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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A BITRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL E O ORDENAMENTO JURÍDICO NACIONAL ABDO MIGUEL KATHER NETO Prof. Orientador: Francis Rajzman RIO DE JANEIRO 2011

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Page 1: A BITRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL E O ORDENAMENTO … · Tributário e do Direito Tributário Internacional. Abordaremos também os tratados de não Abordaremos também os tratados de

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A BITRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL E O

ORDENAMENTO JURÍDICO NACIONAL

ABDO MIGUEL KATHER NETO

Prof. Orientador: Francis Rajzman

RIO DE JANEIRO

2011

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ABDO MIGUEL KATHER NETO

A BITRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL E O

ORDENAMENTO JURÍDICO NACIONAL

Trabalho de conclusão da pós-graduação apresentado à Faculdade Cândido Mendes do Rio de Janeiro, como requisito parcial para obtenção do título de pós-graduado.

Orientador: Prof. Francis Rajzman

RIO DE JANEIRO

2011

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Kather Neto, Abdo Miguel.

A Bitributação Internacional e o Ordenamento Jurídico Nacional / Abdo Miguel Kather Neto. – 2011.

89 f.

Orientador: Francis Rajzman. Monografia (pós-graduação em Direito) – Universidade Cândido Mendes, Instituto a Vez do Mestre. Bibliografia: f. 54-55.

1. Bitributação Internacional - Monografias. 2. E o Ordenamento Jurídico Nacional. I. Rajzman, Francis. II. Universidade Cândido Mendes. Instituto a Vez do Mestre. III. A Bitributação Internacional e o Ordenamento Jurídico Nacional.

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ABDO MIGUEL KATHER NETO

A BITRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL E O

ORDENAMENTO JURÍDICO NACIONAL

Trabalho de conclusão da pós-graduação apresentado à Faculdade Candido Mendes do Rio de Janeiro, como requisito parcial para obtenção do título de pós-graduado.

Data de aprovação: ____/ ____/ _____

Banca Examinadora:

________________________________________________

Nome completo do 1º Examinador – Presidente da Banca Examinadora

Prof. + titulação (caso tenha) + instituição a que pertence – Orientador(a)

________________________________________________

Nome completo do 2º Examinador

Prof. + titulação (caso tenha) + instituição a que pertence

________________________________________________

Nome completo do 3º Examinador

Prof. + titulação (caso tenha) + instituição a que pertence

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DEDICATÓRIA

Gostaria de agradecer aos meus pais, Abdo e Magali, pelo carinho e por sempre me apoiarem incondicionalmente; ao meu irmão Fabricio e todos os meus amigos, que sempre estiveram ao meu lado em todos os momentos da minha vida. Obrigado a todos pelo apoio e carinho.

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AGRADECIMENTOS

A minha família, Mãe, Pai, Fabricio, aos meus avôs e avós, todos que sempre me apoiaram

incondicionalmente, me dando força pra seguir em frente.

Aos meus amigos que me deram força e que estiveram ao meu lado em momentos alegres e

tristes, fáceis e difíceis.

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EPÍGRAFE

“O homem que se vangloria não tem seu

mérito reconhecido”

(Lao-Tsé)

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RESUMO

KATHER NETO, Abdo Miguel. Bitributação Internacional e o Ordenamento Jurídico Nacional. 2011. 89 f. Monografia (Pós-Graduação em Direito) – Universidade Cândido Mendes, Instituto a Vez do Mestre, Rio de Janeiro, 2011.

Através do presente trabalho buscamos explicitar as nuances entre a bitributação internacional e o ordenamento jurídico nacional, mostramos qual é o entendimento de alguns dos tribunais nacionais em relação à bitributação internacional e também o entendimento doutrinário. O primeiro capítulo traz os conceitos e princípios do direito tributário. No segundo capítulo, falaremos sobre os tributos e suas espécies. O terceiro capítulo dedica-se a um estudo sobre os princípios do direito tributário internacional. O quarto capítulo falará especificamente sobre a bitributação internacional, suas implicações nos ordenamentos jurídicos internacionais e nacionais e os tratados que implicam na vedação da bitributação.

Palavras-Chave: Bitributação Internacional; ordenamento jurídico; nacional.

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ABSTRACT

KATHER NETO, Abdo Miguel. Bitributação Internacional e o Ordenamento Jurídico Nacional. 2011. 89 f. Monografia (Pós-Graduação em Direito) – Universidade Cândido Mendes, Instituto a Vez do Mestre, Rio de Janeiro, 2011.

Through this work we seek to explain the nuances of international double taxation and the national legal system, we show some understanding of national courts in relation to international double taxation and also the opinion of doctrine. The first chapter provides the concepts and principles of tax law. In the second chapter, we'll talk about taxes and their species. The third chapter is devoted to the study of the principles of international tax law. The fourth chapter will talk specifically about the international double taxation, its implications for both national and international legal systems and treaties that imply the bar of double taxation.

Key words: International Double Taxation; Legal System; national.

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12

2 - CONCEITO E PRINCÍPIOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................... 14

2.1. Conceito de Direito Tributário. ........................................................................................ 14

2.2. Princípios do Direito Tributário ...................................................................................... 14

2.2.1.Princípio da Legalidade .............................................................................................. 14

2.2.2.Princípio da Irretroatividade e Anterioridade da Lei.............................................. 15

2.2.3.Princípio da Igualdade ou Isonomia .......................................................................... 15

2.2.4.Princípio do Direito à Proteção Jurisdicional ........................................................... 15

2.2.5.Princípio da Uniformidade ......................................................................................... 15

2.3. Competência Tributária. .................................................................................................. 16

2.4. Limitações ao Poder de Tributar ..................................................................................... 18

2.4.1.Princípio da Capacidade Contributiva ...................................................................... 18

2.4.2.Princípio da Legalidade .............................................................................................. 18

2.4.3.Princípio da Isonomia Tributária .............................................................................. 18

2.4.4.Princípio da Irretroatividade da Lei.......................................................................... 18

2.4.5.Princípio da Anterioridade da Lei ............................................................................ 19

2.4.6.Princípio da Vedação de Efeitos Confiscatórios ....................................................... 19

2.4.7.Princípio da Não Limitação ao Tráfego ................................................................... 19

2.4.8.Princípio da Uniformidade Tributária ...................................................................... 19

2.4.9.Princípio da Vedação de Diferenciação Tributária .................................................. 20

2.4.10.Princípios aplicáveis ao IPI e ICMS ........................................................................ 20

2.5. Imunidade x Isenção x Anistia ......................................................................................... 20

2.6. Imunidades ......................................................................................................................... 21

3 - TRIBUTOS ............................................................................................................................ 22

3.1. Conceito .............................................................................................................................. 22

3.2. Espécies de Tributos .......................................................................................................... 24

3.2.1.Impostos ....................................................................................................................... 24

3.2.2.Taxas ............................................................................................................................. 27

3.2.3.Empréstimos Compulsórios ........................................................................................ 27

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3.2.4.Contribuição Social ..................................................................................................... 29

3.2.5.Contribuição de Melhoria ........................................................................................... 32

4 - PRINCÍPIOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO INTERNACIONAL .................................. 33

4.1. Elementos de conexão........................................................................................................ 33

4.1.1.Elemento de Conexão Material .................................................................................. 33

4.1.2.Elemento de Conexão Subjetivo ................................................................................. 34

4.1.2.1.Nacionalidade........................................................................................................ 34

4.1.2.2.Domicílio................................................................................................................ 34

4.1.2.3.Residência.............................................................................................................. 34

4.2. Princípios aplicáveis ao Direito Tributário Internacional ............................................. 34

4.2.1.Princípio da Territorialidade ..................................................................................... 34

4.2.2.Princípio da Universalidade ....................................................................................... 36

5 - BITRIBUTAÇÃO .................................................................................................................. 37

5.1. Bitributação Internacional ............................................................................................... 37

5.1.1.O Sistema das Quatro Imputações ............................................................................. 40

5.1.2.Motivos que levam a Bitributação Internacional ..................................................... 41

5.1.3.Consequências da Bitributação Internacional .......................................................... 43

5.2. Soluções para Bitributação Internacional ....................................................................... 43

5.2.1.Medidas unilaterais ..................................................................................................... 43

5.2.1.1.Método de Isenção ................................................................................................ 44

5.2.1.2.Método do Crédito de Imposto ou da Imputação .............................................. 44

5.2.1.3.Método da dedução .............................................................................................. 47

5.2.2.Medidas Bilaterais ou Multilaterais .......................................................................... 47

5.3.O Ordenamento Jurídico Nacional e os Tratados e Convenções Internacionais ......... 49

5.4. Tratados celebrados pelo Brasil ....................................................................................... 50

5.5. Contribuições Sociais no Âmbito Internacional ............................................................. 51

6 - CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 52

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................................ 54

8 - ANEXOS ................................................................................................................................ 56

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1 - INTRODUÇÃO

Quando iniciamos nossos estudos na faculdade de direito, somos doutrinados a

acreditar que a bitributação não é permitida pelo ordenamento jurídico pátrio. No entanto não é

totalmente correto fazer esse tipo de afirmação.

No trabalho que será desenvolvido falaremos sobre a bitributação, explicitando as

nuances entre esta e o ordenamento jurídico nacional, verificando a possibilidade da sua

ocorrência e suas consequências, também, no âmbito internacional.

Vamos tentar descobrir as consequências jurídicas que advém da bitributação para as

empresas, pessoas jurídicas, e indivíduos particulares, além da influência de seus efeitos para

nosso país no cenário mundial.

A metodologia escolhida para este trabalho será a análise da doutrina e jurisprudência

existente sobre o assunto, com o intuito de chegar a um denominador comum sobre a

possibilidade de ocorrência ou não de bitributação.

Dentro do trabalho faremos uma análise sobre os princípios e conceitos do Direito

Tributário e do Direito Tributário Internacional. Abordaremos também os tratados de não

bitributação e suas especificidades. Buscaremos mostrar os efeitos danosos da bitributação em

nível nacional e internacional.

O trabalho será iniciado com uma explicitação dos conceitos e princípios do Direito

Tributário Nacional, seguindo com algumas considerações básicas sobre a competência tributária,

as limitações do poder de tributar e uma diferenciação entre imunidade, isenção e anistia onde

será dado um maior destaque as imunidades.

Posteriormente passaremos a análise dos tributos, começando pelo seu conceito que

será detalhadamente esmiuçado e posteriormente discorrendo sobre suas espécies especificando

seus detalhes e onde elas se encontram no ordenamento jurídico brasileiro.

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Falaremos também dos princípios do Direito Tributário Internacional, demonstrando

seus elementos de conexão como o material e o subjetivo, dando uma maior relevância a este

último o qual apresenta mais elementos de importância para o estudo apresentado. Finalizando o

capítulo com um maior detalhamento dos princípios da territorialidade e da universalidade,

mostrando a importância dos dois na seara nacional e internacional e seus efeitos sobre a

bitributação internacional.

Seguindo com o deslinde do trabalho, adentraremos no seu principal tema, a

bitributação internacional. Iniciaremos com uma breve explicação do conceito de bitributação,

para então nos aprofundarmos na dupla tributação, passando pelos motivos que levam a

ocorrência da bitributação internacional, suas consequências e soluções. Será feito também um

paralelo entre o nosso ordenamento jurídico e os tratados e convenções internacionais, que

discorrem sobre a bitributação, dando ênfase ao artigo 98 do Código Tributário Nacional.

Passaremos a falar dos Tratados celebrados pelo Brasil de não bitributação e terminaremos o

capítulo falando da influência das contribuições sociais em relação à bitributação no âmbito

internacional.

Terminaremos o trabalho tecendo comentários gerais acerca do tema, e mostrando a

necessidade do Brasil de renovar seus tratados antigos e defasados, para que não sofra represálias

de seus parceiros.

No Anexo, apresentaremos algumas súmulas sobre o tema do trabalho, além de

apresentar um modelo de convenção celebrado entre o Brasil e o Peru no ano de 2009 e

jurisprudências diversas.

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2 - CONCEITO E PRINCÍPIOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

2.1. Conceito de Direito Tributário.

Segundo Pedro Nunes o conceito de direito tributário é:

“Ramo do direito público que compreende um conjunto de normas

coercitivas que estabelecem relações jurídicas entre os contribuintes e o Estado,

direitos e deveres de ambos e dos agentes fazendários; regula o sistema

tributário e disciplina o lançamento, a arrecadação, fiscalização e aplicação

dos impostos em geral, taxas e contribuições. O mesmo que direito fiscal e

direito financeiro” 1

No mesmo sentido temos a definição de Paulo Barros de Carvalho que afirma que:

“É o ramo didaticamente autônomo do direito, integrado pelo

conjunto das proposições jurídico normativas que correspondam, direta ou

indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos.”2

2.2. Princípios do Direito Tributário

2.2.1. Princípio da Legalidade

O princípio fundamental do sistema tributário é a legalidade, que se encontra

positivada no artigo 150, inciso I, da Constituição Federal, que afirma o seguinte "Art. 150. sem

prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao

Distrito Federal e aos Municípios, I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça"

1 http://tributarioblog.blogspot.com/2008/10/resumos-conceitos-de-direito-tributrio.html

2 Carvalho, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 11. ed. Editora Saraiva, São Paulo, 1999.

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Desta forma fica garantido a não existência de tributo que não seja preconizado por

lei formal e material, que descreva a hipótese de incidência, a base de cálculo e com a

identificação do sujeito ativo e passivo.

2.2.2. Princípio da Irretroatividade e Anterioridade da Lei

O princípio da irretroatividade não permite que a criação de tributos seja retroativa a

data da promulgação ou então, no mesmo exercício financeiro da publicação da lei, por ferir um

princípio do direito adquirido, entretanto, se for para beneficiar os indivíduos, sua aplicação pode

retroagir desde que não fira os direitos de terceiro.

2.2.3. Princípio da Igualdade ou Isonomia

É o princípio basilar, pois, os tributos criados são pagos por todos de forma uniforme

e proporcional a riqueza gerada decorrente de rendimentos, patrimônio e atividades econômicas

do contribuinte, isentando-se apenas os contribuintes que não possuem rendimento suficiente

para o seu sustento, capacidade econômica ou impossibilidade de pagamento, evitando o

tratamento desigual entre os contribuintes que se encontrem em situação equivalente.

2.2.4. Princípio do Direito à Proteção Jurisdicional

É o direito dado aos indivíduos de buscar o Poder Judiciário, quando houver a criação

de algum tributo que contrarie algum fundamento constitucional, ou então, ache o tributo

indevido, ilegal ou arbitrário. Também é consagrado o direito de ampla defesa, para comprovar as

licitudes dos atos tributários.

2.2.5. Princípio da Uniformidade

Proibição da cobrança de tributos com distinção ou preferência em favor de qualquer

pessoa jurídica de direito público, como também em razão da sua procedência ou destino.

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2.3. Competência Tributária.

A competência tributária é o poder que a CF/88 atribui a um determinado ente (União

Federal, Estados e DF e Municípios), para que o mesmo institua um tributo, podendo ele ou não

exercer sua competência. Nossa fonte de distribuição de competências está na Constituição

Federal de 1988 (arts. 145 e ss.). Entre os arts. 153 a 156, está a distribuição de competências

A União Federal, por exemplo, jamais exerceu a sua competência de instituir o

imposto sobre grande fortunas que vem elencado no art.153, VII da Constituição Federal de

1988.

A União Federal, os Estados, Distrito Federal e os municípios tem competência

tributária plena, ou seja, eles podem legislar, arrecadar e fiscalizar.

A competência tributária é indelegável, ou seja, não pode ser transferida para outrem.

No entanto, pode ser delegado a outro ente o exercício de arrecadação e fiscalização (capacidade

tributária), contanto que a Lei que institui tal tributo tenha sido formulada pelo ente com

competência tributária para o tal. Essa atribuição de funções pode ser revogada a qualquer

instante, unilateralmente, por quem a tenha conferido.

Também existe a competência tributária privativa, que é aquela que surge quando

falamos de impostos. A Constituição Federal de 88 elenca explicita e taxativamente os impostos a

serem instituídos por cada um dos entes federativos. Os artigos 153 e 154 determinam os

impostos que serão instituídos pela União Federal, o artigo 155 os impostos de instituição

exclusiva dos Estados e Distrito Federal e o artigo 156 os dos Municípios.

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Tabela 1 – Impostos e os artigos que os determinam

Fonte: Internet

Uma observação se faz necessária quanto ao artigo 147 da CF/88 o qual afirma que:

“Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for

dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os

impostos municipais”.

Tendo em vista esse artigo acima, fica evidenciado que a União Federal pode vir a ter

competência Tributária sobre impostos estaduais num caso específico e também que o Distrito

Federal tem competência tributária sobre os impostos municipais.

A competência residual permite que, mediante lei complementar, a União venha

instituir impostos não previstos na esfera de competência de qualquer dos entes políticos, desde

que não cumulativos e que também não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos

União

(arts. 153 e 154 CF)

Estados e DF

(art. 155, CF)

Municípios (art. 156, CF/88)

Imposto de renda (IR) Imposto sobre

propriedades de veículos automotores (IPVA)

Imposto sobre propriedade territorial urbana (IPTU)

Imposto de importação (II) Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços

(ICMS)

Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS)

Imposto de exportação (IE) Imposto sobre transmissão causa mortis e doação

(ITCMD)

Imposto de transmissão inter vivos (ITBI)

Imposto sobre produtos industrializados (IPI)

Imposto sobre operações financeiras (IOF)

Imposto territorial rural (ITR)

Imposto sobre grandes fortunas (IGF)

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impostos já existentes. Esta competência esta prevista no artigo 154, I da Constituição Federal de

88 o qual afirma o seguinte: “Art.154. A União poderá instituir: inciso I - mediante lei

complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não cumulativos e

não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição”.

No mesmo artigo acima, no inciso II temos a competência extraordinária, que surgirá

em casos extremos como guerra ou iminência da mesma.

2.4. Limitações ao Poder de Tributar

Existem algumas limitações ao poder de tributar abaixo relacionadas.

2.4.1. Princípio da Capacidade Contributiva (art.145 da Constituição Federal de 1988)

Os impostos devem ter caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade

econômica do contribuinte, que é a qualidade pré-jurídica do indivíduo que o capacita a dispor

parte do seu patrimônio em favor das necessidades coletivas.

2.4.2. Princípio da Legalidade (art.150, I da Constituição Federal de 1988)

Não se pode exigir ou aumentar tributo sem que a lei o estabeleça e não é exceção à

faculdade do Poder Executivo em alterar a alíquota nos limites legais do II, IE, IPI e IOF.

2.4.3. Princípio da Isonomia Tributária (art.150, II da Constituição Federal de 1988)

É vedado aos entes tributantes instituir tratamento desigual entre contribuintes que se

encontrem em situação equivalente, visando assim abolir toda forma de privilégio.

2.4.4. Princípio da Irretroatividade da Lei (art.150, III, “a” da Constituição Federal de

1988)

Fica vedado aos entes tributantes cobrar tributo em relação a fatos geradores

ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituídos ou aumentado. Este

princípio tem como finalidade preservar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa

julgada.

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2.4.5. Princípio da Anterioridade da Lei (art.150, III, “b” da Constituição Federal de 1988)

Fica vedado aos entes tributantes cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em

que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, ou seja, estabelece a competência do

exercício financeiro para a aplicação das normas que os instituem ou aumentam, exceto II, IE,

IPI, IOF, imposto extraordinário, empréstimo compulsório para despesas extraordinárias

decorrente de calamidade pública e iminência ou caso de guerra externa, e contribuição social

previdenciária do empregador, folha de salários, receita ou faturamento e lucro (90 dias) e outras

fontes destinadas a garantir a expansão e manutenção da seguridade social, que também não

seguem a anterioridade e criadas por lei complementar.

2.4.6. Princípio da Vedação de Efeitos Confiscatórios (art.150, IV, da Constituição Federal

de 1988)

Este princípio surge como modo de impedir que a tributação possa caracterizar-se

como violação ao direito de propriedade, sendo que está mais ligado aos impostos sobre o

patrimônio.

2.4.7. Princípio da Não Limitação ao Tráfego (art.150, V da Constituição Federal de 1988)

Impede tributação ao tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais e

intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio que tem característica de taxa.

2.4.8. Princípio da Uniformidade Tributária (art.151, I da Constituição Federal de 1988)

Só é admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio

socioeconômico.

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2.4.9. Princípio da Vedação de Diferenciação Tributária (art.152 da Constituição Federal de

1988)

Essa vedação é imposta aos Estados, Distrito Federal e Municípios para o

estabelecimento de diferença tributária entre bens e serviços de qualquer natureza, em razão de

sua procedência ou destino, em decorrência do princípio da uniformidade imposta à União.

2.4.10. Princípios aplicáveis ao IPI e ICMS (art.153, §3º, I, II e 155, §2º, I e III da

Constituição Federal de 1988)

Evita a cumulatividade, pois se compensa o que for devido em cada operação com o

montante cobrado nas anteriores e o da seletividade em função da essencialidade do produto, das

mercadorias ou serviços, ou seja, quanto maior a essencialidade, menor será a alíquota incidente.

Além destes ainda existem a vedação e tributação pela União das rendas das

obrigações da dívida pública dos Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 151, II CF) e a

vedação da instituição pela União de tributos de competência dos Estados, Distrito Federal e

Municípios (art. 151 III CF).

2.5. Imunidade x Isenção x Anistia

A imunidade é limitação do exercício do poder de tributar prevista na CF, ou seja, é a

exclusão constitucional do poder de tributar, dirigida ao legislador que impede o exercício da

competência tributária dos entes nos casos que especifica, cabendo somente a impostos.

Já a isenção é a forma de exclusão do crédito tributário que está no campo de

incidência, ou seja, os fatos previstos pelo legislador como necessários e suficientes à ocorrência

do fato gerador existiram, mas há lei que dispensa o pagamento do tributo. A isenção é detalhada

nos artigos 176 ao 179 Código Tributário Nacional.

Outra forma de exclusão de crédito tributário é a anistia, a qual é especificada nos

artigos 180 ao 182 do Código Tributário Nacional.

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2.6. Imunidades

Algumas imunidades estão previstas nas alíneas do artigo 150, inciso IV da

Constituição Federal de 1988, as quais são elencadas abaixo:

• imunidade de imposto de forma recíproca do patrimônio, renda e dos serviços

dos entes políticos entre si (art. 150 VI “a” CF);

• imunidade de imposto dos templos de qualquer culto (art. 150 VI “b” CF);

• imunidade de imposto sobre patrimônio, renda e serviços dos sindicatos e

partidos políticos (art. 150 VI “c” CF);

• imunidade de imposto para os livros jornais e revistas e do papel destinado à

sua impressão (art. 150 VI “d” CF);

Temos ainda alguns outros casos de imunidade dentro da Constituição Federal como

as do artigo 153:

• imunidade de imposto para aposentados e pensionistas com mais de 65 anos

que receberem da previdência social dos entes tributantes, exclusivamente

rendimentos do trabalho, nos limites legais (art. 153 § 2º, II CF);

• imunidade de IPI de produtos destinados ao exterior ( art. 153 §3º III CF);

• imunidade de ITR para pequenas glebas exploradas pela família (art. 153 § 4º

CF);

E por fim temos a imunidade de ICMS sobre mercadorias e produtos industrializados

destinados ao exterior; operações com outros Estados relativamente a petróleo, lubrificantes,

combustíveis, energia elétrica e ouro ativo financeiro quando já incida IOF (art. 155 X e XII CF).

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3 - TRIBUTOS

3.1. Conceito

O conceito de tributo se encontra no artigo 3º do Código Tributário Nacional: “Art. 3.

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa

exprimir, que não constitua sanção ao ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade

administrativa plenamente vinculada”.

Explicitando de uma melhor forma o conceito de tributo podemos subdividir seu

conceito da seguinte maneira:

“Tributo é toda contribuição pecuniária compulsória...”:

Pecuniária refere-se a dinheiro, e compulsória, a obrigação. A contribuição é um ato

de pagamento. Segundo Sabbag:

“ ...o tributo deve ser pago em dinheiro, não podendo ser

pago in natura ou in labore, ou seja, por meio da entrega de bens,

produção ou prestação de serviços em troca da quitação de tributos.”3

Logo a contribuição é um ato de pagamento.

“ ...em moeda ou cujo valor nela se possa se exprimir...”

Não se trata de obrigação de fazer. A lei diz que o pagamento é em dinheiro, mas há

opção diversa (“cujo valor possa nela se exprimir”). Em nosso sistema tributário, todas as normas

exigem pagamento de tributos em dinheiro.

3 Sabbag, Eduardo de Moraes. Direito tributário. 9. Ed. Editora Premier Máxima, São Paulo, 2008. p.

71-72.

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23

OBS: A dação em pagamento é um instituto jurídico, e só pode ser utilizado em

juízo, durante uma execução (ou seja, após a tentativa de receber em dinheiro), quando há

interesse da administração pública nos bens do devedor.

“ ...que não constitua sanção ao ato ilícito...”

Segundo Becker:

“ ...a hipótese de incidência da regra jurídica tributária pode

ser qualquer fato (ato, fato ou estado de fato), desde que seja lícito. Caso

contrário, se for ilícito, o objeto da prestação não será tributo, mas

sanção” 4

Um exemplo do que seria um ato ilícito que, consequentemente, não resultaria em um

tributo seriam: a multa de trânsito e multas decorrentes de crimes. Elas não são tributo, e sim uma

penalização pelo cometimento de ato contrário à lei.

“... instituída em lei...”

Não há tributo sem lei anterior que o defina.

“... cobrança mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”

É o ato vinculado (obrigatório) do administrador público. Há um procedimento típico

para todos os inadimplentes.

A atividade vinculada é aquela em cujo desempenho a autoridade administrativa não

goza de liberdade para apreciar a conveniência nem a oportunidade de agir. Não deixa margem à

apreciação da autoridade, que fica inteiramente vinculada ao comando legal. Nada fica a critério

4 Becker, Alfredo Augusto. Teoria geral do direito tributário. 3. ed. Editora Lejus, São Paulo, 1998. p.

262.

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24

da autoridade administrativa, em cada caso. Quando a lei contenha indeterminações, devem estas

ser preenchidas normativamente, vale dizer, pela edição de ato normativo, aplicável a todos

quantos se encontrem na situação nele hipoteticamente prevista. Assim, a atividade de

determinação e de cobrança do tributo será sempre vinculada a uma norma.

3.2. Espécies de Tributos

Existem duas correntes quanto a espécies de tributos, a primeira, teoria tripartida,

acredita que existem apenas 3 (três) espécies de tributos quais sejam:

• IMPOSTOS

• TAXAS

• CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

A segunda corrente, teoria pentapartida, que é a que prevalece no nosso sistema

jurídico acredita que existem 5 (cinco) espécies de tributos que são as seguintes:

• IMPOSTOS

• TAXAS

• EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS

• CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

• CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

Todas, porém, possuem uma característica em comum: o conceito de tributo.

3.2.1. Impostos

Imposto é umas das cinco espécies de tributo existentes em nosso ordenamento

jurídico, sendo definido pelo art. 16 do Código Tributário Nacional , da seguinte forma: “Art. 16.

o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade

estatal específica, relativa ao contribuinte.”

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Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação

independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

As duas características fundamentais do imposto estão implícitas nessa definição,

quais sejam, a de cobrança geral e a de não ter uma contraprestação.

O contribuinte do imposto é devedor independente do fato e da medida em que a

administração pública lhe tenha aproveitado.

Carrazza considera o imposto como:

“... uma modalidade de tributo que tem por hipótese de

incidência um fato qualquer, não consistente numa atuação estatal.” 5

Os impostos são, pois, prestações pecuniárias desvinculadas de qualquer relação de

troca ou utilidade.

É usual distinguirem-se os impostos em impostos pessoais e impostos reais, conforme

sua incidência se refira a uma pessoa ou coisa.

Essa divisão, entretanto, não se baseia em critério jurídico. O crédito de imposto se

funda sempre numa obrigação pessoal, pois a lei, ao tributar, sempre obriga um determinado

sujeito vinculado ao fato gerador, que se chama contribuinte ou responsável.

A pessoa do contribuinte pode ser designada diretamente (exemplo no imposto de

renda), mas o que é tributado é o rendimento; ou de uma maneira indireta quando a lei tributa a

prática de atos pelas pessoas (exemplo no ICMS), ou ainda se refira ao indivíduo por ele ser o

proprietário ou possuidor de determinados bens (impostos predial e territorial).

5 Carrazza, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário. 22. ed. Malheiros Editores, São

Paulo, 2006. p. 497.

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Outra distinção usual é a de imposto direto e imposto indireto e esta distinção tem

relevância dentro do sistema tributário.

O imposto direto tem a virtude de poder graduar diretamente a soma devida por um

contribuinte, de conformidade com sua capacidade contributiva. Exemplo típico de imposto

direito é o imposto sobre a renda pessoal. O imposto indireto, diferentemente, liga o ônus

tributário a um evento jurídico ou material e não dispõe de um parâmetro direto para apurar a

capacidade econômica do contribuinte. Somente de modo teórico e genérico poderá graduar a

tributação por meio do sistema ad valorem e em razão de índices de capacidade econômica.

Já a personalização ou adequação pessoal da carga tributária em cada caso específico

não se pode obter por meio do imposto indireto. Apresentam-se alguns exemplos para facilitar a

compreensão: são impostos indiretos, entre outros, o IPI e o ICMS, o imposto de importação, etc.

Se um indivíduo comprar uma mercadoria, seja abastado ou pobre, pagará o mesmo

quantum. Todavia, mediante certas categorias da técnica de tributação, o legislador procura

corrigir esses aspectos por meio de não-incidências, isenções, imunidades ou graduação das

alíquotas de incidências, em razão da natureza e destinação dos produtos ou mercadorias.

Portanto, tratando-se de imposto, o Estado não precisa criar nenhum serviço nem

dispor de qualquer atividade especial para oferecer ao contribuinte em troca do que este irá pagar,

pois não há, no imposto, a contrapartida que vamos encontrar na taxa. Basta que a pessoa jurídica

de direito público tenha competência, crie o imposto por lei, naturalmente escolhendo, em boa

técnica, as situações que revelem, direta ou indiretamente, capacidade contributiva.

Os impostos devem ser arrecadados com um fim destinado, mas os recursos

provenientes deles não podem ser vinculados diretamente a uma causa específica, indo direto

para o Tesouro Nacional.

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3.2.2. Taxas

Taxa é um tributo cobrado de alguém que utiliza-se de serviço público especial e

divisível, de caráter administrativo ou jurisdicional, ou o tem a sua disposição, e, ainda quando

provoca em seu beneficio, ou por seu, despesa especial dos cofres públicos.

A Constituição Federal de 1988 incorpora esse conceito, em seu artigo 145 quando

afirma que: “Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir

os seguintes tributos: ... II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,

efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou

postos a sua disposição;... § 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.”

Logo evidenciamos que existem dois tipos de taxas, aquelas que surgem em razão do

poder de polícia (TIS – Taxa de Inspeção Sanitária – para fiscalização da higiene de bares e

restaurantes) e as outras que advém da efetiva ou potencial utilização de serviços públicos

específicos e divisíveis (Taxa de Iluminação Pública)

3.2.3. Empréstimos Compulsórios

Dispõe a Constituição Federal em seu artigo 148: “Art. 148. A União mediante lei

complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: inciso I – para atender a despesas

extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; inciso

II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,

observado o disposto no art. 150, III, b. Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes

de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.”

O empréstimo compulsório foi criado após a edição do Código Tributário Nacional,

motivo pelo qual não consta no artigo 5º do CTN: “Art.5 - Os tributos são impostos, taxas e

contribuições de melhoria.” Muito se discutiu sobre a natureza tributária do empréstimo

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compulsório, sendo hoje unânime seu enquadramento como espécie de tributo, uma vez que

possui todos os elementos do conceito legal de tributo

O empréstimo compulsório é um tributo restituível, deve, após determinado lapso

temporal, ser devolvido ao contribuinte. O fato de ser restituível não o descaracteriza como

tributo, uma vez que o art. 3º do CTN não exige como elemento do mesmo, a não restituição de

sua arrecadação.

A competência para criação dessa espécie de tributo é privativa da União, que deverá

exercê-la por meio de lei complementar. A Constituição Federal prevê as situações que uma vez

existentes autorizam a criação desse tributo pela União: despesas extraordinárias decorrentes de

calamidade pública ou guerra externa efetiva ou iminente; investimento público de caráter

urgente e de relevante interesse nacional. Importante destacar que as situações acima

mencionadas, não são os fatos geradores do tributo empréstimo compulsório, são apenas

circunstâncias previstas na lei que condicionam o exercício da competência tributária da União.

Esta, quando instituir o empréstimo compulsório, escolherá livremente qual será o fato gerador da

obrigação de pagar o tributo, podendo ser uma situação vinculada a uma atividade estatal

específica relativa à pessoa do contribuinte, ou uma situação vinculada ao contribuinte que revele

capacidade econômica. É o ente tributante (União) que escolhe o fato gerador, mas somente pode

exercitar a competência tributária e criar o empréstimo compulsório se presente uma das

situações indicadas na Constituição Federal.

O empréstimo compulsório para investimento público está sujeito ao princípio da

anterioridade conforme o artigo 150 da CF/88: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias

asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios: … III- cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido

publicada a lei que os instituiu ou aumentou;”, exigência não prevista para a outra modalidade

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do tributo (empréstimo compulsório extraordinário de calamidade ou guerra). O produto da

arrecadação do tributo deve ser destinado à situação que fundamentou sua instituição. Se criado

para atender despesas de calamidade pública, para essas deve ser destinada o produto da

arrecadação; se criado para realização de um investimento público de caráter relevante, nele deve

ser aplicado.

3.2.4. Contribuição Social

O artigo 149 da Constituição Federal de 1988 conceitua a contribuição social da

seguinte forma: “Art.149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de

intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas,

como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III,

e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que

alude o dispositivo.”

Baseado nesse artigo da constituição Hugo de Brito Machado conceitua a

contribuição social como:

“... espécie de tributo com finalidade constitucionalmente

definida, a saber, intervenção no domínio econômico, interesse de

categorias profissionais ou econômicas e seguridade social.”6

A competência, conforme referido artigo, é exclusiva da União, no entanto, o

parágrafo primeiro afirma que: “Art.149. ... § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios

instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do

regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição

6 Machado, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. Malheiros Editores, 19ª ed., pg. 352.

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dos servidores titulares de cargos efetivos da União.” Desta forma, permite que os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios instituam contribuição, a ser cobrada de seus servidores, para

custeio, em benefício destes, de sistemas de previdência e assistência social.

Já as contribuições sociais de intervenção no domínio econômico e de interesse de

categorias profissionais ou econômicas são privativas da União. Também, assim as contribuições

de seguridade sociais a serem cobradas de quem não sejam servidor do estado-membro, do

Distrito Federal ou do Município.

Conforme o art.194, parágrafo único inciso VII que afirma: “Art. 194. A seguridade

social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da

sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência

social. § único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social,

com base nos seguintes objetivos: ... VII - caráter democrático e descentralizado da

administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos

empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados” as contribuições de

seguridade social são instituídas pela União Federal, mas só quem as pode arrecadar é a pessoa, a

quem caiba administrar a seguridade social, que deve ser, necessariamente, distinta da União

Federal.

São 3 (três) as espécies de contribuições sociais:

• Contribuições sociais de intervenção no domínio econômico que são

aquelas que se caracterizam por serem instrumento de intervenção no domínio

econômico, intervenção essa que se produz com objetivo específico

perseguido pelo órgão estatal competente para este fim, nos termos da lei. Sua

finalidade vem a caracterizar tal espécie como tributo de função nitidamente

extrafiscal.

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• Contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas, são

aquelas destinadas a propiciar a organização destas categorias, fornecendo

recursos financeiros para manutenção de entidades associativas. Trata-se da

vinculação da própria entidade representativa da categoria profissional, ou

econômica, com o contribuinte.

• Contribuições de seguridade social constituem a espécie de contribuição

social cujo regime jurídico tem suas bases mais bem definidas na Constituição

vigente, conforme se comprova nos artigos: “Art.195. A seguridade social

será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos

da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições

sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na

forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do

trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste

serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c)

o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social,

não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo

regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a

receita de concursos de prognósticos. ... § 6º - As contribuições sociais de que

trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da

data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes

aplicando o disposto no art. 150, III, "b".”

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“Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: ... § 5º - A lei

orçamentária anual compreenderá: ... III - o orçamento da seguridade social,

abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração

direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos

pelo Poder Público.”

“Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações

de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os

direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. ... VII -

caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão

quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos

aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.”

3.2.5. Contribuição de Melhoria

A contribuição de melhoria é uma espécie do gênero tributo vinculado a uma

atuação estatal, qual seja, a construção de obra pública que acarrete valorização imobiliária ao

patrimônio do particular, desta forma, é um tributo decorrente de obra pública que gera

valorização em bens imóveis do sujeito passivo.

Assim, se o Poder público (União, Estados, Distrito federal e Municípios)

promove a pavimentação de vias, acarretando esta obra, uma valorização dos imóveis

circunscritos, ao Estado é permitida a cobrança de uma contribuição de melhoria pelas obras

públicas que geraram a valorização nestes imóveis.

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4 - PRINCÍPIOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO INTERNACIONAL

4.1. Elementos de conexão

A tributação das rendas provenientes do comércio internacional fundamenta-se,

basicamente, na escolha de situações fáticas que justifiquem a incidência da norma tributária.

Essas situações são conhecidas como elementos de conexão.

Os elementos de conexão correspondem a um vínculo entre o fato que surge perante a

sociedade e o ordenamento jurídico aplicável. O elemento de ligação vai configurar a

possibilidade de incidência do tributo sobre os rendimentos auferidos pelas pessoas, sejam elas

físicas ou jurídicas, no que concerne a sua atuação no mercado internacional de capitais.

São dois os principais elementos de conexão de maior importância no âmbito do

Direito Tributário Internacional, para o estudo da bitributação internacional, que são: o elemento

de conexão material que diz respeito ao fato jurídico tributável e o elemento de conexão subjetivo

que esta relacionado com o contribuinte.

4.1.1. Elemento de Conexão Material

O elemento de conexão material de maior relevância para o Direito Internacional é o

do local da fonte efetiva da produção de rendimentos, ou seja, possui a ligação direto com o fato

gerador que será tributado tendo em vista que a produção de rendimentos deve ser localizada para

então haver a tributação.

Somente serão tributados rendimentos auferidos dentro da circunscrição territorial do

Estado que aplica a norma tributária, portanto é de extrema importância que se identifique o local

onde ocorreu a produção de renda para que se possa incidir o tributo.

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4.1.2. Elemento de Conexão Subjetivo

São 3 (três) os elementos de conexão subjetivo, o da nacionalidade, o do domicílio e

o da residência. Eles têm como principal função identificar o sujeito passivo e vinculá-lo ao fato

gerador.

4.1.2.1. Nacionalidade

Este elemento tem pouca aplicação prática como critério de conexão entre os sujeitos

passivos e a imputação tributária dos ordenamentos internacionais.

4.1.2.2. Domicílio

Tendo em vista a confusão gerada pelos conceitos do domicilio e da residência nos

sistemas jurídico-tributários de muitos países, convencionou-se que deveria se adotar o elemento

da residência com o intuito de dirimir esta confusão.

4.1.2.3. Residência

É um elemento puramente de Direito Internacional. Tem 2 (dois) critérios, um

subjetivo e outro objetivo. O de ordem objetiva exigiria a presença física da pessoa em um

determinado local. Já no de ordem subjetiva leva-se em consideração a intenção do sujeito residir

no Estado em que se encontra. Desta forma a permanência de uma pessoa no país com o intuito

de se manter residindo no mesmo culminará em geração de encargos tributários, em função do

elemento de conexão que une ela ao ordenamento jurídico do país.

4.2. Princípios aplicáveis ao Direito Tributário Internacional

Os 2 (dois) princípios aplicáveis são:

4.2.1. Princípio da Territorialidade

Também é conhecido como Source Income Taxation ou Base territorial e adota o

critério da conexão material. Ele determina que todas as situações jurídicas que impliquem na

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produção ou recebimento de renda, por nacionais ou residentes, dentro do território nacional de

um país, devem ser tributadas pelo mesmo.

Esse princípio afirma que, estando a hipótese de incidência determinada em lei e

ocorrendo o fato gerador dentro do país, tem-se a obrigação tributária. A grande importância seria

apenas a localização da fonte produtora de renda, se esta no estrangeiro ou em território nacional.

Os Estados são plenamente competentes quando se trata de tributar rendas produzidas

dentro de suas fronteiras, tendo em vista a conexão existente entre a fonte do rendimento e seu

ordenamento jurídico.

Contudo o princípio da territorialidade pode ser entendido sobre 2 (dois) ângulos. O

primeiro representa o âmbito de incidência da regra-matriz da norma tributária, que pode atingir

fatos e sujeitos passivos que se encontram na esfera extraterritorial. Enquanto a territorialidade

em sentido formal implicará na aplicação da legislação tributária sobre indivíduos que estejam na

seara do ordenamento jurídico ao qual faça parte.

Este princípio deixou de ser aplicado no território brasileiro com o advento da Lei nº.

9249/95, a qual veio a consagrar o princípio da universalidade como regra geral do nosso

ordenamento pátrio. Excepcionalmente, quando se tratar de indivíduos que não residam no nosso

país, o princípio pode ser utilizado para tributar os rendimentos auferidos dentro Brasil. Logo,

esse último exemplo dá margem a ocorrência de bitributação.

Com o passar dos anos e com a maior integração internacional das economias esse

princípio começou a se desvalorizar ante a atual ordem mundial. Isso ocorreu, em grande parte,

em razão da evasão fiscal internacional em decorrência da “Guerra Tributária” para atrair

investimentos e do surgimento dos paraísos fiscais.

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4.2.2. Princípio da Universalidade

O princípio da universalidade tem outras denominações como Base Global, Princípio

da Pessoalidade, Princípio da Renda Mundial ou ainda World-Wide Income Taxation. Ele surge

num momento de grande desenvolvimento e integração mundial que culmina num maior fluxo de

rendimentos resultando num interesse de tributação dessas rendas decorrentes do comércio

exterior.

O critério utilizado pelo princípio é o de conexão subjetivo, com isso o alcance

tributário, incidente sobre os residentes, vai desde rendimentos auferidos no território nacional

como no território estrangeiro. Sendo assim, é justificada, pelo elemento da residência, a

tributação de rendimentos, sem levar em consideração o local da fonte.

Sua incidência é maior entre os países desenvolvidos, pois eles tendem a ser os

maiores exportadores de capitais, o que causou a necessidade de tributar seus residentes sobre

lucros obtidos a partir de investimentos no exterior. No entanto, a adoção desse princípio vem se

tornando cada vez mais comum nas economias contemporâneas mais desenvolvidas e que se

desenvolveram nos últimos anos, isto porque facilita a ampliação do financiamento do Estado em

virtude da vocação econômica do princípio, além de uma melhor adaptação do mesmo aos

princípios tributários da capacidade contributiva e da progressividade.

A base global é o método de maior eficácia luta contra as políticas de planejamento

tributário, que buscam a condutas evasivas para diminuir a tributação incidente, que em

contrapartida aumenta a fuga de capitais dos países exportadores em busca de mercados que tem

tributação em menor escala. Com isso, o combate aos paraísos fiscais fica mais eficaz.

Apesar do princípio de renda mundial influenciar numa maior incidência de

bitributação internacional, em razão do elemento da residência, quando entramos na seara das

convenções ou tratados, não existe nenhuma possibilidade de haver dupla tributação. Isto ocorre

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em virtude de que esses acordos não permitem a dupla residência, neles é determinado que

somente uma residência é tributável, excluindo-se as outras então.

Dentro dessa situação a determinação da residência, a qual incidirão os tributos, passa

a ser de suma importância e é feita, em caso de pessoa física, na seguinte ordem de critérios: 1º-

Local de habitação permanente. 2º- Havendo mais de uma habitação permanente, é escolhida a

região que for o centro das relações pessoais e econômicas. 3º- Caso as duas situações anteriores

falhem será o local de permanência habitual. 4º- Se tiver permanência habitual em dois ou mais

Estados determina-se q seja o país de sua nacionalidade. Já em relação às pessoas jurídicas a

residência será determinada pelo local em que se encontrar o órgão da diretoria.

5 - BITRIBUTAÇÃO

Inicialmente precisamos entender o que vem a ser a bitributação. Toda vez que duas

pessoas jurídicas de direito público (União e Estados, Estados e Municípios, etc.) exigirem, de

uma pessoa física ou jurídica, um mesmo tributo, ou seja, que tenha o mesmo fato gerador

estamos diante de uma situação de bitributação. No entanto, a bitributação e o bis in idem são

institutos muito parecidos e precisamos diferencia-los. O segundo ocorre quando a mesma pessoa

jurídica de direito público (União, por exemplo) exige duas ou mais arrecadações sobre o mesmo

fato. Temos explicitado a diversidade dentre eles seguimos adiante com o tema da bitributação

internacional.

5.1. Bitributação Internacional

Antes de nos aprofundarmos no conceito e detalhes da bitributação internacional se

faz necessário uma breve explicação do motivo que a torna de extrema importância nos dias

atuais, no nosso ordenamento jurídico e no âmbito internacional.

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As trocas comerciais estabelecidas entre os Estados atuantes no cenário internacional

restaram intensificadas a partir do processo de integração econômica, o qual consiste justamente

na eliminação gradual das barreiras físicas e virtuais comumente impostas quando tratamos de

comércio entre países.

A interdependência das economias mundiais, com a presença de investimentos

estrangeiros quase que em todos os países do globo, bem como a revolução tecnológica dos

meios de comunicação, impõem a adoção de políticas internacionais adequadas e eficientes em

matéria tributária, a fim de implementar os benefícios almejados e necessários para o

desenvolvimento econômico e social dos países, preservando suas bases tributárias, a

competitividade das suas empresas e a atração de investimentos estrangeiros, sempre tendo em

vista os direitos e garantias fundamentais dos seus cidadãos e de seus negócios.

Nesse diapasão, torna-se possível verificar o aprofundamento dos vínculos entre os

Estados soberanos como decorrência da decisão política que, fundada em um suporte econômico

e formalizada por uma construção jurídica, possibilita a ocorrência do processo de integração em

análise.

Com o crescimento do comércio e dos investimentos torna-se indispensável a

tributação das operações transnacionais de trocas de capitais. Nesse diapasão, elevou-se à posição

de destaque o princípio do world-wide-income, o qual institui a imputação dos rendimentos em

bases universais, ocasionando o concurso de pretensões impositivas.

Dentro desta realidade, se faz necessária uma harmonização fiscal que tem como

característica essencial a eliminação das barreiras e dos fatores de discriminação fiscal,

permitindo, dessa forma, maior liberdade de circulação de bens e de serviços no contexto do

comércio exterior.

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No entanto, é de extrema importância salientar que a harmonização em questão não

almeja tão somente a quebra das barreiras e o entrave à discriminação fiscal, mas também a

adequação da tributação direta e, principalmente, da tributação indireta às exigências do comércio

internacional.

Focalizando a realidade brasileira, como exemplo de tributação indireta temos as

contribuições sociais, PIS e Cofins, as quais não seguem os cânones da tributação sobre a renda,

como a não-cumulatividade ou a seletividade, fato passível de comprometer a competitividade

dos produtos nacionais no mercado internacional.

Assim, é necessária uma simplificação da ordem tributária, evitando-se a pluralidade

de incidência de tributos nas três bases do comércio internacional: consumo, renda e propriedade.

Tendo sido explicitado os motivos que levaram a bitributação internacional a terem

tanta importância na atualidade, passamos a determinar seu conceito. O Comitê Fiscal da

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) define, quando da

elaboração do modelo de convenção sobre dupla tributação em matéria de impostos sobre renda e

o patrimônio, bitributação internacional como:

"O fenômeno da dupla tributação jurídica internacional pode

definir-se de forma geral como o resultado da percepção de impostos

similares em dois ou mais Estados, sobre um mesmo contribuinte, pela

mesma matéria imponível e por idêntico período de tempo."

A ocorrência da bitributação tem por justificativa o legítimo exercício das soberanias

fiscais nos limites traçados pelos elementos de ligação das normas tributárias. Dessa forma, a

bitributação é uma consequência da soberania de dois ou mais países sobre as coisas e pessoas

que se encontrem em seu território ou tenham com ele qualquer elemento de conexão, ou seja, o

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fenômeno da bitributação internacional surge quando vários titulares de soberania tributária

(Estados), independentes entre si, submetem o mesmo contribuinte, pelo mesmo fato gerador, a

um imposto da mesma espécie.

5.1.1. O Sistema das Quatro Imputações

O conceito de bitributação leva em conta o sistema das quatro imputações, ou seja,

para que possa ocorrer a bitributação são necessários 4 (quatro) elementos que exemplificamos a

seguir.

A identidade do objeto é o primeiro elemento necessário e tem que estar em

consonância com a identidade material. Deve haver incidência de dois, ou mais, impostos sobre

um mesmo fato gerador e também que os mesmos sejam semelhantes, análogos. Não

necessariamente serão idênticos, pois foram criados em ordenamentos jurídicos diferentes que

atendiam as necessidades locais. No entanto um mínimo de semelhança é exigido, principalmente

quando nos referimos a sua base de cálculo e ao efeito econômico desencadeado.

A identidade da espécie tributária também é muito importante, pois é a partir dela que

constatamos se os tributos tem a mesma natureza jurídica, ou seja, além de similares e precisarem

incidir sobre o mesmo fato gerador eles também devem ter a mesma natureza jurídica.

O fator tempo também tem relevância para a qualificação da bitributação

internacional, uma vez que tende a estabelecer o momento em que nasceu para o sujeito passivo a

obrigação de natureza tributária, bem como, para o Estado, o direito subjetivo de ter suas

pretensões atendidas, tornando desta forma a identidade do período muito importante.

Não podemos nos esquecer da identidade do sujeito passivo, que é sobre quem recairá

o dever de pagar o tributo. No entanto esse elemento não deve ser utilizado com extrema rigidez,

deve ser flexibilizado em alguns casos. Esse elemento traz algumas peculiaridades, como

bitributação jurídica e bitributação econômica. A primeira, uma mesma pessoa é tributada pela

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sua renda ou capital, por dois Entes soberanos. Já na segunda, o imposto devido aos Estados

contratantes é suportado por diferentes contribuintes.

Logo, podemos definir a bitributação internacional como um fenômeno pelo qual um

único fato gerador implica em tributação, por dois, ou mais, Estados Soberanos a um mesmo

contribuinte por meio de impostos semelhantes.

5.1.2. Motivos que levam a Bitributação Internacional

Com diversos Estados soberanos no mundo, cada um deles tendo o seu sistema

tributante e o mundo cada vez mais globalizado, salta aos olhos que começariam a surgir

problemas de dois Estados cobrando impostos semelhantes sobre o mesmo sujeito passivo.

Como os países podem adotar estruturas diversas em relação à tributação de

rendimentos, tende a surgir situações de ocorrência de bitributação. Temos duas estruturas

básicas de tributação, a baseada no princípio da universalidade (nacionalidade ou residência) e os

que se baseiam no princípio da territorialidade (fonte).

O países que utilizam-se do princípio da universalidade geralmente tem um sistema

mais desenvolvido com elementos de conexão de natureza pessoal, desta forma os rendimentos

dos sujeitos passivos são tributados sempre que apresentarem uma relação da natureza pessoal

com o país, tanto por nacionalidade quanto por residência, independendo do local em que são

realizados ou produzidos estes rendimentos.

Assim, uma empresa multinacional que esteja sediada (matriz) num país que adote

este sistema de tributação terá, possivelmente, tributados os rendimentos produzidos em outros

países por suas filiais. Também serão tributados os rendimentos percebidos por uma filial de uma

empresa multinacional estabelecida num país que adote este princípio, na medida que a legislação

interna conceitue como residente (ou como nacional) aquela empresa que possua um

estabelecimento permanente em seu território.

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Já os países que adotam o princípio de territorialidade, utilizam os elementos de

conexão de natureza objetiva, ou seja, é tributado tudo aquilo que é produzido dentro do território

do Estado, privilegiando a fonte do rendimento interna.

Sendo assim, quando ocorrer uma situação em que tenhamos uma empresa com

matriz e filial em dois Estados soberanos que adotam o princípio da universalidade, entendendo o

ordenamento jurídico do Estado da filial que esta por estar em seu território é considerada

residente, essa mesma empresa será tributada nos dois países.

Outro caso seria a situação em que o Estado que se encontra a empresa matriz adote o

princípio da universalidade e o Estado da filial adote o princípio da territorialidade. Caso este que

também gerará uma bitributação.

No entanto, podem ocorrer situações nas quais os países adotem um sistema misto,

utilizando-se do princípio da universalidade e territorialidade conforme melhor lhe convir.

Geralmente os Estados exportadores de capitais adotam o princípio da universalidade através do

critério da residência, enquanto os Estados importadores de capitais tem uma tendência a adotar

um misto dos dois princípios, sendo que no caso de adotar o da universalidade será conceituada

como residente, a empresa que tiver estabelecimento permanente em seu território.

Nesta última hipótese, podemos exemplificar a dupla nacionalidade (possua a

nacionalidade originária de dois Estados, de um pelo "ius soli" e do outro pelo "ius sanguinis") da

pessoa natural como um caso em que pode haver tributação por dois estados, que adotem ambos

o princípio da universalidade pelo critério da nacionalidade. Da mesma forma, uma pessoa

jurídica pode ser considerada nacional de dois Estados, quando um deles adote a teoria da sede

social, e o outro, a teoria da origem, isto é, a do território de constituição da sociedade.

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5.1.3. Consequências da Bitributação Internacional

A bitributação internacional, segundo a doutrina, viola a justiça fiscal, pois tributa

rendimentos globais de uma única pessoa não levando em consideração o princípio da capacidade

contributiva.

Outra consequência advinda da bitributação internacional é a dificuldade que ela gera

para as relações internacionais no campo do comercio e da cultura. Isto porque oneram de forma

exorbitante as atividades de âmbito internacional. Desta forma, prejudicando também o

intercâmbio de bens e de serviços além de transferência de tecnologia.

Quando falamos do intercâmbio cultural entre os Estados, a dificuldade se encontra

na área do direito autoral e da propriedade intelectual, atrapalhando a realização de shows e

apresentações de artistas ou atletas estrangeiros.

Outro grande problema que pode surgir em virtude da bitributação fiscal é a elisão e a

sonegação fiscal. Sofrendo com uma carga tributária elevada em virtude da bitributação, as

empresas multinacionais tendem a prática da elisão e sonegação fiscal com o intuito de aumentar

seus lucros.

5.2. Soluções para Bitributação Internacional

As soluções para bitributação internacional se subdividem em unilaterais e bilaterais.

A partir delas os Estados podem solucionar, ou ao menos, minorar as implicações da dupla

tributação.

5.2.1. Medidas unilaterais

As medidas unilaterais geralmente são adotadas por países que adotam o princípio da

universalidade, pelo critério da residência ou nacionalidade, pois este sistema tributa todo e

qualquer rendimento, incluindo os já tributados no exterior.

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Essas medidas determinadas pela política fiscal dos Estados são normas que limitam

o exercício da competência tributária com o intuito de abrandar as consequências danosas

trazidas pela bitributação.

Temos alguns métodos de realização dessas medidas unilaterais, que são adotados por

leis nacionais, que são os seguintes: método de isenção, método do crédito do imposto e método

da dedução.

5.2.1.1. Método de Isenção

Constitui na limitação do poder de tributar do Estado sobre os rendimentos que

possuem elementos estrangeiros, ficando, desta forma, atribuído ao outro país a tributação dos

rendimentos aferidos. Essa isenção pode ser concedidas de forma integral (full exemption), não

sendo tributada nenhuma renda estrangeira nem considerando-as para fins de tributação, ou

concedidas de forma progressiva (exemption with progression), na qual as rendas estrangeiras

não são tributadas contudo seu valor é considerado para fins de tributação interna, determinando

uma alíquota do imposto que incidirá sobre as rendas internas.

Esse método pode ser considerado como uma forma de renuncia ao princípio da

universalidade tendo em vista que, o Estado deixa de tributar rendimentos que foram produzidos

fora de suas fronteiras, tributando apenas aqueles que têm ligação territorial.

5.2.1.2. Método do Crédito de Imposto ou da Imputação

Esse método, assim como os outros, tem como função mitigar os efeitos danosos da

bitributação internacional. Consiste no direito subjetivo do contribuinte abater o imposto que foi

pago no país da fonte do rendimento do imposto da mesma natureza no país da sua residência.

Ele também apresenta 2 (dois) aspectos a imputação integral e a ordinária.

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Na imputação integral será deduzido o valor total do imposto que foi pago ao tempo

da produção do rendimento, no país da fonte, seja ele inferior, igual ou superior ao tributo devido

no Estado de residência.

Já na imputação ordinária implica o abatimento parcial do imposto estrangeiro, tendo

em vista que o imposto pago no exterior será dedutível até o limite do montante do valor do

tributo cobrado no Estado da residência. Essa é a imputação do nosso ordenamento jurídico pátrio

e sua previsão se encontra nos artigos 103 e 395 do RIR/99 (Decreto 3000/99). “Art.103. As

pessoas físicas que declararem rendimentos provenientes de fontes situadas no exterior poderão

deduzir, do imposto apurado na forma do art. 86, o cobrado pela nação de origem daqueles

rendimentos, desde que... I - em conformidade com o previsto em acordo ou convenção

internacional firmado com o país de origem dos rendimentos, quando não houver sido restituído

ou compensado naquele país; ou, II - haja reciprocidade de tratamento em relação aos

rendimentos produzidos no Brasil. § 1º A dedução não poderá exceder a diferença entre o

imposto calculado com a inclusão daqueles rendimentos e o imposto devido sem a inclusão dos

mesmos rendimentos.§ 2º O imposto pago no exterior será convertido em Reais mediante

utilização do valor do dólar dos Estados Unidos da América informado para compra pelo Banco

Central do Brasil para o último dia útil da primeira quinzena do mês anterior ao do recebimento

do rendimento.” “Art. 395. A pessoa jurídica poderá compensar o imposto de renda incidente,

no exterior, sobre os lucros, rendimentos, ganhos de capital e receitas decorrentes da prestação

de serviços efetuada diretamente, computados no lucro real, até o limite do imposto de renda

incidente, no Brasil, sobre os referidos lucros, rendimentos, ganhos de capital e receitas de

prestação de serviços (Lei nº 9.249, de 1995, art. 26, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 15). § 1º Para

efeito de determinação do limite fixado no caput, o imposto incidente, no Brasil, correspondente

aos lucros, rendimentos, ganhos de capital e receitas de prestação de serviços auferidos no

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exterior, será proporcional ao total do imposto e adicional devidos pela pessoa jurídica no

Brasil (Lei nº 9.249, de 1995, art. 26, § 1º). § 2º Para fins de compensação, o documento

relativo ao imposto de renda incidente no exterior deverá ser reconhecido pelo respectivo órgão

arrecadador e pelo Consulado da Embaixada Brasileira no país em que for devido o imposto

(Lei nº 9.249, de 1995, art. 26, § 2º). § 3º O imposto de renda a ser compensado será convertido

em quantidade de Reais, de acordo com a taxa de câmbio, para venda, na data em que o imposto

foi pago; caso a moeda em que o imposto foi pago não tiver cotação no Brasil, será ela

convertida em dólares norte-americanos e, em seguida, em Reais (Lei nº 9.249, de 1995, art. 26,

§ 3º). § 4º Para efeito da compensação do imposto referido neste artigo, com relação aos lucros,

a pessoa jurídica deverá apresentar as demonstrações financeiras correspondentes, exceto na

hipótese do inciso II do § 10 do art. 394 (Lei nº 9.430, de 1996, art. 16, § 2º, inciso I). § 5º Fica

dispensada da obrigação de que trata o § 2º deste artigo a pessoa jurídica que comprovar que a

legislação do país de origem do lucro, rendimento ou ganho de capital prevê a incidência do

imposto de renda que houver sido pago, por meio do documento de arrecadação apresentado

(Lei nº 9.430, de 1996, art. 16, § 2º, inciso II). § 6º Os créditos de imposto de renda pagos no

exterior, relativos a lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, somente serão

compensados com o imposto devido no Brasil, se referidos lucros, rendimentos e ganhos de

capital forem computados na base de cálculo do imposto, no Brasil, até o final do segundo ano-

calendário subsequente ao de sua apuração (Lei nº 9.532, de 1997, art. 1º, § 4º).

§ 7º Relativamente aos lucros apurados nos anos de 1996 e 1997, considerar-se-á vencido o

prazo a que se refere o parágrafo anterior no dia 31 de dezembro de 1999 (Lei nº 9.532, de

1997, art. 1º, § 5º). § 8º O imposto de renda retido na fonte sobre rendimentos pagos ou

creditados a filial, sucursal, controlada ou coligada de pessoa jurídica domiciliada no Brasil,

não compensado em virtude de a beneficiária ser domiciliada em país enquadrado nas

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disposições do art. 245, poderá ser compensado com o imposto devido sobre o lucro real da

matriz, controladora ou coligada no Brasil quando os resultados da filial, sucursal, controlada

ou coligada, que contenham os referidos rendimentos, forem computados na determinação do

lucro real da pessoa jurídica no Brasil (Medida Provisória nº 1.807-2, de 25 de março de 1999,

art. 9º). § 9º Aplicam-se à compensação do imposto a que se refere o parágrafo anterior o

disposto no caput deste artigo (Medida Provisória nº 1.807-2, de 1999, art. 9º, parágrafo

único).”

5.2.1.3. Método da dedução

Esse método afirma que o imposto pago no exterior pela produção de rendimentos é

considerado como despesa, podendo o contribuinte escolher se quer deduzi-lo ou não da base de

cálculo do imposto a ser pago em seu domicílio.

As medidas unilaterais, não conseguem resolver por completo o problema da

bitributação, mas conseguem atenuar suas consequências.

5.2.2. Medidas Bilaterais ou Multilaterais

As medidas unilaterais são insuficientes para a solução do problema da bitributação,

sendo assim surgem os tratados bilaterais com a função de eliminar a bitributação internacional.

Atualmente, os acordos bilaterais (tratados e convenções internacionais) são a melhor

maneira dos Estados de lidar com os efeitos da bitributação, visto que, os países se esforçam com

o intuito de combater os efeitos danosos advindos da dupla tributação, desta forma

desenvolvendo o comércio entre si, aumentando seus lucros e entrada de capital em suas

economias.

Existem 2 (dois) modelos de convenção que ditam as diretrizes concernentes a

elaboração de tratados que buscam evitar a bitributação. E estes são: a Convenção das Nações

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Unidas (ONU) e a Convenção da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(OCDE).

A Convenção da OCDE tem sua origem ligada a Organização Europeia de

Cooperação Econômica (OECE), que por intermédio do seu Comitê Fiscal apresentaram um

projeto de convenção de bitributação a renda e ao patrimônio já no ano de 1963. Esse projeto

sofreu duas reformulações, uma em 1977 e outra em 1992, esta ultima que culminou na nova

Convenção-Modelo (Model Tax Convention). No entanto houve uma nova revisão em janeiro de

2003, publicou a OECD o modelo revisto 13, onde se introduz um novo artigo 27, tratando da

assistência na cobrança de impostos entre estados e renumerando os artigos 27 a 30 que passaram

a arts. 28 a 31, atualizando ainda e modificando vários dos comentários sobre os art. 1º, 5º, 10 ,

11, 12, 23A e 23B , 26 e 27.

O modelo OCDE adota o critério da residência, privilegiando a tributação em bases

universais. Desta forma trazendo maiores benefícios aos países exportadores de capital.

Esse modelo é o mais utilizado para a celebração de acordos que visem à eliminação

da bitributação internacional, isto porque, além dele ter servido de base para outras convenções-

modelo, como por exemplo, a da ONU, os países que o compõem são aqueles que

costumeiramente determinam as diretrizes da economia mundial.

Os Estados que ratifiquem um tratado ou convenção de não bitributação irão

estabelecer regras como com quem restará o direito exclusivo de tributar determinada espécie de

rendimento, restando ao outro Estado renunciar ao seu direito de tributar tal rendimento, ou por

exemplos regras que determinem as espécies de rendimentos que serão tributáveis tanto pelo

Estado da residência quanto pelo Estado da fonte, determinando que um deles tenha que atenuar a

dupla tributação, por meio de isenções ou métodos de imputação (crédito de imposto).

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Por meio de tratados e convenções internacionais, estabelecido entre países, que se

encontra o melhor método de solução da bitributação. A partir deles pode-se atenuar de forma

consistente os efeitos danosos da bitributação ou até mesmo eliminá-la por completo.

5.3. O Ordenamento Jurídico Nacional e os Tratados e Convenções Internacionais

O artigo 98 do Código Tributário Nacional afirma o seguinte: “Art. 98. Os tratados e

as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna e serão

observados pela que lhes sobrevenha.”. Neste sentido, podemos afirmar que nosso ordenamento

jurídico garante, em matéria tributária, segurança jurídica aos tratados e convenções firmados

pelo nosso país.

A Constituição Federal de 1988 afirma que as leis complementares têm como

principal finalidade complementá-la. Sendo assim, tendo sido o art. 98 do CTN introduzido em

nosso ordenamento pátrio por lei complementar, a eficácia do mesmo é irrefutável.

Além disso, o artigo 98 do CTN esta em perfeita sintonia com os preceitos do Direito

Internacional Público, os quais não permitem que um Estado utilize-se das disposições de seu

ordenamento jurídico interno como justificativa para não respeitar um tratado ou convenção.

Desta forma, o direito internacional prevalecerá sobre o nacional.

A regra contida no art. 98 do CTN dá credibilidade ao Brasil no plano internacional

ao mesmo tempo em que gera garantias a Estados que venham a celebrar um tratado ou

convenção com nosso país. Um caso específico é o do MERCOSUL, sem o advento do artigo 98

seria de grande dificuldade a nossa manutenção no bloco econômico, podendo até levar o mesmo

a derrocada em caso de não harmonização tributária entre seus entes.

A preocupação do nosso ordenamento jurídico em dar segurança e estabilidade aos

tratados internacionais de matéria tributária, não é novidade. Temos como exemplos julgados do

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STF e suas súmulas 134 e 575 além da súmula 71 do STJ, que garantem a supremacia dos

tratados em detrimento das normas do ordenamento pátrio.

Existe uma corrente doutrinária que acredita que o artigo 98 não explicita a

supremacia do Direito Internacional, pois haveria uma inconstitucionalidade no referido artigo

tendo em vista que ele implicaria em restrições e limitações ao exercício do Poder Legislativo e

do Poder Constituinte Derivado. Eles afirmam que essas limitações e restrições só poderiam

ocorrer se fossem em texto constitucional e não em lei complementar.

5.4. Tratados celebrados pelo Brasil

Os tratados celebrados pelo Brasil seguem em sua grande maioria o modelo da

OCDE. A maioria dos tratados de bitributação assinados pelo Brasil são anteriores ao ano de

1992, apenas 6 (seis) foram celebrado nos anos 20007, tendo em vista tal fato, evidenciamos que

os tratados já estão defasados no tempo em razão das modificações ocorridas na Convenção.

A atual realidade sócio-político-econômica brasileira não condiz mais com a

realidade de quase 20 (vinte) anos atrás. Nos tratados antigos o Brasil sempre estava em situação

de país subdesenvolvido, o que implicava numa série de benefícios e incentivos como, por

exemplo, tributar rendimentos provenientes do território nacional. Com isso, gerou-se uma

situação problemática na qual os países que assinaram tratados para evitar bitributação com nosso

país começam a exigir a revisão destes tendo em vista a nossa nova situação político-econômica.

Diante da nova realidade de um maior desenvolvimento econômico o Brasil começa a

ter dificuldade em manter um tratado sobre matéria tributária com os parâmetros atuais.

7 Tratado celebrado com a África do Sul, em 2006; Tratado celebrado com o Chile, em 2003; tratado

celebrado com Israel em 2005; Tratado celebrado com o México, em 2006; Tratado celebrado com o Peru, em 2009;

tratado celebrado com a Ucrânia, em 2006

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5.5. Contribuições Sociais no Âmbito Internacional

O comércio internacional também esta onerado de forma excessiva pela tributação

indireta, as quais incluem as contribuições sociais tais como Cofins importação e PIS importação,

que tem a sua incidência em cascata dissonante dos princípios do Imposto de Renda de Pessoa

Jurídica.

O objetivo principal do legislador brasileiro, ao mudar a natureza das contribuições

sociais, tornando-as impostos indiretos, foi o de aumentar a arrecadação. No entanto ignorando as

normas jurídicas internacionais, o constituinte originário e as teorias de tributação mundialmente

aceitas. Essa descaracterização tem a clara intenção de arrecadar mais dentro do processo de

integração internacional.

A incidência da Cofins e PIS impede que haja um tratamento igual entre produtos

produzidos no Brasil e os produtos importados, até mesmo porque as alíquotas incidentes para

produtos nacionais são de 0,65% (PIS) e 3% (Cofins) enquanto as alíquotas para produtos

importados são de 1,65% (Cofins-Importação) e 7,6% (PIS-Importação), ocasionando então uma

enorme desigualdade nos preços dos produtos quando estiverem no mercado interno. Com isso

não há um tratamento equânime entre os bens e serviços nacionais e importados.

Essa situação, combinada com o fato de não existir tratado internacional que indique

a não incidência das contribuições sociais acabam por permitir a livre cobrança das mesmas no

âmbito do comércio internacional. Sobre isso discorre Heleno Torres o seguinte:

“Os comentários ao Modelo OCDE, é bem verdade, excluem

as contribuições para a seguridade social, mas desde que as mesmas

estejam baseadas nos princípios da equivalência e da relação direta com

vantagens individuais recebidas em contrapartida, o que não é o caso.

Por tudo isso, entendo que não possa prevalecer qualquer justificativa,

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salvo de natureza política, razoável o suficiente para afastar a

abrangência dos tratados internacionais em matéria tributária sobre

estas contribuições sociais.”8

Desta forma, fica evidente que as contribuições sociais, atualmente, são os tributos

mais onerosos que incidem sobre produtos importados o que acarreta no desinteresse e

diminuição de investimentos no nosso país.

O Brasil já vem sofrendo com denuncias de acordos internacionais de tributação,

como da Inglaterra e Alemanha, em virtude da excessiva taxação aplicada sobre os produtos

importados.

6 - CONCLUSÃO

Logo, como pudemos evidenciar no decorrer deste trabalho, o mundo encontra-se

cada vez mais interdependente o que intensifica a necessidade de um melhor relacionamento e

desenvolvimento econômico, político e social entre as nações. Para assegurarmos o

desenvolvimento igualitário e sustentável dos Estados é fundamental que sejam respeitados os

princípios do Direito Internacional assim como os do Direito Tributário Internacional.

A bitributação internacional vem a ser o grande obstáculo a essas pretensões, pois ela

dificulta de forma gritante o intercâmbio de pessoas, bens, serviços, capitais e tecnologias e em

contrapartida intensifica práticas ilegais como a elisão e sonegação fiscal internacional.

8 Tôrres, Heleno Taveira. Direito Tributário Internacional e Operações Transnacionais. Editora Revista

dos Tribunais, São Paulo, 2001.p. 616

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O artigo 98 do Código Tributário Nacional foi de extrema importância para o

combate a bitributação internacional, pois ele valoriza os tratados sobre esta, perante o

ordenamento jurídico nacional, dotando eles de plena eficácia. Desta forma, dando credibilidade

ao Brasil no plano internacional ao mesmo tempo em que gera garantias a Estados que venham a

celebrar um tratado ou convenção com nosso país.

Ficou evidenciado também que o Brasil se preocupa em dar segurança e estabilidade

aos tratados internacionais de matéria tributária, há um tempo considerável. Como notamos nas

súmulas 134 e 575 do STF e da súmula 71 do STJ, que garantem a supremacia dos tratados em

detrimento das normas do ordenamento pátrio.

Também notamos que a grande maioria dos nossos tratados está estagnada quase 20

(vinte) anos no tempo, o que vem incomodando nossos parceiros, pois a situação socioeconômica

atual do país não condiz mais com aquela da época em que foi celebrado acordo. Acabando por

acarretar em muitas vantagens ao Brasil que não se fazem mais necessárias.

Outro grande problema que o Brasil vem enfrentando são as contribuições sociais e

suas alíquotas abusivas que incidem sobre produtos importados. Além disso, o fato de não existir

tratado internacional que verse sobre a incidência dessas contribuições potencializa ainda mais o

problema da bitributação geram essas contribuições.

Portanto, devemos enfrentar os problemas internos com o escopo precípuo de

melhorarmos nosso combate à bitributação internacional e também nosso relacionamento com os

Estados que temos acordos e com toda comunidade internacional. Com isso, honrando nossos

compromissos internacionais, aumentando nossa confiança perante os outros países, garantindo a

segurança jurídica necessária para firmarmos novos tratados e recebermos investimentos de

capitais estrangeiros que busquem investir no setor de produção culminará em geração de

empregos e renda.

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7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 3ª ed. Malheiros

Editores, São Paulo, 2001.

CARRAZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 11ª Ed.

Malheiros Editores, São Paulo, 1998.

CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 4ª ed. Editora Saraiva,

São Paulo, 1991.

ROSA JÚNIOR, Luiz Emygdio F. Manual de Direito Financeiro e Tributário. 18ª

ed. Editora Renovar, Rio de Janeiro, 2005.

TORRES, Heleno Taveira. Direito Tributário Internacional aplicado. v. 2. Editora

Quartier Lantin, São Paulo, 2003.

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TORRES, Heleno Taveira. Direito Tributário Internacional e Operações

Transnacionais. Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 2001.

TAVOLARO, Agostinho Toffoli. Tratados para evitar Dupla Tributação

Internacional. Disponível em : <http://www.tavolaroadvogados.com/doutrina/cs537.pdf>

FRANCA FILHO, Marcílio Toscano. Princípios da tributação internacional sobre

a renda. Disponível em: <http://www.datavenia.net/artigos/Direito_Tributario/marcilio.html>

MOREIRA, André Mendes. Não Cumulatividade tributária no Brasil e no

Mundo. Disponível em: <http://sachacalmon.com.br/biblioteca/artigos/nao-cumulatividade-

tributaria-no-brasil-e-no-mundo/>

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8 - ANEXOS

ANEXO A - Tratados Assinados pelo Brasil

África do Sul (Dec. nº 5.922, de 3-10-2006) Alemanha (Dec. nº 76.988, de 6-1-1976);- Acordo sem efeito desde 1º de janeiro de 2006. Argentina (Dec. nº 87.976, de 22-12-1982) Áustria (Dec. nº 78.107, de 22-07-1976); Bélgica (Dec. nº 72.542 de 30.07.1973); Canadá (Dec. nº 92.318, de 23-1-1986); Chile (Dec. no. 4.852 / 2003) China (Dec. nº 762, de 19.02.1993); Coréia (Dec. nº 354, de 2-12-1991); Dinamarca (Dec. nº 75.106, de 20-12-1974); Equador (Dec. nº 75.717, de 11-02-1988); Espanha (Dec. nº 76.975, de 02-1-1976); Filipinas (Dec. nº 241, de 25-10-1991); Finlândia (Dec. nº 2465, de 19.01.1998); França (Dec. nº 70.506, de 12-5-1972); Holanda (Dec. nº 355, de 02.12.1991); Hungria (Dec. nº 53, de 8-3-1991); Índia (Dec. nº 510, de 27-04-1992); Israel (Dec. nº 5.576, de 08-11-2005); Itália (Dec. nº 85.985, de 06-05-1981); Japão (Dec. nº 61.899, de 14-12-1967); Luxemburgo (Dec. nº 85.051, de 18-08-1980); México (Dec. nº 6.000, de 26-12-2006); Noruega (Dec. nº 86.710, de 09.12.1981); Peru (Dec. nº 7.020, de 27-11-2009); Portugal (Dec. nº 4012 /2001); República Tcheca (Dec. nº 43, de 25.02.1991); República Eslovaca (Dec. nº 43, de 25.02.1991); Suécia (Dec. nº 77.053, de 19-1-1976); Ucrânia (Dec. nº 5.779, de 06-06-2006). ANEXO B - Súmulas nº134 e nº 575 do Supremo Tribunal Federal Súmula nº134 do STF A ISENÇÃO FISCAL PARA A IMPORTAÇÃO DE FRUTAS DA ARGENTINA COMPREENDE A TAXA DE DESPACHO ADUANEIRO E A TAXA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. Data de Aprovação

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Sessão Plenária de 13/12/1963 Fonte de Publicação Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional, 1964, p. 78. Referência Legislativa Lei 159/1935, art. 6º. Lei 3244/1957, art. 66. Decreto-Lei 2878/1940, art. 2º, "b". Decreto-Lei 3757/1941. Precedentes MS 9147 agravo PUBLICAÇÃO: DJ DE 25/1/1962 RMS 9324 PUBLICAÇÃO: DJ DE 23/8/1962 RMS 10913 PUBLICAÇÕES: DJ DE 25/4/1963 RTJ 27/262 RMS 11013 PUBLICAÇÃO: DJ DE 24/5/1963 Observação - Embora na publicação da Súmula 134 conste como precedente o RMS 9147, trata-se do MS 9147 agravo (DJ de 25/1/1962). Indexação ISENÇÃO, IMPORTAÇÃO, TAXA, DESPACHO ADUANEIRO, PREVIDÊNCIA SOCIAL, FRUTA, ARGENTINA. Súmula nº575 do STF À MERCADORIA IMPORTADA DE PAÍS SIGNATÁRIO DO (GATT), OU MEMBRO DA (ALALC), ESTENDE-SE A ISENÇÃO DO IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS CONCEDIDA A SIMILAR NACIONAL.

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Data de Aprovação Sessão Plenária de 15/12/1976 Fonte de Publicação DJ de 3/1/1977, p. 4; DJ de 4/1/1977, p. 36; DJ de 5/1/1977, p. 60. Referência Legislativa Emenda Constitucional 1/1969, art. 20, III. Código Tributário Nacional de 1966, art. 97, IV; art. 98. GATT, Parte 2, art. 3º, § 1º, § 2º. Precedentes RE 83428 PUBLICAÇÕES: DJ DE 26/4/1976 RTJ 77/981 RE 76099 PUBLICAÇÕES: DJ DE 9/5/1975 RTJ 73/454 RE 82509 PUBLICAÇÕES: DJ DE 9/4/1976 RTJ 78/266 RE 83531 PUBLICAÇÃO: DJ DE 9/4/1976 RE 83806 PUBLICAÇÕES: DJ DE 26/4/1976 RTJ 78/625 RE 83430 PUBLICAÇÃO: DJ DE 26/3/1976 RE 84400 PUBLICAÇÃO: DJ DE 30/4/1976 RE 84010 PUBLICAÇÕES: DJ DE 8/7/1976 RTJ 80/217 RE 84892

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PUBLICAÇÃO: DJ DE 8/7/1976 Indexação ISENÇÃO, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS, ICM, MERCADORIA, SIMILAR NACIONAL, EXTENSÃO, IMPORTAÇÃO, PAÍS, SIGNATÁRIO, GATT, MEMBRO, ALALC. ANEXO C - Súmula nº 71 do STJ Órgão Julgador PRIMEIRA SEÇÃO Data da Decisão 15/12/1992 Fonte DJ DATA:04/02/1993 PG:00775 RSSTJ VOL.:00005 PG:00101 RSTJ VOL.:00044 PG:00323 RT VOL.:00696 PG:00212 Ementa O BACALHAU IMPORTADO DE PAIS SIGNATARIO DO GATT E ISENTO DO ICM. Referências Legislativas LEG:FED LEI:005172 ANO:1966 ***** CTN-66 CODIGO TRIBUTARIO NACIONAL ART:00098 LEG:FED ACO:****** ***** GATT ACORDO GERAL SOBRE TARIFAS ADUANEIRAS E COMERCIO ART:00003 NUM:00002 Precedentes REsp 21577 SP 1992/0009843-6 Decisão:03/06/1992 DJ DATA:29/06/1992 PG:10294 RSSTJ VOL.:00005 PG:00141 RSTJ VOL.:00044 PG:00368 REsp 20052 SP 1992/0006138-9 Decisão:08/04/1992 DJ DATA:11/05/1992 PG:06430 RSSTJ VOL.:00005 PG:00138 RSTJ VOL.:00044 PG:00365 REsp 13866 SP 1991/0017308-8 Decisão:06/04/1992 DJ DATA:04/05/1992 PG:05851 RSSTJ VOL.:00005 PG:00135 RSTJ VOL.:00044 PG:00362 REsp 12059 RJ 1991/0012683-7 Decisão:16/10/1991 DJ DATA:04/11/1991 PG:15672 RSSTJ VOL.:00005 PG:00133 RSTJ VOL.:00044 PG:00359

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REsp 10872 SP 1991/0009038-7 Decisão:19/06/1991 DJ DATA:26/08/1991 PG:11392 RSSTJ VOL.:00005 PG:00131 RSTJ VOL.:00044 PG:00356 REsp 10635 SP 1991/0008444-1 Decisão:12/06/1991 DJ DATA:05/08/1991 PG:09995 RSSTJ VOL.:00005 PG:00129 RSTJ VOL.:00044 PG:00354 REsp 5142 SP 1990/0009299-0 Decisão:17/12/1990 DJ DATA:25/02/1991 PG:01460 RSSTJ VOL.:00005 PG:00124 RSTJ VOL.:00044 PG:00348 REsp 715 RJ 1989/0009995-7 Decisão:07/05/1990 DJ DATA:28/05/1990 PG:04728 RSSTJ VOL.:00005 PG:00105 RSTJ VOL.:00044 PG:00325

ANEXO D – CONVENÇÃO PARA EVITAR DUPLA TRIBUTAÇÃO BRASIL X PERU (2009)

DECRETO Nº 7.020, DE 27 DE NOVEMBRO DE 2009

DOU de 3.12.1991

Promulga a Convenção entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República do Peru para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal com Relação ao Imposto sobre a Renda, firmada em Lima, em

17 de fevereiro de 2006.

DOU 30.11.2009

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição,

e Considerando que o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República do Peru celebraram, em Lima, em 17 de fevereiro de 2006, uma Convenção para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal com Relação ao Imposto sobre a Renda;

Considerando que o Congresso Nacional aprovou essa Convenção por meio do Decreto Legislativo no 500, de 10 de agosto de 2009;

Considerando que a Convenção entrou em vigor internacional em 14 de agosto de 2009, nos termos do parágrafo 1o de seu Artigo 28;

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D E C R E T A :

Art. 1º A Convenção entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República do Peru para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal com Relação ao Imposto sobre a Renda, firmada em Lima, em 17 de fevereiro de 2006, apensa por cópia ao presente Decreto, será executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém.

Art. 2º São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar em revisão da referida Convenção, assim como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 27 de novembro de 2009 188º da Independência e 121º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Ruy Nunes Pinto Nogueira

CONVENÇÃO ENTRE O GOVERNO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O GOVERNO DA REPÚBLICA DO PERU PARA EVITAR A DUPLA TRIBUTAÇÃO E PREVENIR A EVASÃO FISCAL COM RELAÇÃO AO IMPOSTO SOBRE A RENDA

O Governo da República Federativa do Brasil e

O Governo da República do Peru,

Desejosos de concluir uma Convenção destinada a evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal com relação ao imposto sobre a renda,

Acordam o seguinte:

C A P Í T U L O I Âmbito de Aplicação da Convenção

ARTIGO 1 Pessoas Visadas

A presente Convenção se aplica às pessoas residentes de um ou de ambos os Estados Contratantes.

ARTIGO 2 Impostos Visados

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1. A presente Convenção se aplica aos impostos sobre a renda exigíveis por cada um dos Estados Contratantes, qualquer que seja o sistema de exação.

2. São considerados impostos sobre a renda os que gravam a totalidade da renda o qualquer parte da mesma.

3. Os impostos atuais aos quais se aplica a presente Convenção são:

a) no Peru:

- os impostos estabelecidos na "Lei do Imposto de Renda" (doravante denominados o "imposto peruano");

b) no Brasil:

- o imposto federal sobre a renda (doravante denominado o "imposto brasileiro").

4. A Convenção se aplicará também aos impostos de natureza idêntica ou substancialmente análoga que forem introduzidos após a data da assinatura da mesma, seja em adição aos acima mencionados, seja em sua substituição. As autoridades competentes dos Estados Contratantes comunicar-se-ão as modificações significativas ocorridas em suas respectivas legislações fiscais.

C A P Í T U L O II Definições

ARTIGO 3 Definições Gerais

1. Para os fins da presente Convenção, a não ser que o contexto imponha interpretação diferente:

a) o termo "Peru" significa a República do Peru;

b) o termo "Brasil" significa a República Federativa do Brasil;

c) as expressões "um Estado Contratante" e "o outro Estado Contratante" significam, de acordo com o contexto, o Brasil ou o Peru;

d) o termo "pessoa" compreende as pessoas físicas ou naturais, as sociedades, os fideicomissos ("trusts"), as associações ("partnerships") e qualquer outro agrupamento de pessoas;

e) o termo "sociedade" significa qualquer pessoa jurídica ou qualquer entidade considerada pessoa jurídica para fins fiscais;

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f) as expressões "empresa de um Estado Contratante" e "empresa do outro Estado Contratante" significam, respectivamente, uma empresa explorada por um residente de um Estado Contratante e uma empresa explorada por um residente do outro Estado Contratante;

g) a expressão "tráfego internacional" significa todo transporte efetuado por um navio, barco, aeronave ou veículo de transporte terrestre explorado por uma empresa de um Estado Contratante, exceto quando tal transporte se realizar exclusivamente entre dois pontos situados no outro Estado Contratante;

h) a expressão "autoridade competente" significa:

i) no Peru, o Ministro de Economia e Finanças ou seus representantes autorizados;

ii) no Brasil, o Ministro de Estado da Fazenda, o Secretário da Receita Federal ou seus representantes autorizados.

i) o termo "nacional" significa:

i) qualquer pessoa física ou natural que possua a nacionalidade de um Estado Contratante; ou

ii) qualquer pessoa jurídica, sociedade de pessoas ou associação constituída em conformidade com a legislação vigente num Estado Contratante.

2. Para a aplicação da Convenção em um dado momento por um Estado Contratante, qualquer termo ou expressão que nela não se encontrem definidos terá, a não ser que o contexto exija interpretação diferente, o significado que nesse momento lhe for atribuído pela legislação desse Estado relativa aos impostos que são objeto da Convenção, prevalecendo o significado atribuído pela legislação tributária sobre o significado que lhe atribuiriam os demais ramos do Direito desse Estado.

ARTIGO 4 Residente

1. Para os fins da presente Convenção, a expressão "residente de um Estado Contratante" designa toda pessoa que, em virtude da legislação desse Estado, esteja sujeita a tributação nesse Estado em razão de seu domicílio, residência, sede de direção, lugar de constituição ou qualquer outro critério de natureza similar, e também inclui o próprio Estado e qualquer subdivisão política ou autoridade local. Todavia, essa expressão não inclui as pessoas que estejam sujeitas a tributação nesse Estado exclusivamente pela renda que obtenham de fontes situadas no referido Estado.

2. Quando, por força das disposições do parágrafo 1, uma pessoa física ou natural for residente de ambos os Estados Contratantes, sua situação será determinada da seguinte forma:

a) essa pessoa será considerada como residente apenas do Estado Contratante em que disponha de uma habitação permanente; se ela dispuser de uma habitação permanente em ambos os Estados,

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será considerada como residente somente do Estado com o qual suas ligações pessoais e econômicas sejam mais estreitas (centro de interesses vitais);

b) se o Estado em que essa pessoa tem o centro de seus interesses vitais não puder ser determinado, ou se ela não dispuser de uma habitação permanente em nenhum dos Estados, será considerada como residente somente do Estado em que permanecer habitualmente;

c) se essa pessoa permanecer habitualmente em ambos os Estados ou se não permanecer habitualmente em nenhum deles, será considerada como residente somente do Estado de que for nacional;

d) se essa pessoa for nacional de ambos os Estados ou se não for nacional de nenhum deles, as autoridades competentes dos Estados Contratantes resolverão a questão mediante um procedimento de acordo mútuo.

3. Quando, em virtude das disposições do parágrafo 1, uma pessoa, que não seja uma pessoa física ou natural, for residente de ambos os Estados Contratantes, as autoridades competentes dos Estados Contratantes farão o possível para resolver o caso. Na ausência de um acordo mútuo, referida pessoa não terá direito a nenhum dos benefícios ou isenções tributárias contemplados por esta Convenção.

ARTIGO 5 Estabelecimento Permanente

1. Para os fins da presente Convenção, a expressão "estabelecimento permanente" significa uma instalação fixa de negócios por meio da qual uma empresa exerça toda ou parte de sua atividade.

2. A expressão "estabelecimento permanente" compreende especialmente:

a) as sedes de direção;

b) as filiais;

c) os escritórios;

d) as fábricas;

e) as oficinas;

f) as minas, os poços de petróleo ou de gás, as pedreiras ou qualquer outro local relacionado com a extração ou exploração de recursos naturais.

3. A expressão "estabelecimento permanente" também compreende um canteiro de obra ou projeto de construção, instalação ou montagem ou uma atividade de supervisão diretamente relacionada com eles, porém apenas quando dita obra, projeto de construção, instalação ou montagem, ou atividade perdure por um período superior a seis (6) meses. Para fins de cálculo

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dos limites temporais a que se refere este parágrafo, as atividades realizadas por uma empresa associada a outra empresa nos termos do Artigo 9 serão acrescidas ao período durante o qual são realizadas as atividades pela empresa de que é associada, se as atividades de ambas as empresas são idênticas ou substancialmente similares

4. Não obstante as disposições precedentes do presente Artigo, considera-se que a expressão "estabelecimento permanente" não inclui:

a) a utilização de instalações unicamente para fins de armazenagem, exposição ou entrega de bens ou mercadorias pertencentes à empresa, sempre e quando isso não constitua uma venda;

b) a manutenção de um estoque de bens ou mercadorias pertencentes à empresa unicamente para fins de armazenagem, exposição ou entrega, sempre e quando isso não constitua uma venda;

c) a manutenção de um estoque de bens ou mercadorias pertencentes à empresa unicamente para fins de transformação por outra empresa;

d) a manutenção de uma instalação fixa de negócios unicamente para fins de comprar bens ou mercadorias ou obter informações para a empresa;

e) a manutenção de uma instalação fixa de negócios unicamente para fins de realizar, para a empresa, qualquer outra atividade de caráter preparatório ou auxiliar.

5. Não obstante o disposto nos parágrafos 1 e 2, quando uma pessoa, que não seja um agente independente ao qual se aplique o parágrafo 7, atue por conta de uma empresa e tenha e exerça habitualmente num Estado Contratante poderes para concluir contratos em nome da empresa, considerar-se-á que tal empresa dispõe de um estabelecimento permanente nesse Estado relativamente a qualquer das atividades que essa pessoa desenvolva para a empresa, a menos que tais atividades se limitem às mencionadas no parágrafo 4, as quais, se exercidas por intermédio de uma instalação fixa de negócios, não permitiriam considerar-se essa instalação fixa como um estabelecimento permanente nos termos do referido parágrafo.

6. Não obstante as disposições anteriores do presente Artigo, considera-se que uma empresa seguradora residente de um Estado Contratante tem, exceto no tocante aos resseguros, um estabelecimento permanente no outro Estado Contratante se arrecada prêmios no território desse outro Estado ou se segura riscos situados no mesmo por intermédio de um representante que não seja um agente independente ao qual se aplique o parágrafo 7.

7. Não se considera que uma empresa tenha um estabelecimento permanente em um Estado Contratante pelo simples fato de exercer suas atividades nesse Estado por intermédio de um corretor, um comissário geral ou qualquer outro agente independente, desde que essas pessoas atuem no âmbito normal de suas atividades.

8. O fato de que uma sociedade residente de um Estado Contratante controle ou seja controlada por uma sociedade residente do outro Estado Contratante, ou desenvolva atividades empresariais nesse outro Estado (quer por intermédio de um estabelecimento permanente quer de outro modo),

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não é, por si só, suficiente para fazer de qualquer dessas sociedades um estabelecimento permanente da outra.

C A P Í T U L O III Tributação dos Rendimentos

ARTIGO 6 Rendimentos Imobiliários

1. Os rendimentos que um residente de um Estado Contratante obtenha de bens imóveis (inclusive os rendimentos de explorações agrícolas ou florestais) situados no outro Estado Contratante podem ser tributados nesse outro Estado.

2. A expressão "bens imóveis" terá o significado que lhe é atribuído pela legislação do Estado Contratante em que os bens em questão estiverem situados. Referida expressão compreende, em todo caso, os bens acessórios da propriedade imobiliária, o gado e o equipamento utilizado em explorações agrícolas e florestais, os direitos a que se apliquem as disposições do direito privado relativas à propriedade de bens imóveis, o usufruto de bens imóveis e o direito de receber pagamentos variáveis ou fixos pela exploração ou concessão da exploração de jazidas minerais, fontes e outros recursos naturais. Os navios, barcos, aeronaves e veículos de transporte terrestre não são considerados bens imóveis.

3. As disposições do parágrafo 1 são aplicáveis aos rendimentos derivados da exploração direta, arrendamento ou parceria, assim como de qualquer outra forma de exploração de bens imóveis.

4. As disposições dos parágrafos 1 e 3 aplicam-se igualmente aos rendimentos provenientes de bens imóveis de uma empresa e dos bens imóveis utilizados para a prestação de serviços pessoais independentes.

5. Quando a propriedade de ações, participações ou outros direitos em uma sociedade ou outra pessoa jurídica confira a seu dono o gozo de bens imóveis situados em um Estado Contratante e mantidos por essa sociedade ou essa outra pessoa jurídica, os rendimentos que o proprietário obtenha da utilização direta, do arrendamento ou de qualquer outra forma de uso de tais direitos podem ser tributados nesse outro Estado. As disposições do presente parágrafo serão aplicadas sem prejuízo do disposto no Artigo 7.

ARTIGO 7 Lucros das Empresas

1. Os lucros de uma empresa de um Estado Contratante são tributáveis somente nesse Estado, a não ser que a empresa exerça sua atividade no outro Estado Contratante por intermédio de um estabelecimento permanente aí situado. Se a empresa exercer ou tiver exercido sua atividade na forma indicada, seus lucros podem ser tributados no outro Estado, mas unicamente na medida em que forem atribuíveis a esse estabelecimento permanente.

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2. Ressalvadas as disposições do parágrafo 3, quando uma empresa de um Estado Contratante exercer atividades no outro Estado Contratante por intermédio de um estabelecimento permanente aí situado, serão atribuídos, em cada Estado Contratante, a esse estabelecimento permanente, os lucros que obteria se constituísse uma empresa distinta e separada, que exercesse atividades idênticas ou similares, em condições idênticas ou similares, e tratasse com absoluta independência com a empresa de que é um estabelecimento permanente.

3. Para a determinação dos lucros de um estabelecimento permanente, será permitido deduzir as despesas necessárias que tiverem sido feitas para a consecução dos fins do estabelecimento permanente, inclusive as despesas de direção e os encargos gerais de administração para os mesmos fins.

4. Nenhum lucro será atribuído a um estabelecimento permanente pelo simples fato da compra de bens ou mercadorias para a empresa.

5. Quando os lucros compreenderem rendimentos tratados separadamente em outros Artigos da presente Convenção, as disposições desses Artigos não serão afetadas pelas do presente Artigo.

ARTIGO 8 Transporte Aéreo, Terrestre, Marítimo e Fluvial

1. Os lucros de uma empresa de um Estado Contratante provenientes da exploração de navios, barcos, aeronaves ou veículos de transporte terrestre no tráfego internacional somente serão tributáveis nesse Estado.

2. Para os fins deste Artigo, a expressão "exploração de navio, barco, aeronave ou veículo de transporte terrestre" por uma empresa compreende também:

a) o afretamento ou aluguel de navio, barco ou aeronave, sem tripulação, ou de veículo de transporte terrestre;

b) o aluguel de contêineres e respectivo equipamento.

desde que referido afretamento ou aluguel seja acessório à exploração, por essa empresa, de navios, barcos, aeronaves ou de veículos de transporte terrestre no tráfego internacional.

3. O disposto no parágrafo 1 também se aplica aos lucros provenientes da participação em um "pool", em uma empresa mista ou em uma agência de exploração internacional, mas somente na medida em que tais lucros sejam atribuíveis ao participante proporcionalmente à sua parte na operação conjunta.

ARTIGO 9 Empresas Associadas

Quando:

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a) uma empresa de um Estado Contratante participar, direta ou indiretamente, na direção, no controle ou no capital de uma empresa do outro Estado Contratante, ou

b) as mesmas pessoas participarem, direta ou indiretamente, na direção, no controle ou no capital de uma empresa de um Estado Contratante e de uma empresa do outro Estado Contratante,

e, em ambos os casos, as duas empresas, nas suas relações comerciais ou financeiras, estiverem ligadas por condições aceitas ou impostas que difiram das que seriam estabelecidas entre empresas independentes, os lucros que, sem essas condições, teriam sido obtidos por uma das empresas, mas não o foram em virtude de tais condições, podem ser incluídos nos lucros dessa empresa e, consequentemente, tributados.

ARTIGO 10 Dividendos

1. Os dividendos pagos por uma sociedade residente de um Estado Contratante a um residente do outro Estado Contratante podem ser tributados nesse outro Estado.

2. Todavia, esses dividendos podem também ser tributados no Estado Contratante em que resida a sociedade que os paga e de acordo com a legislação desse Estado, mas, se o beneficiário efetivo dos dividendos for um residente do outro Estado Contratante, o imposto assim exigido não poderá exceder de:

a) 10 por cento do montante bruto dos dividendos, se o beneficiário efetivo for uma sociedade que controle, direta ou indiretamente, pelo menos 20 por cento das ações com direito a voto da sociedade que pague os dividendos;

b) 15 por cento do montante bruto dos dividendos em todos os outros casos.

As disposições deste parágrafo não afetarão a tributação da sociedade com referência aos lucros que derem origem ao pagamento dos dividendos.

3. O termo "dividendos" usado no presente Artigo significa os rendimentos provenientes de ações, ações de fruição ou usufruto sobre ações, ações de empresas mineradoras, partes de fundador ou outros direitos de participação nos lucros, com exceção de créditos, assim como rendimentos de outras participações sociais sujeitos ao mesmo tratamento tributário que os rendimentos de ações pela legislação do Estado em que a sociedade que os distribui seja residente.

4. As disposições dos parágrafos 1 e 2 deste Artigo não se aplicarão quando o beneficiário efetivo dos dividendos, residente de um Estado Contratante, exerce, no outro Estado Contratante de que seja residente a sociedade que paga os dividendos, uma atividade empresarial por intermédio de um estabelecimento permanente aí situado, ou prestar nesse outro Estado serviços pessoais independentes por meio de uma base fixa aí situada, e a participação geradora dos dividendos estiver efetivamente ligada a esse estabelecimento permanente ou base fixa. Neste caso serão aplicáveis as disposições do Artigo 7 ou do Artigo 14, conforme as circunstâncias.

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5. Quando uma sociedade residente de um Estado Contratante receber lucros ou rendimentos procedentes do outro Estado Contratante, esse outro Estado não poderá exigir nenhum imposto sobre os dividendos pagos pela sociedade, exceto na medida em que esses dividendos forem pagos a um residente desse outro Estado ou na medida em que a participação geradora dos dividendos estiver efetivamente ligada a um estabelecimento permanente ou a uma base fixa situados nesse outro Estado, nem submeter os lucros não distribuídos da sociedade a um imposto sobre os mesmos, ainda que os dividendos pagos ou os lucros não distribuídos consistam, total ou parcialmente, de lucros ou rendimentos provenientes desse outro Estado.

6. Quando um residente de um Estado Contratante mantiver um estabelecimento permanente no outro Estado Contratante, esse estabelecimento permanente poderá aí estar sujeito a um imposto distinto do imposto que afeta os lucros do estabelecimento permanente nesse outro Estado Contratante e de acordo com a legislação desse Estado. Todavia, esse imposto distinto do imposto sobre os lucros não poderá exceder o limite estabelecido na letra (a) do parágrafo 2 do presente Artigo.

7. O disposto neste Artigo não se aplicará se o principal propósito ou um dos principais propósitos de qualquer pessoa envolvida com a criação ou a atribuição de ações ou outros direitos em relação aos quais se paga o dividendo for tirar vantagem deste Artigo mediante tal criação ou atribuição.

ARTIGO 11 Juros

1. Os juros provenientes de um Estado Contratante e pagos a um residente do outro Estado Contratante podem ser tributados nesse outro Estado.

2. Todavia, esses juros podem também ser tributados no Estado Contratante de que provêm, e de acordo com a legislação desse Estado, mas, se o beneficiário efetivo dos juros for um residente do outro Estado Contratante, o imposto assim exigido não poderá exceder 15 por cento do montante bruto dos juros.

3. O termo "juros" usado no presente Artigo significa os rendimentos de créditos de qualquer natureza, acompanhados ou não de garantia hipotecária e, em particular, os rendimentos da dívida pública, de títulos ou debêntures, assim como qualquer outro rendimento que a legislação tributária do Estado de que provenham assimile aos rendimentos de importâncias emprestadas.

4. As disposições dos parágrafos 1 e 2 não se aplicam quando o beneficiário efetivo dos juros, residente de um Estado Contratante, exercer, no outro Estado Contratante de que provenham os juros, atividade empresarial por intermédio de um estabelecimento permanente aí situado, ou preste serviços pessoais independentes por intermédio de uma base fixa situada no referido Estado, e o crédito em relação ao qual os juros são pagos estiver efetivamente ligado a esse estabelecimento permanente ou base fixa. Em tais circunstâncias, aplicam-se as disposições do Artigo 7 ou do Artigo 14, segundo o caso.

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5. A limitação estabelecida no parágrafo 2 não se aplica aos juros provenientes de um Estado Contratante e pagos a um estabelecimento permanente de uma empresa do outro Estado Contratante situado em um terceiro Estado.

6. Os juros são considerados provenientes de um Estado Contratante quando o devedor for um residente desse Estado. No entanto, quando o devedor dos juros, seja ou não residente de um Estado Contratante, tiver num Estado Contratante um estabelecimento permanente ou uma base fixa em relação com os quais haja sido contraída a obrigação que dá origem ao pagamento dos juros e caiba a esse estabelecimento permanente ou base fixa o pagamento desses juros, tais juros serão considerados provenientes do Estado Contratante em que o estabelecimento permanente ou a base fixa estiverem situados.

7. Quando, em razão de relações especiais existentes entre o devedor e o beneficiário efetivo, ou entre ambos e terceiros, o montante dos juros pagos, considerando o crédito pelo qual são devidos, exceder o que seria acordado entre o devedor e o credor na ausência de tais relações, as disposições deste Artigo serão aplicáveis apenas a este último montante. Neste caso, a parte excedente dos pagamentos será tributável de acordo com a legislação de cada Estado Contratante, tendo em conta as outras disposições da presente Convenção.

8. As disposições deste Artigo não se aplicarão se o principal propósito ou um dos principais propósitos de qualquer pessoa envolvida com a criação ou atribuição do crédito em relação ao qual os juros forem pagos for tirar vantagem deste Artigo mediante tal criação ou atribuição.

ARTIGO 12 Royalties

1. Os royalties provenientes de um Estado Contratante e pagos a um residente do outro Estado Contratante podem ser tributados nesse outro Estado.

2. Todavia, esses royalties também podem ser tributados no Estado Contratante de que provêm, e de acordo com a legislação desse Estado, mas, se o beneficiário efetivo for um residente do outro Estado Contratante, o imposto assim estabelecido não poderá exceder de 15 por cento do montante bruto dos royalties.

3. O termo “royalties”, empregado neste Artigo, significa as remunerações de qualquer natureza pagas pelo uso ou pela concessão do uso de direitos de autor sobre obras literárias, artísticas ou científicas (inclusive os filmes cinematográficos, filmes, fitas de gravação e outros meios de reprodução de imagem e som), de patentes, marcas de indústria ou comércio, desenhos ou modelos, planos, fórmulas ou processos secretos ou outra propriedade intangível, bem como pelo uso ou pela concessão do uso de equipamentos industriais, comerciais ou científicos, ou por informações relativas a experiências industriais, comerciais ou científicas.

4. As disposições dos parágrafos 1 e 2 deste Artigo não se aplicam quando o beneficiário efetivo dos royalties, residente de um Estado Contratante, exercer, no outro Estado Contratante de que provêm os royalties, uma atividade empresarial por intermédio de um estabelecimento permanente aí situado, ou preste nesse outro Estado serviços pessoais independentes por intermédio de uma base fixa situada em dito Estado, e o bem ou o direito gerador dos royalties

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estiver efetivamente ligado a esse estabelecimento permanente ou base fixa. Em tais casos, aplicam-se as disposições do Artigo 7 ou do Artigo 14, de acordo com as circunstâncias.

5. Os royalties são considerados provenientes de um Estado Contratante quando o devedor for um residente desse Estado. Todavia, quando o devedor dos royalties, residente ou não de um Estado Contratante, tiver num Estado Contratante um estabelecimento permanente ou base fixa a que caiba o pagamento desses royalties, esses serão considerados provenientes do Estado em que o estabelecimento permanente ou a base fixa estiver situado.

6. Quando, em razão de relações especiais existentes entre o devedor e o beneficiário efetivo, ou entre ambos e terceiros, o montante dos royalties pagos, tendo em conta o uso, direito ou informação pelo qual são pagos, exceder o que seria acordado entre o devedor e o beneficiário efetivo na ausência de tais relações, as disposições do presente Artigo serão aplicáveis apenas a este último montante. Neste caso, a parte excedente dos pagamentos será tributável de acordo com a legislação de cada Estado Contratante, tendo em conta as outras disposições da presente Convenção.

7. As disposições deste Artigo não se aplicarão se o principal propósito ou um dos principais propósitos de qualquer pessoa relacionada com a criação ou atribuição de direitos com relação aos quais os royalties forem pagos for tirar vantagem deste Artigo mediante tal criação ou atribuição.

ARTIGO 13 Ganhos de Capital

1. Os ganhos que um residente de um Estado Contratante obtenha da alienação de bens imóveis, tal como definidos no Artigo 6, e situados no outro Estado Contratante, podem ser tributados nesse outro Estado.

2. Os ganhos provenientes da alienação de bens móveis que fazem parte do ativo de um estabelecimento permanente que uma empresa de um Estado Contratante possua no outro Estado Contratante, ou de bens móveis que pertençam a uma base fixa que um residente de um Estado Contratante tenha no outro Estado Contratante para a prestação de serviços pessoais independentes, incluindo os ganhos provenientes da alienação desse estabelecimento permanente (isolado ou com o conjunto da empresa) ou de dita base fixa, podem ser tributados nesse outro Estado.

3. Os ganhos provenientes da alienação de navios, barcos, aeronaves ou veículos de transporte terrestre explorados no tráfego internacional, ou de bens móveis afetos à exploração de tais navios, barcos, aeronaves ou veículos de transporte terrestre, serão tributáveis somente no Estado Contratante em que resida o alienante.

4. Nada do estabelecido na presente Convenção afetará a aplicação da legislação de um Estado Contratante para tributar os ganhos de capital provenientes da alienação de qualquer outro tipo de propriedade que não seja as mencionadas neste Artigo.

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ARTIGO 14 Serviços Pessoais Independentes

1. Os rendimentos obtidos por uma pessoa que seja residente de um Estado Contratante pela prestação de serviços profissionais ou de outras atividades independentes de natureza similar serão tributáveis somente nesse Estado, a não ser que:

a) as remunerações por tais serviços ou atividades sejam pagas por um residente do outro Estado Contratante ou caibam a um estabelecimento permanente ou a uma base fixa situados nesse outro Estado; ou

b) referida pessoa, seus empregados ou outras pessoas por ela encarregadas permaneçam, ou as atividades prossigam, no outro Estado por um período ou períodos que, no total, somem ou excedam 183 dias, dentro de um período qualquer de doze meses; nesse caso, somente pode ser tributável nesse outro Estado a parte da renda obtida das atividades desempenhadas por essa pessoa nesse outro Estado; ou

c) tais serviços ou atividades sejam prestados no outro Estado Contratante e o beneficiário tenha uma base fixa disponível nesse outro Estado com o propósito de realizar suas atividades, mas somente na medida em que tais rendimentos sejam imputáveis aos serviços realizados nesse outro Estado.

2. A expressão "serviços pessoais independentes" compreende especialmente as atividades independentes de caráter científico, técnico, literário, artístico, educativo ou pedagógico, assim como as atividades independentes de médicos, advogados, engenheiros, arquitetos, dentistas, auditores e contadores.

ARTIGO 15 Serviços Pessoais Dependentes

1. Ressalvadas as disposições dos Artigos 16, 18 e 19, os soldos, salários e outras remunerações similares obtidas por um residente de um Estado Contratante em razão de um emprego somente são tributáveis nesse Estado, a não ser que o emprego seja exercido no outro Estado Contratante. Se o emprego for exercido desta maneira, as remunerações correspondentes podem ser tributadas nesse outro Estado.

2. Não obstante as disposições do parágrafo 1, as remunerações recebidas por um residente de um Estado Contratante em razão de um emprego exercido no outro Estado Contratante são tributáveis somente no primeiro Estado se:

a) o beneficiário permanecer no outro Estado durante um ou vários períodos que não excedam no total 183 dias em qualquer período de doze meses que comece ou termine no ano fiscal considerado;

b) as remunerações forem pagas por, ou em nome de, um empregador que não seja residente do outro Estado, e

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c) as remunerações não sejam imputadas a um estabelecimento permanente ou uma base fixa que o empregador possua no outro Estado.

3. Não obstante as disposições precedentes deste Artigo, as remunerações obtidas por um residente de um Estado Contratante em razão de um emprego exercido a bordo de um navio, barco, aeronave ou veículo de transporte terrestre explorado no tráfego internacional somente podem ser tributadas nesse Estado.

ARTIGO 16 Remunerações de Diretores ou Conselheiros

As remunerações de diretores e outras retribuições similares recebidas por um residente de um Estado Contratante como membro de uma diretoria ou de um conselho de uma sociedade residente do outro Estado Contratante podem ser tributadas nesse outro Estado.

ARTIGO 17 Artistas e Desportistas

1. Não obstante as disposições dos Artigos 14 e 15, os rendimentos que um residente de um Estado Contratante obtenha do exercício de suas atividades pessoais no outro Estado Contratante na qualidade de profissional de espetáculos, tal como artista de teatro, cinema, rádio ou televisão, ou músico, ou como desportista, podem ser tributados nesse outro Estado.

2. Não obstante as disposições dos Artigos 7, 14 e 15, quando os rendimentos provenientes das atividades pessoais dos profissionais de espetáculos ou desportistas, nessa qualidade, forem atribuídos não ao próprio profissional de espetáculos ou desportista, mas a outra pessoa, tais rendimentos podem ser tributados no Estado Contratante em que são exercidas as atividades do profissional de espetáculos ou do desportista.

ARTIGO 18 Pensões, Anuidades e Pagamentos do Sistema de Previdência Social

1. Ressalvadas as disposições do parágrafo 2 do Artigo 19, as pensões e outras remunerações similares percebidas em razão de um emprego anterior, assim como as anuidades, provenientes de um Estado Contratante e pagas a um residente do outro Estado Contratante podem ser tributadas no Estado do qual provenham.

2. Não obstante as disposições do parágrafo 1, as pensões e outros pagamentos efetuados em virtude de um programa oficial de pensões que integre o sistema de Previdência Social de um Estado Contratante ou de uma subdivisão política ou de uma autoridade local do mesmo são tributáveis somente nesse Estado.

3. No presente Artigo:

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a) a expressão "pensões e outras remunerações similares" designa pagamentos periódicos, efetuados após a aposentadoria, em razão de emprego anterior ou a título de compensação por danos sofridos em consequência de referido emprego;

b) o termo "anuidade" designa uma quantia determinada, paga periodicamente em prazos determinados, seja a título vitalício, seja por períodos de tempo determinados ou determináveis, em decorrência de uma obrigação de efetuar os pagamentos como retribuição de um pleno e adequado contravalor em dinheiro ou avaliável em dinheiro (que não seja por serviços prestados).

ARTIGO 19 Funções Públicas

1. a) os soldos, salários e outras remunerações similares, excluídas as pensões, pagas por um Estado Contratante ou por uma de suas subdivisões políticas ou autoridades locais a uma pessoa física ou natural, em razão de serviços prestados a esse Estado ou a essa subdivisão ou autoridade, somente são tributáveis nesse Estado.

b) todavia, esses soldos, salários e outras remunerações similares somente podem ser tributados no outro Estado Contratante se os serviços forem prestados nesse Estado e a pessoa física ou natural for um residente desse Estado que:

i) seja nacional desse Estado; ou

ii) não tenha adquirido a condição de residente desse Estado somente para prestar os serviços.

2. As pensões pagas por um Estado Contratante, uma de suas subdivisões políticas ou autoridades locais, quer diretamente, quer por meio de fundos por eles constituídos, a uma pessoa física ou natural em razão de serviços prestados a esse Estado, a essa subdivisão ou autoridade, são tributáveis somente nesse Estado.

3. Aplica-se o disposto nos Artigos 15, 16, 17 e 18 aos soldos, salários e outras remunerações similares, assim como às pensões, pagas em razão de serviços prestados no âmbito de uma atividade empresarial exercida por um Estado Contratante ou por uma de suas subdivisões políticas ou autoridades locais.

ARTIGO 20 Estudantes e Aprendizes

1. As importâncias que um estudante, estagiário ou aprendiz que é, ou foi, em período imediatamente anterior à sua visita a um Estado Contratante, residente do outro Estado Contratante e que permanece no primeiro Estado apenas com o único fim de aí prosseguir seus estudos ou sua formação prática, receber para fazer face às despesas com a sua manutenção, educação ou treinamento, não serão tributadas nesse Estado, desde que esses pagamentos provenham de fontes situadas fora desse Estado.

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2. Em relação a subvenções, bolsas de estudo e remunerações de emprego não abrangidas pelo parágrafo 1, os estudantes e aprendizes de que trata o parágrafo 1 terão direito, ademais, durante o período de estudos ou de prática, de beneficiar-se das mesmas deduções pessoais, isenções e reduções, em relação aos impostos, concedidas aos residentes do Estado que estiverem visitando.

ARTIGO 21 Outros Rendimentos

Os rendimentos de um residente de um Estado Contratante não tratados nos Artigos anteriores da presente Convenção e que provenham do outro Estado Contratante podem ser tributados nesse outro Estado Contratante.

C A P Í T U L O IV Métodos para Eliminar a Dupla Tributação

ARTIGO 22 Eliminação da Dupla Tributação

1. No caso do Peru, a dupla tributação será evitada da maneira seguinte:

a) o Peru permitirá que seus residentes creditem contra o imposto de renda a pagar no Peru, como crédito, o imposto brasileiro pago pela renda tributada de acordo com a legislação brasileira e as disposições desta Convenção. O crédito considerado não poderá exceder, em nenhum caso, a fração do imposto sobre a renda no Peru atribuível à renda que possa ser tributada no Brasil,

b) quando uma sociedade residente do Brasil pagar dividendo a uma sociedade residente do Peru e a mesma controlar, direta ou indiretamente, pelo menos 10 por cento do direito a voto da sociedade, o crédito deverá levar em conta o imposto pago no Brasil pela sociedade em relação aos lucros sobre os quais tal dividendo é pago, porém somente na medida em que o imposto peruano exceda o montante de crédito determinado sem levar em conta este subparágrafo.

2. No caso do Brasil, a dupla tributação será evitada da maneira seguinte:

Quando um residente do Brasil receber rendimentos que, de acordo com as disposições desta Convenção, sejam tributáveis no Peru, o Brasil admitirá a dedução, do imposto sobre os rendimentos desse residente, de um montante igual ao imposto sobre os rendimentos pago no Peru, de acordo com as disposições aplicáveis da legislação brasileira. Todavia, tal dedução não poderá exceder a fração do imposto sobre a renda, calculado antes da dedução, correspondente aos rendimentos tributáveis no Peru.

3. Quando, em conformidade com qualquer disposição da presente Convenção, os rendimentos obtidos por um residente de um Estado Contratante estiverem isentos de imposto nesse Estado, o referido Estado poderá, todavia, levar em conta os rendimentos isentos para efeito de determinar o montante do imposto sobre o restante dos rendimentos do referido residente.

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C A P Í T U L O V Disposições Especiais

ARTIGO 23 Não Discriminação

1. Os nacionais de um Estado Contratante não ficarão sujeitos no outro Estado Contratante a nenhuma tributação ou obrigação correspondente, diversa ou mais gravosa do que aquelas a que estejam ou possam estar sujeitos os nacionais desse outro Estado que se encontrem na mesma situação, especialmente em relação à residência.

2. Os estabelecimentos permanentes que uma empresa de um Estado Contratante tenha no outro Estado Contratante não serão tributados nesse outro Estado de modo menos favorável que as empresas desse outro Estado que exerçam as mesmas atividades.

3. Nada do estabelecido no presente Artigo poderá ser interpretado no sentido de obrigar um Estado Contratante a conceder aos residentes do outro Estado Contratante as deduções pessoais, isenções e reduções que, para efeitos fiscais, conceda aos seus próprios residentes em função de seu estado civil ou encargos familiares.

4. A menos que se apliquem as disposições do Artigo 9, do parágrafo 7 do Artigo 11 ou do parágrafo 6 do Artigo 12, os juros, royalties e demais gastos pagos por uma empresa de um Estado Contratante, em conformidade com o estabelecido na legislação desse Estado, a um residente do outro Estado Contratante são dedutíveis, para determinar os lucros tributáveis desta empresa, nas mesmas condições que se tivessem sido pagos a um residente do Estado mencionado em primeiro lugar.

5. As empresas residentes de um Estado Contratante cujo capital seja total ou parcialmente, detido ou controlado, direta ou indiretamente, por um ou mais residentes do outro Estado Contratante não ficarão sujeitas no primeiro Estado a nenhuma tributação ou obrigação com ela conexa diversa ou mais gravosa do que aquelas a que estejam ou possam estar sujeitas as empresas similares residentes do primeiro Estado cujo capital esteja, total ou parcialmente, detido ou controlado, direta ou indiretamente, por um ou mais residentes de um terceiro Estado.

6. No presente Artigo, o termo "tributação" se aplica aos impostos visados pela presente Convenção.

ARTIGO 24 Procedimento Amigável

1. Quando uma pessoa considerar que as medidas tomadas por um ou por ambos os Estados Contratantes implicam, ou poderão implicar, em relação a si, uma tributação em desacordo com as disposições da presente Convenção, poderá, independentemente dos recursos previstos pelo Direito interno desses Estados, submeter seu caso à autoridade competente do Estado Contratante onde residir. O caso deverá ser apresentado de acordo com os prazos estabelecidos na respectiva legislação interna.

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2. A autoridade competente, se a reclamação se lhe afigurar justificada e se ela própria não estiver em condições de adotar solução satisfatória, esforçar-se-á para resolver a questão mediante acordo amigável com a autoridade competente do outro Estado Contratante, a fim de evitar uma tributação não conforme com a presente Convenção.

3. As autoridades competentes dos Estados Contratantes farão o possível para resolver as dificuldades ou para dirimir as dúvidas a que possa dar lugar a interpretação ou a aplicação da Convenção mediante acordo amigável.

4. As autoridades competentes dos Estados Contratantes poderão comunicar-se diretamente a fim de chegarem a um acordo nos termos dos parágrafos anteriores.

ARTIGO 25 Troca de Informações

1. As autoridades competentes dos Estados Contratantes trocarão entre si as informações necessárias para aplicar as disposições da presente Convenção ou as da legislação interna dos Estados Contratantes relativas aos impostos de qualquer classe ou denominação estabelecidos pelos Estados Contratantes na medida em que a tributação nelas prevista não seja contrária à Convenção. O intercâmbio de informação não está limitado pelos Artigos 1 e 2. As informações recebidas por um Estado Contratante serão consideradas secretas da mesma maneira que as informações obtidas com base na legislação interna desse Estado e só poderão ser comunicadas às pessoas ou autoridades (incluindo tribunais e órgãos administrativos) encarregadas do lançamento ou cobrança dos impostos visados na Convenção ou na legislação interna conforme a definição estabelecida neste parágrafo, dos procedimentos declarativos ou executivos relativos a referidos impostos, ou da decisão dos recursos relativos aos mesmos. As referidas pessoas ou autoridades utilizarão essas informações somente para esses fins, e, se requeridas, poderão revelá-las em tribunais judiciais, observando as normas constitucionais e legais de ambos os Estados Contratantes.

2. Em nenhum caso as disposições do parágrafo 1 poderão ser interpretadas no sentido de impor a um Estado Contratante a obrigação de:

a) adotar medidas administrativas contrárias à sua legislação ou prática administrativa, ou às do outro Estado Contratante;

b) fornecer informações que não possam ser obtidas com base na sua própria legislação ou no âmbito de sua prática administrativa normal, ou das do outro Estado Contratante;

c) fornecer informações que revelem segredos empresariais, comerciais, industriais ou profissionais, procedimentos comerciais ou informações cuja comunicação seja contrária à ordem pública.

3. Não obstante o disposto no parágrafo 2 deste Artigo, a autoridade competente do Estado Contratante requerido deverá, levando em consideração as limitações constitucionais e legais e a reciprocidade de tratamento, obter e fornecer informações que possuam as instituições

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financeiras, mandatários ou pessoas que atuam como representantes, agentes ou fiduciários. Em relação a participações sociais ou a participações em sociedades de capital, a autoridade competente deverá obter e fornecer informações inclusive sobre ações ao portador. Se a informação é especificamente requerida pela autoridade competente de um Estado Contratante, a autoridade competente do outro Estado Contratante proporcionará a informação nos termos deste Artigo na forma de declarações de testemunhas e de cópias autenticadas de documentos originais inéditos (inclusive livros, informes, declarações, registros contábeis e anotações) com a mesma amplitude com que essas declarações e documentos possam ser obtidos nos termos estabelecidos pelas leis e práticas administrativas desse outro Estado.

4. Quando a informação seja solicitada por um Estado Contratante em conformidade com o presente Artigo, o outro Estado Contratante obterá a informação a que se refere o pedido da mesma maneira como se se tratasse de sua própria tributação, sem importar o fato de que esse outro Estado, nesse momento, não necessite de tal informação.

5. Os Estados Contratantes se consultarão mutuamente a fim de determinar os casos e procedimentos para a fiscalização simultânea de impostos. Entende-se por fiscalização simultânea, para os efeitos da presente Convenção, um acordo entre os dois Estados Contratantes para fiscalizar simultaneamente, cada um em seu território, a situação tributária de uma pessoa ou pessoas que possuam interesses comuns ou vinculados, a fim de intercambiar as informações relevantes que obtenham.

ARTIGO 26 Membros de Missões Diplomáticas e Representações Consulares

As disposições da presente Convenção não prejudicarão os privilégios fiscais de que se beneficiem os membros das missões diplomáticas ou das representações consulares, seja segundo os princípios gerais do Direito Internacional, seja de disposições de acordos especiais.

ARTIGO 27 Disposições Diversas

1. Se, após a assinatura da presente Convenção, um Estado Contratante adotar uma legislação segundo a qual os rendimentos provenientes do exterior obtidos por uma sociedade:

a) da atividade de navegação;

b) da atividade bancária, financeira, de seguro, de investimento, ou de atividades similares; ou

c) em razão de ser a sede, o centro de coordenação ou uma entidade similar que presta serviços administrativos ou outro tipo de apoio a um grupo de sociedades que exerce atividade empresarial particularmente em outros Estados;

encontrem-se isentos de imposto ou se encontrem sujeitos a tributação a uma alíquota substancialmente inferior à alíquota aplicada aos rendimentos obtidos de atividades similares exercidas em seu próprio território, o outro Estado Contratante não estará obrigado a aplicar

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qualquer limitação imposta pela presente Convenção sobre seu direito de sujeitar a tributação os rendimentos obtidos pela sociedade de tais atividades exercidas no exterior ou sobre seu direito de tributar os dividendos pagos pela sociedade.

2. Uma entidade considerada residente de um Estado Contratante que obtenha lucros ou rendimentos de fontes no outro Estado Contratante não terá direito nesse outro Estado Contratante aos benefícios da presente Convenção se mais de 50 por cento da participação efetiva nessa entidade (ou no caso de uma sociedade, mais de 50 por cento do valor acumulado das ações com ou sem direito a voto e das ações em geral da sociedade) for propriedade, direta ou indireta, de qualquer combinação de uma ou mais pessoas que não sejam residentes do primeiro Estado Contratante mencionado. Todavia, esta disposição não será aplicável nos casos em que dita entidade desenvolva, no Estado Contratante de que é residente, uma atividade empresarial substancial que não seja a mera detenção de títulos ou quaisquer outras atividades similares em relação a outras entidades associadas.

3. As autoridades competentes dos Estados Contratantes poderão regular as modalidades de aplicação da Convenção e, em particular, as formalidades que devem ser seguidas pelos residentes de um Estado Contratante para obter no outro Estado Contratante os benefícios fiscais previstos pela Convenção. As referidas formalidades poderão compreender a apresentação de um formulário de certificação de residência com indicação, entre outros, da natureza e montante dos rendimentos envolvidos e com atestação das autoridades fiscais do primeiro Estado.

C A P Í T U L O VII Disposições Finais

ARTIGO 28 Entrada em Vigor

1. Cada um dos Estados Contratantes notificará o outro, por escrito e por via diplomática, do cumprimento dos procedimentos requeridos por sua legislação para a entrada em vigor da presente Convenção. A vigência da presente Convenção terá início a partir da data de recebimento da última notificação.

2. As disposições da Convenção serão aplicáveis:

a) no Peru, em relação aos impostos peruanos e quantias pagas, creditadas em uma conta, postas à disposição ou contabilizadas como despesa no ou após o primeiro dia de janeiro do ano calendário seguinte àquele em que a Convenção entrar em vigor,

b) no Brasil:

i) no que concerne aos impostos retidos na fonte, às importâncias pagas, remetidas ou creditadas no ou depois do primeiro dia de janeiro do ano calendário imediatamente seguinte àquele em que a Convenção entrar em vigor;

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ii) no que concerne aos outros impostos de que trata a presente Convenção, aos rendimentos produzidos no ano fiscal que comece a partir do primeiro dia de janeiro, inclusive, do ano calendário imediatamente seguinte àquele em que a Convenção entrar em vigor.

ARTIGO 29 Denúncia

1. A presente Convenção permanecerá em vigor enquanto não for denunciada por um dos Estados Contratantes. Qualquer Estado Contratante poderá denunciar a presente Convenção, por via diplomática, comunicando por escrito, com ao menos seis meses de antecipação em relação ao final de qualquer ano calendário, após transcorridos cinco anos a partir de sua entrada em vigor.

2. Nesse caso, a Convenção deixará de ser aplicada:

a) no Peru, em relação aos impostos peruanos e quantias pagas, creditadas em uma conta, postas à disposição ou contabilizadas como despesa no ou após o primeiro dia de janeiro do ano calendário seguinte,

b) no Brasil:

i) no que concerne aos impostos retidos na fonte, às importâncias pagas, remetidas ou creditadas no ou depois do primeiro dia de janeiro do ano calendário imediatamente seguinte àquele em que a denúncia tenha ocorrido;

ii) no que concerne aos outros impostos de que trata a Convenção, aos rendimentos produzidos no ano fiscal que comece no ou depois do primeiro dia de janeiro do ano calendário imediatamente seguinte àquele em que o aviso de denúncia tenha ocorrido.

Em testemunho do que, os signatários, devidamente autorizados para esse fim, assinaram a presente Convenção na cidade de Lima, em 17 de fevereiro de 2006, em dois exemplares originais, nos idiomas português e castelhano, sendo ambos os textos igualmente autênticos.

_____________________________________ ______________________________________ PELO GOVERNO DA REPUBLICA

FEDERATIVA DO BRASIL PELO GOVERNO DA REPÚBLICA

DO PERU Celso Amorim Oscar Maúrtua de Romaña

Ministro das Relações Exteriores Ministro de Relações Exteriores

P R O T O C O L O

No momento da assinatura da Convenção entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República do Peru para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal com Relação ao Imposto sobre a Renda, os abaixo-assinados convieram nas seguintes disposições que constituem parte integrante da Convenção.

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1. Com referência ao Artigo 3 ("Definições Gerais"), parágrafo 1 (d):

No caso do Peru, o termo "pessoa" compreende também as sociedades conjugais e as sucessões indivisíveis.

2. Com referência ao Artigo 8 ("Transporte Aéreo, Terrestre, Marítimo e Fluvial"), parágrafo 1:

Para os fins deste Artigo, o termo "lucros" compreende, em especial:

i) as receitas brutas que se originem diretamente da exploração de navios, barcos, aeronaves ou veículos de transporte terrestre em tráfego internacional, e

ii) os juros sobre importâncias geradas diretamente da exploração de navios, barcos, aeronaves ou veículos de transporte terrestre em tráfego internacional, sempre que tais juros sejam inerentes à exploração.

3. Com referência ao Artigo 11 ("Juros"), parágrafo 3:

As importâncias pagas a título de “remuneração sobre o capital próprio” segundo o Artigo 9 da Lei brasileira nº 9.249/95 são consideradas como juros para os fins do parágrafo 3 do Artigo 11.

4. Com referência ao Artigo 12 ( "Royalties"), parágrafo 3:

As disposições do parágrafo 3 do Artigo 12 se aplicam a qualquer espécie de pagamento recebido pela prestação de serviços técnicos e de assistência técnica.

O disposto neste item se aplica também aos serviços digitais e empresariais, inclusive às consultorias.

5. Com referência ao Artigo 23 ("Não Discriminação"):

a) As disposições do parágrafo 6 do Artigo 10 não são consideradas discriminatórias nos termos do parágrafo 2 do Artigo 23;

b) As disposições da legislação fiscal brasileira que não permitem que os "royalties", mencionados no parágrafo 3 do Artigo 12, pagos por um estabelecimento permanente situado no Brasil a um residente do Peru que exerce atividades empresariais no Brasil por intermédio desse estabelecimento permanente, sejam dedutíveis no momento de se determinar o rendimento tributável do referido estabelecimento permanente, não são discriminatórias nos termos do parágrafo 4 do Artigo 23. Este parágrafo aplicar-se-á igualmente ao Peru caso, no futuro, estabeleça um regime tributário similar ao vigente no Brasil no momento da assinatura desta Convenção;

c) As disposições da legislação tributária peruana que estabelecem que os contribuintes que contabilizem como despesa ou custo os royalties, e retribuições por serviços, assistência técnica, cessão de uso ou outros de natureza similar, faturados por não residentes (não domiciliados),

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devem pagar ao fisco o montante equivalente à retenção no mês em que se dê seu registro contábil, independentemente se são ou não pagas as respectivas contraprestações aos não residentes (não domiciliados), não são discriminatórias nos termos do parágrafo 4 do Artigo 23;

d) As disposições da Convenção, especialmente as do Artigo 23, não impedirão que um Estado Contratante aplique as disposições de sua legislação nacional relativa à capitalização insuficiente ou para combater o diferimento do pagamento do imposto sobre a renda, incluída a legislação de sociedades controladas estrangeiras (legislação de “CFC”) ou outra legislação similar.

6. Com referência ao Artigo 24 ("Procedimento Amigável"):

Independentemente da participação dos Estados Contratantes no "Acordo Geral sobre Comércio de Serviços", ou em quaisquer acordos internacionais, as questões tributárias relativas aos impostos visados na Convenção que ocorram entre os Estados Contratantes somente estarão sujeitas às disposições da Convenção.

7. Com referência ao Artigo 25 ("Intercâmbio de Informações"), parágrafo 1:

No caso do Brasil, o disposto no parágrafo 1 do Artigo 25 somente se aplica aos impostos federais;

No caso do Peru, as disposições do parágrafo 1 do Artigo 25 somente abrangem os impostos do Governo Central.

8. Com referência ao Artigo 27 ("Disposições Miscelâneas"):

No caso do Peru, nada nesta Convenção impedirá a aplicação do disposto nos Decretos Legislativos nºs 662, 757 e 109 e Leis nºs 26221, 27342, 27343, em conformidade com o texto vigente na data da assinatura da Convenção e todas as normas modificadoras que não alterem seu princípio geral nem a natureza opcional da subscrição de contratos de estabilidade tributária de acordo com as normas supra citadas. Uma pessoa que é parte de um contrato que outorgue estabilidade tributária conforme as disposições legais referidas deve, não obstante as alíquotas estabelecidas na Convenção, permanecer sujeita às alíquotas de impostos estabelecidas no contrato, durante sua vigência.

Em testemunho do que, os signatários, devidamente autorizados para esse fim, assinam o presente Protocolo na cidade de Lima, em 17 de fevereiro de 2006, em dois exemplares originais, nos idiomas português e castelhano, sendo ambos os textos igualmente autênticos.

_____________________________________ ______________________________________ PELO GOVERNO DA REPUBLICA

FEDERATIVA DO BRASIL PELO GOVERNO DA REPÚBLICA

DO PERU Celso Amorim Oscar Maúrtua de Romaña

Ministro das Relações Exteriores Ministro de Relações Exteriores

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ANEXO E – JURISPRUDÊNCIAS ADIN 1.417 Origem DISTRITO FEDERAL Relator MINISTRO OCTAVIO GALLOTTI Partes

Requerente: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA - CNI (CF 103 , 0IX )

Requerido :PRESIDENTE DA REPÚBLICA Interessado Dispositivo Legal Questionado

Medida Provisória nº 1325 , de 09 de fevereiro de 1996 . (reedição das Medidas Provisórias nºs 1212 /95 , 1249 /95 e 1286 /96 ). /# Dispõe sobre as contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS / PASEP , e dá outras providências . /# Art. 001 º - Esta Medida Provisória dispõe sobre as contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS / PASEP , de que tratam o art. 239 da Constituição e as Leis Complementares nº 007 , de 07 de setembro de 1970 , e nº 008 , de 03 de dezembro de 1970 . /# Art. 002 º - A contribuição para o PIS / PASEP será apurada mensalmente : 00I - pelas pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda , inclusive as empresas públicas e as sociedades de economia mista e suas subsidiárias , com base no faturamento do mês ; 0II - pelas entidades sem fins lucrativos definidas como empregadoras pela legislação trabalhista , inclusive as fundações , com base na folha de salários ; III - pelas pessoas jurídicas de direito público interno , com base no valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas . Parágrafo Único - As sociedades cooperativas , além da contribuição sobre a folha de pagamento mensal , pagarão , também , a contribuição calculada na forma do inciso 00I , em relação às receitas decorrentes de operações praticadas com não associados . /# Art. 003 º - Para os efeitos do inciso 00I do artigo anterior considera-se faturamento a receita bruta , como definida pela legislação do imposto de renda , proveniente da venda de bens nas operações de conta própria , do preço dos serviços prestados e do resultado auferido nas operações de conta alheia . Parágrafo Único - Na receita bruta não se incluem as vendas de bens e serviços canceladas , os descontos incondicionais concedidos , o imposto sobre produtos industriais - IPI , e o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias-

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ICMS , retido pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário . /# Art. 004 º - Observado o disposto na Lei nº 9004 , de 16 de março de 1995 , na determinação da base de cálculo da contribuição serão também excluídas as receitas correspondentes : 00I - aos serviços prestados a pessoa jurídica domiciliada no exterior , desde que não autorizada a funcionar no Brasil , cujo pagamento represente ingresso de divisas ; 0II - ao fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional , quando o pagamento for efetuado em moeda conversível ; III - ao transporte internacional de cargas ou passageiros . /# Art. 005 º - A contribuição mensal devida pelos fabricantes de cigarros , na condição de contribuintes e de substitutos dos comerciantes varejistas , será calculada sobre o preço fixado para venda do produto no varejo , multiplicado por 1,38 ( um inteiro e trinta e oito centésimos ) . Parágrafo Único - O Poder Executivo poderá alterar o coeficiente a que se refere este artigo . /# Art. 006 º - A contribuição mensal devida pelos distribuidores de derivados de petróleo e álcool etílico hidratado para fins carburantes , na condição de substitutos dos comerciantes varejistas , será calculada sobre o menor valor , no País , constante da tabela de preços máximos fixados para venda a varejo , sem prejuízo de contribuição incidente sobre suas próprias vendas . /# Art. 007 º - Para efeitos do inciso III do art. 002 º , nas receitas correntes serão incluídas quaisquer receitas tributárias , ainda que arrecadadas , no todo ou em parte , por outra entidade da Administração Pública , e deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas . /# Art. 008 º - A contribuição será calculada mediante a aplicação , conforme o caso , das seguintes alíquotas : 00I - 0,65 % sobre o faturamento ; 0II - um por cento sobre a folha de salários ; III - um por cento sobre o valor das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas . /# Art. 009 º - À contribuição para o PIS / PASEP aplicam-se as penalidades e demais acréscimos previstos na legislação do imposto sobre a renda . /# Art. 010 - A administração e fiscalização da contribuição para o PIS / PASEP compete à Secretaria da Receita Federal . /# Art. 011 - O processo administrativo de determinação e exigência das contribuições para o PIS / PASEP , bem como o de consulta sobre a aplicação da respectiva legislação , serão regidos pelas normas do processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União . Art. 012 - O disposto nesta Medida Provisória não se aplica às pessoas jurídicas de que trata o § 001 º do art. 022 da Lei nº 8212 , de 24 de julho de 1991 , que para fins de determinação da contribuição para o PIS / PASEP observarão legislação específica . /# Art. 013 - Às pessoas jurídicas que aufiram receita bruta exclusivamente da prestação de serviços , o disposto no inciso 00I do art. 002 º somente se aplica a partir de 1º de março de 1996 . /# Art. 014 - O disposto no inciso III do art. 008 º aplica-se às autarquias somente a partir de 1 ºde março de 1996 . /# Art. 015 - Os rendimentos auferidos nos resgates de quotas de fundos de investimento ou clubes de investimento , efetuados a partir de 1º de janeiro de 1996 , sujeitam-se ao imposto de renda previsto : 00I - para as aplicações financeiras de renda fixa , no caso de fundo de investimento ou clube de investimento que mantenha , no mínimo , 051 % do total de suas aplicações em ativos de renda fixa ; 0II - para as aplicações financeiras de renda variável , no caso de fundo de investimento ou clube de investimento que mantenha , no mínimo , 051 % do total de suas aplicações em ativos de renda variável . Parágrafo Único - Os rendimentos produzidos pelos fundos de investimento ou clubes de investimento de que trata o inciso 00I serão apropriados "pro rata tempore" até 31 de dezembro de 1995 e tributados , no que se refere à parcela relativa a 1995 , nos termos da legislação então vigente . Art. 016 - Ficam convalidados os atos praticados com base na Medida Provisória nº 1286 , de 12 de janeiro de 1996 . Art. 017 - Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação , aplicando-se aos fatos geradores ocorridos a

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partir de 1º de outubro de 1995 . /# - Medida Provisória reeditada sob o nº 1365 , de 12 de março de 1996 ( Aditamento à inicial PG/STF 6728 / 96 ) . - Medida Provisória reeditada sob o nº 1407 , de 11 de abril de 1996 ( Aditamento à inicial PG/STF nº 11360/96 ). - Medida Provisória reeditada sob o nº 1447 , de 10 de maio de 1996 ( Aditamento à inicial PG/STF nº 15803/96 ). - Medida Provisória reeditada sob o nº 1495 , de 07 de junho de 1996 ( Aditamento à inicial PG/STF nº 19880 ). - Medida Provisória reeditada sob o nº 1495-8, de 09 de julho de 1996 (aditamento à incial PG/STF nº 23145/96). - Medida Provisória reeditada sob o nº 1495 - 9, de 08.08.96 (aditamento à inicial PG/STF 26440) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1495 - 10 , de 05.09.96 (aditamento à inicial PG/STF nº 30157 / 96 ) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1495 - 11 , de 02 de outubro de 1996 ( aditamento à inicial PG/STF nº 32412 / 96 ) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1495 - 12 , de 31 de outubro de 1996 ( aditamento à inicial PG/STF nº 35727 / 96 ) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1495 - 13 , de 29 de novembro de 1996 ( aditamento à inicial PG/STF nº 40063 / 96 ) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1546 - 14, de 18 de dezembro de 1996 ( aditamento à inicial PG/STF nº 680 / 97 ). - Medida Provisória reeditada sob o nº 1546 - 15 , de 16 de janeiro de 1997. ( Aditamento à inicial PG/STF nº 2524 / 97 ). - Medida Provisória reeditada sob o nº 1546 - 16 , de 13 de fevereiro de 1997. ( Aditamento à inicial PG/STF nº 5348 / 97 ). - Medida Provisória reeditada sob o nº 1546 - 17 , de 13 de março de 1997 . (Aditamento à inicial PG/STF nº 8951 / 97). - Medida Provisória reeditada sob o nº 1546 - 19 , de 09 de maio de 1997 . (Aditamento à inicial PG/STF nº 21034 / 97). - Medida Provisória reeditada sob o nº 1546 - 20 , em 10 de junho de 1997 .(Aditamento à inicial PG/STF 27034 ) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1546 - 21 , em 10 de julho de 1997 .(Aditamento à inicial PG/STF 31157 ) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1546 - 22 , em 07 de agosto de 1997 .(Aditamento à inicial PG/STF 35094) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1546 - 23, em 05 de setembro de 1997 (aditamento à inicial PG/STF 38757) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1546 - 24, em 02 de outubro de 1997 (aditamento à inicial PG/STF 42908) -Medida Provisória reeditada sob o nº 1546 - 25, em 30 de outubro de 1997 (aditamento à inicial PG/STF 46817) -Medida Provisória reeditada sob o nº 1546 - 26, em 27 de novembro de 1997 (aditamento à inicial PG/STF 51143) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1623 - 27, em 12 de dezembro de 1997 (aditamento à inicial PG/STF 54511) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1623 - 28, em 13 de janeiro de 1998 , (aditamento à inicial PG/STF 3156) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1623 - 29, em 12 de fevereiro de 1998 , (aditamento à inicial PG/STF 9240) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1623 - 30, em 13 de março de 1998 , (aditamento à inicial PG/STF 11982) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1623 - 31, em 09 de abril de 1998 , (aditamento à inicial PG/STF 17064) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1623 - 32, em 13 de maio de 1998 , (aditamento à inicial PG/STF 24787) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1623 - 33, em 12 de junho de 1998 , (aditamento à inicial PG/STF 32277) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1676 - 34, em 29 de junho de 1998 , (aditamento à inicial PG/STF 35115) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1676 - 35, em 29 de julho de 1998 , (aditamento à inicial PG/STF 38496) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1676 - 36, em 28 de agosto de 1998 , (aditamento à inicial PG/STF 45653) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1676 - 37, em 25 de setembro de 1998 , (aditamento à inicial PG/STF 55108) - Medida Provisória reeditada sob o nº 1676 - 38, em 27 de outubro de 1998 , (aditamento à inicial PG/STF 61740) - Aditamento à inicial - Lei 9715 de 26 de novembro de 1998 (aditamento à inicial PG/STF 71880) /# Fundamentação Constitucional

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- Artigo 062 ; - Artigo 150 , III , "a" ; - Artigo 154 , 00I ; - Artigo 165 , § 005 º , III ; - Artigo 195 , § 004 º e 006 º ; - Artigo 201 , 0IV ; - Artigo 239 . /# Resultado da Liminar Deferida em Parte Decisão Plenária da Liminar

Por votação UNÂNIME , o Tribunal DEFERIU , EM PARTE , o pedido de medida liminar para suspender , até a decisão final da ação , a eficácia da expressão " aplicando-se aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de outubro de 1995 " , constante no art. 017 , da Medida Provisória nº 1325 , de 09.02.96 . Votou o Presidente . Ausentes , ocasionalmente , os Ministros Sydney Sanches e Marco Aurélio , e , justificadamente , o Ministro Carlos Velloso . - Plenário , 07.03.1996 . - Acórdão , DJ 24.05.1996 . /# Data de Julgamento Plenário da Liminar Plenário , 07.03.1996 . Data de Publicação da Liminar Acórdão , DJ 24.05.1996 . Resultado Final Procedente em Parte Decisão Final

O Tribunal , por unanimidade , julgou procedente , em parte , a ação direta para declarar a inconstitucionalidade, no art. 018 da Lei nº 9715 , de 25/11/1998 , da expressão " aplicando-se aos fatos geradores ocorridos a partir de 01 de outubro de 1995 ". Votou o Presidente . Não votou o Sr. Ministro Néri da Silveira por não ter assistido ao relatório . - Plenário , 02.08.1999 . - Acórdão , DJ 23.03.2001 . /# Data de Julgamento Final Plenário , 02.08.1999 . Data de Publicação da Decisão Final Acórdão , DJ 23.03.2001 .

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Decisão Monocrática da Liminar

" ( ... ) Tendo em vista o assentado pelo Tribunal , em sessão plenária , na questão de ordem suscitada na ADI nº 1117 - 1 - DF (DJ 20.09.94 ), e considerando que o disposto no art. 017 da Medida Provisória nº 1365 constitui reedição de idêntica disposição da Medida Provisória anterior , estendo-lhe os efeitos da cautelar concedida , em relação àquela , na sessão de 07.03.96 . Comunique-se . Publique-se . Brasília , 19 de março de 1996 ". " Admito o aditamento requerido às fls. 056 e estendo a liminar concedida à suspensão dos efeitos da expressão " aplicando-se aos fatos geradores ocorridos a partir de 1 º de outubro de 1995 ", constante do art. 017 da Medida Provisória nº 1407 , de 11 de abril de 1996. Comunique-se e Publique-se. Brasília, 19 de abril de 1996." " Admito os aditamentos requeridos às fls. 78 e às fls. 83 e estendo a liminar , concedida pelo acórdão de fls. 66 / 76 , para suspender os efeitos da expressão " aplicando-se aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de outubro de 1995 " , contida no art. 017 , bem como , pelos mesmos fundamentos , dos termos " se aplica a partir de 1º de março de 1996 " , do art. 017 das Medidas Provisórias nº 1447 , de 11 de maio de 1996 e nº 1495 de 7 de junho seguinte . Cumunique-se e Publique-se Brasília 01.07.1996 " " J.Defiro a extensão requerida ( MP nº 1495-10 ) ". Despacho na PG/STF nº 30157/96 da CNI, em 19.09.96. " ... Defiro a extensão requerida (MP 1495 - 9)." Despacho de 15.08.96 na (PG/STF nº 26440 / 96) Decisão Monocrática Final

Incidentes

Ementa

Medida Provisória . Impropriedade , na fase de julgamento cautelar da aferição do pressuposto de urgência que envolve , em ultima analise , a afirmação de abuso de poder discricionário , na sua edição . Legitimidade, ao primeiro exame, da instituição de tributos por medida provisória com forca de lei , e , ainda , do cometimento da fiscalização de contribuições previdenciárias a Secretaria da Receita Federal . Identidade de fato gerador. Arguição que perde relevo perante o art. 154 , 00I , referente a exações não previstas na Constituição , ao passo que cuida ela do chamado PIS/PASEP no art. 239, além de autorizar , no art. 195, I , a cobrança de contribuições sociais da espécie da conhecida como pela sigla COFINS . Liminar concedida , em parte , para suspender o efeito retroativo imprimido , a cobrança , pelas expressões contidas no art. 017 da M.P. no 1325 - 96 . /# Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público — PIS/PASEP . Medida Provisória . Superação , por sua conversão em lei , da contestação do preenchimento dos requisitos de urgência e relevância . Sendo a contribuição expressamente autorizada pelo art. 239 da Constituição , a ela não se opõem as restrições constantes dos artigos 154 , 00I e 195 , § 004 º, da mesma Carta . Não compromete a autonomia do orçamento da seguridade social ( CF, art. 165 , § 005 º, III ) a atribuição, à Secretaria da

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Receita Federal de administração e fiscalização da contribuição em causa . Inconstitucionalidade apenas do efeito retroativo imprimido à vigência da contribuição pela parte final do art. 018 da Lei nº 8715 - 98 . /# RE 17.835 Dados Gerais Processo: RE 177835 PE

RE 177835 PE Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO Julgamento: 22/04/1999 Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO

Publicação: DJ 25-05-2001 PP-00018 EMENT VOL-02032-04 PP-00762

Parte(s): AGROVAP AGROPECUARIA VALE DO PRATA S/A E OUTROS MARA REGINA SIQUEIRA DE LIMA E OUTROS COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS-CVM ELISA MARIA CID BRITO RIET CORRÊA

Ementa

- CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE FISCALIZAÇÃO DOS MERCADOS DE

TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS - TAXA DA CVM. Lei nº 7.940, de 20.12.89. FATO

GERADOR. CONSTITUCIONALIDADE.

I. - A taxa de fiscalização da CVM tem por fato gerador o exercício do poder de polícia atribuído

à Comissão de Valores Mobiliários - CVM. Lei 7.940/89, art. 2º. A sua variação, em função do

patrimônio líquido da empresa, não significa seja dito patrimônio a sua base de cálculo, mesmo

porque tem-se, no caso, um tributo fixo. Sua constitucionalidade.

II. - R.E. não conhecido.

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ADC 1

Dados Gerais

Processo: ADC 1 DF

Relator(a): MOREIRA ALVES

Julgamento: 30/11/1993 Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO

Publicação: DJ 16-06-1995 PP-18213 EMENT VOL-01791-01 PP-00088

Ementa

AÇÃO DECLARATORIA DE CONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 1., 2.,

9. (EM PARTE), 10 E 13 (EM PARTE) DA LEI COMPLEMENTAR N. 70, DE 30.12.91. COFINS. - A DELIMITAÇÃO DO OBJETO DA AÇÃO DECLARATORIA DE CONSTITUCIONALIDADE NÃO SE ADSTRINGE AOS LIMITES DO OBJETO FIXADO PELO AUTOR, MAS ESTES ESTAO SUJEITOS AOS LINDES DA CONTROVERSIA JUDICIAL QUE O AUTOR TEM QUE DEMONSTRAR. - IMPROCEDENCIA DAS ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL INSTITUIDA PELA LEI COMPLEMENTAR N. 70/91 (COFINS). AÇÃO QUE SE CONHECE EM PARTE, E NELA SE JULGA PROCEDENTE, PARA DECLARAR-SE, COM OS EFEITOS PREVISTOS NO PARÁGRAFO

2. DO ARTIGO 102 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NA REDAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 3,DE 1993, A CONSTITUCIONALIDADE DOS ARTIGOS 1.,

2. E 10, BEM COMO DAS EXPRESSÕES "A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O FATURAMENTO DE QUE TRATA ESTA LEI NÃO EXTINGUE AS ATUAIS FONTES DE CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL"CONTIDAS NO ARTIGO 9., E DAS EXPRESSÕES "ESTA LEI COMPLEMENTAR ENTRA EM VIGOR NA DATA DE SUA PUBLICAÇÃO, PRODUZINDO EFEITOS A PARTIR DO PRIMEIRO DIA DO MES SEGUINTE NOS NOVENTA DIAS POSTERIORES, AQUELA PUBLICAÇÃO,..." CONSTANTES DO ARTIGO13, TODOS DA LEI COMPLEMENTAR N. 70, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1991. .