direito civil iv - aula 26 usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

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A avareza é um tirano bem cruel; manda juntar e proíbe o uso daquilo que se junta; visita o e proíbe o uso daquilo que se junta; visita o desejo e interdiz o gozoPLUTARCO

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Page 1: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

“A avareza é um tirano bem cruel; manda juntar e proíbe o uso daquilo que se junta; visita o e proíbe o uso daquilo que se junta; visita o desejo e interdiz o gozo”

PLUTARCO

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Recapitulando

• Extinção da servidão:

▫ Renúncia pelo dono do prédio dominante

▫ Frustração do objeto da servidão

▫ Resgate pelo dono do prédio serviente

▫ Confusão real

▫ Contrato que suprima as obras

▫ Não uso por dez anos

▫ Desapropriação

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Recapitulando

• Usufruto▫ Partes:

� Usufrutuário� Usufrutuário� Nu-proprietário

▫ Usufruto ≠ Locação, Comodato, Superfície▫ Classificação:

� Quanto ao modo de instituição: legal, voluntário, misto ou judicial

� Quanto ao objeto: próprio ou impróprio� Quanto à extensão: total ou parcial� Quanto à duração: temporário ou vitalício

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Recapitulando

• Usufruto

▫ Quando de imóveis, constitui-se por meio de registro

▫ Em regra, se estende aos acessórios

▫ Intransmissível, mas seu exercício pode ser cedido

▫ Dá direito à posse, uso, administração e percepção

dos frutos

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Direito Civil IV - Direito das CoisasDireito Civil IV - Direito das CoisasUsufruto (cont.)

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Deveres do usufrutuário

“Art. 1.400. O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens que receber, determinando o estado em que se acham”

600

receber, determinando o estado em que se acham”

• Prestação de contas que deve ser arcada pelo usufrutuário, dispensável em caso de imóveis � se constar do próprio título do usufruto

• Sem inventário � presunção iuris tantum de que os bens foram recebidos em bom estado de conservação

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Deveres do usufrutuário

“Art. 1.400. O usufrutuário (...) dará caução,

fidejussória ou real, se lha exigir o dono, de

601

fidejussória ou real, se lha exigir o dono, de

velar-lhes pela conservação, e entregá-los findo o

usufruto”

• Caução garante a conservação e a entrega da

coisa ao fim do usufruto

Page 8: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Deveres do usufrutuário

“Art. 1.400. (...) Parágrafo único. Não é obrigado

à caução o doador que se reservar o usufruto da

602

à caução o doador que se reservar o usufruto da

coisa doada”

• Usufruto deducto não obriga o ex-proprietário

que se reservou o usufruto a dar garantias

Page 9: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Deveres do usufrutuário

“Art. 1.401. O usufrutuário que não quiser ou não puder dar caução suficiente perderá o direito de administrar o usufruto; e, neste caso, os bens serão administrados pelo

603

usufruto; e, neste caso, os bens serão administrados pelo proprietário, que ficará obrigado, mediante caução, a entregar ao usufrutuário o rendimento deles, deduzidas as despesas de administração, entre as quais se incluirá a quantia fixada pelo juiz como remuneração do administrador”

• Usufrutuário que não prestar caução receberá apenas o rendimento dos bens

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Deveres do usufrutuário

“Art. 1.402. O usufrutuário não é obrigado a

pagar as deteriorações resultantes do exercício

604

pagar as deteriorações resultantes do exercício

regular do usufruto”

• Logo, exercício irregular gera obrigação de pagar

• Norma de ordem privada que pode ser

convencionada de forma contrária

Page 11: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Direitos e deveres do usufrutuário

“Art. 1.403 Incumbem ao usufrutuário:

605

“Art. 1.403 Incumbem ao usufrutuário:

I - as despesas ordinárias de conservação dos

bens no estado em que os recebeu”

• Despesas naturais da posse direta e uso da coisa

Page 12: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Direitos e deveres do usufrutuário

“Art. 1.403 Incumbem ao usufrutuário: (...)

II - as prestações e os tributos devidos pela posse

606

II - as prestações e os tributos devidos pela posse

ou rendimento da coisa usufruída”

• Incluem-se as despesas ordinárias de

condomínio

• Tributos: IPTU, ITR

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Deveres do usufrutuário

“Art. 1.404. Incumbem ao dono as reparações extraordinárias e as que não forem de custo módico; mas o usufrutuário lhe pagará os juros do capital despendido

607

o usufrutuário lhe pagará os juros do capital despendido com as que forem necessárias à conservação, ou aumentarem o rendimento da coisa usufruída”

• Nu-proprietário deve pagar as reparações extraordinárias e que não forem de custo módico▫ Se tais despesas forem necessárias à conservação ou

aumentarem o rendimento da coisa � usufrutuário pagará os juros do capital investido

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Deveres do usufrutuário

“Art. 1.404. (...) § 1o Não se consideram módicas

as despesas superiores a dois terços do líquido

608

as despesas superiores a dois terços do líquido

rendimento em um ano”

• Despesas extraordinárias são superiores a dois

terços do rendimento líquido anual

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Deveres do usufrutuário

“Art. 1.404. (...) § 2º Se o dono não fizer as

reparações a que está obrigado, e que são

indispensáveis à conservação da coisa, o

609

indispensáveis à conservação da coisa, o

usufrutuário pode realizá-las, cobrando daquele

a importância despendida”

• Nu-proprietário sempre deverá fazer as

reparações a que está obrigado, ou indenizá-las

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Deveres do usufrutuário

“Art. 1.405. Se o usufruto recair num patrimônio,

ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos

juros da dívida que onerar o patrimônio ou a

610

juros da dívida que onerar o patrimônio ou a

parte dele”

• Aplicável apenas a casos de universalidade

jurídica de bens � juros de financiamento a

cargo do usufrutuário

Page 17: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Deveres do usufrutuário

“Art. 1.406. O usufrutuário é obrigado a dar

611

“Art. 1.406. O usufrutuário é obrigado a dar

ciência ao dono de qualquer lesão produzida

contra a posse da coisa, ou os direitos deste”

• Boa-fé objetiva: dever anexo de informação

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Deveres do usufrutuário

“Art. 1.407. Se a coisa estiver segurada, incumbe

ao usufrutuário pagar, durante o usufruto, as

contribuições do seguro”

612

contribuições do seguro”

• Não há obrigação de fazer o seguro da coisa

usufruída

▫ Se feito, quem deve pagar é o usufrutuário �

despesa ordinária que decorre do uso da coisa

Page 19: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Deveres do usufrutuário

“Art. 1.407. (...) § 1º Se o usufrutuário fizer o

seguro, ao proprietário caberá o direito dele

613

seguro, ao proprietário caberá o direito dele

resultante contra o segurador”

• Indenização diz respeito à perda da coisa �

coisa é de propriedade do nu-proprietário

Page 20: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Deveres do usufrutuário

“Art. 1.407. (...) § 2º Em qualquer hipótese, o

direito do usufrutuário fica sub-rogado no valor

614

direito do usufrutuário fica sub-rogado no valor

da indenização do seguro”

• Qualquer prejuízo do usufrutuário deve estar

compreendido na indenização do seguro

Page 21: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Deveres do usufrutuário

“Art. 1.408. Se um edifício sujeito a usufruto for destruído sem culpa do proprietário, não será este obrigado a reconstruí-lo, nem o usufruto se

615

obrigado a reconstruí-lo, nem o usufruto se restabelecerá, se o proprietário reconstruir à sua custa o prédio; mas se a indenização do seguro for aplicada à reconstrução do prédio, restabelecer-se-á o usufruto”

• Usufruto somente se restabelece se indenização do seguro for utilizada na reconstrução do prédio

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Deveres do usufrutuário

“Art. 1.409. Também fica sub-rogada no ônus do

usufruto, em lugar do prédio, a indenização

paga, se ele for desapropriado, ou a importância

616

paga, se ele for desapropriado, ou a importância

do dano, ressarcido pelo terceiro responsável no

caso de danificação ou perda”

• Usufrutuário tem direito à indenização na

medida do seu direito

Page 23: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Direitos e deveres do nu-proprietário

• Código Civil não trata do assunto

617

• Código Civil não trata do assunto

• Basta analisar os direitos e deveres do

usufrutuário para se chegar aos direitos e

deveres do nu-proprietário

Page 24: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Extinção do usufruto

“Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis:I - pela renúncia ou morte do usufrutuário;II - pelo termo de sua duração;

618

III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer;IV - pela cessação do motivo de que se origina;V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409;VI - pela consolidação;VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395;VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399)”

• Hipóteses de extinção do usufruto

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Extinção do usufruto

“Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis:

I - pela renúncia ou morte do usufrutuário”

619

I - pela renúncia ou morte do usufrutuário”

• Renúncia = resilição unilateral▫ Não se admite a renúncia in favorem

• Morte do usufrutuário extingue tanto o usufruto vitalício quanto temporário▫ Morte do nu-proprietário não extingue o usufruto

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Extinção do usufruto

“Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis: (...)

620

(...)

II - pelo termo de sua duração”

• Caso de extinção de usufruto temporário

• Doutrina aponta possibilidade de extinção por condição resolutiva

Page 27: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Extinção do usufruto

“Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis: (...)III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de

621

III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer”

• Prazo máximo de duração de usufruto para pessoa jurídica é 30 anos▫ CC/1916 previa o prazo de 100 anos (“prazo secular”)

Page 28: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Extinção do usufruto

“Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis: (...)

622

(...)

IV - pela cessação do motivo de que se origina”

• Motivo: cláusula geral

• Exemplo: usufruto dos pais sobre os bens do filho menor

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Extinção do usufruto

“Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o

registro no Cartório de Registro de Imóveis: (...)

623

registro no Cartório de Registro de Imóveis: (...)

V - pela destruição da coisa, guardadas as

disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409”

• Disposições mencionadas referem-se à coisa

segurada

Page 30: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Extinção do usufruto

“Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o

registro no Cartório de Registro de Imóveis: (...)

624

VI - pela consolidação”

• Confusão das qualidades de nu-proprietário e de

usufrutuário na mesma pessoa

▫ Sucessão

▫ Aquisição da nu-propriedade pelo usufrutuário

Page 31: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Extinção do usufruto

“Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis: (...)VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora,

625

VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395”

• Jurisprudência vem ampliando as hipóteses• Culpa lato sensu

▫ Usufrutuário responde por perdas e danos

Page 32: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Extinção do usufruto

“Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o

registro no Cartório de Registro de Imóveis: (...)

626

VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o

usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399)”

• Qual o prazo?

▫ Dez anos: SILVIO VENOSA, GUSTAVO TEPEDINO

▫ Não há prazo: CHAVES & ROSENVALD, FLÁVIO TARTUCE

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Extinção do usufruto

III Jornada de Direito Civil - Enunciado 252: “A extinção do usufruto pelo não-uso, de que trata o art. 1.410, inc. VIII, independe do prazo previsto no art. 1.389, inc. III,

627

VIII, independe do prazo previsto no art. 1.389, inc. III, operando-se imediatamente. Tem-se por desatendida, nesse caso, a função social do instituto”

• Aplicação do princípio da função social da posse, prevalecendo o requisito qualitativo sobre quantitativo

• Não se presume o não uso, e o registro sempre deve ser cancelado

Page 34: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Extinção do usufruto

“Art. 1.411. Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por

628

cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente”

• Regra geral: morte de um usufrutuário extingue o usufruto apenas em relação a ele � consolidação parcial da propriedade plena▫ Exceção: direito de acrescer expressamente previsto

Page 35: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Direito Civil IV – Direito das CoisasDireito Civil IV – Direito das CoisasUso

Page 36: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Uso

• Pode ser constituído de forma gratuita ou

onerosa

630

onerosa

▫ Cessão apenas do atributo de utilizar a coisa móvel

ou imóvel

• “Usufruto anão”, “usufruto nanico”, “usufruto

reduzido”

Page 37: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Uso

• Partes:

631

▫ Proprietário, que faz a cessão real da coisa

▫ Usuário, que tem o direito personalíssimo de

utilização da coisa

• Se sobre imóvel, deve ser registrado no CRI

Page 38: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Uso

“Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá

os seus frutos, quanto o exigirem as necessidades

632

os seus frutos, quanto o exigirem as necessidades

suas e de sua família”

• Fruição somente possível para atender

necessidades básicas da família � ideia de

patrimônio mínimo

Page 39: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Uso

“Art. 1.412. (...) § 1o Avaliar-se-ão as necessidades

pessoais do usuário conforme a sua condição

633

pessoais do usuário conforme a sua condição

social e o lugar onde viver”

• Variáveis:

▫ Condição social

▫ Local

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Uso

“Art. 1.412. (...) § 2o As necessidades da família do

usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos

634

solteiros e das pessoas de seu serviço doméstico”

• Família inclui cônjuge, filhos solteiros e empregados

domésticos

▫ Críticas da doutrina moderna quanto ao conceito de

família desvinculado do princípio da afetividade

Page 41: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Uso

“Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não for

635

“Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não for

contrário à sua natureza, as disposições relativas

ao usufruto”

• Exemplo dos casos de extinção do usufruto

Page 42: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Direito Civil IV – Direito das CoisasDireito Civil IV – Direito das CoisasHabitação

Page 43: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Habitação

• Mais restrito dos direitos reais de fruição

▫ Cede-se apenas uma parte do atributo de usar:

637

direito de habitar o imóvel

• Partes:

▫ Proprietário, que transmite o direito

▫ Habitante, que tem o direito de moradia em seu

benefício

Page 44: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Habitação

• Origem:

638

• Origem:

▫ Legal

▫ Convencional

� Inter vivos

� Testamento

Page 45: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Habitação legal

“Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito

639

da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar”

• Não importa se o imóvel é comum ou exclusivamente do falecido � proteção ao direito de moradia

Page 46: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Habitação legal

III Jornada de Direito Civil - Enunciado 271: “O

cônjuge pode renunciar ao direito real de

habitação nos autos do inventário ou por

640

habitação nos autos do inventário ou por

escritura pública, sem prejuízo de sua

participação na herança”

• Críticas de parte da doutrina, que entende ser o

direito real de habitação irrenunciável

Page 47: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Habitação legal

I Jornada de Direito Civil - Enunciado 117: “O direito real de habitação deve ser estendido ao companheiro, seja por não ter sido revogada a

641

companheiro, seja por não ter sido revogada a previsão da Lei n. 9.278/96, seja em razão da interpretação analógica do art. 1.831, informado pelo art. 6º, caput, da CF/88”

• Razões:▫ Lei nº 9.278/96 previa o direito real de habitação▫ Prevalência do direito constitucional à moradia

Page 48: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Habitação

“Art. 1.414. Quando o uso consistir no direito de

habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste

642

direito não a pode alugar, nem emprestar, mas

simplesmente ocupá-la com sua família”

• Gratuidade é característica do instituto

• Caráter personalíssimo da obrigação

▫ Vedação ao direito real de habitação de segundo grau

Page 49: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Habitação

“Art. 1.415. Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas que sozinha habite a casa não terá de pagar aluguel à

643

sozinha habite a casa não terá de pagar aluguel à outra, ou às outras, mas não as pode inibir de exercerem, querendo, o direito, que também lhes compete, de habitá-la”

• Direito real de habitação simultâneo �

compartilhamento compulsório do imóvel

Page 50: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Habitação

“Art. 1.416. São aplicáveis à habitação, no que

não for contrário à sua natureza, as disposições

644

não for contrário à sua natureza, as disposições

relativas ao usufruto”

• STJ entende que renúncia ao direito de usufruto

não atinge o direito de habitação, que seria

irrenunciável

Page 51: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Direito Civil IV – Direito das CoisasDireito Civil IV – Direito das CoisasConcessões especiais de uso e para fins de moradia

Page 52: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Introdução

“Art. 1.225. São direitos reais:XI - a concessão de uso especial para fins de

646

XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;XII - a concessão de direito real de uso”

• Lei nº 11.481/2007 adicionou dois novos direitos reais ao Código Civil

Page 53: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Introdução

• Referência a áreas públicas geralmente invadidas

647

• Referência a áreas públicas geralmente invadidas e urbanizadas por favelas

• Alternativas de regularização fundiária possível, já que não se adquire área pública por usucapião

Page 54: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Concessão de direito real de uso

Decreto-lei nº 271/67, “Art. 7º É instituída a concessão de uso de terrenos públicos ou particulares remunerada ou gratuita, por tempo certo ou indeterminado, como direito real resolúvel, para

648

tempo certo ou indeterminado, como direito real resolúvel, para fins específicos de regularização fundiária de interesse social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios de subsistência ou outras modalidades de interesse social em áreas urbanas”

• Natureza híbrida com características da superfície e do uso, realizada pelo Poder Público

Page 55: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Concessão de direito real de uso

Decreto-lei nº 271/67, “Art. 7º (...) § 1º A

concessão de uso poderá ser contratada, por

instrumento público ou particular, ou por simples

649

instrumento público ou particular, ou por simples

têrmo administrativo, e será inscrita e cancelada

em livro especial”

• Inscrição em livro do Cartório de Registro de

Imóveis

Page 56: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Concessão de direito real de uso

Decreto-lei nº 271/67, “Art. 7º (...) § 2º Desde a inscrição da concessão de uso, o concessionário fruirá plenamente do terreno para os fins estabelecidos no

650

plenamente do terreno para os fins estabelecidos no contrato e responderá por todos os encargos civis, administrativos e tributários que venham a incidir sôbre o imóvel e suas rendas”

• Exemplo: impostos prediais ficarão a cargo do concessionário

Page 57: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Concessão de direito real de uso

Decreto-lei nº 271/67, “Art. 7º (...) § 3º Resolve-se a concessão antes de seu têrmo, desde que o concessionário dê ao imóvel destinação diversa da

651

concessionário dê ao imóvel destinação diversa da estabelecida no contrato ou têrmo, ou descumpra cláusula resolutória do ajuste, perdendo, neste caso, as benfeitorias de qualquer natureza”

• Extinção da concessão por (i) destinação diversa dada ao imóvel ou (ii) descumprimento de cláusula

Page 58: Direito Civil IV - Aula 26   usufruto (cont.), uso, habitação, concessões

Concessão de direito real de uso

Decreto-lei nº 271/67, “Art. 7º (...) § 4º A concessão de uso, salvo disposição contratual em contrário, transfere-se por ato inter vivos, ou por sucessão legítima ou testamentária,

652

ato inter vivos, ou por sucessão legítima ou testamentária, como os demais direitos reais sôbre coisas alheias, registrando-se a transferência”

• Concessão não possui caráter personalíssimo

• “Como os demais direitos reais sobre coisas alheias” �impropriedade da lei, pois usufruto não se transmite

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Concessão de direito real de uso

Decreto-lei nº 271/67, “Art. 7º (...) § 5º Para efeito de aplicação do disposto no caput deste artigo, deverá ser observada a anuência prévia:

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I - do Ministério da Defesa e dos Comandos da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, quando se tratar de imóveis que estejam sob sua administração; eII - do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência de República, observados os termos do inciso III do § 1º do art. 91 da Constituição Federal”

• Anuência necessária por conta dos interesses envolvidos

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Concessão de direito real de uso

Decreto-lei nº 271/67, “Art 8º É permitida a

concessão de uso do espaço aéreo sôbre a superfície de

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terrenos públicos ou particulares, tomada em

projeção vertical, nos têrmos e para os fins do artigo

anterior e na forma que fôr regulamentada”

• Aproximação com o instituto da superfície no

Estatuto da Cidade

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Concessão de uso especial para fins de moradia

Medida Provisória nº 2.220/2001, “Art. 1º Aquele que, até 30 de junho de 2001, possuiu como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e

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ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinqüenta metros quadrados de imóvel público situado em área urbana, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural”

• Não se trata de usucapião urbana: “imóvel público”

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Concessão de uso especial para fins de moradia

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• Natureza: cessão de moradia próxima ao direito

real de habitação, mas em imóvel público e sem

o caráter personalíssimo

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Concessão de uso especial para fins de moradia

Medida Provisória nº 2.220/2001, “Art. 1º (...) § 1o A concessão de uso especial para fins de moradia será conferida de forma gratuita ao homem ou à mulher,

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conferida de forma gratuita ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.§ 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo concessionário mais de uma vez”

• Qualquer pessoa pode receber a concessão, desde que não detenha outra

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Concessão de uso especial para fins de moradia

Medida Provisória nº 2.220/2001, “Art. 1º (...) § 3º

Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo

continua, de pleno direito, na posse de seu

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continua, de pleno direito, na posse de seu

antecessor, desde que já resida no imóvel por

ocasião da abertura da sucessão”

• Repetição de regra relativa à usucapião especial

urbana

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Concessão de uso especial para fins de moradia

Medida Provisória nº 2.220/2001, “Art. 2º Nos imóveis de que trata o art. 1º, com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, que, até 30 de junho de 2001, estavam ocupados por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos,

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população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por possuidor, a concessão de uso especial para fins de moradia será conferida de forma coletiva, desde que os possuidores não sejam proprietários ou concessionários, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural”

• Similaridade com regra relativa à usucapião urbana coletiva

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Concessão de uso especial para fins de moradia

Medida Provisória nº 2.220/2001, “Art. 4º No

caso de a ocupação acarretar risco à vida ou à

saúde dos ocupantes, o Poder Público garantirá

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saúde dos ocupantes, o Poder Público garantirá

ao possuidor o exercício do direito de que tratam

os arts. 1º e 2º em outro local”

• Garantia tanto do direito à vida e saúde quanto à

moradia

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Concessão de uso especial para fins de moradia

Medida Provisória nº 2.220/2001, “Art. 5º É facultado ao Poder Público assegurar o exercício do direito de que tratam os arts. 1º e 2º em outro local na hipótese de ocupação de imóvel:

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1º e 2º em outro local na hipótese de ocupação de imóvel:I - de uso comum do povo;II - destinado a projeto de urbanização;III - de interesse da defesa nacional, da preservação ambiental e da proteção dos ecossistemas naturais;IV - reservado à construção de represas e obras congêneres; ouV - situado em via de comunicação”

• Hipóteses envolvem interesses coletivos, de ordem pública

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Concessão de uso especial para fins de moradia

Medida Provisória nº 2.220/2001, “Art. 6º O título de concessão de uso especial para fins de moradia será obtido pela via administrativa perante o órgão competente da Administração Pública ou, em caso de

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recusa ou omissão deste, pela via judicial.§ 1º A Administração Pública terá o prazo máximo de doze meses para decidir o pedido, contado da data de seu protocolo (...)§ 4º O título conferido por via administrativa ou por sentença judicial servirá para efeito de registro no cartório de registro de imóveis”

• Interessado pode pleitear a concessão de uso especial para fins de moradia, administrativa ou judicialmente, e o título deverá ser registrado no CRI

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Concessão de uso especial para fins de moradia

Medida Provisória nº 2.220/2001, “Art. 7º O

direito de concessão de uso especial para fins de

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direito de concessão de uso especial para fins de

moradia é transferível por ato inter vivos ou causa

mortis”

• Concessão, portanto, não é personalíssima

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Concessão de uso especial para fins de moradia

Medida Provisória nº 2.220/2001, “Art. 8º O direito à concessão de uso especial para fins de moradia extingue-se no caso de:

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extingue-se no caso de:

I - o concessionário dar ao imóvel destinação diversa da moradia para si ou para sua família; ou

II - o concessionário adquirir a propriedade ou a concessão de uso de outro imóvel urbano ou rural”

• Hipóteses de extinção da concessão

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Concessão de uso especial para fins de moradia

Medida Provisória nº 2.220/2001, “Art. 9º É facultado ao Poder Público competente dar autorização de uso àquele que, até 30 de junho de

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autorização de uso àquele que, até 30 de junho de 2001, possuiu como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinqüenta metros quadrados de imóvel público situado em área urbana, utilizando-o para fins comerciais”

• Exceção à regra da tutela da moradia