direito econômico para concursos - leonardo vizeu figueiredo

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Direito Econômico Para Concursos - Leonardo Vizeu Figueiredo

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  • LEONARDO VIZEU FIGUEIREDO Procurador Federal. lotado na Subprocuradoria lurdica

    de Dvida Ativa da Comisso de Valores Mobilirios. Especialista em Direto Pblico pela UNESA/RJ.

    Especialista em Direto do Estado e Regulao de Mercados pelo CEPED/UER!. Mestre em Direito Econmico Internacional pela Universidade Gama Filho/Rj.

    Professor de Direto Econmico e Processo Constitucional da Universidade Sama rsula. Professor Palestrante de Direito ConstituCIOnal da EMERJ.

    Professor Substtuto da Universidade Federal Fluminense (2006 ~ 2008). Professor de Direito Constitucional do Centro Universitano plnio Leite.

    Direito Econmico para concursos

    2011

    EDITORA fosPODIVM

    www.editOrilluspodlvrn.tom.br

  • Capa: Carlos Rio Branco Batalha Diagramao: Mait Coelho

    [email protected]

    Conselho Editorial Dirley da Cunha Ir. Leonardo de Medeiros Garcia Fredie Didier Ir. lose Hennque Mouta jose Marcelo Vigliar Marcos Ehrhardt Jnior

    Nestor Tvora Roberio Nunes Filho Roberval Rocha Ferreira Filho Rodolfo Pamplona Filho Rodngo Reis Mazzel Rogno Sanches Cunha

    Todos os direitos desta edio reservados a Edies jusPODIVM.

    Copyright: Edies !usPODIVM termmantemente proibida a reproduo total ou parcial desta obra, por qualquer meIO ou processo, sem a expressa autonzao do autor e da Edies jusPODIVM. A ViOlao dos direitos autorais caractenza cnme descrito na legislao em vigor, sem preluizo das sanes civis cabivels.

    EDITORA jUsPODIVM

    Rua Mato Grosso, 175 - Pituba, CEP: 41830-151- Salvador - Bahia Tel.: (71) 3363-8617 I Fax: (71) 3363-5050 Ewmail: [email protected] Site: www.editoraluspodivm.com.br

    CITAES

    "Numa repblica, Quem o pas? li o governo do momento? Porque, afinai, o governo apenas um funclOnno temporno. No pode ser a sua prerrogatIva que detennna o que e certo o que e errado. decidir Quem e patriota ou no. Sua funo ti segwrordens e no d-Ias. Quem. ento. o pais? So os)ornas? A Igreja? Afinal, estas so apenas partes do pais. no o todo. Eles no tm comando. mas apenas uma parcela dele. Em uma monarqwa, o reI e sua famlia so o pais. Em uma rep-blica, e a voz comum do povo. Cada um de vocs, por SI s. deve falar com responsabilidade': - Mark Twain.

    "O oramento nacIOnal deve ser equilibrado. As dvidas pblicas de-vem ser reduzidas, a arrogncIa das autoridades deve ser moderada e controlada. Os pagamentos a governos estrangeIros devem ser redUZI-dos, se a nao no qUiser Ir falncia. As pessoas devem novamente aprender a trabalhar em vez de viver por conta pblica." v Marcus Tuv lius Ccero, Roma, 55 AC.

    "Nascer. morrer. renasceramda, progredir sempre. Tal e a lei': Epitfio de Hippolyte Leon Demzard Rivail, pedagogo francs.

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    DEDICATRIA

    A Deus, pai amoroso de todas as horas. mais lusto de todos 05 magIs-trados. advogado incansvel de todas as nossas causas, fonte maior de f e inspirao.

    A meus pais Joo e Wanette, pelo carmho. amor e dedicao. que me acompanham desde o primeiro suspro de vida.

    A minha filha Clara. maIOr e maIS InspIrada de todas as mmhas obras. Sem voc por perto. os dias so menos daros e quentes e as noites muto mais densas e frias.

    A meu Irmo Douglas. maior e melhor amigo que a vida me presenteou.

    A meus estagirios e alunos. maior fonte de Incentivo e motivao nas atividades de procuradoria e magIstno.

    Obrigado pelo carinho e peja pacincia. Agradeo ao Grande Arquite-to pela iluminao de ter vocs em minha vida.

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  • sUMRIo

    Agradecimentos .............. " .... " ...................... " ....... " .. "." ...... "." .. " .. "."." .. "." .. " .. "." .. " ................. " 15 Apresentao e nota do autor..................................................................................................... 19 Troca de experincIas ...................................................... , ............................................................. 21

    Captulo 1 DIREITO ECONMICO CONSTITUCIONAL ....................................................................... 25 1.1. Introduo ao Direito Econmico ................................................................................. 25 1.2. Autonomia do Direito Econrnico................................................................................. 29 1.3. Liberalismo e Intervenclonsmo.................................................................................... 29

    1.3.1. Estado Liberal........................................................................................................ 29 1.3.2. Estado IntervenciOnista Econmico ............................................................ 31 1.3.3. Estado IntervenclOlllsta SOcial....................................................................... 33 1.3.4. Estado Intervenciomsta Socalista................................................................ 34 1.3.5. Estado Regulador ................................................................................................. 35

    1.4. Constituio Econmica.................................................................................................... 37 1.5. Evoluo das Constituies Econmicas no direito ptrIO................................. 40 1.6. Ordem Econmica na CRFB e seus valores ............................................................... 43

    1.6.1. IllrISprudncia selecionada.............................................................................. 45 1.7. PrmcplOs da Ordem Econmica na CRFB................................................................. 48

    1.7.1. Smulas aplicveis ............................................................................................... 52 1.7.2. Jurisprudncia selecIonada.............................................................................. 52

    1.8. Exerccio de atividade econmica na CRFB .............................................................. 55 1.8.1. funsprudncIa selecIOnada.............................................................................. 55

    1.9. Formas de Interveno do Estado na Ordem Econmica: classificao dOlltrlnria................................................................................................... 56 1.9.1. Direito ptrio.......................................................................................................... 57 1.9.2. Direito comparado............................................................................................... 59 1.9.3. funsprudncia selecIOnada.............................................................................. 61

    1.10. Interveno indireta do Estado na Ordem Econmica na CRFB...................... 62 1.10.1 Agente normativo e regulador.......................................................................... 63 1.10.2. Fiscalizao econmica ..................................................................................... 70 1.10.3. Incentivo econmico........................................................................................... 71 1.10.4. Planelamento econmico.................................................................................. 72 1.10.5. furisprudncla selecionada .............................................................................. 74

    1.11. Investimentos estrangeiros ............................................................................................. 80 1.11.1. furisprudncla selecionada.............................................................................. 85

    1.12. Interveno direta do Estado brasileiro na Ordem Econmica ....................... 86 1.12.1. Classificao das atividades econmicas ................................................... 89

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    Leonardo Vtzeu Rgueiredo

    1.12.1.1. JurisprudncIa selecionada......................................................... 91 1.12.2. Explorao direta de atividade econmIca ............................................... 91

    1.12.2.1. lurisprudncia selecionada......................................................... 95 1.12.3. Prestao de ServIos Pblicos ...................................................................... 97

    1.12.3.1. JUrIsprudncia selecIonada ......................................................... 105 1.12.4. Monoplio ............................................................................................................... 108

    1.12.4.1. JUrIsprudncia selecIonada ......................................................... 113 1.13. Explorao de Recursos Naturais .................................................................................. 115

    1.13.1. jurisprudncia selecionada .............................................................................. 118 1.14. Ordenao dos transportes .............................................................................................. 120

    1.14.1. JurisprudncIa selecionada .............................................................................. 123 1.15. Microempresas e empresas de pequeno porte ....................................................... 123

    1.15.1. furisprudnca selecionada .............................................................................. 125 1.16. Promoo e incentivo ao turismo ................................................................................. 125 1.17. Quadros sinpticos .............................................................................................................. 126 1.18. Questes de concursos pblicos comentadas .......................................................... 131

    1.18.1. Magistratura federal ........................................................................................... 131 1.18.1.1. Tribunal Regional Federal da l' Regio - 2009 - CESPE .. 131 1.18.1.2. Tribunal Regional Federal da 2' Regio - 2007 .................... 131 1.18.1.3. Tribunal Regional Federal da 3' Regio - XI Concurso ...... 131 1.18.1.4. Tribunal Regional Federal da 4' Regio - 2004 ..................... 132 1.18.1.5. Tribunal Regional Federal da 5' Regio - 2009 - CESPE .. 132

    1.18.2. Ministrio Pblico Federal ............................................................................... 132 1.18.2.1. 13' Concurso -1994 ........................................................................ 132 1.18.2.2. 14' Concurso - 1995 ...................................................................... 133 1.18.2.3. 15' Concurso - 1996 ...................................................................... 134 1.18.2.4. 16' Concurso - 1997 ...................................................................... 135 1.18.2.5. 17' Concurso - 1998 ...................................................................... 135 1.18.2.6. 18' Concurso - 1999 ...................................................................... 135 1.18.2.7. 19' Concurso - 2000 ...................................................................... 136 1.18.2.8. 20' Concurso - 2003 ...................................................................... 136 1.18.2.9. 21' Concurso - 2003 ...................................................................... 136 1.18.2.10.22' Concurso - 2005 ...................................................................... 137 1.18.2.11.23' Concurso - 2006 ...................................................................... 137

    1.18.3. AGU - CESPE - Advogado da Unio. Procurador Federal e Procurador do BACEN ........................................... 137 1.18.3.1. Procurador Federal- 2010 .......................................................... 137 1.18.3.2. Procurador do BACEN - 2009 ..................................................... 138 1.18.3.3. Advogado da Unio - 2008 ........................................................... 138 1.18.3.4. Procurador Federal- 2007 .......................................................... 138 1.18.3.5. Advogado da Unio - 2006 ........................................................... 139 1.18.3.6. Procurador Fede""l- 2004 .......................................................... 139 1.18.3.7. Advogado da Unio - 2003 ........................................................... 139 1.18.3.8. Procurador Federal- 2002 .......................................................... 139

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    Sumrio

    1.18.4. AGU - ESAF - Procurador da Fazenda NacionaL .................................... 139 1.18.4.1. Procurador da Fazenda NacIOnal- 2007 ............................... 139 1.18.4.2. Procurador da Fazenda NacIOnal- 2006 ............................... 140 1.18.4.3. Procurador da Fazenda Nacional- 2004 ............................... 141 1.18.4.4. Procurador da Fazenda Nacional- 2003 ............................... 141

    Gabarito ............................................................................................... 141

    Captulo 2 DIREITO ECONMICO ADMINISTRATIVO ....................................................................... 147 2.1. Direito da Concorrncia .................................................................................................... 147

    2.1.1: Direito comparado ............................................................................................... 148 2.1.2. Base doutrinria teleolgica ............................................................................ 150 2.1.3. Direito ptrIO .......................................................................................................... 151 2.1.4. Base nonnativa ...................................................................................................... 152 2.1.5. Estrutura do Sistema Brasileiro de Proteo Concorrncia ........... 154

    2.1.5.1. Secretaria de Acompanhamento EconmICO - SEAE ........ 154 2.1.5.2. Secretaria de Direito Econmico .............................................. 156 2.1.5.3. Conselho Administrativo de Defesa Econmica ................. 157

    2.1.6. Da compOSIo do CADE ................................................................................... 158 2.1.6.1. Dos Conselheiros do CADE .......................................................... 159 2.1.6.2. Do Presidente do CADE ................................................................. 161

    2.1.7. Do papel da AGU na Proteo da Concorrncia ....................................... 161 2.1.8. Do papel do MPFna Proteo da Concorrncia ...................................... 170 2.1.9. Da aplicao material e territorial da Lei .................................................. 174 2.1.10. Da responsabilizao legal ............................................................................... 176 2.1.11. Da desconsiderao da personalidade Jurdica ....................................... 179 2.1.12. Do conceito de mercado relevante ................................................................ 180 2.1.13. Das infraes ordem econmica em carter lato ................................ 181 2.1.14. Das infraes ordem econmica em carter estrito .......................... 184 2.1.15. Do controle de estruturas de mercado ....................................................... 188 2.1.16. Da regra da razo ................................................................................................. 190 2.1.17. Das penalidades .................................................................................................... 193 2.1.18. Da prescrIo e do direito de ao ................................................................ 197 2.1.19. Do processo no SBPC .......................................................................................... 198

    2.1.19.1. Das averguaes preliminares .................................................. 198 2.1.19.2. Do processo admimstrativo ........................................................ 199 2.1.19.3. Do julgamento pelo CADE ............................................................ 202 2.1.19.4. Da medida preventiva e da ordem de cessao .................. 205 2.1.19.5. Do compromisso de cessao ..................................................... 206 2.1.19.6. Do compromisso de desempenho ............................................ 208 2.1.19.7. Do acordo de lenincIa .................................................................. 209 2.1.19.8. Do processo de consulta ............................................................... 212 2.1.19.9. Da execuo judicIal das deCIses do CADE ......................... 214

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  • Leonardo ViZeu Figuetredo Sumno

    2.1.19.10. Da mtervenojudicial ................................................................. 215 2.5.6. Taxa SELlC ............................................................................................................... 289 2.1.20. Quadros smpticos .............................................................................................. 216 2.5.7. Taxa referenCIal ..................................................................................................... 291 2.1.21. Questes de concursos pblicos comentadas .......................................... 219 2.5.8. Questes de concursos pblicos comentadas .......................................... 293

    2.1.21.1. Magistratura Federa!... ................................................................... 219 2.5.8.1. Magistratura Federal ...................................................................... 293 2.1.21.2. Ministrio Pblico Federal. .......................................................... 221 2.5.8.2. AGU - CESPE ...................................................................................... 294 2.1.21.3. AGU - CESPE ....................................................................................... 227 Gabarito ............................................................................................... 294 2.1.21.4. AGU - ESAF ......................................................................................... 228 2.5.9. Smulas aplicveis ............................................................................................... 294

    Gabarito ............................................................................................... 231 2.1.22. lurisprudncia selecIOnada .............................................................................. 238 Captulo 3

    2.2. Agncias Reguladoras ........................................................................................................ 246 DIREITO ECONMICO INTERNACIONAL ........................................................................... 295 2.2.1. AgnCias Reguladoras no Direito Comparado ......................................... 249 3.1. Introduo ............................................................................................................................... 295 2.2.2. AgnCias reguladoras no direito ptrio ...................................................... 254 3.1.1. Conceito. obetivo e fontes ................................................................................ 296 2.2.3. ConceIto e natureza jurdica ............................................................................ 255 3.1.2. Base normativa ...................................................................................................... 297 2.2.4. Previso constituconal e caracteristicas ................................................... 256 3.1.3. Sujeitos e atores nternadonais ..................................................................... 299 2.25. Regime de PessoaL ............................................................................................. 258 3.2. Integrao econmica ........................................................................................................ 300 2.2.6. Formas de controle das Agncias Reguladoras ....................................... 260 3.3. Acordo Geral de Tarifas e Comrcio ............................................................................. 302 2.2.7. Deslegalizao e poder normativo ................................................................ 261 3.3.1. Base normativa ...................................................................................................... 303 2.2.8. Legislao aplicvel em matna federa!... .................................................. 266 2.2.9. Quadros sinpticos .............................................................................................. 266 2.2.10. Questes de concursos pblicos comentadas .......................................... 268

    3.3.2. Principios ................................................................................................................. 304 3.4. A Orgamzao Mundial do Comrcio ........................................................................... 304

    3.4.1 Estrutura ....................................................................................................................... 305 2.2.10.1. Magistratura FederaL ................................................................... 268 2.2.10.2. Mimstno Pblico FederaL ........................................................ 269 2.2.10.3. AGU - CESPE ....................................................................................... 271

    3.4.2. Funes ..................................................................................................................... 306 3.4.3. Sistema de Soluo de Controvrsias .......................................................... 307

    3.5. Sistema BrasileIro de Defesa Comerclal... .................................................................. 309 Gabarito ............................................................................................... 273

    2.2.11. lUrlsprudncla selecionada .............................................................................. 275 3.5.1. Infraes ao Comrcio Exterior ..................................................................... 311 3.5.2. Instrumentos de Defesa ComerciaL ............................................................ 312

    2.3. Agncia Executiva ................................................................................................................ 277 3.6. Blocos EconmIcos .............................................................................................................. 314 2.3.1. Conceito .................................................................................................................... 277 2.3.2. Natureza jurdica e caractersticas ............................................................... 278 2.3.3. Questes de concursos pblicos comentadas .......................................... 279

    Gabarito .................................................................................................................... 279 2.4. Parcenas Pblico-Privadas .............................................................................................. 279

    2.4.1. ConceIto e classificao ..................................................................................... 280 2.4.2. Principios e pressupostos ................................................................................. 280 2.4.3. Da experincia europia e das expectativas brasileiras ...................... 281 2.4.4. Questes de concursos pblicos comentadas .......................................... 282

    2.5. Sistema Financeiro Nacional ........................................................................................... 282 2.5.1. Base norma uva ...................................................................................................... 283 2.5.2. Objetivos e funo sOclal... ................................................................................ 284 2.5.3. Institules financeiras ...................................................................................... 285 2.5.4. Estrutura .................................................................................................................. 286

    2.5.4.1. rgos normauvos .......................................................................... 286 2.5.4.2. Entidades supelVlsoras ................................................................. 286 2.5.4.3. Operadores ......................................................................................... 286

    3.6.1. Unio Europia ...................................................................................................... 314 3.6.1.1. Evoluo nonnativa ........................................................................ 314 3.6.1.2. Estrutura ............................................................................................. 316

    3.6.2. MERCOSUL .............................................................................................................. 317 3.6.2.1. Principios ............................................................................................ 318 3.6.2.2. Base nonnativa ................................................................................. 319 3.6.2.3. Estrutura ............................................................................................. 319 3.6.2.3 Sistema de Soluo de Controvrsias ........................................... 320

    3.7. Quadros sinpticos .............................................................................................................. 321 3.8. Questes de concursos pblicos comentadas .......................................................... 325

    3.8.1. Magistratura Federal .......................................................................................... 325 3.8.2. MinIstrio Pblico Federal ............................................................................... 327 3.8.3. AGU - CESPE ........................................................................................................... 327 3.8.4. AGU - ESAF .............................................................................................................. 328

    Gabarito .................................................................................................................... 330 3.9. lunsprudncia selecionada .............................................................................................. 331

    2.5.5. Correo monetrIa ............................................................................................. 287 Bibliografia ......................................................................................................................................... 335

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  • LelJnaroo Vtzeu Rguetredo

    Aos Professores Doutores AntnIo Plastina, Enca Maia Campelo Arruda, Jean Albert de Souza Saadi, Joo Marcos de Melo Marcondes. LucIa SCismlo Pon-tes. Ricardo Perlingeiro Mendes da Silva. SrvIO Tlio Santos VieIra e demaIs do-centes da Universidade Federal Fluminense. minha eterna casa. da qual ostento com orgulho o ttulo de bacharel e guardo com carmho as memrias do perodo de professor substituto.

    Aos Professores DoutoresOzas Lopes. Srgio Eiras. SrgIO Grillo. Cndido Duarte. Alexandre. Rudolph Bruno e a todos os colegas da Faculdade de Direito do Centro Universitrio Plnio Leite. Juntos estamos construindo uma Escola jurdica que. dentro em breve, ser referncia.

    Aos Doutores Luis Alberto Lichstein. Cludio Taufie. Marcelino Carvalho. Tnia Cnstina, Carlos Csar Amorin. Renato Paulino. Luciana Pels. Alexandre Pinheiro. Milla de Aguiar Vasconcelos. Carlos Melo [in memorlam l, Celso Filho. Marcelo Mello. LUIZ Antnio Werdine, Camilla Neto. Renato Paulino, Leonard QueIroz. Adail Blanco e todos os companheIros da Procuradoria Federal Espe-cIalizada na Comisso de Valores Mobilinos pela boa acolhida e pelas frutfe-ras discusses jurdicas que, sem sombra de dvida. ennqueceram e muito este trabalho. Alm de serem companheIros de lide forense. so verdadeiros amigos de todas as horas e constituem um dos melhores, seno o melhor. corpo jurdico atuante no Brasil.

    Aos Doutores Ednaldo Emerick e Maria de Ftima Silva de Arajo. pelo belo patrocnio nas causas da VIda.

    Ao amigo e acadmico de direito Guilherme Rodrigues de Andrade, cuja dedicao e apoio foram fundamentais para a concluso do presente trabalho. amiga Adriana Nogueira Torres, cuia apoo e amizade incondicionais nunca me faltaram.

    Aos acadmicos de direito Jeniffer Chrissie Leocdio, Jlia Santos de Olivei-ra. Pilar Schweler Carneiro de Mendona. Adwinnie Prince Cavalcanti Bernachl. Gustavo Coutinho de Oliveira Bastos. Mariana Moreira Mendes e Francme Tasca Galdino da Silva pela alegria e amizade do dia a dia. Em especial. no posso deixar de registrar meus sinceros agradecimentos aos alunos do 62 perodo no-turno. 2 semestre de 2010. da unidade de Cambonhas da UNlPLl. em especial ao LUIZ Orlando Alves da Cruz. Regina Vilarinho da Cruz. Carlos Stuart Holmes Buriti, Geraldo ngelo Zfilo jr.. Felipe de Carvalho Telles. Maria Auxiliadora Vale Mendes. Walma Feliz Menezes. Tlio Gorni. Yasmim Farsette VieIra Simes. Renan Rodrigues Ramos. Taynne Mendes Silva. Fabiano Andrade Garcez. Michel da Rocha Duarte e todos os demais discentes. Obngado pelo apoio e amizade incondicionais.

    Cumpre regIstrar. especialmente. meus mais profundos agradecimentos ao Professor Antnio Celso Alves Pereira. CUia dedicao e pacincia foram

    16

    Agradeomentos

    fundamentaIs para a minha formao acadmica; muito maIS que um Professor de Direito. trata-se de um verdadeIro encantador de almas. Sua personalidade alia uma sabedora salommca a uma humildade franciscana. que se torna ob-jeto de admirao e respeito por todos aqueles que tem o prazer de desfrutar de sua companhIa e cham-lo de professor. Seu exemplo e fidalguIa so uma inspirao constante.

    Ao professor Marcos Juruena Villela Souto. agradeo os conhecimentos mmistrados sobre DireIto e EconomIa, os quaIS despertaram em mim enorme sobre o tema. AdemaIs, sua senedade e seu rigor acadmico em muito contri-buiram para mmha formao pessoal e acadmIca; ele um exemplo a ser se-guido por todos que pretendem se dedicar VIda acadmca. Poder compart-lhar de sua amIzade e de sua companhia fOI muito maIs que uma honra, fOI um privilgIO e uma oportundade nica, pelo que serei eternamente grato.

    Ao professor Ricardo Lobo Torres. agradeo os benefcIOs recebidos com os conhecImentos filosficos ensinados em Teona da Justia. Suas aulas reve-laram-se muto mais do que encontros acadmicos. foram verdadeIros debates sobre as questes eXIstenciais do ser humano. despertando-me a paixo pela leitura do tema. No h palavras que faam jus beleza de sua explanao e clareza de seu discurso. que descortinam ao discente questes de alta indaga-o e grande reflexo. aliando profundidade simplicidade.

    Prezados Professores Antnio Celso Alves Pereira. Marcos juruena Villela Souto. Ricardo Lobo Torres e Nagib Slaibi Filho. os Senhores representam tudo o que eu desejo ser e alcanar.

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    I APRESENTAO E NOTA DO AUTOR

    Ao ser convidado pelo amigo Ricardo Didier para confeccIOnar a presente obra, senti-me bastante honrado pela confiana depositada em meu trabalho e deparei-me com um marco divisor em minha bibliografia: escrever doutri-na voltada, exclusivamente. para o concursando, objetivando sua preparao e aprovao. Diferente de minha produo bibliogrfica anterior. que possui forte vis acadmico. filosfico e interdisciplinar. este livro voltado unicamente aplicao do Direito Econmico para concurso pblico.

    Para tanto, sumariado com base nos princpais programas de concursos pblicos que eXigem Direito Econmico dentro de seu contedo. Sua prosa construda de forma mais direta e objetiva, de maneira a aliar praticidade e ob-jetividade ao fator tempo. essenciais aos que buscam lograr xito em certames para carreiras Jurdicas no Brasil.

    Em relao magistratura, por melo de sua Resoluo nQ 75, de 2007. o Con-selho Nacional de Justia mcluIU o Direito EconmIco na relao mnima de disci-plinas do programa do certame para o concurso de Juiz federal substituto. reque-rido no Direito do Consumidor. no Bloco I de matrias. Vale observar que a 1'. 2' e 5 Cortes Regionais Federais foram poneiras em incluir o Direito Econmco em seus programas de concursos. Do exame recente das ltimas provas, depreende-se que so solicitados pontos relativos a Liberalismo e Intervencionismo. Direito Econmico Constitucional e Direito de Proteo a Concorrncia.

    No concurso do Ministrio Pblico Federal, nos termos da Resoluo nQ

    93, de 2007. do Conselho Superior do MPF, o Direito Econmico ponto cons-tante no Grupo li de disciplinas, igualmente Junto com o Direito do Consumidor, requerendo-se. via de regra, cinco a dez questes sobre o tema. Os pontos mais exigidos nesse concurso so o Direito de Proteo Concorrncia e o Direito Econmico ConstitucionaL

    No que se refere Advocacia Geral da Unio, ela sempre exigiu o Direito EconmIco em seu contedo programtico. sendo ponto constante no Grupo 1 de matrias. requerida em conjunto com Direito Financeiro. devidamente regu-lamentado nos termos da Resoluo n 1. de 14 de maio de 2002. de seu Con-selho Superior. Esteve presente em todos os certames de suas quatro carreIras. com as especificidades a seguir listadas: para Advogado da Unio. eXigi-se com mas freqncia o Direito Econmico Constituconal; para Procurador da Fazen-da Nacional, Direito de Proteo Concorrncia e Direito EconmIco Interna-cional; para as carreiras de Procurador Federal e Procurador do Banco Central do Brasil, Direito EconmIco Constitucional. Direito de Proteo Concorrncia e Direito Econmico Internacional.

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  • Leonardo VIZeu figueiredo

    Em relao s demais carreiras jurdicas. mormente as estaduais e munici-pas. o Direito EconmIco costuma ser requerido dentro de Direito ConstitucIo-nal. mormente quanto ao ponto Ordem Econmica (Direito Econmico Consti-tuCIOnal), que exigido com relativa freqncIa nas carreiras de AdvocacIa de Estado.

    Constri-se, portanto, o sumrio a partir de estudo comparativo entre os programas da MagIstratura Federal. nas CInCO regies do pais. do Ministrio Pu-blico Federal. das quatro carreiras da Advocacia Geral da Unio, a saber. Advo-gado da Unio. Procurador da Fazenda Nacional. Procurador Federal e Procura-dor do Banco Central do Brasil, bem como das demais carreiras estaduais que j exigem o Direito Econmico em seus programas.

    Para tanto. o pnmeiro captulo dedicado ao Direito Econmico Constitu-cional, que trata do estudo da constituio econmica brasileira, tanto em sen-tido formal quanto em material. esmiuando o tratamento jurdico dado pelo constituinte de 1988 ordem econmica ptrIa. Tal ponto presena constante em todos os concursos pblicos da atualidade. ainda que no especifiquem o direito econmico. sendo solicitado dentro do direito constitucional.

    O captulo segundo consagrado ao estudo do Direito EconmIco Admmis-trativo. analisando as principais normas mfraconstitucionals dedicadas ao tema. a saber. a Lei brasileira de Proteo Concorrncia (Lei Antitruste - nO 8.884. de 1994), as Agncias Reguladoras. bem como ao Sistema Financeiro Nacional. Esses itens representam temas corriqueiros exigidos em praticamente todos os concur-sos pblicos que requerem direito econmico em seus programas.

    Por fim. o captulo terceiro se presta ao estudo do Direito EconmIco In-ternacional. dedicando-se a temas como mtegrao econmica. Organizao Mundial do Comrcio. MERCOSUL. bem como ao Sistema BrasileIro de Comr-cio Exterior e Defesa ComercIal. Trata-se de ponto atualssimo. cUJa doutrina escassa, porm vem sendo amplamente exigido em concursos pblicos para diversas carreiras jurdicas em todo o pais.

    O texto doutrnro objetiva dotar o concursando com os conhecimentos necessrios para a resoluo das questes. sejam as subjetivas, selam as objeti-vas. e a consecuo do objetivo final da aprovao.

    Por fim, entremeia-se a prosa doutrmria com questes de concursos. de-vidamente gabaritadas e comentadas. a apresentao de JUrIsprudncia recente e selecionada sobre cada tema, bem como a indicao de fontes bibliogrficas para estudos suplementares.

    Feitas essas breves notas e apresentao, deseja-se ao leitor bons estudos e sucesso em sua aprovao.

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    Niteri, setembro de 2010

    DAutor

    moCA DE EXPERIrnCIAS

    Em que pese no haver uma regra absoluta para a aprovao em concur-so pblico. uma vez que. dentre os diversos aprovados que j lograram xito. depara-se com as mais diferentes realidades de vida, peo vnia ao leitor para compartilhar mmha experincia pessoal. no af de poder ser. de alguma forma, til a quem est se preparando.

    Minha formao acadmica inclUi quatro anos de Curso TcnICO em Cons-truo Civil. com especializao em Edificaes. minIstrado. entre 1989 e 1993. com maestria no Centro Federal de Educao Tecnolgica Celso Suckow da Fon-seca.localizado na Capital do Estado do Rio de Janeiro. no BaIrro do Maracan. Inobstante haver optado pelo Direito. quando da escolha da Graduao em N-vel Supenor, a experincia no 2 grau tcnICO fOi essencial e mpar para minha formao. Isso porque, por meio das cinCIas exatas (naturais), tive a oportuni-dade de desenvolver raciocnio lgIco-matemtico. pelo contato com a Teona CartesIana' do Ceticsmo Metodolgico. ASSIm, ao iniCIar meus estudos de direI-to, procurei analisar as varives que envolviam minhas necessidades e possibI-lidades. Tendo sido aluno de Universidade Pblica Federal. da qual ostento com orgulho o diploma, percebi que dOIS dos prIncipais fatores que mfluenciavam diretamente os meus estudos eram o tempo e a concentrao.

    Respetadas as divergncias conceituas, sempre entendi o tempo como um continuum inexorvet que nos gua para uma entropia perfeita, sendo uma grandeza de carter irrecupervel. quando no bem aproveitado. Simplificando o conceito. socorro-me de um dos grandes letristas da msica brasileira, que minha gerao teve o prazer de conhecer, o lder da Legio Urbana. Renato Rus-so: "Todos os dias quando acordo no tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo. Temos todo o tempo do mundo" (Tempo Perdido).

    Por sua vez, a concentrao era. para mIm. a qualidade do meu estudo. IStO . quanto eu me dedicava ao aprendizado. Percebi, desde os primeiros perodos na Faculdade de Direito da Umversidade Federal Fluminense. que o

    1. Ren Descartes (1596-1650) fOI um filsofo. fSICO e matemtico francs. O mtodo cartesiano con-siste no Ceticismo MetodolgiCO. nada tendo a ver com a atitude ctica: duvida-se de cada ideta que no seia clara e distinta. Descartes mstitulU a dvida: s se pode dizer que eXiste aquilo que puder ser pr~vado. sendo o ato de duvidar mdubitvel. Baseado niSSO, Descartes busca provar a exIstncia do proprio eu (quem duvida, portanto. e SUjeito de algo - ego cogito ergo Sum - eu que penso. logo exiStO) e de Deus. Considera-se Descartes muito Importante por sua descoberta da geometna ana Itica. At Descartes. a geometna e a lgebra apareciam como ramos completamente separados da Maremtica. Descartes mostrou como traduZir problemas de geometIia para a lgebra. abordando esses problemas por um Sistema de coordenadas

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  • Leonardo Vtzeu Figueiredo

    aproveitamento de minha leitura tcnica estava aliada ao prazer que ela me proporcIOnava. Assim, pude finalmente entender o alcance da obra de Sigmund Freud2 ao afirmar que era o prazer que motivava o ser humano e compreender a extenso de uma frase atribuda a Mahatma Gandhi': "Encontre um ofco que lhe d prazer e no ter que trabalhar mais nenhum dia de sua vida",

    Da influncia dos trs pensadores acima, pude equacIOnar. matematica-mente. em um plano grfico cartesiano. meus estudos, com uma meta final: a aprovao.

    Tempo . ___ ._._._ Aprovao

    1---... --.----+-.. --.-... -..... ---.---.. -................ "",AP rova o

    Concentrao

    Visualizando o grfico retro. !acil perceber que, quanto mais paixo e dedi-cao tivermos em nossos estudos. menos tempo levaremos para alcanar nos-sa meta final: a aprovao. Por outro lado. quanto menos qualidade aplicarmos em nossa leitura, mais tempo levaremos para lograr o mesmo resultado.

    O aproveitamento derivado do grau de prazer que o estudo pode nos proporcionar. Assim, quando descobrirmos uma motivao que nos impulSione e nos d um real objetivo a alcanar. transformando a jornada no em um pesar,

    2. Sigmund Freud (18561939) foi um mdico neurologista austriaco. fundador da pSicanlise. O objetivo da terapia freudiana ou pSicanlise , relacionando conceitos da mente cartesiana e da hidrUlca, mover (mediante a associao livre e da mterpretao dos sonhos) os pensamentos e sentimentos reprimidos (explicados como uma forma de energia) pelo consciente para permitir ao SUjeito a catarse que provocaria a cura automtica.

    3. Mohandas Karamchand Gandhi. conhecido pqpularmente por Mahatma Gandhi ("Mahatma". do snscrito 't Grande Alma~ 1869 - 1948) fOI um dos idealizadores e fundadores do moderno Esta. do Indiano e um influente defensor do Satyagraha (princpiO da no-agresso. forma no-Violenta de protesto) como Um meIO de revoluo.

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    Troca de experH!ndas

    mas em um lazer, teremos a qualidade necessria para que o estudo torne-se um hbito prazeroso. Reporto-me a uma frase atribuda a Gabriel Garcia Mr-quez que. em mmha opnio, de um dos maiores escrtores de todos os tem-pos: "Aprendi que todo o mundo quer viver em cima da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade est na forma de subir a encosta",

    Observe-se que outras variveis. igualmente importantes. no se revelam decIsivas para que se alcance a aprovao. Basta aliar a dedicao qualidade que o tempo, por mais exguo que seja. em virtude dos compromissos pessoais que a vida no raro nos exigeJ torna-se muito bem aproveitado. no sendo fator Impeditivo para a aprovao.

    Durante a graduao, desde cedo procurei imciar minha experincia pro-fiSSIOnal. No 4Q perodo. no ano de 1996, estagiei na rea empresanal, inicial-mente no Banco Nacional de DesenvolVImento Econmico e Social - BNDES, onde. por Z anos, militei na rea Operacional Z. Departamento de Anlise 4. destinado a bens de consumo durveis no setor auto motivo. e, posteriormente. na Companhia Brasileira de Petrleo lpiranga, na Procuradoria especIalizada em matria contratual. durante, aproximadamente. 7 meses.

    A partir do 6Q periodo, no ano de 1997, por mfluncla de alguns colegas de saia de aula, comecei a estudar para concurso pblico, logrando xito e aprovao no cargo de Tcnico Judicirio no Tribunal Federal da Z' Regio. No 10Q perodo, no ano de 1999. em que me gradueI. comecei por conta prpna os estudos para o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, logrando xito e, ainda por conta pr-pria, prestei concurso para o cargo de Advogado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. no qual fui aprovado na 14" posio, em que pese terem convoca-do. inicIalmente, apenas os seIs primeiros colocados. Causou-me muita felicidade essa aprovao, pois na ltima etapa fui submetido a exame oral, sendo arguido em Direito Tributrio pelo Professor Ricardo Lobo Torres (obtendo grau 7), em Direito Civil pelo Professor Gustavo Tepedino (obtendo grau 10) e em Direito Pro-cessual Civil pelo Professor Humberto Dalla (obtendo grau 10).

    Motivado por essa aprovao. comecei a me preparar para outros con-cursos em cursos especializados. objetivando a Advocacia Pblica de Estado. Ao prestar os pnmeiros exames. percebi que minha preparao estava muito aqum do que era preciso para lograr xito e, nas palavras do eterno trlcolor Nelson Rodrigues. "calcei as sandlias da humildade". Assim, no ano de ZOOO. voltei ao mtodo de estudo cartesiano. pois meu tempo estava cada vez mais exguo e precioso. necessitando ser aproveitado ao mXImo.

    Finalmente, no ano de ZOOZ. ingressei na Procuradoria Geral Federal, sen-do empossado no cargo de Procurador Federal. em maio de Z003, no qual me encontro at os dias atuais.

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  • I

    Lponardo VlZeu figueiredo

    Outro obstculo que tive de superar foi a disfenia (gagueira) que me acom-panha desde a mais tenra idade. originaria de dificuldade respIratria adVInda de adenides de que naSCI portador; eles so um trao caracterstico de mi-nha famlia paterna. Uma vez que no consegUIa respirar pelas vias nasas. mas somente pela via oraJ, mmha fala restou comprometida durante a infncIa e a adolescncia. Como cresci admirando a docncia, por influncia de mInha tia Wilma Vizeu da Silva. sempre sonhei em dar aula. Aprendi com esta irm. das nove de minha me. que o conhecimento somente se torna precioso quando e umversalizado e compartilhado por todos. Tendo me submetido a tratamento fonoaudiolgico, psicolgico e mdico. tive a honra e o prazer de conVIVer e ser paciente do Dr. Pedro Bloch', um dos maiores especialistas em fala do mundo. que. com sua sabedoria e humildade. mostrou-me que limite uma barreira que o ser humano se impe. Basta esforo e dedicao que a superao e o xito se tornam a consequncia lgica de nossos atos5,

    Somado a isso. procurei preparar-me devidamente para o desafio da sala de aula e voltei a estudar aps a aprovao pela qual tanto batalhei. Especiali-zeI-me em Direito Pblico (UNESA). Direito do Estado e Regulao de Merca-dos (CEPED (UER)) e fiz o Mestrado em Direito .. com foco em Direito Econmi-co Internacional (Universidade Gama Filho). quando tive o prazer e a honra de ser aluno e desfrutar da amizade de grandes expoentes do Direito Fluminense. como Nagib Slaibi Filho. Marcos juruena ViIlela Souto. Ricardo Lobo Torres, Antnio Celso Alves PereIra, Alexandre dos Santos Arago. Ricardo Lodi. roo Mendes, dentre tantos.

    Logrei xito em colocar-me como Professor Substituto na UniversIdade Federal Fluminense. aps aprovado em 4" lugar no processo seletivo. ocupando ctedras no ensino superior na Universidade Santa rsula e no Centro Universi-tno PlniO LeIte. bem como em cursos preparatrios e de ps-graduao.

    Fica a lio. o abrao e o desejo de sucesso aos leitores. oriundos de minha experincia pessoal.

    4.

    5.

    24

    Pedro Bloch (1914 -2004J fOi um mdico fomatra, Jornalista, compositor. poeta. dramaturgo e au-tor de livros Infanto-Iuvems, que se consagrou como autor de maiS de cem livros e um dos maIOres especialistas em fala do mundo. Passo aos leitores que esto dedicando alguns minutos de sua vida a leitura destas Singelas frases a seguinte lio: para uma pessoa que nasceu com a fala defiCiente, sendo, muitas vezes, penora-tivamente chamada de "gago" ou "gaguinho~, no eXiste felicidade maIOr do Que falar e ser ouvido. Atuaimente, chama-se tal implicnCia de Bullying, termo Ingls utilizado para descrever atos de Violncia fsica ou pSicolgica, intencIOnaiS e repetidos, praticados por indivduo ou grupo para Intimidar ou perturbar terceiros.

    CAPlruLo 1

    DIRBTO ECONMICO CONSIIWaONAL

    ~ S~l.o; 1.1. Introduo ao Direito Econmico -1.2. Autonomia do Direito Econmico - 1.3. Liberalismo e Intervenciomsmo: 1.3.1. Estado Liberal; 1.3.2. Estado mterve~clomsta Eco-nmico: 1.3,3, Estado IntervenCionlsta Social; 1.3.4. Estado lntervencionista S_oclahsta;~ 1.3.5. Es-tado Regulador - 1.4. Constituio Econmica - 1.5. Evoluo das Constituloes E,conomlcas no direito ptrto - 1.6. Ordem Econmica na CRFB e seus valores: 1.6.1. I.urlsprudncla seleclO~ada - 1.7. Principias da Ordem Econmica na CRFB: 1.7.1. Smulas aplicavels: 1.7 ... 2. luns~rudencla seleCIOnada - 1.8. ExerciclO de atividade econmica na CRFB; 1.8.1. lunsprudenCia s~[eclOnada - 1.9. Formas de Interveno do Estado na Ordem Econmica: classificao doutnnana: _1.9.1. Direito ptno; 1.9.2. Direito comparado; 1.9.3, Junsprudncla seleCIOnada -1.10.lntervenao in-direta do Estado na Ordem Econmica na CRFB: .1.10.1. Agente normativo e re~(ador; 1.10.2. Fiscalizao econmica; 1.10.3. Incentivo econmico; 1.10.4. Planejamento eco~nomlco; 1.10.5. [UrisprudnCla seleCIOnada - 1.11. Investimentos estrangeiros: 1._11.1 IUrlsprudencl: sele~lOnada - 1.12. Interveno direta do Estado brasileiro na Ordem Econom:ca: 1.12.1. Classlficaa~ das atividades econmicas; 1.12.2. Explorao direta de atividade economlca; 1.12.3. Presta~o de Servios Pblicos; 1.12.4. Monoplio - 1.13. Explorao de Recursos Na~rals - ,1.13.1. TUrlspru-dncla seleCIOnada - 1.14. Ordenao dos transportes: 1.14.1.lurlsprudencla selecIOnada - 1.15. Microempresas e empresas de pequeno porte: 1.15.1. lUrisprudnc:a seleCIOnada - 1.16. promo~ o e Incentivo ao turismo - 1.17. Quadros stnpticos - 1.18. Questoes de concurso com~ntadas. 1.18. Resoluo de exames de concursos pblicos: 1.18.1. Magistratura federal; 1.18.2. Mlnlstno Pblico Federal; 1.18.3. AGU - CESPE - Advogado da Unio, Procurador Federal e Procurador do BACEN: 1.18.4. AGU - ESAF - Procurador da Fazenda NaCIOnal.

    1.1. INTRODUO AO DIREITO ECONMICO

    Antes de iniciar o estudo do direito econmico, positivado no texto constitu-cional. faz-se necessrio discorrer sobre alguns conceitos basilares sobre o t~ma. a fim de dotar o leitor do contedo necessrio para a compreenso da matena.

    As noes introdutrias e os conceitos doutrinrios ora apresentados so-bre Direito Econmico so pontos constantes nos programas da Magistratura.~ederal. do Ministrio Pblico Federal e das carreiras da Advocacia Geral da Umao. sendo necessrio. na preparao do concursando. o seu aprendIzado.

    ~.~~~-~~~--~~---~--, ) --7A~! . . .. ) Direito econmico ramo de direito pblico Que normatlza e dlsapl!na as formas } pelas quais o Estado est autorzado a Interfer: no processo de gerao ~e .r:n-) das e riquezas da Nao. nos limites e perspectivas deterrmnados na ConstltulaO. ) Objetiva. dessarte. garantir que o Estado, por meio d~ interveno na Ordem .) Econmica. alcance metas e resultados socialmente dese!avels. previamente esta-

    !~.~b~e~l~e~Ci~d~o~s:e~m~s~e~u~p~l~a~n~eJ~a~m~e~n~t~o:e~c~o~n~~m~i~Co~.============================::==-

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  • Leonardo Vaeu Figuetredo

    No magistrio do Mimstro Eros Roberto Grau':

    "Pensar o Direito Econmico pensar o Direito como um nvel do todo social - nivel da realidade, pois - como mediao especfica e necessna das realidades econmicas. Pensar Direito EconmIco e optar peja adoo de um modelo de interpretao essencialmente teleolgIca, funcIOnaI, que Instrumentar toda a interpretao iuri~ dica, no sentido de que conforma a interpretao de todo o direito. comp;eender que a realidade Jurdica no se resume ao direito for~ mal. E conceb~lo - o Direito EconmIco - como um novo sentido de anlise. substancial e crtica, que o transforma no em Direito de sntese, mas em sincretismo metodolgico".

    Por sua vez, Fbio Konder Comparato leciona que o Direito Econmco "o conjunto das tcnicas Jurdicas de que lana mo o Estado contemporneo na realizao de sua poltica econmica''l,

    OutrossIm. na ilustre pena de Washington Peluso Albino de Souza' se tra-ta do "(. .. ) ramo do Direito. composto por um conjunto de normas de contedo econmico e que tem por objeto regulamentar medidas de poltica econmica re-ferentes s relaes e interesses individuais e coletivos, harmonzando~as - pelo prinCpio da economicidade - com a ideologia adotada na ordem jurdica." P'~A~!"~~~~~~'~' '-'==~~~~~-'-"===""'='-~i

    .~ RI' ~ esta c aro que o Direito Econmico tem como ponto central o estudo das polticas (: ~ pblicas macroeconmicas de determinada Nao, sendo elas espaclal~temporarial~ r' 1

    1 mente limitadas a cada pen"odo histrico em que se vive. f

    Dos conceitos acima, infere-se que o Direito Econmico foi concebido

    c?mo ramo i,:rdico prprio do Estado Intervencionista, que assume caracte-nstcas especIficas. de acordo com a poro geogrfica e momento em que se estude, conforme ser mais bem esmiuado adiante.

    Torna-se impreSCindvel estabelecer a diferena entre o Direito Econmico e a Anlise EconmIca do Direito.

    O Direito Econmico ramo Jurdico prprio e autnomo. com preVIso e reconhecimento na atual Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Tem sua gnese nas escolas europias de direito lusitana e francesa. das quais me-recem destaque autores de escol como Andr de Ladaubre' e Luis S. Cabral

    1.

    2. 3. 4.

    26

    GRAU, Eros Roberto. A Ordem econmIca Na COnstituio de 1988 (Interpretao e Critica). 7i1 ed. So Paulo. 2002. p.179 e 180. in, O Indispensvel Direito Econmico. Revista dos TribunaiS. Vol. 353. 1968. SOUZA,. Washingto.n Peluso Albino de. Direito ~conmjco. So Paulo: Saraiva. 1980. p. 3. LAUBADERE. Andre de: Droit public economique, 1979. by JURlSPRUDENCE GENERALE DALLOZ PA. RIS; Traduo e notas de Mana Teresa Costa revista por Evaristo Mendes: Direito Pblico Econ:nico (titulo nos pases de lngua portuguesa); COimbra: Almedina.198S.

    Direito Econmico Constttuaonal

    de MancadaS, Assume um vis mas socaI. uma vez que objetiva viabilizar as polticas pblicas do Estado por meio de sua mterveno na Ordem Econmica. Por sua vez. a anlise econmica do direito e ctedra jurdica oriunda da escola de direito norte-americana (Law and Economics), cujo prmcipal expoente e Ri-chard AlIen Posner6 Tem como objetivo prinCipal avaliar o impacto econmico-financeiro das leis e polticas pblicas sobre a sociedade, dentro de uma pers-pectiva de economicidade. comparando os benefcos sociais face aos custos e nus que eles trazem.

    Ilustrando a diferenciao acima apontada. cabe citar o magistrIo de V-tor Ferna'ldes Gonalves:

    "Ao contrrlo do Direito EconmIco, que se ocupa do estudo. de um ponto de vista Jurdico, de temas de EconomIa, notadamente de Ma~ croeconomia, como o controle da mflao. da livre concorrnCia, do equilbrio dos mercados e dos diversos sectores produtivos da 50 ciedade, assim como com cidos de creSCImento e polticas de desen-volvimento econmico, a Anlise Econmica do Direto - AED, faz exatamente o oposto: cuida de analisar, de um ponto de Vista eco~ nmico. a eficincia das regras lurdicas que regulam assuntos no Visados diretamente pela Economia e pela MacroeconomJa, e que se encontram dispostos nos diversos ramos do Direito. ( ... ) AED revela-se mais um modelo de raciocmo, aplicvel a todos os ramos do Direi-to. indistintamente. A propsito, alis, a AED como que constitui uma certa espeCializao de uma matria multidisciplinar denominada "Direito e EconomIa" (Law and Economics). Com um ntido carter filosfico. o estudo de Law and Economlcs tem por finalidade avaliar e comparar como os arranJos sociais, polticos e econmicos de uma comunidade, refletem ou no as respectivas ideologias adotadas, e em que extenso taiS arranios influem na elaborao das regras le~ gals eXistentes nesta mesma comunidade. Muito mais restrita em seu objeto. a AED analisa, em termos econmicos. a eficinCia das regras legas. a princpIO sob o prisma do capitalismo e da livre circulao de nquezas. bem como tendo em conta conceitos econmicos de am~ pIa aceitao, em relao aos quais no faz qualquer questionamento de ordem filosfica:'1

    Segundo Letrcio lansen. "enquanto o Direito Econmico trataria, pois, da interveno do Estado no domnio econmico (ou. maIs do que ISSO. da prprIa direo da EconomlO pelo Direito). a Anlise Econmica do Direito estaria preo-cupadal inversamente. com a Interveno da economia no Estado.'''il

    5. 6. 7.

    8.

    MONCADA. Luis S. Cabral de. Direito EconmiCo, 3" edio. Portugal: Editora COImbra. 2000. POSNER. RICHARD A. EI AnaJisis Econamlca Del Derecho. 2" Ed. Madrid. 2007. GONALVES, Vitor Fernandes. A Anlise EconmICa da Responsabilidade Civil Extracantratual. In Re-vista Forense, vaI. 357, p. 1Z9~130. IANSEN, LetarclO. Uma Breve Introduo EcanOmfajurldica. Revista Forense, vaI. 369, p. 141.

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  • L~nardo Vu:eu Figueiredo

    Como todo ramo autnomo Jurdico. o direito econmco possu princpios gerais que o regem. Para qualificar a natureza do principIO como norma Jurdica, adotamos a classificao de Ronald Dworkm'. na qual se entende o princpIO como a norma orientadora da produo da atividade legIslativa. bem como da execuo e aplicao das leis. Assim. na produo das normas de direito econmico (Le-gislativo), bem como no seu fiel cumpnmento (Executivo) e subsuno s situa-es fticas concretas Oudiclrio l, dever-se-o observar os seguintes princpios:

    a) economicidade: de aplicao precpua ao Poder Pblico. Significa que. na produo de suas polticas pblicas macroeconmicas. dever o Es-tado primar pela defesa e manuteno do creSCImento econmico. com vistas a transform-lo em desenvolvimento socIal:

    b) eficincia: de aplicao precpua ao setor privado. Traduz-se na viabi-lidade que o Estado deve garantir ao agente particular. quando da ex-plorao de atividade econmica, visando a permitir que se alcancem os melhores resultados para o mercado;

    c) generalidade: garante a isonomia ao mercado. proibindo a criao de privilgios odiosos e injustificveis a agentes especficos. de maneira que todos os que queiram explorar atividade econmica possam faz-lo sem interferncias externas. Desta feita. o princpio da generalidade assegura que o mercado selecione, pelo processo natural da livre com-petioJ os agentes mais aptos a atenderem os anseios consumeristas. ofertando bens qualitativamente diferenciados. por preos quantitati-vamente inferiores.

    -_. -~_._~~----) y ~ 1 )

    )

    ~ ) )

    (MPFI199Z!lO Concurso) O ato governamental que Impe proibio de exportao de certo produto, impedindo o exportador de cumprir compromisso com a empresa contratada, quanto ao seu contetido, conceitua-se como ato de: a) direito adminl'strativo; b) direto econmico; c) direito comercial; d) direito das finanas;

    ) Resposta: b) Direito econmico ramo de direito pblico que normalIZa e discmllna as formas ) pelas quOls o Estado encontra-se auronzado a tntertenr no processo de geracao de rendas e nque-

    ), __ ~z:a=S:da==Na===a.=n=a=S=lim=i:,e=s=e=p=e==~pe:cr=i=va=s=d=e=re=rm=,=na=d=a=s:na==ca=~==firu='='@=a=_================='

    9. DWORKIN. Ronald. Levando os direitos a srio. So Paulo: Martins Fontes. 2005.

    28

    Direito Econmlco Constitucional

    1.2. AUTONOMIA DO DIREITO ECONMICO

    Um ramo urdico pode ser considerado autnomo quando lhe consti-tuCiOnalmente reconhecida competncia legislativa, bem como princpIOS que regero a atividade de sua produo normativa.

    Merece destaque que. no campo do Direito comparado. a autonomia c~nfe~ nda pela Constituio da Repblica Federativa do Brasil ao Direito Econ.mico e reconhecida pelos doutrinadores lusitanos. sendo uma constante em palses de colOnizao ibrica. Nesse sentido, enfatizamos:

    ''A sistematizao doutrinria e CIentfica do Direito Econmico como diSCiplina lurdica autnoma tomou corpo primeiramente na Alemanha, sob a Constitulo de Weimar. e no por acaso. pOIS fOI esta Constituio a pnmeira a Inserir a vida econmica de forma es~ pecfica e desenvolvida como objecto da lei fundamental. ( ... ) Resta acrescentar que a disciplina de Direito Econmico tem come~do igualmente a afinnar-se no Brasil e noutros paises da Ame-rica Latina, bem como sob influncia da doutrina portuguesa, nos pases africanos de lngua oficial portuguesa" 10. (Grifamos)

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    A atual Constituio da Repblica Federativa do Brasil consagra competncia legls-latlva concorrente da Unio. Estados e Distrito Federal sobre normas de direito eco nmlco. a teor do art. 24. I, estabelecendo. ainda, uma srie de prindpos explcitos. regedores de sua Ordem Econmica, nos nove incisos do art. 170.

  • l~onardo Vueu Figueiredo

    absolutista exercia sobre o cidado comum. Tal necessidade de defesa de liber-dades individuais. com carter de direito fundamental apontada com prima-zia pelos filsofos escoceses Thomas Hobbes e fohn Locke".

    No plano econmiCO, o Estado Liberal fruto direto das doutrmas do fi-lsofo escocs Adam Smith12, que defendia que a harmonia social serIa alcan-ada por meio da liberdade de mercado, aliando-se a persecuo do interesse prIvado dos agentes econmicos a um ambiente concorrencialmente equili-brado. Por melO do devido processo competitivo, os agentes maiS aptos iriam se sobressa r ante os menos eficientes, sendo estes naturalmente eliminados. Desse modo, em um mercado. cujos participantes esto em constante disputa para atrair maior nmero de consumidores, estes experImentam os benef-cios da competio, tendo disposio produtos e bens qualitativamente dife-renciados, por preos cada vez menores, garantindo, assim. a maximizao de seu nvel de bem estar scio-econmico. Essa teoria econmica denominada de Mo invisvel.

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    o Estado Liberal consubstancia~se. no plano Jurdico. nos pnncpios da autonomia de vontade privada e no dirigsmo contratual (pacta sun! servanda). tendo como expresses his!rco-constituconars os textos norte-americano de 1787 e francs de 1789.

    Nesse sentido, cabe citar o magIstrio de Manoel Afonso Vazo

    "Laissez-falre, laissez-passer: le monde va de lui~mme - eiS o lema apontado por Adam Smith que. na sua Investigao sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Naes (1776), preconizava: cessem to~ das as medidas de limitao e surgn

  • \Leonardo VlZeu Figueiredo

    da Moeda1s exps suas teses sobre economia poltica. demonstrando que o n-vel de emprego e, por corolrio, do desenvolvimento scio-econmico, se deve muito maIS s polticas pblicas implementadas pelo governo, aSSIm como a certos fatores gerais macroeconmicos. e no meramente ao somatrio dos comportamentos individuais, mcroeconmlcos dos empresrIos.

    No plano econmico, baseia-se na Teoria dos lagos desenvolvida pelo matemtico suo John Von Neumann, no incio do sculo XX, que analisa a forma como agentes econmicos ou sociais definem sua atuao no merca-do, considerando as possiveis aes e estratgias dos demais agentes econ-mlcos16

    A teoria dos Jogos estuda as caracteristicas dos atores da economIa. as po-ltIcas empresariais de cada um deles e os possveis resultados, diante de cada estratgia. para avaliar as provves decises que esses agentes tomaro. Assim. sendo o mercado um ambiente extremamente competitivo e no cooperativo na sua essnca, a probabilidade de dois ou mais agentes obterem resultados idnticos ou semelhantes praticamente zero.

    Logo, quando dOs ou mais agentes concorrentes entre SI apresentam re-sultados parecidos, h fortes indcios de que estejam combmando suas estra-tgiaS previamente, adotando conduta cartelizada. Ressalte-se que essa teoria constituiu sgnificativo avano nas cincias econmIcas e SOCIaiS, pois permite examinar-se o comportamento do agente pnvado em interao com os demais concorrentes, e no s de forma isolada.

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    No plano jurdico se consubstancia o princpio da defesa do mercado ou defesa da concorrncia. sem apresentar. contudo. maores preocupaes na seara social. Nesse modelo estatal. a interfernCIa do Poder Pblico, por meio de seu plane lamento econmico. limitase a proteo concorrnCia. em que assegura aos agentes econmcos equidade no devido processo competitivo. permitindo-lhes entrar e saIr do mercado. de acordo com sua respectiva livre imclativa. Prima-se. t portanto. em polticas pblicas de cresCimento econmico e amplaco da gera co de trabalho produtivo. a saber. busca do pleno emprego. assegurando-se renda mimma substanciosa. para que o indivduo de per se pague por todos os bens de que necessita.

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    15. KEYNES, rohn Maynard. Teoria Geral da Emprego, do Jura e da Moeda. So Paulo: Ed. Atlas. 1982. 16. BAIRD. Douglas G., Gertner. Robert H. and Picker, Randal c.. Game Theoryand the Law. Cambridge-

    MA: Harvard UnlVersity Press, 1998.

    32

    Direito Econmtco Constituaonal

    INT:RV:NCIONISMO :CONMICO

    POD:R PBI-ICO

    Garantia da ordem Interna: Defesa da ordem externa:

    Garantia do cumprimento das obrigaes pactuadas; Defesa do Mercado a fim de assegurar

    o crescimento econmico.

    SErraR PRIVADO

    Explorao de atividades econmicas; Desenvolvimento social.

    1.3.3. Estado Intervencionista Social

    O modelo de mtervenconismo social. mais conheCido como Welfare Sta-te ou Estado do bem estar social ou Estado da Providncia, foi o adotado na Europa Ocidental, tendo expresso maior em pases como Frana, Alemanha e Portugal.

    Tal modelo de intervencionismo baseia-se na seguridade social, em que o Poder Pblico atua compartilhando os riscos mdividuais de vida (doena, In-validez, morte, dentre outros) entre todos os membros e segmentos sociais, de maneira que, por meio de um clculo atuarial. toda a sociedade ir contribuir para o Estado e este ira promover a justa distribuio de renda entre aqueles que, por qualquer razo, estejam privados de sua capacidade laborativa, seja de forma temporria ou permanente.

    No plano econmico Igualmente se baseia na Teoria dos Jogos de jotIn Von Neumann e nas doutrinas de lohn Maynard Keynes, adotando polticas pblicas de planejamento econmico.

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    Diferencia~se, contudo, do modelo de intervenclomsmo econmico, uma vez que. ,} no plano Jurdico. consubstanCia-se no princpiO da solidariedade. Neste modelo o ! Estado assume responsabilidades socais crescentes, em carter de prestaes po-) sitivas. como a previdncia. habitaao. sade. educaao, assstncia social e sanea-) menta. ampliando. cada vez mais. seu legue de atuao como prestador de servios ) pbliCOS essendas. Outrossim. o Estado atua como empreendedor substtuto em

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    ) reas e setores considerados estratgicos para o desenvolvimento da Nao. uma

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    33

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  • '; Leonardo Vaeu Rgueiredo

    INTERVENCIONISMO SOCIAL

    PODER PBI..ICO

    Garantia da ordem interna: Defesa da ordem externa:

    Garanta do cumprimento das obrigaes pactuadas: Defesa do Mercado a fim de assegurar

    o crescimento econmico; Assuno de prestaes sociais positivas.

    Explorao de atividades econmicas; ;, , Desenvolvimento socal.

    1.3.4. Estado Intervencionista Socialista

    Esse modelo de intervencionsmo. adotado no Leste Europeu. na China Maosta. bem como em Cuba Castrsta. foi ideologicamente inaugurado com a Revoluo Bolchevique do outubro vermelho (1914). A Constituio russa de 1918 foi a primeira constituio que adotou a forma de Estado SOCIalista no mundo. positivando o iderio da Revoluo de 1914. Posteriormente. a Cons-tituio da Unio das Repblicas Socialistas Soviticas. de 1924. foi a primeIra que trouxe um plano geral de economia nacional.

    a forma intervenciomsta mxima do Estado. que adota uma poltica eco-nmica planificada. baseada na valorizao do coletivo sobre o individual. O Poder Pblico passa a ser o centro exclusivo para as deliberaes referentes economia.

    Os bens de produo so apropriados coletivamente pela SOCIedade por meio do Estado. de modo que ele passa a ser o nico produtor, vendedor e em-pregador. A livre concorrncia e a liberdade de mercado so literalmente subs-titudas pela planificao econmica racional e centralizada em torno do Poder Pblico. rejeitando-se. sistematicamente. a autonomia das decises privadas. r.c.=."""".""q",,,~."/~,,,,-.",om'uc" U'"""'-"~~.o... ~~~"""'" . "'. ~~"",,""~""'~"~''''_-. ~

    ~ ~A~! l } No plano econmico basea-se na teoria da planificao proposta por lmn. de- ~' ~ fendida por Trotsky' operaconalizada e mantida por Stalin. No plano Jurdico, con- r ~ substancia~se no dP~?dcpi~ da suraPremdaaa dOdintere,SS,e PUd"bIiCO. mditigad ndpo os anseios f ~.: e expectativas in IVI uals em ce a vonta e co etlva a socle a e. reocupa-se. f' basicamente. com o bem comum e as necessidades da coletividade. em detrimento do }) liberalismo individual. FOI concebido com base nas idias de filsofos que apontaram _> os efeitos excludentes e exploratrios do liberalismo econmico e a necessidade de se r;

    ~~,~::ef~e~t=va~r:p:o~':hi:~=S~:de::!u:s:ta==di~~=n=b=U:=:o~d=e:r=e=n=d:as:.:a=s:a=b=e~r,:F~n=ed~n:'rn~H:e~g:e:'=e:K:a=r'=M~a=~~=='f

    34

    Direito Econmtco Constitucional

    Diferente, todaVia. dos outros modelos de intervenconismo. o socialismo prega a coletivizao dos fatores de produo, substituindo-se a liberdade de con-corrncia e a livre inicativa pela planificao econmica estatal. centralizado em torno do Poder Pblico. rejeitando-se, sistematicamente. a partiCIpao e autono-mia das decises pnvadas no processo de conduo poltica da VIda econmIca e social da Nao. A prtica revelou que o Estado Socialista inoperante diante da di-versidade das necessidades mdividuais de cada um dos membros da coletividade.

    INTERVENCIONISMO SOCIAI..ISTA

    PODER PBI..ICO

    Garanta da ordem interna; Defesa da ordem externa;

    Garantia do cumprimento das Obrigaes pactuadas; Defesa do Mercado a fim de assegurar

    o crescimento econmico; Assuno de prestaes sociais positivas:

    Explorao de atividades econmicas; Desenvolvimento social.

    . .," .. "

    SETOR PRIVADO

    Aliiado do processo econmico de gerao de renda e riquezas.

    1.3.5. Estado Regulador

    Em virtude do insucesso dos modelos intervencionistas. tanto socIal. quanto socialista, bem como do econmico! houve necessidade de o Estado re-pensar nas formas pelas quais interfere no processo de gerao de riquezas, bem como na realizao de polticas pblicas de incluso social e de repartio de renda.

    Para tanto. abandona a planificao econmIca socialista e a crescente assuno de responsabilidades coletivas do modelo SOCIal. sem. todava, voltar ao liberalismo econmico puro idealizado por Adam Smith.

    Desarte, busca-se com esse modelo um retorno comedido aos ideais do liberalismo. sem. contudo. abandonar a necessidade de sociabilidade dos bens essenciais. a fim de se garantir a dignidade da pessoa humana.

    CaracterIza-se numa nova concepo para a presena do Estado na econo-mia. como ente garantidor e regulador da atividade econmica. que volta a se ba-sear na livre iniciativa e na liberdade de mercado. bem como na desestatizao

    35

  • \ Leonardo V'1zeu Figuetredo

    das atividades econmicas e reduo sistemtica dos encargos sociais. com o fito de assegurar equilbrio nas contas pblicas. Todavia. no se desvia o Poder Pblico da contextualizao social, garantindo, ainda, poder focalizar seus es-foros nos servios pblicos essencias.

    Malgrado se baseie na Teoria dos jogos de john Von Neumann, o Estado ado-ta a soluo denominada Equilbrio de Nash, como forma de aperfeioar seu papel em face de sua Ordem Econmica. A teona do matemtico norte-americano, ga-nhador do PrmIO Nobel, john Nash, aprofundou os estudos da competio entre os agentes econmICOS. mormente em relao aplicao da Teona dos fogos em ambientes no cooperativos. como e o mercado econmico. Denomina-se Equil-bno de Nash a soluo para determmado mercado competitivo, no qual nenhum agente pode maximizar seus resultados, diante da estratgta de outros agentes17

    A anlise combinada das estratgias de mercado a serem escolhidas le-var. segundo Nash. a um resultado do qual nenhum agente individualmente experimentar prejuzo em vista da estratgia de mercado de outros agentes, garantindo o xito da atividade econmica e a salutar manuteno do mercado. Em outras palavras. Nash demonstrou que onde no h o pressuposto basilar de ambientes concorrencialmente saudveis! a persecuo do interesse privado ir meramente conduzir aos monoplios cujos efeitos. no mdio e longo prazo. sero permciosos.

    AssIm. para a salutar manuteno da Ordem EconmCa! evitando a con-centrao de poder econmico e seu uso abusivo. necessrio se faz que o Estado fomente a livre concorrncia, por meio de polticas que assegurem a participa-o e permanncIa de todos os agentes concorrentes entre si em seus respecti-vos mercados. Portanto. em mercados que no partem da premissa da concor-rnCIa saudvel. mister se faz que o Estado intervenha de maneira a garantir que a realizao do interesse coletivo assegure a todos o atingimento de seus mteresses particulares. ainda que experimentem resultados mnimos. pulveri-zando-se. dessarte, o poderio econmico. a fim de evitar seu uso abusivo. ~~~~.,~"

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    No plano jurdico. fundamenta-se no princpio da subsldfariedade. no qual o Poder \ pblico somente ir concentrar seus esforos nas reas em que a inciatva privada. por s, no consiga alcanar o interesse coletvo. Assm. a iniciativa de explorao das atvidades econmicas retoma Iniciativa privada. que ir realiz-Ia dentro de um conjunto de planejamento estatal previamente normatizado para tanto. com o fito de condUZIr o mercado realizao e consecucao de metas SOCIalmente desej-veIs. que irao garantir o desenvolvimento scio-econmico da Nao.

    17. SAMUELSON. Paul A e NOROHAUS, William D. Economia. Rio de janeiro: Mcgraw-H1.1999, p.199.

    36

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    Direito EconmIco Constituoonai

    ESTADO RECiU/..,ADOR

    PODER PB/.../CO

    Manuteno da ordem interna: Defesa da ordem externa;

    Garantia de cumprimento das obrigaes pactuadas; Defesa do mercado para assegurar

    o crescimento econmico; Assuno de prestaes sociais positivas:

    Explorao SUBSIDIRIA de atvidades econmicas;

    Desenvolvimento social.

    SETOR "", IV."'"

    (MPF!I3" Concurso/1994) O principio bsico do liberalismo econmico assenta-se: a) na tun o social da ro riedade: b) no tratamento favorecido s empresas brasileiras de captal nacional de pequeno

    porte; cJ na reduo das desigualdades regionais e SOCIais e na busca do pleno emprego: d) na liberdade de imciatlva e na economl'a de mercado.

    Resposta: d) O Estado liberal consubstanCIO-se, no plano Urdico, nos prmci/Jlos da au[onomlO de vontade privada e no dirigismo contratual (pacto sunt servandaJ.

    1.4. CONSTITUIO ECONMICA

    O presente ponto vem sendo constantemente exigido nas bancas para a Magistratura Federal e para o Ministno Pblico Federal, conforme anlise de provas anteriores. Em que pese ser de compreenso relativamente fcil. vale a pena uma leitura mais atenciosa, a fim de se consolidar os conceitos de forma mais clara, evitando eventuais equvocos que podem custar pontos preciosos em concurso pblico.

    O surgimento do Direito Econmico! como ramo do direito autnomo, fenmeno relativamente recente. Isso porque. durante muito tempo, aps a consolidao do modelo de Estado Democrtico de Direito, prevelecla o Ide-rIa do liberalismo econmco. fato que mitigava e, no raro. anulava a legi-timao do Poder Pblico para interferIr no processo de gerao de rique-zas da Nao. de se ressaltar que, pela mfluncia liberal. caracterstica dos primeiros textos constitucionais modernos. que primavam pela defesa das liberdades indiVIduaIs. no se diSCIplinavam normas relativas ao mercado.

    37

  • \ Leonardo VlZeu figueiredo

    Acreditava-se que o setor privado se auto-regularIa por meio do devido pro-cesso competitivo. no quaL aliando-se a busca do mteresse privado a um am-bIente concorrenclalmente equilibrado. tr-se-ia alcanar os melhores resul-tados para a soctedade. atingindo os melhores niveis de bem estar social e econmico18,

    ~~,~,-~._-' ~ .. ~~ .~-_._--'-' -'~~" ,) -7 AtiM.&! ! Por Constituio Econmica entende-se toda a normatizao que o texto consti-,) tucional dedica matria econmica. A ConstitUio Econmica pode ser entendida > tanto em sentido material. quanto em sentido formal. adotando-se, por analogia, a I) teoria de classificao das constituioes quanto ao contedo. Por ConstltUlao Eco-,) nmica material entende-se todas as normas de extrao constitucIOnal que versem ) sobre matra econmica. este!3m ou no disciplinadas em captulo prPrio. Por ) sua vez. a Constltuico Econmica formal se traduz no ttulo ou captulo especfico. ) dedicado exclusivamente Ordem Econmica.

    ,~.========================:::::=::=i Os primeiros atos normativos que versavam sobre matria econmica

    tratavam bastcamente sobre coibio prtica de truste - acordo celebrado entre duas ou mais empresas. com vistas a prejudicar seus concorrentes por meio de obteno de vantagens indevidas. no OrIundas da maIOr eficinCIa. Merece destaque o Decreto de Allarde. na Frana. no ano de 1791. Todavia. a legislao anti truste de combate concentrao de empresas, imposIo arbitrria de preos. dentre outras infraes ordem econmica. somente fOI sistematizada na Amrica do Norte. por meio da edio do Competiton Act. no ano de 1889 no Canad. e do Sherman Act. no ano de 1890, nos Estados Unidos da Amrica.

    Observe-se que. nos primrdios! o direito econmico era sinnimo de di-reito antitruste. TodaVIa, em virtude do acirramento das disputas comerciais e das deSIgualdades sOcais, oriundos dos efeitos excludentes do capitalismo libe-ral. restou patente a necessidade de interveno do Estado na rea econmica de forma macro. para garantir a salutar manuteno de seus mercados internos e da pacificao externa, bem como no campo soctal, a fim de estabelecer polti-cas pblicas de redistribuio de renda e de incluso, Para tanto, a matria eco-nmica passou a constar tanto nos textos constitucIOnais. quanto na legIslao infraconstituclOnal.

    18. SMITH, Adam. An mquiry into the nature nd causes ofthe wealth of nations. Edited, with an mtro-duction, notes. margtnal summary and enlarged index by Edwm Cannan. New York: The Modem Library, 1994.

    38

    :1

    Direito EconmlCO Constitucional

    ~ i , -7 A"' = -,/ i ;} ~ No campo do direito constitucional comparado. podemos destacar que a primei- i"

    ? ra constituio legada ao mundo que tratava sobre materia econmica foi a carta i' ? oltica do Mxico. de o de fevereiro de 1 1 . Essa constitui o foi a rlmelra a ! , dis or sobre ro riedade "vada. tratando das formas ori inrias e derivadas de > sua a uisi ao. Aboliu seu carter absoluto, submetendo seu uso ao interesse bli-f) co, originando. assim. o orlncol'o da funo sacia! da propriedade. Ta! fato serviu ) de sustentculo jurdico para as polticas pblicas de reforma agrra em todo o , 5.

    ). continente latino americano. Outrossim. nitidamente influenCiada pela legislao an-titruste norte-americana I9, combatia o monoplio, a e!evao vertical de preos e

    2", ;,:q=u:a~lq=u=e~r:p=rn=t:ic:a:t=en:d=e=n=t:e=a:e=l:im:i=n=ar:!a=c=on:c:o=r=r=n=c=,a='~====~==~~~====~j Observe-se que, no obstante haver normatizado a matria econmica no

    corpo de seu texto. o legislador constituinte mexIcano em 1917 no se preo-cupou em organizar a matria econmica formalmente em um ttulo prpno. tratando-a de forma esparsa. ASSIm, podemos afirmar que a Constituio mexi-cana de 1917 foi. contemporaneamente. a primeIra Constituio EconmIca em sentido material.

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    A Ordem Econmica e SOCIal somente ganhou status de norma constitucional. t-sendo formalmente positivada em captulo prprio para tanto, com a Constitui- !' ao alem de 11 de agosto de 1919 (Welmar). Esta foi a primeira a abandonar a concepo formalista e individualista oriunda do liberalismo do sculo XIX. para ocupar-se da ustia e do social. estabelecendo que a "( ... ! ordem econmiCa deve ,!: corresponder aos prmcpos da iusra. rendo por obietivo garantir a todos uma exis fi [nca conforme a dignidade humana. S nestes limites fica assegurada a liberdade econmica do Indivduo" (art. 151). Outrossm. deu maior relevncia funo social da propriedade. ao declarar que ela cria obrigaes ao seu titular e que seu uso deve ser condicionado ao Interesse geral (art. 153). Rompendo os cnones do i direito individualista. a Constituio conferiu ao Estado competncia para legislar f' sobre socializao das riquezas naturais e as empresas econmcas (art. 7" - pa- r rgrafo 13).

    19. DestaQue-se que as prImeiraS leiS editadas que versavam sobre o direito antitruste so o Compedtion Act do Canad. de 1889. bem como o Sherman Act. dos Estados Unidos da Amenca de 1890.

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  • Leonardo V12eu figueIredo

    (TRF 2a Regio/Magistratura Federalhooz) Defina "Constituio econmica"

    Resposta: A COnstjlUlo Econmica pode ser entendido tanro em sentido morenal. quanto em sentido formol. adorando-se. por analOgia. a teona de c/ossificao das consruuies quanto ao conredo. Por Constirut do Econmlca marenal emendese todos as normas de extra o consr/tu. c/ana/ ue versem sobre matria econmIca este am ou no d15cl linodas em co rulo r tio. Por sua vez, a Constituio Econmica formo/ se traduz no ttulo ou captulo especfico. dedicado exclu t_ sivomente a Ordem EconmiCO. Trara-se das d15 os!' es consWuclOnais armo/mente fixados ora a matria econmica. em captulo prpria. bem como das demaiS normas de extrao constjtuclOnal, esparsos em seu texto, com contedo eminememente econmIco.

    1.5. EVOLUO DAS CONSTITUIES ECONMICAS NO DIREITO PTRIO

    A Carta Imperal do Brasil (1824), inspirada na Carta francesa de 1814, es-tabeleceu o direito propnedade material e intelectual, assegurando o livre exer-ccio de atividade profissional. desde que no atentasse aos costumes pblicos (art 179 e mcisos). Estabelecia competncia do Imperador. na qualidade de Chefe do Executivo. para celebrar tratados de comrcio mternacional (art 102 .. VIII).

    A Constituio Republicana de 1891 trouxe a lume o direito liberdade de associao (art. 72, 82), com o fim de consagrar o livre exerccIO profissional. tendo cunho nitidamente liberal. Observe-se que. na vigncia dessa Constitui-o. o Brasil adotou as pnmeiras medidas mtervencionistas. de carter incendi-no no setor de produo agrcola cafeeira.

    A Constituio de 1934 foi a prmeira das Cartas Polticas naCIOnais que instituiu uma ordem econmica e SOCial no direito constitucional (arts. 115 a 143), nitidamente influenciada pela ConstituIo alem de 1919. norteando a economia pelos pnncipios da justia social e da dignidade da pessoa humana. de se ressaltar que a Nao. com essa ConstituIo, passou a adotar uma postu-ra de Estado Intervenconista-soctaI. diante do quadro econmico internaCional (depresso econmica mundial que afetou a economia naCIOnal. baseada na ex-portao de caf; crescmento internaCIOnal de polticas intervencionistas como o fascismo. o nazismo e o comunismo: derrocada do modelo de Estado Liberal). Contudo. no h como lhe negar a presena liberal. uma vez que consagrava a livre iniciativa e a liberdade de assocao como princpIOS econmtcos, sendo a primeira Carta que promoveu a liberdade de associao sindical.

    A Carta de 1937. influenCiada pela Constituio polonesa de 1935. dedicou diversos artigos ordem econmica, estabelecendo uma poltica mtervenclO-nista do Estado no domnio econmico (art 135), tendo carter nitidamente nacionalista. com concentrao de poderes no Executivo. Igualmente consagrou a liberdade de associao. inclUSIve para fins profissionaiS e smdicais.

    40

    Direito Econmtco Constituoonal

    A ConstituIo de 1946 consolidou a ordem econmica no Ttulo V. estabe-lecendo mmeras modificaes em relao Carta de 1937. uma vez que. ape-sar de ainda manter um carter intervencionista. buscou conciliar a iniciativa indiVIduai com o estmulo estatal. resguardando os direitos fundamentais. isto , subordinava o exerccio dos direitos individuais ao interesse da coletividade, ASSIm. harmOnIzava o direito de propnedade com o bem estar da coletiVIdade. bem como os Interesses de empregados e empregadores com os valores de dig-nidade humana no trabalho. O art. 146 consagrava a Interveno do Estado no dommo econmiCO, mclusIve com direito a monoplio de indstria ou ativida-de. Inscreveu na ordem econmica e social o princpio de que o uso da proprie-dade seria condicionado ao bem-estar SOCIal. e lei caberta. com observncia do art. 141, pargrafo 16. promover a iusta distribuio da propriedade com Igual oportumdade para todos (art. 147).

    A Carta de 24 de janeIro de 1967 manteve certa linha mtervenclOnista, sem. contudo. definir um sistema econmico a ser adotado pelo Estado. de cunho intermedirio entre o intervencionismo e o neoliberalismo.

    Seu art. 157 determina como princpios da ordem econmica a justia so-cial. o desenvolVImento naCIOnal e a harmonizao e solidariedade entre os fa-tores de produo.

    Por sua vez. dava ao Estado o direito a interveno, inclusive monopolista. no dominio econmico para garantir a competio e a livre iniciativa.

    Ressalte-se que no houve soluo de continUIdade em relao s conqUIs-tas de 1946. pois. alm de ter prevIsto a desapropriao por interesse social (art. 150. 22), para fins de reforma agrria (art. 157 e pargrafos), tornou a funo social da propriedade pnncplO da ordem econmica (art. 157.. 1Il), re-gras que se reprodUZIram na Constituio Federal de 1988 (arts. 170. m. 184. 12 22 32 42 52. 6". e art. 186. I. lI. III e IV).

    Contudo. a emenda constituCIOnal de 1969 acresceu ao princpIO da JUs-tia social a expanso das oportunidades e empregos. mantendo o direito do Estado de intervir no domnio econmIco. mclusive com monoplio de ativida-de ou indstria. quando Indispensvel segurana nacional ou para organizar determinado setor da economia, garantindo a livre iniciativa e a liberdade de concorrnCIa.

    A atual ConstituIo de 05 de outubro de 1988 traz normas positivadas no Ttulo VII - Da Ordem Econmica e Financeira. especificando captulo prprio para a Ordem EconmIca. a partir do art. 170 e segumtes. fato que a caracter-za como Constituio Econmica formal. Igualmente. traz no bojo de seu texto diversas normas esparsas que versam sobre matria econmica, a teor do art. 12 IV. inftne. bem como do art 219, podendo ser igualmente classificada como Constituio Econmica matenal.

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    , Leonardo VlZeu Rguetredo

    a) restringe-se ao Ttulo VII- Da Ordem Econmica e Financera. da Carta da Repblica; I b) como em alguns pases Que adotam tpo de economia mista, no pode assim de-

    nominar-se. mas considerar-se uma estrutura de principias gerais programticos-C) no se restringe aos arn'gos contidos no Ttulo VII- Da Ordem Econmica e Financei~

    ra, mas tem sua _expre~so e seu contedo em diversos outros tpicos da lei Magna; d) preocupa-se primordialmente com a repressao ao abuso do poder econmico e

    __ ., __ a funo social da propriedade privada.

    Resposta: Letm e). A atual Constituio de 05 de outubro de 1988 traz normas positivadas no Ttulo VII - Da Ordem Econmica e Financeiro. espedficando captulo pr6pno para a Ordem Econ-mICa, a pat1ir do art. 170 e segumtes, fato que a carocteriza como Constituio Econmica (armai. Igualmente. troz no bala de seu texto diversas normas esparsas que versam sobre matna econ' mICO. a [eor do art. 1". IV, In fine. bem como do art. 219. podendo ser igualmente classificada como COnS!ituO Econmica marenal.

    Direito Econmico Constituaonat

    1.6. ORDEM ECONMICA NA CRFB E SEUS VALORES

    .\ ~ .. . . , Art. 170. A ordem econmica, fundada na valorizao do tra-

    balho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a.,: : todos existncia digna, conforme os ditam~s da justia social. [

    observados os segumtes pnncipIoS: ( ... ) - gnfamos '(':,;.1.,":' ',-_;~,s:.~"',,{c:~ t': _-''-_~:'-V{ 'S,;;,::1'~'-:,' "::, ;-:~,.,--,..",;..~:

    A Ordem Econmica na Constituio da Repblica Federativa do Brasil inaugurada no art. 170. o qual se traduz em dispositivo de forte teor axiolg-co, denotando forte riqueza de contedo. Valores so todos os preceitos funda-mentais sobre os quais a sociedade se baseia. com primazia axiolgcazo sobre os demais. uma vez que so essenCIalmente qualificados pelo direito, que lhes outorga cogncia por meio da norma Jurdica. =,-,"",-="",~~.~.=. '~,--~,-~.,,.;.i..L~':";'.,,,~ .... _. ~' _~~ ... "" "._':"_","M.'.~~_-''...L-~' ____ __

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    A Ordem Econmica pode ser vista tanto sob um aspecto matenal (econmiCO), re-presentando o COOlunto de riquezas presentes no territrio de uma Nao e su!eltas ao seu ius mperii. bem como sob um prisma formal (jurdico). traduzindo-se no or-denamento constitucional e legal que diSCiplina as formas pelas quaiS a exploraco

    de atividade econmi'ca devera ser efetuada.

    Visto isso, a SOCIedade brasileira, por ocasio da constitumte que resultou em nossa atual Carta Magna. elegeu como preceitos fundamentaIS de sua Ordem Econmica, os valores a seguir transcritos, nos termos do art. 170, caput. da CRFB:

    a) valorizao do trabalho humano: trata-se de primar pela proteo ao fator de produo mo-de-obra. Para tanto. o Estado deve atuar de maneira a assegurar que o produto do labor do homem seja capaz de garantir, por s e sem interferncias externas. o acesso a todos os bens de consumos essenciais para viver condignamente no selO da socieda-de. Assim. tal valor deve ser o meio pelo qual o tr