direito internacional pÚblico › ... · direito penal internacional. logo, aparente conflito...

15
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO Prof. Renata Menezes Direito Penal Internacional. Parte 8

Upload: others

Post on 09-Jun-2020

5 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

DIREITO

INTERNACIONAL

PÚBLICO

Prof. Renata Menezes

Direito Penal Internacional.

Parte 8

Page 2: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

Veja: Lei 6815/80 – art. 91: não se referia à pena de prisão

perpétua.

Interpretação do STF: no EE não havia nenhuma menção à

pena de prisão perpétua. Logo, sem exigência, pela Corte,

de comutação da pena de prisão perpétua em privativa de

liberdade.

Também não caberia essa exigência para a entrega prevista

no ER.

Page 3: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

Lei 6815/80 - Art. 91: “Não será efetivada a entrega sem

que o Estado requerente assuma o compromisso:

(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)

(...)

III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena

corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos

em que a lei brasileira permitir a sua aplicação; (...)”

Page 4: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

Ocorre que na nova Lei de Migração, ao contrário, já há

previsão da pena de prisão perpétua.

Veja art. 96, Lei n. 13.445/17:

Page 5: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

Art. 96. “Não será efetivada a entrega do extraditando sem

que o Estado requerente assuma o compromisso de:

(...)

III - comutar a pena corporal, perpétua ou de morte em

pena privativa de liberdade, respeitado o limite máximo de

cumprimento de 30 (trinta) anos; (...)”

Page 6: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

A Lei n. 13.445/17 ainda não está em vigor.

Ainda sem manifestação da Corte Constitucional, e sem

manifestação doutrinária.

Page 7: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

Mantida a utilização do art. 80, ER? A pena de prisão

perpétua não pode ser instituída dentro do Brasil e não cabe

para os casos de extradição, pela nova Lei de Migração, mas

admitida nos casos de entrega para tribunal penal

internacional com jurisdição permanente?

A considerar: possibilidade de revisão da pena de prisão

perpétua após 25 anos de cumprimento – vide art. 110, ER.

Page 8: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

3- Imunidades relativas ao foro de prerrogativa de função:

A ordem brasileira prevê algumas imunidades e privilégios

por exercício de determinada função (Presidente da

República, Ministros de Estado, Deputados, Senadores, ...).

Essas prerrogativas não existem, entretanto, no caso do

Estatuto de Roma – art. 27:

Page 9: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

Art. 27: “1. O presente Estatuto será aplicável de forma

igual a todas as pessoas sem distinção alguma baseada na

qualidade oficial. Em particular, a qualidade oficial de Chefe

de Estado ou de Governo, de membro de Governo ou do

Parlamento, de representante eleito ou de funcionário

público, em caso algum eximirá a pessoa em causa de

responsabilidade criminal nos termos do presente Estatuto,

nem constituirá de per se motivo de redução da pena. (...)”

Page 10: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um

alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

internacional, ainda mais se elas significarem impunidade.

Necessária a responsabilização individual em face das mais

graves violações a direitos humanos – princípio da

responsabilidade dos agentes públicos, princípio da

igualdade e o direito da vítima à justiça.

Page 11: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

4- A questão da reserva legal:

Artigo 22 - Nullum crimen sine leque

“1. Nenhuma pessoa será considerada criminalmente

responsável, nos termos do presente Estatuto, a menos que

a sua conduta constitua, no momento em que tiver lugar,

um crime da competência do Tribunal. (...)”

Page 12: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

Artigo 23 - Nulla poena sine lege

“Qualquer pessoa condenada pelo Tribunal só poderá ser

punida em conformidade com as disposições do presente

Estatuto.”

Page 13: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

5- O respeito à coisa julgada

Com trânsito em julgado interno: cessa a competência do

TPI. Regra do ne bis in idem, conforme art. 20, § 3º, ER:

“(...) 3. O Tribunal não poderá julgar uma pessoa que já

tenha sido julgada por outro tribunal, por atos também

punidos pelos artigos 6o, 7o ou 8o, a menos que o processo

nesse outro tribunal: (...)

Page 14: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

(...)

a) Tenha tido por objetivo subtrair o acusado à sua

responsabilidade criminal por crimes da competência do

Tribunal; ou

(...)

Page 15: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO › ... · Direito Penal Internacional. Logo, aparente conflito apenas: não há como justificar um alcance amplo das imunidades na ordem contemporânea

Direito Penal Internacional.

(...)

b) Não tenha sido conduzido de forma independente ou

imparcial, em conformidade com as garantias de um

processo equitativo reconhecidas pelo direito internacional,

ou tenha sido conduzido de uma maneira que, no caso

concreto, se revele incompatível com a intenção de

submeter a pessoa à ação da justiça.”