à convivência familiar e comunitáriadefesa do direito de … · 2017-11-03 · familiar e...

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Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária Em todas as culturas, a família é a principal referência social das pessoas. Ela é a base da saúde, da educação, do amor e da felicidade. As melhores experiências na área da infância e da garantia de seus direitos estão relacionadas com ações que focalizam a família e a comunidade como espaço privilegiado do desenvolvimento infantil. Neste boletim REBIDIA vamos destacar as mudanças na definição de prioridades e de modelos previstas no Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária. A base desse Plano é a promoção dos direitos e a prevenção de situações que geram o sofrimento das crianças e adolescentes. O Plano Nacional é um marco na história do Sistema de Garantias do Direito. Suas diretrizes, acompanhadas de ações concretas articuladas com as três esferas de governo e demais sujeitos sociais, promovem, protegem e defendem o direito de crianças e adolescentes à convivência familiar e comunitária. O tema “criança na família” se refere às relações de afeto, de vínculos e cuidados dos pais, enfim, da estrutura indispensável para o desenvol- vimento da auto-estima, da cidadania e de pertença da pessoa. IMPRESSO Nº 27 Novembro de 2007 http://www.rebidia.org.br e-mail: [email protected] Rua Jacarezinho, 1691 • CEP 80810-900 • Curitiba/PR • Fone (41)2105-0250 • Fax (41)2105-0299 N o d i a 1 3 d e d e z e m b r o d e 2 0 0 6 , f o i a p r o v a d o e m B r a s í l i a ( D F ) e m a s s e m b l é i a c o n j u n t a d o s C o n s e l h o s N a c i o n a i s d o D i r e i t o d a C r i a n ç a e d o A d o l e s c e n t e ( C O N A N D A ) e d e A s s i s t ê n c i a S o c i a l ( C N A S ) , o P l a n o N a c i o n a l d e P r o m o ç ã o , P r o t e ç ã o e D e f e s a d o D i r e i t o d e C r i a n ç a s e A d o l e s c e n t e s à C o n v i v ê n c i a F a m i l i a r e C o m u n i t á r i a ( P N C F C ) . O s p r i m e i r o s d e b a t e s e n t r e g o v e r n o e s o c i e d a d e c i v i l s o b r e e s t e P l a n o c o m e ç a r a m e m o u t u b r o d e 2 0 0 4 . O d o c u m e n t o é c o m p o s t o p o r 1 3 6 a ç õ e s d e c u r t o , m é d i o e l o n g o p r a z o s p a r a o p e r a c i o n a l i z a r 3 5 o b j e t i v o s q u e e s t ã o d i v i d i d o s e m q u a t r o e i x o s e s t r a t é g i c o s . O t e x t o c o m p l e t o e s t á d i s p o n í v e l n o e n d e r e ç o www.rebidia.org.br .

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Page 1: à Convivência Familiar e ComunitáriaDefesa do Direito de … · 2017-11-03 · familiar e institucionalização da criança e do adolescente – Artigo 23 do Estatuto da Criança

Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes

à Convivência Familiar e Comunitária

Em todas as culturas, a família é a principalreferência social das pessoas. Ela é a baseda saúde, da educação, do amor e dafelicidade. As melhores experiências na áreada infância e da garantia de seus direitosestão relacionadas com ações que focalizama família e a comunidade como espaçoprivilegiado do desenvolvimento infantil.

Neste boletim REBIDIA vamos destacar asmudanças na definição de prioridades e demodelos previstas no Plano Nacional dePromoção, Proteção e Defesa do Direito deCrianças e Adolescentes à ConvivênciaFamiliar e Comunitária. A base desse Plano éa promoção dos direitos e a prevenção de

situações que geram o sofrimento dascrianças e adolescentes.

O Plano Nacional é um marco na históriado Sistema de Garantias do Direito. Suasdiretrizes, acompanhadas de açõesconcretas articuladas com as três esferas degoverno e demais sujeitos sociais,promovem, protegem e defendem o direitode crianças e adolescentes à convivênciafamiliar e comunitária. O tema “criança nafamília” se refere às relações de afeto, devínculos e cuidados dos pais, enfim, daestrutura indispensável para o desenvol-vimento da auto-estima, da cidadania e depertença da pessoa.

IMP

RE

SS

O

Nº 27 Novembro de 2007

Expediente:

Rebidia – Rede Brasileira de Informação e Documentação sobre Infância e AdolescênciaCoordenação geral: Dra. Zilda Arns Neumann, coordenadora nacional da Pastoral da Criança e da Pastoral daPessoa Idosa, representante titular da CNBB no Conselho Nacional da Saúde. Elaboração: Beatriz Hobold –Representante da Pastoral da Criança no Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente –CONANDA, Clovis Boufleur, Gestor de Relações Institucionais da Pastoral da Criança. Jornalista responsável:Aline Gonçalves (DRT/PR 4048). Projeto gráfico: Fernando Artur de Souza. Tiragem: 32 mil exemplares.

h t t p : / / w w w. re b i d i a . o rg . b r e - m a i l : re b i d i a @ re b i d i a . o rg . b r

Rua Jacarezinho, 1691 • CEP 80810-900 • Curitiba/PR • Fone (41)2105-0250 • Fax (41)2105-0299

Apoio:

Os conselhos são espaços privilegiados para promover as decisões que possam garantir os

direitos fundamentais das crianças e adolescentes, em todas as esferas de governo. É uma forma

real de controle social que acontece em conselhos setoriais, tutelares e os dos Direitos da Criança e

do Adolescente, que representam a vigilância para o cumprimento da lei.

Com o objetivo de oferecer soluções em relação aos adolescentes que cometeram atos

infracionais, o Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente, em parceria com dezenas

de entidades e instituições, aprovou o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).

Esse Sistema prioriza as medidas em meio aberto, como a prestação de serviço à comunidade e a

liberdade assistida, e menos as restritivas de liberdade, como semiliberdade e internação em

estabelecimento educacional, que deveriam ser usadas em caráter de excepcionalidade e brevidade.

A prática de medidas socioeducativas visa diminuir a tendência crescente de internação dos

adolescentes. Sendo que, a elevação do rigor das medidas de internação não melhora

substancialmente a inclusão social dos que utilizam mais de uma vez o sistema socioeducativo.

O Sistema reforça a municipalização dos programas de meio aberto, a articulação de políticas

intersetoriais locais e a constituição de redes de apoio nas comunidades. Destaca também a

regionalização dos programas de privação de liberdade, a fim de garantir o direito à convivência

familiar e comunitária dos adolescentes internos, bem como as especificidades culturais. O texto na

íntegra está disponível no endereço www.rebidia.org.br.

Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE

No dia 13 de dezembro de 2006, foi aprovado em Brasília (DF) em assembléiaconjunta dos Conselhos Nacionais do Direito da Criança e do Adolescente (CONANDA)e de Assistência Social (CNAS), o Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa doDireito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC).

Os primeiros debates entre governo e sociedade civil sobre este Plano começaramem outubro de 2004. O documento é composto por 136 ações de curto, médio e longoprazos para operacionalizar 35 objetivos que estão divididos em quatro eixosestratégicos. O texto completo está disponível no endereço www.rebidia.org.br.

Sistema Educacional

Sistema de Justiça eSegurança Pública

SUS - Sistema Únicode Saúde

SUAS - Sistema Únicode Assistência Social

Sistema de Garantia de Direitos

SINASE - SistemaNacional deAtendimento

Socioeducativo

Page 2: à Convivência Familiar e ComunitáriaDefesa do Direito de … · 2017-11-03 · familiar e institucionalização da criança e do adolescente – Artigo 23 do Estatuto da Criança

Atualmente, com os avanços nos conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil, considera-seinadequado internar, por longo período, crianças órfãs ou abandonadas numa instituição pública ouprivada e afastá-las do convívio familiar. O Estatuto da Criança e do Adolescente reconhece que osvínculos familiares e comunitários são os fundamentos para o desenvolvimento integral da criança e doadolescente. A manutenção desses vínculos está diretamente relacionada com o investimento naspolíticas públicas relativas à família para as quais o Plano Nacional estabelece os seguintes objetivos:

• Difundir uma cultura de promoção, proteção e defesa do direito à convivência familiar ecomunitária a todas as crianças e adolescentes, com ênfase no fortalecimento ou resgate de vínculoscom suas famílias de origem.

• Ampliar, articular e integrar as diversas políticas, programas, projetos, serviços e ações de apoiosócio-familiar para a promoção, proteção e defesa do direito da criança e do adolescente.

• Proporcionar a permanência da criança ou adolescente em seu ambiente familiar e comunitário.• Fomentar a implementação de Programas de Famílias Acolhedoras, como alternativa para

crianças e adolescentes que necessitam ser temporariamente afastados da família de origem.• Assegurar que o Acolhimento Institucional seja efetivamente utilizado como medida de caráter

excepcional e provisória.• Fomentar a implementação de programas para promoção da autonomia dos adolescentes e

jovens provenientes de programas de acolhimento.• Aprimorar os procedimentos de adoção nacional e internacional.• Assegurar estratégias e ações que favoreçam os mecanismos de controle social e a

mobilização da opinião pública na perspectiva da implementação desse Plano Nacional.• Aprimorar e integrar mecanismos para o co-financiamento das três esferas de governo das

ações previstas nesse Plano.

Segundo o documento, as crianças e adolescentes devem crescer e se desenvolver no seucontexto familiar e comunitário, independente da condição econômica da família. Um dos princípiosdo Plano Nacional é que a busca de família substituta ou a adoção não deve ser motivada pelasituação de pobreza da família de origem da criança. Nos casos de pobreza, o Estado formularápolíticas de superação de vulnerabilidade e riscos, além de contribuir com uma rede de atendimentoque fortaleça os vínculos familiares. Um dos pontos dessa rede de apoio é o Centro de Referência daAssistência Social (CRAS). Essa unidade pública deve ter território de atuação definido, estar próximada população e ofertar serviços continuados de proteção social básica.

Portanto, a situação de pobreza não constitui motivo suficiente para o afastamento do convíviofamiliar e institucionalização da criança e do adolescente – Artigo 23 do Estatuto da Criança e doAdolescente, nem a presença de uma deficiência, transtorno mental ou outros agravos. Nas situaçõesde pobreza, conforme previsto na legislação, a família será inserida em programas sociais de auxílio.Mesmo com essas determinações, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (2006), aestimativa é de que existam 120 mil crianças em abrigos, 24% por motivo de pobreza (Ipea 2004).

O encaminhamento de uma criança para uma família substituta supõe que as alternativas de mantera criança com sua família de origem tenham sido esgotadas. O procedimento legal de adoção garantea defesa prioritária e superior do bem estar integral da criança e do adolescente. Por isso, o PlanoNacional promove uma mudança no tradicional paradigma, segundo o qual a adoção tem a finalidadede “dar filhos” a quem não os têm, atendendo unicamente os interesses dos adultos.

A proteção da infância e adolescência começa em casa! O texto descreve que “toda criança e adolescente cujos pais são falecidos, desconhecidos ou foramdestituídos do poder familiar têm o direito a crescer e se desenvolver em uma família substituta, e, paraesses casos, deve ser priorizada a adoção que lhes atribui a condição de filho e a integração a umafamília definitiva. Esse é o sentido da proposta de uma nova cultura para a adoção, que visa estimular,sobretudo, as adoções de crianças e adolescentes que, por circunstâncias diversas, têm sidopreteridos pelos adotantes. Em especial os grupos de irmãos, as crianças maiores e adolescentes,aqueles com deficiência ou com necessidades especiais de saúde, os afrodescendentes oupertencentes a minorias étnicas, como forma de assegurar-lhes o direito à convivência familiar ecomunitária” (PNCFC – p. 68).

Recentemente o Governo Federal lançou oPlano de Aceleração do Crescimento para ascrianças, o PAC das crianças. O pacote demedidas prevê, entre outras ações,investimentos na reinserção de criançasabrigadas, no ambiente familiar e na reduçãoda privação de liberdade, de adolescentes emconflito com a lei. Até 2010, serão investidoscerca de R$ 2,9 bilhões do Orçamento daUnião para a implementação do programa,coordenado pela Secretaria Especial dosDireitos Humanos (SEDH), em parceria com 14ministérios.

Cabe aos Conselhos de Assistência Social edos Direitos da Criança e do Adolescente, aresponsabilidade de formular, deliberar efiscalizar a política de atendimento, inclusive asiniciativas previstas no PAC das Crianças. Alémde normatizar, os conselhos devem acompanhare avaliar os serviços prestados pelos órgãos eentidades encarregados da execução das açõesprevistas na Política Nacional.

O direito da criança e do adolescente àconvivência familiar e comunitária supõe ainclusão social de suas famílias. Oreconhecimento da família no contexto da vidasocial está explícito no artigo 226 daConstituição Federal do Brasil, na ConvençãoInternacional sobre os Direitos da Criança, noEstatuto da Criança e do Adolescente, na LeiOrgânica da Assistência Social e na DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos.

Todas as crianças têm direito aocrescimento e desenvolvimento de seupotencial, aquisição de habilidades econhecimentos para o exercício da cidadania.Esse desenvolvimento tem início na família, nacomunidade, na escola. Portanto, a política deproteção ao grupo familiar, com participaçãocomunitária, deve ser complementada comserviços de saúde, acesso à alimentação,educação, lazer, esporte e cultura, saneamentoambiental e básico, assistência social eformação profissional, oferecidos comqualidade e eqüidade.

A criança se desenvolve no ambiente familiar e comunitário

A ação da Pastoral da Criança nas comunidades pobres procura reforçar os vínculos familiares ecomunitários, o que previne situações de risco, em que a criança pode ter seus direitos violados. Há 24anos, os voluntários da instituição realizam as visitas familiares mensais, o Dia da Celebração da Vida e aReunião de Reflexão e Avaliação. Nesses momentos eles têm a oportunidade de difundir o saber,ensinando sobre saúde e cidadania, e educar para a Paz na Família. Ao organizar as redes desolidariedade humana para multiplicar o conhecimento e a solidariedade, os voluntários trocamexperiências e compartilham conhecimentos sobre alimentação saudável, aleitamento materno, vacinas,educação infantil, higiene, fortalecem laços de amor e carinho entre as crianças, gestantes, suas famíliase toda a comunidade. Em 2006, os mais de 266 mil voluntários da Pastoral da Criança acompanharammensalmente 1.901.433 crianças de zero a seis anos, cerca de 20% das crianças pobres nessa faixaetária do Brasil, e 1.457.473 famílias, em todos os estados do Brasil.

Page 3: à Convivência Familiar e ComunitáriaDefesa do Direito de … · 2017-11-03 · familiar e institucionalização da criança e do adolescente – Artigo 23 do Estatuto da Criança

Atualmente, com os avanços nos conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil, considera-seinadequado internar, por longo período, crianças órfãs ou abandonadas numa instituição pública ouprivada e afastá-las do convívio familiar. O Estatuto da Criança e do Adolescente reconhece que osvínculos familiares e comunitários são os fundamentos para o desenvolvimento integral da criança e doadolescente. A manutenção desses vínculos está diretamente relacionada com o investimento naspolíticas públicas relativas à família para as quais o Plano Nacional estabelece os seguintes objetivos:

• Difundir uma cultura de promoção, proteção e defesa do direito à convivência familiar ecomunitária a todas as crianças e adolescentes, com ênfase no fortalecimento ou resgate de vínculoscom suas famílias de origem.

• Ampliar, articular e integrar as diversas políticas, programas, projetos, serviços e ações de apoiosócio-familiar para a promoção, proteção e defesa do direito da criança e do adolescente.

• Proporcionar a permanência da criança ou adolescente em seu ambiente familiar e comunitário.• Fomentar a implementação de Programas de Famílias Acolhedoras, como alternativa para

crianças e adolescentes que necessitam ser temporariamente afastados da família de origem.• Assegurar que o Acolhimento Institucional seja efetivamente utilizado como medida de caráter

excepcional e provisória.• Fomentar a implementação de programas para promoção da autonomia dos adolescentes e

jovens provenientes de programas de acolhimento.• Aprimorar os procedimentos de adoção nacional e internacional.• Assegurar estratégias e ações que favoreçam os mecanismos de controle social e a

mobilização da opinião pública na perspectiva da implementação desse Plano Nacional.• Aprimorar e integrar mecanismos para o co-financiamento das três esferas de governo das

ações previstas nesse Plano.

Segundo o documento, as crianças e adolescentes devem crescer e se desenvolver no seucontexto familiar e comunitário, independente da condição econômica da família. Um dos princípiosdo Plano Nacional é que a busca de família substituta ou a adoção não deve ser motivada pelasituação de pobreza da família de origem da criança. Nos casos de pobreza, o Estado formularápolíticas de superação de vulnerabilidade e riscos, além de contribuir com uma rede de atendimentoque fortaleça os vínculos familiares. Um dos pontos dessa rede de apoio é o Centro de Referência daAssistência Social (CRAS). Essa unidade pública deve ter território de atuação definido, estar próximada população e ofertar serviços continuados de proteção social básica.

Portanto, a situação de pobreza não constitui motivo suficiente para o afastamento do convíviofamiliar e institucionalização da criança e do adolescente – Artigo 23 do Estatuto da Criança e doAdolescente, nem a presença de uma deficiência, transtorno mental ou outros agravos. Nas situaçõesde pobreza, conforme previsto na legislação, a família será inserida em programas sociais de auxílio.Mesmo com essas determinações, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (2006), aestimativa é de que existam 120 mil crianças em abrigos, 24% por motivo de pobreza (Ipea 2004).

O encaminhamento de uma criança para uma família substituta supõe que as alternativas de mantera criança com sua família de origem tenham sido esgotadas. O procedimento legal de adoção garantea defesa prioritária e superior do bem estar integral da criança e do adolescente. Por isso, o PlanoNacional promove uma mudança no tradicional paradigma, segundo o qual a adoção tem a finalidadede “dar filhos” a quem não os têm, atendendo unicamente os interesses dos adultos.

A proteção da infância e adolescência começa em casa! O texto descreve que “toda criança e adolescente cujos pais são falecidos, desconhecidos ou foramdestituídos do poder familiar têm o direito a crescer e se desenvolver em uma família substituta, e, paraesses casos, deve ser priorizada a adoção que lhes atribui a condição de filho e a integração a umafamília definitiva. Esse é o sentido da proposta de uma nova cultura para a adoção, que visa estimular,sobretudo, as adoções de crianças e adolescentes que, por circunstâncias diversas, têm sidopreteridos pelos adotantes. Em especial os grupos de irmãos, as crianças maiores e adolescentes,aqueles com deficiência ou com necessidades especiais de saúde, os afrodescendentes oupertencentes a minorias étnicas, como forma de assegurar-lhes o direito à convivência familiar ecomunitária” (PNCFC – p. 68).

Recentemente o Governo Federal lançou oPlano de Aceleração do Crescimento para ascrianças, o PAC das crianças. O pacote demedidas prevê, entre outras ações,investimentos na reinserção de criançasabrigadas, no ambiente familiar e na reduçãoda privação de liberdade, de adolescentes emconflito com a lei. Até 2010, serão investidoscerca de R$ 2,9 bilhões do Orçamento daUnião para a implementação do programa,coordenado pela Secretaria Especial dosDireitos Humanos (SEDH), em parceria com 14ministérios.

Cabe aos Conselhos de Assistência Social edos Direitos da Criança e do Adolescente, aresponsabilidade de formular, deliberar efiscalizar a política de atendimento, inclusive asiniciativas previstas no PAC das Crianças. Alémde normatizar, os conselhos devem acompanhare avaliar os serviços prestados pelos órgãos eentidades encarregados da execução das açõesprevistas na Política Nacional.

O direito da criança e do adolescente àconvivência familiar e comunitária supõe ainclusão social de suas famílias. Oreconhecimento da família no contexto da vidasocial está explícito no artigo 226 daConstituição Federal do Brasil, na ConvençãoInternacional sobre os Direitos da Criança, noEstatuto da Criança e do Adolescente, na LeiOrgânica da Assistência Social e na DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos.

Todas as crianças têm direito aocrescimento e desenvolvimento de seupotencial, aquisição de habilidades econhecimentos para o exercício da cidadania.Esse desenvolvimento tem início na família, nacomunidade, na escola. Portanto, a política deproteção ao grupo familiar, com participaçãocomunitária, deve ser complementada comserviços de saúde, acesso à alimentação,educação, lazer, esporte e cultura, saneamentoambiental e básico, assistência social eformação profissional, oferecidos comqualidade e eqüidade.

A criança se desenvolve no ambiente familiar e comunitário

A ação da Pastoral da Criança nas comunidades pobres procura reforçar os vínculos familiares ecomunitários, o que previne situações de risco, em que a criança pode ter seus direitos violados. Há 24anos, os voluntários da instituição realizam as visitas familiares mensais, o Dia da Celebração da Vida e aReunião de Reflexão e Avaliação. Nesses momentos eles têm a oportunidade de difundir o saber,ensinando sobre saúde e cidadania, e educar para a Paz na Família. Ao organizar as redes desolidariedade humana para multiplicar o conhecimento e a solidariedade, os voluntários trocamexperiências e compartilham conhecimentos sobre alimentação saudável, aleitamento materno, vacinas,educação infantil, higiene, fortalecem laços de amor e carinho entre as crianças, gestantes, suas famíliase toda a comunidade. Em 2006, os mais de 266 mil voluntários da Pastoral da Criança acompanharammensalmente 1.901.433 crianças de zero a seis anos, cerca de 20% das crianças pobres nessa faixaetária do Brasil, e 1.457.473 famílias, em todos os estados do Brasil.

Page 4: à Convivência Familiar e ComunitáriaDefesa do Direito de … · 2017-11-03 · familiar e institucionalização da criança e do adolescente – Artigo 23 do Estatuto da Criança

Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes

à Convivência Familiar e Comunitária

Em todas as culturas, a família é a principalreferência social das pessoas. Ela é a baseda saúde, da educação, do amor e dafelicidade. As melhores experiências na áreada infância e da garantia de seus direitosestão relacionadas com ações que focalizama família e a comunidade como espaçoprivilegiado do desenvolvimento infantil.

Neste boletim REBIDIA vamos destacar asmudanças na definição de prioridades e demodelos previstas no Plano Nacional dePromoção, Proteção e Defesa do Direito deCrianças e Adolescentes à ConvivênciaFamiliar e Comunitária. A base desse Plano éa promoção dos direitos e a prevenção de

situações que geram o sofrimento dascrianças e adolescentes.

O Plano Nacional é um marco na históriado Sistema de Garantias do Direito. Suasdiretrizes, acompanhadas de açõesconcretas articuladas com as três esferas degoverno e demais sujeitos sociais,promovem, protegem e defendem o direitode crianças e adolescentes à convivênciafamiliar e comunitária. O tema “criança nafamília” se refere às relações de afeto, devínculos e cuidados dos pais, enfim, daestrutura indispensável para o desenvol-vimento da auto-estima, da cidadania e depertença da pessoa.

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Nº 27 Novembro de 2007

Expediente:

Rebidia – Rede Brasileira de Informação e Documentação sobre Infância e AdolescênciaCoordenação geral: Dra. Zilda Arns Neumann, coordenadora nacional da Pastoral da Criança e da Pastoral daPessoa Idosa, representante titular da CNBB no Conselho Nacional da Saúde. Elaboração: Beatriz Hobold –Representante da Pastoral da Criança no Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente –CONANDA, Clovis Boufleur, Gestor de Relações Institucionais da Pastoral da Criança. Jornalista responsável:Aline Gonçalves (DRT/PR 4048). Projeto gráfico: Fernando Artur de Souza. Tiragem: 32 mil exemplares.

h t t p : / / w w w. re b i d i a . o rg . b r e - m a i l : re b i d i a @ re b i d i a . o rg . b r

Rua Jacarezinho, 1691 • CEP 80810-900 • Curitiba/PR • Fone (41)2105-0250 • Fax (41)2105-0299

Apoio:

Os conselhos são espaços privilegiados para promover as decisões que possam garantir os

direitos fundamentais das crianças e adolescentes, em todas as esferas de governo. É uma forma

real de controle social que acontece em conselhos setoriais, tutelares e os dos Direitos da Criança e

do Adolescente, que representam a vigilância para o cumprimento da lei.

Com o objetivo de oferecer soluções em relação aos adolescentes que cometeram atos

infracionais, o Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente, em parceria com dezenas

de entidades e instituições, aprovou o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).

Esse Sistema prioriza as medidas em meio aberto, como a prestação de serviço à comunidade e a

liberdade assistida, e menos as restritivas de liberdade, como semiliberdade e internação em

estabelecimento educacional, que deveriam ser usadas em caráter de excepcionalidade e brevidade.

A prática de medidas socioeducativas visa diminuir a tendência crescente de internação dos

adolescentes. Sendo que, a elevação do rigor das medidas de internação não melhora

substancialmente a inclusão social dos que utilizam mais de uma vez o sistema socioeducativo.

O Sistema reforça a municipalização dos programas de meio aberto, a articulação de políticas

intersetoriais locais e a constituição de redes de apoio nas comunidades. Destaca também a

regionalização dos programas de privação de liberdade, a fim de garantir o direito à convivência

familiar e comunitária dos adolescentes internos, bem como as especificidades culturais. O texto na

íntegra está disponível no endereço www.rebidia.org.br.

Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE

No dia 13 de dezembro de 2006, foi aprovado em Brasília (DF) em assembléiaconjunta dos Conselhos Nacionais do Direito da Criança e do Adolescente (CONANDA)e de Assistência Social (CNAS), o Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa doDireito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC).

Os primeiros debates entre governo e sociedade civil sobre este Plano começaramem outubro de 2004. O documento é composto por 136 ações de curto, médio e longoprazos para operacionalizar 35 objetivos que estão divididos em quatro eixosestratégicos. O texto completo está disponível no endereço www.rebidia.org.br.

Sistema Educacional

Sistema de Justiça eSegurança Pública

SUS - Sistema Únicode Saúde

SUAS - Sistema Únicode Assistência Social

Sistema de Garantia de Direitos

SINASE - SistemaNacional deAtendimento

Socioeducativo