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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO Prof. Renata Menezes Direito Penal Internacional. Parte 7

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DIREITO

INTERNACIONAL

PÚBLICO

Prof. Renata Menezes

Direito Penal Internacional.

Parte 7

Direito Penal Internacional.

O TPI e a CF/88: Antinomias aparentes?

Assuntos principais:

Entrega de nacionais ao TPI

Pena de prisão perpétua

Imunidades relativas ao foro de prerrogativa de função

Reserva legal

Respeito à coisa julgada

Direito Penal Internacional.

1. Entrega de nacionais: art. 89, § 1º, ER

Artigo 89 - Entrega de Pessoas ao Tribunal

“1. O Tribunal poderá dirigir um pedido de detenção e

entrega de uma pessoa, instruído com os documentos

comprovativos referidos no artigo 91, a qualquer Estado

em cujo território essa pessoa se possa encontrar, e

solicitar a cooperação desse Estado na detenção e

entrega da pessoa em causa. (...)”

Direito Penal Internacional.

Entrega x extradição: CF/88, art. 5º:

“(...) LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o

naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da

naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico

ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime

político ou de opinião; (...)”

Direito Penal Internacional.

Por entrega entende-se o ato de um Estado entregar uma

pessoa ao Tribunal.

“Por extradição, entende-se a entrega de uma pessoa por

um Estado a outro Estado conforme previsto em um tratado,

em uma convenção ou no direito interno.”

(art. 102, ER)

Direito Penal Internacional.

“O fundamento que existe para que as Constituições

contemporâneas prevejam a não-extradição de nacionais, está

ligado ao fato de a justiça estrangeira poder ser injusta e julgar

o nacional do outro Estado sem imparcialidade, o que

evidentemente não se aplica ao caso do Tribunal Penal

Internacional, cujos crimes já estão definidos no Estatuto de

Roma, e cujas normas processuais são das mais avançadas do

mundo no que tange às garantias da justiça e da

imparcialidade dos julgamentos.” (Mazzuoli, 2016:1066)

Direito Penal Internacional.

2. Pena de prisão perpétua:

Considerado ao alto grau de ilicitude e se as condições

pessoais do condenado a justificarem, o art. 77, § 1º, b, do

ER admite a pena de prisão perpétua.

OBS.: o TPI também poderá impor sanções de natureza

civil, como a reparação às vítimas e aos seus familiares.

Direito Penal Internacional.

Clara evolução desde os Tribunais de Tóquio e Nuremberg –

previsão da pena de morte; passando pelos Tribunais Penais

para Ruanda e ex-Iugoslávia – pena de morte substituída

pela pena de prisão perpétua; até chegar no TPI – com

previsão de pena de prisão perpétua em casos de extrema

gravidade, com possível revisão.

Direito Penal Internacional.

Entretanto: prisão perpétua proibida na CF/88.

Veja:

Art. 5º, XLVII: (...) não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos

termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo; (...)”.

Direito Penal Internacional.

Aparente conflito?

A- o ER não exige que o Estados-partes adotem

internamente a pena de prisão perpétua para que o Tribunal

possa aplicá-la.

Veja art. 80, ER.

Direito Penal Internacional.

Artigo 80 - Não Interferência no Regime de Aplicação de

Penas Nacionais e nos Direitos Internos

“Nada no presente Capítulo prejudicará a aplicação, pelos

Estados, das penas previstas nos respectivos direitos

internos, ou a aplicação da legislação de Estados que não

preveja as penas referidas neste capítulo.”

Direito Penal Internacional.

B- Retomada da discussão da diferença entre entrega e

extradição:

Extradição: prevista da Lei 6.815/80, recentemente

revogada pela Lei n. 13.445/2017.

Entrega: prática recente – até então nunca discutida pelos

tribunais brasileiros.

Direito Penal Internacional.

Veja: Lei 6815/80 – art. 91: não se referia à pena de prisão

perpétua.

Interpretação do STF: no EE não havia nenhuma menção à

pena de prisão perpétua. Logo, sem exigência, pela Corte,

de comutação da pena de prisão perpétua em privativa de

liberdade.

Também não caberia essa exigência para a entrega prevista

no ER.