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Campo de sucessoes para Prova da OAB

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    PROJETO UTI - XII EXAME Direito Civil

    Roberto Figueiredo

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    1. O Significado da Expresso Direito Sucessrio. Para CLVIS BEVILQUA Direito Sucessrio o Complexo dos princpios segundo os quais se realiza a transmisso do patrimnio de algum que deixa de existir1, ou ainda o conjunto das normas reguladoras da transmisso dos bens e obrigaes de um indivduo em conseqncia de sua morte. Segundo MARIA HELENA DINIZ O direito das sucesses vem a ser o conjunto de normas que disciplinam a transferncia do patrimnio de algum, para depois de sua morte, ao herdeiro, em virtude de lei ou testamento [...] no complexo de disposies jurdicas que regem a transmisso do ativo e do passivo do de cujus ao herdeiro2. Ateno! O termo de cujus muito utilizado no direito hereditrio e significa em latim daquele de quem a sucesso se trata, ou como se diria de cujus sucessione agitur. 2. Pressupostos do Direito Hereditrio. Como diriam os romanos viventis nulla hereditatis (vivo o autor da herana, no existe sucesso, ou ento, no h herana de pessoa viva). Portanto, o primeiro pressuposto ftico-jurdico do direito hereditrio , por razes bvias, a morte. Sem o bito, o direito sucessrio no acontece.

    3. Natureza Jurdica da herana: indivisibilidade da herana e juzo universal: A herana bem imvel (CC, art. 80, II), submetida ao regime jurdico de um

    1 In Direito das Sucesses, p. 44.

    2 In Curso de Direito Civil Brasileiro, 25 Edio, 2011, p.

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    condomnio indivisvel, surgindo, a partir de ento, o juzo universal da herana. Dica! Art. 91 do CC: Constitui universalidade de direito o complexo de relaes jurdicas, de uma pessoa, dotadas de valor econmico e isto o que efetivamente a letra da lei qualificar o esplio desta maneira. Art. 1.791 do CC: A herana defere-se como um todo unitrio, ainda que vrios sejam os herdeiros, razo pela qual at a sua partilha o direito de propriedade dos co-herdeiros ser indivisvel e regular-se- pelas normas relativas ao condomnio. 5. O Pacto de Corvina. Trata-se do art. 426 do CC segundo o qual No pode ser objeto de contrato a herana de pessoa viva. A consequncia inevitvel seria a nulidade absoluta conforme art. 166, II e VII do CC. 6. Saisine ou Droit Saisine. Aberta a sucesso, a herana transmite-se, desde logo, aos herdeiros legtimos e testamentrios (CC, 1.784). O princpio da saisine tambm denominado de delao ou devoluo sucessria, ou ainda de delao hereditria (perodo que medeia entre a abertura da sucesso e o aceite da herana, segundo WASHINGTON DE BARROS3. Aplicao Prtica Interessante ser relacionar este preceito normativo com o art. 1.207 do CC, afinal de contas O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor, e ao sucessor singular facultado unir sua posse do antecessor para os efeitos legais, como numa hiptese especfica de sub-rogao hereditria. Esta posse transmitida ao

    3 Op. Cit, 2004, v. 4, p. 186.

    Morte

    Real Ficta ou Presumida sem Procedimento

    de Ausncia

    Ficta ou Presumida com Procedimento

    de Ausncia

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    herdeiro do possuidor com os mesmos caracteres, na forma do art. 1.206 do CC. Aplicao Prtica. Jurisprudncia: STF Smula n 112 - O imposto de transmisso "causa mortis" devido pela alquota vigente ao tempo da abertura da sucesso. 7. Intangibilidade da Legtima. Art. 1.846, CC: Pertencem aos herdeiros necessrios, de pleno direito, a metade dos bens da herana, constituindo a legtima. Parte da propriedade hereditria (esplio) devida aos herdeiros necessrios. Esta parte da propriedade denominada de legtima. Deste modo, havendo herdeiros necessrios, eventual testamento somente poder dispor sobre metade da herana: o que diz o art. 1.789 do CC. 8. Tempus Regit Actum. O art. 1.787 do CC muito claro ao disciplinar o assunto: Regula-se a sucesso e a legitimao para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela. 9. Modalidades de sucesso. A sucesso poder ser testamentria, advinda da disposio de ltima vontade4 ou legtima (ab intestato), oriunda da lei nos casos de ausncia, nulidade, anulabilidade ou caducidade de testamento (CC, art. 1.786 e 1.788). Ateno! A palavra legtima ou reserva legitimria devida aos herdeiros necessrios e se refere a esta parte indisponvel. Vale a pena recordar que no regime da comunho universal de bens a meao (que no herana) j pertencer ao cnjuge sobrevivente por fora do prprio ato inter vivos, de modo que o clculo da reserva

    4 In Curso de Direito Civil Brasileiro, 25 Edio, 2011, p.

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    legitimria somente estar correto se adotar como base a meao do finado. 10. A Herana e a responsabilidade civil dos herdeiros. Segundo MARIA HELENA DINIZ a herana o patrimnio do falecido ou seja, o conjunto de bens materiais, direitos e obrigaes (CC, arts. 91 e 943) que se transmitem aos herdeiros legtmos ou testamentrios. 5 Os herdeiros s respondem at as foras da herana. o que prescreve o art. 1.792 do CC impondo a este o nus de provar o excesso salvo se houver inventrio que o escuse, demonstrando o valor dos bens herdados. 11. Dos Excludos da Sucesso Por Indignidade. A primeira hiptese apta ao reconhecimento da indignidade ocorre para hiptese de autoria, coautoria ou participao em homicdio doloso, contra a pessoa de cuja sucesso se tratar, seu cnjuge, companheiro, ascendente ou descendente. O homicdio deve ser doloso, seja consumado, seja tentado. Os casos de homicdio culposo afasta a incidncia da regra (CC, 1.814, I). A segunda hiptese de indignidade acontecer se algum acusar caluniosamente em juzo o autor da herana ou incorrer em crime contra a sua honra, ou de seu cnjuge ou companheiro (CC, 1.814, II). A terceira e ltima hiptese de indignidade acontecer se, por violncia ou meios fraudulentos, algum inibir ou obstar o autor da herana de dispor livremente de seus bens por ato de ltima vontade(CC, 1.814, III).

    Aplicao Prtica! ( Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - VIII - Primeira Fase / Direito Civil / Direito das Sucesses; ) Com relao ao direito sucessrio, assinale a afirmativa correta.

    5 Curso de Direito Civil Brasileiro, 25 Edio, 2011, p.

    53.

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    b)A excluso por indignidade pode ocorrer a partir da necessidade de que o herdeiro tenha agido sempre com dolo e por uma conduta comissiva.

    c)A deserdao forma de afastar do processo sucessrio tanto o herdeiro legtimo quanto o legatrio.

    d)Os efeitos da indignidade no retroagem data da abertura da sucesso, tendo, portanto, efeito ex nunc.

    Gabarito: A (todas falsas). A Necessidade de Sentena Judicial e os efeitos pessoais da excluso. O art. 1.815 do CC afirma que a excluso do herdeiro ou legatrio, em qualquer desses casos de indignidade, ser declarada por sentena. O direito de demandar a excluso do herdeiro ou legatrio extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucesso (trata-se de prazo decadencial e de ao ordinria desconstitutiva). Segundo o art. 1.816 do CC So pessoais os efeitos da excluso; os descendentes do herdeiro excludo sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucesso. Pargrafo nico. O excludo da sucesso no ter direito ao usufruto ou administrao dos bens que a seus sucessores couberem na herana, nem sucesso eventual desses bens. A Reabilitao do Indigno. Art. 1.818 do CC: Aquele que incorreu em atos que determinem a excluso da herana ser admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autntico. Pargrafo nico. No havendo reabilitao expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, j conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposio testamentria.

    Aplicao Prtica!

    ( Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - VII - Primeira Fase / Direito Civil / Direito das Sucesses; )

    Edgar, solteiro, maior e capaz, faleceu deixando bens, mas sem deixar testamento e contando com dois filhos maiores, capazes e tambm solteiros, Lcio e Arthur. Lcio foi regularmente excludo da sucesso de Edgar, por t-lo acusado caluniosamente em juzo, conforme apurado na esfera criminal. Sabendo-se que Lcio possui um filho menor, chamado Miguel, assinale a alternativa correta.

    a)O quinho de Lcio ser acrescido parte da herana a ser recebida por seu irmo, Arthur, tendo em vista que Lcio considerado como se morto fosse antes da abertura da sucesso.

    b)O quinho de Lcio ser herdado por Miguel, seu filho, por representao, tendo em vista que Lcio considerado como se morto fosse antes da abertura da sucesso.

    c)O quinho de Lcio ser acrescido parte da herana a ser recebida por seu irmo, Arthur, tendo em vista que a excluso do herdeiro produz os mesmos efeitos da renncia herana.

    d) O quinho de Lcio se equipara, para todos os efeitos legais, herana jacente, ficando sob a guarda e administrao de um curador, at a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou declarao de sua vacncia.

    Gabarito: B

    Aceitao da Herana. De acordo com o art. 1.804 do CC, aceita a herana, torna-se definitiva a sua transmisso ao herdeiro, desde a abertura da sucesso. Ateno!

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    ato irretratvel (art. 1.812 do CC), isto no impede, entretanto, que se alegue erro, dolo, coao ou ignorncia, situao na qual se admite a retratao, como poderia ocorrer, alis, em todos os negcios jurdicos sob a perspectiva dos vcios de consentimento. 13. Renncia da Herana. A renncia da herana a demisso da qualidade de herdeiro. O renunciante, na prtica, ser considerado como se nunca existisse, ou como se nunca houvesse herdado. Reza o art. 1.806 do CC que a renncia da herana deve constar expressamente de instrumento pblico ou termo judicial. Aplicao Prtica. ( Prova: FGV - 2011 - OAB - Exame de Ordem Unificado - V - Primeira Fase / Direito Civil / Direito das Sucesses; ) Heitor, solteiro e pai de dois filhos tambm solteiros (Roberto, com trinta anos de idade, e Leonardo, com vinte e oito anos de idade), vem a falecer, sem deixar testamento. Roberto, no tendo interesse em receber a herana deixada pelo pai, a ela renuncia formalmente por meio de instrumento pblico. Leonardo, por sua vez, manifesta inequivocamente o seu interesse em receber a herana que lhe caiba. Sabendo-se que Margarida, me de Heitor, ainda viva e que Roberto possui um filho, Joo, de dois anos de idade, assinale a alternativa correta. a) Roberto no pode renunciar herana, pois acarretar prejuzos a seu filho, Joo, menor de idade. b) Roberto pode renunciar herana, o que ocasionar a transferncia de seu quinho para Joo, seu filho. c) Roberto pode renunciar herana, e, com isso, o seu quinho ser acrescido parte da herana a ser recebida por Leonardo, seu irmo. d) Roberto pode renunciar herana, ocasionando a transferncia de seu quinho para Margarida, sua av, desde que ela aceite receber a herana. Gabarito: C 14. Cesso da Herana.

    A forma jurdica por meio da qual se d esta transferncia chamada cesso de direito hereditrio e est prevista no art. 1.793 do CC. O direito sucesso aberta, bem como o quinho de que disponha o coerdeiro, pode ser objeto de cesso por escritura pblica. Mas, ineficaz a cesso, pelo coerdeiro, de seu direito hereditrio sobre qualquer bem da herana considerado singularmente, a teor do 2, do art. 1.793 do CC. Enquanto no houver a partilha, o esplio ter natureza de condomnio indivisvel e de universalidade de direito. Por conta disto, tambm prescreve o atual Cdigo Civil ser ineficaz a disposio, sem prvia autorizao do juiz da sucesso, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditrio, pendente a indivisibilidade ( 3, art. 1.793, CC). 15. Herana Jacente e Herana Vacante. Falecendo algum sem deixar testamento nem herdeiro legtimo notoriamente conhecido, os bens da herana, depois de arrecadados, devero ficar sob a guarda e administrao de um curador, at a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou declarao de sua vacncia (art. 1.819 do CC). 16. A Vacncia. Reza o art. 1.820 do CC: praticadas as diligncias de arrecadao e ultimado o inventrio, sero expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicao, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda a habilitao, ser a herana declarada vacante. 17. Ordem de Vocao Hereditria. Sucesso na descendncia. Os herdeiros de primeira classe so os descendentes, pois esto contemplados em primeiro lugar na ordem de vocao hereditria e, existindo, preferem herana de modo que nem os ascendentes, nem os colaterais herdaro.

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    Art. 1.833 do CC: Entre os descendentes, os em grau mais prximo excluem os mais remotos, salvo o direito de representao. Prescreve o art. 1.835 que Na linha descendente, os filhos sucedem por cabea, e os outros descendentes por cabea ou por estirpe, conforme se achem ou no no mesmo grau. H, pela letra da lei, duas modalidades de sucesso quanto aos descendentes, quais sejam a sucesso direta, ou por cabea e, finalmente, a sucesso indireta, por estirpe, ou por direito de representao. Mas possvel que existam descendentes em grau diverso (1.835, CC). Numa situao de descendentes distribudos em graus diversos, os de grau mais prximo recebem por cabea a sucesso direta, enquanto que os de grau mais distante recebero por estirpe, ou seja, por direito de representao. 18. Direito de Representao. Art. 1.851 do CC: D-se o direito de representao, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse. Herda-se pelo direito de representao quando algum convocado a suceder em lugar de outro herdeiro, parente mais prximo do falecido, que est pr-morto, ausente ou incapaz de suceder no instante em que se abre a sucesso. Apesar do direito de representao no se restringir to somente aos descendentes, sendo cabvel na colateralidade (CC, 1.853), pedagogicamente relevante compreender o instituto logo aps abordar as possibilidades de sucesso direita (por cabea) e indireta (por extirpe). Facilita-se a compreenso. O direito de representao est previsto nos arts. 1.851/1.856 do CC. D-se o direito de representao quando a lei confere a certos parentes do falecido o possibilidade de suceder em todos os direitos em que ele sucederia, se vivo fosse.

    Os Casos em Que o Cnjuge Concorre com os Descendentes. depender do regime matrimonial de bens, concorrer o cnjuge com os descendentes. Por outro lado, sempre concorrer com os ascendentes (incisos I e II do art. 1.829 do CC). Inciso I, do art. 1.829 do CC aos descendentes, em concorrncia com o cnjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunho universal, ou no da separao obrigatria de bens (art. 1.641, pargrafo nico); ou se, no regime da comunho parcial, o autor da herana no houver deixado bens particulares. Pela lei, o cnjuge suprstite concorrer com os descendentes salvo se trs situaes jurdicas acontecerem, hiptese na qual no concorrer. A primeira situao jurdica na qual o consorte vivo no concorrer com o descendentes ser no regime da comunho universal de bens. Parece lgico. Neste regime, j existe uma meao decorrente do regime matrimonial. Assim, no h necessidade do cnjuge sobrevivente disputar a herana com herdeiro de primeira classe (os descendentes) que, no caso merecem, por opo legislativa, receber entre si toda a herana (abatendo-se, por bvio) a meao que j por ato em vida daquele. Aplicao prtica! ( Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - IX - Primeira Fase / Direito Civil / Direito das Sucesses; ) Jos, vivo, pai de Mauro e Mrio, possuindo um patrimnio de R$ 300.000,00. Casou-se com Roberta, que tinha um patrimnio de R$ 200.000,00, pelo regime da comunho universal de bens. Jos e Roberta tiveram dois filhos, Bruno e Breno. Falecendo Roberta, a diviso do monte seria a seguinte:

    a) Jos recebe R$ 250.000,00 e Mauro, Mrio, Bruno e Breno recebem cada um R$ 62.500,00.

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    b) O monte, no valor total de R$ 500.000,00, deve ser dividido em cinco partes, ou seja, Jos, Mauro, Mrio, Breno e Bruno recebem, cada um, R$ 100.000,00.

    c) Jos recebe R$ 250.000,00 e Bruno e Breno recebem, cada um, a importncia de R$ 125.000,00.

    d) A herana deve ser dividida em trs partes, cabendo a Jos, Bruno e Breno 1/3 do monte, ou seja, R$ 166.666,66 para cada um.

    Gabarito: C Outra situao clara na qual o cnjuge no disputa a herana com os descendentes no da separao obrigatria disciplinada no art. 1.641 do CC. Optou o legislador por manter a mesma ideia da incomunicabilidade patrimonial em vida, decorrente deste regime de bens, para depois da morte, ou seja, tambm para o direito hereditrio. Aplicao prtica! Imagine um exemplo no qual algum, casado no regime da separao obrigatria, proprietrio de um patrimnio avaliado em R$ 1.000.000,00 (um milho e reais), possuindo dois filhos. Se esta pessoa morre, a herana ser dividida em quotas iguais apenas para os filhos, cada um recebendo (R$ 500.000,00 quinhentos mil reais). A terceira e ltima situao ser no regime da comunho parcial sem bens particulares. Em outras palavras: se um casal se encontra em regime de comunho parcial e ao longo do casamento somente adquirem bens comuns, inexistindo o surgimento de bens particulares (herana, doao, etc), na prtica estes cnjuges so meeiros incidindo a lgica da comunho universal. Sucesso dos ascendentes. Art. 1.836 do CC: Na falta de descendentes, so chamados suceder os ascendentes, em concorrncia com o cnjuge sobrevivente.

    1 do art. 1.836: na classe de ascendentes o grau mais prximo exclui o mais remoto, sem distino de linhas. Aplicao prtica! ttulo de exemplo, imagine uma situao jurdica na qual um solteiro venha morrer deixando pais e avs vivos, sem descendentes. Em decorrncia do princpio da proximidade, por assim dizer, os pais herdaro em detrimento dos avs. Apesar de todos serem ascendentes, os de grau mais prximo (pais) excluiro os de grau mais distantes (avs do falecido). O art. 1.837 do CC talvez seja o mais importante nesta ordem de vocao hereditria dos ascendentes: Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cnjuge tocar um tero da herana; caber-lhe- a metade desta se houver um s ascendente, ou se o maior for aquele grau. Dica! Em todos os casos de sucesso na ascendncia em que no existir ascendente de primeiro grau, ou existir apenas um ascendente em primeiro grau, a herana ser partilhada da seguinte maneira: metade (50%) para o cnjuge sobrevivente e a outra metade para os demais parentes. Aplicao prtica! Quando utiliza a norma a expresso sem distino de linhas, significa dizer sem distinguir a linha materna da linha paterna. Ex. Se o falecido deixou pai e me, herdaro ambos em partes iguais. Se apenas um dos genitores for vivo, a este entregar-se- toda a herana, ainda que sobrevivam os ascendentes do outro, pois existindo pai ou me do de cujus no herdam avs ou bisavs, seja da linha paterna, seja da linha materna. No h falar-se no direito de representao, neste caso. Deixando o falecido ascendentes do mesmo grau, porm de distintas linhas, a herana partir-se- entre as duas linhas, meio a meio. A regra do 2, do art. 1.836 importantssima: Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha

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    paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna. Ex: O falecido possui apenas trs avs (igualdade de graus), dois maternos e um paterno (diversidade em linha). Todos recebero a herana, que ser repartida entre as duas linhas, meio a meio, metade ser entregue aos dois avs maternos (uma linha) e a outra metade ao nico av paterno (outra linha). Sucesso do Cnjuge. Art. 1.838 do CC: Em falta de descendentes e ascendentes, ser deferida a sucesso por inteiro ao cnjuge sobrevivente. Este cnjuge residual, suprstite ou sobrevivente o herdeiro da terceira classe, que receber a totalidade da herana se o de cujus no deixar descendentes, ou ascendentes (ou se estes renunciarem herana), tornando-se herdeiro nico e universal. 19. O Artigo 1.830 e a Separao H Mais de Dois Anos. Art. 1.830 do CC: somente reconhecido o direito sucessrio ao cnjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, no estavam separados judicialmente, nem separados de fato h mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivncia se tornara impossvel sem culpa do sobrevivente. 20. O Direito Real de Habitao. Art. 1.831 do CC: Ao cnjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, ser assegurado, sem prejuzo da participao que lhe caiba na herana, o direito real de habitao relativamente ao imvel destinado residncia da famlia, desde que seja o nico daquela natureza a inventariar. Importante! Para o CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA lavrou o Enunciado 271 O cnjuge pode renunciar ao direito real de habitao, nos autos do inventrio ou por escritura pblica, sem prejuzo de sua participao na herana. O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA possui o ENUNCIADO n 117 com o seguinte contedo:

    O direito real de habitao deve ser estendido ao companheiro, seja por no ter sido revogada a previso da Lei n. 9.278/96, seja em razo da interpretao analgica do art. 1.831, informado pelo art. 6, caput, da CF/88. Aplicao prtica! ( Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - VIII - Primeira Fase / Direito Civil / Direito das Sucesses; ) Com relao ao direito sucessrio, assinale a afirmativa correta.

    a)O cnjuge sobrevivente, mesmo se constituir nova famlia, continuar a ter direito real de habitao sobre o imvel em que residiu com seu finado cnjuge. Gabarito: A (verdade).

    21. O Piso Hereditrio Mnimo Do Cnjuge Residual. O cnjuge sobrevivente, por expressa determinao do art. 1.832 do CC, possui direito sucessrio a um quinho igual ao dos que sucederem por cabea, no podendo a sua quota ser inferior quarta parte do esplio, se for ascendente dos herdeiros com que concorre. 22. Sucesso dos Colaterais. So chamados a suceder na falta dos descendentes, ascendentes e cnjuge. So sucessveis os colaterais at o quarto grau apenas. Segundo o art. 1.840: Na classe dos colaterais, os mais prximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representao concedido aos filhos de irmos. Na linha colateral o direito de representao somente se d em favor de filhos de irmos do falecido, quando com irmos deste concorrerem (art. 1.853). Pegadinha! O art. 1.841, para efeito de sucesso de colateral, distingue o irmo bilateral ou germano, (filho do mesmo pai e da mesma me), do irmo unilateral, ou consanguneo ou uterino (aquele em que s um dos genitores comum). Diz a norma: concorrendo herana

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    do falecido irmos bilaterais com irmos unilaterais, cada um destes herdara metade do que cada um daqueles herdar. Os irmos germanos gozam, pois, de privilgio.