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    Perguntas e Respostas da Nova Ação Executiva

    I

    PERGUNTAS E RESPOSTASSOBRE A NOVA AÇÃOEXECUTIVA Código de Processo Civil(Lei n.º 41/2013, de 26 de junho)

    Documento resultante dos colóquios “ A Nova Ação Executiva” realizados pela

    Câmara dos Solicitadores, em Lisboa, Coimbra e Porto.

    2013 

    Departamento de formaçãoCâmara dos Solicitadores

    01-01-2013

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    Perguntas e Respostas da Nova Ação Executiva

    II

    Autor: Câmara dos Solicitadores - departamento de formação

    Titulo: “Perguntas e Respostas sobre a Nova Ação Executiva” 

    Elaborado por:Maria Helena Bruto da Costa

    Reconhecimentos:Armando A. Oliveira

    Cláudia BolotoJacinto NetoJoão Correia

    José Maria CariaLuís Carvalho

    Nuno Lemos JorgeRui Pinto

    Rui SimãoSusana Rocha

    Virgínio da Costa Ribeiro

    Setembro. 2013

    Câmara dos SolicitadoresRua Artilharia 1, nº. 63

    1250-038 Lisboa-PortugalTel. 213 894 200 / Fax. 213 534 8703http://solicitador.net/formacao/ 

    http://solicitador.net/formacao/http://solicitador.net/formacao/http://solicitador.net/formacao/

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    Perguntas e Respostas da Nova Ação Executiva

    III

    ÍNDICE 

    I.  Introdução .............................................................................................................................. 7

    II.  Enquadramento .................................................................................................................... 12

    1. Nova repartição de competências entre agente de execução, juiz e secretaria. .............. 12

    2. Exemplos de execuções e formas de processo comum .................................................... 14

    3. Exemplos de formas de processo de execução (visão simplificada): ................................ 15

    4. Formas de processo em função do título executivo – (princípio geral) ............................ 15

    III.  Aplicação da Lei no tempo e afins: ................................................................................... 17

    1. A que processos executivos se aplica a Lei n.º 41/2013, de 26 de junho?........................ 17

    2. Em que momento se considera apresentado o requerimento executivo? ....................... 18

    3. Pode o agente de execução proceder ao registo de penhora de bens imóveis emexecuções instauradas antes de 15 de Setembro de 2003? ..................................................... 21

    4. Supondo que se encontra agendada para o dia 3 de setembro diligência de venda comodeverá o agente de execução proceder? .................................................................................. 21

    5. Com a entrada em vigor do NCPChá alteração no que se refere aos prazos? ...................... 22

    6. Quais as disposições reguladoras subsidiariamente aplicáveis ao processo de execução?  23

    7. Pode o exequente livremente escolher entre o oficial de justiça e o agente de execução?

      238. A nova lei atribui mais poderes ao agente de execução? Em concreto na fase da venda oagente de execução fica com mais poderes? ........................................................................... 24

    9. O novo Código introduz alterações no modo como se procede à citação? ...................... 25

    10. Quais as atuais competências do agente de execução? ............................................... 28

    11. De que forma vai passar o agente de execução a ser substituído ou destituído? ........ 28

    12. Que diploma se aplica aos excertos de natureza declarativa apresentados antes de 1de setembro de 2013? .............................................................................................................. 29

    IV.  Título executivo e Formas de processo............................................................................. 31

    13. Qual a forma do processo de execução para pagamento de quantia certa quando aobrigação esteja dependente de condição suspensiva ou de uma prestação por parte docredor ou de terceiro? .............................................................................................................. 31

    14. Qual a forma do processo de execução para pagamento de quantia certa quando aobrigação exequenda careça de ser liquidada na fase executiva e a liquidação não dependa desimples cálculo aritmético? ...................................................................................................... 31

    15. No processo de execução com a forma de processo comum ordinário, a quem cabe sefor caso disso, a recusa do requerimento executivo? E se o processo seguisse a formasumária? ................................................................................................................................... 31

    16. No processo de execução com a forma de processo comum ordinário, quando deve oagente de execução proceder à citação? ................................................................................. 34

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    Perguntas e Respostas da Nova Ação Executiva

    IV

    17. Quantas formas de processo de execução existem? ..................................................... 34

    18. Admita que A intentou uma ação executiva para pagamento de quantia certa contra Bfundada em requerimento de injunção ao qual foi aposta fórmula executória no tribunal de 1ªinstância. Qual a forma de processo que essa mesma ação seguirá? ....................................... 35

    19. Em que casos é que uma sentença não pode ser executada no próprio processo?...... 35

    20. Por regra, quais as execuções que seguem a forma de processo ordinário? ................ 35

    21. Quando o título executivo não é uma sentença e o título é apenas contra um doscônjuges e o exequente alegue a comunicabilidade da dívida no requerimento executivo, quala forma do processo de execução para pagamento de quantia certa? .................................... 36

    22. Qual a forma do processo de execução para pagamento de quantia certa quando aexecução é movida apenas contra o devedor subsidiário que não haja renunciado ao benefícioda excussão prévia? .................................................................................................................. 37

    23. Quando o título executivo é um título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida,garantida por hipoteca ou penhor ou um título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida

    cujo valor não exceda 10000€ aplica-se a forma de processo comum de execução sumário ouordinário? ................................................................................................................................. 37

    24. Quando o título executivo é uma sentença qual a forma de processo aplicável? Podeseguir a forma de processo ordinário? ..................................................................................... 38

    25. A ata de condomínio continua a ser título executivo? .................................................. 38

    26. Como conjuga o artigo 709º, n.º 1, al. d) com o artigo 710º? ....................................... 39

    27. Havendo vários credores litisconsortes, podem eles cumular as execuções num únicoprocesso, ainda que fundadas em títulos diferentes? .............................................................. 39

    28. Diga qual a forma de processo de execução fundada em título de formação judicial

    diferente de sentença. .............................................................................................................. 40V.  Penhora................................................................................................................................. 41

    29. Relativamente à ordem pela qual se realiza a penhora, que diferenças existem emrelação ao anterior CPC? ........................................................................................................... 41

    30. Nos termos do disposto no artigo 738.º, n.º7, aparentemente, é acolhida pela lei – aimpenhorabilidade simultânea do vencimento e do saldo bancário à ordem. Ora, constatando-se a penhora do vencimento e do saldo bancário à ordem, a quem compete decidir qual dasimpenhorabilidades deve subsistir (se a do vencimento, se a do saldo bancário à ordem) é dacompetência do AE? É da competência do executado ou do exequente? ................................ 41

    31. No âmbito de uma execução para pagamento de quantia certa no valor de 11000€, o

    agente de execução penhorou em Janeiro 2013 um crédito no valor de 1000€. Até aomomento não é conhecido mais património suscetível de penhora. O que acontece àexecução? ................................................................................................................................. 42

    32. Com o novo Código há alguma alteração no que concerne à penhora de rendimentos?  42

    33. E no que se refere à penhora de depósitos bancários, há alguma alteração? .............. 43

    34. Caso o executado não esteja presente no ato de realização da penhora e, assim, nãopossa ser notificado no próprio ato, qual o prazo de que o agente de execução dispõe para onotificar? ................................................................................................................................... 44

    35. Quais as disposições aplicáveis para a penhora de bens móveis sujeitos a registo? ..... 4436. Como se promove a penhora de veículo automóvel? ................................................... 44

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    37. Como deve proceder o agente de execução após a penhora e a imobilização de veículoautomóvel? .............................................................................................................................. 45

    38. Como deve o agente de execução proceder no caso de penhora de rendas, abonos,vencimentos ou salários, findo o prazo de oposição, esta não tiver sido deduzida ou tiver sido

     julgada improcedente? ............................................................................................................. 45

    39. No processo de execução com a forma de processo comum ordinário, quando deve oagente de execução iniciar as diligências para a penhora? ...................................................... 45

    40. Pode o AE, nos casos em que deva tomar posse efetiva do imóvel, solicitardiretamente o auxílio das autoridades policiais? ..................................................................... 46

    41. Como se processa a aplicação do regime de impenhorabilidade no NCPC (artigo 738.º)?  47

    VI.  Citação e oposição à execução e à penhora por embargos do executado ....................... 50

    42. Em que casos é que o recebimento dos embargos do executado suspende a execução?  50

    43. Na nova lei como se processa o incidente de oposição à penhora? ............................. 50

    44. Ocorrendo a citação do cônjuge do executado nos termos da al a) do n.º 1 do artigo786º, isto é, quando a penhora tenha recaído sobre bens imóveis ou estabelecimentocomercial que o executado não possa alienar livremente ou quando forem penhorados benscomuns do casal em execução movida contra um só dos cônjuges, por não se conhecerembens próprios suficientes do executado, qual o prazo de que o cônjuge dispõe para deduziroposição à penhora? ................................................................................................................ 51

    45. Poderá a existência de um contra crédito sobre o exequente, com vista à obtenção dacompensação de créditos, ser um fundamento de oposição à execução baseada em sentença?  51

    46. Quais as consequências caso exequente e executado acordem num plano depagamento a prestações da dívida exequenda?....................................................................... 51

    47. E se se tratar de um acordo de pagamento global envolvendo os credores reclamantes,quais as consequências? ........................................................................................................... 52

    VII.  Venda ............................................................................................................................... 53

    48. Por regra como devem ser vendidos os bens penhorados? ......................................... 53

    49. Relativamente à decisão sobre a venda no que diz respeito à determinação damodalidade de venda, ao valor base dos bens e à eventual formação de lotes, continua emregra, a caber ao agente de execução essa decisão à luz da nova lei? ..................................... 53

    50. No anterior CPC, o agente de execução em determinadas situações, como por exemploquando os bens não pudessem ou não devessem conservar-se, podia realizar ou autorizar avenda antecipada dos mesmos. E no NCPC, o agente de execução mantém essascompetências? ......................................................................................................................... 53

    51. Aquando da abertura das propostas e para além dos proponentes, há mais alguém quepossa manifestar a vontade de adquirir os bens? .................................................................... 54

    52. Qual a modalidade de venda utilizada quando o bem em causa tenha um valor inferiora 4UC? 54

    VIII.  Extinção da Instância ........................................................................................................ 55

    53. Relativamente ao patrocínio judiciário obrigatório, houve alguma alteração no NCPC?  56

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    54. O que acontece à execução se o exequente não enviar para o tribunal, dentro dos 10dias subsequentes à distribuição, o original do título de crédito em que a execução se funda,quando o requerimento executivo tiver sido entregue via eletrónica? .................................... 57

    55. A quem compete fazer a qualificação jurídica do direito do terceiro detentor comopenhor ou direito de retenção? ................................................................................................ 58

    56. Com a nova lei a quem compete e como se extingue uma execução? ......................... 58

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    I. INTRODUÇÃO 

    O novo Código do Processo Civil (NCPC), introduzido pela Lei n.º 41/2013, publicadono dia 26 de junho, em Diário da República, entrou em vigor no dia 1 de setembro.

    O legislador português desenha agora um modelo de processo civil, com regras maissimples, valorizando fortemente a intervenção do juiz ao enunciar o princípio dodever de gestão processual1  e incentivando a aplicação do princípio da adequaçãoformal.2 

    Este novo princípio designado dever de “gestão processual”  encontra-seestabelecido no artigo 6.º do NCPC e procura acolher algumas das experiências doregime processual experimental.Pretende-se, pois, que o juiz tenha um papel mais ativo na condução dos processos,permitindo-lhe adequar a marcha do processo, com vista a resolução de formacélere e justa dos litígios que são submetidos à sua apreciação.De qualquer forma, o princípio em análise deverá ser aplicado com bom senso, nãopodendo colocar em causa o princípio do contraditório, corolário do princípio dadefesa com assento constitucional.

    Este modelo apresenta-se, portanto, mais flexível, desde logo, porque reduz váriosformalismos que não se justificavam, e concentra toda a atenção na identificação doproblema e na resolução das questões essenciais ligadas ao mérito da causa.Na verdade, é isto que interessa ao cidadão: ver resolvida com celeridade e justiça asua questão. E, este sim, é verdadeiramente o fim da justiça, alcançá-la!

    O facto é que, de cerca de 1528.º artigo, o atual CPC reduz significativamente onúmero para 1085.º. Suprimiu-se mais de 400 disposições legais.

    Muito ainda se discute se a renumeração operada será eficiente a breve trecho ou, sepelo contrário, continuará a trazer entraves ao andamento regular das ações.O tempo dirá de sua justiça!

    1 artigo 6.º Dever de gestão processual1 — Cumpre ao juiz, sem prejuízo do ónus de impulso especialmente imposto pela lei às partes, dirigir ativamente o processo eprovidenciar pelo seu andamento célere, promovendo oficiosamente as diligências necessárias ao normal prosseguimento daação, recusando o que for impertinente ou meramente dilatório e, ouvidas as partes, adotando mecanismos de simplificação eagilização processual que garantam a justa composição do litígio em prazo razoável.2 —  O juiz providencia oficiosamente pelo suprimento da falta de pressupostos processuais suscetíveis de sanação,determinando a realização dos atos necessários à regularização da instância ou, quando a sanação dependa de ato que deva serpraticado pelas partes, convidando estas a praticá-lo. 2 artigo 547.º Adequação formalO juiz deve adotar a tramitação processual adequada às especificidades da causa e adaptar o conteúdo e a forma dos atosprocessuais ao fim que visam atingir, assegurando um processo equitativo. 

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    Neste considerando, há quem questione se não teria sido desejável pensar-se naconstrução de um NCPC.

    Numa análise rápida às alterações apresentadas na Lei n.º 41/2013, fica-se com aideia de que tudo mudou.Mas como referiu o Prof.º Rui Pinto , no Colóquio de 19/7/2013 “A  Nova AçãoExecutiva”  realizado em Lisboa: “A renumeração de início cria uma ilusão e algunsreceios, parece que tudo mudou, mas não. Se formos à tabela de correspondência, há

    alterações, mas uma grande parte da paisagem (...) das normas é a mesma.”  

    De qualquer forma importa destacar as alterações e inovações trazidas pela nova leiprocessual, e que a seguir se exemplificam:

    1.  Suprime-se a força executiva do documento particular assinado pelo devedor- (artigo 703.º n. 1 al. c) do NCPC);Repare-se que a partir do dia 1 de setembro de 2013, o documento particularcom reconhecimento de assinatura, não obstante continuar a ser umdocumento particular, deixa de ter força executiva.Já os documentos autênticos ou autenticados continuam a ter forçaexecutiva.3 No Novo Código, o documento particular deixou de ser título executivoobrigando o credor a recorrer à ação declarativa ou ao procedimento de

    injunção para cobrança de dívidas.4 

    2.  O agente de execução só pode ser substituído pelo exequente desde queinvoque no requerimento o motivo do pedido de substituição; – artigo 720.ºn.º 4 do NCPC.A substituição do agente de execução pelo exequente fica agora dependenteda mera indicação, por este, do motivo que a determina. Porém,contrariamente aquilo que seria expectável a lei não determina que estasubstituição fique dependente da intervenção do juiz na apreciação do

    motivo invocado.

    3 artigo 363.º Código Civil:(Modalidades dos documentos escritos)“1 - Os documentos escritos podem ser autênticos ou particulares.2 - Autênticos são os documentos exarados, com as formalidades legais, pelas autoridades públicas nos limites da suacompetência ou, dentro do círculo de actividades que lhe é atribuído, pelo notário ou outro oficial público provido de fépública; todos os outros documentos são particulares.3 - Os documentos particulares são havidos por autenticados, quando confirmados pelas partes, perante notário, nos termos

    prescritos nas leis notariais.” 4 Conforme refere Abílio Neto no  NCPC Lei n.º 41/2013, Anotado, Junho de 2013, Ediforum Edições Jurídicas, Lda., Lisboa, pp. 266“…os documentos em apreço ofereciam um diminuto grau de segurança e, por essa razão, era, aqueles que mais estavam sujeitos à  dedução de oposição à execução, sob os mais variados fundamentos, desde a impugnação da letra e assinatura à interpretação das

    declarações, atenta a sua frequente deficiência de redação, o legislador optou pela solução radical de os suprimir do elenco dos

    títulos executivos, pese embora a circunstância de, com isso, obrigar os interessados a recorrerem à prévia acção declarativa, com

    o inerente acréscimo da litigiosidade, que se quis evitar quando lhes foi conferida executoriedade.”  

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    Assim, a substituição ocorrerá independente da “bondade” dos fundamentos

    indicados pelo exequente, não tendo esta fundamentação qualquerconsequência prática no processo executivo.Contudo, parece-nos que, caso o agente de execução, considere injustificado o

    motivo alegado poderá reagir e mesmo ser indemnizado nos termos gerais – cf. artigo 38.º da Portaria 282/2013, de 29 de agosto.

    3. 

    Redistribuem-se as competências entre juiz, secretaria e agente de execução(cf. artigos 719.º - 723.º do NCPC), o que não significa que se alargue ascategorias de agente de execução. O que atualmente se permite é que o oficialde justiça realize diligências próprias dos agentes de execução embora não selhe aplique o estatuto de agente de execução conforme se estabelece noartigo 722.º n.º 2 do NCPC sobre as funções cometidas ao oficial de justiça: “2- Não se aplica o estatuto de agente de execução ao oficial de justiça querealize diligências de execução nos termos do presente artigo.” 

    4.  Passa a admitir-se duas formas de processo (cf. artigo 550.º do NCPC):a) Ordinária (cf. artigos 724.º e ss.) e Sumária (cf. artigo 855.º do NCPC);b) Execução de sentença (cf. artigos 85.º e 626.º do NCPC);Daqui resulta, que se introduz a regra da necessidade de prolação dedespacho liminar e de citação prévia nas execuções ordinárias parapagamento de quantia certa. Com o regresso à duplicidade de formas deprocesso, somos confrontados com uma repristinação da fórmula utilizada e

    abandonada pelo legislador em 2003.

    Para o agente de execução, a sua responsabilidade passa a ser residual no quetoca à apreciação do título executivo, uma vez que, nos processos ordinários,cabe à secretaria recusar o requerimento executivo (cf. artigo 725.º do NCPC)e remetê-lo para despacho liminar (cf. artigo 726.º do NCPC), ou seja, nestaforma de processo incumbe agora ao funcionário da secretaria judicialanalisar o requerimento executivo, recusá-lo ou enviar para despacholiminar.

    Porém, atento o disposto no artigo 550.º do NCPC,5  e o elenco de títulosexecutivos aí estabelecidos, a regra, será a de que a execução seguirá a formade processo sumário. Neste caso, o agente de execução deve atuar de acordocom o estabelecido no artigo 855.º do NCPC, cabendo-lhe assegurar oandamento regular da instância, por regra, sem qualquer intervenção do juiz.

    5 artigo 550.ºForma do processo comum“2 — Emprega -se o processo sumário nas execuções baseadas:a) Em decisão arbitral ou judicial nos casos em que esta não deva ser executada no próprio processo;b) Em requerimento de injunção ao qual tenha sido aposta fórmula executória;c) Em título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida, garantida por hipoteca ou penhor;d) Em título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida cujo valor não exceda o dobro da alçada do tribunal de 1.ª instância.” 

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    5. 

    Passa a ser possível, por força do novo artigo 710.º do NCPC 6, cumular aexecução de todos os pedidos julgados procedentes na sentença que seexecuta. Assim, possibilita-se ao exequente cumular os pedidos de execução

    de quantia certa, de entrega de coisa certa e de prestação de um facto. 

    6.  Verifica-se um reforço dos direitos do agente de execução ao pagamento doshonorários e despesas: artigos 724.º n. 6 e 721.º do NCPC (cf. Decreto-Lei4/2013, de 11 de Janeiro);

    7.  Reforça-se a tutela do direito à habitação efetiva do executado, no objeto dapenhora, na execução provisória de sentença, no efeito suspensivo daoposição à execução e à penhora (cf. artigos 751.º n. 3, 704.º n. 4, 733.º n.5,785.º n. 4, 856.º n. 4 todos do NCPC);

    8.  Altera-se o regime da comunicabilidade da dívida ao cônjuge não executado(cf. artigos 741.º e 742.º do NCPC);

    9.  Na fase da penhora registam-se algumas alterações, nomeadamente, naclarificação dos direitos do executado no que respeita à penhora derendimentos (cf. artigoº. 738.º do NCPC);

    10. O agente de execução passa agora a comunicar, por via eletrónica, às

    instituições de crédito legalmente autorizadas que o saldo existente, ou aquota-parte do executado nesse saldo fica bloqueado desde a data do envioda comunicação, sem necessidade de despacho judicial. (cf. artigo 780.º n. 1do NCPC); De acordo com o estabelecido no artigo 780.º n.º 8 do NCPC asinstituição de crédito têm 2 dias úteis para dar cumprimento ao previsto nasal. a) a c) deste número;

    11. 

    Quanto ao plano de pagamentos realizado entre credor e devedor, a penhoraé convolada em hipoteca ou penhor (cf. artigo 807.º do NCPC) e a aceitação

    da proposta de acordo, determina a extinção da execução (cf. artigos 806.º ess. do NCPC);

    12. Possibilita-se a realização de um acordo global de pagamentos, entreexecutado, exequente e os credores reclamantes (cf. artigo 810.º do NCPC);

    13. A venda de bens imóveis e móveis passa a ser realizada, em regra, por leilãoeletrónico (cf. artigos 837.º n. 1 do NCPC);

    6 artigo 710.º: Cumulação de execuções fundadas em sentença: Se o título executivo for uma sentença, é permitido cumular aexecução de todos os pedidos julgados procedentes.

     

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    14. Passam a existir novas formas de extinção da ação executiva (cf. artigo 849.ºdo NCPC);

    15. Por último, refira-se a nova pós-competência do agente de execução mesmo

    após a extinção da execução, uma vez que cabe-lhe assegurar a realização dosatos emergentes do processo que careçam da sua intervenção, como será ocaso do cancelamento dos registos das penhoras7.

    Para que a nova lei processual civil obtenha o sucesso pretendido, torna-senecessário que a mesma seja compreendida por todos os operadores judiciários, eque estes revejam a importância de se alterarem comportamentos, até mesmorituais que já não se justificam.

    Para tanto, há que a apostar em ações de formação multidisciplinares que permitama partilha de ideias, a busca das soluções e sua harmonização, o que poupará arealização de inúmeros atos de natureza processual.

    Neste momento, é imperioso que surjam as infraestruturas e meios necessários comvista a ser possível a execução desta nova lei processual.

    Construímos este instrumento de trabalho certos de que será insuficiente eincompleto e que assim estimulará o espírito crítico e inquisitivo dos agentes de

    execução na busca de aperfeiçoamento e de práticas judiciais de excelência.

    Maria Helena Bruto da Costa

    1 de Setembro de 2013

    7 artigo 719.º n.º 2 “Mesmo após a extinção da instância, o agente de execução deve assegurar a realização dos atos emergentesdo processo que careçam da sua intervenção.” 

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    II.  ENQUADRAMENTO 

    Inicia-se esta exposição pela apresentação de gráficos que identificam algumas dasalterações trazidas pelo Código do Processo Civil, aprovado pela Lei 46/2013 de 26 deJunho, nomeadamente, ao nível da tramitação do processo de execução:

    1. Nova repartição de competências entre agente de execução, juiz esecretaria.

    Nova repartição de competências entre agente de execução, juiz e secretaria. 719.º a 723º

    Novo elenco de títulos executivos, deixando de ser título executivo os documentos particulares

    que não sejam autênticos ou autenticados.703º

    Situações em que a execução pode ser tramitada por oficial de justiça 722º

    Três formas de processo (Execução de Sentença Judicial Condenatória, Sumário e Ordinário),

    dependendo da natureza do título executivo, valor da execução e natureza dos bens a

    penhorar

    550º

    O processo só é distribuído após se mostrar paga a taxa de justiça, taxa de grandes litigantes

    (quando devida) e os honorários e despesas do agente de execução

    n.º 6 do 724º

    Nas execuções ordinárias cabe à secretaria remeter o processo a despacho liminar e o agente

    de execução só inicia as diligências (em regra a citação prévia), após informação da secretaria

    para o efeito

    725.º e nº8 do 726º

    Nas execuções sumárias há, em regra, dispensa de despacho liminar e dispensa de citação

    prévia.n.º 3 do 855º

    Nas execuções ordinárias há sempre despacho liminar e, em regra, citação prévia. 726º

    Nas execuções para entrega de coisa certa e para prestação de facto, a forma do processo é

    única, sem prejuízo das que sejam sustentadas em sentença, que correm em processo próprio550.º e 626º

    É repristinado o termo “embargos de executado“, como forma de o executado deduzir

    oposição à execução728º

    A suspensão imediata da execução por embargos de executado só tem lugar se for prestada

    caução733º

    As indicações do exequente no que diz respeito aos bens a p enhorar ganham especial

    relevâncian.º 2 do 751º

    Deixa de ser necessário despacho judicial para a penhora de saldos bancários e é aberta a

    consulta ao Banco de Portugal749.º n.º 6 e 780º

    Abre-se a possibilidade da penhora de veículos ser precedida da sua imobilização 768º

    Estabelece-se 3 meses, como prazo genérico para resolução do processo ou de fases de

    processo.

    N.º 4 763º, 796º,

    797º, n.º 4 do 855.º

    750º

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    Fixa-se a regra da impenhorabilidade do montante equivalente a um salário mínimo nacional,

    em certas situações738º

    No regime de venda por proposta em carta fechada, é consagrada a possibilidade de o

    exequente adquirir o bem820º

    A comunicabilidade da dívida ao cônjuge não executado tem regime próprio podendo ser

    “discutido” o fundamento do pedido de comunicabilidade.

    c) do 550º

    n.º 7 do 726º

    741º

    A venda de bens imóveis e bens móveis é feita preferencialmente em leilão eletrónico 837º

    Quando a execução se funde em título de crédito e o requerimento executivo tiver sido

    entregue por via eletrónica, o exequente deve sempre enviar o original do título para o

    tribunal

    n.º 5 do 724º

    Novo regime para citação de pessoas coletivas (deixa de ser necessário contato pessoal) 246º

    A competência para a redução de penhora de salário passa, novamente, a ser competência do

    Juiz.nº6, 738º

    Prevê-se a possibilidade de citação eletrónica de pessoas singulares e pessoas coletivas

    A suspensão da execução (integral) por existir penhora anterior tem como efeito a extinção do

    processo.Nº4 do 794º

    O acordo de pagamento determina a extinção do processo e a penhora pode converter-se em

    penhor ou hipoteca.

    Nº2 do 806º

    807º

    Admite-se a possibilidade de exequente, executado e credores reclamantes podem acordar

    num plano global de pagamentos810º

    Na penhora de salários, findo o prazo de oposição, as quantias vincendas são adjudicas ao

    exequente e se não existirem outros bens a execução extingue-seb) nº4 do 779º

    Tabela elaborada por Armando A. Oliveira e Jacinto Neto 

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    2. Exemplos de execuções e formas de processo comum

    Situação É título executivo? Forma de processo

    Confissão de dívida (documento particular),

    com simples aposição de assinatura do

    devedor, o valor de 20.000,00 € 

    Não

    Cheque emitido em 01/01/2010 no valor de

    15.000,00 € em execução intentada a

    01/09/2013

    Sim (quando alegada a relação

    subjacente)Sumário – limitado

    Ata de condomínio, no valor de 8.000,00 €  Sim Sumário – limitado

    Confissão de dívida (documento autenticado)no valor de 12.000,00 € (sem garantia real) 

    Sim Ordinário

    Injunção Sim Sumário

    Livrança no valor de 1000,00 €  Sim Sumário – limitado

    Fatura assinada pelo devedor Não

    Notificação de NRAU acompanhada do contrato

    de arrendamento, no valor de 4.000,00 € Sim Sumário – limitado

    Notificação de NRAU acompanhada do contratode arrendamento, no valor de 16.000,00 € 

    Sim Ordinário

    Cheque, no valor de 1000,00 € emitido em

    30/06/2013, apresentado à cobrança em

    5/07/2013, execução intentada a 01/09/2013

    Sim Sumário – limitado

    Tabela elaborada por Armando A. Oliveira e Jacinto Neto

    8 Sumário limitado – Execução comum para pagamento de quantia certa, de valor igual ou inferior a 10.000,00 €, em que não éadmitida penhora de bens imóveis, de estabelecimento comercial, de direito real menor que sobre eles incida ou de quinhãoem património que os inclua – cf. n.º 5 do 855º. 

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    3. Exemplos de formas de processo de execução (visão simplificada):

    Forma de processo Normativo Principais caraterísticas

    Execução da decisão judicial

    condenatóriaArtigo 626º

    Corre nos próprios autos declarativos

    O executado não é citado, mas sim notificado

    após a realização da penhora.

    Processo Sumário Artigo 855º Em regra está dispensada a citação prévia

    Processo Ordinário Artigo 724º Em regra há lugar a citação prévia

    Tabela elaborada por Armando A. Oliveira e Jacinto Neto 

    4. Formas de processo em função do título executivo – (princípio geral)

    Título executivo Valor Forma Limitações na penhora

    Decisão Judicial condenatória

    Artigo 626º

    Irrelevante

    Execução da decisão

     judicial condenatória

    Artigo 626º

    Sem limitações

    Decisão arbitral ou judicial nos casos

    em que esta não deva ser executadano próprio processo

    a), nº2, artigo 550º

    Processo Sumário

    Artigo 855º

    Requerimento de injunção ao qual

    tenha sido aposta fórmula

    executória

    b), nº2, artigo 550º

    Título extrajudicial de obrigação

    pecuniária vencida, garantida por

    hipoteca ou penhor

    c), nº2, artigo 550º

    Título extrajudicial de obrigação

    pecuniária vencidad), nº2, artigo 550º

    Menor ou igual a

    10.000,00 € 

    Não é admitida penhora de bens imóveis,

    de estabelecimento comercial, de direito

    real menor que sobre eles incida ou dequinhão em património que os inclua - n.º

    5 do 855º

    Título extrajudicial de obrigação

    pecuniária vencida.

    d), nº2, artigo 550.º - a contrário

    Superior a

    10.000,00 € 

    Processo Ordinário

    Artigo 724ºCitação prévia

    Tabela elaborada por Armando A. Oliveira e Jacinto Neto 

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    Nota Prévia:

    As respostas apresentadas não pretendem criticar as soluções adotadas pelolegislador, nem a sua bondade, mas tão só estudá-las por forma a habilitar todos osintervenientes a aplicar corretamente a nova lei.

    Pretende-se ainda identificar as principais alterações introduzidas ao Código deProcesso Civil e analisar o impacto que tais mudanças implicam no comportamentodos operadores judiciários, em particular do agente de execução. 

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    III.  APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO E AFINS:

    1.  A que processos executivos se aplica a Lei n.º 41/2013, de 26 de junho?

    Veja-se o artigo 6.º da Lei de Aprovação do CPC: 9 Contudo, há exceções constantes do n.º 310 do artigo 6.º da Lei de Aprovação do CPC.Assim, e no que se refere aos títulos executivos, formas de processo, requerimentoexecutivo e à tramitação da fase introdutória, aplica-se a lei antiga.Quer isto dizer que, tendo a execução sido intentada antes de 1 de Setembro de2013, a análise da exequibilidade do título é feita à luz do anterior CPC.

    Da mesma forma, se na lei antiga o processo está dispensado de citação prévia,deverá ser tramitado com tal pressuposto, mesmo que no  NCPCresulte que deveria tercitação prévia.

    De resto refira-se que há uma série de princípios básicos que se mantém,designadamente no se refere à aplicação da lei no tempo. O artigo 6.º estabelece umprincípio de que para as ações propostas e a propor aplica-se a lei 41/2013. Mascomo ficou dito anteriormente, há restrições, desde logo, decorrentes destadisposição legal.

    A lei nova aplica-se aos processos pendentes, mas não pode pôr em causa asequência processual dos atos já praticados.Portanto, não deixa de existir uma salvaguarda relativa aos atos processuais jápraticados no processo.

    Quanto às execuções instauradas antes de 15 de Setembro de 2003, os atos são dacompetência do oficial de justiça, conforme dispõe o artigo 6º. n.º 2 da Lei deAprovação do CPC: “ Nas execuções instauradas antes de 15 de setembro de 2003 os

    atos que, ao abrigo do Código de Processo Civil, aprovado em anexo à presente lei, sãoda competência do agente de execução competem a oficial de justiça.”  

    Merece reflexão o artigo 3.º da Lei de Aprovação do CPC 11  que determina aintervenção oficiosa do juiz durante o primeiro ano de vigência no NCPC.

    9 “1 - O disposto no Código de Processo Civil, aprovado em anexo à presente lei, aplica -se, com as necessárias adaptações, a todasas execuções pendentes à data da sua entrada em vigor.”  10 “3 — O disposto no Código de Processo Civil, aprovado em anexo à presente lei, relativamente aos títulos executivos, às formasdo processo executivo, ao requerimento executivo e à tramitação da fase introdutória só se aplica às execuções iniciadas após a

    sua entrada em vigor.”  11 “Artigo 3.º Intervenção oficiosa do juizNo decurso do primeiro ano subsequente à entrada em vigor da presente lei:

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    Perguntas e Respostas da Nova Ação Executiva

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    Durante este período de tempo “o juiz corrige ou convida a parte a corrigir o errosobre o regime legal aplicável por força da aplicação das normas transitórias previstas

    na presente lei;”, reforçando a al. b), o tão proclamado princípio da gestãoprocessual.

    Mas, a expressão “parte”  suscita diversas interpretações, umas mais restritivas queoutras que importa analisar.Se fizermos uma interpretação extensiva, deverá considerar-se o agente de execuçãoabrangido por esta norma, significando que, caso este atue em erro sobre o conteúdodo regime processual aplicável ao caso, o juiz deverá promover a superação desseequívoco.

    De acordo com a posição assumida pelo Juiz de Execução de Sintra, o Dr. LuísCarvalho e da Dra. Cláudia Boloto, Advogada, no Colóquio realizado em Lisboa no dia19 de julho, deverá fazer-se uma interpretação extensiva. Para o Prof.º Rui Pintotambém aí presente entendeu que podem existir duas leituras: uma maisprivatística, em que prevalece o elemento literal e portanto será de excluir comosendo “parte” o AE. De qualquer forma, entende que a melhor interpretação é aquelaque implica ter uma visão substancial do processo e neste caso, entender-se que anorma abrange a atividade do agente de execução.

    A Doutrina e Jurisprudência ditarão os termos em que a expressão utilizada noartigo 3.º da Lei de Aprovação do CPC deverá ser interpretada, sendo certo que será

    determinante na forma como agente de execução vai passar a praticar os atos quesão da sua competência.

    2. Em que momento se considera apresentado o requerimento executivo?

    Esta matéria merece ser analisada com a devida cautela dado que agora orequerimento executivo só se considera apresentado na data do pagamento da

    quantia inicialmente devida ao AE, a título de honorários e despesas –  cf. artigo724.º n.º 6 al. a) e b), sem prejuízo do que vem estabelecido para a citação urgente,cuja situação está ressalvada – “vide” artigo 552 n.º 5 e 6 do NCPC.

    Assim, não é suficiente à admissão do requerimento executivo, sendo necessárioverificar-se o pagamento da quantia devida ao Agente de Execução, sendo este o

    a) O juiz corrige ou convida a parte a corrigir o erro sobre o regime legal aplicável por força da aplicação das normastransitórias previstas na presente lei;b) Quando da leitura dos articulados, requerimentos ou demais peças processuais resulte que a parte age em erro sobre oconteúdo do regime processual aplicável, podendo vir a praticar ato não admissível ou omitir ato que seja devido, deve o juiz,quando aquela prática ou omissão a inda sejam evitáveis, promover a superação do equívoco.” 

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    preciso momento em que se considera proposta a ação – cf. artigo 724.º n.º 6 al. a)do NCPC.

    Esta nova realidade deve ser analisada à luz do direito substantivo, uma vez que é

    uma questão de particular importância no que concerne à matéria da prescrição.

    Ainda, de acordo com o n.º 2 do artigo 721.º do NCPC, a execução não prossegue se oexequente não efetuar o pagamento ao agente de execução das quantias que sejamdevidas a título de honorários e despesas.

    E, logo de seguida estabelece o n.º 3 que, a instância extingue-se logo que decorridoo prazo de 30 dias após a notificação do exequente para pagamento das quantias emdívida, sem que este o tenha efetuado, aplicando-se o disposto no n.º 3 do artigo849.º do NCPC12 

    Sobre o agente de execução recai o dever de informar o exequente e o executadosobre as operações contabilísticas que tenha realizado com vista a assegurar ocumprimento do estabelecido no n.º 1 do artigo 721.º do NCPC, devendo ainda estainformação encontrar-se espelhada na conta-corrente relativa ao processo.

    O artigo 2.º, n.º 5 da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto, que entrou em vigor nodia 1 de setembro,13  regulamenta vários aspetos da ação executiva, nomeadamente,o modelo e os termos de apresentação do requerimento executivo.

    Ora, após a validação, pelo sistema informático de suporte à atividade dos tribunais(SISAAE), do preenchimento pelo exequente de todos os campos de preenchimentoobrigatório, o requerimento executivo é entregue no referido sistema.

    Posteriormente, disponibiliza-se ao exequente um documento com uma referênciamultibanco para proceder ao pagamento da quantia inicialmente devida ao agentede execução a título de honorários e despesas, tendo aquele para o efeito 10 diaspara liquidar essa quantia.

    E, de acordo com o n.º 6 da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto, findo o prazo de10 dias, sem que a mesma se encontre paga, o sistema informático de suporte àatividade dos agentes de execução pode proceder à invalidação da referência emcausa, impossibilitando a partir desse momento o seu pagamento e tendo comoconsequência a não apresentação do requerimento executivo em juízo.

    12 artigo 849.º do NCPC, n.º 3: “A extinção da execução é comunicada, por via eletrónica, ao tribunal, sendo assegurado pelosistema informático o arquivo automático e eletrónico do processo, sem necessidade de intervenção judicial ou da secretaria.” 13 Isto sem prejuízo do que vem disposto no artigo 62.º da referida Portaria, sobre a aplicação no tempo:1 - Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a presente portaria aplica -se aos processos pendentes à data da sua entradaem vigor. 2 — Os artigos 43.º a 55.º apenas se aplicam aos processos iniciados a partir da data de entrada em vigor da presenteportaria, continuando a aplicar -se aos processos pendentes a essa data, em matéria de honorários e despesas dos agentes deexecução pelo exercício das suas funções, o regime aplicável a 31 de agosto de 2013.

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    Não será assim se o exequente beneficiar de apoio judiciário na modalidade deatribuição de agente de execução, caso em que não é emitido o documentomencionado.

    Com a nova lei, a nota discriminativa de honorários e despesas do agente deexecução da qual não se tenha reclamado, acompanhada da sua notificação peloagente de execução ao interveniente processual perante o qual se pretende reclamaro pagamento passa a valer como título executivo. - cf. o n.º 5 da disposição emanálise.

    Nesta parte, verificamos um claro reforço dos direitos do agente de execução.Com efeito, os honorários devidos ao agente de execução e o reembolso dasdespesas por ele efetuadas, bem como os débitos a terceiros a que a venda executivadê origem, são suportados pelo exequente, podendo este reclamar o seu reembolsoao executado nos casos em que não seja possível aplicar o disposto no artigo 541.º. 14 

    Do que até aqui ficou dito resulta, não ser de aplicar à ação executiva o estabelecidono artigo 1 do artigo 259.º15  onde se estatui que - “A instância inicia-se pelaproposição da ação e esta considera-se proposta, intentada ou pendente logo queseja recebida na secretaria a respetiva petição inicial (…)” por força da interpretaçãoconjugada dos artigos 144.º n.º 6 e 132.º n.º 116 do NCPC.

    De resto, mantém-se a obrigação de envio da execução por transmissão eletrónica dedados, através do Citius, quando o exequente esteja representado por mandatário – cf. ainda artigo 132.º do NCPC.

    De acordo com o disposto no artigo 2.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de agosto,deixa de ser possível a apresentação do requerimento executivo em papel pormandatário judicial, razão pela qual se revogou a aplicação de multa nos casos emque a apresentação em papel era possível.

    A situação em análise pode confundir-se com uma outra e que se prende com a faltado pagamento da taxa de justiça devida pela execução.

    14 artigo 541.º do NCPC“ (Garantia de pagamento das custas)As custas da execução, incluindo os honorários e despesas devidos ao agente de execução, apensos e respetiva ação declarativasaem precípuas do produto dos bens penhorados.” 15 Este novo artigo reproduz apenas com atualização da remissão, o antigo art igo 267.º do CPC. 16 artigo 132.ºTramitação eletrónica1 - A tramitação dos processos é efetuada eletronicamente em termos a definir por portaria do membro do Governoresponsável pela área da justiça, devendo as disposições processuais relativas a atos dos magistrados, das secretarias judiciaise dos agentes de execução ser objeto das adaptações práticas que se revelem necessárias. 

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    Nestes casos, a falta de pagamento da taxa de justiça, origina a recusa da execuçãopela secretaria nos termos do artigo 725.º n.º 1 al. e) do NCPC 17.

    Seguindo a execução forma sumária, cabe ao agente de execução recusar o

    requerimento executivo por força do disposto no artigo 855.º n.º 2 al. a) do NCPC.18

     

    3. Pode o agente de execução proceder ao registo de penhora de bensimóveis em execuções instauradas antes de 15 de Setembro de 2003?

    Não. De acordo com o estabelecido no artigo 6º, n.º 2 da Lei de Aprovação do CPC.

    4. Supondo que se encontra agendada para o dia 3 de setembro diligência devenda como deverá o agente de execução proceder?

    Tendo a decisão sido tomada em tempo oportuno, a venda deverá ser feita nosmoldes em que foi anunciada. Não tendo sido anunciada antes de 1 de Setembro,então o anúncio deverá ser adaptado às novas regras.

    Neste âmbito, colocam-se questões relevantes para o agente de execução.

    Identificando algumas situações possíveis e que podem suscitar dúvidas naresolução, refiram-se as seguintes questões:Como deverá o agente de execução atuar a partir do dia 1 de setembro, no momentoda venda, se:

      A diligência de venda já estiver marcada e anunciada? Neste caso aplica-se alei antiga;

      E, se existir uma decisão do agente de execução quanto à venda do bem,encontrando-se agendada data para a realização do ato, embora esta aindanão tenha sido anunciada? Neste caso, o agente de execução atualiza a

    decisão sobre a venda;  E caso o agente de execução já tenha tomado a decisão quanto à realização da

    venda, mas não materializou a sua marcação, e por conseguinte, também nãopublicou o anúncio?19 Neste caso, aplica-se a nova lei.

    17 cf. Ainda n.º 4 al. c) do artigo 724.º NCPC 18  Este regime equipara-se de certa maneira ao que sucede no processo de injunção, em que o requerimento é recusado,enquanto não se mostrar paga a taxa de justiça devida – vide artigo 11.º n.º1 al f) do DL n.º 269/98 de 1 de Dezembro.19 Questão recorrente para os agentes de execução tinha a ver com a fixação do valor da venda do bem imóvel e saber se esta sedevia anunciar por 70% ou invés por 85%.A jurisprudência divergiu quanto à solução, embora a maioria dos Tribunais entendesse dever fazer-se uma interpretaçãorestritiva da exceção prevista no artigo 3, da Lei 60/2012 de 9 de Novembro, tendo assim aplicação a alteração decorrente detal diploma ao disposto no artigo 886.º – A do anterior CPC.Se tiver prevalecido este entendimento então, todas as vendas, ocorridas entre fevereiro de 2013 e 1 de setembro de 2013independentemente da data da penhora, deverão ter sido realizadas pelo valor base de 85%.

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    Refira-se que a polémica sobre o valor base a anunciar para a venda deixa de terrelevância dado que o atual artigo 816.º no seu n.º 2 determina que “ o valor a

    anunciar para a venda é igual a 85 % do valor base dos bens.”  , e é de aplicação

    imediata aos processos pendentes.

    5. Com a entrada em vigor do  NCPC há alteração no que se refere aos prazos?

    Não se verifica qualquer alteração face ao regime anterior. O artigos 137º, a 140.º doNCPC reproduzem, sem alterações artigos 143.º, 144.º e 145.º do antigo CPC:

      O prazo pode ser peremptório (escreve-se agora perentório) e dilatório;

      O prazo supletivo continua a ser de 10 dias;

      Os prazos são contínuos, suspendendo-se durante as férias judiciais, excetose a sua duração igual ou superior a seis meses, ou quando se trate de atos arealizar em urgentes o 720.º n.º 7.

    O artigo 720.º n.º 7 dirigido ao agente de execução determina que: “Na falta dedisposição especial, o agente de execução realiza as notificações da sua competência

    no prazo de 5 dias e pratica os demais atos no prazo de 10 dias”. 

    Portanto, sempre que a lei não indique outro prazo, a regra geral, é a de que o prazo

    é de 10 dias, sem prejuízo das notificações da sua competência, que deverão serrealizadas no prazo de 5 dias.

    Refira-se ainda que o disposto no artigo 750.º n.º 1 relativamente às diligênciassubsequentes, estabelece um novo prazo, ou seja, se no prazo de três meses a contarda notificação prevista no n.º 1 do artigo 748.º, não forem encontrados benspenhoráveis, deve o agente de execução efetuar duas notificações:

      ao exequente para especificar quais os bens que pretende ver penhorados naexecução,

      e ao executado para indicar bens à penhora.

    Se nem o exequente nem o executado indicarem bens penhoráveis no prazo de 10dias, a execução extingue-se.

    Sublinhe-se que quando não forem encontrados bens susceptíveis de penhora, nãohá lugar à citação edital do executado – n.º 3, 2.ª parte do disposto no artigo 750.º20.Neste caso, não se promove a inclusão do executado na lista pública de devedores.

    20 N.º 3, 2.ª parte do disposto no artigo 750.º “…se o exequente não indicar bens penhoráveis, tendo -se frustrado a citaçãopessoal do executado, não há lugar à sua citação edital deste e extingue -se a execução nos termos do número anterior.” 

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    6. Quais as disposições reguladoras subsidiariamente aplicáveis ao processode execução?

    Nesta matéria mantém-se a regra já conhecida de aplicação subsidiária das regras doprocesso declarativo, sendo que à ação executiva sumária são supletivamenteaplicáveis as normas relativas à ação executiva ordinária – cf. artigo 551.º n.º 3 doNCPC.21 

    Às ações especiais e nas execuções para entrega de coisa certa ou prestação de facto,assistem subsidiariamente as regras da ação para pagamento de quantia certa – cf.n.os 2 e 4 do artigo 551º do NCPC.22.

    7. Pode o exequente livremente escolher entre o oficial de justiça e o agentede execução?

    Pode em certas circunstâncias.

    O disposto no artigo 722.º do NCPC, não tem correspondência com nenhum artigodo CPC anterior.

    De acordo com o disposto no n.º 1, al. a) a e) desta nova disposição legal, são daexclusiva competência do oficial de justiça praticar as diligências próprias dacompetência do agente de execução, com exceção da citação, conforme determina oartigo 719 n.º 3 do NCPC23, nos seguintes casos:

      Nas execuções em que o Estado seja o exequente;

      Nas execuções em que o Ministério Público represente o exequente;

      Quando o juiz assim o determine, a requerimento do exequente, fundado na

    inexistência de agente de execução inscrito na comarca onde pende aexecução e na desproporção manifesta dos custos que decorreriam daatuação de agente de execução de outra comarca;

    21 artigo 551.º Disposições reguladoras(…) 3 - À execução sumária aplicam -se subsidiariamente as disposições do processo ordinário.22 artigo 551.º Disposições reguladoras2 - À execução para entrega de coisa certa e para prestação de facto são aplicáveis, na parte em que o puderem ser, asdisposições relativas à execução para pagamento de quantia certa.4 - Às execuções especiais aplicam -se subsidiariamente as disposições do processo ordinário.23 artigo 719 n.º 3 Incumbe à secretaria, para além das competências que lhe são especificamente atribuídas no presente título,exercer as funções que lhe são cometidas pelo artigo 157.º na fase liminar e nos procedimentos ou incidentes de naturezadeclarativa, salvo no que respeita à citação.

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    Já nas execuções que a seguir se enunciam concede-se ao exequente a possibilidadede escolher entre o agente de execução ou o oficial de justiça:

      Nas execuções de valor não superior a 10.000 euros24  em que sejam

    exequentes pessoas singulares, que visem cobrar créditos não resultantes deuma atividade comercial ou industrial, desde que o solicitem norequerimento executivo e paguem a taxa de justiça devida;

      Também nas execuções de valor não superior 10.000, se o crédito exequendofor de natureza laboral, e o exequente o solicitar no requerimento executivo,pagando a taxa de justiça devida;

    Atente-se contudo que, caso o exequente pretenda que seja o oficial de justiça atramitar a execução, deverá no seu requerimento formular pedido nesse sentido.

    Portanto, caso o exequente nada diga no processo, cabe ao agente de execução, porregra e nestas circunstâncias, realizar as diligências executivas supra referidas.

    8.  A nova lei atribui mais poderes ao agente de execução? Em concreto na faseda venda o agente de execução fica com mais poderes?

    As opiniões divergem.

    A nova lei retirou ao agente de execução algumas das responsabilidades que lhehaviam sido atribuídas em 2009 (por exemplo a redução da penhora de salários, aremessa do processo para despacho liminar, a divisão de prédio penhorado, vendaantecipada, etc.), mas, por outro lado, libertou o agente de execução da necessidadede suscitar a intervenção do tribunal, como se verifica no caso da penhora de saldosbancários.

    Salvo no que diz respeito à venda antecipada –  cf. 814.º do NCPC - que podia serdecidida pelo agente de execução e que agora passa a ser da exclusiva competência

    do juiz, o processo de venda mantém-se praticamente inalterado.

    Releva no entanto o disposto no 837.º do NCPC, que determina que a venda, de bensimóveis e móveis, deve ser feita “preferencialmente em leilão eletrónico”. 

    Mas, é um facto que o agente de execução perde a maior parte dos atos decisóriosque anteriormente lhe foram conferidos e que agora passam para a esfera decompetência do juiz.

    24 10.000 euros – valor superior ao dobro da alçada do tribunal de 1.ª instância – cf. artigo 722.º n.º 1 al. e) e f)

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    Determina o artigo 723.º n. 1 al. c) do NCPC, que sem prejuízo de outrasintervenções que a lei especificamente lhe atribui, compete ao juiz julgar, sempossibilidade de recurso, as reclamações de atos e impugnações de decisões doagente de execução, no prazo de 10 dias;

    Compete ainda ao juiz:

      Conhecer de reclamação dos atos do agente de execução;

      Conhecer de questões levantadas pelas partes, terceiros intervenientes oupelo agente de execução, que não sejam reclamações;

      Julgar processos declarativos acessórios de oposição à execução (cf. artigos728.º ss. do NCPC), oposição à penhora (cf. artigos 784.º e ss. do NCPC),embargos de terceiro (cf. artigos 342.º ss. do NCPC) e de reclamação,

    verificação e graduação de créditos (cf. artigos 788.º ss. do NCPC).

    São ainda atribuídas ao juiz novas competências declarativas que antes pertenciamao agente de execução, nos seguintes casos: dirigir as diligências de acertamento eliquidação da obrigação (artigos 550.º n. 3 als. a) e b), 714.º n. 1, 715.º e 716.º);Decidir da isenção ou redução da penhora (Artigo 738.º); Conhecer do incidente decomunicação de dívida conjugal (artigos 741.º e 742.º); Fazer a apreciação daqualidade dos bens e âmbito da herança, na execução contra o herdeiro (artigo 744.ºn. 3); Julgar a prestação de contas nas execuções de prestação de facto (artigos 871.ºn. 1 e 872.º n. 1).

    9. O novo Código introduz alterações no modo como se procede à citação?

    Há alterações relevantes no que concerne à citação das pessoas singulares ecoletivas.

    Relativamente às pessoas singulares:

    Apesar do disposto artigo 228.º do NCPC, reproduzir o anterior 236.º, excluem-se asreferências às pessoas coletivas ou sociedades, uma vez que a citação destas temagora regras próprias (cf. artigo 246.º do NCPC).

    De resto, há a referir que foram introduzidos no artigo 228.º do NCPC os novosnúmeros 7 a 9 que dispõem de forma diversa no que se refere à frustração da citaçãopor via postal.

    Deste modo, não sendo possível deixar aviso ao destinatário, o distribuidor doserviço postal lavra nota da ocorrência e devolve o expediente ao tribunal.

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    De acordo com o n.º 9 do artigo 228.º do NCPC, caso a impossibilidade se fique adever a ausência do citando e se, na ocasião, for indicado ao distribuidor do serviçopostal novo endereço do citando, após a devolução do expediente, a secretaria envia

    nova carta registada com aviso de receção para tal endereço.

    Se não for possível deixar aviso ao destinatário, porque o citando se encontraausente em parte incerta, após devolução do expediente, a secretaria diligenciaobter informação sobre o último paradeiro ou residência conhecida junto dequaisquer entidades ou serviços –  cf. n.º 1 do artigo 236.º do NCPC - e, caso sejaapurado novo endereço,  envia-se nova carta registada com aviso de receção paraendereço encontrado.

    Frustrando-se a citação por via postal, esta é efetuada mediante contacto pessoal doagente de execução ou do funcionário judicial com o citando, nos termos previstosnos n.os 1 e 9 do artigo 231.º do NCPC.

    Quanto à citação edital, esta tem lugar quando o citando se encontre em parteincerta ou quando sejam incertas as pessoas a citar.

    De salientar que a citação edital determinada pela incerteza do lugar passa a serfeita por afixação de um único edital à porta da casa da última residência ou sedeque o citando teve no País, seguida da publicação de anúncio em página informática

    de acesso público, no endereço eletrónico (http://www.citius.mj.pt) –  vide artigo11.º n.º 1 da Portaria 282/13, de 29 de agosto.

    Constata-se assim que o NCPC  introduz uma clara simplificação na citação edital,substituindo-se os anúncios publicados nos jornais por anúncio publicado em páginainformática de acesso público, nos termos da Portaria supra referida.

    Relativamente às pessoas coletivas:

    Autonomiza-se e introduz-se um novo regime para a citação das pessoas coletivas,previsto nos artigos 246.º e ss do NCPC.

    A citação de pessoas coletivas, pode atualmente ser realizada exclusivamente por viapostal25, não sendo assim obrigatória a sua realização por contato pessoal. Tambémdeixa de ser possível o recurso à citação edital.

    Antes de promover a citação, o agente de execução deve obrigatoriamente consultaro Registo Nacional de Pessoas Coletivas (RNPC), confirmar a morada no RNCP,

    25 Sem prejuízo e poder ser feita por via eletrónica nos termos que venha ser regulamentado.

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    através da consulta específica constante do SISAAE/GPESE – cf. nº2 do artigo 228.ºex vi do artigo 246.º, n.º 1 - sendo a citação sempre “tentada” na morada que dessaconsulta resultar.

    Caso haja recusa na receção do expediente, cabe ao distribuidor do serviço postallavrar nota do incidente antes de a devolver e a citação, considera-se “ efetuada faceà certificação da ocorrência”, nada mais havendo a cumprir por parte da secretariaou do agente de execução - cf. n.º 3 do 246º do NCPC.26 

    Caso o expediente venha a ser devolvido por qualquer outro motivo - nãoreclamado, endereço insuficiente, fechado, mudou-se, etc. - o agente de execuçãodeverá remeter nova carta registada (cf. n.º 4 do 246.º do NCPC), sendo que nestecaso a citação é efetuada por carta em depósito (cf. n.º 5 do 229.º do NCPC) e com acominação prevista no n.º 2 do 230º do NCPC , ou seja: “a citação considera-seefetuada na data certificada pelo distribuidor do serviço postal ou, no caso de tersido deixado o aviso, no 8.º dia posterior a essa data, presumindo-se que odestinatário teve oportuno conhecimento dos elementos que lhe foram deixados”. 

    Destaca-se o facto de, no caso de sociedades para as quais seja obrigatória ainscrição no ficheiro central do Registo Nacional de Pessoas Coletivas, a recusa porfuncionário ou representante legal da citação postal registada, enviada para amorada constante desta base de dados, determina que a mesma se considere citada.

    – n.º 3 do artigo 246.º do NCPC.

    Quanto às sociedades para as quais não seja obrigatória a inscrição no ficheirocentral do Registo Nacional de Pessoas Coletivas, a nova lei exclui a possibilidade dese realizar a citação por esta via, sendo a citação efetuada nos termos previstos nosartigo s 228.º ou 229.ºdo NCPC.

    A inscrição no ficheiro central de pessoas coletivas só não é obrigatória para o NIPC(numero de identificação de pessoa coletiva) iniciado por 7.Ora, de acordo com o Regime do Registo Nacional de Pessoas coletivas: “A inscrição

    no FCPC não é de facto obrigatória para todas as entidades passíveis de relação

     jurídica tributária, designadamente as heranças indivisas e os fundos. Estas entidades

    são inscritas nos serviços de finanças e os respetivos números de identificação

    começam sempre com o número 7.”  

    Caso não seja possível proceder à citação das pessoas coletivas nos termos dodisposto no artigo 246.º do NCPC, e na falta de disposição, como é o caso, deve

    26 artigo 246.º Citação das pessoas coletivas.3 - Se for recusada a assinatura do aviso de receção ou o recebimento da carta por representante legal ou funcionário dacitanda, o distribuidor postal lavra nota do incidente antes de a devolver e a citação considera -se efetuada face à certificaçãoda ocorrência. 

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    aplicar-se o disposto para a citação das pessoas singulares, com as necessáriasadaptações.

    De resto, resulta do disposto no artigo 719.º, n.º 3 do NCPC, que compete ao agente

    de execução promover as citações nos procedimentos ou incidentes de naturezadeclarativa que surjam na ação executiva, aplicando-se este normativo aosprocessos pendentes e intentados após 15 de setembro de 2013.

    10. Quais as atuais competências do agente de execução?

    De acordo com o estabelecido no artigo 719.º n.º 1 do NCPC: “Cabe ao agente deexecução, efetuar todas as diligências do processo executivo que não estejam

    atribuídas à secretaria ou sejam da competência do juiz, incluindo, nomeadamente,citações, notificações, publicações, consultas de bases de dados, penhoras e seusregistos, liquidações e pagamentos.” 

    11. De que forma vai passar o agente de execução a ser substituído oudestituído?

    Após a reforma de 2008, o juiz deixou de ter competência para decidir sobre estas

    matérias.

    Com a nova Lei, o agente de execução passa a ser: a)  Livremente  substituído pelo exequente 27; “devendo este expor o motivo da

    substituição” de acordo com o artigo 720.º n.º 4 do NCPC;b)

     

    Destituído, com fundamento em atuação processual dolosa  ou negligente ouem violação grave de dever   imposto pelo estatuto da Câmara dosSolicitadores pela Comissão para a Eficácia das Execuções (cf. artigo 69.º-Calíneas. e) e f) Estatuto da Câmara dos Solicitadores).28 

    Conforme referido anteriormente, parece não ter existido qualquer alteração face aoregime anterior que estabelecia a livre destituição do agente de execução peloexequente. Com efeito, o legislador não exige que o exequente fundamente o motivopelo qual pretende a substituição do agente de execução. De qualquer forma, caso

    27 Esta solução merece a nossa crítica pois, ao mesmo tempo que se atribui, na reforma de 2008, mais poderes ao agente deexecução, acentuando a sua qualidade de autoridade, acentua-se, pelo contrário, a natureza de prestação de serviços docontrato que o liga ao exequente e, consequentemente, a natureza privada da sua relação com este. No entanto, esta solução foiconsiderada não violadora da garantia de processo equitativo (cf. artigo 20.º n.º 4 CRP) pelo TC 199/2012, de 24 de Abril(Pamplona de Oliveira).28 artigo 69.°-C do ECS - Competências:“Compete à Comissão para a Eficácia das Execuções: (…) e) Instruir os processos disciplinares de agentes de execução;f) Aplicar as penas disciplinares aos agentes de execução; (…) 

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    não seja invocado nenhum motivo razoável o qual até pode lesar o agente deexecução, nada parece obstar que este suscite a intervenção do juiz para apreciaçãoda questão.

    O juiz ou qualquer interveniente processual têm legitimidade, atribuída pelo artigo137.º n.º 1 ECS,29 de participarem à Câmara dos Solicitadores a prática, por agentesde execução, de factos susceptíveis de constituírem infração disciplinar.Apresentada a participação será esta comunicada à Comissão para a Eficácia dasExecuções para instaurar o competente processo disciplinar se assim o entender.

    O juiz pode ainda, por força do artigo 723.º n.º 2 NCPC, aplicar multa ao agente deexecução quando a pretensão seja manifestamente infundada.

    Nesta parte, o legislador continua claramente a segregar dois campos que deviamestar intimamente ligados.Em vez de moralizar a relação entre agente de execução e juiz, o legislador insisteem separá-los, não aceitando o agente de execução como uma extensão do própriotribunal.Ademais, o estabelecido no artigo 417.º n.º 2 do NCPC,30 permite ao juiz sancionar oagente de execução que não pratique um ato que legitimamente lhe tenha sidoordenado.

    Afigura-se assim desnecessária a manutenção do n.º 2 do artigo 723.º do NCPC, que

    apenas “ inibe”  o agente de execução de esclarecer questões, o que de certa forma vaicontrariar um dos objetivos desta alteração que se prende com a agilização doprocesso.

    No nosso entender, deveria facilitar-se largo acesso do agente de execução ao juiz,para resolver qualquer dúvida que lhe surja no âmbito dos procedimentos que sãoda sua competência na ação executiva.

    12. Que diploma se aplica aos excertos de natureza declarativaapresentados antes de 1 de setembro de 2013?

    29 artigo 137.º ECS: Participação pelos tribunais e outras entidades“1 - Os tribunais e quaisquer autoridades devem dar conhecimento à Câmara da prática, por solicitadores, de factossusceptíveis de constituírem infracção disciplinar.” 30 artigo 417.º Dever de cooperação para a descoberta da verdade: 

    (…) 2 - Aqueles que recusem a colaboração devida são condenados em multa, sem prejuízo dos meios coercitivos que forempossíveis; se o recusante for parte, o tribunal aprecia livremente o valor da recusa para efeitos probatórios, sem prejuízo da

    inversão do ónus da prova decorrente do preceituado no n.º 2 do art igo 344.º do Código Civil. (…) 

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    No que se refere aos apensos de natureza declarativa suscitados na ação executiva,determina a norma especial do n.º 4 do artigo 6.º da Lei de Aprovação do CPC que

    “ apenas se aplica aos que sejam deduzidos a partir da data de entrada em vigor da

     presente lei.”  

    Portanto, aplica-se a nova lei aos excertos de natureza declarativa suscitados nasexecuções, pendentes ou a instaurar, após a entrada em vigor da Lei n.º 41/2013, de26 de junho.

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    IV.  TÍTULO EXECUTIVO E FORMAS DE PROCESSO

    13. Qual a forma do processo de execução para pagamento de quantia certaquando a obrigação esteja dependente de condição suspensiva ou de umaprestação por parte do credor ou de terceiro?

    De acordo com o disposto no artigo 550 n.º 3 al. a) do NCPC 31 e 715.º n.º 3 do NCPC32, a execução em causa segue a forma de processo comum ordinário, ainda que otítulo executivo seja uma sentença.

    14. Qual a forma do processo de execução para pagamento de quantia certaquando a obrigação exequenda careça de ser liquidada na fase executiva ea liquidação não dependa de simples cálculo aritmético?

    De acordo com o disposto no artigo 550 n.º 3, al. b) do NCPC 33 a execução em causasegue a forma de processo comum ordinário.

    15. No processo de execução com a forma de processo comum ordinário, aquem cabe se for caso disso, a recusa do requerimento executivo? E se oprocesso seguisse a forma sumária?

    No processo de execução com a forma de processo comum ordinário, cabe àsecretaria de acordo com o disposto nos artigos 550.º n.º 3 e 725.º do NCPC, recusar orequerimento executivo.Nesta parte, verificaram-se alterações uma vez que anteriormente esta competênciacabia exclusivamente ao AE.

    No entanto, tratando-se de processo sumário o requerimento executivo e osdocumentos que o acompanhem são imediatamente enviados por via eletrónica, sem

    31 artigo 550.º n.º 3: “Não é, porém, aplicável a forma sumária: a) Nos casos previstos nos artigos 714.º e 715.º;”  

    32 artigo 715.º n.º 2: “Quando a prova não possa ser feita por documentos, o credor, ao requerer a execução, oferece de imediatoas respetivas prova. - e 3 “No caso previsto no número anterior, o juiz decide depois de apreciar sumariamente a prova produzida,a menos que entenda necessário ouvir o devedor antes de proferir decisão .” 33 artigo 550.º n.º 3: “Não é, porém, aplicável a forma sumária:b) Quando a obrigação exequenda careça de ser liquidada na fase executiva e a liquidação não dependa de simples cálculo

    aritmético;”  

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    precedência de despacho judicial, ao agente de execução designado - artigo 855.º n.º1 do NCPC.

    Note-se que o processo só é distribuído após se mostrar paga a taxa de justiça, a taxa

    de grandes litigantes (quando devida) e os honorários e despesas do agente deexecução (cf. n.º 6 do 724.º do NCPC).Trata-se de uma alteração de extrema relevância, há muito pugnada pelos agentesde execução.

    Cabe ao agente de execução nas execuções sumárias:

    1. Recusar o requerimento executivo quando:

    a)  Não obedeça ao modelo aprovado;b)  O exequente não indique o fim da execução;c)  Se verifique a omissão de algum dos seguintes requisitos:

      Identificação das partes, indicando os seus nomes, domicílios ou sedes enúmeros de identificação fiscal, e, sempre que possível, profissões, locaisde trabalho, filiação e números de identificação civil – cf. al. a) do n.º 1 do724º do NCPC;

      Identificação do domicílio profissional do mandatário judicial –  cf. al. b)do n.º 1 do 724º do NCPC;

      Indicação do fim da execução e da forma do processo – cf. d) do n.º 1 do724º do NCPC;

      Exposição sucinta dos factos que fundamentam o pedido, quando nãoconstem do título executivo, podendo ainda alegar os factos quefundamentam a comunicabilidade da dívida constante de título assinadoapenas por um dos cônjuges – cf. al. e) do n.º 1 do 724º do NCPC;

      Formulação do pedido - cf. al. f) do n.º 1 do 724º do NCPC;

      Indicação do valor da causa - cf. al. g) do n.º 1 do 724º do NCPC;

      Liquidação da obrigação e escolha da prestação, quando tal caiba aoexequente, e este alegue a verificação da condição suspensiva, a realizaçãoou o oferecimento da prestação de que depende a exigibilidade do créditoexequendo, indicando ou juntando os meios de prova – cf. al. h) do n.º 1do 724º do NCPC;

      Indicação de um número de identificação bancária, ou outro númeroequivalente, para efeito de pagamento dos valores que lhe sejam devidos– al. k do n.º 1 do 724º do NCPC.

    a)  Não seja apresentada a cópia ou o original do título executivo, de acordo como previsto na al. a) do n.º 4 do artigo 724.º do NCPC;

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    b)  Não seja acompanhada do comprovativo do pagamento da taxa de justiçadevida ou da concessão do benefício de apoio judiciário - cf. c) do n.º 4 do724º do NCPC.

    2. Cabe ao agente de execução suscitar a intervenção do juiz:

    Nos termos do disposto na al. d) do n.º 1 do artigo 723.º do NCPC, quando se lheafigure provável a ocorrência de alguma das situações previstas nos n.os  2 e 4 doartigo 726.º do NCPC:

      Seja manifesta a falta ou insuficiência do título – a) n.º 2 do 726.º do NCPC

      Ocorram exceções dilatórias, não supríveis, de conhecimento oficioso – b) don.º 2 do 726.º do NCPC;

      Fundando-se a execução em título negocial, seja manifesta, face aos

    elementos constantes dos autos, a inexistência de factos constitutivos ou aexistência de factos impeditivos ou extintivos da obrigação exequenda deconhecimento oficioso – c) do n.º 2 do 726.º do NCPC;

      Tratando-se de execução baseada em decisão arbitral, o litígio não pudesseser cometido à decisão por árbitros, quer por estar submetido, por leiespecial, exclusivamente, a tribunal judicial ou a arbitragem necessária, querpor o direito controvertido não ter caráter patrimonial e não poder ser objetode transação – d) do n.º 2 do 726.º do NCPC;

      Quando duvide da verificação dos pressupostos de aplicação da formasumária – 2.ª parte da al. b) do n.º 2 do artigo 855.º do NCPC.

    Não havendo fundamento para recusa ou para se suscitar a intervenção do Juiz, oagente de execução inicia de imediato as consultas prévias à penhora (cf. n.º 3 do855.º do NCPC) que se realizam nos termos previstos nos artigos 748.º e seguintesdo NCPC.

    A primeira consulta a realizar é ao registo informático de execuções e que podeinfluenciar definitivamente o andamento do processo, isto porque, de acordo com odisposto no n.º 2 do artigo 750.º do NCPC, a execução extingue-se se não forem

    encontrados bens penhoráveis no prazo de três meses a contar da notificaçãoprevista no n.º 1 do artigo 748.º do NCPC, devendo, neste caso, o agente de execuçãonotificar o exequente para especificar quais os bens que pretende ver penhorados naexecução.Simultaneamente, o agente de execução notifica o executado para indicar bens àpenhora, com a cominação de que a omissão ou falsa declaração importa a suasujeição a sanção pecuniária compulsória, no montante de 5 % da dívida ao mês,com o limite mínimo global de 10 UC, se ocorrer ulterior renovação da instânciaexecutiva e aí se apurar a existência de bens penhoráveis.

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    Caso nem o exequente nem o executado indiquem bens penhoráveis no prazo de 10dias, a execução extingue-se sem mais.

    Ainda, e de acordo com o n.º 3 do artigo 750.º do NCPC 34, quando a execução tenha

    início com dispensa de citação prévia, o agente de execução promove a citação doexecutado.

    Caso o exequente não indique bens penhoráveis, e tendo-se frustrado a citaçãopessoal do executado, não há lugar à sua citação edital e  a execução extingue-se.Clara limitação do ato de citação edital, nestas circunstâncias, com vista a impedir asfalsas pendências.

    16. No processo de execução com a forma de processo comum ordinário,quando deve o agente de execução proceder à citação?

    O agente de execução só inicia as diligências - em regra a citação - após notificaçãoda secretaria para o efeito (cf. n.º 8 do 726.º do NCPC).35 

    17. Quantas formas de processo de execução existem?

    Aparentemente o NCPC consagra, (cf. artigo 550.º), duas formas de processo: oordinário (artigo 724.º) e sumário (artigo 855.º). Contudo há quem entenda existiruma “terceira”  forma de processo, aplicável à execução de “decisão judicialcondenatória”, que é tramitada –  em regra - nos próprios autos (artigo 626.º).Dizemos “em regra”, pois para além das exceções ali previstas, nunca poderá,

    verdadeiramente, correr nos próprios autos quanto o tribunal onde a decisão foiproferida não tenha competência em razão de matéria (comarcas em que existajuízo de execução). Nestes casos a execução deverá correr no traslado.

    Para o Prof. Rui Pinto o processo ordinário constitui a forma-regra, verifica-se orecebimento pela secretaria judicial, despacho liminar e citação prévia (títulos quenão caibam no artigo 550.º n. 2 do NCPC ou, ainda que caibam, fiquemsalvaguardados pelo n.º 3 – artigo 724.º e ss do NCPC.Segue a forma sumária a execução de título que caiba no artigo 550.º n. 2 do NCPC,com recebimento pelo agente de execução, sem despacho liminar e sem citaçãoprévia - artigos 724.º e ss. do NCPC

     

    (ver ainda artigos 855.º a 858.º do NCPC).

    34 artigo 750 n.º 3 - No caso previsto no n.º 1, quando a execução tenha início com dispensa de citação prévia, o executadoé citado; se o exequente não indicar bens penhoráveis, tendo -se frustrado a citação pessoal do executado, não há lugar à suacitação edital deste e extingue-se a execução nos termos do número anterior. 35  artigo 726 n.º 8: “Quando deva ter lugar a citação do executado, a secretaria remete ao agente de execução, por viaeletrónica, o requerimento executivo e os documentos que o acompanhem, notificando aquele de que deve proceder à citação.” 

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    Perguntas e Respostas da Nova Ação Executiva

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    Conciliando todas disposições supra indicadas conclui-se que a forma ordinária é aforma do juiz, e a forma sumária é a forma do agente de execução;

    Refira-se que há despacho liminar sempre que houver citação prévia e não há

    despacho liminar se não houver citação prévia.

    Quanto à execução por custas, por multas ou pelas indemnizações por litigância demá-fé e contrariamente ao regime anterior, estabelece agora o novo artigo 87.º n.º 2que esta corre por apenso ao respetivo processo.

    18.  Admita que A intentou uma ação executiva para pagamento de quantiacerta contra B fundada em requerimento de injunção ao qual foi apostafórmula executória no tribunal de 1ª instância. Qual a forma de processoque essa mesma ação seguirá?

    De acordo com o disposto no artigo 550.º n.º 2, al. b) do NCPC 36 a execução segue aforma de processo comum sumário (cf. artigo 855.º do NCPC).

    19. Em que casos é que uma sentença não pode ser executada no próprioprocesso?

    Avançamos duas situações, embora com a consciência que outras situações podemexistir:

      Uma, quando se execute uma sentença estrangeira que tenha passado por umprocesso de revisão nos termos do disposto no artigo 978.º do NCPC quereproduz, sem alterações o anterior artigo 1094.º na redação da Lei n.º63/2011 de 14 de dezembro.Ora, nestes casos não há processo declarativo no tribunal português onde elapossa ser executada;

      Outra, quando a sentença seja objeto de recurso com efeito meramentedevolutivo e quando o recurso suba nos próprios autos. Também neste casonão é possível executar a decisão no próprio processo.

    20. Por regra, quais as execuções que seguem a forma de processoordinário?

    36 artigo 550.º n.º 2: “ Emprega -se o processo sumário nas execuções baseadas: b) Em requerimento de injunção ao qual tenhasido aposta fórmula executória;”  

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    A execução segue a forma de processo ordinário nos seguintes casos:

    a)  Na execução de título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida quandoexceda o dobro da alçada do tribunal de 1.ª instância (mais de 10.000,00

    euros) – al. d), n.º 1 do artigo 550.º do NCPC, a contrário;b)  Quando a obrigação é alternativa e pertença ao devedor (ou a terceiro) aescolha da prestação - cf. artigo 714.º do NCPC;

    c) 

    Quando a obrigação esteja dependente de condição suspensiva ou de umaprestação por parte do credor ou de terceiro - cf. artigo 715.º do NCPC;

    d)  Quando a obrigação exequenda careça de ser liquidada na fase executiva e aliquidação não dependa de simple