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DIREITO DOS TRATADOS COMENTÁRIOS À CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS TRATADOS (1969)

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DIREITO DOS TRATADOS

COMENTÁRIOS À CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O

DIREITO DOS TRATADOS (1969)

ORGANIZADOR

AZIZ TUFFI SALIBA

Belo Horizonte2011

DIREITO DOS TRATADOS

COMENTÁRIOS À CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O

DIREITO DOS TRATADOS (1969)

Saliba, Aziz Tuffi S165 Direito dos tratados: comentários à Convenção de Viena sobre o direito dos tratados (1969) / Aziz Tuffi Saliba, autor e organizador; Ana Cristina Zadra Valadares e André de Carvalho Ramos.

Belo Horizonte: Arraes Editores, 2011. 678 p.

ISBN: 978-85-62741-20-3

1. Direito dos tratados. 2. Convenção de Viena. I. Valadares, Ana Cristina Zadra. II. Ramos, André de Carvalho. III. Título.

CDD: 341.2

CDU: 341.241

Álvaro Ricardo de Souza CruzAndré Cordeiro LealCarlos Augusto Canedo G. da SilvaDhenis Cruz MadeiraFrederico Barbosa GomesGilberto BercoviciGregório Assagra de AlmeidaGustavo Corgosinho

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio eletrônico, inclusive por processos reprográfi cos, sem autorização expressa da editora.

Impresso no Brasil | Printed in Brazil

Arraes Editores Ltda., 2011.

Plácido ArraesEditor

Avenida Brasil, 1843/loja 110, Savassi Capa: Charlles Hoffert e Vladimir Oliveira CostaBelo Horizonte/MG – CEP 30.140-002 Diagramação: Reinaldo Henrique SilvaTel: (31) 3031-2330 Revisão: Andréia Assunção

Belo Horizonte2011

www.arraeseditores.com.br [email protected]

CONSELHO EDITORIAL

Jorge Bacelar Gouveia - PortugalJose Antonio Moreno Molina - EspanhaJosé Luiz Quadros de MagalhãesLuciano Stoller de FariaLuiz MoreiraMário Lúcio Quintão SoaresRenato CaramWilliam Freire

Elaborada por: Maria Aparecida Costa DuarteCRB/6-1047

V

NOTA DO ORGANIZADOR

Aziz Tuffi Saliba

Em 25 de setembro de 2009, depois de mais de 40 anos , o Brasil rati-fi cou a Convenção sobre Direito dos Tratados (CVDT). Juntou-se, assim, a outros 109 membros da comunidade internacional, no que podemos chamar de a “convenção sobre convenções” . A ratifi cação brasileira veio acompanhada de duas reservas, relativas aos artigos 25 e 66 da CVDT.

A CVDT é um dos mais relevantes instrumentos normativos de Di-reito Internacional. Já na primeira sessão de trabalho da Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas, em 1949, o tema de tratados foi inserido na lista dos tópicos “apropriados para codifi cação”. Contudo, foram necessários 17 anos, muito labor e inúmeras discussões para que a Comissão fi ndasse seu trabalho.

Entendemos, assim, que a tão esperada ratifi cação da CVDT pelo Brasil reclamava uma atenção por parte de nossa comunidade jus-internacionalis-ta. Ocorreu-nos, destarte, a ideia de organizar uma cabal análise da CVDT, desde o preâmbulo até o octogésimo quinto (e último) artigo. A relevância e extensão do instrumento, bem como o desejo de provocar debates e re-fl exões sobre a CVDT, nos levaram a convidar distintos internacionalistas a participar desse projeto; ao fi nal, contamos com trinta e sete colaboradores, vinculados a diferentes instituições e envolvidos com a pesquisa e ensino do Direito Internacional ou com a diplomacia.

Cabe aqui registrar uma cediça advertência: os comentários represen-

tam as opiniões dos respectivos autores e não, necessariamente, a das insti-tuições as quais os mesmos estejam vinculados.

VII

ANA CRISTINA ZADRA VALADARES

Mestre em Direito Internacional e Comunitário pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e professora da Faculdade Estácio de Sá (Belo Horizonte) e da Fa-culdade Pitágoras.

ANDRÉ DE CARVALHO RAMOS

Professor de Direito Internacional e do Programa de Direitos Humanos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). É Livre-Docente, Doutor e Mestre em Direito Internacional pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. É membro titular do Conselho Deliberativo do Instituto de Relações Internacionais da USP. Foi visiting fellow no Lauterpacht Centre for International Law (Cambridge). Procurador Regional da República.

ANDRÉ LIPP PINTO BASTO LUPI

Professor da Universidade do Vale do Itajaí, nos programas de Mestrado e Doutorado em Ciência Jurídica e de graduação em Direito e Relações Internacionais. Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrado em Direito pela Universida-de Federal de Santa Catarina e doutorado em Direito pela Universidade de São Paulo.

AZIZ TUFFI SALIBA

Professor da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade de Itaúna - MG. Doutor em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em Direito pela University of Arizona, Estados Unidos. Foi pesquisador visitante na University of Notre Dame (Estados Unidos) e na University of Cambridge (Reino Unido).

BRUNO AUGUSTIN

Membro do Grupo de Estudos de Direito Internacional da UFMG.

BRUNO WANDERLEY JUNIOR

Professor Adjunto da Universidade Federal de Minas Gerais, professor adjunto da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, professor da Faculdade de Direito do Unicentro Dom Helder Câmara e da Fundação Getúlio Vargas - RJ. Possui gra-duação em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, mestrado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutorado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais.

COLABORADORES

VIII

CARLA RIBEIRO VOLPINI SILVA

Professora adjunta do Departamento de Direito Público da Universidade Federal de Minas Gerais. Professora da Universidade de Itaúna - MG. Professora e coordenadora do curso de Direito da Faculdade Novos Horizontes. Doutora em Direito Público pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Mestre em Direito Internacional e Comunitário pela PUC Minas. Especialista em Direito Processual pelo IEC/PUC Minas e bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

CARLOS AUGUSTO CANÊDO GONÇALVES DA SILVA

Professor associado da Universidade Federal de Minas Gerais, professor adjunto da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e procurador de justiça do Ministério Público de Minas Gerais. Cursou graduação, mestrado e doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais. Realizou estágio doutoral na Universidad de Sevilla (Espa-nha) e pós-doutorado na Universidade de Barcelona (Espanha).

CARLOS EDUARDO DE ABREU BOUCAULT

Professor Assistente-Doutor no curso de Direito da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNESP. Professor Titular do curso de Direito da Univer-sidade Nove de Julho – UNINOVE – e da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP. É mestre em Direito pela Universidade de Brasília (UnB) e doutor em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Foi professor visitante na Universidade de Atenas, Grécia, e professor colaborador no Instituto Rio Branco. Foi pesquisador no convênio CNPq/CNR-Itália e na Universidade do Cairo, Egito.

CLAUDIA LIMA MARQUES

Professora Titular de Direito Internacional Privado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Doutora em Direito pela Universidade de Heidelberg, Alemanha. Mes-tre em Direito pela Universidade de Tübingen, Alemanha, e Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Árbitra do Tribunal Arbitral Permanente do MERCOSUL.

EVANDRO MENEZES DE CARVALHO

Professor de Direito Internacional da FGV Direito Rio. Professor Adjunto da Fa-culdade de Direito da Universidade Federal Fluminense. Doutor em Direito Inter-nacional pela Universidade de São Paulo. Mestre em Integração –Latino-americana pela Universidade Federal de Santa Maria. Fez estágio doutoral na Université Paris-Sorbonne (Paris IV) junto a École doctorale “Concept et Langage”. Coordenador da Graduação da FGV Direito Rio.

FERNANDO LUSA BORDIN

Assessor Jurídico (University Trainee), Corte Internacional de Justiça, Holanda. Mes-tre em Direito (LL.M.) pela New York University (Estados Unidos). Bacharel em Di-reito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

IX

FLÁVIA ÁVILA

Professora e pesquisadora da Universidade FUMEC. Possui graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1998), mestrado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003) e é doutoranda pela Pontifi cia Uni-versidade Católica de Minas Gerais.

HENRIQUE WEIL AFONSO

Professor do Centro Universitário de Sete Lagoas. Mestrando em Direito na Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Durante a graduação foi estudante visitante no Colorado College e na University of Westminster (Reino Unido).

HUGO PENA

Professor e coordenador da Faculdade de Direito do UNICERP. Mestre em Direito pela UFSC, na área de concentração Relações Internacionais; ex-bolsista do CNPq; bacharel em Direito pela FADOM - Faculdades Integradas do Oeste de Minas. Inte-grou a equipe da FADOM que alcançou o 6º lugar na etapa internacional da Philip C. Jessup International Law Moot Court Competition e o 1º lugar nas etapas brasileiras da mesma competição em 2005 e 2006.

JAMILE BERGAMASCHINE MATA DIZ

Professora da Universidade Federal de Minas Gerais. Professora da Universidade de Itaúna - MG. Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Viçosa, mestre em Pro-blemas actuales en Derecho Público - Universidad de Alcalá de Henares (Espanha), mes-tre em Politicas e Instituciones de la Unión Europea pela Universidad Camilo José Cela (Espanha) e doutorado em Problemas actuales en Derecho Público - Universidad de Al-calá de Henares. Professora convidada da Universidad de Castilla La Mancha (Espanha), Universidad de La Republica (Uruguai), Universidad Anahuac (México) e Universidad de Alcalá de Henares. Foi assessora jurídica da Secretaria do MERCOSUL.

JOSÉ AUGUSTO FONTOURA

Professor Associado da Universidade de São Paulo, professor da Universidade Cató-lica de Santos, da Universidade do Estado do Amazonas e professor titular da Facul-dade de Direito de Sorocaba. Possui graduação em Direito pela Universidade de São Paulo, doutorado e livre docência em Direito pela Universidade de São Paulo. Realizou aperfeiçoamento em UN and Globalization na Central European University.

JOSÉ LUIZ SINGI ALBUQUERQUE

Professor de Direito Internacional e Relações Internacionais da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e coordenador do Núcleo de Estudos Sobre Cooperação e Confl itos Internacionais (NECCINT) e do Projeto ORBIS – Observ@tório de Rela-ções Internacionais (www.neccint.ufop.br). É mestre em Análise Econômica do Di-reito pela Universiteit Utrecht e doutorando em Direito Internacional pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais.

X

KELLY SCHAPER SORIANO DE SOUZA

Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Foi integrante do Grupo de Estudos de Direito Internacional (GEDI). Durante a graduação, foi estu-dante visitante na Universidade de Wisconsin (Madison).

LUCAS LIXINSKI

Doutorando no Instituto Universitário Europeu (Itália). Mestre em Direito (LL.M.) pela Central European University (Hungria). Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

LUCIANARA ANDRADE FONSECA

Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Foi integrante do Grupo de Estudos de Direito Internacional (GEDI). Durante a graduação, foi estu-dante visitante na Leibniz Universitat Hannover.

MAITÊ DE SOUZA SCHMITZ

Diplomata. É doutoranda pela UnB. Cursou mestrado em Relações Internacionais na UnB e bacharelado em Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É assessora interna-cional da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e professora assistente de Direito Internacional Público no Instituto Rio Branco.

MANOELA CARNEIRO ROLAND

Professora da Universidade Federal Juiz de Fora. Possui graduação em Direito pela Uni-versidade Federal de Viçosa, mestrado em Relações Internacionais pela Pontifícia Uni-versidade Católica do Rio de Janeiro e doutorado em Direito Internacional e da Integra-ção Econômica pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

MANUEL DE ALMEIDA RIBEIRO

Professor associado do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa. Bacharel em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutor em Ciências Sociais (Ciência Política) pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa. Foi assessor do Primeiro Ministro de Por-tugal. Director de Consultadoria Jurídica do Grupo GALP ENERGIA, SGPS, S.A. Membro da Ordem dos Advogados Portugueses, da Ordem dos Advogados do Brasil, da International Law Association, da American Bar Association, da International Bar Asso-ciation, da Sociedade Portuguesa de Direito Internacional , da Sociedade de Geografi a de Lisboa e da Associação Portuguesa de Ciência Política.

MARCELO BÖHLKE

Diplomata. Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Pelotas, mestrado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutorado em Direito Inter-nacional pela Universidade Federal de Minas Gerais. Foi visiting scholar na Universidade Columbia e na Universidade de Nova York, EUA, e professor do Curso de Formação do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores. Trabalhou na Missão do Brasil junto às Nações Unidas, em Nova York, e foi Vice-Presidente da Comissão Jurídica duran-te a 64ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

XI

MÁRCIO GARCIA

Consultor legislativo do Senado Federal e professor do Instituto Rio Branco e do Instituto Brasiliense de Direito Público. Cursou mestrado na University of Cam-bridge (Reino Unido) e doutorado na Universidade de São Paulo (USP). É bacharel em Direito e em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB). Foi Ofi cial de Proteção no Brasil do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Re-fugiados (ACNUR, 1997/98).

MÁRIO LÚCIO QUINTÃO SOARES

Professor dos cursos de Graduação, Mestrado e Doutorado da Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Bacharel, mestre e doutor em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Presidente da Comissão de Estudos Constitucionais da Ordem dos Advogados do Brasil.

MÔNICA TERESA COSTA SOUSA

Professora da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Mestre e doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Realizou estágio doutoral na Universidade de Coimbra.

MONIQUE ROCHA SALERNO LISBOA

Mestre em Direito Internacional Público pela University of Kent (Reino Unido). Ba-charel em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Foi integrante do Grupo de Estudos de Direito Internacional (GEDI). Durante a graduação, foi estudante visi-tante na University of Wisconsin (Madison).

PAULO EMÍLIO VAUTHIER BORGES DE MACEDO

Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Doutor em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Autor, entre outras obras, dos livros O nascimento do direito internacio-nal (2009), Hugo Grócio e o Direito: o jurista da guerra e da paz (2006) e Guerra e Cooperação Internacional (2002).

RODRIGO CARNEIRO CIPRIANO

Professor da pós-graduação em Direito Internacional na Escola Paulista de Direito. É mes-trando em Direito das Relações Econômicas Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e coordenador do Núcleo de Estudos em Tribunais Inter-nacionais (NETI), da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Membro da Academia Brasileira de Direito Internacional (ABDI).

SALEM HIKMAT NASSER

Professor da Escola de Direito de São Paulo/FGV-SP. Possui graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Diploma de Estudos Aprofun-dados (DEA) em Direito Internacional Público – Université Panthéon Assas (Paris II) – e doutorado em Direito pela Universidade de São Paulo. Foi visiting fellow do Lauterpacht Centre for International Law (Cambridge).

XII

SIDNEY GUERRA

Professor de Direito Internacional Público da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pós-Doutor pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; Pós-Doutor pelo Programa Avançado em Cultura Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutor e Mestre em Direito. Advogado no Rio de Janeiro.

SILVESTRE EUSTÁQUIO ROSSI PACHECO

Bacharel, mestre e doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Cursou especialização em Política Mundial na Universidad de Santiago de Chi-le. É professor da Faculdade de Direito de Pedro Leopoldo (MG).

SUSANA CAMARGO VIEIRA

Professora da Universidade de Itaúna - MG. Mestre e Doutora em Direito pela Facul-dade de Direito da Universidade de São Paulo. Obteve o Special Graduate Diploma in International Law and Organisation for Development no Institute of Social Studies da Haia. Diretora de Estudos do Ramo Brasileiro da International Law Association. Mem-bro do Scientifi c Steering Committee de Earth System Governance.

TATIANA RIBEIRO DE SOUZA

Mestre em Ciências Sociais e doutoranda em Direito pela Pontifícia Universidade Ca-tólica de Minas Gerais. É professora do Centro Universitário Newton Paiva e partici-pante do projeto de pesquisa “Hacia un estado de Derecho Internacional” da Univer-sidade Nacional Autônoma do México (UNAM).

THIAGO JOSÉ ZANINI-GODINHO

Professor substituto da Faculdade de Direito da UFMG. Professor das Faculdades Pitágoras e Estácio de Sá (Belo Horizonte). Mestre e doutorando em Direito Inter-nacional pela Université de Paris I – Panthéon-Sorbonne. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da UFMG.

WAGNER MENEZES

Professor da Universidade de São Paulo - USP. Possui graduação em Direito pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1994), mestrado em Direito Econômico e Social pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) (2002), doutorado em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo (USP) (2007), pós-doutorado na Universitá degli Studi di Padova - Itália (2008) e pesquisador junto do Tribunal Internacional do Mar - Hamburgo, Alemanha - ITLOS (2007). É árbitro do Tribunal do MERCOSUL e do Tribunal Internacional de Arbitragem de Madrid e presidente da Academia Brasileira de Direito Internacional (ABDI).

XIII

SUMÁRIO

PREFÁCIOFaiçal David Freire Chequer .................................................................... XVII

PREÂMBULO ................................................................................................... XIX

PARTE IINTRODUÇÃO ................................................................................................ 01

Art. 1 - José Augusto Fontoura ................................................................... 03Art. 2 - José Augusto Fontoura ................................................................... 07Art. 3 - Manuel de Almeida Ribeiro ........................................................... 17Art. 4 - Bruno Wanderley Jr. ........................................................................ 21Art. 5 - Manuel de Almeida Ribeiro ........................................................... 25

PARTE IICONCLUSÃO E ENTRADA EM VIGOR DE TRATADOS ................ 27

Seção 1 - Conclusão de TratadosArt. 6 - Susana Camargo Vieira ................................................................... 29Art. 7 - Mário Lúcio Quintão Soares/Henrique Weil Afonso................ 35Art. 8 - Mário Lúcio Quintão Soares/Henrique Weil Afonso................ 45Art. 9 - Carla Ribeiro Volpini Silva ............................................................. 49Art. 10 - Carla Ribeiro Volpini Silva ........................................................... 53Art. 11 - Claudia Lima Marques/

Lucas Lixinski/Fernando Lusa Bordin ...................................... 55Art. 12 - Claudia Lima Marques/

Lucas Lixinski/Fernando Lusa Bordin ...................................... 63Art. 13 - Claudia Lima Marques/

Lucas Lixinski/Fernando Lusa Bordin ...................................... 69Art. 14 - Claudia Lima Marques/

Lucas Lixinski/Fernando Lusa Bordin ...................................... 73

XIV

Art. 15 - Claudia Lima Marques/Lucas Lixinski/Fernando Lusa Bordin ...................................... 87

Art. 16 - Claudia Lima Marques/Lucas Lixinski/Fernando Lusa Bordin ...................................... 95

Art. 17- Sidney Guerra ................................................................................. 99Art. 18 - Sidney Guerra ................................................................................ 103Seção 2 - Reservas -Art. 19 - Aziz Tuffi Saliba ............................................................................ 107Art. 20 - Aziz Tuffi Saliba/Lucianara Andrade Fonseca ......................... 119Art. 21 - Aziz Tuffi Saliba/Lucianara Andrade Fonseca ......................... 139Art. 22 - Aziz Tuffi SaLiba/Kelly Schaper Soriano de Souza ................ 147Art. 23 - Aziz Tuffi Saliba/Kelly Schaper Soriano de Souza .................. 161Seção 3 - Entrada em Vigor dos Tratados e Aplicação ProvisóriaArt. 24 - Hugo Pena ...................................................................................... 169Art. 25 - Hugo Pena ...................................................................................... 175

PARTE IIIOBSERVÂNCIA, APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃODE TRATADOS ............................................................................................... 179

Seção 1 - Observância de TratadosArt. 26 - Paulo Emílio Vauthier Borges de Macedo ................................ 181Art. 27 - Paulo Emílio Vauthier Borges de Macedo ................................ 191Seção 2 - Aplicação de Tratados - Art. 28 - Bruno Wanderley Jr. ...................................................................... 199Art. 29 - José Luiz Singi Albuquerque ........................................................ 205Art. 30 - José Luiz Singi Albuquerque ........................................................ 213Seção 3 - Interpretação de TratadosArt. 31 - André Lipp Pinto Basto Lupi ...................................................... 223Art. 32 - André Lipp Pinto Basto Lupi ...................................................... 239Art. 33 - André Lipp Pinto Basto Lupi ...................................................... 243Seção 4 - Tratados e Terceiros EstadosArt. 34 - Thiago José Zanini-Godinho ...................................................... 247Art. 35 - Thiago José Zanini-Godinho ...................................................... 255Art. 36 - Thiago José Zanini-Godinho ...................................................... 261Art. 37 - Thiago José Zanini-Godinho ...................................................... 269Art. 38 - André Lipp Pinto Basto Lupi ...................................................... 273

PARTE IVEMENDA E MODIFICAÇÃO DE TRATADOS ..................................... 281

Art. 39 - Jamile Bergamaschine Mata Diz ................................................. 283

XV

Art. 40 - Jamile Bergamaschine Mata Diz ................................................. 291Art. 41 - Jamile Bergamaschine Mata Diz ................................................. 297

PARTE VNULIDADE, EXTINÇÃO E SUSPENSÃO DA EXECUÇÃODE TRATADOS ............................................................................................... 309

Seção 1 - Disposições GeraisArt. 42 - Ana Cristina Zadra Valadares/Flávia Ávila .............................. 311Art. 43 - Ana Cristina Zadra Valadares/Flávia Ávila ............................... 339Art. 44 - Ana Cristina Zadra Valadares/Flávia Ávila ............................... 345Art. 45 - Ana Cristina Zadra Valadares/Flávia Ávila ............................... 361Seção 2 - Nulidade de TratadosArt. 46 - Aziz Tuffi Saliba/Bruno Herwig Rocha Augustin ................... 371Art. 47 - Monique Rocha Salerno Lisboa .................................................. 399Art. 48 e Art. 49 - Carlos Eduardo de Abreu Boucault ........................... 405Art. 50 - Carlos Augusto Canêdo Gonçalves da Silva/

Tatiana Ribeiro de Souza ............................................................. 411Art. 51 - Carlos Augusto Canêdo Gonçalves da Silva/

Tatiana Ribeiro de Souza ............................................................. 425Art. 52 - Hugo Pena ...................................................................................... 439Art. 53 - André de Carvalho Ramos ........................................................... 445Seção 3 - Extinção e Suspensão da Execução de Tratados Art. 54 - Márcio Garcia ................................................................................ 469Art. 55 - Márcio Garcia ................................................................................ 475Art. 56 - Márcio Garcia ................................................................................ 479Art. 57 - Mônica Teresa Costa Sousa ......................................................... 491Art. 58 - Mônica Teresa Costa Sousa ......................................................... 495Art. 59 - Mônica Teresa Costa Sousa ......................................................... 497Art. 60 - Mônica Teresa Costa Sousa ......................................................... 501Art. 61 - Manoela Carneiro Roland ............................................................ 505Art. 62 - Manoela Carneiro Roland ............................................................ 513Art. 63 - Wagner Menezes/Rodrigo Carneiro Cipriano .......................... 523Art. 64 - André de Carvalho Ramos ........................................................... 533Seção 4 – ProcessoArt. 65 - Evandro Menezes de Carvalho ................................................... 535Art. 66 - Evandro Menezes de Carvalho ................................................... 541Art. 67 - Evandro Menezes de Carvalho ................................................... 547Art. 68 - Evandro Menezes de Carvalho ................................................... 549

XVI

Seção 5 – Conseqüências da Nulidade, da Extinção e daSuspensão da Execução de um TratadoArt. 69 - Monique Rocha Salerno Lisboa .................................................. 551Art. 70 - Marcelo Böhlke .............................................................................. 557Art. 71 - André de Carvalho Ramos ........................................................... 563Art. 72 - Marcelo Böhlke .............................................................................. 565

PARTE VIDISPOSIÇÕES DIVERSAS ........................................................................... 569

Art. 73 - Thiago José Zanini-Godinho ...................................................... 571Art. 74 - Wagner Menezes/Rodrigo Carneiro Cipriano .......................... 583Art. 75 - Marcelo Böhlke .............................................................................. 585

PARTE VIIDEPOSITÁRIOS, NOTIFICAÇÕES, CORREÇÕES E REGISTRO .. 593

Art. 76 - Maitê de Souza Schmitz ............................................................... 595Art. 77 - Maitê de Souza Schmitz ............................................................... 607Art. 78 - Maitê de Souza Schmitz ............................................................... 617Art. 79 - Maitê de Souza Schmitz ............................................................... 625Art. 80 - Maitê de Souza Schmitz ............................................................... 637

PARTE VIIIDISPOSIÇÕES FINAIS .................................................................................. 645

Art. 81, Art. 82, Art. 83, Art. 84 e Art. 85 - Silvestre Eustáquio Rossi Pacheco .............................................................. 647

ANEXO .............................................................................................................. 653

XVII

Faiçal David Freire ChequerProfessor e Reitor da Universidade de Itaúna

É com enorme satisfação que apresentamos a obra Comentários à Con-venção de Viena sobre Direito dos Tratados (1969), publicada pela Editora Arraes, em parceria com a Universidade de Itáuna.

Trata-se de mais um fruto da nossa pesquisa institucional na área do Direito. Além do atendimento ao imperativo constitucional, a realização de pesquisa é fundamental para a consecução de um ensino de qualidade, no qual docentes não se limitam a repetir vetustas lições, mas buscam produzir novos conhecimentos, em participar e até em liderar importantes discussões e, mais importante, em fazer da universidade um verdadeiro instrumento de transformação científi ca, tecnológica e social.

Sem a pesquisa, estacionaríamos no tempo, eclipsando as luzes do sa-ber. No caso do Direito, formaríamos repetidores de leis, incapazes de compreender o contexto ou sequer o texto legal e, mais grave, afastados das refl exões críticas e das considerações éticas que devem nortear nossas ações e decisões, sejam elas jurídicas, sejam políticas, sejam de qualquer ou-tra natureza. A escravidão e o nazismo no passado e as recentes práticas de tortura (eufemisticamente chamadas de “técnicas duras de interrogatório”) pelos norte-americanos são exemplos de como o Direito, ao se despir da ética, pode servir para chancelar a barbárie.

PREFÁCIO

XVIII

O livro evidencia também nosso objetivo de dialogar com pesquisado-res de outras instituições, não apenas para somarmos esforços, mas para, devidamente, apreciarmos críticas e dissonâncias. Um debate acadêmico profícuo não se arrima em unidade, mas em pluralidade, em contraposi-ções. Quando uma resposta é mais bem escrutinada, ela pode ser aprimo-rada ou até refutada. Tal exame, contudo, só pode ocorrer em espaços de-mocráticos; nos ambientes autoritários, o debate é substituído pelo aplauso fácil e a busca da verdade pela adulação. Destarte, um ambiente que não seja democrático é hostil ao saber.

Por fi m, em nome da Universidade de Itaúna, quero agradecer a Editora Arraes e ao organizador, professor doutor Aziz Tuffi Saliba, bem como a todos os colaboradores pelo empenho na construção desse belíssimo traba-lho coletivo, de grande relevância para o estudo do Direito Internacional.

XIX

Os Estados Partes na presente Convenção, Considerando o papel fundamental dos tratados na história das relações

internacionais, Reconhecendo a importância cada vez maior dos tratados como fonte

do Direito Internacional e como meio de desenvolver a cooperação pacífi ca entre as nações, quaisquer que sejam seus sistemas constitucionais e sociais,

Constatando que os princípios do livre consentimento e da boa fé e a regra pacta sunt servanda são universalmente reconhecidos,

Afi rmando que as controvérsias relativas aos tratados, tais como outras controvérsias internacionais, devem ser solucionadas por meios pacífi cos e de conformidade com os princípios da Justiça e do Direito Internacional,

Recordando a determinação dos povos das Nações Unidas de criar con-dições necessárias à manutenção da Justiça e do respeito às obrigações de-correntes dos tratados,

Conscientes dos princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas, tais como os princípios da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, da igualdade soberana e da indepen-dência de todos os Estados, da não-intervenção nos assuntos internos dos Estados, da proibição da ameaça ou do emprego da força e do res-peito universal e observância dos direitos humanos e das liberdades fun-damentais para todos,

Acreditando que a codifi cação e o desenvolvimento progressivo do di-reito dos tratados alcançados na presente Convenção promoverão os pro-

PREÂMBULO

XX

pósitos das Nações Unidas enunciados na Carta, que são a manutenção da paz e da segurança internacionais, o desenvolvimento das relações amisto-sas e a consecução da cooperação entre as nações,

Afirmando que as regras do Direito Internacional consuetudinário continuarão a reger as questões não reguladas pelas disposições da presente Convenção,

Convieram no seguinte:

COMENTÁRIOS AO PREÂMBULO

Salem H. Nasser

A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados resulta de um esforço de codifi cação do direito internacional costumeiro em matéria de tratados; ela é essencialmente um tratado sobre tratados.

Para a apreensão da importância e do sentido do Preâmbulo à Con-venção, é útil o recurso a um dos artigos contidos no corpo dessa, relativo à interpretação dos tratados.

O artigo 31, que traz uma regra geral de interpretação, diz que os tratados devem ser interpretados “de boa-fé, segundo o sentido comum dos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objeto e fi nalidade.” Em seguida, explicita que “o contexto compreende, além do texto, seu preâmbulo e anexos”.

Assim, a regra de interpretação que, compreende-se, a Comissão de Direito Internacional identifi cou como uma das normas do direito cos-tumeiro na matéria e inseriu no texto da Convenção como parte de seu trabalho de codifi cação, nos ajuda a entender o papel que o direito costu-meiro reserva ao preâmbulo dos tratados e, por conseguinte, o papel que pode desempenhar o Preâmbulo à Convenção.

Um preâmbulo ajuda na determinação do contexto dentro do qual deve ser encontrado o sentido comum dos termos do tratado e que pode conter indicações sobre o objeto e a fi nalidade do mesmo.

Mas, o contexto pode não estar restrito aos termos e à linguagem do preâm-bulo e se estender, por exemplo, ao modo como esse foi negociado e adotado.

O Preâmbulo à Convenção não foi elaborado pela Comissão de Di-reito Internacional ao mesmo tempo em que essa preparava a parte ope-rativa da Convenção. Foi apenas no curso da Conferência de Viena sobre

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o Direito dos Tratados que os Estados ali reunidos confi aram ao Comitê Redator a elaboração de um preâmbulo. Esse trabalho baseou-se, então, em propostas feitas por alguns Estados, e o texto resultante recebeu adi-ções aprovadas por votação dos Estados.

1. Os tratados como fonte do direito internacional

Inicia-se o Preâmbulo por um “considerando” que faz referência ao pa-pel fundamental dos tratados na história das relações internacionais (Par. 1º), o que serve a lembrar essencialmente que, ao longo da história, e muito antes do surgimento do direito internacional como ordem jurídica dotada de características que lhe reconhecemos hoje, povos diversos e seus soberanos entravam em avenças que regulavam algum aspecto de suas relações recípro-cas e concordavam em fazer dessas avenças obrigatórias para as partes.

Após essa primeira referência, o segundo parágrafo do Preâmbulo traz o reconhecimento por parte dos Estados da importância crescente dos tra-tados como fontes do direito internacional e como meio de desenvolver a cooperação pacífi ca entre as nações, quaisquer que sejam seus regimes constitucionais e sociais.

Começando pelo fi nal, a referência à diversidade de regimes constitucionais e sociais das nações deve ser pensada à luz do contexto político da época, em que o mundo se dividia em dois campos opostos ideologicamente que disputa-vam a lealdade dos vários Estados componentes de sociedade internacional.

A cooperação pacífi ca a ser desenvolvida entre os vários Estados, ain-da que esses divirjam no que respeita às escolhas econômicas, políticas e sociais, é vista como um objetivo que pode ser atingido com o recurso aos tratados. Deve-se observar, no entanto, que, mais do que mero objetivo, no contexto do direito internacional contemporâneo, a cooperação foi ga-nhando espaço, ao longo do século XX, sobre a mera coexistência e sobre o confronto, como lógica subjacente à ordem jurídica. A qualifi cação da cooperação como pacífi ca só faz reforçar essa ideia.

A importância dos tratados é crescente não só como meio de desenvol-ver a cooperação, mas também, e sobretudo, como fonte do direito inter-nacional (Par. 2o). Uma lista das fontes desse direito – a mais comumente mencionada é a contida no artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça – pode variar e ser objeto de polêmica, mas não resta dúvida de que, ao lado dos costumes internacionais, os tratados constituem necessa-riamente uma das duas fontes centrais do direito internacional.

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Os tratados são fonte na medida em que podem criar direitos e obri-gações – contratuais se quisermos – para os Estados, e a proporção que podem ser usados por esses para a criação de normas jurídicas pelas quais aceitam estar vinculados e a cujo cumprimento estarão obrigados.

A importância crescente dos tratados enquanto fonte se traduz num in-cremento quantitativo e também na sua progressiva sofi sticação para poder responder às necessidades de uma sociedade internacional mais complexa em que novas problemáticas surgem em ritmo muito mais rápido.

2. Livre consentimento, boa-fé e pacta sunt servanda

O direito internacional opera com base em uma igualdade formal entre os diversos Estados que são vistos como seus sujeitos e destinatários pri-mordiais. Os Estados são iguais, perante o direito internacional, na medida em que são igualmente soberanos. Assim, um Estado só se pode ver com-prometido pelas obrigações e regras decorrentes de um tratado se tiver com isso consentido expressa e livremente. Esse princípio encontra eco também na Parte V da Convenção, em que são elencados os vícios que podem aco-meter o livre consentimento dos Estados para com um tratado qualquer. Isso decorre igualmente do direito costumeiro e se aplica inclusive à fa-culdade que podem exercer os Estados de aceitarem ser partes da própria Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados.

O consentimento é livre, mas os Estados fi cam obrigados pelos acordos em que são partes e estão obrigados a cumpri-los de boa-fé.

Tanto o livre consentimento como o pacta sunt servanda e o princípio da boa-fé são considerados, na linguagem do preâmbulo, pelos Estados partes da Convenção, princípios universais que devem ajudar a interpre-tar o contexto em que surge a mesma. Essa universalidade redunda em um reconhecimento da existência de normas de direito internacional geral, de natureza costumeira, que vinculam todos os Estados, sejam eles partes na Convenção ou não. São princípios gerais orientadores de todo o direito dos tratados, sem os quais as suas demais normas não poderiam fazer sentido.

3. Solução pacífi ca de controvérsias

Da interpretação e aplicação de qualquer acordo entre os Estados po-dem surgir controvérsias. O preâmbulo lembra que essas, como quaisquer

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outras controvérsias internacionais, devem ser resolvidas por meios pací-fi cos. Assim, o ambiente do direito internacional em que vem se inserir a Convenção é aquele que, no curso do século XX, veio a afi rmar a ilegali-dade do recurso à força.

Não apenas a linguagem do preâmbulo afi rma essa identidade en-tre o direito dos tratados e o resto do direito internacional, no que concerne à solução de disputas, mas também relembra com a mesma linguagem os mesmos princípios afi rmados na Carta das Nações Unidas sobre o tema. O parentesco entre a Convenção de Viena, resultante dos trabalhos da Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas, e a Carta da ONU já aparece aqui ressaltado, no sentido de que a Sociedade Internacional ia aos poucos identifi cando ou constituindo núcleos du-ros de orientação do direito internacional.

Para além dessa identifi cação com a Carta, a referência aos princípios de justiça e do direito internacional marca a vontade de colocar o direito no centro das relações internacionais, como meio privilegiado de solucionar, pacifi camente, as controvérsias.

4. Os povos das Nações Unidas e os princípios contidos na Carta da ONU

A mesma relação de proximidade entre a Convenção e o direito do sistema das Nações Unidas, relevada no que concerne a solução pacífi ca de controvérsias, aparece novamente no Par. 5o, em que a mesma intenção, creditada aos Povos das Nações Unidas, de manutenção da justiça por meio do direito, por meio do respeito às obrigações jurídicas acordadas pelos Estados, é afi rmada.

O mesmo se dá com a afi rmação, contida no Par. 6o, de que os Estados partes na Convenção de Viena estão Conscientes dos princípios do direito internacional incorporados na Carta. A menção expressa dos princípios da igualdade de direitos dos povos e seu direito à autodeterminação, da igual-dade soberana e independência dos Estados, da não ingerência nos assun-tos internos dos Estados, da proibição da ameaça ou do emprego da força e do respeito universal e efetivo dos direitos do homem e das liberdades fun-damentais constitui a lembrança de que é no seio desse direito internacional renovado – em que esses princípios são pensados como cardeais e em que as Nações Unidas desempenham um papel central - que a Convenção de Viena vem se inserir.

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5. Codifi cação, desenvolvimento progressivo do direito inter-nacional e o direito costumeiro

Mais uma vez, no Par. 7o, é afi rmado o parentesco da Convenção com a Carta e o sistema das Nações Unidas, bem como a ideia forte de que pelo direito se podem realizar a paz e a segurança e o desenvolvimento de rela-ções pacífi cas entre os Estados.

A função que realiza a Comissão do Direito Internacional é parte da missão proposta pela Carta, a de codifi car o direito internacional e operar o seu desenvolvimento progressivo. A elaboração da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados é um passo fundamental no cumprimento dessa dupla missão, pois um capítulo central do direito internacional, até ali essencialmente costumeiro, se vê codifi cado e também acrescido de normas que, à época, seriam mais comumente consideradas como inovações, dentre as quais se destacaria certamente a referência ao jus cogens.

Finalmente, no Par. 8o, encerra-se o preâmbulo com uma derradeira in-formação sobre o contexto da Convenção de Viena, contexto esse para cuja interpretação pretende colaborar: a Convenção é o resultado de um esforço de codifi cação do direito dos tratados e também dos compromissos que foram possíveis no seu processo de elaboração. O resultado desse esforço não substitui nem cancela a existência das normas costumeiras na matéria. O direito costumeiro, mesmo nas normas que poderiam ser pensadas como idênticas ao disposto na Convenção, permanece inteiro, válido e aplicável, cobrindo todas as situações que não sejam cobertas pela Convenção e todas as que envolvam países não partes na mesma.

Assim como o direito costumeiro sobre a interpretação dos tratados, retomado pelo artigo 31 da Convenção, reservava um papel aos preâmbulos dos tratados, o preâmbulo da Convenção relembra que o direito costumeiro sobre tratados continua em seu lugar.