direito canonico ii 5

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EAD A Ordem 5 1. OBJETIVOS Apresentar a etimologia e a sistemática adotada pelo le- gislador. Compreender os aspectos teológicos e jurídicos funda- mentais do sacramento Refletir sobre a celebração. Analisar a normativa sobre os ordenandos. Tratar do registro e do certificado da ordenação. 2. CONTEÚDOS Etimologia e sistemática adotada pelo legislador. Aspectos teológicos e jurídicos fundamentais. A celebração. O ministro da ordenação.

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  • EAD

    A Ordem

    5

    1. OBJETIVOS

    Apresentaraetimologiaeasistemticaadotadapelole-gislador.

    Compreender os aspectos teolgicos e jurdicos funda-mentaisdosacramento

    Refletirsobreacelebrao.

    Analisaranormativasobreosordenandos.

    Tratardoregistroedocertificadodaordenao.

    2. CONTEDOS

    Etimologiaesistemticaadotadapelolegislador.

    Aspectosteolgicosejurdicosfundamentais.

    Acelebrao.

    Oministrodaordenao.

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    Osordenandos.

    Registroecertificadodaordenao.

    3. ORIENTAO PARA O ESTUDO DA UNIDADE

    Antesde iniciaroestudodestaunidade, importantequevocleiaaorientaoaseguir:

    1) Os sacramentos da iniciao crist constituem o fun-damentodavocaocomumdetodososdiscpulosdeCristosantidadeeaoapostolado.ConferemasgraasnecessriasparavivertalvocaoatonossoencontrodefinitivocomCristo.Temos,ainda,naIgrejaoutrosdoissacramentos(ordemematrimnio)queconferemumaparticularmissonaIgrejaquelesqueosrecebem,poisservemparaedificaropovodeDeuspormeiodoservioqueprestadoaosdemais.

    4. INTRODUO UNIDADE

    NaUnidade4,voccompreendeuossacramentosdecura:apenitnciaeaunodosenfermos.Nestaunidadevocsercon-vidadoarefletirsobreosprincipaisaspectosdadisciplinaeclesis-ticarelativaaosacramentodaordem,possibilitandoavocumaadequadacompreensoteolgico-jurdicadoministrioordenadonaIgrejaapartirdoCICatual.

    Aofinaldestaunidadevocestaremcondiodecompre-enderqueoministrioordenadonopodeserentendidoanoseremumaperspectivadeservioaopovodeDeus,eapartirdelaquesedeveanalisartodaanormativa.

    Vamosl?

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    5. ETIMOLOGIA E SISTEMTICA ADOTADA PELO CIC

    Etimologicamente, ordenao vem de ordenar, e significaconstituiralgumemumadeterminadacategoria.Nanossama-triatrata-se,portanto,deconstituiroucolocaralgumnoestadoclerical.

    Convmesclarecerqueos termos "ordem"e "ordenao"praticamenteseequivalem.Todavia,"ordem"denotaalgumacoi-sadeestvel,deestabilizado,aopassoque"ordenao"fazrefe-rncia,primeiramente,aoatodereceberouconferirosacramentoe,ssecundariamente,indicaasacra potestasaserrecebidaoujrecebida."Ordem"designa,tambm,oatodereceberosacra-mento,apessoaqueoconfereeapessoaqueorecebe."Orde-nao"refere-se,especialmente,aoatomedianteoqualosacra-mentoconferido.

    Informao Complementar Para uma viso panormica desta unidade e da histria deste sacramento, inclusive em relao questo terminolgica, sugerimos o seguinte texto: OATIBIA, I. Ministrios Eclesiais: Ordem, In: BORBIO, D. (Org.). A cele-brao na Igreja, os sacramentos. So Paulo, Loyola, 1993, p. 491-517. V. 2

    AosacramentodaordemoCICdedica47cnones,organi-

    zando-osdemodoanlogoaosoutrossacramentos.Inicialmente,temosdoiscnones introdutriosquepossuemumcartermaisdoutrinaleteolgico(cnn.1008-1009).Emseguida,aparecem14cnonesquetratamdacelebraoedoministroordenante(cnn.1010-1023).

    Nos cnn. 1010-1023 o foco principal no a liturgia, pois para isso se deve ter presente o ritual da ordenao, mas, sim, a figura do ministro da ordenao, particularmente a sua responsabilidade para acertar a idoneidade do candidato ao ministrio.

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    Passa-se,depois,paraoscnonesquetratamdosordenan-dos(cnn.1024-1052)equeseencontramdivididosemtrsarti-gos(precedidosdedoiscnonesintrodutrios-1024e1025).

    Soeles:

    1osrequisitosnosordenandos(1026-1032);

    2osrequisitosprviosordenao(cnn.1033-1039);

    3irregularidadeseimpedimentos(cnn.1040-1049).Informao Complementar Nos trs artigos (cnn. 1026-1049) a preocupao maior aquela de indicar os elementos para a validade e para a liceidade da ordenao. Os critrios da subdiviso dos primeiros dois artigos no so de imediata compreenso. Parece que no artigo 1 so indicados os elementos e os requisitos que se exigem do ordenando enquanto pessoa, ao passo que no artigo 2 so individuados os re-quisitos formais a serem observados antes da ordenao.

    Temos, ainda, um artigo sobre os documentos exigidos eosescrutnios(cnn.1050-1052).E,enfim,amatriaencerradacomdoiscnonesrelativosaoregistroeaocertificadodaordena-o(cnn.1053-1054).

    OCICatualoperouumareorganizaoeumasimplificaodestamatriaemrelaoaoCICde1917.Nota-seumareformula-odocontedonormativoedogmtico,luzdoConclioVatica-noII,comumaatenomajoritariamenteteolgicaefundativa.Aatualdisposiodanormativaapresentaumamaiorclareza,maiscontedoteolgicoeumamaioratenoaosdadosconciliaresesfontes.Oscnonesdoutrinaispassamdetrsparadois.Oscon-tedosmudam,tambm,seguindoareformarealizadaporPauloVIquenomotu proprio Ministeria quaedam(15/08/1972)aboliuas"ordensmenores"einstituiuosministriosdeleitoredeac-lito,estabelecendoquesomentecomodiaconatoseentranaor-demclerical.Aseguir,veremososaspectosteolgicosejurdicosfundamentais.

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    6. ASPECTOS TEOLGICOS E JURDICOS FUNDAMEN-TAIS

    Aspectos teolgicos

    Como sacramentodaordempor instituiodivina algunsdentreosfiis,medianteocarterindelvelcomoqualsomar-cados,soconstitudosministrossagrados;isto,aquelesquesoconsagradosedestinadosaservir,cadaumnoseugrau,comnovoepeculiarttulo,opovodeDeus.Aquelesquesoadmitidosnaordemdoepiscopadooudopresbiteratorecebemamissoeafa-culdadedeagirnapessoadeCristoCabea,osdiconos,aoinvs,estohabilitadosaserviropovodeDeusnadiaconiadaliturgia,dapalavraedacaridade.

    Este texto foi extrado do motu proprio Omnium in mentem do Papa Bento XVI (26 de outubro 2009), que contm algumas pou-cas modificaes aos cnones relativos ao sacramento da ordem (artigos 1 e 2) e do matrimnio (artigos 3-5).

    Asordensso:oepiscopado,opresbiteratoeodiaconato(cn.10091).Conferem-sepelaimposiodasmosepelaora-oconsecratria(matriaeforma),prescritaparacadagraupe-loslivroslitrgicos(cn.10092).

    Informao Complementar Paulo VI na Constituio Pontificalis Romani de 18 de junho de 1968, estabele-ceu que so ritos essenciais para a ordenao em qualquer grau a imposio das mos e a orao consecratria correspondente a cada grau, em conformidade com os livros litrgicos. No so essenciais e, portanto, no afetam a validade do sacramento, os demais ritos importantes, como, por exemplo, a entrega dos instrumentos mediante os quais significado o ministrio que ser exercido. O dom do Esprito Santo comunicado por meio da imposio das mos e orao consecratria confere no apenas um aumento de graa para realizar santamen-te as funes eclesiais, mas, tambm, o carter que habilita o ordenado a realizar as funes para as quais foi constitudo.

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    fdaIgrejaqueCristoSenhorquisassociareconformaraoseusacerdcioopovoconquistadocomoprpriosangue(LG10).Aparticipaonestesacerdcioseatuadedoismodos:

    Mediante o sacerdcio comum dos fiis, conferido nobatismo,pormeiodoqualsomosregeneradosparaumanovavida, incorporadosaCristoe Igrejaehabilitadosaoculto;

    Medianteoministriosacerdotal,conferidonoritodaor-denao,ritoquehabilitaoordenadoparaoserviodopovodeDeus,nacondioderepresentantedeCristoCa-bea,oqualage,assim,porintermdiodele.

    Informao O fundamento do estado laical o batismo (cn. 207 1). O fundamento do es-tado clerical a ordenao. Sempre bom lembrar que todos os batizados, en-quanto tais constituem o povo de Deus, o laicato de Deus (no sentido etimolgico de laos=povo). Deste este ponto de vista todos os fiis so iguais na dignidade (ser) e na atividade (agir) e juntos contribuem para a edificao do Corpo de Cristo (cn. 208). Isso no significa afirmar que faam as mesmas coisas, pois a diversidade no exclui a igualdade e vice-versa.

    AcaractersticafundamentaldoministriosacerdotaladeterasuaorigemnoprprioCristo,tantonosentidodequeoprin-cpioconstitutivoeexemplardoministrioordenadooserviodeCristo,quantonosentidodequeoministriosacerdotaldeinstituiodivina.

    Outroaspectofundamentalqueoministriosacerdotalsecolocaemcontinuidadecomoministrioapostlico.Cristoquisque o seuministrio vivesse e perdurasse na Igreja para poderatingiratodos.Porestarazoafundousobreosapstolosesobreoministriodestes,paraquepudessemfalareagiremseunome,sendosinaleinstrumentodesuapalavraedesuaaonomun-do.Osapstolostornaram-seasementedonovoIsrael,aorigemdahierarquianaIgreja(AG5;LG18)ecomunicaramaosoutrosoministrio recebidoparacompletare consolidaraobraporelesiniciada. Instaurou-se, assim, na Igreja a sucesso apostlica do

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    ministriosacerdotalque,juntamentecomacomunidadedefiis,constituiessencialmenteaIgreja.

    Oministrioqueperpetuaoofciodosapstolos,chamadodeministriopastoral,exercitadoemdiversasordensporaque-lesque,desdeoincio,sochamadosbispos,presbterosedico-nos(LG28).

    Aosbisposconferidaaplenitudedosacramentodaordem(LG21);comaordenaoepiscopalpassamafazerpartedoco-lgioepiscopalque,unidosuacabea,oPapa,oresponsvelmaiordetodaaIgreja(LG22).

    Oministriodospresbterosdecomunhoecolaboraocomoministrio episcopal.O Conclio nos recorda quemesmonopossuindoopicedosacerdcioedependendodosBisposnoexercciodesuapotestade,ospresbterossoimagemdeCristo,sumoeeternosacerdote,eforamordenadosparapregaroEvan-gelho,apascentaraosfiisecelebrarocultodivinonacondiodeverdadeirossacerdotesdonovotestamento(LG28).

    Aosdiconossoimpostasasmosnoparaosacerdcio,masparaoministrio.ServemaopovodeDeus,emcomunhocomoBispoecomoseupresbitrio,noministriodaliturgia,dapregaoedacaridade(LG29).

    OsBispose,emumgrausubordinado,ospresbteros,porforadosacramentoqueconfereaunodoEspritoSantoeosconfiguraaCristo,tornam-separticipantesdasfunesdesantifi-car,ensinaregovernar.Mas,oexercciodestesacerdciodeter-minadopelacomunhohierrquica(LG24).

    Aspectos jurdicos

    Como batismo, o sacramento da ordem temuma funomuitoimportantenaIgreja.Seobatismoestnaorigemdaigual-dadeentretodososfiisnaIgreja(cn.2041,208,209-223),osacramentodaordemestnaorigemdafundamentaldiversidadeentre aquelesqueo receberameosdemais fiis (cn. 2071).

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    OsfiisquerecebemosacramentodaordemsoconsagradosedestinadosaapascentaropovodeDeus,realizando,napessoadeCristoCabea,cadaumnoseugrau(episcopado,presbiteradoediaconato),asfunesdeensinar,santificaregovernar.

    Porforadaordemrecebida,osministrossagradoscoope-ramnaedificaodaIgrejaeassumementreosfisumaprpriacondiojurdica(cnn.273-289).

    Informao A particular condio cannica dos ministros sagrados no diminui a dignidade do sacerdcio comum e nem priva aos outros fiis do dever-direito de realizar a misso que Deus confiou Igreja no mundo. Os cnn. 204, 207, 208 e 1008 de-vem ser lidos conjuntamente. Eles exprimem uma eclesiologia de comunho que apresenta a Igreja no apenas como uma realidade mstica, mas organicamente estruturada.

    7. A CELEBRAO DA ORDENAO (CNN. 1010-1011)

    Oscnones1010e1011ocupam-sedacelebraodaorde-nao,dando-nos indicaesdecarterbemgeralarespeitodotempoedolugardacelebrao,poisosdemaisaspectoscelebra-tivoscabemaosritoslitrgicosedelesoCICnoseocupa.

    Quantoaotempo,ficouestabelecidoqueaordenaosejarealizadadentrodamissa,emdiadedomingooufestadepreceito.Comosetratadeumatodesumaimportnciaparaacomunidadecrist(aconsagraodaquelesquedeveroinstru-la,santific-laegovern-la)fundamentalquesefavoreaomximopossvelaparticipaodosfiisemumacelebraoeucarstica.Todavia,porrazespastorais,aordenaopodeserrealizadaemoutrosdias,noexcludososferiais.

    Informao Um motivo que justificaria a ordenao em um dia ferial seria justamente o que prescreve o cn. 1011 2: "Sejam convidados para as ordenaes os clrigos e outros fiis, para que a elas assistam no maior nmero possvel". O Ritual de

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    ordenao especifica que a ordenao no seja realizada no trduo pascal, na quarta-feira de cinzas, na Semana Santa e na comemorao dos fiis defuntos. O vnculo entre a ordenao e o dia festivo quer evidenciar o carter eclesial do sacramento recebido. A ntima relao entre a ordenao e o sacrifcio eucarsti-co que o ministro dever viver justifica que a celebrao ocorra dentro da missa cujo significado para a vida da Igreja dispensa maiores comentrios. Somente uma causa muito grave justificaria uma ordenao fora do contexto da Eucaristia.

    Quantoaolugar,considerandoqueoatodeordenarcabeaobispodiocesanoequetalacontecimentodeinteressegeralparaaIgrejalocal,seriamaisadequadoqueaordenaoocorressenaigre-jacatedral.Pormotivospastoraispode-secelebr-laemoutraigrejaouoratrio.Sensibilizarapopulaodeumadeterminadaparquiaou regioaoproblemadasvocaesou sublinharaproveninciadocandidatodeumdeterminadoambientepodemsersuficientesrazespastoraisparaserealizaraordenaoemoutrolocal.

    8. O MINISTRO DO SACRAMENTO DA ORDEM (CNN. 1012-1023)

    Adisciplinaantigadistinguiaentreministroordinrioemi-nistroextraordinriodaordenao.MinistroordinrioeraoBispoconsagrado.Ministroextraordinrioeraaqueleque,mesmonotendo recebidoaordenaoepiscopal, tinha,pordireitoouporindulto,opoderdeconferiralgumasordens (atentohaviaasordens maiores e menores). Desaparecidas as ordens menorespordeterminaodoPapaPauloVIcomomotu proprio Ministeria quaedam, taldistinonoaparecemaisnoCICatual.

    O ministro em geral

    OministrodasagradaordenaoemseustrsgrausoBis-poconsagrado(cn.1112).

    Informao A questo do ministro da ordenao no foi algo pacfico nos trabalhos de re-viso do CIC. A razo do desacordo em relao ao ministro da ordenao de presbteros e diconos que historicamente h documentos que permitem a

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    ordenao de presbteros feita por presbteros e no pelo Bispo (Cf. HORTAL, Jesus. Os sacramentos da Igreja na sua dimenso cannico-pastoral. So Paulo: Loyola, 1987, p. 192-193). Portanto, no possvel dizer que por direito divino apenas o Bispo possa conferir a ordem do presbiterato e do diaconato. Por isso, o CIC afirma, apenas, que o Bispo o ministro da sagrada ordenao, sem se referir ao direito divino. O bispo o ministro ordinrio da ordenao, ou seja, o faz em funo de um ofcio que tem na Igreja. Permanece aberta a questo se um presbtero poderia, ou no, obter tal faculdade (para a ordenao de pres-bteros e diconos) por meio de um especial indulto concedido pela competente autoridade eclesistica, pois, caso contrrio, a ordenao seria invlida. A atual normativa evita esta polmica e, portanto, simplesmente nos diz que somente o bispo pode ordenar validamente "ex officio" aos presbteros e diconos e mais ningum.

    irrelevante se ele umBispo diocesano ou titular (cn.376).Almdisso,irrelevante,paraavalidadedaordenao,seobispoestiversuspenso,excomungadoouafastadodacomunhoeclesistica,desdequetenha,aomenos,retaintenoerealizeoritotalcomoestprescrito(imposiodemoseoraoconse-cratria).

    O ministro para a validade da ordenao

    Comoafirmado,paraumavlidaordenaonecessrioumBispovalidamenteconsagrado,mesmoquenoestejaemplenacomunhoeclesial,desdequetenhaadevidaintenoerealizeaordenaocomoprescritopeloslivroslitrgicosaprovados.

    Neste ltimo caso a ordenao seria ilcita, embora vlida, e o bis-po estaria sujeito a graves sanes cannicas (cnn. 1382-1384).

    O ministro para a liceidade da ordenao

    Aqui necessrio especificar de qual ordenao se trata(episcopaloudiaconal),poisnosencontramosdiantederequisi-tosbemdistintos.

    Aordenaoepiscopal anenhumBispolcitoordenaral-gumcomoBispoanoserqueantesconsteaexistnciadeummandatopontifcio(cn.1013).

  • 185 A Ordem

    Informao importante distinguir entre "mandato pontifcio", que no confere qualquer po-der, mas, apenas, torna a ordenao legtima, e a "misso cannica" que, sobre o pressuposto da ordenao, conferindo o ofcio, transmite, tambm, o poder ne-cessrio para exerc-lo. Somente o Bispo legitimamente consagrado e, portanto, em comunho hierrquica, pode receber a missio canonica.

    Aordenaorealizadasemummandatopontifciovlida,masilcita.

    Informao Tendo presente que algum constitudo membro do corpo episcopal em virtu-de da ordenao episcopal e mediante a comunho hierrquica com a cabea do colgio e com os membros (LG 22), esta disposio de direito eclesistico justamente finalizada a exprimir e tutelar o direito divino, isto , a comunho do Bispo com a cabea do colgio e com os seus membros. O Bispo que reali-za uma ordenao episcopal sem mandato pontifcio e aquele que ordenado por ele incorrem na excomunho latae sententiae reservada Santa S (cn. 1382). Considerando que a normativa penal est sujeita a uma interpretao estrita (cn. 18), no incorrem na excomunho os Bispos consagrantes, embora possam incorrer em outras penas (cn. 1393).

    SalvodispensadaSantaSApostlica,oBispoconsagranteprincipal,naordenaoepiscopal,deveassociarasipelomenosdoisBisposconsagrantes(cn.1014).Comose lnaLG22,esteantiqussimouso indicaa ndoleeanaturezacolegialdaordemepiscopal.Talprxisaencontramosemvriosconcliosprovinciaisdosculo4.OConcliodeNiciaIjindicavaaconveninciadetodososbisposdaprovnciaeclesisticaparticiparemdaordena-oepiscopal.

    convenientequetodososBispospresentesconsagremoeleito,poisapartirdaBuladePioXIIEpiscopalisconsecrationis,de30denovembrode1944,jnorestamaisqualquerdvidadequeosBisposassociadosaoritodaconsagraonosomerosassistentes,mas,sim,consagrantes,emboraparaavalidadedaor-denaosejasuficientequearealizeapenasum.

    AordenaopresbiteralediaconalNocasodopresbiteratoedodiaconatoalegitimidadedoministroordenantedetermina-dapordoisrequisitosalternativos:

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    2) OuoordenanteoBispodiocesanoprprio.

    Informao Segundo o que estabelece o cn. 1016 o Bispo prprio para a ordenao dia-conal o Bispo da diocese em que o candidato tem o domiclio, ou, ento, da diocese qual o candidato decidiu dedicar-se. Portanto, o ordenando livre de escolher a prpria diocese. J no caso da ordenao presbiteral o Bispo prprio aquele da diocese na qual o dicono foi incardinado por meio da recepo do diaconato.

    3) Ou,emcasocontrrio,devercontarcomlegtimascar-tasdimissriasdadaspelaautoridadecompetente.

    Informao Complementar Tais cartas so um documento mediante o qual uma competente autoridade (por exemplo, um Bispo diocesano, um Superior maior de um instituto religioso cleri-cal de direito pontifcio) autoriza outro Bispo ou pede a ele que confira a ordem a um prprio candidato, atestando, assim, a idoneidade do mesmo. A ordenao conferida sem as cartas dimissrias comporta: a) para o Bispo ordenante a proi-bio de conferir as ordens por um ano (cn. 1383); b) para os ordenados a sus-penso ipso facto do exerccio do ministrio (cn. 1383), pois faltaria a comunho hierrquica com o prprio Bispo e com o Colgio Episcopal, tornando o exerccio do ministrio invlido ou ilcito, conforme os atos realizados.

    OBispoprprio,noimpedidoporjustacausa,deveordenarpessoalmenteseussditos(cn.10152);semindultoapostliconopodeordenarumsditoderitoorientaldoBispodiocesano(cn.1017).

    Deve se recorrer Congregao para o culto divino e a disciplina dos sacramentos. Recebido o indulto o ordenado permanece vin-culado ao prprio rito (cn. 112 2), embora a ordenao tenha sido realizada no rito latino.

    Foradaprpriajurisdio,oBisponopodeconferirordens,anosercomlicenadoBispodiocesano(cn.1017).

    Olegislador,nocn.10153,colocaoseguinteprincpioge-ral:quempodedarcartasdimissriasparaarecepodasordenspode,tambm,conferirpessoalmenteessasordens,desdequete-nhaocarterepiscopal.

  • 187 A Ordem

    Informao Evidentemente que isto ocorre normalmente no caso do Bispo diocesano com o prprio clero e em relao aos membros dos institutos seculares de direito dioce-sano ou pontifcio ou em relao aos institutos religiosos ou sociedades de vida apostlica de direito diocesano. J o cn. 1019 1 estabelece que ao Superior maior de instituto religioso clerical de direito pontifcio ou de sociedade clerical de vida apostlica de direito pontifcio compete conceder cartas dimissrias para o diaconato e para o presbiterato a seus sditos, perptua ou definitivamente ads-critos ao instituto ou sociedade, de acordo com as constituies. Desta forma os Superiores maiores de tais institutos ou sociedades tm liberdade plena para escolher o Bispo ordenante de seus sditos. claro que se deve contar tanto com o consentimento desse bispo quanto com o do lugar da ordenao, se forem diferentes (cn. 1017).

    As cartas dimissrias

    As cartas dimissrias so um documento mediante o qualumacompetenteautoridade(porexemplo,umBispodiocesano,umSuperiormaiordeuminstitutoreligiosoclericaldedireitopontifcio)autorizaoutroBispooupedeaelequeconfiraaordemaumprpriocandidato,atestando,assim,asuaidoneidade.Oscnones1018e1019definemquaissoossujeitosquepodemd-las.

    Informao Complementar Para o clero secular podem dar as cartas dimissrias, a teor do cn. 1018 1:

    1) o Bispo prprio mencionado no cn. 1016; 2) o Administrador apostlico; 3) o Administrador diocesano, com o consentimento do colgio dos consul-

    tores (cn. 502); 4) o Pr-vigrio e o Pr-prefeito apostlico, com o consentimento do conse-

    lho mencionado no cn. 495 2.As cartas dimissrias concedidas sem o consentimento do colgio dos consul-tores ou do conselho mencionado no cn. 495 2 so nulas. O administrador diocesano, o Pr-vigrio e o Pr-prefeito no podero conceder as cartas dimis-srias queles aos quais foram negadas pelo Bispo diocesano ou pelo Vigrio ou Prefeito apostlico. A eventual concesso das cartas dimissrias neste ltimo caso e a consequente ordenao recebida seria vlida, mas ilcita, com as con-sequncias penais j mencionadas. O Vigrio geral e o Vigrio episcopal neces-sitam de um mandato especial do Bispo diocesano para dar cartas dimissrias (cn. 134 3).Para os membros dos institutos religiosos ou das sociedades de vida apostlica clericais de direito pontifcio a autoridade competente para conceder as cartas dimissrias , como vimos, o Superior maior (ordinrio, norma do cn. 134 1). Tais cartas podem ser concedidas apenas aos sditos que, norma das

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    constituies, foram adscritos ao instituto ou sociedade de modo perptuo ou definitivo (cn. 1019 1).Os autores sustentam que o que foi estabelecido para os membros dos institutos religiosos por analogia valeria, tambm, para as prelazias pessoais (cn. 295 1) e para os institutos seculares clericais de direito pontifcio que, norma do cn. 266 3, incardinam os seus sditos (cf. cn. 715 2). De fato, a alguns institutos seculares a Santa S concedeu no passado a faculdade de dar cartas dimiss-rias. Os Ordinrios militarem podem dar as cartas dimissrias e promover s ordens somente se isto estiver previsto nos estatutos que devem ser aprovados pela Santa S. As ordenaes de todos os ordenandos de qualquer outro insti-tuto religioso ou sociedade so regidas pelas normas estabelecidas para o clero diocesano (cn. 1019 2). Os superiores maiores destes institutos no podem dar cartas dimissrias.

    Oscnn.1020-1023recordamsobreanecessidadedequeascartasdimissriassejamdadasapstersidorecolhidatodaadocumentaoexigidapelodireitoetratamdaquestodaauten-ticidade, dos seus destinatrios, dos limites e da revogao dascartasdimissrias.Ascartasdimissriaspodemserrevogadasoulimitadasporquemasconcedeuouporseusucessor;mas,umavezconcedidas,nocaducamcomacessaododireitodequemasconcedeu(cn.1023).

    9. OS ORDENANDOS (CNN. 1024-1052)

    Anormativasobreosordenandosbemvastaeminuciosa.OCICdedica28cnonesaotema,oque,alis,nopouco.

    Oscnn.1024e1026seocupamdosrequisitosexigidosparaavalidadedosacramento,sendodois relativoscapacidadedosujeitoeumrelativodevida liberdade. Jo cn.1025 resumetodasascondiesexigidasparaumaordenaolcita,condiesqueserodesenvolvidaspeloscnonessucessivos.Maisumaveznosocuparemosaquidosaspectosdemaiorimportncia.

    Requisitos para a validade da ordenao

    Osquesochamadosareceberosacramentodaordemde-vemapresentarosseguintesrequisitosfundamentais:sercapazepossuiradevidaliberdade,vontadeeinteno.

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    Sujeitocapaz - Sujeitocapazderecebervalidamenteosa-cramentodaordemexclusivamenteobatizadodosexomasculino(cn.1024).

    Informao De fato, sem o batismo, porta de acesso Igreja (cn. 204 1) e aos demais sacramentos (cn. 849), no possvel confiar a algum as funes e os minis-trios eclesisticos. Quanto exigncia de que o candidato seja homem nos en-contramos diante de uma prxis constante e universal da Igreja, reafirmada pela Congregao para a Doutrina da F na declarao Inter Insigniores de 15 de ou-tubro de 1976. Tal declarao foi confirmada por diversas vezes pelo Papa Joo Paulo II, particularmente na carta apostlica Mulieris dignitatem (15 de agosto de 1988), na exortao apostlica ps-sinodal Christifideles laici (30/12/1988) e, especialmente, na carta apostlica Ordinatio Sacerdotalis (22 de maio de 1994).

    Liberdade,vontadee inteno Ocn.1026afirmaqueparaalgumserordenadopreciso,tambm,teradevidaliberdade.Consequentementeinvlidaaordenaoda-quelequeordenadofora(cn.1251violnciafsica)ou,ento,ofazcomumavontadecontrria(simulao).

    Informao Para prevenir problemas do gnero o legislador regula amplamente a forma-o dos candidatos ao ministrio ordenado (cnn. 1027, 1028, 232-264), exi-gindo que os candidatos sejam informados de tudo aquilo que diz respeito ao sacramento da ordem a fim de que se preparem devidamente e possam decidir livremente. Alm disso, exigida uma precisa e detalhada declarao feita pelo ordenando de prprio punho para que possa ser promovido s ordens sagradas. O contedo de tal declarao se encontra especificado no cn. 1036.

    Nulaaordenaodaquelequearecebesemaintenoouvontade.Aintenoexigidaparaavalidade,aomenos,aquelahabitual,ouseja,aquelaumavezexpressapelosujeitoenoreti-radaporele.Qualqueroutrofatorqueapenasdiminuaaliberdadeouavontadedoordenando,sem,todavia,elimin-laporcomple-to,notornanulaaordenao,emborapossaconstituirumadascausasgraves(paraosdiconos)ougravssimas(paraospresbte-ros)emvirtudedasquaisaSantaScostumaconcederorescritodaperdadoestadoclerical,incluindoadispensadaobrigaodocelibato,concedidaexclusivamentepeloPapa.

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    Requisitos para a liceidade da ordenao

    Ocn.10251,fazendorefernciaordenaodiaconalepresbiteral,resumeasexignciasparaumaordenaolcita,que,depois,serodesenvolvidaspeloscnonessucessivos:

    a) tenhacompletadooperododeprovanormadodirei-to(cnn.1027,1032,235,236,250);

    b) tenhatodasasdevidasqualidades,ajuzodoBispopr-priooudoSuperiormaiorcompetente(cn.1029);

    c) notenhaincorridonasirregularidadesouimpedimen-tosprevistos(cnn.1040-1049);

    d) tenhapreenchidotodososrequisitosfixadospeloscnn.1033-1039;

    e) tenhafornecidoosdocumentosexigidospelocn.1050;f) tenhasidorealizadooescrutnioprevistopelocn.1051.

    Segundoocn.10252requer-se,ainda,queocandidatosejaconsideradotilparaoministriodaIgreja,ajuzodolegtimosuperior,reafirmando-sedestaformaoprincpiosegundooqualosacramentodaordemnoconferidoprimariamenteparaasan-tificaopessoal,mas, sim,parao servioparaena Igreja.NosetrataapenasaquidaIgrejaparticular,mas,tambm,daIgrejauniversal,poisembora imediatamenteo servio sejaprestadoaumaIgrejaconcreta,pormeiodaordenaoocandidatosetornaclrigodaIgreja.

    Nosordenandosexigem-sesinais especiais de vocao(cn.1029)queconstamdeumduploelemento:umdivino,ouseja,ochamadodeDeusaoqualohomemdeveresponderdeformalivreetotal;eumeclesistico,ouseja,competeaautoridadedaIgrejaadmitiraoministrioaosquejulgaridneos.

    Informao Convm recordar que se de um lado ningum pode ser obrigado a receber as ordens (cn. 1026), de outro lado o superior competente conserva a sua plena liberdade de deciso quanto a admitir ou no este ou aquele candidato. No existe, na verdade, um direito ordem sagrada. Isto vale, tambm, para um dicono "transeunte" que pode ter a sua ordenao presbiteral impedida por mo-

  • 191 A Ordem

    tivos cannicos (cn. 1030). Entre estes motivos temos os impedimentos, as irregularidades e as censuras. Existe o direito a um recurso contra a deciso da competente autoridade, norma do cn. 1732-1739.

    Dentreossinaisdevocaodivinatemosumasriedere-quisitosquepodemserprovadosnoforoexterno:fntegra,retainteno,cinciadevida,boareputao,integridadedecostumesequalidadesfsicasepsquicascorrespondentesordemaserre-cebida.

    A idademnimaparaaordenaodependedograudaor-demaserrecebida,normadocn.1031:23anosparaodiaco-natotranseunte;25anosparaodiaconatopermanenteecelibat-rio;25anosparaopresbiterato,almdesuficientematuridadeedaexignciadeumintervalodeseismesesentreodiaconatoeopresbiterato;35anosparaodiaconatopermanenteenoceliba-trio;35anosparaoepiscopado(cn.378,3).

    Quando a diferena entre a idade prescrita e a idade do candidato for inferior a um ano, a dispensa de tal requisito cabe ao Bispo diocesano ou ao Superior Geral no caso dos institutos religiosos clericais de direito pontifcio. Se a diferena for superior a um ano a dispensa reservada Santa S (cn. 1031 4).

    Noscnn.1033-1039encontramosalgunsatos prvios or-denaoquedizemrespeitoavriascoisas,como,porexemplo,recepodossacramentosdainiciaocrist,realizaodoritolitrgicodeadmisso,recepodosministriosdeleitoreac-lito,aumdocumentoescritodeprpriopunhonoqualconstealiberdadedeescolhaeocompromissodededicaoperptuaaoministrio,aobrigaodocelibatoetc.

    Outra exigncia importante diz respeito aos documentos requeridosequesoindicadospelocn.1050:certificadodees-tudos devidamente concludos, segundo a normado cn. 1032;certificadoderecepododiaconato,casosetratedeordenaoparaopresbiterato;certificadoderecepodobatismoeconfir-

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    mao,casosetratedapromooaodiaconatoedarecepodosministriosmencionadosnocn.1035;certificadodetersidofeitaadeclaraomencionadanocn.1036;seoordenadocasadoesedestinaaodiaconatopermanentepreciso,tambm,ocertifi-cadodacelebraodomatrimnioedoconsentimentodaesposa.Emcasosparticularespodem,ainda,serexigidosoutrosdocumen-tos,almdosindicadospelocn.1050como,porexemplo,acer-tidodebitodaesposa,asentenadedeclaraodenulidadedomatrimnioouodecretodedissoluodovnculo,adispensadeeventuaisirregularidades,etc.

    Umaltimaexignciaimportantedizrespeitoaoescrutniosobreasqualidadesrequeridasnoordenandodoqualseocupaocn.1051.

    Irregularidades e impedimentos

    Oscnn.1040-1049seocupamdoinstitutojurdicodasirre-gularidadesedosimpedimentosparaaordenao.

    Afinalidadedesteinstitutoaqueladetutelaradignidade,asantidadeeaeficciadaordemsagradaedoministrioe,aomes-motempo,possibilitarummelhordiscernimentonaescolhadoscandidatosaoministrioordenado.Olegisladorpretende,comtalinstituto,ofereceralgunscritrioscomunsquepermitamexcluirdaadmissoordemsagradaaquelaspessoasqueobjetivamentenosoidneasaoministrio,colocando,destaforma,umlimitediscriodosOrdinriosquandovoadmitiralgumsordenssagradas.

    Ocn.1040nopermitequesejamadmitidossordenssa-gradas aqueles que tm algum impedimento, seja ele perptuo(definitivo),aoqualsedonomedeirregularidade,sejaelesim-ples(provisrio).

  • 193 A Ordem

    Informao Complementar Os impedimentos, perptuos ou simples, so apenas aqueles estabelecidos pela lei cannica (direito universal) e, portanto, so taxativos. Tratando-se as irregu-laridades e os impedimentos de leis que restringem o livre exerccio dos direitos esto submetidos a uma interpretao estrita (cn. 18).O cn. 1043 estabelece que os fiis esto obrigados a revelar os impedimentos ou as irregularidades para as sagradas ordens dos quais tenham conhecimento. A comunicao deve ser feita ao Ordinrio competente para dar as cartas dimis-srias, ou ao Ordinrio prprio do ordenando, ou, mesmo, ao proco prprio do ordenando. Esto isentos desta obrigao os sacerdotes que souberam do im-pedimento ou da irregularidade no contexto do sacramento da penitncia, como, tambm, todos os profissionais obrigados ao segredo de ofcio, alm, claro, daquelas pessoas que temem um dano para si ou para os prprios familiares.

    Aignornciadasirregularidadesoudosimpedimentosnoescusadeles(cn.1045).Portanto,necessrioqueoscandida-tosaoministrioordenadosejaminformadospreviamentesobreanormativacannicaarespeitodasirregularidadeseimpedimentosparaarecepodasordenssagradasparaquesejamtomadasasdevidasprovidncias,conformeocasoapresentado.

    As irregularidades

    Comovimosa irregularidadeum impedimento cannicoperptuo(definitivo)queprobearecepodasordenssagradasou,ento,deexercit-las,quandorecebidas.

    Segundoocn.1041,asirregularidades parareceberasor-denssoasseguintes:

    1) qualquerformadeamnciaoudeoutradoenapsqui-ca,pelaqual,ouvidososperitos,ocandidatosejaconsi-deradoinbilparadesempenhardevidamenteominis-trio;

    2) odelitodeapostasia,heresiaoucisma,entendidonor-madocn.751;

    3) atentativadematrimnio,mesmoseapenascivil,quersejaoprpriocandidatoimpedidodecontrairmatrim-nioemrazodevnculomatrimonial,deordemsagradaoudevotopblicoeperptuodecastidade,querocon-traiacommulherligadapelomesmovotoouunidaemmatrimniovlido;

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    4) ohomicdiovoluntrio(cn.1397),masnoohomicdioculposoe,muitomenos,ohomicdiocometidoporleg-timadefesa;eoabortoprovocado,tendo-seseguidooefeito(cn.1398);

    5) amutilaograveedolosadesiprpriooudeoutremeatentativadesuicdio;

    6) oexercciodeumatodeordemreservadoaosqueestoconstitudosnaordemdoepiscopadooudopresbiterato(cnn.1378e1384),noatendorecebidoouestandoproibidodeexerc-ladevidopenacannicadeclaradaouinfligida(imposta).

    Soirregulares paraexercer as ordens recebidas(cn.10441):1) quem, estando sob irregularidade para receber as or-

    dens,recebeu-asilegitimamente;2) quemcometeuodelitomencionadonocn.1041,n2,

    seodelitopblico.3) quemcometeuodelitomencionadonocn.1041,nn.3-

    6.

    Os impedimentos

    Osimpedimentossocircunstnciasexternas,depersitem-porais,nasquaisoordenandoouoordenadoseencontramequeprobemarecepoouoexercciodasordens.

    O cn. 1042elencaos impedimentos para a recepo dasordens:

    1) omatrimnio,anoserquesetratedeumcasadocan-didatoaodiaconatopermanente;

    2) odesempenhodeumofcioouapossedeumaadminis-traoproibidaaosclrigos,deacordocomoscnn.285e286,daqualdeveprestarcontas,enquantonoestejaliberadoapsdeixaroofcioouaadministrao;

    3) acondiodenefito,anoserquejestejasuficiente-menteprovado,ajuzodoOrdinrio.

    Ocn.10442elencaosimpedimentos paraoexerccio dasordens:

  • 195 A Ordem

    1) arecepodasordensporpartedequemestavaproibi-dodereceb-lasporcausadealgumimpedimento;

    2) aamnciaououtradoenapsquicaenquantooOrdin-rio,consultandoumperito,notiverpermitidooexerc-ciodaordem.

    A cessao dos impedimentos e das irregularidades

    Osimpedimentoscessamcomodesaparecimentodacausaqueosgerouou,ento,pordispensa.Jasirregularidadescessamquandocessaaleiqueasestabeleceuoupordispensadadaporquemdedireito.

    ASantaSpodedispensardetodosos impedimentose ir-regularidadesestabelecidospeloCIC,sejamocultosoupblicos,mesmoosquenoforemaelareservados.

    Ocn.1047afirmaqueexclusivamentereservadaSantaSadispensadetodasasirregularidades,seofatoemqueseba-seiamtiversidolevadoaoforojudicial.Tambmaelareservadaadispensa:

    a) dasirregularidadesprovenientesdosdelitospblicosdequemcometeuapostasia,heresiaoucismaoudequemtentouomatrimnio(cn.1041,2-3);

    b) das irregularidades provenientes do delito, pblico ouoculto,dehomicdiovoluntrioouaborto,obtidooefei-to(cn.1041,4);

    c) doimpedimentonoqualincorreohomemcasado(cn.1042);

    d) dasirregularidadesparaoexercciodaordemrecebidapor quem tentou omatrimnio (cn. 1041,3), apenasnoscasospblicos;

    e) porquemcometeuohomicdiovoluntrioouoaborto,obtidooefeito(cn.1041,4),mesmonoscasosocultos.

    EmtodososoutroscasoscaberaoOrdinrio(cnn.1341e2951)opoderdedispensardasirregularidadesoudosoutrosimpedimentosnoreservadosSantaS(cn.10474).

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    Apsterestabelecidoquaissoossujeitosquepodemdaradispensa(cn.1047),oCICdefinecomosecomportarnoscasosocultos(cn.1048)eindica,tambm,asformalidadesaseremob-servadasnopedidodedispensa(cn.1049).

    Comoprincpiogeral,aosepediradispensadevemserindi-cadastodasasirregularidadeseimpedimentosdosquaissequerserliberado.Todavia,nocasodeumadispensa geral:

    a) oquefoiomitidodeboaf,mesmoassimterobenef-ciodadispensa;

    b) oquefoiocultadodem,noterobenefciodadis-pensa;

    c) oquefoilevadoaoforojudicial,como,tambm,airre-gularidadeprevistapelocnon1041,4,mesmoseocul-tadadeboaf,noterobenefciodadispensa.

    Se a irregularidade da qual se pede a dispensa foi causada por ho-micdio ou aborto procurado necessrio para a validade da dis-pensa que se indique, tambm, o nmero dos delitos cometidos.

    Adispensa geral das irregularidades e impedimentos parareceberordensvaleparatodasasordens(cn.10493).

    10. REGISTRO E CERTIFICADO DA ORDENAO

    Oscnones1053-1054definemoquedeveserfeitoapsaordenao tendoemvistaadocumentaodo fato. Soobriga-esquedevemsercumpridascomseriedadeepreciso.

    Terminadaaordenao,onomedecadaumdosordenadosedoministroordenante,olugareodiadacelebraodevemserregistradosemlivroespecialaserguardadocuidadosamentenacriadolugardaordenao.Almdisso,todososdocumentosdecadaumadasordenaesdevemsercuidadosamenteconserva-dos(cn.10531).

  • 197 A Ordem

    Obispoordenantedevedaracadaumdosordenadosumcertificadoautnticodaordenaorecebida;estes,setiveremsidoordenadosporumBispoestranho,comcartadimissria,apresen-temesse certificadoaoprprioOrdinrioparao registrodaor-denaonolivroespecialaserguardadonoarquivo.Anotciadaordenaodevesercomunicadaaoprocodolugardobatismo,paraqueestearegistrenolivrodebatismo(cn.5352).

    11. QUESTES AUTOAVALIATIVAS

    Confira,nasequncia,asquestespropostasparaverificarseudesempenhonoestudodestaunidade:

    1) Sepelobatismotodosnssomossacerdotes,porqualmotivo,ento,temosnaIgrejaosacerdcioministerial?

    2) Emqualtempodoanolitrgicoeonde(local)possvelreceberasordens?

    3) Tendopresenteadistinoentrevalidadeeliceidade,quemoministrodosacramentodaordememseustrsgraus?

    4) Oquesocartasdimissrias?

    5) Qualadiferenaentreimpedimentoeirregularidade?Osimpedimentoseasirregularidadespararecebereexercerasordenssoosmesmos?

    12. CONSIDERAES

    Nestaunidade,vocestudouosprincipaisaspectosteolgi-co-jurdicosdosacramentodaordem.Trata-sedeumanormativacomplexaqueexigirdesuaparteumpoucomaisdeesforoparaassimil-laemseustpicosdemaiorimportncia.

    Naprximaunidade,vocserconvidadoacompreenderodireitomatrimonialdaIgreja,partindodeumaabordagemquelhepermitirconhecerumasriedeaspectosnormativosfundamen-taisparaumaadequadaprxispastoralrelativaaestesacramento.

    Atl!

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    13. REFERNCIAS BIBLIOGRFICASHORTAL, J.Os sacramentos da Igreja na sua dimenso cannico-pastoral. So Paulo:Loyola,1987.

    OATIBIA,I.MinistriosEclesiais:Ordem,In:BORBIO,D.(Org.).A celebrao na Igreja, os sacramentos.SoPaulo,Loyola,1993.