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DIFERENCIAL SALARIAL SEGUNDO A CONDIÇÃO DE MIGRAÇÃO E GÊNERO NO ESTADO DE SANTA CATARINA Karla Cristina Tyskowski Universidade Estadual de Londrina e-mail: [email protected] Solange de Cassia Inforzato de Souza Universidade Estadual de Londrina e-mail: [email protected] Magno Rogerio Gomes Universidade Estadual de Londrina e-mail: [email protected] Katy Maia Universidade Estadual de Londrina e-mail:[email protected] ÁREA TEMÁTICA: 3. Demografia, espaço e mercado de trabalho. RESUMO Este trabalho procurou verificar as componentes que afetam a diferença de salário existente no mercado de trabalho no estado de Santa Catarina por condição de migração e de gênero. Foi utilizada para a analise, os microdados da PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2012, com a determinação das equações de rendimentos e o procedimento de Heckman, assim como a técnica de decomposição de Oaxaca-Blinder. A importância deste estudo vem da existência das disparidades econômicas regionais e a migração interna, especialmente aquela motivada pelo mercado de trabalho. Os dados mostram que no caso de diferencial salarial por sexo em Santa Catarina, o salario das mulheres migrantes equivale a 72,87 % dos salários dos homens migrantes e que o salario das mulheres não migrantes equivale a 84,16 % dos salários dos homens não migrantes. Desta forma os resultados constaram que os homens são mais valorizados pelo mercado frente às mulheres, tanto nos grupos de não migrantes como nos migrantes. Homens migrantes apresentaram um salario superior aos dos não migrantes no estado catarinense. No caso das mulheres, o estado de Santa Catarina apresentou uma renda inferior para mulheres migrantes. A pesquisa elucidou o mercado de trabalho catarinense, em respeito ao gênero e salario de migrantes e não migrantes. Foi visto que o existe um hiato salarial entre gênero, o que gera os determinantes da superioridade salarial dos homens sobre as mulheres. Indo de encontro com a literatura que expõem que o diferencial de salários segundo a condição de migração da população feminina de migrantes no Brasil encontram-se em situação ainda mais desvantajosa do que os homens quando comparadas às mulheres não-migrantes, pois, ao contrario dos homens migrantes que tiverem um acréscimo salarial, as mesmas não obtiveram mudanças, fazendo com o hiato de renda pelo trabalho, apenas crescesse. Palavras-chave: Diferencial de salário por sexo. Migração. Decomposição Oaxaca-Blinder.

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DIFERENCIAL SALARIAL SEGUNDO A CONDIÇÃO DE MIGRAÇÃO E GÊNERO

NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Karla Cristina Tyskowski

Universidade Estadual de Londrina

e-mail: [email protected]

Solange de Cassia Inforzato de Souza

Universidade Estadual de Londrina

e-mail: [email protected]

Magno Rogerio Gomes

Universidade Estadual de Londrina

e-mail: [email protected]

Katy Maia

Universidade Estadual de Londrina

e-mail:[email protected]

ÁREA TEMÁTICA: 3. Demografia, espaço e mercado de trabalho.

RESUMO

Este trabalho procurou verificar as componentes que afetam a diferença de salário existente

no mercado de trabalho no estado de Santa Catarina por condição de migração e de gênero.

Foi utilizada para a analise, os microdados da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios – 2012, com a determinação das equações de rendimentos e o procedimento de

Heckman, assim como a técnica de decomposição de Oaxaca-Blinder. A importância deste

estudo vem da existência das disparidades econômicas regionais e a migração interna,

especialmente aquela motivada pelo mercado de trabalho. Os dados mostram que no caso de

diferencial salarial por sexo em Santa Catarina, o salario das mulheres migrantes equivale a

72,87 % dos salários dos homens migrantes e que o salario das mulheres não migrantes

equivale a 84,16 % dos salários dos homens não migrantes. Desta forma os resultados

constaram que os homens são mais valorizados pelo mercado frente às mulheres, tanto nos

grupos de não migrantes como nos migrantes. Homens migrantes apresentaram um salario

superior aos dos não migrantes no estado catarinense. No caso das mulheres, o estado de

Santa Catarina apresentou uma renda inferior para mulheres migrantes. A pesquisa elucidou o

mercado de trabalho catarinense, em respeito ao gênero e salario de migrantes e não

migrantes. Foi visto que o existe um hiato salarial entre gênero, o que gera os determinantes

da superioridade salarial dos homens sobre as mulheres. Indo de encontro com a literatura que

expõem que o diferencial de salários segundo a condição de migração da população feminina

de migrantes no Brasil encontram-se em situação ainda mais desvantajosa do que os homens

quando comparadas às mulheres não-migrantes, pois, ao contrario dos homens migrantes que

tiverem um acréscimo salarial, as mesmas não obtiveram mudanças, fazendo com o hiato de

renda pelo trabalho, apenas crescesse.

Palavras-chave: Diferencial de salário por sexo. Migração. Decomposição Oaxaca-Blinder.

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um país de tamanho continental e de várias etnias, cuja característica

marcante é a migração de trabalhadores entre as suas regiões. Estudiosos da população e da

desigualdade da renda, como Langoni (1973), associam as disparidades econômicas regionais

e a migração interna, especialmente aquela motivada pelo mercado de trabalho.

O estudo da migração contém dois aspectos relevantes. O primeiro aspecto é abordado

pelos teóricos da microeconomia neoclássica, que relatam que os indivíduos são racionais e

capazes de ordenar suas preferencias, visando maximizar a utilidade de suas escolhas, tendo

em vista maiores chances de inserção social a partir das informações do mercado de trabalho

sobre a origem e destino dos migrantes (DURHAM, 1973). Borjas (1989) aponta que a ideia

central dessas discussões é a de que as politicas de migração tem o objetivo de captar capital

humano e físico da massa migratória e, assim, afetar os níveis na atividade econômica.

Em um segundo aspecto, Santos et al (2010) expõe que o pressuposto dos novos

economistas da migração de trabalhadores é o de que a decisão de migrar não é tomada por

indivíduos isolados, mas por um conjunto maior de pessoas que estão de alguma forma

ligados. Além disso, para Singer (1976) as migrações são historicamente condicionadas,

sendo o resultado de um processo global de mudança, do qual elas não devem ser separadas.

O processo de migração está diretamente associado com o desenvolvimento do capitalismo,

principalmente com o processo de industrialização.

Paralelamente a isso, tem-se que a motivação do deslocamento também é bastante

distinta entre os sexos. Oliveira e Jannuzzi (2004) discorrem que a procura por emprego

corresponde à motivação predominante para migração dos homens, no caso das mulheres, tem

se como relevância principal a necessidade de acompanhar a família. Esta diferenciação não

só interfere na decisão de trabalhar uma vez instalada no local de destino, como também

influencia na magnitude do salário reserva de homens e mulheres migrantes.

Apesar do considerável progresso da participação da mulher no mercado de trabalho e

da redução das diferenças de rendimentos entre homens e mulheres, a força de trabalho

feminina ainda enfrenta muitas barreiras. Conforme Bruschini (1998), em relação à alocação

ocupacional da força de trabalho feminina, observa-se que a participação feminina no

mercado de trabalho frequentemente se restringe a atividades menos valorizadas e

historicamente femininas, como por exemplo, o emprego doméstico e trabalhos autônomos.

No contexto migratório, o aumento das migrações interestaduais e inter-regionais é o

tema de estudo de Feguglia e Procópio (2013), Câmara (1988), Azzoni, Carmo e Menezes

(2003), Batista e Cacciamali (2009), entre outros. Estudos mostram que o diferencial salarial

não se da apenas pelo nível de escolaridade e experiência, mas também pela discriminação da

condição migratória.

Diante disso, o objetivo deste trabalho é analisar a diferença salarial por sexo e segundo

a condição de migração da população do estado de Santa Catarina. Utiliza, para isso, os

microdados da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2012 e a técnica de

decomposição de Oaxaca.

Este artigo está organizado em 4 seções, além desta introdução. Apresenta-se, na seção

2, uma breve revisão de literatura sobre o tema e o procedimento metodológico e a base de

dados na seção 3. Os resultados da pesquisa são discutidos na seção 4 para, ao final, expor as

considerações finais.

2 DIFERENCIAL SALARIAL SEGUNDO A CONDIÇÃO DE MIGRAÇÃO E

GÊNERO: EVIDÊNCIAS E TEORIAS

Muitos são os estudos interessados nas motivações econômicas e características da

população migrante, bem como os diferenciais salariais decorrentes da migração. Câmara

(1988) discorre sobre as características da população que migra, as circunstâncias do

deslocamento e a absorção dos migrantes dentro do marco social e cultural da nova sociedade.

Um importante aspecto da migração é o que se refere à realocação de empregos no mercado

de trabalho, tornando-se uma particularidade comum das economias de mercado cuja

flexibilidade constitui-se frequentemente num aspecto positivo dessa economia.

Mata (1973) preocupou-se com a concentração populacional nos grandes centros

urbanos nacionais entre 1940 a 1970 e constatou que os movimentos populacionais

representavam a somatória de ações individuais ou de famílias, em busca de um mercado de

trabalho mais favorável e, assim, à medida que mudavam os polos de crescimento, as pessoas

também migravam, facilitando o crescimento produtivo e o incentivo de crescimento

populacional das regiões urbanas brasileiras.

Do ponto de vista da relação entre a migração e os diferenciais salariais, Freguglia e

Procópio (2013) discorrem que se deve considerar não apenas diferenciais salariais em uma

análise sobre a migração de trabalhadores entre os estados, mas também a circunstância que

favorecem a mudança dos trabalhadores da região migratória, pois as perdas salariais

associadas à mobilidade do trabalhador podem ocorrer devido à troca de emprego, mas não

necessariamente como consequência da migração, mas sim a região atual do trabalhador.

Para os autores, os custos da migração podem ser elevados e, inicialmente, o migrante

pode receber menor remuneração que o não migrante. Entretanto, existe um processo de

assimilação do trabalhador, após a migração, no qual a evolução de seu salário é maior que a

do não migrante, podendo possibilitar vantagem de migrar no longo prazo.

Azzoni, Carmo e Menezes (2003) analisam o diferencial salarial entre as regiões

metropolitanas (RMs) do Brasil, buscando identificar se, além do capital humano, o

diferencial de custo de vida e as características regionais também possuem um papel na sua

explicação. Verificam, assim, que o diferencial de custo de vida, embora relevante, não é

capaz, individualmente, de explicar os diferenciais salariais.

Costa (1975), por outro lado, analisou as vantagens e desvantagens dos migrantes em

relação aos não migrantes no meio urbano brasileiro. As vantagens dos migrantes constatadas

por ele foram significantes, tratando-se de maior facilidade nos diversos ramos de atividade

econômica e oferecendo mobilidade vertical superior aos dos não migrantes, ratificada pelo

numero maior de empregadores e pela renda maior nas regiões analisadas.

Além das distinções salariais entre migrantes e não migrantes, outra dimensão

importante no mercado de trabalho é aquela que trata dos diferenciais de sexo.

Batista e Cacciamali (2009) relatam que o aumento da participação da mulher como

provedora da renda familiar deu um grande salto a partir dos anos 1970 e mesmo com esta

inserção não se teve diminuição o papel da mulher como mãe, esposa e responsável pela

administração do lar. Os trabalhos empíricos que abordam este tema dependem do período e

os principiais determinantes da crescente presença da mulher na força de trabalho variam em

importância entre queda da fecundidade, proporção de mulheres como chefes de família,

situação conjugal e idade. A única variável comum nos estudos da área diz respeito ao

aumento da escolaridade feminina.

A dessemelhança de salários pode decorrer por dois fatores, sendo a heterogeneidade

dos trabalhadores com respeito aos seus atributos produtivos e o fato de trabalhadores com

idêntica qualificação serem remunerados de forma distinta, seja porque são discriminados

(tratamento diferenciado baseado em atributos não produtivos), ou por meio de um mercado

segmentado (caso em que os postos de trabalho valorizam os atributos do trabalhador de

forma diferente).

Silva (2010) expõe que os primeiros indícios de segregação no mercado de trabalho são

observados quando há assimetria no emprego de trabalhadores pela empresa, que, baseada em

atributos não produtivos (como o sexo e a cor), induz à concentração desses trabalhadores em

determinados grupos ocupacionais.

O trabalho de Fiuza-Moura (2015) estuda as diferenças salariais na indústria brasileira

por gênero, cor e intensidade tecnológica em 2012 e conclui que há discriminação nas áreas

com maior tecnologia. Isto pode se tornar um estimulo para a população segregada se mudar

para locais com mais eficiência tecnológica.

Evarini, Souza e Maia (2010) relatam em seu estudo sobre a região sul que houve uma

melhoria na situação das mulheres em relação aos homens no mercado de trabalho. A partir

de estudos das PNAD’S 2002 e 2007, a população ocupada continuou composta por homens

em sua maioria, mas a população empregada feminina mostrou uma tendência ascendente. As

autoras ainda verificaram-se uma menor proporção de mulheres Dirigentes, porém, aumentou

a participação da mão-de-obra feminina nessa ocupação em relação aos homens para a Região

Sul; as mulheres ligadas às ocupações como Profissionais das Ciências e Artes tiveram um

maior espaço no Sul e houve uma redução de mulheres ocupadas nas atividades de execução.

No entanto, o acréscimo no nível de instrução não gera maior renda para a mulher que

apresenta uma média salarial inferior à masculina. Mesmo com a redução da diferença salarial

entre homens e mulheres observada nos últimos anos, o primeiro grupo ganha, em média,

60% a mais do que o segundo (MACHADO et al 2005).

Teoricamente, existem diferentes explicações para as diferenças salariais: capital

humano, segmentação e segregação. Segundo Mincer (1958), a teoria do capital humano é a

mais utilizada para justificar diferenças salariais persistentes no mercado de trabalho mesmo

quando este se encontra em equilíbrio, partindo do princípio de que a remuneração de

trabalhador é determinada de acordo com o investimento realizado pelo mesmo em educação

e treinamento.

A percepção de que as decisões de migração são motivadas principalmente pelos

diferenciais de salários é o ponto de partida de praticamente todos os estudos modernos sobre

as decisões de migração que analisam a mobilidade de trabalhadores como um investimento

em capital humano (BORJAS, 1999).

Posteriormente, surgiram trabalhos sobre a teoria do mercado dual (segmentação) em

que coexistem o mercado primário e secundário. O primeiro se caracteriza por empregos

estáveis, salario relativamente altos, produtividade alta e uma maior qualificação dos

trabalhadores. Já o mercado secundário é caracterizado por alta rotatividade dos

trabalhadores, baixa produtividade, baixa qualificação e níveis altos de desemprego. A teoria

da segmentação afirma que os salários são determinados por fatores como gênero, raça, setor

em que a firma se encontra, demografia, grau de sindicalização, segmentação dos postos de

trabalho e intensidade tecnológica (LIMA, 1980).

3 Metodologia

3.1 Base dos dados

O presente estudo tem como base as informações coletadas na Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílios (PNAD), em 2012. A PNAD é de periodicidade anual e realizada

desde 1971, sendo interrompida por ocasião dos Censos Demográficos (1970, 1980, 1991,

2000 e 2010). Ela trabalha com um levantamento anual realizado por meio de uma amostra

dos domicílios que abrange todo o país. O procedimento metodológico é adotado pelo IBGE e

é feito por método de amostra, assim cada pessoa da amostra representa um determinado

número de pessoas da população.

Foram utilizados os dados a respeito da renda, gênero e a condição de migrante ou não

migrante dos trabalhadores acima de 10 anos de idade no estado de Santa Catarina.

No aspecto da migração, considerou-se pessoas que no momento da coleta das

informações não estivessem trabalhando no local de nascimento. Segundo Pressat (1976),

define-se "migração" como o fenômeno demográfico caracterizado pelo deslocamento de um

indivíduo do seu local de residência para um novo local. Desta forma, cada vez mais se viu a

importância de introduzir perguntas ao questionário do censo para se poder melhorar a base

dados, assim auxiliando os trabalhos da área. Segundo Martine (1984), foi no Censo

Demográfico de 1940 que, pela primeira vez, foram levantadas informações sobre a migração

interna, com a inclusão de algumas indagações sobre a Unidade da Federação - UF de

nascimento e a de residência de todos os recenseados.

A respeito dos questionários da PNAD, foi a partir de 1992 que foram incluídos os

quesitos sobre migração. Atualmente são encontradas 12 questões relacionadas à migração no

questionário básico. Isso auxilia a identificar a UF de naturalidade do migrante, a UF de

residência anterior e a UF de residência cinco anos antes da data do levantamento

(FERNANDES e VASCONCELOS 2006).

Este trabalho procurou estar de acordo com a literatura econômica que analisa o

diferencial de renda entre migrantes e não-migrantes, com o conceito de população não-

natural da Unidade de Federação.

3.2. Determinação das equações de rendimentos e o procedimento de Heckman

A equação minceriana de determinação de salários, modelo salarial de Jacob Mincer

(1974), é uma estrutura utilizada para estimar retornos com a educação e experiência; Mincer

integrou a teoria do investimento em capital humano dentro de um contexto empírico,

compatível com a teoria econômica, formulando uma equação para rendimentos que seria

dependente de fatores explicativos associados à escolaridade e à experiência, além de

possivelmente outros atributos, como sexo e cor.

O autor identificou os custos de educação e rendimentos do trabalho e viabilizou o

cálculo da taxa interna de retorno da educação, que é a taxa de desconto que equaliza o custo

e o ganho esperado em se investir em estudo. Igualmente a equação é usada para analisar a

relação entre crescimento e nível de escolaridade de uma sociedade, além de efeitos sobre a

desigualdade.

A equação tem como objetivo incorporar dois conceitos econômicos distintos. O

primeiro é uma equação de preço que revela quanto o mercado de trabalho está disposto a

pagar por atributos produtivos como educação e experiência e o segundo a taxa de retorno da

educação, que deve ser comparada com a taxa de juros de mercado para determinar a

quantidade ótima de investimento em capital humano.

O modelo da regressão aplicado é o que segue:

ln w = β0 + β1 educ + β2 exp + β3exp2 + γ′ x + ε (1)

Onde :

w é salario recebido pelo individuo

educ é a sua escolaridade (medida em anos)

exp é a sua experiência

x é um vetor de características observáveis do individuo (raça, gênero, região)

Ɛ é um erro estocástico

Porém, podem ocorrer problemas com o viés de seletividade, pois existem vários

problemas técnicos que acontecem quando da estimação econométrica de uma equação de

rendimentos. Entre eles, um aspecto importante diz respeito aos problemas com o viés de

seletividade amostral.

Heckman (1979) argumenta que a utilização de alguns métodos como MQO na função

rendimento determina viés de seleção amostral. O viés de seleção amostral ocorre porque na

estimação de equações de salário, em geral, o procedimento usual é regredir o salário em

função apenas de variáveis explicativas dos indivíduos empregados, ignorando-se os

desempregados e os inativos, pois esse grupo não possui um emprego remunerado. No

modelo de Heckman a não-ocupação é resultante do fato de o salário depender não apenas da

oferta de trabalho oferecida pelo mercado e do salário contratado, mas também do salario

reserva, que é entendido como o valor mínimo que o indivíduo estabelece como condição para

se inserir no mercado de trabalho.

Diante disso, este trabalho utiliza o procedimento de Heckman (1979) que consiste na

estimação de duas equações. A equação de participação de mercado ou equação de seleção e,

posteriormente, a equação de salários. Num primeiro momento, estima-se a equação de

participação no mercado de trabalho que informa a probabilidade de um trabalhador participar

do mercado de trabalho considerando um conjunto de características pessoais e dos seus

familiares.

No modelo, a variável dependente é a escolha dicotômica: trabalhar ou não trabalhar.

Nessa decisão, supõe-se que o indivíduo avalie os ganhos e/ou perdas que o emprego pode

oferecer. As variáveis que compreendem essa tomada de decisão não são diretamente

observáveis para cada indivíduo i.

Define-se y* como uma preferência (não-observável):

𝑦𝑖∗ = 𝛽𝑖𝑋𝑖 + 𝜇𝑖 (2)

Em que Xi representa um conjunto de variáveis explicativas relacionadas ao trabalhador

i.

Neste trabalho foram estimadas as equações de participação por gênero e condição de

migração. Com base nos coeficientes estimados nas equações de participação, a variável

lambda foi calculada e usada nas equações de rendimentos para obter estimativas consistentes

dos parâmetros sem viés de seletividade amostral, que pode ser observado quando somente

trabalhadores que possuem rendimentos entram nos cálculos das equações.

3.3 Decomposição do diferencial de salários

A metodologia de decomposição de Oaxaca-Blinder, empregada neste trabalho, permite

investigar o diferencial de rendimento existente entre os dois grupos, assim como separar a

parcela do hiato referente às características produtivas dos trabalhadores daquela relacionada

às particularidades regionais, setoriais, de gênero, cor, e outros.

Jann (2005) discorre que a decomposição de Oaxaca-Blinder frequentemente é usada

para estudar o diferencial de salários entre grupos (sexo, raça, entre outros). Esse método

divide a lacuna de salário existente entre dois grupos em uma parte justificada pelas

diferenças de dotações produtivas e uma parte não observável que não pode ser explicada

pelas diferenças de determinantes salariais. Nesta analise foi utilizada a técnica de

decomposição de Oaxaca para verificar a diferença salarial entre homens e mulheres,

migrante e não migrante, apresentada de forma simplificada1:

𝒍𝒏𝑾𝒊𝒎 = ∝𝒎+ ∑ 𝜽𝒊𝒎𝑾𝒊𝒎 + 𝜺𝒊 (𝒎 = 𝟏 , 𝟐) (𝟑)

Onde:

∑ 𝜽𝒊𝒎𝑾𝒊𝒎 = ∑ 𝜷𝒊𝒎𝑿𝒊𝒎 + ∑ 𝒅𝒊𝒎𝒁𝒊𝒎 (𝟒)

A equação (4) agrega as variáveis observáveis referentes aos atributos pessoais e as

características do posto de trabalho. Onde 𝑚 foi utilizado tanto para gênero no caso de

decomposição salarial por gênero, como para migração na analise de diferencial de salario de

migrante e não migrantes.

O procedimento da decomposição de Oaxaca refere-se sempre a pares de equações para

obter o diferencial de rendimentos, sendo aplicado neste caso duas diferenças, (por sexo e por

condição de migração), mas que são calculadas da mesma forma:

Diferencial de salário:

𝒍𝒏𝑾𝒊𝟏 − 𝒍𝒏𝑾𝒊𝟐 = (∝𝟏−∝𝟐) + ∑ 𝑾𝒊𝟐 (𝜽𝒊𝟏 − 𝜽𝒊𝟐) + ∑ 𝜽𝒊𝟏 (𝟓)

Onde:

1 A exposição completa da técnica pode ser obtida em Oaxaca (1973).

(∝𝟏−∝𝟐) mede os diferenciais de rendimentos devido as características especificas dos

trabalhadores,

∑ Wi2 (θi1 − θi2) mostra a diferença de salario sexo/ condição de migração

∑ θi1 (Wi1 − Wi2) expõe a diferença de salários devido a atributos pessoais de homens

e mulheres, migrantes e não migrantes.

A decomposição das diferenças salariais entre a parcela que representa os diferenciais

de rendimento do trabalho, busca analisar os atributos valorizados pelo mercado de trabalho

(escolaridade e experiência), além da verificação de possíveis efeitos causados pela

discriminação como condicionantes das diferenças salariais entre homens e mulheres. Assim,

foi realizada a decomposição para a condição de migração e também entre grupos de

migrantes segundo sexo.

4 RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO

4.1 População e salários dos migrantes e não migrantes na região sul e Santa Catarina

A Região Sul tem apresentado um crescimento econômico relevante nas últimas

décadas e seu parque industrial tem se intensificado com políticas públicas de

desenvolvimento. A distribuição regional de população da Região Sul, apresenta o terceiro

maior percentual nacional de 14,36% (CENSO, 2010).

Em 2010, o estado de Santa Catarina possuía uma PEA de 65,6%, sendo que destes

aproximadamente 50% ganhavam de um a cinco salários mínimos (no Brasil tal parcela é da

ordem de, aproximadamente, 43%). O estado foi ainda classificado em 2000 e em 2010 como

o estado com maior expectativa de vida do país e como o segundo com menores taxas de

analfabetismo (FIESC, 2012).

De acordo com a FIESC (2012 e 2013) o PIB catarinense, registrado em 2010, era o

sétimo maior do Brasil (oitavo em 2009), com os setores primário, secundário e terciário

correspondendo a 6,7%, 34,1% e 59,2%, respectivamente. Santa Catarina foi o segundo

estado com maior participação da indústria de transformação no PIB brasileiro, em 2010.

Outros dados são os de que a região Sul do Brasil representa 14,3% da população total

do país, sendo a terceira região mais populosa. É a segunda região em participação do produto

interno bruto, com 16,2% do PIB e a terceira região com maior PIB per capita em 2013,

segundo a FIESC (2014),.

A Região Sul do país contava com uma população estimada de trabalhadores de

22.939.460 pessoas, segundo a PNAD 2012. No estado do Paraná, com a maior participação

relativa de migrantes, a distribuição populacional era composta por 8.783.709 pessoas, sendo

6.867.616 (78,19%) de não migrantes e 1.916.093 (21,81%) de migrantes. O estado de Santa

Catarina contava com 5.362.409 de pessoas no mercado de trabalho, sendo que 4.522.103

(84,33%) eram não migrantes e 840.306 (15,67%) eram migrantes. O estado do Rio grande do

Sul computava 8.793.342 pessoas no mercado de trabalho, dos quais 8.223.599 (93,52%)

eram pessoas nascidas no local e 569.743 (6,48%) de migrantes.

A tabela 1 expõe a distribuição da população migrante, por sexo e situação de

domicilio na região Sul do Brasil, com destaque ao estado de Santa Catarina.

TABELA 1 – Distribuição da população migrante, por sexo e situação de domicilio na Região sul do Brasil

– 2012

Em percentual

Região Área Rural Área Urbana

Mulheres Homens Mulheres Homens

Paraná 61,27 62,83 58,14 55,85

Santa Catarina 28,95 24,43 24,91 25,25

Rio Grande do Sul 9,78 12,74 16,95 18,9

Total da Região Sul 100

100

100

100

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da PNAD 2012

Batista e Cacciamali (2009) expõem que do ponto de vista econômico, os indivíduos

migram devido a uma expectativa de melhora de padrão de vida, almejando um local de

destino com melhor qualidade de vida e renda. Por este motivo, a mobilidade espacial ocupa

um lugar de destaque na redistribuição da mão de obra e, consequentemente, na reordenação

dos diferenciais de renda nacional.

A tabela 2 mostra o salário e o diferencial salarial por sexo e condição de migração para

a Região Sul do Brasil. No quesito de diferencial salarial, com exceção de Santa Catarina, os

estados do Paraná e Rio Grande do Sul, apresentam um salário superior para migrantes, tanto

para os homens como para as mulheres (em Santa Catarina, o salário das mulheres migrantes

é menor do que as não migrantes).

Entre a população masculina, os não-migrantes que recebem mais estão localizados no

estado do Paraná R$12,77 e os migrantes estão localizados no Rio Grande do Sul R$17,36.

Tendo em vista a população feminina, o estado que expressa a melhor remuneração para não-

migrantes e migrantes é o Rio Grande do Sul, recebendo R$10,27 e R$11,46 respectivamente.

TABELA 2 - Salário e diferença salarial, por sexo e condição de migração para a Região Sul Brasil –2012

Em reais por hora

Região Salario Diferencial Salarial*

Homens Mulheres Por sexo Migração

Não

Migrantes Migrantes

Não

Migrantes Migrantes

Não

Migrantes Migrantes

Homens Mulheres

PR 12,77 13,01 9,53 9,84 3,24 3,17 -0,24 -0,31

SC 11,65 13,43 9,16 8,84 2,49 4,59 -1,78 0,32

RS 11,42 17,36 10,27 11,46 1,15 5,9 -5,94 -1,19

Região

Sul 11,95 14,60

9,65 10,05

2,29 4,55 -2,65 -0,39

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da PNAD 2012. *Sinal positivo: vantagem do homem ou do não-migrante. Sinal negativo: vantagem da mulher ou do migrante.

O trabalho de Santos Júnior, Menezes e Ferreira (2005) mostra que os homens

migrantes são positivamente relacionados a busca de melhora no seu desempenho dentro do

local de trabalho, se aperfeiçoando em relação tanto à população de origem quanto à de

destino, fazendo com que os autores deduzam que o fluxo de trabalhadores mais produtivos

dos estados mais pobres para os mais ricos possa colaborar para a permanência das diferenças

inter-regionais de renda no país.

Entre os fatores que podem contribuir para a diferença salarial entre homens e mulheres,

independente da condição de migração, são a heterogeneidade da produtividade dos

indivíduos; a discriminação devido à valorização diferenciada de características produtivas

idênticas; ou, ainda, a segmentação do mercado de trabalho.

Quanto ao diferencial de salário de migrantes e não migrantes, a tabela 2 mostra que

a população masculina recebe um montante superior em relação aos migrantes e aos não

migrantes. Verificou-se que entre os trabalhadores não migrantes, o estado do Paraná

apresentou os melhores salários por hora, com diferenciais de R$ 3,24 e no Rio Grande do Sul

para migrantes com diferenciais de R$ 5,90.

Quanto ao diferencial salarial por situação de migração, constatou-se que o estado de

Santa Catarina apresentou um salário superior aos não migrantes para a população feminina.

Em relação à população masculina, todos os estados proporcionaram um salário maior para a

população migratória.

Os fatores que podem explicar a diferença salarial entre homens e mulheres,

independente do estado migratório são: a heterogeneidade da produtividade dos indivíduos; a

discriminação devido à valorização diferenciada de características produtivas idênticas; ou,

ainda, a segmentação do mercado de trabalho. Muitas vezes as ocupações não são igualmente

acessíveis entre os indivíduos, apesar de estes serem igualmente qualificados (BATISTA E

CACCIAMALI, 2009).

4.2 As medidas das diferenças salariais: discriminação e efeito migratório para Santa Catarina

A tabela 3 mostra os resultados da decomposição da diferença salarial entre homem e mulher

segundo a condição de migração. Em princípio, observa-se a superioridade dos salários dos homens

em relação às mulheres, tanto para os migrantes, como para não migrantes.

TABELA 3 - Decomposição de Oaxaca – Diferencial de salários por sexo em Santa Catarina– 2012

Homem não migrante X Homem migrante Coeficientes na forma

exponencial Percentual D.P. Est "z" P>│z│

Homem não migrante R$ 7,64 - 0,3651 127,40 0

Homem migrante R$ 8,96 - 0,1221 53,87 0

Diferencial devido aos atributos 0,8528 49,16 0,3730 -3,64 0

Diferencial devido aos coeficientes 0,8816 50,83 0,0227 -4,488 0

Diferencial total 1,7344 100 - - -

Mulher não migrante X Mulher migrante Coeficientes na forma

exponencial Percentual D.P. Est "z" P>│z│

Mulher não migrante R$ 6,53 - 0,109 109,73 0

Mulher migrante R$ 6,43 - 0,2423 50,65 0

Diferencial devido aos atributos 0,9838 50,88 0,401 -0,4 0,689

Diferencial não explicado 0,9495 49,11 0,0239 -2,05 0,040

Diferencial total 1,9333 100 - - -

Homem migrante X Mulher migrante Coeficientes na forma

exponencial Percentual D.P. Est "z" P>│z│

Homem migrante R$ 8,96 - 0,2302 87,15 0

Mulher migrante R$ 6,53 - 0,452 20,4 0

Diferencial devido aos atributos 0,7289 41,14 0,0336 -1,86 0,063

Diferencial não explicado 1,0427 58,85 0,052 -6,56 0

Diferencial total 1,7716 100 - - -

Homem não migrante X Mulher não

migrante

Coeficientes na forma

exponencial Percentual D.P. Est "z" P>│z│

Homem não migrante R$ 7,64 - 0,0754 109,73 0

Mulher não migrante R$ 6,43 - 0,1962 127,4 0

Diferencial devido aos atributos 0,8408 43,81 0,0129 -7,44 0

Diferencial não explicado 1,0782 56,18 0,0282 4,27 0

Diferencial total 1,919 100 - - -

Fonte: Calculado pelos autores a partir de dados da PNAD 2012. *Grupos em vantagem: homens e migrantes.

Para a primeira analise entre homens migrantes e não migrantes, observa-se que o diferencial

salarial segundo os atributos pessoais é de 49,16% e em relação aos coeficientes (diferencial salarial

não explicado pelos atributos pessoais e pelos postos de trabalho)2 foi de 50,83%. Isso significa que

51% das diferenças de rendimento entre os homens migrantes e não migrantes são explicados pela sua

condição de migração (efeito migratório) e não pelas suas características pessoais. O salario dos

homens não migrantes equivale a 85,26 % dos salários dos homens migrantes.

2 Diferencial não explicado pode ocorrer por segregação ou por não ser possível inserir na analise todas as

variáveis que faz existir a diferença de renda entre eles (para melhor compreensão, ver trabalhos de FIUZA-

MOURA, 2015 e MARGONATO, SOUZA e NASCIMENTO, 2014).

No caso das diferenças salariais entre mulher migrante e mulher não migrante, observou-se que

50,88 % do salario foram devido a atributos pessoais e 49,11% em relação aos coeficientes. Isso

reforça a literatura apresentada que expõe que a mulher não migra primeiramente por renda, mas sim

por fatores externos, já que a condição de migração não lhe trará modificações na sua renda. O salário

das mulheres migrantes equivale a 98,46 % dos salários das mulheres não migrantes.

No entanto, a mulher cada vez mais vem apresentando uma escolaridade superior a masculina

na economia brasileira, o que condiz com a migração da mulher em busca de melhores rendimentos. É

exposto no trabalho de Margonato, Souza e Nascimento (2014), a crescente presença feminina no

mercado de trabalho, o que representou uma importante mudança no cenário econômico nacional e

esta ligada às transformações sociais ocorridas no país, advindas da mudança do papel social da

mulher e os novos arranjos familiares, aspectos que transcendem ao segmento econômico no país.

Já em relação ao diferencial de rendimentos entre homens e mulheres migrantes, observou-se

que 41,14% das diferenças são pelos atributos explicados pela escolaridade e experiência, e 58,85%

são de diferenças não explicadas por esses atributos. Neste caso, evidencia-se a discriminação sexual

entre os indivíduos migrantes de Santa Catarina. O salario das mulheres migrantes equivale a 72,87 %

dos salários dos homens migrantes.

Na ultima analise, mostra-se o diferencial entre pessoas que nunca tiveram uma experiência de

moradia fora do estado de origem (não migrantes). Assim 43,81% da diferença salarial em favor dos

homens ocorrem pelo efeito discriminatório e o percentual da diferença explicado pelos atributos

produtivos observados é de 56,18%.

Em suma, os homens migrantes têm um salário superior dos não migrantes em Santa Catarina,

de acordo também com os estudos de Assis e Alves (2012), que constataram que os homens são mais

valorados pelo mercado frente às mulheres, tanto nos grupos de não migrantes como no grupo de

migrantes. Neste caso, o salario das mulheres não migrantes equivale a 84,16 % dos salários dos

homens não migrantes.

Quanto à segmentação, os postos de trabalho estão segmentados para homens e mulheres, com

discriminação salarial evidente, tanto entre migrantes como não migrantes. Além disso, o efeito

migratório nas diferenças salariais é de aproximadamente 50% das diferenças salariais.

Batista e Cacciamali (2009) expõem que por meio da desagregação do diferencial de salários

segundo a condição de migração da população constatou-se que as mulheres migrantes no Brasil

encontram-se em situação ainda mais desvantajosa do que os homens quando comparadas às mulheres

não-migrantes, pois, ao contrario dos homens migrantes que tiverem um acréscimo salarial, as mesmas

não obtiveram mudanças, fazendo com o hiato de renda pelo trabalho, apenas crescesse.

]

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo procurou elucidar os componentes que afetam a diferença de salário existente no

mercado de trabalho no estado de Santa Catarina por condição de migração e de gênero. A princípio

constatou-se que os homens são mais valorizados pelo mercado frente às mulheres, tanto nos grupos

de não migrantes como no grupo de migrantes.

O estado do Paraná tem a maior participação relativa de migrantes da região sul, 21,81%; Santa

Catarina tem 15,67% e Rio grande do Sul 6,48%. Com exceção de Santa Catarina, a região sul

apresenta um salário superior para migrantes, tanto para os homens como para as mulheres (em Santa

Catarina, o salário das mulheres migrantes é menor do que as não migrantes).

Os dados mostram que no caso de diferencial salarial por sexo em Santa Catarina, o salario das

mulheres migrantes equivale a 72,87 % dos salários dos homens migrantes e que o salario das

mulheres não migrantes equivale a 84,16 % dos salários dos homens não migrantes.

No caso da situação de migração e a diferença salarial entre homens migrantes e não migrantes,

o salario dos homens não migrantes equivale a 85,26 % dos salários dos homens migrantes e o salario

das mulheres migrantes equivale a 98,46 % dos salários das mulheres não migrantes.

Por fim, a pesquisa elucidou aspectos salariais do mercado de trabalho catarinense, com respeito

ao gênero e migração. O estado de Santa Catarina se mostra diferente do que a literatura empírica

relata sobre salario de migrante e não migrante do gênero feminino, pois as mulheres não migrantes

recebem um salario igualitário ou superior ao das migrantes.

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