

• Súmula 181 STJ. É admissível Ação Declaratória, visando a obter certeza quanto à exata interpreta-ção de cláusula contratual.

2. PARTES E PROCURADORES

2.1 CAPACIDADE PROCESSUAL• Súmula 644 STF. Ao titular de cargo de procurador

de autarquia não se exige a apresentação de instru-mento de mandato para representá-la em juízo.

• Súmula 196 STJ. Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos.

2.2 DESPESAS E DAS MULTAS• Súmula 256 STF. É dispensável pedido expresso

para condenação do réu em honorários, com fun-damento nos arts. 63 ou 64 do Código de Processo Civil.

• Súmula 481 STJ. Faz jus ao benefício da justiça gra-tuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.

• Súmula 453 STJ. Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em jul-gado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria.

• Súmula 421 STJ.   Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.

3. MINISTÉRIO PÚBLICO• Súmula 470 STJ. O Ministério Público não tem

legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado.

4 COMPETÊNCIA• Súmula vinculante 27. Compete à justiça estadual

julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço público de telefonia, quando a Anatel não seja litisconsorte passiva necessária, assistente, nem opoente.

• Súmula vinculante 22. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em

primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.

• Súmula 556 STF. É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista.

• Súmula 517 STF. As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal, quando a união inter-vém como assistente ou opoente.

• Súmula 508 STF. Compete a justiça estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas em que for parte o Banco do Brasil S.A.

• Súmula 501 STF. Compete a justiça ordinária esta-dual o processo e o julgamento, em ambas as ins-tâncias, das causas de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a união, suas autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista.

• Súmula 343 STF.   Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.

• Súmula 489 STJ. Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as ações civis públicas propostas nesta e na Justiça estadual.

• Súmula 480 STJ. O juízo da recuperação judicial não é competente para decidir sobre a constrição de bens não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa.

• Súmula 428 STJ. Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.

• Súmula 383 STJ. A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda.

• Súmula 381 STJ. Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusivi-dade das cláusulas.

• Súmula 368 STJ. Compete à Justiça comum esta-dual processar e julgar os pedidos de retificação de dados cadastrais da Justiça Eleitoral.

• Súmula 367 STJ. A competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança os processos já senten-ciados.

• Súmula 363 STJ. Compete à Justiça estadual pro-cessar e julgar a ação de cobrança ajuizada por pro-fissional liberal contra cliente.

• Súmula 356 STJ. É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa.

• Súmula 270 STJ.   O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal em execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a com-petência para a Justiça Federal.

Page 13: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

670 Maurício Cunha

• Súmula 254 STJ. A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente federal não pode ser reexaminada no Juízo Estadual.

• Súmula 235 STJ. A conexão não determina a reu-nião dos processos, se um deles já foi julgado.

• Súmula 224 STJ.  Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito.

• Súmula 206 STJ. A existência de vara privativa, ins-tituída por lei estadual, não altera a competência territorial resultante das leis de processo.

• Súmula 161 STJ. É da competência da Justiça Esta-dual autorizar o levantamento dos valores relativos ao PIS/PASEP e FGTS, em decorrência do faleci-mento do titular da conta.

• Súmula 150 STJ.  Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifi-que a presença, no processo, da União, suas autar-quias ou empresas públicas.

• Súmula 62 STJ. Compete à Justiça Federal proces-sar e julgar ação de desapropriação promovida por concessionária de energia elétrica, se a União inter-vém como assistente.

• Súmula 33 STJ.  A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.

• Súmula 15 STJ. Compete à Justiça Estadual proces-sar e julgar os litígios decorrentes de acidente de trabalho.

• Súmula 11 STJ. A presença da União ou de qual-quer de seus entes, na ação de usucapião especial, não afasta a competência do foro da situação do imóvel.

• Súmula 1 STJ. O foro do domicílio ou da residên-cia do alimentando é o competente para a ação de investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos.

5 ATOS PROCESSUAIS

5.1 PRAZOS• Súmula 310 STF. Quando a intimação tiver lugar na

sexta-feira, ou a publicação com efeito de intima-ção for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expe-diente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.

5.2 CITAÇÃO• Súmula 429 STJ. A citação postal, quando autori-

zada por lei, exige o aviso de recebimento.

6 FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO• Súmula 452 STJ. A extinção das ações de pequeno

valor é faculdade da Administração Federal, vedada a atuação judicial de ofício.

• Súmula 240 STJ. A extinção do processo, por aban-dono da causa pelo autor, depende de requeri-mento do réu.

• Súmula 106 STJ. Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por moti-vos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou deca-dência.

7. PROCESSO E PROCEDIMENTO

7.1 PROCEDIMENTO SUMÁRIO• Súmula 239 STJ. O direito à adjudicação compulsó-

ria não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de registro de imó-veis.

7.2 PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO• Súmula 640 STF. É cabível recurso extraordinário

contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de jui-zado especial cível e criminal.

• Súmula 175 STF. Admite-se a retomada de imóvel alugado para uso de filho que vai contrair matrimô-nio.

• Súmula 376 STJ. Compete a turma recursal proces-sar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.

• Súmula 203 STJ. Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais.

8. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

8.1 TUTELA ANTECIPADA• Súmula 262 STF. Não cabe medida possessória

liminar para liberação alfandegária de automó-vel.

8.2 RESPOSTA DO RÉU• Súmula 258 STF. É admissível reconvenção em

ação declaratória.

• Súmula 292 STJ. A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em ordinário.

8.3 PROVAS• Súmula 390 STF. A exibição judicial de livros

comerciais pode ser requerida como medida pre-ventiva.

• Súmula 261 STF. Para a ação de indenização, em caso de avaria, é dispensável que a vistoria se faça judicialmente.

• Súmula 260 STF. O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado as transações entre os litigantes.

Page 14: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

Direito Processual Civil 675

• Súmula 84 STJ. É admissível a oposição de embar-gos de terceiro fundados em alegação de posse advinda de compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.

11.6 AÇÃO MONITÓRIA

• Súmula 338 STJ. É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.

• Súmula 299 STJ. É admissível a ação monitória fun-dada em cheque prescrito.

• Súmula 292 STJ. A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em ordinário.

• Súmula 282 STJ. Cabe a citação por edital em ação monitória.

• Súmula 247 STJ. O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstra-tivo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento de ação monitória.

12 PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NA LEGISLA-ÇÃO EXTRAVANTE

12.1 MANDADO DE SEGURANÇA

• Súmula 636 STF. A suspensão da liminar em man-dado de segurança, salvo determinação em contrá-rio da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manu-tenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou par-cialmente, com o da impetração.

• Súmula 632 STF. É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de man-dado de segurança.

• Súmula 630 STF. A entidade de classe tem legitima-ção para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

• Súmula 430 STF. Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o man-dado de segurança.

• Súmula 271 STF. Concessão de mandado de segu-rança não produz efeitos patrimoniais, em relação a período pretérito, os quais devem ser reclama-dos administrativamente ou pela via judicial pró-pria.

• Súmula 269 STF. O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.

• Súmula 267 STF. Não cabe mandado de segu-rança contra ato judicial passível de recurso ou correição.

• Súmula 266 STF. Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.

• Súmula 101 STF. O mandado de segurança não substitui a ação popular.

• Súmula 376 STJ. Compete a turma recursal proces-sar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.

• Súmula 333 STJ. Cabe mandado de segurança con-tra ato praticado em licitação promovida por socie-dade de economia mista ou empresa pública.

• Súmula 169 STJ. São inadmissíveis embargos infringentes no processo de mandado de segu-rança.

12.2 AÇÕES COLETIVAS• Súmula 489 STJ. A dispensa de reexame necessário,

quando o valor da condenação ou do direito con-trovertido for inferior a 60 salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.

12.3 AÇÃO POPULAR• Súmula 365 STF. Pessoa jurídica não tem legitimi-

dade para propor ação popular.

12.4 AÇÕES E OUTROS PROCEDIMENTOS CONSTITUCIONAIS• Súmula vinculante 10. Viola a cláusula de reserva

de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracio-nário de Tribunal que, embora não declare expres-samente a inconstitucionalidade de lei ou ato nor-mativo do poder público, afasta sua incidência, no todo em parte.

• Súmula 368, STF. Não há embargos infringentes no processo de reclamação.

� INFORMATIVOS APLICÁVEIS

1. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA

1.1. PARTES E PROCURADORES

Representação processual e cópia não autenticada – 4

Em conclusão de julgamento, a 1ª Turma, por maioria, conheceu de agravo regimental interposto de decisão do Min. Menezes Direito que, em agravo de instrumento do qual então relator, entendera intempestivo recurso extraordinário não admitido pelo tribunal “a quo” por motivo diverso. No regimental, o Rela-tor asseverara que a petição estaria subscrita por advogada que não possuiria instrumento de mandato válido para representar a agravante, haja vista que o substabelecimento – que conferi-ria poderes à subscritora do presente agravo –, embora original, estaria assinado por advogada que, também, não possuiria pro-curação válida nos autos, uma vez que o substabelecimento, juntado na interposição deste agravo regimental, seria mera cópia reprográfica sem a necessária autenticação. Aduziu-se que a subscritora do agravo estaria devidamente credenciada pela parte agravante. Afastou-se a exigência de autenticação de peças trasladadas em cópia quando apresentadas pelo advogado. AI 741616 AgR/RJ, red. p/ ac. Min. Marco Aurélio, 19.3.2013. 1ª T. (Info 699, STF)

Page 15: Direito Processual Civil 309 Direito Processual Civil · Direito Processual Civil 309 ... II.O princípio processual do duplo grau de jurisdi-ção não é previsto expressamente

676 Maurício Cunha

Irregularidade na representação processual de enti-dade submetida a regime de liquidação extrajudicial pela Susep.

Não devem ser conhecidos os embargos de divergência interpostos por entidades submetidas a regime de liquida-ção extrajudicial pela Superintendência de Seguros Privados - Susep na hipótese em que a petição tenha sido subscrita por advogado cujo substabelecimento, apesar de conferido com reserva de poderes, não tenha sido previamente auto-rizado pelo liquidante. Efetivamente, conforme a Portaria 4.072/2011 da SUSEP, os poderes outorgados pelo liquidante aos advogados da massa somente podem ser substabeleci-dos com autorização daquele. Cumpre ressaltar, ainda, que a irregularidade na representação processual enseja o não conhecimento do recurso, descabendo sanar o referido defeito após a sua interposição. Mutatis mutandis, incide no caso a orientação da Súmula 115 do STJ, de acordo com a qual “na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos”. Ademais, registre--se, por oportuno, que a jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que as disposições dos arts. 13 e 37 do CPC não se aplicam na instância superior, de modo que é incabí-vel a conversão do julgamento em diligência ou a abertura de prazo para a regularização do recurso. AgRg nos EREsp 1.262.401-BA, Rel. Min. Humberto Martins, j. 25.4.2013. Corte Especial. (Info 521, STJ)

Análise dos efeitos de irregularidade processual à luz do princípio do máximo aproveitamento dos atos processuais.

O fato de um recurso ter sido submetido a julgamento sem anterior inclusão em pauta não implica, por si só, qualquer nulidade quando, para aquele recurso, inexistir norma que possibilite a realização de sustentação oral. Isso porque, apesar da ocorrência de irregularidade processual (inobservância do art. 552 do CPC), deve ser considerada a regra segundo a qual o ato não se repetirá, nem se lhe suprirá a falta, quando não prejudicar a parte (art. 249, § 1º, do CPC), em consonância com o princípio do máximo aproveitamento dos atos processuais. REsp 1.183.774-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 18.6.2013. 3ª T. (Info 526, STJ)

AgRg no RE 591.123-RS. Rel. Min. Luiz Fux

Agravo regimental no recurso extraordinário. Provimento do recurso. Fixação de honorários de advogado, com inver-são do ônus da sucumbência. 1. A Fazenda Pública, quando vencida, não impede a aplicação do disposto no art. 20, § 4º, combinado o § 3º, alíneas “a”, “b” e “c”, do CPC, fixando-se os ônus da sucumbência com base no valor da causa. 2.  ”In casu”, o Tribunal de origem condenou o contribuinte a pagar verba honorária no percentual de 10% sobre o valor da causa e, provido o recurso extraordinário, a Fazenda Pública restou vencida, sendo invertidos o ônus da sucumbência, o que está em consonância com a jurisprudência assente nesta Corte. 3.  Agravo regimental a que se nega provimento. (Info 698, STF)

AgRg no AI 601.428-RJ. Rel. Min. Teori Zavascki

Agravo regimental no agravo de instrumento. Processual civil. Concessão de assistência judiciária a pessoa jurídica. Compro-vação de hipossuficiência. Análise. Reexame fático-probatório. Impossibilidade. Súmula 279/STF. Agravo regimental a que se nega provimento. (Info 695, STF)

Extensão da gratuidade de justiça aos atos praticados por notários e registradores.

A gratuidade de justiça obsta a cobrança de emolumentos pelos atos de notários e registradores indispensáveis ao cum-

primento de decisão proferida no processo judicial em que fora concedido o referido benefício. Essa orientação é a que melhor se ajusta ao conjunto de princípios e normas constitucionais voltados a garantir ao cidadão a possibilidade de requerer aos poderes públicos, além do reconhecimento, a indispensável efetividade dos seus direitos (art. 5º, XXXIV, XXXV, LXXIV, LXXVI e LXXVII, da CF). Com efeito, a abstrata declaração judicial do direito nada valerá sem a viabilização de seu cumprimento. AgRg no RMS 24.557-MT, Rel. Min. Castro Meira, j. 7.2.2013. 2ª T. (Info 517, STJ)

2. LITISCONSÓRCIO

Não configuração de litisconsórcio passivo necessário no caso de ação em que se objetive a restituição de parcelas pagas a plano de previdência privada.

Na ação em que se objetive a restituição de parcelas pagas a plano de previdência privada, não há litisconsórcio passivo necessário entre a entidade administradora e os participantes, beneficiários ou patrocinadores do plano. Com efeito, no caso em que existam diversos titulares de direitos que derivem do mesmo título ou do mesmo fato jurídico e que estejam em jogo direitos patrimoniais, cabendo a cada titular uma parcela do todo divisível, será, em regra, eficaz o provimento concedido a algum deles, mesmo sem a presença dos demais. Isso porque a própria lei confere caráter de excepcionalidade ao litisconsór-cio necessário, impondo-o apenas nas hipóteses previstas em lei ou pela natureza da relação jurídica (art. 47 do CPC). Sendo assim, como não se trata de hipótese em que o litisconsórcio necessário seja imposto por lei, tampouco se cuida de uma única relação jurídica indivisível, não há como falar, nesses casos, na configuração de litisconsórcio passivo necessário. REsp 1.104.377-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 18.4.2013. 4ª T. (Info 522, STJ)

Preservação de litisconsórcio passivo inicialmente estabe-lecido entre segurado e seguradora em ação decorrente de acidente de trânsito ajuizada contra ambos.

No caso de ação indenizatória decorrente de acidente de trân-sito que tenha sido ajuizada tanto em desfavor do segurado apontado como causador do dano quanto em face da segu-radora obrigada por contrato de seguro de responsabilidade civil facultativo, é possível a preservação do litisconsórcio passivo, inicialmente estabelecido, na hipótese em que o réu segurado realmente fosse denunciar a lide à seguradora, desde que os réus não tragam aos autos fatos que demons-trem a inexistência ou invalidade do contrato de seguro. A preservação do aludido litisconsórcio passivo é viável, na medida em que nenhum prejuízo haveria para a seguradora pelo fato de ter sido convocada a juízo a requerimento do terceiro autor da ação – tendo em vista o fato de que o réu segurado iria mesmo denunciar a lide à seguradora. Deve-se considerar que, tanto na hipótese de litisconsórcio formado pela indicação do terceiro prejudicado, quanto no caso de litisconsórcio formado pela denunciação da lide à seguradora pelo segurado, a seguradora haverá de se defender em litis-consórcio passivo com o réu, respondendo solidariamente com este pela reparação do dano decorrente do acidente até os limites dos valores segurados contratados, em considera-ção ao entendimento firmado no REsp 925.130-SP, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, no sentido de que, “Em ação de reparação de danos movida em face do segurado, a Segura-dora denunciada pode ser condenada direta e solidariamente junto com este a pagar a indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice”. REsp 710.463-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, j. 9.4.2013. 4ª T. (Info 518, STJ)