direito civil...o pedido de desconsideração será processado juntamente com as outras demandas...
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DIREITO CIVIL
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
REVISÃO PARA O ESTUDO EM TEMPOS DE PANDEMIA
A BOA-FÉ NAS RELAÇÕES OBRIGACIONAIS
PRINCÍPIO DA BOA FÉ NAS OBRIGAÇÕES
Diferenças entre BOA FÉ SUBJETIVA e BOA FÉ OBJETIVA.
- Interpretação judicial: CPC/2015 Art. 489 § 3º:
“A decisão judicial deve ser interpretada a partir da
conjugação de todos os seus elementos e em conformidade
com o princípio da boa-fé”.
Lei 13.874/2019: Lei de Liberdade Econômica
A nova lei traz inúmeros impactos de grande relevância nos
ramos do Direito. Propiciar maior segurança jurídica em
contratos civis e empresariais.
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus
sócios, associados, instituidores ou administradores.
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas
jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de
riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular
empreendimentos, para a geração de empregos, tributo,
renda e inovação em benefício de todos.
Demonstração legislativa de preocupação
com os incidentes processuais de desconsideração da
pessoa jurídica
EMPREEDEDORISMO É IMPORTANTE NO CENÁRIO BRASILEIRO
“Reafirma-se uma premissa básica do nosso sistema: a
autonomia jurídico-existencial da pessoa jurídica em
face das pessoas físicas que a integram.” Pablo Stolze.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado
pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz,
a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de
certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos
bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa
jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
Conceito do desvio de finalidade
§1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade
é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar
credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer
natureza.
Conceito de confusão patrimonial
§2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de
separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por:
I – cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do
sócio ou do administrador ou vice-versa;
II – transferência de ativos ou de passivos sem efetivas
contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente
insignificante; e
III – outros atos de descumprimento da autonomia
patrimonial.
§3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também
se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de
administradores à pessoa jurídica.
§4º A mera existência de grupo econômico sem a presença
dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza
a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.
§5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a
alteração da finalidade original da atividade econômica
específica da pessoa jurídica.” (NR)
Nessa linha, aliás, a doutrina do jurista FLÁVIO TARTUCE: “A
regra é de que a responsabilidade dos sócios em relação às
dívidas sociais seja sempre subsidiária, ou seja, primeiro
exaure-se o patrimônio da pessoa jurídica para depois, e
desde que o tipo societário adotado permita, os bens
particulares dos sócios ou componentes da pessoa jurídica
serem executados”.
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
MONITÓRIA. CONVERSÃO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
COBRANÇA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS.
TERCEIROS. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DA
SOCIEDADE. MEIO DE PROVA. DESCONSIDERAÇÃO INVERSA
DA PERSONALIDADE JURÍDICA. OCULTAÇÃO DO
PATRIMÔNIO DO SÓCIO. INDÍCIOS DO ABUSO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA. EXISTÊNCIA. INCIDENTE
PROCESSUAL. PROCESSAMENTO. PROVIMENTO.
1. O propósito recursal é determinar se: a) há provas
suficientes da sociedade de fato supostamente existente
entre os recorridos; e b) existem elementos aptos a ensejar a
instauração de incidente de desconsideração inversa da
personalidade jurídica.
2. A existência da sociedade pode ser demonstrada por
terceiros por qualquer meio de prova, inclusive indícios e
presunções, nos termos do art. 987 do CC/02.
3. A personalidade jurídica e a separação patrimonial dela
decorrente são véus que devem proteger o patrimônio dos
sócios ou da sociedade, reciprocamente, na justa medida da
finalidade para a qual a sociedade se propõe a existir.
4. Com a desconsideração inversa da personalidade jurídica,
busca-se impedir a prática de transferência de bens pelo
sócio para a pessoa jurídica sobre a qual detém controle,
afastando-se momentaneamente o manto fictício que separa
o sócio da sociedade para buscar o patrimônio que, embora
conste no nome da sociedade, na realidade, pertence ao
sócio fraudador.
5. No atual CPC, o exame do juiz a respeito da presença dos
pressupostos que autorizariam a medida de
desconsideração, demonstrados no requerimento inicial,
permite a instauração de incidente e a suspensão do processo
em que formulado, devendo a decisão de desconsideração
ser precedida do efetivo contraditório.
6. Na hipótese em exame, a recorrente conseguiu
demonstrar indícios de que o recorrido seria sócio e de que
teria transferido seu patrimônio para a sociedade de modo a
ocultar seus bens do alcance de seus credores, o que
possibilita o recebimento do incidente de desconsideração
inversa da personalidade jurídica, que, pelo princípio do
tempus regit actum, deve seguir o rito estabelecido no
CPC/15.
7. Recurso especial conhecido e provido.
(STJ, REsp 1647362/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 03/08/2017, DJe
10/08/2017).
Novidade CPC/2015.
Se na própria petição inicial o autor já formular pedido
de desconsideração de personalidade jurídica, o sócio ou
sociedade atingido por essa providência será desde logo
citado como réu no processo. Ele será, desde o início,
litisconsorte do réu da ação principal. Nessa hipótese, não se
instaurará o incidente do art. 133 e seguintes, do CPC/2015.
O pedido de desconsideração será processado juntamente
com as outras demandas formuladas na inicial. Será resolvido
na sentença ou eventualmente em decisão interlocutória
(nos termos dos arts. 354, parágrafo único, ou 356, do
CPC/2015), mas sem qualquer força suspensiva sobre o resto
do processo (art. 134, § 2.º, do CPC/2015).
"DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
INEXISTÊNCIA DOS REQUISITOS DO ARTIGO 50 DO CC/02.
MEROS INDÍCIOS DE ABUSO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
DA SOCIEDADE. CIRCUNSTÂNCIAS QUE NÃO SE
ENQUADRAM NOS LIMITES PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO
PARA A ADOÇÃO DE PROVIDÊNCIA DE CARÁTER
EXCEPCIONAL. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL
PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Aplica-se o NCPC a este recurso ante os termos do
Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do
STJ na sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com
fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a
partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos
de admissibilidade recursal na forma do novo CPC.
2. Tendo o Tribunal Estadual se manifestado de forma clara
e fundamentada acerca da matéria que lhe foi posta à
apreciação, não há falar em ofensa ao art. 1.022 do NCPC.
3. A desconsideração da personalidade jurídica está
subordinada a efetiva demonstração do abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade ou pela confusão patrimonial, e o benefício direto
ou indireto obtido pelo sócio, circunstâncias que não se
verificam no presente caso. Precedente. 4. Fatos rotulados de
maliciosos, mas não examinados pela sentença e pelo
acórdão, não podem ser apreciados por esta Corte. 5.
Inexistentes os requisitos previstos nos art. 50 do CC/02,
deve ser afastada a desconsideração da personalidade
jurídica. 6. Recurso especial parcialmente provido." STJ Recurso
especial 1838009/RJ, ocorrido em 19/11/2019, Terceira Turma do
Superior Tribunal de Justiça, em acórdão da relatoria do ministro
Moura Ribeiro.
Art. 113. ......................................................................................
1°A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o
sentido que:
I – for confirmado pelo comportamento das partes posterior
à celebração do negócio;
II – corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado
relativas ao tipo de negócio;
III – corresponder à boa-fé;
IV – for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo,
se identificável; e
V – corresponder a qual seria a razoável negociação das
partes sobre a questão discutida, inferida das demais
disposições do negócio e da racionalidade econômica das
partes, consideradas as informações disponíveis no
momento de sua celebração.
§2º As partes poderão livremente pactuar regras de
interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração
dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei.
(NR)
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da
função social do contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874,
de 2019)
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas,
prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a
excepcionalidade da revisão contratual. (Incluído pela Lei nº
13.874, de 2019)
BANALIZAÇÃO DAS REVISIONAIS
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se
paritários e simétricos até a presença de elementos concretos
que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados
os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido
também que:
I – as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros
objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de
seus pressupostos de revisão ou de resolução;
II – a alocação de riscos definida pelas partes deve ser
respeitada e observada; e
III – a revisão contratual somente ocorrerá de maneira
excepcional e limitada.”
- ‘Tutela externa do crédito’ (Antonio Junqueira de
Azevedo) ou no ‘Contrato para além do contrato’ (Teresa
Negreiros).
O QUE É A TEORIA DO TERCEIRO CÚMPLICE?
Mitigação do tradicional princípio da relatividade dos efeitos
do contrato (res inter alios acta) para uma eficácia contratual
extra partes. A doutrina do terceiro cúmplice tem por objeto
a interferência ilícita ou abusiva de um terceiro em negócios
jurídicos alheios, por meio da indução ao inadimplemento.
A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR?
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes
de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se
houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-
se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou
impedir.
Pacta Sunt Servanda e a Relativização dos
Contratos:
Os contratos devem ser cumpridos?
1) Teorias da imprevisão e da onerosidade excessiva
2) Teoria da quebra da base objetiva do contrato
Teoria de Marco Aurélio Bezerra de Melo:
A negociação como condição de procedibilidade para a ação
judicial.
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier
desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e
o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a
pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o
valor real da prestação.
RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE
EXCESSIVA
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida,
se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente
onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o
devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da
sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu
a modificar equitativamente as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas
uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja
reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar
a onerosidade excessiva.
Uma das soluções será a consignação extrajudicial?
Onde fazer o depósito?
Cientificação do credor. O credor será cientificado pelo banco,
por meio de carta com aviso de recebimento, de que o
devedor procedeu ao depósito da quantia de tanto, visando
quitar a obrigação mencionada na correspondência, cuja cópia,
juntamente com o comunicado do banco, é encaminhada ao
credor.
Da carta de cientificação deve constar o prazo de 10 (dez) dias, a
contar do retorno do aviso de recebimento, para o credor
manifestar a recusa. Decorrido o prazo sem a manifestação de
recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando
à disposição do credor a quantia depositada (CC/2002 art. 539, §
2º).
LOCAÇÕES RESIDENCIAIS E COMERCIAIS
PANDEMIA DO COVID-19
O que se fazer com o valor dos aluguéis em
contratos de locação residencial e comercial de
imóveis urbanos no Brasil no contexto da
pandemia de covid-19?
Primeira Questão: A perda total ou parcial da fonte de
renda do locatário confere-lhe direito ao não
pagamento do aluguel de imóvel residencial, ao seu
abatimento ou a que lhe seja adiado o vencimento?
Segunda Questão: Medidas de proibição e/ou
limitação do exercício de atividades comerciais
adotadas pelo Poder Público conferem ao locatário por
elas atingido o direito ao não pagamento do aluguel
de imóvel comercial, ao seu abatimento ou a que lhe
seja adiado o vencimento?
- a) A abstenção da inscrição/manutenção em cadastro
de inadimplentes, requerida em antecipação de tutela
e/ou medida cautelar, somente será deferida se,
cumulativamente: i) a ação for fundada em
questionamento integral ou parcial do débito; ii)
houver demonstração de que a cobrança indevida
se funda na aparência do bom direito e em
jurisprudência consolidada do STF ou STJ; iii)
houver depósito da parcela incontroversa ou for
prestada a caução fixada conforme o prudente
arbítrio do juiz;
- b) A inscrição/manutenção do nome do devedor em
cadastro de inadimplentes decidida na sentença ou no
acórdão observará o que for decidido no mérito do
processo. Caracterizada a mora, correta a
inscrição/manutenção.
É vedado aos juízes de primeiro e segundo graus de
jurisdição julgar, com fundamento no art. 51 do CDC,
sem pedido expresso, a abusividade de cláusulas nos
contratos bancários.
PROCESSO CIVIL. EXTINÇÃO DO FEITO. INÉPCIA DA
INICIAL. Ação revisional de financiamento de veículo extinta
sem resolução de mérito por inépcia da petição inicial. A
causa de pedir se assenta na impossibilidade de a Autora
adimplir a obrigação de pagar as prestações do
financiamento por dificuldades pessoais, por isso pleiteia a
revisão do contrato com base na teoria da imprevisão. As
teorias da base negocial, da onerosidade excessiva e da
imprevisão servem para restabelecer o equilíbrio das
obrigações enfeixadas no negócio jurídico que por
algum motivo, alheio à vontade dos contratantes,
deixou de manter a paridade observada ao tempo da
celebração do contrato. Mas este motivo há de ser da
própria obrigação, o que não ocorre na hipótese, pois a
Autora fundamenta a necessidade de revisão do
contrato na sua dificuldade em adimplir a obrigação de
pagar, ou seja, fato estranho ao vínculo contratual.
Manifesta, portanto, a inépcia da inicial por conta da
incongruência entre a causa de pedir e o pedido. Recurso
desprovido. 0005975-38.2017.8.19.0087 – APELAÇÃO
Des(a). HENRIQUE CARLOS DE ANDRADE FIGUEIRA -
Julgamento: 16/04/2019 - QUINTA CÂMARA CÍVEL. Íntegra
do Acórdão - Data de Julgamento: 16/04/2019 - Data de
Publicação: 24/04/2019 (*)