direito internacional economico larissa

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Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2007 Direito Internacional Econômico Disciplina na modalidade a distância 2 a  edição revista

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Palhoça

UnisulVirtual

2007

Direito Internacional Econômico

Disciplina na modalidade a distância

2a edição revista

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Créditos

Unisul - Universidade do Sul de Santa CatarinaUnisulVirtual - Educação Superior a Distância

Campus UnisulVirtualRua João Pereira dos Santos, 303Palhoça - SC - 88130-475Fone/fax: (48) 3279-1541 e3279-1542E-mail: [email protected]: www.virtual.unisul.br

Reitor UnisulGerson Luiz Joner da Silveira

Vice-Reitor e Pró-ReitorAcadêmicoSebastião Salésio Heerdt

Chefe de Gabinete da ReitoriaFabian Martins de Castro

Pró-Reitor AdministrativoMarcus Vinícius Anátoles da SilvaFerreira

Campus SulDiretor: Valter Alves Schmitz NetoDiretora adjunta: AlexandraOrsoni

Campus NorteDiretor: Ailton Nazareno SoaresDiretora adjunta: Cibele Schuelter

Campus UnisulVirtualDiretor: João VianneyDiretora adjunta: JucimaraRoesler

Equipe UnisulVirtual

AdministraçãoRenato André LuzValmir Venício Inácio

BibliotecáriaSoraya Arruda Waltrick

Cerimonial de FormaturaJackson Schuelter Wiggers

Coordenação dos CursosAdriano Sérgio da CunhaAloísio José Rodrigues

Ana Luisa MülbertAna Paula Reusing PachecoCátia Melissa S. Rodrigues(Auxiliar)Charles Cesconetto

Diva Marília FlemmingItamar Pedro BevilaquaJanete Elza FelisbinoJucimara RoeslerLilian Cristina Pettres (Auxiliar)Lauro José BallockLuiz Guilherme BuchmannFigueiredoLuiz Otávio Botelho LentoMarcelo CavalcantiMauri Luiz HeerdtMauro Faccioni FilhoMichelle Denise Durieux Lopes

DestriMoacir HeerdtNélio HerzmannOnei Tadeu DutraPatrícia AlbertonPatrícia PozzaRaulino Jacó BrüningRose Clér E. BecheTade-Ane de Amorim(Disciplinas a Distância)

Design GráficoCristiano Neri Gonçalves Ribeiro(Coordenador)

Adriana Ferreira dos SantosAlex Sandro XavierEvandro Guedes MachadoFernando Roberto DiasZimmermannHigor Ghisi LucianoPedro Paulo Alves TeixeiraRafael PessiVilson Martins Filho

Gerência de Relacionamentocom o MercadoWalter Félix Cardoso Júnior

Logística de EncontrosPresenciaisMarcia Luz de Oliveira(Coordenadora)Aracelli AraldiGraciele Marinês LindenmayrGuilherme M. B. PereiraJosé Carlos TeixeiraLetícia Cristina BarbosaKênia Alexandra Costa HermannPriscila Santos Alves

Logística de MateriaisJeferson Cassiano Almeida daCosta (Coordenador)Eduardo Kraus

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Produção Industrial eSuporteArthur Emmanuel F. Silveira(Coordenador)Francisco Asp

Projetos CorporativosDiane Dal MagoVanderlei Brasil

Secretaria de Ensino aDistânciaKarine Augusta Zanoni(Secretária de Ensino)Ana Luísa MittelztattAna Paula PereiraDjeime Sammer BortolottiCarla Cristina SbardellaFranciele da Silva BruchadoGrasiela MartinsJames Marcel Silva RibeiroLamuniê SouzaLiana PamplonaMarcelo Pereira

Marcos Alcides Medeiros JuniorMaria Isabel AragonOlavo LajúsPriscilla Geovana PaganiSilvana Henrique SilvaVilmar Isaurino Vidal

Secretária ExecutivaViviane Schalata Martins

TecnologiaOsmar de Oliveira Braz Júnior(Coordenador)Ricardo Alexandre Bianchini

Rodrigo de Barcelos Martins

Equipe Didático-pedagógica

Capacitação e ApoioPedagógico à TutoriaAngelita Marçal Flores(Coordenadora)Caroline BatistaEnzo de Oliveira MoreiraPatrícia MeneghelVanessa Francine Corrêa

Design Instrucional

Daniela Erani Monteiro Will(Coordenadora)Carmen Maria Cipriani PandiniCarolina Hoeller da Silva BoeingDênia Falcão de BittencourtFlávia Lumi MatuzawaKarla Leonora Dahse NunesLeandro Kingeski PachecoLigia Maria Soufen TumoloMárcia LochViviane BastosViviani PoyerNúcleo de Avaliação da

AprendizagemMárcia Loch (Coordenadora)Cristina Klipp de OliveiraSilvana Denise Guimarães

Pesquisa e DesenvolvimentoDênia Falcão de Bittencourt(Coordenadora)Núcleo de AcessibilidadeVanessa de Andrade Manuel

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Apresentação

Este livro didático corresponde à disciplina DireitoInternacional Econômico.

O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma,abordando conteúdos especialmente selecionados e adotando umalinguagem que facilite seu estudo a distância.

Por falar em distância, isto não significa que você estará sozinho.Não esqueça que sua caminhada nesta disciplina tambémserá acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial daUnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir necessidade.Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois suaaprendizagem é o nosso principal objetivo.

Bom estudo e sucesso!

Equipe UnisulVirtual.

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 Larissa Miguel da Silveira

Palhoça

UnisulVirtual

2007

Design instrucional

Carolina Hoeller da Silva Boeing

Direito Internacional Econômico

Livro didático

2a edição revista

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Edição – Livro Didático

Professor ConteudistaLarissa Miguel da Silveira

Design InstrucionalCarolina Hoeller da Silva Boeing

ISBN  978-85-60694-53-2

Projeto Gráfico e CapaEquipe UnisulVirtual

DiagramaçãoAdriana Ferreira dos Santos

Vilson Martins Filho (2a ed. rev.)

Revisão OrtográficaB2B

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

342.3S59 Silveira, Larissa Miguel da

Direito internacional econômico : livro didático / Larissa Miguel da Silveira; design instrucional Carolina Hoeller da Silva Boeing. – 2. ed. rev. – Palhoça :

UnisulVirtual, 2007.262 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.ISBN 978-85-60694-53-2

1. Direito internacional privado. 2. Organização Mundial do Comércio. I.Boeing, Carolina Hoeller da Silva. II. Título.

Copyright © UnisulVirtual 2007

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

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Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Palavras da professora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

UNIDADE 1  – Breve introdução ao Direito Internacional  Econômico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

UNIDADE 2 – Métodos de solução de conflitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33UNIDADE 3  – As relações comerciais internacionais e a OMC . . . . . . . . . 49

UNIDADE 4  – A OMC e a resolução dos conflitos oriundos de seus  acordos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

UNIDADE 5  – A OMC e o comércio de bens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

UNIDADE 6  – A OMC e o comércio de serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

UNIDADE 7  – A OMC e a propriedade intelectual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147

UNIDADE 8  – A OMC e o investimento internacional . . . . . . . . . . . . . . . . 175

UNIDADE 9  – Sistema financeiro e monetário internacional . . . . . . . . . 191

UNIDADE 10  – As instituições financeiras e monetárias  internacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209

Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241

Sobre a professora conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245

Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 249

Sumário

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Palavras da professora

Caro(a) aluno(a),

A partir de agora você ingressará na disciplina de DireitoInternacional Econômico.

 Seja bem-vindo(a)!

As mudanças ocorridas no cenário internacional apartir da Segunda Guerra Mundial favoreceram aregulamentação das relações econômicas internacionaisentre os Estados. Esse conjunto de normas é, em síntese,conhecido como Direito Internacional Econômico.

Desta forma, esta disciplina visa a permitir que vocêtenha ferramentas para compreender as dinâmicas jurídicas dessas relações.

A cada unidade novos conceitos e exemplos serãorevelados e deverão ser assimilados. Porém, não esqueçade que se trata de um ramo relativamente novo noDireito e que ainda há muitas divergências em algumasquestões, portanto, mantenha seu senso crítico acionadoe cuidado com “pré-conceitos”.

Lembre-se que a finalidade maior do Direito é permitira convivência pacífica em sociedade, seja ela nacional ouinternacional.

Bons estudos!

Profª. Larissa Miguel da Silveira

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Plano de estudo

O plano de estudos visa orientá-lo/la no desenvolvimentoda Disciplina. Nele, você encontrará elementos queesclarecerão o contexto da Disciplina e sugerirão formasde organizar o seu tempo de estudos.

O processo de ensino e aprendizagem na Unisul Virtual

leva em conta instrumentos que se articulam e secomplementam. Assim, a construção de competênciasse dá sobre a articulação de metodologias e por meio dasdiversas formas de ação/mediação.

São elementos desse processo:

o livro didático;

o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem -

EVA ;as atividades de avaliação (complementares, adistância e presenciais).

Ementa

Introdução ao Direito Internacional Econômico. Fontes,sujeitos, método de solução de conflitos e sanções

no Direito Internacional Econômico. A circulaçãointernacional de mercadorias, serviços e fatores deprodução. As relações comerciais internacionais. Osinvestimentos internacionais. As relações monetáriasinternacionais.

Objetivos

Apresentar uma noção geral sobre o Direito

Internacional Econômico;

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Conhecer as fontes e os sujeitos do Direito InternacionalEconômico;

Familiarizar-se com os termos técnico-científicos acercada matéria;

Familiarizar-se com os diplomas legais, obrasdoutrinárias e decisões;

Conhecer formas de solução de litígios oriundos dasrelações negociais;

Compreender o sistema monetário internacional e osinvestimentos

Carga horária

A carga horária total da disciplina é de 60 horas-aula, 4 créditos,incluindo o processo de avaliação.

Conteúdo programático/objetivos

Os objetivos de cada unidade definem o conjunto deconhecimentos que você deverá deter para o desenvolvimento dehabilidades e competências necessárias à sua formação. Nestesentido, veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didáticodesta disciplina, bem como os seus respectivos objetivos.

Unidade 1 - Breve introdução ao Direito Internacional Econômico

Entender como se desenvolveu o DIE.

Conceituar o DIE.

Identificar o objetivo, quais os sujeitos e as característicasdo DIE

 

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Direito Internacioanl Econômico

Unidade 2 - Métodos de solução de conflitos

Identificar um conflito internacional.

Compreender o que são e para que servem os métodos desolução de conflitos.

Entender e diferenciar os tipos de métodos de solução deconflitos.

Unidade 3 - As relações comerciais internacionais e a OMC

Compreender em que consistem as relações comerciaisinternacionais.

Entender o que é e como funciona a OMC.

Unidade 4 - A OMC e a resolução dos conflitos oriundos de seus acordos

Conhecer as regras básicas da OMC que regulam ocomércio internacional de bens.

Unidade 5 - A OMC e o comércio de bens

Conhecer as regras básicas da OMC que regulam ocomércio internacional de bens.

Unidade 6- A OMC e o comércio de serviços

Entender as regras básicas da OMC que regulam ocomércio internacional de serviços.

Unidade 7- A OMC e a propriedade intelectual

Conhecer as regras da OMC sobre a propriedadeintelectual.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Unidade 8- A OMC e o investimento internacional

Conhecer as regras da OMC que afetam, direta ou

indiretamente, o investimento internacional.

Unidade 9- Sistema financeiro e monetário internacional

Entender o sistema financeiro e monetário internacional.

Unidade 10- As principais instituições financeiras e monetáriasinternacionais

Conhecer as regras básicas da OMC que regulam ocomércio internacional de bens.

  Agenda de atividades/ Cronograma

Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessarperiodicamente o espaço da disciplina. O sucesso nos seusestudos depende da priorização do tempo para a leitura; darealização de análises e sínteses do conteúdo e da interaçãocom os seus colegas e tutor. 

Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço

a seguir as datas, com base no cronograma da disciplinadisponibilizado no EVA.

Use o quadro para agendar e programar as atividades relativasao desenvolvimento da disciplina.

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Atividades obrigatórias

Demais atividades (registro pessoal)

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1UNIDADE 1

Breve introdução ao DireitoInternacional Econômico

Objetivos de aprendizagem Entender como se desenvolveu o DIE (Direito

Internacional Econômico).

 Conceituar o DIE.

 Identificar o objetivo, quais os sujeitos e as característicasdo DIE.

Seções de estudo

Seção 1 Considerações gerais sobre o DIE

Seção 2 Definição e objetivo

Seção 3 Sujeitos de Direito Internacional Econômico

Seção 4 Fontes do DIE

Seção 5 Características do DIE

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo

As relações econômicas internacionais, desde a 2ª Guerra

Mundial, vêm crescendo de maneira significativa.

- Em sua opinião, atualmente seria possível um país conseguir“sobreviver” se optasse por uma política econômica internacional

 fechada?

Esta não é uma resposta fácil, não é mesmo? Agora reflita:

- Você acredita que existam regras internacionais que um país deve

respeitar ao participar das relações econômicas internacionais? 

Por meio do estudo sobre o Direito InternacionalEconômico, entendendo seu desenvolvimento, seus sujeitose suas características, você poderá ter elementos básicos paracompreender a dinâmica jurídica das relações econômicasinternacionais e responder a estas e outras questões.

Siga em frente e descubra!

Incluem-se aqui as relaçõescomerciais, monetárias e

financeiras.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 1

SEÇÃO 1 – Considerações gerais sobre DIE

As relações econômicas internacionais, até os meadosdo século XIX, funcionavam baseadas nas legislaçõesnacionais de cada Estado. Não havia um sistemainternacional que regulasse essas relações econômicasentre os Estados, que até então eram executadas pormeio, principalmente, de acordos bilaterais entre ospaíses, dependendo da cooperação dos países maisfortes política e economicamente. Esse período foiconhecido como o Liberalismo.

As duas grandes guerras mundiais acabaram por estremeceresse sistema liberal. Mais especificamente após a 2ª GuerraMundial, que deixou como seqüela a destruição de grande partedo continente europeu, e com o avanço do socialismo, buscou-seconceber uma ordem internacional calcada no Direito em vez deaquela baseada no equacionamento das relações de poder.

Desta forma, concebeu-se uma ordem econômicainternacional fundada em normas jurídicas, visando,principalmente, a uma maior segurança nas relaçõeseconômicas internacionais.

Ressalta-se que, no plano político, esperava-se frear o avançodo socialismo no continente europeu. Por outro lado, entendia-se também que as normas econômicas internacionais poderiamevitar novos conflitos internacionais, haja vista que as duasprimeiras guerras mundiais foram causadas, essencialmente, por

disputas econômicas.Foi nesse contexto que em 1944, ainda durante a 2ª GuerraMundial, realizou-se uma conferência em Bretton Woods, NewHampshire, nos Estados Unidos, a fim de definir uma NovaOrdem Econômica Mundial. Fizeram parte da conferência 730delegados de 44 países do mundo, incluindo o Brasil.

Ao final da conferência, concebeu-se um sistema econômicointernacional alicerçado em um tripé: o Fundo Monetário

Internacional (FMI), o Banco Mundial (BIRD) e a OrganizaçãoInternacional do Comércio (OIC).

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Universidade do Sul de Santa Catarina

O FMI teria como finalidade manter a estabilidadedas taxas de câmbio e auxiliar, por empréstimosfinanceiros especiais, os países com dificuldades em

seu balanço de pagamentos. O BIRD, por sua vez, seocuparia em garantir recursos para a reconstruçãodos países atingidos pela guerra, além de promover eapoiar projetos de desenvolvimento dos países. A OIC deveria estabelecer e regular um novo sistema para ocomércio internacional, calcado no livre comércio e nomultilateralismo.

 Tanto o FMI como o BIRD, em 1945, foram criados einiciaram suas atividades logo após o término da SegundaGuerra. Contudo, a mesma sorte não teve a OIC. Em 1948,em uma conferência mundial realizada em Havana, 53 paísesfirmaram a Carta de Havana, acordo que criava a OIC. Porém,o congresso norte-americano não ratificou a Carta de Havana,desestimulando os demais países, impedindo, conseqüentemente,a criação da OIC.

Em contrapartida, em 1947, o Acordo Geral sobreTarifas e Comércio (GATT), foi firmado em Genebra.O GATT não era uma organização internacional,mas sim um tratado provisório, que vigeria até oestabelecimento da OIC. Como esta organizaçãoacabou por não ser implantada, o GATT passou aregular as relações comerciais internacionais sem,contudo, ter caráter institucional como o FMI e o BIRD.

Ao contrário do que se possa imaginar, a liberalizaçãoe a regulamentação da economia mundial por meio dasinstituições internacionais não são fatores antagônicos, mas simcomplementares. Isto porque a regulamentação não permite queos Estados atuem de maneira unilateral, conseqüentemente, há aliberalização do comércio por uma maior segurança jurídica.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 1

SEÇÃO 2 – Definição e objetivo

A definição do Direito Internacional Econômico ainda não está

pacífica entre os juristas. Tampouco está a sua delimitação e quaisas relações por ele abrangidas.

Porém, como definição, adotar-se-á aqui aquela quedefine o DIE como o conjunto de normas e princípios que regulam as relações econômicas internacionais,abarcando, portanto, a circulação de bens, serviços ecapitais, os investimentos, as questões monetárias, aintegração regional e o direito de desenvolvimento.

Importante frisar que estas relações devem ser transfronteiriças,ou seja, devem-se estabelecer pelas fronteiras de dois ou maisEstados. Por outro lado, excluem-se as relações meramenteprivadas.

No entanto, é necessário destacar que há divergência entre os juristas se o DIE é um ramo autônomo do Direito ou se é umasubdivisão do Direito Internacional Público (DIP).

Entre os defensores do DIE como um ramo autônomo do Direitotemos John H. Jackson, Dominique Carreau e Patrick Juillard.Segundo JACKSON (1998, p. 1-9), o Direito InternacionalEconômico possui “certas características ou pelo menos nuances”distintas do Direito Internacional Público. CARREAU et al  (1990, p. 13), por sua vez, afirma que as diferenças se encontramna finalidade e nas fontes, sendo que enquanto a finalidadedo DIE são as relações econômicas, o objetivo do DIP é aproteção da paz; já em relação às fontes, o DIP privilegia ostratados e os costumes enquanto o DIE, os atos unilateraisdos Estados e das organizações internacionais.

Contudo, será adotada aqui a corrente que afirma que“no plano científico, o direito internacional econômiconão constitui senão um capítulo entre outros do direitointernacional geral” (PROSPER WEIL, 1972 p. 34). Nestesentido, SEIDL-HOHENVELDERN (1999, p. 1) entende queo DIE consiste “naquelas regras de Direito Internacional Público

que respeitam diretamente às trocas econômicas entre os sujeitosde direito internacional”.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Como você viu anteriormente, o DIE visa aregulamentar as relações econômicas internacionais,permitindo a liberalização das trocas internacionais,

dos financiamentos e investimentos, por intermédioda previsibilidade e da segurança jurídica.

SEÇÃO 3 – Sujeitos de Direito Internacional Econômico

- Você agora deve estar se perguntando: o que se quer dizer com sujeitode direito?

Para o Direito em geral, sujeito é aquele ente comcapacidade de adquirir direitos e obrigações,podendo exigir o respeito a esses direitos ou serresponsabilizado por suas obrigações.

De maneira geral, o DIE diz respeito às relações que envolvemtrocas econômicas entre os sujeitos de direito internacionaleconômico. Contudo, há que ressaltar que estamos diante doDireito Internacional Público moderno e não o tradicional.Neste último, somente os Estados podem ser considerados comosujeitos de DIP. Porém, no DIP moderno, outras entidades sãoreconhecidas como sujeitos de direito, a saber: as organizaçõesinternacionais, as empresas transnacionais e os indivíduos.

É importante frisar ainda que, em regra, as trocas internacionaisocorrem entre operadores econômicos que não são a priori  osEstados.

Para Mello (1997, p. 329) o “Estado sujeito do DI éaquele que reúne três elementos indispensáveispara sua formação: população (composta denacionais e estrangeiros), território (ele não precisaser completamente definido, sendo que a ONU temadmitido Estados com questões de fronteiras, como

por exemplo, Israel) e governo (deve ser efetivo eestável). Todavia, o Estado, pessoa internacional plena,é aquele que possui soberania”.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 1

As organizações internacionais, por sua vez, são entidadesformadas pela iniciativa de outros sujeitos de DireitoInternacional, como Estados e até mesmo outras Organizações

Internacionais já estabelecidas. São originadas mediante tratadose possuem personalidade jurídica internacional distinta da de seusmembros.

Como exemplo, pode-se citar a ONU, a OMC, o FMI e oBanco Mundial.

Em relação às empresas transnacionais, HUSEK (1998, p. 205)

informa que “inexistem definições” apontando, todavia,

(...) critérios – as capazes de influenciar a economia dediversos países ou as sociedades comerciais cujo poderestá disperso nas subsidiárias, ou ainda, aquelas queatuam no estrangeiro por meio de subsidiárias ou filiais- bem como características - grande empresa e enormepotencial financeiro ou administração internacionalizada,ou, ainda, unidade econômica e diversidade jurídica.

Destaca-se, também, a importância dos indivíduos como agenteseconômicos como, por exemplo, os investidores estrangeiros.

Em relação aos indivíduos, muitos acordos bilateraissobre investimento reconhecem a capacidade doindivíduo em demandar o Estado de acolhimento doinvestimento, perante tribunais arbitrais constituídossob as regras da UNCITRAL ou por meio daconvenção para a resolução de diferenças relativas

a investimentos entre Estados e nacionais de outrosEstados.

Convenção de

Washington de 1965.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

SEÇÃO 4 – Fontes do DIE

Provavelmente, a primeira coisa que lhe veio à cabeça quando leu“fontes” foi a figura de uma nascente. Porém, para o Direito nãoé bem assim.

“Fontes são os meios pelos quais se formam ou seestabelecem as normas jurídicas” (MONTEIRO, 2003, p.12).

O artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiçaestabelece as fontes de DIP pelas quais deve se basear a Cortequando do julgamento de algum caso a ela submetido, a saber:

as convenções internacionais, sejam gerais ouparticulares, que estabeleçam regras expressamentereconhecidas pelos Estados litigantes;

o costume internacional como prova de uma práticageralmente aceita como direito;

os princípios gerais do direito reconhecidos pelas naçõescivilizadas;

as decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, como meioauxiliar para a determinação das regras de direito.

Ressalta-se que o rol acima citado não possui qualquer hierarquiae tampouco é taxativo, devendo serem considerados tambémcomo fonte do DIP os atos unilaterais dos Estados e os atos das

Organizações Internacionais.

Os tratados são os acordos formais firmados pelossujeitos de Direito Internacional Econômico.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 1

Segundo Husek (1998, p. 26 - 27), os tratados podem serclassificados em:

tratados-contratos - “regulam situações específicas deinteresses diretos dos Estados envolvidos”;

tratados-leis – “produzem regras gerais e abstratas parauma série de Estados”;

tratados-Constituição – “aqueles que criam organismosinternacionais e, assim, trazem dispositivos que seaplicam a todos os partícipes”.

Por sua vez, os costumes são práticas uniformes,gerais e de constante repetição de determinadocomportamento nas relações internacionais.

Os princípios são valores reconhecidos pelas nações civilizadas.

Pode-se citar como exemplos de princípios no DIE:

a cooperação dos Estados na estabilização dos preços;

restrição às barreiras comerciais;

evitar as restrições quantitativas de importações eexportações;

não-proibição do pagamento de lucros de investimentosestrangeiros realizados em seu território;

os Estados em desenvolvimento têm direito a assistênciaeconômica (STARKE, 1972 apud  MELLO, 2000, p.

1592).

Segundo Hee Moon Jo (2000, p. 138), as jurisprudências são “asdecisões judiciais ( judicial decision) que correspondem tantoàs próprias decisões judiciais (nacionais e internacionais)e arbitrais quanto às opiniões consultivas (advisoryopinion)”.

 Já as doutrinas são produções intelectuais de juristas e juízes internacionais.

O elemento da

repetitividade é uma

“consciência jurídica”

internacional de que

aquele comportamento

é o mais adequado e

correto.

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Em relação aos atos unilaterais dos Estados, ou seja, aquelesemanados por vontade de um único Estado, Rezek (1993, p. 141-142) afirma que “pode ocasionalmente voltar-se para o exterior,

em seu objeto, habilitando-se à qualidade de fonte do direitointernacional na medida em que possa ser invocado por outrosEstados em abono de uma vindicação qualquer, ou como esteiode licitude de certo procedimento”.

Por fim, entende-se como ato das Organizações Internacionais aquela “manifestação coletiva dos países membros da OI sobre osassuntos internacionais” (JO, 2000, p. 145). Assinala-se que, viade regra, esses atos têm a forma de resolução.

SEÇÃO 5 – Características do DIE

Como características do DIE, pode-se citar: este ramo do DIP éum direito quadro (droit cadre ), a votação por peso (weighted vote ),a dualidade de normas e a cláusula de salvaguardas (safeguardclause ) (JO, 2000, p. 439).

Direito quadro – as normas do DIE são generalistas,haja vista as relações econômicas serem demasiadamentecomplexas e estarem em constante mudança, dificilmenteestarão reguladas em detalhes;

 Votação por peso – nas relações econômicas, o princípiobásico da igualdade entre os Estados do DIP nãofunciona, pois a maioria das OI econômicas optam pela votação com peso;

Como você verá nas próximas unidades, o FMI eo Banco Mundial são OI que possuem o sistemade votação por peso, conforme a “quota” do país.Contudo, na OMC, quando há questões que sãodecididas por voto, o sistema adotado é o deigualdade, ou seja, cada país tem direito a um voto.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 1

Dualidade das normas – as normas do DIE têmcaracterísticas de normas de dualidade, isto é, aplicam-se de forma distinta aos países industrializados e aos

países em desenvolvimento, considerando-se, portanto, asdistintas situações econômicas;

Cláusula de salvaguarda  – a viabilidade da aplicaçãodas normas econômicas é condicionada pela situaçãoconstantemente alterada dos países, havendo, porconseguinte, a necessidade de conceder exceções,pelas quais os países se isentam de certas obrigaçõesdispostas nos tratados ou nas resoluções das OI. Assim,os tratados podem manter-se e os países isentarem-se

temporariamente das condições impostas.

Você poderia informar algum exemplo bem atualsobre salvaguarda envolvendo o Brasil e outro Estado?Escreva nas linhas abaixo a sua resposta.

Estas são, portanto, as características deste ramo do Direito(DIE), que visa a regulamentar as relações econômicasinternacionais.

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Síntese

Nesta primeira unidade você viu que a origem do DireitoInternacional Econômico remonta ao final da 2ª GuerraMundial, visando a trazer uma atmosfera de segurança àsrelações jurídicas de cunho econômico existentes entre os sujeitosdo Direito Internacional.

Por sua vez, entende-se como DIE o conjunto de normas queregula as relações econômicas internacionais entre os seussujeitos (Estados, Organizações Internacionais – OI, empresas

transnacionais e indivíduos).

Você aprendeu, também, quais são as fontes do DIE (asconvenções/tratados internacionais, o costume internacional,os princípios gerais, as decisões judiciais e as doutrinas dospublicitários) e as suas características (direito quadro, voto porpeso, dualidade de normas e salvaguardas) deste novo ramo doDireito Internacional Público.

No próximo capítulo, serão abordados os métodos de solução deconflitos originados nas relações econômicas internacionais. Atélá!

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Direito Internacional Econômico

Unidade 1

Atividades de auto-avaliação

1) Para realização desta atividade, leia o artigo da Convenção de Roterdãsobre o procedimento de consentimento prévio informado para ocomércio internacional de certas substâncias químicas e agrotóxicosperigosos, transcrito a seguir:

Artigo 15 - Implementação da Convenção

1. Cada Parte tomará as medidas que sejam necessárias

para criar e fortalecer sua infra-estrutura e suas instituiçõesnacionais para garantir a eficaz implementação da presenteConvenção. Essas medidas poderão incluir, se necessário,a adoção ou emenda de medidas nacionais legislativas ouadministrativas e poderão, também, incluir:

a) O estabelecimento de cadastros e bancos de dadosnacionais com informações de segurança sobre substânciasquímicas;

b) O estímulo a iniciativas, por parte de indústrias, parapromover a segurança química; e

c) A promoção de acordos voluntários, levando emconsideração o disposto no Artigo 16.

  Agora responda: este artigo diz respeito a qual característica do “Direito

Internacional Econômico”? Por quê?

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2) De acordo com os ensinamentos anteriores, explique com suaspróprias palavras como se deu o nascimento do Direito InternacionalEconômico.

3) Explique o que é a característica de salvaguardas do direitointernacional econômico e dê um exemplo (pode ser fictício).

4) Por que é importante considerar os indivíduos e as empresastransnacionais como sujeitos de Direito Internacional Econômico?

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Direito Internacional Econômico

Unidade 1

Saiba mais

BROWNLIE, Ian. Princípios de Direito InternacionalPúblico. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1997.

 JO, Hee Moon. Introdução ao Direito Internacional. SãoPaulo: LTr, 2000.

HUSEK, Carlos Roberto. Curso de Direito InternacionalPúblico. 2. ed. São Paulo: LTr, 1998.

LUPI, André Lipp Pinto Basto. Soberania, OMC e Mercosul.São Paulo: Aduaneiras, 2001.

MELLO, Celso D. Albuquerque de. Curso de DireitoInternacional Público. 11. ed. Rio de Janeiro: Renovar,1997. v. 1.

_____ Curso de Direito Internacional Público. 12. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2000. v. 2.

MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil.39. ed. rev. e atual. por Ana Cristina de Barros Monteiro FrançaPinto. São Paulo: Saraiva, 2003. v1. parte geral.

REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público: cursoelementar. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 1993.

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2UNIDADE 2

Método de solução de conflitos

Objetivos de aprendizagem

 Identificar um conflito internacional.

 Compreender o que são e para que servem os métodosde solução de conflitos.

 Entender e diferenciar os tipos de métodos de soluçãode conflitos.

Seções de estudoSeção 1 Os conflitos

Seção 2 Solução pacífica

Seção 3 Meios coercitivos

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo

Na unidade 1 você aprendeu que o Direito Internacional

Econômico tem como escopo regulamentar as relaçõeseconômicas internacionais, permitindo a liberalização das trocasinternacionais, financiamentos e investimentos, por meio daprevisibilidade e da segurança jurídica.

Contudo, ainda assim podem surgir conflitos entre os sujeitosdo DIE. Desta forma, é hora de compreender o que são estesconflitos e como podem ser resolvidos.

SEÇÃO 1 – Os conflitos

Como você viu anteriormente, muitos aspectos das relaçõeseconômicas internacionais são reguladas por meio de acordosinternacionais. Contudo, apesar de haver esta regulamentação,

muitas vezes os sujeitos do DIE podem vir a divergir emum determinado fato ou direito, gerando assim os conflitosinternacionais de origem econômica.

A Corte Permanente de Justiça Internacional, no casoMavrommatis de 1924, definiu conflito internacionalcomo “um desacordo sobre uma questão de direitoou de fato, uma contradição, uma oposição de teses

 jurídicas ou de interesses de dois ou mais Estados”.(Corte Permanente de Justiça Internacional- PCIJ

– Série A, n. 2, p. 13).

Entretanto, com a evolução da sociedade internacional e osurgimento de novos sujeitos do DIE, você deve atentar ao fatode que estes conflitos podem derivar não só de uma oposiçãoentre Estados, como também “entre Estados e OI, entre Estadose indivíduos, entre Estados e pessoas jurídicas, entre as OI, entreOI e indivíduo, entre OI e pessoa jurídica, entre os indivíduos,

entre indivíduo e pessoa jurídica, e entre as pessoas jurídicas”(JO, 2000, p. 497-498).

OI – Organizações

Internacionais.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 2

- Mas se os conflitos podem ser entre indivíduos, como diferenciar umconflito interno de um internacional? Você saberia dizer? 

Independente de quais são os sujeitos envolvidos, ressalta-se que,como visto na unidade anterior, para que se configure um conflitointernacional é necessário que o elemento transfronteiriço estejasempre presente.

Por outro lado, é importante frisar que por estar dianteda disciplina de Direito Internacional Econômico, osconflitos devem ser entendidos como aqueles quetêm como origem divergências econômicas.

Há alguns anos, os conflitos internacionais eram, muitas vezes,resolvidos mediante conflito armado. Porém, após as duas guerrasmundiais, os estados passaram a repudiar a guerra optando pelosmétodos pacíficos. Neste sentido, pode-se citar, entre outrosdocumentos internacionais que consagram a solução pacífica dosconflitos, a Carta da ONU (artigo 2º, alínea 3) e a Carta daOEA  (artigo. 2º, letra b).

Desta forma, pode-se dizer que “a solução dos litígios secaracteriza por ser pacífica e voluntária” (MELLO, 2000, p.1344).

A partir destas notas introdutórias, você passará a verificar comoesses conflitos podem ser resolvidos.

A denominação “conflito”

tem como sinônimos:

litígio, disputa, lide,

controvérsias.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

SEÇÃO 2 – Solução pacífica

Como você viu anteriormente, os sujeitos do DIE procuram

resolver seus conflitos de forma pacífica.Os meios pacíficos de solução de conflitos podem ser classificadosem diplomáticos, judiciais e políticos.

É importante esclarecer, também, que não há qualquer graude hierarquia entre os meios de solução pacífica dos conflitos,podendo as partes, em regra, decidir pelo que melhor atenderseus interesses.

Meios diplomáticos

Entende-se como diplomático aquele meio em que as partes deuma controvérsia a resolvem, ou tentam resolvê-la, mediantenegociação, serviços amistosos, consultas, bons ofícios e

mediação.

É necessário ressaltar que “enquanto a diplomacia é

formalmente aplicada somente para as disputas entreEstados, ela pode ser útil também para as disputas entreas instituições e indivíduos” (JO, 2000, p. 504).

A seguir, você verá alguns meios de solução de conflitospela via diplomática.

Negociação

A negociação nada mais é que o conflito resolvidopor intermédio de um acordo realizado diretamenteentre os conflitantes, pela via diplomática, sem ainterferência de terceiros alheios ao litígio.

As negociações podem ser bilaterais (quando envolvem somentedois sujeitos) ou multilaterais (três ou mais sujeitos), estaúltima também é conhecida como conferência ou congresso

internacional.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 2

Huzek (1998, p. 163-164) lembra que na negociação osconflitantes apresentam “suas razões, reúnem-se e concluem, nomais de vezes, um acordo, pondo fim ao problema”.

Serviços amistosos

Serviços amistosos são aqueles “prestados semaspecto oficial por diplomata designado pelo governopara que chegue a um bom termo sem a necessidadede maiores movimentações e sem chamar a atençãoda opinião pública” (HUZEK, 1998, p. 164).

Consultas

A consulta nada mais é do que a negociação realizada de formaprogramada . Não há, assim como na negociação, qualquerintervenção de terceiro.

O sistema de consultas é a “previsão – normalmenteexpressa em tratado - de encontros periódicosonde os Estados trarão à mesa suas reclamações

mútuas, acumuladas durante o período, e buscaramsolucionar, à base desse diálogo direto e programado,suas pendências” (REZEK, 1993, p. 346).

Bons ofícios

Diferentemente da negociação, nos bons ofícios há aparticipação de um terceiro sujeito (Estados, OI e/ou

indivíduos) que ajuda os litigantes na solução do conflito.

Bons ofícios “são atos por meio dos quais uma terceiraparte procura facilitar e abrir via às negociações daspartes interessadas, ou buscar reabrir negociaçõesque foram interrompidas” (JO, 2000, p. 505).

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É importante frisar que a intervenção deste terceiro, conhecidocomo prestador dos bons ofícios, é meramente instrumental, nosentido de que apenas aproxima as partes, podendo, inclusive,

nem se inteirar do motivo da disputa.

Mediação

Mediação é um instrumento de solução pacífica deconflitos em que um terceiro intermedeia oficialmenteuma negociação.

Assim como nos bons ofícios, na mediação há a participação deum terceiro, conhecido, neste caso, como mediador.

Contudo, ao contrário dos bons ofícios, na mediação o terceirointervém mais ativamente, ficando a par do conflito e das razõesdos conflitantes, sugerindo, ao final, uma solução.

Ressalta-se que se trata de mera sugestão, podendo osconflitantes aceitar ou não o parecer do mediador.

Meios políticos

Os meios políticos são aqueles em que a solução doconflito é resolvida diretamente ou por intermédio deuma organização internacional.

 Jo (2000, p. 508) lembra que “os meios pacíficos que as OIs empregam podem ser via solução política  ou via solução

 judiciária ”.

Pode-se citar o método de solução de conflitosdefinido pela Organização Internacional doComércio (OMC), que você verá na unidade 4, comoum meio político de solução pacífica dos conflitosinternacionais de origem econômica.

Normalmente, as OIs

optam pelos meios

políticos na resolução dos

conflitos originados por

desentendimentos entre

seus membros e que

envolvam seus acordos,

adotando ainda o meio

 judicial que você verá a

seguir.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 2

Meios judiciais

A arbitragem e a solução judiciária são os meios judiciais - também chamados de jurisdicionais (HUZEK,1998, p. 165) ou legais (JO, 2000, p. 503) – de soluçãode conflitos.

Brownlie (1997, p. 737) afirma que a diferença entre arbitragem ea solução judiciária é formal, pois,

(...) na arbitragem, o órgão de decisão é designado“tribunal arbitral” ou “árbitro”; o tribunal é composto porum número ímpar, habitualmente com representantesnacionais (podendo, no entanto, este elemento estarpresente nos tribunais permanentes); o tribunal arbitralé criado habitualmente para tratar de um litígio concretoou de um conjunto de litígios; e existe maior flexibilidadedo que a que existe num sistema de jurisdição obrigatóriadotado de um tribunal permanente.

Arbitragem

A arbitragem é um processo jurídico em que as parteslitigantes elegem um ou mais árbitros, neste últimocaso temos o Tribunal Arbitral, para resolver o litígio.

A escolha dos conflitantes pela arbitragem se dará mediante aconvenção arbitral, podendo estar revestida por uma cláusula

arbitral ou um compromisso arbitral.Cláusula arbitral - disposição contida em tratado dequalquer outra natureza, informando que os futuroslitígios dele originados serão resolvidos por arbitragem.

Compromisso arbitral - tratado ou acordo formalizadoapós:

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a existência de um Tratado principal ou do AcordoConstitutivo de uma Organização, ou ainda

a existência do litígio. Neste último caso, as partesdescrevem o conflito, designam o árbitro outribunal arbitral, definem as regras procedimentais,comprometendo-se a cumprir o laudo arbitral.

A arbitragem pode ser operacionalizada por meio da arbitrageminstitucional ou ad hoc .

 Arbitragem institucional - existe quando a convençãoarbitral determina que o litígio será arbitrado por uma

instituição arbitral, que administrará o procedimentoarbitral mediante suas próprias normas.

 Arbitragem ad hoc  - as partes fixam as regras e formasem que o processo arbitral será conduzido naquele casoem particular. Sendo assim, o procedimento arbitralnão seguirá as regras de uma instituição arbitral, massim as disposições determinadas pelas partes ou pelo(s)árbitro(s).

É importante frisar que ao contrário da mediação, eindependente do tipo de convenção arbitral ou doprocedimento utilizado, a decisão do árbitro ou doTribunal Arbitral (laudo ou sentença arbitral) seráobrigatória entre as partes.

Solução judiciária

Quando o litígio é submetido a um tribunal ou corte judicialestamos diante de uma solução judiciária.

Segundo Jo (2000, p. 513), “a criação de uma corte ou tribunalde características internacionais dá-se pela vontade e pelasnecessidades dos Estados. Nesse sentido, existem várias cortesinternacionais e regionais”.

A Corte Internacional de Justiça (CIJ), criada em 1946,e a Corte da Justiça da União Européia (CJUE), criada

em 1957, são exemplos de uma corte internacional euma regional, respectivamente.

a)

b)

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Unidade 2

SEÇÃO 3 – Meios coercitivos

Como você já viu, os meios coercitivos para resolução dos litígios

internacionais, também conhecidos como sanções, contrariam osprincípios estabelecidos na Carta das Nações Unidas, haja vistaa proibição à “ameaça ou o uso da força” ou “qualquer ação nãoamigável decidida unilateralmente pelo Estado” (artigos 1º, § 1º;2º, § 3º, § 4º e § 6º).

Contudo, a partir do momento que se esgotam as tentativaspacíficas de solução de um litígio, a maioria dos juristas entendeque os sujeitos do DIE podem aplicar as sanções.

Mello (2000, p. 1376) sustenta que o fato de os meios coercitivosserem geralmente utilizados pelos Estados de forma individualtorna-os injustos. Isto porque somente os países desenvolvidos,que possuem poder econômico, possuem condições de aplicá-los.

 Jo complementa afirmando que:

A tendência é que os meios coercitivos sejam empregadosunicamente, sob o controle do sistema da ONU, comomeio de manter a segurança coletiva de forma imparciala todos os estados. Refletindo essa tendência, a palavra“sanção” é usada para as medidas coercitivas tomadaspelas OIs. (2000, p. 529).

A seguir você aprenderá sobre alguns meios coercitivos.

Rompimento das relações diplomáticas

É o rompimento das relações oficiais entre Estados,por meio da retirada dos agentes diplomáticos doEstado violador e o retorno do corpo diplomático doEstado ofendido.

Frisa-se que as relações econômicas poderão ser mantidas se as

partes assim desejarem.

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Retorsão

É a medida coercitiva aplicada pelo Estado ofendido

ao Estado ofensor, consistindo no mesmo ato legal einamistoso praticado por este último.

 Trata-se de medida coercitiva sem força armada, pois a retorsão éum ato não-contrário ao Direito Internacional, ou seja, não violao DI.

Aumento de tarifa de um determinado produto

alfandegário.

Represália

É a medida coercitiva aplicada pelo Estado ofendidoao Estado ofensor, porém, ao contrário da retorsão, oato é ilegal.

Desta forma, a represália é uma medida coercitiva contrária aoDireito Internacional violando, assim, o DI.

Mello (2000, p. 1380) afirma que para a aplicação da represáliadevem ser observados os seguintes requisitos:

a) a existência de um ato contrário ao DI;

b) a inexistência de outros meios para que o Estadoobtenha a reparação;

c) proporcionalidade em relação ao delito;

d) que o Estado lesado tenha tentado, antes de praticá-las, obter satisfação sem sucesso.

Além disso, Mello (2000, p. 1380) diferencia represália de

legítima defesa porque esta última visa a impedir que o ilícito sejapraticado, enquanto naquela o ilícito já foi consumado.

Tampouco poderá causar

danos a terceiros.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 2

A represália poderá ser armada, como, por exemplo,o bloqueio pacífico, ou não-armada, citando-se comoexemplos a suspensão da aplicação de um tratado

válido, o boicote, o confisco de bens de outro Estado eo embargo.

Bloqueio pacífico - apesar do nome, não tem nada de pacífico. Trata-se, na verdade, de impedir, mediante força armada, ascomunicações com portos ou com a costa do Estado ofensor.

Boicote - também denominado boicotagem, é a ruptura dasrelações econômicas (comerciais e financeiras) entre os Estados.Ressalta-se que a boicotagem poderá “ser realizada pelo governoou por particulares, está última pode ser espontânea ou forçada”(MELLO, 2000, p. 1382).

Embargo - é o seqüestro, em tempo de paz, de navios e cargasprovenientes do Estado ofensor nos portos ou águas territoriaisdo Estado ofendido. Segundo Mello (2000, p. 1381) o embargo tem sido condenado pela sociedade internacional, haja vistaatingir “inocentes, ou seja, a simples particulares”, contudo “ainda

não desapareceu das relações internacionais”.O quadro a seguir faz uma breve demonstração de alguns traçosdistintivos entre retorsão e represália. Observe com atenção!

Quadro 2.1: Quadro sinótico distintivo de retorsão e represália

Retorsão Represália

Legalmente permitidos

(ofensor e ofendido)

Contrários ao Direito

(ofensor e ofendido)

Idêntica Equilíbrio entre os danos sofridos e os causados

Sem força armada Força armada ou não

Corte de ajuda econômica Represália armada, boicote, ocupação, embargo

Estes são os meios coercitivos (sanções) aplicados para a soluçãode conflitos, lembrando sempre que devem ser aplicados demaneira criteriosa devido ao fato de contrariarem os princípiosestabelecidos na Carta das Nações Unidas, como já foi visto.

O embargo difere do

embargo civil, também

conhecido comoembargo do príncipe

(seqüestro de navio

por motivo sanitário),

e do direito de angária

(direito de requisição que

o Estado possui sobre

os meios de transporte

estrangeiros que estão

em seu território; pode

utilizar-se do bem

apreendido por meio deindenização).

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Síntese

Nesta unidade, você pôde observar que, apesar daregulamentação das relações econômicas internacionais, podemexistir conflitos originados por desentendimentos nestas relações.

Foi verificado também que é princípio da Carta da ONU queestes conflitos sejam resolvidos mediante meios pacíficos, sejameles diplomáticos, judiciais ou políticos.

 Todavia, existem ainda os meios coercitivos que, em que pese

serem considerados injustos pela maioria dos juristas pois quemos pode aplicar são normalmente países desenvolvidos com podereconômico, ainda são utilizados.

Ressalta-se que há uma tendência no sentido de permitir queos meios coercitivos, também conhecidos como sanções, sejamutilizados não por um país individualmente, mas medianteintervenção de uma Organização Internacional com poderes paratanto como, por exemplo, a ONU e a OMC.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 2

Atividades de auto-avaliação

1) O “Tratado de Rota”, firmado entre os países da América Latina em1992, constituiu a “Organização de Livre Comércio da América Latina- OLCAL”. Em 1998, esses países, no âmbito da OLCAL, firmaram o“Protocolo de Rios” determinando que os conflitos relacionadosao Tratado de Rota serão resolvidos pelo Tribunal Arbitral de Rota,instituído a partir desse mesmo protocolo. Diante destas informações,responda: o “Protocolo de Rios” é uma cláusula ou um compromissoarbitral? É um tribunal ad hoc  ou institucional? Justifique cada uma desuas respostas. (Este é um caso fictício).

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2) Leia o resumo abaixo e informe qual o método de solução de conflitosutilizado, explicando sua resposta:

  “Este estudo tem por escopo propiciar uma visão de conjunto doconflito diplomático pela posse da ilha da Trindade (1895-96) entre oBrasil e a Grã-Bretanha”.

No início do mandato presidencial de Prudente de Morais, primeiro civila governar o Brasil no regime republicano, a ilha foi ocupada por umnavio britânico, sendo declarada parte integrante do império britânico.

O Brasil saberia da ocupação pela imprensa britânica. O clima internodo país era turbulento, recuperando-se ainda das seqüelas produzidas

pela Revolta da Armada (1893-94).

No campo da política externa, o idealismo, que buscava seu eixo paraa América em detrimento da Europa - mais precisamente Grã-Bretanha- e marcou os primeiros gestos e ações da política republicana, como,por exemplo, o Tratado de Montevidéu sobre a área das Missões (1890)começa a ser suplantado pelo realismo.

O Brasil conduziu sua ação nesse conflito sempre optando pelo diálogo,ainda que, em determinado momento, alguns radicais exigissem até

o rompimento com a Grã-Bretanha. Após um ano de negociação, ecom a colaboração de Portugal, que aproximou os dois países, o Brasilretomaria a posse da ilha em agosto de 1896.” (trecho destacado,propositalmente modificado para realização desta atividade)

  (ARRAES, Virgílio Caixeta. A República e o Imperialismo: a posse pelailha da Trindade (1895-1896). Disponível em: < http://www.unb.br/ih/his/hi-teses-1998.htm>. Acesso em: 8 mar. 2005.)

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3) O país “A” proibiu a importação de arroz do país “B” e “C” sem fazerqualquer justificativa. Os países, não se conformando com a posiçãotomada pelo país “A”, resolveram aplicar, unilateralmente, sançõeseconômicas. O país “B”, pela força armada, impediu a comunicação

com os portos e a costa do país “A”. Já o país “C” proibiu a saída dequalquer embarcação particular de nacionais do país “A” que estavamancorados em seus portos. Todos os países participam da “Organizaçãode Comércio OL” que proíbe qualquer tipo de barreira à entrada deprodutos estrangeiros. Determina que somente poderão ser aplicadassanções quando proferidas pelo Tribunal Arbitral da OL. Diante destefato, responda: o ato praticado pelo país “A” foi legal? As sançõesaplicadas podem ser classificadas como retorsão ou represália? Qual asanção praticada pelo país “B”? Qual a sanção praticada pelo país “C”?Justifique todas as suas respostas. (Este é um caso fictício).

4) Qual a semelhança e a diferença entre a mediação e os bons ofícios?

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais

BROWNLIE, Ian. Princípios de Direito InternacionalPúblico. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1997.

 JO, Hee Moon. Introdução ao Direito Internacional. SãoPaulo: LTr, 2000.

HUSEK, Carlos Roberto. Curso de Direito InternacionalPúblico. 2. ed. São Paulo: LTr, 1998.

MELLO, Celso D. Albuquerque de. Curso de DireitoInternacional Público. 12. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2000. v. 2.

REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público : cursoelementar. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 1993.

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3UNIDADE 3

As relações comerciaisinternacionais e a OMC

Objetivos de aprendizagem Compreender em que consistem as relações comerciais

internacionais.

 Entender o que é e como funciona a OMC.

Seções de estudo

Seção 1 As teorias do livre comércio e a formação daOMC

Seção 2 Dados gerais da OMC

Seção 3 Objetivo e funções da OMC

Seção 4 Princípios da OMC

Seção 5 Estrutura orgânica da OMC

Seção 6 Processo decisório da OMC

Seção 7 Como ingressar na OMC?

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo

Nas unidades anteriores, você aprendeu que o Direito

Internacional Econômico tem como escopo regulamentar asrelações econômicas internacionais, permitindo a liberalizaçãodas trocas internacionais, dos financiamentos e investimentos,por meio da previsibilidade e da segurança jurídica do sistemaeconômico internacional.

Além disso, você pôde observar também como os Estadosresolvem os conflitos originados no seio das relações econômicasinternacionais.

Nesta unidade, você se aprofundará de uma das vertentes dasrelações econômicas internacionais: as relações comerciaisinternacionais. Verá também a Organização Internacionalresponsável por regular e administrar estas relações, aOrganização Mundial do Comércio (OMC).

SEÇÃO 1 – As teorias do livre comércio e a formação daOMC

Há uma tendência mundialmente aceita de que o sistemacomercial internacional deve estar baseado no princípio dolivre comércio, adotando-se a teoria econômica das vantagenscomparativas.

Para Adam Smith, o livre comércio aumentaria a competição

no mercado local, dificultando o poder de empresas domésticasexplorarem os consumidores com preços elevados e produtos compouca qualidade. David Ricardo, aprimorando os ensinamentosde Adam Smith, trouxe-nos o conceito de vantagem comparativa.

Sendo assim, entende-se como teoria da vantagemcomparativa àquela em que um país foca seusrecursos naquilo que produz melhor. Em um planomais abrangente, entende-se que esta teoria levariaa um desenvolvimento global por intermédio do

incremento do bem-estar mundial e da própriapopulação.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Os países ocidentais, incentivados pelos EUA, ficaram motivadospara criar um sistema diferente do fim da 1ª Guerra Mundial,

baseado na necessidade de se estabelecer mecanismos para

evitar a desvalorização de produtividade e barreirascomerciais, buscando criar uma economia estável comacesso a mercados, fornecedores e investimentos de formanão-discriminatória – evitar novas guerras.

Assim sendo, visando a garantir a estabilidade econômicae a paz política, 44 Estados, representados por 730delegados, concordaram em cooperar para regular o sistemaeconômico internacional, baseado na visão americana de

que o mundo deveria reger-se pelo comércio livre, com tarifasbaixas e, entre outras coisas, uma balança comercial favorável aosistema capitalista. Este acordo ficou conhecido como o  Acordode Bretton Woods (Bretton Woods Agreement ).

Os acordos de Bretton Woods funcionariam em três níveisdistintos:

FMI (Fundo Monetário Internacional) - manterestável o sistema cambial pelo financiamento de dívidas

de curto prazo nos pagamentos internacionais;BIRD (Banco Internacional para a Reconstruçãoe o Desenvolvimento) - financiar projetos para odesenvolvimento;

OIC (Organização Interamericana de Comércio)– regular as trocas comerciais evitando o protecionismo.

Os dois primeiros não tiveram maiores problemas, foramfirmados os acordos constitutivos e entraram em vigência a partirde 1945. Contudo, o mesmo não ocorreu com a OIC.

Em 1946, visando a impulsionar a liberalização comercial ecombater práticas protecionistas, 23 países, conhecidos comomembros fundadores, iniciaram negociações tarifárias. Essaprimeira rodada de negociações, em 1947, resultou em 45.000concessões e o conjunto de normas e concessões tarifáriasestabelecido passou a ser denominado Acordo Geral sobre Tarifase Comércio - GATT.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 3

Os membros fundadores, juntamente com outros países,formaram um grupo que elaborou o projeto de criação daOIC, sendo os Estados Unidos um dos países mais atuantes

no convencimento da idéia do liberalismo comercial. Oforo de discussões, que se estendeu de novembro de 1947 amarço de 1948, ocorreu em Havana, Cuba, culminando naassinatura da Carta de Havana , na qual constava a criação daOIC, estabelecendo normas para o comércio de bens, normassobre emprego, práticas comerciais restritivas, investimentosestrangeiros e serviços.

Porém, o Congresso dos EUA, em 1950, não ratificou a

Carta de Havana, desmotivando os demais países, queacabaram por não ratificá-la também. Desta forma oGATT (acrônimo em inglês para Acordo Geral sobreTarifas Aduaneiras e Comércio), criado para regularprovisoriamente as relações comerciais internacionais,foi o instrumento que regulamentou por mais 40 anosas relações comerciais internacionais.

O GATT foi evoluindo e logo se transformou em uma

organização internacional de fato, ou seja, não-oficial, conhecidatambém informalmente como o GATT.

Na verdade, ele não era uma organização internacional, maissim um Tratado Internacional que regulava o comércio demercadorias. Com o passar dos anos, o GATT foi evoluindocomo conseqüência de várias rodadas de negociações. A última emais importante foi a Rodada Uruguai, que ocorreu entre 1986 e1994, resultando na criação da OMC.

Enquanto o GATT regulou principalmente o comércio de bens,a OMC e seus acordos abarcaram o comércio de serviços, e asinvenções, criações, os modelos e desenhos que são objetos detransações comerciais (propriedade intelectual).

Observe no quadro a seguir a ordem cronológica de criação daOMC:

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Quadro 3.1: Ordem cronológica de criação da OMC

Ano Fato

1947 Redação do GATT (entra em vigor em 1 de janeiro de 1948)

1948GATT entra em vigor provisoriamente. Delegados de 56 países se encontram em Havana, Cuba,para acertar detalhes da OIC; 53 países assinam a Carta de Havana, que estabelecia a OIC emmarço de 1948

1949 Rodada Annecy de negociações tarifárias

1950 China se retira do sistema GATT. EUA desistem de tentar ratificar a Carta de Havana peloCongresso

1951

Rodada Annecy - negociações tarifárias. Comitê intersazonal criado para organizar votação

por correspondência em questões de medidas de comércio para assegurar o balanço depagamentos. Alemanha se torna signatária do GATT

1955Revisão das regras modificando o GATT. Tentativa fracassada de transformar o GATT em umaorganização internacional (Organização para a Cooperação do Comércio). Asseguradas exceçõesaos EUA para algumas políticas agrícolas. Japão se torna signatário do GATT

1956 Rodada de Genebra – negociações tarifárias

1960 Conselho de representantes criado para cuidar das atividades cotidianas. Rodada Dillon começa e é concluída em 1961

1961 Aprovado Acordos de Curta Duração permitindo quotas restritivas para as exportações de

produtos têxteis de algodão

1962 Acordos de Curta Duração viram Acordos de Longa Duração para têxteis de algodão.Renegociado em 1967 e estendido por três anos em 1970 até ser substituído pelo MFA em 1974

1964 Rodada Kennedy e criação da UNCTAD

1965 Alteração do GATT - Parte IV (Comércio e Desenvolvimento). Criação do Comitê para Comércio eDesenvolvimento a fim de monitorar a implementação

1967 Polônia se torna o primeiro país do Leste a ser signatário do GATT

1973 Início da Rodada Tóquio (1979)

1974 Acordo de Multifibras (MFA) entra em vigor, restringindo o crescimento das exportações a 6%ao ano

1982 Reunião Ministerial do GATT fracassa ao lançar uma nova Rodada. Formulação de programa detrabalho visando estabelecer uma agenda para um novo sistema multilateral de comércio

1986 Lançamento da Rodada Uruguai

1988 Reunião Ministerial em Toronto visando a avaliar os progressos da Rodada Uruguai

1990 Canadá propõe a criação da OMC abrangendo o GATT, e criando o GATS e TRIPS

1993 Fim da Rodada Uruguai

1994 Reunião Ministerial de Marrakesh – assinatura do acordo constitutivo da OMC

1995 Vigência da OMC

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Direito Internacional Econômico

Unidade 3

SEÇÃO 2 – Dados gerais da OMC

A OMC, estabelecida em 1 de janeiro de 1995, possui sede em

Genebra e, desde 13 de outubro de 2004, conta 148 países-membros. O atual diretor geral é Pascal Lamy.

Seu orçamento é formado por contribuição dos sócios (países-membros) no percentual de comércio internacional que dominam.As línguas oficiais são inglês, francês e espanhol.

 Tem personalidade jurídica própria sendo, portanto, sujeitode direito nos termos que você aprendeu na unidade 1.

Como resultado da Rodada Uruguai, a criação daOMC culminou em 60 acordos, anexos, decisões eentendimentos.

Os acordos têm uma estrutura simples com seis partes principais:

um acordo geral (o acordo que estabelece a OMC);

os acordos que dizem respeito a cada uma das três amplasesferas do comércio abraçada pela OMC (bens, serviços e

propriedade intelectual);solução de controvérsias;

e exames das políticas comerciais dos governos.

A Organização possui um acordo constitutivo e quatro anexos,como se pode ver a seguir:

Acordo constitutivo

AnexosANEXO 1 – Acordos sobre Comércio

Anexo 1A – GATT

Anexo 1B – GATS

Anexo 1C – TRIPS

a)

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b) ANEXO 2 - Entendimento sobre a Solução deControvérsias

c) ANEXO 3 – Mecanismo de Exame das PolíticasComerciais

d) ANEXO 4 – Acordos Plurilaterais

Anexo 4A – Acordo sobre o Comércio deAeronaves Civis

Anexo 4B – Acordo sobre Contratação Pública

Anexo 4C – Acordo Internacional sobre Produtos

LácteosAnexo 4D – Acordo Internacional sobre CarneBovina

Os acordos que correspondem às duas principais esferas (bens eserviços) possuem uma estrutura comum, dividida em três partes:

Princípios Gerais – o Acordo Geral sobre TarifasAduaneiras e Comércio (GATT) e o Acordo Geral sobre

o Comércio de Serviços (GATS); Acordos e Anexos Adicionais – tratam das necessidadesespeciais de determinados setores ou questões específicas;

Lista de Compromissos – são acordadas pelos países edeterminam, especificamente, o acesso a seus mercadosde produtos estrangeiros ou prestadores estrangeiros deserviços.

Os documentos oficiais da OMC podem ser classificados emacordos multilaterais e plurilaterais. Os primeiros são aquelesde obrigatoriedade para todos os países, já os segundos sãofirmados por alguns membros tornando-se obrigatórios somentepara estes.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 3

Quadro 3.2: Quadro sinótico de diferenças entre o GATT e a OMC

Diferenças entre o GATT e a OMC

 GATT OMC

Princípios básicos continuam iguais Mais países-membros (148 em 2005)

Consenso

 Single undertaking (compromisso único) - negociação deum único pacote de objetivos, ou negociação de váriosobjetivos de forma única, assim sendo, enquanto nãohouver definição para algum dos pontos negociados, nadaestará acordado de forma definitiva)

Comandado pelos membros Maior transparência

Consenso negativo para o mecanismo de solução decontrovérsias

SEÇÃO 3 – Objetivo e funções da OMC

A OMC tem como objetivo assegurar que o fluxo internacional

de comércio circule livremente, desde que não produza efeitossecundários negativos.

Você poderia citar alguns efeitos secundáriosnegativos originados pelo livre comércio? Aproveite aslinhas a seguir para registrar sua opinião.

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Procurando atingir seu objetivo, a OMC realiza as seguintesfunções:

Servir de foro de negociações - lugar onde os governosdos países-membros podem negociar sobre problemascomerciais que têm entre si e, também, negociar sobrea redução das barreiras comerciais e a conseqüenteliberalização do comércio internacional.

Resolver os conflitos comerciais – normalmente,as relações comerciais são carregadas de interessesantagônicos. Assim sendo, muitas vezes, os acordosnecessitam serem interpretados. Para isso, a OMC

buscou um procedimento imparcial. Administrar e aplicar os acordos comerciais – a OMCé formada por um conjunto de acordos negociadose firmados pela maioria dos países-membros. Essesacordos estabelecem as normas jurídicas fundamentaisdo comércio internacional que obrigam os governosa manter suas políticas comerciais dentro do que foiconvencionado. É importante ressaltar que, em caso

de serem acordos firmados pelos governos, o objetivoprincipal é ajudar aos produtores de bens e serviços, osexportadores e os importadores.

Examinar e supervisionar as políticas comerciais– por meio do órgão de exame das políticas comerciais,a OMC fiscaliza e analisa as políticas comerciais de seusmembros, observando se estes têm cumprido com asdisposições dos Acordos.

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Unidade 3

SEÇÃO 4 – Princípios da OMC

Os princípios nada mais são do que os fundamentos, a base

de todo o sistema da OMC. De forma geral, a OMC temcomo princípios o comércio mais livre, a não-discriminação e aprevisibilidade.

Comércio mais livre

Segundo a OMC, o comércio mais livre é oportunizadocom a redução dos obstáculos ao comércio (direitosaduaneiros e medidas equivalentes).

Os direitos aduaneiros são determinados por uma lista deprodutos e as tarifas máximas que devem ser aplicadas aosprodutos (art. 2° ,GATT). Ademais, a OMC determina quedevem ser eliminadas as restrições quantitativas, ou seja, não

poderá haver nenhuma outra restrição ou outro obstáculo queproíba ou restrinja o comércio internacional (art. 11, GATT).

Não-discriminação

O princípio da não-discriminação é dividido em dois: o da Naçãomais favorecida e o do Tratamento nacional.

Nação mais favorecida

Os membros devem conceder a todos os demaismembros o mesmo tratamento que concedem a umpaís em especial.

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As tarifas podem

excepcionalmente ser

majoradas por meio de

salvaguardas ou waivers.

Assim sendo, nenhum país pode conceder vantagens comerciaisa um país sem conceder aos demais. Como toda regra, o sistemaaceita exceções, como, por exemplo, os acordos regionais (que

estabelecem uma Tarifa Externa Comum – TEC) e o acessoespecial a países em desenvolvimento.

Tratamento nacional 

Os países devem conceder aos bens importados o mesmotratamento oferecido a um produto equivalente de origemnacional. Desta forma, as mercadorias importadas, apósentrarem no país exportador, devem receber o mesmo

tratamento que é dado às mercadorias nacionais.

Previsibilidade

A previsibilidade se dá pela transparência e com a consolidaçãodas tarifas.

TransparênciaAs normas comerciais dos países devem ser claras e públicas,sendo que, em muitos casos, os países devem divulgarpublicamente suas políticas e práticas mediante notificação àOMC. Ademais, a Organização realiza supervisão periódicadas políticas comerciais nacionais por meio do Mecanismo deExame das Políticas Comerciais.

Consolidação de tarifas 

A tarifa  é a única forma permitida de barreira comercial e,depois de consolidada, não poderá ser majorada, proporcionandoa previsibilidade dos atos dos demais membros, no que se refere àaplicação de obstáculos tarifários.

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Unidade 3

SEÇÃO 5 – Estrutura orgânica da OMC

A estrutura orgânica da OMC é formada por quatro níveis:

Primeiro nível – a Conferência Ministerial;

Segundo nível - o Conselho Geral (Órgão de Soluçãode Controvérsias e o Órgão de Exame das PolíticasComerciais);

 Terceiro nível – os três Conselhos (Bens, Serviços ePropriedade Intelectual);

Quarto nível – os vários Comitês e um Secretariado.A partir de agora você verá com mais detalhes cada um deles.

Conferência ministerial

Órgão máximo da OMC, composto por representantes de todosos países-membros, na figura do ministro de Relações Exteriores

ou do ministro do Comércio Exterior. Reúne-se a cada 2 anose tem como função decidir sobre qualquer matéria referente aosacordos multilaterais.

Conselho Geral

O Conselho Geral é o órgão-diretor da OMC e entre as

conferências ministeriais assume as funções cotidianas. Alémdisso, o Conselho tem a faculdade de atuar na ConferênciaMinisterial.

 Também é composto por representantes de todos os países-membros, só que, diferentemente da Conferência Ministerial, osgovernos são representados pelos embaixadores permanentes dosEstados em Genebra, ou por delegados das missões.

Deve-se reunir ao menos uma vez por mês.

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Entre suas funções, vale ressaltar:

prestação de assistência administrativa e técnica aos

órgãos delegados da OMC (conselhos, comitês, gruposde trabalho ou grupos de negociação) no que diz respeitoàs negociações e a aplicação dos acordos;

prestação de assistência técnica aos paísesem desenvolvimento, especialmente osmenos adiantados;

realização por seus economistas eestatísticos de análises dos resultados do

comércio e das políticas comerciais;prestação de assistência por parte de seus serviços jurídicos na solução de controvérsias comerciais quedizem respeito à interpretação de normas e precedentesda OMC;

organização das negociações de adesão de novosmembros e prestação de assessoria aos governos queconsiderem a possibilidade de adesão.

SEÇÃO 6 – Processo decisório da OMC

- Você lembra da característica do DIE que consiste no voto ponderado? Veja a seguir como se dá o processo decisório da OMC eanalise se está dentro da regra anterior ou se é uma exceção.

As decisões mais importantes são adotadas pela totalidadedos membros, seja por meio de seus ministros (ConferênciaMinisterial) ou por seus embaixadores ou delegados (ConselhoGeral), por meio de consenso.

Apesar de muitas vezes ser dificultoso o processo de decisão porconsenso, a principal vantagem é que são mais aceitáveis paratodos.

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Contudo, quando não for possível ser tomada uma decisão porconsenso, a OMC adota o processo de votação em que ganha amaioria. De qualquer forma, diferentemente do FMI e do Banco

Mundial, cada país tem um voto.O acordo da OMC prevê, ainda, quatro situações específicas de votação:

maioria de ¾ para:

interpretação das medidas previstas nos acordos;

derrogação temporária de obrigação – waivers .

maioria de 2/3 para:

c) modificação de acordos;

d) acessão de novos membros

Membros contrários às decisões não são obrigados a segui-las,podendo a Organização conceder exceções ou, ainda, determinara retirada do membro. Contudo, esta última alternativa nãoé muito interessante nem para a OMC nem para o membroopositor.

Ainda havendo impasse, a OMC poderá adotar um outromecanismo de votação a fim de facilitar o seu funcionamento,trata-se do Green Room. Este método consiste em colocar apenasalguns membros no centro das decisões.

SEÇÃO 7 – Como ingressar na OMC?

- Você sabe o que um Estado deve fazer caso tenha interesse emingressar na OMC? Siga em frente e descubra! 

Antes de tudo, o Estado que tiver interesse em fazer parte daOMC deve ter autonomia .

a)

b)

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Direito Internacional Econômico

Unidade 3

Em um primeiro momento, ele deve enviar um memorandoà organização requerendo sua entrada e informando todos osaspectos de suas políticas comerciais e econômicas que tenham

relação com os acordos da OMC, devendo comprometer-se atornar sua legislação compatível com as regras da instituição.

Posteriormente, haverá um confronto com todos osmembros da OMC, em reuniões bilaterais e multilaterais,até que os principais interesses dos membros sejamsatisfeitos (exemplo: redução de tarifas, barreiras sanitáriase fitossanitárias, subsídios, etc.).

Por fim, no Conselho Geral ou na Conferência

Ministerial da OMC, por votação a favor de uma maioriade dois terços dos membros, o solicitante pode firmar o protocoloe aderir à instituição.

Síntese

Nesta unidade você viu que as relações comerciais internacionaissão fundamentadas na teoria econômica das vantagenscomparativas, que apregoa o livre comércio, visto que esteproporciona o desenvolvimento dos Estados participantes.

Você observou, também, que a partir da 2ª Guerra Mundial ospaíses buscaram regular as relações econômicas internacionais visando à criação de um clima de segurança, evitando possíveisconflitos. Para as relações comerciais foi firmado entre os países

um acordo multilateral denominado GATT.Devido aos efeitos produzidos pela evolução econômica dasúltimas décadas, os países signatários do GATT passaram aperceber que só o acordo não bastava. Era necessário a criaçãode um sistema internacional de comércio, similar ao FMI e aoBanco Mundial, ou seja, criar uma organização internacionalque regulasse e fiscalizasse as relações comerciais internacionaise que englobasse aspectos comerciais que até então não estavamregulados ou, então, possuíam normas insuficientes. Desta forma,foi instituída a OMC.

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Além disso, você verificou quais são os princípios basilares daOMC, como está formada, quais são seus órgãos, a forma de votação das questões submetidas à Conferência Ministerial ou ao

Conselho Geral e como se dá o processo de adesão de um novomembro.

Na próxima unidade você continuará percorrendo os meandrosda OMC, mais especificamente, a forma como são resolvidos osconflitos instaurados no âmbito da instituição. Até lá!

Atividades de auto-avaliação

1) Para a OMC existe diferença entre acordos multilaterais e acordosplurilaterais? Se existir(em), cite qual(is) são. Explique sua resposta.

2) A maioria das decisões tomadas na OMC segue o princípio do “voto porpeso”? Por quê? Você acha que o sistema de votação adotado permite

que as decisões da OMC estejam baseadas em um maior equilíbrioentre os interesses dos diversos estados-membros? Por quê?

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Direito Internacional Econômico

Unidade 3

3) A OMC rege-se sob o princípio da não-discriminação. Este princípiogeral divide-se em dois. Quais são eles? Explique-os e dê 2 (dois)exemplos de cada um.

4) Uma das atribuições da OMC é fiscalizar as políticas comerciais dospaíses-membros. Qual órgão da OMC possui esta incumbência? Comoele é formado? Qual a importância dessa fiscalização?

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais

BARRAL, Welber Oliveira (Org.). O Brasil e a OMC: osinteresses brasileiros e as futuras negociações multilaterais.Florianópolis: Diploma Legal, 2000.

CARLUCI, José Lence. Uma introdução ao direito aduaneiro.São Paulo: Aduaneiras, 1997.

 JO, Hee Moon. Introdução ao Direito Internacional. SãoPaulo: LTr, 2000.

LAFER, Celso. A OMC e a regulamentação do comérciointernacional: uma visão brasileira. Porto Alegre: Livraria dosAdvogados, 1998.

LAMPREIA, Luiz Felipe; GOYOS JÚNIOR, Durval deNoronha; SOARES, Clemente Baena. O direito do comérciointernacional. São Paulo: Observador Legal, 1997.

LUPI, André Lipp Pinto Basto. Soberania, OMC e Mercosul.

São Paulo: Aduaneiras, 2001.MELLO, Celso D. Albuquerque de. Curso de DireitoInternacional Público. 12. ed. Rio de Janeiro: Renovar,2000 V. 2.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO. Disponívelem: <http://www.wto.org> Acesso em: 17 de abril de 2007

REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público: curso

elementar. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 1993.

STRENGER, Irineu. Direito do comércio internacional e Lex Mercatoria. São Paulo: LTr, 1996.

 THORSTENSEN, Vera. OMC: Organização Mundial doComércio, as regras do comércio internacional e a nova rodadade negociações multilaterais. 2. ed. rev. ampl. São Paulo:Aduaneiras, 2001.

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4UNIDADE 4

A OMC e a resolução dosconflitos oriundos de seusacordos

Objetivos de aprendizagem

 Conhecer as regras básicas da OMC que regulam ocomércio internacional de bens.

Seções de estudo

Seção 1 A resolução de conflitos na OMC

Seção 2 Objetivos do método de solução deconflitos

Seção 3 Órgãos da OMC que participam na soluçãode conflitos

Seção 4 Procedimentos da OMC para a solução decontrovérsias

Seção 5 O Brasil e o OSC

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo

Na unidade 2, você aprendeu que, apesar da regulamentação

das relações econômicas internacionais, ainda podem surgirconflitos entre os sujeitos do Direito Internacional Econômico.Viu também que entre os meios de solução pacífica dos conflitoshá o meio político, ou seja, aquele em que o conflito é resolvidodiretamente ou por intermédio de uma organização internacional.

Nesta unidade, você se aprofundará exatamente em um meiopolítico específico de solução de conflitos do DIE, qual seja, osistema de solução de controvérsias da Organização Mundial do

Comércio, organização internacional que você passou a conhecermelhor na unidade 3.

Assim, com base nos ensinamentos das unidades anteriores, nestaunidade você aprenderá como são resolvidas as controvérsias quesurgem no âmbito da OMC. Bons estudos!

SEÇÃO 1 – A resolução de conflitos na OMC

- Imagine esta situação fictícia: a lei brasileira proíbe que uma pessoaroube outra, contudo não estabelece uma pena e tampouco proporcionameios para que o ofendido busque reaver seu prejuízo. Você acha que osroubos aumentariam?

A maioria dos estudiosos do Direito sustenta que umanorma só é eficaz se existirem meios de obrigar aspessoas a cumprirem os dispositivos ali contidos.

O sistema de solução de controvérsias da OMC permite aomembro que sinta que um direito seu foi violado, recorra àOrganização para que o ofensor volte a cumprir os dispositivosconveniados. Além disso, permite ao Estado ofendido, caso o

Estado ofensor não cumpra com os ditames da decisão tomadapela OMC, aplicar uma sanção.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 4

Isto porque o sistema de solução de controvérsias é consideradoum dos mais significativos resultados da Rodada do Uruguai,sendo que muitos afirmam ser ele a pedra angular do sistema

multilateral do comércio.É importante, também, que as controvérsias sejam resolvidasa tempo e de modo estruturado, evitando-se assim os efeitosnegativos dos conflitos não resolvidos do comércio internacional.Neste sentido, o procedimento de resolução de controvérsiasda OMC fortalece as normas, dá maior segurança jurídica eprevisibilidade, pois tem por base normas claramente definidas,além de estabelecer prazos para realizar os procedimentos.

Há que constar também que o sistema implantado, em tese,atenua os desequilíbrios existentes entre os atores fortes e fracos,pois as controvérsias se resolvem em conformidade com asnormas, não deixando que o poder econômico assim ofaça.

Esse sistema forma parte do acordo relativo às normase aos procedimentos que regem a solução de diferenças,denominado o Entendimento sobre Solução de

Controvérsias (ESC – Anexo 2 do Acordo da OMC).Convém aqui mencionar que o procedimento é, em grande parte,equivalente ao de um tribunal ou corte de justiça, e a prioridadedada pela OMC é que os conflitos sejam resolvidos de formapacífica entre as partes mediante a celebração de consultas.Assim, a primeira etapa do procedimento consiste na celebraçãode consultas entre os governos-partes no conflito, e ainda que ocaso siga o curso e chegue a outras etapas poderá, sempre quepossível, celebrar consultas e a mediação.

Normalmente, as controvérsias que surgem na OMC se referemàs promessas não cumpridas. Desta forma, surge um conflitoquando um país adota uma política comercial ou toma umamedida e o outro membro considera que ela desrespeita as normasda OMC ou constitui um descumprimento das obrigaçõescontraídas. Um terceiro grupo de países pode declarar que teminteresse na questão, o que lhe faz possuidor de certos direitos.

A unidade 2 comenta

a celebração mediante

consulta.

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Além disso, os membros convencionaram que,quando se suspeita que um outro membro infringeas normas comerciais, o membro ofendido deve

recorrer ao sistema de solução de controvérsias, emvez de adotar medidas unilateralmente. Isto significaque os membros devem seguir os procedimentosconvencionados e respeitar as decisões emitidas.

O antigo GATT possuía um sistema de solução de controvérsias,mas não previa prazos fixos, além de facilitar que os membrosobstruíssem a adoção das resoluções e, em muitos casos, passava-se muito tempo sem que se chegasse à conclusão alguma.

O acordo da Rodada do Uruguai estabeleceu um procedimentomais estruturado, com etapas mais claramente definidas.Implantou-se uma disciplina mais rígida quanto ao tempo quedeveria demorar um conflito, com prazos flexíveis para as diversasetapas do procedimento. No acordo se fortalece a idéia que paraa OMC funcionar de forma eficaz é essencial a rápida solução dacontrovérsia.

O acordo estabelece prazos com detalhes de funcionamento e ocalendário que deverá ser seguido ao resolver os conflitos. Umcaso que segue seu curso completo até a primeira resolução nãodeve durar, em regra, mais de um ano aproximadamente, 15meses se haver apelação. Os prazos convencionados são flexíveise se o caso for considerado urgente (por exemplo, se se tratar deprodutos perecíveis) é acelerada, o quanto for possível, a decisão.

Por outro lado, o acordo da Rodada do Uruguai também faz comque seja impossível que um país que perca um caso obstrua aaplicação da resolução, o que acontecia no procedimento anteriordo GATT, em que as resoluções somente poderiam ser adotadaspor consenso, o que significa que uma só objeção podia bloqueara aplicação. Atualmente, a resolução é adotada automaticamente,a menos que haja um consenso para rejeitá-la; ou seja, se umpaís deseja bloquear a resolução tem de conseguir que os demaispaíses-membros compartilhem sua opinião (incluindo seuadversário na diferença).

Segundo a OMC, em julho

de 2005 somente 130

dos 332 casos iniciados

havia chegado ao final doprocedimento do grupo

especial. Enquanto os

outros chegaram a uma

solução “extrajudicial”

ou, então, continuavam

sendo objeto de um

prolongado processo de

consultas, alguns desde

1995.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 4

SEÇÃO 2 – Objetivos do método de solução de conflitos

Entre os objetivos do método de solução de controvérsias da

OMC, pode-se citar os que seguem.

Segurança e previsibilidade nas relações jurídicas

Os sujeitos (indivíduos e empresas) que participam do comérciointernacional necessitam de estabilidade e previsibilidade nasleis, normas e regulamentos dos Estados que regulam suaatividade comercial. Em face disso, o Entendimento sobre

Solução de Controvérsias da OMC (ESC) proporciona umsistema normativo rápido, eficiente e de confiança para resolver ascontrovérsias relativas à aplicação das disposições dos acordos daOMC. Fortalecendo deste modo o cumprimento das normas, oprocesso de solução de controvérsias da OMC torna o sistema decomércio mais seguro e previsível.

Além disso, se algum membro descumprir os acordos, o sistemade solução de controvérsias permite resolver com certa rapidez

a situação, ao formular uma resolução independente que deveaplicar-se com prontidão, caso contrário o membro infratorpoderá sofrer sanções comerciais.

Preservar direitos e obrigações dos acordos

O sistema de solução de controvérsias da OMC proporcionaaos membros mecanismos que garantem a observância de seus

direitos.

Esclarecimento dos direitos mediante a interpretaçãodas normas

Você deve lembrar que uma das características do DireitoInternacional Econômico é ser um direito quadro. Isto acontecenas normas da OMC.

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Conseqüentemente, muitas vezes não se pode observar comclareza o alcance de determinados direitos e obrigações, porque,com freqüência, as disposições jurídicas estão redigidas em

términos gerais, para que se possa aplicar a uma série de casosindividuais, ou então, não estão dispostas em termo claros eprecisos.

Por estes motivos, freqüentemente é necessário interpretar asdisposições aplicáveis a um caso em particular (§ 2º do art. III, §6º do art. 17; do ESC), esclarecendo alguns direitos.

Solução pacíficaA OMC deseja que, ocorrendo um conflito, os membroscheguem a um acordo entre si, sem intervenção da Organizaçãopor meio das consultas. No entanto, recorre-se à via jurisdicionalsomente quando as partes não conseguem chegar a uma soluçãopacífica mutuamente.

Neste sentido, o ESC exige que sejam celebradas consultasformais antes de iniciado o procedimento. Ademais, permite-seque durante e a qualquer momento do procedimento jurisdicionalas partes cheguem a um acordo por intermédio de negociaçõesbilaterais (§ 7º do art. 3 e art. 11 do ESC).

Solução da controvérsia de forma breve

Como já foi dito anteriormente, não basta apenas ser um

mecanismo que traga uma solução a uma controvérsia, mas quea solução seja encontrada de forma breve. Em vista disso, o ESCestabelece os procedimentos e os prazos que devem ser aplicadosna solução da controvérsia.

Quando um assunto entra na etapa jurisdicional, em regranão deverá transcorrer mais de 1 (um) ano até a formulação daresolução pelo painel, nem mais de 1 (um) ano e 4 (quatro) mesescaso se interponha uma apelação (art. 20 do ESC). Contudo,caso o reclamante acredite que o caso é urgente, seu examedeverá levar um tempo ainda menor (§ 9° do art. 4° e § 8° do art.12 do ESC).

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Direito Internacional Econômico

Unidade 4

Proibição de aplicação de ações de forma unilateral

No ESC os membros convencionaram que em caso de qualquer

desavença deve-se buscar o sistema multilateral para resolver suasdiferenças comerciais no marco da OMC, em vez de recorrerà ação unilateral (art. 23 do ESC), ou seja, os membros devemacatar os procedimentos convencionados e respeitar as resoluçõesdo OSC, abstendo-se de aplicar qualquer medida (sanção)unilateralmente.

Obrigatoriedade do sistema e Jurisdição exclusiva

Quando um membro tiver um conflito com outro membrorelacionado com as normas da OMC, ele deverá adotar,obrigatoriamente, o sistema de solução de controvérsias daOrganização.

Assim, diferentemente de outros sistemas de controvérsiasinternacionais, não é necessário que as partes aceitempreviamente a jurisdição do sistema da OMC, visto que este

figura na fórmula de adesão do membro à Organização.Ademais, quando o membro recorrer ao sistema de solução deconflitos da OMC, além de estar impedido de aplicar qualquermedida de forma unilateral, também estará impedido de recorrera qualquer outro foro para solucionar a lide (art. 23 do ESC).

SEÇÃO 3 – Órgãos da OMC que participam na solução deconflitos

No processo de solução de controvérsias da OMC participam aspartes e os terceiros, o OSC, os painéis (ou grupos especiais), oÓrgão de Apelação, a Secretaria da OMC, os árbitros, expertosindependentes e diversas instituições especializadas. Nesta seção, você conhecerá os órgãos da OMC que participam no sistema desolução de controvérsias.

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Entre os órgãos da OMC que participam na solução dasdiferenças cabe distinguir uma instituição política, o OSC(Órgão de Solução de Controvérsias), e as instituições

independentes e quase-judiciais que são os grupos especiais, oÓrgão de Apelação e os árbitros.

Órgão de Solução de Controvérsias (OSC)

Como já foi visto na seção 5 da unidade 3, o Órgão de Soluçãode Controvérsias (OSC) é formado pelo Conselho Geral, só quecom mandato diferente, neste caso, tem como função solucionaros conflitos existentes entre os membros.

É importante recordar, também, que os membros do OSC sãorepresentantes dos governos, na maioria dos casos delegados decategoria diplomática que residem em Genebra (onde se encontraa sede da OMC) e que pertencem aos ministérios de comércio oude assuntos exteriores do membro da OMC que representam.

Este órgão tem como atribuições constituir painéis,aprovar ou reprovar o relatório dos painéis e dostribunais de apelação, fiscalizar o cumprimento dasrecomendações pelos países perdedores e permitir aaplicação de sanções comerciais aos países que nãocumprirem com as determinações.

O OSC se reúne sempre que for necessário, com observância

aos prazos previstos no ESC (§ 3° do art. 2). Porém, na prática,o OSC se reúne habitualmente uma vez ao mês, sendo que oDiretor-geral convoca reuniões extraordinárias quando umMembro assim solicita.

Ressalta-se que a Secretaria da OMC proporciona apoioadministrativo ao OSC (art. 27, § 1° do ESC).

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Direito Internacional Econômico

Unidade 4

O Diretor-geral e a Secretaria da OMC

O diretor-geral da OMC, atuando de ofício, poderá oferecer

seus bons ofícios, conciliação ou mediação para ajudar aosmembros a resolver uma diferença (§ 6° do art. 5 do ESC). Alémdisso, designará também um árbitro para a determinação doprazo prudencial para a aplicação, caso as partes não consigamacordar a respeito do prazo ou a designação de um árbitro, oupara examinar a proposta de suspensão de obrigações no caso dedescumprimento.

A Secretaria da OMC, que produz informe ao diretor-geral,

presta ajuda aos membros que o solicitam em relação à soluçãode diferenças, e proporciona assessoramento e assistência jurídica  complementar aos países-membros em desenvolvimentoem questões relacionadas com a solução da controvérsia. Presta,também, assistência às partes na composição dos painéispropondo candidatos aos grupos, ajuda aos painéis quando jáforam estabelecidos e proporciona apoio administrativo aoOSC.

Painéis ou grupos especiais

Os painéis são órgãos quase-judiciais encarregadosde resolver as controvérsias entre os membros emprimeira instância.

Normalmente, compõem-se de três expertos e, em casosexcepcionais, de cinco, selecionados especificamente para cadacaso. Assim sendo, a OMC não tem nenhum painel permanente,sendo que se compõe um painel diferente a cada lide.

A secretaria da OMC possui uma lista indicativa de pessoas quereúnem as condições necessárias para formar parte dos painéis(art. 8, § 4º do ESC). Porém, não é necessário fazer parte da lista

para ser parte de um painel.

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O painel deverá examinar os aspectos fáticos e jurídicos do casoe apresentar um relatório ao OSC, expondo sua conclusão sobreo fundamento das alegações do reclamante e a compatibilidade

das medidas ou ações impugnadas com a OMC. Caso o painelconclua que as reclamações estão bem fundamentadas e ummembro da OMC descumpriu com alguma de suas obrigações,faz uma recomendação a que o reclamado deverá cumprir (arts.11 e 19 do ESC).

Órgão de Apelação

Diferentemente dos painéis, o Órgão de Apelaçãoé um organismo permanente, composto de sete

membros, que se ocupa de examinar aos aspectos

 jurídicos dos relatórios emitidos pelos painéis.

Este órgão é a segunda e última instância da etapa jurisdicional. Trata-se de uma novidade da Rodada de Uruguai, visto que nãoexistia no antigo sistema do GATT de 1947.

Caso uma parte interponha uma apelação contra um relatóriodo painel, o Órgão de Apelação examina os aspectos jurídicosda impugnação e pode confirmar, modificar ou revogar asdeterminações do painel (art. 17, § 13 do ESC).

O Órgão de Apelação foi estabelecido em 1995 pelo OSC, que

nomeou seus sete primeiros membros. Os membros do OA sãodesignados por consenso (art. 2°, § 4° do ESC), por um períodode quatro anos, podendo ser renovado o mandato uma vez paracada um deles (art. 17, § 2º do ESC).

Convém ressaltar que esses membros devem ser pessoas deprestígio reconhecido, com competência técnica acreditada emDireito, em comércio internacional e na temática dos acordos daOMC, e não devem estar vinculados a nenhum governo (art. 17,

§ 3º do ESC).

Este órgão não analisa

mais questões fáticas.

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Árbitros

Além dos painéis e do Órgão de Apelação, pode-se recorrer

a árbitros para que sejam resolvidas certas questões em váriasetapas do processo.

A arbitragem é um meio de solução de controvérsiasalternativo aos painéis e ao Órgão de Apelação (art.25 do ESC). Os laudos arbitrais não são objetos deapelação, e podem fazer-se cumprir por conduto doOSC (arts. 21 e 22 do ESC).

O ESC prevê outras duas formas de arbitragem, muito maisfreqüentes para situações e questões específicas do processo deaplicação:

depois que o OSC tenha adotado o relatório do painel(ou do Órgão de Apelação) – para determinação do“prazo prudencial” concedido ao reclamado para aaplicação (art. 21, § 3º, c do ESC);

quando a parte “vencida” está obrigada a aplicar asresoluções e recomendações do OSC - quando a parteque sofre retorsão impugna o nível ou a natureza dasuspensão de obrigações proposta (art. 22, § 6º do ESC).

Estas duas possibilidades de arbitragem se limitam a esclarecerquestões muito específicas no processo de aplicação, e dão lugar adecisões que são vinculantes para as partes.

Expertos

Muitas vezes as controvérsias versam sobre questões fáticas decaráter técnico ou científico muito complexas, por exemplo,quando a existência ou intensidade de um risco à saúderelacionado com um determinado produto é objeto de disputaentre as partes.

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Contudo, como você viu anteriormente, os membros dos painéissão expertos em comércio internacional, mas não necessariamentenessas disciplinas técnicas e/ou científicas. Deste modo, o ESC

faculta aos painéis a informação e assessoramento técnico deexpertos.

SEÇÃO 4 – Procedimentos da OMC para a solução decontrovérsias

Nesta seção, você verá as diversas etapas de uma controvérsia nosistema de solução de controvérsias da OMC.

Como você já viu, as controvérsias podem resultar quando umpaís-membro sentir que:

há uma violação de regras ou compromissos por parte deum outro país-membro;

um outro país-membro está aplicando medidas queanulem os compromissos consolidados na OMC;

outros tipos de queixa contra as práticas leais de comércioque não se enquadram nas duas categorias anteriores.

A princípio, existem dois meios de resolver uma controvérsiaquando se apresenta uma reclamação na OMC:

as partes encontram uma solução mutuamente,

normalmente na etapa de consultas bilaterais;recorre-se à via jurisdicional, incluída a aplicação dosrelatórios do painel e do Órgão de Apelação, que são vinculantes para as partes quando forem adotados peloOSC.

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Unidade 4

O procedimento de solução de controvérsia da OMC contém trêsetapas principais:

consultas entre as partes; via jurisdicional por parte dos painéis e doÓrgão de Apelação;

aplicação de resolução, que inclui a possibilidadede adotar sanções (contramedidas) se a parte vencida não cumpre a resolução.

A seguir, você verá com mais detalhes cada uma delas.

Primeira etapa: consultas

Antes de adotar qualquer outra medida, os países-partes nacontrovérsia devem manter conversações para saber se podemresolver os conflitos por si mesmos. Se isto fracassar, podemtambém pedir ao diretor-geral da OMC que medeie ou trate deajudar de qualquer outro modo.

A consulta deve ser realizada em um prazo de 60 (sessenta) dias.

Segunda etapa: via jurisdicional

Painel

Se as consultas celebradas não chegarem a uma soluçãosatisfatória, o país reclamante pode pedir que se estabeleça umpainel. O país reclamado pode obstruir a constituição do painel(composto por 3 ou 5 membros, a pedido das partes, selecionadosentre pessoas de reconhecida competência) uma vez, mas nãopode voltar a fazê-lo quando o OSC se reunir pela segunda vez (a não ser que haja consenso contra a constituição do grupoespecial).

O painel deverá ser constituído em um prazo de 45 dias, sendoque após a sua constituição terá mais 6 meses para ser concluído.

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Oficialmente, o painel ajuda o OSC a ditar as resoluções ou fazerrecomendações, mas, como seu relatório somente poderá serrejeitado por consenso negativo do OSC, é difícil revogar suas

conclusões. Estas conclusões deverão ser baseadas nos acordosinvocados.

Ressalta-se que o painel tem o direito de receberqualquer informação que julgar necessária, devendoas partes apresentá-las sempre que solicitado.

Normalmente, deve dar translado do relatório definitivo dopainel às partes em um prazo de seis meses.

Em casos de urgência, por exemplo, produtosperecedores, este prazo se reduz a três meses.

No acordo é detalhada a atuação dos painéis. As principais etapas

são as seguintes:

antes da primeira audiência  – cada parte expõe seusargumentos por escrito ao painel;

primeira audiência  – o reclamante, o reclamado e osterceiros interessados que hajam anunciado interesse nacontrovérsia expõem seus argumentos;

réplicas – os países afetados apresentam suas réplicas

por escrito e expõem verbalmente seus argumentos nasegunda reunião do painel;

expertos – quando uma parte nas controvérsias, solicitaquestões de caráter científico ou técnico, o grupo especialpode consultar os expertos ou designar um grupoconsultivo de expertos para que prepare um relatório;

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projeto inicial – o painel envia os capítulos expositivos(fatos e argumentações) de seu relatório a ambas as partesna controvérsia, além de dar um prazo de duas semanas

para que as partes façam qualquer formulação. Nesterelatório não se incluem as constatações e conclusões;

relatório provisório – na continuação, o painel envia umrelatório provisório (no qual se incluem as constatações eas conclusões) às partes e dá um prazo de duas semanaspara que estas solicitem um reexame;

reexame – o período de reexame não deve exceder duassemanas. Durante esse tempo, o painel pode celebrar

novas reuniões com as partes;relatório definitivo –o relatório definitivo é enviadoàs partes e, três semanas mais tarde, distribuído atodos os membros da OMC. Se o painel decide que amedida comercial objeto da lide constitui uma infraçãode um acordo da OMC ou o não cumprimento deuma obrigação decorrente das disposições da OMC,recomenda que se ponha em conformidade com estasdisposições. O painel pode sugerir a maneira como

deverá ser feita;resolução – passados 60 dias, o relatório se converte emuma resolução ou recomendação do OSC, a não ser quese rejeite por consenso. As partes na controvérsia podemapelar (e, em alguns casos, ambas o fazem).

Quadro 4.1: Fases do painel

FASES DO PAINELFase Procedimento

1 Apresentação escrita Motivos e argumentos

2 1ª audiência Exposição oral

3 Réplicas Apresentação escrita e oral

4 Grupo de especialistas Questões técnicas ou científicas

5 Projeto inicial Exposição de fatos e argumentos

6 Relatório provisório Exposição de fatos, argumentos e conclusões

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7 Reexame Não-aceitação; duas semanas

8 Relatório definitivo Partes e, após três sem ao OSC

9 Resolução OSC – consenso negativo

Órgão de Apelação

As partes podem apelar contra a resolução do painel. Asapelações devem basear-se somente em questões de direito.

Por exemplo, em uma interpretação jurídica não épossível examinar novamente as provas existentesnem examinar as novas questões.

Cada apelação é examinada por três membros de um ÓrgãoPermanente de Apelação estabelecido pelo OSC, e integradopor sete membros representativos da composição da OMC. Osmembros do OA são nomeados por um período de quatro anos,e devem ser pessoas de reconhecida competência em direito ecomércio internacional que não estejam vinculadas a nenhumgoverno.

A apelação pode dar lugar à confirmação, modificação ourevogação das constatações e conclusões jurídicas do painel.Normalmente, a duração do procedimento de apelação nãodeverá ser superior a 60 dias e em nenhum caso excederá 90 dias.

O OSC terá de aceitar ou rejeitar o relatório do OA em um prazode 30 dias.

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Se o país objeto da reclamação perde, deve seguir asrecomendações formuladas no informe do painel ou Órgão deApelação. Deve manifestar sua intenção de fazê-lo em uma

reunião do OSC que há de celebrar-se dentro dos 30 diasseguintes à adoção do informe.

Não sendo possível cumprir imediatamente as recomendações eresoluções, dar-se-á ao membro afetado um “prazo prudencial”para fazê-lo. Se não adotar as medidas oportunas dentro desseprazo, terá de negociar com o país reclamante (ou os paísesreclamantes) para estabelecer uma compensação mutuamenteaceitável.

Por exemplo, reduções tarifárias em esferas deespecial interesse para a parte reclamante.

Caso haja transcorrido 20 dias e não se convencionou umacompensação satisfatória, a parte reclamante poderá pedir aautorização do OSC para impor sanções comerciais limitadas

(“suspender a aplicação de concessões ou obrigações”) comrespeito à outra parte. O OSC deverá outorgar essa autorizaçãodentro dos 30 dias seguintes à expiração do “prazo prudencial”, amenos que se decida por consenso desestimar a petição.

A princípio, as sanções devem impor-se no mesmo setor emque tenha surgido a diferença. Se isso for impraticável ouineficaz, poderá impor-se em um setor diferente no marco domesmo acordo. Se também isto for impraticável ou ineficaz, e as

circunstâncias forem suficientemente graves, poderão ser adotadasmedidas no marco de outro acordo. O objetivo buscado é reduzirao mínimo a possibilidade de adoção de medidas que tenhamefeitos em setores não-relacionados com a diferença e procurar aomesmo tempo medidas eficazes.

Em qualquer caso, o OSC fiscaliza a maneira com que se cumpreas resoluções adotadas. Todo caso pendente permanece em suaordem do dia até que se resolva a questão.

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Unidade 4

A seguir, será apresentado um quadro sinótico das etapas doprocedimento adotado pela OMC na resolução dos conflitosexistente entre seus membros.

ConsultasArt. 4º

Estabelecimento do painelPelo OSC – art. 6º

Mandato (art. 7º)

Composição (art. 8º)

Exame pelo painel Normalmente 2 reuniões com as partes (art. 12), uma reunião

com terceiros (art. 10)

Grupo consultivo deperitos

(Art. 13, apêndice 4)

Etapa intermediári a de exameEnvio às partes dos capítulos expositivos do informe a efeito da

formulação de observações (art. 15.1)Envio às partes do informe provisional a efeito da f ormulação de

observações (art. 15.2)

Reunião de reexamecom o painel

A petição da parte (art.15.2)

Envio do informe do grupo especial ao OSC(art. 12.9, apêndice 3, § 12, k)

Adoção peloOSC do informe do painel/Órgão de Apelação,Com inclusão das modificações do informe do painel que podem

fazer-se no informe do OA(art. 16.1, 16.4 e 17.14)

Exame emapelação

(art. 16.4 e 17)

AplicaçãoInforme pela parte perdedora de seu propósito em relação à aplicação

em um “prazo prudencial” (art. 21.3)

Desacordo naaplicação:

Possibilidade derecorrer aos

 procedimentosvigentes, incluindoo recurso ao painel

que entendeuinicialmente no

assunto

(art. 21.5)Em caso de descumprimento

As partes negociam uma compensação, até a plena aplicação das

resoluções (art. 22.2)

Adoção demedidas de retorsãoCaso não se chegue a um acordo em relação à compensação, o OSCautoriza a adoção de medidas de retorsão até a plena aplicação das

resoluções (art. 22)Medidas de retorsão cruzada

O mesmo setor, outros setores, outros acordos (art. 22.3)

Possibilidade dearbitragem  emrelação ao nívelda suspensão se

alega que nãoforam seguidos os princípios e os procedimentos

relativos àadoção demedidas de

retorsão (art.22.6 e 22.7)

60 dias

0-20 dias

20 dias (+ 10caso se peça

ao diretor-geral

6 meses a contar doestabelecimento do painel, 3 meses em

caso de urgência

Até 9 meses acontar do

estabelecimento do painel

Envio do informe do grupo especialàs partes(art. 12.8, apêndice 3, § 12, j)

60 dias no casodo informe do

 painel,a menos que se

apele

“prazoprudencial”: proposto pelo

membro afetadoe aprovado pelo

OSC; ouconveniado pelas

 partes nadiferença; ou

determinadomediante

arbitragem (15meses

aproximadamenteneste último

caso)

30 dias no casodo informe do

OA

que designe

os integrantes)

Figura 4.1: Quadro das etapas existentes no procedimento de solução de conflitos da OMC

Fonte: OMC

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Universidade do Sul de Santa Catarina

SEÇÃO 5 – O Brasil e o OSC

O Brasil é um grande usuário do sistema de solução de

controvérsias da OMC, estando na quarta posição do ranking  dos demandantes para solução de controvérsias perante a OMC,segundo o número de consultas (atrás somente dos EUA, UE eCanadá).

Ademais, é vencedor de controvérsias importantescomo, por exemplo, o caso Embraer/Bombardier,algodão, açúcar, frango, etc.

Importante frisar que, apesar de ser considerado um país emdesenvolvimento, o Brasil possui ótima capacitação técnica paraconduzir processos (caso único entre países em desenvolvimento).

Síntese

Nesta unidade, você tomou conhecimento do sistema de soluçãode controvérsias da OMC e a sua grande importância para o bomfuncionamento das relações comerciais internacionais.

Além disso, adquiriu subsídios para entender todas as etapas doprocedimento de solução de controvérsias e os prazos de cadauma delas.

Verificou quais os órgãos da OMC que participam no processode solução de conflitos.

Na próxima unidade, você conhecerá as regras básicas da OMCque regulam o comércio internacional de bens.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 4

Atividades de auto-avaliação

1) Uma das maiores mudanças ocorridas na Rodada de Uruguai a respeitodo Sistema de Solução de Controvérsias consiste no “consensonegativo”. Descreva a seguir o que é o consenso negativo e por que seconsidera um avanço na OMC.

2) Responda se a afirmação abaixo está certa ou errada explicandosua resposta: “O painel é o órgão que decide os conflitos comerciaisinstaurados no âmbito da OMC”.

3) Canadá e EUA solicitaram abertura de painel na OMC para que fossedecidida uma controvérsia entre eles. Canadá alega que os produtoresde maçã dos EUA estão exportando o produto com um preço abaixodaquele praticado dentro do próprio mercado americano. Alémdo mais, alega que esse ato dos produtores dos EUA está causandodanos aos produtores de maçã de seu país. Ao final, o painel enviouseu relatório definitivo dando improcedência às acusações contraos EUA. Na exposição de motivos do referido relatório, os painelistasinformaram que, ao analisar as provas juntadas pelo Canadá, nãohá a demonstração dos danos em ameaça deste para os produtorescanadenses de maçã. No prazo legalmente concedido, o Canadá apela

solicitando que seja revista a decisão, juntando novos pareceres elaudos que confirmam os danos sobre os produtores de maçã no país.

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  Em relação a este problema, responda: houve erro material/direito danorma no relatório proferido? Se positivo, qual? O Canadá pode apelarneste caso específico? Por quê?

4) O membro, caso o vencido não cumpra com as recomendaçõesdispostas na resolução do OSC, poderá aplicar sançõesunilateralmente? Por quê?

5) Explique, com suas próprias palavras, por que se considera que osistema de solução de controvérsias da OMC é a pedra angular dosistema multilateral de comércio. Você concorda com esta afirmativa?Por quê? (mínimo de 8 e máximo de 15 linhas)

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Direito Internacional Econômico

Unidade 4

6) Como você verificou anteriormente, na prática os atores que participamdas trocas comerciais internacionais são normalmente indivíduose empresas. Caso um destes atores se considere prejudicado poralguma ação de um Estado-membro da OMC, ele poderá realizar umareclamação oficial na Organização? Por quê? Caso a resposta sejanegativa, e de acordo como o que foi visto nesta unidade, expliquecomo ele poderá fazer valer os seus direitos.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais

BARRAL, Welber Oliveira (Org.). O Brasil e a OMC: osinteresses brasileiros e as futuras negociações multilaterais.Florianópolis: Diploma Legal, 2000.

 JO, Hee Moon. Introdução ao Direito Internacional. SãoPaulo: LTr, 2000.

HUSEK, Carlos Roberto. Curso de Direito InternacionalPúblico. 2. ed. São Paulo: LTr, 1998.

LAFER, Celso. A OMC e a regulamentação do comérciointernacional: uma visão brasileira. Porto Alegre: Livraria dosAdvogados, 1998.

MELLO, Celso D. Albuquerque de. Curso de DireitoInternacional Público. 12. ed. Rio de Janeiro: Renovar,2000.2. vol.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO. Disponível

em: <http://www.wto.org>. Acesso em 17 de abril de 2007.

 THORSTENSEN, Vera. OMC: Organização Mundial doComércio, as regras do comércio internacional e a nova rodadade negociações multilaterais. 2. ed. rev. ampl. São Paulo:Aduaneiras, 2001.

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5UNIDADE 5

A OMC e o comércio de bens

Objetivos de aprendizagem

 Conhecer as regras básicas da OMC que regulam ocomércio internacional de bens.

Seções de estudo

Seção 1 A OMC e o comércio internacional de bens

Seção 2 Os princípios da OMC que regem ocomércio de bens

Seção 3 As tarifas e as listas de concessões

Seção 4 A agricultura na OMC

Seção 5 As exceções ao livre comércio

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Para início de estudo

Como você pôde observar na unidade 3, a OMC é a organização

internacional responsável por regular as relações comerciaisem geral, ou seja, àquelas relações que envolvem as trocasinternacionais de bens e serviços, além das questões relacionadasà propriedade intelectual.

Nesta unidade, você irá conhecer um pouco sobre o complexoconjunto de normas que regulam as relações comerciais relativasàs trocas de mercadorias (bens).

SEÇÃO 1 – A OMC e o comércio internacional de bens

A OMC é formada por um acordo constitutivo e quatro anexos,sendo que é o Anexo 1A, o Acordo Multilateral de Mercadorias(GATT), que regula as relações comerciais que tangem aos bens.

Como você viu na unidade 3, o Acordo Multilateral deMercadorias possui uma estrutura básica dividida em três partes:

Princípios Gerais – o Acordo Geral sobre TarifasAduaneiras e Comércio (GATT);

Acordos e Anexos Adicionais – tratam das necessidadesespeciais de determinados setores ou questões específicas

(GATT 1994 - GATT 45 -; Agricultura; MedidasSanitárias e Fitossanitárias; Têxteis; Obstáculos técnicos;Medidas em matéria de investimentos; Antidumping ;Subsídios; Normas de origem; Salvaguardas);

Listas de Compromissos – são acordadas pelos países edeterminam especificamente o acesso a seus mercadosde produtos estrangeiros ou prestadores estrangeiros deserviços.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 5

Nas próximas seções, você conhecerá um pouco mais sobre asdisposições do Acordo Multilateral de Mercadorias.

SEÇÃO 2 – Os princípios da OMC que regem o comérciointernacional de bens

Os princípios são iguais àqueles vistos na unidade 3, quaissejam, o livre comércio, a não-discriminação (pela Nação maisfavorecida e do Tratamento nacional) e a previsibilidade.

Livre comércio

O livre comércio se dá por meio da redução dosobstáculos comerciais, sejam eles tarifários e/ou não-tarifários, tudo isto mediante negociação entre osmembros.

A tarifa aduaneira é a única forma de barreira ao livre comércio, vedada qualquer proibição ou restrição, materializada por meio dequotas, licenças de importação e exportação, ou outras medidas,havendo regras especiais aos produtos agrícolas e têxteis (art. 11).

Não-discriminação

Nação mais favorecida  - “Qualquer vantagem, favor, privilégioou imunidade concedido por uma parte contratante a um produtooriginário de outro país ou destinado a ele, será concedidaimediata e incondicionalmente a todo produto similar origináriodos territórios de todas as demais partes contratantes ou a elesdestinados.” (art. 1º do GATT).

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Universidade do Sul de Santa Catarina

 Tratamento nacional - “Os impostos e outras cargas internas,assim como as leis, regulamentos e prescrições que afetem a venda, a oferta para venda, a compra, o transporte, a distribuição

ou o uso de produtos no mercado interno e as regulamentaçõesquantitativas internas que prescrevem a mescla, a transformaçãoou o uso de certos produtos em quantidades ou em proporçõesdeterminadas, não deverão aplicar-se aos produtos importados ounacionais de maneira que se proteja a produção nacional.” (art. 3ºdo GATT).

Previsibilidade 

 Transparência  - Os governos dos Estados-membros devemdivulgar publicamente suas políticas e práticas mediantenotificação à OMC, além disso, a OMC irá supervisionarperiodicamente as políticas comerciais adotadas pelos membros,por intermédio do Órgão de Revisão das Políticas Comerciais.

SEÇÃO 3 – As tarifas e as listas de concessões

As barreiras tarifárias são, em regra, as barreiras permitidasao livre comércio, sendo que as tarifas são diminuídasprogressivamente pelas Listas de Concessões para cada produto.

Formação da lista de concessão

A lista de concessão é formada por intermédio das negociações de um membro com os principais parceiros comerciais por meiode uma lista de redução tarifária. A partir do momento em que atarifa é aprovada , passa a ser aplicada aos demais membros peloprincípio da Nação mais favorecida .

São listas que

determinam os níveis

tarifários máximos.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 5

A partir do momento em que a lista entra em vigor, as tarifas seconsolidam e os governos não poderão mais majorá-las. Sepor uma eventualidade houver necessidade de aumentá-las,

como, por exemplo, no caso de salvaguarda ou waivers , ogoverno do país-membro deverá entrar em negociação com opaís que será afetado, estabelecendo direitos compensatórios.

Exceções à consolidação das tarifas

Existem algumas exceções com relação à consolidação dastarifas, observe:

medidas para proteger a moral pública e a saúdehumana , animal ou vegetal; o comércio de ouro eprata; tesouros artísticos e históricos; recursos naturaisexauríveis e garantias de bens essenciais (art. 20);

integração regional (Art. 24);

salvaguardas de balança de pagamentos – a partepoderá restringir a quantidade ou o valor das mercadorias

importadas, de forma a salvaguardar sua posiçãofinanceira externa e seu balanço de pagamento; asrestrições devem vigorar apenas para resolver a crise (art.12); países em desenvolvimento têm regras especiaispara salvaguardar sua BP e para proteger sua indústrianascente (art. 18);

salvaguardas ou ações de emergências sobreimportações (art. 19) - se um produto está sendoimportado em quantidade crescente que possa causar

ou ameaçar prejuízo aos produtos nacionais, a parte ficalivre para suspender as concessões acordadas por meiodas tarifas ou quotas, retirar ou modificar concessões,determinando novas tarifas ou quotas – em carátertemporário;

comércio e desenvolvimento (parte IV do GATT)- tratamento especial aos países em desenvolvimentoconforme as recomendações da ONU/UNCTAD.

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SEÇÃO 4 – A agricultura na OMC

Apesar de apresentar-se irrelevante ao comércio internacional

(13%) à época de negociações, houve grande pressão dos paísesdesenvolvidos (EUA, CE, Japão, Coréia) para não englobar estetema na pauta de negociação.

A Rodada Uruguai foi um marco nas negociações do setorpermitindo a entrada, embora tímida, da agricultura nasnegociações sendo, inclusive, motivo de impasse entre EUA (CE, Japão, Coréia) e o Grupo de Cairns (Austrália, Argentina, Brasil,Nova Zelândia e Canadá).

Apesar da conquista, é um setor que, juntamente com otêxtil, é extremamente protegido, principalmente pelos paísesdesenvolvidos, sendo responsável por inúmeros conflitos dentroda Organização.

SEÇÃO 5 – O Brasil e o OSC

De acordo com os ensinamentos da unidade 3, você viu que oobjetivo da OMC é assegurar que o fluxo comercial internacionalcircule livremente, sempre que não se produzem efeitossecundários negativos. Desta forma, procurou-se instituir meios

de coibir esses efeitos, o que você verá a seguir.

Normas de segurança

O art. 20 do GATT permite aos governos que, visandoa proteger a saúde e a vida das pessoas e dos animais ou

preservar os vegetais, adotem medidas que afetem o comércio,sobre a condição de que não sejam discriminatórias nem seutilizem como um meio de protecionismo encoberto.

Por fim, há, também, dois acordos específicos da OMC quetratam da inocuidade dos alimentos, a sanidade dos animais e a

preservação dos vegetais, e das normas sobre os produtos.

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Unidade 5

Medidas sanitárias e fitossanitárias

Dentro dos acordos presentes no anexo 1A, há um específico denormas sobre inocuidade dos alimentos, sanidade dos animais

e preservação dos vegetais, denominado de Acordo sobre a Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS– acrônimo em inglês), que estabelece as normas fundamentais.

As medidas sanitárias e fitossanitárias são aquelasmedidas aplicadas para proteger a vida, a saúdeanimal ou vegetal, dentro do território de ummembro, de riscos ligados à entrada de pragas oudoenças, de aditivos, contaminações, toxinas e

organismos nos alimentos e prevenir ou limitar o seudano dentro do território de um membro.

O acordo permite aos países-membros estabelecer suas própriasnormas. Contudo, o uso excessivo destas medidas pelos membrostornou-se um problema pois passou a ser mais uma barreiracomercial, com finalidade de proteger o mercado interno.As partes devem adotar as MSF desde que estas não sejam

incompatíveis com o GATT.Assim sendo, as medidas sanitárias e fitossanitárias legítimas sãoaquelas que têm como objetivos proteger:

a vida animal e vegetal dentro do território do país-membro dos riscos surgidos da entrada, contaminaçãoe disseminação de pestes, doenças, organismoscontaminados ou causadores de doenças;

a vida e a saúde do ser humano e dos rebanhos animaisdentro do território do país-membro de riscos surgidosde aditivos, contaminantes, toxinas ou organismoscausadores de doenças em alimentos, bebidas ou rações;

a vida e saúde do ser humano dentro do território dopaís-membro de riscos provenientes de doenças portadaspor animais, plantas ou produtos derivados, decorrentesda entrada, contaminação ou disseminação de pestes.

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A OMC procurou determinar algumas condições para aaplicação destas medidas, observe:

não-discriminação;

baseada em princípios científicos.

O acordo estabelece também o princípio da equivalência . Esteprincípio determina que os membros devem aceitar as medidasde outros membros como se fossem equivalentes a sua, mesmoque estas sejam diferentes, desde que o membro exportadordemonstre objetivamente ao importador que essas MSF alcançamo mesmo nível de proteção.

Podem-se citar como exemplos dessas medidas:

leis, regulamentos;

exigências e procedimentos;

métodos de processamento e produção;

tratamento de quarentena;

transporte;

exigências de empacotamento e embalagem.

Obedecendo ao princípio da transparência, os governos devempublicar avisos-prévios dos novos regulamentos sanitários efitossanitários ou das modificações dos já existentes, além deestabelecer um serviço encarregado de facilitar informações.Desde já, ressalta-se que esse acordo complementa o relativo àsbarreiras técnicas ao comércio.

Barreiras técnicasOs regulamentos técnicos e as normas industriais sãoimportantes, mas variam de um país a outro.

A quantidade excessiva de diferentes normas técnicas podetornar um obstáculo desnecessário ao comércio internacional,prejudicando os produtores e os exportadores. Pior ainda seestas normas forem estabelecidas arbitrariamente como forma deprotecionismo do mercado interno.

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Unidade 5

Desta forma, o Acordo sobre Barreiras Técnicasao Comércio (TBT – acrônimo em inglês) visa aproporcionar condições para que os regulamentos,

as normas e os procedimentos de prova e certificaçãonão criem obstáculos desnecessários ao comércio.

- Mas você sabe o que são as barreiras técnicas? 

As barreiras técnicas nada mais são do queregulamentos e normas técnicas aplicadas sobre bens,com o objetivo de garantir padrões de qualidade, de

segurança e de proteção à saúde dos consumidores,bem como ao meio ambiente.

Estas normas são aplicadas sobre as características dos produtose aos métodos de processo e produção que tenham efeito nascaracterísticas do produto e na sua qualidade.

Regras para embalagens; requisição de marca;rotulagem; e procedimentos para avaliação deconformidade.

As barreiras técnicas, para gozarem de legitimidade, devem ser:

constituídas por regulamentos técnicos emitidos pelosgovernos de forma transparente;

fundamentadas em normas ou padrões isentos,reconhecidos pela comunidade científica.

Assim como as medidas sanitárias e fitossanitárias, para aaplicação das barreiras técnicas, os governos devem obedecer aoprincípio da transparência, devendo publicar avisos-prévios dosnovos regulamentos ou das modificações dos já existentes, alémde estabelecer um serviço encarregado de facilitar informações.

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Mecanismos de defesa comercial

A OMC tem como objetivo a liberalização do comércio, contudo,

esta abertura deve sempre visar ao comércio eqüitativo.De acordo com preâmbulo do Acordo Constitutivo da OMC,o Acordo de Marrakesh, pode-se observar que a OMC entendeque a abertura das relações comerciais serve para:

(...) elevar os níveis de vida, a lograr o pleno empregoe um volume considerável e em constante aumentode ingressos reais e demanda efetiva e a acrescentar a

produção e o comércio de bens e serviços, permitindo aomesmo tempo a melhor utilização dos recursos mundiaisde conformidade com o objetivo de um desenvolvimentosustentável e procurando proteger e preservar o meioambiente e incrementar os meios para fazê-lo, de maneiracompatível com suas respectivas necessidades e interessessegundo os diferentes níveis de desenvolvimentoeconômico.

Assim, o sistema da OMC permite a abertura comercial, porém

em circunstâncias restringidas, ou seja, desde que se alcance umaconcorrência livre, leal e sem distorções.

A abertura comercial é muito vantajosa ao consumidor e podemelhorar a eficiência da economia criando uma estruturacomercial mais competitiva, porém, sabe-se que dá origem asituações de perigo à produção nacional quando aparecem nomercado as “práticas desleais de comércio”.

Entende-se como práticas desleais de comércio oconjunto de condutas mercantis que podem distorcera concorrência no mercado internacional.

Desta forma, é necessário que as políticas de abertura comercialdevam ser complementadas com normas legais adequadas paragarantir a concorrência leal, tanto entre países como entreempresas, a fim de que os benefícios da abertura alcancem atodos os agentes econômicos.

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Unidade 5

Em relação às práticas desleais, pode-se citar o dumping  e ossubsídios, sendo que, apesar de possuírem origem diferente,ambos podem ter efeitos similares sobre a produção, tanto dentro

do país produtor como no país importador.O dumping  é realizado por uma empresa, enquanto os subsídiossão de responsabilidade do Estado. As práticas beneficiam quemcompra mais barato, mas ao mesmo tempo prejudicam a outraparte da sociedade, e por esta razão são combatidas e penalizadas.

Lembre-se que tanto o dumping como os subsídiospodem causar danos à produção de um país dediversas formas.

Podem, entre outros prejuízos:

retirar do mercado o produtor nacional ou restringir suaparticipação, ao provocar a caída dos preços;

produzir uma diminuição das utilidades das empresas;

incrementar a capacidade ociosa instalada, ocasionar aperda de postos de trabalho e inclusive o fechamento defábricas.

A comprovação destas circunstâncias habilita os países aaplicar medidas corretivas protecionistas que têm por objetivodiminuir os efeitos negativos do dumping  e dos subsídios sobre asproduções nacionais. As contramedidas em relação ao dumping  sedenominam “direitos antidumping ”, e as destinadas a combater ossubsídios se chamam “direitos compensatórios”.

Defesa contra a prática de dumping – direitos antidumping 

O dumping  na OMC é regulado no Acordo Antidumping . Porser um direito quadro, há normas complementares editadas pelosmembros. No Brasil, estas normas são: a Lei 9.019/95 (dispõesobre a aplicação dos direitos previstos no Acordo Antidumping  eno Acordo de Subsídios e Direitos Compensatórios, e dá outrasprovidências) e o Decreto n° 1.602/95 (Regulamenta as normasque disciplinam os procedimentos administrativos, relativos àaplicação de medidas antidumping ).

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Dumping é venda de um produto igual ou similar(idêntico ou quando não existir produto idêntico a umoutro que apresente características semelhantes) com

o preço de exportação (preço efetivamente pago ou apagar pelo produto exportado ao Brasil, sem impostose à vista) menor que o valor normal (preço semimpostos, e à vista, pelo qual a mercadoria exportadaé vendida no mercado interno do país exportador).

Ou seja:

DUMPING  = Preço de exportação < valor normal (margem de dumping - diferençaentre o valor normal e o preço de exportação)

A OMC não emite nenhum juízo de valor em relação aodumping , ou seja, não afirma que se trata de uma prática deslealao comércio nem tampouco proíbe a sua ocorrência. Poroutro lado, a Organização, por meio do Acordo Antidumping ,determina quando os governos podem ou não responder à práticado dumping . A resposta, neste caso, se dará com a da aplicação dedireitos antidumping .

De acordo com os termos do acordo, os governos podem adotarmedidas contra o dumping  quando este ocasionar, ou ameaceocasionar, dano a indústria doméstica. É importante ressaltar queé obrigatório haver um nexo de casualidade entre o dano e o dumping , ou seja, que o dano esteja sendo ocasionado pela práticado dumping .

Destarte, é princípio básico que o direito antidumping  sejaaplicado somente sob as condições do art. 6 do Acordo Geral, emediante uma investigação formal nos termos dos dispositivosdo acordo.

Direito antidumping é o direito imposto àsimportações realizadas a preços de dumping, como objetivo de neutralizar seus efeitos danosos àindústria nacional. Este direito deverá ser igual ouinferior à margem de dumping apurada.

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Unidade 5

Conceitos

Entende-se como dano o dano material ou ameaça de danomaterial à indústria doméstica já estabelecida ou retardamento na

implantação da indústria nascente.

Para a determinação de dano, deverá ser avaliada a evolução dosseguintes indicadores:

importações - valor e quantidade por país de origem;participação das importações objeto de dumping  no totalimportado e no consumo aparente; preço;

indústria doméstica  - vendas e participação no consumo

aparente; lucros; produção, capacidade produtiva egrau de ocupação; estoques; produtividade, empregoe salários; preços domésticos e margem de subcotação(diferença entre o preço do produto doméstico e o preçodo produto importado internado); balanço patrimonial edemonstrativos de resultado.

De acordo com o Decreto n. 1.602/95, para que seja configuradaa existência de ameaça de dano material, serão considerados,

conjuntamente, entre outros, os seguintes fatores:significativa taxa de crescimento das importações doproduto objeto de dumping ;

suficiente capacidade ociosa ou iminente aumentosubstancial na capacidade produtiva do produtorestrangeiro;

importações realizadas a preços que provoquem reduçãonos preços domésticos ou impeçam aumento dosmesmos;

estoques do produto sob investigação.

Por indústria doméstica entende-se que é atotalidade dos produtores nacionais de produto igualou similar ao importado ou, então, o conjunto deprodutores cuja produção da mercadoria constituaparcela significativa (majoritária) dos produtoresnacionais.

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Por fim, é necessário que seja verificado o nexo causal entreo dumping  e o dano, ou seja, verificar em que medida asimportações objeto de dumping  são responsáveis pelo dano

causado à indústria doméstica, avaliando-se, inclusive, outrosfatores conhecidos que possam estar causando dano no mesmoperíodo. Quando tal dano for provocado por motivos alheiosàs importações objeto de dumping , não será imputado àquelasimportações.

Observe na figura a seguir a relação entre o nexo causal, dumping  e dano à indústria doméstica:

 Dumping    Dano à indústria

doméstica

 Nexo causal 

Figura 5.1: A necessidade do nexo causal entre o dumping e o dano à indústria doméstica.

Investigação

Como você percebeu, a investigação é um processo necessárioque visa a averiguar a existência do dumping , do dano e da relaçãocausal entre eles. Ao final da investigação, ficando comprovadaa existência dos elementos anteriores, serão impostos direitos(medidas) antidumping .

As decisões finais pertinentes a uma investigação para fins deaplicação de medidas antidumping , bem como de revisão dasmesmas, são tomadas com base em parecer formulado peloDepartamento de Defesa Comercial (DECOM).

Compete à Secretaria de Comércio Exterior decidir sobre aabertura de investigação e o início do processo de revisão dodireito definitivo ou de compromisso de preço.

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Ademais, tendo em vista o disposto no Decreto n. 3.981 de 2001,compete à Câmara de Comércio Exterior:

fixar direitos antidumping  e compensatórios, provisóriosou definitivos, e salvaguardas;

decidir sobre a suspensão da exigibilidade dos direitosprovisórios;

homologar compromisso de preços;

definir diretrizes para a aplicação das receitas oriundas dacobrança dos direitos antidumping  e compensatórios.

Os procedimentos relativos à condução da investigação devemobservar a disposição do Acordo antidumping  da OMC, visandosempre a observância da ampla defesa e do contraditório aosinteressados (importadores, produtores e exportadores) e atransparência. Se isto não acontecer, a OMC poderá revogar aaplicação do direito antidumping .

A investigação deverá ser iniciada por meio de uma petição porescrito, elaborada pela indústria doméstica ou em seu nome.A Circular nº 21/96 estabelece um roteiro para elaboração depetição relativa à investigação de prática de dumping .

- Lembre-se que é necessário que a petição demonstre todas asevidências, instruída com todos os documentos que se julgaremnecessários.

As investigações deverão ser concluídas no prazo de um ano apósa sua abertura - exceto em circunstâncias excepcionais, quando oprazo poderá ser de até dezoito meses.

É princípio basilar da investigação o contraditório,ou seja, deve-se proporcionar à parte demandada(aquela que se acusa de praticar o dumping) defender-se durante todo o processo.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

No curso do processo de investigação poderá ser permitida aaplicação de direitos antidumping  provisórios. Estes direitospoderão ser aplicados depois de, no mínimo, 60 dias em que

foram iniciadas as investigações e quando houver determinaçãopreliminar do dumping . O valor deste direito não poderá excedera margem de dumping . Independentemente do tempo que levará ainvestigação, o direito antidumping  provisório não poderá excederseis meses.

Cabe a Secretaria de Comércio Exterior  (SECEX) analisar apetição e emitir um parecer . Este parecer poderá recomendar a:

aplicação de direitos antidumping  - quando ficar

comprovada a existência de dumping , do dano e do nexocausal entre o dumping e o dano;

não-aplicação - quando não houver a comprovação da existência de dumping , ou de dano, ou do nexode casualidade; quando a margem de dumping for deminimis , ou seja, quando expressa como um percentualdo preço de exportação, for inferior a dois por cento; ouquando o volume de importações ou dano causado forinsignificante. Em outras palavras, quando o volumede importações proveniente de determinado país forinferior a três por cento do total das importaçõesbrasileiras de produto similar, exceto quando os paísesque, individualmente, respondem por menos de três porcento das importações de produto similar importado peloBrasil sejam - coletivamente - responsáveis por mais desete por cento das importações do produto.

Caso seja verificada a não-existência de dumping  ou de dano dele

decorrente, o valor das medidas antidumping  provisórias será:restituído - se recolhido;

devolvido - se garantido por depósito;

extinto - no caso de fiança bancária.

O direito antidumping  será calculado mediante a aplicação dealíquotas ad valorem sobre o valor aduaneiro da mercadoria embase CIF, ou específicas, fixada em dólares dos Estados Unidosda América e convertida em moeda nacional, fixas ou variáveis,ou pela conjugação de ambas.

Alíquota ad valorem

é aquela que se fixa

sob a forma de uma

porcentagem do valor do

bem importado.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 5

Em qualquer momento do processo de investigação, a indústriadoméstica poderá firmar com o demandado um compromisso depreços, ou seja, um acordo voluntário e satisfatório que encerra

ou suspende a investigação, sem imposição de direitos anti-dumping .

O compromisso de preços é o ato pelo qual odemandado firma voluntariamente um compromissode revisão de preços ou de cessação das exportaçõesa preços de dumping.

O aumento de preços decorrente deste compromisso não serásuperior ao necessário para compensar a margem de dumping  apurada, podendo estar limitado ao necessário para cessar o danocausado à indústria doméstica. De qualquer forma, a SECEXpoderá recusar ofertas de compromissos de preços, quando suaaceitação for considerada ineficaz.

A permanência dos direitos antidumping  e/ou do acordo decompromissos de preços serve somente para neutralizar odumping  causador de dano. Este tem como prazo máximo

cinco anos após a sua aplicação, ou cinco anos a contar da datada conclusão da mais recente revisão, podendo ser prorrogadomediante requerimento fundamentado.

De qualquer forma, há a possibilidade de revisão após um ano daimposição do direito mediante pedido da parte interessada ou poriniciativa das autoridades envolvidas. Os requisitos para revisãosão:

a aplicação deixou de ser necessária;

dano não subsistiria caso o direito fosse revogado;

o direito existente insuficiente para neutralizar odumping .

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Defesa em caso de produtos subsidiados: medidas compensatórias

Os subsídios na OMC são regulados no  Acordo sobre Subsídiose Medidas Compensatórias (SCM – acrônimo em inglês).

Por ser um direito quadro, há normas complementares editadaspelos membros, sendo que no Brasil estas normas são: a Lein° 9.019/95 (dispõe sobre a aplicação dos direitos previstosno Acordo antidumping  e no Acordo de subsídios e direitoscompensatórios e dá outras providências) e o Decreto n° 1.751/95(regulamenta as normas que disciplinam os procedimentosadministrativos, relativos à aplicação de medidas compensatórias).

Subsídios são qualquer contribuição financeiraconcedida pelo governo ou uma entidade públicade um território-membro que concede um benefícioa uma determinada indústria, empresa ou ramo deprodução.

Desta forma, você pode verificar que na definição de subsídios háa inserção de três elementos:

contribuição financeira por um governo, órgão público ouórgão privado desempenhando funções governamentais;

uma vantagem para o beneficiário da contribuiçãofinanceira;

especificidade.

Consideram-se contribuições financeiras aquelas constituídas porgoverno ou órgão público na forma de:

transferência direta de fundos (doações, empréstimos,aportes de capital, entre outros) ou potenciaistransferências diretas de fundos ou obrigações (garantiasde empréstimos);

qualquer forma de sustentação de renda ou de preçosque contribua para aumentar exportações ou reduzirimportações;

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Direito Internacional Econômico

Unidade 5

forneça bens ou serviços além daqueles destinadosà infra-estrutura geral; ou ainda dívidas que sejamperdoadas ou deixem de ser recolhidas receitas públicas

devidas (incentivos fiscais, entre outros). Já em relação à especificidade, o art. 2º do SCM determinaque o subsídio deverá conter a presença, alternativa oucumulativamente se:

o acesso ao subsídio for limitado a apenas determinadasempresas, por estipulação legal ou de fato;

não forem estabelecidos claramente, em lei ou outro ato

normativo, as condições ou critérios objetivos sobre odireito de acesso ao subsídio e sobre o montante a serconcedido, impedindo o favorecimento de determinadosetor ou grupo de empresas;

o subsídio for regional, limitado a determinadas empresaslocalizadas em uma região geográfica dentro do territórioem que atua a autoridade concedente.

Os subsídios podem ser classificados em proibidos ou recorríveis.

Proibidos - o art. 3o do SCM proíbe duas categoriasde subsídios. A primeira são os subsídios vinculadosde direito ou de fato aos resultados de exportação,como condição única ou entre outras várias condições(“subsídios à exportação”). No Anexo do Acordo SCMhá uma lista detalhada desses subsídios. A segundacategoria de subsídios proibidos está vinculada aoemprego de produtos nacionais com preferência aosimportados, como condição única ou entre outras várias condições (subsídios ao conteúdo nacional).Estas duas categorias de subsídios estão proibidasporque se estabelecem para influir no comércio e,conseqüentemente, provavelmente terão efeitos negativosaos interesses de outros membros.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Recorríveis - a maior parte dos subsídios, como ossubsídios à produção, entra na categoria “recorríveis”.Os subsídios recorríveis não estão proibidos. Porém,

se têm efeitos desfavoráveis aos interesses de outromembro podem ser impugnados por intermédio dosistema de solução de controvérsias da OMC ou serobjeto de uma medida compensatória. Há três tiposde efeitos desfavoráveis: podem causar um dano a umramo de produção do país importador; podem prejudicaraos exportadores rivais de outro país quando uns eoutro competem em terceiro mercado; e quando ossubsídios internos de um país podem prejudicar aos

exportadores que querem competir no mercado internode determinado país.

O dano é entendido como qualquer dano materialou ameaça de dano material à indústria doméstica

 já estabelecida ou ao retardamento sensível naimplantação de uma indústria.

Para a determinação de dano, deverão ser analisados os seguintesindicadores:

importações - valor e quantidade; participação dasimportações no total importado e no consumo aparente;preços.

indústria doméstica  - vendas e participação no consumoaparente; lucros; produção, capacidade produtiva e graude ocupação; estoques, emprego, produtividade e salários;preços domésticos; participação no mercado; capacidadede captar recursos ou investimentos e retorno dosinvestimentos.

Na determinação da existência de ameaça de dano material,serão considerados - conjuntamente - os seguintes fatores:

natureza do subsídio ou subsídios em causa e os seusprováveis efeitos sobre o comércio;

significativa taxa de crescimento das importações doproduto subsidiado, indicativa de provável aumentosubstancial destas importações;

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Direito Internacional Econômico

Unidade 5

suficiente capacidade ociosa ou iminente aumentosubstancial na capacidade produtiva do produtorestrangeiro;

importações realizadas a preços que provoquem reduçãonos preços domésticos ou impeçam o aumento dosmesmos; e

estoques do produto sob investigação.

Considera-se como indústria doméstica  a totalidade deprodutores nacionais de produto similar ao importado, ouaqueles cuja produção conjunta constitua parcela significativa daprodução nacional total da mercadoria em análise.

Por outro lado, é necessário que se verifique também o nexode casualidade entre o subsídio e o dano. Assim, deve serdemonstrado até que ponto as importações supostamentesubsidiadas são responsáveis pelo dano causado à indústriadoméstica. Isso se fará mediante a análise das provas pertinentes.Se forem verificados outros fatores que possam estar causandodano na mesma ocasião, aqueles que forem provocados pormotivos alheios não serão imputados às importações.

Assim como no dumping , há que existir uma investigaçãopreliminar, que verificará a existência do subsídio, do dano edo nexo causal entre aqueles, a fim de que sejam aplicadas asmedidas compensatórias.

Esta investigação deverá ser iniciada por meio de uma petiçãopor escrito, elaborada pela indústria doméstica ou em seu nome.A Circular nº 20/96 estabelece um roteiro para elaboração depetição relativa à investigação de prática de subsídios.

É importante destacar que os mesmos procedimentosdo processo de investigação que ocorre no dumping ocorrem na investigação do subsídio, podendoser aplicadas também medidas compensatóriasprovisórias nos mesmos termos do direitoantidumping provisório.

Para mais informações,

veja o site do Ministério

do Desenvolvimento,

Indústria e Comércio

Exterior (www.

desenvolvimento.gov.br).

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Defesa contra o crescimento excessivo e repentino das importações:salvaguardas 

Não só em relação ao repúdio pelo comércio desleal a OMC

demonstra a busca pelo comércio justo. Muitas vezes, apesarde não haver qualquer conduta desleal, a indústria domésticade um membro pode sofrer prejuízo grave devido ao aumentodas importações. Neste caso, a OMC, por meio do disposto noAcordo de Salvaguardas (SG – acrônimo em inglês), permite queseus membros apliquem as medidas de salvaguardas.

Medidas de salvaguardas são aquelas aplicadaspelos governos a fim de aumentar, temporariamente,

a proteção a uma indústria doméstica que estejasofrendo dano grave ou ameaça de dano gravedecorrente do aumento, em quantidade, dasimportações, a fim de que, durante o período devigência de tais medidas, a indústria doméstica seajuste, aumentando a sua competitividade.

Importações Nexo causal 

Dano

ou

ameaça de

dano

Figura 5.2: Nexo causal entre importações e dano ou ameaça de dano à indústria doméstica

Considera-se dano grave a deterioração geral e significativa dasituação de uma determinada indústria doméstica e ameaça dedano grave a clara iminência de que a indústria doméstica sofreráprejuízo grave, com base em fatos e não apenas em alegações oupossibilidades remotas.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 5

O dano pode ser verificado por meio da análise dos seguinteselementos:

o volume e a taxa de crescimento das importações doproduto, em termos absolutos e relativos;

a parcela do mercado interno absorvida por importaçõescrescentes;

o impacto sobre a indústria doméstica, evidenciado pelasalterações de fatores econômicos, tais como: produção,capacidade utilizada, estoques, vendas, participaçãono mercado, preços (queda ou sua não-elevação, quepoderia ter ocorrido na ausência de importações), lucros eperdas, rendimento de capital investido, fluxo de caixa eemprego;

outros fatores que, embora não relacionados com aevolução das importações, possam estar afetando asituação da indústria doméstica em causa.

Se em vez do dano for alegada ameaça de dano, verificar-se-átambém se é claramente previsível que esta ameaça venha a se

concretizar, transformando-se em dano grave. Neste caso, serãoanalisados fatores como a taxa de aumento das exportações, acapacidade de exportação, existente ou potencial, dos países-fornecedores e a probabilidade de as exportações resultantes dessacapacidade se destinarem ao mercado.

Investigação

Os pedidos de aplicação de medidas de salvaguarda deverão serformulados por escrito, de acordo com o roteiro elaborado pela

SECEX (Circular SECEX n. 19, de 02.04.96 - ver item III- Legislação Básica), instruídos com elementos suficientes deprova, demonstrativos do aumento das importações, do prejuízograve ou da ameaça de prejuízo grave à indústria doméstica eda relação causal entre as duas circunstâncias. Também deveráconstar da petição a proposta de compromisso de ajuste daindústria doméstica.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

O compromisso de ajuste da indústria domésticaé um documento apresentado por estar visandoà reestruturação. Este compromisso conterá um

programa de ajuste a ser implementado durante avigência da medida.

 Tal programa será analisado e uma vez considerado adequadopara os fins a que se propõe, assumirá a forma de umcompromisso da indústria. Ao longo da vigência da medida, seráfeito acompanhamento da implementação deste programa e, casoo mesmo não esteja sendo cumprido, a medida será revogada.

A petição será examinada e caso a SECEX considere que existemevidências suficientes para determinação preliminar da existênciade prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave, decorrente doaumento das importações, a investigação será aberta por meio depublicação de Circular SECEX no Diário Oficial da União. Nodocumento deverá conter resumo dos elementos que serviram debase para tal determinação preliminar. Caberá ao Ministério dasRelações Exteriores notificar o Comitê de Salvaguardas da OMCsobre a abertura da investigação.

A investigação será conduzida pela SECEX que poderá, ao longoda mesma, solicitar informações adicionais às partes interessadase proceder as verificações nas empresas localizadas no territórionacional, desde que previamente por elas autorizadas. Caberáà SECEX, também, avaliar o programa de ajuste apresentadopela indústria doméstica, podendo solicitar informaçõescomplementares e detalhamento do mesmo.

Aberta a investigação, as partes interessadas poderão solicitar,por escrito, à SECEX a realização de audiências, nas quais terãooportunidade de apresentar elementos de prova e manifestar-sesobre as alegações de outras partes interessadas.

 Tão logo se determine a existência de prejuízo grave ou ameaçade prejuízo grave e haja proposição de aplicação de medida desalvaguarda, o Comitê de Salvaguardas da OMC será notificado,pelo Ministério de Relações Exteriores, dessa determinação, bemcomo da disposição do governo brasileiro de realizar consultas

prévias à aplicação de medida com qualquer governo que tenhaum interesse substancial como país exportador do produto emquestão.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

As medidas de salvaguarda serão aplicadas na extensão necessáriapara prevenir ou reparar o prejuízo grave e facilitar o ajuste. Taismedidas serão aplicadas de forma não seletiva, isto é, incidirão

sobre os produtos importados independentemente de sua origem.O encerramento da investigação e a aplicação de medidas serãopublicados em Portaria Interministerial MDIC e MF, no DiárioOficial da União, e o Comitê de Salvaguardas da OMC seránotificado desta decisão.

As medidas de salvaguarda podem ser aplicadas como:

elevação do imposto de importação, por meio de

adicional à Tarifa Externa Comum - TEC;restrições quantitativas.

No caso de utilização de restrições quantitativas, tais medidasnão reduzirão o volume das importações abaixo do nível de umperíodo recente, como tal considerado a média das importaçõesnos últimos três anos representativos, para os quais se disponhade dados estatísticos, a não ser que exista uma justificativa clarade que é necessário um nível diferente para prevenir ou reparar o

prejuízo grave.No caso de utilização de cotas, o governo brasileiro poderácelebrar acordo com os governos dos países diretamenteinteressados no fornecimento do produto e sobre a distribuiçãode cotas entre os mesmos. Não sendo viável o acordo, será fixadacota para cada país diretamente interessado, tomando por basea participação relativa de cada um, em valor ou quantidade, naimportação do produto no período recente e levando em conta

fatores especiais que possam estar afetando o comércio desteproduto.

A medida de salvaguarda terá inicialmente prazo de vigência deaté quatro anos. Caso tenha sido aplicada medida de salvaguardaprovisória, o seu prazo de vigência será computado para efeito de vigência total da medida de salvaguarda.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 5

A SECEX acompanhará a situação da indústria prejudicadadurante o período de vigência da medida de salvaguarda, sendo-lhe facultado propor às autoridades competentes (MDIC e MF)

a revogação da medida, desde que constatada a insuficiência oua inadequação dos esforços no sentido do ajuste pretendido oua alteração nas circunstâncias que suscitaram originariamente aaplicação da medida.

Quando a duração da medida de salvaguarda exceder a três anos,a SECEX procederá a revisão, no mais tardar até a metadeda sua vigência, na qual serão examinados os efeitos concretospor ela produzidos e, se for o caso, proporá a revogação damedida ou a aceleração do processo de liberalização. O resultadodessa revisão de meio período será notificado ao Comitê deSalvaguardas da OMC.

O período de aplicação de medida de salvaguarda poderá serprorrogado quando for determinado, por meio de investigaçãona qual será dada oportunidade para que todas as partes semanifestem, que a aplicação da medida de salvaguarda continuasendo necessária para prevenir ou reparar prejuízo grave e quehaja provas de que a indústria doméstica está em processo de

ajustamento, nos termos de compromisso firmado com o governo.Antes de prorrogar a medida de salvaguarda, o Comitê deSalvaguardas da OMC deverá ser notificado e deverá seroferecida oportunidade para realização de consultas prévias àprorrogação com os governos dos países que tenham interessesubstancial como exportadores do produto em questão.

Caso a medida de salvaguarda tenha tido duração de até quatroanos, só poderá ser aplicada nova medida sobre o mesmo produto

após terem decorridos pelo menos dois anos do término doperíodo de vigência da mesma. Caso a medida tenha tido duraçãosuperior a quatro anos, o intervalo a ser respeitado para novaaplicação será igual à metade do período de vigência da medida.

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No entanto, poderão ser aplicadas medidas de salvaguarda contraimportações de um mesmo produto, por um prazo máximo de180 dias, se:

houver transcorrido pelo menos um ano, desde a data deaplicação da medida de salvaguarda, contra a importaçãodesse produto;

nos cinco anos imediatamente anteriores à data deintrodução da medida de salvaguarda não tenha sidoaplicada tal medida mais de duas vezes sobre o mesmoproduto.

Síntese

Nesta unidade, você aprendeu sobre o conjunto de normas daOMC que regulam as relações comerciais relativas às trocas demercadorias (bens).

Pôde verificar que a Organização sustenta o livre comércio pormeio da redução das barreiras tarifárias e a proibição das barreirasnão-tarifárias.

Verificou, também, que não se apregoa o livre comércio pelosimples livre comércio, mas sim aquele capaz de permitir umcomércio justo, com responsabilidade, permitindo, portanto,algumas exceções ao livre comércio como, por exemplo, asmedidas sanitárias e fitossanitárias, as barreiras técnicas,os direitos antidumping , as medidas compensatórias e assalvaguardas.

Na próxima unidade, você terá noções sobre as regras da OMC,que disciplinam o comércio internacional de serviços.

Para mais informações,

veja o site do Ministério

do Desenvolvimento,

Indústria e Comércio

Exterior (www.

desenvolvimento.gov.br).

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Direito Internacional Econômico

Unidade 5

Atividades de auto-avaliação

1) Cite dois exemplos de cada um destes princípios:

a) Cláusula da Nação mais favorecida

  b) Tratamento nacional

2) Sabe-se que as medidas sanitárias e fitossanitárias são barreiras aocomércio internacional. Quando um país pode aplicar estas medidas?Dê dois exemplos destas medidas.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

3) De acordo com a OMC, o que são salvaguardas? Neste caso, há aaplicação de medida compensatória? Por quem? Dê um exemploverídico de salvaguardas.

4) O dumping é considerado desleal pela OMC? Por quê? Qual a suaopinião sobre isto? Explique.

5) O que é a lista de concessão e como ela é estabelecida?

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Direito Internacional Econômico

Unidade 5

6) O Brasil está aplicando medida antidumping definitiva contra aDinamarca até o ano de 2006 devido aos medicamentos contendoinsulina. O que é a medida antidumping? Quando ela pode ser aplicadae o que ela a visa a proteger? O que é medida antidumping provisória?

7) Dê duas diferenças de dumping e subsídios, explicando-as. Dê doisexemplos de dumping e dois exemplos de subsídios.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais

BARRAL, Welber Oliveira. Dumping  e comérciointernacional: a regulamentação antidumping  após a rodadaUruguai. Rio de Janeiro: Forense, 2000.

_____. (Org.). O Brasil e a OMC: os interesses brasileiros e asfuturas negociações multilaterais. Florianópolis: Diploma Legal,2000.

BRASIL. Ministério Do Desenvolvimento, Indústria

e Comércio Exterior. Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em 17 de abril de 2007

CARLUCI, José Lence. Uma introdução ao direito aduaneiro.São Paulo: Aduaneiras, 1997.

GUEDES, Josefina Maria M. M. Anti-dumping , subsídios emedidas compensatórias. São Paulo: Aduaneiras, 1996.

 JOHANNPETER, Guilherme Chagas Gerdau. Antidumping :

prática desleal no comércio internacional. Porto Alegre: Livrariados Advogados, 1996.

LAFER, Celso. A OMC e a regulamentação do comérciointernacional: uma visão brasileira. Porto Alegre: Livraria dosAdvogados, 1998.

LAMPREIA, Luiz Felipe; GOYOS JÚNIOR, Durval deNoronha: SOARES, Clemente Baena. O direito do comérciointernacional. São Paulo: Observador Legal, 1997.

LUPI, André Lipp Pinto Basto. Soberania, OMC e Mercosul.São Paulo: Aduaneiras, 2001.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO. Disponívelem <http://www.wto.org>. Acesso em 17 de abril de 2007.

STRENGER, Irineu. Direito do comércio internacional e Lex Mercatoria. São Paulo: LTr, 1996.

 THORSTENSEN, Vera. OMC: Organização Mundial doComércio, as regras do comércio internacional e a nova rodadade negociações multilaterais. 2. ed. rev. ampl. São Paulo:Aduaneiras, 2001.

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6UNIDADE 6

A OMC e o comércio de serviços

Objetivos de aprendizagem

 Entender as regras básicas da OMC que regulam ocomércio internacional de serviços.

Seções de estudo

Seção 1 O comércio de serviços e a OMC/GATS

Seção 2 Principais definições do comércio deserviços

Seção 3 Formas de prestação de serviços

Seção 4 Qual a finalidade do GATS?

Seção 5 Alcance e aplicação

Seção 6 Obrigações derivadas do GATS

Seção 7 Anexos do GATSSeção 8 O GATS e o Brasil

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Direito Internacional Econômico

Unidade 6

Há que constar, também, que o setor de serviços tem se mostradomais dinâmico do que o de mercadorias. De 1990 a 2000,enquanto o comércio de mercadorias cresceu 6%, o de serviços

cresceu 6,2%. Atualmente, representa 80% do PIB nos paísesdesenvolvidos. O investimento direto estrangeiro no setor ésignificativo, sendo que 60% do fluxo global são para o setor deserviços.

 Trata-se de uma tendência do mercado, ficando clara aimportância do setor nesse cenário de globalização econômicae na revolução nas tecnologias de informação. Assim sendo, énecessária a criação de normas internacionais que regulem o setorde serviços.

O Acordo Multilateral de Serviços da OMC é o primeiroconjunto de normas e de regras negociadas no plano multilateralpara regular o comércio internacional de serviços, e suaestrutura básica está dividida em três partes:

obrigações e disciplinas gerais - o AcordoGeral sobre Comércio de Serviços (GATS– acrônimo em inglês);

compromissos específicos – contraídospelos distintos países outorgando acesso aseus mercados (Listas);

normas aplicáveis a determinados setores (anexos)– movimento de pessoa física, serviços financeiros,telecomunicações e serviços de transporte aéreo.

De maneira geral, o GATS fornece uma estrutura de regras paracada membro disciplinar o seu setor de serviços de maneira aevitar restrição rígida.

Assim sendo, as normas do Acordo Multilateral de Serviçosda OMC determinam algumas obrigações aos Estados-membros. Estas obrigações podem ser divididas em obrigaçõese disciplinas gerais e compromissos específicos. As obrigaçõesgerais ou básicas aplicam-se diretamente e automaticamente paratodos os Estados-membros, apesar da existência de compromissossetoriais. Porém, os compromissos específicos são limitados

aos setores e atividades em que um membro assume mercadoacessível e obrigações de tratamento nacional.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

É importante mencionar que as negociações do GATS sãorealizadas por intermédio da denominada lista positiva , ouseja, cada Estado-membro elege quais setores e/ou subsetores

quer incluir na oferta e especifica se há restrições de acessoaos mercados e de tratamento nacional (leia na seção 7 sobrecompromissos específicos). O que não estiver disposto na listanão está em discussão.

As ofertas estão inscritas em três colunas:

uma para a descrição do serviço;

outra para a descrição das limitações de acesso a

mercados (AM);uma terceira para a descrição das limitações aotratamento nacional (TN).

O GATS tem algumas semelhanças com o GATT, como, porexemplo, os princípios da nação mais favorecida e do tratamentonacional. Porém, há algumas diferenças, a saber:

ao contrário do GATT, o GATS faz referência amedidas que afetam tanto o produto (serviço) como oprestador;

a definição de comércio de serviços abarca não só omovimento transfronteiriço, como também outras trêsformas de transação (“modos de prestação”);

enquanto no GATT a entrada livre de contingentes(“acesso aos mercados”) e o tratamento nacional sãoobrigações de aplicação geral, no GATS se aplicam setorpor setor e só na medida em que não forem consignadaslimitações nas listas.

Em caso de violação de qualquer dispositivo do GATS, osfornecedores particulares ou consumidores não podem invocardiretamente a OMC em disputa de procedimentos de solução delitígios, visto que os acordos da OMC são intergovernamentais.Porém, muitos países-membros têm estabelecido procedimentosinternos para facilitar consultas e solução de litígios para e entreos particulares.

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Ressalta-se, também, que cabe ao Conselho de Comércio deServiços fiscalizar a aplicação do GATS pelos países-membros.

SEÇÃO 2 – Principais definições do comércio de serviços

A definição de serviços é extremamente complexa e ainda nãohá um entendimento pacífico entre os juristas, contudo, é aceitoo entendimento de que, de modo geral, serviços são aquelesprodutos portadores de atributos ausentes nas mercadoriascorpóreas.

“O conceito de serviço, como o de mercadoria ou deproduto, é eminentemente econômico. A economiaclassifica os bens econômicos em duas classes, asaber:

bens materiais, ou corpóreos, aqueles que têmuma extensão corpórea no espaço, inclusivepermanência nesse como a mercadoria, o produtoou o material;

bens imateriais, ou incorpóreos, os quais carecemdas referidas características, v.g., o trabalho ou oserviço.

Serviços, no sentido econômico, são bens imateriaisque estão na circulação econômica, opondo-se, pois,a tudo que constitua bem material ou corpóreo”(CASSONE, 1985, p. 254).

De acordo com este conceito, podem-se extrair as seguintescaracterísticas dos serviços:

invisibilidade e intangibilidade;

impossibilidade de transporte e armazenamento(exceção: software  – pode armazenar);

simultaneidade entre produção e consumo.

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Por outro lado, o termo comércio de serviços, segundoAntonio Balduíno Carneiro (1994, p. 71-72), surgiu em 1972,no relatório de um grupo de peritos convocados pela OCDE,

que examinava as perspectivas comerciais em longo prazo dosEstados-membros, em razão das transformações estruturais dassociedades industrializadas, substituindo a expressão “transaçõescom invisíveis”.

O comércio internacional de serviços, segundoMercadante (2000, p. 106), “pode ser conceituadocomo o conjunto de atividades econômicas em quehá um movimento transfronteira de invisíveis ou de

pessoas que o executam, sem envolver mercadorias”.

SEÇÃO 3 – Formas de prestação de serviços

Como você viu anteriormente, é muito difícil definir o que

é um serviço, principalmente o que é um serviço de caráterinternacional. Assim, procurou-se caracterizá-lo por meio dasformas pelas quais o mesmo é prestado, denominadas de “modo”.

São reconhecidos quatro modos de prestação:

Modo 1 ou “transfronteiriço”: serviço prestado doterritório de um país ao território de outro país;

Serviços arquitetônicos ou bancários transmitidosvia satélite ou por correspondência de uma empresabrasileira para um consumidor nos EUA; chamadastelefônicas internacionais.

Modo 2 ou “consumo no exterior”: consumidor sedesloca ao território do país onde está o prestador doserviço;

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Serviços de turismo; paciente estrangeiro quefreqüenta um hospital.

Modo 3 ou “presença comercial”: pessoa jurídicaestrangeira se instala localmente para prestar um serviço;

Serviços bancários.

Modo 4 ou “movimento temporário de pessoas físicas”:indivíduos deslocam-se por tempo limitado a um paísestrangeiro com vistas a prestar um serviço.

Técnicos na área de software na Espanha queoferecem suporte para consumidores no Brasil;projetos de construção, manequins de moda,consultores; médicos; professores.

Cabe ressaltar que, atualmente, o comércio transfronteiriçorepresenta 40% do fluxo mundial de serviços, o consumo noexterior, 15%, a prestação mediante presença comercial, 40%, e ocomércio envolvendo o movimento temporário de pessoas físicas,5%.

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SEÇÃO 4 – Qual a finalidade do GATS?

De acordo com o preâmbulo do GATS, o acordo visa contribuir

à expansão do comércio de serviços como meio de promover ocrescimento econômico de todos os interlocutores comerciais e odesenvolvimento dos países em desenvolvimento. Assim, não seentende o comércio como o fim em si mesmo, mas sim como ummeio de promover o crescimento e o desenvolvimento.

Frisa-se que os serviços não são importantes somente por elesmesmos, como também são insumos essenciais à produção damaioria das mercadorias.

O GATS atinge sua finalidade por duas formas:

assegurando o aumento de transparência e previsibilidadedas normas e regulamentos pertinentes;

promovendo a liberação progressiva por meio de rodadassucessivas de negociações, visando a melhorar o acessoaos mercados e estendendo o tratamento nacional.

SEÇÃO 5 – Alcance e aplicação

O acordo distingue-se pelo seu âmbito universal, aplicando-se atodos os serviços de todos os setores com exceção:

dos serviços prestados no exercício de autoridadegovernamental (parágrafo 3, “b” e “c” do artigo I do

GATS) – Um serviço prestado no exercício da autoridadegovernamental significa qualquer serviço que não sejaprestado em bases comerciais, nem em competiçãocom um ou mais prestadores de serviços (exemplo - ossistemas de seguridade social e qualquer outro serviçopúblico, como sanidade ou educação, que não sejamprestados em condições de mercado);

serviços que afetam os direitos de tráfego aéreo eserviços diretamente relacionados com os mesmos(Anexo sobre Serviços de Transporte Aéreo).

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Unidade 6

Ademais, aplica-se a todas as medidas (normas constitucionais,leis, decretos, regulamentos) aplicáveis aos serviços adotadosa todos os níveis de governo (central, regional, estadual,

municipal), incluindo órgãos não-governamentais no exercício depoderes delegados por governos e autoridades centrais, regionaise locais.

SEÇÃO 6 – Obrigações derivadas do GATS

As obrigações derivadas do GATS podem ser classificadas emduas grandes categorias: obrigações gerais aplicáveis de formadireta e automática a todos os membros e setores de serviçose compromissos em matéria de acesso aos mercados e detratamento nacional em determinados setores. Tais compromissosfazem parte das listas de cada país, cujo alcance pode variaramplamente segundo os membros.

Obrigações gerais 

Nação mais favorecida

O acordo assenta no princípio do tratamento da nação maisfavorecida  (NMF), segundo o qual cada membro deve concederincondicionalmente aos serviços e prestadores de serviços dequalquer outro membro um tratamento não menos favorável doque o concedido aos serviços e prestadores de qualquer outro país

membro (art. 2°, parágrafo 1º do GATS).Não obstante, estão previstas determinadas exceções no contextode atividades de serviços específicos que constam de uma listade isenções à obrigação decorrente do princípio NMF. Destaforma, cada governo consignou na sua lista nacional os serviçosrelativamente aos quais garante o acesso ao seu mercado,precisando as limitações a esse acesso que pretende manter.Além disso, somente podem ser concedidas isenções aos novosmembros no momento de sua adesão ou, no caso dos membros

atuais, mediante a concessão de uma isenção amparada noparágrafo 3 do artigo IX do Acordo sobre a OMC.

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Os membros de um acordo de integração econômica estãoautorizados a liberalizar entre si o comércio de serviços, não

sendo obrigados a tornar esse acordo extensivo aos outros

membros do GATS, desde que essa liberalização tenhauma cobertura setorial significativa e que o acordopreveja a ausência ou a eliminação em termos substanciaisde todo o tipo de discriminação (art. 5º do GATS).

Transparência

A fim de assegurar a maior transparência possível, oacordo prevê em seu art. 3º que cada membro deve

publicar prontamente e, salvo em circunstânciasemergenciais, pelos menos até a data de entrada emvigor, todas as medidas relevantes de aplicaçãogeral pertinentes ao GATS ou que afetem suaoperação.

Acordos internacionais dos quais um membro seja parte, relativosao comércio de serviços ou que afetem tal comércio, tambémdevem ser publicados.

Sobre os regulamentos e acordos anteriormente mencionados, osmembros devem responder prontamente a todos os pedidos deinformação específica apresentados por qualquer membro.

Os acordos bilaterais celebrados entre governos em matéria dereconhecimento de qualificações devem estar abertos aos outrosmembros que pretendam negociar a sua adesão a esses acordos.Além disso, cada membro deve assegurar que os prestadores deserviços em monopólio e em exclusividade não abusem da sua

posição.

Os membros devem consultar-se sobre práticas comerciaissusceptíveis de restringir a concorrência, com o objetivo de,tentando suprimi-las.

Ademais, cada membro deve informar o Conselho para oComércio de Serviços prontamente ou pelo menos uma vezpor ano da introdução ou modificação de quaisquer novaslegislações, regulamentações ou normas administrativas queafetem significativamente o comércio de serviços coberto por seuscompromissos específicos assumidos sob este acordo.

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Permissão de monopólio e práticas similares

Os Estados poderão conceder monopólios contudo cada membro velará para que todo prestador de um serviço que goze de

monopólio em seu território não atue, ao prestar o serviço nomercado respectivo, de maneira incompatível com as obrigaçõesprevistas no art. 2 (nação mais favorecida) e em seuscompromissos específicos (art. 8º do GATS).

Quando um prestador monopolista de um membrocompetir, seja diretamente, seja por intermédiode uma companhia afiliada, na prestação de umserviço fora do alcance de seu direito de monopólio

e que esteja sujeito a compromissos específicosassumidos por dito membro, este velará para que talprestador não abuse de sua posição de monopólio de maneiraincompatível com aqueles compromissos.

Após solicitação de um membro que tenha motivos para crerque um prestador monopolista de um serviço esteja atuando demaneira incompatível com os parágrafos 1º e 2º, o Conselho parao Comércio de Serviços poderá pedir ao membro que o tenhaestabelecido, que o mantenha ou o tenha autorizado, que forneçainformações específicas relativas às operações de que se trate.

Além dos monopólios, os membros reconheceram no acordoque certas práticas dos prestadores de serviços podem limitara competição e, portanto, restringir o comércio de serviços(art. 9º, parágrafo primeiro do GATS). Desta forma, cadamembro, após solicitação de outro membro, manterá consultascom vistas à eliminação das práticas acima referidas. Omembro a que se dirija a solicitação examiná-la-á cabalmente

e com compreensão e cooperará mediante o fornecimento deinformação não confidencial que seja publicamente disponívele guarde relação com o assunto de que se trate.

Recorrer aos tribunais ou procedimentos nacionais

Aos outros membros, prestadores de serviços estrangeiros,cada membro deverá conceder a possibilidade de recorrer aostribunais ou procedimentos nacionais para impugnar decisões

administrativas que afetam o comércio de serviços.

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Obrigações específicas

Como você viu na unidade anterior, as barreiras comerciais

em relação às mercadorias podem ser realizadas por meioda aplicação de tarifas, quotas, medidas sanitárias, etc., asbarreiras ao comércio de serviços se dão basicamente por meiode limitações de acesso a mercado e tratamento nacional, porintermédio da legislação nacional e de restrições constitucionais elegais.

Desta forma, o Acordo Multilateral de Serviços determinou quealém de respeitar as obrigações gerais os membros devem assumir

compromissos específicos relativos ao acesso aos mercados (art. XVI) e ao tratamento nacional (art. XVII) nos setores que elesdesignarem.

O acesso a mercados se dá através de um compromisso negociadopor Estados-membros individualmente e em setores específicos.

Em relação ao acesso de mercado, podem-se citarcomo exemplos:

número de prestadores de serviços;valor dos ativos ou transações de serviços;

número de operações ou quantia de produção;

número de pessoas físicas que prestam um serviço;

tipo de pessoa jurídica ou de empresa conjunta;

participação de capital estrangeiro.

O tratamento nacional não impõe a obrigação de assumir acessoaos mercados ou compromissos de tratamento nacional em umsetor particular. Assim, nos setores mencionados para cadapaís-membro e segundo as condições que são indicadas, cadagoverno deve conceder aos serviços e aos prestadores de qualqueroutro membro um tratamento não menos favorável que aqueleque concede aos seus próprios serviços e prestadores de serviçossimilares.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 6

Em relação ao tratamento nacional, podem-se citarcomo exemplos:

exigência de licenças para prestação de serviçosque não sejam exigidas de prestadores nacionais;

restrição de incentivos a cidadãos nacionais dedeterminada categoria profissional;

tratamento preferencial a nacionais em relação asubsídios e isenções fiscais.

Importante frisar, também, que o fato de um setor ou subsetorconstar na lista de compromisso específico não quer dizer queesteja totalmente aberto. Os países poderão mencionar em sualista de restrição aplicáveis a todos os setores (compromissoshorizontais), como também limitações aplicáveis a um setor emparticular (compromissos específicos).

O membro poderá, ainda, listar o setor ou subsetor mas deixá-lo como não-consolidado em todos ou em alguns modos deprestação, reservando-se o direito de no futuro impor algumasrestrições. Não-consolidado significa que o país ainda não

assumiu compromissos de liberalização.As restrições estão agrupadas por número, que por sua vez dizrespeito ao modo de prestação, assim:

1) Modo 1 ou “transfronteiriço”;

2) Modo 2 ou “consumo no exterior”;

3) Modo 3 ou “presença comercial”;

4) Modo 4 ou “movimento temporário de pessoas físicas”.

Cada Estado-membro deve conceder aos serviçose aos prestadores de serviços dos outros membrosum tratamento que não seja menos favorável doque aquele que está previsto no cumprimento doscompromissos específicos na sua lista nacional, afim de não descumprir com o compromisso geral danação mais favorecida.

O GATS utiliza a

expressão unbound .

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Os Estados-membros estão liberados para estender seuscompromissos ou modificar obrigações. Além disso, devemparticipar das rodadas de negociações visando a uma progressiva

liberalização do setor.Os membros se comprometem a outorgar aos serviços e aosprestadores de serviços estrangeiros um tratamento não menosfavorável daquele estipulado nas colunas pertinentes de sua lista.

Após a consolidação das listas, os compromissos específicos sópoderão ser modificados depois de três anos de sua vigência,podendo os países, por estas modificações, solicitar ao membroque modificou para negociar adaptações e compensações.

Os pagamentos e transferências internacionais relativas àstransações correntes relacionadas com os compromissosespecíficos assumidos ao abrigo do GATS não devem ser objetode restrições, exceto em casos de dificuldades verificadas ao nívelda balança de pagamentos e sob determinadas condições.

Para entender melhor como são elaboradas as listas, veja osexemplos a seguir.

PAÍS “A”

Setor Limite ao mercado (LM) Limite ao tratamentonacional (TL)

1. Compromissos horizontais

Todos os setores

Modo 1 - Sem consolidar

2) Sem consolidar

3) Sem consolidar 

4) Sem consolidar, exceto para:

a) a presença temporal, como pessoastransladadas dentro de uma empresa deexecutivos e especialistas essenciais denível superior e

b) a presença, durante um períodomáximo de 90 dias, de representantes deum prestador de serviços para negociar avenda de serviços.

1) Sem consolidar

2) Sem consolidar

3) Os estrangeiros necessitamde autorização para a aquisiçãode terras.

4) Sem consolidar

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2. Compromissos Específicos

Serviços de distribuição de livros

1) Sem consolidar (exceto no que se refere às vendas porcorrespondência: nenhuma)

2) Nenhum 

3) Participação estrangeira no capitalsocial limitada a 51%

4) Sem consolidar,(exceto o indicado nos compromissoshorizontais)

1) Sem consolidar(exceto para ordem postal:nenhum)

2) Nenhum

3) Subvenções para investimentosó para as empresas controladaspor nacionais de “A”

4) Sem consolidar

PAÍS “B”

Setor Limite ao mercado (LM) Limite ao tratamentonacional (TL)

2. Compromissos Específicos

1. Serviços de Comunicação

1.1 Serviços de Audiovisuais

a) Serviços de produção edistribuição de fitas de vídeo efilmes

1) Nenhum 

2) Nenhum

3) Nenhum

4) Não-consolidado, exceto oindicado na lista horizontal

1) Concessões advindasdas “Doações Nacionaispara as Artes” só estãodisponíveis para:indivíduos de cidadaniaamericana; estrangeiros com

 status de residente permanente;empresas sem fins lucrativos.

2) Nenhum

3) Concessões advindas das“Doações Nacionais para asArtes” só estão disponíveis para:indivíduos de cidadania americana;estrangeiros com status deresidente permanente; empresassem fins lucrativos.

4) Nenhum

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SEÇÃO 7 – Anexos do GATS

Devido a determinadas especificidades de alguns setores de

serviços, o GATS inclui alguns anexos relativos especificamentea estes setores.

A seguir, veja quais são os setores regulados nos Anexos doGATS.

Circulação de pessoas singulares – este anexo autorizaos governos a negociar compromissos específicosaplicáveis à permanência temporária de pessoassingulares no seu território, com vista à prestação de umserviço. Desta forma, não se aplica às questões relativasao emprego permanente nem às medidas referentes àcidadania e à residência;

Serviços de transporte aéreo - os direitos de tráfegoe os serviços associados a esses direitos estão excluídosdo âmbito de aplicação do GATS, pois fazem partede acordos bilaterais sobre os serviços aéreos queconcedem direitos de aterragem. Por outro lado, o

GATS é aplicado às questões relativas aos serviços dereparação e de manutenção de aeronaves, à venda ou àcomercialização de serviços de transporte aéreo e aosserviços informatizados de reserva;

Serviços financeiros – este documento reconhece odireito de os governos tomarem medidas tendentes aproteger os investidores, os depositantes, os tomadoresde seguros. Contudo, exclui do âmbito de aplicação doGATS os serviços prestados pelos bancos centrais;

 Telecomunicações - estipula que os governos devemconceder aos prestadores de serviços estrangeirosum acesso às redes públicas de telecomunicaçãosegundo modalidades e em condições razoáveis e não-discriminatórias.

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SEÇÃO 8 – O GATS e o Brasil

A lista do Brasil no GATS inclui sete setores, a saber:

serviços prestados às empresas;

comunicações;

construção e serviços de engenharia relacionados;

distribuição;

serviços financeiros;

turismo;

transporte.

O setor de serviços tem despertado grande interesse do governobrasileiro, haja vista sua importante participação na economianacional. Para você ter uma idéia, em 1999, o setor de serviçosabsorveu aproximadamente 57,2% dos empregos gerados naeconomia, contabilizando, em termos de pessoal ocupado, o totalde 5.475.899. Já no ano de 2000, esse número apresentou um

acréscimo de 9,7% em relação ao ano anterior, sendo criados mais532.529 novos postos de trabalho.

Atualmente, o setor de serviços corresponde a mais de 60% doPIB brasileiro.

Em relação ao investimento direto estrangeiro, em 1998, 85%foram destinados ao setor de serviços, correspondendo 74% em1999 e 69,6% em 2000.

Há que se mencionar, também, que dos dez maiores lucrosempresariais no Brasil em 2000, oito são de empresas no setor deserviços (sete no setor financeiro e uma no de telecomunicações).

Fonte: Pesquisa Anual de

Serviços do IBGE.

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Síntese

Nesta unidade, você pôde assimilar a importância dos serviçosno comércio internacional, além de aprender sobre o conjunto denormas da OMC que regulam as relações comerciais relativas àsprestações de serviços. Pôde verificar que não há uma concepçãopacífica sobre a definição de serviços.

Aprendeu, também, que os membros possuem compromissosgerais, além de compromissos específicos que estão em constantenegociação.

Na próxima unidade, você aprenderá sobre outro aspecto docomércio internacional regulado pela OMC: os direitos depropriedade intelectual.

Atividades de auto-avaliação

1) Em sua opinião, por que é necessário um Acordo Multilateral doComércio de Serviços? Que correspondência há entre os objetivos doGATS e o desenvolvimento do Brasil?

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Unidade 6

2) Em relação ao serviço de telecomunicações, cite um exemplo de acessoao mercado e um ao tratamento nacional.

3) Assinale a opção verdadeira. O âmbito de aplicação do GATS abarca as

medidas tomadas por:

( ) qualquer prestador de serviços.

  ( ) prestadores de serviços estabelecidos no país.

  ( ) governos e qualquer organização não-governamental comfaculdades delegadas pelos governos.

4) Que tipos de subsídios podem restringir ou distorcer o comércio deserviços?

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5) Além dos exemplos citados anteriormente no texto, cite pelo menosdois para cada um dos modos de prestação de serviços.

6) Pesquise e transcreva o compromisso específico de um setor ousubsetor no Brasil.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 6

Saiba mais

BARRAL, Welber Oliveira (Org.). O Brasil e a OMC: osinteresses brasileiros e as futuras negociações multilaterais.Florianópolis: Diploma Legal, 2000.

BRASIL. Ministério Do Desenvolvimento, Indústria EComércio

LAFER, Celso. A OMC e a regulamentação do comérciointernacional: uma visão brasileira. Porto Alegre: Livraria dos

Advogados, 1998.LAMPREIA, Luiz Felipe; GOYOS JÚNIOR, Durval deNoronha; SOARES, Clemente Baena. O direito do comérciointernacional. São Paulo: Observador Legal, 1997.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO. Disponívelem <http://www.wto.org>. Acesso em 17 de abril de 2007.

STRENGER, Irineu.. Direito do comércio internacional e Lis

Mercadoria . São Paulo: LTr, 1996. THORSTENSEN, Vera. OMC: Organização Mundial doComércio, as regras do comércio internacional e a nova rodadade negociações multilaterais. 2. ed. rev. ampl. São Paulo:Aduaneiras, 2001.

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7UNIDADE 7

A OMC e a propriedadeintelectual

Objetivos de aprendizagem Conhecer as regras da OMC sobre a propriedade

intelectual.

Seções de estudo

Seção 1 Considerações gerais sobre as normasinternacionais da propriedade industrial

Seção 2 Finalidade do Acordo Multilateral sobrePropriedade Intelectual TRIPS

Seção 3 Quais os princípios do TRIPS?

Seção 4 Formas de proteção dos direitos depropriedade intelectual

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Para início de estudo

Na última década, as indústrias relacionadas com a propriedade

intelectual, principalmente aquelas que trabalham com a altatecnologia, vêm crescendo de forma célere, maior, inclusive,que qualquer outro segmento da economia americana (LICKS,1998, p. 619). Isto acabou por conduzir o tema à relevânciainternacional.

Atentos a esta “nova” realidade, os países-membros daOMC planejaram e firmaram um Acordo Multilateral sobrePropriedade Intelectual (TRIPS), o qual você passará a conhecer

melhor a partir de agora.

SEÇÃO 1 – Considerações gerais sobre as normasinternacionais da propriedade industrial

No atual cenário econômico mundial, caracterizado pelo

capitalismo globalizado, com o desenvolvimento intenso docomércio internacional e a interdependência entre os países, atecnologia passou a ser fator determinante na competitividadeentre os países.

Segundo Clarissa Wandscheer (2004, p. 27), a propriedadeintelectual é uma das manifestações de direitos patrimoniaisindividuais, “e que, por isso, sua história está ligada aoreconhecimento de direitos, fruto da atividade intelectual”.

A organização da propriedade está sempre em constante evolução(MONTEIRO, 2003, p. 80). Patrícia Del Nero (1998, p. 31)menciona que:

Ao longo da História, isto é, do desenvolvimentoeconômico-social, a propriedade tem assumido as feiçõesmais variadas, desde a sua manifestação nas fases maisprimitivas, até as formas mais complexas e que requeremregulamentações específicas que possibilitem a disciplina

 jurídica, formal dos diversos tipos de apropriação de bense valores, inclusive os despidos de existência tangível.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 7

É, portanto, a partir do desenvolvimento econômico e social,que se começa a construir a propriedade intelectual. Robert M.Sherwood (1992, p. 26-27) afirma que:

O impulso de permitir e homenagear as expressõescriativas, projetos e inovações data de bem longe, naexperiência humana. Séculos atrás, os ceramistas etrabalhadores de pedra usavam marcas individuaispara identificar suas obras dentro das comunidades.Os segredos dos artesãos eram protegidos pelo simplesexpediente da disciplina familiar, dentro dos negócios doclã, onde os detalhes do ofício eram passados de geraçãoa geração. (...) Direitos exclusivos de praticar invenções

eram concedidos em Florença e em Veneza antes de1500.

A propriedade intelectual passou a ter extrema importância apartir da Revolução Industrial, quando se tornou evidente ariqueza das criações intelectuais.

A evolução expansionista do comércio internacional,associada à capacidade da propriedade intelectualde transcender as fronteiras geográficas dos países,fez surgir a necessidade da criação de uma normainternacional a fim de uniformizar as normas nacionaisrelativas à propriedade industrial.

Esta necessidade tornou-se evidente em 1873, durantea Exposição Internacional de Invenções de Viena. Na ocasião,muitos expositores estrangeiros negaram-se a apresentar seustrabalhos com medo de que fossem roubadas as idéias para seremexploradas comercialmente em outros países.

À vista deste acontecimento, em 1883, onze países firmarama Convenção da União de Paris – CUP para a Proteção daPropriedade Industrial, também conhecida como Convenção deParis.

Os primeiros onze países

signatários da Convenção

de Paris foram: Bélgica,

Brasil, Espanha, França,

Guatemala, Itália, Países

Baixos, Portugal, São

Salvador, Sérvia e Suíça.

A Inglaterra aderiu em

1884, os Estados Unidos,

em 1887 e o Japão, em

1889. Em janeiro de

1996 já havia 136 partes

contratantes.

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Contudo, faltava ainda uma norma internacional que regulassea proteção aos direitos relativos às obras literárias e artísticas.Assim, em 1886 foi firmada a Convenção de Berna para a

Proteção das Obras Literárias e Artísticas, que tinha comoobjetivo permitir que os nacionais dos Estados-membrosobtivessem proteção internacional sobre seu direito de controlar ouso de suas obras e receber pagamento por este uso.

 Tanto para a Convenção de Paris como para o Convênio deBerna foram estabelecidas secretarias, denominadas de EscritórioInternacional, que tinham como obrigação realizar as tarefasadministrativas. Em 1893 as duas secretarias passaram a seruma só, formando os “Escritórios Reunidos para a Proteção daPropriedade Intelectual”, conhecido internacionalmente pela siglaBIRPI.

Posteriormente, com o intuito de modernizar e tornar aadministração das Uniões instituídas no campo da propriedadeindustrial e autoral, foi firmada, em 1967, a Convenção deEstocolmo, instituindo a Organização Mundial de PropriedadeIntelectual - OMPI, que tem sede em Genebra.

Em 1974, a OMPI passou a ser um organismo especializadoda Organização das Nações Unidas (ONU) com o mandatoespecífico de ocupar-se das questões de propriedade intelectual.

Atualmente, a OMPI está sediada em Genebra, na Suíça,possui 182 países-membros e administra 23 tratados. Os órgãosdecisórios da OMPI são a Assembléia Geral, a Conferência e oComitê de Coordenação.

Apesar da existência de normas internacionais que

regulamentassem a propriedade intelectual, todas elas cobertaspela OMPI, os países industrializados não estavam contentes.Segundo Otto Licks (1998, p. 616-617), havia duas críticasrelativas à OMPI:

A primeira foi a impossibilidade de promover a revisãode algumas convenções administradas pela Organização,como a Convenção de Paris, para incorporar novospatamares almejados por estes países.

A Organização das

Nações Unidas é

uma organização

internacional formada

por 191 Estados

soberanos, fundada após

a 2ª Guerra Mundial,

e tem como objetivo a

manutenção da paz e da

segurança no mundo.

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Unidade 7

A segunda foi a falta de mecanismos de coerção quepromovessem o cumprimento dos compromissosassumidos pelos Estados Contratantes de taisConvenções. Enquanto o sistema da ONU se vale da

Corte Internacional de Justiça, o GATT já era dotadode um mecanismo mais ágil de prevenção e solução decontrovérsias, que foi aprimorado e dotado de “dentes” naRodada Uruguai.

Durante a Rodada Uruguai do GATT, os países desenvolvidos,liderados pelos Estados Unidos da América, requereram quefossem introduzidas na agenda de negociações as matériasrelativas à propriedade intelectual, a fim de ser estabelecido umconjunto de regras gerais e requisitos mínimos.

Foi assim que, juntamente com o Acordo Constitutivo daOrganização Mundial do Comércio, a propriedade intelectualpassou a ser regulada no âmbito da instituição. A propriedadeintelectual está regulada no Anexo 1C – Acordo sobre osAspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionadosao Comércio (ADPIC) do Acordo Constitutivo da OMC.Este acordo também é conhecido por sua designação em inglês: TRIPS (Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights ).

O TRIPS é um acordo quadro, portanto, estabelece um conjuntode regras gerais e requisitos mínimos que os países devemobservar, podendo, inclusive, conceder proteção mais ampla aosdireitos de propriedade intelectual. Alguns conceitos e definiçõessão estabelecidos pelo próprio país em suas normas internas.

- Você lembra das características do DIE vistas na unidade 1? OTRIPS é um típico direito quadro! Para recordar a matéria, vejanovamente a unidade 1! 

No Brasil, a propriedade intelectual está regulada pela Lei9.610/96, Lei 9.279/96 e Lei 10.196/99 e todas elas estão deacordo com as disposições do TRIPS.

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Uma das principais inovações trazidas pelo TRIPS diz respeitoà resolução de controvérsias relativas à propriedade intelectual.Como já foi visto, o sistema internacional de propriedade

intelectual carecia de mecanismos para a resolução dos conflitose, por conseguinte, prejudicava a efetiva aplicação da normainternacional, impondo, inclusive, sanções retaliatórias contra ospaíses infratores. Ademais, todas as disposições do TRIPS, aocontrário da Convenção de Paris, possuem força vinculante.

A OMPI e a OMC firmaram um acordo, que entrou em vigor em janeiro de 1996, visando à cooperação entre as duasorganizações.

O acordo abarca cinco questões:como devem ser aplicados os princípios básicos dosistema de comércio e outros acordos internacionais sobrepropriedade intelectual;

como prestar proteção adequada aos direitos depropriedade intelectual;

como os países devem fazer respeitar adequadamente

esses direitos em seus territórios;como resolver as controvérsias em matéria de propriedadeintelectual entre os membros da OMC;

disposições transitórias especiais durante o período deestabelecimento do novo sistema.

A estrutura básica está dividida em três partes:

Normas – em relação a cada um dos principais setores

da propriedade intelectual (direito do autor, patente,marcas, etc.), o TRIPS estabelece as normas mínimasde proteção que cada membro deverá prever em seuregulamento interno. Ademais, se define cada um dosprincipais elementos de proteção: a matéria que deveser protegida, os direitos que devem ser concedidos e asexceções a estes direitos, e a duração mínima da proteção.O acordo exige que sejam cumpridas as obrigaçõesestabelecidas pela OMPI além de acrescentar outras

obrigações que se consideraram necessárias;

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Unidade 7

Observância  – o segundo principal conjunto dedisposições se refere aos procedimentos e recursosinternos de cada Estado-membro à observância dos

direitos de propriedade intelectual. Neste acordo estãoestabelecidos alguns princípios gerais aplicáveis atodos os procedimentos de observância aos direitos depropriedade intelectual. Além disso, contém disposiçõesreferentes aos procedimentos e recursos administrativos ecivis, procedimentos penais etc.

Solução de controvérsias – em sintonia com o acordo,as controvérsias entre os membros que dizem respeito àsobrigações determinadas pelo TRIPS ficam sujeitas ao

procedimento de controvérsias da OMC.

Por fim, é interessante trazer a crítica produzida por CíceroContijo (1995, p. 181) ao TRIPS:

É forçoso lembrar que o acordo TRIPS surge em totalcontradição com os demais acordos firmados no âmbitodo GATT. Enquanto todos os demais se apresentamno sentido da liberação de barreiras, derrubada de

monopólios e eliminação de sistema de subsídios, bemna linha liberalizante do comércio advogado pelos paísesindustrializados, o acordo TRIPS aparece como esforçode enrijecimento de normas, imposição de padronização,consagração de monopólio, justamente incidente sobreo mais valioso dos agentes econômicos desse fimde milênio: o conhecimento humano. Abrem-se osmercados, mas, por outro lado, consolida-se e fortalece-se o sistema existente de produção de novas tecnologias,concentrado, não por coincidência, nos países queexigem maior proteção para os titulares da propriedade

intelectual.

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SEÇÃO 2 – Finalidade do TRIPS

O TRIPS tem como finalidade:

a) proteger os interesses econômicos, pelos seguintes meios:

impedir a cópia por terceiros de criações que passam ater valor econômico;

proteger os resultados de pesquisa;

incentivar a continuidade da pesquisa;

proteger e premiar o inventor;

criar um acervo muito rico de informaçõestecnológicas (patentes).

b) proteger os interesses do país, por meio:

da consolidação dos interesses econômicos, seja naesfera estatal, seja na esfera privada;

do incentivo a criação de tecnologia nacional;

facilitar a incorporação no país de tecnologiaestrangeira.

SEÇÃO 3 – Quais os princípios do TRIPS?

Nação mais favorecida

O art. 4° do TRIPS estabelece que, com relação à proteção dapropriedade intelectual, toda vantagem, favorecimento, privilégioou imunidade que um membro conceda aos nacionais de qualqueroutro país será outorgada imediata e incondicionalmente aosnacionais de todos os demais membros.

Contudo, de acordo com o mesmo dispositivo, está isenta desta

obrigação toda vantagem, favorecimento, privilégio ou imunidadeconcedida por um membro que:

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Unidade 7

resulte de acordos internacionais sobre assistência judicialou sobre aplicação em geral da lei e não limitados, emparticular, à proteção da propriedade intelectual;

tenha sido outorgada em conformidade com asdisposições da Convenção de Berna (1971) ou daConvenção de Roma que autorizam a concessão emfunção do tratamento concedido em outro país e não dotratamento nacional;

seja relativa aos direitos de artistas intérpretes, produtoresde fonogramas e organizações de radiodifusão nãoprevistos nesse acordo;

resultem de acordos internacionais relativos à proteçãoda propriedade intelectual que tenham entrado em vigorantes do Acordo Constitutivo da OMC, desde que essesacordos sejam notificados ao Conselho para TRIPS enão constituam discriminação arbitrária ou injustificávelcontra os nacionais dos demais membros.

Tratamento nacional

Em relação ao tratamento nacional, o art. 3 do TRIPS estabeleceque cada membro concederá aos nacionais dos demais membrostratamento não menos favorável que o outorgado a seus própriosnacionais com relação à proteção da propriedade intelectual,salvo as exceções já previstas, respectivamente, na Convenção deParis (1967), na Convenção de Berna (1971), na Convenção deRoma e no Tratado sobre Propriedade Intelectual em Matéria deCircuitos Integrados.

No que concerne a artistas intérpretes, produtores de fonogramase organizações de radiodifusão, essa obrigação se aplica apenasaos direitos previstos neste acordo. Todo membro que faça usodas possibilidades previstas no artigo 6 da Convenção de Berna e

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no parágrafo 1 (b) do artigo 16 da Convenção de Roma fará umanotificação, de acordo com aquelas disposições, ao Conselho para TRIPS.

Inovação técnica à transferência de tecnologia

Além dos princípios anteriores, o acordo inova ao estabelecer umoutro princípio específico para a propriedade intelectual, que sereveste de fundamental importância: a proteção da propriedadeintelectual deve contribuir à inovação técnica  e à transferênciade tecnologia .

Assim sendo, de acordo com o art. 7º do TRIPS, a proteção ea aplicação das normas de proteção aos direitos de propriedadeintelectual deverão ser concretizadas de forma a contribuir para apromoção da inovação tecnológica e para a transferência e difusãode tecnologia, com o objetivo de proporcionar benefícios tantoaos produtores quanto aos usuários de conhecimento tecnológico. Todavia, salienta-se que esta proteção deve ser conducente aobem-estar social e econômico do país-membro e respeitando o

equilíbrio entre direitos e obrigações.De acordo com o objetivo disposto no art. 7º do TRIPS, o art.8° permite que os membros, ao formular ou emendar suas leis eregulamentos, podem adotar medidas necessárias para protegera saúde e nutrição públicas e para promover o interesse públicoem setores de importância vital para seu desenvolvimentosocioeconômico e tecnológico, desde que estas medidas sejamcompatíveis com o disposto nesse acordo.

Além disso, ainda de acordo com o art. 8° do TRIPS, osmembros poderão tomar medidas apropriadas para evitar o abusodos direitos de propriedade intelectual por seus titulares ou paraevitar o recurso a práticas que limitem de maneira injustificávelo comércio ou que afetem adversamente a transferênciainternacional de tecnologia.

 

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Unidade 7

SEÇÃO 4 – Formas de proteção dos direitos depropriedade intelectual

A segunda parte do TRIPS refere-se aos diferentes tipos dedireitos de propriedade intelectual e a forma de protegê-los.O objetivo destas proteções é velar para que existam normasadequadas de proteção em todos os países-membros.

Para lograr este objetivo, o TRIPS determina algumasobrigações básicas, além de exigir que se cumpram as obrigações dispostas nos acordos internacionais da Organização Mundial dePropriedade Intelectual, a saber:

Convênio de Paris – para a Proteção da PropriedadeIndustrial (patentes, desenhos e modelos industriais,etc.);

Convênio de Berna – para a proteção dos direitos dosautores.

Definições e proteções específicas

Entende-se como Direito de Propriedade Intelectualo direito exclusivo dos autores ou inventores sobre ascriações de suas mentes.

O art. 2° da Convenção de Estocolmo, que institucionalizou aOMPI, dispõe que se entende por propriedade intelectual:

os direitos relativos às obras literárias, artísticas ecientíficas;

as interpretações dos artistas intérpretes e as execuçõesdos artistas executantes, aos fonogramas e as emissões deradiodifusão;

as invenções em todos os domínios da atividade humana;

as descobertas científicas;

os desenhos e modelos industriais;

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as marcas industriais, comerciais e de serviço, bem comoas firmas comerciais e denominações comerciais;

a proteção contra a concorrência desleal e todos os outrosdireitos inerentes à atividade intelectual nos domíniosindustrial, científico, literário e artístico.

Neste sentido, temos que a propriedade intelectual é o gênerono qual as espécies são os direitos ali inseridos. Luiz OtávioPimentel (1999, p. 126), leciona:

As diversas produções da inteligência humana e algunsinstitutos afins são denominadas genericamente depropriedade imaterial ou intelectual, dividida em doisgrandes grupos, no domínio das artes e das ciências: apropriedade literária, científica e artística, abrangendo osdireitos relativos às produções intelectuais na literatura,ciência e artes; e no campo da indústria: a propriedadeindustrial, abrangendo os direitos que têm por objetoas invenções e os desenhos e modelos industriais,pertencentes ao campo industrial.

Assim, dentro da propriedade intelectual, surgem duas classes de

direitos distintos, o direito do autor e os direitos de propriedadeindustrial. Neste sentido, ensina Newton Silveira (1998, p. 5):

(...) a criatividade do homem se exerce ora no campo datécnica, ora no campo da estética. Em conseqüência,a proteção jurídica ao fruto dessa criatividade tambémse dividiu em duas áreas: a criação estética é objeto dodireito do autor; a invenção técnica, da propriedadeindustrial.

Direito autoral e direitos conexos: copyright 

Entende-se por direito autoral e direitos conexos oconjunto de direitos morais e patrimoniais conferidosaos autores de obras literárias e artísticas e os direitosdos artistas intérpretes ou executantes, os produtoresde fonograma e os organismos de radiodifusão sobreas criações do espírito, expressas por quaisquermeios ou fixadas em quaisquer suportes, tangíveis

ou intangíveis, que se concede aos seus criadores porsuas obras literárias ou artísticas.

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Unidade 7

A proteção aos direitos autorais e conexos não depende deregistro e tem como objetivo incentivar e compensar o trabalhocriativo.

Os direitos autorais concedem ao criador um direito exclusivosobre o uso da criação por um determinado período de tempo.Assim sendo, os criadores poderão impedir que outros usem suasinvenções, projetos ou outras criações - e quando do uso, negociaro pagamento no retorno para estes que usam.

Os direitos de propriedade intelectual são divididoshabitualmente em duas áreas principais: autorais (copyright ) edireitos conexos (artistas intérpretes ou executantes, produtores

de fonogramas).Os direitos dos autores de trabalhos literários e artísticos (taiscomo livros e outros escritos, composições musicais, pinturas,esculturas, programas de computador e filmes) são protegidospelo copyright , por um período mínimo de 50 anos após a mortedo autor.

São protegidos também com o copyright  os direitos relacionadosaos direitos dos performers  (por exemplo: atores, cantores emúsicos), dos produtores dos fonogramas (gravações sadias) e deorganizações que os transmitem.

O TRIPS assegura que os programas de computador estejamprotegidos como trabalhos literários sob a convenção e osesboços de Berne. Protege-se, também, as bases de dados quandoenvolvam algum processo criativo.

Expande, também, regras internacionais do copyright  para cobrir

direitos de aluguel. Os autores de programas de computador eos produtores de gravações sadias devem ter o direito de proibiro aluguel comercial de seus trabalhos ao público. Um direitoexclusivo similar aplica-se aos filmes, cujo aluguel comercialconduziu à cópia difundida, afetando o salário potencial dosproprietários de copyright  e de seus filmes.

O acordo diz que os performers  devem também ter o direito deimpedir a gravação, reprodução e transmissão desautorizadas dedesempenhos ao vivo (bootlegging ) por um período de no mínimo50 anos.

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Por sua vez, os produtores de gravações devem ter o direitode impedir a reprodução desautorizada das gravações por umperíodo de 50 anos.

Você sabia?

De acordo com a norma geral contida no parágrafo1º do art. 7º do Convênio de Berna, incorporado aoTRIPS, a proteção aos direitos do autor durará, nomínimo, enquanto viva o autor e 50 anos após suamorte. Nos parágrafos 2º a 4º do mesmo artigo sepermitem especificamente prazos mais curtos emalguns casos.

Estas disposições ficam complementadas pelo artigo 12 do TRIPS, que dispõe que quando a duração da proteção de umaobra que não seja fotográfica ou de arte seja calculada sobre umabase diferente da vida de uma pessoa física, como, por exemplo,artistas e produtores de discos, a duração não será menor que 50anos contados desde o final do ano civil da publicação autorizadaou, à falta de tal publicação autorizada dentro de um prazo de 50anos a partir da realização da obra, de 50 anos contados a partirdo final do ano civil de sua realização.

Frisa-se que o parágrafo 2º do art. 9° do TRIPS determina quea proteção do direito do autor abrangerá expressões e não idéias,procedimentos, métodos de operação ou conceitos matemáticoscomo tais.

Propriedade industrial

De acordo com art. 1°, item 2 do Convênio de Paris, a proteçãoà propriedade industrial engloba os direitos relativos às patentesde invenção, os modelos de utilidade, os desenhos ou modelosindustriais, as marcas de fábrica ou de comércio, as marcas deserviço, o nome comercial e as indicações de proveniência oudenominações de origem, bem como a repressão da concorrênciadesleal.

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Ademais, o item 3 do mesmo artigo dispõe que a propriedadeindustrial se entende em sua acepção mais ampla e se aplicanão somente à indústria e ao comércio propriamente dito, como

também ao domínio das indústrias agrícolas e extrativas e a todosos produtos fabricados ou naturais.

Como exemplo, temos: vinho, grãos, folhas de tabaco,frutos, animais, minerais, águas minerais, cervejas,flores e farinhas.

Para facilitar o melhor entendimento sobre a propriedade

industrial, podemos dividi-la em duas partes. Na primeira, háa proteção às marcas de fábrica ou de comércio, às marcas deserviço, ao nome comercial e às indicações de proveniência oudenominações de origem, com a finalidade de desestimular aconcorrência desleal e proteger os consumidores, permitindo aeles eleger seus produtos com confiança. Na segunda, existe aproteção às invenções, aos modelos de utilidade, aos desenhosou modelos industriais, com o intuito de estimular a invenção,inovação e criação de tecnologia.

Patentes de invenções

A patente de invenção é um título de privilégioconcedido com relação a uma invenção – produto ouprocesso – que atenda aos requisitos de novidade,atividade inventiva e aplicação industrial.

Novidade absoluta : no Brasil, a definição de “novidade”é dada pelo conceito de novidade absoluta, ou seja, oinvento não pode ter sido disponibilizado ao público emlugar algum do mundo, exceto em caso de divulgaçãofeita pelo próprio inventor nos casos previstos em lei;

 Atividade inventiva : além de ser novo, o invento nãopode ser considerado como uma decorrência óbviadaquilo que já se conhece, ou seja, deve trazer vantagenstécnicas/comerciais;

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 Aplicação industrial: o invento deve ser passível dereprodução industrial em escala ou utilizado em qualquerramo da indústria, entendendo-se por “indústria”

qualquer ramo produtivo, por exemplo, a agricultura.A princípio, todas as invenções que cumpram os requisitos legaispodem ser patenteáveis. Porém, a norma permitiu, ou até mesmoexigiu, a vedação a determinados produtos ou processos, quando“considerados incompatíveis com a política industrial do país,ou atentam contra a moral, a ordem pública, ou a segurançanacional” (BARBOSA, p. 127).

O TRIPS, nos parágrafos segundo e terceiro do art. 27, dispõe

que os países podem excluir do patenteamento:as invenções cuja exploração comercial em seu territóriodevam ser impedidas para proteger a ordem pública oua moralidade, inclusive para proteger a saúde ou a vidadas pessoas ou dos animais ou para preservar os vegetais,ou ainda para evitar danos graves ao meio ambiente,sempre que essa exclusão não se faça meramente porque aexploração esteja proibida por sua legislação;

os métodos de diagnósticos, terapêuticos e cirúrgicospara o tratamento de pessoas ou animais;

as plantas e os animais, exceto os microorganismos, e osprocedimentos essencialmente biológicos para a produçãode plantas ou animais, que não sejam procedimentosnão-biológicos ou microbiológicos.

Contudo, os países membros deverão outorgar proteção atodas as variedades de plantas mediante patentes, mediante umsistema eficaz sui generis  ou mediante uma combinação entreaquelas e esse sistema.

A norma brasileira, por meio do art. 10 da Lei de PropriedadeIndustrial, exclui alguns produtos ou processos do patenteamento,seja por não cumprirem os requisitos estabelecidos no art. 8°seja porque são protegidos por outra modalidade de propriedadeintelectual.

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Unidade 7

Não se pode, de maneira alguma, confundir descoberta cominvenção. A importância da distinção entre estas duas acepçõesconsiste no fato de que a Lei de Propriedade Industrial, mais

precisamente o inciso I do art. 10, exclui as descobertas daproteção às invenções conferida pelas patentes.

Assim sendo, segundo Barbosa (p. 112), a proteção

(...) se volta para uma ação humana, de intervençãona Natureza, gerando uma solução técnica para umproblema técnico. Não têm proteção, mediante patentes,a simples descoberta de leis ou fenômenos naturais, ascriações estéticas, ou as criações abstratas (não-técnicas),como planos de contabilidade, regras de jogo ouprogramas de computador.

O prazo de proteção para a patente de invenção é de 20 anoscontados da data do depósito do pedido de registro

1° telefone

Aparelho capaz de transmitir e receber sons através

de um cabo elétrico.Titular - Alexander Graham Bell

Patent No. 174,465

Figura 7.1: Primeiro telefone patenteado.

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Patentes de modelo de utilidade

A patente de modelo de utilidade é um título de

privilégio concedido com relação a uma invençãode modelo de utilidade ou objeto de uso prático, ouparte deste, suscetível de aplicação industrial, queapresente nova forma ou disposição, envolvendo atoinventivo, que resulte em melhoria funcional no seuuso ou em sua fabricação.

O prazo de proteção para a patente de modelo de utilidade é de15 anos contados da data do depósito.

Seguindo o exemplo do telefone, o aparelho foiaperfeiçoado, melhorando seu funcionamento, de ummodo normalmente esperável. Ficou mais prático deutilizar.

Figura 7.2: Telefones que foram patenteados como modelo de utilidade, devido a aperfeiçoamentos.

Desenhos industriais

Considera-se desenho industrial a forma plásticaornamental de um objeto ou o conjunto ornamentalde linhas e cores que possa ser aplicado a um produto,resultando em um visual novo e original na suaconfiguração externa e que possa servir de tipo defabricação industrial.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 7

Em sua legislação interna, os membros poderão estabelecerque os desenhos não serão considerados novos ou originais,portanto, não gozarão do direito de propriedade intelectual se

esses não diferirem significativamente de desenhos conhecidos oucombinações de características de desenhos conhecidos.

O titular de um desenho industrial protegido terá odireito de impedir terceiros, sem sua autorização, defazer, vender ou importar artigos que ostentem ouincorporem um desenho que constitua um cópia,ou seja, substancialmente uma cópia, do desenhoprotegido, quando esses atos forem realizados comfins comerciais.

Poderão ser estabelecidas pelos membros, em sua legislaçãointerna, exceções à proteção de desenhos industriais, desde quetais exceções:

não conflitem injustificavelmente com a exploraçãonormal de desenhos industriais protegidos,

não prejudiquem injustificavelmente o legítimo interessedo titular do desenho protegido, levando em conta olegítimo interesse de terceiros.

O TRIPS estabelece como 10 anos o prazo mínimo de proteçãodo desenho industrial contados da data do depósito. No Brasil, oprazo de proteção é de 10 anos prorrogados por mais 3 vezes decinco anos totalizando, assim, 25 anos de proteção no máximo(10+5+5+5).

Modificações que foram feitas no design do telefone,tornando-o mais atrativo, atribuindo-lhe um “ plus”e aumentando suas possibilidades de concorrênciadentro do mercado.

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Informações não divulgadas

As informações não divulgadas abrangem o know-how, osconhecimentos tecnopráticos e as informações confidenciais.

Lista de clientes, métodos de negociação, método deprodução, fórmulas, idéias, procedimentos, etc.

Prazo de proteção é de 10 anos, 5 anos ou 1 ano, conforme o tipode informação ou da sua associação com o produto (não-aplicávelpara produtos farmacêuticos de uso humano).

Circuitos integrados/topografias

Circuitos integrados ou topografia são circuitosconstituídos de componentes miniaturizados,montados em uma pequena pastilha de silício, ou deoutro material semicondutor.

O prazo mínimo de proteção é de 10 anos contados da data dodepósito ou da primeira exploração, o que tiver ocorrido primeiro.

Exemplo de um circuito integrado (chip)

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Unidade 7

Marcas

Entende-se por marca qualquer sinal (nome ou

desenho gráfico), ou combinação de sinais, capaz dedistinguir bens e serviços de um empreendimentodaqueles de outro empreendimento.

Ou ainda,

qualquer sinal (nome ou desenho gráfico) queidentificam uma indústria ou comércio, distinguindoos bens ou serviços de uma empresa das outras, taiscomo:

temas, frases ou logos (service marks);

formas de embalagem (trade dress);

combinação de cores (trade dress);

temas musicais ou sons.

Quando os sinais não forem intrinsecamente capazes dedistinguir os bens e serviços pertinentes, os membros poderãocondicionar a possibilidade do registro ao caráter distintivo quetenham adquirido pelo seu uso.

- Você sabia que os membros poderão exigir, como condição para oregistro, que os sinais sejam visualmente perceptíveis? 

Os membros deverão denegar ou anular, ainda, o registro eproibir o uso de uma marca que conflite com outra notoriamenteconhecida.

O titular de uma marca de fábrica ou de comércio registradadeve gozar do direito exclusivo de impedir que terceiros, sem seuconsentimento, utilizem no curso de operações comerciais signosidênticos ou similares para bens ou serviços que sejam idênticos

ou similares àqueles que tiveram a marca registrada, quando esseuso possa causar confusão.

Consideram-se sinais

quaisquer palavras,

inclusive nomes próprios,

letras, numerais,

elementos figurativose combinação de cores,

bem como qualquer

combinação desses

sinais.

A MARCA NATURA - a

Natura é uma empresa

brasileira, conhecida em

âmbito internacional,

haja vista exportar

seus produtos para

vários países. Segundo

a própria empresa,

sua área de atuação

é a cosmética e a

saúde. Trata-se, pois,

de uma marca forte,

tanto nacional como

internacionalmente.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

O prazo mínimo de proteção é de 7 anos, contados da datada concessão do registro, prorrogável por períodos iguais esucessivos, indefinidamente. No Brasil, o prazo é de 10 anos.

A seguir, serão expostos dois exemplos de proteção múltipla(mais de um direito intelectual protegido).

O perfume do exemplo possui dois tipos de proteção de direito intelectual.Em primeiro lugar, a marca “CHANEL” está protegida, portanto, outrasempresas não podem utilizar esta marca se não quando autorizadas. Emsegundo lugar, o design da embalagem (frasco) do perfume está protegidopelo desenho industrial, impossibilitando outras empresas de imitar o

modelo.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 7

INTEL INSIDE

Proteção: Marca

Designdo

computador 

Proteção: Desenho

  Indistrial

Circuito integrado permitindo o

desenvolvimento de várias

funções do computador 

Proteção: Patente

O computador da imagem anterior possui três proteções. Emprimeiro lugar, a marca “INTEL INSIDE” está protegida,portanto, outras empresas não podem utilizar esta marca se nãoquando autorizadas. Em segundo lugar, o circuito integrado queestabelece as funções do aparelho está protegido pela patente.Em terceiro lugar, o design do computador está protegido porintermédio do desenho industrial.

Denominação de origem

Indicações geográficas são indicações queidentificam um produto como originário do territóriode um membro, ou região ou localidade desteterritório, quando determinada qualidade, reputaçãoou outra característica do produto for essencialmenteatribuída à sua origem geográfica.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

De acordo com o art. 22 do TRIPS, os membros deverão:

dispor de meios legais para impedir a utilização deindicações que induzam o público ao erro em relaçãoà origem geográfica do produto, assim como qualqueroutra utilização que constitua um ato de concorrênciadesleal;

denegar ou invalidar de ofício ou por meio de petição departe interessada o registro de uma marca de fábrica oude comércio em que se utilize indicação geográfica queinduza o público ao erro, em relação ao verdadeiro lugarde origem.

Especificamente em relação aos vinhos e destilados, o art. 23 do TRIPS determina que cada membro proverá os meios legais para

que as partes interessadas possam evitar a utilizaçãode uma indicação geográfica que identifique vinhosnão-originários do lugar indicado, ou que identifique

destilados como destilados não-originários do lugarindicado, mesmo quando a verdadeira origem dos bensestiver indicada ou a indicação geográfica for utilizada emtradução ou acompanhada por expressões como “espécie”,“tipo”, “estilo”, “imitação” ou outras similares

De qualquer forma, o TRIPS não exige que um membro eviteo uso continuado e similar de uma determinada indicaçãogeográfica de outro membro, que identifique vinhos e destiladosem relação a bens e serviços, por nenhum de seus nacionais oudomiciliários que tenham utilizado esta indicação geográfica deforma continuada para esses mesmos bens e serviços, ou outrosafins, no território desse membro por, no mínimo, 10 anos antes

de 15 de abril de 1994 ou, de boa-fé, antes dessa data.O prazo de proteção é ilimitado, perdurando enquanto aindicação geográfica tiver suas características preservadas.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 7

Síntese

Nesta unidade, você viu que a propriedade intelectual é uma dasmanifestações da propriedade, devendo, portanto, ser protegida.

Aprendeu o que são os direitos de propriedade intelectual e asformas de proteção.

Você pôde verificar que os direitos de propriedade intelectualdividem-se em duas grandes categorias:

os direitos autorais e direitos conexos;propriedade industrial: patentes de invenção, patentes demodelo de utilidade, as marcas, os circuitos integrados,o desenho industrial, as denominações de origem e asinformações não divulgadas (segredos industriais).

Conheceu, também, o conjunto de normas da OMC queregula os direitos de propriedade intelectual nas relaçõescomerciais internacionais, o TRIPS, e que acaba por conceder a

possibilidade de defesa destes direitos.Na próxima unidade, você conhecerá a relação da OMC com osinvestimentos internacionais. Siga em frente!

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Atividades de auto-avaliação

1) O que se entende por “direitos de propriedade intelectual”?

2) Que relação existe entre o TRIPS e os demais convênios internacionaisrelativos à propriedade intelectual? Explique sua resposta.

3) O TRIPS exige que as normas de proteção à propriedade intelectual nospaíses-membros sejam idênticas? Explique sua resposta.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 7

Saiba mais

BARBOSA, Denis Borges. Uma introdução àpropriedade intelectual. Rio de Janeiro: Editora Lumen Júris, 1997. vol. I. Disponível em: <http://denisbarbosa.addr.com/livros.htm>. Acesso em: 10 de nov. 2004.

BARRAL, Welber Oliveira (Org.). O Brasil e a OMC: osinteresses brasileiros e as futuras negociações multilaterais.Florianópolis: Diploma Legal, 2000.

BRASIL. Ministério Do Desenvolvimento, IndústriaE Comércio Exterior. Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: 10 de nov. 2004

GONTIJO, Cícero. O acordo sobre propriedade intelectualcontido no GATT e suas implicações para o Brasil. in Revista deInformação Legislativa, Senado Federal, 1995, p. 181. jan-mar.

DEL NERO, Patrícia Aurélia. Propriedade Intelectual: a tutela jurídica da biotecnologia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998.

LICKS, Otto B. O acordo sobre aspectos dos direitos depropriedade intelectual relacionados ao comércio (TRIPS

 Agreement ). In: CASELLA, Paulo Borba; MERCADANTE,Araminta de Azevedo (coord.). Guerra comercial ou integraçãomundial pelo comércio? A OMC e o Brasil. São Paulo: LTr,1998.

MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito

Civil. 37. ed. rev. e atual. por Carlos Alberto Dabus Maluf.São Paulo: Saraiva 2003. v. 3: Direito das Coisas.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO. Disponívelem: <http://www.wto.org>. Acesso em: 10 de nov. 2004

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Universidade do Sul de Santa Catarina

SHERWOOD, Robert M., Propriedade intelectual edesenvolvimento econômico. Tradução de Heloísa de ArrudaVillela. São Paulo: Ed. USP, 1992.

SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro:Forense, 1994. v. 3 e 4.

SILVEIRA, Newton. A propriedade intelectual e as novas leisautorais. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 1998.

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8UNIDADE 8

A OMC e o investimentointernacional

Objetivos de aprendizagem Conhecer as regras da OMC que afetam, direta ou

indiretamente, o investimento internacional.

Seções de estudo

Seção 1 Os investimentos no sistema multilateral decomércio

Seção 2 O acordo da OMC sobre medidas deinvestimento relacionadas ao Comércio(TRIMs)

Seção 3 O acordo da OMC sobre serviços (GATS) e osserviços financeiros

Seção 4 A Conferência Ministerial de Hong Kong

Seção 5 O futuro dos investimentos na OMC

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo

Após grandes modificações nas décadas de 80 e 90, o setor

real da economia internacional passa a ser superado pelosetor financeiro, que cresce a olhos vistos. Assim, atualmente,estamos diante de uma nova fase do capitalismo, conhecidacomo “globalização financeira” ou “mundialização do capital”,caracterizadas pela redução dos controles estatais sobre o capital,entre outros.

Ademais, ressalta-se que esta fase é marcada, também, por umaredução significativa da circulação de mercadorias que ocorria

nas fases anteriores e um aumento considerável na circulação docapital industrial, por meio dos investimentos diretos estrangeiros(IED).

Neste sentido, durante a Rodada Uruguai do GATT, ospaíses desenvolvidos, liderados pelos EUA, buscaram incluira regulamentação dos fluxos financeiros internacionais nosistema multilateral do comércio. Contudo, os países emdesenvolvimento, liderados pelo Brasil e pela Índia, recusarama proposta argumentando que este tema era de competência doFMI ou do Banco Mundial.

Devido ao impasse, os países acabaram por firmar um acordorelacionado indiretamente ao investimento, chamado Acordosobre as Medidas de Investimentos Relacionados ao Comércio(TRIMs – sigla em inglês).

- Você não pode esquecer! Por enquanto, a OMC não possui umacordo sobre investimentos, mas sim sobre medidas de investimentos

relacionadas ao comércio (TRIMs) e um acordo que dispõe sobreserviços financeiros (GATS).

Sobre este assunto,

você estudará mais na

próxima unidade.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 8

SEÇÃO 1 – Os investimentos no sistema multilateral decomércio

O tema de investimentos no sistema multilateral de comércio não é tão novo como se possa pensar. A Carta de Havana, de1950, previa alguns dispositivos aplicáveis aos investimentos.Contudo, como você sabe, devido à não-ratificação da Cartapelos EUA, o instrumento não entrou em vigor, com exceção daparte do texto relativa ao comércio de bens, o GATT.

Cinco anos depois, em 1955, os Estados signatários do GATTresolveram aprovar uma Resolução sobre o Investimento

Internacional para o Desenvolvimento Econômico. Estaresolução dispunha sobre a importância dos fluxos de capital,principalmente aqueles dirigidos para países em desenvolvimento, visando a alcançar os objetivos do acordo.

Na Rodada Tóquio foram negociados alguns temas no âmbitodo GATT relacionados com investimentos, como: subsídios ecompras governamentais.

Nas décadass de 80 e 90, durante a Rodada Uruguai, os países

desenvolvidos buscaram incluir a regulamentação dos fluxosfinanceiros internacionais no sistema multilateral do comércio,porém, os países em desenvolvimento não aceitaram a inclusãodo tema. Diante disso, quando da criação da OMC, o temainvestimento ficou despido de qualquer marco regulatório.

Apesar disso, houve algumas normas dispostas no âmbitoda OMC relacionadas indiretamente com o tema, como, porexemplo: o Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas

ao Comércio (TRIMs); o Acordo Geral sobre o Comércio deServiços (GATS), principalmente no que diz respeito aos serviçosfinanceiros; o Acordo sobre Direitos de Propriedade IntelectualRelacionados com o Comércio (TRIPs); e o Acordo sobreSubsídios e Medidas Compensatórias (SMC).

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Em 1996, durante a Conferência Ministerial de Singapura, ospaíses-membros da OMC decidiram estabelecer três grupos detrabalho sobre os seguintes temas:

comércio e investimento;

políticas de concorrência;

transparência da contratação pública.

Estes temas ficaram conhecidos como “os temas deSingapura”.

Além disso, destaca-se também que, em 1998, no âmbito daOrganização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento(OCED), alguns países desenvolvidos tentaram negociar o tema, visando à criação de um Acordo Multilateral sobre Investimentos(AMI), contudo, devido à desistência da França, a tentativafracassou.

Em face disso, no que concerne aos investimentos, o que existeatualmente entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sãoos acordos bilaterais (BITs), que visam a garantir a proteção aoinvestimento estrangeiro, sendo que, na maioria, há cláusulas quedispõem sobre a solução de controvérsias.

Nesta unidade, estudaremos o TRIMs e as disposições do GATSque dizem respeito aos serviços financeiros.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 8

SEÇÃO 2 – O acordo da OMC sobre medidas deinvestimento relacionadas ao Comércio(TRIMs)

O TRIMs é o acordo da OMC que regula as medidas deinvestimento relacionadas ao comércio de mercadorias. Antes decontinuar, é importante que você tenha em mente o que é uminvestimento estrangeiro.

De acordo com Luiz Olavo Baptista, o investimento

estrangeiro é aquele que “pode ser feito diretamentenuma atividade produtiva de bens e serviços, caso em

que é chamado de investimento direto, ou ser objetode uma aplicação financeira, quando é chamado deinvestimento indireto” (1998, p. 30-31).

- Para ficar mais claro, observe os exemplos a seguir:

Investimento estrangeiro direto - Multinacionalconstrói uma fábrica sua em um determinado país;

Investimento externo de portifólio – cidadãoalemão compra ações de uma empresa brasileira que,com o dinheiro da venda, constrói uma fábrica.

Não há no TRIMs uma definição acerca do que é “medida emmatéria de investimentos relacionada com o comércio” (MIC),porém, a OMC reconhece que existem medidas de investimentosrelacionadas ao comércio que podem afetar de maneira negativao comércio internacional, causando restrições e distorções.Estas medidas são conhecidas como medidas indevidas deinvestimento.

O investimento

estrangeiro indireto

também é chamado deinvestimento externo de

portifólio.

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Sendo assim, entende-se como medidas deinvestimentos com efeitos restritivos e distorcidosde comércio, ou medidas indevidas de investimentos,

aquelas disposições contidas na legislação nacionalque imponham determinadas condições ouexigências aos investimentos estrangeiros realizadosno país ou que vinculem a concessão de benefícios(em geral subsídios) aos agentes privados interessadosem investir no país à adoção de determinadasmedidas.

Para evitar o uso destas medidas pelos Estados-membros, a

OMC, como o art. 2º do TRIMs, determina que é proibido:aplicar medidas que violem o Artigo III (tratamentonacional) do GATT, ou seja, que discriminem asempresas estrangeiras ou os produtos estrangeiros, como,por exemplo, medidas que imponham a utilização deprodutos nacionais no processo produtivo (regras deconteúdo local);

aplicar medidas que violem o Artigo XI (eliminação de

restrições quantitativas) do GATT, em outras palavras,que impliquem restrições quantitativas às medidasde investimentos, como, por exemplo, medidas querestrinjam a importação de produtos por meio de quotas.

Desta forma, o TRIMs prescreve que os países-membros estãoproibidos de executar qualquer medida governamental, incluída,obviamente, de política pública, exigindo que o investidor externocumpra metas de exportação ou a utilização de componentes deorigem local.

Além disso, o TRIMs dispõe, também, obrigações detransparência (art. 6) no tocante à publicação e à notificaçãoaos demais membros de todas as medidas relacionadas ainvestimentos adotadas pelo governo de um país-membro, querem esfera nacional, quer em esfera estadual ou municipal, quepossam, de alguma maneira, afetar negativamente o comércio.

As restrições

quantitativas são aquelas

que limitam o valor ou o

volume de importaçãode um determinado

produto, podendo

indicar, também, as

quantidades que cada

país pode importar

individualmente (ex.:

quotas de importação,

quotas tarifárias,

restrições voluntárias

à exportação e outros

acordos de restriçãovoluntária).

O anexo deste acordo

complementa-o por

meio de uma lista

ilustrativa das medidas

de investimento que

são consideradas

incompatíveis àsdeterminações da OMC.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 8

O art. 3° do acordo permite que as exceções previstas no GATTsejam aplicadas às disposições do TRIMs. Além disso, o art. 4°autoriza os países em desenvolvimento a deixarem de cumprir

temporariamente as obrigações do acordo, segundo o previstono art. XVIII do GATT e em outras disposições similares daOMC, sobre medidas de salvaguardas em caso de dificuldadescom a balança de pagamentos desses países.

No âmbito do TRIMs, foi estabelecido um Comitê de Medidasem Matéria de Investimentos Relacionadas ao Comércio, quetem a função de servir de foro para examinar o funcionamento ea aplicação do acordo.

Na existência de algum conflito entre os membros que versem arespeito de matérias reguladas pelo TRIMs, deverá ser adotado oprocedimento de solução de controvérsias da OMC (art. 8°).

Há muitas críticas formuladas sobre o TRIMs em relação aodesenvolvimento dos países.

Aloísio Mercadante, por exemplo, afirma que oTRIMs “impede que o Brasil conte com instrumentos

relevantes no processo de superação de suavulnerabilidade externa”.

SEÇÃO 3 – O acordo da OMC sobre serviços (GATS) e osserviços financeiros

O Acordo Multilateral de Serviços da OMC abrange não sóo comércio transfronteiriço de serviços, mas tambémo Investimento Direto Estrangeiro (IDE) e oestabelecimento no setor de serviços.

Destaca-se, inclusive, que as normas relativas aosinvestimentos contidas no GATS são consideradas,por muitos, mais importantes do que aquelascontidas no TRIMs, uma vez que uma das

modalidades de fornecimento de serviços de quetrata o Acordo, a presença comercial, exige a realizaçãode investimentos.

Veja mais sobre o assunto

nos textos disponíveis

na Midiateca (inclusive o

artigo de Mercadante).

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Em virtude disso, as obrigações gerais relativas à nação maisfavorecida e ao tratamento nacional, além das obrigaçõesespecíficas relativas ao acesso a mercados existentes e negociados,

afetam também os investimentos realizados pelos membros para viabilizar o fornecimento de serviços no território de outrosmembros.

O anexo do GATS relativo aos serviços financeiros concedeaos governos dos Estados-membros o direito de tomaremmedidas que visem a proteger os investidores, os depositantes eos tomadores de seguros. Salienta-se que o acordo exclui do seuâmbito de aplicação os serviços prestados pelos bancos centrais.

Sobre os serviços financeiros, é importante que algumasdefinições sejam elaboradas, como você verá a seguir.

De acordo com o Anexo do GATS relativo aos serviçosfinanceiros, entende-se por “serviço financeiro” qualquer serviçode natureza financeira oferecido por um prestador de serviçosfinanceiros de um membro. Ademais, os serviços financeirosincluem todos os serviços de seguros e serviços conexos e todosos serviços bancários e outros serviços financeiros (excluindo os

seguros).Os serviços financeiros incluem as atividades seguintes.

Serviços de seguros e serviços conexos

Seguro direto (incluindo o co-seguro): vida; não-vida;

Resseguro e retrocessão;

Intermediação de seguros, incluindo os corretores e

agentes;Serviços auxiliares de seguros, incluindo os serviçosde consultoria, cálculo atuarial, avaliação de riscos eregularização de sinistros.

Para relembrar estas

obrigações, reveja a

unidade 6.

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Unidade 8

Serviços bancários e outros serviços financeiros (excluindo os seguros)

Aceitação de depósitos e de outros fundos reembolsáveisda parte do público;

Concessão de empréstimos de qualquer tipo, incluindo ocrédito ao consumo, o crédito hipotecário, o factoring  e ofinanciamento de transações comerciais;

Locação financeira;

 Todos os serviços de pagamento e de transferênciasmonetárias, incluindo os cartões de crédito, os cartõesprivativos e os cartões de débito, os cheques de viagem e

os cheques bancários.

Garantias e compromissos

 Transação por conta própria ou por conta de clientes,quer seja em uma bolsa, em um mercado de balcãoou por qualquer outra forma, de: instrumentos domercado monetário (incluindo cheques, títulos a curtoprazo, certificados de depósito); divisas; produtosderivados, incluindo futuros e opções e outros produtos;

instrumentos de taxa de câmbio e de taxa de juro,incluindo produtos como os swaps  e os acordos aprazo de taxa de câmbio e de juro; valores mobiliáriostransacionáveis; outros instrumentos e ativos financeirostransacionáveis, incluindo metais preciosos;

Participação em emissões de todo o tipo de valoresmobiliários, incluindo a tomada firme e a colocação nomercado sem tomada firme (abertas ao público em geral

ou privadas) e a prestação de serviços relacionados comessas emissões;

Corretagem monetária;

Gestão de ativos, incluindo a gestão de tesouraria oude carteira, todas as formas de gestão de investimentoscoletivos, gestão de fundos de pensões, serviços deguarda, de depositário e fiduciários.

Serviços de liquidação e compensação referentes a ativos

financeiros, incluindo valores mobiliários, produtosderivados e outros instrumentos transacionáveis;

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Prestação e transferência de informações financeiras,processamento de dados financeiros e fornecimentode programas informáticos conexos, realizados por

prestadores de outros serviços financeiros;Serviços de consultoria, de intermediação e outrosserviços financeiros auxiliares, incluindo referênciasbancárias e análise de crédito, estudos e consultoriaem matéria de investimentos e carteira, consultoria emmatéria de aquisições e de reestruturação e estratégia deempresas.

Por outro lado, de acordo com o mesmo diplomalegal, entende-se por “prestador de serviçosfinanceiros” qualquer pessoa singular ou coletivade um membro que pretenda prestar ou que presteserviços financeiros, não abrangendo a expressão“prestador de serviços financeiros” às entidadespúblicas.

Lembre-se que são consideradas entidades públicas aquelas

relacionadas:à administração pública, a um banco central ou umaautoridade monetária de um membro, ou uma entidadeque seja propriedade, ou seja, controlada por ummembro, cuja principal atividade consista no exercício defunções públicas ou de atividades com finalidade pública,não incluindo uma entidade cuja principal atividadeconsista na prestação de serviços financeiros em umaperspectiva comercial;

a uma entidade privada que exerça funções normalmentedesempenhadas por um banco central ou uma autoridademonetária quando no exercício dessas funções.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 8

SEÇÃO 4 – A Conferência Ministerial de Hong Kong

Durante o mês de dezembro de 2005, foi realizada a Sexta

Conferência Ministerial da OMC em Hong Kong, China.

A sexta conferência ministerial teve como principalobjetivo resolver as diversas questões queconfiguraram o acordo final do Programa de Dohapara o Desenvolvimento, que os membros esperavamconcluir até final de 2006.

O Programa de Doha para o Desenvolvimento, iniciado naQuarta Conferência Ministerial (2001), inclui negociações sobrediversos temas, incluindo o tema de investimentos e serviços.

Como produto da Sexta Conferência Ministerial da OMC, foifirmada a Declaração Ministerial de Hong Kong.

Em relação aos investimentos, o Anexo A da DeclaraçãoMinisterial, decidiu-se que os países em desenvolvimento(PMA) poderão manter, em caráter temporário, as medidas de

investimentos com efeitos restritivos e distorcidos de comércioexistentes. Para tanto, os PMA deverão, em um prazo de doisanos iniciado a partir de janeiro de 2006, notificar essas medidasao Conselho de Comércio de Mercadorias (CCM).

Essas medidas poderão existir até o final de um novo períodode transição, que durará sete anos e que poderá ser prorrogadopelo CCM, conforme forem as necessidades individuais de cadamembro de ordem financeira, comercial e de desenvolvimento.

Ademais, se permitirá aos PMA introduzir novas medidas desdeque notifiquem o CCM até seis meses depois de sua adoção. OCCM aceitará essas notificações, observando as necessidadesindividuais de cada membro de ordem financeira, comercial e dedesenvolvimento. Contudo, a duração dessas novas medidas seráde cinco anos, renováveis, observando que deverão ser eliminadastotalmente até o ano de 2020.

De acordo com o

texto original doTRIMs, os países em

desenvolvimento

tinham até 5 anos após

a entrada em vigência

do acordo para eliminar

todas as MIC com efeitos

distorcidos ou restritivos

ao comércio.

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SEÇÃO 5 – O futuro dos investimentos na OMC

Desde a Conferência Ministerial de Doha, o grupo de trabalho

em matéria de investimentos vêm realizando debates sobretemas relacionados aos investimentos, a fim de, futuramente, serestabelecido um acordo marco sobre o tema.

Neste sentido, o parágrafo 22 da Declaração Ministerial de Dohaestabelece que o grupo de trabalho buscará analisar os seguintestópicos:

alcance e definição;

transparência;não-discriminação;

modalidades de compromissos de preestabelecimentobaseadas no esquema de listas positivas do tipo GATS;

disposições relativas ao desenvolvimento;

exceções e salvaguardas relacionadas com balança depagamentos;

consultas e solução de controvérsias entre os membros.

Ainda segundo o mesmo artigo, o possível acordo deverá“refletir de forma equilibrada” os interesses dos países de origeme dos países receptores do investimento, levando em conta aspolíticas e os objetivos dos governos receptores e seu direito deregulamentação em função do interesse público. Finalmente,deverá ser observada a necessidade de desenvolvimento, comércioe finanças dos países em desenvolvimento e os menos adiantados.

É importante destacar que a negociação de um acordo marco deproteção aos investimentos é, em geral, de interesse dos paísesdesenvolvidos (exportadores de capitais), já que os países emdesenvolvimento e os menos adiantados preferem manter sualiberdade na regulação dos investimentos estrangeiros.

Até hoje, as negociações sobre esse acordo estão um tantoquanto “trancadas”, isto porque os países em desenvolvimento,principalmente a Índia, opõem-se à regulamentação do assuntono âmbito da OMC, preferindo a existência dos BITs.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 8

Para o Brasil, segundo Barreto (2002, p. 259), a realização deum acordo marco de investimentos na OMC não seria muitointeressante, haja vista ser o país muito mais um receptor do

que provedor de capital estrangeiro. Porém, devido às reformasconstitucionais levadas a efeito em 1995, que facilitaram aentrada ao capital estrangeiro no território brasileiro, o paíspoderá, sem maiores problemas, aderir a um acordo marco sem anecessidade de alterar radicalmente seu sistema jurídico interno.

Síntese

Nesta unidade, você viu que a OMC não possui um acordosobre investimentos, mas sim um acordo sobre medidas deinvestimentos relacionadas ao comércio (TRIMs) e outro quese refere ao comércio de serviços relacionados ao investimento(GATS).

Você pôde conhecer algumas definições relacionadas ainvestimentos, como, por exemplo, investimento estrangeirodireto e medidas relacionadas a investimentos com efeitosrestritivos e distorcidos do comércio.

Aprendeu, também, que há, atualmente, uma discussão noâmbito da OMC para a criação de um acordo marco emmatéria de investimentos, visando à abertura e segurança aocapital estrangeiro. Contudo, existe um impasse entre os paísesprovedores de investimentos (desenvolvidos) e os países receptores(em desenvolvimento), que dificultam a sua criação.

Na próxima unidade, você irá entender o que é e como procedeua evolução do sistema financeiro e monetário internacional.

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Atividades de auto-avaliação

1) Você viu que algumas medidas relacionadas ao investimentoestrangeiro podem afetar o comércio de mercadorias. Cite doisexemplos de medidas com efeitos restritivos e distorcidos no comércio,uma em relação ao tratamento nacional e a outra em relação àeliminação de restrições quantitativas, e explique, por meio deargumentos baseados em trabalhos científicos (livros, artigos, teses,etc.), como podem distorcer ou restringir o comércio internacional demercadorias.

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2) Com base em alguma doutrina (livros, artigos científicos, etc.),explique como o TRIMs pode afetar negativamente a política dedesenvolvimento dos países menos desenvolvidos, trazendo exemplospara enriquecer sua resposta.

Saiba mais

BARRAL, Welber Oliveira (Org.). O Brasil e a OMC: osinteresses brasileiros e as futuras negociações multilaterais.Florianópolis: Diploma Legal, 2000.

BARRETO, Fernando. Investimentos. In: AMARAL JR.,Alberto do (coord.). OMC e o Comércio Internacional. SãoPaulo: Aduaneiras, 2002. p. 249-260.

BRASIL. Ministério Do Desenvolvimento, Indústriae Comércio Exterior. Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: 18 de abril de 2007.

LAFER, Celso. A OMC e a regulamentação do comérciointernacional: uma visão brasileira. Porto Alegre: Livraria dos

Advogados, 1998.

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ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO. Disponívelem: <http://www.wto.org>. Acesso em 18 de abril de 2007.

STRENGER, Irineu. Direito do comércio internacional e Lex Mercatoria. São Paulo: LTr, 1996.

 THORSTENSEN, Vera. OMC: Organização Mundial doComércio, as regras do comércio internacional e a nova rodadade negociações multilaterais, 2. ed. rev. ampl. São Paulo:Aduaneiras, 2001.

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9UNIDADE 9

O Sistema Financeiro eMonetário Internacional

Objetivos de aprendizagem Entender o sistema financeiro e monetário internacional.

Seções de estudo

Seção 1 Definições relativas ao sistema financeiro emonetário internacional

Seção 2 Evolução do sistema financeiro e monetáriointernacional

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Para início de estudo

Você deve lembrar que na unidade 1 falamos que a economia

internacional pode envolver dois setores distintos, porém, inter-relacionados.

Até agora, com exceção da unidade anterior, você pôde observaras questões do sistema econômico internacional que envolvem osetor real (bens e serviços não-financeiros).

A partir deste momento, você se lançará no setor financeiro,conhecendo as normas internacionais que regulam as relações queenvolvem este setor.

Bons estudos!

SEÇÃO 1 – Definições relativas ao sistema financeiro e

monetário internacionalAntes de você iniciar o estudo sobre o sistema financeiro emonetário internacional, é importante que algumas definiçõessejam esclarecidas.

Entende-se por sistema financeiro “o conjuntode regras e convenções que regulam as relaçõesfinanceiras entre os países. Elas formam o aparato

institucional que mantém as relações entre as diversaseconomias” (BAUMANN, CANUTO E GONÇALVES,2004, p.363).

 Tanto o sistema financeiro nacional quanto o internacionalé composto por um conjunto de instituições que ajudam acoordenar estas relações, os intermediários financeiros. Para Troster (2002), os intermediários financeiros dividem-se em duascategorias: “os que têm capacidade para criar dinheiro formamo sistema monetário; os que não têm capacidade para criá-losformam parte do sistema não-monetário”.

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Ainda segundo Troster (2002), os intermediários financeirosque fazem parte do sistema monetário “são aqueles cujos ativosfinanceiros são aceitos geralmente como meio de pagamento, isto

é, são dinheiro”. Por outro lado, os intermediários financeirosque fazem parte do sistema não-monetário “caracterizam-se poremitir ativos financeiros (passivo para eles) que não são dinheiroem sentido estrito”.

Segundo Rosseti (2003, p. 635), o setor de intermediaçãofinanceira é constituído por quatro segmentos, a saber: mercadomonetário, mercado de crédito, mercado de capitais e mercado decâmbio.

Mercado monetário – no qual são operadas transaçõesde curto ou curtíssimo prazo (inferior a um ano).É formado pelo conjunto de bancos comerciais einstituições financeiras de créditos que tambémparticipam do mercado de capitais. Visa a“regular a liquidez da economia como umtodo” (ROSSETI, 2003, p. 635).

Mercado de crédito – no qual sãooperadas transações de curto, médio elongo prazo. Os principais intermediáriosfinanceiros deste mercado são os bancoscomerciais e múltiplos, além de companhiasfinanceiras. Ressalta-se, ainda, que é nestemercado em que são realizados os empréstimos, oarrendamento e financiamento do sistema financeiro parao setor real da economia. Tem como finalidade “suprirnecessidades de caixa, para operações correntes e deinvestimento” (ROSSETI, 2003, p. 635).

Mercado de capitais – no qual são realizadas asoperações de compra e venda de ações, títulos e valoresmobiliários, efetuadas entre empresas, investidores e/oupoupadores. As operações realizadas neste mercado nãopossuem prazo definido.

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Mercado de câmbio – no qual são realizadas asoperações de câmbio dos mercados de câmbio de taxasflutuantes e de taxas livres. Engloba as operações de

compra e de venda de moeda. Atualmente, o mercadocambial é dominado por instituições financeiras quecompram e vendem moedas estrangeiras (principalmentedólar, euro, libra e yen) em vários centros financeiros,realizando lucros com a divergência entre a taxa decâmbio e a taxa de juros.

De acordo com os ensinamentos acima, podemos concluir que osistema financeiro engloba o sistema monetário.

- Mas o que é o sistema monetário internacional? Qual o objetivo desua existência? 

Entende-se como Sistema Monetário Internacional o conjunto de regras e convenções que regulam asquestões referentes ao pagamento internacional e àstaxas de câmbio das moedas nacionais, viabilizandoas atividades econômicas entre os países.

O Sistema Monetário Internacional estabelece:

as regras que os países seguem em relação ao valor e àtroca de suas moedas;

um mecanismo para corrigir o desequilíbrio entre areceita e o débito internacional de um país;

o custo de conversão da moeda estrangeira para a moeda

local, depende do funcionamento do sistema monetáriointernacional;

o sistema de contabilização do sistema monetáriointernacional e a balança de pagamento.

Compreendidas estas definições iniciais, você passará acompreender a evolução dos sistema financeiro e monetáriointernacional.

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SEÇÃO 2 – Evolução do sistema financeiro e monetáriointernacional

Na seção anterior, foram estabelecidas algumas definiçõessobre o sistema financeiro e monetário internacional. Nesta , você observará a evolução do sistema financeiro e monetáriointernacional.

No início do capitalismo, há muito tempo, mais precisamenteentre os séculos XVI e XVII, os Estados acreditavam que afunção do comércio internacional seria aumentar a riqueza doEstado nacional, por meio do acúmulo de moedas permitindo,assim, que sua balança comercial permanecesse superavitária(mercantilismo). Esse período do capitalismo ficou conhecidocomo “capitalismo comercial” ou “capitalismo nacional”,caracterizado por serem as fronteiras territoriais fechadas.

A Revolução Industrial e o novo modo de produção por elaimpulsionado fez nascer o pensamento de que as fronteirasterritoriais fechadas eram um entrave à expansão econômicamundial. Teóricos economistas como Adam Smith (riquezadas nações) e David Ricardo (vantagem comparativa) passaram

a defender a idéia de não-intervenção do Estado na economia(liberalismo). Esta fase do capitalismo, que perdurou do iníciodo século XVIII até início do século XX, foi denominada de“capitalismo industrial”, passando por um processo “inter-nacional”, cuja característica que pode ser citada é a aberturadas fronteiras territoriais para a livre circulação de mercadorias.Nesta fase, as trocas transfronteiriças eram reguladas por acordosinterestatais.

Cada país possui sua própria moeda. É a partir delaque serão cotados os preços dos bens e serviçosde um país. Deste modo, para garantir e propiciara livre troca de mercadoria entre os Estados, foram

estabelecidas as taxas de câmbio, que permitemcomparar os preços de um bem ou serviço produzidoem diferentes países.

A taxa de câmbio é o

preço de uma moeda em

comparação à outra.

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Postas estas considerações iniciais, a seguir, você irá aprendersobre três fases marcantes do sistema financeiro e monetáriointernacional.

The Gold Standard  (o padrão ouro)

Com a evolução do comércio internacional em meados do século XIX, a maioria dos países que operava nesse cenário de trocasinternacionais passa a adotar, a partir de 1870, o Gold Standard  (padrão ouro) para as operações monetárias internacionais.

No Gold Standard, os bancos centrais dos países passaram a ter aresponsabilidade de preservar a paridade oficial entre sua moedae o ouro e, para manter esses preços, os bancos centrais deveriampossuir um estoque suficiente de ouro. Como afirma Gonçalveset al  (1998, p. 276) “o funcionamento do padrão-ouro requer quea economia opere em condições de concorrência perfeita”. Assimsendo, os bancos centrais deveriam evitar flutuações significativasno saldo da balança de pagamento dos países que faziam parte.

Porém, em 1914, o padrão ouro começou a perderforça, deixando de funcionar em 1930.

No período entre guerras, a denominada política deempobrecimento do vizinho (Beggar thy neighbor policies ), emque os países desvalorizam suas moedas a fim de tornarem-semais competitivos em relação aos seus parceiros comerciais,

acirrou a crise econômica internacional. A crise dos negóciosinternacionais foi seguida da crise militar e da 2ª GuerraMundial.

Até então, como você viu na unidade 1, as relações econômicasinternacionais, fossem elas de cunho comercial, financeira oumonetária, estavam baseadas nas legislações nacionais de cadaEstado, não havendo, portanto, um sistema internacional queregulasse as relações econômicas entre os Estados.

O padrão ouro era

baseado em um sistema

de câmbio com taxasfixas, em que a moeda

nacional tem um preço

fixo em ouro.

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Contudo, especialistas e economistas acreditaram que acrise econômica havia causado a crise militar (2ª GuerraMundial). Desta forma, passou-se a conceber uma ordem

econômica internacional fundada em normas jurídicas, visando,principalmente, a uma maior segurança nas relações econômicasinternacionais, evitando assim as “políticas de empobrecimentodo vizinho”.

Diante disso, em 1944 foi realizada a Conferência de Bretton Woods, em que se reuniram representantes de 44 Estados visando a estabelecer uma Nova Ordem Econômica Mundial,baseada em normas internacionais que regulariam as relaçõeseconômicas internacionais. O início dessa “nova ordem inicial” éconhecido como a “Era de Bretton Woods”.

A Era da Bretton Woods

Ao final da Conferência de Bretton Woods, concebeu-se a idéiade um sistema econômico internacional alicerçado em um tripé:o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial

(BIRD) e a Organização Internacional do Comércio (OIC).Assim, em 1945, por intermédio dos acordos firmados emBretton Woods, foi constituído o FMI e o BIRD, surgindo pelaprimeira vez na história um sistema de regras públicas  com objetivode disciplinar, por meios que incluíam a atuação de instituiçõesintergovernamentais, as relações monetárias e financeirasinternacionais, conhecido como “Sistema Bretton Woods”(SBW). Essas duas organizações ficaram conhecidas como as“instituições de Bretton Woods”.

Como lembra Paulo Roberto de Almeida (2002),

O conceito de “sistema de Bretton Woods”, geralmentetomado no singular, refere-se, em realidade, a duasproblemáticas distintas, mas relacionadas entre si. Porum lado, num sentido estrito, a noção remete ao papel eao funcionamento de duas organizações internacionaiscriadas em meados do século XX para administrar as

relações financeiras e monetárias internacionais. Poroutro, num sentido mais amplo, ela se refere também,

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ou principalmente, às políticas implementadas por essasinstituições no plano multilateral e nas suas relaçõescom os países-membros, e que constitui, de longe, oaspecto mais evidenciado na literatura especializada

ou no jornalismo corrente, em vista da sensibilidadepolítica normalmente despertada por essas políticasaparentemente “impostas” desde Washington.

Segundo os idealizadores do SBW, as taxas de câmbio flutuantesdo período entre-guerras eram a causa da instabilidade financeirae, conseqüentemente, prejudicavam as relações comerciaisinternacionais. Ademais, percebeu-se que os países não estavamdispostos a manter o comércio internacional e as taxas de

câmbio fixas (na época, padrão ouro-libra) em prejuízo aodesenvolvimento nacional econômico e social (KRUGMAN,1999, p. 554).

Assim sendo, o SBW regulou o sistema financeiro e monetáriointernacional, utilizando-se de um sistema de câmbio fixochamado padrão dólar-ouro, ou seja, as taxas de câmbio deveriamser fixas em relação ao dólar norte-americano e, por sua vez,haveria um preço invariável em dólares do ouro.

Grande parte das reservas oficiais internacionais os países-membros do FMI deveriam manter na forma de ativos em ouroou dólar norte-americano. Além disso, esses países tinham odireito de, a qualquer momento, vender dólar ao Federal Reserve  (instituição norte-americana similar ao Banco Central do Brasil)em troca de ouro ao preço oficial. Ademais, cabia aos países-membros, por meio de seus bancos centrais, administrarem suastaxas de emissão em um limite seguro de reservas internacionaisa fim de evitar especulações.

Neste contexto, o FMI tinha como função principal garantira estabilidade do sistema financeiro e dos fluxos de comércio,com a fiscalização sobre o sistema financeiro internacional, pormeio do sistema de taxas de câmbio fixas. Outro instrumento deapoio na estabilidade do sistema era feito mediante a concessãode apoio financeiro, principalmente em divisas fortes, aos paísesque estivessem passando por uma situação de desequilíbrio nasua balança de pagamentos e que pudesse pôr em risco a taxa decâmbio da sua moeda nacional.

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Porém, haja vista consecutivos déficits  na sua balança depagamentos, os EUA, nas décadas de 1960 e 1970, resolveramabandonar a conversibilidade de sua moeda ao ouro. Apreensivos,

muitos países buscaram “reconstruir” o sistema monetáriointernacional, por meio de várias negociações.

Foi assim que em 1975, na França, “representantes das principaisnações industrializadas concordaram em modificar os artigosconstitutivos do FMI para comportar a existência do regimede taxas de câmbio flutuantes” (Gonçalves et al ., p. 293-294),partindo-se para a atual fase do sistema monetário internacional.

A globalização financeira

A nova fase do sistema financeiro e monetário internacionalé, normalmente, denominada de “globalização financeira” ou“mundialização do capital”. Trata-se, na verdade, de um “não-sistema”, caracterizado pela inexistência de normas que regulemas relações financeiras e monetárias internacionais, como ocorriano SBW, e pela desregulamentação dos mercados financeiros

nacionais.É importante ressaltar que essa fase é marcada por umaredução significativa da circulação de mercadorias queocorria nas fases anteriores e um aumento considerávelna circulação do capital industrial, por meio dosinvestimentos diretos estrangeiros.

Por sua vez, a regulação do sistema por acordos firmadosentre os Estados (inter-estatal) dá lugar aos acordos entre

Estados e empresas multinacionais, conhecidos como “códigosde investimentos diretos estrangeiros”.

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Você sabia?

Segundo a UNCTAD, até 2002, já havia no mundo 2.181acordos bilaterais de investimento (Bilateral Investment

 Agreements - BITs) para proteger investimentos einvestidores estrangeiros. Estes acordos envolviam175 países, sendo que 14 destes acordos haviam sidofirmados pelo Brasil, apesar de que, até então, nãohavia ratificado nenhum. Ainda corroborando com aafirmação acima, destaca-se que enquanto o númerode acordos preferenciais comerciais passou de 27, em1990, para mais de 250, em 2002, no mesmo período,o número de BITs na década de 1990 passou de 446para 2.181.

No sistema monetário internacional houve a denominada“liberalização cambial” tanto em relação ao acesso ao mercadode divisas (que por sua vez pode ser livre, neste caso chama-sede conversibilidade, ou limitado) como também do processode formação de preço (determinação da taxa de câmbio que,por sua vez, pode ser flutuação livre, fixa ou administrada)(GONÇALVES, In: BAUMANN, 1996, p. 135).

De acordo com Eichengreen (2000, p. 247), uma das principaiscaracterísticas da globalização financeira é a flexibilização dastaxas de câmbio, pois geram inúmeras conseqüências nas demais variáveis econômicas, além de contribuir ao intenso movimentode capitais, devido ao seu elevado grau de oscilação. Nestemomento, é importante fazer um contraponto ao SBW, posto queneste último os controles sobre os fluxos internacionais de capitaleram primordiais para harmonizar a estabilidade do câmbio como fim do desenvolvimento econômico dos países.

 Juntamente com o sistema monetário internacional, o sistemafinanceiro passa por um período de abertura internacional edesregulamentação, em que a “mão invisível” do mercado atualivremente.

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Convém atentar que, “embora a configuração do atualregime de globalização financeira resulte de decisões políticasprincipalmente do governo dos Estados Unidos, tais decisões

não foram nem aleatórias, nem arbitrárias, mas resultaram daspressões do capital privado” (CORAZZA, 2004). Neste viés,como afirma Chesnais, as instituições financeiras e os mercadosfinanceiros “erguem-se hoje como força independente todo-poderosa perante os Estados” (1996, p. 239).

Segundo Reinaldo Gonçalves (In: BAUMANN, 1996, p. 133),nos últimos anos o sistema financeiro internacional “tem-secaracterizado por três fenômenos”, a saber: globalizaçãofinanceira; liberalização cambial; vulnerabilidadeexterna.

Ainda de acordo com os ensinamentos do mesmoautor, a globalização financeira possui três dimensões:

maior integração entre os sistemas financeirosnacionais e desregulamentação dos mercados financeirosnacionais;

acirramento da concorrência internacional dentro do

próprio sistema financeiro internacional (disputa demercado entre bancos e entre bancos e instituiçõesfinanceiras não-monetárias);

avanço do processo de internacionalização e liberalizaçãoda produção de serviços financeiros (liberdade deestabelecimento em território estrangeiro e a liberdadede oferta de produtos financeiros, evitando qualquerdiscriminação em relação à nacionalidade).

No que tange à integração dos mercados nacionais dentro domercado internacional, surge a abertura dos distintos tipos demercados, surgindo, ainda, novos produtos financeiros.

Por sua vez, a liberalização dos mercados financeiros e asinovações financeiras ampliaram os movimentos de capitais, odesenvolvimento das instituições financeiras não-bancárias, umamaior variação das taxas de juros e de câmbio e a criação denovos produtos e instrumentos financeiros.

Estes dois últimos

visavam a ampliar os

ganhos e a deduzir os

riscos dos investimentos

financeiros

internacionais.

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É importante destacar que a supressão das barreiras ao setorfinanceiro é, como você já viu anteriormente, muito preocupante.Chesnais afirma tratar-se de uma situação perigosa, pois “a

autonomia do sistema financeiro nunca pode ser senão umaautonomia relativa ” (1996, p. 241). Isto porque o sistemafinanceiro é de fundamental importância ao desenvolvimentodas economias nacionais, sem falar no “risco sistêmico de umaliberalização desordenada” (ROSA, 2000, p. 349).

A seguir será apresentado um quadro demonstrando as principaisdiferenças entre o sistema financeiro e monetário internacional de“Bretton Woods” e o da fase atual da “globalização financeira”.

Quadro 9.1: Diferenças entre o SBW e a globalização financeira

SBW Globalização financeira

Sistema de taxas de câmbio Fixas e ajustáveis Flexíveis

Movimento de capitais Controle sobre o movimento decapitais

Liberdade sobre o movimento decapitais

Forma de financiamento

Predomínio dos capitaisprivados em substituição aos

créditos oficiais, de governos eorganismos internacionais

Predomínio do crédito diretosecuritizado no mercado

internacional de capitais

Regulamentação

Regulamentação dos mercadosfinanceiros e mercadosfinanceiros nacionais fechadose separados

Ampla desregulamentação,liberalização e integração dosmercados financeiros, nacional einternacionalmente

Por fim, é importante frisar que a liberalização do setorfinanceiro e a conseqüente desregulamentação dos serviçosfinanceiros nacionais exigem que essa desregulamentação não se

dê de forma a prejudicar os sistemas financeiros nacionais.

Assim sendo, ao contrário do que existe hoje, é essencial que osistema financeiro e monetário internacional esteja alicerçadoem um arcabouço jurídico forte e harmonioso, respeitandoas diferenças econômicas e sociais existentes entre os Estadosdesenvolvidos e em desenvolvimento.

Lembre-se que uma das

características do DIE é

 justamente a dualidade

de normas (unidade 1).

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Síntese

Nesta unidade, você aprendeu sobre o sistema financeiro emonetário internacional.

Verificou que se entende como sistema financeiro e monetáriointernacional o conjunto de normas que regula as relaçõesfinanceiras e monetárias entre os países.

Conheceu as três fases marcantes do sistema financeiro emonetário internacional: o padrão ouro, o sistema Bretton

 Woods e a globalização financeira.Por fim, pôde verificar o quão importante é que as relaçõesfinanceiras e monetárias internacionais sejam reguladas deforma a não prejudicar os sujeitos envolvidos nestas relações e,principalmente, que sejam observadas as diferenças econômicase sociais entre os países, a fim de evitar o crescimento dasdesigualdades.

Na próxima unidade, você irá aprender um pouco mais sobrecada uma das instituições de Bretton Woods, o FMI e o BancoMundial. Siga em frente!

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Atividades de auto-avaliação

1) Há diferença entre o sistema monetário e o sistema financeirointernacional? Explique sua resposta.

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2) Sobre a evolução do Sistema Financeiro e Monetário Internacionale com base nos conhecimentos adquiridos no curso, descreva ediferencie o Sistema de Bretton Woods e a globalização financeira.Reflita sobre o tema, e dê sua opinião pessoal sobre qual deles propicia

um maior desenvolvimento econômico dos países.

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3) Krugman e Obstfeld, em seu livro Economia internacional – Teoria epolítica, descrevem argumentos favoráveis (p. 578-582) e desfavoráveis(p. 582-586) ao sistema de taxas de câmbio flutuante. Cite e descrevaesses argumentos fazendo, ao final, uma análise crítica.

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Unidade 9

Saiba mais

ALMEIDA, Paulo Roberto de. Diplomacia financeira : o Brasile o FMI, de 1944 a 2002. Porto Alegre: Editora da UFRGS,2002. Disponível em: <http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/927DiploFinanceira.html>. Acesso em: 10 de fevereiro de 2006.

CASTRO Jr. Osvaldo Agripino de. (Org.) Temas atuais deDireito do Comércio Internacional. Florianópolis: OAB/SCEditora, 2004. vol. 1.

CHESNAIS, François. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996.

CORAZZA, Gentil. A inserção do Brasil na globalizaçãofinanceira: uma análise introdutória da década de 1990. In:Congrès International Marx, 2004, Paris, 2004. Disponível em:<http://www.netx.u-paris10.fr/actuelmarx/m4corra.htm>. Acessoem: 10 de fevereiro de 2006.

EICHENGREEN, Barry. A globalização do capital: umahistória do Sistema Monetário Internacional. São Paulo: Ed. 34,2000.

GILPIN, Robert. O desafio do capitalismo global. Rio de Janeiro: Record, 2004.

GRIECO, Francisco de Assis. O Brasil e a globalizaçãoeconômica . São Paulo: Aduaneiras, 1997.

MARTIN, Hans-Peter; SCHUMANN, Harald.  A armadilhada globalização. São Paulo: Globo, 1999.

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0UNIDADE 10

As principais instituiçõesfinanceiras e monetáriasinternacionais

Objetivos de aprendizagem

 Conhecer e entender as principais organizaçõesinternacionais que fazem parte do sistema financeiroe monetário internacional: o Fundo MonetárioInternacional (FMI) e o Banco Mundial (BIRD).

Seções de estudo

Seção 1 Quem são as instituições financeirasinternacionais?

Seção 2 O Fundo Monetário Internacional (FMI)

Seção 2 O Banco Mundial

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Para início de estudo

Na unidade anterior, você conheceu o sistema financeiro e

monetário internacional.

Aprendeu que a partir da 2ª Guerra Mundial as relaçõeseconômicas internacionais passaram a ser regulamentadas, a fimde proporcionar maior segurança jurídica aos atores participantesdesta relação.

Verificou que, apesar da infrutífera tentativa da criação de umaorganização internacional que regulamentaria e fiscalizaria asrelações internacionais de cunho comercial (OIC), o mesmo nãoocorreu no que diz respeito às relações monetárias (FMI) e definanciamento aos países destruídos pela guerra (BIRD).

Nesta unidade, você conhecerá um pouco mais a fundo asprincipais organizações internacionais responsáveis pelo bome regular andamento das relações financeiras e monetáriasinternacionais, o FMI e o BIRD.

Siga em frente! Você está quase no final desta jornada!

SEÇÃO 1 – Quem são as instituições financeirasinternacionais?

Como você pôde observar anteriormente, o sistema financeiroe monetário internacional é formado por um conjunto de

instituições que regulam as relações ali inseridas. Nestemomento, você irá aprender um pouco sobre as mais importantesinstituições financeiras internacionais, o Fundo MonetárioInternacional e o Banco Mundial.

Você sabia?

Foi com o fim da 2ª Guerra Mundial, maisprecisamente em 1945, que com os acordos firmadosna Conferência de Bretton Woods constituiu-se o

FMI e o BIRD, surgindo assim, pela primeira vez, umsistema de regras internacionais.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 10

Estas regras tinham como objetivo disciplinar as relaçõesmonetárias e financeiras internacionais, conhecido como “SistemaBretton Woods”. Como você aprendeu na unidade 9, estas

duas organizações ficaram conhecidas como as “Instituições deBretton Woods”.

O Banco Mundial tinha como objetivo auxiliar na reconstrução eno desenvolvimento de territórios dos países-membros atingidospela guerra. Por sua vez, o FMI tinha como objetivo administrarum regime internacional de câmbio.

Mais tarde, essas duas organizações foram convertidas emagências especializadas das Nações Unidas, possuindo,

porém, um estatuto especial e diferente das demais entidadesintergovernamentais da ONU.

A partir de agora, você conhecerá um pouco mais as “Instituiçõesde Bretton Woods”, siga em frente!

SEÇÃO 2 – O Fundo Monetário Internacional (FMI)

O acordo constitutivo do FMI foi adotado na ConferênciaMonetária e Financeira das Nações Unidas celebrada em Bretton Woods, New Hampshire, no dia 22 de julho de 1944. Contudo,este acordo entrou em vigor, ou seja, passou a produzir efeitoslegais, em 27 de dezembro de 1945.

O acordo já sofreu algumas modificações, a saber:

a primeira emenda, que entrou em vigor em 28 de julhode 1969, e que incorpora as modificações consignadasna Resolução n° 23-5 do Conselho de Governadores,aprovada em 31 de maio de 1968;

a segunda emenda, que entrou em vigor em 1 de abrilde 1978, e que incorpora as modificações consignadasna Resolução n° 31-4 do Conselho de Governadores,aprovada em 30 de abril de 1976;

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a terceira emenda, que entrou em vigor em 11 denovembro de 1992, e que incorpora as modificaçõesconsignadas na Resolução n°45-3 do Conselho de

Governadores, aprovada em 28 de junho de 1990.O FMI, órgão especializado da ONU e com caráterintergovernamental, é uma organização internacional, portanto,sujeito de direito internacional, ou seja, possui personalidade jurídica própria e capacidade para contratar; adquirir e alienarbens imóveis e móveis e ajuizar procedimentos legais. Alémdisso, possui imunidades e privilégios, conforme dispõe o art. 9do seu Acordo Constitutivo.

O Fundo Monetário Internacional posiciona-se no centro dosistema financeiro e monetário internacional, exercendo um papelfundamental na evolução desse sistema.

Com sede em Washington, EUA, conta, atualmente, com 184países-membros. Além disso, possui escritórios em Paris e Tókioencarregados da relação com outras instituições internacionais eregionais e com a sociedade civil. Conta com escritórios em NovaIorque e Genebra, que têm como principal função relacionar-se

com outras instituições das Nações Unidas.Seus recursos advêm das quotas subscritas (pagas) pelos países-membros quando ingressam na instituição, ou por meio de umasupervisão periódica que leve a um aumento de quotas.

Caso houver necessidade, o FMI poderá obter empréstimospara complementar os recursos das quotas. Neste sentido, ainstituição, caso necessitar fazer frente a qualquer tipo de ameaçano sistema monetário internacional, conta com dois tipos de

acordos permanentes para a obtenção de empréstimos a quepoderá recorrer:

os Acordos Gerais para Obtenção de Empréstimos(AGE) – instituídos em 1962, e que abarcam 11participantes (os governos ou bancos centrais do Grupodos dez países industrializados e Suíça);

os Novos Acordos para Obtenção de Empréstimos(NAB) - instituídos em 1997, com 25 países e

instituições participantes.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 10

Quais os objetivos do FMI?

O FMI tem como finalidade principal evitar crises no sistema

monetário internacional, para tanto, busca:incentivar os países a adotar medidas de políticaeconômica bem fundadas;

servir como um fundo em que os países-membros quenecessitem financiamento temporário possam recorrerpara superar os problemas de balança de pagamentos.

De acordo com o art. 1º do Acordo Constitutivo do FMI

(ACFMI), a instituição tem como objetivos:fomentar a cooperação monetária internacional por meiode uma instituição permanente que sirva de mecanismode consulta e colaboração em questões monetáriasinternacionais;

facilitar a expansão e o crescimento equilibrado docomércio internacional, contribuindo, assim, a alcançare manter altos níveis de ocupação e de ingressos reais

e a desenvolver os recursos produtivos de todos ospaíses-membros como objetivos primordiais de políticaeconômica;

fomentar a estabilidade das taxas de câmbio, procurarque os países-membros mantenham seus regimes decâmbio ordenados e evitar depreciações cambiáriascompetitivas;

ajudar a estabelecer um sistema multilateral

de pagamento para as transações correntesque se realizem entre os países-membros,e eliminar as restrições cambiárias quedificultem a expansão do comércio mundial;

inspirar confiança aos países-membros colocandoà sua disposição temporariamente e com as garantiasadequadas os recursos gerais do Fundo, dando-lhes,assim, a oportunidade de corrigirem os desequilíbriosde sua balança de pagamentos sem recorrer amedidas perniciosas para a prosperidade nacional ouinternacional;

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diminuir a duração e amenizar o grau de desequilíbriodas balanças de pagamentos dos países-membros.

Os objetivos acima citados serão realizados por meio dosmecanismos.

Análise da evolução e das medidas das políticaseconômicas e financeiras dos países-membros e domundo, oferecendo assessoramento de política .

No exame anual da economia japonesa em 2003,a Direção Executiva do FMI aconselhou o governo

 japonês a adotar uma estratégia integral para

revitalizar os setores financeiro e empresarial de suaeconomia, enfrentar o problema da deflação e corrigiros desequilíbrios.

Concessão de empréstimos aos países-membros queenfrentam problemas com a balança de pagamentos,não somente com o financiamento temporário, mas,principalmente, com o respaldo das medidas de ajuste

e de reforma que ajudam na correção dos problemasfundamentais.

Durante a crise financeira de 1997–98 na Ásia, oFMI atuou rapidamente para que a Coréia pudesseaumentar suas reservas. Comprometeu US$ 21.000milhões para ajudar a Coréia a reformar a economia,reestruturar os setores financeiro e empresarial e sairda recessão. Passados quatro anos, a Coréia já haviase recuperado o suficiente para poder devolver os

empréstimos e, ao mesmo tempo, reconstituir suasreservas.

Oferecimento de assistência técnica  e capacitação aospaíses-membros e bancos centrais.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 10

Depois da queda da União Soviética, o FMI entrouem cena para ajudar aos países bálticos, Rússia eoutros países ex-soviéticos a estabelecer sistemas

de tesouraria nos bancos centrais como parte datransição de um sistema de planejamento central parauma economia de mercado.

Servir de foro para exame das políticas econômicase financeiras e questões que repercutem na saúde dosistema monetário internacional (regimes cambiários,elaboração de códigos e normas internacionais, etc.).

É importante mencionar que o FMI não é um organismo deajuda nem um banco de desenvolvimento. Porém, concedecréditos com o fim de contribuir para que os países-membrossuperem os problemas de balança de pagamento e restabeleçam ocrescimento econômico sustentável.

Como funciona a estrutura institucional do FMI?

O FMI conta com a seguinte estrutura institucional:

Conselho de Governadores ou Assembléia deGovernadores;

Direção-executiva;

Comitê Monetário e Financeiro Internacional;

Comitê para o Desenvolvimento;

Diretor-gerente;

Corpo funcional.

A seguir, você aprenderá um pouco mais sobre cada um destesórgãos.

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Conselho de Governadores (CG)

O Conselho de Governadores é a autoridade máxima

do FMI e tem como função decidir sobre todas asquestões importantes relativas à política do Fundo.Contudo, haja vista se reunirem normalmente umavez ao ano, quando ocorrem as reuniões anuaisdo FMI e do Banco Mundial, o CG delega a gestãocotidiana ao Conselho de Administração.

Normalmente, os países-membros do FMI estão representadosno CG por intermédio de seu Ministro da Fazenda ou Presidente

do Banco Central, havendo 1 (um) representante de cadamembro.

Duas vezes ao ano os governadores se reúnem no ComitêMonetário e Financeiro Internacional (CMFI), visandoa analisar as questões políticas relacionadas com o sistemamonetário internacional de maior relevância, pelo menos pormeio de duas reuniões ao ano.

Ademais, há a existência do Comitê para o Desenvolvimento(CMFI), formado pelos governadores dos Conselhos deGovernadores do FMI e do Banco Mundial, que assessorae informa os governadores sobre os temas de política dedesenvolvimento e outras questões de interesse para os países emdesenvolvimento.

Direção-executiva (DE)

Formada por 24 diretores-executivos e presididapelo Diretor-gerente do FMI, a DE tem como funçãorealizar as atividades cotidianas da organização esupervisionar as políticas econômicas, monetáriase financeiras, além de prestar assistência financeira,incluindo a aprovação e análise da evolução daeconomia internacional.

Reúne-se, a princípio, 3 (três) vezes por semana em seções que se

estendem pela manhã e tarde, e com mais freqüência, se houvernecessidade, na sede do FMI.

Até setembro de

1999 este Comitê era

conhecido por Comitê

Provisional.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 10

Os cinco países-membros que possuem mais quotas daOrganização (EUA, Alemanha, França, Japão, Reino Unido), juntamente com China, Rússia e Arábia Saudita, possuem

um representante próprio na Direção. Os demais 16 diretoressão eleitos por períodos de 2 anos por grupos de países comproximidade ou semelhanças linguístico-culturais, chamados de jurisdição ou constituency .

A jurisdição brasileira é integrada por oito países (Colômbia,Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana,Suriname e Trinidad e Tobago), sendo que cabe ao Brasil aindicação do diretor-executivo de seu grupo.

- Você lembra que uma das características do DIE consiste no sistemade voto ponderado, ou seja, em que as organizações internacionais quedesempenham funções relativas ao sistema econômico internacional,decidem suas questões por votação em peso, ou seja, quanto maior aquota do país (determinada pela magnitude de sua economia) maisvoto tem este país? Pois é, isto acontece no FMI e no Banco Mundial.

Assim, no FMI utiliza-se o sistema de votação ponderada:quanto maior é a quota de um país no FMI (determinada pela

magnitude de sua economia) mais voto tem esse país.

Diretor-gerente e Corpo Administrativo

O Diretor-gerente é nomeado pela Direção-executiva para ummandato renovável de 5 anos. Exerce a função de presidir aDireção-executiva, além de ser chefe de todo o pessoal do FMI,ademais, dirige as atividades da instituição orientado pelaDE.

No exercício de suas funções recebe a colaboração de trêsSubdiretores Gerentes.

Você sabia?

O corpo de empregados do FMI conta com 2800funcionários internacionais que são subordinados àinstituição e não as autoridades de nenhum país.

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As quotas e o processo decisório

Como você já deve ter percebido, a determinação da quota  de um

país é de extrema relevância. Isto porque as quotas determinamo montante da subscrição de cada país.

Os países pagam 25% da subscrição de suas quotas em DireitosEspeciais de Saque (DES) ou em moedas fortes, como, porexemplo, o EURO e o dólar americano. O FMI pode exigir opagamento do restante na moeda do próprio país, caso necessitarpara efetuar um empréstimo.

Além disso, as quotas determinam a importância (valor) dosfinanciamentos que poderá receber do FMI (as linhas de créditosão determinadas em percentagens das quotas) e a participaçãoque lhe corresponde nas dotações de DES.

De maior relevância ainda está na questão da votação, visto que otamanho da quota representa o poder de voto do país-membro.

Você sabia?

Atualmente, os EUA, considerada a maior economiado mundo, controlam 17,5% dos votos, a Alemanhae o Japão controlam cada um 6% (o segundo maiorbloco), seguidos da França com 5% , a Inglaterra com5% e a Arábia Saudita com 3%. Já Palau, consideradoa menor economia do mundo, possui somente0,001%. O Brasil possui 1,409% do poder de votodo organismo. A jurisdição do qual o Brasil faz partepossui 2,46% dos votos do organismo.

O Direito Especial de Saque (DES)

O Direito Especial de Saque, apesar do nome dar a entenderque se trata de um direito, é, na verdade, um ativo de reservainternacional criado pelo FMI em 1969.

As quotas são fixadas deacordo com a situação

econômica de um país

frente aos demais;

leva-se em consideração

uma série de fatores,

como, por exemplo:

PIB; transações em

conta-corrente; reservas

oficiais, etc.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 10

Nos anos 60, os principais ativos de reserva eram o ouro e o dólaramericano, e os países-membros não queriam que as reservasmundiais tivessem que depender da produção de ouro (que

apresentava incertezas inerentes), nem dos repetidos déficits  dabalança de pagamentos dos EUA que seriam necessários paraque continuassem crescendo as reservas em dólares americanos.Assim sendo, o mercado internacional apresentava problemas emrelação a liquidez, e muitos países temiam que o total de reservasexistentes fosse insuficiente frente à expansão do comérciointernacional. Desta forma, visando contornar estes riscos, foicriada uma nova moeda de referência internacional, o DES.

O DES, conhecido também como papel-ouro, embora não tenhaexistência física, foi destinado aos países-membros (em forma delançamento contábil) em quantidades proporcionais às quotas.

Os países-membros do FMI podem utilizar o DES emtransações entre si, com 16 possuidores “institucionais” de DES ecom o próprio FMI.

Ademais, o DES é, também, a unidade de conta do FMI. Há vários organismos internacionais e regionais, além de convenções

internacionais, que utilizam o DES como unidade de conta oucomo base para determinar uma unidade de conta.

O valor do DES é fixado diariamente em função de uma cestadas quatro principais moedas (dólar dos EUA, euro, yen japonês,libra esterlina). A composição da cesta é revista a cada cincoanos, a fim de comprovar que continuam sendo representativas asmoedas utilizadas nas transações internacionais.

Obrigações dos Países-Membros

O Acordo Constitutivo do FMI determina que os países-membros devem se comprometer a colaborar com o FMI ecumprir com todas as obrigações do acordo que lhe foremimpostas.

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De fato, os países acordaram em orientar suas medidas políticas visando ao crescimento econômico ordenado com estabilidaderazoável dos preços, além de promover condições econômicas e

financeiras fundamentais ordenadas e evitar a manipulação dotipo de câmbio com fins de obter vantagens competitivas.

Além disso, os membros se comprometem a facilitar ao FMI asinformações que sejam consideradas necessárias pela instituiçãona realização de suas funções.

Dentre algumas obrigações específicas, pode-se citar as queseguem.

obrigações dos Estados-membros relativamente aoregime cambial (art. 4°) - colaborar com o FMI napromoção da estabilidade dos câmbios, na manutençãode acordos cambiais regulares com os outros membros ena prevenção de modificações cambiais competitivas.

Caso um membro modifique a paridade de suamoeda e houver a oposição do FMI, nos casos emque a instituição tem o direito de se opor, o Estado

poderá perder a capacidade para utilizar os recursosdo Fundo.

obrigações dos Estados-Membros em evitar as restriçõesde pagamento nas importações de bens e serviços, assimcomo nas transferências de invisíveis correntes (art. 8º)- nenhum Estado-Membro, pode, sem autorização doFMI, impor restrições na realização de pagamentos etransferências para as transações correntes internacionaise engajar-se em práticas cambiais discriminatórias ouestabelecer um regime cambial de taxas múltiplas.

Quando um Estado-Membro elimina essas restrições,verificada a partir do cumprimento das obrigaçõesdispostas nas seções 2, 3 e 4 do art. 8°, é consideradocomo um Estado que atingiu a convertibilidade daconta-corrente da balança de pagamentos.

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Direito Internacional Econômico

Unidade 10

Os empréstimos

O FMI empresta divisas aos países que passarem por dificuldadesna balança de pagamentos.

Os empréstimos concedidos permitem que o país cumpra como ajuste de que seu nível de gasto esteja mais de acordo como ingresso e possa, assim, corrigir o problema com a balançade pagamentos. Ademais, os empréstimos também permitem

respaldar as medidas políticas, inclusive de reforma estrutural,que melhorem de forma perene a situação dos pagamentos de umpaís e as perspectivas de crescimento.

 Todos os membros podem requerer empréstimos ao FMI casoenfrentem problemas com sua balança de pagamento. Destaforma, os países podem possuir crédito para efetuar pagamentose manter um nível razoável de reservas sem que, com isso,tenha que tomar qualquer medida perigosa para a prosperidadenacional ou internacional, como, por exemplo, restrições sobreo comércio exterior e aos pagamentos ou depreciação da moedanacional.

Os financiamentos concedidos pelo FMI estão respaldados poruma série de políticas estabelecidas pela instituição e que recebemo nome de “programas”.

Os prazos, as condições de reembolso e estipulações doempréstimo nos diferentes programas variam conforme o tipo

de problema de balança de pagamento sofrido pelo país e pelascircunstâncias que deseja superar.

As divisas entregues pelo FMI são depositadas no banco centraldo país para complementar as reservas internacionais destee, desta maneira, conseguir respaldo geral para a balança depagamentos. Ao contrário dos empréstimos concedidos pelosbancos de desenvolvimento, os fundos que concede o FMI nãosão destinados para financiamento de atividades ou projetosespecíficos.

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Os empréstimos concedidos pelo Fundo são decaráter condicional, ou seja, o país interessado deveadotar as medidas contempladas em uma “Carta de

Intenções” para corrigir a balança de pagamentos.Desta forma, fica assegurado que o país ao recebero crédito, não protele as decisões difíceis e acumulemais dívidas e consiga colocar em ordem suaeconomia e reembolsar o empréstimo.

Ademais, o crédito concedido é de caráter temporal, ou seja,segundo o programa financeiro concedido, os empréstimosdevem ser reembolsados em períodos curtos (seis meses) ou

mais longos (até 4 anos). Os prazos de reembolso são de trêsanos e meio a cinco anos para os empréstimos a curto prazo(os acordos stand-by ) ou de quatro anos e meio a 10 anos paraos financiamentos a médio prazo (programa de financiamentoampliado). Os empréstimos concedidos aos países de baixoingresso no Programa de Financiamento para Redução daPobreza e Crescimento é de 10 anos com um período de graça decinco anos e meio para o pagamento do principal.

Além disso, a instituição espera ter prioridade no reembolsodo empréstimo concedido, sendo que o país está obrigado areembolsar pontualmente ao FMI.

O FMI cobra taxa de juros e outros encargos por programa queesteja de acordo com o mercado, de todos os países-membros,com exceção dos países em desenvolvimento de baixo ingresso,que recebem empréstimos. A instituição poderá impor outrosencargos visando a desestimular os países a utilizarem comfreqüência os empréstimos.

Veja, a seguir, alguns tipos de empréstimos concedidos peloFMI.

Tranche de Reservas

Caso um país-membro venha a sofrer dificuldades de pagamentoexterno, o FMI poderá conceder um crédito equivalente a 25%da quota do país realizada em ouro e divisas.

É o único programa do Fundo em que não há a imposição decondições.

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Tranche de Crédito

Quando o país-membro necessitar de empréstimos cuja quantiaultrapassar a 25% da quota do país.

Neste caso, haverá a imposição de condicionalidades, ou seja,relembrando, o país deverá adotar medidas de política econômicaque permitam gerar excedente de divisas nas suas relaçõesexternas que sejam suficientes para pagar os empréstimoscontraídos – “Carta de Intenções” .

Acordos de Direito de Giro (Acordo Stand-By )

Este serviço forma o núcleo da política de crédito do FMI e temcomo objetivo principal solucionar um problema de balançade pagamentos em curto prazo.

Assim, permite aos países terem acesso a recursosdistribuídos trimestralmente, liberados por meio decontrole de certos “critérios de execução” – cumprimentode condições de gestão macroeconômica – durante umperíodo de 12 a 18 meses.

Programa de Financiamento Ampliado (PFA) ou Serviço Ampliadode Fundo (SAF)

Serve a países em desenvolvimento com problemas na balançade pagamentos atribuíveis a obstáculos estruturais que estejamcausando graves deficiências na balança de pagamentos.

As medidas de caráter estrutural vinculadas aos acordosampliados incluem as medidas de reforma, cujo objetivo émelhorar o funcionamento das economias, como reforma do

setor tributário e financeiro, privatização de empresas públicas emedidas para dar mais flexibilidade aos mercados de trabalho.

O empréstimo dura em torno de um período de três a quatroanos, prorrogável por mais um.

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Programa de Financiamento Compensatório (PFC) e paraContingências

 Tem como objetivo prestar ajuda aos países-membros

produtores de matérias-primas que sofrerem quebrasinesperadas e temporárias das receitas das exportações, devido aacontecimentos fortuitos (secas, inundações, etc.).

O país deverá firmar uma Carta de Intenções similar a doAcordo de Direito de Giro, porém, não está sujeito a sobretaxas.

Linhas de Crédito Contingente

Visa a ajudar na prevenção de crises causadas pelo “contágiofinanceiro”. O reembolso é de curto prazo com taxas de juros que variam de 1,5 a 3,5%.

Programa de Financiamento para Redução da Pobreza eCrescimento (PRGF)

O FMI tem ajudado os países-membros mais pobres a alcançar a viabilidade de pagamentos, o crescimento econômico sustentávele a melhora dos níveis de vida por meio de empréstimo

denominado Programa de Financiamento para Redução daPobreza e Crescimento.

Os países enviam uma “carta de intenções” constando umaproposta de política econômica de curto-médio prazo que devemrealizar durante o empréstimo.

A taxa de juros é baixa (0,5%) a fim de ajudar esses países maispobres.

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Unidade 10

SEÇÃO 3 – O que é o Banco Mundial?

Assim como o FMI, a raiz embrionária do Banco Mundial

encontra-se na Conferência Monetária e Financeira das NaçõesUnidas celebrada em Bretton Woods, em 1944.

O Banco Mundial é considerado o principal organismomultilateral internacional de financiamento dodesenvolvimento social e econômico, sendo formadopor 184 países-membros (incluindo o Brasil), com sedeem Washington, EUA.

Inicialmente, a função primordial do BIRD era apoiar areconstrução dos países europeus destruídos na 2ª GuerraMundial. Contudo, com o crescimento e a consolidação daseconomias desses países, a forma de atuação do Banco Mundialsofreu algumas alterações. A função de reconstrução do Bancoainda continua, principalmente quando países sofrem abalosoriginados por catástrofes naturais e conflitos armados, mas,atualmente, a função maior é a redução da pobreza no mundo emdesenvolvimento.

Atualmente, as missões do Banco Mundial são:

combater a pobreza a fim de obter resultados duradouros;

investir nas pessoas – serviços sociais;

proteger o meio ambiente;

incentivar o setor privado – setor comercial estável eaberto;

fortalecer a capacidade dos governos;

incentivar a reforma econômica;

multiplicar os investimentos.

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O capital do Banco é subscrito pelos países credores, naproporção de sua importância econômica. Assim sendo, por serconsiderada a maior potência econômica, os EUA participam

com a maior quantidade de recursos. Visando a ajudar nodesenvolvimento dos países mais debilitados, o BIRD utiliza essecapital financiando projetos economicamente viáveis e relevantespara o desenvolvimento (como investimentos de infra-estrutura),com taxas reduzidas de juros. Também funciona como avalista deempréstimos privados.

O Banco Mundial é a maior fonte no mundo de assistência parao desenvolvimento, proporcionando cerca de US$ 30 bilhõesanuais em empréstimos para os países-membros.

O grupo Banco Mundial é formado por cinco instituições:

Banco Internacional para reconstrução eDesenvolvimento (BIRD);

Associação Internacional de Desenvolvimento (AID);

Corporação Financeira Internacional (IFC);

Agência Multilateral de Garantia de Investimentos(AMGI);

Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobreInvestimentos (CIADI).

Estas cinco instituições têm como função maior lutar contra apobreza e melhorar o nível de vida dos habitantes dos países emdesenvolvimento e estão estreitamente relacionadas, encontrando-se sob uma única presidência. O Brasil só não faz parte daCIADI.

Por sua vez, o Banco Mundial é formado por duas dasinstituições acima citadas, a saber: o BIRD e a AID.

Segundo Seitenfus (2000, p. 160), o BIRD “apresenta um caráterambíguo”, pois:

Por um lado, utiliza técnicas de um banco comercial,pois fornece recursos financeiros aos países-membros

cobrando juros e auferindo lucros que permitem a suasustentação. Além disso, capta recursos no mercado

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Unidade 10

de capitais e nas disponibilidades oferecidas pelospaíses-membros. Por outro lado, em razão de seusobjetivos, pode ser apresentado como sendo um serviço público internacional , muito próximo das organizações

internacionais clássicas.

Por meio de garantias do Banco Mundial, do seguro da AMGIcontra riscos políticos e em parceria com os investimentospatrimoniais da IFC, os investidores conseguem minimizar osseus riscos, e passam a se sentir confortáveis para investir nospaíses em desenvolvimento e nos países que fazem a transiçãopara economias baseadas nos mercados.

Os países-membros governam o Grupo Banco Mundial peloConselho de Governadores e da Direção-executiva, que juntostomam as decisões mais importantes da instituição.

Instituições que formam o Grupo Banco Mundial

Como você viu, o Grupo Banco Mundial é formado por cincoinstituições. Conheça, agora, um pouco mais sobre estas

instituições.

Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)

O BIRD proporciona empréstimos e assistência parao desenvolvimento a países de rendas médias comcapacidade de crédito, esta última verificada a partirde seus bons antecedentes de crédito. Grande partedos fundos levantados pelo BIRD provém da venda detítulos nos mercados internacionais de capital.

O BIRD é de propriedade de todos os países-membros e onúmero de votos de um país nas decisões do banco está vinculadoa suas aportações de capital que, por sua vez, se baseiam nacapacidade econômica relativa de cada país.

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Associação Internacional de Desenvolvimento (AID)

Esta instituição foi criada em 1960 e possui 164 países-membros. Tem como finalidade a redução de pobreza, por meio de

empréstimos sem juros e outros serviços aos países mais pobres.Os fundos da AID provêm de contribuição dos seus países-membros mais ricos, inclusive alguns países em desenvolvimento,como, por exemplo, o Brasil, para levantar a maior parte dos seusrecursos financeiros. Juntos, o BIRD e a AID formam o BancoMundial.

Corporação Financeira Internacional (IFC)

A IFC, que foi instituída em 1956, mas só começou operarem 1961, tem o objetivo de promover o crescimento dospaíses em desenvolvimento por intermédio de financiamentose investimentos no setor privado e de assistência técnica ede assessoramento aos governos e empresas. Em parceriacom investidores privados, a IFC proporciona empréstimose participação acionária em negócios nos países emdesenvolvimento.

Atualmente, conta com 175 países-membros.

Agência Multilateral de Garantia a Investimentos (AMGI)

Esta instituição foi criada em 1988 e conta com 162 países-membros. Visa a estimular investimentos estrangeirosnos países em desenvolvimento, por meio de garantias ainvestidores estrangeiros contra prejuízos causados porriscos não-comerciais.

Além disso, a organização presta, mediante solicitaçãodas partes, serviços de mediação em conflitos relativos ainvestimentos.

Outra função da AMGI é prestar assistência técnica aos países, afim de que estes divulguem informações sobre oportunidades deinvestimento.

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Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobreInvestimentos(CIADI)

O CIADI foi criado em 1966 e possui 134 países-membros. Tem como função contribuir aos investimentos estrangeirosmediante procedimentos de conciliação e arbitragem, orientandona resolução dos conflitos entre os investidores estrangeiros e ospaíses-receptores.

Além disso, proporciona instalações para resolução de conflitosentre investidores estrangeiros e os seus países-anfitriões.

Adesão ao Grupo Banco Mundial

De acordo com o acordo constitutivo do BIRD, caso um paísdeseje fazer parte da organização, deverá primeiro aderir aoFundo Monetário Internacional. Além disso, para ser membro daAID, do IFC e da AMGI, o país deve ser membro do BIRD.

Procedimentos para ingresso:

solicitação de ingresso pelo país interessado;

consulta sobre subscrição – após a solicitação de ingressoe depois que o FMI tenha determinado a cota do paísnaquela instituição, o Grupo consulta as autoridadesdo país solicitante a fim de que estas verifiquem se sãoaceitáveis as subscrições correspondentes propostas peloBIRD, a AID, o CFI, e a AMGI;

análise da solicitação – após a aceitação pelo paíssolicitante das subscrições, os Diretores-executivos doBIRD e da AID e os Conselhos de Diretores da CFI eda AMGI analisam a solicitação;

recomendação de admissão – caso a análise seja positiva,os Diretores-executivos e os Conselhos de Diretoresrecomendam aos Conselhos de Governadores quese admita como membro o solicitante, nas condiçõesespecificadas, nas resoluções que serão aprovadas pelos

Conselhos de Governadores;

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 votação – normalmente realizada após seis semanasda recomendação, espera-se que o país solicitantetenha adotado as medidas necessárias para assumir as

obrigações dispostas nos acordos constitutivos e o valor aser pago das subscrições;

firmar o acordo constitutivo da organização – se por votação do Conselho de Governadores for aprovada aentrada do país solicitante, este poderá firmar o acordoconstitutivo da organização.

Estrutura institucionalA estrutura institucional do Banco Mundial possui a seguinteconfiguração:

Conselho de Governadores ou Assembléia deGovernadores;

Diretoria Administrativa;

Presidente.

A seguir, você verá um pouco sobre cada uma delas.

Conselho de governadores

O Conselho de Governadores é o principal órgão do Banco,formado por 1 (um) governador mais 1 (um) suplente,normalmente um ministro de Estado, designados pelos países-membros, para um mandato de cinco anos.

Este órgão se reúne uma vez por ano nas Reuniões Anuais doBanco Mundial, com o intuito de elaborar as políticas gerais dainstituição, tratar de questões dos membros e outros assuntosnão delegados aos Diretores-Executivos. Além disso, possui asseguintes funções:

eleger membros;

aumentar ou diminuir capital;

suspender;decidir apelações das decisões dadas pelos diretores.

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Quorum é de 2/3 do total de votos.

Diretoria Administrativa

A Diretoria Administrativa é responsável pelas atividadescotidianas do Banco Mundial, sendo composta por 24 diretoresexecutivos. Além do mais, a Diretoria é responsável por executarsuas funções com os poderes delegados pelo Conselho deGovernadores.

O acordo constitutivo do Banco determina que cinco dessesdiretores representem os países com maior número de açõesno Banco (Alemanha, Estados Unidos, França, Japão e Reino

Unido) e os outros 19 representem grupos de países (jurisdiçãoou constituency ); cada qual é eleito por um país ou um grupo depaíses a cada dois anos.

A Diretoria-executiva da constituency  integrada pelo Brasil écomposta por mais 7 países (Colômbia, Equador, Filipinas,Haiti, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago).

Os diretores-executivos se reúnem duas vezes por semana em Washington para aprovar projetos e revisar as operações e aspolíticas do Banco.

Presidente

O Presidente do Grupo Banco Mundial também presidirá aDiretoria-executiva do Banco Mundial. Ademais, preside ascinco agências do Grupo Banco Mundial. Enquanto presidir aDireção não possuirá direito a voto.

A eleição do Presidente é realizada pela Diretoria-Executiva,tendo o mandato inicial cinco anos, e um segundo mandatopode ter até cinco anos.

A princípio, apesar do acordo constitutivo do Banconão especificar a nacionalidade do Presidente,tradicionalmente, o Diretor-executivo dos EstadosUnidos faz a indicação. Há um acordo informaldeterminando que o Presidente do Banco Mundialseja um cidadão dos EUA, ao passo que o Diretor-gerentedo FMI é cidadão de um país europeu.

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Os recursos

O BIRD e a IFC fazem empréstimos, respectivamente para

países em desenvolvimento e para empresas privadas. Parafinanciar os empréstimos, essas instituições emitem títulos quesão comprados por uma ampla gama de investidores privados einstitucionais, principalmente nos países desenvolvidos.

Quase todos os fundos do BIRD são levantados nos mercadosde capitais do mundo por meio da emissão de títulos. Estestítulos possuem classificação AAA – a mais alta possível– possibilitando ao Banco captar recursos em termos favoráveis e

repassar as baixas taxas de juros aos mutuários. A fim de manteresta classificação, o Banco mantém uma disciplina fiscal rígida.

Além dos títulos, o banco conta com o apoio dos acionistas, ouseja, de seus países-membros. Atualmente, o Banco tem US$ 178bilhões como “obrigações de capital reembolsável” que poderãoser requeridos de seus acionistas como reservas, caso venha aser necessário para honrar as obrigações de crédito (títulos) ougarantias, contudo, nunca foi preciso requerer esses recursos.

Normalmente, ao final do ano fiscal, o Banco Mundial temrecursos excedentes (lucro), resultado das taxas de juros de algunsde seus empréstimos e das taxas cobradas por alguns de seusserviços. Uma parte desse excedente vai para a AID e o restante éusado para redução de dívidas e reservas financeiras.

Os financiamentos

O Banco Mundial oferece diversos tipos de financiamento aprojetos para reduzir a pobreza e proporcionar o desenvolvimento.Esses financiamentos abarcam tanto os empréstimos concedidospelo BIRD como os créditos e doações concedidos pela AID.

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De acordo com o convênio constitutivo do BIRD, esta instituiçãofaz empréstimos somente a governos (federal, estadual oumunicipal) ou às agências e órgãos controlados por eles (sempre

com aval da União). No caso do Brasil, os financiamentos doBanco Mundial são coordenados pela Secretaria de AssuntosInternacionais do Ministério do Planejamento, Orçamentoe Gestão (SEAIN-MPO). Estados e municípios contatam aSEAIN para iniciar o processo.

 Já as empresas e outras organizações da iniciativa privada podemrecorrer à Corporação Financeira Internacional (IFC).

A princípio, é estabelecido um limite de US$ 14,5 bilhões em

empréstimos totais do Banco para cada país.Se por ventura um país deixar de realizar um pagamento,o Banco Mundial poderá, após 30 dias, suspender novosempréstimos em preparação. Passados 60 dias do não-pagamento,o Banco poderá interromper os desembolsos para os empréstimosem curso para o país inadimplente.

O Banco Mundial oferece dois tipos básicos de instrumentos definanciamento:

empréstimos de investimento;

empréstimos de ajuste.

Empréstimos de investimento

Os empréstimos de investimento têm um enfoquede longo prazo (cinco a dez anos) e financiambens, obras e serviços no contexto de projetos

de desenvolvimento social e econômico emdiversos setores. Nas últimas décadas, esse tipo deempréstimo representou 75% a 80% do total definanciamentos do Banco Mundial.

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Empréstimos para políticas de desenvolvimento

Os empréstimos para políticas de desenvolvimento (DPL na siglaem inglês) têm um enfoque de curto prazo (um a três anos) e

oferecem financiamento externo de desembolso rápido em apoioa reformas estruturais em um setor ou na economia como umtodo. Esses empréstimos apóiam as mudanças institucionais ede políticas necessárias para a criação de um ambiente que leveao crescimento sustentado e eqüitativo. Nas últimas décadas,esse tipo de empréstimo representou 20% a 25% do total definanciamentos do Banco Mundial.

Os DPLs foram inicialmente desenvolvidos para oferecer apoio a

reformas de políticas macroeconômicas, incluindo reformas naspolíticas comerciais e agrícolas. Ao longo dos anos eles evoluírampara um enfoque sobre reformas estruturais, do setor financeiro edas políticas sociais, além da melhoria na administração pública.Atualmente, as operações têm os seguintes propósitos gerais:

promover estruturas competitivas de mercado (porexemplo, reformas legais e de regulamentação);

corrigir distorções em regimes de incentivos (reformas

tributárias e comerciais);estabelecer monitoramento e salvaguardas adequadas(reforma de setor financeiro);

criação de um ambiente que promova o investimentoprivado (reforma do judiciário, adoção de código deinvestimentos moderno);

encorajar as atividades do setor privado (privatizações eparcerias público-privadas);

promover a boa governança (reforma do serviço público);

mitigar efeitos adversos de curto prazo dos ajustes(estabelecimento de fundos de proteção social).

Sobre esses empréstimos, inclusive disponibilidade,forma de desembolso e instrumentos, veja o site doBanco disponível em (http://www.obancomundial.org/index.php/content/view_folder/185.html).

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 Todos os empréstimos do Banco Mundial estão relacionados aum projeto que, por sua vez, possui um ciclo, denominado de“ciclo de projetos”. Este ciclo ‘e composto das seguintes fases:

identificação do projeto;

preparação do projeto;

avaliação do projeto;

negociação e apresentação à Diretoria-executiva doBanco;

implementação e supervisão;

avaliação ex-post  do projeto.

Para conhecer as fases deste ciclo, o objetivo, aresponsabilidade e o desenvolvimento de cada uma,veja o site do Banco Mundial disponível em (http://www.obancomundial.org/index.php/content/view_document/434.html).

Voto

De acordo com o Estatuto Constitutivo do Banco, cada paísdeve subscrever obrigações de capital reembolsável que poderãoser requeridas de seus acionistas como reserva, caso venha a sernecessário.

O valor dessas subscrições depende do tamanho da economia do

país. Esses recursos determinam aproximadamente o peso dos votos de cada país na Diretoria Executiva.

Assim como no FMI, o processo de decisão do Banco Mundialse dá mediante o voto ponderado. Cada país-membro tem 250 votos mais os votos correspondentes às partes de capital.

O Brasil possui 1,67% do capital do Banco e sua jurisdição possui3,17% dos votos da Organização.

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Síntese

Nesta unidade, você aprendeu sobre as duas principaisorganizações internacionais que influenciam no sistemafinanceiro e monetário internacional - o FMI e o BancoMundial.

Estas duas instituições foram criadas na Conferência de Bretton Woods, sendo que, na época, a principal função do FMI eramanter estável o sistema internacional de câmbios, enquanto a doBanco Mundial era proporcionar financiamentos para reconstruir

os países devastados pela guerra.

Conheceu com mais profundidade os objetivos, a forma deadministração, o processo de votação e os tipos de empréstimosconcedidos por cada uma das Organizações.

Atividades de auto-avaliação

1) Estabeleça uma diferença entre o BIRD e a IFC (Corporação FinanceiraInternacional), explicando-a.

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2) Qual órgão do FMI decide se aprova ou não um empréstimo a um país?Explique.

3) O que é o Banco Mundial e quais as organizações que fazem parte dele?

4) O Banco Mundial e o FMI possuem votação por consenso ou por peso?Explique.

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5) Diga se frase a seguir está correta ou errada explicando sua resposta: “odireito especial de saque, o DES, é um tipo de empréstimo concedidopelo Banco Mundial.”.

6) Como se dá o estabelecimento do número de quotas dos países dentrodo Banco Mundial? Explique qual a importância do número de quotas?

7) Cite, explique e dê um exemplo (pode ser fictício) de um tipo deempréstimo concedido pelo FMI aos países-membros.

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Para concluir o estudo

Caro aluno,

Após esta breve jornada na área de Direito InternacionalEconômico (DIE), você chegou ao seu destino final.

Ao longo desta disciplina, você pôde conhecer a origem

e a importância do DIE. Aprendeu, também, conceitose definições de institutos jurídicos relevantes às relaçõeseconômicas internacionais.

No comércio internacional, entende-se que as barreirastarifárias devem ser diminuídas, permitindo a eficienteaplicação da teoria das vantagens competitivas. Contudo,os Estados, por diversos motivos, acabam por imporoutras barreiras mais sutis, como, por exemplo, asmedidas sanitárias e barreiras técnicas, necessitando,assim, de normas internacionais que regulamentem aaplicação tanto das barreiras tarifárias como das não-tarifárias.

Porém, as relações econômicas internacionais não seresumem ao comércio internacional, outras questõesde fundamental importância devem ser observadase reguladas pelo Direito Internacional Econômico,como, por exemplo, os investimentos internacionais e as

questões referentes ao pagamento internacional e taxas decâmbio das moedas nacionais.

E o que isso tem a ver com você? Tudo! Pois, ainda queestejamos falando de “Estados”, em regra, quem participadas trocas econômicas internacionais são os operadoreseconômicos que não são a priori  os Estados, mas simindivíduos e empresas.

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Assim, as normas de Direito Internacional Econômico afetamdiretamente os operadores econômicos e o sucesso de seusinteresses e negócios. Os administradores devem estar conscientes

do efeito destas normas em seus negócios, permitindo, assim, adefesa de seus interesses e de sua empresa.

Por fim, resta deixar claro que o que você “viu” e “viveu” nestabreve jornada é só a ponta de um iceberg , pois ainda há muitopara ser estudado. Portanto, de acordo com suas necessidades eobjetivos, é importante que se aprofunde no estudo do DIE.

Bem, ficamos por aqui. Até mais e boa sorte!

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Sobre a professora conteudista

Larissa Miguel da Silveira 

Mestre em Relações Internacionais pela Universidadedo Sul de Santa Catarina (UNISUL) e Especialistaem Direito da Economia e da Empresa pela FundaçãoGetúlio Vargas, bacharel em Direito pela Universidade

do Vale do Itajaí. Leciona na Universidade do Sul deSanta Catarina nos cursos de Relações Internacionaise Direito as disciplinas de Direito InternacionalEconômico, Direito Internacional e Direito Civil.Advoga em causas, cujo objeto são controvérsias nas áreascivil, empresarial e comércio internacional.

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Respostas e comentários dasatividades de auto-avaliação

Unidade 1

1) Trata-se da característica conhecida como “direito quadro”.Como foi visto, a maioria das normas do DIE são generalistase amplas, sendo que dificilmente se encontram dispostas

em detalhes. Assim, a norma geral (internacional) passa aser detalhada dentro da legislação interna (nacional) dospaíses. Como se pode observar no artigo, fica determinadoque algumas medidas deverão ser tomadas pelos própriosEstados por meio da “adoção ou emenda de medidasnacionais legislativas ou administrativas” visando a “criar efortalecer sua infra-estrutura e suas instituições nacionais paragarantir a eficaz implementação da presente Convenção”.Neste exemplo, a norma internacional não diz quais são essasmedidas, devendo cada Estado estudar e implantar aquelasque acreditar serem necessárias.

2) Nesta questão, espera-se que você consiga, com suaspróprias palavras, explicar como e por que nasceu o DireitoInternacional Econômico.

3) O objetivo desta questão é que você explique com suaspróprias palavras em que consiste a característica dasalvaguarda e dê um exemplo (que pode ser fictício ou real)

de uma cláusula de salvaguarda de um tratado internacionalque tenha como objetivo regular uma questão referente àsrelações econômicas internacionais.

4) Aqui o seu enfoque deve estar no fato de que apesar de seremos Estados e as Organizações Internacionais que estabelecemas normas de DIE, os principais sujeitos envolvidos nas trocasinternacionais são os operadores econômicos, ou seja, osindivíduos e as empresas.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Unidade 2

1) O Protocolo de Rios é:

  a) um compromisso arbitral, pois foi um tratado secundário formalizadoapós a existência do Acordo Constitutivo (principal) da OrganizaçãoInternacional OLCAL;

  b) um tribunal institucional, pois o protocolo criou uma instituiçãoarbitral (Tribunal Arbitral de Rota) que irá administrar e decidir,de acordo com suas próprias regras, os conflitos oriundos dentro daOLCAL.

2) Trata-se dos bons ofícios, pois houve a intervenção de um terceiro

(Portugal) que atuou de maneira meramente instrumental (apenasaproximou Brasil e Grã-Bretanha).

3) O ato praticado pelo país “A” foi ilegal, pois descumpriu com adeterminação da OL de que os países imponham qualquer tipo debarreira de entrada de produtos estrangeiros.

  As sanções aplicadas por “B” e “C” são classificadas como represália,pois foram atos contrários ao Direito (o de “A” em impor barreiras e de“B” e “C” por aplicarem, unilateralmente, sanções econômicas quando

deveriam fazê-lo somente após decisão proferida pelo Tribunal Arbitralda OL).

  A sanção aplicada pelo país “B” foi o bloqueio pacífico enquanto a de“C” foi o embargo.

4) Semelhança: tanto na mediação como nos bons ofícios há aintervenção de um terceiro.

  Diferença: enquanto nos bons ofícios a intervenção é meramente

instrumental, ou seja, o terceiro apenas aproxima os envolvidos e nãointerfere no objeto do conflito, na mediação a intervenção é direta, poiso terceiro irá aproximar as partes, interar-se-á do conflito e dos motivosde cada uma das partes envolvidas, dando possíveis soluções para alide.

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Comércio Exterior II

Unidade 3

1) A OMC diferencia sim os acordos multilaterais dos plurilaterais. Osacordos multilaterais são aqueles firmados e de obrigatoriedade

para todos os países membros, enquanto os acordos plurilateraissão aqueles firmados por alguns membros tornando-se obrigatóriosomente para estes.

2) A maioria das decisões da OMC não é tomada pelo “voto por peso”, maspor consenso (todos os países concordam com o objeto da decisão).Ainda assim, quando a decisão é por voto, esta não se dá pelo “voto porpeso”, haja vista que cada país tem direito a 1 (um) voto, independentede seu grau de desenvolvimento econômico. Este método de votação

permite um equilíbrio no que tange aos interesses de cada país-membro, pois todos têm o mesmo poder de voto.

3) Esta questão divide-se em duas problemáticas. Em um primeiromomento, você deverá dizer e explicar quais são os dois princípios quedisciplinam a não-discriminação (nação mais favorecida – qualquerbenefício concedido por um Estado-membro a outro deverá serestendido a todos os demais; tratamento nacional – os Estados-membros não poderão dispensar tratamento diferente entre os

produtos nacionais e os produtos importados após ingressarem emseu território). No outro, você deverá trazer dois exemplos para cadaum dos princípios, podendo ser eles fictícios ou reais. Para tanto, façapesquisa em livros e artigos, bem como em reportagens de jornais erevistas.

4) O órgão da OMC responsável por fiscalizar as políticas comerciaisde cada país-membro é o Órgão de Revisão da Política Comercial,formado pelo Conselho Geral (os governos são representadospelos embaixadores permanentes dos Estados em Genebra, ou por

delegados das missões), só que com mandato (função) diferente. Afiscalização é importante, pois traz segurança jurídica , haja vista quepermite que a OMC observe se os países-membros estão cumprindo asobrigações por eles assumidas, permitindo, ainda, que o princípio datransparência se torne, de fato, efetivo.

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Comércio Exterior II

5) Nesta questão, você deverá fazer uma síntese das principais mudançasque ocorreram no sistema de solução de controvérsias do GATT paraa OMC. Com base nestes dados, você terá subsídios para afirmar ounegar se o sistema de solução de controvérsias da OMC é fundamental

no sistema multilateral de comércio, explicando e fundamentando suaresposta.

 

6) De acordo com o ESC, só os Estados-membros podem oficializar umareclamação perante a OMC. Resta aos indivíduos e às empresas, quenormalmente são os mais afetados pelo descumprimento das normasda OMC, exercerem influência ou pressão nos seus governos, a fim deque este inicie o procedimento de solução de controvérsias da OMC.

Unidade 5

1) Nesta questão, você deverá trazer dois exemplos para cada um dosprincípios mencionados, lembrando que deverão estar relacionadosao comércio de bens, podendo ser eles fictícios ou reais. Para tanto,faça pesquisa em livros e artigos, podendo, inclusive, ser feita emreportagens. Ademais, procure não repetir os exemplos citados noexercício da unidade 3.

2) Por serem barreiras ao comércio internacional, a OMC procurouestabelecer regras para a aplicação dessas medidas. Assim sendo, paraque as medidas sanitárias ou fitossanitárias sejam aplicadas, os Estadosdeverão aplicá-las quando servirem para:

proteger a vida animal e vegetal dentro do território do país-membro dos riscos surgidos da entrada, contaminação edisseminação de pestes, doenças, organismos contaminados oucausadores de doenças;

proteger a vida e a saúde do ser humano e dos rebanhos animaisdentro do território do país-membro de riscos surgidos deaditivos, contaminantes, toxinas ou organismos causadores dedoenças em alimentos, bebidas ou rações;

proteger vida e saúde do ser humano dentro do território dopaís-membro de riscos provenientes de doenças portadas poranimais, plantas ou produtos derivados, decorrentes da entrada,contaminação ou disseminação de pestes.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Além disso, os Estados:

não poderão fazer qualquer discriminação quando da suaaplicação, observando-se, portanto, o princípio da nação maisfavorecida e do tratamento nacional; e

deverão basear estas medidas em princípios científicos, ouseja, deve ser comprovado cientificamente que aquela medidaé necessária para proteger a vida vegetal, animal e dos sereshumanos conforme disposto acima.

3) As salvaguardas são medidas aplicadas pelos Estados-membrosbuscando defender, por um período determinado, a indústriadoméstica que esteja sofrendo dano grave ou ameaça de dano gravedecorrente do aumento, em quantidade, das importações oriundas de

outro Estado-membro.

  Durante o processo interno de investigação para verificar a necessidadeda aplicação da salvaguarda, deverá ser dada a oportunidade para queo Estado de onde se origina os produtos importados possa discutir aaplicação de eventual medida compensatória por ele contra o Estadoque aplica a salvaguarda.

Em relação ao exemplo, este deve ser verídico e você deverá realizaruma pesquisa em livros, jornais, revista ou mesmo na internet ,informando a fonte.

4) Nesta questão, você deverá informar se a OMC considera o dumping ilegal baseando-se no fato de que a organização não emite nenhumaopinião sobre a legalidade ou não do dumping, porém, permite que,se houver dano ou ameaça de dano causado pelo dumping, os Estadosapliquem direitos antidumping. Com esta constatação, você deveráopinar sobre a posição da OMC e justificar sua posição.

5) A lista de concessão estabelece as tarifas que cada Estado-membroaplica sobre um produto que entre em seu território, originado deoutro Estado-membro.

A lista de concessão é formada por intermédio de negociaçõesbilaterais e multilaterais de um membro com seus principais parceiroscomerciais visando à redução tarifária. A partir do momento em que atarifa é aprovada, passa a ser aplicada aos demais membros por meiodo princípio da Nação Mais Favorecida.

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Comércio Exterior II

6) Medida ou direito antidumping é o direito que um Estado-membro temde impor restrições às importações realizadas a preços de dumping,com o objetivo de neutralizar seus efeitos danosos à indústria nacional.Ela somente poderá ser aplicada após um processo investigativo, que

assegure o direito ao contraditório (defesa) do Estado ofensor e que,ao final da investigação seja comprovado a existência do dumping, dodano ou da ameaça de dano e do nexo de casualidade existente entreos dois elementos anteriores.

No curso da investigação, se houver provas suficientes sobre odumping, o dano ou ameaça de dano e o nexu causal  entre eles, oEstado poderá aplicar um direito antidumping provisório. A definiçãodo direito antidumping provisório é o mesmo que o definitivo,diferenciando-se no fato de ser aplicado durante a investigação.

7) Nesta questão, você deverá observar a definição do dumping e dosubsídio e encontrar ali as distinções entre esses dois institutos,explicando-as. A seguir, você deverá dar dois exemplos de dumping edois de subsídios, pesquisando em revistas e ou periódicos, indicando afonte no final.

Unidade 6

1) Nesta questão, você deve observar as informações relativas aocrescimento do comércio de serviços no mundo. Além disso, deveráfazer uma análise dos objetivos do GATS e sua correspondência como desenvolvimento econômico do Brasil, levando em conta o grau dodesenvolvimento atual do Brasil e a importância deste setor para oEstado brasileiro.

2) Aqui, para você citar os exemplos pedidos, você deverá observaras obrigações dos Estados e a lista citada como exemplo naunidade, direcionando sua resposta para o setor de serviços emtelecomunicações.

3) A resposta correta é àquela contida na última opção.

4) Nesta questão, você deverá pesquisar sobre exemplos de tipos desubsídios que podem restringir ou distorcer o comércio de serviços.

5) Nesta questão você, com base nas definições dos modos de prestaçãode serviços internacionais e em pesquisa, deverá trazer dois exemplossobre cada um dos modos.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

6) Nesta questão você deverá pesquisar e transcrever sobre umcompromisso específico de um setor ou subsetor no Brasil. Sugiro quebusque esta informação no site do Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio (www.mdic.gov.br).

Unidade 7

1) Nesta questão, você irá definir, com suas próprias palavras, os direitosde propriedade intelectual com base nas informações contidas naunidade.

2) Nesta questão, você irá informar e explicar com suas próprias palavras e

com base nas informações contidas na unidade que relação existe entreo TRIPs da OMC com outros acordos internacionais de propriedadeintelectual, como o Convênio de Paris e o de Berna.

3) Como nas outras questões, nesta você irá, com suas próprias palavrase com base nas informações trazidas na unidade 7, explicar se o TRIPsexige que as normas de proteção à propriedade intelectual nos países-membros sejam idênticas. Não esqueça que o TRIPs é um típico direitoquadro, ou seja, dispõe sobre o tema de forma generalista, indicandoque os países, nos limites estabelecidos, legislem sobre a propriedadeintelectual.

Unidade 8

1) Nesta questão, você deverá trazer dois exemplos sobre medidas comefeitos restritivos e distorcidos do comércio (uma relativa ao tratamentonacional e outra em relação à eliminação de restrições quantitativas),podendo ser eles fictícios ou reais. Além disso, você deverá explicar

como cada uma dessas medidas poderão distorcer ou restringir ocomércio internacional de mercadorias (bens). Para tanto, deverá levarem conta o que são essas medidas e fazer uma pesquisa em livros eartigos, podendo, inclusive, ser feita em reportagens.

2) O objetivo desta questão é que você explique com suas própriaspalavras como o Acordo sobre Medidas de Investimento (TRIMs)pode interferir na política de desenvolvimento dos países menosdesenvolvidos. Lembre-se que, durante muito tempo, os países,visando ao desenvolvimento interno, exigiam que as empresasinternacionais que se instalassem aqui utilizassem commodities nacionais na sua produção. Estas medidas passaram a ser proibidaspelo TRIMs, interferindo na política de desenvolvimento dos países.

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Comércio Exterior II

Unidade 9

1) O objetivo desta questão é que você consiga compreender o que sãoos sistemas financeiro e o monetário internacional. Lembre-se que

o sistema financeiro internacional é mais abrangente e engloba asquestões relativas ao câmbio e à balança de pagamentos objeto dosistema monetário, estando, portanto, este último abrangido pelosistema financeiro internacional.

2) Aqui o seu enfoque devem ser as diferenças entre as duas últimas fasesda evolução do sistema financeiro e monetário internacional (BrettonWoods e globalização financeira). Procure centrar-se nas diferençasdos dois sistemas e, com o conhecimento que você adquiriu emdisciplinas anteriores (Análise Econômica, Fundamentos Econômicose Economia Internacional), dê sua opinião sobre como cada umdeles afeta o desenvolvimento econômico (crescimento econômicoassociado às preocupações sociais) dos países, principalmente os emdesenvolvimento e os menos desenvolvidos.

3) Para esta questão, você terá disponibilizado no AVA (midiateca) o textomencionado. Fará uma breve citação dos argumentos realizados pelosautores e analisará criticamente cada uma das posições, aceitando umadelas ou nenhuma, explicando sua resposta.

Unidade 10

1) Nesta questão, você deverá levar em conta que a diferença entreestas duas instituições está não no objetivo (ambos visam aodesenvolvimento dos países em desenvolvimento), mas sim na formacomo atingem este objetivo, pois enquanto o BIRD proporcionaempréstimos e assistência aos países (Estados e órgãos públicos – setorpúblico), a IFC proporciona financiamentos e investimentos no setorprivado e de assistência técnica e de assessoramento aos governos(setor público) e empresas (privado).

2) Cabe à Diretoria-executiva do FMI a aprovação à concessão deempréstimos aos países, pois a DE tem como função realizar asatividades cotidianas da organização.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

3) O Banco Mundial é uma organização internacional multilateral quevisa a promover financiamentos para o desenvolvimento social eeconômico dos países-membros menos desenvolvidos. É formadapelo BIRD (promove empréstimos aos países com renda média e com

capacidade de crédito) e pela AID (promove empréstimos aos paísesmais pobres).

4) Ambas as instituições possuem o sistema de votação por peso(ponderado), ou seja, não prevalece o princípio básico da igualdadeentre os Estados do DIP, pois as decisões serão tomadas conforme aquantidade de quotas do país dentro da organização, quanto maisquotas maior o peso do voto. Frisa-se que nas duas organizações asquotas são estabelecidas conforme o grau de desenvolvimento do país,quanto mais desenvolvido mais quotas terá e maior será o peso de seuvoto.

5) A frase esta errada. O DES não é um tipo de empréstimo, mas sim umativo (moeda). Ademais, não está relacionado com o Banco Mundial,mas sim com o FMI, que o estabelece.

6) As quotas no Banco Mundial estão estabelecidas conforme aimportância econômica do Estado-membro. Assim sendo, quanto

maior seu poder econômico maior será seu número de quotas (veja aquestão da subscrição do capital do Banco). A quantidade de quotasque um país possui é de fundamental importância no Banco Mundial,pois determinará o peso de seu voto nas decisões da organização.Assim sendo, quanto mais quotas tiver maior será o peso de seu votonas tomadas de decisão do Banco.

7) Nesta questão, você criará um exemplo (caso) fictício ou real daconcessão de um dos tipos de empréstimos do FMI para um membro,

explicando a situação em que esse empréstimo foi concedido.

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