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2020 DIREITO CIVIL PARA OS CONCURSOS DE TÉCNICO E ANALISTA DO TRT E DO MPU Coleção Tribunais e MPU Coordenador HENRIQUE CORREIA VITOR BONINI TONIELLO 7. a edição Revista, atualizada e ampliada

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Page 1: DIREITO CIVIL - Editora Juspodivm · Direito Civil. Vol. 1, 9ª ed. São Paulo: Método, 2013, p. 247. » CÓDIGO CIVIL18 PARTE GERAL LIVRO I DAS PESSOAS TÍTULO I DAS PESSOAS NATURAIS

2020

DIREITO CIVIL

PARA OS CONCURSOS DE TÉCNICO E ANALISTA DO TRT E DO MPU

Coleção Tribunais e MPU

Coordenador HENRIQUE CORREIA VITOR BONINI TONIELLO

7.a edição

Revista, atualizada e ampliada

Page 2: DIREITO CIVIL - Editora Juspodivm · Direito Civil. Vol. 1, 9ª ed. São Paulo: Método, 2013, p. 247. » CÓDIGO CIVIL18 PARTE GERAL LIVRO I DAS PESSOAS TÍTULO I DAS PESSOAS NATURAIS

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DIREITO CIVIL – Vitor Bonini Toniello

f ITENS DO EDITAL f TÓPICO DO LIVRO

23. Do pagamento. Cap. VII, Item 3.1

24. Do Inadimplemento das Obrigações. Cap. VII, Item 4

25. Dos contratos em geral. Cap. VIII

26. Das várias espécies de contrato. Da compra e venda. Cap. IX, Item 1

27. Da doação. Cap. IX, Item 2

28. Da locação de coisas. Cap. IX, item 7

29. Do empréstimo. Cap. IX, Item 3

30. Da prestação de serviço. Cap. IX, Item 4

31. Da empreitada. Cap. IX, Item 5

32. Do seguro (disposições gerais). Cap. IX, Item 6

33. Da responsabilidade civil. Cap. X

34. Da posse. Cap. XI, Item 3

35. Da propriedade. Cap. XI, Item 4

36. Da aquisição da propriedade imóvel (aquisição pelo registro do título).

Cap. XI, Item 4.4

37. Da perda da propriedade. Cap. XI, Item 4.5

38. Dos direitos reais de garantia sobre coisa alheia. Cap. XI, Item 5

39. Do penhor. Cap. XI, Item 5.1

40. Da hipoteca. Cap. XI, Item 5.2

41. Da anticrese. Cap. XI, Item 5.3

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CAPÍTULO II

Das Pessoas

1. PERSONALIDADE

1.1. Conceito de pessoa

Já vimos que o direito surge para disciplinar as relações pessoais e possibilitar o convívio social de forma ordeira.

Sob um outro prisma, pode-se dizer que a pessoa é o fundamento do direito, na medida em que é o centro ou destinatário da proteção jurídica.

O conceito de pessoa passa a ser mais importante do que qualquer outro con-ceito jurídico, como, por exemplo, o de obrigação, contrato, patrimônio etc. Tanto é que a Constituição Federal tem como alicerce o princípio da dignidade da pessoa humana, norteador do nosso ordenamento jurídico.

A pessoa passa a ser, então, o sujeito da relação jurídica, titular de direitos e deveres, eis que pode exigir algo de alguém ou ter algo exigido de si.

Nesse sentido, cabe destacar que o art. 1º do CC/02 substituiu a palavra “ho-mem” por “pessoa”. Tal alteração se mostra acertada porque, primeiro, a palavra “pessoa” traz a ideia de ser humano enquanto a palavra “homem” traz a ideia de indivíduo, e, segundo, porque, atualmente, reina o princípio da igualdade entre homens e mulheres.

1.2. Personalidade

O conceito de pessoa e de personalidade são inseparáveis.

A doutrina tradicional, liderada por Pontes de Miranda, entende que persona-lidade não é direito, mas qualidade da pessoa.

É um atributo que a pessoa tem pelo simples fato de ser pessoa, independente-mente de qualquer fator diferenciador, como, por exemplo, sexo, crença, idade etc.

Em outras palavras, é uma aptidão, reconhecida pela lei, para ser titular de direitos e deveres. Isso, aliás, é o disposto no art. 1º do CC/02.

1.3. Direitos da personalidade

Os direitos da personalidade correspondem a uma categoria especial de direitos relacionados à pessoa humana, que lhe servem como primeira utilidade, como, por exemplo, a vida, a honra, o nome etc.

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DIREITO CIVIL – Vitor Bonini Toniello

Cumpre observar que não se tratam de direitos pessoais ou reais, mas de di-reitos da personalidade, sendo, portanto, absolutos, irrenunciáveis, indisponíveis, imprescritíveis e impenhoráveis.

Segundo a professora Maria Helena Diniz, “o direito da personalidade é o direito da pessoa de defender o que lhe é próprio, como a vida, a identidade, a liberdade, a imagem, a privacidade, a honra etc.”1.

2. DA PESSOA NATURAL2.1. Conceito de pessoa natural

Nosso Código Civil adotou a expressão “pessoa natural” para designar o ser humano tal como ele é, enquanto obra da natureza.

Também é utilizada a expressão “pessoa física”, principalmente em questões tributárias, porque o ser humano ocupa um espaço físico, corporal, em contraposição à ideia de pessoa jurídica.

No entanto, a doutrina tradicional festeja a adoção da expressão pessoa natural, adotada pelo Código, porquanto revela as qualidades morais e espirituais do ser humano, intimamente ligadas ao conceito de personalidade.

2.2. Capacidade jurídicaA ideia de personalidade e capacidade se complementam.

Pode-se dizer que a capacidade é a extensão, ou melhor, a dimensão da per-sonalidade, pois para alguns a capacidade é plena e, para outros, ela é limitada.

A personalidade traz a ideia de ser humano em um estado de existência; a capacidade conjuga a ideia de ser humano em um campo de ação.

O que todos adquirem ao nascer com vida é a capacidade de direito ou de gozo, que é a capacidade de adquirir direitos.

Dessa forma, independentemente de qualquer outro fator (etário ou mental), o ser humano está apto para adquirir direitos. Por ter capacidade de direito, um recém-nascido pode, por exemplo, suceder e receber herança.

Não pode o recém-nascido, contudo, praticar o ato pessoalmente, porque lhe falta a capacidade de fato ou de ação, que é a aptidão para o exercício pessoal dos atos da vida civil.

A capacidade de fato ou de exercício é conferida àqueles que preenchem determinados requisitos exigidos pela lei, que estão ligados, essencialmente, ao amadurecimento (idade) ou ao discernimento de vontade (desenvolvimento mental).

Com o intuito de proteger essas pessoas, a lei impõe que os atos da vida civil sejam praticados por outras pessoas, que as representa ou assiste.

1. Curso de Direito Civil Brasileiro. v. 1, 30ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 135/136.

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Cap. II • Das Pessoas

CAPACIDADEDe direito ou de gozo Capacidade para adquirir direitos

De exercício ou de fato Capacidade para o exercício pessoal dos direitos

2.3. Incapacidade

2.3.1. Incapacidade absoluta

A capacidade é a regra, sendo a incapacidade, portanto, exceção.

Como visto, no ordenamento jurídico brasileiro não existe incapacidade de direi-to, ou melhor, incapacidade para adquirir direitos. Há a incapacidade apenas para o exercício pessoal dos direitos, que fica condicionada a certas exigências legais.

Essa incapacidade pode ser absoluta, quando há a proibição total do exercício pelo titular do direito.

Nesse caso, o titular é chamado de absolutamente incapaz, porquanto total-mente impedido de agir. Seus atos deverão ser exercidos por terceira pessoa, que o representa.

Os absolutamente incapazes estão indicados no art. 3º do Código Civil, que sofreu profundas alterações com a Lei nº. 13.146/15.

A referida lei, que foi publicada no dia 07 de julho de 2015 e entrou em vigor em janeiro de 2016, instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência, tendo como fun-damento, além do princípio da dignidade da pessoa humana consagrado no art. 1º, III da CF/88, a Convenção de Nova York, que é um tratado internacional do qual o Brasil é signatário, e que, nesta qualidade, possui status de Emenda Constitucional, segundo o art. 5º, § 3º da CF/88 e o Decreto nº. 6.949/09.

O referido estatuto, norteado pela Convenção de Nova York, promove a inclusão das pessoas com deficiência, concedendo-lhes dignidade. Essa inclusão inaugurada pela novel legislação, evidentemente, trouxe grandes alterações em toda a doutrina das incapacidades.

O quadro abaixo, elaborado para fins de melhor compreensão, demonstra as alterações trazidas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência comparando o art. 3º do Código Civil antes e depois da Lei nº. 13.146/15.

f INCAPACIDADE ANTES DA ALTERAÇÃO LEGISLATIVA PROMOVIDA PELA LEI Nº. 13.146/15 (TEXTO REVOGADO)

Absolutamente incapazes (art. 3º do CC) Relativamente incapazes (art. 4º do CC)

I – Os menores de dezesseis anos (menores impúberes);

I – Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (menores púberes);

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f INCAPACIDADE ANTES DA ALTERAÇÃO LEGISLATIVA PROMOVIDA PELA LEI Nº. 13.146/15 (TEXTO REVOGADO)

Absolutamente incapazes (art. 3º do CC) Relativamente incapazes (art. 4º do CC)

II – Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discerni-mento para a prática desses atos;III – Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade

II – Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;III – Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completoIV – Os pródigos

f INCAPACIDADE APÓS A ALTERAÇÃO LEGISLATIVA PROMOVIDA PELA LEI Nº. 13.146/15 (ATUALMENTE EM VIGOR)

Absolutamente incapazes (art. 3º do CC) Relativamente incapazes (art. 4º do CC)

Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anosRevogados os incisos I, II e III

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico;III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;IV – os pródigos

Como se observa, os incisos constantes do art. 3º foram todos expressamente revogados pelo art. 114 da Lei nº. 13.146/15, de maneira que os absolutamente in-capazes, agora, são apenas os menores de dezesseis anos.

Com as alterações trazidas pela lei nº. 13.146/15, as pessoas com deficiência mental, que constavam dos incisos II e III do art. 3º, agora são, em regra, plenamen-te capazes. Apenas eventualmente poderão ser reconhecidas como relativamente incapazes, se puderem ser enquadradas na previsão contida no art. 4º, III do Código Civil, como será visto adiante.

Há, como se verifica, a supressão das expressões “deficiência mental” e “excep-cionais”, que constavam, respectivamente, do art. 3º, II e art. 4º, III, ambos do CC/02.

Como dito, pela nova disciplina trazida pela Lei nº. 13.146/15, absolutamente incapazes são apenas os menores de dezesseis anos.

Agora, a idade passa a ser o único critério objetivo para delimitar a capacidade da pessoa.

Há uma presunção legal de que o menor de dezesseis anos não possui o ade-quado discernimento para administrar sua pessoa e seus bens.

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Muito embora a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica no direito do trabalho tenha como fundamento a aplicação subsidiária do direito civil, fato é que, na prática, a aplicação mais se assemelha àquela prevista no Código de Defesa do Consumidor. Em outras palavras, basta a lesão ao crédito do trabalhador para que a desconsideração seja deferida. Assim o é tendo em vista que o trabalho goza de proteção especial, na medida em que é através dele que o homem obtém o seu sustento.

A doutrina também aponta a possibilidade de, no caso de confusão patrimo-nial, responsabilizar a empresa por dívidas dos sócios, o que recebeu o nome de desconsideração inversa ou invertida.

O ilustre Flávio Tartuce18 cita o exemplo de um sócio que, tendo conhecimento do divórcio, adquire bens com capital próprio em nome da sociedade, como forma de retirá-los de futura partilha. Pela desconsideração inversa, tais bens poderão ser objeto do divórcio, tendo em vista a confusão patrimonial, fazendo com que o instituto seja utilizado no Direito de Família.

4. LEGISLAÇÃO RELACIONADA AO CAPÍTULO

18. Direito Civil. Vol. 1, 9ª ed. São Paulo: Método, 2013, p. 247.

» CÓDIGO CIVIL18

PARTE GERAL

LIVRO I DAS PESSOAS

TÍTULO I DAS PESSOAS NATURAIS

CAPÍTULO I DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE

Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deve-res na ordem civil.

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:

I – os maiores de dezesseis anos e menores de dezoito anos;

II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico;

III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;

IV – os pródigos.

Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.

Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

II – pelo casamento;

III – pelo exercício de emprego público efetivo;

IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;

V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

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Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausen-tes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:

I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.

Parágrafo único. A declaração da morte presu-mida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

Art. 9º Serão registrados em registro público:I – os nascimentos, casamentos e óbitos;II – a emancipação por outorga dos pais ou por

sentença do juiz;III – a interdição por incapacidade absoluta

ou relativa;IV – a sentença declaratória de ausência e de

morte presumida.Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:I – das sentenças que decretarem a nulidade

ou anulação do casamento, o divórcio, a separa-ção judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;

II – dos atos judiciais ou extrajudiciais que de-clararem ou reconhecerem a filiação;

III – dos atos judiciais ou extrajudiciais de ado-ção. (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009)

CAPÍTULO II DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste

artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.

Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.

Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.

Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou al-truístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.

Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a sub-meter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.

Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empre-gado por outrem em publicações ou representa-ções que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.

Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.

Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a trans-missão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.

Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

Art. 21. A vida privada da pessoa natural é in-violável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.

CAPÍTULO III DA AUSÊNCIA

Seção I Da Curadoria dos Bens do Ausente

Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver

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01. (Analista Judiciário – Área Judiciária –TRT6/2012/FCC)São pessoas jurídicas de direito público interno

a) as empresas públicas.b) as fundações.c) as autarquias.d) somente os Estados, os Municípios e o

Distrito Federal.e) as sociedades de economia mista.

COMENTÁRIOS

Alternativa “c” – correta: as autarquias são serviços autônomos, criados por lei, com per-sonalidade jurídica, patrimônio e receita pró-prios, para executar atividades típicas da Ad-ministração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. Elas são pessoas jurídicas de direito público interno (art. 41, IV do Código Civil).Alternativa “a” – errada: as empresas públicas são empresas com patrimônio próprio e capi-tal exclusivamente público, autorizadas por lei para a exploração de atividades de natureza econômica ou execução de serviços públicos. Elas, apesar de integrarem a Administração Pública indireta, são pessoas jurídicas de direi-to privado (art. 5º, II do Decreto-Lei 200/67).Alternativa “b” – errada: as fundações são pessoas jurídicas compostas por um patrimô-nio indissolúvel e personalizado destinado a um fim. Elas são pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, III do Código Civil).Alternativa “d” – errada: conforme o art. 41 do Código Civil, além dos Estados, Distrito Fe-deral e Territórios (inciso II) e dos Municípios (inciso III), também são pessoas jurídicas de direito público interno a União (inciso I), as autarquias, inclusive as associações públicas (inciso IV) e as demais entidades de caráter público criadas por lei (inciso V).Alternativa “e” – errada: as sociedades de economia mista são entidades criadas por lei

QUESTÕES

Capítulo II

para a exploração de atividade econômica ou prestação de serviços públicos, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria a ente federa-tivo ou a entidade da Administração indireta. Elas são pessoas jurídicas de direito privado (art. 5º, III do Decreto-Lei 200/67 e art. 44, II do Código Civil).

02. (Analista Judiciário – Área Judiciária –TRT6/2012/FCC)Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alter-nadamente, viva, considerar-se-á seu domicílio

a) a residência que tiver adquirido a me-nos tempo.

b) o lugar em que a pessoa for encontra-da.

c) a residência de maior valor.d) qualquer daquelas residências.e) a residência que tiver adquirido a mais

tempo.

COMENTÁRIOS

Alternativa “d” – correta (responde todas as demais alternativas): segundo o art. 71 do Có-digo Civil, quando a pessoa natural tiver diver-sas residências, onde, alternadamente, viva, será considerado seu domicílio qualquer uma dessas residências. O candidato deve tomar cuidado para não confundir a pessoa com di-versas residências com a pessoa sem residên-cia habitual, pois para esta última é considera-do domicílio o lugar onde for encontrada (art. 73 do Código Civil).

03. (Analista Judiciário – Área Judiciária –TRT 21 / 2010 / CESPE) A respeito das pessoas naturais e jurídicas, julgue os itens subsequentes.

( ) Nos termos do Código Civil de 2002, a proteção dos direitos da personalidade aplica-se, indistintamente, às pessoas

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naturais e às pessoas jurídicas, desde que constituídas na modalidade de as-sociações.

COMENTÁRIOS

Item errado: o item tem dois erros. O primei-ro é que a proteção dos direitos da persona-lidade aplica-se, no que couber, às pessoas jurídicas (art. 52 do CC). Desta forma, não há aplicação indistinta da proteção dos direitos da personalidade. E o segundo erro é que a referida proteção aplica-se a todas as pes-soas jurídicas, e não somente para as consti-tuídas na modalidade de associações.

( ) A partir de uma interpretação teleoló-gica do art. 50 do Código Civil de 2002, a jurisprudência tem entendido ser possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a atingir bens da sociedade em razão de dívidas contraídas pelo seu sócio controlador.

COMENTÁRIOS

Item certo: é possível, a partir de uma in-terpretação teleológica do art. 5º do CC, a desconsideração inversa da personalidade jurídica. Como esclarece Carlos Roberto Gon-çalves, “caracteriza-se a desconsideração inversa quando é afastado o princípio da au-tonomia patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade por obrigação do sócio, como, por exemplo, na hipótese de um dos cônjuges, ao adquirir bens de maior va-lor, registrá-los em nome de pessoa jurídica sob seu controle, para livrá-los da partilha a ser realizada nos autos da separação judi-cial”. O objetivo da desconsideração inversa da personalidade jurídica é impedir fraudes e abusos promovidos sob o véu protetivo da pessoa jurídica.

04. (Analista Judiciário – Área Judiciária –TRT22/2010/FCC) José desapareceu de seu domicílio, sem dele haver notí-cia e sem ter deixado representante ou procurador a quem caiba administrar--lhe os bens. Declarada a ausência e nomeado curador, foram arrecadados seus bens. Passa dos três anos da arre-cadação, a requerimento do cônjuge,

foi declarada a ausência e aberta pro-visoriamente suces são, tendo o único filho feito seus todos os frutos e rendi-mentos dos bens que lhe couberam. Todavia, o ausente apareceu e ficou provado que a ausência foi voluntária e injustificada. Nesse caso, o

a) descendente deverá devolver ao au-sente todos os frutos e rendimentos recebidos, descontado os que tiver utilizado para a sua subsistência.

b) descendente deverá devolver ao au-sente todos os frutos e rendimentos recebidos.

c) ausente perderá em favor do suces-sor todos os bens que possuía na data da declaração da ausên cia e os res-pectivos frutos e rendimentos.

d) descendente deverá devolver ao au-sente a metade dos frutos e rendi-mentos recebidos.

e) ausente perderá, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.

COMENTÁRIOS

Alternativa “e” – correta (responde todas as demais alternativas): o descendente, ascen-dente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e ren-dimentos dos bens que lhe couberem (art. 33, caput do Código Civil). No entanto, caso o ausente apareça e fique provado que a au-sência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos fru-tos e rendimentos (art. 33, parágrafo único do Código Civil).

05. (Analista Judiciário–Área Judiciária–TRT 23 / 2011 / FCC)Considere as se-guintes publicações:

I. Foto de criminoso foragido, condena-do e procurado pela Justiça em locais públicos e em jornais de grande circu-lação.

II. Imagem de sambista em anúncio, com objetivo co mercial, sem a sua autori-zação.

III. Imagem de grupo folclórico em jornal destinado à divulgação das atividades artísticas da cidade.

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Questões • Capítulo II

Cabe proibição, a requerimento da pessoa cuja imagem foi exposta, pu-blicada ou utilizada e sem prejuízo da inde nização que couber, APENAS em

a) II e III.b) I e II.c) I e III.d) II.e) I.

COMENTÁRIOS

Nota do autor: vale recordar o art. 20, caput do Código Civil, que dispõe que: “salvo se au-torizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da pa-lavra, ou a publicação, a exposição ou a utili-zação da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais”.Alternativa correta: “d”.Item I: a exposição de foto de criminoso fora-gido, condenado e procurado pela justiça em locais públicos e em jornais não precisa de au-torização, uma vez que é necessária à adminis-tração da justiça e à segurança pública. Logo, não cabe proibição neste caso.Item II: a utilização de imagem de sambista em anúncio, com objetivo co mercial, sem a sua autorização é ilegal, pois a utilização da imagem de uma pessoa para fins comerciais necessita de autorização. Nesta situação, cabe proibição a requerimento da pessoa cuja ima-gem foi utilizada.Item III: conforme a doutrina e jurisprudência, a utilização de imagem para fins culturais e in-formativos não precisa de autorização, desde que essa utilização não atinja a honra, a boa fama ou a respeitabilidade das pessoas ex-postas e não se destine a fins comerciais. Há, aqui, uma limitação ao art. 20 do Código Civil para atender ao interesse público e resguardar o direito à informação. A publicação de ima-gem de grupo folclórico em jornal destinado à divulgação das atividades artísticas da cidade tem finalidade cultural e informativa. Por con-seguinte, não cabe proibição nesta hipótese.

06. (Analista Judiciário – Área Judiciária –TRT24/2011/FCC) João, com 50 anos

de idade, viúvo e pai de um filho maior, desapareceu de seu domicílio. Após um ano da arrecada ção, foi de-clarada a ausência, aberta a sucessão pro visória e, cumpridas todas as for-malidades legais, o sucessor entrou na posse dos bens e os conservou, rece bendo os respectivos frutos e rendimentos. Seis anos após o trânsi-to em julgado da sentença que conce-deu a sucessão provisória, João apa-receu e regressou ao seu domicílio, tendo ficado provado que a ausência foi voluntária e injustificada. Nesse caso, João

a) haverá os bens existentes no estado em que se acharem, mas terá direito a ser ressarcido dos frutos e rendi-mentos percebidos pelo sucessor.

b) não receberá de volta seus bens, por ter se escoado prazo superior a 5 anos do trânsito em julgado da sentença que concedeu a sucessão provisória.

c) haverá os bens existentes no estado em que se acharem, perdendo, em fa-vor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.

d) não receberá de volta seus bens, por ter ficado pro vado que a ausência foi voluntária e injustificada.

e) receberá de volta a metade de seus bens e os respectivos frutos e rendi-mentos, sendo a outra me tade atri-buída ao sucessor, a título de prefixa-ção das perdas e danos relativas por este sofridas.

COMENTÁRIOS

Alternativa “c” – correta (responde todas as demais alternativas): após a abertura da su-cessão provisória, caso o ausente apareça e fique provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do suces-sor, sua parte nos frutos e rendimentos (art. 33, parágrafo único do Código Civil). E re-gressando o ausente antes de completados dez anos do trânsito em julgado da sentença que concedeu a sucessão provisória, ele ha-verá os bens existentes no estado em que se acharem (art. 39, caput do Código Civil).

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DIREITO CIVIL – Vitor Bonini Toniello

07. (TécnicoJudiciário–ÁreaAdministrativa–TRT14/2011/FCC)Paulo, maior e ca-paz, é vítima de tumor maligno no cére-bro. Os médicos recomendaram cirurgia para extirpar o tumor, apesar do risco de vida a ela inerente. Paulo negou-se a ser operado. Nesse caso, Paulo

a) poderá ser dopado e operado a crité-rio da equipe médica.

b) poderá ser obrigado pelos médicos a submeter-se à intervenção cirúrgica.

c) só poderá ser operado se houver pare-cer favorável do Ministério Público.

d) só poderá ser operado se houver pare-cer favorável de toda a equipe médica.

e) não poderá ser constrangido a subme-ter-se à intervenção cirúrgica.

COMENTÁRIOS

Alternativa “e” – correta (responde todas as demais alternativas): ninguém pode ser obri-gado a submeter-se, com risco de vida, a trata-mento médico ou a intervenção cirúrgica (art. 15 do Código Civil).

08. (Técnico Judiciário –ÁreaAdministrati-va–TRT14/2011/FCC)A respeito das pessoas jurídicas, considere:

I. A União.II. Os Estados.III. O Distrito Federal.IV. Os Municípios.V. As Autarquias.VI. Os Partidos Políticos.VII. As Sociedades São pessoas jurídicas de direito público

interno as indicadas APENAS ema) I, II, III, IV e V.b) II, III, IV e V.c) II, III, VI e VII.d) I, II, III, IV e VI.e) IV, V, VI e VII.

COMENTÁRIOS

Alternativa correta: “a”.Item I: a União é uma pessoa jurídica de direito público interno (art. 41, I do Código Civil).Item II: os Estados são pessoas jurídicas de direito público interno (art. 41, II do Código Civil).Item III: o Distrito Federal é uma pessoa jurí-dica de direito público interno (art. 41, II do Código Civil).Item IV: os Municípios são pessoas jurídicas de direito público interno (art. 41, III do Código Civil).Item V: as Autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno (art. 41, IV do Código Civil).Item VI: os partidos políticos são pessoas jurí-dicas de direito privado (art. 44, V do Código Civil).Item VII: as sociedades são pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, II do Código Civil).

09.(TécnicoJudiciário–ÁreaAdministrativa–TRT20/2011/FCC)No que concerne aos direitos da personalidade, é INCOR-RETO afirmar:

a) O nome da pessoa não pode ser em-pregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.

b) O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.

c) Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.

d) Se houver risco de vida, qualquer pes-soa pode ser constrangida a submeter--se a intervenção cirúrgica.

e) O ato de disposição do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

COMENTÁRIOS

Alternativa “d” – errada: ninguém pode ser obrigado a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica (art. 15 do Código Civil).

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301

Cap. VII • Direito das obrigações

OBRIGAÇÕESClassificação

Coisa certa

Coisa incerta

Obrigação de dar

Fungível

Infugível

Obrigação de fazer

Obrigação de não fazer

Quanto ao conteúdo

Obrigações alternativas

Ativa

Passiva

Obrigação solidária

Quanto à presença

de elementos obrigacionais

Divisíveis

Indivisíveis

Por natureza

Por determinação legal

Por vontade das partes

Quanto à durabilidade

Quanto ao modo

de execução

3. DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

3.1. Introdução

No início do capítulo trouxemos o conceito de obrigação lecionado por Carlos Roberto Gonçalves, para quem “obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. Corresponde a uma relação de natureza pessoal, de crédito e débito, de caráter transitório (extingue-se pelo cumprimento), cujo objeto consiste numa prestação economicamente aferível”18.

Também nos ocupamos em esclarecer que a obrigação é constituída pelos ele-mentos subjetivos e objetivo, bem como pelo vínculo jurídico.

18. Direito Civil. Vol. II, 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 216.

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573

Cap. XI • Direito das coisas

essa garantia (quirografários), de forma que a preferência permite que os credores hipotecário e pignoratício afastem os quirografários para receber primeiro.

BEM HIPOTECADO

CredorhipotecárioCrédito: R$ 100.000,00

CredorquirografárioCrédito: R$ 200.000,00

CredorquirografárioCrédito: R$ 60.000,00

Alienação judicial

R$ 100.000,00

Direit

o de

prefe

rênc

ia

CredorhipotecárioCrédito: R$ 100.000,00

A mesma preferência pode ser analisada entre mais de um credor com garantia real sobre o mesmo bem. Havendo, por exemplo, dois credores hipotecários sobre o mesmo imóvel, ter-se-á a hipoteca de primeiro e de segundo grau. Nesse caso, a preferência será da hipoteca de primeiro grau, diante da anterioridade do registro.

BEM GRAVADO COM 3 HIPOTECAS

Credorcomhipotecadeprimeirograu

Crédito: R$ 200.000,00

Credorcomhipotecade segundo grau

Crédito: R$ 50.000,00

Credorcomhipotecade terceiro grau

Crédito: R$ 300.000,00

Alienação judicial

R$ 200.000,00

Direit

o de

prefe

rênc

ia

Credorcomhipotecadeprimeirograu

Crédito: R$ 200.000,00

Não obstante tais apontamentos, fato é que o parágrafo único do art. 1.422 traz exceções à regra de preferência, ao estabelecer que se obedeça à legislação específica que determine o pagamento de outros créditos, de forma precípua. É o caso, por exemplo, do art. 83 da Lei de Falência (Lei nº. 11.101/05), que estabelece