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_ DIETA ATEROSCLEROSE Alva Seixas Martins

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_

D I E T A

A T E R O S C L E R O S E

Alva Seixas Martins

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Trabalho a que se refere a acta da

reunião do Conselho Científico do

Curso de Ciências de Nutrição, de

02/07/87, reportada ao art. A da

Portaria n2 154 /87 de 5 de Março.

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INTRODUÇÃO

A aterosclerose é a patologia responsável pela grande maioria das

mortes ocorridas em Portugal e no restante mundo ocidental.

A relação entre dieta e Cardiopatia Isquémica - a manifestação mais

fidedigna de aterosclerose - continua a ser uma área de muito

controvérsia e interesse.

Embora as consequências clínicas de aterosclerose possam ser

diminuídas, nao existem ainda provas no homem da regressão ou

interrupção da evolução da aterosclerose, por remoção ou reversão de

qualquer factor de risco isolado ou em grupo.

A aterosclerose não tem tratamento, podem-se controlar ou reverter

alguns factores de risco como a hiperlipidémia ou a hipertensão. Assim

a prevenção é o grande objectivo; através da educação populacional, as

comunidades podem ser influenciadas no sentido de deixarem de fumar,

baixarem a pressão arterial e mudarem a sua dieta. Para tal, é

imperioso conhecer a actual situação dos vários factores

intervenientes nesta patologia multifactorial.

HISTORIA

0 termo "Arteriosclerose" foi mencionado pela primeira vez no ano de

1833, em dois tratados escritos pelo patologista J.F. Lobstein, em

Estrasburgo. Este referiu-o como "um engrossamento e endurecimento das

artérias". "Ateroma", que deriva da palavra grega que significa "papa

de aveia", deu origem ao termo "Aterosclerose", definido como o tipo

de arteriosclerose que afecta a camada íntima das artérias, foi

introduzido por Marchand, um patologista de Leipzig, em 1904.

Atribui-se geralmente a James Henrich a primeira descrição de

trombose coronária, no artigo "Aspectos Clínicos de Obstrução Súbita

das Artérias Coronárias", publicado pela Associação Médica Americana

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em 1912. Contudo, só depois de 1918 este novo diagnóstico foi

reconhecido pelos médicos Americanos e Europeus, vindo mais tarde a

ser conhecido pelos leigos por "ataque cardíaco".

Ingnatovski apresentou a primeira descrição de aterosclerose

experimental no ano de 1908. Alimentando coelhos com uma dieta à base

de leite e gemas de ovos, demonstrou a relação existente entre a

dieta e a aterosclerose. Stuckey, em 1912, descobriu que uma dieta

rica em gema de ovo e mioleira, causava lesões nas artérias, o mesmo

não sucedendo, se a dieta contivesse sementes de girassol e óleo de

peixe. Em 1913 Arichkoo, e Clalatov realizavam a experiência clássica

de juntar colesterol à dieta de um coelho (animal de eleição neste

tipo de estudos) para provocar aterosclerose.

Muitos foram os contributos que durante o século XX desenvolveram a

descoberta da lipoproteínas plasmáticas por Macheboef; importantes

descobertas relacionando a dieta com a aterosclerose; a descoberta da

importância dos factores de risco (incluindo as lipoproteínas

plasmáticas, hipertensão arterial, fumo de tabaco e diabetes mellitus)

para o desenvolvimento da doença coronária.

DEFINIÇÃO

Arteriosclerose é um termo genérico que engloba todos os processos,

de

várias etiologias, que resultam no espessamento, endurecimento e perda

de elasticidade das paredes arteriais. A aterosclerose é uma forma de

arteriosclerose, envolvendo basicamente a camada íntima das grandes

artérias, que é subjacente à maioria das doenças arteriais coronárias,

aneurismas aórticos e doenças arteriais dos membros inferiores,

exercendo um papel fundamental no desenvolvimento das doenças

cerebrovasculares.

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PATOLOGIA

A aterosclerose é um tipo de arteriosclerose nodular em placas . As

lesões são classificadas como estrias lipidicas, placas fibrosas e

lesões complicadas.

As estrias lipidicas são uma lesão com distribuição universal nas

populações, com início na aorta ainda na infância. Caracterizam-se

pelo depósito de células musculares lisas cheias de lipidos,

macrófagos e tecido fibroso em áreas focais da íntima. É possível que

as estrias lipidicas sejam as lesões mais precoces de aterosclerose.

As placas fibrosas são a lesão mais característica da aterosclerose

em desenvolvimento. Não têm uma distribuição universal, surgem

normalmente na terceira década de vida, primeiro nos homens e na

aorta, depois nas artérias coronárias e muito mais tarde nas

artérias vertebrais e cerebrais intracranianas. A composição dos

esteres de colesterol da placa fibrosa assemelha-se à composição

das lipoproteínas plasmáticas.

A lesão complicada é uma placa fibrosa calcificada, com vários

graus de necrose, trombose e ulceração. A parede arterial vai

enfraquecendo progressivamente, podendo dar-se a ruptura da íntima,

causando aneurismas e hemorragia. Podem também formar-se êmbolos

arteriais quando a placa se fracciona e os seus fragmentos se soltam

no lúmen. Estes processos levam, também, à estenose e diminuição da

função dos órgãos, pela oclusão gradual dos vasos provocada pelo

espessamento das placas e formação de trombos.

ATEROGËNESE

Existem várias teorias que tentam explicar a patogênese da

aterosclerose, nomeadamente a Hipótese Monoclonal, a Teoria

Lisossômica e a Hipótese da Reacção à Agressão, nao sendo mutuamente

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A

exclusivas. Contudo a última por ser compatível com muitas evidências

experimentais merece um destaque .

De acordo com esta teoria, as lesões repetidas das células

endoteliais que revestem a íntima, provocariam a perda da capacidade

destas para se manterem unidas umas às outras e ao tecido subjacente.

As lesões poderiam ser provocadas por químicos como a

hipercolesterolémia crónica, pelo stress mecânico associado à

hipertensão, p.e..

Com a exposição do tecido subendotelial dar-se-ia a adesão e

agregação das plaquetas, a formação de microtrombos e a libertação de

componentes plaquetários granulares. Estes estimulariam a migração e a

proliferação de células musculares lisas no local lesado, que

depositariam uma matriz de tecido conjuntivo e acumulariam lípidos, um

processo que seria especialmente aumentado na hiperlipidémia. Assim,

agressões continuadas, poderiam promover a progressão da lesão da

íntima. Esta hipótese, da Reacção à Agressão permite algum optimismo

em relação à possibilidade de interromper ou reverter essas lesões.

DETECÇÃO DA ATEROSCLEROSE

A visualização angiográfica é a melhor prova presuntiva de uma

aterosclerose sem sintomas. Foram desenvolvidas outras técnicas

bastante sofisticadas e nao invasivas, porém a detecção da

aterosclerose normalmente só ocorre quando as complicações clínicas

consequentes a uma redução crítica do fluxo sanguíneo se manifestam.

A cardiopatia isquémica (Cl.) ou doença coronária constitui o

indicador mais fiável da aterosclerose na actualidade. Praticamente

todos os pacientes com enfarte do miocárdio são portadores de

aterosclerose coronária.

A doença vascular cerebral (A.V.C.) constitui um critério menos

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exacto para a detecção da presença de aterosclerose . Inclui a

hemorragia e a trombose cerebral. A trombose cerebral, e mesmo o

enfarte sem evidência de obstrução arterial geralmente sao

consequência da aterosclerose; a hemorragia tem outra causa, p.e.,

hipertensão arterial. A doença vascular periférica e a nefropatia

isquémica também não são usadas para determinar a prevalência da

aterosclerose numa população. Razão pela qual, do ponto de vista

epidemiológico, as considerações sobre a aterosclerose baseiam-se na

cardiopatia isquémica.

ANALISE DA MORTALIDADE

Ainda nao é possível em Portugal, obter informação sobre a morbilidade

por C.I., estando no entanto em curso o Inquérito Nacional de Saúde,

que por certo, irá obviar esta falta.

QUADRO I

Causas de morte em Portugal, 1987

N2 de mortes em milhares

Causa de morte < 65 anos > 65 anos • H. M. H. M.

Todas 17.5 9 32.3 36.6

D.Cardiovasculares 3.8 2.1 15.8 20.7

C.Isquémica 1.5 0.5 3.3 3

D.Vascular-Cerebral 1.4 1 8.9 12.A

Tumores malignos 3.6 2.7 5.8 A.6

Acidentes 1.8 0.4 0.3 0.2

Nos países industrializados a C I . é a principal causa isolada de

mortes cardiovasculares prematuras. Em Portugal os A.V.C, sao causa de

morte quase tao frequente como a Cl. abaixo dos 65 anos, e a mais

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frequente acima dos 65 anos, sobretudo no sexo feminino (Quadro I).

Apesar disso, a cardiopatia isquémica (CI.) é uma das principais

causa de morte isolada nos homens abaixo dos 65 anos (Quadro I).

Considerando arbitrariamente, mortes prematuras as ocorridas antes dos

65 anos de idade, um terço dos óbitos provocados por C.I. no sexo

masculino podem ser incluidos nesta categoria. Entre as idades de 35 -

54 anos a taxa de mortalidade é cinco vezes mais alta no sexo masculino

relativamente ao feminino.

Em Portugal a taxa de mortalidade por C.I. tem vindo a registar uma

diminuição desde os anos 70 (Quadro II), ao contrário de outros países

da Europa, nomeadamente, os países mediterrânicos, que têm registado

aumento de incidência de C.I.

A este facto nao serão certamente alheias as acções de prevenção

desencadeadas; contudo deverá ser esclarecido se esta evolução

positiva se deve a uma diminuição real da doença, ou a uma melhor

detecção e tratamento da mesma , ou ainda, a um erro sistemático nas

estimativas da população.

0 decréscimo registado abrange a generalidade dos grupos etários,

sendo a quebra percentual mais evidente nos escalões etários acima dos

65 anos de idade.

QUADRO II

Mortalidade por certas causas em pessoas de < 65 anos

Causas de morte Taxas de mortalidade (100.000)

1980 1987 Diferença relativa %

Todas as causas 346,7 295,9 - 14,6

D.Cardiovasculares 77,7 65,7 - 15,4

D.Cerebrovasculares 34,1 26,9 - 20,9

C. Isquémica 23,6 22,5 4,6

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FACTORES DE RISCO

DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

A aterosclerose é uma patologia multifactorial. Certos hábitos,

características e perturbações da saúde, estão associados mais

frequentemente com a aterosclerose. Estas situações ou hábitos, sao

chamados factores de risco, e a sua presença implica que uma pessoa

com pelo menos um factor de risco tenha maior probabilidade de

desenvolver aterosclerose prematura do que uma pessoa sem factores de

risco. De facto, a quase totalidade dos doentes com C.I., com menos

de 65 anos, tem um ou vários factores de risco.

Estes factores de risco gozam da propriedade de se potencializarem e

interagirem entre si. Para descrever este efeito cumulativo quando

actuam simultaneamente, os especialistas em análise estatística,

exploraram vários métodos explicativos destas relações, todos eles

extremamente muito complicados. A técnica de regressão múltipla, e as

tábuas de risco múltiplo são os mais utilizados.

Epidemiologicamente, existe um consenso geral sobre quais os

principais factores de risco (F.R.) envolvidos na etiologia da

aterosclerose; hipercolesterolémia, hipertensão arterial e fumo de

tabaco. São todos considerados como passíveis de prevenção, em graus

variáveis, nao havendo todavia unanimidade quanto à relativa

importância de cada um.

Os F.R., por vezes também sao agrupados pela sua capacidade de

reversibilidade. Sao considerados irreversíveis: a idade, o sexo

masculino e os factores genéticos - história familiar positiva para a

aterosclerose precoce.

Pelo contrário, sao reversíveis: o fumo de tabaco, a hipertensão

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arterial e a obesidade. A hiperlipidémia (hipercolesterolémia e

hypertriglyceridemia), a hiperglicémia e diabetes mellitus, os níveis

plasmáticos de lipoproteinas de alta densidade (HDL), sao considerados

potencialmente ou parcialmente reversíveis.

São ainda considerados F.R. a inactividade física, o stress

emocional e o tipo de personalidade.

Com excepção dos 3 factores de risco enumerados inicialmente, existe

uma certa polémica sobre a sua validade como factores de predisposição

independentes.

QUADRO III

Factores de Risco para a Aterosclerose

1 - Não influenciados pela DIETA

a) Reversíveis

Tabagismo

Inactividade Física ?

Influenciados pela DIETA

a) Reversíveis

Hipertensão Arterial

Obesidade

b) Irreversíveis

Idade

Sexo

Factores Genéticos

Tipo de Personalidade e Stress

Emocional

b) Potencial ou Parcialmente

Reversíveis

Hiperlipidémia

Nível Plasmático de HDL

Hiperglicémia e Diabetes Mellitus

No estudo da situação portuguesa serão utilizados os dados

disponíveis actualmente, reconhecendo embora que muitos destes têm uma

origem difusa no tempo e no espaço, dando portanto pistas mas de modo

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algum conclusões.

Pelo facto da dieta influenciar de forma critica muitos destes

factores de risco: a hipertensão arterial, a obesidade, a diabetes

mellitus, a hipercolesterolémia e hipertrigliceridémia, os níveis

plasmáticos diminuídos de HDL, será dada uma ênfase especial ao papel

da dieta na determinação desses factores.

SEXO E IDADE

A prevalência de C l . nas mulheres antes da menopausa é diminuta,

aumentando significativamente após a mesma, sem contudo atingir os

valores apresentados pelos homens (Gráficos 1 e 2).

Entre os AO e os 60 anos a incidência de Cl. aumenta cinco vezes em

ambos os sexos. Na verdade este é um dos factores de risco mais

complexos. Se por um lado o envelhecimento está associado a

manifestações de algumas desordens metabólicas, p. e. a hipertensão e

a hiperlipidémia , potentes factores de risco, também o próprio efeito

intrínseco do envelhecimento, através dos seus efeitos no metabolismo

da parede arterial, parece influenciar a evolução da aterosclerose.

Em 1981, a média da população com mais de 65 anos no continente era

de 12 %. Nas capitais de distrito, excluindo Lisboa, este valor é

ligeiramente menor - 10,9 %, e nos aglomerados de 20.000 ou mais

habitantes é bastante inferior - 7,8 % (Gráfico 3). Em 1987 estima-se

que a população média com mais de 65 anos no continente seja de 12,5 Z,

o que sugere um progressivo envelhecimento da população portuguesa

(Quadro IV).

Segundo o censo de 1981, 48,2 % da população pertencia ao sexo

masculino variando este valor entre 45,3 % em Viana do Castelo e 49,8 %

em Beja. Na população com mais de 65 anos, 40,6 % pertence ao sexo

masculino.

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MORTALIDADE POR Cl . Taxas padronizadas pelo método indirecto

1 /-inru~V\f~\

<;T A v H i Bç CB Co Ev Fa Gu Lr Lb Pg Po.Sa Se V( DISTRITOS'

V H

1987

Gráfico 2

MORTALIDADE POR G.I. HOMENS taxas mortalidade específica e

padronizadas pelo método indirecto

70

~ I ! *~1 1 !— 1 ~~! ~ ! ! J ' I- ' ! 1—"-!—"H—' ! ' !—~~T CíT Á W R i D r R ^ " ' . p Cio F v Ff5 (¾ I I r i h o ^ Dr , S A R A \ZC] V ' R V i

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Gráfico 3 1 1

POPULAÇÃO do CONTINENTE COM > 65 ANOS

%

it Av Bi Br Be CB Co E.v Fa Gu Ln |_b^g^os' Sa Se Vu V'R

;DI.QTRi TQÍJ

CAPITAL DI8T. DIRT. TOTAL

1981

Gráfico 4

RELAÇÃO MORTALIDADE G.I./POP.>65 ANOS DISTRITO TOTAL

100 1/lQQ QQQ

100

140 r-0,67

120

100 . - •

00 ■ ____..-

80

/ in

• ■

1.7 19 %

Regressão Linear

19Í

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A correlação encontrada entre as taxas de mortalidade por C.I. e a

população com mais de 65 anos foi bastante significativa (r = 0,57)

(Gráfico 4). Contudo, relativamente à população da capital de distrito

(urbana) não foi possível encontrar uma correlação significativa

QUADRO IV

Evolução da estrutura etária no continente

ANOS GRUPOS ETÁRIOS % 15-64/>65

< 15 15-64 > 65 %

1970 28,1 62,2 9,7 18

1980 25,3 63,2 11,5 18

1985 23,1 64,9 12 18

1987 21,9 65,6 12,5 19

Fonte: INE

FACTORES GENÉTICOS

Os vários estudos epidemiológicos levados a cabo, nao foram capazes

de explicar as razoes para as diferenças encontradas na prevalência de

C l . em populações de culturas idênticas, o que sugere que os factores

genéticos desempenham um papel importante na etiologia da

aterosclerose.

A nível individual, uma história familiar positiva de manifestações

ateroscleróticas precoces é um dos factores mais importantes na

avaliação do risco de Cl. Essa predisposição pode ser explicada pela

herança de caracteres genéticas para a hiperlipidémia, diabetes

mellitus, e hipertensão arterial.

STRESS E TIPO DE PERSONALIDADE

A literatura refere a existência duma correlação entre os vários

padrões de comportamento, incluindo o stress emocional e psíquico, e o

risco de Cl. prematura em indivíduos e em populações, não tendo sido

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possível estabelecer uma relação causal directa, devido à

impossibilidade de quantificar essas variáveis.

0 padrão de comportamento tipo « A » - espírito de competição,

agressividade e um sentido de urgência/impaciência, encontra-se

associado de forma significativa e independente, ao risco futuro de

C.I., quando se consideram populações de grande incidência. Ainda nao

foi esclarecido em que medida estes padrões de comportamento podem ser

alterados e, de que forma essa alteração afectaria o risco de C.I. .

INACTIVIDADE FÍSICA

Nos países industrializados a tendência para a inactividade e

estilos de vida sedentários, tem vindo a acentuar-se gradualmente,

devido à melhoria das condições de transporte, de trabalho e, ao

preenchimento dos tempos livres com actividades que não envolvem

exercício físico.

A inclusão da actividade física no grupo dos factores de risco da

Cl., baseia-se na evidência experimental de que a prática regular de

uma actividade física é favorável ao prognóstico da aterosclerose, por

reduzir o peso, reduzir os níveis plasmáticos de colesterol aumentando

a fracção HDL, reduzir a pressão arterial e regular a actividade

ínsulinica.Mas também em relação a este F.R., ainda não foi possível

estabelecer uma relação directa entre os níveis de actividade física e

o risco de C I . .

0 trabalho físico pode constituir um dos principais factores

determinantes de uma incidência de Cl. mais elevada nas populações

que emigram de zonas rurais para zonas urbanas.

Em 1981, 56,5% da população habitava zonas rurais, variando esse

valor entre 19,8% em Lisboa e 92,1% em Viana do Castelo. A população

urbana representava 30,5% do total, com um valor máximo em Lisboa de

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1 4

Gráfico 5

Gráfico 6

■ i u . u n \ j n w i v i u i i m i _ i i - / r i u i _ / \ J I _ U i w i í ■ i_ i i v / i o i n w rv i c f r i 1« T ~ + « l u i o u n u l u i a i

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64,7%, e um mínimo de 4,7% em Viseu (Gráfico 5).

QUADRO V

Evolução nos sectores de actividade da economia

ANOS SECTOR PRIMÀRIO% SECTOR SECUNDARIO% SECTOR TERCIARIOZ

1950 50 23,7 26,3

1970 33 33,2 33,8

1981 18,9 39,6 41,5

1984 * 24^5 33,6 40,9

Em Portugal, não foi encontrada uma correlação significativa entre a

mortalidade por C I . e a percentagem da população activa do sector

primário (Gráfico 6).

A evolução demonstrada no Quadro V segue o padrão dos restantes

países industrializados, isto porque o crescimento do sector terciário

da economia - actividades sedentárias - é cada vez mais

representativo.

TABAGISMO

A associação entre o consumo de tabaco e a C L , em populações de

grande incidência, é significativa; dose dependente, independente de

outros factores e previsível. Esta associação é tida como causal.

Os estudos epidemiológicos têm demonstrado que a mortalidade é

proporcional ao n2 de cigarros fumados, mais do que á duração do

hábito, diminuindo com a idade.

Além do fumo do tabaco lesar o endotélio arterial, tem outras acções

deletérias:

"Dados fornecidos pelo B. de Portugal, referentes a pop. activa com

emprego. Este retrocesso evolutivo, poderá ser explicado pelo regresso

da população emigrada, que retomou a agricultura.

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- a nicotina ao aumentar o ritmo cardíaco e a pressão arterial, exige

um aporte de oxigénio acrescido pelo miocárdio, reduzindo a sua

resistência a ritmos cardíacos anormais

- o C02 produzido pelo fumador origina carboxilhemaglobina que deprime

a capacidade sanguínea de transporte de oxigénio

o fumo aumenta a adesividade plaquetária, deprime a nível

plasmático de HDL e, é uma fonte de radicais livres.

Existem evidências sugestivas de que o risco decorrente do hábito de

fumar relativamente à C.I., depende de outros factores relacionados

com a dieta.

De 1946 a 1978 o consumo de tabaco (cigarros) aumentou 645%, sendo

em 78 de 2Kg/hab./ano.Segundo o Inquérito às Despesas Familiares do

INE, o sul do país consome mais tabaco do que o centro ou o norte.

Segundo o Inquérito Nacional de Saúde de 1983, realizado na área

metropolitana de Lisboa, 24% da pop. é fumadora, sendo 49,9% do sexo

masculino e 8,7% do sexo feminino. A média de cigarros por fumador e

por dia é de 21,1 no s.masculino e 14,2 no s.feminino, num total de 20.

Admite-se que actualmente a prevalência do tabagismo ronde os 35-50%

no sexo masculino. Sendo ainda inferior no sexo feminino, onde no

entanto, tem vindo a aumentar progressivamente nesta última década.

OBESIDADE

Existem vários critérios para definir obesidade, entre eles o B.M.I.

ou índice de Massa Corporal (Kg/m2), em que peso ideal corresponde ao

intervalo 20-25. Garrow propôs 3 graus de obesidade baseados neste

critério:

- Grau 1 se B.M.I. > 25 e < 30

- Grau 2 se B.M.I. > 30 e < 40 - é considerada a obesidade clássica.

- Grau 3 se B.M.I. > 40 - obesidade grave ou maligna.

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Outro critério, o Broca Index, usado em muitos estudos europeus,

define peso ideal como p (Kg) = Altura (cm) - 100. Considera obesidade

quando o peso ideal é excedido em pelo menos mais 20% o peso ideal.

Na prática o peso ideal obtido pelo Broca Index encontra-se

enquadrado pelo intervalo 20-25 do B.M.I..

A obesidade tem aumentado progressivamente nos paises

industrializados, atingindo actualmente cerca de 1/3 da população

adulta dos E.U.A. e Inglaterra. É mais frequente nas mulheres,

existindo uma correlação com o estado socio-económico, esta é superior

na infância e menor na adolescência e idade adulta. Este aumento de

prevalência parece relacionar-se com o aumento da ingestão de gordura

e sacarose - favorecem a lipogénese; a diminuição da ingestão de fibra

e amido - inibem a lipogénese; e a diminuição da actividade física.

Segundo um estudo de Lima Reis e col., efectuado na área

metropolitana do Porto, 56,3% dos adultos têm sobrecarga ponderal ou

mesmo obesidade, não encontrando grandes diferenças entre os sexos. A

prevalência da obesidade de grau 2 e 3 correspondeu a 16,1% da

população estudada.

A relação entre a obesidade e a C I . é bastante polémica.

Constatou-se que a morbilidade e mortalidade por C.I. aumentam em

relação directa com o excesso de peso, sobretudo se superior a 30 % do

peso ideal. No entanto, a obesidade é um factor intimamente ligado a

quatro outros potentes factores de risco; hipercolesterolémia,

hipertrigliceridémia, hiperglicémia e hipertensão. Por isso, ao

fazer-se a correcção estatística, o efeito independente da obesidade

revela-se diminuto , exceptuando os casos de obesidade grave.

Concluindo, a relação entre a obesidade e a aterosclerose é

complexa, sendo os seus mecanismos de acção ainda desconhecidos, mas

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18

como na prática, a obesidade nao surge isoladamente, constitui um

factor oe risco importante. A redução de peso é uma das principais

medidas de prevenção primária e secundária da aterosclerose.

HIPERGLICÉMIA E DIABETES MELLITUS

Quando nao tratada, a diabetes mellitus é reconhecida pela elevação

crónica da concentração de glicose sanguínea (hiperglicémia).

Actualmente reconhece-se a existência de uma classe de indivíduos com

uma tolerância anormal à glicose. Estes apresentam uma resposta à

variação da concentração da glicemia intermédia entre a apresentada

pelos indivíduos normais e os classificados como diabéticos.

A OMS propôs um critério de diagnóstico usando um potencial standard

(ver Quadro VI). Para estudos epidemiológicos sobre a prevalência da

intolerância à glicose e diabetes, o diagnóstico deverá ser obtido

preferencialmente com os valores da concentração glicémica medidos

depois de uma noite de jejum e 2 horas após a ingestão de uma dose de

75 g de glicose.

Quadro VI

Valores de diagnóstico para teste à tolerância oral da glicose

Concentração da glicose, mg/dl

Sangue Plasma

Venoso Capilar Venoso Capilar

Diabetes Melittus

Valores em jejum > 120

2h.após a dose de glicose > 180

Tolerância anormal à glicose

Valores em jejum < 120

2h.após a dose de glicose 120-180

> 120 > 140 > HO

> 200 > 200 > 200

< 120 < HO < HO

140-200 140-200 160-200

Fonte - OMS

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19

A diabetes mellitus não insulino-dependente (D.M.N.I.D.) é uma

doença multifactorial em que o tipo de alimentação tem sido

considerada como um dos factores de risco mais importantes. A

obesidade desde há muito tempo que é aceite como factor précipitante

da D.M.N.I.D.; este é dependente do grau e tempo de instalação da

obesidade. A causa específica da resistência insulinica continua

desconhecida, mas é provável que inclua; deposição e armazenamento dos

lípidos anormal, um consumo energético aumentado, a composição da

dieta (especialmente a ingestão aumentada de gordura) e inactividade

física.

Alguns estudos mostraram uma associação clínica entre a

hiperglicémia e a aterosclerose, sugerindo uma contribuição da

primeira na aterogénese. Contudo, esta associação permanece

inexplicada, assim como a sua potencial reversibilidade também ainda

não foi claramente demonstrada.

Os indivíduos do sexo masculino com intolerância à glicose têm um

risco de Cl. uma vez e meia superior ao daqueles com uma tolerância

normal. No sexo feminino o risco é proporcionalmente mais elevado,

eliminando quase por completo a diferença de prevalência de C.I.,

existente entre os sexos. 0 risco é também mais elevado nos diabéticos

jovens. Há uma tendência superior nos diabéticos para a incidência de

A.V.C, e tromboses. A gangrena dos membros inferiores é muitíssimo

mais elevada nos diabéticos do que na população em geral.

Contudo, o risco de aterosclerose nao está relacionado com o grau de

hiperglicémia nos diabéticos. Alguns estudos americanos, sugerem que a

redução da glicemia por terapêutica insulinica nao parece influenciar

a mortalidade por aterosclerose ocorrida num período de 5 anos.

A prevenção do aparecimento da D.M.N.I.D. é relevante devido à sua

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20

associação com o risco de C I . e à sua interacção metabólica com a

obesidade, lípidos plasmáticos e hipertensão arterial.

A prevalência da D.M.N.I.D. está fortemente correlacionada com o

índice de excesso de peso. Em 5 diabéticos, com idade superior a 50

anos, 3 ou A são obesos. Nos obesos, a probabilidade do aparecimento

desta afecção é de 10 a 20 %.

Portugal ainda não dispõe de dados estatísticos a nível nacional

sobre epidemiologia da diabetes. Os dados disponíveis parecem no

entanto, apontar para uma prevalência da diabetes bastante elevada e

mesmo acima da média europeia. Nao existem dados indicativos da

distribuição a nível das zonas rurais e urbanas.

Quadro VII

Prevalência da diabetes

Idade Pop. da Europa Pop. A.M.L.

(anos) dados OMS INS - 83

0-19 0,1 - 0,3 0,4 *

> 20 6 7

> 65 16 14

A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (A.P.D.P.) estima

que existam cerca de 400.000 diabéticos com idade superior a 20 anos,

150.000 com idade superior a 65 anos, e 15.000 diabéticos I.D.. Também

em Portugal se reconhece a relação entre a obesidade e a diabetes

mellitus.

HIPERTENSÃO ARTERIAL

A hipertensão arterial (HTA) é um problema importante de saúde

* A A.P.D.P, considera este valor sobrevalorizado, admitindo como

real um valor de "0,1"

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21

pública. Nos últimos anos da década de 70 assistiu-se, em Portugal, a

um esforço no sentido da prevenção da HTA, como consequência desses

extensos programas de educação da população, maior número de doentes

foram diagnosticados e tratados. Talvez este tenha sido um dos

factores mais importantes na diminuição da mortalidade cardiovascular

a que se assistiu. Utilizando os dados de Pádua de 1972, e os do INS

de 1983, relativos a Lisboa, verificamos uma redução na prevalência de

HTA de 23,1 % para 18,7 %.

A HTA sistólica-diastólica do adulto é arbitrariamente definida como

PA > 140 / 90 mmHg; níveis acima dos quais existe maior risco de

doença cardiovascular. No entanto estas definições devem considerar

não apenas a PA diastólica mas também a PA sistólica, a idade, o sexo

e a raça. A HTA pode ser classificada com base nos valores da pressão

diastólica:

normal nor.alta HTA leve HTA moderada HTA grave i i i i i i i i

85 90 105 115 mmHg

A maioria dos adultos hipertensos possui HTA leve, definida como PA

diastólica de 90-104 mmHg, e a maioria dos casos de C.I. ocorre na

população com ligeira elevação da pressão arterial.

A prevalência da HTA depende tanto da composição por sexo, idade e

raça da população em estudo, como dos critérios usados para definir a

situação. Segundo o estudo de Framinghan quase 20 % da população tem

PA > 160/95, enquanto quase 50% tem PA > 140/90, na população branca.

Em Portugal, segundo Pereira Miguel a prevalência de HTA é de 25 %

nos homens e 30 % nas mulheres, dos 25 aos 64 anos.

A causa da pressão arterial elevada é desconhecida na maioria dos

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22

casos, 90 a 95 %. A prevalência das várias formas de HTA secundária,

depende oa composição da população em estudo e do esforço feito na

avaliação; na população geral a frequência é de 6% na maioria dos

estudos. Falaremos apenas de HTA essencial ou primária.

Na génese da HTA tem importância tanto os factores genéticos como os

ambientais. Em muitos doentes existe uma história familiar positiva

para a HTA; a literatura refere um coeficiente de correlação de 0.2,

concluindo-se pela dimensão mínima dos factores genéticos.

Diversos factores ambientais, incluindo ingestão de sal, profissão,

tamanho da família, residência em meios superpopulosos; sao

considerados importantes na elevação da PA.

Quadro VIII

Factores de risco dietéticos na HTA essencial

1. Excesso de ingestão de sal

2. Aporte insuficiente de cálcio

3. Aporte insuficiente de potássio

à. Excesso de ingestão de álcool

5. Aporte calórico excessivo - obesidade

A ingestão de sal (NaCl) foi o factor ambiental mais estudado.

Apenas 60 % dos indivíduos hipertensos é sensível ao sódio. Esta

diferença na sensibilidade ao sal pode ser determinada por factores

genéticos (- 50 %) e por defeitos vários, p.e. aldosteronismo primário

e HTA com baixo nível de renina.

Segundo uma comissão de peritos da OMS, verificou-se a nível

internacional, uma correlação significativa com a ingestão de sal; com

aumento de 0,8 mmHg na PA diastólica por cada grama de sal

habitualmente ingerido. E a redução de 5 gramas na ingestão média

diária de sal, corresponde a uma diminuição da PA diastólica de A mmHg.

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23

Em Portugal, e a nível nacional, é difícil avaliar o consumo

individual de sal, em parte devido a problemas decorrentes da

variabilidade das medições efectuadas, p.e. não considerar o sal

adicionado aos alimentos (Gráfico 7).

Admite-se que o consumo de sal em Portugal é da ordem dos

17g/hab./dia.

Não dispomos de elementos que nos permitam afirmar, com rigor, que o

consumo de sal é maior numas zonas do que noutras. De qualquer forma,

tendo em conta os hábitos culturais e o desenvolvimento económico é

compreensível que o consumo de sal seja superior nas zonas Norte,

Centro Interior e Sul. As técnicas de conservação dos alimentos

utilizando o sal são frequentes nestas zonas, onde por vezes a rede de

frio caseiro é deficiente ou inexistente.

0 cálcio e o potássio também foram implicados na patogénese de

algumas formas de HTA essencial. Uma análise recente nos EUA revelou

que os principais marcadores nutricionais da HTA sao o baixo consumo

de cálcio e de potássio, e que os lacticínios são o grupo alimentar

cuja ingestão insuficiente está mais associada à HTA (Gráfico 8).

Relataram-se ainda, elevação dos níveis de cálcio citoplasmático de

leucócitos de doentes hipertensos. Além disso, os bloqueantes de

cálcio são anti-hipertensivos eficazes. Para confundir ainda mais

estes dados, os níveis aumentados de cálcio sérico no

hiperparatiroidismo causa HTA (1/3 dos casos).

No estudo de Framingham a frequência de HTA correlaciona-se

positivamente com o consumo de álcool. Portugal é um dos países com um

consumo de álcool mais elevado a nível mundial (Gráfico 12).

É indiscutível o facto de que há uma correlação positiva entre a

obesidade e a PA. A obesidade parece ser o mais potente factor

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2 4 Gráfico 7

CONSUMO de SODiO

~>+ /\w Wi Qr P ^ r w C\s\ F\ Gu Lr Lb Hg Po Sa Sc VC VR vi L/Io i rii i („ '0

1931

Gráfico 8

CONSUMO DE CÁLCIO NA POP. PORTUGUESA % do Valor Recomendado

110

90

70

5 0

Av Bj Br Be CB Co Ev Gu Lr Lb Bg Bo Sa Se VC VF. Vi

DISTRITOS

B a Frequência de Lacticínios (pelo menos 3 x / s e m a n a )

1961

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25

determinante da HTA, a seguir à idade. Um ganho de peso assoeia-se

frequentemente ao aparecimento de HTA em pessoas com pressões normais,

e a perda de peso em obesos hipertensos determina baixa de PA.

Verifica-se assim, que as alterações na PA se correlacionam com as

alterações ponderais.

Os estudos epidemiológicos mais importantes revelam correlação

positiva entre o aumento de PA, tanto diastólica como sistólica, e a

mortalidade por aterosclerose, sobretudo AVC. Por isso, se considera a

HTA um importante factor de risco para a aterosclerose.

0 risco aumenta progressivamente com o aumento da PA; no estudo de

Framingham a incidência de C l . em homens de meia idade com PA

superior a 160 / 95, era mais do que cinco vezes superior à dos homens

normotensos (< 140 / 90).

Segundo os estudos relatados por uma comissão de peritos da OMS, em

algumas populações com elevada incidência, os 20 % de valores mais

elevados na distribuição da PA correspondem a um risco relativo de

C l . 4 vezes superior aos 20 % dos valores mais baixos, observando-se

uma relação continua entre o risco relativo e o nível de PA.

Em relação ao sexo os estudos epidemiológicos mostram que tanto a PA

diastólica como a sistólica são mais elevadas nos homens até aos 45-50

anos e nas mulheres acima dessa idade. Estes aspectos foram

confirmados por P.Miguel (Gráficos 9 e 10).

Verifica-se assim, em Portugal, um aumento da PA com a idade, em

ambos os sexos. Tanto no meio rural, como no urbano este aumento é

mais acentuado na pressão sistólica do que na diastólica. Existe uma

tendência para valores de PA mais elevados no meio urbano.

Foi demonstrado em vários estudos que a PA parece aumentar

inexoravelmente com a idade. Todavia a natureza desta relação varia

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Gráfico 9 26

MEDÍAS da P. SISTOLICA E DIASTOLICA HOMENS

m m Hg 170 Tf

150

1 ° 0

110

90

TO 25-34

i J PS. urbano

30-44 40-54 IDADE

PS. rural ! _J PD. urbano

00-64

PD rural

Gráfico 10

MEDIAS da P. SISTOLICA e DIASTOLICA

mixiía.£

i ro

30-34

i — i i J P.S. urbano

30-44 40-04 IDADE

P.S. rural ! ! PD urbano

:.1:.1—04-

PD. rural

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27

entre as populações uma vez que existem populações primitivas que

envelhecem sem qualquer alteração de PA. 0 aumento associado à idade

da PA pode estar relacionado com a actividade física ou factores

dietéticos, especialmente o consumo de sódio e calorias totais. Nas

populações primitivas referidas, o consumo de sal é geralmente

inferior a 3 g/dia.

Vários estudos efectuados em Portugal, em especial o de P.Miguel

confirmam o aumento da Prevalência da HTA com a idade (Gráfico 11).

Após os 50 anos, a HTA parece ser um factor de risco mais potente do

que a hipercolesterolémia.

Foi demonstrado, de forma consistente que, tanto os valores

diastólicos como os sistólicos, sao importantes factores de risco

independentes; sendo, talvez, a pressão diastólica mais importante.

HIPERLIPIDÈMIAS

A hiperlipidémia consiste na elevação das concentrações plasmáticas

do colesterol e/ou triglicerideos. Níveis elevados de lípidos

plasmáticos normalmente resultam de anomalias do metabolismo ou

transporte.

Não existe uma definição quantitativa absoluta para a

hiperlipidémia, utilizando-se definições estatísticas baseadas no

percentil 95 da distribuição dos níveis plasmáticos dos lípidos de uma

população.

Os valores recomendados internacionalmente para a concentração

plasmática de colesterol sao os seguintes:

Adultos Média ideal = 160 mg/dl Média praticável = 190 mg/dl

Jovens " " = 120 mg/dl " [] = 140 mg/dl

Os lípidos plasmáticos variam em função da idade e do sexo. A

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Gráf ico 11 2 8

PREVALÊNCIA da HPA pop. Portugese.

medias %

45 / /

35 (Q

2 5 - 3 4 35-44

Fome:P.M. 83

45—54 55—64 IDADE

25-64

Gráf ico 12

L/ C3 ! M ! i »'i

Ul O I , I \J I r u .

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29

obesidade parece desempenhar um papel na associação da idade com o

nível de colesterol e triglicerideos, porque nas populações evoluídas

estas circunstâncias ocorrem simultaneamente.

0 aumento do colesterol está associado principalmente com a elevação

das LDL (lipoproteinas de baixa densidade) e o aumento dos

triglicerideos com a elevação da VLDL (lipoproteinas de muito baixa

densidade).

As LDL transportam o colesterol para os tecidos e as HDL

(lipoproteinas de alta densidade) transportam o colesterol dos tecidos

periféricos para o fígado, directamente ou através das outras

lipoproteinas de mais baixa densidade.

A razão entre a concentração de colesterol das LDL e das HDL tem

sido usada como factor predictivo da C.I.. Devido à falta de exactidão

na determinação das HDL pelos laboratórios, e à sua concentração

diminuída aquando da hipertrigliceridémia, este critério deverá ser

usado com cautela.

Quer a hipercolesterolémia como a hipertrigliceridémia parecem ser

factores de risco importantes para o desenvolvimento da aterosclerose.

A hipercolesterolémia está associada de uma forma inequívoca com uma

incidência aumentada de C.I. prematura, variando no entanto, a sua

importância com a idade. Dados obtidos no estudo de Framingham e

outros sobre a prevalência de C I . e nível de colesterol ou LDL

revelaram uma incidência de enfarte de miocárdio 3 a 5 vezes superior

em indivíduos de ambos os sexos com idades compreendidas entre os

30-49 anos com níveis de colesterol superiores a 260 mg/dl, do que

aqueles com níveis de colesterol inferior a 220 mg/dl *.

* Parece haver um gradiente continuo de risco, à medida que aumenta o

nível de colesterol.

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30

A relação entre os triglicerideos plasmáticos ou VLDL e a C I . nao

parece obter a mesma unanimidade. Embora os níveis de triglicerideos

mostrem em muitos estudos populacionais prospectivos uma associação

positiva com o risco de C.I., essa associação é confundida pelo

aumento do colesterol que ocorre em simultâneo com o aumento das VLDL.

De qualquer forma, senão todos os estudos populacionais, alguns,

apresentaram uma correlação positiva e independente com a C.I.

prematura. A hipertrigliceridémia pode estar associada a aterosclerose

prematura em algumas doenças específicas.

Todos os estudos apontam a hiperlipidémia como o factor de risco

mais significativo em indivíduos com idade inferior a 50 anos. Para

ambos os sexos, nao é evidente a correlação entre a hiperlipidémia e a

aterosclerose, acima dos 65 anos de idade.

A tríade colesterolémia, C I . e dieta, é quase universalmente

aceite. As suas ligações e mecanismo de acção foram progressivamente

melhor compreendidos. A evidência destas associações teve origem nos

estudos epidemiológicos clássicos. 0 Seven Countries Study, coordenado

por Keys, destacou a tripla relação existente entre a ingestão de

gorduras saturadas, o nível de colesterol plasmático e a incidência de

C.I.. 0 estudo de Framingham demonstrou que o nível da colesterolémia

era predictivo da incidência da C.I. numa população. 0 International

Atherosclerosis Project demonstrou a relação entre a quantidade de

gordura ingerida com a colesterolémia e a extensão da aterosclerose

coronária avaliada nas autópsias. Todos estes estudos foram

compatíveis com os achados clínicos e experimentais, p.e., a elevada

prevalência de C.I. em portadores de certos tipos de hiperlipidémias

genéticas; a indução de lesões ateroscleróticas em animais alimentados

com uma dieta hiperlipidemiante.

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11

Resumindo, a relação colesterol plasmático - C I . é causal porque é

dose dependente, precede a doença , é independente de outros factores

de risco e existem mecanismos patogénicos explicativos.

A relação Dieta-Colesterolémia é o produto da interacção entre a

ingestão de vários nutrientes e a susceptibilidade metabólica genética

do indivíduo a essa dieta. Os nutrientes "major" na determinação da

colesterolémia são os ácidos gordos saturados e poliinsaturados, tendo

o colesterol dietético um efeito "minor".

Tanto Keys como Hegsted construíram fórmulas predictivas* da

variação de colesterolémia quando se alterava o consumo de gorduras

saturadas e poliinsaturadas e o colesterol alimentar.

Estas fórmulas permitem uma boa predição do valor médio do

colesterol plasmático de uma população, mas relativamente às respostas

individuais não dão o mesmo resultado, já que estas sao influenciadas

pelas características biológicas e genéticas deste. De qualquer forma

é compreensível a importância dada ao ratio P/S para apreciar

aproximadamente o efeito da composição da dieta na colesterolémia de

uma população.

Em 1981 o ratio P/S em Portugal era aproximadamente de 0,7. Contudo,

actualmente deve ter descido porque, segundo A. Cruz, os dados

«Formulas propostas por Keys A COL = 1,26 (2S-P)+1,5 / 1.000 C/E

" Hegstedt A COL = 2,165 - 1,65 P + 0,677 C

/\= Variação do nível de colesterol plasmático

S = Percentagem das calorias fornecidas pelos ácidos gordos saturados

P = Percentagem das calorias fornecidas pelos ác.gordos poliinsaturados

C = Colesterol alimentar em mg

E = Aporte calórico diário em Kcal

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32

provisórios entre 1980 e 1986 revelam que o consumo de leite, carne,

ovos, margarina, têm continuado a aumentar, diminuindo o consumo de

óleos alimentares.

No estudo original de Keys (Seven Countries) foi demonstrada uma

relação menor com o consumo de gordura total relativamente à relação

com o consumo de gordura saturada, que era estatisticamente

significativa, com o nível médio de colesterolémia. A relação entre a

mortalidade por C I . e a percentagem calórica fornecida pela gordura

saturada era também estatisticamente significativa.

Neste estudo, encontrámos uma correlação significativa entre o

consumo de gordura animal e a mortalidade por C l . (Gráfico 15).

Utilizamos a percentagem de gordura animal e nao de gordura saturada,

por não dispormos desse valor a nível distrital, e considerarmos que a

primeira é composta essencialmente pela segunda.

Os consumos excessivos de sacarose, gorduras saturadas e bebidas

alcoólicas, serão, muito provavelmente os factores despoletantes da

hipertrigliceridémia em indivíduos geneticamente susceptíveis.

Petto e Col. têm realçado o facto da redução de 1% no colesterol

plasmático conduzir à redução de 2% na incidência de mortalidade por

Cl.. Em Portugal, e com relação a outros dados, não se dispõe de um

inquérito epidemiológico a nível nacional que contemple a determinação

da colesterolémia. Existem contudo alguns estudos que permitem uma

aproximação, mais ou menos realista.

A mortalidade por C I . é comum em países cujo colesterol plasmático

médio é superior a 200 mg/dl.

Os vários autores portugueses parecem concordar com um valor médio

da colesterolémia em Portugal, aproximadamente de 210 mg/dl, parecendo

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33

observar-se um alimento tendencial da colesterolémia (Gráfico 13).

Pereira M^uel, o autor do estudo de âmbito mais alargado em

Portugal, constatou uma subida dos valores médios da colesterolémia

com a idade, valores médios mais elevados até aos 45 anos no sexo

masculino e nas mulheres acima desta idade, colesterolémia superior

nos urbanos, forte associação positiva entre a trigliceridémia e

hipercolesterolémia (Gráfico 14).

0 mesmo autor encontrou uma subida dos triglicerideos com a idade,

valores superiores no sexo masculino e nos urbanos e uma forte

associação com a hipercolesterolémia.

Segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia, cerca de 20% da

população portuguesa tem valores de colesterolémia superiores aos

valores recomendáveis.

NÍVEL PLASMÁTICO DE HDL

As lipoproteinas de alta densidade (HDL), transportam cerca de 20%

do colesterol plasmático total. Os níveis de HDL podem ser avaliados

directamente após a precipitação das outras lipoproteinas plasmáticas.

Em certas situações nao se justifica o seu doseamento, pelo grau de

inexactidão dos resultados, que pode ser superior ao da variação do

risco que esses dados provocam.

Apesar do atrás referido, este doseamento pode ser útil em mulheres,

com um leve aumento do colesterol total plasmático, para determinar se

esse aumento é devido às HDL ou LDL.

Nos doentes com hipertrigliceridémia este doseamento nao é

aconselhável pela correlação negativa entre os triglicerideos (ou

VLDL) e as HDL plasmáticas.

As HDL estão inversamente relacionadas com o risco de C.I., sao

portanto consideradas um factor protector. Significa que indivíduos

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Gráfico 13

3 4

MEDÍAS da CQLESTERQLEMIA POP. PORTUGUESA

mg/41

2 5 - 3 4

j HOMEM—URBANO

S HQMEM-RURÂL

3.5—44 45—54

IDADE

ri ri—Ptd-

! I MULHER-URBANO

ESS3 . MULHER-RURAL

Foule:P.M. 83

Gráfico 14

MEDIAS da TRIGLÏCERIDEMIA PGP. PORTUGESA

130

1.20

110

90

80 ^ l

25-34

HOMEM-URBANO

HOMEM—RURAL

55—64

i MULHER-URBANO

^ MULHER-RURAL

Fonle:F.M. 8 3

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Gráf ico 15

RELAÇÃO T.M.por CL/CONSUMO GORD. ANIMAI % GORD. TGTA NA POP. PORTUGUESA

35

160

140

12.0

JOO

80

60

1/100.000

40 25 30 35 40

r=0.56

45 50

Regressão íjiiiear

1961

Gráf ico 16

RELAÇÃO MORTALIDADE/CONSUMO ALCOOL Distrito Total

160 1 /11\( \ Í\< Li x \J v> . \J \

130

100

«U

40 30 40 60 80

x=-0.31

100 ií?0

Regressão Linear

1981

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36

com um nível plasmático de HDL elevado têm menos probabilidades de

desenvolver C.I. do que aqueles com estas lipoproteinas elevadas.

Vários estudos, mas nao todos, referem uma correlação entre a C I . e

as HDL, independentemente de outros factores.

Os estrógenos parecem elevar os níveis de HDL o que justifica que em

média as mulheres tenham os valores de HDL 25% mais elevado do que os

homens.

0 fumo de tabaco, diminui o nível das HDL e o exercício físico

intenso e regular aumentam-nas.

0 álcool parece também estar associado a uma diminuição do risco de

C l . como dos níveis elevados de HDL, nao se conhecendo por enquanto

qual o mecanismo destes efeitos.

Neste estudo, encontrámos uma correlação inversa e significativa com

o consumo de álcool (Gráfico 16).

PAPEL DA DIETA

Está por demais provado que o tipo de alimentação pode causar

alterações metabólicas susceptíveis de provocar ou agravar a

aterosclerose, e que a hipercolesterolémia é um dos principais

factores de risco. Neste trabalho tentámos encontrar algumas

correlações mencionadas na literatura, que poderão dar algumas

indicações sobre a nossa população, mas tratando-se de correlações

lineares simples; por definição uma análise univariável; nao

consideram a multiplicidade de factores que influenciam esta

patologia.

Os cálculos efectuados foram baseados nos dados de:

- Mortalidade por cardiopatia isquémica de 1981. Foram padronizados as

taxas de mortalidade urbana (considerámos população urbana a população

da capital de distrito) e do distrito total.

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37

- Consumos alimentares - Inquérito Alimentar Nacional de 1981, sobre o

consumo de nutrientes na população urbana, rural e total por

distritos.

- Recenseamento da população do Continente de 1981.

Método Estatístico - Foi calculada a correlação linear simples,

considerando-se que o coeficiente de correlação era significativo

quando este era pelo menos igual a seis vezes o seu erro provável.

Foi ainda calculado o risco relativo do consumo de alguns nutrientes

relativamente aos valores padrão recomendados, (consideraram-se

intervalos de 30 % superiores aos valores recomendados como

significativos), através do Odd-ratio, considerando-o significativo

quando "qui" quadrado era superior a 3,85.

A apresentação dos resultados é feita sem que as populações tenham

sido seleccionadas ao acaso, dentro de cada intervalo de risco

(Gráfico 17).

Na interpretação "condicionada" do gráfico 17 verifica-se um aumento

de risco de morte por Cl. com o aumento do consumo de gordura animal,

p.e., populações com consumo duas vezes superior ao valor recomendado,

têm um risco duas vezes e meia a três vezes superior de morte por

C.I..

Na tentativa de demonstrar uma correlação estatisticamente

significativa, anulando alguns dos factores intervenientes na

etiologia da aterosclerose, fizemos uma correlação linear entre a

mortalidade por C.I. em homens dos 30 aos 64 anos (tomámos este grupo

em especial por ser o que mais fielmente poderia reflectir a

influência da dieta na CI.)» e a quantidade de gordura animal

consumida (gráfico 18). A correlação linear encontrada é

estatisticamente significativa (r = 0,35).

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Gráfico 17 38

RISCO RELATIVO áe MORTE p o r C L f consumo GOR. ANIMAL

risco relativo

1981

1.3 1.5 1.7 2-

no de vezes cons.> Valor Recomendado

CONSUMO GO RD. ANIMAL

Gráf ico 18

RELAÇÃO MOR i ALIDADE/CONSUMO GORD .ANIMAL m u * f* T T T n \ f n ^ t o o n f> * 4 M A C !

1 / 1 n/\ (S()t\ HJ KJ .<J ••J U

100 • .

r=0.35

90 ■

'

80 •

• •

70 ' ■

.

60

R A

30 40 40 00

L981

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Gráfico 19 39

TAXAS MORTALIDADE C.I. PADRONIZADAS

Ct Av Bj Br Be CB Co Ev Fa Gu Lr Lb Pg Po- Sa Se VC VR Vi REGIÕES

CAPITAL DIST.

Í98i

Gráfico 20

me

CONSUMO DE COLESTEROL POP. PORTUGUESA

:t Av Bj Br Be CB Co Ev Gu Lr Lb Pg Po 3a Se VC VR Vi DISTRITOS

L H O 1 . 1 VJ 1 rtLi CAPITAL DIST.

1981

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40

Quando padronizamos a morte por C.I., por sexos e meio

habitacional, verificamos uma incidência muitíssimo superior

desta nas áreas urbanas, que nao é justificável, em nossa

opinião, apenas pelas desigualdades da distribuição etária

(Gráfico 19).

Analisando os dados de consumo em populações urbanas e rurais, esta

acentuada diferença, já atrás referida, pode ser explicada pelas

diferenças de consumos encontradas (Gráficos 20, 21 e 22), que

ilustram bem o padrão alimentar destas populações. Foram escolhidos os

componentes da dieta mais significativos na etiologia desta doença. A

população urbana tem um padrão alimentar aproximado do chamado "padrão

alimentar ocidental", que Amorim Cruz estima existir em cerca de 30 %

da população portuguesa (valor coincidente com a % da população

urbana), distanciando-se do padrão tradicional dos países

mediterrânicos que, em princípio, ainda é preservado na população

rural.

Dos vários componentes da dieta considerados como "protectores"

relativamente à C.I., escolhemos o consumo de gordura de origem

vegetal para testarmos neste estudo, as relações referidas em alguma

bibliografia.

Mais uma vez se confirma o padrão alimentar da população urbana e

rural, com um consumo mais elevado da gordura vegetal na última

(Gráfico 23). É de assinalar o facto de o consumo desta

gordura relativamente à população rural coincidir com o

apresentado pela população do distrito total. Foi encontrada uma

correlação negativa (r = -0,36) estatisticamente significativa

(Gráfico 24).

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Gráf ico 21

4 1

CONSUMO GORDURA ANIMAL RELATIVA A GORDURA TOTAL

) \ u>i L-'V *~ /u-' " ^

l_)\ O ! Ml I l-„'0

n i O T T A T A i b i o i i w IrVL ^j/-\r\ IMi_

Gráf ico 22

DISTRIBUIÇÃO CONSUMO GORD. ANLMAL % da. pop. com oon.> a 130% V.R.

50

45

40

35

30

25

20 » 15-29

HOMEM-URBANO

! MULHER-UEBAÍNA

5 0 - 6 4

HOMEM-RURAL

MULHER-RURAL

1981

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Gráfico 23 42

CONSUMO DE GORDURA VEGETAL POP. PORTUGUESA

i98i

105 0

90

7 5

0 *o 0

ò 0

—O' - f r - A 4 0

t>:0 0

* «

0 ♦ 0 0 «

0 0

40 0 O $ 0 0 Ci

0

■JV Q O 0

Av B.c Bj Br CB Co Ev Gu Lb Lr Pg Po Sa Se VC Vi VR DISTRITOS

DI8T. TOTAL - $ ~ POP. RURAL - © - POP. URBANA

Gráf ico 24

RELAÇÃO MORTALIDADE C L / ONSUMO GORDURA VEGETAL

1 x \J\J .*j\J\j

150

130 ' JHB-0,fW5

110 • ■

9 0 ■ ■

7 0 ■ ■ •

50

30

5u 65 80 95 i iu

Kegressao Linear

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43

CONCLUSÕES

Fazendo tuna análise superficial e global da mortalidade por Cl. em

Portugal, não parecem existir motivos para grandes preocupações, bem

pelo contrário, sobretudo quando comparamos a nossa situação com a de

outros países ocidentais, o mesmo acontecendo com a relação

Dieta-Aterosclerose.

Contudo, quando fazemos uma análise da relação Dieta-Aterosclerose

mais cuidada a situação é menos optimista. E a evolução que se pode

antever com os dados disponíveis é ainda menos favorável. Desta

análise podemos concluir que:

a) A população urbana - caracterizada pelo sedentarismo e por uma

alimentação desequilibrada, em especial no seu elevado consumo de

gordura saturada - constitui um grupo de Alto Risco, confirmado pela

maior prevalência dos principais factores de risco na etiologia da

Aterosclerose - Hipertensão e Hiperlipidémia.

b) 0 aumento da população urbana e do sector terciário, que além de

reforçar o grupo de Alto Risco, faz prever ainda uma incidência

aumentada da obesidade.

c) Há um progressivo envelhecimento da população, factor que poderá

implicar uma maior incidência de HTA e DMNID.

d) A tendência positiva da evolução socio-económica com o respectivo

aumento do poder de compra, normalmente determina um consumo aumentado

de produtos alimentares ricos em gordura saturada, colesterol e, pelo

contrário, pobres em hidratos de carbono complexos e celulose. Esta

evolução, e numa primeira fase, nao é acompanhada pela evolução

respectiva a nível cultural e, portanto por uma consciencialização dos

problemas relacionados com a alimentação e saúde.

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44

Serão os portugueses capazes de contrariar o comportamento típico

das sociedades em desenvolvimento ?

Não temos outra alternativa senão a de acreditar que seremos

capazes. Não somos contudo tão crédulos a ponto de pensarmos que essa

verdadeira façanha se concretize sem uma poderosa e eficaz intervenção

de todos aqueles que de algum modo estão ligados à saúde e à nutrição.

"A prevenção é o grande objectivo".

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