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DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Profª. Liz Rodrigues Direitos Fundamentais Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária Parte 2

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DIREITO DA CRIANÇA

E DO ADOLESCENTE

Profª. Liz Rodrigues

Direitos Fundamentais

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

Parte 2

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

- Após a decisão de suspensão ou perda do poder familiar, surge

a questão de se definir quem vai receber a criança ou o

adolescente sob seus cuidados.

- A opção do Estatuto é clara: se não for possível o retorno da

c/a à sua família de origem, ela deve ser, prioritariamente,

deixada aos cuidados de um membro de sua família extensa

(modalidades: guarda ou tutela – excepcionalmente, pode-se

ter a adoção).

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

- Se não for possível a colocação em família extensa, a c/a deve

ser inserida em um programa de família acolhedora.

- Se isso também não for possível, a c/a será colocada em

entidade de acolhimento institucional.

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

- A colocação em família substituta, em qualquer das

modalidades deve considerar a opinião da criança. (art. 28, §

1º); em se tratando de um adolescente, a concordância com a

medida é necessária.

- Grupos de irmãos não devem ser separados (regra geral – art.

28, § 4º).

- C/A indígenas ou quilombolas: a família substituta deve,

preferencialmente, ser da mesma etnia (art. 28, § 6º).

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

- A pobreza, por si só, não é motivo para a perda do poder

familiar. Veja o art. 23, ECA:

- “A falta ou a carência de recursos materiais não constitui

motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder

familiar. §1º - Não existindo outro motivo que por si só

autorize a decretação da medida, a c/a será mantido em sua

família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída

em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e

promoção”.

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

- É importante lembrar que a integridade da família e o vínculo

afetivo entre pais e filhos deve ser preservados.

- Porém, em caso de maus-tratos, opressão ou abuso sexual, o

agressor pode ser afastado da moradia comum (medida

cautelar prevista no art. 130, ECA) e podem, eventualmente,

ter-se a aplicação das medidas da Lei n. 11.340/06 (Lei Maria

da Penha).

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

- Se o pai ou a mãe estiverem cumprindo medida de reclusão, a

criança ou o adolescente devem ser colocados sob os cuidados

de outra pessoa. Porém, os vínculos com os pais não devem

ser rompidos. Observe:

- Art. 19, §4º, ECA: “Será garantida a convivência da criança e

do adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por

meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou,

nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade

responsável, independentemente de autorização judicial”.

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

- Guarda e tutela não constituem novo vínculo de filiação. A

guarda é uma medida precária, que pode ser revista a

qualquer tempo e o tutor pode ser destituído, eventualmente.

- A inclusão em programa de família acolhedora ou em entidade

de acolhimento institucional são medidas temporárias e deve-

se buscar uma solução definitiva: ou o retorno à família de

origem ou o encaminhamento à adoção.

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

- Família acolhedora: modalidade de guarda.

- “Aquela que, voluntariamente, tem a função de acolher em

seu espaço familiar, pelo tempo que for necessário, a c/a

vítima de violência doméstica, que, para ser protegido, foi

retirado de sua família natural”.

- Situação provisória, não visa a adoção - visa evitar o envio da

c/a para uma entidade de acolhimento.

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

- Toda c/a inserido em programa de acolhimento familiar ou

institucional deve ter a sua situação reavaliada, no máximo, a

cada seis meses.

- É preciso definir a situação: ou reintegração familiar ou

colocação em família substituta.

- A permanência da c/a em programa de acolhimento

institucional não deve ser superior a dezoito meses, a não ser

em situações especiais. Veja o art. 19, §§ 1º e 2º, Estatuto.

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

- “Por família acolhedora se compreende o grupo familiar

selecionado, preparado e disposto a acolher, de forma

temporária, crianças e adolescentes sob sua guarda. Essa

modalidade de acolhimento possui como pressuposto um

mandato formal – uma guarda fixada judicialmente a ser

requerida pelo serviço ao Juiz da Vara de Infância e Juventude,

em favor da família acolhedora. A manutenção da guarda

estará vinculada à permanência da família acolhedora no

serviço”.

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

- O Poder Público deve estimular, por meio de assistência

jurídica, incentivos fiscais ou subsídios, o acolhimento familiar.

- A União deve apoiar a implementação de programas de família

acolhedora e podem ser usados recursos federais, estaduais,

distritais e municipais para a manutenção dos serviços de

acolhimento em família acolhedora.

- A família acolhedora pode receber repasses de recursos (art.

34, ECA).

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

- Para receber a c/a, a pessoa cadastrada no “programa de

família acolhedora” deve (art. 29):

- Demonstrar “compatibilidade com a medida”;

- Oferecer um ambiente adequado e ser uma família residente

no Brasil;

- Prestar compromisso, no caso da guarda e da tutela e manter

a c/a consigo, não a transferindo sem autorização judicial.

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

- A Lei n. 13.509/17 incluiu um artigo (19-B) que trata dos

programas de apadrinhamento. Podem participar dele as

crianças e adolescentes inseridos em programa de acolhimento

familiar ou institucional. Observe:

Art. 19-B, §1º: O apadrinhamento consiste em estabelecer e

proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à

instituição para fins de convivência familiar e comunitária e

colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social,

moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro.

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

§3º: Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescente

a fim de colaborar para o seu desenvolvimento.

§4º: O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado será

definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento, com

prioridade para crianças ou adolescentes com remota

possibilidade de reinserção familiar ou colocação em família

adotiva.

Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária

§5º: Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados pela

Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados por

órgãos públicos ou por organizações da sociedade civil.

§6º: Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os

responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento

deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária

competente.”