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Director: Jorge Seguro Sanches Director-adjunto: Silvino Gomes da Silva Internet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected] Nº 1247 - 29 Junho 2005 Em Oeiras para vencer EMANUEL MARTINS 14 JOSÉ LUÍS CARNEIRO 15 Entrevistas com Vieira da Silva e Ascenso Simões E AINDA... PUXAR POR SINTRA SUPLEMENTO www.puxarporsintra.com www.puxarporsintra.com

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Page 1: Director: Jorge Seguro Sanches Director-adjunto: Silvino ... · - Uma intervenção também preven-tiva e precoce junto das pessoas , apostando no reforço das suas qualificações

Director: Jorge Seguro Sanches Director-adjunto: Silvino Gomes da SilvaInternet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected]

Nº 1247 - 29 Junho 2005

Em Oeiraspara vencer

EMANUEL MARTINS

14

JOSÉ LUÍS CARNEIRO

15

Entrevistas comVieira da Silvae Ascenso Simões

E AINDA...

PUXAR POR SINTRA

SUPLEMENTO

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2 29 JUNHO 2005ABERTURA

GUILHERME D'OLIVEIRAMARTINS

ARRISCARMO-NOS A NÃO COMPREENDERAs primeiras reacções ao Orçamento Suplementar para 2005,designadamente das oposições, parecem revelar uma estranhaincompreensão do que está realmente em causa na vida portuguesa.Por um momento, parece que muita gente se esqueceu do estranhoOrçamento para 2005 apresentado pelo anterior governo. Onde estavaa sustentabilidade financeira? Como era possível baixar impostos? Comoera possível pagar com o fim dos benefícios fiscais em 2006desagravamentos tributários em 2005? Onde estavam as verbasnecessárias para fazer face às finalidades essenciais do Estado, comopagar aos funcionários públicos e solver compromissos do ServiçoNacional de Saúde e das caixas de pensões? Tal como aconteceu parao relatório sobre as Contas de 2001, a verdade é que também agoramuito poucos leram, com olhos de ver, o relatório para a situação de2005. Ora, se faltava dinheiro nas contas, como seria possível cumprircompromissos sem pôr um mínimo de verdade no exercício, evitandoregressar à lógica dos cortes cegos? E lembremo-nos do que está noPrograma de Estabilidade e Crescimento. Aí está o pano de fundo e abase, à luz dos quais terá de ser lido o Orçamento Suplementar agoraapresentado. Daí a necessidade de abandonar o método dos comentáriosvagos de quem manifestamente não leu os documentos e agora selimita a considerações semelhantes às que faz um aluno cábula peranteuma matéria que obviamente não estudou.

Comece-se por esclarecer que as apreciações que a Comissão Europeiafez sobre o Programa de Estabilidade e Crescimento representam aconfirmação da correcção essencial deste documento. E se, relativamenteà despesa, houve muitos comentadores a chamarem à atenção para osreparos técnicos da Comissão, a verdade é que aquilo para que foichamada a atenção da administração financeira portuguesa tem a vercom algo de muito importante e óbvio: é que a consolidação orçamentala médio prazo obriga, desde já (e em 2005) a resultados palpáveis eefectivos na redução da despesa corrente primária. E o certo é que o PECe o Orçamento suplementar apontam no mesmo sentido correcto. Deveráhaver, por isso, já em 2005 resultados na redução da redução da despesacorrente primária. E há condições concretas para começar desde já nosentido dessa disciplina. Desenganem-se, pois, aqueles que julgam verum qualquer sinal de aumento da despesa corrente primária no novodocumento. Não se confunda a regularização do que não estavadevidamente previsto no Orçamento para 2005 com um qualquer sinal demenor disciplina financeira. E aí deverá caber um papel acrescido decontrolo e acompanhamento à Assembleia da República e ao Tribunal deContas, que deverão funcionar como aliados do Governo no esforçonacional e patriótico de consolidação das finanças públicas.

Há incógnitas por responder? Há e diversas, com efeito. Iremos ou nãoter um novo choque petrolífero, como muitos analistas referiram na últimasemana? Poderemos vir a atingir um preço do barril próximo do de 1979?E quanto ao combate à fraude e evasão fiscais, bem como à eficiênciatributária, será possível atingir os desejados 500 milhões de euros já em2005? E quanto ao regresso dos capitais e à criação de incentivos comesse fim? É certo que os efeitos neste ponto serão sempre limitados, emvirtude da disparidade de regimes fiscais na União Europeia. De qualquermodo, a entrada em vigor da nova directiva sobre a poupança no espaçoda União Europeia poderá facilitar as coisas. E as privatizações? Terá deser feito aqui um esforço especial, apesar de ter de haver mil cautelas,para salvaguardar o interesse público e o bem comum. Eis por que razãodeverá fazer-se uma leitura rigorosa do Orçamento suplementar para 2005.Não basta ler os números. É necessário ligar três níveis de acção: ocumprimento dos compromissos do PEC, a mobilização da Administraçãofiscal no sentido da melhoria da eficiência do combate à fraude e evasãofiscais e a articulação de instrumentos e instituições no sentido da maiortransparência e verdade orçamentais.

Acontece, porém, que este Orçamento suplementar só produzirá efeitospositivos se for colocado ao serviço dos objectivos e prioridades nacionaisda governação: crescimento económico, emprego e consolidação dasfinanças públicas. Daí ser essencial a ligação à economia real e à iniciativaempresarial. Mais do que de discursos ou de pequenas ideias precisamosde capacidade para correr riscos e para inovar. Precisamos de ir paranovos mercados – como os do centro e do leste da Europa. Precisamosde apostar na qualidade dos nossos bens e serviços. Precisamos dealianças internacionais que favoreçam a penetração junto de clientes aque normalmente não chegamos. Ora, nada disto se faz com teorias, mascom acção. Daí a importância das inovações tecnológicas, da formação,da qualificação e da relevância das formações escolares e profissionais. Equanto ao emprego? Teremos de ligar o crescimento e a riqueza à criaçãode empregos de qualidade – a começar nos jovens. Daí que tenhamosde dar mais atenção à demografia, à mobilidade e a novas formas deactividade para os trabalhadores com maior idade e experiência. Só apartir desta preocupação com a criação de riqueza poderemos pensar emter contas mais sãs e mais verdadeiras, mais equilibradas e mais coerentesnuma ligação plurianual à estabilização cíclica.

Se não tivermos presente o acaba de ser dito, arriscamo-nos a nadacompreender. E se tal acontecer, continuaremos a ter de voltar sempreà vaca fria, que o mesmo é dizer, teremos de voltar a concluir que aconsolidação orçamental continua por fazer…

30 de Junho – 20h00 – OuriqueApresentação de Candidatura Pedro do Carmo1 de Julho – Santo TirsoJantar de apresentação da candidatura de Castro Fernandes.1 de Julho – PenamacorJantar de apresentação da candidatura de Domingos Torrão.2 de Julho – SátãoApresentação Pública da Candidatura Autárquica doconcelho de Sátão, com a presença de José Junqueiro.2 de Julho – FundãoApresentação pública da candidatura de Conceição Martinscom a presença de Almeida Santos2 de Julho – FundãoApresentação da candidatura de Conceição Martins com apresença de Almeida Santos3 de Julho – EsposendeConvenção Autárquica para apresentação dos candidatosdo distrito de Braga, com a presença de Vitalino Canas5 de Julho – OeirasJantar de apresentação da candidatura de Emanuel Martins.Jantar na Escola Secundária de Miraflores – Av. Norton deMatos.7 de Julho – 20h00 – SetúbalClube Naval Setubalense – Apresentação da candidaturade Catarino Costa, com a presença de Jorge Coelho

7 de Julho – OuriqueApresentação da candidatura de Pedro Carmo com apresença de Carlos Zorrinho8 de Julho – 17h30 – MontijoApresentação pública da candidatura de Maria AméliaAntunes, com a presença de Jorge Coelho8 de Julho – 20h30 – Vila Franca de XiraPavilhão do Cevadeiro – Apresentação pública da candidaturade Maria da Luz Rosinha, com a presença de Jorge Coelho9 de Julho – 18h30 – AlbufeiraConvenção autárquica para apresentação de todos oscandidatos ao distrito de Faro9 de Julho – 17h30 – MoncorvoApresentação da candidatura de Aires Ferreira, com apresença de Jorge Coelho9 de Julho – 19h30 – MogadouroApresentação da candidatura de Francisco Pires, com apresença de Jorge Coelho9 de Julho – 17H00 – Figueira de Castelo RodrigoApresentação da candidatura de Carlos Panta com apresença de Jaime Silva10 de Julho – 14h30 – Vila RealBarragem de Vila Pouca de Aguiar – Convenção AutárquicaDistrital para apresentação dos candidatos do distrito, coma participação de Jorge Coelho

13 de Julho – LeiriaApresentação da Candidatura de Raul Castro.15 de Julho – Marinha GrandeApresentação da candidatura de João Paulo Pedroso coma presença de Augusto Santos Silva15 de Julho – CaminhaApresentação de candidatura de Amilcar Guedes Losa16 de Julho – 18H30 – AlbufeiraConvenção autárquica com a apresentação de candidatoscom a presença de Correia de Campos16 de Julho – 20H00 – Vila Nova de PoiaresApresentação da candidatuira de António Miguel com apresença de Rui Gonçalves17 de Julho –Vale de CambraApresentação de candidatos.24 de Julho – Fornos de AlgodresApresentação da candidatura de António Elvas da Rocha6 de Setembro – LouresApresentação da candidatura de Carlos Teixeira17 de Setembro – 15h00 – PortoPavilhão Rosa Mota – Convenção Nacional Autárquica,com a participação do secretário-geral, José Sócrates18 de Setembro – 13h00 – Caldas da RainhaAlmoço de apresentação da candidatura de AntónioGalamba, com a presença de Jorge CoelhoAAAA A

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329 JUNHO 2005

OPINIÃOVIEIRA DA SILVA

“O COMBATE AO DESEMPREGOTEM DE IR MAIS LONGE!”

O desemprego constitui hoje umapreocupação prioritária para osportugueses e o combate a esteflagelo social foi uma das promes-sas de campanha do PS. Qual aestratégia do governo para estaárea?A recuperação desta situação difícildepende fundamentalmente do investi-mento, das empresas e do crescimentoeconómico. São pois estes os objectivoscentrais da nossa política económica, epara os quais já apresentámos ou vamosapresentar um amplo conjunto demedidas, como o Programa de Investi-mentos Prioritários. Mas entendemos queo combate ao desemprego tem de ir maislonge, pelo que a nossa estratégiacompreende três outras frentes:- Uma acção preventiva junto das

empresas, em especial daquelas emdificuldades para responderem aosdesafios da globalização e à conjunturaeconómica desfavorável. Salvar o quepuder ser salvo, mas sem desperdiçarrecursos no que não se justificar.

- Uma intervenção também preven-tiva e precoce junto das pessoas,apostando no reforço das suasqualificações e na sustentabilidade esucesso no seio do mercado de traba-lho, designadamente através da for-mação dos jovens e dos empregados;

- E uma acção reparadora para aque-les que já se encontram na situação dedesemprego, apostando sobretudo nasmedidas de política que se tem reveladomais eficazes no apoio à sua inserçãoprofissional.

Quais as medidas que o Governo e,em particular o Ministério doTrabalho e da Solidariedade Social(MTSS), já tomou e irá tomar paraconcretizar essa estratégia?No plano da intervenção preventiva juntodas empresas o Governo criou e pôs em

funcionamento o Gabinete de Interven-ção Integrada para a ReestruturaçãoEmpresarial (AGiiRE), enquanto estruturade coordenação dos instrumentospúblicos de apoio às empresas que estãosob tutela de diversos ministérios.Compete a esta estrutura conceber assoluções à medida de cada caso,mobilizando de modo coerente e integradoesses instrumentos. É neste âmbito queirão funcionar os Núcleos de IntervençãoRápida e Personalizada e os Centros deEmprego Móvel, de forma a assegurar umaresposta pronta e próxima das políticasde emprego e de protecção social.Quanto à acção preventiva e precoce juntodas pessoas, estamos convencidos quea formação, inicial e contínua, éestratégica para o desenvolvimentosustentável do emprego, devido aosbaixos níveis de qualificação da nossapopulação. Temos de formar mais emelhor, formar mais dentro das empresase formar para novas competências,estimulando a inovação e o espíritoempreendedor. É neste sentido que aoferta do serviço público de emprego estáa ser reorientada. Refira-se também aaposta que fazemos nos estágiosprofissionais para as novas gerações,como forma de aproximar os jovens dasempresas. Já lançamos o programa decolocação em PME’s de 1.000 paralicenciados nas áreas da tecnologia einovação (INOV-JOVEM), e temos o com-promisso de até ao final da legislaturaproporcionar todos anualmente 25.000estágios.Estamos ainda fortemente empenhadosem reforçar a intervenção reparadora daspolíticas de emprego. Assumimos, porisso, o compromisso de, até final de2006, nenhum desempregado ficar maisde um mês à espera de começar a recebero subsídio a que tiver direito. Hoje o tempomédio de atribuição desse subsídio situa-se nos 44 dias. Apostamos também namobilização de todos os instrumentosdas políticas sociais e de emprego, emparticular nas medidas de estímulo àcriação do próprio emprego ou empresa,no desenvolvimento da economia social,no micro-crédito e no reforço dos apoiosà reconversão profissional.

O programa do Governo elege aqualificação dos nossos recursoshumanos como um dos seus eixosprioritários de intervenção, de-signadamente no âmbito do PlanoTecnológico. Dadas as competên-cias específicas do MTSS nestedomínio, que acções estão em cur-so para responder a essa prio-ridade?A estratégia do MTSS no domínio daqualificação assenta essencialmente norelançamento da aplicação de doiscompromissos nucleares do Acordo deConcertação Social de 2001, assinadopelo anterior Governo Socialista comtodos os parceiros sociais, masesquecidos pela maioria PSD/PP. Sãoestes a “cláusula de formação parajovens”, destinada a garantir que oemprego precoce de hoje não é factor daredução da empregabilidade no futuro; eo “mínimo anual de formação”, que visagarantir um reforço básico das condiçõesde empregabilidade de todos os quetrabalham em Portugal. É neste sentidoque em Setembro iremos efectuar comos parceiros socais uma avaliação doAcordo, bem como perspectivar osdesenvolvimentos futuros à luz danegociação do próximo QuadroComunitário de Apoio.

Outra grande área de actuação doMTSS no campo do emprego é a quese prende com as relações laboraise, em particular, com as questõesda revisão do Código do Trabalho.Quais as prioridades de actuaçãonesta área?A acção do Governo cumpre o prometidono programa eleitoral. Não revogámos oCódigo do Trabalho, mas estamos a traba-lhar para, em concertação com os parceirossociais, promover a sua reforma em duasetapas complementares. Em primeiro lugar,de forma mais urgente, tendo em vista des-bloquear a crise da contratação colectivainduzida pelo Código do Trabalho. Emsegundo lugar, revendo-o mais aprofun-dadamente, tendo por base as propostasdo PS apresentadas na Assembleia daRepública e ainda a avaliação que estamosa promover desse regime legal.

ENTREVISTA

CORAGEM, FRONTALIDADEE TRANSPARÊNCIA DEMOCRÁTICA!

O secretário-geral do PS assumiu frontal e firmementena Assembleia da República e perante os portugueses,que o Governo está encetar um programa dereestruturação e modernização da AdministraçãoPública, desse vasto e profundo conjunto de medidasentão enunciadas, discutimos na semana passada asalterações propostas ao Estatuto do pessoal dos serviçose organismos da administração central, regional e localdo Estado, enquanto primeiro passo para introduzir maistransparência, justiça, verdade e dignidade ao estatutodos dirigentes da Administração Pública.Esta proposta do Governo encerra em si e concretiza

eficazmente a filosofia da mudança protagonizada pelo Governo na área daorganização, da liderança e da responsabilidade.Todavia, há que recordá-lo, o anterior Governo do PSD e do CDS/PP muitopregaram nesta matéria, mas muito pouco fizeram. Em três anos de actividadegovernativa apenas três diplomas foram aprovados pela Assembleia daRepública sobre a então tão assumida promessa de tudo reformar em nomeda recuperação da capacidade competitiva do nosso país.Nesta matéria importa enquadrar que a proposta do Governo assume desdelogo três desígnios fundamentais que urge alterar em nome de outros tantosvalores democráticos:

a) TRANSPARÊNCIA: Esta proposta determina uma clarificação de quaisos cargos dirigentes cujo provimento se fará por escolha, apenas os dedirecção superior e aqueles em que se recorrerá a um procedimentoconcursal que, assenta em premissas de celeridade no recrutamentoaliados à garantia de transparência e independência da nomeação paraos de direcção intermédia;

b) ESTABILIDADE: Face à prática de nomeações em catadupa porgovernos de gestão, foi assumido em campanha eleitoral e mandatadoo PS pelo voto expresso da maioria dos portugueses para alterar tãoinqualificável comportamento, que bem pôs a nu algumas das falhas donosso regime legal nesta matéria. Esta realidade é alterada e o PS e o seuGoverno com coragem assumem esta imposição dos valoresdemocráticos e da mais sentida cidadania. Por outro lado, esta propostade Lei do Governo cumpre também a promessa de distinção dos cargosde direcção superior, entre aqueles que mantêm autonomia quanto àsmudanças eleitorais e os restantes, cujos dirigentes cessamautomaticamente funções pela mudança de Governo. Pretende-se comeste novo regime, reforçar as condições de estabilidade dasAdministrações Públicas e da eficiência do seu funcionamento,restringindo-se os cargos sujeitos a variações de natureza eleitoral. Nestesentido, os cargos de secretário-geral ficam exclusivamente reservadosa funcionários públicos, em razão das particulares responsabilidadesatribuídas a essas funções.

c) QUALIDADE DA GESTÃO: Prevê-se agora, que os diplomas orgânicosou estatutários dos serviços e organismos cujas atribuições tenhamnatureza predominantemente técnica adoptem particular exigência nadefinição da área de recrutamento dos respectivos dirigentes, tendo emvista a sua autonomia face às mudanças eleitorais. Neste sentido,limitam-se os casos em que, no decurso da comissão de serviço, estapode ser dada como finda, consagrando uma maior objectivação dascausas de tal hipótese poder vir a ocorrer e impondo que o respectivodirigente seja previamente ouvido. Face a estas medidas de qualificaçãodas condições de desempenho e de qualificação e responsabilizaçãoda gestão pública, acresce que é introduzida uma medida fundamental,reclamada, aliás, por todos os sectores da sociedade e constante doPrograma de Governo. É a chamada Carta de Missão, documento queconstituirá a base de avaliação regular do desempenho do própriodirigente, sendo que o seu incumprimento determinará a não renovaçãoda comissão de serviço ou mesmo, a respectiva cessação antecipada eque pode, igualmente ser tida como um factor determinante de poupançana Administração Pública.

Esta medida legislativa, encerra em si um simbolismo muito significativopara nós e para todos os portugueses. Estas medidas são o cumprimentodo prometido e a execução rigorosa do Programa de Governo sufragado a20 de Fevereiro deste ano, são o melhor exemplo de transparência, corageme vontade de reformar o Estado e as suas administrações, de forma frontal eaberta e em dialogo com todos os que queiram melhorar as soluçõesencontradas sem desvirtuar a filosofia de aprofundamento da transparênciademocrática na Administração Pública.

ANTÓNIO GAMEIRO

Em três anos de actividade governativa [PSD] apenastrês diplomas foram aprovados pela Assembleia daRepública sobre a então tão assumida promessa de

tudo reformar em nome da recuperação dacapacidade competitiva do nosso paísJosé António Vieira da

Silva tem nas suasmãos uma das tarefasmais emblemáticaspara os socialistasportugueses.O combate aodesemprego muitomais que umademonstraçãoestatística é um factordeterminante naqualidade de vida dosportuguesesassumindo para ossocialistas umautêntico desígniona acção política.

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4 29 JUNHO 2005

OPINIÃO

ACTUALIDADE

ALTERADA A TAXA DO IVAO Governo viu aprovada asubida da taxa do IVA. Para oministro das Finanças apreocupação é combater adeterioração financeira daSegurança Social e da CaixaGeral de Aposentações.

indispensáveis para que se possa desdejá começar a arrumar a casa, a maiorcontribuição, como reconhece o minis-tro das Finanças, provém do esforço queo Governo conseguir empreender nosentido da consolidação da redução dadespesa corrente primária. Recorde-seque as receitas correntes aumentaram1,9 por cento do PIB, enquanto aquelasdespesas caem 2,5 por cento do PIB.Para Campos e Cunha, existe umasubstancial diferença entre este e o anteriorGoverno: “Nós temos um pacote demedidas para quatro anos que atacam oproblema das contas públicas de frente ecom coragem, e que ao contrário dosnossos antecessores, não pretendemmascarar o problema que temos entremãos”.Ao invés, os governos de direita lideradospor Durão Barroso e Santana Lopesacharam por bem recorrer ao expedientedas receitas extraordinárias, medida quena opinião do ministro das Finanças“nada soluciona, e que bem pelocontrário se limita a empurrar osproblemas para o futuro”.Para Campos e Cunha, a melhor maneirade proteger os estratos populacionaismais débeis do ponto de vista econó-mico, é haver um Estado social fortecujas políticas e os meios ao seu alcancesejam sustentados. Só deste modo,defende, será possível perspectivar amédio e longo prazo políticas de caráctersocial sérias e competitivas.Quanto à crítica também ouvida de quea subida da taxa do IVA vai prejudicar acompetitividade das empresas nacio-nais, Campos e Cunha discorda, lem-brando que as empresas portuguesasquando exportam o fazem sem estaremsujeitas ao pagamento do IVA.

RUI SOLANO DE ALMEIDA

políticos se apresentaram ao eleitorado.Como referiu Campos e Cunha, trata-seagora de ajudar ao equilíbrio das contaspúblicas e salvaguardar os compromis-sos que o país tem assumido no quadroda União Económica e Monetária.A subida na taxa do IVA fica, depois deaprovada pela maioria, em 21 por centono Continente passando de 13 para 15por cento nas Regiões Autónomas.

As razões de um aumento

Durante a apresentação das alterações docódigo do IVA, Luís Campos e Cunharecordou aos deputados que o actualGoverno, como qualquer outro que queiraser sério e responsável, não aumentaimpostos por birra ou por má disposição.Lembrou contudo que perante o quadromacroeconómico e financeiro que oactual Governo herdou, seria irrealistaque não houvesse uma atitude sériaperante o panorama das finançaspúblicas com que o país se defronta.Para o ministro responsável pela pastadas Finanças, não é realista no horizontedesta legislatura pensar-se que se poderáreduzir o défice público sem umaumento das receitas fiscais. Lembrou,aliás, que no Programa de Estabilidade eCrescimento, a que o país se vinculou,estão previstas subidas do peso dasreceitas fiscais e das contribuiçõessociais de 37,5 por cento para 39,7 porcento do PIB entre este o presente ano e2009. Mas nem tudo, como fez questãode lembrar, na nova carga fiscal represen-ta um aumento directo de impostos. Maisde um terço do volume destas subidasdas receitas fiscais provêm do fim debenefícios injustificados ou da lutacontra a fraude e evasão ficais.Mas se estes ajustes constituem medidas

MULHERES SOCIALISTAS

COMISSÃO TÉCNICA ELEITORALATRIBUI VITÓRIA A SÓNIA FERTUZINHOSSegundo os dados homologados pelaComissão Técnica Eleitoral, SóniaFertuzinhos foi reeleita presidente dasMulheres Socialistas. A lista B,encabeçada pela camarada MariaManuela Augusto, recorreu dadecisão, impugnando os resultadospara a Comissão Nacional de

Jurisdição do PS.Em comunicado, a Comissão TécnicaEleitoral declara que a lista A, de SóniaFertuzinhos, venceu as eleições, quedecorreram nos dias 3 e 4 de Junho,com 50,4 por cento dos votos, contra49,6 por cento da lista B, liderada porMaria Manuela Augusto.

O comunicado precisa que a lista Aganhou nas federações de Beja, Braga,Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria,Portalegre, Santarém, Setúbal, Madeirae Benelux, enquanto a lista B venceuem Aveiro, Castelo Branco, FAUL, Porto,Viana do Castelo, Vila Real, Viseu,Açores e França.

O Parlamento aprovou o aumento da taxado IVA de 19 para 21 por cento. A medidavai entrar em vigor já no próximo dia 1de Julho de 2005.Com a aprovação desta medida, quesegundo o Governo visa reduzir o déficeorçamental, ou se se quiser, “limitar ocrescimento do défice público portu-guês,” como vem repetindo Campos eCunha desde há alguns meses, oExecutivo espera arrecadar perto de 400milhões de euros ainda este ano e cercade 500 milhões em 2006.Estes dois pontos percentuais da taxado IVA ficam, como estava determinadona proposta do Governo, consignadosao financiamento da Segurança Sociale à Caixa Geral de Aposentações até 31de Dezembro de 2009.O ministro das Finanças repetiu durante adiscussão e aprovação desta lei no Parla-mento, no passado dia 16 de Junho, quea medida ficará em vigor, como referiu,“pelo menos até ao final da actual legisla-tura”, em 2009, cabendo ao próximoGoverno continuar ou não com a medida.Os partidos da oposição votaram una-nimemente contra esta nova subida doIVA, três anos depois, recorde-se, de PSDe CDS-PP terem viabilizado a subidadesta mesma taxa de 17 para 19 porcento. Os partidos da direita co-respon-sáveis pelo anterior Executivo e autoresde uma subida do IVA em dois pontospercentuais, exactamente a mesma queagora se regista, e ao invés do quesustentaram anteriormente, vêm agoracatalogar a nova lei de “anti-social”.Para o PS, que na altura, tal como agorao fez toda a oposição, também votoucontra a subida do IVA, as razões quehoje estão subjacentes à nova mexidano código do IVA são substancialmentediferentes das então adiantadas peloGoverno de Durão Barroso.Hoje, como por repetidas vezes tem vindoa lembrar o primeiro-ministro, JoséSócrates, o défice público não é dequatro ou cinco por cento, como inicial-mente se previa, mas de quase sete pon-tos percentuais, cenário que altera porcompleto um conjunto de promessascom que o PS e os seus responsáveis

NOVOS DESAFIOSPARA A EUROPA

Nos passados dias 16 e 17, em Bruxelas, no ConselhoEuropeu dois assuntos importantes integravam a Ordemde Trabalhos da Reunião: a questão do TratadoConstitucional e as Perspectivas Financeiras para aUnião no período 2007-2013.Quer na questão do Tratado Constitucional, quer na dasPerspectivas Financeiras 2007-2013, a posição dePortugal foi então claramente exprimida. No que respeitaao tratado a sua evolução dependeria da reflexãoconjunta que viesse a ser feita pelos 25 Estados-Membros da União e do diálogo subsequente que seestabelecesse sobre a matéria. No que tange àsperspectivas financeiras o acordo dependeriafundamentalmente, como se verificou, da disponibilidade para asnecessárias cedências por parte da Grã-Bretanha no que toca ao seufamigerado cheque e por parte da França e dos Países da PAC no que tocaao respectivo envelope financeiro.O Governo português partiu para esta reunião ao mais alto nível e com umaforte determinação do primeiro-ministro em obter um envelope financeirobom, para o período de 2007-2013, apesar do difícil contexto financeiroatenta a diminuição das receitas provocada por um lado pelo alargamento,por outro de posições de recuo de contribuintes líquidos, nomeadamenteda Alemanha. Foi notório que o Governo português fez e bem o seu trabalho:apresentou à União o seu Programa de Estabilidade e Crescimento, elaboroue apresentou as suas propostas à presidência luxemburguesa, negocioudura e aturadamente, pôs a funcionar a diplomacia e realizou reuniõesparcelares com outros chefes de Governos. O caso português, finalmente,foi compreendido e depois de uma previsão inicial de redução do envelopefinanceiro em cerca de 35 por cento relativamente ao III QCA, o GovernoPortuguês logrou obter acordo sobre o envelope financeiro total para Portugalde 21.308 milhões de euros, representando uma redução de apenas 15 porcento, o que era manifestamente bom atentas as novas circunstâncias e ofacto de, em Portugal, haver já regiões fora do objectivo 1. da convergência.A verdade é que e apesar de tanto empenho, infelizmente para Portugal epara os europeus, não houve acordo. Resulta claro que a crise se instaloue ainda é cedo para se alcançar a sua dimensão.Esta crise, porém, ao contrário daquilo que alguns pretendem não é o fimda União, nem o será. A construção europeia, numa lógica politicapluripartidária, democrática, social, em liberdade e em paz será sempre umprocesso difícil, que dependerá muito da acção dos responsáveis políticose, naturalmente, dos cidadãos. Já houve outras crises que foram superadase esta também o será, porque também essa é a necessidade dos europeus.A necessidade de uma Europa política e economicamente forte, pararesponder aos novos desafios e socialmente coesa para dar bem-estar efelicidade aos seus cidadãos.De resto, sublinhe-se, o PS é genéticamente europeísta e este é um dosgrandes legados de Mário Soares ao qual estamos vinculados e pelo qualnos bateremos, porque esse é o interesse de Portugal e essa é uma daslições da nossa história.A construção europeia é um desígnio e um objectivo para Portugal e noqual o Partido Socialista continuará profundamente empenhado, sem tibieza,sem calculismos tácticos ou circunstanciais. Apesar do “não” nos referendosda França e da Holanda, que, no Conselho Europeu, prudentementeaconselhou os líderes dos 25 da União a um adiamento, não deixaremos deconsiderar que o Tratado Constitucional a referendar dá resposta, no essencial,à nova realidade do alargamento, à necessidade de uma Europa politica eeconomicamente mais forte e socialmente coesa e avançada. Por isso,estamos seguros de que o fracasso do Conselho Europeu de Bruxelas parao qual, de resto, Portugal em nada contribuiu, servirá como já anunciouJosé Sócrates, para reflectir, alargar e aprofundar o debate, eventualmentecorrigir metodologias e “melhorar o que está mal”, como afirmou o nossoprimeiro-ministro. Poderá e deverá servir também para definir a Europa,saber-se o que se quer dela e, finalmente, apontar-lhe um rumo seguro.Nos próximos seis meses, vamos ter a presidência britânica da União e oTrabalhista e primeiro-ministro Tony Blair a Presidir ao Conselho da União.São grandes as esperanças numa acção decisiva que desbloqueie o TratadoConstitucional e as Perspectivas Financeiras para 2007-2013. Tony Blairacaba de se confessar “defensor e apaixonado da causa europeia” e de darsinais de que irá mobilizar os responsáveis políticos dos 25 para superaresta crise e encontrar o rumo certo para a Europa.O fracasso da União seria péssimo para a Europa e desastroso para Portugal.Por isso, os socialistas devem estar sempre disponíveis para travar este combatepor uma União Europeia política, económica e socialmente coesa e forte.

ARMANDOFRANÇA

A construção europeia, numa lógica politicapluripartidária, democrática, social, em liberdade e empaz será sempre um processo difícil, que dependerámuito da acção dos responsáveis políticos e,naturalmente, dos cidadãos.

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529 JUNHO 2005

PROTEGER OS CIDADÃOS, ACAUTELAROS SEUS BENS E SALVAR A FLORESTA

ENTREVISTA

O ministro da AdministraçãoInterna delegou-lhe funções emmatéria da Protecção Civil e dosBombeiros. Em que situaçãoencontrou estas áreas?Quando chegámos ao Ministério umadas primeiras preocupações foi saber oque estava feito e preparado para ocombate aos fogos florestais, sabendonós que os últimos anos foramdramáticos para o País e que tal situaçãotinha de ser enfrentada com rigor,profissionalismo e sentido de Estado.Nessa medida promoveram-se reuniõesentre os diferentes ministérios que estãoenvolvidos por força das suascompetências no combate a este flageloque mobiliza, todos os anos, a opiniãopública. Assim além do Ministério daAdministração Interna estiveramenvolvidos os Ministérios da Defesa, daAgricultura, Desenvolvimento Rural eFlorestas e o do Ambiente, Ordenamentodo Território e Desenvolvimento Regionalna definição de uma orientação políticapara preparação da época dos incêndiosflorestais.A necessidade de uma política deintegração ao nível das acções deprevenção e de combate levou a umtrabalho conjunto da Secretaria de Estadoda Administração Interna com aSecretaria de Estado do DesenvolvimentoRural e Florestas.Da primeira avaliação que fizemos dasituação verificámos que havia um déficeclaro no comando das operações epareceu-nos necessário actuargarantindo que passasse a existir umcomando único. Nessa medida oGoverno, através de uma resolução doConselho de Ministros, tomou a decisãode criar uma Autoridade Nacional paraos Incêndios Florestais com acapacidade de planeamento e decoordenação de acções que permitissema integração de todos os agentes nasoperações de vigilância, aviso, detecção,alerta, combate e rescaldo aos incêndiosflorestais. Garantiu-se, assim, umaliderança e comando eficaz e integrado.Nesta perspectiva e perante a situaçãoclimática excepcional que vivemos esteano o Governo decidiu antecipar achamada época de incêndios florestaispara o dia 15 de Maio e com esta medidacolocaram-se no terreno as condições

necessárias para o ataque aos fogos emsituação nascente, através daconstituição dos GPI, grupos de primeiraintervenção. Promoveu-se e reforçou-sea componente de vigilância na floresta,cancelou-se a medida do Governoanterior que previa a tributação em sedede IRS das compensações auferidaspelos bombeiros no âmbito da suamissão de combate aos fogos florestais,foi desbloqueado o dinheiro para opagamento de despesas assumidas coma reposição de equipamentosdanificados na época de 2004 e com opagamento dos combustíveis referentesao mesmo ano. Portanto o Governo, semquestionar o trabalho que anteriormenteestava feito, avançou com as medidasnecessárias para se enfrentar, comeficácia, este flagelo. Estas são as medidas com que oGoverno pensa resolver o problemados incêndios florestais?Em três meses tomámos todas estasmedidas. A urgência da situação assimnos obrigava. Mas é importante terpresente que a criação da AutoridadeNacional para os Incêndios Florestaistem como responsabilidade primeira aapresentação, até ao próximo dia 31 deOutubro, de um relatório final deactividade em que se reportem asprincipais dificuldades no decurso dasua missão, os estrangulamentos edebilidades bem como as oportunidadesque decorram da intervenção dasdiferentes entidades envolvidas. Nesterelatório deverá ser feita uma avaliaçãorigorosa e apresentadas recomendaçõespara o futuro. A problemática dosincêndios florestais é inter-sectorial e porisso as políticas a seguir devem ser, emprimeiro lugar, as que se prendem coma gestão do território e com a prevenção.A este propósito é importante a acçãodo Ministro da Agricultura que acaba deter uma vitória no último ConselhoEuropeu. Os recursos acrescidos comque Portugal passará a contar recolocama questão da floresta na ordem do dia. No combate aos incêndiosflorestais existe sempre umaquestão recorrente que se prendecom os meios aéreos?É verdade. As pessoas têm a convicção

que os fogos se apagam com os meiosaéreos. Em rigor estes meios sãocomplementares. Os incêndios apagam-se quando estão no início e, portanto, ofundamental é a necessidade de umadetecção atempada e eficaz que permitauma intervenção rápida das equipas desapadores ou de bombeiros. Portugal éum país com parcos recursos e nessamedida não se pode dar ao luxo deesbanjar meios, por isso temos de sermuito rigorosos, a situação de seca quevivemos obrigou-nos a repensar osmeios aéreos que podíamos usar.Inicialmente estavam previstos aviõesque não conseguiriam realizar o seureabastecimento porque o nível das águasdas albufeiras o não permite. Mesmoassim podemos afirmar que os meiosaéreos disponíveis, este ano, são muitosuperiores aos de anos anteriores e sãoos adequados ao tempo de seca quevivemos.O problema dos meios adstritos aocombate aos fogos florestais não tem aver, unicamente, com meios aéreos. Hátambém o problema das comunicaçõesque é muito importante para as acçõesno teatro de operações e aí o Governo fezeste ano um investimento significativono sentido de equipar cerca de 1200viaturas integradas na força operacionalque vai combater os fogos florestais de2005 garantindo melhores condições deoperacionalidade. Também ao nível deviaturas há, este ano, pela primeira vezdesde 2001, um reforço substancial doorçamento para aquisição de auto-tanques e carros de intervenção florestal. Qual tem sido a reacção do sectorao plano do Governo?Temos feito reuniões, em todo o paíscom os Governadores Civis, osPresidentes de Câmara, os ComandantesOperacionais Distritais e com os

Comandantes dos Corpos de Bombeirospara se estabelecer um diálogo fluidoentre toda a estrutura de intervenção e oconhecimento claro dos responsáveispelos diferentes níveis de intervenção. Aestrutura de protecção civil e a relaçãohierárquica entre “comandamentos” sãofundamentais. Por isso devem serconhecidas para serem respeitadas. Sóassim se criam as condições para umaprofícua intervenção no terrenoobrigando-se cada um a assumir as suasresponsabilidades. E qual tem sido a reacção dospresentes?As reuniões têm decorrido de formamuito positiva, permitindo aosComandantes dos Corpos de Bombeiroscolocar as suas preocupações enecessidades, e garantir a todos osparticipantes no combate aos FogosFlorestais o conhecimento dosrespectivos Planos Nacional e Distritalprevistos para o combate deste ano.Quisemos que a informação sobre osmeios que vão estar disponíveis e sobreos planos de intervenção fossem doconhecimento das diferentes entidadesparticipantes das operações de combateaos fogos florestais, por isso foi feitauma reunião com as autoridadesdistritais e concelhias de protecçãocivil. Um esforço que pensamos ter umsaldo claramente positivo e potenciadorde um melhor entrosamento de toda aestrutura. E, em concreto, quais os meios queestão previstos para este ano?Como tenho vindo a referir houve umtrabalho muito importante feito emcolaboração com todos os serviços nosentido de se concertarem as soluçõese as acções.Nesta perspectiva e, tendo em atenção,

as condições climáticas adversas, foicriado o dispositivo constituído por 4.150homens (3626 em 2004) integrando osistema de combate, 49 meios aéreos(38 em 2004) constituídos por aviões ehelicópteros e ainda cerca de 1300veículos. Foi ainda valorizado sistema decomunicações em banda alta quepermitirá o uso autónomo de canais paracada TO. A tudo isto podem somar-se ascampanhas de sensibilização dapopulação para o risco de incêndios –outdoors junto das matas de maior risco,informação à Comunicação Social diáriada perigosidade de risco de incêndio, euma detecção composta por 264 postosde vigia fixos a somar aos meios devigilância móveis das autarquias, dasassociações e de empresas. Ovoluntariado jovem é uma das novidadesdesta campanha. Cabe referir que a formacomo foi recebido este projecto da SEJDlevará, necessariamente, o governo areforçar este programa em anos próximos. Perante todos estes dadospodemos confiar numa melhoriada situação este ano?Infelizmente a situação não depende sódos meios, nem da nossa vontade.Depende de vários factores que nos sãoexógenos e que não podemos controlar.No entanto o esforço que fizemos, amobilização e o empenhamento quesentimos em todos os que combatemos fogos florestais, poderão, certamente,contribuir para uma melhor intervenção.

Os nossos objectivos são – proteger oscidadãos, acautelar os seus bens e salvara floresta – por esta ordem.Precisamos da colaboração de todosporque a floresta, o nosso espaço rural,as pessoas que lá vivem, merecem o nossorespeito e o nosso empenhamento, e oPaís não pode continuar a perder umaimensa riqueza todos os anos.

Ascenso Simões é uma das caras novas doGoverno. Não é, todavia, um rostodesconhecido para todos os socialistas quedesde há muito o conhecem como um dosjovens quadros que Trás-os-Montes e o AltoDouro puseram ao serviço da política e doserviço público. A palavra ao secretário deEstado da Administração Interna que nosúltimos meses tem colocado todo o seu esforçoe dedicação à preparação do combate aosincêndios florestais em Portugal.

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6 29 JUNHO 2005ACTUALIDADE

DIA MUNDIAL DOS REFUGIADOS

GUTERRES APELA A NOVAABORDAGEM INTERNACIONAL

A melhoria das condições de vida dosrefugiados é a grande preocupação do alto--comissário das Nações Unidas para osRefugiados (ACNUR), António Guterres,que escolheu o tema da “coragem” paraassinalar o Dia Mundial do Refugiado (19de Junho) que passou no Uganda.Na mensagem que proferiu durante a suavisita a vários campos de refugiadoslocalizados a norte daquele país africano,Guterres apelou à comunidadeinternacional para que adopte umaabordagem diferente relativamente aoproblema dos requerentes de asilo,frisando que “os refugiados são vítimasdo terrorismo e não terroristas”.Durante a sua primeira missão desde quetomou posse no passado dia 15, o ACNURmanifestou evidente preocupação pelofacto das nações ricas estarem cada vezmais a confundir o problema dosrefugiados com a imigração e o terrorismo.Aproveitando a ocasião para saudar aatitude “exemplar” assumida pelo Uganda

face aos refugiados sudaneses, Guterresvincou igualmente que, “ainda que cadarefugiado tenha a sua própria história eviva o seu próprio drama, todos têm emcomum uma coragem excepcional”.“Infelizmente, porém, é cada vez maisdifícil falar de segurança no mundoactual. Os países em desenvolvimento,que figuram entre os que têm menos con-dições para o fazer, são os que acolhemum maior número de refugiados”, ex-plicou o ex-primeiro-ministro português.Numa crítica directa aos paísesindustrializados, que “continuam a erigirbarreiras que impõem controlos cada vezmais rigorosos em matéria de asilo”, oACNUR sublinhou: “Temos, mais do quenunca, o dever de velar por que aqueles eaquelas que precisam de protecçãointernacional” recebam a ajuda de quenecessitam.Também o secretário-geral da ONU, KofiAnnan, sublinhou no texto da sua men-sagem que “perante um futuro incerto,

estas pessoas têm de se armar de umacoragem extraordinária para sobreviver erefazer a sua vida destruída”.Para Annan, “o pessoal do ACNUR”, aoajudar os refugiados “em alguns doslugares mais difíceis e perigosos domundo”, dá igualmente mostras de“coragem, uma coragem indubitavel-mente inspirada pelas pessoas a quemprestam auxílio”.Presente em 115 países, com cerca deseis mil funcionários, o ACNUR vai tercomo “prioridade absoluta” proteger asmulheres e crianças que chegam aoscampos da organização “sem nada e comtraumas profundos”.Para Guterres, este ”é um elemento crucialda missão” do alto comissário, que naagenda dá especial atenção à situaçãoque se vive no Sudão, cuja guerra civilno Darfur foi a principal causadora doaumento do número de pessoas “sob acompetência” deste organismo dasNações Unidas.

ASSISTÊNCIA NADOENÇA NA PSP E GNR

A revelação da verdadeira situação dascontas públicas, após o relatório daComissão Constâncio, tem trazido para aribalta a multiplicação de regimes deprivilégio na administração pública, quanto a aposentações, regimes deassistência na doença e outros. Esta tomada de consciência deve servir parao Governo tomar medidas que seriam, em qualquer caso, justas, mas que setornaram também urgentes. É o caso dos subsistemas de saúde da PSP eGNR. que têm gerado e acumulado despesa bem além da dotação orçamental.No decorrer deste ano seria esperável uma despesa global superior a 130milhões de Euros, sendo que do ano de 2004 transitou uma dívida de 67milhões de Euros.Este problema não é apenas financeiro: sobrecarregados com o peso dasdívidas destes sistemas, PSP e GNR têm, ao longo dos anos, transferido parao pagamento destas dívidas verbas que deveriam ter sido aplicadas nos finspróprios da sua missão. A questão das dívidas do sistema de saúde tem,portanto, prejudicado a modernização e o desempenho da missão das forçasde segurança.Quais as razões para este descontrolo financeiro? Parte do problema vem domuito alargado universo de beneficiários familiares – bem mais alargado doque o universo correspondente na ADSE.Para cerca de 44 mil guardas polícias, há um total de 230 mil beneficiários dosistema. O total de beneficiários inclui ex-cônjuges, filhos maiores a cargosem limite de idade, e mesmo afins na linha recta (sogros) a cargo. Assim, eenquanto na ADSE os beneficiários familiares são cerca de 50% dos titulares,aqui essa percentagem é de 165%.Além do universo de beneficiários, temos também um regime especialmentefavorável de benefícios sem qualquer relação com as especificidades dafunção policial. Assim, por exemplo, para os aposentados, a comparticipaçãoem medicamentos é de 100%, e abrange todos os familiares (sem excepção)do aposentado. Igualmente sem justificação é o acesso gratuito aos postosclínicos da PSP e GNR por parte dos familiares dos guardas e dos polícias.Finalmente, muitas tabelas de comparticipação não incluem limites aosnúmero de actos comparticipáveis, pelo que se criam situações em que, paraa mesma pessoa, é necessário pagar por ano uma dúzia de limpezas dentárias!Este regime gera, naturalmente, uma despesa elevadíssima: se o Estado gastanum ano, por funcionário público, cerca de 1000 euros com a assistência nadoença, esse valor sobe para 2.200 euros no caso da PSP (sem incluir adespesa gerada pelos postos de saúde). Além disso, enquanto os funcionáriospúblicos contribuem com 1% do seu vencimento para o seu serviço desaúde, na GNR e PSP essa comparticipação não existe.Face a esta situação, o Governo apresentou um conjunto de propostas nosentido de tornar mais justo e mais económico o funcionamento do sistema– medidas que serão aplicadas, não só a estes subsistemas, mas também aoutros que existem na esfera pública, nomeadamente nas forças armadas e najustiça.No que diz respeito às principais propostas avançadas pelo Governo para osbeneficiários das forças de segurança prevê-se a equiparação global à ADSEnas condições de acesso à condição de beneficiário familiar e a exclusão dosque sejam beneficiários titulares de outro sistema de assistência.No atinente ao regime de benefícios, é proposta a equiparação ao regime daADSE na comparticipação em medicamentos; adopção das tabelas da ADSEquanto à comparticipação em actos médicos no regime livre (com osrespectivos limites de valor e limites de número de actos comparticipáveis);manutenção da autonomia de contratação de convenções com prestadoresprivados.Finalmente, introduz-se, para o pessoal no activo, uma quotização idêntica àque é paga pelos restantes servidores do Estado (1%). Para o apoio à funçãooperacional, continuarão a existir postos de saúde na GNR e PSP, mas a suautilização será restrita ao pessoal no activo, precisamente para limitar a suautilização às funções operacionais.Em síntese, a revisão da assistência na doença na PSP e na GNR, assumindoassume carácter premente dada a situação das contas públicas actuais, ésobretudo matéria de primacial importância com vista a maior equidadesocial entre todos os funcionários do Estado, por um lado, e a orientação dadespesa pública na forças de segurança para finalidades que efectivamentetêm a ver com a segurança dos cidadãos.,

No que diz respeito às principais propostasavançadas pelo Governo para osbeneficiários das forças de segurançaprevê-se a equiparação global à ADSE nosrequisitos de acesso à condição debeneficiário familiar e a exclusão dos quesejam beneficiários titulares de outrosistema de assistência.

FERNANDO ROCHAANDRADE

OPINIÃO

JOSÉ ALBERTO ALVES É O NOVO LÍDERDA FEDERAÇÃO DO PS/BENELUXA Federação do PS/Benelux, reunida emCongresso no passado dia 19 de Junho,em Bruxelas, confirmou a eleição de JoséAlberto Alves como seu presidente, aoaprovar por unanimidade a sua moção“Por um PS mais forte e representativo noBenelux”.O documento traça duas linhas essenciaisde actuação para o futuro trabalho daFederação: a promoção da cidadania eda participação nas comunidades dospaíses de acolhimento e em Portugal, nasvertentes económica, social, cultural,

política e cívica; a optimização do trabalhodas Secções e da Federação, através deformas organizativas mais ágeis e maisflexíveis.No discurso que proferiu no encerramentodos trabalhos do Congresso, quedecorreu num clima de grande unidade,o novo presidente da Federação elogioua acção de José Sócrates à frente doGoverno, sublinhando “a coragem doprimeiro-ministro para implementar emPortugal as reformas e as medidasnecessárias ao controlo das despesas

públicas e ao aumento das receitas fiscais,de modo a fazer com que Portugal cresçade novo a um ritmo superior ao dosnossos parceiros, alcançado assim o nívelde desenvolvimento tanto desejado”.No XI Congresso, os delegados eleitos dassecções de Bruxelas, Luxemburgo,Roterdão e Haia aprovaram ainda a moção“Reflectir, Dirigir e Agir”, apresentada pelocamarada Sérgio Ferreira Borges, da Secçãodo PS do Luxemburgo, com váriaspropostas de acções concretas destinadasa dinamizar as actividades da Federação.

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729 JUNHO 2005

JORNADAS PARLAMENTARES

REFORÇAR O PAPEL DE DEPUTADO

LÍDER DA BANCADA DO PSQUER CÍRCULOS UNINOMINAIS

Subordinadas ao tema “Desenvolvimento eSolidariedade entre Gerações”, o grupoparlamentar socialista, reunido no Algarve, foiunânime na defesa de uma permanentearticulação entre o Governo, o partido e o grupoparlamentar perspectivando, deste modo, umasustentada e mais adequada estratégia dedesenvolvimento para o país.

A primeira nota de relevo a retirar destasjornadas residiu no clima de grandeunidade vivido durante todos os tra-balhos pelo Grupo Parlamentar socialista,quer em relação ao apoio inequívocodemonstrado ao actual Governo lideradopor José Sócrates, quer em relação aoentusiasmo que os participantes derammostras no que respeita às políticasdinamizadas pelo Executivo e entretantojá anunciadas ao país.Desenvolvimento, solidariedade entregerações, crescimento, competitividadee produtividade, foram os temas centraisdos dois dias de trabalhos destasjornadas parlamentares.Para o líder parlamentar, Alberto Martins,áreas como as finanças públicas e apolítica económica, não deixando deconstituir temas da maior importânciapara o futuro do país, e por isso mesmoa mereceram especial atenção por partedo Governo e dos seus responsáveis, nãopodem nem devem perfazer, em suaopinião, o alfa e o omega dos objectivosque verdadeiramente devem mobilizar ossocialistas e o país em geral.Para o presidente do grupo parlamentar,estes assuntos não devem constituir umfim em si mesmo, mas instrumentosface a objectivos de maior alcance quepassam pelo crescimento, competitivi-dade e produtividade, o que pressupõe,como defendeu Alberto Martins, “aredução das desigualdades sociais e apromoção da qualidade de vida dosportugueses”.Depois de ter mostrado compreensãopelo facto de a principal inquietação quetem vindo a acompanhar a populaçãoter andado no último mês sobretudo àvolta do anúncio das medidasgovernamentais sobre a contenção dadespesa pública – um país que gasta6,83 por cento a mais do que daquiloque consegue arrecadar dificilmentepoderá satisfazer as suas obrigações,nomeadamente as de âmbito social –, olíder parlamentar socialista justificou queoutra atitude não poderia ter tido lugarpor parte do Governo do que encarar defrente e de forma célere este problema,uma vez que antes das eleiçõeslegislativas de Março “todos sabíamosque a situação do país não era fácil, maso que ninguém esperava encontrar eraum défice real tão elevado”. Havia pois,ainda na sua perspectiva, que tomarmedidas sérias, rápidas e capazes deperspectivar a sustentabilidade dasnossas finanças públicas no mais curtoprazo de tempo possível.Foi esse o caminho que o Governoliderado por José Sócrates quis percorrer

sem ter enveredado pela tortuosasolução, “como outros o fizeram”, de sesocorrerem de receitas extraordinárias oude expediente contabilísticos que, noimediato, “aparentam melhorar o saldodas contas públicas, mas que, a prazo,degradam a situação orçamental dopaís”.

O objectivo é odesenvolvimento

Para Alberto Martins, tanto para o Governoliderado por José Sócrates como para oGrupo Parlamentar do PS a recusa em serepetir o discurso da tanga, “que tantostranstornos trouxe à nossa economia eao quotidiano dos portugueses”, é umdado adquirido, “não só porque essaestratégia não resolveu os velhosproblemas como acrescentou novos aosjá existentes”. Por isso, a actual opçãopolítica é diametralmente oposta e passapela necessidade de assegurar níveisestáveis de investimento público,solução que permitirá absorver os fundosestruturais dirigindo os investimentospara áreas prioritárias como o conheci-mento, o desenvolvimento tecnológicoe a inovação.Para alcançar com sucesso aquelesobjectivos, torna-se necessário contarcom o esforço de todos, nomeadamentepor parte das administrações central,local e regional, funcionários públicos,dirigentes, gestores e titulares de cargospolíticos, assim como, “necessaria-mente de forma equitativa”, com a cola-boração activa de todos os portugueses.Perante o cenário do estado das contaspúblicas, tornadas conhecidas com aapresentação do relatório Constâncio,onde se refere que o défice públiconacional se situa como o mais elevadoda zona euro, “seria inevitável empreen-der desde já um conjunto de mudançasestruturais, nomeadamente no sector dasegurança social, saúde, na adminis-tração pública e no sistema fiscal”.Para a direita estas correcções conse-guem-se através do recurso a mais e maisprivatizações, ou seja, “ao desmante-lamento do Estado Social”. Outro é ocaminho que um partido como o PSpreconiza. “Nós queremos preservar osserviços públicos, a qualidade e aces-sibilidade dos serviços públicos e aprotecção dos interesses gerais dacomunidade. Recusamos as concep-ções neoliberais cuja vertigem apontapara o ‘Estado mínimo/mercadomáximo’, cabendo a este o poderregulador da vida social”, referiu ainda olíder parlamentar socialista.

Nestes como em outros princípios aestratégia de progresso e desenvolvi-mento só terá sucesso, defendeu, “secontar com a participação activa de todasas estruturas do partido, o que implicauma adequada e constante articulaçãodo Governo, do partido e do grupoparlamentar”. Em democracia, lembrouainda o responsável pela bancada do PS,“os governos têm origem, como regra,em apoios partidários, ou seja, cabeaos seus membros estabelecerem comos militantes, uma ponte privilegiadacom a sociedade civil”.Para Alberto Martins, “vamos continuar aser, como sempre o fomos”, ou seja, umespaço solidário e crítico em que cadadeputado tem voz e não é uma peça deum rolo compressor das iniciativas daoposição”. Tudo isto se torna ainda maisclaro, lembrou, porque “assumimos asolidariedade como uma opção livre dequem quer partilhar responsabilidades”.

Sócrates justifica medidasdo Governo

O secretário-geral do Partido Socialista e

primeiro-ministro, discursando nostrabalhos das Jornadas Parlamentares,contestou as acusações de demagogia ede populismo, justificando que o seuGoverno, “por uma questão de morali-dade”, e uma vez que está a impor sacrifí-cios aos portugueses em geral, tinha quemexer obrigatoriamente nas subvençõesvitalícias dos titulares de cargos políticos.Para José Sócrates, estes privilégios queos deputados auferiam, desde quecontassem doze anos de funções, a partirdos 55 anos, “eram totalmente injustifi-cados”, razão pela qual, disse, nãodescortinar qualquer injustiça nasmedidas que o seu Governo agoraaprovou.“Seria possível conduzir uma políticaque tivesse por objectivo acabar comdeterminados privilégios da Administra-ção Pública, sem começar pelospolíticos?”, questionou José Sócrates.Voltando-se para o exterior, o líder doPS e primeiro-ministro sublinhou, apropósito das declarações da antigaministra das Finanças Manuel FerreiraLeite – que dias antes numa entrevistana RTP, acusou o Governo socialista de

“desonestidade política” e de fazer “umaencenação” com o défice das contaspúblicas –, “que a única desonestidadepolítica que vi até agora foi o anteriorGoverno saber que o défice era superiora 6,4 por cento do PIB, e não ter reveladoao país”.O primeiro-ministro criticou igualmenteo Orçamento de Estado para 2005, daresponsabilidade de Bagão Félix,instrumento financeiro que apontava paraum défice de três por cento do ProdutoInterno Bruto, quando na altura, referiuSócrates, já se sabia que pelo menosatingiria os referidos 6,4 por cento.Durante a sua intervenção o primeiro-ministro e líder do PS garantiu que nãose afastará da agenda que o seu Governotraçou, lembrando que muitas dasdificuldades porque passa o país,resultam da prestação de dois governosde coligação do PSD com o CDS-PP,que durante “três anos andaram a fingirque resolviam não resolvendo e queactuavam não actuando”. Para JoséSócrates, também os partidos à esquerdado PS têm pesadas responsabilidadespelo clima que se está a instaurar emPortugal. É inexplicável, disse, queestejam sempre disponíveis para acolhertodas e quaisquer reivindicaçõesprofissionais, sobretudo as que têmorigem no sector produtivo do Estado,defendendo a manutenção de todos osdireitos e privilégios adquiridos, de umaforma que o primeiro-ministro classificacomo sendo “uma atitude que se podecaracterizar pela mais absoluta ausênciade crítica ou sustentada numa análisede justiça”.As medidas que tomámos, acrescentouJosé Sócrates, tiveram por base “umcritério de justiça”, uma vez que não sepodia manter a disparidade entre osregimes de reforma púbico e privado eque, mesmo essa equiparação, foi feita,como disse, “com proporcionalidade, aolongo do tempo e não feita à bruta”. R.S.A.

Na próxima sessão legislativa o PS irápropor, no âmbito da revisão da lei eleitoral,a introdução de círculos uninominais. Aideia, segundo o líder parlamentarsocialista, é regular as incompatibilidadese limitar a rotatividade dos deputados.Segundo Alberto Martins, terminado opresente ciclo eleitoral, será a altura paraque se proceda a uma verdadeira reformado Parlamento, reforçando a dignificaçãoestatutária da função parlamentar, eencontrando os meios disponíveis para

que este órgão de soberania possa exercerde forma mais competente as suasfunções.Para este deputado socialista, a criaçãode círculos uninominais proporcionará aabertura de maiores consensos em tornoda aproximação entre eleitos e eleitores euma acrescida legitimidade e representa-tividade aos deputados criando simulta-neamente outros limites à actual rota-tividade que Alberto Martins considerou“excessiva”.

PARLAMENTO

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8 29 JUNHO 2005

OPINIÃO A SÉTIMA REVISÃO CONSTITUCIONALA realização de uma consulta directa em que os cidadãos se possam pronunciar sobre temas de alto relevorelacionados com a integração europeia tem sido reivindicada por vastos sectores da sociedade portuguesadesde há vários anos. Em 1998 houve mesmo uma tentativa de realização de um referendo por ocasião doTratado de Amesterdão, o qual foi inviabilizado pelo Tribunal Constitucional por falta de objectividade, clarezae precisão da pergunta.Com a aprovação do tratado que institui uma Constituição para a Europa, assinado em Roma em 2004, a questãovoltou a colocar-se com acrescida acuidade. Este tratado, embora fique aquém do que alguns pretenderiam noque toca ao aprofundamento da integração europeia, avança no sentido da simplificação do quadro jurídico-intitucional em que funciona a União, melhora os mecanismos democráticos (embora sem democratizartotalmente) e aperfeiçoa a vertente política da União. O tratado consiste num importante momento de consolidaçãoe aprofundamento dos adquiridos comunitários, sendo esta uma ocasião soberana para os cidadãos europeusdiscutirem e avaliarem o caminho que a União Europeia segue.Vários Estados decidiram promover a ratificação do tratado através do accionamento dos mecanismos parlamentaresnormais. Outros optaram pela realização de referendos. Só para citar alguns, Espanha, França, Holanda, Polónia,Luxemburgo, Dinamarca seguiram ou anunciaram que seguiriam este último procedimento. Portugal, quer pelavoz do Governo do PSD/CDS-PP, quer pela voz do Governo do PS, afirmou que realizaria um referendo antes daratificação do tratado. Apesar de em todos os quadrantes haver vozes cépticas sobre a possibilidade ou até anecessidade deste referendo, esta vontade de referendar é firme e tem sido reafirmada sem quaisquer hesitaçõespelo Partido Socialista.Por isso, quando o Tribunal Constitucional se pronunciou pela inconstitucionalidade da pergunta aprovada peloPS, PSD e CDS-PP na última legislatura, pergunta essa que incidia sobre três das principais inovaçõesinseridas do tratado que institui uma Constituição para a Europa, o PS logo afirmou que promoveria todas asdiligências para viabilizar o referendo. Designadamente, tomaria a iniciativa de uma revisão constitucional quepossibilitasse um referendo sobre o tratado globalmente considerado, ou sobre o acto de aprovação do tratado,algo que hoje não é consentido pelo texto constitucional.Neste ponto impõe-se um comentário à postura que outros partidos têm tido sobre a decisão do TribunalConstitucional. Designadamente o PSD tem sustentado que o sentido dessa decisão era inteiramente previsívele que só votou a pergunta que o TC chumbou porque o PS a isso o obrigou. Se isto for verdade, o PSD abriucertamente um precedente que nos fará ficar de pé-atrás em todas as votações futuras. Se o próprio PSDconfessa que votou favoravelmente a pergunta mas não acreditava nela, admite que votou com reserva mental.Ficamos a saber que o PSD vota em deliberações desta importância sem estar de acordo com elas. O sentidode voto do PSD não é, por isso, fiável.Pelo contrário, o PS vota naquilo que acredita. Votou na pergunta submetida ao Presidente da República e aoTribunal Constitucional porque entendia que ela se compaginava com a Constituição e com a lei. A posição doTribunal Constitucional surpreendeu pela sua rígida interpretação da Constituição e da lei e pelas suasconsequências. Na verdade, essa decisão deixava uma margem muito reduzida – ou nula - para se realizarqualquer referendo sobre questões versadas pelo tratado constitucional no actual quadro constitucional português.A única saída parecia ser uma revisão constitucional que permitisse um referendo sobre o tratado globalmenteconsiderado ou sobre o acto de aprovação desse tratado pela Assembleia da República.Foi com esta exclusiva intenção que apresentámos um projecto de revisão constitucional na Assembleia daRepública. Perante as veleidades do PSD de mais uma vez transformar o processo de revisão constitucionalnum álibi para se desviar dos verdadeiros problemas do País, anunciámos que o PS não estava disponívelpara mexer em outras normas constitucionais que não as referentes ao regime do referendo. Todos temosconsciência que estas normas são demasiado apertadas, pelo que propusemos a flexibilização de um dosaspectos mais incomportáveis desse regime: a proibição da simultaneidade da realização de certos referendoscom certas eleições.

Depois de ter anunciado que aproveitaria a revisão constitucional para debater váriostemas, o PSD decidiu recuar: apresentou um projecto que simplesmente visava a viabilizaçãode um referendo sobre o tratado constitucional em simultâneo com as próximas eleiçõesautárquicas. Em simultâneo. O PSD autorizou que membros do seu grupo parlamentarapresentassem uma excêntrica proposta de supressão da forma republicana de governo doelenco dos limites materiais de revisão constitucional previstos no art.º 288.º daConstituição.O recuo do PSD facilitou um consenso alargado sobre a questão essencial: a realização deum referendo sobre o tratado constitucional.Num primeiro momento, três partidos (PS, PSD e CDS-PP) entenderam-se sobre aintrodução de norma constitucional que possibilitava a realização no Outono de umreferendo tendo por objecto a aprovação pela Assembleia da República do tratado queinstitui uma Constituição para a Europa. Além disso, se esse tratado viesse a sofrermodificações, estas seriam também referendáveis. Embora já se tivesse realizado oreferendo francês, foi entendimento comum destes partidos que o processo de ratificaçãonão estava suspenso pelo que continuava a justificar-se a inserção da credencial constitucional para essereferendo.A situação evoluiria com o Conselho Europeu de 16 e 17 de Junho. Embora a posição portuguesa continuassea ser no sentido da ratificação do tratado que institui uma Constituição para a Europa, o Governo português quister um papel activo no desbloqueamento do impasse gerado pelos “nãos” francês e holandês, pelo que contribuiupara o consenso no sentido de se fazer uma pausa para discussão e reflexão.Por essa razão, o acordo obtido em Portugal pelo PS e por outros partidos deveria ser reformulado.Por um lado, já não fazia sentido manter uma norma constitucional que permitisse a realização deste concretoreferendo em simultâneo com as próximas eleições autárquicas. O referendo sobre a aprovação do tratadoconstitucional não se realizará nessa ocasião mas sim, previsivelmente, em 2006.Por outro lado, havia que ser cauteloso sobre o objecto do referendo. O estado da discussão no seio da Uniãodeixa aberta a hipótese de no final do processo não ser o actual tratado constitucional mas um outro a ser sujeitoa ratificação. Embora a posição de Portugal seja no sentido de concluir o processo de ratificação deste tratado,o nosso País não se encontra só no processo nem tem voz decisiva. É de admitir como hipótese mais ou menosremota (mas para alguns desejável) que este tratado seja corrigido em alguns dos seus aspectos ou seja atésubstituído por outro. Por isso, se queríamos garantir que a revisão constitucional é em qualquer caso útil nãodeveríamos amarrar a Constituição a este tratado. O texto que ficou, aprovado pelo PS, PSD, CDS-PP e BE, coma abstenção (!) do PCP e dos Verdes, permite a submissão a consulta referendária de qualquer tratado que visea construção e aprofundamento da união europeia, o que se traduz numa fórmula bem mais ampla do que ainicialmente adoptada.Alguns comentários à postura dos outros partidos neste processo.Primeiro, não se compreende o voto final do PCP, de abstenção. Não quer o PCP o referendo sobre o tratado?Porque é que se absteve? Incompreensível esta resistência do PCP a votar favoravelmente toda e qualquerrevisão constitucional, mesmo quando está manifestamente de acordo com o seu sentido e propósitos.Segundo, é de aplaudir a postura construtiva do CDS-PP no processo: sempre quis contribuir para uma solução,sempre mostrou que queria estar dentro da maioria que aprovasse a revisão, sempre mostrou flexibilidade negocial.Terceiro, surpreendeu a postura do PSD. Começou por querer rever tudo e mais alguma coisa. Terminou a recusarrever alguns dos aspectos mais recuados do regime constitucional do referendo, inviabilizando a facilitação dasua convocação. Pelo meio absteve-se na proposta de alguns dos deputados que integram o seu grupo parlamentarque retiravam a forma republicana da lista de limites materiais. No meio desta postura incoerente, onde está oPSD republicano e favorável à facilitação de referendos?

VITALINOCANAS

REVISÃO DA CONSTITUIÇÃO

PARLAMENTO APROVA REFERENDO À EUROPAO instituto do referendo emmatéria de tratados relativos àconstrução europeia foi aprovadopor mais de dois terços dosdeputados.

O Parlamento alterou pela sétima vez aConstituição da República desde a suaprimeira aprovação em 1976. Com esta novarevisão, o ordenamento constitucionalportuguês passa a ficar dotado com um novonormativo, o artigo 294-A, que permitirá orecurso a referendos sobre tratados relativosà construção europeia.Em votação final global, a proposta foi apro-vada com 13 abstenções e 180 votos favorá-veis, ou seja, mais do que os dois terçosnecessários para que a lei fosse aprovada.Segundo a redacção do novo artigo, abre-sea partir de agora a possibilidade de“convocação e de efectivação de referendosobre a aprovação de tratado que vise aconstrução e aprofundamento da UniãoEuropeia”.Coube a Vitalino Canas, vice-presidente dabancada socialista, a principal intervençãoem plenário sobre os trabalhos desta sétimarevisão da Lei Fundamental portuguesa.Depois de elogiar a rapidez e a eficácia comque os trabalhos decorreram, em apenas trêsreuniões, “incluindo a da tomada de posse”,Vitalino Canas reconheceu que muito domérito se deveu à diligência do presidenteda Comissão Eventual de RevisãoConstitucional (CERC) e ao espírito de queestavam imbuídos os deputados destacomissão eventual, uma vez que, recordou,

estava agendado para Outubro próximo arealização de um referendo sobre o tratadoconstitucional que deveria ter lugar emsimultâneo com as eleições autárquicas.Reconhecendo que o motivo principal daceleridade que se exigiu a estes trabalhos seprendia em larga escala com este últimoponto, que entretanto perdeu acuidade peloadiamento sine die da rectificação do TratadoConstitucional europeu, o deputado e vice-presidente da bancada socialista não deixoude reconhecer que a celeridade e a eficiênciademonstradas são em sim mesmas valoresque merecem ser elogiados em quaisquercircunstâncias.

Uma revisão cirúrgica

PS, PSD e CDS-PP aprovaram o que desdeo início as duas principais forças políticastinham estabelecido, ou seja, que a revisãoabrangeria unicamente a possibilidade dereferendos sobre tratados relativos àconstrução europeia.Daí a tese defendida por Vitalino Canas deque esta revisão deveria ser cirúrgica, umavez que, justificou, “há bem poucos mesesterminámos um processo que gerou a sextarevisão da Constituição”, pelo que, defendeu,abrir agora um novo processo, “só se poderiajustificar pela necessidade de fazer face acircunstâncias imprevisíveis e de resolveralgum problema específico urgente”.E foi, na opinião do deputado do PS, o que defacto se veio a verificar: “houve um problemaespecífico a ser resolvido e com urgência”.Vitalino Canas lembrou a propósito que uma

interpretação que considerou “muito rigorosa”do regime constitucional e legal do referendo,“levou o Tribunal Constitucional a inviabilizaruma iniciativa de referendo sobre questõesdecididas através do tratado que instituiuuma Constituição para a Europa”.De facto, como recordou na sua intervençãono Parlamento, a análise do acórdão 704/2004 permitiu concluir que restava umamargem de manobra praticamente nula paraa realização de um referendo que incidissesobre o tratado, ou sobre temas por eleversados, no actual quadro constitucional”.Esta a razão, esclareceu, “porque não restavaoutra alternativa que não abrir um novoprocesso que de alguma forma flexibilizasseo regime do referendo”.Estas as razões porque o Partido Socialista,disse Vitalino Canas, defendeu a necessidadede a revisão ser drasticamente circunscritaao regime do referendo, “rejeitandoliminarmente a hipótese suscitada por outrasforças políticas de aproveitar este processo

de revisão extraordinária para reponderar otratamento constitucional de uma miríade deoutros assuntos completamente dispares eestranhos aquele tema central”.É certo, lembrou, que essas forças políticas,nomeadamente o PSD, viriam a desistir dediscutir outros assuntos que não o do regimedo referendo. Tratou-se, como sublinhou, “deum esforço de aproximação às posições doPartido Socialista” o que facilitou de formadecisiva “a obtenção de um acordo que viriaa viabilizar, em tempo recorde, a revisãoconstitucional”.Criticando o PSD, partido sem o qual os doisterços necessários a qualquer revisão daConstituição não são possíveis, VitalinoCanas afirmou que os sociais-democratasevoluíram de uma posição de quererem tudo,“para uma posição de só quererem o mínimodos mínimos”.Ora, esta posição, “surpreendentementedefensiva numa área onde no passado aquelepartido assumiu orientações mais arrojadas”,

– a área do instituto do referendo –, inviabili-zou, segundo Vitalino Canas, “uma revisãomais profunda do regime constitucional desteinstituto”.É que, como referiu, apesar de cirúrgica, “estarevisão poderia e deveria ter ido mais alémna flexibilização de alguns aspectos doregime constitucional do referendo”.Contudo, como deixou claro, o objectivocentral do PS era criar uma inequívoca cre-dencial constitucional para a realização deum referendo sobre o Tratado Constitucionaleuropeu.Depois de o Tribunal Constitucional ter em2004 declarado não conforme com aConstituição uma pergunta sobre matéria queincidia no Tratado Constitucional europeu,(acórdão 704/2004), pergunta essa aprovadapor larga maioria dos partidos comrepresentação parlamentar, o PS via nestarevisão uma boa oportunidade para aprovaros mecanismo legais que vão permitir aopovo português referendar o TratadoConstitucional europeu.Mas como referiu Vitalino Canas, a revisãoconstitucional aprovada permite, “mas nãoobriga”, que os portugueses possam serchamados a prenunciar-se em referendo sobreum tratado de integração europeia, “desdeque a consulta popular seja previamenteaprovada no Parlamento”, deixando no ar,com isto, a ideia que poderá surgir umapossível futura pergunta”. “Concorda com aaprovação pela Assembleia da República dotratado que estabelece uma Constituição paraa Europa?”.

RUI SOLANO DE ALMEIDA

PARLAMENTO

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929 JUNHO 2005

LOUSADA

JORGE MAGALHÃES QUER CONTINUARA DESENVOLVER O CONCELHO

ALMEIDA

ORLINDO VICENTEAPOSTA NO TURISMO

Orlindo Vicente, professor do ensino secundário, é o candidato do PS pararetirar a presidência da Câmara Municipal de Almeida das mãos do PSD,com um programa centrado no desenvolvimento económico e social doconcelho, com base na área do turismo.Ao “Acção Socialista”, Orlando Vicente adianta que a aposta no turismovai passar, nomeadamente, “por acções de dinamização cultural de formacontinuada nas duas vilas do concelho: Almeida, que ‘queremos elevar apatrimónio da humanidade’, e Vilar Formoso, ‘onde vamos potenciar aactividade comercial, em especial a ligada à restauração’”.O abastecimento de água a todo o concelho, a melhoria das acessibilidades,a reabertura do picadeiro, a criação do Gabinete do Investidor, para atrairPME para o concelho, e a instalação de um Gabinete de Apoio ao Cidadãono edifício da Câmara, são outras das apostas do candidato socialista.Orlindo Vicente, que é actualmente vereador da Câmara de Almeida,desempenhou já funções de adjunto do governador civil da Guarda duranteos governos de António Guterres.

Jorge Magalhães, que se recandidata aoquinto mandato autárquico, prometeuprosseguir os investimentos no concelhode Lousada, no quadro de uma apostaque assenta em dois vectores: o ambientee o emprego.Falando no dia 18 na sessão deapresentação da sua candidatura à Câmarade Lousada, Jorge Magalhães referiu quena área do ambiente pretende requalificaro rio e a zona ribeirinha, bem como apostarna manutenção e preservação da floresta,como elemento fundamental para odesenvolvimento sustentável doconcelho.Quanto ao emprego, o candidatosocialista quer atrair empresas qualificadaspara o concelho e apostar na qualificaçãodos jovens, bem como apoiar osagregados familiares que perderamempregos.A juventude, os idosos, a educação, acultura e as novas tecnologias sãotambém prioridades de Jorge Magalhães.

Portugueses viverão melhordaqui a três anos

Presente na sessão pública de apresentçãoda candidatura de Jorge Magalhães, ocoordenador do PS para as Autarquias ,Jorge Coelho, afirmou que as medidas de

austeridade que o Governo está a tomarvão permitir “que Portugal e os portuguesesvivam melhor daqui a três anos”.“Aqueles para quem nós queremostrabalhar têm razões para confiar, paraacreditar e razões para apoiar as medidasque estão a ser tomadas pelo Governo doPS, porque são medidas justas, sãoverdadeiras, que vão pôr este país naordem, com mais solidariedade e maisrazões para acreditarmos no futuro. É issoque estamos a fazer”, referiu o dirigentesocialista.Na sua intervenção, Jorge Coelho foiparticularmente duro para a oposição,respondendo às críticas que do PSD e do

CDS-PP, que governaram o país nosúltimos três anos.Segundo o coordenador Autárquico doPS, “a demagogia e o populismo dealguns, nomeadamente do PSD, dopartido que governou Portugal nosúltimos três anos e meio, devia levá-los ater algum pudor, até pela situaçãodesastrosa em que deixaram Portugal, querno campo social quer no campoeconómico”.E considerou que “o prestígio das insti-tuições devia-os levar a estarem caladospelo menos durante o tempo em que osportugueses esquecessem a situaçãotrágica em que conduziram Portugal e queobriga hoje o PS, com rigor, comdeterminação e com coragem, a fazeraquilo que tem de ser feito indepen-dentemente de agora haver eleiçõesautárquicas e depois presidenciais”.Sublinhando que “primeiro está o país eos portugueses”, Jorge Coelho frisou que“o PS trabalha para pôr este país na ordem”.Acompanharam Jorge Coelho nestaapresentação autárquica em Lousada -onde o PS tem cinco mandatos e o PSDapenas os restantes dois - o líder daFederação do PS/Porto, Francisco Assis,e alguns deputados socialistas, numacerimónia em que estiveram presentescerca de 500 pessoas.

AUTÁRQUICAS 2005

SÓCRATES EM CASTELO BRANCO

ORÇAMENTO DE VERDADE E TRANSPARÊNCIAACABA COM “MONUMENTAL EMBUSTE”O Orçamento Rectificativo(OR) apresentado peloGoverno acaba com “um dosmais monumentaisembustes” que foi oOrçamento do Estado (OE)para 2005”, afirmou, no dia 26de Junho, o secretário-geraldo PS, José Sócrates, nojantar de apresentação darecandidatura de JoaquimMorão à Câmara de CasteloBranco.

centando que é também “um orçamentoque vai obrigar quem não paga impostos ater de os pagar como é seu dever”.José Sócrates afirmou que o PS está noGoverno para governar e que os portuguesesderam a maioria absoluta aos socialistaspara que “tudo não ficasse na mesma”.“É isso que estamos a fazer e, em primeirolugar, dissemos ao país a verdade sobre asituação das contas públicas”, disse,alertando que “se o Governo não tivessefeito nada e se tivesse assistido à divulgaçãode uma previsão de défice orçamental de6,83 por cento - o maior défice da União

Europeia, que envergonha qualquer país eque faz acender as luzes vermelhas dosmercados financeiros internacionais - aísim haveria recessão económica emPortugal, porque iriam subir as taxas dejuros”.E considerou que “isso seria o pior para asempresas e para o país”.Sócrates falou de seguida das medidas decombate ao défice, entre as quais as quelimitam as regalias concedidas aos titularesde cargos públicos, sublinhando que asdecisões foram tomadas “com equilíbrioe com justiça”.

Por isso, disse, “o Partido Socialista podeandar de cara levantada, porque tem umgoverno que está a fazer aquilo que deve ea honrar a confiança que os portuguesesdepositaram” nos socialistas.Em Castelo Branco, o secretário-geral doPS falou também do candidato socialistaà câmara local, o camarada JoaquimMorão, apresentando-o como “um dosmelhores presidentes de câmara do País”,que “tem uma obra que é um orgulho paratodos os socialistas”.

Continuar aposta nodesenvolvimento sustentável

Por sua vez, o actual presidente da Câmaraalbicastrense, depois de fazer um brevebalanço do muito que foi realizado aolongo dos últimos oito anos, desde osaneamento financeiro até à requalificaçãoda cidade, passando pelas acessibili-dades, cultura e habitação social,sublinhou que “Castelo Branco e toda asua região envolvente precisam decontinuar os caminhos da modernizaçãoe do progresso”, no quadro de uma“aposta num projecto de desenvolvimentodevidamente sustentado”.Numa intervenção virada para o futuro,Joaquim Morão afirmou que “CasteloBranco, apesar de todas as dificuldadesconjunturais, tem condições para vencer

Com o Orçamento Rectificativo, “osportugueses ficam a saber a verdade sobreas contas públicas e termina um dos maismonumentais embustes que foi oorçamento passado, feito apenas para acampanha eleitoral”, sublinhou.Perante cerca de 4000 militantes esimpatizantes socialistas, o líder do PSclassificou o OR como “um orçamento deverdade e de transparência”, realçandotambém que se trata de uma proposta queracionaliza a despesa e combate a fuga e aevasão fiscais.“É um orçamento que prefere dar despesaonde ela deve ser feita, na ciência, naeducação e na cultura, pois não desistimosde investir nestes domínios”, disse, acres-

e afirmar-se no contexto das cidadesmédias do país”.Por isso, frisou, “os albicastrenses nãodeixarão os seus créditos por mãosalheias” e “no dia em que forem chamadosa escolher, estarão presentes e saberãoencontrar quem melhores condições tempara servir a sua região, o seu concelho, asua cidade”.É que, adiantou, “nós conhecemos osproblemas, temos os projectos e as suassoluções, sabemos aceder aos meiosfinanceiros, reunimos todas as condiçõespara concretizar as obras, queremoscumprir os sonhos”.Salientando que “os albicastrenes queremgarantias e apostas seguras”, o candidatosocialista afirmou que, por isso, tem “acerteza que estão connosco, com o nossoprojecto de desenvolvimento”, já que,acrescentou, “o trabalho que temosdesenvolvido com muito empenho ededicação ao longo de todos estes anos,falam por nós”.Por isso, adiantou, “não sinto necessidadede fazer promessas”.Presidente da Câmara Municipal de CasteloBranco desde 1998, Joaquim Morão é umautarca com uma vasta experiência, quecomeçou em 1976 como vereador naCâmara de Idanha-a-Nova, tendoascendido à presidência deste municípioem 1982, cargo que ocupou até 1997.

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10 29 JUNHO 2005

A POLÍTICA CORRE-LHE NO SANGUEJoão Barroso Soares dispensa apresen-tações. Pertence à terceira geração deuma família que há décadas luta etrabalha pelo progresso, democracia ebem-estar dos portugueses.Tem 56 anos de idade tendo já desem-penhados as mais variadas funçõespolíticas em cargos tão diferentescomo deputado na Assembleia daRepública, no Parlamento Europeu,vereador e presidente da CâmaraMunicipal de Lisboa. Diz que desde quese lembra de si se vê como democratae socialista. Já foi editor de prestígio,mas é a actividade política que sobre siexerce maior fascínio. Servir e ser útilao país que o viu nascer é há muito oseu lema de vida. Homem de causas ede lutas, apresenta-se agora em Sintrapara mais um combate político do qualespera sair vencedor. Os muitos anosde trabalho dedicado à causa pública,ao país e ao Partido Socialista dão-lheo lastro suficiente para acreditar quemais e melhor poderá fazer peloconcelho de Sintra, onde agora se

apresenta como candidato do PS àautarquia.Foi deputado à Assembleia daRepública entre 1987 e 1989,renunciando ao mandato para assumiro cargo de vereador da edilidade deLisboa onde foi responsável pelospelouros da cultura (1990-1998);espaços verdes (1990-1994); e daconservação e obras diversas (1994-1995).Em 1995 é eleito para o ParlamentoEuropeu, cargo que exerceu até assumira Presidência da Câmara Municipal deLisboa, em substituição de JorgeSampaio entretanto chamado para aPresidência da República.É reeleito presidente da CâmaraMunicipal de Lisboa em Dezembro de1997, tarefa que exerceu até 2002.Entre 1998 e 2002 acumula as funçõesde responsável pela Câmara da capitalcom a de presidente da JuntaMetropolitana de Lisboa e de membrodo Conselho de Estado.Militante e dirigente nacional do Partido

Socialista tendo já sido membro daComissão Nacional e da ComissãoPolítica, função que exerceu entre 1987e 1991. Do seu historial faz ainda parteter sido membro do SecretariadoNacional em 1991 e secretáriocoordenador da Federação da ÁreaUrbana de Lisboa (FAUL) entre 1992 e1994.A nível parlamentar desempenhoudiversas responsabilidades. Foimembro da Comissão Parlamentar deDefesa Nacional, vice-presidente darepresentação portuguesa naAssembleia da Organização para aSegurança e Cooperação na Europa(OSCE) e coordenador do GrupoParlamentar do Partido Socialista para aárea dos Oceanos.É actualmente deputado pelo círculoeleitoral de Lisboa à Assembleia daRepública, e pertence à Comissão deDefesa Nacional. É o candidato doPartido Socialista à presidência daCâmara Municipal de Sintra naspróximas eleições autárquicas deOutubro de 2005. R.S.A.

SOARES E COELHO PUXAM POR

JOÃO SOARES CANDIDATO A SINTRA

INVESTIR CAPITAL DE EXPERIÊNCIA EM TERRITÓRIO D

A candidatura socialista à presidência daCâmara de Sintra conta com um nome dereferência política nacional comoprotagonista. João Soares é a aposta fortena qualidade e na experiência no exercíciodo poder local para a reconquista de umconcelho que, apesar da sua inegávelimportância no mapa autárquicoportuguês, sofre já e visivelmente asconsequências de uma gestão ineficiente,minada pelo incumprimento das principaispromessas eleitorais, que ora agrava osproblemas existentes, ora cria novosestrangulamentos.É no jornal de campanha do PS – “Puxarpor Sintra” – que o candidato socialistaavança as razões e as ambições que olevaram a aceitar este desafio, denunciandoigualmente a incompetência e os danosque a gestão da “estranha coligação” entreo PSD, o PP e a CDU tem evidenciado numúnico mandato.Assim, na primeira edição destapublicação, ao mesmo tempo que JoãoSoares se afirma disponível para “pôr aexperiência adquirida ao serviço daresolução dos complexos problemas que

a população do concelho enfrenta”, JorgeCoelho, candidato socialista à presidênciada Assembleia Municipal, manifesta-seempenhado em contribuir com dedicaçãoe trabalho na transformação de Sintra nummunicípio do século XXI.Ambos os candidatos subscrevem críticasdirectas e certeiras à “enorme e inexplicávelinércia que marcou estes últimos quatroanos em Sintra”, para de seguida sublinharcomo uma das medidas urgentes do futuroexecutivo socialista, a revisão do PDM –

João Soares está pronto para investir oseu “capital de experiência” no exercíciodo poder local em benefício daspopulações de Sintra, da resolução dosseus problemas e da melhoria da suaqualidade de vida.O candidato quer deixar a marcasocialista da qualidade na gestãoautárquica de Sintra e para isso propõe-se apostar na formação e educação daspessoas, na cultura, na saúde e nodesporto, na preservação do patrimónioambiental e arquitectónico e namodernização da AdministraçãoPública, desburocratizando, simplifican-do, agilizando, eliminando a corrupçãoe chamando os cidadãos à participação.E porque a vitória eleitoral do PS nosegundo maior concelho do país emtermos demográficos é também “a vitóriade um projecto municipal de desenvolvi-mento sustentado”, Soares não hesitaem manifestar-se confiante na opçãoque os munícipes farão em Outubropróximo, até porque, frisou, “já estamosa merecer” e a gestão camarária dacoligação PSD-PP-CDU deixa umapesada herança de “incapacidade”.“Os munícipes do concelho de Sintravão ter de escolher entre o show-offmediático, o comentário televisivo, ocansaço de quem não sonhou e nãosonha com as responsabilidadesautárquicas e a nossa experiência, anossa vontade de servir, a nossa corageme determinação, o nosso amor aotrabalho autárquico”, afirmou ocandidato do PS, perante largas centenasde apoiantes que se reuniram, nopassado dia 26, no pavilhão da EscolaSecundária de Rio de Mouro, naapresentação oficial da candidaturasocialista a Sintra.Num almoço de entusiasta confraterni-zação com camaradas e destacadas

figuras da vida pública nacional, o antigopresidente da Câmara de Lisboa,referindo-se à candidatura de JorgeCoelho à presidência da AssembleiaMunicipal sintrense, manifestou a suatotal confiança naquele que descreveucomo “um grande militante, um grandedirigente socialista”, sublinhando sentir“honra” e “prazer” por travar a seu ladoeste “combate por Sintra”.Depois de evocar as raízes que o unemao concelho, João Soares assegurou terum “largo conhecimento da realidadeno terreno”, tendo aproveitado assemanas que mediaram o seulançamento oficial como candidato doPS para “aprofundar esse conheci-mento”, com base no qual formula, deforma “sólida e honesta” a sua ambiçãopara o concelho.Ao agradecer a “unidade” que com queos socialistas sintrenses acolheram a suacandidatura, o deputado socialistagarantiu que se vencer as autárquicas deOutubro, essa será também a vitória de“um projecto de trabalho, dedicação,atenção e empenho”.Classificando Sintra como “um territóriode oportunidades”, o candidato do PSdestacou as suas potencialidades turísti-cas, a sua “fabulosa frente marítima, oseu rico e variado tecido produtivo, querno sector agrícola, quer no industrial,apontando-o como “um dos concelhosmais jovens do país” e de grandedimensão territorial.“Sintra é uma referência nacional einternacional da nossa pátria”, vincou,para lembrar de seguida que foi graçasao trabalho desenvolvido pelo executivomunicipal liderado pela camarada EditeEstrela que a vila sintrense obteve daUNESCO a classificação de patrimónioda humanidade.É esse rumo de trabalho, no “respeitoinquebrantável pelos valores culturais,

patrimoniais e ambientais” do concelhoque João Soares quer retomar à frentedos destinos de Sintra, terra pela qualconfessa ter “uma grande paixão”, masque, garantiu, vai governar com “razão,coragem, empenho e brio”.“A nossa campanha que dá agora osseus primeiros passos vai ser pelapositiva, uma campanha de afirmaçãode princípios e projectos, de propostas,soluções, assentes numa equipa capaze coesa”, garantiu, recusando-se a cairnuma batalha de mero mal dizer dosadversários políticos.Todavia, os “motivos para a crítica não

faltam” e são bem reais para aspopulações do concelho, pelas quaisas denúncias devem ser feitas.“Promessas por cumprir, demagogia,show-off mediático, obras por fazer,equipamentos culturais por abrir,piscinas que se ficaram pela promessano papel, clubes na primeira divisão doabandono ou empresas municipaisdeficitárias e por reestruturar” é o saldode quatro anos de completa inacção doexecutivo liderado por Fernando Seara,a quem Soares responsabiliza não só pelacriação de “tachos para amigalhaçospolíticos”, mas também pelas

consequências da sua parcerias políticascontra natura.Já no que diz respeito às linhas de rumoda sua candidatura à Câmara, o candidatosocialista avançou com compromissosnos diversos sectores da vida local (vercaixa), remetendo, contudo, para maistarde a apresentação daquele que será oseu programa de acção na liderança daautarquia sintrense.“Em circunstância nenhuma faremospromessas impossíveis de cumprir,afirmou, recusando-se a dar continui-dade à demagogia e ao sistemáticodefraudar das expectativas criadas até no

AUTÁRQUICAS 2005

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1129 JUNHO 2005

COMPROMISSOS DE TRABALHO POR SINTRA

OR SINTRA

O DE OPORTUNIDADES

documento que descrevem comoexcessivamente marcado pela época emque foi elaborado e “incapaz de conteralgumas perversidade que têm desfiguradoo concelho”.A estagnação nos hotéis Central e Neto, oesquecimento da Casa das Selecções edas questões ambientais, a recuperaçãodo centro de Mem Martins que continuaparada, os 92 quilómetros de ciclovia virtualanunciados em boletim municipal, a eternaespera pelos centros de saúde emMassamá, São Marcos e Agualva, bemcomo a miragem das 20 piscinas – umapor cada freguesia do concelho – queforam prometidas em tempo de campanhaeleitoral são os desaires apontados pelossocialistas, que classificam a gestão doautarca-comentador desportivo como“quatro anos de seara ao vento”.Nas páginas deste jornal de campanhadistribuído no final do almoço quedecorreu na Escola Secundário Leal daCâmara, Rio de Mouro, denuncia-seigualmente o incumprimento de promessasfeitas no âmbito da segurança: as obras doposto da GNR local arrastam-se, a Divisão

Policial existe apenas em projecto e aestação do eléctrico Sintra-Praia das Maçãs,dispendiosamente propagandeada,também continua no só no papel.Por outro lado, no dossier dasacessibilidades evidencia-se que o IC16 eo IC30 continuam por construir, bemcomo as circulares Poente/Nascente aoCacém, lembrando que as obras dealargamento do IC 19 não foram aindaconcluídas.Na penúltima página, gráficos e estatísticasdão conta de uma subida nas despesascorrentes da câmara e de uma variaçãonegativa nos investimentos, concluindo-se claramente que as despesas da autarquianão correspondem à realização de obra,facto que se agrava por uma manifesta mágestão das empresas municipais e por umadívida camarária que já ascende aos 41milhões de euros.Superar estas dificuldades e vender outrosdesafios de desenvolvimento, num contextode crise económica nacional, requer,segundo Soares e Coelho, um ponto finalna conversa e colocar mãos à obra para“puxar por Sintra” rumo ao futuro. M.R.

plano das finanças municipais.“Assumiremos compromissos quehonraremos com determinação e pelosquais damos e daremos a cara até aofinal do mandato”, rematou João Soares,vincando a concluir que a candidaturaque lidera não “é de promessas, é defazer”.

Chega de conversa!

A dedicação ao trabalho e a entregacompleta ao projecto autárquico foramtambém as pedras de toque da interven-ção de Jorge Coelho, que no seu melhorestilo combativo, recebeu palmas detodos quantos se reuniram à mesadaquela grande festa de convíviosocialista.Manifestando-se honrado e orgulhosopor “estar nesta luta por Sintra”, Coelhosublinhou as diferenças que separam asactuais forças políticas que lideram oexecutivo e que juntas “são responsáveispor tudo o que não foi feito”.Com o PS, “os problemas dos muní-cipes de Sintra terão um tratamento muitomelhor do que até agora”, declarou deviva voz, recordando que no percursoautárquico de João Soares fala por si nacapital do país, onde “erradicou barra-cas, acabou com o flagelo do Casal Ven-toso e reconstruiu em tempo recorde oedifício da câmara após o incêndio de1996.Ao referir-se aos principais estragula-mentos que afectam presentemente oconcelho, Jorge Coelho criticou forte-mente o silêncio do presidente da câmaraem torno da presente crise deinsegurança nos comboios e emdiferentes zonas de Sintra.Também a má organização dos transpor-tes colectivos e a falha na concretizaçãode promessas associadas à finalização

de rodovias secundárias ao IC19 forammotivo de severa crítica por parte docandidato socialista à liderança daAssembleia Municipal, que se manifes-tou totalmente confiante em que “o PSvai tirar de cima dos ombros de FernandoSeara esse grande sacrifício que é estarà frente da autarquia sintrense”.“É chegada a hora da avaliação do povo”,reiterou, aconselhando os adversários adeixarem de tentar enganar os cidadãoscom obras de fachada e inauguraçõesde última hora, pois, disse contundente-mente, “o que são precisas sãopolíticas”.Coelho elencou igualmente três pontosque considera essenciais numa gestãoautárquica que se pretende seja de e parao futuro.“As autarquias devem ser avaliadas naforma como se relacionam com oscidadãos, pela capacidade quedemonstram em promover o investimentoe a criação de empregos pelasempresas”, defendeu, advogando aindaa importância fundamental de aplicarpolíticas de avaliação dos níveis deexecução dos governos autárquicos”.A terminar a intervenção, o Jorge Coelhoapontou a candidatura socialista comoúnica e verdadeira alternativa a umagestão que só aposta na conversa.No almoço de apresentação dacandidatura de João Soares à Câmara deSintra em que intervieram o presidenteda concelhia Domingos Quintas e apresidente da mesa da Assembleia daJS, Susana Ramos, participaram,também, entre muitos outros dirigentese destacados militantes do PS, oscamaradas Rui Cunha, Eduardo Cabrita,Alberto Antunes, Vítor Ramalho, AnaPaula Vitorino, Edite Estrela, CelesteCorreia, Arons de Carvalho, JoaquimRaposo e Maria de Belém.

MARY RODRIGUES

AUTÁRQUICAS 2005

Com provas dadas na gestão autárquica, João Soarescandidata-se em Outubro próximo à presidência da Câmarade Sintra, concelho pelo qual sente uma “grande paixão”. Porisso, porá em marcha um projecto “com razão, coragem,empenho e brio”, de forma a melhorar a qualidade de vida dossintrenses.No lançamento oficial da sua candidatura, João Soaresapresentou os seus compromissos perante os eleitores:

SEGURANÇA• Criar um Conselho Municipal de Segurança e um Observador

da Segurança no concelho• Articular com a GNR e a PSP uma rede de viaturas municipais

que configure o programa “Sintra Segura”• Colocar mais agentes das forças de segurança da GNR e da

PSP no terreno• Aproveitar as sinergias resultantes da presença no concelho

da Escola da GNR e dos GOE• Redefinição das áreas de responsabilidade da GNR e PSP• Renovação das instalações das forças de segurança• Reinstalação do comando da GNR de Sintra• Aumentar a segurança da linha de caminhos de ferro sintrenses• Promover o funcionamento eficaz do sistema de iluminação

pública nocturna

MOBILIDADE• Criar mais corredores Bus• Assegurar acessibilidades eficientes às estações da CP• Criar novos regimes de estacionamento nos parques das

estações de caminhos de ferro• Construir novos parques de estacionamento, subterrâneos e

em altura, nas zonas residenciais• Criar abrigos e instalações sanitárias para operadores de

transportes públicos e motoristas de taxi• Redefinir os espaços de recolha de passageiros por forma a

tornar mais fluída a circulação de pessoas e veículosCriar novas redes de mini-bus parta melhorar a circulação nas

freguesias de Queluz, Cacém, Algueirão e Mem Martins

CIDADANIA• Estimular a intervenção e participação dos cidadãos na vida

do município• Auscultar directamente os cidadãos que o solicitem quer ao

presidente das Câmara quer à restante equipa executiva• Fomentar a participação dos cidadãos na reorganização e

funcionamento dos serviços municipais• Redefinir os pelouros autárquicos• Apostar na desburocratização• Combater ferozmente a corrupção• Acabar com a dispersão dos serviços de serviços• Desenvolver a utilização das novas tecnologias nos serviços

camarários, nomeadamente a Internet em 3D norelacionamento com os munícipes

• Abrir, no espaço da estação da CP do Cacém, uma grandeloja do cidadão

ECONOMIA• Procurar um desenvolvimento sustentado do concelho• Criar mais emprego para jovens, desenvolvendo um trabalho

articulado com empresas, sindicatos e empregadores• Avançar com soluções de energia inovadoras e amigas do

ambiente• Resolver, em diálogo com a Refer, as questões relativas ao

terminal de carga da Pedra Furada, na linha do Oeste• Implementar propostas inovadoras na área das artes gráficas e

da edição

EDUCAÇÃO• Atacar a fundo os problemas as questões relativas ao pré-

escolar e aos ATL• Promover o estabelecimento de novos pólos educativos de

nível técnico e universitário• Reabilitar espaços municipais desaproveitados, como a Messa

no Algueirão, para a instalação de estabelecimentos de ensinoligados às novas tecnologias

• Criação de espaços para ninhos de empresas de jovens• Procurar parcerias públicas e/ou privadas para a viabilização

de uma Escola de Ambiente nas instalações da quinta daRiba Fria

CULTURA• Apostar na preservação e na valorização do património• Divulgar e organizar iniciativas culturais diversas• Garantir o acesso generalizado dos cidadãos às instituições e

actividades culturais• Criar um Conselho Municipal da Cultura onde estejam

representados todos os parceiros desta área• Promover a criação de novos equipamentos (videoteca,

fonoteca, arquivo fotográfico, galerias de exposições) portodo o território concelhio

• Estimular os agentes culturais existentes e criar condiçõespara o aparecimento de novos

• Fomentar a integração social dos imigrantes através deiniciativas que destaquem e valorizem a diversidade cultural

• Criar, no âmbito do programa Polis, um espaço cultural dereferência no Cacém onde passem a existir uma Biblioteca-Mediateca

URBANISMO• Rever de forma participada e transparente o Plano Director

Municipal de Sintra• Acabar com o crescimento desordenado do betão no concelho• Agilizar os programas de recuperação patrimonial tipo Recria

e Recrip• Avançar com um mini-Polis na freguesia de Algueirão Mem

Martins• Fazer obras de qualificação que em Belas e em Rio de Mouro

configurem novas centralidades• Combater com rigor os crimes urbanísticos, estéticos e

ambientais que a ganância do lucro fácil gerou

DESPORTO• Implementar o projecto Casas das Selecções• Criar mais piscinas no concelho e dar mais atenção às praias,

também na perspectiva das potencialidades desportivas,nomeadamente o bodyboard na Praia Grande

• Construir um complexo hípico de ampla dimensão• Localizar no concelho as sedes de múltiplos organismos

desportivos presentemente mal instalados ou à procura deinstalações

• Albergar um complexo de ténis com capacidade para aorganização de torneios internacionais

• Criar vias cicláveis

SAÚDE• Requalificar e construir de raiz novas unidades de cuidados

de saúde

SOLIDARIEDADE• Tornar o concelho de Sintra num território sem barreiras para

os cidadãos portadores de deficiências• Instalar sistemas de sinalização sonora nas passagens de

peões semaforizadas, rampas de acesso para cadeiras de rodasnos edifícios públicos

• Transformar uma quinta abandonada num espaço modelar,de partilha entre cidadãos com deficiência, à semelhança do“Share Village” da Irlanda

M.R.

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12 29 JUNHO 2005

RESTRIGENDAAUTÁRQUICA

A nossa lei ainda tem diversas lacunas. Zonas brancasque não estão previstas e reguladas na ordem jurídica eque, por isso, são susceptíveis de criar dúvidas naactuação dos órgãos autárquicos, mesmo aproveita-mentos capciosos e até problemas sérios.Agora que estamos prestes a ir para eleições autárquicaspodemos reflectir sobre o exercício dos órgãos e dosseus titulares no período que vai desde a eleição até àtomada de posse dos novos eleitos.É uma quadra curta, que deverá durar menos de ummês, em regra, pois a lei estabelece que a posse deveser conferida até ao vigésimo dia posterior aoapuramento definitivo dos resultados eleitorais, sendo certo que aproclamação dos resultados do apuramento geral deve ocorrer até ao quartodia posterior ao da votação.A experiência ensinou-nos que durante este curto lapso de tempo os autarcasagem parcimoniosamente, com redobrada cautela e contenção e, dada asua cultura democrática, fazem reverter para os seguintes titulares dos órgãosas decisões e deliberações importantes.Não obstante, o mesmo saber, de experiência feito, também nos mostrouque nem sempre assim é, que nem todos usam de um recto procedimentopolítico, havendo o conhecimento de casos de manifesto aproveitamentodos últimos dias de Poder para se concretizarem procedimentos decisivospara o futuro, designadamente em matérias de admissão de pessoal, decontratação de obras públicas, de aquisição de serviços, de concessões,de aprovação de obras e licenciamentos a favor de particulares, enfim decomprometimento a longo prazo ou mesmo definitivamente, da autarquiaperante determinados interesses, ainda que legítimos.Mas, seja como for, analisadas as coisas por um prisma de bons princípios,salta à evidência que importa ao interesse público disciplinar este períodopolítico.E, aí, deve vigorar um princípio de limitação, através da introdução denormas adequadas de restrição aos poderes dos órgãos das autarquiaslocais e dos seus titulares.Nesse tempo, após as eleições e enquanto se espera a tomada de posse dosnovos órgãos autárquicos, os membros cessantes, em funções, devemficar sujeitos ao Direito e Dever de tratar dos assuntos autárquicos, a quenão se podem eximir, claro, mas apenas no que concerne aos casos correntese inadiáveis que não envolvam deliberações de fundo.Este quadro deve ser bem detalhado na lei, especificando-se as matériasem que opera a limitação de competências e a sua extensão e alcance.O facto de se tratar de um muito curto período de tempo, como acima seassinalou, encoraja e facilita o legislador para ser ousado e extensível nalimitação.Porém uma restrição forte e ampla, como defendemos, tem a implicação decontender com prazos legais de decisão, diversos, plasmados em outra evária legislação, e que, em regra, são estabelecidos no interesse dosparticulares.Em nossa opinião devem então tais prazos suspender-se, dando-se primaziaà segurança política face a interesses particularistas que devem aguardar,eventualmente, meia dúzia de dias, e que só ocorrerá uma vez de quatro emquatro anos.Situação diferente já será quanto às Comissões Administrativas, empossadasem consequência da queda e dissolução dos órgãos, ou de instalação denovas autarquias, as quais, circunstancialmente, podem governar porperíodos de tempo bastante mais vastos. Basta pensar que são proibidaseleições intercalares nos seis meses anteriores ou posteriores à realizaçãode eleições gerais.Nestes casos excepcionais das Comissões Administrativas, deveestabelecer-se, também, uma restrição às competências e poderes quepodem exercer, limitadas apenas à prática de actos inadiáveis e correntes,como regra, mas sem elencagem para não impedir estritamente, quandofor, justificadamente, necessário, a possibilidade de ir mais além, tal comoos prazos legais, das mais diversas matérias a decidir, têm de correr, poisnão se devem impedir totalmente os negócios públicos nem postergar osinteresses dos particulares, quando se trata de tão largos períodos temporais.

OPINIÃO

LUÍS PITA AMEIXA

Agora que estamos prestes a ir paraeleições autárquicas podemos reflectirsobre o exercício dos órgãos e dos seustitulares no período que vai desde a eleiçãoaté à tomada de posse dos novos eleitos.

VILA VELHA DE RÓDÃO

MARIA DO CARMO SEQUEIRAAPOSTA NA HABITAÇÃO E TURISMOA presidente da Câmara Municipal deVila Velha de Ródão, Maria do CarmoSequeira, eleita pelo PS, vairecandidatar-se ao cargo nas próximasautárquicas de Outubro.A adopção de “medidas favoráveis parajovens adquirirem habitação em váriosloteamentos” daquele concelho deCastelo Branco e a aposta no turismode qualidade “para atrair visitantes epromover os produtos locais” são duasdas prioridades da autarca socialistaMaria do Carmo Sequeira para opróximo mandato.Maria do Carmo Sequeira quer aindaver concluídas a Casa de Artes eCultura do Tejo e a BibliotecaMunicipal, a primeira em curso e asegunda já adjudicada, dois projectosmarcantes na área cultural, outra dasgrandes apostas da candidata

socialista.Falando no almoço de apresentaçãodos candidatos socialistas aosdiferentes órgãos autárquicos de VilaVelha de Ródão, Maria do Carmo

Sequeira, em jeito de balanço, afirmouque “foram três anos e meio de grandededicação, empenho e intenso trabalhoe que apesar da forte contençãoorçamental, das indefinições ealterações políticas não ficámos debraços cruzados e trabalhámos”.Quanto aos compromissos assumidos,a autarca socialista disse que“estrategicamente foram resolvidos osproblemas prioritários em todas asfreguesias e na sede do concelho”,sublinhando que é preciso investir nodesenvolvimento sustentado de todo oconcelho, porque “só assim serápossível continuar a apostar no turismode qualidade que, cada vez mais, trazvisitantes ao nosso concelho,mantendo e fomentando as unidadeshoteleiras e promovendo os nossosprodutos locais de qualidade”.

PENICHE

UM NOVO MANDATO PARACOMPLETAR CONJUNTO DE OBRAS

MONDIM DE BASTO

HUMBERTO CERQUEIRA DE NOVONA CORRIDA À PRESIDÊNCIAO professor Humberto Cerqueiraencabeça de novo a lista do PS àCâmara de Mondim Basto, com oobjectivo de conquistar pela primeiravez o poder neste concelho de VilaReal e lançar as bases para adinamização da economia local.A candidatura de Humberto Cerqueira,elegeu como prioridades a construçãode melhores acessibilidades noconcelho, a dinamização daeconomia local, a promoção doturismo e as políticas de apoio aosjovens e idosos.Humberto Cerqueira, de 39 anos,professor e director da EscolaProfissional de Fermil, é membro daComissão Polít ica Concelhia emilitante do PS desde 2001.Ao anunciar a candidatura de Hum-berto Cerqueira, o PS de Vila Real con-cluiu a lista dos candidatos às 14 câ-

maras do distrito, que vão ser apre-sentados numa festa que decorrerá dia10 de Julho, em Vila Pouca de Aguiar.Os cinco presidentes de câmara eleitospelo PS em 2001 vão candidatar-se a

um novo mandato, designadamenteFernando Rodrigues, em Montalegre,Vítor Almeida, no Peso da Régua,Francisco Ribeiro, em Santa Marta dePenaguião, João Teixeira, em Murça, eArtur Cascarejo, em Alijó.Carlos Miranda é o candidato apresidente da Câmara de Mesão Frio,Rodrigo Pizarro avança por Sabrosa, aadvogada Feliciana Andrade por VilaPouca de Aguiar e Altamiro Claroencabeça a lista em Chaves.Os restantes candidatos socialistas nodistrito são Artur Vaz, por Vila Real,Ema Gonçalo, por Valpaços, JoãoNoronha de Carvalho, por Ribeira dePena, e Abílio Pereira, por Boticas.Por Valpaços candidata-se EmaGonçalo, em Ribeira de Pena, é JoãoNoronha de Carvalho que encabeça alista, Abílio Pereira é o candidato deBoticas e Artur Vaz o de Vila Real.

O autarca socialista Jorge Gonçalves,que preside ao município de Peniche,anunciou a sua recandidatura a um“terceiro e último mandato”, naspróximas eleições autárquicas.“Vou recandidatar-me porquepretendo completar uma série deobras no sentido de aumentar aqualidade de vida das pessoas doconcelho de Peniche”, explicou.Ao “Acção Socialista”, Jorge Gon-çalves afirmou que “as grandesapostas são as pescas, o mar, aagricultura e o turismo de qualidade”,

dando como exemplo a pousada daEnatur que vai ser construída nafortaleza de Peniche.Um museu das rendas, um pavilhãomultiusos e um parque da tecnologiae do conhecimento são equipamentosque o actual presidente da Câmaraquer edificar no próximo mandato.O candidato socialista avançou aindaque pretende realizar obras como aconstrução da biblioteca municipal,do parque de lazer da cidade, a marina,e iniciar a construção de um circuitopedonal da península de Peniche.

AUTÁRQUICAS 2005

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1329 JUNHO 2005

ALMADA

ALBERTO ANTUNES QUER EMPRESASDE BASE TECNOLÓGICA NO CONCELHOO deputado socialista Alberto Antunesestá confiante na sua eleição para apresidência do município de Almada,apesar de reconhecer que tem pelafrente um “combate político estimu-lante e uma adversária de respeito”.Falando no dia 15, no jantar deapresentação da sua candidatura àautarquia de Almada, uma iniciativa quereuniu na Charneca da Caparica largascentenas de militantes e simpatizantessocialistas, o camarada Alberto Antunesacusou o Executivo camarário da CDU de“transformar Almada numa chaga” aopermitir o aparecimento de construçõesilegais e o “crescimento urbanísticodesordenado e desregrado”.O candidato do PS acrescentou aindaque a actual maioria “não tem um hoje

um projecto e uma ideia para invertera tendência de estagnação e abandonoa que o concelho está votado”.

Alberto Antunes propõe-se acabarcom a imagem de Almada enquanto“subúrbio-dormitório” de Lisboa,estimulando a fixação no concelho deempresas ligadas ao sector das novastecnologias de informaçãoNo final do jantar interveio o coordena-dor nacional das Autárquicas do PS,Jorge Coelho, que se manifestouconvicto de que a candidatura deAlberto Antunes à Câmara de Almadarepresenta uma alternativa credível àgestão desgastada e imobilista da CDU.“Estamos a procurar apresentar umacandidatura forte, credível, compolíticas alternativas sólidas. Mas estánas mãos dos eleitores poderem ounão criar condições para haver umamudança”, afirmou.

CASCAIS

SOCIALISTAS ACUSAMCAPUCHO DE ESQUECER

REQUALIFICAÇÃO DA BAIXAA Concelhia de Cascais do PSacusou o presidente da CâmaraMunicipal, António Capucho(PSD), de não cumprir aspromessas referentes às obrasde requalificação da baixa dacidade.Em comunicado, os socialistasde Cascais consideram que oExecutivo municipal “poucoou nada cumpriu” em relaçãoà empreitada, que incluía aremodelação da rede eléctrica,substituição de condutas deágua, reforço da iluminaçãopública, requalificação das

calçadas, zonas de estacionamento, remoção de “graffitis” e novomobiliário urbano.Para o PS/Cascais, o Executivo municipal falhou na promessa de remoçãode “grafittis” na baixa, que, afirma, “insistem em marcar presença portoda a parte”.Os socialistas referem também que a zona envolvente à Cidadela “emlugar de albergar o tão desejado parque de estacionamento subterrâneo ezonas de lazer”, continua a ser “morada de um monte de entulho e deferro-velho”.Segundo ainda o PS/Cascais, a requalificação de calçadas “tem sidofeita sem rei nem roque” e a “a intenção de reforçar a iluminação públicanão passou disso mesmo”.

BOTICAS

ABÍLIO PEREIRAÀ CONQUISTA

DE BASTIÃO LARANJAAbílio Pereira é o candidatoescolhido pelo PS para concor-rer à presidência da Câmara deBoticas, distrito de Vila Real,autarquia liderada pelo PSDdesde o 25 de Abril.A candidatura de Abílio Pereiraelegeu como prioridades a pro-tecção do ambiente e a melhoriada qualidade de vida daspopulações rurais do concelho,as quais maioritariamente sededicam à agricultura.Nas anteriores eleições, o PSDvenceu com 63,7 por cento dosvotos, seguindo-se o PS com28,8 por cento, a CDU com 1,8

por cento e o CDS-PP com 1,1 por cento dos votos.Gestor, Abílio Pereira, de 53 anos, foi funcionário do Ministério do Trabalhoe da Solidariedade.O candidato já encabeçou a lista do PS à câmara de Boticas em 1980 e háoito anos que desempenha as funções de deputado municipal.Os cabeças-de-lista do PS às autárquicas de Outubro no distrito de VilaReal vão ser apresentados numa festa que decorrerá no dia 10 de Julho, emVila Pouca de Aguiar.Todos os cinco presidentes de câmara eleitos pelo PS em 2001 se vãorecandidatar a um novo mandato, designadamente Fernando Rodrigues,em Montalegre, Vítor Almeida, no Peso da Régua, Francisco Ribeiro, emSanta Marta de Penaguião, João Teixeira, em Murça, e Artur Cascarejo, emAlijó.Carlos Miranda é o candidato a presidente da Câmara de Mesão Frio, RodrigoPizarro avança por Sabrosa, a advogada Feliciana Andrade por Vila Pouca deAguiar e Altamiro Claro encabeça a lista em Chaves.Por Valpaços candidata-se Ema Gonçalo e, em Ribeira de Pena, é JoãoNoronha de Carvalho que encabeça a lista.

ODIVELAS

SUSANA AMADOR NO CAMINHO DA VITÓRIA“Esta é a noite da afirmação, daesperança e da confiança no futuro”,afirmou no dia 21 Susana Amador, nojantar de apresentação da suacandidatura à presidência da CâmaraMunicipal de Odivelas, sublinhando que“representa um vasto movimento cívicoque assenta numa via de evolução econfiança”.Quanto ao projecto que apresenta aosmunícipes de Odivelas identificou comoeixo estratégico a implementação de umanova geração de políticas locais queassenta na dinamização da economialocal e na fixação de emprego, napromoção da qualidade de vida emsentido lato, na dinamização daeducação, cultura, desporto emobilidade social. E que promove, ainda,uma cidadania solidária e activa.Perante cerca de 700 pessoas, acamarada Susana Amador referiu aindaque a candidatura se irá mobilizar emtorno de um compromisso que visa,entre outros objectivos, aprofundar asrelações com o Governo, Assembleiada República e Administração centralpara captar os investimentos eequipamentos necessários para omunicípio, colocar as políticas sociaise de desenvolvimento no centro dasprioridades, erigir a educação e a culturacomo um dos sustentáculos da acção

do Executivo, manter um crescimentourbano sustentável, melhorar asacessibilidades e dinamizar a economialocal.Seguiram-se as intervenções de JorgeCoelho, Rui Cunha e Joaquim Raposo,entre outros, que enalteceram asqualidades da candidata e apelaram àmobilização.Logo no início do jantar foi passado umfilme que registou o depoimento de um

AUTÁRQUICAS 2005

IDANHA-A-NOVA

ÁLVARO ROCHA REAFIRMA APOSTA NA ÁREA SOCIALO aprofundamento das políticas sociaisé o grande objectivo da recandidatura aum segundo mandato do presidente daCâmara Municipal de Idanha-a-Nova, osocialista Álvaro Rocha.Na apresentação pública da suacandidatura no passado dia 26 noterminal rodoviário de Idanha, que contoucom a presença dos secretários de Estado

Fernando Serrasqueiro, Valter Lemos eLaurentino Dias, o camarada Álvaro Rochaafirmou que a “questão social” vai estarno centro da sua acção política, comuma especial atenção à população joveme idosa.Nesse sentido, o candidato socialistaanunciou que pretende criar o “cartãojovem raiano” e o “cartão raiano +65”, e

concluir a construção de três lares daterceira idade, entre outras medidas quevisam melhorar a qualidade de vida dosidosos e fixar a população jovem.Perante mais de duas mil pessoas, ÁlvaroRocha referiu ainda a aposta no turismo,através de uma grande campanha dedivulgação das potencialidades doconcelho e da recuperação do património.

vasto conjunto de personalidades da vidasocial e política acerca da candidataSusana Amador. Foi assim que seouviram os dirigentes socialistas JorgeCoelho, António José Seguro, JorgeLacão, Osvaldo Castro e Ramos Preto, amandatária da candidatura, a historiadoraMaria Máxima Vaz, o mandatário para aJuventude, o actor Diogo Morgado, e apresidente da Comissão de Honra, EditeEstrela.

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14 29 JUNHO 2005

OPINIÃO OEIRAS

EMANUEL MARTINS ESTÁCONFIANTE NA VITÓRIAA criação de uma “cidade digital”, aexemplo do que acontece com váriascidades europeias, e a construção de umparque de lazer temático, são algumas dasapostas de Emanuel Martins, o candidatodo PS à presidência da Câmara de Oeiras.Emanuel Martins é vereador da Câmara deOeiras desde as autárquicas de 1997,depois de ter ocupado o cargo depresidente da Assembleia Municipal, e jáfoi deputado pelo PS.Em declarações ao “Acção Socialista”,Emanuel Martins afirmou estar“confiante” na vitória nas autárquicas deOutubro, prometendo “muito trabalho eempenhamento” para atingir tal objectivo.O candidato socialista referiu ainda estarem preparação um programa eleitoral quetem como objectivo central fazer com quea ideia de “gostar de viver em Oeiras seafirme; quer para os residentes, quer paratodos aqueles que trabalham noconcelho”.Emanuel Martins, cuja candidatura deveráser apresentada no dia 5 de Julho, avan-

çou com algumas das suas propostas,como a atribuição de bonificações na taxade renda às empresas do município queconstruam creches ou instituições deensino pré-escolar. Com esta medida,frisou, “podemos contribuir para que ostrabalhadores destas empresas,nomeadamente as mulheres, possam termais tempo livre para usufruir, melhorando

assim as suas condições de vida”. Mas,acrescentou, “também as empresas terãobenefícios, porque funcionarão melhor”.A construção, no Estádio Nacional, omaior complexo desportivo do país, deum equipamento para as várias federaçõesdesportivas, com as quais a câmaraprocurará estabelecer protocolos para aprática desportiva dos jovens de Oeiras, éoutra das promessas eleitorais.Emanuel Martins referiu ainda quetenciona criar um Grande FórumPermanente para a Cidadania, que seráacompanhado por um provedor domunícipe, e uma rede de transportespúblicos “de qualidade e segura”, para“tirar mais carros da circulação”.Para travar uma certa invasão do betãoque se tem acentuado nos últimos anosem Oeiras, sob o olhar despreocupadodos dois últimos presidentes de câmarado PSD, agora arqui-rivais, o candidatosocialista prometeu uma revisão do PlanoDirector Municipal (PDM) com “regrasclaras”.

NOVOS DESAFIOSPARA MAISDESENVOLVIMENTO

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística(dados de 2003), o rendimento médio de um cidadãoda região plano de Lisboa e Vale do Tejo é três vezessuperior ao de um habitante de Trás-os-Montes e AltoDouro. Enquanto o poder de compra na áreametropolitana de Lisboa é de 137%, na regiãotransmontana e altoduriense situa-se apenas nos 57%do rendimento médio do País. Ainda de acordo com oINE, na região transmontana, são os concelhos deBragança, Vila Real e Chaves, respectivamente com87%, 84% e 69%, quem apresenta, apesar de tudo, osmelhores indicadores.Por outro lado, um estudo recente da Segurança Social,afirma que “Trás-os-Montes regista uma perda cada vez maior ao níveleconómico, social e demográfico”, sendo que, novamente, apenas os trêsconcelhos citados conseguem escapar, em parte, mas não totalmente, aeste triste panorama, quer em termos de capacidade de criar riqueza, quernos índices de desenvolvimento económico e social, de acordo com asmetodologias seguidas pelas Nações Unidas.Para cúmulo, e apenas citando o caso do concelho de Vila Real, havia, nofinal do passado mês de Março, mais de 2.500 pessoas que se encontravamdesempregadas, representando quase 5% da população total.À primeira vista, poderíamos ser levados a pensar que, vivendo nós numconcelho onde os indicadores de desenvolvimento são um pouco menosgraves que os dos nossos vizinhos, isso seria motivo de orgulho e satisfação.Mas não o deve ser, quanto mais não seja por uma questão de sobrevivênciae afirmação próprias. Isto porque o facto de Vila Real ser o centro físico e opólo mais importante, (em termos económicos, sociais e demográficos)da região, projecta, também para o seu próprio seio, as fragilidades do todoregional. Logicamente que os nossos indicadores seriam bem melhores, seestivéssemos inseridos numa zona económica e socialmente mais robusta.Mas como promover mais desenvolvimento numa zona tão frágil como éhoje a nossa região?...O PRASD (Programa de Recuperação de Áreas eSectores Deprimidos), estudo encomendado pelo Governo de Durão Barrosoe coordenado pelo economista Daniel Bessa, relativamente a potencialidadese apostas a desenvolver, é demasiadamente parco e insuficientementepreciso e ambicioso, mas, ainda assim, aconselha: prosseguir “o projectode desenvolvimento turístico do Douro, preconizado pela API”; “apoiar acriação de um centro de excelência nos domínios florestal e agro-pecuário”,aproveitando as virtualidades da UTAD; promover a criação de “novasempresas nas áreas das novas tecnologias da informação e dacomunicação”. Como recomenda uma aposta mais agressiva naspotencialidades e excelência dos vinhos do Porto e Douro e nas Águas eEstâncias Termais.Pela sua parte Francisco Cepeda, um dos transmontanos que mais tem estudadoas questões do nosso desenvolvimento, defende uma estratégia integrada,que deve apostar em simultâneo em quatro sectores: sectores tradicionais,sobretudo as produções do sector primário; as potencialidades da fileiraflorestal; o turismo, visto na sua globalidade e com profissionalismo; e osector das novas tecnologias, nos concelhos que têm ensino superior. “Todosestes sectores têm que ter a montante e a jusante o ambiente, que é algo quetemos de preservar” (in “Semanário Transmontano”, de 20-05-2005).Como se vê, as duas propostas não diferem muito entre si, faltando apenas,encontrar os caminhos certos para a sua concretização. Caminhos quedevem passar, a meu ver e antes de tudo o mais, por uma capacidade deconcertação e por formas activas de colaboração estreita e permanente dosmunicípios da região entre si, e dos municípios com a Universidade deTrás-os-Montes e Alto Douro, o Instituto Politécnico de Bragança, asAssociações Empresariais e de Desenvolvimento, os Empresários... naconcretização de ideias e projectos, no âmbito dos sectores referidos.Uma estratégia de mais e melhor desenvolvimento para o concelho de VilaReal tem que ser pensada e desenvolvida à escala regional e acontecerá deforma mais consistente e estruturante se for devidamente integrada pelomaior número possível de parceiros. Parceiros de todo o Trás-os-Montes eAlto Douro, mas também parceiros activamente consistentes de outraszonas da Região Norte. Porque “o desenvolvimento não se compadece compequenas áreas do país, tem que ter uma dimensão mínima para que ocorra.A desgraça começa quando os autarcas pensam só no seu concelho, nasua capela” (Francisco Cepeda).

ARTUR VAZCandidato do PS à CâmaraMunicipal de Vila Real

Uma estratégia de mais e melhor desenvolvimentopara o concelho de Vila Real tem que ser pensada edesenvolvida à escala regional, e acontecerá de formamais consistente e estruturante se for devidamenteintegrada pelo maior número possível de parceiros

PORTIMÃO

MANUEL DA LUZ QUER CIDADEMAIS COMPETITIVA E DINÂMICAFazer de Portimão “um municípiodinâmico e competitivo no contexto dasociedade do conhecimento e dainformação”, é o objectivo central darecandidatura de Manuel da Luz àpresidência da Câmara.Falando no dia 18 na apresentaçãopública da sua candidatura no Parquede Feiras e Exposições de Portimão, quecontou com a presença do dirigentesocialista Pedro Silva Pereira, o camaradaManuel da Luz, depois de passar emrevista a obra realizada à frente da câmara,apontou como prioridades para opróximo mandato recentrar Portimão à

volta do rio Arade, apostar narequalificação urbana, na formaçãoprofissional, no ambiente e qualidadede vida e empreender um combate àpobreza, à exclusão e à marginalidade.Manuel da Luz sublinhou ainda quedecidiu recandidatar-se em “obediênciaestrita” à avaliação que fez da realidadedo município de Portimão e à noção quetem dos interesses desta região e dasresponsabilidades que o PS, “nestesanos de desenvolvimento do concelho,soube merecer e que é amplamentereconhecido pela autoridade doseleitores”.

SECÇÕES DE ACÇÃO SECTORIALHOMENAGEIAM CUSTÓDIA FERNANDESO jardim da sede nacional do PS foi palcono passado dia 20 de Junho de umajusta e sentida homenagem das 38Secções de Acção Sectorial e Temáticasda FAUL à camarada deputada CustódiaFernandes, no dia do seu aniversário, pelaluta constante nas áreas sindical e políticaem favor dos mais desfavorecidos e deuma sociedade mais fraterna e solidária.Entre as largas dezenas de camaradas queparticiparam neste tributo a uma das maisdestacadas militantes e sindicalistas doPS desde há 30 anos, destaque para apresença dos camaradas Marcos Peres-trello, Maria de Belém, Rui Cunha, Antó-nio Campos, Rodolfo Crespo, MiguelCoelho e Dias Baptista, entre outros.

Impossibilitados de estar presentes,enviaram mensagens os camaradas JoséSócrates, Mário Soares, Almeida Santos,Jorge Coelho, Manuel Alegre, Ferro

Rodrigues, António Costa, CapoulasSantos, Edite Estrela, Jaime Gama e aindaa UGT, que realçaram as qualidadeshumanas, políticas e sindicais dadeputada socialista.A homenageada, que impulsionou aactividade da esmagadora maioria dasSecções de Acção Sectorial, agradeceucomovida esta prova de amizade esolidariedade, nomeadamente nummomento particularmente difícil queatravessa devido ao recente falecimentodo seu marido, João Jofre, outro grandemilitante e autarca socialista.A homenagem prosseguiu com umjantar-debate, que teve lugar no Clubedos Empresários.

AUTÁRQUICAS 2005

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1529 JUNHO 2005

JOSÉ LUÍS CARNEIRO

“DAR VOZ POLÍTICA A BAIÃO”

ENTREVISTA

Retirar Baião do esquecimento e proporcionarao concelho condições de desenvolvimentoeconómico e social são razões que estão naorigem da candidatura de José Luís Carneiroà Câmara Municipal. Se for eleito presidentedeixa a promessa de restabelecer o “ambientedemocrático no funcionamento” da autarquia.Em entrevista ao “Acção Socialista”, José LuísCarneiro promete ainda cooperar com osoutros municípios do distrito do Porto edesenvolver o potencial agrícola, florestale ambiental de Baião.

Quais as prioridades programáticasde uma alternativa socialista para omunicípio de Baião?Restituir a democracia a Baião, lançar asbases de um verdadeiro plano dedesenvolvimento económico e social e darvoz política a uma terra que continuaesquecida .

Quais os compromissos que assumese ganhar as eleições?Em primeiro lugar, desejo ser um presidentede todos os cidadãos baionenses,independentemente da sua filiação ousimpatia partidária. O mesmo princípio seráseguido na relação com as instituições dasociedade civil e com as autarquias defreguesia. Comigo à frente da Câmara, oassociativismo e os autarcas de freguesiaparticiparão activamente na definição dasprioridades municipais. Relativamente àoposição, comprometo-me a cumprir oessencial do estatuto da oposição: atribuirum gabinete de trabalho aos vereadores daoposição; enviar-lhes a documentação desuporte às reuniões com a antecedênciasuficiente para análise e ponderação dosassuntos; ouvirei especialmente a oposiçãopor altura do plano e orçamento e incluireipropostas suas no documento. Comigovoltará a existir o “período de antes da ordemdo dia” que foi extinto com esta maioriaPSD, atitude a que nunca tinha assistido.Quanto à relação com a AssembleiaMunicipal, comprometo-me a respeitartodas as suas competências e atribuições.Tudo farei para que exista um diálogo plurale profícuo entre os dois órgãos. Como éevidente, todos estes compromissos nãofariam sentido no século XXI, pois, deveriatratar-se do regular funcionamento dasinstituições democráticas locais. Contudo,em Baião, desde 1993 que se instalou umpoder autocrático que tudo pretendecontrolar e asfixiar. Daí que a principalpreocupação tenha que ser orestabelecimento de um ambientedemocrático no funcionamento da Câmara– enquanto sete vereadores eleitos e comigual legitimidade – e no relacionamentodesta com os funcionários da autarquia,com a sociedade civil e com as autarquiasde freguesia. Um ambiente democráticoajudará muito ao desenvolvimentoeconómico e social.

E em termos de projecto político parao concelho?Como se sabe, da qualidade da democraciadepende muito o desenvolvimentoeconómico e social e as coisas estãoprofundamente relacionadas. Mas, alémdeste objectivo, nós temos a ambição delançar as bases de um plano dedesenvolvimento económico e social. Esseplano, orientado pelos princípios daigualdade de oportunidades e dasolidariedade, tem que ter como prioridadea criação de emprego e a coesão social.Nos últimos 50 anos, cerca de 10 milpessoas deixaram Baião. E, nos últimos12, mais mil pessoas foram viver para outrosConcelhos. E é curioso notar que o nossoConcelho, em resultado das políticas decoesão social e territorial, lançadas pelosgovernos de maioria socialista, e excluindoas obras directamente executadas pelopoder central, como está a acontecer coma ligação de Baião ao IP/4, recebeu nosúltimos 12 anos mais de 15 milhões decontos em dinheiro. Apesar de ter recebidotodo este dinheiro, apresenta indicadoresque nos colocam entre os mais pobres doPaís e da União Europeia: temos umrendimento per capita de apenas um quartodo rendimento médio de um cidadão dacidade do Porto; 74 por cento dos nossosjovens não concluem o 12.º ano deescolaridade; 50 por cento não concluemo 9.º ano de escolaridade; temos cerca de2000 pessoas no desemprego; algumasdas empresas que mais trabalhadoresempregavam faliram; a construção civil,sector responsável por grande parte doemprego masculino, está em profundacrise.Ora, significa isto que não chega derramardinheiro sobre os territórios e sobre aspessoas. É necessário estabelecerprioridades e garantir a qualidade noinvestimento público para que possaproduzir resultados de médio e longo prazo.

E quais são os projectos concretos?Defendo, por isso, a definição de um planode apoio aos sectores da agricultura, dafloresta e do ambiente. Nós temos umimenso potencial em termos de produtosagrícolas, florestais e ambientais. Asprioridades nestes sectores deverão estarconcentradas na abertura e limpeza de

caminhos rurais e florestais; no apoio àcertificação de produtos e à sua inserçãoem redes de comercialização nacionais einternacionais. Temos todas as condiçõespara desenvolver a agricultura biológica.No capítulo da floresta, temos que procurarparcerias com a direcção-geral de florestas,com o centro de emprego e com asestruturas de protecção civil de modo apromovermos a gestão integrada da florestae a reflorestação de áreas que estão hojecompletamente abandonadas. Nestedomínio, temos também que promover alimpeza de caminhos florestais, aconstrução de novos pontos de água e acriação de pontos de observação danatureza. O levantamento e a sistematizaçãoda nossa biodiversidade tem que constituirum objectivo estratégico, devido aopotencial em termos de turismo de natureza,quer de rio, quer de montanha. Nestecapítulo, temos condições para sermosum “pulmão verde” da Área Metropolitanado Porto. Tudo deve ser articulado com asinstituições representativas dos diversossectores.

Mas, o projecto passa apenas pelanatureza?É claro que não, embora esta devadesempenhar um papel estratégico doponto de vista da qualidade de vida e daaposta no turismo. Temos prioridades parao comércio, para as empresas e para oturismo. Defendo um sistema de incentivosao comércio tradicional, que passa hojepor grandes dificuldades. Em nossoentender, este sector, tão esquecido pelopoder político, tem uma grandeimportância económica e sócio-cultural.De facto, além do emprego que cria e docontributo para o rendimento das famíliase do orçamento municipal, constitui emmuitos locais o único espaço cívicoexistente. É lá que se convive e se discutemos problemas comuns. Por isso, o sistemade incentivos tem que contemplar o planodas taxas municipais e o apoio técnico ejurídico a este sector. De preferência, esteapoio deve ocorrer em parceria com aAssociação Comercial e Empresarial. Noque diz respeito à indústria/empresasdefendo o alargamento das zonasindustriais em termos de espaço e a suatransformação em zonas empresariais,

permitindo o armazenamento e acomercialização. O custo dos terrenos temque ser um elemento de atracção dosinvestidores. A autarquia tem que criar umsector que trate exclusivamente do apoioaos investidores.Por último e em relação à perspectiva dedesenvolvimento económico, precisamosde criar infra-estruturas que vocacionem oConcelho para o rio Douro e para o turismode montanha, onde possuímos um doscampos arqueológicos mais ricos de todaa Península Ibérica. As infraestruturasdevem ser lançadas numa parceria entre opoder público e os investidores privados edevem ter como preocupação apossibilidade dos turistas usarem asplataformas do Douro como portas deentrada no interior do Município. Essasvisitas devem permitir estimular e promovero conhecimento de todo o patrimóniocultural e paisagístico da nossa terra. Aarqueologia, a música, as danças e oscantares, a literatura, o artesanato, agastronomia, as paisagens, o desporto e olazer. Todas estas vertentes devem estarintegradas num projecto que dê a conhecera riqueza do Concelho. É claro que estasapostas pressupõem a concretização daligação de Baião/IP4 e entre Baião e Ponteda Ermida/Resende/IP3 e ainda a ligaçãoSoalhães/Mosteiro/Cinfães. Estas ligaçõesaproximar-nos-ão dos principais centrosurbanos do distrito do Porto e de Viseu.

E no plano social?Aqui as prioridades vão para a educação, aformação, a qualificação ao longo da vidae para o apoio à infância e aos mais idosos.Comigo à frente da Câmara as crianças doConcelho terão transportes escolares,alimentação nas escolas, acesso às novastecnologias da informação e comunica-ção, línguas, educação física e educaçãomusical. Só para ter uma ideia, visitei todasas escolas do Concelho, não há uma únicacriança carenciada que beneficie do apoiosocial escolar para a aquisição de livros,ou para qualquer outro equipamento. Nãohá biblioteca escolar.Uma outra prioridade estará relacionadacom o reforço do apoio domiciliário aosmais idosos. Para o efeito, e em colaboraçãocom as entidades de saúde locais eregionais, queremos apoiar as instituições

particulares de solidariedade social demodo a que possam incluir no apoiodomiciliário (higiene habitacional ealimentação) a componente da saúde.Apoiaremos ainda as instituições adesenvolverem projectos que sirvam oobjectivo de combater o isolamento dosmais idosos, sobretudo durante o períodonocturno.Todos estes vectores de desenvolvimentoeconómico e social deverão serenquadrados pelo Plano Director Munici-pal que pretendo rever a partir de Outubro.Neste Plano deverão estar a Carta Local deEducação, a Carta Local do Ambiente, oplano municipal de emergência; o PlanoSocial, o Plano da Juventude; o PlanoDesportivo, entre outros vectores.Por último, proponho-me dar voz políticaa Baião. Toda a nossa região carece de umPlano de Desenvolvimento Integrado (PDI).Defendemos esse plano durante acampanha das legislativas e ficou inscritono compromisso distrital do PS. Osmunicípios do interior do distrito do Portotêm problemas conjuntos, daí que tenhamque promover a cooperação para enfrentaressas dificuldades e para exigir ao Governomais atenção para estes problemas. Porexemplo, contrariamente à actualpresidente da Câmara de Baião, eu apoio aentrada de Cinfães, Resende e Mesão Friopara a Comunidade Urbana do Tâmega(COMURB).

Qual o balanço que faz da gestão doPSD?O balanço é muito negativo. Apesar doesforço de algumas pessoas, sobretudono primeiro mandato, o autoritarismo, aausência de um pensamento estratégico ea incapacidade para agregar pessoas einstituições, deitou a perder milhões emilhões de contos. Fizeram-se obras. Mas,se perguntarmos qual o sentido que sequer dar a essas obras, ninguém da actualmaioria é capaz de responder! Faltou umrumo, uma estratégia. A maior prova estánas cerca de 1000 pessoas queabandonaram o Concelho nos últimosanos. Os agricultores não têm qualquer tipode apoio. A floresta tem vindo a desaparecer.O comércio atravessa uma grande crise econtinua a ser fustigado com as taxasmunicipais. Os investidores querem investire a maioria PSD cria-lhes imensosproblemas e, por vezes, até perseguealguns desses investidores. No turismo,nada se fez de verdadeiramente significativo.Na área social, tem existido uma tentativade controlo das instituições. Quando opoder não consegue esse controlo, crianovas instituições a escassos metros dasjá existentes. O mais grave é que tudo temvindo a acontecer com o apoio daadministração central. É um autênticodesperdício de recursos financeiros. Entreoutros problemas graves que não cumpreagora referir.As pessoas que reflectem e escrevem sobreo futuro concelhio estão, na esmagadoramaioria, com o nosso projecto. Foram dozeanos de um exercício autoritário do poder.É por todas estas razões que sou candidato.O Concelho precisa de uma nova vontade,de novos projectos e de novas pessoas. Eos baionenses sabem que contam semprecomigo.

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16 29 JUNHO 2005ACTUALIDADE

APROVADAS GRANDESOPÇÕES DO PLANO ATÉ 2009

CEM DIAS DE CORAGEM GOVERNATIVAO lançamento do Plano Tecnológico e aadopção de medidas “de combate àpobreza e de relançamento das políticassociais” foram as marcas da acçãogovernativa nos primeiros cem dias deexercício de funções executivas, em quesobressaiu também a atitude corajosade pôr em prática medidas difíceis masnecessárias para a consolidação dasfinanças públicas.“Ao contrário do que muitos previam, oGoverno não adiou as decisões difíceisde que o país precisa à espera daseleições autárquicas, nem hesitou emenfrentar, quando necessário, os

interesses corporativos mais poderosos”,reivindica o Executivo em documentodistribuído na Presidência do Conselhode Ministros.Face aos anteriores governos de coligaçãode direita, a actual equipa liderada porJosé Sócrates inaugurou “um estilo degovernação para recuperar a confiança”,do qual, entre vários exemplos, destaca-se o facto de o primeiro-ministro terconduzido “o processo de formação doGoverno com inédita descrição e respeitoinstitucional”.Além do ataque aos interessescorporativos instalados com decisões

que visaram a classe política e o sectordas farmácias, o Executivo defendeainda ter conseguido agir com rapidezem situações de emergência.“Em diversas situações difíceis, comoo problema da entrada em vigor doCódigo da Estrada, ou a situação deseca, o Governo revelou estar atento edemonstrou capacidade de resposta àaltura das circunstâncias”, salienta anota, evidenciando ainda a celeridade eseriedade com que a equipa governativasocialista “soube reagir ao relatório daComissão Independente sobre o valordo défice”.

Assegurar uma trajectória de crescimentosustentado, melhorar a qualidade de vida etambém do nosso sistema democrático,reforçar a coesão social e territorial, valorizaro posicionamento de Portugal e constituiruma política de defesa adequada foram ascinco principais linhas Grandes Opçõesdo Plano (GOP) aprovadas pelo Governopara o período 2005-2009.Segundo Pedro Silva Pereira, ministro daPresidência, o documento será submetidoà consideração do Conselho Económicoe Social, bem como à análise e aprovaçãopela Assembleia da República, traduzindo“o compromisso do Governo de seguir umaestratégia de desenvolvimento de médio elongo prazo no horizonte da presentelegislatura”.As GOP para os próximos quatro anosvisam dar a Portugal “um rumo para a suamodernização, com coesão social”,mediante apostas no conhecimento, naqualificação dos portugueses, natecnologia e na inovação, “bem como numamplo conjunto de políticas sociais”, frisouSilva Pereira, acrescentando de seguida que

as Grandes Opções do Plano aprovadaspelo Executivo socialista pretendemigualmente “reduzir a pobreza, criar maisigualdade de oportunidades, melhorar aqualidade de vida e reforçar a coesãoterritorial num quadro de sustentáveldesenvolvimento e elevar a qualidade dademocracia, através da modernização dosistema político”.Outro dos objectivos das GOP é o decontribuir para “melhor inserçãointernacional do nosso país”.

Porte de armas mais restrito

Na mesma reunião do Conselho deMinistros realizada no dia 15 foi igualmentedecidido restringir o porte de armas eacesso a munições, assim como combatera proliferação de “armas brancas”,procurando deste modo prevenir fenóme-nos de criminalidade de forma mais eficaz.As principais linhas da propostagovernamental foram apresentadas peloministro de Estado e da AdministraçãoInterna, António Costa, que sublinhou

como aspecto fundamental deste diploma“a revisão profunda do actual enquadra-mento jurídico do uso e porte de armas esuas munições”.O objectivo de uma nova lei baseada nestaproposta, vincou Costa, “racionalizar” autilização de armas, “sobretudo em funçãodo fim a que se destinam e do seu grau deperigosidade”.De acordo com o titular da pasta daAdministração Interna, a proposta vairestringir “o regime jurídico relativo aofabrico, montagem, reparação, importação,exportação, transferência, armazenamento,circulação, comércio, aquisição, cedên-cia, guarda, segurança, uso e porte de arma,abrangendo as suas componentes e asmunições”.O governante adiantou ainda que o diplomaprevê “o regime das operações especiaisde prevenção criminal, a realizar em áreasdelimitadas geograficamente, tendo emvista reduzir o risco de prática de infracções,bem como de outros crimes que seencontram associados” a essas mesmasinfracções.

Segundo o comunicado do Conselho deMinistros, o diploma vai definir “um novoenquadramento sistemático das situaçõesem que a lei passa a autorizar o uso e portede armas”, procurando combater a“proliferação” das chamadas armasbrancas.

Autorizado aluguerde 22 helicópteros

Entretanto, de acordo com uma resoluçãodo Conselho de Ministros publicada em“Diário da República”, mais de duasdezenas de helicópteros ligeiros serãoalugados a um consórcio privado paratornar mais eficiente o combate aos fogosque anualmente consomem as florestasportuguesas.No âmbito de um concurso públicointernacional promovido pelo ServiçoNacional de Bombeiros e Protecção Civil(SNBPC), foi seleccionado o consórcioHeliportugal-Helibravo para o aluguer de22 aeronaves equipadas com balde,tripulação e serviços de manutenção

durante o ano de 2005, num total de 2.550horas de serviço.O aluguer dos aparelhos representará umadefesa na ordem dos 9,4 milhões de euros.Segundo a Autoridade Nacional para osIncêndios Florestais (ANIF), está previstoestar em funcionamento a 1 de Julho umconjunto de 49 aeronaves.Todos estes meios aéreos vêm reforçar asseis aeronaves para combate a incêndiosque estão no terreno desde dia 9 de Junho.Recorde-se que, face à seca prolongadaque atinge Portugal há vários meses, a“época de fogos” começou este ano a 15de Maio, 15 dias antes do que é habitual.Os três ramos das Forças Armadas –Exército, Força Aérea e Marinha –desenvolvem, paralelamente, missões depatrulha, detecção e apoio às populaçõesdurante o referido período.As áreas protegidas e as matas nacionaiscontam também com o trabalho na área daprevenção de cerca de dois mil jovensvoluntários, no âmbito do programagovernamental “Luta Contra o Fogo –Missão Impossível”.

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1729 JUNHO 2005 ACTUALIDADE

CONTENÇÃO DA DESPESA PÚBLICA

SACRIFÍCIOS DISTRIBUÍDOSPOR TODOSColocar o défice do Estado em 6,2 porcento já no final do corrente ano é uma dasmetas principais da proposta de OrçamentoRectificativo (OR) para 2005 aprovada peloConselho de Ministros e que será debatidano Parlamento a 6 de Julho.“O Governo mandatou o ministro de Estadoe das Finanças, Luís Campos e Cunha,para proceder aos ajustamentos finais”,adiantou o ministro da Presidência, PedroSilva Pereira, à saída da reunião da passadaquinta-feira dia 23.Este valor de 6,2 por cento do défice nofinal de 2005 – mas que se pretende reduziraté aos três por cento em 2008 – foianunciado pelo ministro Campos e Cunha,após a Comissão Independente deAvaliação das contas públicas ter estimadoque o défice do país poderia atingir os6,83 por cento no final de Dezembro.Recorde-se que, durante o debate mensalde Maio, no Parlamento, o primeiro-ministro apresentou como medidas deurgência para a obtenção de receitas e cortenas despesas por parte do Estado, além deaumentos de impostos, a cativação decinco por cento das verbas destinadas aoshospitais (e que não se destinam asalários), a reavaliação dos compromissosdo sector da defesa nacional e uma maiortributação dos lucros de instituições decrédito e sociedades financeiras queexercem a sua actividade na Zona Francada Madeira.A entrega de uma proposta de OrçamentoRectificativo para 2005 ficou definida peloGoverno logo nos primeiros dias após tertomado posse, prevendo-se então quepudesse ser aprovada em Junho, depois adivulgação dos resultados da auditoria àscontas do Estado a cargo da equipaliderada por Vítor Constâncio.Com o Executivo a ser surpreendido comuma estimativa de défice alarmante que o

colocava bem perto dos 7 por cento nofinal de 2005, a proposta de OR deixou deser encarada apenas como uma mudançade prioridades em relação ao anteriorGoverno de direita, mas também como “umdos mais importantes passos para o inícioda consolidação da despesa pública”.

Congelados vencimentos deadministradores de empresaspúblicas

Ainda no âmbito da estratégia deemergência que visa ultrapassar a criseeconómica e financeira que o paísatravessa, o Governo do Partido Socialistadecidiu a uma que congelar osvencimentos dos administradores deempresas públicas até 2006 e eliminar aatribuição de prémios de gestão relativosaos anos de 2004 e 2005.“Queremos que as medidas de contençãoda despesa pública sejam justas eequitativas, de forma a permitir que ossacrifícios pedidos sejam distribuídos portodos”, explicou, Pedro Silva Pereira,acrescentando que no prazo de 150 dias,o Executivo “aprovará o estatuto dosadministradores das empresas públicas”,diploma que contemplará matérias comoos direitos, obrigações, responsabilidade,regime remuneratório e limites aacumulações remuneratórias.A resolução aprovada em Conselho deMinistros abrange conselhos deadministração e gestão de entidadespúblicas empresariais, sociedadesanónimas de capitais exclusiva oumaioritariamente públicos e institutospúblicos.Além da anulação dos prémios de gestãoe do congelamento dos salários, aresolução prevê a “limitação a um máximode 12 meses do abono de despesas de

representação dos administradores dasempresas públicas” e a limitação do valordas viaturas de serviço afectas aadministradores.Nesse último caso, a resolução refere queserá eliminada a possibilidade de “exercícioda opção de aquisição de viatura de serviçopor parte dos administradores”.Acresce que, no prazo de 30 dias após apublicação do diploma, é obrigatório“comunicar aos ministros de Estado e dasFinanças e da respectiva tutela sectorial” o“elenco completo das remuneraçõesprincipais ou acessórias”.Neste último ponto, o Governo quer incluir“adicionais remuneratórios por exercíciode funções em sociedades participadas,bem como quaisquer regalias e benefíciossuplementares em vigor no corrente anopara os titulares dos respectivos órgãos degestão e de administração”.

Aumenta retribuição mínimados trabalhadoresindependentes

No que diz respeito ao financiamento do

sistema de Segurança Social, a equipagovernativa liderada por José Sócratesdecidiu aumentar para 1,5 saláriosmínimos nacionais (562,05 euros) o valormínimo da retribuição mensal obrigatóriapara efeitos de descontos dos profis-sionais independentes.Até agora, as contribuições destestrabalhadores eram calculadas porreferência a um Salário Mínimo Nacional(374,70 euros).A decisão do Executivo de aumentar omontante mínimo de retribuição mensalpara 1,5 salários mínimos, salvaguarda,no entanto, “situações excepcionais”.De salientar que o ministro do Trabalho eda Solidariedade Social, Vieira da Silva,já tinha manifestado a intenção deaproximar as remunerações declaradasdos trabalhadores independentes do seurendimento real, uma vez que, lembrou,“existem centenas de milhar quedescontam com base numa remunera-ção convencional”.“O nosso compromisso é aproximar ascontribuições pagas ao rendimento real,exceptuando quem efectivamente tem

rendimentos reais ao nível do SalárioMínimo Nacional”, afirmou em Abrilúltimo o titular da pasta do Trabalho apropósito deste tema.Já no que diz respeito ao regime queantecipava a idade de reforma dosdesempregados para os 58 anos de idade,sem penalizações, o Conselho deMinistros procedeu à aprovação da suarevogação.O Governo decidiu ainda suspender oregime de flexibilização da idade deacesso à pensão de reforma porantecipação.

Criado Alto Comissariadoda Saúde

Entretanto, o Executivo do PS aprovouum decreto regulamentar que extingue aComissão Nacional de Luta contra a sida,criando em sua substituição o AltoComissariado da Saúde, organismo quefuncionará na directa dependência doministro Correia de Campos.Segundo o comunicado do Conselho deMinistros, o Alto Comissariado da Saúdeestará autonomizado da Direcção-Geralda Saúde e terá como missão “acoordenação e articulação das activi-dades desenvolvidas pelos serviços eorganismos do Ministério da Saúde e doServiço Nacional de Saúde”.Refira-se ainda que o “novo serviço decoordenação interministerial serápresidido por um alto-comissário daSaúde”, integrando ainda quatrocoordenadores nacionais, responsáveispelos programas nacionais de prevençãoe controlo das doenças cardiovasculares,oncológicas, infecções VIH/sidae peloprograma nacional para a saúde daspessoas idosas e cidadãos em situaçãode situação de dependência.

ARRENDAMENTO URBANO

ACTUALIZAR RENDAS SEM DESPEJOSNEM RUPTURAS SOCIAISO Governo PS quer limitar a um máximode 75 euros a actualização das rendasanuais contratualizadas até 1990, à luzda proposta sobre o novo regime dearrendamento urbano, aprovada emConselho de Ministros.Na apresentação do diploma, osecretário de Estado da AdministraçãoLocal, Eduardo Cabrita, adiantou queos contratos de arrendamento comercialanteriores a 1995 também terão umaactualização anual limitada a 75 euros.A actualização de renda será feita porum período de cinco anos, mas,ressalvou o governante, aplicar-se-áum período de dez anos de transiçãoaos arrendamentos habitacionais em

que os arrendatários invoquem auferirum rendimento anual bruto inferior acinco retribuições mínimas nacionais,ou ter idade superior a 65 anos.Eduardo Cabrita adiantou de seguidaque a proposta prevê também umperíodo de dez anos de actualização doarrendamento comercial, quando oarrendatário seja uma micro-empresa oupessoa singular e tenha adquirido oestabelecimento por trespasse ocorridohá menos de cinco anos.“Esta é uma lei de actualização derendas e não de despejo ou de rupturassociais”, vincou, numa crítica aodiploma elaborado pelo anteriorExecutivo de coligação, acrescentando

que, tanto os contratos de arrendamentoparticulares como os comerciais, terãono primeiro ano uma actualização derenda limitada a 50 euros, passando aser de 75 euros nos anos seguintes.Por outro lado, a avaliação de cada prédioterá por base “a fórmula de cálculo dovalor tributário desse mesmo prédio nostermos do código de Imposto Municipalsobre Imóveis (IMI), o qual será alvo deuma intervenção legislativa”, afirmou osecretário de Estado, informandoigualmente que os prédios que seencontrem devolutos há mais de um ano“terão um agravamento para o dobro doimposto municipal imobiliário”.Da mesma forma, se o edifício a arrendar

não tiver condições de habitabilidade,“não poderá conhecer uma actualizaçãode rendas”, uma vez que ela “dependeráde obras por parte do proprietário”.Se as obras forem feitas pelo arrendatário,“o valor das obras será deduzido na renda

futura”, referiu Eduardo Cabrita que, aindaa propósito do objectivo de promover arequalificação urbana, sublinhou queobras em prédios sem condições dehabitabilidade poderão ser feitas a cargoda respectiva câmara municipal.

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18 29 JUNHO 2005

OPINIÃO TAXA DE INFLAÇÃO EM PORTUGAL

ABAIXO DA MÉDIA DA EUROPA

SILVINO GOMESDA [email protected]

DIRECTOR Jorge Seguro Sanches DIRECTOR-ADJUNTO Silvino Gomes da Silva | REDACÇÃO J.C. Castelo Branco [email protected];

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ELECTRÓNICA Francisco Sandoval [email protected] EDIÇÃO INTERNET José Raimundo; Francisco Sandoval | REDACÇÃO,

ADMINISTRAÇÃO E EXPEDIÇÃO Partido Socialista; Largo do Rato 2, 1269-143 Lisboa; Telefone 21 382 20 00, Fax 21 382 20 33 | DEPÓSITO

LEGAL Nº 21339/88 | ISSN: 0871-102X | IMPRESSÃO Mirandela, Artes Gráficas SA; Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 LisboaÓRGÃO OFICIAL DO PARTIDO SOCIALISTA

Propriedade do Partido Socialista

w w w . p s . p t / a c c a oToda a colaboração deverá ser enviada para o endereço do jornalou para [email protected]

O IMPORTANTEÉ PORTUGAL

Nestes dias em que se esgrimem de novo

argumentos em volta dos números do défice do

Orçamento do Estado, sobram sobretudo adjectivos.

Da parte do Governo, se o qualificativo “embuste”

estabelece com nitidez o legado recebido de Santana

Lopes e Bagão Félix, afirma-se de seguida que

“verdade” e “transparência” são o alfa e o ómega

do orçamento rectificativo.

A oposição replica. Se para Ribeiro e Castro o nível

da despesa pública é “obsceno”, para Marques

Mendes o documento é uma “encenação” e um

“enorme monstro”, e para Jerónimo de Sousa o

rectificativo é omisso no “combate à fraude de evasão

fiscal”.

A semântica política não traz nada de novo para o debate. As palavras

são usadas de acordo com as conveniências e os jogos partidários

que é preciso fazer.

Relevante mesmo, na abordagem económica e financeira, são os

números que encerram uma realidade não escamoteável. Deixando de

parte as análises para os especialistas, o ponto que interessa salientar

é que a comissão Constâncio apurou um défice estimado de 6,83 por

cento e que o orçamento rectificativo baixa para 6,24 esse valor. Importa

no entanto sublinhar, em nome da verdade, que esta estimativa pode

sofrer ajustamentos e fixar-se abaixo dos seis pontos percentuais por

via estatística, uma vez que a base de cálculo do PIB terá como referência

o ano de 2000 e não de 1995. No entanto, evidencie-se também que as

medidas anunciadas pelo Governo do PS só produzirão efeito no segundo

semestre deste ano, e, portanto, as suas implicações práticas no que

respeita aquilo que foi o exercício orçamental do anterior Executivo,

apenas evitam males maiores no respeitante ao descontrolo das contas

públicas e suas implicações económicas.

O orçamento de verdade do PS será o de 2006. Nesse sim, em toda

a dimensão e extensão, se perceberão as diferentes políticas que o

Governo chefiado por José Sócrates tem para Portugal e para os

portugueses. Mas, a avaliar pela contestação sentida no último mês,

e tendo em conta as dificuldades em que o país se encontra, é lógico

pensar que a agitação social terá tendência a aumentar, tanto mais

que o Governo tem vindo a abrir diversas frentes de batalha com as

chamadas corporações e com os interesses instalados. Por isso, é

importante que o PS se una em torno do seu líder, do Governo e da

maioria no Parlamento, confiando que o caminho é estreito, mas que

é possível sair desta situação com determinação, coragem e ambição,

para colocar novamente Portugal entre os países mais desenvolvidos

do mundo.

PS. Foi com muito gosto que aceitei o convite para continuar a

desempenhar as funções de director-adjunto do “Acção Socialista”.

Depois de ter trabalhado na direcção do jornal com os camaradas António

José Seguro e Augusto Santos Silva, a quem aproveito para enviar um

forte abraço, quero dizer ao meu amigo Jorge que pode sempre contar

comigo para fazermos um “Acção Socialista” ainda melhor.

O orçamento de verdade do PS será o de 2006.Nesse sim, em toda a dimensão e extensão seperceberão as diferentes políticas que oGoverno chefiado por José Sócrates tem paraPortugal e para os portugueses.

VALONGO

CANDIDATA SOCIALISTA QUER COMBATERO ATRASO DO CONCELHO

Pelo 2º mês consecutivo, Portugal apresenta uma taxa de inflação homóloga abaixo da média da ZonaEuro e da União Europeia, colocando-se na 8ª posição.No ano passado, em Maio de 2004, Portugal posicionava-se em 14º lugar: melhorou 6 posições! MARINA DUTRA

A candidata do PS à Câmara de Valongo, aex-jornalista Maria José Azevedo, prometeucombater o atraso do concelho e retirá-loda “cauda” da Área Metropolitana do Porto.“A palavra de ordem em Valongo vai ser amudança”, afirmou Maria José Azevedona apresentação, à Comunicação Social,da sua candidatura.Para a candidata socialista, que realizouum trabalho notável como vereadora daCâmara do Porto durante dois dosmandatos de Fernando Gomes, “trazer paracima o último dos nove concelhos daÁrea Metropolitana do Porto será umgrande desafio”.“Além dos dados estatísticos do con-

celho, basta percorrer as cinco fregue-sias Alfena, Campo, Ermesinde, Sobradoe Valongo para encontrarmos um lequede problemas de base em termos infra-estruturais de extrema gravidade”, referiu.Segundo Maria José Azevedo, ostransportes em Valongo assentam numalógica de “total dependência” do Porto,não existindo um sistema interno queligue as freguesias e os núcleos urbanosentre si.“A Câmara Municipal não soube, ou nãoquis, planear no sentido de garantir odesenvolvimento e a qualidade de vidapara todos”, acusou Maria José Azevedo,apontando como “mau exemplo” a

localização da nova biblioteca deValongo, recentemente inaugurada, queclassifica como “investimento perdido”.“Por ter sido colocada num sítio distante,acaba por ser uma infra-estrutura malaproveitada”, acrescentou.Maria José Azevedo criticou ainda a“notória falta de capacidade reivindicativa,de exigência e de visão” da gestãocamarária do PSD, que lidera o concelhohá 12 anos, referindo a falta de dinamismoque Valongo tem mostrado quer na“polémica quanto à localização do CentroMaterno Infantil do Norte”, quer naconstrução do IC24, “que deixou paratrás” o concelho.

ACTUALIDADE

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1929 JUNHO 2005

MAIOR TRANSPARÊNCIA NAS NOMEAÇÕESDE CARGOS PÚBLICOSO Governo viu aprovadas no Parlamento,com os votos favoráveis do PS e do BE,e com votos contra do PSD, PCP e CDS,as novas regras sobre nomeaçõespolíticas para altos cargos públicos.Coube ao ministro dos AssuntosParlamentares a defesa e explicação daproposta de lei que o Governo levou àapreciação do plenário. Medidas que oministro Santos Silva, considerou como“uma peça fundamental na modernizaçãoda Administração Pública”.Com a aprovação das novas regras sobrenomeações para os altos cargospúblicos, e segundo o ministro SantosSilva, fica claro, a partir de agora, que sóos altos cargos de direcção superior –director-geral, sub-director geral oupresidentes de institutos públicos -,possam ser nomeados pelo critério daconfiança política, cessando asrespectivas funções quando muda oGoverno.Segundo o espírito da nova lei, o critérioda confiança política deixará de serextensível, como sucedeu até agora, aoscargos de direcção intermédia.Como explicou na Assembleia daRepública o ministro Santos Silva, coma aprovação destas novas disposiçõeslegais relativas às nomeações para osaltos cargos, quatro objectivosessenciais passarão a ficar clarificados:desde logo, como referiu, os cargosdirigentes, por executarem políticas

públicas definidas pelos Governos,“devem ter os seus mandatos vinculadosaos mandatos de quem os nomeiam”.Esta situação, permitirá reduzir o número,“hoje demasiado lato”, dos cargos quea prática transformou em cargos deconfiança política, conseguindo-se esteobjectivo, como explicou, “com aprevisão de regimes próprios,independentes das mudanças eleitorais”,e isto para os secretários-gerais e paraos inspectores-gerais, bem como emrelação às direcções de serviços denatureza predominantemente técnica.Em terceiro lugar, sublinhou o ministrodos Assuntos Parlamentares, com aintrodução da chamada “carta demissão” para os dirigentes máximos,instrumento que o governante classificade fundamental, tendo em vista, comoreferiu, a avaliação do seu desempenhodas funções que lhes estão atribuídas,fica aberta a perspectiva do Governopoder ajudar a estimular e a qualificar oprofissionalismo da AdministraçãoPública, reforçando a gestão porobjectivos e avaliando-se de forma maisevidente os resultados obtidos.Um quarto e último objectivo, diz respei-to à reintrodução da lógica do concursopúblico na selecção e recrutamento paraos cargos intermédios de direcção. ParaSantos Silva esta solução permitirá aposterior nomeação de directores deserviço e chefes de divisão, “garantindo,

sem prejudicar” a celeridade norecrutamento, a transparência e aindependência da referida nomeação.Com a aprovação pelo Parlamento dasnovas regras, elas passarão a representaruma ruptura com o cenário legal até aquiconhecido. Um mudança, relembra oministro Santos Silva, “necessária esaudável”, permitindo, simultaneamente,“de acordo com o espírito de contençãoe sobriedade republicana que temanimado o Governo”, encontrar novoscaminhos e outras soluções, nomeada-mente para as questões dos rendimentosauferidos pelos dirigentes da Administra-ção Pública, que, “mesmo quando optempelos vencimentos da sua posição deorigem, fica estabelecido que a suaremuneração nunca poderá exceder oordenado base do primeiro-ministro”.Para o responsável pela pasta dosAssuntos Parlamentares a proposta doGoverno “é límpida” e ajuda a clarificardois ou três pontos básicos tendo emvista a qualificação da AdministraçãoPública: esclarecer o que é de confiançapolítica “e como tal deve ser tratado”,reduzindo, neste particular, a amplitudede critérios; escolher as direcçõesintermédias recorrendo à figura doconcurso; incentivar a formação dosdirigentes e avaliar o seu desempenhotendo por base a função das missõesque lhes sejam formal e publicamenteatribuídas. R.S.A.

REQUERIMENTOS MAIS RECENTES

O PS PERGUNTAAssunto: Construção do Centro de Saúde de Viatodos-Barcelos

Apresentado por: Deputado Manuel MotaAssunto: Recuperação e correcção do traçado do IC2

Deputados requerentes: Odete João, Osvaldo Castro, CarlosLopes e Isabel VigiaAssunto: Compromissos assumidos com as populações de Calde eLordosa

Apresentado por: Deputados Miguel Ginestal e José JunqueiroAssunto: Ligação do Nó de Moselos ao IP5, junto ao Lidl

Apresentado por: Deputados Miguel Ginestal e José JunqueiroAssunto: Recolha e Transporte de Resíduos Industriais Banais no Dist. deÉvora

Apresentado por: Deputados Carlos Zorrinho e Paula de DeusAssunto: Sampaio & Ferreira, S.A.

Apresentado por: Deputados Nuno Sá, Miguel Laranjeiro eManuel Mota do Círculo eleitoral de Braga do Partido Socialista.

Assunto: Situação da Empresa SimtejoApresentado por: Deputados Marcos Sá e Pedro Farmhouse

Assunto: Amianto na Base Aérea de Beja vai ser guardado em sarcófagoApresentado por: Deputado Marcos Sá

INICIATIVAS

O PS PROPÕE117/X/1 – Estabelece o regime de gestão limitada dos órgãos dasautarquias locais e seus titulares. [2005-06-16]101/X/1 – Décima quinta alteração ao regime jurídico da eleição doPresidente da República. [2005-06-01]

AUTÁRQUICAS 2005

SETÚBAL

CATARINO COSTA QUER CONCELHONO RUMO DO CRESCIMENTOLuís Catarino Costa promove, nopróximo dia 7 de Julho, aapresentação pública da suacandidatura à Câmara Municipalde Setúbal, durante um jantar queterá lugar no pavilhão do ClubeNaval Setubalense.Gestor e administrador deempresas, Luís Catarino Costaaposta na sua larga experiênciade gestão empresarial eautárquica e no seu profundoconhecimento das realidades e dosproblemas de Setúbal, para “recuperarum concelho que já foi um exemplo dedinamismo e progresso governado peloPS” e que atravessou um mandatoautárquico de gestão CDU “caracterizadopor imobilismo, estagnação, compadrio,incapacidade e incompetência”.Ao “Acção Socialista”, Luís CatarinoCosta acrescenta que se propõe“devolver a confiança às forças vivas doconcelho”, tanto do ponto de vistaeconómico como das instituições,associações e colectividades das áreascultural e recreativa.Paralelamente, aposta na concretizaçãode um programa virado para o“aproveitamento integral das enormespotencialidades estratégicas” doconcelho – a sua localizaçãoprivilegiada, no litoral, a escassos

quilómetros da capital e de Troia, o rioSado, a baía, as praias, o porto de mar ede pesca, a serra da Arrábida, a tradiçãoe riqueza cultural e artística, osmonumentos, a gastronomia, unidadesindustriais de grande, média e pequenadimensão, abundância de recursoshumanos bem preparados e experientesdo ponto de vista académico etecnológico.Inconformado com o abandono edesleixo a que estão votados inúmerosespaços e edifícios, como o Conventode Jesus, o Quartel do 11, o TerminalTIR, a Fonte Luminosa, a zona ribeirinha,os bairros sociais, inconformado com ainexistência de uma única obraemblemática no mandato, com oescandaloso atraso na concretização deprograma Polis, com o regresso de novosbairros de barracas, erradicadas em 2001com o programa PER, Luís Catarino

Costa aposta na “atracção de novosinvestimentos propiciadores da criaçãode riqueza e emprego” para recolocarSetúbal no rumo do crescimentoeconómico equilibrado e sustentável,num quadro em que a Câmara terá de darespecial atenção aos problemas dosjovens, dos idosos, dos deficientes edos mais desfavorecidos.Presidente da Concelhia de Setúbal emembro da Comissão Nacional do PS,actualmente vereador e líder da oposiçãomunicipal à CDU, Luís Catarino Costadesempenhou já outros cargos,nomeadamente vogal da ComissãoRegional de Turismo de Setúbal-CostaAzul, vogal do Conselho deAdministração dos ServiçosMunicipalizados, vice-presidente daAssembleia Metropolitana de Lisboa epresidente da Assembleia Municipal deSetúbal.

SOBRAL

PEDRO CARDOSOACREDITA QUE

“A MUDANÇA É POSSÍVEL”“Muito trabalho e dedicação à causa pública”, prometeu no dia 18 ocandidato socialista à presidência da Câmara Municipal de Sobral deMonte Agraço, Pedro Cardoso, que elegeu a saúde, a solidariedade, asacessibilidades e a juventude “como prioridades imediatas” casovença as eleições de Outubro.Falando na sessão de apresentação dos candidatos autárquicossocialistas no concelho do Sobral de Monte Agraço, que decorreu nopavilhão do Soeirinho completamente cheio, Pedro Cardoso assumiuo compromisso de “tudo fazer” junto do poder central para que sejaacelerado o processo de construção de um novo Centro de Saúde navila e de criar valências entre a Câmara e a Santa Casa local quepermitam “assegurar o apoio domiciliário a idosos débeis e acamadosem todo o concelho”.Para fixar a população jovem no concelho e criar emprego, o candidatosocialista quer “promover a integração urbana de uma nova áreaempresarial à dimensão do concelho” e criar “um centro de apoio àiniciativa empresarial”.Pedro Cardoso quer ainda melhorar os acessos, propondo-se apresentarum plano de intervenção para a vila, concluindo diversas infra-estruturas e uma circular regional externa de Sobral.A criação de um museu de artes e ofícios no antigo matadouromunicipal e o relançamento de algumas actividades desportivas comtradição, como a minimaratona e a prova de ciclismo são outrasapostas do candidato socialista, que reafirmou que “a mudança épossível e necessária” numa câmara que está nas mãos da CDU há 25anos.Discursaram ainda José Manuel Gonçalves, presidente da Concelhiado Sobral, José Augusto Carvalho, presidente da FRO, Carlos Bernardes,ex-vereador no Sobral, Maria Amélia Antunes, presidente da Câmarado Montijo e Miranda Calha, deputado e dirigente nacional que como seu testemunho deixaram uma mensagem que é possível umamudança nas próximas eleições autárquicas.

PARLAMENTO

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20 29 JUNHO 2005ÚLTIMA

EDUCAÇÃO: BONSRECURSOS PARA MAUSRESULTADOS?Portugal apresenta hoje, em termos de compara-ções internacionais, resultados educativos muitofracos quer do ponto de vista quantitativo querqualitativo. A taxa de abandono na escolaridade,sem conclusão do ensino básico, apresenta oincrível valor de 24,6 por cento. Por sua vez, noensino secundário 44.8 por cento (!) de estudantestambém não concluem o respectivo ciclo.Associado a estes inacreditáveis níveis deabandono, que nos colocam no fim da lista emtoda a OCDE, o insucesso escolar apresentaresultados igualmente preocupantes e igualmentepouco dignos em termos internacionais. Assim, 8,1 por cento das nossascrianças reprovam e são retidas logo no 1º ciclo (sendo de 13,9% logo no 2ºano de escolaridade), 15,1por cento no 2º ciclo, 18,8 por cento no 3º cicloe 37,3 por cento no secundário (e é de referir que nos anos mais recentes taisdados mostram um recrudescimento do insucesso a que não pode ser alheioum discurso negativo sobre a educação que tem florescido em muitos sectores).Se tais dados fossem compensados com resultados educativos de qualidade,ainda se poderia argumentar que tão elevada selectividade tinha algumacompensação. Mas a verdade é que os estudos internacionais também noscolocam na cauda da UE e da OCDE. No mais recente PISA (Program forInternational Student Assessement), como no anterior, os resultados dosalunos portugueses são dos mais fracos de todos os países, quer seja namatemática, quer na língua materna, confirmando, aliás, os maus resultadosanteriores em matemática e ciências obtidos no TIMSS (Third InternationalMathematics and Science Study).Durante muitos anos, tais resultados foram justificados com as más condiçõesde ensino das escolas e a falta de condições dos professores. Será possívelcontinuar a aceitar tais justificações? Será que nos indicadores relativos arecursos estamos afinal tão mal como nos resultados?Numa média global relativa aos ensinos básico e secundário, Portugal tem omelhor rácio de toda a OCDE no número de docentes por mil alunos – 105,1(!), para uma média de 72,8 no conjunto dos países (69,6 na Finlândia comos melhores resultados no PISA). Analisando por níveis e ciclos de ensinotemos 1 professor para 11 alunos no 1º ciclo do básico em Portugal sendo amédia de 1 para 16,6. No 2º e 3º ciclo temos em Portugal 1 professor para 9,3alunos e na OCDE 1 para 14,4. No secundário Portugal tem 1 para 7,5 e amedia é de 1 para 13,1!Quanto ao número de alunos por turma, no 1º ciclo em Portugal é de 18,7 (21,9na média da OCDE) e de 18,0 a 22,0 nos outros ciclos do ensino básico (parauma média de 23,6 na OCDE).Podem analisar-se muitos outros dados, mas a conclusão é sempre a mesma:Portugal está acima da média da UE e da OCDE nos indicadores de recursos daeducação e das escolas e está muito abaixo nos indicadores de resultados.Por muito que nos custe, é preciso reconhecer que temos um grave (aliás muitograve) problema de eficiência pedagógica que é necessário resolver de formaurgente mas estruturada. Não precisamos poupar (o investimento na educaçãoestá na média da OCDE e continuamos a ter problemas estruturais graves quenecessitam investimento como o alargamento do ensino secundário profissionale vocacional e o reordenamento do 1º ciclo do ensino básico), mas precisamosde fazer melhor, aliás, muito melhor, com os recursos que temos. E nem vale apena falar do estatuto dos professores. Felizmente, Portugal é um dos países emque os professores têm mais elevado estatuto profissional, académico, social eaté remuneratório (no topo da carreira é o 4º salário mais elevado da OCDE, emfunção do poder de compra de cada país, ainda que no início de carreira sejainferior à média, dado que é o 2º leque salarial mais elevado). Mas tal facto temtambém que mostrar-se positivo nos resultados dos alunos e do ensino.O desafio é pois valorizar o que temos. Mas não de forma abstracta com discursosredondos e inconsequentes sobre a importância da educação, o papel dosprofessores e as inalcançáveis reformas educativas. Mas sim com mais trabalho,melhor organização, melhor aproveitamento das condições e dos recursos,melhor e mais selectivo investimento nas condições das escolas e maior exigênciae rigor com o trabalho de todos e de cada um. É nas alturas difíceis que se podee deve fazer diferença; e afinal do trata a educação senão de fazer diferença paramelhor?

VALTER LEMOSOPINIÃO

DEBATE MENSAL COM O PRIMEIRO-MINISTRO

EDUCAÇÃO:UM DEBATE OPORTUNO

A educação foi a área escolhida peloprimeiro-ministro para ser tratada noâmbito do último debate mensal reali-zado na passada sexta-feira, dia 24 deJunho.O tema não poderia ser mais oportuno.No mesmo dia terminava oficialmente oano lectivo, a semana dos examesnacionais do 9ª ano e do 12ª ano e eramdivulgadas as listas definitivas para acolocação de professores no próximoano (antecipando os prazos em cerca deduas semanas).A intervenção de José Sócrates não seficou pelo simples assinalar de umprimeiro sucesso no concurso dosprofessores (que como todos recorda-mos com os Governos PSD/PP foi con-duzida de forma errática, levando a queos professores fossem colocados já asaulas se tinham iniciado). Ao longo dodebate o primeiro-ministro sublinhou,alguns objectivos determinantes para amelhoria da educação dos jovensportugueses:

Estabilidade do corpo docenteO Ministério da Educação está já atrabalhar para que no próximo concursoseja privilegiada a estabilidade do corpodocente, reduzindo o fenómeno dosprofessores que todos os anos têm demudar de escola. Fixar mais osprofessores à sua escola é condição parauma educação de qualidade;

Refeições escolaresFoi assumido o objectivo de, até finalda legislatura, todos os alunos doprimeiro ciclo do ensino básico terão

acesso a refeições escolares;

Horários alargadosAs escolas do primeiro ciclo vão fun-cionar até às 17.30 e este alargamentode horários vai abranger metade dosestabelecimentos de ensino em 2005/2006;

Inglês7000 professores de Inglês vão serdeslocados, no próximo ano lectivo, paraescolas do primeiro ciclo para ensinarcrianças dos 3.º e 4.º anos de escolari-dade. A medida abrange em 2005/06,vinte e cinco por cento da populaçãoescolar;

MatemáticaSerá feito um investimento neste domínio,através de um programa de formaçãocontínua para todos os professores dos3ª e 4º anos de escolaridade;

Tecnologias de informaçãoNas escolas do primeiro ciclo irá fun-cionar um programa que visa a pro-moção da utilização das tecnologias deinformação;

A intervenção de Sócrates foi tambémmarcada pela nota de que “o Governonão agiu contra os professores” e que asmedidas contestadas (o aumento daidade da reforma e o congelamento daprogressão automática nas carreiras) têmde ser feitas em nome da salvaguarda doEstado social.“Não queremos reduzir as prestaçõessociais do Estado”, antes “acabar comos desperdícios e desigualdadesinjustificadas”, afirmou o primeiro-ministro, para quem não é “admissível”a existência de 1327 professores “aexercer funções sindicais”. Número, queem negociação com os sindicatos, seráencurtado para 450 já este ano.

APRESENTAÇÃO DAS CANDIDATURAS

EMANUEL MARTINS OEIRAS::5 DE JULHO::20H00::PAV. ESC. SEC. DE MIRAFLORESCATARINO COSTA SETÚBAL::7 DE JULHO::20H00::CLUBE NAVAL SETUBALENSE

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