dinÂmica educacional de vitÓria da conquista ... · ensinamentos importantes para o curso e na...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS
PR-REITORIA DE PS-GRADUAO E PESQUISA
NCLEO DE PS-GRADUAO EM GEOGRAFIA
Crisley Tatiana Dias Mota
SO CRISTVO SE
ABRIL - 2011
Orientador
Prof. Dr. Dean Lee Hansen
Ncleo de Ps Graduao em Geografia NPGEO/UFS
DINMICA EDUCACIONAL DE VITRIA DA CONQUISTA
E SEUS EFEITOS LOCAIS
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS
PR-REITORIA DE PS-GRADUAO E PESQUISA
NCLEO DE PS-GRADUAO EM GEOGRAFIA
Crisley Tatiana Dias Mota
Dissertao apresentada ao Ncleo de Ps-Graduao em
Geografia da Universidade Federal de Sergipe como pr-requisito
para obteno do ttulo de Mestre em Geografia.
SO CRISTVO SE
ABRIL - 2011
DINMICA EDUCACIONAL DE VITRIA DA CONQUISTA
E SEUS EFEITOS LOCAIS
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MOTA, Crisley Tatiana Dias. Dinmica Educacional de Vitria da Conquista e seus efeitos locais, 166p., 35mm, (UFS, Mestre em Organizao dos Espaos Agrrio e Regional, 2011). Dissertao de Mestrado Universidade Federal de Sergipe Ncleo de Ps-Graduao em Geografia.
1. Educao. 3. Economia 5. Crescimento urbano 2. Servios. 4. Arranjos Locais
UFS-NPGEO
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS
PR-REITORIA DE PS-GRADUAO E PESQUISA
NCLEO DE PS-GRADUAO EM GEOGRAFIA
DINMICA EDUCACIONAL DE VITRIA DA CONQUISTA
E SEUS ESFEITOS LOCAIS
Crisley Tatiana Dias Mota
Dissertao apresentada junto ao Programa de Ps-Graduao em
Geografia do Ncleo de Ps-Graduao em Geografia da
Universidade Federal de Sergipe (NPGEO/UFS) para obteno do
ttulo de Mestre em Geografia.
Aprovado pela banca examinadora:
___________________________________________
Prof. Dr. Dean Lee Hansen - UFS
___________________________________________
Prof. Dr. Jana Maruska Buuda da Matta - UNEB
___________________________________________
Praf. Dr. Maria Augusta Mundin Vargas - UFS
__________________________________________
Prof. Dr. Jos Eloizio da Costa - UFS
SO CRISTVO SE , ABRIL 2011
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Cano do dia de sempre
To bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver to s de momentos
Como estas nuvens no cu...
E s ganhar, toda a vida,
Inexperincia... esperana...
E a rosa louca dos ventos
Presa copa do chapu.
Nunca ds um nome a um rio:
Sempre outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomear!
E sem nenhuma lembrana
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mos distradas...
Mrio Quintana
http://pensador.uol.com.br/autor/Mario_Quintana/
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AGRADECIMENTOS
Deus pela minha existncia.
Ao pesquisador, professor e orientador Dr. Dean Lee Hansen (UFS), pela confiana e
ensinamentos importantes para o curso e na minha vida profissional;
pesquisadora, professora, amiga e co-orientadora Dra. Ana Emlia de Quadros Ferraz
(UESB), pelo auxlio, amizade e ateno dispensada durante a realizao deste trabalho.
Professora Dra. Loudes Bertol (UESC) pela sua valiosa amizade e conversas que me
estimularam a continuar.
A Professora Ms. Daniela Andrade Monteiro Veiga (UESB) e ao Professor e pesquisador
Dr. Artur Jos Pires Veiga (UNEB), amigos que cooperaram com sugestes,
ensinamentos e auxlios nas anlises estatsticas, nos mapas e grficos.
Professora pesquisadora Dra. Jana Maruska Buuda da Matta (UNEB) pela colaborao
valiosa, incentivos e cobranas, com estmulos suficientes para prosseguir e chegar a este
momento.
Aos professores do NPGEO, pelos conselhos e ensinamentos constantes transmitidos.
A Everton do NPGEO pelo auxlio e amizade no decorrer do curso.
A todos os colegas da ps-graduao e amigos, cujos nomes no citarei, porque graas
Deus so muitos.
minha famlia por acreditar na minha capacidade.
A todos que colaboraram para a realizao e finalizao deste trabalho e, em especial, a
Dona Helena pela acolhida carinhosa com que sempre me tratou.
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A diminuio da misria mental dos desenvolvidos
permitiria rapidamente, em nossa era cientfica,
resolver o problema da misria material dos
subdesenvolvidos. Mas justamente desse
subdesenvolvimento mental que no conseguimos sair,
dele que no temos conscincia.
Edgar Morin
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viii
RESUMO
A dinmica espacial local desempenha um papel importante na estrutura produtiva e juntamente com a
aglomerao dos servios de educao constitui uma forma de insero competitiva local, que ganha
elementos positivos, importantes, diante de polticas pblicas aplicadas em diferentes escalas. Para dar os primeiros passos nessa direo preciso considerar o servio de educao e, especificamente,
educao formal oferecida pelo Ensino Superior, como um dos elementos capazes de transformar o
espao, sendo o ponto de partida desta investigao. Essa forma de organizao cada vez mais
competitiva e que concentra espacialmente as instituies trazendo benefcios ao local, atrativos para a alocao de outros setores da economia como o comrcio, servios e construo civil, demonstrando que
a educao alm de ser primordial para a formao do cidado tambm capaz de contribuir para o
desenvolvimento econmico local e de outros locais conectados em um sistema de redes. Diante do exposto, este estudo tem como objetivo analisar a dinmica do setor educacional como processo de
produo do espao geogrfico de Vitria da Conquista, partindo da hiptese de que esta cidade se
constitui em um Arranjo Produtivo Local com base na consolidao de um plo educacional, e que
promove, por conseguinte, uma hegemonia da cidade de Vitria da Conquista em relao a outros municpios da regio Sudoeste da Bahia. Assim, a pesquisa bibliogrfica fundamentou teoricamente este
trabalho e a pesquisa de campo trouxe aspectos da realidade emprica para serem confrontados s teorias.
A coleta dos dados junto s instituies de ensino superior foi organizada segundo uma amostragem intencional para o total dos estabelecimentos. Tambm foram entrevistados agentes que fazem parte do
processo de crescimento urbano da cidade como representantes e rgos vinculados ao comrcio local.
Para que o trabalho fosse possvel, foi necessrio tambm o levantamento de campo sobre as variveis propostas no estudo, atravs de entrevistas abertas e questionrios aplicados, levantamento dos bancos de
dados do IBGE, do Museu Regional da UESB, da Prefeitura Municipal de Vitria da Conquista, rgos
de planejamento municipal, bem como ao Plano Diretor do municpio, buscando entender o processo de
especializao pelo qual vem passando a cidade de Vitria da Conquista e e das instituies de ensino superior com informaes documentais e depoimentos dos agentes envolvidos. Para finalizar
interessante ressaltar que diante dos elementos que compe o setor de Educao Superior da cidade,
pode-se afirmar que o processo de formao de um Arranjo Produtivo Local est sendo estruturado pelo Ensino Superior, o que aqui designado de Arranjo Produtivo Local Educacional de Vitria da Conquista
- APL.Edu/VC.
Palavras Chaves: arranjos locais; servios; educao; economia, crescimento urbano.
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ix
ABSTRACT
The dynamic spatial location plays an important role in the production structure and together with the
binding of education services is a form of competitive entry place, earning positive elements, important in
the face of public policies applied at different scales. To take the first steps in this direction is to consider the service of education and, specifically, formal education offered by higher education as an element
capable of transforming the space, being the starting point for this research. This form of organization
more competitive and geographically concentrated institutions bringing benefits to local attractions for
the allocation of other economic sectors such as trade, services and construction, showing that education in addition to being essential for the formation of citizen is also capable of contributing to local economic
development and other sites connected in a network system. Given the above, this study aims to analyze
the dynamics of the education sector as production of the geographical area of Vitoria da Conquista, on the assumption that Vitoria da Conquista constitutes a Local Productive Arrangement based on the
consolidation of an educational center , and therefore promote a hegemony of the city of Vitoria da
Conquista in relation to other counties in the southwestern region of Bahia. Thus, this literature theoretically based work and field research has brought aspects of empirical reality to be confronted with
theories. The collection of data from institutions of higher education was organized after an intentional
sampling for total establishments. Also interviewed staff members who are part of the process of urban
growth as representatives of the city and related agencies to local businesses. To make the work possible, it was also necessary field survey on the proposed variables in the study through open interviews and
questionnaires, survey of databases of IBGE, the Regional Museum of UESB, the Municipal Government
of Victoria da Conquista, municipal planning agencies, and the Master Plan of the city, seeking to understand the process by which expertise is passing the city of Vitoria da Conquista e institutions of
higher education with documentary information and testimonies of those involved. To finish it is
interesting to note that before the elements that make up the sector of Higher Education of Vitoria da
Conquista, one can say that the process of forming a Local Productive Arrangement is being organized by higher education, which here is designated Productive Arrangement Local Educational - APL.Edu/VC
Vitoria da Conquista.
Keywords: local arrangements; services; education, economic, urban growth,
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LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Itlia: Regio Nordeste do pas com destaque para Veneto, 2010 ............................... 37
Figura 3.1 Vitria da Conquista - BA: Expanso urbana entre as dcadas de 1940 e 1990 .......... 66
Figura 3.2 Vitria da Conquista - BA: Comrcio, servio e os corredores de uso diversificado
PDU 2007 ................................................................................................................................... 67
Figura 3.3 Vitria da Conquista: Evoluo da Populao do Municpio - 1940-2009 .................. 69
Figura 3.4 Vitria da Conquista: Expanso Urbana de 1940 2010 ........................................... 70
Figura 3.5 Vitria da Conquista: Pavimentao da Avenida Luiz Eduardo Magalhes, ao fundo
FAINOR com a construo do mdulo de salas de aula. 2003 ....................................................... 71
Figura 3.6 Vitria da Conquista: Primeiro Grupo de Formandos do Colgio Padre Palmeiras
Dcada de 1950 ....................................................................................................................................... 77
Figura3.7 Vitria da Conquista: Grupo de Professores do Colgio Padre Palmeira - Dcada 1940... .... 77
Figura 3.8 Vitria da Conquista: Desfile 07 de setembro do Instituto Euclides Dantas Dcada de 1960. .. 78
Figura 3.9 Vitria da Conquista: Municpios sob jurisdio da DIREC 20 2010 ...................... 79
Figura 3.10 Vitria da Conquista: Localizao de escolas e creches municipais 2010 .............. 81
Figura 3.11 Vitria da Conquista: Localizao de escolas particulares 2010 ............................. 81
Figura 3.12 Vitria da Conquista: rea sendo preparada para a construo das instalaes da
FAINOR 2000 ........................................................................................................................... 82
Figura 3.13 Vitria da Conquista: Cotidiano da construo civil no bairro Candeias 2010 ....... 90
Figura 3.14 Vitria da Conquista: Ocupao do espao urbano do bairro Candeias em 2003 ...... 90
Figura 3.15 Vitria da Conquista: Ocupao do espao urbano do bairro Candeias em 2010 ...... 91
Figura 4.1 Vitria da Conquista: Pessoas residentes por bairros com curso Superior - 2000 ....... 95
Figura 4.2 Vitria da Conquista: Pessoas residentes por bairros com curso de Mestrado ou
Doutorado - 2000 ......................................................................................................................... 96
Figura 4.3 Vitria da Conquista: Pessoas residentes por bairros com rendimento mensal
superior a 20 salrios mnimos - 2000 .......................................................................................... 97
Figura 4.4 Vitria da Conquista: Pessoas residentes no alfabetizadas acima de 5 anos - 2000 .................. 98
Figura 4.5 Vitria da Conquista: Pessoas residentes com rendimentos entre a 1 salrios
mnimo 2000 .............................................................................................................................. 99
Figura 4.6 Vitria da Conquista: Localizao das Instituies de Ensino Superior 2009 .......... 102
Figura 4.7 Vitria da Conquista: Evoluo dos cursos de graduao da UESB 2002-2010 ....................... 105
Figura 4.8 UESB: Mdulo de medicina Campus Vitria da Conquista. 2010 ........................... 107
Figura 4.9 Vitria da Conquista: FAINOR Panormica da entrada principal - 2010 ................. 110
Figura 4.10 Vitria da Conquista: FTC Panormica da Entrada Principal 2010 ..................... 111
Figura 4.15 Vitria da Conquista: FJT Panormica da entrada principal e do EJT 2010 ........ 112
Figura 4. 12 Bahia: Unidades do IFBA com atuao no Estado 2010 ....................................... 114
Figura 4.13 Vitria da Conquista: IFBA Panormica da entrada principal 2010 .................... 115
Figura 4.14 UESB: Evoluo do quadro de docentes 2002 2010 ........................................... 121
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xi
Figura 4.15 - Vitria da Conquista: Evoluo da execuo oramentria da UESB 2002 -2009 ............ 130
Figura 4.16 Vitria da Conquista: UESB nmero de vagas oferecidae entre 2002 e 2010 ........... 139
Figura 4.17 - Vitria da Conquista: UESB - Evoluo do nmero de alunos matriculados nos
cursos de Graduao 2002-2010. ................................................................................................ 140
Figura 4.18 Vitria da Conquista: Fluxo de estudantes para pelas rodovias Estadual e Federal
2003 .............................................................................................................................................. 159
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Vitria da Conquista: Quantidade de questionrios por Instituio - 2010 ............. 20
Tabela 3.1 Vitria da Conquista: Produto Interno Bruto per capita em R$ - 2009 ................ 85
Tabela 3.2 Vitria da Conquista: Total de Alvars Emitidos pela Prefeitura Municipal 1985 -2008. 86
Tabela 3.3 Vitria da Conquista: Total de alvars emitidos por bairros 2008 .................... 87
Tabela 3.4 Vitria da Conquista: Alvars emitidos por quantidade de pavimentos no bairro
Candeias 2008 ..................................................................................................................... 89
Tabela 3.5 Vitria da Conquista: Quantitativos de Constituies de Empresas - matrizes e filiais nos
ltimos oito anos 2010 ........................................................................................................... 92
Tabela 4.1 Vitria da Conquista: UESB - Evoluo da oferta de cursos 2010 ................... 107
Tabela 4.2 - UESB: Relao dos Laboratrios por campus 2009 ......................................... 108
Tabela 4.3 Vitria da Conquista: UESB Quantitativo de bolsas de iniciao cientfica segundo as
agencias de fomento 2002 2010 .................................................................................................. 108
Tabela 4.4 Vitria da Conquista: UESB - Grupos de pesquisa por rea 2010 .................... 109
Tabela 4.5 UESB: Recursos Humanos por segmento Out/Nov-2008................................ 120
Tabela 4.6 UESB: Relao professor-aluno-tcnico por campi base Out/Nov-2008. ...... 122
Tabela 4.7 UESB: Corpo docente por classe - 2009 ........................................................... 122
Tabela 4.8 UESB: Quadro total de docentes por titulao e condio de trabalho 2010 .... 123
Tabela 4.9 Bahia: IES Quantitativo dosCargos Permanentes - 2010 ................................ 123
Tabela 4.10 Vitria da Conquista: UFBA - Pessoal ocupado por setor - 2008 .................... 124
Tabela 4.11 Vitria da Conquista: UFBA - Qualificao dos tcnicos 2008 ..................... 124
Tabela 4.12 Vitria da Conquista: UFBA - Origem do corpo docente 2008 ..................... 125
Tabela 4.13 Vitria da Conquista: FAINOR- Corpo Docente e Titulao 2009 ................. 126
Tabela 4.14 Vitria da Conquista: FAINOR Corpo docente - Titulao por curso 2008 .............. 127
Tabela 4.15 Vitria da Conquista: UFBA Despesas 2008-2009 ........................................ 129
Tabela 4.16 - Vitoria da Conquista: UESB - Despesas correntes e de capital em 2007 .......... 131
Tabela 4.17 Vitria da Connquista: UESB Relatrio Contbil 2006/2007 ....................... 131
Tabela 4.18 Vitria da Connquista: UFBA Nmero de vagas por ano 2010 .................... 138
Tabela 4.19 Vitria da Conquista: FAINOR - Alunos matriculados por curso 2008.2 .......... 139
Tabela 4.20 Vitria da Conquista: Procedncia dos alunos por instituio 2008 a 2009 .... 141
Tabela 4.21 Vitria da Conquista: UFBA Percentual da Procedncia dos alunos /Campos Ansio Teixeira
2006 a 2008 .......................................................................................................................... 142
Tabela 4.22 Vitria da Conquista: FAINOR: Formandos por curso e perodo 2005 2008 .......... 142
Tabela 4.23 Vitria da Conquista: Cursos de ps-graduao Lato Sensu oferecidos pela FTC - 2010. 145
Tabela 4.24 Vitria da Conquista: Cursos de ps-graduao oferecidos FJT 2010 ........................ 146
Tabela 4.25 Vitria da Conquista: FJT - Cursos de Ps- Graduao em andamento 2010 ............... 146
Tabela 4.26 UESB Cursos de ps-graduao 2010 ............................................................................ 149
Tabela 4.27 Vitria da Conquista: Alunos matriculados em cursos Lato Sensu (Especializao) 2010 . 150
Tabela 4.28 Vitria da Conquista: UESB Ps-Graduao Stricto Sensu 2010 ............................... 152
Tabela 4.29 Vitria da Conquista: Alunos Matriculados nos Mestrados da UESB 2010 ................. 153
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xiii
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 Estratgias de Desenvolvimento - Distrito Industrial 2001 ........................... 39
Quadro 2.2 Itlia: Estratgia - Distrito Marshaliano, 1994 ................................................. 40
Quadro 2.3 Estratgia Ambiente Inovador 2011 ............................................................ 43
Quadro 2.4 Frana: Sistemas Industriais Franceses, 1994 .................................................. 44
Quadro 2.5 Estratgia Cluster, 2001 ............................................................................... 44
Quadro 2.6 Caractersticas dos Arranjos e Sistemas Produtivos Locais, 2002 .................... 52
Quadro 2.7 Analogia entre os Arranjos e Sistemas Produtivos locais e outras formas
organizacionais, 2002........................................................................................................... 53
Quadro 2.8 Brasil: Arranjos produtivos locais - 1998/2004 ............................................... 54
Quadro 2.9 Autores e definies sobre capital social 2011 .............................................. 59
Quadro 3.1 Vitria da Conquista: Escala de Professores que assumiram cadeira na Imperial
Vila da Vitria - 1841 a 1898 ............................................................................................. 76
Quadro 3.2 Vitria da Conquista: Relao dos bairros - PMVC/ SIMTRANS 2010 ........ 85
Quadro 4.1 Vitria da Conquista: Cursos de graduao oferecidos pelas Instituies de
Ensino Superior 2010 ........................................................................................................ 103
Quadro 4.2 UESB: Obras realizadas ou em andamento/Campus Vitria da Conquista
2005/2010 ............................................................................................................................ 106
Quadro 4.3 UESB: Obras realizadas ou em andamento no campus de Itapetinga 2005/2010 106
Quadro 4.4 UESB: Obras realizadas ou em andamento no campus de Jequi 2005/2010 ... 106
Quadro 4.5 Bahia: IFBA Campi na Bahia , 2010 ...................................................................... 113
Quadro 4.6 - IFBA: Mapa dos grupos de pesquisa Campus Vitria da Conquista, 2010. ............ 116
Quadro 4.7 Vitria da Conquista: Faculdade Juvncio Terra Parcerias 2009 ........................ 133
Quadro 4.8 Vitria da Conquista: Cursos de graduao mais procurados 2010.2 ...................... 138
Quadro 4.9 Vitria da Conquista: Cursos de ps-graduao Stricto Sensu 2010 ....................... 143
Quadro 4.10 Vitria da Conquista: FJT cursos de Ps-Graduao 2008 e 2009 ......................... 148
Quadro 4.11 Vitria da Conquista: UESB Ps-Graduao em Cooperao 2010 ................. 151
Quadro 4.12 Bahia: Municpios que formam a regio econmica do Sudoeste 2009 ............... 155
Quadro 4.13 Quadro 13: Estratgias de Desenvolvimento Comparativo com Vitria da
Conquista 2010 ..................................................................................................................... 161
4.14- Operacionalizao do Desenvolvimento de um Arranjo Produtivo Local Educacional de Vitria
da Conquista - APL.Edu/VC ........................................................................................................... 164
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xiv
LISTA DE SIGLAS
APL.Edu/VC Arranjo Produtivo Local Educacional de Vitria da Conquista
APLs Arranjos Produtivos Locais
ASPLs Arranjos e Sistemas Produtivos Locais
CEFET Centro Federal de Educao Tecnolgica
CDL Clube dos Dirigentes Logistas
CREA - Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia
FAINOR Faculdade Independente do Nordeste
FIES - Fundo de Financiamento ao Estudante de Ensino Superior
FJT Faculdade Juvncio Terra
FTC Faculdade de Tecnologia e Cincias
IE Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
IFBA - Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia da Bahia
IPEA - Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada
MEC Ministrio da Educao e Cultura
OCDE - Organizao Para Cooperao e Desenvolvimento Econmico
PROUNI - Programa Universidade para Todos
PIB: Produto Interno Bruto
PPCs - Projetos Pedaggicos dos Cursos
RedeSist - Sistemas de Inovaes de Arranjos Produtivos Locais
SEI Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia
SI Sistema de Informao
SIMPRO - Sindicato dos Professores da Bahia
SBFis - Sociedade Brasileira de Fisiologia
UCSAL Universidade Catlica de Salvador
UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana
UESB Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
UESC Universidade Estadual de Santa Cruz
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UNEB Universidade do Estado da Bahia
USP Universidade de So Paulo
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xv
SUMRIO
DEDICATRIA .................................................................................................................. iii
AGRADECIMENTOS. ....................................................................................................... iv
EPGRAFE .......................................................................................................................... vii
RESUMO ............................................................................................................................ viii
ABSTRACT ........................................................................................................................ ix
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................... x
LISTA DE QUADROS ........................................................................................................ xi
LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... xii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ........................................................................... xiii
INTRODUO .................................................................................................................. 17
1. DINMICA E FORMAS URBANAS NA MULTIPLICIDADE DOS
PROCESSOS LOCAIS ................................................................................................. 23
1.1. DESENVOLVIMENTO URBANO: Uma conjuntura em redes ..................................... 23
1.1.1. Redes urbanas e organizao espacial das cidades ...................................................... 24
1.1.2. reas especializadas e a organizao espacial local .................................................... 27
1.2. NOVAS CONTRIBUIES E TENDNCIAS PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL 30
1.2.1. Panorama regional em um sistema de redes ................................................................ 32
2. DESENVOLVIMENTO REGIONAL ENDGENO, ARRANJOS PRODUTIVOS
LOCAIS E O PAPEL DA EDUCAO FORMAL ..................................................... 36
2.1. DESENVOLVIMENTO REGIONAL ENDGENO: Novas tendncias ........................ 36
2.2. ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS: Conceitos e discusses sobre os arranjos
e sistemas produtivos locais........................................................................................... 46
2.2.1. Fatores determinantes para o surgimento de arranjo e sistemas produtivos locais ........ 48
2.3. EDUCAO E CONHECIMENTO: Processos e potencialidade local ......................... 54
2.3.1. Capital humano e social .............................................................................................. 58
2.3.2. Educao e desenvolvimento econmico .................................................................... 60
3. PROCESSOS E MULTIPLICIDADE DO ESPAO URBANO DE VITORIA
DA CONQUISTA ...................................................................................................................... . 64
3.1. MORFOLOGIA E PROCESSOS URBANOS DE VITRIA DA CONQUISTA .......... 64
3.1.1. Produo do espao conquistense ............................................................................... 65
3.2. ESTRUTURA DA OFERTA DA EDUCAO FORMAL EM UM SISTEMA DE REDES ... 72
3.2.1. Trajetria da dinmica educacional em Vitria da Conquista ..................................... 76
3.2.2. Desempenho recente da dinmica educacional ............................................................ 78
3.2.3. A distribuio espacial da rede educacional ................................................................ 80
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xvi
4. MUDANAS RESULTANTE DA DINMICA EDUCACIONAL:
A possibilidade de formao de APL.EDU/VC .................................................................... 84
4.1. CONFIGURAO E ESTRUTURA URBANA DE VITRIA DA CONQUISTA:
A dcada de 1990 e os espaos de conformao de estruturas sociais ................................... 84
4.2. AGLOMERAES E A ESPECIALIZAO DAS REAS NO ESPAO URBANO . 93
4.3. PERFIL E POTENCIAL DA DINMICA EDUCACIONAL DE VITRIA DA
CONQUISTA ...................................................................................................................... 100
4.3.1. Trajetria do Ensino Superior como fonte do dinamismo local ................................... 100
4.3.2. Capacitao, Inovao e Aprendizado ........................................................................ 101
4.3.3. Recursos Humanos ..................................................................................................... 118
4.3.4. Setor Econmico ........................................................................................................ 127
4.3.5. Polticas Pblicas ....................................................................................................... 131
4.3.6. Setor Acadmico ........................................................................................................ 136
4.3.7. Ps-Graduao ........................................................................................................... 144
4.5. CITY MARKETING COMO RESPOSTA A DINMICA EDUCACIONAL ............... 153
4.6. ARTICULAO TERRITORIAL PARA ALM DO LOCAL .................................... 154
4.7. TENDNCIA DA DINMICA EDUCACIONAL E A POSSIBILIDADE DE
EXISTNCIA DE UM ARRANJO PRODUTIVO LOCAL EDUCACIONAL DE
VITRIA DA CONQUISTA-APL.EDU/VC ....................................................................... 158
5. CONSIDERAES FINAIS ......................................................................................... 162
REFERNCIAS ................................................................................................................ 167
APENDICES
ANEXOS
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17
INTRODUO
No atual processo competitivo da sociedade, a escala do lugar passou a ser
estratgica, visto que aes devem ser planejadas para dinamizar a capacidade de
concorrncia e organizao nos diversos setores produtivos.
A cincia Geogrfica, diante da organizao espacial em redes, gera uma
possibilidade de questionamentos a respeito das novas relaes sociais e espaciais na
melhoria das condies de vida da sociedade. Essas novas relaes vinculadas aos avanos
das tecnologias de comunicao interligam o espao geogrfico em redes, diluindo as
distncias e o tempo, caracterizando um re-ordenamento da organizao espacial j
existente. A dinmica espacial local desempenha um papel importante na estrutura
produtiva e juntamente com a aglomerao dos servios de educao constitui uma forma
de insero competitiva local, que ganha elementos positivos, importantes, diante de
polticas pblicas aplicadas em diferentes escalas.
Para dar os primeiros passos nessa direo preciso considerar o servio de educao
e, especificamente, educao formal oferecida pelo Ensino Superior, como um dos elementos
capazes de transformar o espao, sendo o ponto de partida desta investigao.
Observando o fenmeno do servio de educao com destaque para o ensino superior
possvel reconhecer que este servio se processa em rede e com uma dinmica especfica.
Essa realidade influencia o local para que satisfaa as exigncias do mercado, no que se refere
ao aperfeioamento da mo-de-obra no apenas para a cidade de Vitria da Conquista, mas
para outras que ultrapassam os limites polticos estaduais.
Essa forma de organizao cada vez mais competitiva e que concentra espacialmente
as instituies trazendo benefcios ao local, atrativos para a alocao de outros setores da
economia como o comrcio, servios e construo civil, demonstrando que a educao alm
de ser primordial para a formao do cidado tambm capaz de contribuir para o
desenvolvimento econmico local e de outros locais conectados em um sistema de redes.
Claro que tambm as instituies de Ensino Mdio e Fundamental, entre outras, como
profissionalizante, de idiomas, participam de forma ampla nessa dinmica interconectada.
Diante do exposto, este estudo tem como objetivo analisar a dinmica do setor
educacional como processo de produo do espao geogrfico de Vitria da Conquista partindo
da hiptese de que Vitria da Conquista se constitui em um Arranjo Produtivo Local com base na
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consolidao de um plo educacional, e que promove, por conseguinte, uma hegemonia da cidade
de Vitria da Conquista em relao a outros municpios da regio Sudoeste da Bahia.
Entende-se por dinmica educacional a rede de relaes entre as instituies de ensino
que causam movimento sendo que suas causas e interao entre seus elementos que,
necessariamente no apresenta contato entre eles. J educao, neste caso educao formal,
constitui-se no processo de construo do conhecimento de forma sistemtica, organizada de
acordo as normas da sociedade.
No processo de construo desse trabalho foram delimitados os seguintes objetivos
especficos:
1. Identificar os fatores determinantes para a dinmica educacional de Vitria da
Conquista.
2. Identificar as limitaes na dinmica educacional de Vitria da Conquista.
3. Identificar se a dinmica educacional de Vitria da Conquista deu origem a um Arranjo
Educacional.
4. Verificar o comportamento da dinmica educacional de Vitria da Conquista em
relao ao local e a rede de relaes em que esta vinculada.
5. Verificar se a dinmica educacional de Vitria da Conquista contribui para o seu
desenvolvimento e o desenvolvimento de outros locais.
6. Caracterizar as atividades importantes para dinmica educacional.
7. Traar o perfil e o potencial da dinmica educacional de Vitria da Conquista.
8. Analisar se o Arranjo educacional que se constituiu em Vitria da Conquista surgiu de
forma planejada e intencional por seus agentes ou de forma aleatria.
Assim, a pesquisa bibliogrfica fundamentou teoricamente este trabalho e a pesquisa de
campo trouxe aspectos da realidade emprica para serem confrontados s teorias. Para este
estudo foi feito um levantamento das contribuies tericas de autores que discutem o tema,
entre os quais se destacam autores como Roberto Lobato Corra com seus princpios de
organizao espacial, rede e espao urbano (1989, 1991, 1997). Outros conceitos foram
revisados como o de redes com Manuel Castells (2002), os novos paradigmas da Geografia
econmica, com Georges Benko (1994, 1996, 2001), desenvolvimento endgeno com Antonio
Barqueiro Vzquez (2001) e as orientaes para a identificao do que so Arranjos Produtivos
e Inovativos Locais de Cassiolato e Lastres (2003).
Para balizar o processo de construo desse trabalho, luz da teoria, foram feitos
alguns questionamentos, tais como :
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Quais os aspectos que devem ser considerados para analisar a dinmica
educacional de Vitria da Conquista?
Como identificar as caractersticas de uma dinmica educacional em um municpio?
Quais so os indicadores que mostram o nvel qualitativo e quantitativo da
dinmica e como mensur-los e avali-los?
Como criar uma estrutura adaptvel as condies locais, em que os indicadores
possam ser instalados diante das caractersticas especficas de cada local?
Como considerar as perspectivas e as possibilidades para que o lugar mantenha e
melhore sua dinmica educacional?
Que metodologia seria mais adequada para a anlise de uma dinmica educacional
diante da complexidade da estrutura considerando a necessidade de incluso de
aspectos sociais, polticos, econmicos e educacionais?
Como adaptar a metodologia a diferentes situaes encontradas durante a pesquisa
de campo?
A coleta dos dados junto s instituies de ensino superior foi organizada segundo
uma amostragem intencional para o total dos estabelecimentos. Tambm foram entrevistados
agentes que fazem parte do processo de crescimento urbano da cidade como representantes e
rgos vinculados ao comrcio local. A coleta das informaes foi baseada na seleo de
representantes ou dirigentes das instituies envolvidas para a compreenso do
funcionamento do sistema de oferta do servio educacional de Vitria da Conquista.
Esta etapa da pesquisa buscou caracterizar a estrutura poltica e social, o perfil e o
potencial, a dinmica educacional de Vitoria da Conquista, as contribuies e as limitaes, a
oferta de mo-de-obra qualificada local e a existncia de um planejamento a curto, mdio e
longo prazo. Os dados quantitativos coletados no campo seguiu procedimentos estruturados
com base cientifica para que seus resultados fossem confiveis.
Esta pesquisa trabalha tanto com dados quantitativos como qualitativos que servem de
apoio para as anlises. Na maior parte da pesquisa so os dados qualitativos que predominam
produzindo indicadores gerados pelos resultados dos questionrios aplicados.
A amostragem dos questionrios aplicados nas instituies foi dividida em cinco
partes: Capacitao, inovao e aprendizado, que levantou questes como os fatores
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determinantes para manter a capacidade competitiva no mercado de prestao do servio de
educao, de que forma a instituio introduz aprimoramentos nos servios educacionais e
quais fonte de informao ou de conhecimento para o aprendizado, entre outros aspectos. O
questionrio de recursos humanos buscou retratar o perfil da instituio atravs do corpo de
funcionrios, sua qualificao e origem. O terceiro questionrio levantou questes sobre o
desempenho econmico. Este ltimo questionrio s foi possvel sua aplicao completa nas
instituies pblicas. O quarto questionrio buscou o conhecimento das questes sobre o setor
acadmico com a oferta de cursos, vagas e a origem dos estudantes que buscam os servios de
educao. O quinto questionrio foi baseado nas polticas pblicas que esto vinculadas as
instituies e as mudanas das quais elas participam.
TABELA 1 Quantidade de questionrios por Instituio, 2010.
Instituies de
Ensino Superior
Questionrios TOTAL
Capacitao,
Inovao e
Aprendizado
Recursos
Humanos
Desempen
ho
econmico
Setor
Acadmico
Polticas
Pblicas
UESB 1 1 1 1 1 5
UFBA 1 1 1 1 1 5
IFBA 1 1 1 0 1 4
FAINOR 1 1 0 1 1 4
FJT 1 1 0 1 1 4
FTC 1 1 0 1 1 4 Fonte: MOTA, Trabalho de campo 2010.
As instituies particulares no responderam ao questionrio de desempenho
econmico por considerarem esse assunto sigiloso. O IFBA no respondeu ao questionrio
setor acadmico informando que no tem esses dados cadastrados e no teria um funcionrio
a disposio para fornec-los.
Para que o trabalho fosse possvel, foi necessrio tambm o levantamento de campo
sobre as variveis propostas no estudo, atravs de entrevistas abertas e questionrios
aplicados, levantamento dos bancos de dados do IBGE, do Museu Regional da UESB, da
Prefeitura Municipal de Vitria da Conquista, rgos de planejamento municipal, bem como
ao Plano Diretor do municpio, buscando entender o processo de especializao pelo qual vem
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passando a cidade de Vitria da Conquista e e das instituies de ensino superior com
informaes documentais e depoimentos dos agentes envolvidos.
A pesquisa qualitativa considera a estrutura educacional como fonte direta dos dados e
o pesquisador como seu principal instrumento. Os dados coletados foram descritivos, mas as
entrevistas refletem a viso dos entrevistados sobre a estrutura do sistema educacional,
perspectivas e desafios. Essas aes levaram a compreenso do estudo das organizaes
sociais que compe um processo complexo e interativo, principalmente devido ao fato que as
mesmas influenciam diretamente o processo, colocando em prtica e validando os resultados
da pesquisa.
Para esses procedimentos metodolgicos, a pesquisa foi desenvolvida em duas etapas,
sendo que a primeira envolveu trabalho de gabinete e a segunda compreendeu a investigao
s fontes primrias. O trabalho de gabinete foi subdividido em trs etapas: a primeira foi a
tabulao dos dados, gerao de grficos, tabelas e mapas, digitalizao e edio de fotos. Na
segunda etapa foi realizada a anlise dos dados obtidos e na terceira, a redao final da
dissertao. O que permitiu o confronto entre a teoria e a prtica pesquisada com o
conhecimento emprico compondo assim o trabalho cientfico.
O recorte local e temporal foi a cidade de Vitria da Conquista e sua rea de
abrangncia, nos perodos compreendidos entre as dcadas de 1980, marco de fundao da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB at 2010, data da concluso da pesquisa.
O Capitulo 1 inicia-se com um levantamento das discusses sobre redes urbanas e a
organizao espacial das cidades, por ser um dos elementos que compem os objetivos deste
trabalho. Aborda temas como e endogeneizao do territrio e novos paradigmas.
O Captulo II d continuidade as discusses sobre o desenvolvimento local e regional
sob a tica de diferentes autores e diferentes experincias de desenvolvimento endgeno em
outros locais do mundo. Destaca a abordagem temtica dos Arranjos produtivos locais,
diferentes formas de conhecimento e a importncia da educao para o desenvolvimento
econmico local e regional
O Capitulo III analisa sistematicamente os processos e a multiplicidade que
empiricamente so detectados no espao urbano da cidade sob a tica do setor de educao e
a influencia na configurao do territrio. Neste setor foram examinados os elementos como a
educao e o desenvolvimento econmico no Brasil, a morfologia e seus processos no espao
urbano de Vitria da Conquista, e a estrutura da oferta da educao formal.
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O Capitulo IV, faz uma busca pelo conhecimento da atual situao do setor de
educao com nfase no ensino superior e seus agentes, nas mudanas ocorridas na
organizao espacial da cidade e os principais aspectos da dinmica educacional do ensino
superior. Este captulo infere a possibilidade da existncia de um Arranjo Produtivo Local a
partir da dinmica educacional de Vitria da Conquista.
As consideraes finais ressalta que diante dos elementos que compe o setor de
Educao Superior de Vitria da Conquista, pode-se afirmar que o processo de formao de
um Arranjo Produtivo Local est sendo estruturado pelo ensino superior, o que aqui
designado de Arranjo Produtivo Local Educacional de Vitria da Conquista -APL.Edu/VC.
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CAPTULO I
DINMICA E FORMAS URBANAS NA MULTIPLICIDADE
DOS PROCESSOS LOCAIS
As formas urbanas e suas dinmicas so fruto de processos produzidos atravs da
organizao e das relaes da sociedade inserida em uma rede interna e externa de aes e
que so responsveis pela construo do espao local e regional, repercutindo no espao
nao e de suas relaes com o espao global.
Este Captulo empreender algumas discusses sobre redes urbanas e a organizao
espacial das cidades, temas como e endogeneizao do territrio, novos paradigmas e
discusses sobre o desenvolvimento local e regional, bem como sobre os Arranjos produtivos
locais e a importncia da educao para o desenvolvimento econmico local e regional.
1.1. DESENVOLVIMENTO URBANO: uma conjuntura em redes
H muitos sculos o capitalismo se consolidou como sistema econmico provocando
enormes mudanas na sociedade e na forma de produo. A busca pela produtividade e
lucros gerou novas relaes entre os distintos grupos sociais. A humanidade se beneficiou
com o avano das tecnologias trazidas pelo desenvolvimento. Assim, o espao geogrfico
apresentou mudanas em todos os seus aspectos. Uma nova paisagem foi observada em
decorrncia das vrias fases apresentada pelo capitalismo e suas crises metamorfoseando
novas formas de garantia de continuidade. Grandes contingentes populacionais migraram por
diversas reas dentro e fora de suas naes. A diversidade das formas de alienao,
desemprego e de explorao do trabalho tambm aumentaram. O falso conceito de liberdade
para o trabalhador induziu o iderio de que com o trabalho rduo, tudo estaria a alcance das
mos e que a tecnologia estaria em razo de benefcios para a humanidade.
A Era Industrial deu lugar Era do Conhecimento e dos processos de remodelao do
territrio. necessrio um aprofundamento terico para compreender essa nova realidade.
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Assim, a Geografia como uma filosofia das tcnicas une a informao e o processo de
remodelao do territrio, fundamental para a atualizao e interpretao da sociedade atual e
para reconstituir a unidade entre tempo, espao e sociedade. A organizao social em distintas
partes do globo se apresenta sob diferentes escalas de anlise e no possvel mais trabalhar
categorias de forma hierarquizada. Cada uma possui a capacidade de se relacionar com
diferentes pontos do espao global sem depender das demais (GOMES, 2003).
Essas transformaes tecnolgicas, polticas, econmicas e sociais decorrentes do
processo de globalizao adquirem implicaes em nvel da cidade-regio, gerando intensa
atividade de trocas, em diversos setores dentro e fora dos pases, em um conjunto de redes
interligadas pelo capital, produo, consumo, tecnologias, comunicao. O estudo da rede
desvela processo de integrao econmico social a partir da integrao dos municpios que
compem a rede, podendo ser considerada como vetor de desenvolvimento econmico
regional ou apenas concentra o desenvolvimento endgeno local.
1.1.1. Redes urbanas e organizao espacial das cidades:
Os processos sociais produzem forma, movimento e contedo sobre o espao urbano,
originando a organizao espacial da cidade. Essa organizao caracterizada pelo uso da
terra extremamente diferenciados e pelas interaes dos fluxos de capital e do
desenvolvimento econmico que permitem integrar diferentes partes. A anlise da rede
urbana, a relao cidade-regio, a forma e a organizao espacial conduzem a compreenso
da totalidade social e suas conexes.
O longo do processo de organizao e reorganizao da sociedade, se deu concomitamente a transformao da natureza primitiva em campos, cidades,
estradas-de-ferro, minas, voorocas, parque nacionais, shopping center, etc. Essas
obras do homem esto apresentando um determinado padro de localizao, que
prprio de cada sociedade. Organizaes espacialmente constituem o espao do
homem, a organizao espacial da sociedade, ou simplesmente, o espao geogrfico
(CORREA, 1991, p. 52).
Em uma poca sob a gide da globalizao, so as aes e a organizao social local
que diferem e do destaque ao local e ao regional. O mundo atual unifica-se e ao mesmo
tempo se desintegra. A contradio entre o local e o global se intensifica. A tecnologia
redefine os territrios, acentua as questes relacionadas ao espao e re-valoriza o local. Essas
contradies so decorrentes do processo de globalizao e adquirem implicaes em nvel
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regional e local. A intensificao das relaes nas atividades de trocas, em diversos setores
dentro e fora dos pases, atua em um conjunto de redes interligadas pelo capital, produo,
distribuio, consumo, tecnologias e comunicao.
Para que exista a rede urbana necessrio que exista uma economia de mercado com uma
produo que comercializada em outro local ou regio que no seja a mesma em que produzida.
Assim, a integrao entre as instituies pblicas e privadas possibilita aos municpios que
compem a rede urbana compartilharem o aumento progressivo da integrao, o que acaba criando
um fluxo contnuo de oferta e procura por bens e servios. Essa integrao caracterizada pela
interdependncia continua que por vezes extrapola os limites da regio, intensifica as relaes extra-
regionais. As principais conseqncias do desenvolvimento das redes so a extenso e os limites do
territrio em que atua e sobre a posio de certas cidades da rede em relao s demais.
Os novos arranjos espaciais, fruto das dinmicas de apropriao e uso do territrio,
apresentam mudanas na rede urbana atual em funo de alteraes nos diversos setores da
economia com o surgimento de novas fronteiras e a reorganizao das redes econmicas
financeiras, varejistas e de inovaes (SPOSITO, 2008).
Assim, a diviso territorial do trabalho fundamental para a compreenso da rede
urbana, por mostrar como a sociedade se apropria e transforma a natureza e a dinmica das
formas espaciais das cidades e suas articulaes. A cidade alm de expressar a diviso do
trabalho intelectual e manual, caracteriza-se como n da rede que apropria e controla a
produo, circulao, oferta e consumo de bens e servios.
Nesse ponto Lefebvre (1999) assinala que a diferena entre a cidade e o urbano seria aquela
em que a cidade expressa uma realidade presente, arquitetnica, imediata. J o urbano apresenta a
realidade social composta de relaes concebidas, construdas e reconstrudas. J Ferraz (2001)
assegura que o cotidiano da populao produz o espao urbano que se edifica mediante competies
do poder local. A relao e os conflitos entre os sujeitos envolvidos esclarecem as anlises dos
contnuos processos de produo do espao urbano interferido na configurao territorial da cidade.
A dinmica entre a construo da cidade e do urbano apresenta-se como uma construo dialtica
entre os sujeitos sociais que se materializam historicamente.
Para Carlos (1992), o urbano fruto da dinmica das foras produtivas que a se
desenvolvem plenamente e especificamente da grande aglomerao, onde as condies gerais
de produo se encontram mais evoludas. A cidade vista como uma forma de organizao
do espao construdo pelo homem. a expresso concreta dos processos sociais estabelecidos
na forma fsica e construdos sobre o espao geogrfico.
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Sposito (2008), sobre essa discusso finaliza assinalando que nesta nova complexidade
de articulaes da organizao espacial que incorporam distintos grupos de cidades se chega a
concluso de que as metrpoles como concentrao de riquezas e de poder, so os mais
complexos aglomerados urbanos em rede.
Nesse contexto de globalizao pode-se observar o aumento da autonomia dos
governos locais (cidades e seus municpios, estados ou provncias), atuando por conta prpria,
diante do governo central. Essa autonomia acaba por aumentar o contato entre as cidades e as
relaes internacionais, que trabalham em diversos aspectos principalmente os comerciais
criando as world cities (BRIGAGO, 1998, p.27).
No so todos os governos e as comunidades locais que querem receber, vindos de um
poder central, um pacote de projetos e bens pblicos que no tem nada haver com suas
necessidades e com sua execuo. Amaral Filho (2001) assinala que os governos locais esto
mais preparados para identificar as necessidades locais e de preferncia da populao, estes
governos esto mais prximos dos produtos e consumidores finais de bens e servios pblicos
e privados, alm de poder diferenciar mtodos e experincias locais o que pode melhorar a
oferta de servios pblicos.
As polticas pblicas podem orientar o desenvolvimento de regies tornando-as
competitivas e atraentes para a instalao de empresas e de mais investimentos. A regio deve
proporcionar uma coeso interna e integrada a todo o sistema global de produo. Estas regies
recebem a denominao de regies inovativas. O Estado deve prestar ateno as mudanas e as
informaes que os consumidores finais dos bens e servios apresentam. Este comportamento do
poder pblico percebido praticamente em todas as formas de desenvolvimento local e regional.
Observou-se que no final do sculo XX, as mudanas nos governos locais ficou
evidente e as aes polticas passaram a ser conhecidas como democracia participativa que
difere da democracia representativa, onde o poder delegado a representantes pelo voto e o
poder total de decises cabe aos governantes eleitos. J a democracia participativa, segundo
Pintaudi (2004) amplia a base de decises de interesses dos cidados que levam em
consideraes as sugestes de Conselhos ou outras entidades de representao popular,
assegurando a existncia de um Estado que alm de reconhecer os direitos dos cidados,
divide com eles o poder de estabelecer critrios para as polticas pblicas.
Mendes (1989) argumenta que a cidade um espao em constante transformao em
pores mais significativas que no meio rural, pelo ritmo acelerado em que tem crescido nos
pases subdesenvolvidos, impulsionados pela internacionalizao do capital. Principalmente
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nas trs ultimas dcadas, os nveis de concentrao populacional cresceram aceleradamente
gerando uma srie de dificuldades a serem superadas.
A cidade como aglomerao de capital constante, fixo e varivel serve a reconstituio
da fora do trabalho e o trabalho social presente na produo essencial para a sociedade de
mercado. O grau de desenvolvimento do mercado resulta em um critrio de unidade de uma
aglomerao. Dessa forma Lipietz (1974), assegura que a cidade atual produto do presente
mais se apresenta carregadas de heranas do passado, como contribuio do modo de
produo e que a historia da cidade de luta de classe, como vitria do capital financeiro.
Assim, o espao apropriado pelo ator se territorializa. Qualquer projeto no espao
mostra a imagem desejada de um territrio. O espao econmico como elemento da
territorialidade adquire um valor particular, pois reflete a multidimensionalidade do espao
vivido pelos membros da sociedade (RAFFESTIN, 1993).
Nesse contexto, o surgimento constante de espaos nobres ou de expanso em
detrimento de outros j equipados e adequados as mltiplas necessidades humanas e urbanas
so pontos que merecem ateno na organizao das cidades. Em outra extremidade com a
mesma necessidade de ateno aparecem o rpido crescimento da pobreza e a necessidade de
novos servios e equipamentos que se ajustem a dinmica atual (SILVA, 1996).
Diante dessas transformaes, as relaes orientadas no modelo capitalista contemporneo
tm produzido uma nova organizao espacial em esfera global, regional e local. A cidade se
organiza territorialmente para atender a uma sociedade programada, condicionada atravs de uma
organizao do seu cotidiano que tambm gerido pelas empresas.
1.1.2. reas especializadas e a organizao espacial local
A cidade como local do desenvolvimento apresenta-se com a capacidade de
especializao em termos socioeconmicos. Com o processo de urbanizao, as cidades vo
ganhando uma configurao espacial semelhante a outras de igual porte, mas cada uma com
suas particularidades, resultado da forma de organizao da sociedade envolvida sobre o
modo de produo em que est inserida.
No caso do uso produtivo da cidade, este ser determinado pelas caractersticas do
processo de reproduo do capital. o caso da localizao da indstria, das atividades
financeiras, comerciais, de servios e da rede de circulao que auxiliam a produo e a
realizao do processo de valorizao de capital, assentadas nas necessidades da reproduo
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das relaes sociais. Neste caso, o espao da cidade se reproduz enquanto condio, gerando o
processo de coeso que pode ser definido como o movimento que leva as atividades a se
localizarem juntas, sendo sinnimo de economias externas de aglomerao. Os processos
espaciais e suas formas so a centralizao e rea central, a descentralizao e os ncleos
secundrios, as reas especializadas, a segregao e as reas sociais, a dinmica espacial desta
segregao e a inrcia das reas cristalizadas. A conseqncia deste processo a criao de
reas especializadas, na rea central ou em outros setores da cidade.
As caractersticas do ncleo central so o uso intensivo do solo principalmente do
setor tercirio com alto valor da terra, maior concentrao vertical, limitada escala horizontal,
limitado crescimento horizontal, concentrao diurna e ficando deserta a noite, foco dos
transportes intra-urbanos e reas de decises caracterizando-se por ser o ncleo de gesto do
territrio (CRREA, 1989). Na organizao espacial da cidade, em cada centro vrias
empresas concorrentes oferecem o mesmo servio ou complementares, na mesma rua.
contendo tambm a maioria dos equipamentos urbanos de servios e o surgimento de bairros
residenciais ao longo da margem da cidade (BENKO, 2002). A aglomerao urbana passa
ento a se constituir de pequenas ilhas, casas, escritrios, centros comerciais (DAMIANI,
2002). No uma empresa que serve determinada rea, mas um aglomerado de empresas.
Caso contrrio, quando h apenas uma unidade de servio provvel que no seja uma
concorrncia, mas uma organizao planificada (BENKO, 2002).
A centralidade liga-se hoje a uma nova capacidade de concentrao. Dessa forma Fani
(2000) argumenta que o espao se fragmenta artificialmente em torno dos centros que se
caracterizam como reservas de valor, meio de segregao da disperso da sociedade nas
periferias e subrbios. O crescimento interno da cidade se intensificou e se concretiza a partir
de novas formas, estruturas e funes, onde grandes reas ganham novo valor de troca em
contraste com as zonas perifricas ou no contraste entre os bairros.
Centros de prestao de servios esto se desenvolvendo pelo mundo, normalmente nas
reas metropolitanas, com uma quantidade e com o objetivo de atender uma gama de
possibilidades. Esses complexos, segundo Castells (2002), representam uma importante fora
cultural e econmica nos locais e nas cidades, com a possibilidade de expanso ao longo do
tempo. De um lado tem-se o grande crescimento da cidade e da populao espalhado por
diversas reas, e de outro, intensifica-se o grau de funcionalidade dos centros urbanos criando
em certos casos reas especializadas dentro da organizao territorial, resultante da
consolidao das relaes de produo que regulam a sociedade contempornea. Todavia, para
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atrair investidores e envolver a populao o grupo dominante maqueia a cidade,
denominando essa camuflagem de City Marketing que uma expresso usada por aqueles
que tm interesses, principalmente, econmicos em construir a imagem da cidade perfeita
para atrair investimentos. Souza (2004, p.303) assinala que:
Pode-se-ia dizer, assim, que em vrias situaes, o problema que reside por trs do
marketing urbano o mesmo que reside em qualquer propaganda enganosa, em que as
qualidades do produto a ser comercializado so exageradas e possveis defeitos so
escamoteados. A analogia com a propaganda enganosa (versus propaganda honesta) ,
contudo, ela prpria defeituosa e muito limitada. Uma cidade no um simples
produto ou uma mercadoria qualquer, que se possa descrever objetivamente por meio
de suas prioridades; uma cidade um complexo scio-espacial onde vrias leituras e
interpretaes coexistem, competindo entre si e refletindo interesses divergentes. Neste plano, o marketing urbano deformado deve ser considerado como resultado de
uma tentativa de influenciar no apenas investidores e turistas em potencial, mas toda
uma opinio pblica, formando uma imagem de cidade conforme aos interesses e
viso de mundo dos grupos dominantes.
Assim, cidades que possuem condies de receber um crescente nmero de
investidores, podem ficar para traz diante de outras que praticam o city-marketing. De toda
forma, a expresso city-marketing vem sendo difundida no mundo inteiro. Mais adequada que
a expresses anteriormente usadas que promoviam a rivalidade entre cidades. City-marketing
pode ser usada de forma a favorecer uma cidade no escondendo os defeitos, mas ressaltando
as qualidades. Assim, Souza (2004, p.303-304) refora assinalando que:
[...] o marketing urbano, como instrumento informativo, dever servir para mostrar, com
maior fidelidade possvel, os resultados alcanados na busca por um desenvolvimento
scio-espacial autntico (...). Uma vez se realizando esse desenvolvimento, a atratividade
da cidade para turistas e mesmo investidores poder se ver bastante incrementada, sem que para isso seja necessrio enfatizar (na propaganda ou nas intenes concretas)
aspectos cosmticos e, no que concerne aos investidores, sem que seja preciso
oferecer incentivos generosssimos, muitas vezes mais uma questo de prestgio para o
administrador do que fruto de uma anlise custo/benefcio conscienciosa. Um tal
marketing servir para mostrar os resultados de um trabalho srio e bem feito, o que
poder contribuir para o aumento da auto-estima da populao local e um reforo da
legitimidade da administrao, sem que isso se traduza em estmulo arrogncia
xenfoba ou em manipulao da populao.
O city-marketing feito desta forma favorece a participao popular, de cada cidado a
respeito das aes do Estado, planejamento e gesto. O envolvimento do cidado favorece as
polticas em escala local e regional, onde a melhoria da qualidade de vida leva a populao a
valorizar a cultura, o conhecimento tcito e a buscar cada vez mais a educao formal
completando o ciclo do desenvolvimento econmico sustentvel.
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1.2. NOVAS CONTRIBUIES E TEDNCIAS PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL
A atualidade torna mais complexa a fragmentada articulao de diferentes pontos da
superfcie terrestre vinculada a uma diviso territorial do trabalho como tambm por relaes
produtivas, sociais, polticas e culturais. O espao pode ser a dimenso de muitos lugares e,
neste contexto se d uma diferenciao da distribuio scio-econmica da sociedade.
Sobre o lugar e espao, o lugar pode ser uma maneira de decomposio do fenmeno
espacial ou um modo de colocar a questo da diferenciao, mas isso s ocorre se transcende a
idia dele enquanto fato isolado. Assim, a totalidade do espao se converte no lugar da
reproduo das relaes de produo, que se concentram no centro da sociedade estruturada em
classes sociais distintas (LEFEBVRE,1999). Neste sentido, o lugar no seria definido pela
escala, mas como parte integrante de uma totalidade espacial fundamentada no
desenvolvimento desigual (CARLOS, 1999).
A nova economia apresenta formas de organizao do espao com a intensificao dos
constantes processos de adoo, difuso das inovaes e com sua rpida superao em tempos
cada vez mais recordes, criou margem para a criao do conceito de economia de inovao
perptua (CASSIOLATO; LASTRES, 2003, p.4). Neste caso, a globalizao, ao contrrio do
que se imaginava, intensificou os processos de desenvolvimento local, tomando como base
organizacional as polticas neoliberais, constitudo por uma dinmica endgena (HANSEN,
2003). Essa dinmica utiliza empresas e mo-de-obra capacitada no processo de intensificao
da produo diante das exigncias do mercado, sendo que a gesto do conhecimento pode ser
aplicada em qualquer rea que busque o desenvolvimento. De acordo com Carlos (1992, p.15):
Essa dinmica conduz, de um lado, a redistribuio do uso de reas j ocupadas levando a um deslocamento de atividades e/ou dos habitantes; e de outro incorporao de novas
reas que importam em novas formas de valorizao do espao urbano. No caso das
grandes cidades ocorre geralmente a deteriorao do centro e/ou das reas centrais que
passam a serem ocupados por casas de diverso noturna, penses, hotis de segunda
classe, zonas de prostituio, cortios. Isso faz com que os chamados bairros ricos,
prximos s reas centrais, sofram uma mudana de moradores e com isso d-se origem
a um movimento no espao. Os antigos moradores fogem para reas privilegiadas mais
afastadas, surgindo os bairros-jardins, as chcaras, os condomnios fechados. a
moradia como sinnimo de status.
Cada grupo social costuma dar sua prpria definio sobre o termo globalizao. No
senso comum ou dentro da academia vem-se continuamente discursos sobre o processo que
vem modificado todas as organizaes sociais. As conseqncias dessas mudanas esto
refletidas no espao. Em uma definio de globalizao no se pode deixar de destacar a
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intensificao da mobilidade dos trabalhadores, do capital, inovaes organizacionais que
intensificam as relaes inter-regionais, internacionais e mundiais.
O avano das comunicaes intensificou os contatos entre as pessoas. Todavia no h
o nivelamento cultural, uma homogeneizao entre os diversos grupos sociais que compe o
planeta. A globalizao contribui para o desenvolvimento desigual do espao geogrfico.
Com a Revoluo da Informtica emergiram novas tecnologias, organizaes sociais e
mudanas profundas na economia de cada pas. O estreitamento das relaes econmicas e
sociais com uma grande densidade das redes entre os diversos agentes envolvidos aumenta
cada vez mais a diversidade e a complexidade das relaes que determinam a organizao do
espao. Em algumas situaes, servem para implementar de forma intensificada, uma
determinada poro do espao, enquanto outras ficam estagnadas, criando uma relao de
interdependncia, tpica da sociedade capitalista globalizada.
As tecnologias da informao, diante das perspectivas de novas economias geraram novas
estruturas sociais que se manifestam em culturas institucionalizadas (CASTELLS, 2002). O
desenvolvimento local atual est relacionado com a capacidade de inovao, que atravs das
aglomeraes, se caracteriza pelo uso da tecnologia e da organizao social e institucional de
determinada localidade. Na tentativa de aumentar a competitividade e a sua dinmica, as
empresas promoveram o aumento da capacidade de gerar e absorver inovaes, tanto
incrementais quanto radicais, atravs do complexo sistema de redes em que est vinculado, na
busca do aumento dessa capacidade de inovao (CASSIOLATO; LASTRES, 2003).
Uma possvel definio das aglomeraes inovativas aponta para aquelas em que a
capacidade inovativa a grande chave de seu desempenho, semelhantes a conceituao
evolucionista de sistema local de inovao. As aglomeraes inovativas possuem elevada
capacidade gerencial e adaptativa, nvel e treinamento da mo-de-obra consideravelmente
acima da mdia, difundida e caracterizada por pequenas porosidades, vinculao estreita com
o mercado externo, alm de um elevado grau de confiana e cooperao entre os agentes. So
a capacidade de gerao de novos produtos, a flexibilidade e rapidez nas respostas s
demandas do mercado as peculiaridades que fazem com que mesmo indstrias tradicionais
(txteis, calados, mveis etc), organizadas em aglomeraes inovativas, faz com que sua
dinmica seja diferenciada (SANTOS, 2002).
A globalizao e toda sua proposta de mudanas tecnolgicas redefinem o papel das
regies e o desenvolvimento regional est propenso a se consolidar, ocorrendo quando a
sociedade est envolvida e mantm de forma organizada a educao e a cultura.
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1.2.1. Panorama regional em um sistema de redes
A regio, no momento atual, vem assumindo um novo papel, diante das redes que a
redefinem. A gerao de empregos, infra-estruturas que atendem as necessidades capitalistas,
envolvem diversos municpios e criam uma situao de interdependncia caracterstica da
sociedade moderna nos tempos de globalizao.
Nesta proposta de reorganizao do mercado, a globalizao redefine o papel das
regies. Novas formas de organizao do espao vo se estruturando em que o local e as regies
passaram a dar respostas estratgicas aos desafios colocados pelo aumento da concorrncia nos
mercados (VARQUEZ, 2001). A descentralizao econmica uma das principais
caractersticas da globalizao. As firmas tendem a operar em diversas partes do mundo e
nem todos os produtos devem ser produzidos em um nico local (GALVO, 1998).
Klink (2001, 19) considera que esse novo momento presencia a valorizao do setor
tercirio, apoiado nos avanos das telecomunicaes que garantem os intensos fluxos de
informaes e conhecimento em tempo hbil, para qualquer ponto do planeta, sem grandes
custos, intensificado no processo de globalizao. Esse mesmo autor trata a respeito do
conceito da interdependncia entre os municpios, coaduna com a anlise de Storper, quando
se refere ao conceito de interdependncia, como abrangente, mas chama a ateno para as
interdependncias no comercializadas do mercado que so determinantes para a construo
dos arranjos internos e externos de uma regio.
As questes sobre desenvolvimento regional at ento discutidas nas teorias do Estado
Isolado de Von Thnen (1826), Teoria de Localizao Industrial de Weber (1909), Teoria dos
Plos de Crescimento de Perroux (1955), Teoria das Localidades Centrais de Walter Christaller
(1968) e a Teoria Centro-Periferia de John Friedmann (1969), teorias que apresentaram
discusses sobre fatores econmicos, geogrficos, e scio-polticos diante da dinmica espacial do
lugar (Silva, 1976) tiveram seu marco nas discusses acadmicas e apresentaram limites na sua
anlise por ser limitantes e no aprender toda a complexidade do desenvolvimento regional.
Outras teorias foram propostas nas discusses de desenvolvimento regional, mas como as
anteriores apresentaram questionamentos diante da complexidade do tema.
Nas ltimas dcadas observa-se mudanas nas teorias de desenvolvimento regional
diante da crise e do declnio de muitas regies tradicionais industriais e pelo surgimento de
novas regies com novos paradigmas industriais. Isto porque as mudanas esto vinculadas as
novas formas e modos de produo e organizao industrial (AMARAL FILHO, 2001).
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Um dos efeitos do processo de globalizao foi o que muitos tericos passaram a
chamar de regies ganhadoras que so antes de qualquer coisa regies produtoras de bens
exportveis que tanto podem ser bens manufaturados como servios, so aquelas que seguem
caminhos de desenvolvimento e regies marginalizadas que so aquelas que possuem uma
economia estagnada ou uma economia em processo de definhamento, mas mesmo assim
continuam a fazer parte do sistema econmico.
As disparidades regionais comprometem o desenvolvimento de um pas, a qualidade
de vida da populao, comprometem a eficincia da economia nacional, portanto a reduo
das desigualdades regionais pode beneficiar toda a nao. Os resultados das polticas sociais
ou regionais dependem da orientao que elas do aos recursos. Bem orientadas e aplicadas,
essas polticas podem resultar em ganhos lquidos sobre o bem-estar social e sobre a
economia (GALVO, 1998).
O fato da regio estar conectada em redes e da valorizao do conhecimento como
forma de garantir a continuidade do sistema capitalista e da sobrevivncia das reas inseridas
neste contexto est presente nas discusses acadmicas que tentam compreender este novo
cenrio de organizao espacial. A atualidade, identificada como era do conhecimento, e a
crescente integrao em redes, a regio ressurge como lcus da organizao produtiva e da
inovao, onde o esforo e o sucesso da pesquisa, da ao institucional, do aprendizado se do
de forma coletiva atravs da integrao, cooperao e seus complementos imersos no
ambiente cultural local (DINIZ, 2000).
necessrio compreender a regio em cada momento, cada cultura ou civilizaes e
como o mundo entendido. Cada horizonte geogrfico por ser relativo em cada momento
histrico. Assim:
A idia de regio apresentando-se como particularidade, como mediao entre o
universal e o singular, como mediao entre o universal e o singular, como
mediao entre o global e o local. Pensando nesse movimento mediador,
procuramos demonstrar que a idia de regio, como parte de uma totalidade, tanto quanto o conhecimento geogrfico, esto presentes em todas as sociedades. Isso
porque, como j dissemos, viver significa conhecer o espao circundante e produzir
interpretaes a partir das mais simples experincias. Significa perceber o espao
circundante como ordem prxima e produzir interpretaes sobre o mundo como
ordem distante. (LENCIONE, 2003, p. 198).
E a atualidade expe a sociedade em rede, inegvel da dcada de 1970 com a articulao dos
diferentes lugares. com a rede que se descobre a globalizao (MOREIRA, 2007).
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A aproximao das regies mais desenvolvidas, conhecida como catch up, formada
por um conjunto de fatores que fazem parte da forte horizontalizao das relaes empresariais.
As antigas hierarquias tradicionais, em alguns casos no envolvem a populao em geral, assim
cada vez mais os governos apresentam seus projetos participativos que entre outros objetivos,
buscam aproveitar a riqueza oferecida pela localidade ou regio em que est inserida, utilizando
suas habilidades nicas formuladas pelo conhecimento tcito.
O termo rede utilizado por diversos tericos. Mas o que todos tm em comum a
existncia de sistemas de comunicao, que quanto mais denso e rpido, mas desenvolvida e gio
ser a rede causando um processo de feedback. Rede um conjunto de ns interconectados
(CASTELLS, 2002, p. 566). Os limites de uma rede no so fceis de definir. Para Capra, (2002,
p.94) as redes sociais so redes de comunicao envolvendo a linguagem simblica, os limites
culturais, as relaes de poder. Estas redes geram imagens metais, pensamentos e significados.
da dinmica e da complexa interdependncia desses processos que nasce o sistema integrado de
valores, crenas e regras de conduta que associamos ao fenmeno da cultura. Em um sistema de
redes cada componente participa da formao e manuteno dos outros componentes. Assim, as
Redes Formais so caracterizadas pelas cadeias eletrnicas e de comunicao. As Redes Informais
so caracterizadas pelas trocas pessoais de conhecimento e de interesses. As Redes Cooperativas
esto vinculadas a pessoas e instituies que buscam um objetivo em comum.
O sistema de redes quando utilizado pelas pequenas e mdias empresas dividi-se em
redes horizontais quando juntas ampliam as possibilidades em uma economia de escala
comprando os insumos em conjunto, realizar o marketing em conjunto e combinar a
produo para o atendimento dos pedidos o que Schimitz (2005) chama de eficincia
coletiva. J as redes verticais esto relacionadas com a diviso do trabalho que est
orientada para o local, mas tanto as redes horizontais como as verticais promovem o
conhecimento como recurso coletivo de melhorar a produo mantendo sempre o objetivo
da ampliao dos lucros (SANTOS, 2002).
O estudo da rede urbana reveste-se no desvendamento do processo de integrao
econmica e social a partir da integrao dos municpios que compe a rede que pode ser
considerada como vetor de desenvolvimento econmico regional ou apenas a promoo o
desenvolvimento endgeno local. As redes so responsveis pela conexo entre as
localidades. Os fatores que explicam a estrutura da rede diante da globalizao so a
unicidade das tcnicas, a possibilidade de conhecimento do planeta e dos processos que a
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mais-valia globalizada, gerando uma globalizao perversa. Questionamentos a respeito desta
unicidade so essenciais na busca de mudanas e de mudanas nas formas de ao.
De forma ampla, pretende-se mostrar que a globalizao da economia d nfase ao
desenvolvimento regional. As regies que melhor e mais rapidamente se organizam vo se
destacando e ingressando no sistema. A velocidade desse ingresso permite que as regies
ganhem destaque em face de outras que possuem um ritmo mais lento de adaptao e
assimilao do sistema de mais-valia mundial.
A organizao social passa a se caracterizar por uma nova dinmica devido s
necessidades do sistema de produo. O trabalho qualificado contribui para a intensificao
do processo de acumulao capitalista. Neste contexto, o desenvolvimento endgeno tem uma
interpretao voltada para ao, o que d s comunidades locais e regionais a possibilidade de
enfrentarem os desafios colocados pelo aumento da concorrncia (VZQUEZ, 2001). Assim,
para que haja a consolidao dos sistemas de pequenas empresas existem estratgias como
quando a maior parte dos recursos utilizados de origem local, o processo de
desenvolvimento pode ser considerado endgeno (BECATTINI, 1994).
Os novos projetos de desenvolvimento local fundamentam-se em novos princpios que
regem as conjunturas sociais, a aplicao de novos sistemas de desenvolvimento, assim como
as novas prticas do poder pblico para a satisfao dos sujeitos envolvidos. As mudanas
normalmente possuem um carter permanente e as inovaes que com elas vem
acompanhadas so determinantes para o desenvolvimento do sistema local.
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CAPTULO II
DESENVOLVIMENTO REGIONAL ENDGENO, ARRANJOS PRODUTIVOS
LOCAIS E O PAPEL DA EDUCAO FORMAL
As discusses mantidas no campo acadmico, sobre desenvolvimento regional endgeno,
denotam a preocupao dos estudiosos com esse processo. Sabe-se que esse conceito amplo e por
isso est sujeito a divises internas dependendo do interesse do que se quer abordar. O conceito de
desenvolvimento endgeno pode ser entendido como um processo de crescimento econmico
que implica uma contnua ampliao da capacidade de agregao de valor sobre a produo.
Como, tambm, da capacidade de absoro da regio, cujo desdobramento a reteno do
excedente econmico gerado na economia local e/ou a atrao de excedentes provenientes de
outras regies. Esse processo tem como resultado a ampliao do emprego, do produto e da
renda do local ou da regio. Este captulo tratar sobre desenvolvimento regional endgeno,
arranjos produtivos e o papel da educao na transformao dos espaos locais.
2.1. DESENVOLVIMENTO REGIONAL ENDGENO: Tendncias
Os estudos dos distritos industriais chamam a ateno da Geografia por ter como
caracterstica principal a especializao produtiva em nvel local e pelo fato que essa
produo local ser capaz de interferir no sistema econmico nacional e at internacional.
Alm de promover a formao de um sistema de informaes que contribuem para que o
conhecimento de cada cidado se transforme em um patrimnio local (GAROFOLI, 1978).
Os distritos industriais clssicos entraram em crise, entre outros aspectos, pela falta de
renovao das empresas, falta de novos empresrios com pulso renovador, desaparecimento da
mobilidade social que dificultava o trabalho autnomo e a formao do microempresrio, como
tambm estratgias erradas de diviso territorial do trabalho.
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Os pases e as regies mais desenvolvidos so aqueles que praticam formas endgenas
de desenvolvimento (RIBEIRO, 1997), onde as especificidades so preservadas. Para que isso
ocorra existem dois componentes principais: os hard que englobam componentes externos
como tecnologia e os soft que englobam elementos da economia local, como as instituies de
coordenao local. Infra-estruturas ou capital fsico so importantes para uma regio ou para
um local porque os torna mais atrativos para novos investimentos, mas a dinmica do
processo de endogeneizao no se sustenta nas estruturas fsicas, apesar delas serem
necessrias. Essa dinmica tem como estratgia bsica os modelos onde as aes da sociedade
local orientam as aes do Estado.
No fim da dcada de 1980, alguns trabalhosos foram apresentados demonstrando que
o xito das regies dinmicas era conseqncia da sua organizao interna. O ponto de partida
para essa discusso foram os trabalhos de Arnaldo Bagnasco, Carlo Tringilia e Sebastio
Brusco sobre a Terceira Itlia (BENKO,1994). A comprovao de que entre a industrializao
clssica do eixo Milo-Turim e Genova e o subdesenvolvimento da regio de Mezzogiorno,
despontava mundialmente uma regio com uma dinmica especfica constituda por uma
diviso territorial do trabalho desintegrada em pequenas e mdias empresas especializadas,
em um mesmo segmento produtivo (FIGURA 2.1).
Figura 2.1 Itlia: Regio Nordeste do pas com destaque para Veneto. 2010
Fonte: 2010.
http://www.finalfourbassano.gare.it/
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Ao mesmo tempo que as empresas reorganizam sua estrutura interna com
subcontrataes, alianas e fuses, os pases vem promovendo a abertura comercial, as
regies vem se organizado de formas endgena em relao as decises para a promoo do
desenvolvimento econmico. O modelo de desenvolvimento endgeno considera o modelo de
desenvolvimento de baixo para cima, isto que dizer que as potencialidades socioeconmicas
do local no pode ser visto como algo fechado. Os novos paradigmas de desenvolvimento
endgeno consideram a economia regional e podem ser entendidos como:
[...] um processo de crescimento econmico que implica uma
continua ampliao da capacidade de absoro da regio, cujo
desdobramento a reteno do excedente econmico gerado na
economia local e/ou a atrao de excedentes provenientes de outras
regies. Esse processo tem como resultado a ampliao do
emprego, do produto e da renda do local ou da regio. (...) seus
fatores propulsores podem ser vistos tanto pela endogeneizao da
poupana, ou do excedente, como pela acumulao do
conhecimento, das inovaes e das competncias tecnolgicas, com
repercurso sobre o crescimento da produtividade dos fatores. (AMARAL FILHO, 2001, p. 262).
O desenvolvimento endgeno no est centrado na prpria regio ou local.
importante dizer que os fatores propulsores so resultado da poupana ou do excedente e pela
acumulao do conhecimento, das inovaes e das competncias tecnolgicas.
Os trabalhos acadmicos sobre o fenmeno do desenvolvimento regional/local
endgeno dividem-se em uma vertente de natureza indutiva, mais descritiva. Partem de
estudos especficos para mostrar as particularidades dos determinantes do desenvolvimento
local. A outra vertente, a dedutiva, discutem a influencia da crise do sistema de produo
fordista para o desenvolvimento de produo flexvel (AMARAL FILHO, 2001). As duas
novas vertentes se encontram ao afirmarem que vem ocorrendo uma abertura para o
desenvolvimento de regies que no se encontram nos eixos de aglomeraes produtivas.
Neste atual debate sobre desenvolvimento regional endgeno est as aes histricas e
o papel dos protagonistas locais, onde a estrutura se estabelece diante dos prprios atores
locais e no do planejamento centralizador ou pelas foras do mercado. Essa nova abordagem
afirma que o passado influncia o futuro criando assim a intertemporaneidade do processo.
Por conseguinte, as trs estratgias de desenvolvimento endgeno so o Distrito Industrial,
Ambiente Inovador e o Cluster, tendo em comum o fato da concentrao espacial das
empresas devido aos benefcios que esta concentrao pode trazer, tais como a facilidade do
fluxo de informaes, concentrao de fornecedores e clientes, circulao do conhecimento
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cientfico e tecnolgico alm de favorecer a criao de fatores alm dos tradicionais.
Diferencia-se dos modelos tradicionais de economias de aglomerao pelo fato de que as
economias externas so dinmicas e incentivadas pelo conjunto interno local. As aes das
empresas e das instituies pblicas so descentralizadas com reciprocidade entre elas, numa
relao de concorrncia e de cooperao dos agentes, pela confiana, redes de comunicao e
proximidade organizacional convergindo no mesmo interesse que manter a dinmica e a
sustentabilidade da economia local.
Para que haja a compreenso das experincias de desenvolvimento endgeno preciso
que se compreendam os sistemas de organizao dos distritos industriais aglomerados em um
territrio com certa autonomia e uma produo especifica. Essas trs estratgias so utilizadas
no novo paradigma de desenvolvimento regional endgeno, que tem como objetivos a
capacitao de determinado local ou regio para criar uma dinmica econmica de
crescimento com efeito atrativo e multiplicador. Estas estratgias desenvolveram-se
praticamente no mesmo perodo e apresentam diferenas sutis entre elas.
A importncia dos distritos industriais italianos (QUADRO 2.1) deve-se ao fato de
que esses distritos ganharam notoriedade internacional por apresentarem um destaque devido
ao seu progresso em termos tecnolgicos e em inovaes organizacionais, alm da exportao
de tecnologias e de apresentarem estratgias de internacionalizao da produo de pequenas
e mdias empresas (BECATTINI, 1994).
Quadro 2.1 Estratgias de Desenvolvimento - Distrito Industrial - 2001
Estratgias Caractersticas
Distrito
Industrial
Sistema produtivo local
Grande nmero de firmas envolvidas em vrios estgios da produo e em vrias vias de um produto homogneo; as empresas envolvidas so de pequeno ou muito
pequeno porte;
So tpicos do norte e nordeste da Itlia, regio conhecida como Terceira Itlia;
concebido como um conjunto econmico e social;
Existe uma estreita relao entre as diferentes esferas sociais, polticas e econmicas, sendo que o funcionamento de uma esfera est adequada a organizao
de outra;
Adaptabilidade e capacidade de inovao vinculada a satisfao da demanda com base na fora de trabalho e nas redes de produo flexveis;
Relaes horizontais onde se processam a aprendizagem coletiva e o desenvolvimento de novos conhecimentos mediante a combinao entre
concorrncia e cooperao;
Interdependncia entre o sistema empresarial de pequenas empresas semalhantes as grandes corporaes;
O sucesso advm no apenas do setor