direito canonico ii 3

26
EAD 3 A Eucaristia 1. OBJETIVO Propiciar uma visão panorâmica da normativa eclesial a respeito do sacramento da Eucaristia. 2. CONTEÚDOS Analisar os aspectos teológicos e jurídicos fundamentais (cân. 897-898). A celebração eucarística (cân. 899). Compreender o ministro da santíssima eucaristia (cânn. 900-911). Analisar a participação na santíssima eucaristia (cânn. 912-923). Refletir sobre os ritos e as cerimônias da celebração euca- rística (cânn. 924-930).

Upload: fbisystem

Post on 17-Sep-2015

7 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

aaa

TRANSCRIPT

  • EAD

    3A Eucaristia

    1. OBJETIVO

    PropiciarumavisopanormicadanormativaeclesialarespeitodosacramentodaEucaristia.

    2. CONTEDOS

    Analisarosaspectosteolgicosejurdicosfundamentais(cn.897-898).

    Acelebraoeucarstica(cn.899).

    Compreenderoministrodasantssimaeucaristia (cnn.900-911).

    Analisar a participao na santssima eucaristia (cnn.912-923).

    Refletirsobreosritoseascerimniasdacelebraoeuca-rstica(cnn.924-930).

  • Direito Cannico II

    Centro Universitrio Claretiano

    116

    Compreenderotempoeolugardacelebraoeucarstica(cnn.931-933),como,tambm,asnormasarespeitodaconservaoeveneraodaeucaristia(cnn.934-944).

    3. ORIENTAO PARA O ESTUDO DA UNIDADE

    Antesde iniciaroestudodestaunidade, importantequevocleiaasorientaesaseguir:

    1) Nestaterceiraunidadefecharemosoestudodossacra-mentosdainiciaocrist,voltando-nosparaanorma-tivasobreaEucaristia.Saibaqueocdigovigentenosoferece uma abordagem substancialmente unitria daEucaristia como sacrifcio, comunho e presena real,superando,assim,odualismodoCICde1917quetra-tavaseparadamentedosacrifciodaMissaedacomu-nhoe,inclusive,colocavanolivroIIIadisciplinarelativaconservaoeaocultoEucaristia.

    2) Inicialmente se pensou que o cdigo fosse dar umaatenomaiorEucaristiacomorealizaodainiciaocrist, comosacramentoquemarcaaplenaeperfeitaincorporaodo fiel aoCorpomsticodeCristo. Toda-via,olegisladoroptouporfocarasuaatenosobreaEucaristiacomosacramentopermanentequealimentaeacompanhaofielaolongodesuavidanestemundo.

    3) Nunca demais recordar a centralidade da Eucaristiapara a vidado fiel eda Igreja.A Eucaristia constitui oculmineeafontedetodaavidacrist,etodososdemaissacramentos, osministrios e as obras de apostoladoencontram-seemestreitssima relao comelaeparaelaestoordenados,comobemnosrecordaocn.897.

    4) Tratando-se de uma normativa bem abrangente, umavezqueseocupadaEucaristiaemseutriploaspecto(sa-crifcio,comunhoepresenareal)sugirimos,comodasoutrasvezes,quenodeixedeconsultarabibliografiaindicadanofinaldaunidade,poisestematerialdeapoioserve, apenas, para indicar um caminho que caber avocpercorrer.

  • 117 A Eucaristia

    4. INTRODUO UNIDADE

    Naunidade2,vocfoiconvidadoaestudaranormativarela-tivaaosacramentodobatismoedaconfirmao.Agora,vocterumavisopanormicadanormativaeclesialrelativaaosacramen-todaEucaristia, tendopresentequesetratadeumsacramentoqueocentrodaIgreja,doseucultoedavidacrist.

    Aofinaldestaunidade,vocterumasuficientecompreen-sodosprincipaisaspectosteolgicose,principalmente,jurdicosqueenvolvemotema.

    importantequevocsaiba,desdeoincio,queaEucaristia,juntamentecomobatismoeaconfirmao,pertenceaoprocessoinicialdeedificaodaIgrejaedocristo.

    AEucaristiaosacramentocentraldaIgrejae,contempo-raneamente,oculmineeafontedoseucultoedasuavida.En-contramos diversos nomes para design-la, como, por exemplo,"ceiadoSenhor"(ICor11,20)e"fraodopo"(At2,42),ambosdeorigembblica.Temos,ainda,outrosnomesderivantesdeou-traspocas:"missa","santosacrifcio","sacrifcioeucarstico".To-doselesevidenciamaspectosdiferentesecomplementaresdeummesmomistrio.

    OCICdedica61cnonesEucaristia(897-958),distribudosemtrscaptulos:

    1) CaptuloITratadacelebraoeucarstica(cnn.898-933), com particular ateno ao ministro (cnn. 900-911),participaosantssimaEucaristia(cnn.912-923),aosritosescerimniasdacelebraoEucarstica(cnn. 924-930) e ao lugar da celebrao (cnn. 931-933).

    2) CaptuloIITratadaconservaoeveneraodasants-simaEucaristia(cnn.934-944).

    3) CaptuloIIIAbordaotemadaofertadadaparaacele-braodaMissa(cnn.945-958).

  • Direito Cannico II

    Centro Universitrio Claretiano

    118

    Emnossoestudovamosnosdetersquestesdemaiorre-levnciarelativasaoprimeiroeaosegundocaptulos,deixandodeladoocaptuloterceiro.Portanto,notrataremosdetodaanor-mativa,poisseriainviveleissonofazpartedenossapropostainicial.

    5. ASPECTOS TEOLGICOS E JURDICOS FUNDAMEN-TAIS (CNN. 897-898)

    Vejamos, logodeincio,osprincipaisaspectosteolgicosejurdicosdanormativa.

    a) AspectosteolgicosOmistrioeucarsticoe,empar-ticular,acelebraodaEucaristia,constituemocentrodetodaavidacrist,tantoparaaIgrejauniversalquan-to para as comunidades locais da prpria Igreja. Comefeito,nosomentetodososoutrossacramentos,mas,tambm, todos osministrios eclesisticos e todas asobrasdeapostoladopossuemumaestreitarelaocomaEucaristiaesoparaelaordenados.

    Informao Complementar Isto se deve ao fato de que na Eucaristia est contido todo o bem espiritual da Igreja, ou seja, o prprio Cristo, que mediante este sacramento d a vida aos ho-mens e estes, por sua vez, mediante a Eucaristia, so vivificados e santificados (PO 5).

    A celebrao eucarstica ao mesmo tempo ao deCristoedaIgreja.EnquantoaodeCristoseapresen-tacontemporaneamentee inseparavelmentecomosa-crifcio,comomemorialecomobanquete.NelaCristo,perpetuandoosacrifciorealizadonacruz,medianteoministriodossacerdotes,seofereceaoPaiparaasal-vaodomundo.EnquantoaodaIgreja,esta,esposadeCristo,cumprindocomelea funodesacerdoteevtima,oofereceaoPaieseoferececomele.Portanto,podemosafirmarqueaEucaristiafazaIgreja,smbolodaIgrejaeaIgrejafazaEucaristia(LG26).

  • 119 A Eucaristia

    A respeito da dimenso eclesial da Eucaristia sugerimos que voc leia: HORTAL, J. Os sacramentos da Igreja na sua dimenso ca-nnico-pastoral. So Paulo: Loyola 1987, p. 94-95.

    AEucaristiaumaestruturaabsolutamentenecessrianaIgreja.Cristoinstituiuosacrifciodoseucorpoedoseusangueparaperpetuarnossculos,atoseuretor-no,osacrifciodacruz,confiando-oIgreja,suaesposa(SC47;LG26;CD11).Nopossvelqueseformeumacomunidadecristsemqueestatenhacomoraizepon-tocardealaEucaristia(PO6).

    Porfim,humvnculoindissolvelentreomistriodaIgrejaeomistriodaEucaristia,ouentreacomunhoeclesialeacomunhoeucarstica.Porsimesmaacele-braodaEucaristiasignificaaplenitudedaprofissodefedacomunhoeclesial.NaEucaristiaaunidadedaIgrejasignificadaeproduzida.ParticipardaEucaristiasignificaparticiparaomximoatosocialdaIgreja,suamximaexpressodeplenitudedevidaecomunho.

    b) AspectosjurdicosInicialmentepodeparecerestranhofalardeaspectosjurdicosenvolvendoaEucaristia,poisdesuarecepoparecemderivar,apenas,efeitosespi-rituaisemsticos.AEucaristiaessencialmenteosacri-fcioatravsdoquala IgrejarenovaasuaalianacomDeusedelaextraios frutosdeunidadenoCristoparatodaafamliahumana.

    A celebrao eucarstica , tambm, um fato jurdico,poiselaexprimeerealiza,noapenasauniosacramen-talcomCristo,mas,tambm,auniodoscrentesentresinacomunhodefecaridade.NaEucaristiatambmo ordenamento cannico encontra o seu vrtice, poisemergededentrodaaosalvfica,nelasecolocaeparaacomunhodaIgrejaexisteeatua.

    Informao Complementar Com estas observaes possvel compreender melhor o alcance da normativa sobre a excomunho, pena que exclui o batizado da comunho dos fiis e implica

  • Direito Cannico II

    Centro Universitrio Claretiano

    120

    na privao dos sacramentos, particularmente a Eucaristia (cn. 1331 1), como, tambm, a normativa que disciplina a communicatio in sacris com os cristos e as comunidades crists no catlicas, sobretudo, em relao Eucaristia (cnn. 844 1-4), e, mesmo, as outras normas que dizem respeito participao, celebrao e culto da Eucaristia, bem comum de toda a Igreja e sacramento de sua unidade. Sobre os princpios teolgicos e jurdicos relativos a Eucaristia veja os seguintes textos: HORTAL, J. Os sacramentos da Igreja na sua dimenso cannico-pastoral. So Paulo: Loyola, 1987, p. 93-95; MLLER, Ivo. Direitos e deveres do Povo de Deus. Petrpolis: Vozes, 2004, p. 154-155. Veja, tambm, MONTAN, A. Novas perspectivas do direito que disciplina a celebrao dos sa-cramentos. In: CAPPELLINI, E. Problemas e perspectivas de direito cannico. So Paulo: Loyola, 1995, p. 162-164. Para se interar do tema da comunho na vida e na atividade espiritual entre cristos de diversas confisses, veja: HOR-TAL, J. E haver um s rebanho: histria, doutrina e prtica catlica do Ecume-nismo. So Paulo: Loyola, 1989, p. 249-273.

    6. A CELEBRAO EUCARSTICA (CN. 899)

    AcelebraoeucarsticaaaodoprprioCristoedaIgre-ja, naqual, peloministriodo sacerdote,oCristo Senhor, subs-tancialmentepresentesobasespciesdepoevinho,seofereceaDeusPaiesedcomoalimentoespiritualaosfiisunidossuaoblao(cn.8991).

    Para celebrar o mistrio eucarstico a Igreja, seguindo oexemplodacomunidadecristdasorigens,sereneemassem-bleia,expressosimblicadomistrioda Igreja.Consideradanasuatotalidadeaassembleiaosujeitodacelebraolitrgica.Asaeslitrgicaspertencemcelebraolitrgicaedevemserrea-lizadaspreferivelmenteemformacomunitria(cn.837).

    A assembleia, particularmente a eucarstica, apresenta-secomoumpovoreunidoeordenado,comoumorganismovivoeoperante,emquecada fiel temodireitoeodeverdedelapar-ticipardeacordocomasuacondioemumadiversidadedeor-demefuno(cn.8992).Hnaassembleiaumavariedadedeministrios(ordenados,institudosedeoutrognero)quenosecolocamacimadaassembleia,masemseuinterior,paraedific-laeservi-la.

  • 121 A Eucaristia

    AassembleiapossuiumPresidente,BispoouPresbtero,seucolaborador, (cn.8992).ElepresideaassembleiaenelaatuaexercitandoafunodeCristocabea.Odiconoocolaboradorporexcelnciadopresidenteedaassembleia(LG29).Outrosof-ciossoocupadosporoutrosministros (aclito, leitor,salmista).Na assembleia eucarstica os fiis rendem graas a Deus ofere-cendo,pelasmosdosacerdote,avtimaimoladaeasimesmos.AcelebraodeveserordenadademodoquetodosrecebamosmuitosfrutosparacujaobtenoCristoainstituiu.

    7. O MINISTRO DA SANTSSIMA EUCARISTIA (CNN. 900-911)

    A confeco do sinal sacramental e a administrao dossacramentosaos fiisconstituemumanicaaorealizadapeloministro. A Eucaristia o sacramento-sacrifcio, sacramento--comunho e sacramento presena. Ordinariamente, essas trsdimensesessenciaisdomistrioeucarsticoseverificamconjun-tamente dentro de umamesma celebrao eucarstica, porm,podemserobjetodeatividadeslitrgicasdiversaseseparadas.possvel,portanto,administraracomunhoforadamissa,como,tambm,exporoSantssimoSacramentoparaaadoraodosfi-is.Mesmodentrodamissadistintaaaosacrificaleaadminis-traodacomunhoaosfiis.PorissonecessriolevaremcontaestatrplicedimensonahoradeconsideraradisciplinasobreoministrodaEucaristia,comojustamenteofazoCICatual.

    OlegisladoraotratardoministrodasantssimaEucaristiaaconsideranosseguintesaspectos:acelebraoeucarsticaemsi(missa);asagradacomunho;ovitico;aexposiodoSantssimoSacramentoebnoeucarstica.Vejamoscadaaspectosepara-damente!

  • Direito Cannico II

    Centro Universitrio Claretiano

    122

    O ministro da celebrao eucarstica (missa)

    Somente o sacerdote validamente ordenado o ministroque,fazendoasvezesdeCristo,capazderealizarosacramentodaEucaristia (cn. 9001). Trata-sedeumaafirmao constan-tedoMagistrio da Igreja. Portanto, a ordenao recebida vali-damenteumrequisitoessencialparaavalidadedacelebraoeucarstica.

    Informao Complementar A Igreja sempre ensinou e definiu como de f, que apenas o sacerdote e cada sa-cerdote o ministro da celebrao eucarstica (missa). O Conclio de Arles (314 dC) e o Conclio de Nicia (325 dC) expressamente afirmaram que o dicono no tinha o poder de celebrar a missa. O Conclio Lateranense IV (1215 dC) afir-mou expressamente e claramente a doutrina segundo a qual nenhuma pessoa pode celebrar este sacramento a no ser um sacerdote validamente ordenado. Portanto, quando o Conclio Vaticano II ensinou que o sacerdcio ministerial ou hierrquico difere essencialmente, e no somente em grau, do sacerdcio co-mum dos fiis (LG 10), expressou a certeza de f de que somente os Bispos e os presbteros podem celebrar a Eucaristia.

    Contra aquele que, no sendo sacerdote, atentar a ao litrgica do sacrifcio eucarstico prevista a pena latae sententiae de inter-dito e, se for clrigo, a suspenso (cn. 1378 2, 1).

    ParaacelebraolcitadaEucaristiaexige-se,ainda,queosacerdotenoestejaimpedidoporleicannica(cn.9002).

    Informao Est impedido o sacerdote que incorreu na excomunho, interdito ou suspenso (1331-1333), ou, ento, nas irregularidades ou impedimentos indicados pelo cn. 1044.

    a) Admissoacelebrar -Todosacerdotedeveseradmiti-doacelebraraEucaristia,mesmosedesconhecidodoreitordaIgreja,desdequeapresenteumdocumentoderecomendaode seuOrdinrio ou Superior (dadohmenosdeumano)ou,ento, sepossa julgarquenoestejaimpedidodecelebrar(cn.903).

  • 123 A Eucaristia

    b) Intenodamissa-Todosacerdotetem,ainda,odireitodeaplicaramissaporquaisquerpessoas,vivasoude-funtas,normadocn.901.

    Diferente a questo da celebrao como fato pblico. Esta, por motivo de escndalo, ou por outra razo, pode ser proibida.

    c) AconcelebraoNadisciplinaantigaeramrarasascir-cunstnciasemquesepermitiaaconcelebrao.Ocn.902,recolhendooespritodareformaconciliar,autorizaqueossacerdotesconcelebremaEucaristiasemquesejanecessriaumaparticularlicenaporpartedoOrdinrio,desdequeautilidadedosfiisnorequeiraoutracoisa.

    Informao Complementar A opo do legislador pela concelebrao deriva da convico de que nela se manifesta a unidade do sacrifcio, a unidade do sacerdcio e, quando este par-ticipa, a unidade do povo de Deus. A Instruo Geral sobre o Missal Romano (IGMR) nos nmeros 153-160 especifica os casos nos quais a concelebrao prescrita e as ocasies para quais recomendada. Veja, ainda, HORTAL, J. Os sacramentos da Igreja na sua dimenso cannico-pastoral. So Paulo: Loyola, 1987, p.100. Permanece, porm, intacta a liberdade de poder celebrar indivi-dualmente, mas no durante uma concelebrao realizada na mesma igreja ou oratrio.

    d) Nmero demissas por dia -No lcito ao sacerdotecelebrarmaisdeumavezaodia,excetonoscasosemque,deacordocomodireito,permitidocelebrarouconcelebraraEucaristiamaisvezesnomesmodia(cn.9051).Trata-sedeumanormamuitoantiga.Contudo,oprpriolegisladorprevexcees,poisestabelecequese houver falta de sacerdotes, o Ordinrio local podepermitir que, por justa causa, os sacerdotes celebremduasvezesaodia(duranteasemana)eatmesmotrsvezesnosdomingosefestasdepreceito,seasnecessi-dadespastoraisoexigirem(cn.9052).

    Se a situao de necessidade pastoral se mantiver e for necess-rio conceder permanentemente que um mesmo sacerdote celebre mais de trs vezes ao dia ser preciso recorrer Santa S. Nunca demais recordar que em vrios lugares, inclusive no Brasil, a

  • Direito Cannico II

    Centro Universitrio Claretiano

    124

    escassez de sacerdotes impede muitas comunidades de terem a celebrao da Eucaristia e, no raramente, nos deparamos com sacerdotes que acabam tendo que celebrar mais vezes do que o permitido.

    e) Frequnciadacelebrao Adisciplinaatual,emclarocontrastecomaantiga,exortaosacerdoteacelebraraeucaristiacomfrequnciaerecomendaqueofaadia-riamente(cn.904).AnormadevesercompreendidaluzdarazoteolgicaexplicitadapeloprpriocnonequesefundamentanodecretoconciliarPresbyterorum Ordinis n13.Afirmaotextoconciliar:NomistriodosacrifcioEucarstico,emqueossacerdotescum-premsuafunoprincipal,realiza-sedemodocontnuoaobradenossaredeno.Porissoqueserecomendacommuitainsistnciasuacelebraodiria,pois,mesmoquenosepossacontarcomapresenadefiis,elaumatodeCristoedaIgreja.

    NoestproibidoqueosacerdotecelebreaEucaristiasozinho,masistosomentepoderocorrerporumacau-sajustaerazovel(cn.906),poisimportanteaparti-cipaodepelomenosumfiel.Obviamentequeaformacelebrativaaserprestigiadasempreaquelacomapre-senadacomunidade(cn.8371).

    Informao Complementar O modo como o cn. 906 est formulado favorece, tambm, a celebrao diria da missa. No CIC anterior (cf. cn. 813 1) era proibido ao sacerdote celebrar a Eucaristia sem um ajudante que pudesse assisti-lo e responder a missa. Apenas um indulto pontifcio podia autorizar uma celebrao sem a participao de, ao menos, um fiel. Todavia, na concesso de tal indulto devia constar a seguinte clusula: "desde que assista algum fiel". Atualmente, o sacerdote no deve celebrar a missa sem a participao de pelo menos um fiel. Contudo, basta uma causa justa e razovel para que seja lcito faz-lo. uma causa justa e razovel o desejo de celebrar diariamente, desde que se tenha feito uma suficiente diligncia para celebrar com a assistncia de algum fiel.

    O ministro da sagrada comunho

    Olegisladorfazumadistinoentreministroordinrio eex-traordinrio.

  • 125 A Eucaristia

    OministroordinriodasagradacomunhooBispo,opres-bteroeodicono(cn.9101).importantedestacarqueaele-vaododiconoaministroordinriodacomunhofoirealizadapeloConclioVaticanoIIaoconfiaraele,comoofcioprprio,con-servaraEucaristia(LG29).

    Oministroextraordinriodasagradacomunhooaclitoououtrofiel(homemoumulher)encarregadodesteservio(cn.9102),deacordocomanormadocn.2303.

    Informao complementar De um ponto de vista institucional o ministro extraordinrio da comunho o ac-lito, isto , o leigo que recebeu tal ministrio estvel, mediante um rito litrgico, norma do cn. 230 1. Portanto, o aclito no necessita de uma designao especial para ser ministro extraordinrio da comunho, pois o em virtude do seu ministrio. Todavia, sempre um ministro extraordinrio, ou seja, deve atuar sempre em regime de suplncia, na falta ou impedimento do ministro ordinrio.

    Convmobservarqueoministroextraordinriodasagradacomunhopossuisempreumafunosupletiva.

    Informao complementar A condio para se confiar tal encargo a existncia de uma necessidade e a falta de ministros ordenados. Esta falta deve ser entendida, seja como ausncia do lugar em que se celebra a Eucaristia, seja no sentido de impedimento, seja, ainda, no sentido de insuficincia de ministros em relao ao nmero de pessoas que comungam. Curioso observar que alguns sacerdotes, movidos pela inteno de "promover" os leigos, acabando abdicando de uma funo que ordinariamen-te lhes compete (ser o ministro ordinrio da sagrada comunho), agindo, portan-to, contra a norma e introduzindo uma prtica ilegtima.

    O ministro do vitico

    TmodeveredireitodelevarasantssimaEucaristiacomovitico aos doentes (moribundos) o proco e os vigrios paro-quiais, os capeles, como, tambm, o Superior da comunidadenos institutos religiosos clericais ou nas sociedades clericais devidaapostlica,emrelaoatodososqueseencontramnacasa(cn.9111).Emcasodenecessidadeoucomalicenaaomenos

  • Direito Cannico II

    Centro Universitrio Claretiano

    126

    presumidadoproco,docapelooudoSuperior,aquemsedevedepoisinformar,devefaz-loqualquersacerdoteououtrominis-trodasagradacomunho(cn.9112).

    O ministro da exposio do Santssimo Sacramento e da bno eucarstica

    OministrodaexposiodoSantssimoSacramentoedabn-oeucarsticaosacerdoteoudicono;emcircunstnciasespe-ciais,apenasdaexposioe reposio,masnodabno,oaclito,umministroextraordinriodacomunhoououtrapessoadelegada pelo Ordinrio local, observando-se as prescries doBispodiocesano(cn.943).

    Informao Nas Igrejas e oratrios onde permitido conservar a santssima Eucaristia, po-dem-se fazer exposies com a pxide ou com o ostensrio, observando-se as normas prescritas nos livros litrgicos. Durante a celebrao da missa no permitido expor o Santssimo Sacramento no mesmo recinto da igreja ou oratrio (cn. 941).

    8. A PARTICIPAO NA SANTSSIMA EUCARISTIA (CNN. 912-923)

    Oscnones912-923regulamodireitoeaobrigaoderece-beraEucaristia,ocupando-sedeumasriedeaspectosdeparti-cularrelevncia.Faremos,aqui,umbreveapanhadodanormativa.

    Vamosl?

    Direito dos fiis comunho

    Emrelaoaodireitocomunho,oprincpiogeralose-guinte:"Qualquerbatizado,noproibidopelodireito,podeedeveseradmitidosagradacomunho"(cn.912).Estedireitoencon-traoseufundamentodentrodoassimchamado"direitoaossacra-mentos",previstopeloscnn.213e8432.Olegisladorapenas

  • 127 A Eucaristia

    fixaaquiosrequisitosexternosparasegozardodireitodereceberaEucaristia,poisoutracoisasoosrequisitosoudisposiesinte-rioresdosquaisseocupamocn.916.

    Ofielnodeveprovarquedignodereceberossacramen-tos.PorserbatizadoadmitidomesadoSenhor.Assim,osmi-nistrosnopodemnegaracomunhoaofielqueapedeoportu-namenteequeestejabemdisposto,anoserqueconste,noforoexterno,aexistnciadealgumaproibio.

    Odireitoaossacramentosdisciplinadopornormasquere-gulamoseuexerccioparaobemdetodaaIgreja.Vejamosaque-lasrelativasaoexercciododireitodosfiiscomunho.

    Informao Complementar Afirma o cn. 213 contm a seguinte disposio: "Os fiis tm o direito de rece-ber dos Pastores sagrados, dentre os bens espirituais da Igreja, principalmente os auxlios da Palavra de Deus e dos sacramentos". Este direito fundamental dos fiis se encontra regulado em seu exerccio pelo cn. 843 1, que assim estabe-lece: "Os ministros sagrados no podem negar os sacramentos queles que o pedirem oportunamente, que estiverem devidamente dispostos e que pelo direito no forem proibidos de os receber".

    Para aprofundar este estudo veja, tambm, os seguintes textos: HORTAL, J. Os sacramentos da Igreja na sua dimenso cannico--pastoral. So Paulo: Loyola, 1987, pp. 103-108; MLLER, Ivo. Direitos e deveres do Povo de Deus. Petrpolis: Vozes, 2004, pp. 159-169.

    a) AscrianasOscnones913-914regulamodireitodascrianas de receberem a Eucaristia. Em circunstnciasnormais,paraqueascrianaspossamreceberaEucaris-tia,necessrioquetenhamsuficienteconhecimentoecuidadosapreparao,demodoque,deacordocomsuacapacidade,ofaamcomfedevoo(cn.9131).Emperigodemorte,aEucaristiapodeseradministradascrianassepuderemdiscerniroCorpodeCristodoali-mentocomum, recebendo-ocomreverncia (cn.9132).

  • Direito Cannico II

    Centro Universitrio Claretiano

    128

    Informao O cn. 914 trata da preparao das crianas para a comunho, indicando qual a responsabilidade de cada um. Primariamente o dever de preparao das crian-as cabe aos pais ou a quem faz as suas vezes; subsidiariamente tal dever recai sobre o proco o qual, por sua vez, conta com a colaborao de catequistas para auxili-lo em tal preparao. Curioso observar que o catequista no substitui os pais, como muitas vezes acontece...

    b) OsexcomungadoseosinterditadosOsexcomungadoseosinterditados,depoisdaimposiooudeclaraodapena, no podem ser admitidos sagrada comunho,como, tambm,os queobstinadamentepersistemempecadogravemanifesto(cn.915).Deve-setratarsem-predesituaespblicasemanifestase,portanto,co-nhecidas externamente. preciso, almdisso, a cons-cincia da gravidade da situao e nela persistir. Noestamos,portanto,diantedealgobanale,portanto,precisomuitaprudnciaparaselidarcomtaissituaes.

    Ivo Mller faz uma breve reflexo pastoral a respeito de algumas situaes bem especficas e seria interessante t-la presente. Cf. Mller, I. Op. cit., p.162-167.

    c) Osqueestoempecadograve Segundoo cn.916,quemestconscientedepecadogravenodevecele-braramissaenemcomungaroCorpodoSenhor,semfazerantesaconfissosacramental,anoserqueexistacausagraveenohajaoportunidadeparaseconfessar;nessecaso,porm,precisoumatodecontrioperfei-taeopropsitodeseconfessaroquantoantes.

    Informao complementar Aqui preciso esclarecer alguns pontos:- a necessidade da confisso se impe apenas quele que est consciente de

    pecado grave. Fora disso a confisso no uma condio prvia para se aproximar da comunho e para poder celebrar como alguns acreditam;

    - a razo grave de dever celebrar ou receber a comunho sem a prvia confisso pode encontrar muitas aplicaes: perigo de morte, perigo prximo de profana-o das espcies eucarsticas, perigo de escndalo ou de difamao caso no se celebre ou comungue naquela ocasio, necessidade de celebrar em razo do ofcio ou da cura pastoral, etc.;

  • 129 A Eucaristia

    - deve faltar a oportunidade de se confessar: isto pode ocorrer quando no est presente algum confessor, quando no se pode ir ao confessor, a no ser com grande dificuldade, quando o confessor presente no conhece a ln-gua do penitente, quando existe uma especial relao entre o confessor e o penitente que da confisso poderia derivar um grave dano, para si ou para os outros, extrnseco confisso mesma (o confessor um parente do penitente ou o superior do penitente). Resumindo: falta a oportunidade de se confessar quando subsiste para o penitente uma grave dificuldade moral extrnseca confisso de acusar os seus pecados ao confessor presente;

    - o penitente deve colocar um ato de contrio perfeita: a dor perfeita implica a vontade de receber o sacramento. Trata-se de uma espcie de confisso de desejo;

    - o penitente na situao prevista pelo cn. 916 deve se confessar o quanto antes. O preceito de recuperar a graa necessariamente por meio do sacra-mento da penitncia antes de celebrar ou comungar, de direito eclesistico, porm possui grande valor pastoral. O CIC no fixa um tempo para se cumprir tal obrigao, diz, apenas, que se faa o quanto antes.

    d) Osque j receberamaEucaristiaquemjrecebeua

    Eucaristiapodereceb-lasomenteumasegundaveznomesmodiaedentrodacelebraoeucarsticadaqualparticipa(cn.917),salvaaprescriodocn.9212.

    Informao O texto do cn. 917 no claro e se prestou a vrias interpretaes quando o c-digo foi promulgado. Gramaticalmente o advrbio iterum, utilizado no cnon pode ser interpretado de modo limitativo. De fato, vrios autores latinos o utilizam para significar somente uma segunda vez. Para indicar mais de uma vez os autores se servem de outras expresses (iterum atque iterum, iterum iterumque, iterum ac tertium, iterum et saepius, etc.). Outros autores, porm, usam o termo com o significado de novamente, sem qualquer limitao. Todavia, a Pontifcia Comis-so para a interpretao autntica do CIC aos 11 de abril de 1984 entendeu que o advrbio latino "iterum" (novamente) deve ser aqui interpretado como "segunda vez", resolvendo, assim, as dvidas surgidas na interpretao do texto logo aps a promulgao do cdigo atual.

    e) Contextoda comunho anaturezadaEucaristia exi-gequeacomunhosejarecebidaduranteacelebraoeucarstica.Todavia,acomunhopodeserdadaforadamissa,quandoapedempor justacausa (cn.918).Humajustacausaquandosetratadeumapessoaenfermaouanciquenopodeiraolocaldacelebrao,quan-doofielestrealmenteimpossibilitadodesefazerpre-sentenacelebrao(porcausadohorriodetrabalho),quandonolugarnohacelebraoeucarstica,maso

  • Direito Cannico II

    Centro Universitrio Claretiano

    130

    SantssimoSacramentofoiconservadoparaserdistribu-do,etc.

    f) O jejumeucarsticoO cn. 919estabelecequemvaireceberaEucaristia,deveseabsterdequalquercomidaoubebida,excetuando-sesomenteguaeremdio,noespaodeaomenosumahoraantesdasagradacomu-nho.

    OsacerdotequenomesmodiacelebraduasoutrsvezesasantssimaEucaristiapodetomaralgumacoisaantesdasegundaouterceiracelebrao,mesmoquenohajaoespaodeumahora(cf.cn.9192).

    Pessoasidosaseenfermas,bemcomoasquecuidamdelas,podemreceberaEucaristiamesmoquetenhamtomadoalgumacoisanahoraqueaantecede(cn.9193).Istonosignificaafir-marqueojejumfoiabolidodetudo,mas,apenas,quedetermi-nadascategoriasdepessoasaelenoestovinculadasdamesmaformaqueossadios.

    Informao O uso de receber a Eucaristia antes de qualquer outro alimento no mesmo dia quer significar a excelncia do sacramento. Santo Agostinho, mesmo reconhe-cendo que o jejum no foi ordenado por Jesus e nem pelos Apstolos, defende este costume, como, tambm, Nicolau I e Martinho V. A questo do jejum foi amplamente tratada pelo Papa Bento XIV na epstola Quadam de 22 de maro de 1756. O Papa Paulo VI, aos 21 de novembro de 1964, durante a assemblia conciliar, encarregou o Secretrio geral do Conclio de anunciar que o jejum eu-caristico havia sido reduzido para uma hora antes da comunho.

    O dever de receber a Eucaristia

    OCICestabeleceque todo fiel,depoisquerecebeuasan-tssimaEucaristiapelaprimeiravez,temodeverdereceberasa-grada comunho aomenos uma vez por ano. Tal preceito devesercumpridonotempopascal,anoserque,porjustacausa,secumpraemoutro tempodentrodoano (cn.920).Aexpresso"tempopascal"deveserentendidaemumsentidoestrito,isto,doperododetempoquedecorredaQuinta-feiraSanta(inciodo

  • 131 A Eucaristia

    TrduoPascal),aodiadePentecostes.NomaisnecessrioqueoOrdinriodolugarprolongueouantecipeestetempo,poisapr-prialeiconfereaofielafaculdadedecumprirestaobrigaoemoutroperododoanosemprequehouverjustacausa.

    Informao O significado da comunho frequente ou cotidiana explicado eficazmente na instruo Eucharisticum Mysterium no n. 37. Todavia, a escassa considerao de muitos cristos pela comunho levou a autoridade da Igreja a impor, j no Conclio Lateranense IV (1215), o preceito da comunho pascal. O CIC atual, portanto, continua esta tradio, deixando, porm, aberta a possibilidade de se comungar em outra poca do ano quando houver uma justa causa. A este pro-psito, veja, tambm: HORTAL, J. Os sacramentos da Igreja na sua dimenso cannico-pastoral. So Paulo: Loyola, 1987, p. 108-110.

    9. RITOS E CERIMNIAS DA CELEBRAO EUCARS-TICA (CNN. 924-930)

    Matria do Sacrifcio eucarstico (cn. 924)

    OsinalexternodaEucaristiaconsideradacomosacramentodacomunhosoasespciesdopoedovinho.Trata-sedeumadoutrinaunnime,tantonoOrientequantonoOcidente,equeen-contraoseufundamentonanarrativadaltimaceiadeJesus(cf.Mt26,26-29;Mc14,22-25;Lc22,15-20;ICor11,23-26).DesdeoprincpioaIgrejaagiuemconformidadecomoexemplodeJesusesempretomouposiocontratodososdesvios.

    Olegislador,mantendo-sefieltradio,estabelecequeosacrossantoSacrifcioEucarsticodeveseroferecidocompoevi-nho,eaestesedevemisturarumpoucodegua(cn.9241).

    Informao Desde So Cipriano a Igreja sempre se colocou contrria aos que queriam que a matria fosse gua ou uma bebida no alcolica. Portanto, para a validade, a Eucaristia celebrada com po e vinho.Discutida a questo se a competente autoridade da Igreja (cn. 841) possa admitir o uso de outro tipo de po e de outro tipo de bebida. As propostas de mu-

  • Direito Cannico II

    Centro Universitrio Claretiano

    132

    dana, com motivaes diversas e nem sempre convergentes, encontram duas dificuldades fundamentais: o exemplo de Jesus, ao qual necessrio se manter fiel, e a tradio antiga e compacta da Igreja (catlica, ortodoxa, anglicana e re-formadas) da qual no se pode afastar.

    Opodevesersdetrigo.Trata-sedematriaparaavalida-de do sacramento.Paraumacelebrao lcitaseexige,ainda,queopodeveserfeitorecentemente,demodoquenohajaperigodedeteriorao(cn.9242),e,ainda,quesejazimo(cn.926).

    Informao importante ter presente que o po deve ser exclusivamente de trigo e preciso manter intactas todas as suas propriedades naturais. Um po corrompido deixa-ria de ser matria vlida do sacramento.

    ATENO!A utilizao de po zimo (sem fermento) pertence tradio da Igreja Latina e remonta ao sculo 8.

    Informao A Congregao para a Doutrina da F deu respostas muito claras a determina-dos problemas relativos participao na Mesa eucarstica, como o caso, por exemplo, do alcoolismo e da enfermidade celaca. Para se interar do assunto consulte o seguinte texto: Congregao para a Doutrina da F. Responsa ad dubia, 29.X.1982, In AAS 74, 1982, 1298.

    Ovinho,paraa validade,deve sernatural (do frutodavi-deira),enodeteriorado(cn.9242e3).OacrscimodeumpoucodeguanoOrienteobrigatrioenoOcidentenecessrioapenasparaaliceidade.

    A forma do sacramento

    AformadasantssimaEucaristiaconstitudapelaspalavrasdesua instituiopronunciadasduranteacelebraoEucarsticanomomentodaconsagrao.Emcontinuidadecomoensinamen-todoConcliodeTrento,ocn.927estabelecequeopoeovinho

  • 133 A Eucaristia

    sempredevemserconsagradosjuntosenacelebraoeucarstica.teseteolgicacertaqueosacrifcioeucarsticoserealizaessen-cialmentecomaduplaconsagrao.Nafaltadeumaconsagrao,faltaosacrifcio.Porisso,olegisladorprobequeseconsagreumamatriasemaoutraou,ento,quesejamconsagradasforadace-lebraoeucarstica,mesmourgindoextremanecessidade.Trata--sedeumaproibioabsoluta.

    Informao Complementar proibido, portanto, consagrar somente hstias quando em uma celebrao com grande participao dos fiis venha a faltar aquelas consagradas; proibido con-sagrar o po fora da missa para poder administrar o vitico a um enfermo em perigo de morte. O IGMR estabelece que se aps a consagrao o sacerdote cair na conta de que utilizou gua e no vinho, deve colocar a gua em um recipiente parte e versar no clice o vinho com um pouco de gua, repetindo a parte da consagrao do vinho, sem precisar consagrar novamente o po. A consagrao do po e do vinho fora da estrutura da celebrao eucarstica, embora proibida e, portanto, ilcita, vlida, desde que sejam utilizadas as pala-vras prprias da consagrao e com a inteno de fazer o que a Igreja faz. Na prtica tal modalidade sempre ilegtima.

    Outras questes

    OConclioVaticanoIIpermitiuqueemdeterminadoscasos,sejadistribudaacomunhosobasduasespcies,mantendo-sefir-mesosprincpiosdogmticosdeclaradospeloConcliodeTrento(SC55).Segundoestesprincpiosdogmticosaosquaisserefereacons-tituioconciliar,nacomunhosobqualquerumadasduasespciesserecebeaCristototalentegroeumverdadeirosacramento.Porconseguinte,nohumamaiorplenitudedeparticipaoquandoserecebeoCorpodeCristosobasduasespcies.Talparticipaopermitidaapenasporumaquestodevalorizaodosinal.

    Olegislador,atendo-sesorientaesdoConclio,estabele-ceuque,deregra,acomunhodeveserdistribudasomentesobaespciedepo,e,noscasosprevistospelodireitolitrgico,sobasduasespcies(IGMR240-243).Emcasodenecessidadepodeserdadasomentesobaespciedovinho,comoocorre,porexemplo,comaquelesquenopodemingerirglten(cn.925).

  • Direito Cannico II

    Centro Universitrio Claretiano

    134

    Ossacerdotesediconos,paracelebrarouadministraraEu-caristia,devemutilizarosparamentosprescritospeloslivroslitr-gicos(cn.929).

    Portanto, a celebrao eucarstica no pode ser celebradaemqualquerlngua.Deveserutilizadaalngualatina,ou,ento,alnguavivadacomunidadequeacelebra.Todavia,obrigaodoministroutilizarostextoslitrgicosquetenhamsidolegitimamen-teaprovados(cn.928)enoqualquertexto.

    10. TEMPO E LUGAR DA CELEBRAO EUCARSTICA (CNN. 931-933)

    Emrelaoao tempo,o cn.931nosofereceumanormageralbemampla:"AcelebraoeadistribuiodaEucaristiapoderealizar-seemqualquerdiaehora,excetoaquelesexcludospelasleislitrgicas"(cn.931).Issovaletantoparaacelebraodamis-sa,quantoparaaadministraodasagradacomunho.

    Informao As excees a esta norma geral se encontram nas normas litrgicas. Na Quinta--feira Santa a Missa do crisma em muitos lugares celebrada pela manh na catedral, embora possa ser celebrada antes por razes pastorais. J na parte da tarde celebra-se, apenas, a Missa da Ceia do Senhor, podendo o Ordinrio do lugar permitir que se celebre outra Missa vespertina, tanto em Igrejas, quanto em oratrios, para aquelas pessoas que no possam participar da Missa da Ceia do Senhor. A comunho somente pode ser administrada dentro dessas missas, salvo o caso dos enfermos aos quais poder ser administrada a qualquer hora.Na Sexta-feira Santa a Eucaristia no pode ser celebrada. A comunho somente pode ser dada dentro da celebrao vespertina, com exceo, claro, dos en-fermos.No Sbado Santo tampouco est permitido celebrar a Eucaristia at a Viglia Pascal, geralmente realizada noite, embora por razes pastorais seja permitido celebr-la ao entardecer. Antes desta celebrao s possvel receber a comu-nho na forma de vitico.

    Quantoaolugar oprincpiogeralqueacelebraodeveserrealizadaemlugarsagrado,anoserque,emcasoparticular,ane-cessidadeexijaoutracoisa;nestecaso,deve-sefazeracelebraoemlugardecente(cn.932).

  • 135 A Eucaristia

    Por lugares sagrados entendem-se aqueles destinados aocultodivino(asigrejas,osoratrios,ascapelasprivadas,ascape-las privadas dos bispos e os santurios)mediantededicaooubeno,paraissoprescritaspeloslivroslitrgicos(cn.1205).

    Excepcionalmente,quandoemumcasoparticularaneces-sidadeoexigir,pode-se celebraremoutro lugardesdeque sejadecente.Aautorizaoparacelebrarforadolugarsagradodadapeloprpriodireitoe,portanto,nonecessriorecorreraoOrdi-nriodolugar.Dessamaneira,devesetratardeumcasoparticular,enodealgohabitual,pois,seassimofor,serprecisoalicenadoOrdinriolocal.

    Informao Isso no impede que o direito particular crie normas a esse respeito, fixando cri-trios para determinar a necessidade, como, tambm, as condies de decoro e dignidade que o lugar escolhido deve ter.

    OSacrifcioeucarsticodeverealizar-sesobrealtardedicadooubenzido; forado lugarsagrado,podeserutilizadaumamesaconveniente,massemprecomtoalhaecorporal,normadocn.9322.Anormativacannicarelativaaosaltaresencontra-senoscnn.1235-1239.

    possvel celebraraEucaristiano templodealguma Igre-jaoucomunidadeeclesialquenotenhaplenacomunhocomaIgrejacatlica,desdequehajaumajustacausa,sejaremovidooescndaloeseobtenhauma licenaexpressadoOrdinrio local(cn.933).NosetratadaadministraodaEucaristiaparacris-tosnocatlicos(destetemaseocupaocn.844),mas,sim,dacelebraodaeucaristiaparacatlicosemtemplosnocatlicos.

    Informao O CIC no contempla a situao inversa, ou seja, que os irmos separados cele-brem seus cultos em lugares sagrados catlicos. O Diretrio ecumnico de 1993, nos nmeros 137-142, estende a todos os irmos separados a comunicao nos lugares sagrados. Para se interar melhor disso, veja os nmeros indicados.

  • Direito Cannico II

    Centro Universitrio Claretiano

    136

    11. CONSERVAO E VENERAO DA EUCARISTIA (CNN. 934-944)

    OpovocristonoconsiderasomenteacelebraodaEuca-ristiacomoocentroeocoraodocultoedasuavida,mas,tam-bm,crnapresenarealdeCristonasespciesconsagradas,ado-rando-oforadocontextodacelebraoeucarstica.Assim,nuncademaislembrarqueaEucaristiatemoseuvrticenacelebraodamissa,poisestaseencontranaorigemdetodoocultoqueserendeEucaristiaforadamissa.Oobjetivoprimrioeoriginriodaconservaodasespcieseucarsticasovitico.Oobjetivose-cundrioadistribuiodacomunhoforadamissaeaadorao.

    A conscincia da presena do Senhor na Eucaristia (sacra-mentopermanente)conduziuosfiisamanifestaesexternasepblicasdedevooeucarsticaqueacompetenteautoridadedaIgrejaaregulouereguladediversasformas.OCICseocupaso-mentedaconservaodaEucaristia(cnn.934-940)edealgumasmanifestaesdecultodapresenaeucarstica(cnn.941-944).

    Lugar da conservao da Eucaristia

    Ocn.9341indicaquaissooslocaisnosquaisaEucaristiadeveserconservada.normadocn.935,aningumlcitocon-servaraEucaristianaprpriacasaoulev-laconsigoemviagens,anoseremcircunstnciasextraordinrias(incndio,perigodepro-fanao,inundaoetc.),ouurgindoumanecessidadepastoral.

    Informao A conservao da Eucaristia prescrita nas igrejas catedrais ou equiparadas, nas igrejas paroquiais, nas igrejas ou oratrios anexos s casas de um instituto religioso ou de uma sociedade de vida apostlica; permitida na capela privada do Bispo e nas outras igrejas, oratrios ou capelas privadas, mas com a licena do Ordinrio do lugar (cn. 934 1). Nestes lugares deve haver algum que cuide dela e, se possvel, um sacerdote deve celebrar missa a, pelo menos duas vezes por ms (cn. 934 2). .........................................

  • 137 A Eucaristia

    O tabernculo (cnn. 938-940)

    O tabernculo o lugar onde as espcies eucarsticas soconservadas. Para se evitar o perigo de profanao, a chave dotabernculodeveserguardadacomamximadilignciaeduran-teanoiteaEucaristiapodeserconservadaemoutrolugarsegu-roedigno.(cn.9384-5).Diantedotabernculodevebrilharcontinuamente uma lmpada especial, coma qual se indique esereverencieapresenadeCristo(cn.940).Otabernculodeveteros seguintes requisitos: inamovvel; construdocommaterialslidoenotransparente;situadoemumapartedaigrejaquesejadistinta,visvel,ornadacomdignidadeeprpriaparaaorao.AEucaristiadeveserconservadaemapenasumtabernculo.

    Exposio e venerao (cn. 941-942)

    OSantssimoSacramentopodeserexpostocomapxideoucomoostensrio,observando-seasnormasprescritasnoslivroslitrgicos. Recomenda-se que nas Igrejas e oratrios emque seconservaaSantssimaEucaristia se faa todososanosaexposi-osolenedoSantssimoSacramento,prolongadaportempocon-veniente,mesmonocontnuo,afimdequeacomunidadelocalmeditemaisprofundamenteeadoreomistrioeucarstico;essaexposio,porm,somentedeveserfeitacasoseprevejarazovelconcursodefiiseobservando-seasnormasestabelecidas.

    Procisso eucarstica (cn. 944)

    Ondeforpossvel,ajuzodoBispodiocesano,aprocissodoCorpodoSenhorpelasviaspblicassempreaconselhadacomotestemunhopblicodeveneraoparacomasantssimaEucaris-tia, principalmente na solenidade de Corpus Christi. EntretantoCompete,ainda,aoBispodiocesanoestabelecernormassobreasprocisses,assegurandoaparticipaoedignidadedelas(cn.9442).

  • Direito Cannico II

    Centro Universitrio Claretiano

    138

    12. QUESTES AUTOAVALIATIVAS

    Confira,nasequncia,asquestespropostasparaverificarseudesempenhonoestudodestaunidade:

    1) Anormativa cannica sobreo sacramentodaEucaristiapossuiuma forteacentuaocristolgicaeeclesiolgica.Apresenteumcnonondeissoapa-rece.

    2) Omistrio eucarstico possui trs dimenses essenciais, pois a Eucaristiapode ser entendida como sacramento-sacrifcio, sacramento-comunho esacramento-presena.Explicitecadaumadestasdimenses.

    3) Tendopresenteastrsdimensesessenciaisdomistrioeucarstico,como,tambm,aquestodovitico,desenvolvaoseguintetema:"oministrodaSantssimaEucaristia".

    4) precisoseconfessarparareceberacomunho?Justifique.

    5) possvelnegaracomunhoaalgum?Explique.

    13. CONSIDERAES

    NestaunidadevocrefletiusobreosacramentodaEucaris-tia. Sugerimosavocque faauma leituraatentadanormativacontidanoCICatual(cnn.897-958)sobreestesacramento.

    Naprximaunidade,vocserconvidadoacompreenderossacramentosdecura:apenitnciaeaunodosenfermos.

    Atl!

    14. REFERNCIAS BIBLIOGRFICASGHIRLANDA,G.O direito na Igreja, mistrio de comunho.CompndiodeDireitoEclesial.Aparecida:Santurio,2003.

    GRINGS,D.A ortoprxis da Igreja.ODireitoCannicoaserviodapastoral.Aparecida:Santurio,1996.

    HORTAL,J.E haver um s rebanho:histria,doutrinaeprticacatlicadoEcumenismo.SoPaulo:Loyola,1989.

    ______.O cdigo de direito cannico e o ecumenismo.Implicaesecumnicasdaatuallegislaocannica.SoPaulo:Loyola,1990.

  • 139 A Eucaristia

    ______.Os sacramentos da Igreja na sua dimenso cannico-pastoral.SoPaulo:Loyola,1987.

    MLLER,I.Direitos e deveres do Povo de Deus.Petrpolis:Vozes,2004.

  • Centro Universitrio Claretiano Anotaes