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DIREITO ELEITORAL Prof. Karina Jaques Partidos Políticos Coligações Partidárias. Infidelidade Partidária. Parte 2.

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DIREITO ELEITORAL

Prof. Karina Jaques

Partidos Políticos

Coligações Partidárias. Infidelidade Partidária. Parte 2.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Infidelidade Partidária pode ocorrer quando há a violaçãoaos estatutos do partido político, consistindo nodescumprimentos dos deveres do filiado ao partido.

O filiado ao partido, detentor ou não de mandato eletivo,apesar da sua liberdade de consciência política deveacatar aos ditames do partido, sob pena de sofrersanções, desde que dispostas expressamente no estatutodo partido. A própria CF/88 disciplina sobre a fidelidade edisciplina partidárias.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

O artigo 17, § 1º da Constituição Federal, estabelece aospartidos a função de instituir normas de fidelidade edisciplinas partidárias, assegura e dá a eles autonomiapara definir sua estrutura interna e organização efuncionamento, devendo cada partido em seus estatutosdispor sobre fidelidade e disciplinas partidárias.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Destaca-se que o princípio da legalidade partidária impõea tipicidade quanto aos fatos ensejadores de hipóteses deinfidelidade partidária devem estar expressos nosestatuto do partido, sob pena de não incidir nenhumasanção.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

O Tribunal Superior Eleitoral editou a Resolução-TSE nº22.610/07, depois alterada pela Resolução-TSE nº22.733/08 que disciplina o processo de perda de cargoeletivo e de justificação de desfiliação partidária.

De acordo com a resolução, o partido político interessadopode pedir, na Justiça Eleitoral, a decretação da perda decargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária semjusta causa.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Considera-se justa causa a incorporação ou fusão dopartido, a criação de novo partido, a mudança substancialou o desvio reiterado do programa partidário e a gravediscriminação pessoal.

Podem formular o pedido de decretação de perda do cargoeletivo o partido político interessado, o Ministério PúblicoEleitoral e aqueles que tiverem interesse jurídico, de acordocom a norma.

O TSE é competente para processar e julgar pedido relativoa mandato federal. Nos demais casos, a competência é doTribunal Eleitoral do respectivo estado.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

O art. 22-A da Lei 9096/95, incluído pela Lei 13.165/2015,dispõe que perderá o mandato aquele que se desfiliar semjusta causa, e disciplina os casos de justa causa, nos quaisnão há a perda do mandato.

Também sobre o tema devemos citar a janela eleitoralcriada pela EC 91/2016, que permite aos detentores demandato eletivo, nos trinta dias seguintes à promulgação daemenda, a mudança de partido sem perda do mandato.

Vejamos os três instrumentos normativos:

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

RESOLUÇÃO Nº 22.610/2007

Art. 1º - O partido político interessado pode pedir, perante aJustiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo emdecorrência de desfiliação partidária sem justa causa.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

§ 1º - Considera-se justa causa:

I) incorporação ou fusão do partido;

II) II) criação de novo partido;

III) mudança substancial ou desvio reiterado do programapartidário;

IV) grave discriminação pessoal.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

§ 2º - Quando o partido político não formular o pedidodentro de 30 (trinta) dias da desfiliação, pode fazê-lo, emnome próprio, nos 30 (trinta) subseqüentes, quem tenhainteresse jurídico ou o Ministério Público eleitoral.

§ 3º - O mandatário que se desfiliou ou pretenda desfiliar-se pode pedir a declaração da existência de justa causa,fazendo citar o partido, na forma desta Resolução.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 2º - O Tribunal Superior Eleitoral é competente paraprocessar e julgar pedido relativo a mandato federal; nosdemais casos, é competente o tribunal eleitoral dorespectivo estado.

Art. 3º - Na inicial, expondo o fundamento do pedido, orequerente juntará prova documental da desfiliação,podendo arrolar testemunhas, até o máximo de 3 (três), erequerer, justificadamente, outras provas, inclusiverequisição de documentos em poder de terceiros ou derepartições públicas.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 4º - O mandatário que se desfiliou e o eventual partidoem que esteja inscrito serão citados para responder noprazo de 5 (cinco) dias, contados do ato da citação.Parágrafo único – Do mandado constará expressaadvertência de que, em caso de revelia, se presumirãoverdadeiros os fatos afirmados na inicial.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 5º - Na resposta, o requerido juntará provadocumental, podendo arrolar testemunhas, até o máximode 3 (três), e requerer, justificadamente, outras provas,inclusive requisição de documentos em poder de terceirosou de repartições públicas.

Art. 6º - Decorrido o prazo de resposta, o tribunal ouvirá,em 48 (quarenta e oito) horas, o representante doMinistério Público, quando não seja requerente, e, emseguida, julgará o pedido, em não havendo necessidade dedilação probatória.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 7º - Havendo necessidade de provas, deferi-las-á oRelator, designando o 5º (quinto) dia útil subseqüente para,em única assentada, tomar depoimentos pessoais e inquirirtestemunhas, as quais serão trazidas pela parte que asarrolou.

Parágrafo único – Declarando encerrada a instrução, oRelator intimará as partes e o representante do MinistérioPúblico, para apresentarem, no prazo comum de 48(quarenta e oito) horas, alegações finais por escrito.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 8º - Incumbe aos requeridos o ônus da prova de fatoextintivo, impeditivo ou modificativo da eficácia do pedido.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 9º - Para o julgamento, antecipado ou não, o Relatorpreparará voto e pedirá inclusão do processo na pauta dasessão seguinte, observada a antecedência de 48 (quarentae oito) horas. É facultada a sustentação oral por 15 (quinze)minutos.

Art. 10 - Julgando procedente o pedido, o tribunal decretaráa perda do cargo, comunicando a decisão ao presidente doórgão legislativo competente para que emposse, conforme ocaso, o suplente ou o vice, no prazo de 10 (dez) dias.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 11 - São irrecorríveis as decisões interlocutórias doRelator, as quais poderão ser revistas no julgamento final,de cujo acórdão cabe o recurso previsto no art. 121, § 4º,da Constituição da República.

Art. 12 - O processo de que trata esta Resolução seráobservado pelos tribunais regionais eleitorais e terápreferência, devendo encerrar-se no prazo de 60 (sessenta)dias.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 13 - Esta Resolução entra em vigor na data de suapublicação, aplicando-se apenas às desfiliações consumadasapós 27 (vinte e sete) de março deste ano, quanto amandatários eleitos pelo sistema proporcional, e, após 16(dezesseis) de outubro corrente, quanto a eleitos pelosistema majoritário.

Parágrafo único – Para os casos anteriores, o prazo previstono art. 1º, § 2º, conta-se a partir do início de vigência destaResolução.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Lei 9096/95 – Filiação Partidária

Art. 16. Só pode filiar-se a partido o eleitor que estiver nopleno gozo de seus direitos políticos.

Art. 17. Considera-se deferida, para todos os efeitos, afiliação partidária, com o atendimento das regrasestatutárias do partido.

Parágrafo único. Deferida a filiação do eleitor, será entreguecomprovante ao interessado, no modelo adotado pelopartido.

Art. 18. (Revogado pela Lei nº 13.165, de 2015)

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 19. Na segunda semana dos meses de abril e outubrode cada ano, o partido, por seus órgãos de direçãomunicipais, regionais ou nacional, deverá remeter, aosjuízes eleitorais, para arquivamento, publicação ecumprimento dos prazos de filiação partidária para efeito decandidatura a cargos eletivos, a relação dos nomes de todosos seus filiados, da qual constará a data de filiação, onúmero dos títulos eleitorais e das seções em que estãoinscritos.(Redação dada pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997)

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

§ 1º Se a relação não é remetida nos prazos mencionadosneste artigo, permanece inalterada a filiação de todos oseleitores, constante da relação remetida anteriormente.

§ 2º Os prejudicados por desídia ou má-fé poderãorequerer, diretamente à Justiça Eleitoral, a observância doque prescreve o caput deste artigo.

§ 3o Os órgãos de direção nacional dos partidos políticosterão pleno acesso às informações de seus filiadosconstantes do cadastro eleitoral. (Incluído pela Lei nº12.034, de 2009)

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 20. É facultado ao partido político estabelecer, em seuestatuto, prazos de filiação partidária superiores aosprevistos nesta Lei, com vistas a candidatura a cargoseletivos.

Parágrafo único. Os prazos de filiação partidária, fixados noestatuto do partido, com vistas a candidatura a cargoseletivos, não podem ser alterados no ano da eleição.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 21. Para desligar-se do partido, o filiado fazcomunicação escrita ao órgão de direção municipal e ao JuizEleitoral da Zona em que for inscrito.

Parágrafo único. Decorridos dois dias da data da entrega dacomunicação, o vínculo torna-se extinto, para todos osefeitos.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 22. O cancelamento imediato da filiação partidáriaverifica-se nos casos de:

I - morte;

II - perda dos direitos políticos;

III - expulsão;

IV - outras formas previstas no estatuto, com comunicaçãoobrigatória ao atingido no prazo de quarenta e oito horas dadecisão.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

V - filiação a outro partido, desde que a pessoa comunique ofato ao juiz da respectiva Zona Eleitoral. (Incluído pela Leinº 12.891, de 2013)

Parágrafo único. Havendo coexistência de filiaçõespartidárias, prevalecerá a mais recente, devendo a JustiçaEleitoral determinar o cancelamento das demais. (Redaçãodada pela Lei nº 12.891, de 2013)

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 22-A. Perderá o mandato o detentor de cargo eletivoque se desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foieleito. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Parágrafo único. Consideram-se justa causa para adesfiliação partidária somente as seguinteshipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

I - mudança substancial ou desvio reiterado do programapartidário; (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

II - grave discriminação política pessoal; e (Incluído pela Leinº 13.165, de 2015)

III - mudança de partido efetuada durante o período detrinta dias que antecede o prazo de filiação exigido em leipara concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, aotérmino do mandato vigente. (Incluído pela Lei nº 13.165,de 2015)

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Lei 9096/95 - Fidelidade e da Disciplina Partidárias

Art. 23. A responsabilidade por violação dos deverespartidários deve ser apurada e punida pelo competenteórgão, na conformidade do que disponha o estatuto de cadapartido.

§ 1º Filiado algum pode sofrer medida disciplinar ou puniçãopor conduta que não esteja tipificada no estatuto do partidopolítico.

§ 2º Ao acusado é assegurado amplo direito de defesa.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 24. Na Casa Legislativa, o integrante da bancada departido deve subordinar sua ação parlamentar aosprincípios doutrinários e programáticos e às diretrizesestabelecidas pelos órgãos de direção partidários, na formado estatuto.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 25. O estatuto do partido poderá estabelecer, além dasmedidas disciplinares básicas de caráter partidário, normassobre penalidades, inclusive com desligamento temporárioda bancada, suspensão do direito de voto nas reuniõesinternas ou perda de todas as prerrogativas, cargos efunções que exerça em decorrência da representação e daproporção partidária, na respectiva Casa Legislativa, aoparlamentar que se opuser, pela atitude ou pelo voto, àsdiretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãospartidários.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Art. 26. Perde automaticamente a função ou cargo queexerça, na respectiva Casa Legislativa, em virtude daproporção partidária, o parlamentar que deixar o partidosob cuja legenda tenha sido eleito.

Partidos Políticos – Coligações e Infidelidade Partidária.

Emenda 91 de 18 de fevereiro de 2016 – Janela Eleitoral

Art. 1º É facultado ao detentor de mandato eletivo desligar-se do partido pelo qual foi eleito nos trinta dias seguintes àpromulgação desta Emenda Constitucional, sem prejuízo domandato, não sendo essa desfiliação considerada para finsde distribuição dos recursos do Fundo Partidário e de acessogratuito ao tempo de rádio e televisão.