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PROCURADORIA GERAL DO ESTADO PROCURADORIA JURÍDICA 10ª SUBPROCURADORIA (SPPREV) Rua Bela Cintra, 643, 2º ao 4º andar, Consolação – CEP 01415-003, São Paulo-SP EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO: SÃO PAULO PREVIDÊNCIA – SPPREV, autarquia criada pela Lei Complementar Estadual nº 1.010, de 01/06/2007, com sede na Rua Bela Cintra, 657 – Consolação, no município de São Paulo (SP), pelo Procurador do Estado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO RESCISÓRIA , nos termos do artigo 485, incisos VIII e V, do Código de Processo Civil, em face de NANCI DE SOUZA, brasileira, separada judicialmente, RG nº 07200099-5, CPF nº 692.194.438-72, residente e domiciliada na Rua da Esperança, 368-A, no município de São Paulo (SP), CEP: 02208-000; CLAUDIONOR LUIZ CARVALHO, brasileiro, casado, RG nº 2.115-480, residente e domiciliado na Travessa Olimpo, 115, casa 04, Jaçanã, no município de São Paulo (SP), CEP: 02271-010; e JOSEFA MARIA DE CARVALHO, brasileira, casada, do lar, RG nº 25.783.949-5 SSP/SP e CPF nº 296.941.288-89, residente e domiciliada na Travessa Olimpo, 115, casa 04, Jaçanã, no município de São Paulo (SP), CEP: 02271-010, respectivamente autora e réus da Ação Ordinária de Reconhecimento de União Estável autuada sob o número 0004506- 36.2011.8.26.0001 que tramitou perante a 1ª Vara da Família e Sucessões do Foro Se impresso, para conferência acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 2131302-36.2014.8.26.0000 e o código AFEFF8. Este documento foi assinado digitalmente por ANDRE RODRIGUES MENK. Protocolado em 11/08/2014 às 16:00:28. fls. 1

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PROCURADORIA GERAL DO ESTADO

PROCURADORIA JURÍDICA 10ª SUBPROCURADORIA (SPPREV)

Rua Bela Cintra, 643, 2º ao 4º andar, Consolação – CEP 01415-003, São Paulo-SP

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDEN TE

DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU LO:

SÃO PAULO PREVIDÊNCIA – SPPREV, autarquia criada pela Lei

Complementar Estadual nº 1.010, de 01/06/2007, com sede na Rua Bela Cintra, 657 –

Consolação, no município de São Paulo (SP), pelo Procurador do Estado que esta

subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO RESCISÓRIA ,

nos termos do artigo 485, incisos VIII e V, do Código de Processo Civil, em face de

NANCI DE SOUZA , brasileira, separada judicialmente, RG nº 07200099-5, CPF nº

692.194.438-72, residente e domiciliada na Rua da Esperança, 368-A, no município de

São Paulo (SP), CEP: 02208-000; CLAUDIONOR LUIZ CARVALHO , brasileiro,

casado, RG nº 2.115-480, residente e domiciliado na Travessa Olimpo, 115, casa 04,

Jaçanã, no município de São Paulo (SP), CEP: 02271-010; e JOSEFA MARIA DE

CARVALHO , brasileira, casada, do lar, RG nº 25.783.949-5 SSP/SP e CPF nº

296.941.288-89, residente e domiciliada na Travessa Olimpo, 115, casa 04, Jaçanã, no

município de São Paulo (SP), CEP: 02271-010, respectivamente autora e réus da Ação

Ordinária de Reconhecimento de União Estável autuada sob o número 0004506-

36.2011.8.26.0001 que tramitou perante a 1ª Vara da Família e Sucessões do Foro

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PROCURADORIA GERAL DO ESTADO

PROCURADORIA JURÍDICA 10ª SUBPROCURADORIA (SPPREV)

Rua Bela Cintra, 643, 2º ao 4º andar, Consolação – CEP 01415-003, São Paulo-SP

Regional I – Santana, da Comarca de São Paulo (SP), cuja sentença, já transitada em

julgado, ora se pretende rescindir, pelas razões a seguir expostas.

I – LEGITIMIDADE DA SÃO PAULO PREVIDÊNCIA – SPPREV

O titulo executivo judicial que ora se pretende rescindir foi formado nos

autos do Processo nº 0004506-36.2011.8.26.0001, onde consta como autora a Sra.

Nanci de Souza e como réus o Sr. Claudionor Luiz Carvalho e a Sra. Josefa Maria de

Carvalho.

No referido processo, foi reconhecida a existência de união estável entre

a autora, Sra. Nanci, e o Sr. Aroldo Luiz de Carvalho (já falecido), filho dos réus, Sr.

Claudionor e Sra. Josefa.

Embora a autarquia estadual, ora autora, não tenha participado da relação

processual da ação cuja sentença ora se pretende rescindir, ela possui legitimidade para

o ajuizamento da presente ação rescisória, pois é afetada diretamente pela sentença do

Processo nº 0004506-36.2011.8.26.0001.

O artigo 472, do Código de Processo Civil, assim dispõe:

“Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é

dada, não beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas

relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no

processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados,

a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.” (g.

n.)

Assim, como o reconhecimento da união estável é questão afeta ao

estado da pessoa, a sentença que reconheceu a existência da união estável entre a autora,

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Rua Bela Cintra, 643, 2º ao 4º andar, Consolação – CEP 01415-003, São Paulo-SP

Sra. Nanci, e o Sr. Aroldo Luiz de Carvalho, filho dos réus, Sr. Claudionor e Sra.

Josefa, atinge diretamente a São Paulo Previdência – SPPREV.

Com o reconhecimento da união estável, abriu-se a possibilidade da Sra.

Nanci de Souza requerer junto à autarquia estadual, São Paulo Previdência – SPPREV,

o recebimento do benefício de pensão por morte na qualidade de companheira do ex-

servidor Sr. Aroldo Luiz de Carvalho, o que de fato ocorreu.

Dessa forma, demonstra-se claramente que a autarquia estadual, ora

autora, é diretamente afetada pela sentença transitada em julgado no processo nº

0004506-36.2011.8.26.0001, o que lhe confere, portanto, a legitimidade necessária para

ajuizar a presente ação rescisória.

De acordo com os ensinamentos de Fredie Didier Jr.:

“Na verdade, o terceiro juridicamente interessado é

legitimado para propor ação rescisória, “porque a res

judicata, apesar de, nos seus limites subjetivos de eficácia, só

operar entre as partes, pode atingir de forma reflexa direito de

estranhos que não foram partes no processo anterior (p. ex.,

o substituído processual). Só o interesse jurídico justifica a

legitimação, e não o meramente de fato”.

Enfim, “é terceiro legitimado aquele que não participou do

processo originário, mas foi prejudicado do ponto de vista

jurídico pelo decisum nele proferido, ainda que

indiretamente”.” 1 (g. n.)

Resta assim amplamente demonstrada a legitimidade da São Paulo

Previdência – SPPREV para o ajuizamento da presente ação, nos termos do artigo 487,

inciso II, do Código de Processo Civil.

1 DIDIER Jr., Fredie. Curso de Direito Processual Civil, Vol. 3. 11 ed. Salvador: JusPodivm, 2013, p. 403.

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II – CABIMENTO:

A presente ação rescisória visa rescindir a sentença proferida nos autos

do processo nº 0004506-36.2011.8.26.0001 que homologou a transação feita entre a

autora Sra. Nanci de Souza e os réus Sr. Claudionor Luiz Carvalho e Sra. Josefa Maria

de Carvalho, reconhecendo a existência de união estável entre a autora e o Sr. Aroldo

Luiz de Carvalho.

A transação homologada consistia no reconhecimento da existência de

união estável entre a autora, Sra. Nanci, e o Sr. Aroldo Luiz de Carvalho (já falecido),

filho dos réus.

Contudo, a sentença jamais poderia ter homologado referido acordo, vez

que o reconhecimento de união estável não é direito patrimonial sujeito à

transação. O status familiae é insuscetível de transação.

O artigo 485, inciso VIII, do Código de Processo Civil, assim dispõe:

“Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser

rescindida quando:

(...)

VIII – houver fundamento para invalidar confissão,

desistência ou transação, em que se baseou a sentença;” (g. n.)

Ora, o presente caso amolda-se perfeitamente ao quanto previsto na

norma acima transcrita. Há fundamento jurídico irrefutável para se invalidar a transação

em que se baseou a sentença, conforme será amplamente demonstrado no item VII

infra.

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Rua Bela Cintra, 643, 2º ao 4º andar, Consolação – CEP 01415-003, São Paulo-SP

O vício que dá ensejo a presente ação está na sentença que

homologou o acordo, vez que a homologação não seria juridicamente possível in

casu. Portanto, é plenamente cabível a ação rescisória.

Além disso, referida sentença já transitou em julgado. Dessa forma, a

medida cabível no presente caso certamente é a ação rescisória.

Segundo Fredie Didier Jr.:

“O critério distintivo é a existência de coisa julgada

material: se houver, rescisória; se não, anulatória. Cabe a

ação rescisória contra a sentença homologatória de

transação após o trânsito em julgado. Enquanto não transitada

em julgado a sentença, a transação deve ser desconstituída pela

ação anulatória. Aplicar-se-ia, mutatis mutandis, o disposto no

art. 352 do CPC à transação.

(...)

Enfim, se a sentença homologatória encarta-se em uma das

hipóteses do art. 269 do CPC, haverá coisa julgada material,

sendo cabível, portanto, a ação rescisória. Caso, entretanto, a

sentença não se enquadre em uma das hipóteses do art. 269 do

CPC, não haverá coisa julgada material, sendo cabível, então, a

ação anulatória a que alude o art. 486 do CPC. ”2 (g. n.).

A sentença, que já transitou em julgado e que ora se pretende rescindir,

homologou o acordo feito entre as partes e foi proferida nos seguintes termos:

“HOMOLOGO, por sentença, o acordo realizado entre as partes

e, em conseqüência reconheço a união estável entre a autora e o

2 DIDIER Jr., Fredie. Curso de Direito Processual Civil, Vol. 3. 11 ed. Salvador: JusPodivm, 2013, p. 460 e

461.

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falecido pelo período indicado, anotando a extinção com o óbito

em 08/09/2010. Homologo o acordo para que produza os

jurídico e legais efeitos, trasladando-se cópia deste termo para o

processo de arrolamento deferido. Declaro, no mais, para os

devidos fins previdenciários, que a mulher e os genitores do

falecido ratearão eventual benefício em partes iguais, ou seja,

50% para a mulher e 50% para os requeridos (25% para cada

requerido), anotando-se que em caso de óbito da mulher o

benefício retornará aos requeridos. Julgo extinto o processo, nos

termos do artigo 269, III, do Código de Processo Civil .

Isentos de Custas. Sem sucumbência em face do ajuste. Aprovo

ainda a renúncia à faculdade recursal. Oficie-se, ainda para a

SPPREV nos termos supra. Publicada nesta audiência para

ciência das partes. Registre-se e cumpra-se.”” (g. n.)

Como pode ser facilmente constatado, a sentença extinguiu o processo

COM resolução do mérito (artigo 269, do Código de Processo Civil). Portanto, a

medida cabível no presente caso é a ação rescisória, prevista no artigo 485, inciso

VIII, do Código de Processo Civil.

Não bastasse isso, deve-se constatar que a r. sentença que ora se pretende

rescindir também viola literal disposição de lei. Assim, a presente ação rescisória

também se mostra cabível, nos termos do artigo 485, inciso V, do Código de Processo

Civil.

Da r. sentença supratranscrita, deve-se frisar o seguinte trecho:

“Declaro, no mais, para os devidos fins previdenciários, que a

mulher e os genitores do falecido ratearão eventual benefício

em partes iguais, ou seja, 50% para a mulher e 50% para os

requeridos (25% para cada requerido), anotando-se que em

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caso de óbito da mulher o benefício retornará aos

requeridos.” (g. n.)

Referido trecho da r. sentença dividiu eventual benefício previdenciário

entre a autora e os réus, respectivamente companheira e genitores do instituidor do

benefício. Ao proceder dessa forma, violou diretamente o artigo 8º, da Lei Estadual nº

452/74 (que rege o regime próprio de previdência dos militares do Estado de São

Paulo):

“Artigo 8.º - São beneficiários obrigatórios:

I - o cônjuge sobrevivente;

II - os filhos varões, menores de 21 anos ou, se estiverem

frequentando curso de nível superior, menores de 25 anos, bem

assim os inválidos;

III - as filhas solteiras, menores de 25 anos, ou inválidas;

IV - as filhas viúvas ou desquitadas, se inválidas e sem meios de

subsistência;

V - a companheira do contribuinte solteiro, viúvo ou

desquitado, se com ele conviveu durante mais de cinco anos,

dispensado o requisito de tempo, se dessa união houver filhos

ressalvado, na razão da metade, o direito que competir a seus

filhos;

VI - os pais do contribuinte solteiro, desde que vivam sob sua

dependência econômica e não existam outros beneficiários

obrigatórios.” (g. n.)

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Ora Excelências, de acordo com a legislação previdenciária, os genitores

do militar somente podem ser beneficiários de pensão se (i) viverem sob a dependência

econômica do militar falecido; E (ii) se não existir outros beneficiários obrigatórios.

Portanto, a r. sentença ao dispor que o benefício previdenciário deveria

ser dividido entre a autora, suposta companheira do militar falecido e os genitores do

mesmo, violou diretamente o artigo 8º, inciso VI, da Lei Estadual nº 452/74, devendo

assim, ser rescindida.

III – FUNGIBILIDADE COM A AÇÃO ANULATÓRIA

PREVISTA NO ARTIGO 486, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL :

Ainda que se entenda que a ação cabível no presente caso não seja a

Ação Rescisória (prevista no artigo 485, do Código de Processo Civil), mas sim a Ação

Anulatória (prevista no artigo 486, do Código de Processo Civil), o que se admite

apenas e somente em razão do Princípio da Eventualidade, a presente ação deve ser

recebida como sendo a Ação Anulatória, em atenção aos Princípios da Fungibilidade

dos Meios Processuais, da Economia e Celeridade Processual, bem como ao da Boa-

Fé Processual.

O artigo 486, do Código de Processo Civil assim prevê:

“Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou

em que esta for meramente homologatória, podem ser

rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei

civil.”

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Diante de tal dispositivo, e comparando-o com quanto disposto no artigo

485, inciso VIII, do Código de Processo Civil, surge uma fundada dúvida objetiva na

medida judicial cabível nos casos de homologação judicial de transação.

A própria doutrina diverge quanto à ação cabível (se seria a ação

rescisória ou a ação anulatória). A favor da ação rescisória, pode-se citar o Professor

Fredie Didier Jr. (conforme demonstrado pelas citações feitas no item II supra) e a

Professora Teresa Arruda Alvim Wambier. Já a favor da ação anulatória, pode-se citar o

Professor Cassio Scarpinella Bueno:

“O que se impugna mediante o uso da ação anulatória prevista

nesse dispositivo de lei não é o ato jurisdicional em si mesmo

(decisão interlocutória, sentença, ou acórdão), mas,

diferentemente, o ato praticado entre as partes e, quando muito,

meramente homologado judicialmente. Constatada a ocorrência

de eventual vício no ato de direito material praticado pelas

partes e pretendendo-se impugná-los, o caminho adequado é o

da ação anulatória, descabida a rescisória. Diferentemente,

quando o vício repousar no próprio ato jurisdicional e o que se

pretender for extirpá-lo do ordenamento jurídico, com a prévia

desconstituição da coisa julgada que recai sobre ele, o veículo

processual adequado é a ação rescisória, desde que presente pelo

menos uma das hipóteses do art. 485 do CPC. Incluindo,

evidentemente, o trânsito em julgado.”3

Ora, se nem a doutrina é unânime ao afirmar qual seria a medida judicial

cabível no presente caso, fica evidente a presença de dúvida objetiva fundada que

possibilitaria a fungibilidade das medidas judiciais (entre a ação rescisória e a ação

anulatória).

3 BUENO, Cassio Scarpinella. Código de Processo Civil Interpretado. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 1678.

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PROCURADORIA GERAL DO ESTADO

PROCURADORIA JURÍDICA 10ª SUBPROCURADORIA (SPPREV)

Rua Bela Cintra, 643, 2º ao 4º andar, Consolação – CEP 01415-003, São Paulo-SP

O que aqui se defende é que a medida judicial cabível seria a ação

rescisória, uma vez que o vício está na própria sentença (a qual não poderia

homologar o acordo, por estar flagrantemente diante de direito indisponível e,

portanto, não sujeito a transação) e que ela já transitou em julgado (extinguindo o

processo COM resolução do mérito nos termos do artigo 269, inciso III, do Código

de Processo Civil).

Entretanto, caso o entendimento desse Tribunal seja no sentido de ser

cabível a ação anulatória prevista no artigo 486, do Código de Processo Civil, requer

seja reconhecida a fungibilidade das medidas judiciais, admitindo a presente ação

como sendo a Ação Anulatória, remetendo o processo ao D. Juízo competente, ante

a comprovação da divergência existente in casu.

IV – TEMPESTIVIDADE:

De acordo com o artigo 495, do Código de Processo Civil:

“Art. 495. O direito de propor ação rescisória se extingue em 2

(dois) anos, contados do trânsito em julgado da decisão.” (g.

n.)

No presente caso, a r. sentença que ora se pretende rescindir transitou em

julgado no dia 21/03/2013. Portanto, ainda não transcorreu o prazo para o ajuizamento

da ação rescisória.

Ainda que se entenda que a ação cabível seria a ação anulatória,

conforme já explanado no item III supra, o que se admite apenas em atenção ao

Princípio da Eventualidade, pode-se constatar também que a ação seria igualmente

tempestiva.

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A ação anulatória prevista no artigo 486, do Código de Processo Civil

possui o prazo decadencial também de 2 (dois) anos, de acordo com o artigo 179, do

Código Civil, que assim preleciona:

“Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável,

sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de

dois anos, a contar da data da conclusão do ato.” (g. n.)

No presente caso, a transação judicial também ocorreu no dia

21/03/2013. Assim, não transcorreu o prazo para o ajuizamento da ação anulatória, caso

seja essa a medida entendida como cabível por esse Tribunal.

Portanto, por qualquer ângulo que se analise, fica devidamente

comprovada a tempestividade da presente ação.

V – DISPENSA DO DEPÓSITO DE 5% PREVISTO NO ARTIGO

488, INCISO II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL:

Como é cediço, a ação rescisória exige como requisito essencial o

depósito prévio de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa a título de multa, nos

termos do artigo 488, inciso II, do Código de Processo Civil, que assim prevê:

“Art. 488. A petição inicial será elaborada com observância dos

requisitos essenciais do art. 282, devendo o autor:

(...)

II – depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o

valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, por

unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improcedente.

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Parágrafo único. Não se aplica o disposto no n. II à União, ao

Estado, ao Município e ao Ministério Público.” (g. n.)

O próprio Parágrafo único do dispositivo supracitado determina que a

exigência do depósito prévio nas ações rescisórias não se aplica à União, ao Estado, ao

Município e ao Ministério Público.

A despeito da previsão legal não abarcar expressamente as respectivas

autarquias e fundações públicas (pessoas jurídicas de direito público) das pessoas

políticas, o entendimento de que tal prerrogativa se estende também a referidas

entidades é corrente na doutrina e jurisprudência pátria.

De acordo com Leonardo Carneiro da Cunha:

“Desse modo, a Fazenda Pública, em qualquer nível e sem

qualquer distinção, está liberada do depósito previsto no art.

488, II, do CPC, para o ajuizamento de ação rescisória,

estando igualmente liberada da correspondente multa.

Significa que a União, os Estados, o distrito Federal, os

Municípios e suas respectivas autarquias e fundações

públicas beneficiam-se da regra, de sorte que tais entes não

estão sujeitos à exigência do aludido depósito, nem da

correlata multa.”4 (g. n.)

No âmbito da jurisprudência, pode-se citar a Súmula 175, do Superior

Tribunal de Justiça (“175. Descabe o depósito prévio nas ações rescisórias propostas

pelo INSS”), que, segundo o entendimento do próprio STJ, deve ter sua aplicação

estendida às demais autarquias e fundações públicas, como pode ser observado no

julgado abaixo colacionado:

4 CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo. 10 ed. São Paulo: Dialética, 2012, p. 157.

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“RECURSO ESPECIAL – PROCESSUAL CIVIL – AÇÃO

RESCISÓRIA – DEPÓSITO PRÉVIO (ART. 488, II, DO CPC)

– DISPENSABILIDADE – FUNAI – FUNDAÇÃO PÚBLICA

PERTENCENTE AO GÊNERO AUTARQUIA –

PRIVILÉGIOS DA FAZENDA PÚBLICA (ART. 11 DA LEI

Nº 5.371/67) – APLICAÇÃO ANALÓGICA DA SÚMULA

175-STJ – UNIÃO – LITISCONSORTE ATIVO –

IMPOSSIBILIDADE – RECONHECIMENTO DA

ILEGITIMIDADE PASSIVA NA SENTENÇA

RESCINDENDA – INTIMAÇÃO PESSOAL – AUSÊNCIA

DE PREQUESTIONAMENTO.

1 – A Fundação Nacional do Índio – FUNAI – integra o

gênero autarquia, sendo-lhe dispensado o depósito prévio em

sede de ação rescisória (art. 488, II, CPC), por força do

artigo 11 da Lei nº 5.371/67, que lhe assegura os mesmos

privilégios da Fazenda Pública. Aplicação analógica da

Súmula 175-STJ.

(...)” (STJ, REsp 208.285/PE, 5ª TURMA, RELATOR: MIN.

GILSON DIPP, j. 15/02/2000, DJ de 13/03/2000, p. 190)

Portanto, como a São Paulo Previdência – SPPREV é uma autarquia

estadual (pessoa jurídica de Direito Público), integrando assim o conceito de Fazenda

Pública, ela não está sujeita à exigência do depósito prévio prevista no artigo 488, inciso

II, do Código de Processo Civil, nem à respectiva multa.

VI – AUSÊNCIA DA JUNTADA DE DOCUMENTOS (CÓPIA DO

PROCESSO Nº 0004506-36.2011.8.26.0001):

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O artigo 283, do Código de Processo Civil, determina que a petição

inicial seja instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.

Dessa forma, como a presente ação visa rescindir a sentença transitada

em julgado no processo nº 0004506-36.2011.8.26.0001, ela deveria ser instruída com a

cópia integral do referido processo.

Porém, isso não é possível no presente caso.

A ação de reconhecimento de união estável tramitou perante a 1ª

Vara da Família e Sucessões do Foro Regional I – Santana sob segredo de justiça,

conforme pode ser comprovado pelo andamento processual extraído do sítio eletrônico

deste Tribunal de Justiça.

Assim, como a São Paulo Previdência – SPPREV, ora autora, não foi

parte da referida ação, ela não tem como obter acesso aos autos a fim de instruir a

presente ação rescisória.

Diante disso, a autarquia justifica a ausência da juntada de cópia integral

do processo nº 0004506-36.2011.8.26.0001, juntando apenas cópia das partes do

processo que possui, quais sejam: termo de audiência, onde consta a sentença

homologatória da transação e certidão de objeto e pé.

VII – MÉRITO:

A) VÍCIO NA HOMOLOGAÇÃO DA TRANSAÇÃO JUDICIAL:

A sentença proferida nos autos do processo nº 0004506-

36.2011.8.26.0001 homologou a transação que reconhecia a existência da união estável

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entre a autora, Sra. Nanci, e o Sr. Aroldo Luiz de Carvalho, filho dos réus, Sr.

Claudionor e Sra. Josefa, pelo período indicado pela autora na petição inicial até

08/09/2010, data do óbito do Sr. Aroldo.

Porém, ao proceder dessa forma, o D. Juízo, data máxima venia, incorreu

em manifesto error in procedendo.

A transação, nos moldes do artigo 840, do Código Civil, é um negócio

jurídico bilateral, pelo qual as partes interessadas, fazendo concessões mútuas, previnem

ou extinguem obrigações litigiosas ou duvidosas. Ao lado do reconhecimento jurídico

do pedido pelo réu e da renúncia do direito pelo autor, classifica-se como ato de

legítima autocomposição e constitui um meio alternativo de solução dos litígios.

Nesta senda, o ilustre civilista Caio Mário da Silva Pereira costuma

enumerar os requisitos da transação. Resumidamente, podemos assim trascrevê-los: a)

acordo realizado mediante declaração de vontade de ambos os interessados, ou seja, não

há transação por força de lei ou por decisão ex officio; b) reciprocidade das concessões e

a c) extinção ou prevenção de litígios.

À primeira vista, o espectro de direitos que admite a transação se mostra

bastante amplo. Todavia, deve-se observar atentamente e detidamente o que dispõem os

artigos 841, do Código Civil, e 447, do Código de Processo Civil, a seguir transcritos:

“Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter

privado se permite a transação.” (g. n.)

“Art. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de

caráter privado, o juiz, de ofício, determinará o comparecimento

das partes ao início da audiência de instrução e julgamento.

Parágrafo único. Em causas relativas à família, terá lugar

igualmente a conciliação, nos casos e para os fins em que a lei

consente a transação.” (g. n.)

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Tais dispositivos legais não deixam dúvidas de que a transação somente

será permitida em relação a direitos patrimoniais de caráter privado, suscetíveis de

circulabilidade. Logo, é inadmissível relativamente a assuntos voltados ao estado e a

capacidade das pessoas. Assim é que o status familiae é insuscetível de transação,

como bem alerta Caio Mário.

Desta feita, não cabe às partes transigir quanto a direitos não-

patrimoniais, como os de família-puros (como por exemplo: validade do casamento

e reconhecimento de união estável) nem aqueles que envolvam matéria de ordem

pública, ou quando envolver coisas que estejam fora de comércio.

O reconhecimento jurídico do pedido, a transação e a renúncia são

atos dispositivos não admitidos diante de direitos indisponíveis, do que é exemplo o

reconhecimento de existência de união estável, por versar sobre status familiae.

Nosso ordenamento é enfático a respeito dos direitos indisponíveis.

Tanto no artigo 302, inciso I, como no artigo 351, ambos do Código de Processo Civil,

o legislador quis protegê-los, não admitindo a seu respeito, a presunção de veracidade, a

confissão, o reconhecimento jurídico do pedido, a transação ou a renúncia. Portanto, na

hipótese de se tratar de direito indisponível, os fatos alegados pelo autor deverão

ser cabalmente comprovados, o que não ocorreu no presente caso.

A respeito do tema ora versado, importante colacionar o seguinte

julgado:

“APELAÇÃO CÍVEL. UNIÃO ESTÁVEL. REVELIA.

PROVA. BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL.

Em versando a ação de reconhecimento de união estável de

direito indisponível, não se aplicam os efeitos da revelia,

devendo a autora fazer a prova constitutiva do seu direito .

Dois boletins de ocorrência policial, isolados, não representam

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prova segura, concludente e suficiente para o reconhecimento da

união estável, vez que unilaterais. Precedentes. Apelação

desprovida.” (Apelação Cível nº 70028464196, Oitava Câmara

Cível, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Relator: Des.

José Ataídes Siqueira Trindade, julgado em 10/03/2009) (g. n.).

Uma vez que o reconhecimento de união estável versa claramente sobre

status familiae, sendo, portanto, direito indisponível, não poderia o D. Juízo ter

homologado a transação, reconhecendo assim a existência da união estável no presente

caso.

O reconhecimento da união estável somente é possível após a ampla

comprovação de tal fato perante o Juízo, o qual, convencido pelas provas trazidas aos

autos, reconhece tal situação.

No presente caso, não houve a comprovação da união estável, mas

apenas uma transação homologada em juízo (em claro error in procedendo), que

culminou no reconhecimento da união estável para todos os fins (em especial para

o recebimento da pensão por morte junto a São Paulo Previdência – SPPREV).

Não bastasse isso, é bem de se observar que in casu o reconhecimento da

união estável se deu com uma pessoa já falecida (Sr. Aroldo Luiz de Carvalho), com

base numa transação feita pelos seus pais Sr. Claudionor Luiz de Carvalho e Sra. Josefa

Maria de Carvalho.

O reconhecimento da união estável somente poderia ocorrer após a

farta comprovação e o amplo convencimento do D. Juízo acerca da existência de

todos os pressupostos e requisitos para a sua configuração, jamais por meio de

uma mera transação com os pais do Sr. Aroldo.

Dessa forma, a transação não poderia ter sido homologada em razão

de versar sobre direito indisponível (status familiae).

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Diante de tudo isso, fica claro o erro do juízo ao homologar a transação,

devendo, portanto, a sentença ser rescindida.

B) VIOLAÇÃO À LITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI E CRIAÇÃO

DE OBRIGAÇÃO A TERCEIRO QUE NÃO PARTICIPOU DA

LIDE:

Além do vício na homologação da transação reconhecendo a união

estável, no presente caso houve também violação à literal disposição de lei.

Conforme já mencionado, a r. sentença que ora se pretende rescindir

assim estabeleceu:

“Declaro, no mais, para os devidos fins previdenciários, que a

mulher e os genitores do falecido ratearão eventual benefício

em partes iguais, ou seja, 50% para a mulher e 50% para os

requeridos (25% para cada requerido), anotando-se que em

caso de óbito da mulher o benefício retornará aos

requeridos.” (g. n.)

Referido trecho da r. sentença dividiu eventual benefício previdenciário

entre a autora e os réus, respectivamente companheira e genitores do instituidor do

benefício, em clara violação ao quanto previsto no artigo 8º, da Lei Estadual nº 452/74

(que rege o regime próprio de previdência dos militares do Estado de São Paulo):

“Artigo 8.º - São beneficiários obrigatórios:

I - o cônjuge sobrevivente;

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PROCURADORIA GERAL DO ESTADO

PROCURADORIA JURÍDICA 10ª SUBPROCURADORIA (SPPREV)

Rua Bela Cintra, 643, 2º ao 4º andar, Consolação – CEP 01415-003, São Paulo-SP

II - os filhos varões, menores de 21 anos ou, se estiverem

frequentando curso de nível superior, menores de 25 anos, bem

assim os inválidos;

III - as filhas solteiras, menores de 25 anos, ou inválidas;

IV - as filhas viúvas ou desquitadas, se inválidas e sem meios de

subsistência;

V - a companheira do contribuinte solteiro, viúvo ou

desquitado, se com ele conviveu durante mais de cinco anos,

dispensado o requisito de tempo, se dessa união houver filhos

ressalvado, na razão da metade, o direito que competir a seus

filhos;

VI - os pais do contribuinte solteiro, desde que vivam sob sua

dependência econômica e não existam outros beneficiários

obrigatórios.” (g. n.)

Conforme se depreende da legislação previdenciária supracitada, os

genitores do militar somente podem ser beneficiários de pensão se (i) viverem sob a

dependência econômica do militar falecido; E (ii) se não existir outros beneficiários

obrigatórios.

Dessa forma, a r. sentença ao dispor que o benefício previdenciário

deveria ser dividido entre a autora, reconhecida no processo como companheira do

militar falecido e os genitores do mesmo, violou diretamente o artigo 8º, inciso VI, da

Lei Estadual nº 452/74, devendo, portanto, ser rescindida.

Além disso, a r. sentença ainda fixou que em caso de óbito da autora

(reconhecida como companheira do militar falecido), sua respectiva pensão deverá ser

revertida em favor dos genitores do militar, desconsiderando por completo todas as

disposições legais que regem o benefício previdenciário.

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Não bastasse isso, a r. sentença ainda acabou por criar obrigação à

autarquia estadual São Paulo Previdência – SPPREV, sem que essa sequer fosse parte

da ação.

Nos termos do já citado artigo 472, do Código de Processo Civil, tem-se

que “a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando,

nem prejudicando terceiros.”.

Entretanto, não foi isso que ocorreu no presente caso. A r. sentença, que

ora se pretende rescindir, criou obrigações à São Paulo Previdência – SPPREV, gestora

do regime previdenciário próprio dos militares do Estado de São Paulo, sem que ela

fosse parte da ação.

A r. sentença que ora se pretende rescindir jamais poderia dispor

acerca dos benefícios previdenciários decorrentes do óbito do militar. Ela deveria

ater-se exclusivamente ao reconhecimento da união estável entre a autora e o militar

falecido.

Caso o benefício previdenciário decorrente do óbito do militar estivesse

em discussão, a autarquia estadual São Paulo Previdência – SPPREV deveria ser

parte obrigatória, vez que seria diretamente afetada pelo decisum, sendo, portanto,

litisconsorte necessária, nos termos do disposto no artigo 47, do Código de Processo

Civil:

“Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de

lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de

decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso

em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os

litisconsortes no processo.” (g. n.)

Dessa forma, verifica-se que a r. sentença, ao dispor acerca do benefício

previdenciário decorrente do óbito do militar, extrapolou claramente o objeto da lide

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(a qual se restringia ao reconhecimento da união estável entre a autora e o militar

falecido), violando expressa disposição de lei (artigo 8º, inciso VI, da Lei Estadual nº

452/74) e criando obrigação a terceiro que não participou do processo (também em

violação ao artigo 472, do Código de Processo Civil).

Diante de todo o exposto, é de rigor a procedência da ação para que se

rescinda a r. sentença proferida nos autos do processo nº 0004506-36.2011.8.26.0001.

VIII – TUTELA ANTECIPADA:

Segundo a previsão do artigo 273, do Código de Processo Civil:

“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar,

total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido

inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da

verossimilhança da alegação e:

I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil

reparação; ou

(...)” (g. n.)

Desse dispositivo, podemos concluir que são dois os requisitos para a

antecipação da tutela, quais sejam: prova inequívoca da verossimilhança da alegação

(fumus boni iuris) e fundado receio de dano irreparável (periculum in mora).

No que se refere ao primeiro requisito (fumus boni iuris), ele restou

exaustivamente demonstrado no item VII supra.

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Conforme já alegado e comprovado, o D. Juízo incorreu em manifesto

error in procedendo ao homologar a transação reconhecendo a existência de união

estável, além de violar literal disposição de lei.

Como já foi dito, o reconhecimento de união estável versa claramente

sobre status familiae, sendo, portanto, direito indisponível, não sujeito à transação.

Já quanto ao segundo requisito para a concessão da tutela antecipada

(periculum in mora), este reside na irrepetibilidade dos valores pagos a título de pensão

por morte a Sra. Nanci de Souza.

A despeito do manifesto equívoco no reconhecimento da união estável no

presente caso, a São Paulo Previdência – SPPREV é atingida pelos efeitos da coisa

julgada da presente ação, vez que ela trata de ação de estado, de acordo com o artigo

472, do Código de Processo Civil, e conforme já demonstrado no item I supra.

Dessa forma, com o reconhecimento da união estável, a Sra. Nanci de

Souza habilitou-se perante esta autarquia para o recebimento da pensão por morte do

ex-servidor Sr. Aroldo Luiz de Carvalho, na qualidade de companheira.

Note que, com isso, mensalmente é pago o benefício de pensão por

morte a Sra. Nanci.

Contudo, referido benefício não é devido a Sra. Nanci, vez que o

reconhecimento da união estável dela com o Sr. Aroldo Luiz de Carvalho padece

de vício, conforme já demonstrado.

Assim, a fim de se evitar um dano maior ao erário, bem como tendo-

se em vista a jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores no sentido da

irrepetibilidade dos valores pagos a título de benefício previdenciário em razão de

seu caráter alimentar, é essencial a concessão da tutela antecipada na presente

ação.

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Diante disso, uma vez demonstrados os requisitos legais exigidos, requer

seja concedida a antecipação dos efeitos da tutela, a fim de suspender o pagamento do

benefício de pensão por morte a Sra. Nanci de Souza, até o deslinde final da

presente ação, evitando-se assim maiores danos ao erário.

IX – PEDIDOS:

Ante todo o exposto, requer:

a) seja determinada a citação dos réus, nos endereços já indicados, para

oferecerem resposta, nos termos do artigo 491, do Código de

Processo Civil;

b) seja reconhecido o cabimento da presente ação rescisória,

determinando-se o seu regular processamento;

c) subsidiariamente, caso não seja provido o quanto requerido no pedido

“b”, seja reconhecida a fungibilidade da medida judicial, admitindo-

se a presente ação como a Ação Anulatória, prevista no artigo 486, do

Código de Processo Civil, remetendo-se ao D. Juízo competente para

posterior processamento;

d) seja reconhecida a dispensa da autarquia efetuar o depósito prévio,

previsto no artigo 488, inciso II, do Código de Processo Civil, bem

como do pagamento da respectiva multa;

e) seja concedida a antecipação dos efeitos da tutela, a fim de suspender

o pagamento do benefício de pensão por morte a Sra. Nanci de

Souza, até o deslinde final da presente ação;

f) seja a ação julgada totalmente procedente, rescindindo a sentença

proferida nos autos do Processo nº 0004506-36.2011.8.26.0001 da 1ª

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Vara da Família e Sucessões do Foro Regional I – Santana da

Comarca de São Paulo (SP); e

g) após a rescisão da sentença proferida nos autos do Processo nº

0004506-36.2011.8.26.0001 da 1ª Vara da Família e Sucessões do

Foro Regional I – Santana da Comarca de São Paulo (SP), seja feito

novo julgamento da causa (conforme determina o artigo 488, inciso I,

do Código de Processo Civil).

Protesta provar o alegado por todos os meios, em especial pela juntada de

documentos.

Dá-se à causa o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para os devidos

fins (o valor da causa é idêntico ao valor da causa, cuja sentença ora se pretende

rescindir).

Termos em que,

pede deferimento.

São Paulo, 11 de agosto de 2014.

André Rodrigues Menk

Procurador do Estado

OAB/SP nº 334.972

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